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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA HELENA VARELA DE ARAÚJO ANÁLISE DA EXPRESSÃO DO MARCADOR CD5 NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA DE CÉLULAS B (LLC-B) Natal – Rio Grande do Norte Outubro - 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · célula-tronco hematopoética, que é CD34+, capaz de se replicar, proliferar e diferenciar em células progenitoras com potencial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA

HELENA VARELA DE ARAÚJO ANÁLISE DA EXPRESSÃO DO MARCADOR CD5 NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA

CRÔNICA DE CÉLULAS B (LLC-B)

Natal – Rio Grande do Norte Outubro - 2016

ANÁLISE DA EXPRESSÃO DO MARCADOR CD5 NA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA DE CÉLULAS B (LLC-B)

por

Helena Varela de Araújo

Orientadora: Prof. Msc. Christiane Medeiros Bezerra

Natal – Rio Grande do Norte

Outubro – 2016

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Araújo, Helena Varela de. Análise do Marcador CD5 na Leucemia Linfocítica Crônica de Células B (LLC-B) / Helena Varela de Araújo. - Natal, 2016. 53 f.: il. Orientadora: Profa. Ma. Christiane Medeiros Bezerra. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Curso de Biomedicina. 1. Leucemia Linfocítica - Monografia. 2. Imunofenotipagem - Monografia. 3. Marcador CD5 - Monografia. 4. Citometria de Fluxo - Monografia. I. Bezerra, Christiane Medeiros. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE-CB CDU 616.155.392

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, demais familiares e amigos, que sempre depositaram tamanha confiança no que escolhi ser, sem nunca duvidar da minha capacidade, até quando eu mesma duvidei. À Maria Cleide de Araújo Lopes, Doutor Henrique Eduardo Macedo Fonseca e demais amigos da Hemato-Oncologistas Associados LTDA e Instituto de Onco-Hematologia de Natal, pela atenção cotidiana. À Christiane Medeiros Bezerra, que com profissionalismo e disponibilidade, me orientou e colaborou imensamente para/com a realização deste trabalho. Aos professores Francisco Paulo Freire Neto e ao Dr. Henrique Fonseca, por aceitarem participar da banca, colaborando com a minha formação. Aos docentes do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, assim como aos amigos que conquistei durante esses quatro anos e meio de curso. A todos os pacientes portadores de doenças onco-hematológicas, em especial à memória do meu avô Divanilton Pinto Varela e ao meu amigo Gustavo Adolfo Andrade de Sá Filho, com quem pude conviver e aprender bastante durante toda minha trajetória.

A todos vocês, meu muito obrigada.

RESUMO

A leucemia linfocítica crônica de células B (LLC-B) é caracterizada pela proliferação anormal de linfócitos B maduros, funcionalmente incompetentes, que podem ser observados no sangue periférico e/ou na medula óssea. Com o curso clínico indolente, esta doença afeta adultos de idade avançada, acima de 50 anos, sendo estatisticamente mais prevalente em indivíduos do sexo masculino. Tem-se como principal meio de diagnóstico desta doença a imunofenotipagem por citometria de fluxo que possibilita revelar a expressão dos marcadores CD19, CD23 e CD5 nestes linfócitos neoplásicos. O CD5 está mais relacionado a linfócitos T, porém na LLC-B, observa-se expressão aberrante de linfócitos B com esse marcador. O objetivo deste estudo é avaliar, por citometria de fluxo, a expressão do marcador CD5 em 30 pacientes diagnosticados com LLC-B no laboratório de hematologia Hemato-Oncologistas Associados LTDA. Além disso, objetivou-se observar outros padrões hematológicos destes pacientes, utilizando valores de hemograma e citomorfologia. No presente estudo, dos de 30 pacientes, 19 eram do sexo feminino e 11, do masculino, diagnosticados com LLC-B durante março de 2011 e maio de 2016. Os dados hematológicos foram obtidos a partir de analisador hematológico e os aspectos citomorfológicos dos pacientes diagnosticados a partir de agosto de 2015, foram observados por meio de microscopia de distensão de material biológico corado com corante Leishman. Os resultados de imunofenotipagem obtidos por meio do citometro de fluxo BD® FACScan, foram analisados no software CellQuest® de modo a gerar gráficos e porcentagens de reatividade dos marcadores utilizados. Como resultado, observou-se por meio de hemograma leucocitose acentuada e linfocitose. Todos os pacientes tiveram marcação positiva para o CD5, com positividade variando entre 42% e 98%. Este marcador é de imensa importância no diagnóstico de pacientes com LLC-B, por ser capaz de descartar outras neoplasias de linfócitos B.

Palavras Chaves: Leucemia Linfocítica Crônica de células B; imunofenotipagem; marcador CD5; citometria de fluxo.

ABSTRACT

The B cells chronic lymphocytic leukemia (B-CLL) is characterized by the

abnormal proliferation of mature B lymphocytes, that can be observed in peripheral blood and bone marrow. Without any specific symptomatology, this disease affects adults aged specially more than 50 years old. A prevalence of male patients can be statistically observed. One of the most important tests used in B-CLL diagnosis is the immunophenotyping, using flow cytometry. This technique shows the expression of CD19, CD23 and CD5 in this neoplastic lymphocytes. This last marker, the CD5, is a very important key in B-CLL diagnosis because it may differ this disease of other B cells neoplastic diseases. The CD5 is normally correlated with T lymphocytes, but in B-CLL, can be observed an aberrant expression of this marker. The objective of this present study is evaluate, using flow cytometry, the expression of CD5 marker in 30 patients diagnosed with B-CLL at Hemato-Oncologistas Associados LTDA (Natal/RN-Brazil). In addiction, have been seen others hematologic data, utilizing complete blood count and cytomorphology. In this study, have been analyzed 30 patients, 19 women and 11 men, diagnosed with B-CLL. The hematological data has been obtained from hematologic analyzer. Then, the cytomorphological analyze has been done with the patients diagnosed since august 2015, using optical microscope with blood films and bone marrow films stained by Leishman. The results of immunophenotyping, obtained by BD® FACScan flow cytometry, was analyzed in CellQuest® software, generating plots showing the statistic information about markers. Finally, was observed leukocytosis and lymphocytosis in all patients. The CD5 marker was positive in all cases, with this positivity varying between 42% and 48%. This marker can be used in differential diagnose of other B-cell neoplastic diseases.

Keywords: B Cells Lymphocytic Leukaemia; immunophenotyping; CD5 marker; flow cytometry.

ÍNDICE

Página LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................ viii LISTA DE TABELAS ....................................................................................... X LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... Xi LISTA DE ANEXOS ......................................................................................... xii 1- INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 – Hematopoese e Células Sanguíneas.............................................. a. Hemácias................................................................................ b. Plaquetas................................................................................ c. Leucócitos...............................................................................

1.2 – Marcadores Celulares..................................................................... 1.3 – Citometria de Fluxo........................................................................ 1.4 – Leucemias...................................................................................... 1.5 – Leucemias Linfocíticas Crônicas.................................................... 1.6 – Leucemia Linfocítica Crônica de Células B....................................

1 3 4 4 6 9

10 13 13

2- OBJETIVOS.................................................................................................. 20

2.1– Objetivos Geais .............................................................................. 2.2– Objetivos Específicos .....................................................................

20 20

3- MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 21

3.1 – Seleção de Pacientes....................................................................... 3.2 – Coleta e Microscopia........................................................................ 3.3 – Imunofenotipagem............................................................................ 3.4 – Marcação de Antígenos.................................................................... 3.5 – Leitura e Análise...............................................................................

21 21 22 22 23

4- RESULTADOS ............................................................................................. 25

4.1 - Características Gerais dos Pacientes............................................... 4.2 - Parâmetros Hematológicos............................................................... 4.3 – Classificação Imunológica................................................................

25 25 28

5- DISCUSSÃO ................................................................................................. 31 6- CONCLUSÃO ............................................................................................... 34 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 35 8- ANEXOS ......................................................................................................

