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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA FERNANDA CRISTINA DOS SANTOS ENSINO DA CLARINETA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO LEOPOLDINO DE OLIVEIRA: um relato de experiência NATAL/RN 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · PDF fileANEXO C - Fragmento retirado do método Da Capo - exercício para bater o ritmo com palmas completar a melodia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA

ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

FERNANDA CRISTINA DOS SANTOS

ENSINO DA CLARINETA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO

LEOPOLDINO DE OLIVEIRA: um relato de experiência

NATAL/RN

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA

ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

FERNANDA CRISTINA DOS SANTOS

ENSINO DA CLARINETA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO

LEOPOLDINO DE OLIVEIRA: um relato de experiência

Monografia apresentada ao curso de graduação

em Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciada em Música.

Orientador (a): Profa. MSc. Catarina Shin

Lima de Souza.

NATAL/RN

2013

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FERNANDA CRISTINA DOS SANTOS

ENSINO DA CLARINETA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO

LEOPOLDINO DE OLIVEIRA: um relato de experiência

Monografia apresentada ao curso de graduação

em Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciada em Música.

BANCA EXAMINADORA

PROFª MSc CATARINA SHIN LIMA DE SOUZA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(ORIENTADORA)

PROFº. MSc JOÃO PAULO DE ARAÚJO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(1º EXAMINADOR)

__________________________________________________________________________

PROFº. MSc RONALDO FERREIRA DE LIMA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

(2º EXAMINADOR)

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Dedico esse trabalho à minha família pelo exemplo de vida, por me fazerem acreditar

em dias melhores, apesar dos obstáculos. A vocês dedico essa conquista como sinal do meu

amor e gratidão, por todo amor e carinho que me foi dado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me presenteado com a sabedoria, paciência, persistência e,

acima de tudo, nos momentos mais difíceis inspiração para escrever. .

Aos meus pais, Maria Leticie e Francisco Vito (in memorian), pelo amor

incondicional, pelo exemplo de vida, determinação, coragem e exemplo. Pelos conselhos,

orientações, investimentos.

A professora Catarina Shin pela orientação, paciência e por acreditar que eu era capaz.

Ao maestro e amigo Humberto Carlos (Bembém), pelos conhecimentos musicais,

momentos de reflexão, e exemplos de vida.

Ao professor MSc. Ronaldo Ferreira, por ser uma inspiração na minha vida

profissional no decorrer dessa jornada.

Ao professor MSc. Normando Carneiro, por responder tão prontamente ao meu

chamado e aos ensinamentos aprendidos.

Ao maestro e grande amigo Almeida por acreditar no meu trabalho como professora

de clarineta.

Aos meus irmãos Fábio, Flávio e em especial Francimário que tanto me incentiva e

acredita nas minhas escolhas.

Aos amigos Marilene Guedes, Paula Francinete, Artémio Monteiro, Gilvânia Flávia,

Larissa Paiva, Paulo Silva, Roberta Maria, Mariely, Edyelwys Renné e pela paciência,

companheirismo, e dias de gargalhadas que fizeram com que meus dias fossem mais felizes.

Meu muito obrigada.

Aos colegas da banda de Cruzeta que guardo com carinho em meu coração.

Aos meus queridos alunos da Escola Epitácio Leopoldino de Oliveira, por me

proporcionarem o prazer de lhes ensinar música. E também pelos dias de alegria, aperreios,

boa música e anos de aprendizado que levarei por toda a minha vida.

Aos funcionários da Escola Epitácio Leopoldino de Oliveira, Auxiliadora, Marly,

Zeneide, Allana e Erivanaldo, que me acolheram com tanto carinho. Amos vocês.

Aos demais amigos presentes e ausentes por todo apoio, carinho e paciência. A todos

que, diretamente ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho em minha

vida profissional.

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“A música é sua própria experiência, seu

pensamento, sua sabedoria Se você não a viver,

ela jamais vai sair do seu instrumento”.

Parker [19--].

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RESUMO

O trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência do ensino da clarineta

especificamente vivenciada na Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira, localizada

no município de Parnamirim-RN. A metodologia utilizada foi desenvolvida em formato de

aulas coletivas e apresentam fragmentos de experiências anteriores e posteriores tecidas

durante minha atuação como professora de clarineta na Escola em questão entre os anos de

2012 e 2013. Para enriquecer a reflexão trar-se-á comentários de profissionais da área como

Joel Barbosa, Rosa Barros e Jacob Furtado fazendo uso de artigos, entrevistas, métodos e

monografias. Para obter um panorama que se apresente mais amplo, exponho as falas de

alguns alunos para identificar, nas suas visões, a eficácia das aulas coletivas de clarineta. De

uma forma mais ampla, também é abordado o ensino como uma ferramenta que proporciona e

capacita o individuo fazendo-o dialogar saberes na sua forma mais aberta, ou seja,

transdisciplinar. Porém, sem se afastar do seu objetivo central: o ensino da clarineta. Por meio

deste registro pretendo colaborar para que outras pesquisas se desenvolvam sobre os assuntos

aqui abordados.

Palavras-chave: Educação musical. Ensino coletivo de instrumento. Clarineta.

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ABSTRACT

The work aims to present an account of experience of teaching clarinet specifically

experienced in the School of Music Epitácio Leopoldino de Oliveira, located in the

municipality of Parnamirim-RN. The methodology was developed in group lessons format

and present fragments of earlier and later experiences woven during my work as a clarinet

teacher at the School in question between the years 2012 and 2013. To enrich bring up will

reflect comments from professionals like Joel Barbosa , Rosa Barros and Jacob Furtado

making use of articles, interviews , methods and monographs . For an overview that presents

wider, expose the lines of some students to identify, in their views , the effectiveness of group

lessons clarinet . In a broader sense, is also discussed as a teaching tool that provides and

empowers the individual making the dialogue knowledge in its most open form, or

transdisciplinary. However, without departing from its central objective: teaching the clarinet.

In this registry intend to collaborate to develop that further research on the topics discussed

here.

Keywords: Music education. Teaching collective instrument. Clarinet.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Posição das Mãos.......................................................................................... 25

Figura 2 - Capa do método de clarineta Da Capo......................................................... 26

Figura 3 - Capa do método Klosé...................................................................................

Figura 4 - Recital interno na Escola de Música Leopoldino de Oliveira, Parnamirim-

RN....................................................................................................................................

Figura 5 - Outro ângulo do recital interno na Escola de Música Leopoldino de

Oliveira, Parnamirim-RN................................................................................................

Figura 6 - Aulas coletivas na escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN...............................................................................................................

Figura 7 - Outro visão das aulas coletivas nas Escola de Música Epitácio Leopoldino

de Oliveira.......................................................................................................................

Figura 8 - Recital externo na Escola Municipal Augusto Severo, Parnamirim-RN.......

Figura 9 - Outro ângulo do recital externo na Escola Municipal Augusto Severo,

Parnamirim-RN...............................................................................................................

27

35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 10

1.1 METODOLOGIA...................................................................................................... 12

1.2 A ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO LEOPOLDINO DE OLIVEIRA................. 12

1.3 O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS................................. 14

2 UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO

LEOPOLDINO.............................................................................................................

16

2.1 A TRAJETÓRIA MUSICAL QUE ME CONDUZIU À ESCOLA......................... 16

2.2 COLHENDO INFORMAÇÕES PRÉVIAS.............................................................. 18

3 UMA NOVA PERSPECTIVA PEDAGÔGICA (TRABALHANDO

EMBOCADURA / PALHETA / RESPIRAÇÃO E OUTROS).................................

