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0 MARCELO GADELHA VASCONCELOS EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DOS MARCADORES ANGIOGÊNICOS CD105 (ENDOGLINA) E CD34 EM HEMANGIOMAS E GRANULOMAS PIOGÊNICOS ORAIS NATAL/RN 2008

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DOS MARCADORES … · CD34 (p=0,279). O número médio dos vasos obtidos pela MVC nos espécimes de hemangiomas orais imunomarcados pelo anti-CD105

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MARCELO GADELHA VASCONCELOS

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DOS MARCADORES

ANGIOGÊNICOS CD105 (ENDOGLINA) E CD34 EM HEMANGIOMAS E GRANULOMAS PIOGÊNICOS ORAIS

NATAL/RN

2008

1

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DOS MARCADORES ANGIOGÊNICOS CD105 (ENDOGLINA) E CD34 EM

HEMANGIOMAS E GRANULOMAS PIOGÊNICOS ORAIS

Mestrando: Marcelo Gadelha Vasconcelos Orientadora: Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz

NATAL/RN 2008

Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação

em Patologia Oral do Departamento de Odontologia do Centro de

Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre

em Patologia Oral.

Vasconcelos, Marcelo Gadelha. Expressão imuno-histoquímica dos marcadores angiogênicos CD105 (endoglina) e

CD34 em hemangiomas e granulomas piogênicos orais / Marcelo Gadelha Vasconcelos. – Natal, RN, 2008.

110f. : il. Orientador: Lélia Maria Guedes Queiroz. Dissertação (Dissertação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. Programa de Pós-graduação em Patologia Oral.

1. Patologia oral – Dissertação. 2. Angiogênese – Dissertação. 3. Hemangioma –

Dissertação. 4. Granuloma piogênico – Dissertação. I. Queiroz, Lélia Maria Guedes. II. Título.

RN/UF/BSO Black D61

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia

2

“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar

no sonho que se tem.”

(Renato Russo)

DEDICATÓRIA

3

Dedico a concretização deste sonho, aos meus pais, meus irmãos, a toda minha

família pela contribuição e apoio dado a essa conquista.

Aos meus pais, fonte de sabedoria, conselheiros dos momentos decisivos,

símbolos de paciência e tolerância, meus maiores e melhores amigos, mestres e guias

da minha formação moral, meu sincero e eterno obrigado por me ensinarem e

ajudarem a viver e acreditarem nos meus ideais. Amo vocês!!

4

AGRADECIMENTOS

“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por

elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de

caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito”

(Chico Xavier)

5

Obrigado meu Deus, por mais uma etapa de minha vida conquistada;

Obrigado, porque naqueles momentos em que fraquejei; que não tinha mais forças para

caminhar, tu me ergueste com tua própria vida;

Obrigado porque naquele momento de desânimo lembrei que tu és meu Pai;

Quero agradecer ao Senhor e a Nossa Senhora Maria Auxiliadora por todos os sonhos

que eu tive ousadia em sonhar; por todos os passos que tive coragem em dar; por todas

as decisões que eu resolvi tomar; por todos os obstáculos que enfrentei; pelo meu

desejo de superação; pela minha esperança em querer sempre tentar....

Toda minha gratidão ao amigo que posso sempre, eternamente, contar: DEUS !

6

À minha Orientadora;

A Profª. Drª. Lélia Maria Guedes Queiroz, exemplo de sabedoria, dedicação,

seriedade, ética e, sobretudo, de amor pela profissão, agradeço a sua contribuição, aos

seus ensinamentos, por todo entusiasmo e incentivos prestados a mim;

Obrigado por todo tempo a mim despendido, pela tolerância e paciência...

Obrigado por guiar minhas mãos durante esse percurso de dois anos de Mestrado, pela

insistência em ensinar, quando por vezes, eu pensava em desistir....

Obrigado por ser meu Mestre, minha professora Amiga....

Obrigado por me compreender, me estimular e me enriquecer com sua presença e seu

saber!

Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que

posso fazer a diferença.

Enfim, juntos vencemos!

Meus sinceros agradecimentos...

7

À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral-UFRN;

Profª. Drª. Lélia Batista de Souza, toda a minha sincera gratidão por repartir

seus conhecimentos, princípios e experiências que grandemente contribuíram para

minha formação. Ao seu exemplo magnífico, pelo carinho com que orienta seus

aprendizes e pela dedicação desmedida a esta Escola, a minha homenagem e

admiração.

Aos professores:

Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Prof. Dr. Angelo Giuseppe Roncalli da

Costa Oliveira, Profª. Drª. Ana Miryam Costa de Medeiros, Profª. Drª. Hébel

Cavalcanti Galvão, Prof. Dr. Heitel Cabral Filho, Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, Profª.

Drª. Márcia Cristina da Costa Miguel e Profª. Drª. Roseana de Almeida Freitas.

Aos senhores, que quando deveriam ser simplesmente professores, foram meus

mestres, transmitindo seus conhecimentos e experiências de vida; que quando deveriam

ser mestres foram meus amigos e em sua amizade me compreenderam e me

incentivaram a seguir o melhor caminho, expresso os meus maiores agradecimentos e o

meu profundo respeito, que sempre serão poucos diante do muito que foi oferecido.

8

Aos meus caros e inesquecíveis amigos do Mestrado: Betania Fachetti Ribeiro,

Déborah Pitta Paraíso Iglesias, Domingos Flávio Saldanha Pacheco, Pedro Paulo de

Andrade Santos e Ruth Lopes de Freitas Xavier.

No início, éramos apenas “nomes” de uma lista de aprovação de

Mestrado/2006 em Patologia Oral-UFRN....Confesso que surgiu aquela expectativa

acerca de como seriam as pessoas com quem eu iria conviver durante esses dois anos.

Com o curso, iniciamos a nossa convivência, experimentamos juntos as boas e, por

vezes, árduas sensações que uma pós-graduação nos impõe. Período de muita

compreensão, risos e lágrimas. Fizemos descobertas, ultrapassamos obstáculos que,

muitas vezes, pareciam intransponíveis, apoiados no fato de não estarmos sozinhos.

Assim, com o tempo, por tudo que vivemos e fizemos, os seus “nomes” ganharam forma

e personalidade. Na verdade esses simples “nomes” se transformaram, sim, em meus

verdadeiros Amigos! Então, nesse momento de vitória, só a gratidão é pouco....

Obrigado por acreditarem em mim quando eu achei difícil acreditar em mim mesmo;

agradeço por confiarem e respeitarem os meus pensamentos e sonhos, obrigado por

terem sido presentes em minha vida!

"Depois de algum tempo você aprende que verdadeiras amizades

continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa

não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida."

(W. Shakespeare)

9

Aos amigos da Patologia Oral-UFRN;

Alexandre Pinto, André Galvão, Bruna Rafaela Martins, Bruna Amaral,

Cristina Ruan, Claudine Sousa, Cassiano Nonaka, Éricka Janine, George

Nascimento, Janaína Lemos, Karuza Pereira, Marta Piva, Manoel Antonio Gordón,

Pollianna Alves e Valéria Freitas, agradeço a todos vocês a esse período de

convivência e aprendizado que passamos juntos... Na verdade, posso dizer que foram

momentos de muita compreensão, amizades, risos e lágrimas, de angústias e

expectativas, tropeços e vitórias que jamais serão esquecidos! Meus sinceros

agradecimentos pela contribuição e o apoio prestados a mim durante essa jornada.

“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam

sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.

(Felipe Cortelline Roque)

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Aos funcionários da Disciplina de Patologia Oral-UFRN,

Francisco Canindé de Macedo, Hévio Lucena, Idelzuite de Souza, Lourdes

Souza, Maria das Graças Galvão e Sandra Oliveira, agradeço ao apoio, a paciência,

ao auxilio e a disponibilidade que me prestaram ao longo dessa caminhada para a

concretização desse trabalho. Obrigado pelas manifestações de carinho e confiança!!

Sou grato a todos vocês!!

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), agradeço

pela oportunidade e pelo apoio financeiro proporcionado para elaboração deste ensaio

científico.

11

RESUMO

“Porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os

planos das gavetas e de algum modo começar.”

(Amyr Klink)

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RESUMO

A angiogênese é um mecanismo fundamental para o desenvolvimento tumoral,

sendo utilizada para fins de diagnóstico diferencial e determinação de prognóstico em

várias neoplasias de cabeça e pescoço. Este trabalho se propôs avaliar a atividade

angiogênica através da expressão imuno-histoquímica dos anticorpos anti-CD105 e anti-

CD34 em 20 casos de hemangiomas e 20 casos de granulomas piogênicos orais, além de

averiguar a utilidade destes marcadores como um dos recursos de diagnóstico

diferencial para estas duas lesões orais. Os resultados deste experimento demonstraram

que não houve diferença estatisticamente significativa entre as médias de contagem

microvascular (MVC) determinadas pelos os anticorpos anti-CD105 (p=0,803) e anti-

CD34 (p=0,279). O número médio dos vasos obtidos pela MVC nos espécimes de

hemangiomas orais imunomarcados pelo anti-CD105 e anti-CD34 foram

respectivamente 18,75 e 59,72, enquanto nos granulomas piogênicos orais, o número

médio dos vasos obtidos pela MVC pelo anti-CD105 e anti-CD34 foram

respectivamente 20,22 e 48,09. Foi verificado, também, que o CD34 foi mais efetivo na

identificação de vasos sangüíneos quando comparado com o CD105. Entretanto, faz-se

necessário destacar, que o anticorpo anti-CD105 parece estar mais relacionado com a

neoformação vascular. Em linhas gerais, este ensaio reforça a participação dos fatores

angiogênicos na etiopatogênese dos hemangiomas e granulomas piogênicos orais,

porém os resultados mostraram que a quantificação da angiogênese não pode ser

utilizada como parâmetro de diagnóstico diferencial entre as duas lesões analisadas.

Palavras Chaves: CD105 (endoglina), CD34, angiogênese, hemangioma, granuloma

piogênico, imuno-histoquímica, patologia oral.

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ABSTRACT

"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a

vitória é o desejo de vencer!"

(Mahatma Gandhi)

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ABSTRACT

Angiogenesis, a fundamental mechanism in tumor development, is used for

differential diagnosis and prognosis purposes in various neoplasias of the head and

neck. This study proposes to assess angiogenic activity using immunohistochemical

expression by anti-CD105 and anti-CD34 antibodies in 20 cases of hemangiomas and

20 cases of oral pyogenic granulomas, in addition to determining the usefulness of these

markers as one of the differential diagnosis resources for these two oral lesions. The

results showed no statistically significant difference between microvascular count

(MVC) means determined by anti-CD105 (p = 0.803) and anti-CD34 (p = 0.279)

antibodies. The mean number of vessels obtained by MVC in the oral hemangiomas

immunostained by anti-CD105 and anti-CD34 was 18.75 and 59.72, respectively,

whereas in the oral pyogenic granulomas, the mean number was 20.22 and 48.09,

respectively. It was also shown that CD34 was more effective than CD105 in

identifying blood vessels. However, it must be pointed out that the anti-CD105 antibody

seems to be more related to vascular neoformation. Overall, this assay reinforces the

role of angiogenic factors in the etiopathogenesis of hemangiomas and oral pyogenic

granulomas, but the results showed that angiogenesis quantification cannot be used as a

differential diagnosis parameter between the two lesions analyzed.

Keywords: CD105 (endoglin), CD34, angiogenesis, hemangioma, pyogenic granuloma,

immunohistochemical, oral pathology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

"Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço."

(Dave Weinbaum)

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

QUADROS

Quadro 1. Especificação, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos

anticorpos primários utilizados ............................................................................................

FIGURAS

Figura 1. Granuloma piogênico. Fotomicrografia exibindo a superfície da lesão atrófica

e um tecido conjuntivo fibroso frouxo com um intenso infiltrado inflamatório misto

permeando numerosos vasos sangüíneos de calibres variados (H/E – 40x) ........................

Figura 2. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento mostrando vasos

sangüíneos associados a uma inflamação mista difusa (H/E – 200x) .................................

Figura 3. Granuloma piogênico. Marcação imuno-histoquímica para o anticorpo anti-

CD105 predominantemente em vasos sangüíneos (SABC–100x) ......................................

Figura 4. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento do quadro histológico

anterior evidenciando a imunoexpressão para o anticorpo anti-CD105 em vasos

sangüíneos e em ocasionais células endoteliais (SABC – 400x) .........................................

Figura 5. Granuloma piogênico. Fotomicrografia evidenciando padrão de marcação do

anticorpo anti-CD34 em vasos sangüíneos de calibres variados (SABC – 200x) ...............

Figura 6. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão pelo

anticorpo anti-CD34 em numerosos vasos sangüíneos de variados calibres (SABC –

400x) ....................................................................................................................................

Figura 7. Hemangioma. Fotomicrografia mostrando numerosos espaços vasculares

associados a uma proliferação endotelial (H/E – 100x) ......................................................

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Figura 8. Hemangioma. Fotomicrografia em maior aumento evidenciando múltiplos

vasos sangüíneos dilatados, sendo a maioria deles ingurgitados por hemácias (H/E –

200x) ....................................................................................................................................

Figura 9. Hemangioma. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD105 em vasos sangüíneos

e em ocasionais células endoteliais (SABC – 100x) ...........................................................

Figura 10. Hemangioma. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão para o

anticorpo anti-CD105 em vasos sangüíneos (SABC – 400x) ..............................................

Figura 11. Hemangioma. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em múltiplos

vasos sangüíneos (SABC – 100x) ........................................................................................

Figura 12. Hemangioma. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão para o

anticorpo anti-CD34 em vasos sangüíneos e ocasionais células endoteliais (SABC –

400x) ....................................................................................................................................

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LISTA DE TABELAS

"A maior vitória na competição é derivada da satisfação interna de

saber que você fez o seu melhor e que você obteve o máximo

daquilo que você deu."

(Howard Cosell)

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD105 em granulomas piogênicos e

hemangiomas. Natal/RN, 2008 ............................................................................................

Tabela 2. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD34 em granulomas piogênicos e

hemangiomas. Natal/RN, 2008 ............................................................................................

Tabela 3. Valores dos índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular

(MVC) de acordo com o marcador nos espécimes de hemangiomas. Natal/RN, 2008 .......

Tabela 4. Valores dos índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular

(MVC) de acordo com o marcador nos espécimes de granulomas piogênicos. Natal/RN,

2008 .....................................................................................................................................

Tabela 5. Valores dos índices angiogênicos determinados pala contagem microvascular

(MVC) de acordo com o marcador e o tipo de lesão estudada. Valores “t” e “p” para o

teste “t” de Student. Natal/RN, 2008 ...................................................................................