38

viii

LISTA DE ABREVIATURAS

µL Microlitro

AcMo Anticorpo Monoclonal

B19V Parvovírus humano B19

BFUE Unidade de formação explosiva eritróide

CD Antígenos de diferenciação celular

Células NK Células Natural Killer

CFUE Unidade formadora de colônia eritróide

CFUGEMM Unidade formadora de colônias granulocíticas, eritróides, monocíticas e

megacariocíticas

CO2 Dióxido de carbono

EBV Vírus Epstein-Barr

Fab Região de especificidade de ligação de imunoglobulina

FCR Esquema de terapia associando fludarabina, ciclofosfamida e rituximabe

FITC Fluorescein Isothiocyanate - isotioconato de fluoresceína

FS Forward Scatter – dispersão frontal

IgD Imunoglobulina D

IgE Imunoglobulina E

IgM Imunoglobulina M

LCM Linfoma de Células do Manto

LDGC Linfoma não-Hodgkin Difuso de Grandes Células

LDH Desidrogenase Lática Humana

LF Linfoma Folicular

LH Linfoma de Hodgkin

LLA Leucemia Linfocítica Aguda

LLC Leucemia Linfocítica Crônica

LLC-B Leucemia Linfocítica Crônica de Células B

LLC-T Leucemia Linfocítica Crônica de Células T

LMA Leucemia Mielóide Aguda

LMA-M0 Leucemia Mielóide Aguda do tipo M0

LMA-M5a Leucemia Mielóide Aguda do tipo M5a

LPL-B Leucemia Pró-Linfocítica de Células B

ix

MHC Complexo de Histocompatibilidade Humano

mL Mililitro

MM Mieloma Múltiplo

mm3 Milímetro Cúbico

PE Phycoerythrin – ficoeritina

PerCP Peridinin Chlorophyll Protein

RPM Rotações por minuto

SS Side Scatter – dispersão lateral

TCR Receptores de Linfócitos T

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Relação entre alguns antígenos CD, células e funções

Tabela 2 Algumas anormalidades genéticas mais frequentes em tumores

hematológicos afetando a função de oncogenes

Tabela 3 Alguns marcadores relacionados com prognóstico da LLC-B

Tabela 4 Sistema de estadiamento de Rai para LLC-B

Tabela 5 Sistema de estadiamento de Binet para LLC-B

Tabela 6 Frequência relativa das variantes da Sindrome de Richter

Tabela 7 Painel Imunofenotípico base para análise dos pacientes

Tabela 8 Características dos pacientes quanto ao sexo e faixa etária

Tabela 9 Distribuição dos parâmetros hematológicos quando utilizado sangue

periférico

Tabela 10 Distribuição dos parâmetros hematológicos quando utilizado medula

óssea

Tabela 11 Perfil imunofenotípico, idade e sexo dos pacientes que foram a óbito

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Múltiplos sítios da hematopoese durante o desenvolvimento.

Figura 2 Hematopoese

Figura 3 Etapas da eritropoese

Figura 4 Estágios de maturação das células B com exemplos de marcadores

imunofenotípicos expressos no desenvolvimento normal dessas

células

Figura 5 Estágios de maturação das células T com exemplos de marcadores

imunofenotípicos expressos no desenvolvimento normal dessas

células

Figura 6 Parâmetros FS e SS

Figura 7 Padrão de aquisição normal, diferenciando os tipos celulares

Figura 8 Modelo de desenvolvimento de mutações na LLC-B

Figura 9 Plataforma de aquisição de dados no software CellQuest

Figura 10 Modelo de análise dos resultados obtidos no CellQuest

Figura 11 Distensão de sangue periférico em lâmina de paciente diagnosticado

com leucemia linfocítica crônica de células B. 1 – Mancha de

Gumprecht; 2 – Linfócitos característicos da LLC-B

Figura 12 Distensão de medula óssea em lâmina de paciente diagnosticado

com LLC-B

Figura 13 Positividade do marcador CD5 nos pacientes avaliados

Figura 14 Relação dos marcadores utilizados com sua reatividade, agrupando

os resultados em positivos e negativos

xii

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 Parecer número 1.325.562 do Comitê de Ética em pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

1

1- INTRODUÇÃO

1.1 Hematopoese e Células Sanguíneas

Ao processo de formação dos componentes sanguíneos, dá-se o nome de

hematopoese. Esse processo é iniciado ainda na embriogênese, ocorrendo

principalmente no saco vitelínico nas primeiras semanas de desenvolvimento

(HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007; JAGANNATHAN-BOGDAN; ZON, 2013).

Durante o período embrionário, a hematopoese ocorre em diversos locais até que a

medula óssea assuma suas funções. Primeiramente, o principal local onde esse

processo ocorre é no saco vitelino (CARLSON, 2014). As células mesenquimais de

lá provenientes migram para o baço, fígado, timo e linfonodos, fazendo com que

haja produção de células sanguíneas nesses locais, no decorrer do período

gestacional. A partir do sexto ou sétimo mês de vida intrauterina, a medula óssea

assume papel importante nesse processo, e torna-se o único local de produção de

células sanguíneas a partir da infância. Os sítios da hematopoese durante o

desenvolvimento estão representados na Figura 1. Durante os primeiros anos de

vida, toda a medula óssea é hematopoética, mas há, de forma progressiva, uma

substituição da medula dos ossos longos por gordura. Assim, no adulto, a medula

hematopoética está restrita ao esqueleto central e às extremidades proximais do

fêmur e do úmero (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

Figura 1 - Múltiplos sítios da hematopoese durante o desenvolvimento. Disponível em http://dev.biologists.org/content/138/6/1017

2

A hematopoese inicia com uma célula pluripotente, também chamada de

célula-tronco hematopoética, que é CD34+, capaz de se replicar, proliferar e

diferenciar em células progenitoras com potencial de desenvolvimento restrito. A

cada mitose, as células-tronco formam uma célula-filha que repõe a célula-tronco

inicial e outra que será destinada à diferenciação. Essas células progenitoras podem

dar origem a células de duas linhagens distintas: a linhagem mielóide e a linfóide,

sendo a seleção dessa linhagem dada por sinais externos ou aleatoriamente

(HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007; MOORE; KNIGHT; BLANN, 2010) (Figura 2).

Figura 2 – Hematopoese (Adaptado de Servier Medical Art. Disponível em:

http://www.servier.com/slidekit/?item=18)

A regulação desse processo ocorre por meio de fatores de transcrição, alguns

estando relacionados à sobrevivência das células-tronco e outros, envolvidos com o

processo de diferenciação das linhagens. Além disso, fatores de crescimento

também são importantes na proliferação e diferenciação das células maduras, assim

como na supressão da apoptose (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007; MOORE;

KNIGHT; BLANN, 2010).

3

Ocorre ainda uma manutenção de certa quantidade de células-tronco e

células progenitoras hematopoéticas, sobre as quais podem agir fatores de ação

tardia, quando há necessidade de aumento da produção de uma linhagem

específica, como por exemplo no processo inflamatório, onde há produção de

interleucina-1 e fator de necrose tumoral e consequente estimulação da formação de

granulócitos e monócitos (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

a. Hemácias

Como produto final da hematopoese, temos a formação das células

sanguíneas. Em maior quantidade têm-se as hemácias, células bicôncavas

anucleadas que têm como principal função o transporte de oxigênio dos pulmões

para os tecidos. Dá-se o nome de eritropoese o processo de formação desse tipo

celular. Sob regulação da eritropoetina, a eritropoese inicia com a diferenciação de

uma célula-tronco em CFUGEMM (unidade formadora de colônias granulocíticas,

eritróides, monocíticas e megacariocíticas). Em seguida, tem-se a diferenciação em

BFUE (unidade de formação explosiva eritróide), passando por CFUE (unidade

formadora de colônia eritróide) até que se tenha o pró eritroblasto. Este se divide

formando eritroblastos, que se tornam cada vez menores e com concentrações de

hemoglobina crescente. Por fim, o eritroblasto, em seu estágio ortocromático, perde

seu núcleo, ainda na medula óssea, dando origem ao reticulócito que será maturado

até que se transforme em hemácia (eritrócito). O esquema geral da eritropoese é

mostrado na Figura 3 (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

As hemácias formadas possuem em sua estrutura hemoglobina, uma proteína

importante no transporte e nas trocas gasosas entre os pulmões e demais órgãos e

tecidos, onde o oxigênio captado pelos pulmões é distribuído para o restante do

corpo e o CO2, formado pelos tecidos, exalado pelos pulmões. Para que sejam

eficazes, os eritrócitos devem ser capazes de circular em vasos sanguíneos de

pequeno calibre, propiciando a oxigenação de todos os tecidos, mantendo-lhes

viáveis (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

4

Figura 3 – Etapas da eritropoese (Adaptado de HOFFBRAND; MOSS; PETIT 2007)

b. Plaquetas

São produzidas a partir da fragmentação de megacariócitos, e, em função

disso, por alguns não são consideradas células. O megacariócito surge da

diferenciação do megacarioblasto, cujo processo de maturação se dá por replicação

endomitótica sincrônica, de forma a aumentar de volume. O principal regulador da

produção de plaquetas é a trombopoetina, produzida pelo fígado e pelos rins

(MOORE; KNIGHT; BLANN, 2010).

As plaquetas são protagonistas no processo de coagulação do sangue após

lesão vascular, seguindo a cascata de coagulação até a formação de um tampão

mecânico como resposta homeostática (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

c. Leucócitos

Os leucócitos compreendem distintos tipos celulares responsáveis pela

proteção do organismo contra infecções e agentes estranhos externos ao corpo. São

compostos por granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos), monócitos e

linfócitos (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007).

O grupo dos granulócitos é proveniente da linhagem mielóide hematopoética

e compreende: os neutrófilos, que são células com núcleo segmentado (2 a 5

lóbulos) e com importante capacidade fagocítica na defesa do organismo contra

bactérias; os eosinófilos, que têm núcleo segmentado, porém com 2 ou 3 lóbulos e

são importantes nos processos alérgicos e na defesa contra parasitas, com

5

capacidade de fagocitar complexos antígeno-IgE; e por fim, os basófilos que têm

núcleo irregular, produzem heparina e histamina e estão relacionados aos processos

de hipersensibilidade imediata (CRUVINEL et al., 2010).