20

3.1 MÉTODOS TRABALHADOS................................................................................. 25

3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS....................................................................... 28

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 30

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 33

ANEXO A - Fotos do recital interno............................................................................... 35

ANEXO B - Fotos das aulas coletivas............................................................................ 36

ANEXO C - Fragmento retirado do método Da Capo - exercício para bater o ritmo

com palmas completar a melodia....................................................................................

37

ANEXO D - Exercícios iniciais retirados do Método Da Capo...................................

APÊNDICE A – Fotos do recital Externo.....................................................................

38

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1 INTRODUÇÃO

A curiosidade ao ensino da clarineta surgiu a partir da necessidade de lecionar.

Quando comecei a ensinar logo cedo na Escola de Música da cidade de Cruzeta-RN, não tinha

embasamentos necessários para dar aulas de clarineta, porém, mesmo ainda sem experiência

como educadora, foi possível tirar muito proveito dessa vivência.

Cursei o Bacharelado em instrumento (clarineta) na Escola de Música da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), e foi com base na metodologia e experiência

como aluna que repassava da mesma forma para os meus alunos os conteúdos e técnicas de

instrumento. Só que isso não me satisfazia completamente, porque sentia que faltava algo. No

bacharelado, as aulas seguiam o modelo conservatorial, que como explica Tossini (2009), um

modelo que consiste na relação tutorial entre professor e aluno, ou seja, as aulas de

instrumento são realizadas individualmente, cada aluno tem um horário específico para ser

atendido pelo professor de seu instrumento. Esse é o modelo pelo qual passam todos aqueles

que querem se especializar em um determinado instrumento musical e isso acontece

tradicionalmente em escolas que seguem o ideal de ensino preconizado pelo Conservatório de

Paris.

O objetivo da EMUFRN era e ainda é formar músicos profissionais, e como minha

intenção era realmente ser apenas instrumentista de orquestra/banda sinfônica, não me

importava e nem ao menos me perguntava como seria se um dia fosse seguir a carreira de

professora, pois não tinha intenção alguma de lecionar.

Muito embora, algum tempo depois quando por necessidade assumi o cargo de

professora bolsista de clarineta no curso básico da EMUFRN, começaram a aparecer

curiosidades sobre a forma de como me eram passados os conhecimentos de instrumento nas

aulas. Para a classe dos alunos do curso de Bacharelado, onde eu me incluía, o ensino era

eficaz e surtia efeito, porém esse bom resultado só era possível porque a turma tinha o nível e

amadurecimento necessário para compreender e assimilar o conteúdo musical através daquela

didática. No entanto, para que eu pudesse dividir esse conhecimento com meus alunos era

preciso modificar e adaptar o modo de passar esse conhecimento já que esses ainda eram

iniciantes. A partir disso surgia em minha cabeça perguntas: Como faria e de que forma eu

poderia fazer com que essas aulas se tornassem mais atraentes para crianças, adolescentes e

adultos? Será que haveria outro meio de passar esse conhecimento instrumental? Como fazer

com que os alunos não sentissem vontade e nem desestimulados ao ponto de desistirem? Pois

muitos deles decidem estudar música, não com um propósito de serem profissionais, mas

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porque querem conhecer e tocar um instrumento. E se caso a música fosse algo que eles

quisessem realmente para vida deles, é que me aprofundava na sonoridade, nos métodos e

peças mais elaboradas.

Em razão disso, essas perguntas ficaram comigo por muito tempo. O que eu queria era

que houvesse algo inspirador nas minhas aulas, uma forma diferente de ensinar, almejava

fazer com que os alunos se interessassem pelo instrumento e também com a aula. Por ainda

faltar esse upgrade nas aulas, eu esperava muitas vezes do aluno um brilho no olhar que me

fizesse crer que eu estava no caminho certo. Continuei com essa inquietação até o final do

curso de Bacharelado e tomei a decisão de cursar a Licenciatura em Música na mesma

instituição em busca de respostas para meus questionamentos.

Foi então que tomando conhecimento sobre métodos de ensino de música passei a

compreender melhor o processo de educação musical, compreendendo que o ensino de

instrumento pode ser muito mais rico, criativo e prazeroso.

Por essa razão, resolvi relatar minha experiência, colocar aqui conquistas, realizações

e dificuldades com pedagogia da clarineta. Falar um pouco da metodologia, da forma de

ensino coletivo, relatar que esse modelo de ensino alcança bons resultados. A intenção é que a

partir desse trabalho os estudantes graduandos na área de clarineta se envolvam e queiram

pesquisar mais sobre o assunto.

Durante o tempo dedicado a essa pesquisa, encontrei poucos registros escritos de

professores brasileiros que se preocupam com a forma de ensinar a clarineta para iniciantes.

Muitos encaram essa atividade sem comprometimento e por esse motivo todos os anos

surgem professores de clarineta não habilitados para a função que exercem. Isso ocorre

porque esses profissionais, bacharéis, não se especializaram com o interesse de lecionar e só

se tornaram educadores pela necessidade de formar novos clarinetistas. Todos os estudantes

de música com habilitação em instrumento deveriam, mesmo sem interesse de lecionar e de

seguir carreira como professores, procurar obter conhecimento sobre a pedagogia do

instrumento que esteja se profissionalizando. Esse fato foi o que me motivou a escrever esta

monografia. As minhas insatisfações pessoais e profissionais como graduada em bacharelado

me fizeram buscar no curso de Licenciatura em música os subsídios necessários para me

tornar uma educadora.

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1.1 METOLODOGIA

Neste trabalho foi utilizado um artigo de Cantão (2000), a monografia de pós-

graduação de Tossini (2009), e o método Da Capo de Joel Barbosa acrescido de trechos de

uma entrevista realizada pelo mesmo (JOEL..., [20--?]), estes são os que, em minha opinião,

mais se destacam com o ensino da clarineta.

Pelos motivos citados, escolhi relatar a experiência musical e pedagógica realizada na

Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira, onde atuo como professora de clarineta.

Nesta Escola foi que surgiu a oportunidade de pôr em prática o conhecimento assimilado com

as pesquisas, e as participações em festivais, etc.

1.2 A ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO LEOPOLDINO DE OLIVEIRA

A Escola Epitácio Leopoldino de Oliveira é uma entidade especializada em música,

mantida apenas com recursos da prefeitura. Fica situada na Rua Sergipe, 172, no Bairro Rosa

dos Ventos – Parnamirim/RN. Foi fundada no dia 07 de abril de 2004 pela Fundação

Parnamirim de Cultura1, com o objetivo de socializar e formar cidadãos através do ensino de

instrumentos de banda de música2, tais como: clarineta, saxofone, flauta transversal,

trombone, trompete, bateria e percussão. Atende gratuitamente a comunidades carentes do

município e cidades vizinhas oferecendo através do ensino da música uma nova perspectiva

de vida. Não é exigida uma faixa etária, as idades são bem diversificadas, entre 8 à 60 anos de

idade ou mais. O corpo docente é formado por licenciados em música e integrantes da banda

do município.

Sempre ao iniciar o semestre, é feito um encontro pedagógico no sentido de uma

explanação sobre os pontos positivos e negativos do ano anterior. A partir daí, reestruturar o

1A Fundação Parnamirim de Cultura é uma entidade autônoma, integrante da administração indireta,

vinculada diretamente ao prefeito municipal. Sua responsabilidade é planejar, coordenar, executar e

acompanhar as culturas no município no âmbito da produção e difusão, bem como formatar as

manifestações artístico-culturais dos diversos segmentos da sociedade, contribuindo de forma

significante o crescimento cultural do município.(ESTATUTO SOCIAL DA FUNDAÇÃO

PARNAMIRIM DE CULTURA, 2005) 2Banda de Música é “grupo formado majoritariamente por instrumentos de sopro e percussão, podendo

ter alguns instrumentos de sopro de pequeno porte utilizados nas orquestras, como é o caso do oboé e

do fagote. Podem executar um repertório bastante variado, com exceção de grandes peças escritas

para orquestras sinfônicas. Seu emprego ocorrer (sic) em deslocamento ou parado, porém não

enfatiza as evoluções”. (NASCIMENTO, 2007, p. 39).