Tabela 6. Valores dos índices angiogênicos determinados pala contagem microvascular

(MVC) de acordo com o tipo de lesão e marcador estudado. Valores “t” e “p” para o

teste “t” de Student. Natal/RN, 2008 ...................................................................................

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

"O sucesso é ter o que você deseja e a felicidade é ter o

que você já tem."

(Warren Buffet)

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

• ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas

• AP - Adenoma pleomórfico

• AVT - Área vascular total

• aFGF - Fator de crescimento de fibroblasto ácido

• bFGF - Fator de crescimento de fibroblasto básico

• BMP - Proteína morfogenética óssea

• BSA - Albumina sérica bovina

• CD - Grupo designação ou grupo de diferenciação

• CD62L - L-selectina

• CD62E - E-selectina

• CD62-P - P-selectina

• CSA - Catalyzed Signal Amplication Sytem

• CXAP - Ex-adenoma pleomórfico

• DBF - Data Base Format

• ELAM-1 - Molécula endotelial de adesão do leucócito do tipo 1

• FGF - Fator de crescimento de fibroblasto

• FGF- 1 - Fator de crescimento de fibroblastos do tipo 1

• FGF- 2 - Fator de crescimento de fibroblastos do tipo 2

• FNF-α - Fator de necrose tumoral alfa

• FvW - Fator de von Willebrand

• GP - Glicoproteína

• G-CSF - Fator estimulador de colônia de granulócitos

• GlyCAM-1 - Molécula de adesão do tipo 1 que contém glicano

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• HIF-1 - Fator 1 indutor hipóxia

• H/E - Hematoxilina e eosina

• HEV - Vênula especializada de endotélio alto

• IL-1 - Interleucina 1

• IL-8 - Interleucina 8

• IGF-1 - Fator de crescimento insulínico-1

• INF-α - Interferon alfa

• ISSNA - Sociedade Internacional para Estudos de Anomalias Vasculares

• KDa - Kilodalton

• LAM-1 - Molécula de adesão de leucócitos do tipo 1

• MadCAM-1- Molécula de adesão celular adressina da mucosa do tipo 1

• MIS - Substância inibidora mülleriana

• MVC - Contagem microvascular

• MVD - Densidade microvascular

• MVV - Volume microvascular

• PCNA - Antígeno nuclear de proliferação celular

• PGE2 - Prostaglandina E2

• PDGF - Fator de crescimento derivado de plaquetas

• PDGF-β - Fator de crescimento derivado de plaquetas beta

• SABC - Complexo estreptoavidina biotina

• SFB - Soro fetal bovino

• SMC - Actina de músculo liso

• SPSS - Statistical Package for Social Science

• TA - Temperatura ambiente

• TGF-α - Fator de crescimento transformador alfa

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• TGF- β - Fator de crescimento transformador beta

• TIMP-1 – Inibidor de metaloproteinase do tipo 1

• TNM – Tumor-nodo-mestátase

• TPS-1 - Trombospondina do tipo 1

• TRIS HCl - Tris (hydroxymethyl) aminomethane Hydrochloride

• VEGF - Fator de crescimento celular endotelial vascular

• VEGFR-2 - Receptor do tipo 2 do fator de crescimento endotelial vascular

• VEGF-C1 - Fator de crescimento celular endotelial vascular C1

• μm - Micra

24

SUMÁRIO

"Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize o seu desejo".

(Paulo Coelho)

25

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................

2.1 Angiogênese ............................................................................................................

2.2 Granuloma Piogênico - Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e

Histopatologia ......................................................................................................................

2.3 Hemangioma - Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia ..........

2.4 Mensuração da Angiogênese ...................................................................................

2.5 Biomarcadores Angiogênicos (CD105 e CD34) .....................................................

3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................................

4 MATERIAL E MÉTODOS ...........................................................................................

4.1 Caracterização do Estudo .......................................................................................

4.2 População ................................................................................................................

4.3 Amostra ...................................................................................................................

4.3.1 Critérios de Inclusão da Amostra .............................................................

4.3.2 Critérios de Exclusão da Amostra ............................................................

4.4 Estudo Morfológico ................................................................................................

4.5 Estudo Imuno-histoquímico ....................................................................................

4.6 Análise do Perfil Imuno-histoquímico ....................................................................

4.7 Análise Estatística ...................................................................................................

4.8 Implicações Éticas ..................................................................................................

5 RESULTADOS ...............................................................................................................

5.2 Resultados Morfológicos .......................................................................................

5.3 Resultados Imuno-histoquímicos ...........................................................................

5.3.1 Análise Qualitativa da Marcação Imuno-histoquímica pelos Anticorpos

Anti-CD105 e Anti-CD34 ....................................................................................................

5.3.2 Análise Quantitativa da Marcação Imuno-histoquímica pelos

Anticorpos Anti-CD105 e Anti-CD34 .................................................................................

5.3.3 Análise Estatística da Contagem dos Microvasos Marcados pelos

Anticorpos Anti-CD105 e Anti-CD34 .................................................................................

6 DISCUSSÃO....................................................................................................................

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7 CONCLUSÕES ...............................................................................................................

REFERÊNCIAS .................................................................................................................

APÊNDICES ......................................................................................................................

ANEXOS .............................................................................................................................

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27

INTRODUÇÃO

"É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante"

(Paulo Coelho)

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1 INTRODUÇÃO

A angiogênese é definida como o crescimento e desenvolvimento de novos

vasos sangüíneos a partir de outros pré-existentes, sendo fundamental para uma série de

eventos fisiológicos e patológicos incluindo a inflamação e reparo tecidual, crescimento,

invasão e metástase tumoral. É um processo altamente dinâmico e complexo que

envolve o crescimento e migração de células endoteliais e a morfogênese capilar. Todos

esses mecanismos celulares são regulados por vários fatores pró e antiangiogênicos e

seus receptores, os quais regulam uma ou mais chaves de eventos da neoformação

vascular (FOLKMAN, 1995; SCHIMMING et al, 2004; SOARES, 2007; SOUZA;

FREITAS; MIRANDA, 2007; NETTO et al, 2008).

O granuloma piogênico é designado como uma massa de tecido proliferativo

fibrovascular benigno, de natureza inflamatória que apresenta uma grande incidência na

cavidade oral, consistindo cerca de 30 a 60% de todas as lesões reacionais que

acometem a gengiva. Sua etiologia é bastante complexa, mas segundo a literatura,

possivelmente estar associada a uma resposta tecidual exuberante a uma irritação ou

trauma. Microscopicamente, a lesão é caracterizada por uma intensa reação de

granulação rica em vasos sangüíneos de calibres variados, por vezes dilatados e

ingurgitados por eritrócitos, sendo os mesmos revestidos por células endoteliais e

pericitos mitoticamente ativos (SILVERSTEIN et al, 1996; SILVEIRA et al, 2004;

JAFARZADEH; SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006; SHENOY; DINKAR, 2006).

O hemangioma é uma neoplasia benigna cuja patogênese, ainda pouco

elucidada, pode estar relacionada a estímulos endócrinos e inflamatórios que causam

uma série de desequilíbrios nos mecanismos angiogênicos. É a lesão tumoral mais

comum da infância, ocorrendo em 10 a 12% das crianças com até um ano de idade,

sendo encontrada com maior freqüência na região de cabeça e pescoço em 60% dos

casos. Histologicamente observa-se numerosas células endoteliais proliferantes

dilatadas e com o lúmen vascular geralmente indistinto que durante o estágio de

progressão originam abundantes espaços vasculares de diversos tamanhos, podendo,

desta maneira, ser classificado, principalmente, em hemangioma capilar ou cavernoso

(RODRIGUES et al, 1998; FREITAS et al, 2005; GONTIJO et al, 2005; CORRÊA et

al, 2007).

Atualmente, muitas pesquisas têm sido realizadas para o entendimento dos

principais mecanismos angiogênicos com o intuito de obterem novas formas

29

terapêuticas, que possam acelerar a angiogênese durante o reparo tecidual ou inibir este

processo em diversas condições tumorais, bem como subsidiarem para o uso em

diagnóstico e prognóstico (FOLKMAN, 1995; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005;

NETTO et al, 2008).

Sendo assim, diversos marcadores biológicos com afinidade por epítopos

específicos de células endoteliais como, por exemplo, o fator von Willebrand ou fator

VIII, CD31, CD44, CD105 (endoglina) e CD34, têm sido identificados como passíveis

de utilização para o esclarecimento da patogênese em muitos tipos de carcinomas e

lesões benignas de cabeça e pescoço, como o granuloma piogênico e o hemangioma, os

quais exibem, muitas vezes, características clínicas e histopalógicas semelhantes que

podem dificultar o diagnóstico (TAKAHASHI et al, 1994; COHEN, 2002; FREITAS et

al, 2005; SOARES et al, 2007; NETTO et al, 2008).

Diante do exposto, este trabalho tem como proposição avaliar a expressão

imuno-histoquímica através dos anticorpos monoclonais anti-CD105 e anti-CD34 em

hemangiomas e granulomas piogênicos orais por meio da mensuração da atividade

angiogênica com a finalidade de ajudar a delimitar o perfil angiogênico e, assim,

compreender os mecanismos de patogênese destas lesões, bem como apurar se a

proliferação vascular e a expressão destes marcadores poderiam ser úteis como um dos

recursos de diagnóstico diferencial para estas duas lesões orais.

30

REVISÃO DE LITERATURA

“ O poder está dentro de você enquanto você acreditar.”

(Fernando Lapolli)

31

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Angiogênese

O desenvolvimento dos vasos sangüíneos pode ocorrer, basicamente, por dois

processos distintos: vasculogênese e angiogênese. A vasculogênese é caracterizada pelo

estabelecimento de uma rede vascular primitiva por meio dos precursores das células

endoteliais chamadas de angioblastos. Já a angiogênese ou neovascularização, é um

termo de origem grega (aggeîon: vaso, gênesis, formação), usado para descrever o

mecanismo de crescimento de novos vasos sangüíneos a partir de outros pré-existentes

(COHEN, 2002). Segundo Fox (1997), o termo angiogênese foi utilizado por Hertig, em

1935, para configurar o desenvolvimento da placenta, sendo atualmente empregado para

caracterizar os mecanismos fisiológicos e patológicos de neovascularização.

A angiogênese é um processo altamente dinâmico e complexo que envolve um

conjunto de etapas. Inicialmente há uma vasodilatação e aumento da permeabilidade do

vaso pré-existente; em seguida, evidencia-se a degradação proteolítica da membrana

basal do vaso progenitor por metaloproteinases e rompimento do contato célula-célula

entre as células endoteliais do vaso. Por conseguinte, observa-se a migração das células

endoteliais circulantes para o sítio de formação do vaso, onde proliferam e formam uma

espécie de broto ou tubo que depois sofre remodelação e diferenciação, dando origem a

um novo vaso. Durante esse mecanismo, verifica-se o recrutamento de células

periendoteliais, incluindo pericitos e células da musculatura vascular lisa, que atuam na

sustentação e estabilização dos tubos endoteliais, contribuindo, assim, para o

surgimento de um vaso maduro (FOX; GASPARINI; HARRIS, 2001; KUMAR;

ABBAS; FAUSTO, 2005).

A neoformação vascular é fundamental para uma série de eventos fisiológicos

incluindo a embriogênese, lactação, reprodução e reparo tecidual, bem como em eventos

patológicos como, por exemplo, durante o crescimento tumoral e metástase, na

vascularização dos tecidos isquêmicos, em fibroses, na inflamação crônica, retinopatia

diabética, hemangiomas e em algumas doenças auto-imunes como artrite reumatóide e

psoríase (FOLKMAN; SHING, 1992; FOLKMAN, 1995; COHEN, 2002;

SCHIMMING et al, 2004; FREITAS et al, 2005; SOUZA; FREITAS; MIRANDA,

2007).

32

Todos esses mecanismos celulares são regulados por uma série de fatores pró e

antiangiogênicos e seus receptores, os quais regulam uma ou mais chaves de eventos.

Apesar dos processos regulatórios não serem completamente estabelecidos, evidências

sugerem que a cascata de eventos ocorre e que a intervenção de um ou mais passos é

suficiente para prevenir ou promover a vascularização (FOX; GASPARINI; HARRIS,

2001; SCHIMMING et al, 2004).

Em tecidos normais, os vasos sangüíneos estão, geralmente, em estado

quiescente, pois suas células secretam baixos níveis de fatores indutores e altos níveis

de inibidores de sua proliferação. A progressão de uma célula normal para a

malignidade envolve a capacidade desta célula estimular a angiogênese. As células

tumorais aumentam a secreção de fatores vasos-indutores e diminuem a de inibidores.

Depois que os tumores sólidos atingem um volume de 1 a 2 mm2 , seu crescimento

passa a ser diretamente dependente da angiogênese. Portanto, o processo neoplásico é

diretamente relacionado com a neovascularização, a qual é decorrente do desequilíbrio

entre os fatores angiogênicos e anti-angiogênicos. Por conseguinte, a ocorrência ou não

deste processo depende do equilíbrio entre o acúmulo ou diminuição de moléculas

indutoras e/ou inibidoras secretadas pelas células neoplásicas (VOLPERT; DAMERON,

BOUCK, 1997; NETTO et al, 2008).

Entre os principais reguladores pro-angiogênicos estão o fator de crescimento

celular endotelial vascular (VEGF) e o fator de crescimento de fibroblasto (FGF). O

VEGF emerge como o fator de crescimento mais importante, sendo sintetizado e

secretado por células mesenquimais, principalmente por fibroblastos e macrófagos.

Caracteriza-se como um potente indutor da formação dos vasos sangüíneos no

desenvolvimento inicial (vasculogênese) e tem um papel central no crescimento de

novos vasos sangüíneos (angiogênese) em tumores, inflamação crônica e cicatrização de

ferimentos. A ativação do VEGF e sua ligação com receptores específicos da tirosina

cinase, receptor do tipo 2 do fator de crescimento endotelial vascular (VEGFR-2),

existentes nas células entoteliais, desencadeia uma cascata de reações que promovem o

aumento da permeabilidade vascular, crescimento e migração de células endoteliais,

diferenciação e mobilização dos precursores das células endoteliais da medula óssea

para a circulação periférica. As células endoteliais derivadas desses progenitores

formam um plexo capilar delicado, que se desenvolve em uma rede capilar madura. O

FGF é um fator que pode ser secretado por macrófagos, mastócitos, células endoteliais e

fibroblastos. Apresenta-se de duas formas: FGF-1 ou aFGF (ácido) e FGF-2 ou bFGF

33

(básico), ambos com o papel semelhante de induzirem a liberação do VEGF,

potencializando, portanto, o mecanismo da angiogênese (FOLKMAN; SHING, 1992;

SHEIBANI; NEWMAN; FRAZIER, 1997; POON; FAN; WONG, 2001; WAKULICH

et al, 2002; NETTO et al, 2008).