Os monócitos também derivam da linhagem mielóide hematopoiética e têm

núcleo único, grande e central. Ao migrarem para os tecidos passam a ser

chamados de macrófagos. Por apresentarem intensa capacidade fagocítica, os

macrófagos são muito importantes nos processos infecciosos e na fagocitose de

debris celulares. Recebem denominações diferentes dependendo do órgão em que

estão presentes, por exemplo, os macrófagos presentes no fígado são chamados de

células de Kupffer, já no sistema nervoso são chamados de micróglia e no tecido

ósseo de osteoclastos (CRUVINEL et al., 2010).

Células progenitoras linfóides podem se diferenciar em linfócitos B, linfócitos T

e células NK.

o Células Natural Killer (NK): têm origem na medula óssea e constituem 5-20%

das células mononucleares do sangue. São importantes nas respostas de

defesa inespecíficas, lisando células infectadas por microrganismos além de

células tumorais. Podem ainda recrutar neutrófilos e macrófagos, ativar células

dendríticas e linfócitos B e T. A sua ação citolítica está relacionada com

enzimas perforinas e granzinas. Sua ativação está relacionada com receptores

de indução e inibição de sinais, sendo os receptores de inibição mais

abundantes. Dessa forma, ocorre impedimento da lise de células normais, que

expressam MHC de classe I. Por outro lado, células infectadas expressam

baixas quantidades de MHC de classe I, sendo susceptíveis a ação das células

NK (CRUVINEL et al., 2010).

o Linfócitos T: o processo de seleção e maturação dessas células ocorre no

timo. No processo de maturação está envolvida a expressão de receptores de

linfócitos T funcionais, em associação com o complexo CD3, e dos co-

receptores CD4 e/ou CD8. Quando maduros, os linfócitos T deixam o timo e

caem na circulação periférica. Após a maturação, os linfócitos T são divididos

em alguns subgrupos, como linfócitos T auxiliares (CD4) e linfócitos T

citotóxicos (CD8), todos esses com funções importantes no que diz respeito ao

sistema imune (MESQUITA et al., 2010).

6

o Linfócitos B: são componentes muito importantes do sistema imune,

responsáveis pela produção de anticorpos. As células que vão se diferenciar

em linfócitos B permanecem na medula óssea durante a maturação, e quando

maduros, esses linfócitos migram para os órgãos linfóides secundários, como

linfonodos e baço. Para reconhecer antígenos, essas células necessitam de

imunoglobulinas de membrana (IgM e IgD). Essas imunoglobulinas são

compostas por duas cadeias leves e duas cadeias pesadas, além de uma

região de especificidade de ligação, chamada de região Fab (MESQUITA et al.,

2010).

A maturação das células B inicia a partir de células pró-B, que expressam

os genes TdT, RAG1 e RAG2, responsáveis por comandar a produção de

imunoglobulinas. Esse processo inicial de maturação ocorre ainda na medula

óssea, e de modo independente de contato com antígenos. Com o processo de

recombinação das porções variáveis das imunoglobulinas, um número vasto de

especificidades diferentes de reconhecimento são formadas, sendo de extrema

importância haver uma restrição desse repertório, a fim de diminuir as chances

de interação com moléculas endógenas. Para isso, ocorre o mecanismo de

seleção positiva e negativa ainda durante a maturação das células B. Na

seleção positiva, as células que expressam imunoglobulinas funcionais

recebem um sinal para prosseguir na maturação, enquanto na seleção

negativa, células com imunoglobulinas não funcionais (reconhecem antígenos

próprios com alta afinidade) são desviadas para apoptose (CRUVINEL et al.,

2010; MESQUITA et al., 2010).

1.2 Marcadores Celulares

Todas as células possuem, em sua estrutura de membrana, proteínas

específicas que são capazes de serem reconhecidas por anticorpos sintéticos em

laboratório. Com as técnicas de imunofenotipagem pode-se diferenciar os tipos

celulares, além dos seus graus de maturação, observando-se a expressão dessas

diferentes proteínas. Os antígenos de diferenciação celular reconhecidos por grupos

de anticorpos monoclonais foram denominados por grupo de diferenciação ou CD

7

(NAOUM, 2001). Alguns antígenos, suas células específicas e funções são

demonstrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Relações entre alguns antígenos CD, células e funções Antígeno CD Células Funções

CD1 a,b,c,d

Timócitos, células

dendríticas, linfócito B

(CD1c), células do epitélio

intestinal (CD1d)

Molécula semelhante ao

MHC de classe I,

especializada na

apresentação de antígeno

CD4

Sub grupo dos timócitos,

linfócitos T auxiliar e

inflamatório, monócitos e

macrófagos

Co-receptor de moléculas de

MHC de classe II. Receptor

para HIV-1 e HIV-2.

CD8

Sub grupo dos timócitos,

linfócitos T citotóxicos

Co-receptor para MHC de

classe I

CD9

Linfócito pré-B, eosinófilos,

basófilos e plaquetas

Possível papel na agregação

e ativação plaquetária

CD33

Células mielóides

progenitoras e monócitos

Desconhecidas

CD34

Precursores hematopoéticos

ou células-tronco pluripotente

Ligante para CD 62 L

CD 62 L

Linfócitos B e T, monócitos e

células NK

Moléculas de adesão de

leucócitos. Participa da

interação com o endotélio

CD66

Atividade leucocitária na

adesão de moléculas

Ativação de linfócitos T e B,

eosinófilos, fibroblasto,

células tímicas e endoteliais e

queratinócitos

Adaptado de NAOUM, 2001.

Na Figura 4, destacam-se alguns marcadores de acordo com o grau de

maturação dos linfócitos B (MESQUITA, 2010), enquanto na Figura 5, estão

representados os marcadores relacionados aos linfócitos T.

8

Em processos patológicos, podem haver alterações quanto aos marcadores

imunofenotípicos expressos nas células, por exemplo, na leucemia linfocítica crônica

de células B, observa-se o aparecimento do marcador CD5 em linfócitos B,

marcador este que é natural dos linfócitos T.

Figura 4 – Estágios de maturação das células B com exemplos de marcadores imunofenotípicos expressos no desenvolvimento normal dessas células (Adaptado de MESQUITA, 2010).

Figura 5 – Estágios de maturação das células T com exemplos de marcadores imunofenotípicos expressos no desenvolvimento normal dessas células (Adaptado de NAOUM, 2001).

9

1.3 Citometria de Fluxo

A citometria de fluxo é uma técnica que utiliza lasers, fluxo hidrodinâmico,

ótica, fluorocromos (ligados a anticorpos monoclonais) e softwares para determinar

parâmetros estruturais e funcionais de partículas biológicas em suspensão. O

citometro de fluxo é o aparelho utilizado para a realização dessa técnica. Este

equipamento aspira uma preparação prévia das partículas que serão analisadas,

como por exemplo, células (PIER, 2007).

Após serem aspiradas, as células passam por uma câmara especial que faz

com que estas fiquem envoltas e centralizadas em um fluxo contínuo de líquido.

Então, uma por uma, as células são interceptadas por um laser, de modo a gerar

dois tipos de informação: o FS (Forward Scatter) ou dispersão frontal, de acordo

com o tamanho da célula, e o SS (Side Scatter) ou dispersão lateral, de acordo com

a sua granulosidade (Figura 6). Além disso, ao passarem pelo laser, as células

marcadas com os fluorocromos emitem luz de acordo com suas características

bioquímicas e moleculares. Essas luzes são captadas e convertidas em pulsos

elétricos. Por fim, a amostragem dos dados, análise e interpretação são analisados

por softwares específicos (Figura 7) (PIER, 2007).

FS

SS

Granulosidade Complexidade

Tamanho

Figura 6 - Parâmetros FS e SS (Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=EQXPJ7eeesQ)

10

Figura 7 - Padrão de aquisição normal, diferenciando os tipos celulares (disponível em http://www.lookfordiagnosis.com)

1.4 Leucemias

A leucemia é uma doença maligna que acomete os leucócitos e é

caracterizada pelo acúmulo de células anormais derivadas de uma única célula na

medula óssea ou no tecido linfóide periférico, que tenha sofrido uma alteração

genética. Como em outras doenças, a combinação de fatores genéticos e

ambientais são responsáveis pelo aparecimento da patologia (HOFFBRAND; MOSS;

PETIT, 2007).

Em relação aos fatores genéticos, já se sabe que há susceptibilidade de

desenvolvimento de leucemias em indivíduos com síndrome de Down, ou anemia de

Fanconi, ou ataxia-teleangiectasia, ou neurofibromatose, ou síndrome de Klinefelter

ou na síndrome de Wiskott-Aldrich, além de algumas outras doenças com alterações

cromossômicas. Há ainda indícios de fraca tendência hereditária na leucemia

mielóide aguda (LMA), na leucemia linfocítica crônica (LLC) e em linfomas, porém o

padrão de herança ainda não é completamente conhecido (HOFFBRAND; MOSS;

PETIT, 2007).