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semestre letivo que se inicia. Com base nas discussões, as necessidades dos alunos são

colocadas em questão com o propósito de supri-las na medida do possível.

A Escola funciona nos turnos matutino e vespertino. A forma de ingresso ocorre a

partir da exigência de um único pré-requisito: uma inscrição que é realizada anualmente no

mês de outubro. O método pedagógico divide-se em duas etapas:

Teoria e leitura musical;

Performance Instrumental

Os encontros se iniciam com Teoria Musical, e após dois meses de curso, seguem em

paralelo com as aulas de instrumento. Apesar de não estar vinculada a nenhuma instituição de

Educação Básica, o período de aulas é definido de acordo com o calendário das escolas

regulares do município. Pois, como há o período de férias, alguns alunos viajam, tornando-se

difícil a frequência deles nas aulas.

Para analisar o processo de desenvolvimento dos alunos durante o ano letivo opta-se

pela avaliação contínua, além de serem realizados dois recitais, sendo um interno (ANEXO

A) e outro externo (APÊNDICE A). O primeiro funciona como uma simulação, onde os

alunos participam com o objetivo de aquisição de experiências no palco (postura,

sensibilidade, controle emocional, entre outros). Desta feita, os alunos se tornam plateia deles

mesmos, a visar experimentos junto à presença de um público. O segundo contempla o

público externo, que geralmente ocorre ao final do ano letivo, onde os alunos expõem o

conhecimento adquirido ao longo da sua aprendizagem. Este recital serve como avaliação do

desenvolvimento musical de cada aluno.

Por essa escola atender também alunos das cidades vizinhas, a comunidade reconhece

a importância do trabalho realizado com crianças, adolescentes e adultos da região. Muito

embora a escola ofereça a oportunidade de inclusão social, muitos alunos se profissionalizam

musicalmente. Segundo Almeida (2013), diretor da Escola de Música Epitácio Leopoldino de

Oliveira, a intensão é desenvolver um trabalho de vivências sociais e humanas para promover

autoconhecimento, sentimento de colaboração, solidariedade e educação artístico-musical,

daqueles que nela estudam um pensamento que dialoga com outros autores tais como,

Swanwick (2003, p. 40): “[...] podemos ver que a música não somente possui um papel na

reprodução cultural e afirmação social, mas também potencial para promover o

desenvolvimento individual, a renovação cultural, a evolução social, a mudança.”

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Concordando com a autora citada e na condição de professora de clarineta dessa

instituição, observo que os alunos a partir do ensino de música tornam-se mais capazes de

viver numa sociedade, contribuindo para o crescimento cognitivo, social e cultural.

Acrescento também com base nesta citação argumentos e experiências próprias,

vividas enquanto iniciante na carreira musical. Os benefícios que a música trouxe, e do quão

importante foi sua contribuição no meu crescimento pessoal e social. Pois, sabe-se que “a vida

social é um processo dinâmico, onde cada sujeito é ativo e onde acontece a interação entre o

mundo cultural e o mundo subjetivo de cada um.” (OLIVEIRA, 1995, p. 35). Com base nesta

afirmação, vejo o quanto a música me veio somar. Lembro que já nos primeiros contatos,

comecei a tecer uma relação mais ampliada com as pessoas, passei a conviver socialmente

diferente de como era antes, esse convívio com outras pessoas fora do ambiente escolar e

familiar, foi mudando para melhor minhas atitudes. Antes de conhecer a música, eu era muito

tímida, introspectiva, ao ponto de ter medo de fazer amizades, começar uma conversa e me

expressar em público. Através da música pude desfrutar de um mundo novo e boas

perspectivas com relação ao meu eu interior, antes desconhecido. Com ela aprendi a construir

novos sonhos, ter opiniões próprias, ter outra visão da sociedade. Hoje reconheço o

verdadeiro sentido e significado que a música trouxe à minha formação como ser humano.

1.3 O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

A aula coletiva, segundo Tossini (2009), consiste numa metodologia do ensino de

instrumento que é ministrada para vários alunos ao mesmo tempo. A opção pelas aulas

coletivas (ANEXO B) se deu pelo fato da existência de numerosos alunos que não podiam ser

atendidos individualmente. O formato de aulas coletivas dá um maior aproveitamento do

tempo e produtividade aos alunos de um modo geral. Como afirma Almeida (2004)3: “O

trabalho de iniciação instrumental, quando coletivo, torna-se, também, mais prático,

econômico e agradável, tanto para quem aprende como para quem ensina”. Joel Barbosa

complementa enfatizando que o ensino coletivo é “muito mais viável ao Brasil tanto

economicamente como didaticamente, traz motivação aos alunos e estimula uma participação

ativa de trabalho em equipe”. (JOEL..., [20--?]).

Justamente por estes motivos que o modelo conservatorial (individual) não se

encaixou no perfil da Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira, pois segundo

3Documento online não paginado.

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Tossini (2009) que considera o modelo conservatorial o menos indicado para alunos em fase

de iniciação, acredita-se que alunos iniciantes necessitam de uma abordagem mais ampla em

todos os aspectos que envolvem o fazer musical. Aspectos que podem ser trabalhados em

situações de aprendizagem coletiva, tais como: Práticas de conjunto, apreciação musical,

apresentações e muitas outras atividades que promovem uma formação musical, e que

posteriormente facilitarão o aprendizado do aluno em práticas individuais.

Os educadores musicais Schafer e Swanwick, sempre foram a favor que a iniciação

musical em qualquer faixa etária estimulasse a criatividade, a sociabilidade, e criassem

hábitos de audição crítica que pudessem desenvolver também e não somente conceitos

estéticos.

Tocar junto proporciona aos alunos o desenvolvimento da capacidade crítica de cada

um avaliar a qualidade de seu som em relação aos sons de seus companheiros. A partir do

momento que os alunos começam a observar e interagir com os outros colegas percebem que

eles possuem suas mesmas dificuldades, e com isso procuram melhorar no rendimento. Como

em conjunto eles são expostos a observações não apenas do professor, mas também de toda a

turma, cada um procura ser mais responsável, e se esforça para que não venha sentir-se

diminuído musicalmente na frente dos colegas. Dessa forma, eles têm um melhor

desenvolvimento e resultado em menos tempo, o que todos querem é manter um padrão que

seja igual. Muitos começam a ser solidários quando um colega ou outro não consegue fazer,

por exemplo, uma digitação ou sente dificuldade na leitura musical. Eles esboçam o prazer de

ajudar o colega do lado. Com isso a autoestima de cada um se eleva, e para eles isso é um

sinal de que estão conseguindo assimilar com sucesso o conhecimento, de tal maneira que

conseguem dividir esse ganho com os outros.

O ensino coletivo, no entanto, tem suas limitações. O desenvolvimento técnico ocorre

de maneira mais lenta, do que no ensino individual. Isso acontece, porque os alunos em algum

momento podem se deparar com dificuldades comuns a todos, tais como: Coordenação

motora, capacidade de concentração, dificuldades de aprendizagem, prática de conjunto.

Porém, com a adaptação e paciência eles chegam a um denominador comum ajudando-se

mutuamente para que todos, sendo cada um ao seu tempo, cheguem a um resultado positivo.