A angiogênese fisiológica e patológica, também, é influenciada por outros

agentes ou condições que estimulam a expressão do VEGF, como certas interleucinas

(interleucina-1 e interleucina-8), angiopoetinas e fatores de crescimento (PDGF – fator

de crescimento derivado de plaquetas; TGF-α - fator transformador de crescimento alfa;

TGF-β - fator de crescimento transformador beta) e, notavelmente, a hipóxia tecidual

que tem sido longamente associada à angiogênese (GASPARINI; HARRIS, 2001;

KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

As angiopoetinas, PDGF e TGF- β participam do processo de estabilização dos

vasos recém-formados, tornando tubos endoteliais simples em estruturas vasculares

elaboradas, ajudando, com isso, a manter a quiescência endotelial (FOLKMAN;

SHING, 1992; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

Dentre os fatores que atuam interferindo na angiogênese, encontram-se,

freqüentemente, a angiostatina, endostatina e trombospondina-1 (TPS-1), onde todos

agem impedindo o endotélio de estímulos mitógenos, inibindo a migração de células

endoteliais, reduzindo a proliferação vascular e contribuindo com a apoptose dessas

células (FOLKMAN, 1995; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

Alguns autores sugerem que o mecanismo pelo qual os eventos estimuladores e

inibidores ocorrem, esteja relacionado com a ativação de oncogenes ou inativação de

genes supressores de tumor. Oncogenes, como os membros da família do FGF têm a

capacidade de induzir a angiogênese através da codificação de potentes fatores

estimuladores, aFGF e bFGF. Do mesmo modo, o oncogene ras pode codificar potentes

fatores de proliferação vascular como os TGF-α, TGF-β, fator de crescimento

insulínico-1 (IGF-1), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), fator estimulador de

colônia de granulócito (G-CSF), VEGF e prostaglandina E2 (PGE2). Além de

estimular, também, a produção de moléculas pró-angiogênicas da matriz extracelular

como a urokinase, o colágeno IV e as mataloproteinases. Por outro lado, a perda de um

gene supressor de tumor pode contribuir para a diminuição na produção de inibidores da

angiogênese, causando um efeito estimulador na proliferação vascular (FOLKMAN,

1995; FOX; GASPARINI; HARRIS, 2001).

34

Através da literatura, verifica-se que a superexpressão do Bcl-2 regula a

sobrevivência das células endoteliais, a qual é mediada pelo VEGF. No trabalho

desenvolvido por Nur et al (2001) em modelo experimental de pesquisa com células de

carcinoma escamoso oral e sarcoma de Kaposi, em ratos imunodeficientes, objetivando

a produção de tumores humanos vascularizados, foi estudado o papel do gene Bcl-2

celular endotelial. Os resultados obtidos indicaram um aumento da expressão do gene

nas células endoteliais tumorais, o que elevaria a sobrevivência e densidade vascular,

bem como, o crescimento tumoral. Os autores concluíram que as células endoteliais

tumorais que expressam o gene Bcl-2 tem um maior potencial angiogênico, tanto in vivo

como in vitro.

O crescimento e a disseminação de um tumor dependem não só da proliferação

celular neoplásica, mas, também, das respostas dos tecidos benignos do hospedeiro. É

necessário para tal, que uma variedade de interações ocorram entre as células tumorais,

a rede vascular, o sistema imune e o tecido conjuntivo. A neovascularização é

estimulada por fatores liberados pelas células tumorais e/ou células imunes do

hospedeiro localizadas no estroma tumoral, como macrófagos e mastócitos. Os

macrófagos ativados podem secretar substâncias como o TGF-α e bFGF, as quais

ampliam a angiogênese tumoral. Os mastócitos são ricos em heparina, substância capaz

de mobilizar o bFGF da matiz extracelular, protegendo-o da degradação e

potencializando a vascularização. Finalmente, os linfócitos têm a capacidade de secretar

fatores angiogênicos, citocinas e fatores quimiotáticos para as células, dentre elas os

macrófagos e mastócitos (FOLKMAN, 1995; FOX; GASPARINI; HARRIS, 2001).

Atualmente, grandes esforços têm sido realizados para compreender os

mecanismos angiogênicos e sua aplicabilidade clínica, por exemplo, como de auxiliar

no diagnóstico e prognóstico de lesões vasculares e com a finalidade de buscar formas

terapêuticas, que possam acelerar angiogênese durante o reparo tecidual ou interferir

neste processo em diversas condições neoplásicas (FOLKMAN, 1995; FOX;

GASPARINI; HARRIS, 2001; POON; FAN; WONG, 2001; COHEN, 2002; KUMAR;

ABBAS; FAUSTO, 2005; NETTO et al, 2008).

35

2.2 Granuloma Piogênico - Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e

Histopatologia

O granuloma piogênico é uma lesão proliferativa fibrovascular, tipicamente

solitária, de natureza não-neoplásica que apresenta uma grande incidência na cavidade

oral, embora possa ocorrer em outras mucosas e pele. (SILVERSTEIN et al, 1996;

SILVEIRA et al, 2004; EPIVATIANOS et al, 2005; FREITAS et al, 2005; PARISI;

GLICK; GLICK, 2006). Foi inicialmente descrita na literatura por Poncet e Dor (1897)

como uma “botriomicose humana” transmitida por uma infecção micótica encontrada

em cavalos. Em seguida, Hartzell (1904) introduziu o termo granuloma piogênico,

sugerindo que a lesão fosse causada por microorganismos piogênicos capaz de

desencadear uma inflamação granulomatosa (IWATA et al, 1996; AL-KHATEEB;

ABABNEH, 2003; NEVILLE et al, 2004). Contudo, apesar desta denominação ser a

mais utilizada, sabe-se que a lesão não é um granuloma verdadeiro, isso, pelo fato de

não se evidenciar uma formação exuberante de material purulento (REGEZI;

SCIUBBA, 2000). Outras terminologias são, também, citadas na literatura para designar

esta lesão, como o termo hemangioma capilar lobular, introduzido em 1980 por

dermatologistas, por ser caracterizado, muitas vezes, por uma intensa proliferação

vascular organizada em lóbulos, e granuloma gravídico, para configurar as lesões que

acometem, freqüentemente, as mulheres em gestação (SILLS et al, 1996; HARRIS et al,

2000).

Existem diversos fatores que poderiam estar associados à patogênese do

granuloma piogênico. Para muitos autores, a lesão representa, na maioria dos casos,

uma resposta tecidual excessiva do tecido conjuntivo a uma irritação local ou a um

trauma (SHENOY; DINKAR, 2006). Conforme Muench, Layton e Wright (1992),

Graham (1996), Akyol, Yalçiner e Dogan (2001) e Silveira et al (2004) o mecanismo de

formação desta lesão, ainda, é incerto e complexo. Acredita-se, que o trauma, o acúmulo

de cálculo dental ou material estranho no sulco gengival, espículas ósseas, raízes

residuais, bordas salientes ou superfícies cortantes de restaurações, infecções, algumas

drogas, influências hormonais e fatores angiogênicos, poderiam determinar o seu

surgimento. Por sua vez, Neville et al (2004) postulam que a presença de bactérias é

acidental e não a base do processo, não tendo, assim, etiologia infecciosa.

Aproximadamente 80% dos pacientes com granuloma piogênico extragengival

relatam história de injúria local antes do desenvolvimento da lesão. A irritação e a

36

inflamação gengival que resultam da má higiene oral poderiam ser um fator principiante

em muitos casos (MILANO; FLAITZ; BENNETT, 2001; NEVILLE et al, 2004).

O papel dos hormônios na etiologia dessa lesão vem sendo, ainda, muito

discutido. As alterações hormonais observadas na puberdade, na gravidez e no uso de

contraceptivos orais podem modificar a resposta reparadora gengival a ação de agentes

irritantes. Nestas circunstâncias, podem ser evidenciadas lesões gengivais múltiplas ou

hiperplasia gengival generalizada (REGEZI; SCIUBBA, 2000). Falabella e Falabella

(1994) verificaram que o desequilíbrio nos níveis de progesterona induz alterações

periodontais significativas como a perda da ceratinização do epitélio gengival,

modificações bioquímicas na matriz extracelular e perturbações na microcirculação,

representadas pela destruição de mastócitos e consequentemente liberação de

substâncias vasoativas. Essas condições, em conjunto, diminuem a resistência local e

favorecem a ação dos agentes irritantes. Adicionalmente, durante a gestação os altos

níveis de estrogênio e progesterona favorecem a liberação pelos macrófagos de um

potente indutor angiogênico, o fator de crescimento celular endotelial vascular (VEGF),

contribuindo, dessa forma, para o estabelecimento da lesão (KANDA; WATANABE,

2005). Adicionalmente, é importante ressaltar que o granuloma gravídico começa a

desenvolver-se durante o 1º trimestre e sua incidência aumenta a partir do sétimo mês

de gravidez, período no qual se verifica alta concentração hormonal (MUENCH;

LAYTON; WRIGHT, 1992).

Através de experimentos realizados em ratas ovariectomizadas submetidas à

injeção de β-estradiol e progesterona, Yuan, Wing e Lin (2002), constataram que os

hormônios esteroidais femininos não apenas intensificam a quantidade de fatores

angiogênicos produzida por monócitos e macrófagos ativados como, também, protegem

os últimos da apoptose, prolongando o seu efeito angiogênico. Tais resultados sugerem

ser o granuloma piogênico um crescimento reacional tanto angiogênico como

hormônio-dependente.

Entretanto, Nichols et al (1992) reportaram em sua pesquisa que a progesterona

e o estrogênio não são fatores determinantes para o surgimento de granuloma piogênico

em gestantes e em mulheres que fazem uso de contraceptivos orais, visto que estas

lesões apresentavam ausência de receptores específicos para esses homônios. Whitaker

et al (1994) sugerem que esses fatores hormonais não são decisivos na patogênese, mas

sim contributórios ou secundários.

37

Lee et al (1994) e Bachmeyer et al (1996) concluíram em seus estudos em quatro

casos de granulomas piogênicos orais em pacientes com a doença do enxerto-versos-

hospedeiro, que algumas drogas, como a ciclosporina, podem estar envolvidas na

patogênese do granuloma piogênico, visto que esses medicamentos exercem um efeito

hiperplásico sobre o tecido gengival, devido à produção de uma grande quantidade de

matriz extracelular, predominantemente de colágeno, associada, geralmente, a uma

intensa vascularização e uma inflamação significante. O efeito da ciclosporina pode se

dar de forma direta, pela regulação do cálcio intracelular, ou de forma indireta, pelo seu

efeito modulatório sobre a resposta inflamatória através de fatores derivados dos

macrófagos, linfocinas, prostaglandinas e histaminas (NEVILLE et al, 2004).

Conforme Bragado et al (1999) e Jafarzadeh, Sanatkhani e Mohtasham (2006),

alguns fatores que incluem a síntese de óxido nítrico, VEGF e bFGF estariam

associados com o desenvolvimento do granuloma piogênico. Yuan, Jin e Lin (2000)

desenvolveram um estudo imuno-histoquímico e detectaram que a expressão de fatores

pró-angiogênicos (VEGF, bFGF) e inibidores angiogênicos (angiostatina e TPS-1) em

granulomas piogênicos, foram expressos em alta e baixa proporções respectivamente

quando relacionados à gengiva saudável e à periodontite. Esses autores corroboram que

distúrbios nos mecanismos angiogênicos desempenham um importante papel na

patogênese do granuloma piogênico.

No tocante aos aspectos clínicos, o granuloma piogênico manifesta-se como uma

massa exofítica plana ou lobulada, geralmente de implantação pedunculada, embora

algumas lesões sejam sésseis. Dependendo do tempo, do grau de vascularização e da

localização anatômica, a coloração pode variar do rosa ao vermelho-violáceo e a

consistência de firme a macia. Inicialmente, são altamente vascularizadas; contudo as

mais antigas tendem a ser mais colagenizadas e de coloração rósea. Caracteristicamente,

a superfície apresenta-se ulcerada podendo conter, de vez em quando, uma membrana

ou crosta branco-amarelada, fibrinopurulenta, devido à infecção secundária por

bactérias piogênicas (MUENCH; LAYTON; WRIGHT, 1992; AGUILO, 2002;

EPIVATIANOS et al, 2005; JAFARZADEH; SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006).

Seu tamanho varia de alguns milímetros a vários centímetros, mas raramente

excede 2,5 cm. Na maioria dos casos, a massa apresenta-se com crescimento lento,

assintomática, mas algumas lesões podem ser latejantes e apresentarem discreto ardor.

São, facilmente, sangrantes ao trauma e, dificilmente a perda óssea é verificada

(NEVILLE et al, 2004; PARISI; GLICK; GLICK, 2006).

38

A incidência do granuloma piogênico é descrita entre a faixa de 26,8 a 32% de

todas as lesões reacionais. Apesar de desenvolver-se em qualquer idade, a lesão ocorre,

principalmente, em indivíduos da 1ª a 4ª década de vida com pico de ocorrência na 3ª

década. A raça branca e o sexo feminino são freqüentemente afetados. (SKINNER et al,

1986; SHENOY; DINKAR, 2006).

No que concerne à localização, esta lesão pode ser evidenciada na mucosa oral,

face e dedos. Os granulomas orais mostram uma predileção pela gengiva em 75% dos

casos e, menos frequentemente em lábio inferior, língua e mucosa jugal (REGEZI;

SCIUBBA, 2000; AKYOL; YALÇINER; DOGAN, 2001; SILVEIRA et al, 2004). As

lesões são mais comuns na gengiva superior do que na inferior, sendo a região anterior e

a face vestibular os sítios mais acometidos e, iniciando-se, geralmente, a partir da papila

interdental (PAPAGEORGE; CHRIS DOKU, 1992; NEVILLE et al, 2004;

JAFARZADEH; SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006).

Dezotti et al (2000) em uma análise 43 casos de granulomas piogênicos

constataram que a prevalência desta lesão foi na gengiva (76,74%), seguido da língua

lábios e mucosa jugal. A maior incidência foi na 3ª década de vida e o sexo feminino foi

o mais afetado.