Quanto aos fatores ambientais, pode-se citar a relação da exposição crônica

ao benzeno com o aparecimento de mielodisplasia ou leucemia mielocítica aguda, a

11

predisposição ao aparecimento de LMA em pacientes que utilizam fármacos

alquilantes (exemplo clorambucil e melfalan), principalmente quando combinados

radioterapia. Sabe-se ainda que a exposição à radiação é leucemogênica, sendo

observado um aumento da incidência das leucemias (menos LLC) nos sobreviventes

de explosões atômicas. Além disso, algumas infecções podem ocasionar lesões no

material genético e o aparecimento de algumas leucemias. Infecções pelo vírus

Epstein-Barr (EBV), por exemplo, estão associadas a casos de linfoma de Burkitt

endêmico (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007). Em outro exemplo, havendo

imunossupressão em crianças e uma posterior infecção pelo parvovírus humano

B19 (B19V), o risco do desenvolvimento de leucemia linfocítica aguda é elevado

(CECÍLIO; OLIVEIRA, 2004).

A transformação de uma célula normal em maligna ocorre por ganho de

mutações genéticas. Quanto ao aparecimento de câncer, destacam-se os

oncogenes e os genes supressores de tumor. Em relação aos oncogenes, estes são

resultado de uma mudança ou ganho de função dos proto-oncogenes, que têm

participação na ativação gênica e controle da apoptose. Essas mutações podem

ocorrer de várias formas, porém quando relacionadas às doenças onco-

hematológicas há uma alta frequência de translocações cromossômicas.

No que diz respeito aos genes supressores de tumor, o mais conhecido e

importante nos casos de câncer humano é o p53. A inativação ou modificação

destes genes gera desregulação no ciclo celular, assim como alterações em

tirosinaquinases também são importantes fatores de desenvolvimento de

malignidade (HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007). Algumas dessas alterações

relacionadas com cânceres hematológicos estão mostradas na Tabela 2.

12

Tabela 2 – Algumas anormalidades genéticas mais frequentes em tumores

hematológicos afetando a função dos oncogenes

Adaptado de HOFFBRAND; MOSS; PETIT, 2007

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA),

em 2016 serão diagnosticados 10.070 novos casos de leucemias no Brasil, dos

quais 5.540 acometerão homens e 4.530, mulheres. Em crianças, a leucemia

linfocítica aguda (LLA) é a mais comum, enquanto em adultos, há prevalência dos

subtipos de LMA (INCA, 2016).

Um dos fatores mais importantes para a sobrevida dos pacientes é o

diagnóstico precoce. Para isso, deve-se atentar para os sintomas iniciais, que nas

leucemias agudas são secundários à proliferação excessiva de células imaturas na

medula óssea, que podem infiltrar outros tecidos. Além disso, pela diminuição dos

leucócitos normais, estes pacientes estão mais susceptíveis a infecções. Os sinais

importantes ao exame físico são, por exemplo, esplenomegalia, palidez, febre,

sangramentos e hemorragias, petéquias e equimoses. Já nas leucemias crônicas, os

Doença Anomalia Genética Oncogenes

envolvidos

LMA t(8;21)

t(15;17)

Inserção de nucleotídeo

Mutação, TDI

Mutação

ETO/AML1 (CFBα)

PML, RARA

NPM

FLT3

TET-2

LMA secundária Translocação 11q23 MLL

Mielodisplasia -5, del(5q)

-7, del(7q)

RPS 14

N RAS

LMC t(9;22) BRC-ABL1

Mieloproliferativa Mutação pontual

Mutação pontual

JAK-2

TET-2

Linfoma folicular

Linfoma de células do manto

Linfoma de Burkitt

t(14;18)

t(11;14)

t(8;14)

BCL2

Ciclina D1

MYC

LLC Deleção 17p

Deleção 11q22-23

P53

ATM

13

sintomas, quando aparecem, são inespecíficos. Na maioria dos casos, as formas

crônicas são diagnosticadas em exames de rotina (Centro Infantil Boldrini, 2013).

No que diz respeito ao tratamento, levam-se em consideração vários aspectos

para que seja escolhido o protocolo de tratamento, como por exemplo o tipo de

leucemia e o estágio em que a doença se encontra. Vários fármacos estão

disponíveis no mercado para o tratamento desses cânceres. Além disso, ainda há a

possibilidade de realização do transplante de medula óssea na tentativa de

recompor a medula óssea dos pacientes acometidos com essas doenças

(HAMERSCHLAK, 2012).

1.5 Leucemia Linfocítica Crônica

A leucemia linfocítica crônica (LLC) pode acometer os linfócitos T (LLC-T) ou

os linfócitos B (LLC-B). O primeiro tipo, menos comum, tende a ser mais agressivo e

com tratamento mais difícil, enquanto a LLC-B é frequente e com tratamento mais

simples.

1.6 Leucemia Linfocítica Crônica de Células B

Descrita como uma doença monoclonal com aumento progressivo de

linfócitos CD5 positivo, funcionalmente incompetentes, a leucemia linfocítica crônica

de células B (LLC-B) é mais comum em caucasianos e em indivíduos de faixa etária

elevada, acima de 50 anos (BARROS, 2009; ROZMAN, MONTSERRAT, 1995), com

média de idade ao diagnóstico de 65 anos (ROZMAN, MONTSERRAT, 1995).

Representando 25 a 30% de todos os casos de leucemia nos países ocidentais, a

LLC-B é mais comum em homens do que em mulheres e algumas evidências

sugerem que fatores genéticos parecem ser relevantes quando do aparecimento

dessa doença (ROZMAN, MONTSERRAT, 1995).

A LLC-B é extremamente rara na China, na Coréia e no Japão. Esta baixa

incidência também se aplica a emigrantes desses países e seus descendentes,

excluindo assim um modificador ambiental. Além disso, evidências epidemiológicas

mostram que em 5-10% dos casos há uma susceptibilidade familiar com dois ou

mais indivíduos de uma mesma família afetados pela doença (GHIA; FERRERI;

CALIGARIS-CAPPIO, 2007).

14

Analisando morfologicamente as células do sangue periférico de pacientes

com LLC-B, observa-se um número elevado de linfócitos pequenos, homogêneos e

maduros com uma fragilidade peculiar na membrana celular que leva a rupturas

frequentes, formando as manchas de Gumprecht. Pode-se ainda observar pro-

linfócitos, que são característicos da Leucemia Prolinfocítica de células B (LPL-B),

porém quando presentes em pequeno número (<10%), essas células caracterizam a

variante agressiva da LLC, chamada de LLC/LPL (GHIA; FERRERI; CALIGARIS-

CAPPIO, 2007).

Do ponto de vista genético, as células da LLC-B apresentam severas

alterações, porém nenhuma específica da doença. As mais frequentes aberrações

cromossômicas vistas são: deleção do braço longo do cromossomo 13, trissomia do

cromossomo 12, deleções nas bandas 11q22-q23 e deleções nas bandas 17p13

(afetando a p53) (GHIA; FERRERI; CALIGARIS-CAPPIO, 2007). As mutações que

contribuem para o aparecimento das células neoplásicas da LLC-B podem aparecer

em qualquer estágio do desenvolvimento dos linfócitos B, seja ainda na fase de

célula tronco hematopoética ou em células mais maduras, como demonstrado

esquematicamente na Figura 8 (ZHANG, KIPPS, 2014).

Grande parte dos casos são diagnosticados em pacientes assintomáticos ao

fazerem exames de rotina. Porém, alguns podem apresentar sintomas pela

proliferação de células malignas na medula e na circulação. Podem apresentar

fadiga em decorrência da anemia progressiva, aumento de linfonodos,

esplenomegalia, perda de peso, febre sem indícios de infecção e suor noturno. É

comum a queixa de infecções recorrentes, sendo também uma das causas mais

comuns de óbitos em pacientes com LLC-B. Em 10-25% dos casos ocorre anemia

Figura 8 - Modelo de desenvolvimento de mutações na LLC-B (Adaptado de ZHANG, KIPPS, 2014).

15

hemolítica e em 2% dos casos trombocitopenia autoimune, podendo ainda haver,

mesmo que raramente, destruição autoimune de neutrófilos e aplasia (GHIA;

FERRERI; CALIGARIS-CAPPIO, 2007).

A persistente elevação dos linfócitos, comumente associada com outras

doenças linfoproliferativas, torna imprescindível o diagnóstico diferencial para LLC-B.

Doenças como linfoma de células do manto (LCM), leucemia prolinfocítica, leucemia

de células pilosas (Hairy Cell leukemia) e linfoma folicular (LF) são semelhantes e

devem sem descartadas (GHIA; FERRERI; CALIGARIS-CAPPIO, 2007).