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2 UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA ESCOLA DE MÚSICA EPITÁCIO

LEOPOLDINO

O que relato neste capítulo é minha experiência com o ensino de clarineta na Escola de

Música Epitácio Leopoldino de Oliveira e de como cheguei até a referida Escola.

2.1 A TRAJETÓRIA MUSICAL QUE ME CONDUZIU À ESCOLA

Antes de atuar na Escola da qual me refiro neste trabalho, cursava o bacharelado, e

simultaneamente atuava como professora no Curso Básico de Clarineta da EMUFRN. Nela

conheci o diretor da Escola Epitácio Leopoldino de Oliveira, Almeida Batista, mais conhecido

como Maestro Almeida. Este me indagou sobre a disponibilidade e interesse em participar na

condição de professora da Escola de Música de Parnamirim. Apesar do entusiasmo, o convite

não foi formalizado, por razões desconhecidas. Após alguns anos, por volta de 2012, já

graduada em música e, ao mesmo tempo a cursar Licenciatura na mesma área, através de

reingresso, tive a oportunidade de conhecer algumas formas pedagógicas de trabalhar com a

educação musical. Inicialmente, apesar de não ter me identificado com o curso, fui me

adaptando e, gradativamente, fui percebendo que seria possível e útil, por em prática meus

conhecimentos de pedagogia musical, justamente pelo fato desse curso ter me proporcionado

conhecimentos didáticos aplicáveis também às aulas de clarineta.

Até então minha experiência com educação musical se restringia apenas à Escola de

Música da Cidade de Cruzeta-RN4 (onde vivi a primeira experiência como

professora/monitora de clarineta), além disso, houve também as experiências nos seminários

anuais5 que também somavam conhecimentos, porém sem metodologia adequada. O curso

licenciatura da Escola de Música da UFRN foi fundamental em prol de um embasamento

teórico-prático inicial para fazer das aulas de clarineta momentos envolventes e consistentes,

4A importância da Escola de Música de Cruzeta/RN na formação musical da cidade, se deve

principalmente a capacidade criadora do maestro Humberto Carlos Dantas (Bembem) na condução

da formação da performance em grupo. Com o apoio e ajuda da Suíça Margareth Keller (madrinha da

Banda de Música) e com sua coragem, capacidade e perseverança fez com que a música no Seridó

viesse a se tornar mais evidente e respeitada. Nessa mesma perspectiva, conseguiu a estima da Escola

de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na qual deu sua contribuição, sendo

responsável pela performance instrumental individual. 5Monitoria de clarineta - II Seminário de Música de Cruzeta 2002; III Seminário de Música de Cruzeta

2004.

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deixando-as de ser puramente tecnicista, ou seja, aulas essencialmente baseadas no

desenvolvimento técnico, na qual os aspectos interpretativos trabalhados estão relacionados

somente à execução instrumental.

Em razão disso, parti para a necessidade de pesquisar, ler e ter mais conhecimento

sobre o ensino de clarineta. Fundamentada com o artigo de Cantão (2000), observei que ele,

priorizou essa pedagogia junto a clarineta, razão das suas dúvidas e curiosidades em

afinidades com as minhas, por exemplo: Como enfrentar as dificuldades? Como fazer das

aulas um momento motivador? Qual metodologia adequada? A inquietação pela falta de

metodologia adequada me fez refletir e adequar os fundamentos do autor.

Foi nessa época que o maestro Almeida refez o convite para participar do corpo

docente e substituir um professor que havia deixado de lecionar as aulas de clarineta. Aceitei

e imediatamente comecei a pôr em prática todo o conhecimento que havia absorvido na

licenciatura, além dos artigos lidos que geravam em mim a curiosidade de saber como

funcionaria na prática educacional.

No dia 6 de marco de 2012, fui convocada para a primeira reunião pedagógica da

escola, no qual o diretor disse que a demanda de alunos geralmente era grande e a carga

horária semanal da escola era pequena, apenas um dia na semana. As aulas, portanto, tinham

que acontecer coletivamente/grupo. A questão negativa desse fator foi a falta de uma estrutura

organizada em módulos. O professor anterior não teve tempo hábil para me atualizar sobre o

nível de conhecimento musical dos alunos que estudavam na escola. Por isso tive que fazer

uma distribuição das turmas conforme o tempo que estavam com o instrumento. Depois,

conforme pude conhecê-los e ouvi-los um a um, percebi que a diferença de nível era muito

grande. Ou seja, quem tocava a mais de quatro anos, se desenvolvera menos do que quem

tocava apenas há um ano. E por esse motivo tive que fazer vários remanejamentos. E isso não

aconteceu logo no início das aulas, mas, sim com o passar de alguns dias, no qual percebi

realmente o nível técnico de cada um.

Nessa análise me deparei com um aluno que apesar de estudar a 4 anos, só conseguia

tocar a região grave da clarineta, acredito que foi falta de incentivo, alguma coisa que o

estimulasse a querer tocar também região média e aguda. Desse modo, foi necessário fazer o

remanejamento dele para outra turma que tivesse o mesmo nível técnico. E da mesma forma

aconteceu com os outros.

Esses desafios exigiram a busca pelo embasamento teórico-metodológico nos

profissionais que mais se destacam no ensino da clarineta como: Joel Barbosa, Rosa Barros, e

Jacob Furtado. Mas, no processo de ensino-aprendizagem me esforcei para colocar algo que

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tivesse ou pelo menos parecesse com a minha forma de lidar com o instrumento de clarineta,

pois como afirma Schafer (2011, p. 272) “todo professor deve se permitir ensinar

diferentemente ou ao menos imprimir, no que ensina, sua personalidade.” Porém, tive

momentos conflituosos em virtude desse fazer algo diferente, pelo fato de estar substituindo

um professor, que já havia implantado a sua personalidade no ensino de música. O meu receio

era de imaginar as comparações que os alunos fariam do meu método de trabalho com o

utilizado pelo antigo professor, ou seja, medo de que surgissem dúvidas geradas pela

diferença. Por exemplo: - O professor tal não fazia assim, ele fazia de tal forma [...]. Para a

minha surpresa, ao chegar na escola, as turmas eram compostas por alunos que estavam

iniciando o curso, poucos eram veteranos.

Apesar dos alunos veteranos serem poucos, tinham vários vícios, tanto de postura

como de embocadura, dedilhado, etc. Muitos deles já estudavam clarineta há mais de quatro

anos e, infelizmente, não dominavam o instrumento como deveriam. Mudar a realidade desses

alunos foi difícil, mas, falaremos disso mais à frente. Os iniciantes estavam predispostos e não

possuíam nenhuma referência do instrumento, isso facilitou o trabalho.

2.2 COLHENDO INFORMAÇÕES PRÉVIAS

Conforme já foi citado, eu inicialmente usei da observação para conhecer mais os

alunos. O fato de ser perfeccionista me deixava receosa em não conseguir fazer um trabalho

que superasse as expectativas dos alunos e demais envolvidos na Escola. Então, senti a

necessidade de procurar adquirir o máximo de informações e dados sobre os alunos, pois

como afirma Cerqueira (2011 p. 41- 42):

[...] é fundamental que o professor esteja ciente de que o cotidiano do

aprendiz também constitui um fato de influência no processo de ensino e

aprendizagem. Assim, o professor pode adotar estratégias que estejam ao seu

alcance, como oferecer aulas coletivas que permitam a interação e

socialização em grupo [...]

A partir dessa informação, percebi que é de suma importância saber em que contexto

os alunos estão inseridos na sociedade e tentar incluir nas aulas algo com que eles se

identificassem, explorando suas vivencias e experiências, e relacionando minhas aulas com

exemplos do cotidiano deles.