Corroborando os achados epidemiológicos citados anteriormente, Al-Khateeb e

Ababneh (2003), num estudo de 108 casos de granulomas piogênicos, verificaram que o

sexo feminino foi o mais acometido numa razão de 1:1,7; a média de idade foi de 30

anos e a gengiva foi a localização mais freqüente em 44,4% dos casos, sendo a maioria

envolvendo a região anterior de maxila. A principal complicação foi o sangramento

(59,3%), mais da metade das lesões eram pedunculada e 9,2% apresentavam ulcerações.

Adicionalmente, Silveira et al (2004) analisando 150 casos de granulomas

piogênicos, observaram que as lesões foram mais encontradas em pacientes do sexo

feminino (72%), da raça branca (56%) com pico de incidência entre a 2ª e 3ª década de

vida e situadas com maior freqüência na gengiva (74%).

Entretanto, Harris et al (2000) realizaram uma pesquisa em 325 casos de

granulomas piogênicos e observaram diferenças epidemiológicas marcantes entre as

lesões cutâneas e orais. Houve uma maior ocorrência de lesões cutâneas em 86% dos

casos, localizadas, predominantemente, nas extremidades superiores da cabeça e

pescoço, quando relacionadas com as lesões orais (12%), situadas em gengiva, lábios e

língua. Nas lesões cutâneas, o sexo masculino, 2ª década de vida, foi o mais atingido,

39

enquanto que as lesões orais predominaram entre o sexo feminino, numa proporção de

2:1 e na 4ª década de vida.

Todavia, os aspectos clínicos do granuloma piogênico são fortemente sugestivos,

mas não específicos, pois o diagnóstico definitivo deve ser realizado apenas através da

microscopia (MODY; RAUT, 1996).

O diagnóstico diferencial pode ser feito com a lesão periférica de células

gigantes, fibroma ossificante periférico, hemangioma capilar, hiperplasia fibrosa

inflamatória, fibroma traumático, sarcoma de Kaposi, angiossarcoma, melanoma e

linfoma de não-Hodkin (HARRIS et al, 2000; SILVEIRA et al, 2004; JAFARZADEH;

SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006).

Quanto à histopatologia, o granuloma piogênico consiste de uma proliferação

altamente vascular, lembrando um tecido de granulação, onde os vasos são de calibres

variados, por vezes dilatados e obliterados por hemácias e, revestidos por células

endoteliais e pericitos mitoticamente ativos. Algumas vezes, esses vasos são

organizados em agregados lobulares separados por septos de tecido conjuntivo fibroso

fino, sendo diagnosticados como hemangioma capilar lobular por muitos autores

(SILVA-SOUZA, 2000; NEVILLE et al, 2004; PATIL; MAHIMA; LAHARI, 2006).

A superfície da lesão é revestida por epitélio pavimentoso estratificado atrófico

ou hiperplásico e exibindo, usualmente, uma área ulcerada associada a uma membrana

crostosa fibrinopurulenta. O epitélio na base da lesão é razoavelmente espesso. As

margens da úlcera apresentam áreas hiperplásicas, sendo o epitélio restante, adelgaçado

e de aparência atrófica. Um infiltrado inflamatório misto, cuja proporção varia com o

grau de ulceração superficial, constituído por polimorfonucleares neutrófilos,

plasmócitos, linfócitos e macrófagos espumosos é evidente. Os polimorfonucleares

neutrófilos são mais prevalentes próximos à superfície ulcerada; já o infiltrado

inflamatório crônico é mais encontrado na profundidade do espécime (EPIVATIANOS

et al, 2005; FREITAS et al, 2005; SHENOY; DINKAR, 2006).

O tecido conjuntivo de permeio é fibroso frouxo, delicado, edematoso, rico em

numerosos vasos sangüíneos pequenos e dilatados, revestidos por uma camada de

células endoteliais, e com uma intensa proliferação de fibroblastos volumosos e de

células endoteliais, embora seja possível evidenciarem-se, com freqüência, fascículos de

fibras colágenas mais consistentes atravessando a massa tecidual. Entretanto as lesões

mais antigas podem ter áreas com aparência mais fibrosa. À medida que a lesão

progride, vão reduzindo os componentes vasculares e inflamatórios e aumentando a

40

deposição de fibras colágenas (NEVILLE et al, 2004; JAFARZADEH;

SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006).

Os aspectos microscópicos dessa lesão, embora característicos, são um tanto

variáveis. Assim sendo, a atividade fibroblástica, a formação de colágeno e o infiltrado

inflamatório variam de um caso para outro, aparecendo certa relação com o trauma e

irritação, idade da lesão e mecanismo reparativos (PATIL; MAHIMA; LAHARI, 2006).

Harris et al. (2000) enaltecem que embora os achados histopatológicos

determinem o diagnóstico definitivo destas lesões, algumas situações como ausência de

ulceração superficial, com conseqüente diminuição do infiltrado inflamatório misto, e

proliferação vascular atípica podem simular outra lesão vascular dificultando o

diagnóstico do granuloma piogênico.

2.3 Hemangioma - Considerações Gerais, Aspectos Clínicos e Histopatologia

O termo hemangioma foi empregado durante anos, de forma ampla, para

designar anomalias vasculares totalmente distintas quanto a sua gênese, características

clínicas e histopatológicas, evolução e prognóstico (GONTIJO et al, 2005).

Em 1982, Mulliken e Glowacki propuseram uma classificação das lesões

vasculares baseada nas manifestações clínicas, quadro histopatológico e história natural,

distinguindo-as em hemangiomas e malformações vasculares (ODILE ENJOLRAS,

1999; GONTIJO et al, 2005).

O hemangioma da infância é o tumor vascular mais comum nesta faixa etária.

Entretanto, outros tumores vasculares, mais raros, têm sido descritos. Em função disto,

em 1996, a classificação de Mulliken e Glowacki foi revista e uma nova classificação,

adotada como oficial pela Sociedade Internacional para o Estudo de Anomalias

Vasculares (ISSVA), divide as lesões vasculares em dois grupos: tumores e

malformações vasculares. Os tumores vasculares são neoplasias da vasculatura e

incluem o hemangioma da infância, hemangioma congênito involutivo e não involutivo,

angioma, hemangioendotelioma kaposiforme e o granuloma piogênico. As

malformações vasculares são erros da morfogênese (turnover celular normal) e são

classificadas de acordo com o vaso predominante: capilar, venosa, arterial, linfática e

combinada. Assim como todas as classificações, essa não é absoluta. Porém, sua

simplicidade e relevância clínica possibilitaram um avanço importante na abordagem

41

das anomalias vasculares (ODILE ENJOLRAS, 1999; BRUCKNER; FRIEDEN, 2003;

GONTIJO et al, 2005).

Atualmente os hemangiomas são considerados lesões benignas da infância que

se caracterizam por uma fase de crescimento rápido com proliferação de células

endoteliais, seguidos pela involução gradual; já as malformações vasculares são

anomalias estruturais dos vasos sangüíneos que estão presentes ao nascimento e

evoluem, proporcionalmente, com o índice de crescimento da criança sem tendência à

regressões espontâneas. Estas últimas podem exibir oscilações no tamanho, em resposta

a infecções, trauma ou alterações hormonais, mas não são proliferativas e, são

classificadas de acordo com os aspectos hemodinâmicos e com o tipo de vaso envolvido

(COHEN, 2002; NEVILLE et al, 2004; VIKKULA, 2006; CORRÊA et al, 2007).

A patogênese do hemangioma ainda é pouco compreendida. Estímulos

endócrinos e inflamatórios poderiam ativar esses distúrbios vasculares (RIBAS;

LARANJEIRA; SOUSA, 2004). Segundo Verkarre et al (1999) os tumores são

compostos por microvasos delimitados por células endoteliais mitoticamente ativas e

pericitos, caracterizados pela intensa proliferação do endotélio capilar com acúmulo de

mastócitos e fibroblastos. Em 1974, Folkman formulou o conceito de que as lesões são

angiogênese-dependentes e que moléculas angiogênicas atuariam sobre as células

endoteliais e pericitos induzindo a formação de uma rede capilar (TAKAHASHI et al,

1994).

Recentemente, avanços na angiogênese têm identificados algumas moléculas

chaves que controlam o desenvolvimento vascular, incluindo o VEGF, que é

responsável pela indução da produção de células endoteliais e, o bFGF o qual atua em

sinergia com o VEGF, contribuindo, assim, com ativação de angioblastos. Observa-se

que os níveis de VEGF e bFGF são altos no estágio proliferativo do tumor e baixos

durante a fase evoluída ou de resolução. Ressalta, ainda, que a resposta imunológica

pode, também, estar associada com a evolução e involução dos hemangiomas

(HAMLAT et al, 2005; SUN; ZHAO; ZHANG, 2007).

Sundine e Garrett (2007) descrevem que os principais fatores angiogênicos que

estimulam a formação dos hemangiomas seriam o VEGF, bFGF, TNF-α e IL-8

(interleucina-8), já os fatores antiangiogênicos incluem os inibidores de

metaloproteinases (TIMP-1), TGF-β e interferon alfa (INF-α).

Folkman (1995) destaca que existem possíveis mecanismos inibidores da

angiogênese em hemangiomas como a ação reguladora dos pericitos, o seqüestro de

42

potentes mitógenos da matriz extracelular, as integrinas e os mecanismos de alterações

na forma da célula endotelial, determinando a redução da sua sensibilidade aos fatores

de crescimento endotelial.

Análises imuno-histoquímicas, realizadas por Takahashi et al (1994), em

hemangiomas de pele encontraram a presença marcante do VEGF e colágeno tipo IV na

fase proliferativa da lesão. Houve uma significante expressão do fator de von

Willebrand (FvW), CD31 e bFGF tanto na fase proliferativa como no estágio de

involução. A elevada expressão dos inibidores TIMP-1, actina de músculo liso (SMC-

actin) foi exclusivamente observada no estágio de involução. Estes resultados sugerem

segundo os autores, que os marcadores imuno-histoquímicos poderiam determinar o

estágio de desenvolvimento dos hemangiomas.

Adicionalmente, Freitas et al (2005) avaliaram a expressão imuno-histoquímica

do fator de crescimento celular endotelial vascular C1 (VEGF-C1), bem como

mensuraram a atividade angiogênica, através da marcação pelo FvW e CD31, em

granulomas piogênicos e hemangiomas orais. Averiguaram, ainda, se a imuno-

expressão destes marcadores poderia ser útil no diagnóstico diferencial entre as mesmas.

Os resultados deste experimento reforçaram a participação dos fatores angiogênicos na

etiopatogênese dos hemangiomas e granulomas piogênicos orais, entretanto, mostraram

que a quantificação da angiogênese não se apresentou como indicador de diagnóstico

capaz de diferenciar a atividade angiogênica entre estas lesões. Além disso, o anticorpo

FvW mostrou-se mais efetivo que o CD31 na identificação das células endoteliais dos

espécimes avaliados e que a forte expressão e o padrão de marcação uniforme do

VEGF-C1 nos hemangiomas denotaram o caráter proliferativo das lesões avaliadas

Pesquisas evidenciam que a apoptose poderia ser a responsável pela involução

dos hemangiomas. Mancini e Smoller (1996) encontraram que o proto-oncogene Bcl-2,

o qual inibe a morte programada das células, estava menos expresso nos estágios

evoluídos dos hemangiomas. Iwata et al (1996), em um estudo comparativo entre

hemangiomas capilares e granulomas piogênicos, encontraram uma alta atividade

apoptótica nos primeiros, sugerindo, dessa forma, o processo apoptótico como causa de

involução espontânea dos hemangiomas.

Quanto aos aspectos clínicos, o hemangioma é o tumor mais comum na infância,

ocorrendo em 10 a 12% das crianças com até um ano de idade. Acomete,

preferencialmente, indivíduos do sexo feminino, numa proporção de 3:1. Cerca de 80%

43

dos pacientes apresentam lesões únicas, porém 20% dos afetados possuem tumores

múltiplos (GONTIJO et al, 2005).

A pele é o órgão mais atingido e as regiões de cabeça e pescoço (60%) e tronco

(25%) são as mais afetadas. As lesões orais são encontradas mais comumente nos

lábios, língua e mucosa jugal. Em raras ocasiões, podem atingir o tecido ósseo, com

predileção pelo crânio e vértebras. O tamanho é variável dependendo de diversos fatores

que incluem, entre outros, idade do paciente e local da lesão (REGEZI; SCIUBBA,

2000; TOLEDO et al, 2004).

Souza et al (2004) observaram que dos 18 casos de hemangiomas orais, a maior

prevalência foi do sexo masculino com 10 casos (55,55%), a faixa etária mais afetada

foi entre 3-12 anos (50,03%). A maioria dos casos era da raça branca (50,03%) e a

língua foi a região mais atingida em 9 casos (50,03%), seguida da mucosa labial

(27,78%).

Corrêa et al (2007) analisaram 154 casos de lesões vasculares categorizadas

como hemangiomas, malformações vasculares e varizes de boca. Destas, as varizes de

boca foram as lesões mais freqüente (65,6%). Os pacientes do sexo feminino foram os

mais acometidos pelos hemangiomas e varizes de boca. As malformações vasculares e

varizes de boca foram mais prevalentes na 7ª e 6ª décadas de vida, respectivamente. A

localização prevalente dos hemangiomas e das varizes de boca foi a superfície ventral

da língua, e das malformações vasculares, os lábios.

Os hemangiomas completamente desenvolvidos dificilmente estão presentes ao

nascimento, embora uma mácula pálida com telangectasias filiformes possa ser

evidenciada na pele. Durante as primeiras semanas de vida, o tumor pode apresentar

desenvolvimento rápido em 90% dos casos (NEVILLE et al, 2004).

A maioria das lesões ocorre esporadicamente, entretanto história familiar de

hemangiomas tem sido observada em 10% dos casos (SUNDINE; GARRETT, 2007).

Os hemangiomas podem ser divididos em superficiais, profundos ou

combinados de acordo com sua aparência clínica. Os superficiais, em 50-60% dos

casos, são bem delimitados, firmes e elásticos à palpação, de coloração vermelho-vivo,

brilhosos, nodulares, bosselados ou em forma de placa, com pele normal ao redor e, por

vezes, de aspecto semelhante a um morango. Com a regressão da lesão, a cor

avermelhada vai clareando, do centro para a periferia, adquirindo um tom azul-

acinzentado. Os hemangiomas profundos, em 15% dos casos, são lesões ligeiramente

elevadas, da cor da pele ou de tom azulado, algumas vezes com telangectasias na

44

superfície, acometendo a derme profunda e subcutânea. As lesões mistas ou combinadas

respondem pelos 25 a 35% dos casos restantes (CHILLER; PASSARO; FRIEDEN,

2002; NEVILLE et al 2004; GONTIJO et al, 2005).