Alguns parâmetros são importantes no que diz respeito ao prognóstico desta

doença. Como já mencionado, mais de 10% de pro-linfócitos no sangue periférico

indica um pior prognóstico. Além disso β2-microglobulina é inversamente

correlacionada com a resposta ao tratamento quimioterápico e sobrevivência,

concentração sérica de timidinaquinase também está inversamente correlacionada

com a sobrevida do paciente. Além disso, a expressão de p53 está correlacionada

com transformação prolinfocítica da doença (GHIA; FERRERI; CALIGARIS-CAPPIO,

2007).

Outro fator relacionado à prognóstico é o estado de mutação dos genes da

região variável da cadeia pesada de imunoglobulinas (genes IgHV). Dessa forma,

pacientes com homologia <98% costumam apresentar evolução clínica mais branda,

enquanto pacientes com homologia >98% são acometidos por doenças mais

agressivas (VASCONCELOS, 2005).

Há ainda uma relação quanto ao sexo que confere, estatisticamente, curso

clínico mais desfavorável em homens (VASCONCELOS, 2005). Outro marcador de

prognóstico é o padrão de infiltração na histologia da medula óssea, de forma que

portadores de LLC contendo padrão difuso de infiltração linfocitária possuem perfil

evolutivo mais agressivo (VASCONCELOS, 2005).

Na Tabela 3 estão representados alguns fatores mais importantes

relacionados ao prognóstico da LLC.

16

Tabela 3 – Alguns marcadores relacionados com prognóstico da LLC-B

Biomarcador Consequência

Gene IgHV Agressividade da doença

Tempo médio de sobrevida

CD38 Tempo médio de sobrevida

ZAP-70 Mau prognóstico

Anormalidades Cromossômicas Tempo médio de sobrevida

Na LLC-B, os sistemas de estadiamento clínico são importantes no que diz

respeito ao entendimento do comportamento da doença, colaborando na

determinação do prognóstico e na conduta terapêutica a ser utilizada. Utilizam-se

dois sistemas de estadiamento: o sistema de Rai e o sistema de Binet, mostrados

nas Tabelas 4 e 5, respectivamente. O primeiro, utilizado amplamente nos Estados

Unidos, foi criado em 1975 e posteriormente modificado, e o segundo, criado em

1981 é amplamente utilizado na Europa. Nesses sistemas, levam-se em

consideração os achados clínicos e laboratoriais para determinação de grupos de

risco e da sobrevida desses pacientes (ROZMAN; MONTSERRAT, 1995).

Tabela 4 – Sistema de estadiamento de Rai para LLC-B

Sist. de Rai

Original

Aspectos Clínicos e Laboratoriais Sist. de Rai

Modificado

Sobrevida

Mediana

(anos)

0 Linfocitose (>5.000/mm3) por mais de 4

semanas

Baixo 14,5

I Linfocitose + linfonodomegalia Intermediário 7,5

II Linfocitose + esplenomegalia e/ou

hepatomegalia

Intermediário 7,5

III Linfocitose + anemia (hemoglobina

<11,0 g/dl)

Alto 2,5

IV Linfocitose + plaquetopenia (plaquetas

<100.000/mm3)

Alto 2,5

Adaptado de ROZMAN; MONTSERRAT, 1995

Retirado de GHIA; FERRERI; CALIGARIS-CAPPIO, 2007.

17

Tabela 5 – Sistema de estadiamento de Binet para LLC-B

Estágios Aspectos Clínicos Sobrevida

Mediana

(anos)

A Hemoglobina 10,0 g/dL

Plaquetas 100.000/mm3

Menos de 3 áreas linfoides envolvidas

14

B Hemoglobina 10,0 g/dL

Plaquetas 100.000/mm3

3 ou mais áreas linfoides envolvidas

5

C Hemoglobina <10,0 g/dL ou

Plaquetas <100.000/mm3

Adaptado de ROZMAN; MONTSERRAT, 1995

No que diz respeito a aberrações citogenéticas, as mais comuns na LLC-B

são a trissomia do cromossomo 12 e a deleção do 13q14 (AMIEL et al, 2001).

Outras anormalidades que podem ser encontradas são a deleção do braço longo do

cromossomo 11, deleção 6q21-23, trissomia 8q e 3q e deleção 17p13

(CALLIGARIS-CAPPIO; DALLA-FAVERA, 2005).

Com relação à imunofenotipagem na LLC-B, o linfócito B normal apresenta

inicialmente CD19, antígeno restrito a linhagem B, HLADR e CD34. Com as etapas

de maturação, ocorre o aparecimento do CD10, perda do CD34 e ganho do CD20.

Prosseguindo no processo de maturação, os linfócitos maduros em repouso ganham

CD21 e CD22, e posteriormente, com a ativação desse linfócito, ocorre o

aparecimento de CD23 (GUIPAUD et al., 2003).

Na LLC-B, o ganho do CD5 é observado, mesmo sendo um antígeno

naturalmente relacionado aos linfócitos T. Além disso, CD79a, ZAP-70, CD52

aparecem nesta doença. Dessa forma, células B malignas expressam CD19,

HLADR, CD5, CD52 e CD23 (GUIPAUD et al., 2003).

O antígeno CD5 pode ser considerado associado a linfócitos T, aparecendo

na maturação destas células após estágio de pró-timócito. Todavia não é específico

destas células, uma vez que também é encontrado em 17-25% de linfócitos B do

sangue periférico. Além disso, esse antígeno é expresso em hematogônias,

linfócitos B no baço fetal, no centro germinativo e no timo. Por fim, CD5 pode ser

18

expresso em certo subconjunto de células dendríticas e células NK (ORTOLANI,

2011). Como regra, CD5 não é expresso em neoplasias de células B imaturas,

porém isso pode acontecer em casos isolados. Por outro lado, em doenças de

células T imaturas esse antígeno é geralmente expresso, enquanto nas doenças de

células T maduras esse antígeno pode não ser expresso. Em menos de 10% dos

casos de LMA há expressão de CD5 (LMA-M0, LMA-M5a) (ORTOLANI, 2011).

Quanto à expressão de CD5 em doenças de células B maduras, pode-se

dizer que a presença desse marcador divide esse grupo de doenças em dois. O

primeiro, onde há CD5 positivo, estão inclusas a LLC-B e o Linfoma de Células do

Manto (LCM). O segundo, com CD5 negativo, compreende as doenças restantes.

Por fim, do ponto de vista histopatológico, uma porcentagem maior que 35% de

linfócitos B CD5+ em uma análise de biopsia de linfonodo é indicativo de linfoma de

células B (ORTOLANI, 2011).

Com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes entram em remissão

completa, porém alguns casos de recaída são observados (GHIA; FERRERI;

CALIGARIS-CAPPIO, 2007). Se necessário, o tratamento deve ser escolhido pelo

médico de acordo com alguns aspectos, como o estado físico do indivíduo. Utiliza-se

o Cumulative Illness Rating Scale (CIRS) para classificação dos pacientes quanto a

comorbidades. Para pacientes com status performance adequado (paciente Go Go)

é geralmente recomendado o esquema FCR (fludarabina, ciclofosfamida e

rituximabe) como primeira linha de tratamento. Em indivíduos com algum

comprometimento (paciente Slow Go) do estado clínico ou idade avançada utiliza-se

geralmente o tratamento de intensidade reduzida (HAMERSCHLAK, 2012). Por fim,

pacientes com significativas comorbidades (pacientes No Go), devem ser tratados

de forma paliativa. Além disso, em alguns casos, ainda utiliza-se como alternativa o

transplante alogênico de medula óssea. Este procedimento é indicado em casos de

recidivas em menos de 24 meses após tratamento com fludarabina, em pacientes

com mutação no gene p53, em pacientes refratários ao tratamento com fludarabina

ou em pacientes com múltiplas recidivas.

Classicamente, podia-se observar a transformação da LLC-B em linfoma não-

Hodgkin difuso de grandes células (LDGC), caracterizando a Síndrome de Richter

(SR). Atualmente, tem-se relatos de outras neoplasias secundárias a LLC, como

leucemia pró-linfocítica (LPL), linfoma de Hodgkin (LH), mieloma múltiplo (MM) e

19

leucemia linfóide aguda (LLA), cujas frequências estão descritas na Tabela 6

(DOBBIN, 2005).

Tabela 6 - Frequência Relativa das variantes da síndrome de Richter

Variantes Frequência Relativa

Linfoma não-Hodgkin Difuso de

Grandes Células (LDGC)

60-75%

Leucemia Pró-linfocítica (LPL) 15-20%

Linfoma de Hodgkin (LH) 15%

Mieloma Múltiplo (MM) <1%

Leucemia Linfóide Aguda (LLA) <1%

Retirado e modificado de DOBBIN, 2005

A SR é rara, correspondendo a 2-6% dos casos de LLC, porém resulta em

sobrevida mediana de 5-8 meses após a transformação da doença. É caracterizada

por febre, perda de peso, aumento rápido e assimétrico de linfonodos, súbita

deterioração clínica e aumento da atividade da desidrogenase lática sérica (LDH).