O professor tem que adaptar seus conhecimentos às especificidades dos alunos, tendo

em mente suas necessidades e potenciais, observando sempre o melhor momento para falar,

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aconselhar, dar instruções, e levantar questões de como tocar um instrumento. Tossini (2009,

p. 24) enfatiza que:

Nesse estágio do processo de aprendizagem do instrumento, a função do

professor e o contexto social onde esse aluno está inserido, são

fundamentais. Os estímulos culturais e sociais que rodeiam o cotidiano de

um indivíduo podem determinar que instrumento ele possa vir a tocar e de

que maneira esse aluno lidará com o aprendizado do mesmo.

É importante que haja uma interação entre ambos, professor-aluno. O professor deve

conversar com o aluno a respeito do que está sendo aprendido, manter sempre um diálogo

aberto, que o aluno se sinta seguro para perguntar, responder e errar também. Ou seja, é

preciso fazer perguntas sobre suas maiores dificuldades, conhecer seus pontos de vista, em

que contexto social ele está inserido, evitando não tomar decisões sozinho e sem a

contribuição do aluno.

Procurei me informar também sobre o funcionamento da escola, material oferecido, e

instrumentos disponíveis. Alguns alunos não tinham instrumento próprio, tendo que usar os

da escola e dividir uns com os outros, mas o que me surpreendeu foi que, como eles não

tinham o instrumento para estudar em casa, isso só seria possível se fossem praticar na escola,

a maioria dos alunos conseguiram comprar ou pegar emprestado com amigos, daí se deu o

melhoramento do desempenho deles em sala. Do mesmo modo acontece com as palhetas, à

prefeitura ajuda, mas, por ser um material frágil e delicado e a escola lidar com muitos

iniciantes, muitas vezes essa ajuda é insuficiente para a quantidade de alunos, pelo fato deles

ainda não terem a prática de manusear a palheta, ou seja, as mesmas não duram muito tempo,

pois quebram com facilidade.

Com relação aos conteúdos a serem trabalhados com os alunos, pude defini-los

livremente, de acordo com as experiências por mim vividas tanto em sala de aula, como na

licenciatura. O diretor me deixou a vontade para conduzir a turma, mas falou que a escola

disponibilizava de métodos, que os professores podiam usufruir deles.

Uma das primeiras coisas que precisavam da minha atenção era a questão da

embocadura porque o domínio da embocadura, para mim, é fundamental para uma boa

execução musical na clarineta. Este assunto merece mais esclarecimento e por isso vem

melhor detalhado no próximo capítulo.

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3 UMA NOVA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA (TRABALHANDO EMBOCADURA /

PALHETA / RESPIRAÇÃO E OUTROS)

Como eu introduzi a embocadura? Ao começar a aula com os alunos que ainda não

tinham conhecimento sobre o instrumento clarineta, comecei ensinando como se colocava a

palheta na boquilha e pedi que cada um repetisse o mesmo processo, e logo após continuei

falando sobre o funcionamento da boquilha juntamente com a palheta. Foi dito que a boquilha

depende de uma palheta para emitir som, assim como o violão depende das cordas. Fiz

comparações entre a clarineta e o violão, perguntando primeiramente: O que a corda do violão

tem que fazer para emitir um som? E como se era de esperar, todos falaram que ela tinha que

vibrar. Então falei que a mesma coisa acontecia com a palheta, ao soprar na boquilha a

palheta tinha que vibrar igualmente como as cordas. Para exemplificar e para que ficasse claro

peguei a boquilha, coloquei ao contrário na minha boca (o lado que se encaixa no barrilhete),

respirei e suguei o ar, deste modo eles puderam ver a palheta vibrando rapidamente fora da

boca. Logo ficaram impressionados, depois disso todos queriam fazer o mesmo processo.

Após esse momento, passei a falar sobre embocadura, um dos estudos mais difíceis da

clarineta e o fator mais importante para aqueles que se dedicam a produzir um belo som.

Segundo Silveira (2006a, p. 6), “Embocadura é o termo usado no meio musical para referir-se

à maneira como o músico-instrumentista acomoda sua boca de acordo com o tipo de

instrumento”.

Pensando nos argumentos de Silveira, sugeri que cada um pegasse somente as

boquilhas, para que eu explicasse como eles tinham que soprar, pois não podia ser de qualquer

jeito, que existia uma maneira de fixar a boquilha na boca e que essa forma passou por várias

fases até chegar na ideal. Como nos esclarece Dias (1963) Carl Baermann um dos maiores

virtuose do século XIX, foi o criador da escola moderna ou atual, no qual o lábio inferior fica

sob os dentes para proteger a palheta, ficando sobre o maxilar inferior, e os dentes incisivos

superiores apoiados diretamente sobre o bisel6 da boquilha, fazendo uma ligeira pressão

contra os mesmos.

Essa nova maneira de como encaixar a boquilha na boca foi definitiva, dessa forma o

clarinetista ganharia mais resistência, pois, dessa forma os dentes incisivos não machucariam

o lábio, permitindo que o executante permanecesse mais tempo com a boquilha apoiada na

boca e sem vazamento de ar. Com isso, soprar se tornaria mais confortável, mais firme e

6Parte da boquilha no qual o aluno apoia os dentes incisivos.

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menos doloroso, ocorrendo simultaneamente o aprimoramento da qualidade de som na

clarineta. Dessa maneira, acontece afeição do aluno pelo instrumento, de acordo com Tossini

(2009, p 24) “No âmbito da pedagogia musical, o início do aprendizado é caracterizado por

uma adequação do aluno ao instrumento. O aluno precisa se adaptar ao instrumento”, ou seja,

ver de que forma o instrumento se encaixa nele.

Então, primeiramente orientei que os alunos colocassem os dentes superiores na parte

de cima da boquilha e dobrassem um pouco o lábio inferior para funcionar como um

amortecedor das vibrações da palheta e mantivessem o queixo reto. Para demostrar formei a

embocadura e introduzi o dedo indicador, na mesma posição que ficaria a boquilha/palheta,

assim seria possível eu pedir que o aluno dobrasse mais ou menos o lábio sob os dentes.

A partir desse momento, foi proposto que os alunos tentassem me imitar, soprando e

mantendo a coluna de ar fixa. Para ser mais clara falei que, sem bochecha soprassem com

pressão, como se fossem encher uma bexiga e tentassem emitir um som. Logo tive a

impressão que eles não tinham gostado do que ouviram, porém percebi que outros sopravam

sem parar gostando do som que estava soando. Em seguida, perguntei se os sons emitidos

lembravam alguma coisa, se eles já tinham ouvido algo semelhante em situações cotidianas.

Todos queriam falar, diziam que parecia com buzina de carro, sirene de ambulância, apito,

que o som era estranho, etc. Teve uma aluna que disse: “- E isso é som professora? É muito

estridente!” (informação verbal)7 De inicio soou engraçado, mas comentei que aquele som

eram apenas para produzir efeitos sonoros.

Frisei que a cabeça deveria ficar sempre reta, pois isso faria com que o ar pudesse

passar pela garganta com facilidade. Também falei do uso indispensável do espelho para que

eles visualizassem a embocadura frequentemente, e que não viessem a criar vícios. A

utilização do espelho teria que começar a fazer parte da vida cotidiana deles.

No segundo momento, seguindo exemplos de vivências pedagógicas de Cantão

(2000), foi acoplado boquilha-barrilhete e trabalhei os parâmetros do som (sons fortes e

fracos; longos e curtos) juntamente com exercícios rítmicos escritos no quadro. Já no termino

da aula, percebi que todos estavam curiosos para soprar no instrumento completo, então falei

o nome das outras partes que eram: corpo superior, corpo inferior e campana. Ensinei como

montava e com calma fui passando um por um, até que todos conseguissem emitir a nota sol,

por ser mais fácil de ser emitida na clarineta, porque não é preciso tapar nenhum orifício e

nem apertar as chaves, só apenas segurar o instrumento com a embocadura e o polegar direito.