A fase de crescimento rápido, proliferativo, normalmente dura dos seis aos dez

meses de vida. Geralmente o tamanho máximo é atingido ao final do primeiro ano de

vida, embora alguns poucos casos se apresentem como uma forma frusta, de

crescimento muito discreto, e permaneçam quase indistinguíveis da lesão precursora.

Posteriormente, o hemangioma entra em uma fase quiescente, que persiste por alguns

meses, e então involui lentamente. Estima-se que 50% das lesões regridam total ou

parcialmente até os cinco anos de idade e 90% até os dez anos de idade (VERKARRE et

al, 1999; GARZON; FRIEDEN, 2000).

Após a completa resolução do tumor, a normalização da pele é restaurada em

50% dos pacientes; entretanto 40% dos indivíduos apresentam lesões residuais como

telangectasias, atrofia, hipopigmentação, rugosidade e cicatriz (BRUCKNER;

FRIEDEN, 2003). Todavia, essa resolução não é influenciada pelo tamanho da lesão,

ulceração, profundidade, sexo ou idade de apresentação, mas parece estar relacionada

com o início precoce de involução (GONTIJO et al, 2005).

Em cerca de 10 a 20% dos hemangiomas ocorrem complicações. Deve-se

ressaltar que a ulceração é a mais freqüente, ocorrendo em 15 a 13% dos casos. É mais

comum na fase de proliferação rápida e normalmente ocasiona dor e desconforto,

principalmente quando acomete lábios, região perianal, genital ou flexuras. Algumas

vezes, os tumores nas regiões de cabeça e pescoço, dependendo do volume, podem,

ainda, levar à obstrução das vias aéreas, complicações visuais e causarem

comprometimento na respiração, deglutição, fonação e audição (NEVILLE et al 2004;

GONTIJO et al, 2005).

Estima-se que 80% dos hemangiomas periorbitais, principalmente os localizados

na região da pálpebra superior, apresentam complicações visuais. A alteração mais

comum é o astigmatismo, mas outros distúrbios como ambliopia, ptose, erros de

refração, estrabismo e ceratites podem ocorrer. Em relação ao comprometimento da

respiração, as crianças com maior risco de acometimento subglótico são as que

apresentam quatro ou mais lesões localizadas nas regiões pré-auriculares, lábio inferior,

mento e pescoço. Distúrbios da audição e otites de repetição podem instalar-se quando

há obstrução do conduto auditivo externo, o que usualmente ocorre com os

hemangiomas localizados em glândula parótida. A desfiguração pode ser conseqüência

45

dos hemangiomas grandes, principalmente os que acometem a face e pescoço, tendo os

locais mais críticos o nariz, boca e pavilhão auricular (SUNDINE; GARRETT, 2007).

Os hemangiomas intra-ósseos representam menos de 1%, sendo a maior parte

dos casos ocorrendo na região de cabeça e pescoço. A mandíbula apresenta-se mais

afetada do que a maxila, numa proporção de 2:1, atingindo, principalmente mulheres na

segunda década de vida. Costumam apresentar imagem radiográfica radiolúcida única

ou multilocular. As loculações podem ser pequenas com aspecto de “favo de mel” ou

grandes com aparência de “bolhas de sabão”. Pode-se evidenciar, também, em lesões

extensas, a expansão da cortical óssea, produzindo o padrão radiográfico de “raios de

sol” Clinicamente, apresentam-se com diferentes formas. Geralmente ocorre um

aumento de volume indolor e de consistência endurecida, podendo provocar assimetria

facial. Em outros casos, pode ocorrer dor ou sangramento gengival em torno dos dentes

localizados na região da lesão (MODY; SATHAWANER; RAI, 1995; NEVILLE et al,

2004; RIBAS; LARANJEIRA; SOUSA, 2004).

A diascopia é um importante auxiliar no estabelecimento do diagnóstico

diferencial. Durante a compressão pela lâmina de vidro, o hemangioma reduz de

tamanho e adquire coloração pálida devido o esvaziamento vascular. Geralmente no

diagnóstico diferencial inclui o granuloma piogênico, melanoma, nevo, malformações

vasculares e algumas síndromes associadas à lesão como a síndrome de Sturge-Weber,

síndrome de Klippel-Trenaunay, síndrome de Rendu-Osler-Weber. Com relação aos

hemangiomas centrais, os achados radiográficos podem simular lesões císticas e

tumores de origem odontogênica, além de osteossarcoma (MODY; SATHAWANE;

RAI, 1995; RIBAS; LARANJEIRA; SOUSA, 2004; FREITAS et al, 2005). Regezi e

Sciubba (2000) enfatizam a importância da associação entre o exame clínico, história

médica e exames complementares para o diagnóstico definitivo correto da lesão.

Histologicamente, os tumores têm sua origem a partir de células endoteliais

mitoticamente ativa e pericitos, que formam vasos de pequenos capilares constituídos

por uma única camada de células, ou ainda, por capilares que formam grandes espaços

cavernosos, podendo haver proliferação de vasos linfáticos nesta estrutura. Além disto,

são lesões que não possuem cápsula em sua massa. Dessa maneira, os hemangiomas

podem ser classificados principalmente em hemangioma celular, capilar e/ou cavernoso

dependendo, assim, do número de células endoteliais e do tamanho dos espaços

vasculares proliferantes (RODRIGUES et al, 1998).

46

Na fase inicial de formação, a lesão caracteriza-se por numerosas células

endoteliais dilatadas, roliças e lúmen vascular freqüentemente indistinto. Nesse estágio,

tais lesões são usualmente conhecidas como hemangioma juvenil ou celular. Nas lesões

maduras, as células endoteliais tornam-se achatadas e pequenas, e os espaços vasculares

de tamanho capilar apresentam-se mais evidentes. Conforme os hemangiomas sofrem

involução, os espaços vasculares ficam mais dilatados, cavernosos e amplamente

espaçados. Em algumas situações, as lesões podem apresentar uma mistura de vasos

sangüíneos capilares e cavernosos (REGEZI; SCIUBBA, 2000; NEVILLE et al, 2004;

FREITAS et al, 2005; CORRÊA, 2007). Segundo Blei et al (1998) nos estágios de

involução observam-se alterações microscópicas como fibrose do tecido proliferante,

com conseqüente diminuição do componente celular endotelial e deposição de tecido

fibroadiposo e nas lesões ulceradas evidencia-se uma exuberante reação de granulação

no estroma proliferante, dificultando, assim, o diagnóstico histopatológico destas lesões.

2.4 Mensuração da Angiogênese

Ultimamente, vários marcadores biológicos, empregados para determinação de

índice angiogênico, com afinidade por epítopos específicos de células endoteliais como,

por exemplo, o fator von Willebrand ou fator VIII, CD31, CD44, CD105 e CD34, têm

sido identificados como passíveis de utilização para a informação diagnóstica e

prognóstica em muitos tipos de carcinomas e em lesões benignas, por exemplo, de

mama, útero, ovário, pele, estômago, rim, pulmão, fígado e de cabeça e pescoço, como

o granuloma piogênico e o hemangioma, os quais exibem apresentação clínica e

histopalógica semelhantes motivo pelo qual, algumas vezes, dificultam o diagnóstico.

(TAKAHASHI et al, 1994; COHEN, 2002; FREITAS et al, 2005; SANDLUND et al,

2006; SOARES et al, 2007; NETTO et al, 2008).

Apesar de vários trabalhos verificados na literatura acerca da importância da

relação da angiogênese e a evolução e prognóstico de lesões neoplásicas existem, ainda,

muitas controvérsias a respeito do tema, principalmente, no que diz respeito à

sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade das técnicas utilizadas em suas

determinações e, também, na possibilidade de seu uso como marcador de prognóstico

(SOARES et al, 2007).

47

A mensuração da angiogênese pode ser realizada nos mais variados tumores e

lesões não-neoplásicas através de uma análise qualitativa e/ou quantitativa dos vasos

imunomarcardos por anticorpos específicos. A avaliação qualitativa é realizada pela

verificação da intensidade de marcação (WAKULICH et al, 2002; FREITAS et al,

2005); enquanto a quantitativa pode ser analisada pela densidade microvascular (MVD)

que expressa a média de vasos por espécime; pela técnica de contagem microvascular

(MVC) ou pelo volume microvascular (MVV). (MAEDA et al, 1995; VERMEULEN et

al, 2002).

Comforme Weidner, Sample e Folkman (1991), a técnica de quantificação pela

MVD consiste na seleção de três diferentes áreas de maior área de densidade

microvascular (“hot spots”) num aumento de 100x. Em seguida procede-se a contagem

manual em microscopia de luz, num aumento de 200x, em cada uma destas áreas;

expressando-se, portanto, a MVD em número de vasos por mm2. Nesse sistema de

análise, as células ou grupos de células com ou sem lumens definidos que são

claramente separados por vasos, células tumorais e por outros constituintes do tecido

conjuntivo são contabilizados como vasos.

Muitos estudos indicam que a MVD intratumoral pode predizer o potencial

metastático e, conseqüentemente, o prognóstico do paciente (FOX; GASPARINI;

HARRIS, 2001). A densidade vascular em tumores tem sido avaliada pela marcação

com anticorpos contra antígenos tais como Fator de von Willebrand (FvW), CD34 e

CD31 (WEIDNER; SAMPLE; FOLKMAN , 1991).

A MVC, para obtenção do índice angiogênico, configura-se como o método

mais simples de ser empregado e apresenta um excelente valor prognóstico em tumores

de cabeça e pescoço. Assim, através de um aumento de 40x, observam-se cinco áreas de

maior densidade tecidual, por conseguinte, com aumento de 200x, contam-se

manualmente os vasos, sendo o resultado expresso pelo número médio de vasos em

cada secção histológica (MAEDA et al, 1995; FREITAS et al, 2005). No ensaio

desenvolvido em 108 amostras de carcinoma gástrico, Maeda et al (1995) observaram

que os pacientes que apresentavam um pior prognóstico tinham alta MVC e elevado

índice de PCNA (antígeno nuclear de proliferação celular). Com isso, os autores

sugerem que ambos os índices são bons indicadores de gravidade para os portadores

desta neoplasia.

Em relação ao MVV, representa uma análise de determinação de volume de

mensuração vascular em que são selecionados 15 campos e contado 100 pontos

48

coincidentes em cada, totalizando, assim, 1500 pontos, sendo o resultado expresso em

porcentagem de volume (PAZOUKI et al, 1997). Os referidos pesquisadores

asseveraram que a determinação da vascularização através do MVV é um método

sensível e que indica a transição de displasia para carcinoma epidermóide, podendo ser

empregado com indicador de prognóstico em cânceres orais iniciais e adjuvante nas

terapias anti-oncogênicas.

2.5 Biomarcadores Angiogênicos (CD105 e CD34)

O CD105 (endoglina) caracteriza-se como uma glicoproteína homodimérica

transmembrana de 180-kDa, codificada pelo gene CD105 localizado no cromossomo

9q34 e que apresenta grande especificidade, principalmente, para células endoteliais de

capilares, veias e artérias, sendo utilizado na avaliação da vascularização tanto de

tecidos normais como neoplásicos. Evidencia-se, também, a sua expressão em

macrófagos ativados, proeritroblastos imaturos, sinciciotrofoblastos e fibroblastos

(DUFF et al, 2003; ABBAS; LICHTMAN, 2005; MINHAJAT et al, 2006a; LIORCA et

al, 2007; NETTO et al, 2008).

Conforme Grudzinski et al (2006), a endoglina é preferencialmente expressa em

vasos em proliferação durante a angiogênese, enfatizando que há estudos demonstrando

que a expressão aumentada de CD105, em uma área de neoangiogênese de um tumor de

mama, está relacionada com pior prognóstico. Minhajat et al (2006a), Nikiteas et al

(2007) e Netto et al (2008) corroboram, também, que essa glicoproteína é um indicador

de neovascularização em diversos tumores sólidos para avaliação do grau de

malignidade.

A anti-endoglina monoclonal de rato, SN6h, foi originalmente descrita como

reagente com a GP160, uma glicoproteína de superfície celular associada à leucemia,

que foi posteriormente identificada como endoglina (DUFF et al, 2003). Ela é

importante para um correto desenvolvimento do vaso sangüíneo, segundo Li et al

(1999), e mutações no seu gene codante causa telangiectasia hemorrágica hereditária do

tipo I (MCALLISTER et al, 1994).

A atuação do CD105 está associada à ligação com receptores existentes nas

moléculas do fator de crescimento transformador (TGF) β1 e β3 e age também na via de

sinalização do TGF-β pela interação com seus receptores de superfície celular TβR-I

e/ou TβR-II, interferindo, dessa forma, com sua ação angiogênica. O TGF-β é um

49

polipeptídeo que tem efeitos múltiplos e, com freqüência, opostos, dependendo do

tecido e tipo de lesão. É um fator que age inibindo muitos tipos celulares epiteliais e

leucócitos, estimula a quimiotaxia fibroblástica e apresenta um forte efeito

antiinflamatório, sendo produzido por vários tipos celulares, como plaquetas, células

endoteliais, linfócitos e macrófagos. O TGF-β pertencem a família de polipeptídeos

homólogos que consistem três isoformas, TGF-β1, TGF-β2, TGF-β3, e fatores com

funções de ampla extensão, como proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs), ativinas,

inibinas e substâncias inibidora mülleriana (MIS). Na angiogênese o TGF-β atua como

um regulador negativo em tumores, interferindo na proliferação e a migração de células

endoteliais, interrompendo, portanto, a formação de novos vasos sangüíneos; enquanto a

endoglina comporta-se de forma contraria (FONSATTI et al, 2001; DUFF et al, 2003;

NAGATSUKA et al, 2005; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

Em consonância com assertiva anterior, Fonsatti et al (2001) e Borut et al

(2007) descrevem que o TGF-β regula várias funções celulares incluindo proliferação,

diferenciação, síntese de matriz extra-celular e hematopoiese, bem como está envolvido

no processo da angiogênese, vasculogênese e reparo tecidual, estimulando a

proliferação de fibroblastos e células musculares lisas.