Quanto a sua patogênese, a síndrome de Richter apresenta comumente a trissomia

do cromossomo 12, seja isoladamente ou em conjunto com outras anormalidades,

incluindo alterações nos cromossomos 13q, 11q, 6q e 14q. A presença da trissomia

12 está fortemente relacionada com o aumento de pró-linfócitos e linfócitos atípicos,

e com negatividade de CD5 na imunofenotipagem, além de forte expressão de

CD20. Além disso, a imunossupressão dos pacientes com LLC tratados com

fludarabina, já demonstrou estar relacionada com aumentando o risco de uma

segunda neoplasia maligna. Supressão do gene supressor tumoral p53 podem ser

detectados em 10-17% dos pacientes com LLC, o que está intimamente relacionado

a resistência a terapia, além do aumento do número de pró-linfócitos. Outro ponto

importante a se considerar, é a infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) em pacientes

com LLC, podendo haver transformação para o LDGC e para LH (DOBBIN, 2005).

20

2- OBJETIVOS

2.1 – Geral

Objetiva-se avaliar a expressão do marcador CD5 em pacientes

diagnosticados com LLC-B no Laboratório Hemato-Oncologistas Associados LTDA/

Instituto de Onco-Hematologia de Natal, por meio de imunofenotipagem.

2.2 – Específicos

o Avaliar os resultados de hemograma e imunofenotipagem de pacientes

diagnosticados com LLC-B na Hemato-Oncologistas Associados LTDA

entre 2011 e 2016.

o Analisar os resultados de CD5 desses pacientes.

o Identificar os principais marcadores positivos na LLC-B.

o Realizar análise citomorfológica do material biológico dos pacientes

diagnosticados desde agosto de 2015.

21

3- MATERIAIS E MÉTODOS

a. Seleção de Pacientes Foram selecionados pacientes diagnosticados com Leucemia Linfocítica

Crônica de Células B e acompanhados pelo Laboratório de Hematologia da Hemato-

Oncologistas Associados LTDA, entre março de 2011 e maio de 2016. Dos 30

selecionados, 11 pacientes eram do sexo masculino e 19, do sexo feminino, sendo

todos com idade superior a 54 anos.

Foram excluídas da seleção as análises imunofenotípicas realizadas com

finalidade de controle da doença, tendo sido utilizados, portanto, apenas os

resultados dos exames para confirmação diagnóstica.

Após a coleta do material biológico, obtiveram-se os valores de hemograma

utilizando analisador hematológico Sysmex KX-21N. Posteriormente, utilizou-se o

restante do material biológico para análise imunofenotípica por citometria de fluxo.

Dos pacientes diagnosticados entre março de 2011 e julho de 2015 foram

analisados apenas os resultados e anotações contidas em prontuários. A partir de

agosto de 2015, houve acompanhamento de todas as etapas, desde a coleta do

material biológico até o desenvolvimento do laudo.

b. Coleta e Microscopia Coletou-se o sangue periférico e/ou medula óssea1 dos pacientes. Para

sangue periférico, foram utilizados tubos contendo EDTA. Para medula óssea,

utilizou-se material aspirado por mielograma em seringa heparinizada. Realizou-se

então hemograma rotineiro.

Após serem coradas por corante de Leishman, lâminas do sangue periférico

e/ou medula óssea dos pacientes foram analisadas no microscópio óptico Nykon®

Alphaphot-2 YS2 com objetivas de 40x e imersão 100x.

Na avaliação morfológica de distensão do sangue periférico e/ou medula

óssea, fez-se contagem diferencial de leucócitos, além de análise de alterações

citomorfológicas, observando presença de células atípicas, restos celulares e

presença de células imaturas.

1 A escolha do material para análise fica a critério do médico responsável.

22

Os valores do hemograma foram obtidos a partir de Analisador Hematológico

Sysmex® KX-21N.

c. Imunofenotipagem

O sangue periférico ou medula óssea dos pacientes foram analisados por

imunofenotipagem utilizando citômetro de fluxo BD® modelo FACScan. Utilizando

anticorpos monoclonais BD® conjugados com fluorocromos isotioconato de

fluoresceína, conhecido como FITC (fluorescein isothiocyanate); e/ou ficoeritina,

phycoerythrin (PE) e/ou peridinin chlorophyll protein (PerCP). Estes correspondem a

fluorescências verde, vermelha e laranja, respectivamente, sendo possível uma

marcação múltipla em uma única etapa.

Para análise do sangue periférico, utilizou-se a mesma amostra colhida para o

hemograma. Quando analisado medula óssea, utilizou-se material aspirado de

medula óssea por mielograma em seringa heparinizada, coletado pelo médico

responsável.

d. Marcação de Antígenos Para a marcação de antígenos de superfície, utilizou-se 50 microlitros (µL) de

suspensão de células totais de medula óssea ou sangue periférico, com

homogeneização prévia. Adicionou-se 20 µL de anticorpo monoclonal específico,

seguido de incubação por 25 minutos em local com luminosidade reduzida, em

temperatura ambiente. Após os 25 minutos, a suspensão foi homogeneizada

novamente, adicionando posteriormente 2 mililitro (mL) de solução de lise (Lysing

Solution BD®), havendo nova incubação por 5 minutos, para haver hemólise, em

ambiente escuro e com temperatura ambiente. Após esta etapa, a suspensão foi

centrifugada por 5 minutos a 1.500 RPM. O sobrenadante foi desprezado e o

sedimento ressuspenso em PBS/formaldeído 1%.

Para marcação de antígenos intracitoplasmáticos, fez-se lavagem do material

biológico com solução de lise, para permeabilização celular, previamente à adição

do anticorpo. Antígenos como o ZAP-70 e TdT necessitam desse processamento

prévio.

O painel imunofenotípico base utilizado para análise está descrito na Tabela

7.

23

Tabela 7 - Painel imunofenotípico base para análise dos pacientes

Marcador Correspondência N de Pacientes Testados

CD45 Linfócitos 30 CD14 Monócitos 29 CD34 Células Imaturas 30 CD13 Células Mielóides 24 CD19 Linfócitos B 30 CD3 Linfócitos T 29 CD5 Linfócitos T 28

CD38 Linfócitos Ativados e Plasmócitos 26 CD23 Linfócitos B 26 CD22 Linfócitos B 24 CD10 Antígeno CALLA 25 CD33 Células Mielóides Imaturas 12 CD25 Receptor de IL-2 22

ZAP-70 Marcador de Prognóstico 9 HLADR Antígeno de Histocompatibilidade de Classe II 30 CD16/56 Células NK 3

KI-67 Marcador de Proliferação Celular 9 Anti-Kappa Cadeia Leve de Imunoglobulina 12

Anti-Lambda Cadeia Leve de Imunoglobulina 12

e. Leitura e Análise A aquisição e análise dos dados foi realizada utilizando citômetro de fluxo

(FACScan Becton & Dickinson BD®). O software utilizado foi o CellQuest®, pré-

formatado para aquisição de 20.000 células (Figura 9), que foram avaliadas pelos

parâmetros FSC e SSC, que avaliam tamanho e complexidade celular

respectivamente, e FL1, FL2 e FL3, que detectam a fluorescência de reação

antígeno-anticorpo.

Figura 9 - Plataforma de aquisição de dados no software CellQuest

24

Considerou-se como positivo quando mais de 25% das células reagiram contra

os antígenos relacionados. Os resultados foram representados por meio de

histogramas, utilizando porcentagem para caracterizar reação positiva ou negativa.

Um exemplo de representação dos resultados está mostrado na Figura 10.

A realização deste trabalho foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob parecer de número 1.325.562,

apresentado no Anexo 1.

Figura 10 - Modelo de análise dos resultados obtidos no CellQuest

25

4- RESULTADOS

4.1 Características Gerais dos Pacientes

Na Tabela 8 estão agrupados os dados demográficos dos 30 pacientes

diagnosticados com LLC-B nos últimos 5 anos na Hemato-Oncologistas Associados

LTDA. Foi observado o predomínio de indivíduos do sexo feminino na faixa etária

dos 60 aos 69 anos.

Tabela 8 – Características dos pacientes quanto ao sexo e faixa etária

Características Número %

Sexo

Masculino 11 36,6

Feminino 19 63,3

Faixa etária (anos)

<50 0 0

50 - 59 7 23,3

60 - 69 13 43,3

≥70 10 33,3

4.2 Parâmetros Hematológicos

Nas Tabelas 9 e 10 estão resumidos os dados laboratoriais dos pacientes em

questão quanto à leucometria, contagem global de linfócitos e contagem de

plaquetas. Na Tabela 9, tem-se os dados dos exames que foram realizados

utilizando sangue periférico como amostra, enquanto na Tabela 10, medula óssea.