7Informação fornecida pela aluna A, na Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN, em março de 2012.

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E a escolha da palheta? A palheta deve ser escolhida com bastante cuidado, e que seja

de preferência branda8. Facilitando a emissão sonora, isto é, não ser resistente ao sopro. É

importante que ela seja branda o suficiente para que o aluno não venha se machucar com os

primeiros esforços para produzir o som. A escolha e a colocação da boquilha/palheta na

embocadura do aluno iniciante são de suma importância no ensino da clarineta e requer muito

cuidado, devendo ser aplicada através da realização de um trabalho lento e paciente do

professor.

A questão da escolha faz muita diferença, pois já vi vários casos de alunos iniciantes

desistirem por fazerem muito esforço na hora de soprar, ou seja, a escolha de uma palheta

muito pesada acarretará na fadiga e falta de estímulo, ocasionando logo a desistência.

Desta forma, tentei seguir esses exemplos para que os alunos não viessem a

desestimular. Por isso as palhetas que geralmente a escola disponibiliza são as de numeração

dois e meio, da marca rico. A qualidade não é boa, mas para o inicio facilita bastante. Com o

passar das aulas e melhor adaptação com o instrumento, passei a mostrar a importância da

utilização de uma palheta um pouco mais firme exemplificando que consequentemente ela

ajudaria numa emissão sonora mais consistente, menos estridente e anasalada.

Quanto a questão de respiração, como proceder? No estudo da clarineta a respiração é

preocupação inicial dos professores. Esse assunto é meu ponto fraco, tenho muito cuidado ao

falar sobre, pois tive ensinamentos equivocados e muita dificuldade com relação ao ato de

respirar tocando. Ainda hoje existem pessoas que pensam que para tocar um instrumento se

respira pelo diafragma. Daí eu me pergunto: Como se ele é um músculo? Sendo assim,

Silveira (2006b, p. 6) explica que:

A respiração é de fundamental importância para o instrumentista de sopro,

pois, é ela que possibilita o ato de soprar, garantindo não apenas a saída do

ar, como também o princípio da sua transformação em som através da

vibração da palheta no instrumento. Para tanto, é necessário uma pressão

adequada, e controlada do ar que é possível graças ao trabalho do músculo

do diafragma.

Nesse sentido, procurei e ainda estou procurando, até hoje, adquirir o máximo de

informação sobre o funcionamento da respiração diafragmática, que é um dos pontos mais

importantes para quem toca um instrumento de sopro. Em quase todos master class, festivais,

8Palheta branda/pesada – chamamos de palheta branda quando ela é muito fina e fraca na ponta, no

qual o aluno ao soprar irá emitir um som sem consistência, anasalado. Palheta pesada é muito dura,

tem muito material do bambu, isso faz com que o aluno tenha que soprar com mais pressão e força

para que ela possa vibrar e emitir o som.

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quando tenho oportunidade, logo pergunto aos professores como eles trabalham a tal da

respiração. Com isso já obtive respostas que me agradaram bastante, uma delas foi: “- Você

pode pensar no ato de bocejar. Pois é algo natural, e além de entrar muito ar para os pulmões,

não haverá levantamento de ombros” (informação verbal)9. O que me chamou mais atenção

foi que, dessa forma falaria para qualquer aluno e a compreensão seria mais fácil. Teve

também várias outras informações para o melhoramento da mesma como: fazer exercícios de

notas longas e praticar exercícios físicos frequentemente.

Enfim, para ser mais clara ao falar de respiração para os alunos, sempre comecei

falando do bocejo e pedi para que eles repetissem algumas vezes sem o instrumento e depois

utilizando-o.

E a postura? No que se refere a essa questão, sugeri que os alunos iniciantes ficassem

sentados, pois ainda não estavam acostumados com o peso do instrumento, por isso adquiriam

um cansaço físico muito rápido, ficando expostos a contrair maus hábitos posturais, ou seja, o

que chamamos popularmente de vícios. Já os alunos de faixa etária entre jovens e adultos

muitas vezes tinham aulas de pé, isso eu tentava apenas para variar um pouco, para que eles

não se acostumassem somente a tocar sentados. Por causa disso cito novamente Tossini

(2009, p. 29) que é a favor do estímulo aos bons hábitos posturais desde cedo:

[...] os professores de instrumentos devem procurar aportes para estimular

bons hábitos posturais. Alguns pontos de apoio, especialmente quando os

alunos tocam sentados, podem ajudar a promover uma postura eficiente e

confortável nos alunos, como por exemplo, estar com os ísquios (ossos do

quadril) apoiados na cadeira e os pés inteiros no chão, paralelos um ao outro.

Essa postura ajuda o aluno a não criar pontos de tensões ao tocar,

principalmente, no início do aprendizado em que o instrumento ainda é um

corpo estranho e muitas vezes causa rigidez muscular até mesmo dores .Em

pé, as costas devem estar retas e os pés paralelos um ao outro.

Esses hábitos não são assimilados rapidamente, pois muitos dos alunos, por se

sentirem cansados e se acostumaram a sempre, na metade da aula, curvar a coluna, esticar as

pernas, apoiar o braço na perna, etc. Nesse caso, foi preciso um trabalho constante em todas

as aulas, eu como professora senti a necessidade de fazer com que eles se lembrassem do que

era dito nas aulas, a fim de não deixá-los esquecer da postura correta.

Quanto ao aquecimento, vale frisar aqui que os exercícios de notas longas, são de

grande valia na preparação do aluno. Eles fazem com que a agitação natural dos alunos seja

controlada. O aquecimento exerce a função de criar uma atmosfera para que os alunos criem

9Informação fornecida por um professor durante master class realizado na EMUFRN, em 2011.

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uma atenção necessária no início da aula. O exercício faz com que eles relaxem e coloquem a

musculatura para se adequar ao desempenho do instrumento. É importante que os demais

professores de clarineta, assim como eu, deixem claro que a prática do aquecimento deve ser

feita diariamente, sempre ao começo do estudo e que isso é cobrado por causa da importância

que tem para o desenvolvimento da aula e consequentemente para um maior aproveitamento

do conteúdo trabalhado.

Em relação ao ensino do instrumento, especificamente o ensino de clarineta, eu não

poderia deixar de falar sobre o peso e a posição das mãos (fôrma de mão). Para discorrer

sobre esses dois pontos relacionados à técnica de execução musical evidencia-se a seguir

alguns esclarecimentos, pelo fato de ter poucos registros sobre o assunto,

O peso do instrumento também é um fator preocupante, acredito que depois da

embocadura, palheta e respiração, esse é outro entrave que nós professores encontramos. Pois,

é visto que para a sustentação da clarineta é exigido do aluno um esforço extremo do polegar

direito, trazendo consigo o cansaço e tensão nos tendões. Cantão (2000) aconselha que se o

aluno ainda for criança façamos o uso da uma requinta, mas, infelizmente não é um

instrumento muito usual pela região, apesar de já ter sido bastante utilizada nas bandas de

música, atualmente vemos mais frequentemente em orquestras. Sendo assim, foi necessário

adaptar-se a essa situação através do que me foi oferecido, ou seja, iniciar com a clarineta.

Outra opção é o uso do suspensório para diminuir o impacto do peso no suspensório, porém

sendo a maioria dos alunos carentes, isso ainda não foi possível.

Cada turma tem direito à uma hora de aula. Para os alunos com idade abaixo de 11

anos, diminuí o tempo para 30 a 40 minutos, dependeu muito da disposição de cada um. Para

não ocasionar dores no polegar, e fadiga pelo peso do instrumento sempre incluí nas aulas

pequenos intervalos para descanso.