Segundo a literatura o CD105 apresenta forte expressão em vasos sangüíneos de

tumores e fraca expressão em tecidos normais. Estudos realizados em diferentes

laboratórios usando vários anticorpos anti-CD105 têm revelado uma elevada expressão

dessa proteína em tumores incluindo os cânceres de cólon, pulmão, mama e de cabeça e

pescoço, indicando, dessa forma, ser um potente marcador na neovascularização de

tumores sólidos. A expressão elevada geralmente é induzida por hipóxia e está,

freqüentemente, relacionada com o aumento da proliferação endotelial e diminuição da

apoptose, onde são resultados da ação do fator 1 indutor-hipóxia (HIF-1) que ativa a

produção de VEGF, PDGF-β, óxido nítrico e endotelina, os quais atuam promovendo os

mecanismos angiogênicos (KUMAR et al, 1999; FONSATTI et al, 2001; KYZAS;

AGNANTIS; STEFANOU, 2006).

Reiterando a importância do CD105, Minhajat et al (2006b) realizaram um

estudo imuno-histoquímico comparando a expressão do CD105 com outros marcadores

endoteliais, como o VEGF, CD44, CD31 e TGF-β em neoplasias malignas de cérebro,

pulmão, mama, estômago e cólon, constataram que o CD105 apresentava alta

especificidade nesses tumores.

50

Em um estudo com 58 mulheres portadoras de carcinoma de ovário, Taskiran et

al (2006) investigaram o valor prognóstico do CD105 e compararam-no com o CD31.

Observaram que a endoglina foi um preditor independente de uma pobre sobrevida.

Ainda nesse experimento, os autores sugeriram a indicação dessa glicoproteína em

terapias anti-angiogênicas para carcinomas de ovário.

Avaliando a expressão do VEGF e do CD105 em 100 casos de carcinomas

gástricos, Nikiteas et al (2007), notaram uma alta expressão de ambos marcadores em

relação a metástase linfonodal. Sendo assim, concluiram que tanto o CD105 como o

VEGF são relevantes na metástase linfonodal, além de atuar como dois importantes

indicadores de prognóstico.

Por sua vez, Sandlund et al (2006) avaliaram a expressão do potencial

prognóstico do CD105, em 210 casos de carcinomas de célula renal humana, e

constataram que 76% dos espécimes expressaram a endoglina e que a imunomarcação

havia uma correlação inversa com o tamanho do tumor, envolvimento de linfonodo

regional e metástase distante (TNM), contudo não evidenciaram correlação entre o

CD105 com o sexo, idade, tamanho do tumor ou tipo celular. Assim, pacientes que

apresentaram uma alta expressão do CD105 tiveram um prognóstico mais favorável do

que aqueles com tumores de baixa expressão.

Em decorrência do mecanismo de ação do CD105 vem sugerindo a sua

aplicabilidade clínica como um dos critérios de diagnóstico e para avaliar a progressão e

identificar o risco de recorrência e metástase que determinada neoplasia apresenta e,

com isso, predizer a resposta do tratamento e mensurar a taxa de sobrevida de muitos

pacientes. Pesquisas mostram que indivíduos com doenças metastáticas apresentam

altos níveis de concentração dessa proteína no soro quando comparados a indivíduos

saudáveis (DUFF et al, 2003).

A mensuração do índice angiogênico pela MVD através da imunomarcação pelo

anticorpo anti-CD105 tem sido verificado em uma variedade de tumores malignos com

a finalidade de compreender os mecanismos de progressão dessas lesões (TANIGAWA

et al, 1997).

O carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço também tem sido alvo de

estudo para avaliação do fator prognóstico através do CD105. Kyzas, Agnantis e

Stefanou (2006) evidenciaram que o anti-CD105 foi mais expresso em vasos sangüíneos

intratumorais do que em vasos linfáticos. A alta densidade microvascular (MVD) foi

associada com o fenótipo mais agressivo do tumor, incluindo estágio clínico avançado e

51

a presença de mestátases nos linfonodos no momento do diagnóstico. Houve diferença

estatisticamente significante quando se avaliou o valor prognóstico associado à MVD

entre pacientes com tumor na cavidade oral e na laringe. O CD105 se apresentou,

portanto, como um alvo promissor para o prognóstico tumoral, sendo o biomarcador

mais sensível e específico para avaliação da MVD, quando comparado com os

marcadores pan-endoteliais.

Em um estudo realizado por Martone et al (2005), a MVD foi avaliada em 127

pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço por meio da análise

imuno-histoquímica utilizando os anticorpos anti-CD34 e anti-CD105. A MVD foi

significativamente mais alta nos tumores com estágio clínico T3 e T4, entretanto a MVD

foi bem maior quando se usou o anti-CD105 comparado com o anti-CD34. Observou-

se, ainda, que a elevada densidade vascular pela imunomarcação com anti-CD105

estava relacionada com o pior prognóstico, enquanto a positividade para anti-CD34 não

foi associada com a taxa de sobrevida. Análise multivariada confirmou que a densidade

microvascular positiva para o CD105 era um fator de prognóstico independente em

carcinoma de células escamosas.

Chien et al (2006) verificaram em 176 casos de câncer de cabeça e pescoço que

a alta imunomarcação do CD105 e do VEGF estavam correlacionados com nódulos

linfáticos metastáticos, concluindo, assim, que esses marcadores poderiam ser úteis

como preditores na taxa de sobrevida e coadjuvantes no auxílio da escolha da

modalidade terapêutica mais adequada.

Corroborando com os autores supracitados, Soares et al (2007), analisaram a

vascularização tumoral sangüínea em uma série de carcinomas ex-adenoma

pleomórficos (CXAP), que representavam diferentes fases da seqüência adenoma-

carcinoma. Em 8 (CXAP) precoces (intracapsulares ou minimamente invasores), 8

avançados (fracamente invasores) e 10 adenomas pleomórficos (AP) sem transformação

maligna foi avaliada a vascularização, através da MVD e área vascular total (AVT),

pelos anticorpos CD34 e CD105. A MVD pelo CD105 mostrou correlação positiva forte

com a progressão tumoral, porém a MVD pelo CD34 e AVT não apresentaram

nenhuma correlação. Enquanto que nos APs foram detectados raros vasos CD105

positivos, nos CXPA precoces e avançados foi encontrado número aumentado destes,

sendo que o incremento foi mais significativo nos carcinomas em fases avançadas.

De forma consensual, Netto et al (2008) buscando perspectivas para

determinação prognostica e para a terapêutica anti-angiogênica tumoral, utilizaram o

52

marcador de vasos neoformados (CD105) e o CD34 em oligodendrogliomas e

verificaram que ambos marcadores tiveram uma MVD mais significativa nos estágios

tumorais com alta malignidade, contudo somente foi encontrada uma significância

estatística para a MVD pelo CD105 entre os oligodendrogliomas no grau II e III,

indicando um aumento na neoformação vascular nos estágios mais avançados, devendo

ser avaliado, dessa forma, como possível indicador de prognóstico.

Chuang et al (2006), enaltecendo a importância da intensa expressão imuno-

histoquímica dos biomarcadores VEGF e CD105 em espécimes teciduais de 94

pacientes com câncer de língua em estágio T1 e T2 através da análise da MVD,

destacaram que ambos VEGF e CD105 estavam correlacionados com alguns aspectos

clínicos patológicos da lesão (estágio tumoral, invasão perineural, linfonodos positivos,

tamanho da lesão e presença de necrose), contudo somente o CD105 revelou como fator

associado com a taxa de sobrevida dos pacientes.

Adicionalmente, resultados semelhantes foram evidenciados por Schimming et

al (2004), os quais em um estudo quantitativo imuno-histoquímico, pela técnica MVD,

em 51 espécimes teciduais de carcinoma epidermóide oral, o CD105 revelou uma

expressiva marcação nos estágios T2, T3, T4 quando comparado com o estágio T1, e

exibiu, também, uma forte marcação na lesão tumoral em relação à mucosa saudável.

Entretanto, o VEGF não apresentou correlação significativa com a progressão e

prognóstico em câncer oral.

Contudo, em um estudo conduzido por Grudzinski et al (2006) foi verificada a

expressão do CD105 em carcinomas de mama. Das 72 pacientes com tumores primários

de mama, 34 foram considerados CD105 positivos. Dos 15 casos que tiveram

recorrência local, 10 eram CD105 positivos, e 5 eram CD105 negativos. Entretanto, a

imunomarcação do CD105 não apresentou significância estatística como preditor para

recidiva local. Todavia, esses resultados não são concordantes com os relatos de Kumar

et (1999) e Dales et al (2004) os quais demonstraram que a expressão aumentada de

CD105 em câncer de mama estava relacionada com um risco maior de metástases em

pacientes com linfonodos negativos.

Para Duff et al (2003) a discrepância dos resultados entre alguns estudos

destinados para análise angiogênica pode estar associada a vários fatores que incluem o

método de quantificação empregado, o anticorpo selecionado, o tipo de fixador e a

forma do pré-tratamento das secções teciduais.

53

Em relação ao CD34, caracteriza-se como uma glicoproteína transmembrana de

105-120-kDa que possui alta especificidade, principalmente, para células endoteliais de

vasos sangüíneos e para precursores das células hematopoiéticas. (YOSHIDA et al,

1999; ABBAS; LICHTMAN, 2005).

O CD34 atua na adesão célula a célula ao se ligar com domínios existentes nas

selectinas chamados de CD62L. A adesão e a transmigração leucocitária são reguladas

principalmente pela ligação de moléculas de adesão pertencentes aos leucócitos e na

superfície endotelial, e pelos mediadores químicos (quimiotaxinas e determinadas

citocinas) que afetam esses processos modulando a expressão na superfície ou a avidez

dessas moléculas de adesão. Assim, os receptores de adesão envolvidos pertencem a

quatro famílias moleculares, onde podemos citar as selectinas, as quais possuem um

domínio N-terminal extracelular, compreendendo a E-selectina (CD62E) ou molécula

endotelial de adesão do leucócito do tipo 1 (ELAM-1), confinada ao endotélio; a P-

selectina (CD62P), presente no endotélio e plaquetas; e finalmente a L-selectina

(CD62L) ou molécula de adesão de leucócitos do tipo 1 (LAM-1), que se expressa na

maioria dos tipos de leucócitos (ABBAS; LICHTMAN, 2005; KUMAR; ABBAS;

FAUSTO, 2005).

A L-selectina serve de receptor de endereçamento para os linfócitos entrarem

nos linfonodos ligando-se às vênulas especializadas de endotélio alto (HEVs). Ela liga,

ainda, os neutrófilos às células endoteliais ativadas pelas citocinas nos locais de

inflamação. Pelo menos três ligantes das células endoteliais podem ligar a L-selectina: a

molécula de adesão do tipo1, que contém glicano (GlyCAM-1), uma proteoglicana

encontrada nas HEVs dos linfonodos; a molécula de adesão celular adressina da mucosa

do tipo 1 (MadCAM-1), expressa pelas células endoteliais no tecido linfóide associado

às mucosas; e a glicoproteína CD34. (KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

O CD34 é um dos principais ligantes de células endoteliais que podem ligar as

L-selectinas e que segundo a literatura é fortemente expresso em diversas neoplasias

incluindo leucemias e em lesões vasculares, sugerindo, dessa forma, que sua

imunomarcação seja utilizada como critério de diagnóstico e prognóstico nessas lesões

(HEIMBURG et al, 1999; YOSHIDA et al, 1999; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

Traweek et al (1991), verificaram em várias neoplasias de origem de células

endoteliais, como angiossarcomas, sarcoma de Kaposi e hemangioendotelioma

epitelióide, que o CD34 foi moderado a intensamente expresso quando comparado com

as áreas adjacentes livres de malignidade. Constatou-se ainda que o CD34 representou

54

ser um excelente imunomarcador com alta sensibilidade para determinação de índice

angiogênico, nas referidas lesões, em relação ao fator de von Willebrand.

Enaltecendo e corroborando com o trabalho supracitado em relação à

importância do CD34 como critério de avaliação da atividade angiogênica em tumores,

Di Carlo et al (2002), descreveram a imunoexpressão desse marcador em 65 espécimes

de fígado, contendo áreas com tecido normal, estágios de inflamação crônica e áreas de

carcinoma hepatocelular, verificando que a expressividade no tecido normal foi nula; na

área de inflamação observou-se ausência ou baixa marcação focal; porém, aumentando

a intensidade de acordo com a progressão da lesão; por sua vez, as áreas de carcinoma

obtiveram uma exuberante e forte expressão quando comparado com as demais áreas

analisadas.

Contudo, em uma análise imuno-histoquímica de 113 espécimes de carcinoma

hepatocelular, Yang et al (2006) evidenciaram que o anti-CD34 foi expresso em tecido

normal hepático (86,7%), tecido paracarcinomatoso (93,8%) e em carcinomas (100%),

enquanto a imunomarcação pelo anti-CD105 foi observada somente nos casos de

carcinomas. O estudo constatou, ainda, que o anti-CD105 revelou-se como um

excelente instrumento de quantificação de novos vasos sangüíneos e um relevante

indicador de prognóstico independente para recorrência e metástase em carcinoma

hepatocelular quando comparado com anti-CD34.

Baseados em ensaios prévios que sugerem que a angiogênese em câncer de

mama poderia ser um importante fator na determinação da transformação do carcinoma

in situ para invasivo, Teo et al (2003) verificaram que dos 355 casos de carcinoma

ductal in situ avaliados, 32 desenvolveram recorrência. A MVD, quando detectada pelo

anticorpo anti-CD34, foi significantemente maior nos casos in situ do que nos de

recorrência. No entanto, os achados com o FvW foram mais sutis e sugeriram uma

tendência à diminuição da MVD com o aumento da agressividade tumoral. Como

conclusão, os autores asseveraram que um aumento na imunomarcação dos vasos pelo

CD34 e diminuição pelo FvW poderia ser capaz de predizer os casos de carcinoma

ductal in situ que teriam um alto risco de desenvolver recorrência.

Conforme o estudo realizado por Costa e Guinee (2000) em carcinossarcomas de

genitais femininos e em sarcomas epitelióides com aspectos histológicos análogos,

verificaram que por meio da análise imuno-histoquímica anti-CD34, que a intensidade

de marcação foi mais expressiva nos sarcomas epitelióides do que nos

55

carcinossarcomas, mostrando, portanto, que o CD34 pôde ser útil para se fazer o

diagnóstico diferencial entre essas duas entidades.

Porém, em uma investigação da expressão da angiogênese e sua relação com o

prognóstico do câncer colorretal pela análise da MVD e pelo método informatizado para

quantificação da área endotelial em 126 pacientes, Leme et al (2006) demonstraram que

ambos os métodos não apresentaram relação entre estes parâmetros de angiogênese e o

intervalo livre de doença e a sobrevida global em indivíduos com adenocarcinoma

colorretal.