Tabela 9 – Distribuição dos parâmetros hematológicos analisados quando

utilizado sangue periférico

Parâmetro N % Leucócitos (/mm3) Total: 16 pacientes

<10.000 1 6,25 10.000 – 30.000 13 81,25 30.000 – 50.000 1 6,25

>50.000 1 6,25 Valor de Referência: 4.000-10.000/mm3

26

Linfócitos (/mm3) Total: 16 pacientes <5.000 1 6,25

5.000 – 10.000 4 25 10.000 – 30.000 10 62,5 30.000 - 50.000 0 0

>50.000 1 6,25 Valor de Referência: 1.000-3.000/mm3

Linfócitos (%) Total: 16 pacientes <10 0 0

10 – 30 0 0 30 – 50 0 0 50 – 70 7 43,75

>70 9 56,25 Valor de Referência: 20-40%

Plaquetas (/mm3) Total: 15 pacientes < 100.000 1 6,67

100.000 – 149.000 3 20 150.000-400.000 10 66,67

>400.000 1 6,67 Valor de Referência: 150.000-400.000/mm3

Valores de referência – BAIN; LEWIS; DACIE, 2012

Tabela 10 - Distribuição dos parâmetros hematológicos analisados quando

utilizado medula óssea

Parâmetro N % Leucócitos (/mm3) Total: 12 pacientes

<10.000 0 0,0 10.000 – 30.000 2 16,67 30.000 – 50.000 1 8,3

>50.000 9 75,0 Linfócitos (/mm3) Total: 11 pacientes

<5.000 0 0,0 5.000 – 10.000 1 9,09

10.000 – 30.000 5 45,45 30.000 - 50.000 1 9,09

>50.000 4 36,36 Linfócitos (%) Total: 11 pacientes

<10 0 0 10 – 30 0 0 30 – 50 5 45,45 50 – 70 5 45,45

>70 1 9,09 Plaquetas (/mm3) Total: 12 pacientes

< 100.000 3 25,0 100.000 – 149.000 2 16,67

≥ 150.000 7 58,33

27

Analisando a Tabela 9, pode-se dizer que ocorreu predomínio de pacientes

com leucometria elevada, com maioria de casos entre os valores da contagem de

leucócitos entre 10.000 e 30.000/mm3 de sangue. Quanto à linfocitose, observou-se

que todos os pacientes obtiveram valores de linfócitos acima de 5.000/mm3, com

predomínio de casos na faixa de 10.000 a 30.000/mm3, correspondendo a 62,5%.

Quanto à Tabela 10, pode-se dizer que o padrão de leucocitose e linfocitose

já visto na Tabela 9, também pode ser observado.

Não se tem a determinação do hematócrito e de hemoglobina de todos os

pacientes, porém dos que se têm essas informações, ou seja, 15 pacientes, foi

observada anemia em 10 deles.

Figura 11- Distensão de sangue periférico em lâmina de paciente diagnosticado com leucemia linfocítica crônica de células B. 1 – Mancha de Gumprecht; 2 – Linfócitos característicos da LLC-B.

28

Os demais padrões citomorfológicos avaliado nos pacientes diagnosticados a

partir de agosto de 2015, também foram observados e estão representados nas

Figuras 11 e 12. Desse modo, viu-se grande número de linfócitos pequenos, com

núcleos redondos, cromatina condensada e citoplasma escasso. Pode-se ainda

identificar manchas de Gumprecht, além de linfócitos atípicos.

4.3 Classificação Imunológica

Foram analisados os dados obtidos por citometria de fluxo dos 30 pacientes

diagnosticados com LLC-B nos últimos 5 anos no laboratório de hematologia da

Hemato-Oncologistas Associados LTDA. Como resultado da imunofenotipagem do

material biológico, 100% dos pacientes apresentaram expressão do marcador CD5,

variando sua positividade entre 42% e 98%, como mostra a Figura 13. Pode-se

ainda observar predominância de positividade entre os valores de 90% a 100%. Na

análise de apenas dois pacientes não se utilizou o AcMo anti-CD5.

Figura 12 - Distensão de medula óssea em lâmina de paciente diagnosticado com LLC-B.

29

Figura 13 - Positividade do marcador CD5 nos pacientes avaliados

As células linfóides neoplásicas da LLC-B são CD19+, CD20+ (fraco), CD22+

(fraco), CD5+, CD23+ e CD10-. O FMC7 e o CD79b são geralmente negativos ou

positivos fracos.

As expressões dos marcadores utilizados nas análises estão representadas na

Figura 14.

Figura 14 – Relação dos marcadores utilizados com sua reatividade, agrupando os resultados em positivos e negativos

100%

0% 3% 10%

93%

10%

87%100%

10%

90%

58%

29%

10%0%

100%

50% 50%

0%

100% 97% 90%

7%

90%

13%0%

90%

10%

42%

71%

90%100%

0%

50% 50%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Positivo Negativo

0

1

1

0

3

7

16

0 5 10 15 20

30-40%

40-50%

50-60%

60-70%

70-80%

80-90%

90-100%

30

Utilizou-se ainda o marcador ZAP-70, que está relacionado com prognóstico

desfavorável da doença, na análise de 9 pacientes, tendo sido encontrado resultado

positivo em 85% destes casos. Outro marcador relacionado à um mal prognóstico é

o CD38, que foi utilizado na análise de 26 pacientes, obtendo positividade em 29%

dos casos.

31

5- DISCUSSÃO

Os trinta pacientes diagnosticados com Leucemia Linfocítica Crônica de

Células B demostraram, estatisticamente, leucocitose com valores entre 10.000 a

30.000/mm3 de sangue e maiores de 50.000/mm3 de aspirado de medula óssea.

Além disso, observou-se linfocitose com valores entre 10.000 a 30.000 linfócitos por

mililitro de sangue ou medula. Dos pacientes sobre os quais constavam informações

referentes à hemoglobina e hematócrito, cerca de 66,7% deles apresentaram

anemia.

Segundo MONTSERRAT et al. (1995), a LLC-B compromete duas vezes mais

indivíduos do sexo masculino do que o feminino. Porém, observou-se um maior

número de diagnósticos em mulheres, que compreendeu 19 pacientes, do que em

homens (11 pacientes).

Como já previsto, as células neoplásicas da Leucemia Linfocítica Crônica de

células B demonstraram-se CD45+, CD19+, CD23+, CD5+, HLADR+ e CD10-.

O marcador CD5+, como dito anteriormente, pode ser associado a linfócitos T,

porém não é específico destas células, uma vez que também é encontrado em 17-

25% de linfócitos B do sangue periférico. Este marcador, quando expresso em

doenças de células B maduras, divide esse grupo de doenças em dois. O primeiro,

onde há CD5 positivo, estão inclusas a LLC-B e o Linfoma de Células do Manto

(LCM). O segundo, com CD5 negativo, compreende as doenças restantes

(ORTOLANI, 2011). Desse modo, o marcador CD5 é bastante importante para o

diagnóstico da LLC-B, sendo o principal marcador para a exclusão de diversos tipos

de leucemias crônicas de células B.

Nos pacientes analisados, houve expressão do CD5 em 100% dos casos. Dessa

forma, pode-se afirmar que este é o principal marcador para diagnóstico diferencial

da LLC-B, uma vez que os demais marcadores expressos nas células neoplásicas

em questão estão presentes em diversas outras doenças onco-hematológicas de

células B. O CD5 é capaz de diferenciar a LLC-B da leucemia de células pilosas

(Hairy Cell leukemia) e da leucemia pró-linfocítica, porém não é capaz de diferenciar

a LLC-B do Linfoma de Células do Manto (LCM) (CAVALCANTI JR et al., 2005).

Mutações no gene IgVH já se mostraram importantes quanto ao prognóstico da

LLC-B. Porém, como o sequenciamento deste gene não está disponível na grande

maioria dos laboratórios, pode-se utilizar o ZAP-70 mRNA como marcador para com

32

esta finalidade. Utilizou-se o ZAP-70 em 9 pacientes, mostrando-se positivo em 85%

dos casos. Em 26 pacientes, utilizou-se o marcador, também relacionado a

prognóstico, CD38. Embora este seja um pouco menos eficiente quanto o ZAP-70,

também é capaz de indicar o futuro curso da doença (WIESTNER, 2003). Dos 30

pacientes avaliados, obteve-se ainda a informação de sobrevida de 19 destes.

Destes 19, três foram a óbito. Os valores encontrados na imunofenotipagem destes

3 pacientes estão descritos na Tabela 11.

Tabela 11 – Perfil imunofenotípicos, idade e sexo dos pacientes que foram a

óbito Imunofenotipagem Idade Sexo

Paciente 1 CD45 – 76% CD14 – 0%

CD19 – 63% CD3 – 5%

CD3/CD4 – 6% CD3/CD8 – 2% HLADR – 60%

CD34 – 2%

CD22 – 5% CD7 – 5%

CD5 – 71% CD38 – 14% CD10 – 1%

CD23 – 70% CD13 – 44%

ZAP-70 – 71%

80 Feminino

Paciente 2 CD45 – 87% CD14 – 0%

CD19 – 55% CD3 – 3%

CD3/CD4 – 2% CD3/CD8 – 1% HLADR – 30%

CD34 – 1%

CD22 – 21% CD7 – 2%

CD5 – 52% CD38 – 15% CD10 – 1%

CD23 – 32% CD13 – 2%

92 Masculino

Paciente 3 CD45 – 99% CD14 – 1%

CD19 – 87% CD3 – 8%

Kappa – 98% Lambda – 99% HLADR – 90%

CD34 – 1%

CD22 – 35% CD7 – 3%

CD5 – 92% CD38 – 5% CD10 – 1%

CD23 – 86% CD13 – 1%

80 Masculino

Observando a Tabela 11, pode-se observar que apenas um dos pacientes que

foram a óbito tiveram expressão positiva de marcadores de mal prognóstico, no caso

o ZAP-70 na Paciente 1. Porém, com relação à mesma paciente, vê-se que não

houve positividade do marcador CD38, mesmo havendo positividade do ZAP-70.