Quanto a posição das mãos, procurei sempre falar e mostrarem que formato a mão

deve ficar ao segurar a clarineta, expliquei que as mãos deveriam ter a forma/desenho de um

C, curvando os dedos um pouco para cima, com o intuito de facilitar a execução das chaves,

como sugere Silveira (2006a) na Figura 1:

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Foto 1 - Posição correta dos dedos

Fonte: Silveira (2006a, p. 58).

Esse é outro aspecto que deve ser observado em todas as aulas, pois Silveira (2006a, p.

58) enfatiza que:

[...] os alunos adquirem vícios de digitação durante os anos de estudo que, se

não corrigidos, poderão acompanhá-lo durante toda a sua vida profissional.

Tais vícios, além de não contribuírem em nada para a boa digitação do

instrumento, prejudicam a afinação, proporcionam uma tendência maior à

ocorrência de sons indesejáveis (i.e. guinchos), além de afetar, em alguns

casos, a estética do performer.

Se os dedos estiverem no formato correto e bem colocados o aluno terá uma maior

facilidade para abrir e fechar os orifícios do instrumento/ clarineta. Que por sua vez acarretará

numa performance mais completa e correta.

3.1 MÉTODOS UTILIZADOS

Utilizei o método Da Capo método musical para instrumentos de banda de música de

Joel Barbosa, Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Segundo Joel [20--?], o

método é composto de atividades que trabalham, coletivamente, desde as primeiras aulas,

habilidades de leitura de partitura, técnica instrumental, performance, apreciação, criatividade

e memorização, além de conhecimentos de teoria, por meio de canções obtidas das tradições

musicais brasileiras ou na sua música de concerto.

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Foto 2 - Capa do método de clarineta Da Capo

Fonte: BARBOSA (2004a)10

.

Esse método é bastante conhecido por educadores musicais da área de sopro, pois foi

desenvolvido especialmente para desenvolver os aspectos técnicos do instrumento. Vale

salientar que as atividades contidas nele, ajudam e facilitam todo o processo de ensino. O

autor se preocupou também em colocar exercícios de cantar/ bater com palmas o ritmo e de

percepção (ANEXO C) para que o aluno tenha que preencher os lugares onde estão faltando

às notas da melodia.

A utilização desse método só começou a partir do momento que os alunos não tinham

mais dificuldades de embocadura, e já conseguiam tocar as notas da mão esquerda (do,ré, mi,

fá , sol). Mesmo sabendo que nos primeiros exercícios continham apenas as notas sol e fá

(ANEXO D), optei por fazer desse modo, para que eles não sentissem tanta dificuldade em

executar os exercícios seguintes.

Alguns alunos demonstravam um desempenho técnico melhor, e nos quais percebia a

vontade de realmente se profissionalizarem na música. Pelo interesse observado neles

comecei a trabalhar com o Método Klosé, já que eles queriam se submeter à prova do técnico,

oferecido na UFRN, então iniciei o trabalho com exercícios mais focados na técnica da

clarineta. O Klosé contém justamente estudos técnicos com arpejos e escalas que focam e

10

Documento online não paginado.

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ajudam na execução, na movimentação e na rapidez dos dedos. Como diz Almeida (2004)11

:

“O desenvolvimento da habilidade técnica, imprescindível e necessária, deve sempre estar a

serviço da musicalidade, do belo [...]”.

Foto 3 - Capa do método para clarineta Klosé

Fonte: Klosè (c1961).

Ou seja, a técnica não pode estar desassociada da musicalidade executada no

repertório. Ao contrário, ela desenvolve no instrumentista a capacidade de tocar e interpretar

seu repertório com mais habilidade, e consequentemente com mais sonoridade, ou seja, um

som mais limpo. Apesar de algumas vezes os exercícios de técnica se tornarem cansativos e

monótonos, sempre enfatizei que era de suma importância o estudo diário destes e que

somente daquela forma chegariam numa performance musical mais completa. Sem eles o

repertório, por mais bem estudado que esteja não iria chegar com clareza ao ouvinte

apreciador de sua música.

11

Documento online não paginado.

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3.2 DIFICULDADES ENCONTRADAS

Uma das questões mais difíceis de lidar como professora foi entender as diferenças,

tentei refletir que cada um tinha seu tempo de aprendizagem, aprendi a esperar por esse

tempo, e passei a ter mais sensibilidade em ver até onde deveria insistir com os alunos que

não avançavam. Almeida (2004) afirma que, com a experiência aprendemos que a

aprendizagem musical varia de maneira significativa. Cada um tem seu tempo, e é mais

variável do que se imagina. Ainda assegura que com isso o ensino coletivo se torna ainda

mais difícil de ser realizado, tendo que acontecer o remanejamento constante dos alunos de

um grupo para o outro, para que nessa tentativa se consiga grupos mais homogêneos.

Em se tratando de remanejamento, tive muita dificuldade, pois vez ou outra apareciam

alunos que não se esforçavam. Mudar essa realidade foi complicado, pois com o tempo e na

medida em que fui me adaptando à escola, percebi que os alunos veteranos não tinham o

hábito de estudar frequentemente, o costume era de apenas estudar na sala de aula. Estavam

desestimulados e preguiçosos, não sei por que razão, e mesmo que soubesse não seria

necessário citar neste trabalho. Até os dias atuais há dificuldade para que eles entendam que

sem estudo diário eles continuarão no mesmo nível musical, ou seja, com as mesmas

habilidades.

Como estratégia, comecei a formar grupos, duos, trios, quartetos, no qual cada um

tinha que se esforçar individualmente com sua parte, e foi dito que se caso não se esforçassem

a sua participação no recital não serviria para mostrar toda a sua capacidade, porque o

problema não era falta de habilidades musicais, mas sim a ausência de interesse e de

comprometimento com o estudo. Mesmo assim, tanto os que se dedicavam como os que não

se dedicavam em sua maioria queriam tocar no recital já neste dia os pais e colegas estarem

sempre presentes.

Com relação à minha convivência com eles, surgiram momentos desestimulantes,

onde faltava paciência e muitas vezes maturidade como educadora para lidar com essas

adversidades. Deparei-me com alguns alunos cheios questionamentos, perguntas que muitas

vezes me deixavam sem saber o que responder. Tenho como exemplo uma pergunta que foi

feita por um senhor de 60 anos: “- Para eu ler as notas na partitura eu tenho que seguir com os

olhos cada uma das notas? Porque eu não consigo.” (informação verbal)12. Só me veio uma

12

Informação fornecida pelo aluno B, na Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira, em

Parnamirim-RN, em junho de 2012.

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resposta na hora. Então o senhor terá que decorar. Depois disso ele me olhou como se ele

não estivesse gostado da resposta, ele me passou a impressão de ter agido errado.

Outra dificuldade encontrada em minhas aulas foi a da postura. Eu procurava sempre

enfatizar e falar em todas as aulas sobre esse assunto. Muitas vezes eu disse que eles

precisavam se vigiar com relação a isto, mas na semana seguinte apareciam do mesmo jeito

ou até pior. Não sei se esqueciam ou se não prestavam atenção, esse assunto me preocupava

demais. Apesar disso, vi resultados bem significativos durante o semestre, muitas vezes só

com o meu olhar eles percebiam que a postura estava errada e logo corrigiam.

Os vícios adquiridos pela falta do espelho, muitas vezes me deixaram sem saber o que

fazer. Isso me inquietava, porém não sabia como fazer o aluno entender para tentar corrigi-lo.

Esse problema me acompanhou por muitos dias, houve alguns dias em que ao deitar ficava

procurando soluções.