Lopez-Graniel et al (2001) realizaram um estudo em 33 pacientes com

carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço para analisar os mecanismos

angiogênicos através da análise imuno-histoquímica com anticorpo anti-CD34 e

observaram que a elevada densidade vascular estava relacionada com a recorrência e

com um pior prognóstico.

Adicionalmente, Guttman et al (2004), avaliando a angiogênese, de acordo com

a densidade microvascular, em 23 casos de carcinoma epidermóide em língua,

detectaram que a expressão do CD34 foi mais bem evidenciada em comparação ao

FvW. Além disso, descreveram que a imunomarcação continha uma correlação positiva

com o padrão de invasão tumoral e nódulos linfáticos metastáticos.

Entretanto, objetivando avaliar a densidade microvascular, pelo método imuno-

histoquímico empregando o anticorpo anti-CD34, em 30 casos de carcinoma

epidermóide de língua, no sítio primário e em suas metástases linfáticas, Amar et al

(2002) concluíram que não houve relação significativa entre a densidade vascular no

tumor primário e as diferentes variáveis histológicas avaliadas (grau de diferenciação,

padrão de invasão, infiltrado inflamatório, necrose e desmoplasia); havendo, por

conseguinte, uma relação inversa da densidade microvascular no tumor primário e na

respectiva metástase.

Por sua vez, a pesquisa conduzida por Ascani et al (2005) em 64 casos de

carcinoma epidermóide oral, afirmaram que a análise da MVD pela imunomarcação

com o anticorpo anti-CD34 não foi possível evidenciar sua correlação clínico-

patológico de acordo com os parâmetros idade, sexo, sítio e tamanho do tumor.

Todavia, nos tumores que exibiam baixa diferenciação, observou-se uma veemente

expressão nas lesões pouco diferenciadas e ausência de marcação nos pacientes sem

metástase nodal.

56

PROPOSIÇÃO

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,

mas na intensidade com que acontecem.

Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas

inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

(Fernando Pessoa)

57

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho teve como objetivo realizar a mensuração da atividade angiogênica

através da expressão imuno-histoquímica dos anticorpos monoclonais anti-CD105

(endoglina) e anti-CD34 em hemangiomas e granulomas piogênicos orais com a

finalidade de poder contribuir para determinação do perfil angiogênico dessas lesões e

investigar se a proliferação vascular e a expressão desses marcadores angiogênicos

poderiam ser empregados como um dos métodos adequados para diagnóstico

diferencial, visto que estas lesões apresentam, algumas vezes, grande analogia clínica e

histopatológica.

58

MATERIAL E MÉTODOS

“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.”

(Sócrates)

59

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização do Estudo

O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva constituída pela

observação, análise e registro da intensidade de marcação e dos índices angiogênicos,

obtidos a partir da análise qualitativa e quantitativa de vasos sangüíneos imunomarcados

pelos anticorpos anti-CD105 (endoglina) e anti-CD34 em uma série de casos de

hemangiomas e granulomas piogênicos orais previamente selecionados. Constituiu-se,

também, de uma investigação comparativa das variáveis independentes (hemangiomas e

granulomas piogênicos), visando buscar, dessa forma, o entendimento da patogênese,

bem como apurar se a proliferação vascular e a expressão desses marcadores

angiogênicos poderiam ser aplicados como um dos meios para o diagnóstico diferencial

dessas duas lesões orais.

4.2 População

A população objeto deste estudo foi constituída por casos de hemangiomas e

granulomas piogênicos orais registrados e diagnosticados no período de 1980 a 2007 no

Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de

Odontologia da UFRN.

4.3 Amostra

A amostra selecionada para a realização desta pesquisa foi constituída por 40

espécimes teciduais de lesões orais emblocados em parafina, que foram oriundos do

Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de

Odontologia da UFRN, sendo 20 hemangiomas e 20 granulomas piogênicos orais.

Utilizaram-se na pesquisa 40 espécimes teciduais pelo fato deste número possibilitar

uma boa distribuição e dispersão dos dados.

60

4.3.1 Critérios de Inclusão da Amostra

Foram selecionados para este experimento apenas os casos de hemangiomas e

granulomas piogênicos orais, cujos blocos parafinados, oferecendo condições de corte

em micrótomo, contiveram material biológico suficiente e significativo.

4.3.2 Critérios de Exclusão da Amostra

Foram excluídos da pesquisa os blocos parafinados que não possuíam material

biológico suficiente.

4.4 Estudo Morfológico

O exame histopatológico, foi realizado em microscopia de luz, em cortes de 5μm

de espessura e corados pela técnica de Hematoxilina e Eosina. Em seguida, foi efetuada

uma análise descritiva das características anátomo-patológicas inerentes a cada lesão,

onde foram selecionados apenas os casos que apresentaram os aspectos morfológicos

padrões de hemangiomas e granulomas piogênicos orais.

4.5 Estudo Imuno-histoquímico

Todos os espécimes de hemangiomas e granulomas piogênicos orais fixados em

formol a 10% e emblocados em parafina, referentes aos casos previamente selecionados

para este estudo, foram submetidos a cortes histológicos de 3μm de espessura, os quais

foram estendidos em base de 3-aminopropyltrietoxi-silano (Sigma Chemical Co, St

Louis, Mo, USA). Posteriormente, os referidos cortes foram submetidos ao método da

imuno-histoquímica, pela técnica da Estreptoavidina-Biotina (SABC, streptoavidin-

biotin-complex), utilizando os anticorpos primários anti-CD105 (endoglina) e anti-

CD34, seguindo os passos laboratoriais descritos abaixo:

• Xilol I (30 minutos), estufa 59° - Desparafinização;

• Xilol II (20minutos), Temperatuta Ambiente (TA) - Desparafinização;

• Etanol absoluto I, II, III (05 minutos cada) - TA;

61

• Etanol 95° (05 minutos) - TA;

• Etanol 80° (05 minutos) - TA;

• Remoção do pigmento formólico com hidróxido de amônia a 10% em etanol a

95% (10minutos) - TA;

• Lavagem das lâminas em água corrente (10 minutos);

• Passagem dupla em água destilada (05minutos cada);

• Recuperação antigênica (Quadro 1);

• Lavagem em água corrente (10 minutos);

• Passagem dupla em água destilada (05 minutos cada);

• Bloqueio da peroxidase endógena com peróxido de hidrogênio 10 volumes (duas

trocas 15 minutos cada);

• Lavagem em água corrente (10 minutos);

• Passagem dupla em água destilada (05minutos cada);

• Passagem em TRIS HCl (Tris (hydroxymethyl) aminomethane Hydrochloride)

pH 7,4 (duas trocas de 5 minutos cada);

• Incubação em solução de BSA (albumina sérica bovina) a 1% e soro fetal

bovino (SFB) a 5% em TRIS HCl pH 7,4 por 60 minutos, para bloquear a reação

do anticorpo primário com proteínas inespecíficas teciduais;

• Retirar o excesso da solução dos cortes;

• Incubação dos anticorpos primários conforme a determinação do fabricante

(Quadro 1);

• Passagem solução de Tween 20 a 1% em TRIS HCl pH 7,4 (duas trocas de 05

minutos cada);

• Incubação por 15 minutos nos reagentes seqüenciais do Kit CSA (Dako

Cytomation Catalyzed Signal Amplication Sytem (CSA)) para o anticorpo anti-

CD105(endoglina) e incubação por 30min nos reagentes do Kit LSAB (Dako

Cytomation + and LSAB® + Systems) para o anticorpo anti-CD34;

• Passagem em TRIS HCl pH 7,4 (duas trocas de 05 minutos cada);

• Incubação por 03 minutos em solução de di-aminobenzidina (DAB) na

concentração de 30mg em 10ml de TRIS HCl pH 7,4 ativada por peróxido de

hidrogênio 10 volumes para revelação;

• Lavagem em água corrente (10 minutos);

• Passagem dupla em água destilada (05 minutos cada);

62

Quadro 1. Especificação, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos anticorpos primários

utilizados

• Contracoloração com Hematoxilina de Mayer (10 minutos) – TA;

• Lavagem em água corrente (10 minutos);

• Passagem dupla em água destilada (05 minutos cada);

• Desidratação em etanol em cadeia crescente de 80° ao etanol absoluto (03

minutos cada);

• Diafanização em xilol (03 passagens de 10 minutos);

• Montagem da lâmina em resina Permount® (Ficher Scientific, Fair Lawn, NJ,

USA) para observação ao microscópio de luz.

ANTICORPO

CLONE ESPECIFICIDADE DILUIÇÃO

RECUPERAÇÃO

ANTIGÊNICA INCUBAÇÃO

CD105(endoglin)

(SN6H)

Dako Corporation

Células endoteliais,

macrófagos ativados,

fibroblastos,

Sinciciotrofoblastos,

proeritroblastos.

1: 500 - Overnight

4°C

CD34

(QBEnd 101)

Dako Corporation

Células endoteliais,

precursores das

células

hematopoéticas

1:100 Citrato pH 6.0

Pascal, 30 min

Overnight

4°C

4.6 Análise do Perfil Imuno-histoquímico

As lâminas coradas pela técnica da imuno-histoquímica com anticorpos anti-

CD105 e anti-CD34 foram analisadas, à microscopia de luz (OLYMPUS BX41),

quantitativa e qualitativamente através do índice angiogênico e da intensidade de

marcação respectivamente. O índice angiogênico foi delimitado empregando-se a

técnica da contagem microvascular (MVC), de acordo com a metodologia de Maeda et

63

al (1995), em que foram selecionadas, de forma criteriosa e subjetiva, cinco áreas bem

significativas da lesão e com o maior número de vasos (densidade microvascular) sob

aumento de 40x (x4 objetiva, x10 ocular). Em seguida, através de aumento de 200x

(x20 objetiva, x10 ocular) foram quantificados manualmente os vasos por dois

observadores com auxílio de um retículo para estereologia, objetivando evitar a

recontagem de estruturas. Assim, o resultado foi expresso pelo número médio de vasos,

nestas áreas, em cada amostra das lesões. Ao final das contagens, obtivemos dois

valores para o MVC, tanto para o CD105 como para o CD34, dos quais se obteve a

média e, então, expresso um único MVC para cada caso analisado. Durante o

procedimento, qualquer célula ou grupo celular endotelial imunomarcado positivamente

separado dos microvasos adjacentes e de outros constituintes do tecido conjuntivo,

assim como os vasos contendo lúmen, foram considerados como vaso unitário. Foram

contados, como vasos, também, estruturas ramificadas e com descontinuidade na sua

conformação (Apêndice A).

Com relação à análise qualitativa da imunopositividade celular para os referidos

anticorpos, foi utilizada a metodologia proposta por Wakulich et al (2002), em que um

escore de 0 a 3 atribuiu subjetivamente a intensidade de imunomarcação dos vasos (0-

ausência de marcação; 1- marcação focal ou fraca; 2- marcação moderada ou

focalmente intensa; 3- marcação intensa e generalizada)(Apêndice B).

4.7 Análise Estatística

Com o intuito de testar as hipóteses aventadas no presente estudo, os resultados

obtidos foram submetidos a testes estatísticos apropriados. Os dados digitados em

planilhas eletrônicas Excel (Microsoft® Office XP Professional) foram exportados para o

formato DBF (Data Base Format), sendo, posteriormente, analisados e tratados

estatisticamente pelo programa SPSS (Statistical Package for Social Science version

13.0 for Windows® XP, Chicago Illinois, USA).

Considerando o parâmetro de marcação imuno-histoquímica de cada anticorpo

(anti-CD105 e anti-CD34) com as lesões analisadas, optou-se pela utilização da análise

descritiva, pois o teste estatístico não-paramétrico Qui-quadrado de Pearson com nível

de significância de 5%, não pôde ser realizada, uma vez que os dados dos resultados não

permitiram a realização dessa estratégia estatística.

64

Em relação à avaliação do índice angiogênico obtido pela contagem

microvascular (MVC), foi efetuado o teste t de Student com intuito de comparação entre

pares de grupos formulados. O intervalo de confiança estabelecido foi de 95% (α=0,05).

4.8 Implicações Éticas

O presente estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN) segundo o parecer n°

236/2007, protocolo n° 074/07, CAAE 0081.0.051.000-07 (Em anexo), onde os sujeitos

desta pesquisa assinaram os termos de consentimento livre e esclarecido tornando-se

ciente, dessa forma, de sua participação no estudo (Apêndice C). Ressalta-se, ainda, que

o presente trabalho foi executado a partir de espécimes teciduais, emblocados em

parafina, pertencentes ao arquivo de Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de

Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN. Diante disso, não houve,

portanto, exposição ou contato com pacientes portadores das lesões analisadas, as quais

foram removidas com intuito terapêutico.

65

RESULTADOS

“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante

é dar o primeiro passo.”

(Vinícius de Moraes)

66

5 RESULTADOS

5.2 Resultados Morfológicos

Ao exame histopatológico, os casos de granulomas piogênicos e hemangiomas,

sob microscopia de luz, em corte de 5µm de espessura, corados pela técnica da

Hematoxilina e Eosina, revelaram as características inerentes as referidas lesões.

Nos granulomas piogênicos orais analisados constatou-se a presença de uma

massa lembrando um tecido de granulação recoberta por epitélio pavimentoso

estratificado atrófico ou hiperplásico, geralmente exibindo áreas ulceradas, cobertas por

tecido necrótico, fibrina e polimorfonucleares neutrófilos. No estroma de tecido

conjuntivo fibroso frouxo observaram-se uma intensa proliferação angioblástica com a

formação de numerosos espaços vasculares de calibres variados, normalmente

ingurgitados por eritrócitos, associados a um exsudato inflamatório difuso, rico em

polimorfonucleares neutrófilos, plasmócitos, macrófagos espumosos e linfócitos, cuja

proporção variava com o grau de ulceração superficial (Figuras 1 e 2).

No que concerne aos espécimes de hemangiomas, foi evidenciada a existência

de múltiplas células endoteliais proliferantes ora dilatadas, ora achatadas e pequenas em

associação com uma intensa proliferação e brotamentos de vasos capilares; com lúmen

freqüentemente indistinto; e cavernosos, amplamente espaçados, sendo alguns deles

obliterados por hemácias. (Figuras 7 e 8).

5.3 Resultados Imuno-histoquímicos

5.3.1 Análise Qualitativa da Marcação Imuno-histoquímica pelos

Anticorpos Anti-CD105 e Anti-CD34

A reatividade celular observada nos hemangiomas e granulomas piogênicos foi

restrita ao citoplasma das células endoteliais de revestimento e aos agrupamentos de

células endoteliais proliferantes sem lúmen, sendo representada pela coloração

acastanhada independente da intensidade de imunomarcação.