Desse modo, como não foi utilizado o marcador ZAP-70 para os outros dois

pacientes, não se pode afirmar que estes não apresentavam positividade ou

negatividade deste marcador. Além disso, deve-se levar em consideração a idade

elevada em que estes pacientes foram diagnosticados, podendo seus óbitos

33

estarem relacionados a outras doenças ou fatores.

34

6- CONCLUSÃO

No presente trabalho, foi encontrada positividade do marcador CD5 em todos

os pacientes analisados.

Os resultados dos hemogramas revelaram leucocitose acentuada, além de

linfocitose em todos os pacientes. Além disso, por meio da imunofenotipagem,

confirmou-se o fenótipo das células neoplásicas da LLC-B como sendo CD19+,

CD5+, HLADR+, CD10- e CD23+.

A análise citomorfológica mostrou grande número de linfócitos pequenos, com

núcleos redondos, cromatina condensada e citoplasma escasso, tendo sido

identificada também manchas de Gumprecht.

A observação da expressão significativa do marcador CD5 na totalidade dos

pacientes analisados, reforça a importância deste marcador como chave no

diagnóstico diferencial da Leucemia Linfocítica Crônica de células B.

35

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasileira de Hematologia e Hemoterapia 31.4 (2009): 215.

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Leukemia. Berlin: Springer, 2005. Impresso.

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Lymphoproliferative Diseases By Flow Cytometry: A Strong Expression In B-

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24. Servier Medical Art: Blood and Immunology. Disponível em:

http://www.servier.com/slidekit/?item=18. Acesso em: 8 Set. 2016.

25. StarCell Bio: Flow Citometry Animation. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=EQXPJ7eeesQ. Acesso em: 12 Ago. 2016.

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28. ZHANG, S e KIPPS, T. J. “The Pathogenesis of Chronic Lymphocytic

Leukemia”. Annu. Rev. Pathol. (2014). Web.

38

8- ANEXOS

8.1 Anexo 1 – Parecer número 1.325.562 do Comitê de Ética em pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Análise da Mudança de Expressão do Marcador CD5 na

Leucemia Linfocítica Crônica de Células B Pesquisador: Christiane Medeiros Bezerra Área Temática: Versão: 1 CAAE: 50194915.0.0000.5537 Instituição Proponente: Centro de Biociências Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 1.325.562

Apresentação do Projeto: Trata-se de uma pesquisa desenvolvida para fins de trabalho de conclusão de curso vinculada ao Centro de Biociências. Tem por objetivo avaliar o padrão imunofenotípico, por citometria de fluxo, apresentado por pacientes com leucemia linfocítica crônica de células B. Para a realização da pesquisa serão analisados dados referentes à imunofenotipagem de sangue periférico de pacientes diagnosticados com leucemia linfocítica crônica de células B, atendidos no laboratório Hemato-Oncologistas Associados LTDA, no período de janeiro de 2011 até julho de 2016, situado no Instituto de Onco-Hematologia de Natal, IOHN. Esses dados serão captados dos prontuários dos pacientes. Informações adicionais referentes a idade e sexo dos pacientes, bem como dados referentes à análise microscópica das lâminas hematológicas também serão anotados.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / UFRN CAMPUS CENTRAL

39

Comporão a amostra 40 prontuários. Os critérios de inclusão são: todos aqueles prontuários de pacientes já diagnosticados com leucemia linfocítica crônica de células B, arquivados no laboratório Hemato-Oncologistas Associados LTDA e que contenham os dados referentes à análise imunofenotípica por citometria de fluxo, devidamente registrados. Como critérios de exclusão, são apontados: Os prontuários que porventura não estejam com os dados de imunofenotipagem devidamente registrados. Esses dados serão organizados em planilhas ExCel. Gráficos oriundos do software CELLQuest serão utilizados para ilustração do trabalho. Objetivo da Pesquisa: Objetivo Geral: Avaliar o padrão imunofenotípico, por citometria de fluxo, apresentado por pacientes com leucemia linfocítica crônica de células B. Como objetivo específico, tem-se: Avaliar a mudança de expressão do marcador CD5 nestes pacientes diagnosticados com leucemia linfocítica crônica de células B.

Avaliação dos Riscos e Benefícios: Na avaliação dos riscos, as pesquisadoras estimam que não ocorrerá riscos, uma vez que serão utilizados "apenas" prontuários dos pacientes, e que, em algumas situações, podem até já ter falecido devido ao tempo transcorrido e à gravidade da doença. Como benefícios elas apontam o conhecimento proveniente desta análise que pode contribuir com dados importantes no diagnóstico da neoplasia por citometria de fluxo.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: Trata-se de uma pesquisa relevante no que tange a sua contribuição para o diagnóstico da neoplasia por citometria de fluxo. No entanto, é fundamental que a equipe de pesquisa considere sempre os direitos do paciente no decorrer da pesquisa. Apesar de ser uma pesquisa que se reporta ao uso de registro (prontuários), a mesma não deixa de apresentar riscos aos sujeitos participantes. E, nesse sentido, cabe ainda considerar que os pesquisadores devem manipular esses registros de forma sigilosa, com respeito as informações que lá constam e ainda: não retirar fotos, documentos, ou realizar anotações que não estejam vinculadas diretamente aos objetivos da pesquisa.

40

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Foram apresentados os seguintes termos de apresentação obrigatória: Termo de

confidencialidade, garantindo o sigilo das informações; Formulário CEP/UFRN;

Folho de Rosto; Carta de Anuência; Termo de Concessão; Declaração que não

iniciou coleta de dados; Cronograma e Solicitação de dispensa de TCLE, uma vez

que considera a dificuldade de encontrar estes pacientes que podem já ter falecido

em decorrência da doença, e também pelo fato de muitos não residirem em Natal.

Recomendações: Recomendamos que o Termo de Confidencialidade seja assinado por todos os membros da equipe de pesquisa.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Após análise ética e científica do protocolo de pesquisa e documentos relacionados, o CEP Central/UFRN considerou que o referido protocolo de pesquisa está bem estruturado e em consonância com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde - CNS e, por esse motivo, recebe parecer de APROVADO.

Considerações Finais a critério do CEP: Em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde - CNS e Manual Operacional para Comitês de Ética - CONEP é da responsabilidade do pesquisador responsável: 1. Elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias, rubricadas em todas as suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por seu representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele delegada(s), devendo as páginas de assinatura estar na mesma folha (Res. 466/12 - CNS, item IV.5d); 2. Desenvolver o projeto conforme o delineado (Res. 466/12 - CNS, item XI.2c); 3. Apresentar ao CEP eventuais emendas ou extensões com justificativa (Manual Operacional para Comitês de Ética - CONEP, Brasília - 2007, p. 41); 4. Descontinuar o estudo somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS que o aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício de seus participantes (Res. 446/12 - CNS, item III.2u); 5. Elaborar e apresentar os relatórios parciais e finais (Res. 446/12 - CNS, item

XI.2d);

41

6. Manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um período de 5 anos após o término da pesquisa (Res. 446/12 - CNS, item XI.2f); 7. Encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores associados e ao pessoal técnico integrante do projeto (Res. 446/12 - CNS, item XI.2g) e, 8. Justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou não publicação dos resultados (Res. 446/12 - CNS, item XI.2h).

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação

Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 13/10/2015 Aceito do Projeto ROJETO_602338.pdf 10:22:16

Folha de Rosto Folha_Rosto_Helena.pdf 09/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 12:39:53 Bezerra

Outros Formulario_CEP_Leucemia.pdf 09/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 10:06:02 Bezerra

Projeto Detalhado / PROJETO_TCC_Helena.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito Brochura 15:40:29 Bezerra

Investigador Declaração de declaracao_coleta_dados.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito Pesquisadores 15:11:17 Bezerra

Outros carta_anuencia.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 15:05:16 Bezerra

Outros termo_confidencialidade.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 11:48:31 Bezerra

Outros termo_concessao.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 11:46:59 Bezerra

Cronograma Cronograma.docx 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito 11:41:40 Bezerra

TCLE / Termos de Justificativa_dispensa_TCLE.pdf 08/10/2015 Christiane Medeiros Aceito Assentimento / 11:33:26 Bezerra Justificativa de

Ausência

NATAL, 17 de Novembro de 2015

LÉLIA MARIA GUEDES QUEIROZ (Coordenador)

Situação do Parecer: Necessita Apreciação da CONEP: Aprovado Não