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30

4 CONSIDERACOES FINAIS

O que posso concluir das experiências que adquiri no trabalho desenvolvido na Escola

de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira é que tudo foi válido. Tentei compartilhar essas

novas descobertas com os alunos e conhecer outras, colocando em prática tudo aquilo que

parecia ser bom para o desenvolvimento deles. Testava, avaliava, incluindo o que era bom e

rejeitando o que não dava certo. Procurava ter um pensamento reflexivo no sentido de

intervenção social, ter consciência do papel que queria que fosse desempenhar na sociedade e

que tipo de cidadão pretendia formar.

Uma das coisas que sempre aderi a minhas aulas era fazer uso e tocar o instrumento na

sala, isso faz toda diferença, Almeida (2004)13 também concorda com minha concepção

quando afirma que, “Os bons professores dão suas aulas com o instrumento na mão. Tocam.

Demonstram. Exemplificam. Porém, o aprendiz, na maioria das vezes acha que é impossível a

ele tocar igual, porque ele ainda não é professor”. Essa questão sempre foi colocada quando

demonstrava algo que queria que os alunos repetissem na clarineta, e na sequência sempre

tinha um que dizia: “- Ah, mais a senhora é a professora, não consigo e jamais irei conseguir

tocar assim” (informação verbal)14. Sempre depois dessas palavras, tentava explicar que para

se chegar a ter a um bom nível musical é preciso tempo, muito estudo e paciência. Tudo

dependeria do tamanho do esforço deles.

Incluir essa nova perspectiva de ensinar foi para mim essencial, vejo que o modo

como ensinava antes de nada servia, além de adestrar um aluno a tocar o instrumento.

Percebi que dessa nova maneira de dar aulas, os alunos se envolveram mais, e tinham mais

curiosidade em conhecer, tocar a clarineta. Essa experiência foi e está sendo gratificante na

minha vida profissional, acredito que antes de tudo nós professores da arte temos que ter em

mente sempre a dedicação e entusiasmo pelo nosso trabalho. Crendo que estou no caminho

certo, venho tratando o ensino da clarineta como sempre, com a mesma curiosidade e vontade

de descobrir novas possibilidades, além de procurar experimentar como funciona prática.

Os resultados foram muitos e gratificantes, hoje vejo alunos se desenvolvendo até sem

perceber, e isso para mim não tem estímulo maior, é um pontapé para continuar seguindo e

procurando me aperfeiçoar ainda mais como professora de clarineta. Pois sempre será

necessário que eu me coloque no lugar do outro, que me enxergue como o outro me enxerga,

13

Documento online não paginado. 14

Informação fornecida pelo aluno C, na Escola de Música Epitácio Leopoldino de Oliveira, em

Parnamrim-RN, em junho de 2012.

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31

ter a consciência de esperar e respeitar o tempo de cada aluno. E ter a sensibilidade de

perceber quando o aluno além das dificuldades e de não conseguir atingir um nível técnico

apurado, isso não significará que ele não possa demonstrar expressividade. Gainza (2008, p.

31) também acredita nessa possibilidade quando diz que:

Um indivíduo que executa um instrumento de forma imperfeita – porque

„martela‟, ou erra, ou se contém a nível corporal; porque não fraseia

adequadamente, não comunica afetividade ou não manifesta um grau

aceitável de compreensão mental da obra – está se expressando,

inegavelmente, tanto como aquele que realiza a atividade com um nível

ótimo de qualidade. Expressar-se é, pois, demonstrar tanto as deficiências

quanto as capacidades.

Mesmo que o aluno não venha a se desenvolver como desejado ou como os outros, é

preciso que o professora venha a compreender o seu tempo. E lançar de estratégias para que

ele não venha a se menosprezar por não conseguir alcançar os objetivos que ele mesmo

projetou ou que acredita que eu projeto nele, pois de toda maneira expressar-se não é somente

mostrar destrezas musicais.

Porém, não posso deixar de expressar aqui resultados de alunos que superaram minhas

expectativas, alunos que com menos de dois meses atingiram um nível técnico bastante

evoluído. A partir dessa afirmação fico a me perguntar: Qual é o nível musical que espero

para meus alunos? O que quero que eles alcancem?

A meta vai depender do aluno, mesmo com a minha orientação, é ele quem decide

aonde quer chegar. Ou seja, acredito que para ter uma melhor performance depende do

caminho que o aluno vai querer seguir, e me cabe incentivar e dar minha contribuição. Alguns

alunos que quiseram seguir um caminho profissional, como já foi citado anteriormente,

puderam contar comigo para obtenção do resultado almejado por eles, dois alunos que

começaram a ter aulas de clarineta ano passado, se submeteram a prova do curso técnico e

obtiveram aprovação. Da mesma forma que os que queriam apenas tocar música simples,

conseguiram tocar.

Em se tratando da utilização do ensino coletivo, foi perceptível a evolução, percebi

que os alunos foram espelhos para eles mesmos. Foi possível analisar, comparar e avaliar sem

necessidade de intervenções explícitas. A partir disso aprendi a ter a capacidade de não ter

que interromper uma performance coletiva, enquanto corrigia um aluno individualmente,

usava apenas, o olhar, o toque ou até mesmo um sorriso.

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Esses resultados só aumentam minha autoconfiança, a vontade de fazer um bom

trabalho. Se eles estão satisfeitos eu também estou porque o que me inspira como educadora é

poder torná-los melhores do que já são.

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REFERÊNCIAS

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GO. Anais... Goiânia, GO: UFG, 2004. Disponível em:<http://prolicenmus.ufrgs.br/

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xpressingmusic.com/34-entrevista/1174-joel-barbosa-em-entrevista-ao-xpressingmusic>.

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SANTOS, Marly Ramalhos dos. [Recital interno na Escola de Música Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN]. 2012a. 1 fotografia, color.

______. [Outro ângulo do Recital interno na Escola de Música Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN]. 2012b. 1 fotografia, color.

______. [Outra visão das aulas coletivas na Escola de Música Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN]. 2012c. 1 fotografia, color.

SCHAFER, R. Murray. Ouvido pensante. Tradução de Marisa Trech de O. Fonterrada,

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SILVEIRA, Fernando José. Mãos e dedos: técnica, saúde e sucesso para o larinetista. Música

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SILVEIRA, Alphonsos de Melo. A realização do Staccato na clarineta. 2006b. Disponível

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TOSSINI, Rosa Barros. Aulas coletivas de clarineta: conceitos metodológicos do ensino

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Graduação) – Faculdade Paulista de Artes, São Paulo. 2009.

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ANEXO A - Fotos do recital interno

Foto 4 – Recital interno na Escola de Música Leopoldino de Oliveira, Parnamirim-RN

Fonte: Santos (2012a).

Foto 5 – Outro ângulo do Recital interno na Escola de Música Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN

Fonte: Santos (2012b).

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ANEXO B – Fotos das aulas coletivas

Foto 6 – Aulas coletivas na Escola de Música Leopoldino de Oliveira, Parnamirim-RN

Fonte: Monteiro (2013).

Foto 7 – Outra visão das aulas coletivas na Escola de Música Leopoldino de Oliveira,

Parnamirim-RN

Fonte: Santos (2012c).

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ANEXO C - Fragmento retirado do Método Da Capo - exercício para bater com palmas o

ritmo e para completar a melodia

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ANEXO D - Exercícios iniciais retirados do Método Da Capo

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APÊNCDICE A - Fotos do recital externo

Foto 8 – Recital externo na Escola Municipal Augusto Severo, Parnamirim-RN

Fonte: A autora (2012).

Foto 9 – Outro ângulo do Recital externo na Escola Municipal Augusto Severo,

Parnamirim-RN

Fonte: A autora (2012).