Durante a análise qualitativa, o anticorpo anti-CD34 reagiu imunopositivamente

em 100% dos casos de hemangiomas (20) (Figuras 11 e 12) e granulomas piogênicos

(20) estudados (Figuras 5 e 6); enquanto que para o anticorpo anti-CD105 a

67

Tabela 1. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD105 em granulomas piogênicos e

hemangiomas. Natal/RN, 2008

*0-ausência de marcação; 1- marcação focal ou fraca; 2- marcação moderada ou focalmente

intensa; 3- marcação intensa e generalizada

imunoexpressão foi de 50% para os hemangiomas (10) (Figuras 9 e 10) e de 80% para

os granulomas piogênicos (16) (Figuras 3 e 4). Além disso, uma maior quantidade de

vasos sangüíneos e grupamentos de células endoteliais, nas duas lesões analisadas,

exibiram imunorreatividade mais expressiva e um padrão de marcação mais uniforme

para o anticorpo anti-CD34 quando comparados com o CD105.

Com relação à intensidade de marcação pelo anticorpo anti-CD105, dos 20

espécimes de granulomas piogênicos pesquisados, 4 (20%) foram negativos; 9 (45%)

mostraram imunoexpressão focal ou fraca; 4 (20%), positividade moderada e

focalmente intensa e 3 (15%), marcação intensa e generalizada (Tabela 1). Por sua vez,

50% dos hemangiomas (20) demonstraram uma marcação ausente para o CD105,

seguidos de 5 espécimes com imunorreatividade focal ou fraca (25%) e 5 (25%),

marcação moderada e focalmente intensa. Nenhum dos casos de hemangiomas obteve

marcação intensa e generalizada para esse anticorpo (Tabela 1).

Granuloma Piogênico Hemangioma Escore*

n % n % 0 4 20,0% 10 50,0% 1 9 45,0% 5 25,0% 2 4 20,0% 5 25,0% 3 3 15,0% 0 0,0%

Total 20 100,0% 20 100,0%

Levando em consideração a avaliação do grau de marcação imuno-histoquímica

pelo anticorpo anti-CD34 em granulomas piogênicos, a maioria (55%) teve uma

marcação forte e generalizada; 4 casos (20%) tiveram uma expressão focal ou fraca; 5

(25%), marcação moderada ou focalmente intensa (Tabela 2). Todavia, analisando os

casos de hemangiomas, grande parte dos espécimes (60%) evidenciou marcação forte

ou generalizada e 8 casos (40%), positividade moderada e focalmente intensa.

Adicionalmente, tanto nos hemangiomas quanto nos granulomas piogênicos não

revelaram marcação negativa para o CD34 (Tabela 2).

68

Tabela 2. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD34 em granulomas piogênicos e

hemangiomas. Natal/RN, 2008

*0- ausência de marcação; 1- marcação focal ou fraca; 2- marcação moderada ou focalmente

intensa; 3- marcação intensa e generalizada

Tabela 3. Valores dos índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular (MVC)

de acordo com o marcador nos espécimes de hemangiomas. Natal/RN, 2008

* Anticorpo

Granuloma Piogênico Hemangioma Escore*

n % n % 0 0 0,0% 0 0,0% 1 4 20,0% 0 0,0% 2 5 25,0% 8 40,0% 3 11 55,0% 12 60,0%

Total 20 100,0% 20 100,0%

É importante salientar que durante a análise qualitatitiva não foi possível

estabelecer diferença estatística significativa entre os escores de imunomarcação de

cada anticorpo (anti-CD105 e anti-CD34) com as lesões analisadas, uma vez que o teste

estatístico (teste não-paramétrico Qui-quadrado de Pearson) não pode ser aplicado

devido ao tamanho da amostra, sendo realizada então, a análise descritiva.

5.3.2 Análise Quantitativa da Marcação Imuno-histoquímica pelos

Anticorpos Anti-CD105 e Anti-CD34

O número médio dos vasos sangüíneos determinado pela contagem

microvascular (MVC) nos espécimes de hemangiomas imunomarcados com os

anticorpos anti-CD105 e anti-CD34 foram, respectivamente, 18,75, exibindo uma

variação 0,0 a 64,2, e 59,72 com uma variação entre 18,0 a 115,8 (Tabela 3).

Anti* Índices Angiogênicos dos Espécimes de Hemangiomas

CD105 61,6 0,0 64,2 26,8 0,0 38,2 0,0 56,6 0,0 0,0 30,2 0,0 0,0 0,0 0,0 25,4 0,0 29,6 20,2 22,2

CD34 105,8 115,8 114,8 25,6 19,4 32,4 28,4 102,6 28,4 26,2 35,2 104,8 18,0 58,2 64,4 32,4 105,8 86,8 53,2 36,2

69

* Anticorpo

* Anticorpo

O número médio dos vasos sangüíneos determinado pela contagem

microvascular (MVC) nos espécimes de granulomas piogênicos imunomarcados com os

anticorpos anti-CD105 e anti-CD34 foram, respectivamente, 20,22, apresentando uma

variação 0,0 a 38,6, e 48,09 com uma variação entre 14,2 a 129,2 (Tabela 4).

Anti* Índices Angiogênicos dos Espécimes de Granulomas Piogênicos

CD105 0,0 16,4 14,6 29,4 29,6 0,0 0,0 0,0 21,6 45,8 22,2 27,6 18,0 15,6 28,6 31,4 38,6 14,0 31,8 19,2

CD34 88,4 18,4 25,2 45,4 29,6 16,6 16,6 51,6 14,2 44,0 69,8 53,8 65,0 25,2 82,6 129,2 43,2 28,0 78,8 36,2

5.3.3 Análise Estatística da Contagem dos Microvasos Marcados pelos

Anticorpos Anti-CD105 e Anti-CD34

O resultado do teste “t” de Student demonstrou que não houve diferença

estasticamente significativa, durante a determinação das médias de contagem

microvascular (MVC), entre as duas lesões orais analisadas para os anticorpos anti-

CD105 ou anti-CD34 (Tabela 5).

Anti* Lesão n Média Desvio Padrão t p

Hemangioma 20 18,75 22,478 CD105

Granuloma Piogênico 20 20,22 13,182 0,252 0,803

Hemangioma 20 59,72 36,533 CD34

Granuloma Piogênico 20 48,09 30,031 -1,10 0,279

Tabela 4. Valores dos índices angiogênicos determinados pela contagem microvascular

(MVC) de acordo com o marcador nos espécimes de granulomas piogênicos. Natal/RN,

2008

Tabela 5. Valores dos índices angiogênicos determinados pala contagem microvascular (MVC)

de acordo com o marcador e o tipo de lesão estudada. Valores “t” e “p” para o teste “t” de

Student. Natal/RN, 2008

70

* Anticorpo

Entretanto, o resultado do teste “t” de Student revelou, ainda, que houve

diferença estasticamente significativa, durante a determinação das médias de contagem

microvascular (MVC), entre os dois anticorpos pesquisados nos hemangiomas ou

granulomas piogênicos (Tabela 6).

Lesão Anti* n Média Desvio Padrão t p

CD105 20 18,75 22,478 Hemangioma

CD34 20 59,72 36,533 -4,271 < 0,001

CD105 20 20,22 13,182 Granuloma Piogênico

CD34 20 48,09 30,031 -3,80 0,001

Tabela 6. Valores dos índices angiogênicos determinados pala contagem microvascular (MVC)

de acordo com o tipo de lesão e marcador estudado. Valores “t” e “p” para o teste “t” de

Student. Natal/RN, 2008

Figura 1. Granuloma piogênico. Fotomicrografia exibindo a superfície da lesão atrófica e um

tecido conjuntivo fibroso frouxo com um intenso infiltrado inflamatório misto permeando

numerosos vasos sangüíneos de calibres variados (H/E – 40x).

Figura 2. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento mostrando vasos sangüíneos

associados a uma inflamação mista difusa (H/E – 200x).

Figura 3. Granuloma piogênico. Marcação imuno-histoquímica para o anticorpo anti-CD105

predominantemente em vasos sangüíneos (SABC – 100x).

Figura 4. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento do quadro histológico anterior

evidenciando a imunoexpressão para o anticorpo anti-CD105 em vasos sangüíneos e em

ocasionais células endoteliais (SABC – 400x).

Figura 5. Granuloma piogênico. Fotomicrografia evidenciando padrão de marcação do anticorpo

anti-CD34 em vasos sangüíneos de calibres variados (SABC – 200x).

Figura 6. Granuloma piogênico. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão pelo anticorpo

anti-CD34 em numerosos vasos sangüíneos de variados calibres (SABC – 400x).

Figura 7. Hemangioma. Fotomicrografia mostrando numerosos espaços vasculares associados a

uma proliferação endotelial (H/E – 100x).

Figura 8. Hemangioma. Fotomicrografia em maior aumento evidenciando múltiplos vasos

sangüíneos dilatados, sendo a maioria deles ingurgitados por hemácias (H/E – 200x).

Figura 9. Hemangioma. Imunoexpressão do anticorpo anti-CD105 em vasos sangüíneos e em

ocasionais células endoteliais (SABC – 100x).

Figura 10. Hemangioma. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão para o anticorpo anti-

CD105 em vasos sangüíneos (SABC – 400x).

Figura 12. Hemangioma. Detalhe em maior aumento da imunoexpressão para o anticorpo anti-

CD34 em vasos sangüíneos e ocasionais células endoteliais (SABC – 400x).

Figura 11. Hemangioma. Imunoexpressão para o anticorpo anti-CD34 em múltiplos vasos

sangüíneos (SABC – 100x).

77

DISCUSSÃO

“Sonhar é de graça, mas realizá-lo custa muito.”

(Roberto Shinyashiki)

78

4 DISCUSSÃO

A angiogênese é um processo dinâmico caracterizado pelo desenvolvimento de

novos vasos sangüíneos a partir da divisão ou migração da vasculatura pré-existente

sendo essencial em uma série de mecanismos fisiológicos e patológicos sediados na

cavidade oral. Neste contexto, várias pesquisas têm sido conduzidas buscando detalhes

sobre a participação da angiogênese na tumorigênese em virtude da mesma fornecer um

grande aporte nutricional às células neoplásicas proliferantes, bem como estabelecer

condições favoráveis à disseminação metastática (FOLKMAN, 1995; SCHIMMING et

al, 2004; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; SOARES, 2007; SOUZA; FREITAS;

MIRANDA, 2007; NETTO et al, 2008).

O processo de progressão de uma célula normal para neoplásica envolve, dentre

muitos mecanismos, a capacidade de estimular a angiogênese, através do aumento da

secreção de fatores vaso-indutores e diminuição dos inibidores. Sendo a hipóxia um

importante sinalizador para o desencadeamento da liberação de citocinas angiogênicas

influenciando, assim, na progressão tumoral e metástase (FOX; GASPARINI; HARRIS,

2001; SCHIMMING et al, 2004; KYZAS; AGNANTIS; STEFANOU, 2006).

Tem sido caracterizada uma ampla variedade de fatores de crescimento e

citocinas como estimuladoras da neovascularização, como VEGF, FGF, PDGF, TGF-α

os quais são liberados pelas células tumorais e tidos como estimuladores da

proliferação, invasão e atividade quimiotática endotelial em muitos tipos de carcinomas

e lesões não-neoplásicas de cabeça e pescoço, como o granuloma piogênico e o

hemangioma (FOLKMAN; SHING, 1992; SHEIBANI; NEWMAN; FRAZIER, 1997;

WAKULICH et al, 2002; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; JAFARZADEH;

SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006).

Esse mecanismo da formação vascular também pode ser controlado e

equilibrado por inibidores angiogênicos, como angiostatina, endostatina e TPS-1, que

inibem a proliferação endotelial e induzem o estado de quiescência em lesões tumorais.

Logo, as células neoplásicas têm a capacidade de aumentar a expressão de fatores pró-

angiogênicos, bem como de suprir seus reguladores negativos (FOLKMAN, 1995;

KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005).

Nesta discussão, acerca da importância do papel da angiogênese, como por

exemplo, durante os mecanismos metastáticos, na vascularização dos tecidos

isquêmicos, nos processos inflamatórios crônicos, nos oligodendrogliomas, em lesões

79

vasculares como hemangiomas, sarcomas de kaposi, angiossarcomas e algumas doenças

auto-imunes, artrite reumatóide e psoríase, Fokman e Shing (1992), Folkman (1995),

Cohen (2002), Schimming et al (2004), Freitas et al (2005), Souza, Freitas e Miranda

(2007) e Netto et al (2008) são concordantes às aplicações clínicas, dos experimentos

sobre a neoformação vascular, na terapêutica para aceleração da angiogênese visando

promover o reparo tecidual, na terapia para inibição da angiogênese, em diversas

condições tumorais, e na quantificação da angiogênese para o uso em diagnóstico e

prognóstico, alicerçando, desse modo, como sendo mais um instrumento para

acompanhamento da evolução e confirmação da eficácia das técnicas terapêuticas

aplicadas atualmente aos pacientes acometidos por tais lesões.

De forma adicional, Folkman (1995), Poon, Fan e Wong (2001) e Souza, Freitas e

Miranda (2007) relatam, ainda, que além do crescimento tumoral e metástase serem

dependentes da angiogênese, a ativação de processos químicos, como a liberação de

fatores de crescimento, são capazes de conduzir a célula endotelial de uma fase inicial

de repouso para uma de rápido crescimento. As células tumorais podem superexpressar

um ou mais reguladores angiogênicos, mobilizar proteínas vasculares da matriz extra-

celular, recrutar células do hospedeiro como macrófagos ou, ainda, envolver vários

mecanismos, com intuito de permitir a perpetuação tumoral. Os autores afirmam,

também, que a maioria das lesões são clinicamente detectáveis e sintomáticas apenas

após o processo de neovascularização, salientando que o desenvolvimento de um

fenótipo angiogênico, nem sempre resulta na rápida proliferação tumoral, fato este

atribuído à ação de fatores inibitórios de crescimento vascular, podendo ser circulantes

ou teciduais.

Associado a este fato, ensaios a respeito da angiogênese, ainda precisam ser mais

desenvolvidos, afim de melhor se entender este processo e sua influência no

crescimento neoplásico, permitindo, deste modo, a avaliação do seu emprego no

diagnóstico e terapêutica (MORIYAMA et al, 1997; POON; FAN; WONG, 2001).

Por conseguinte, apesar da existência de uma variedade de citocinas, estimuladores

e inibidores da vascularização já terem sido identificada (VEGF, PDGF, TNF-α, IL-8,

IL-1, trombospondina, integrinas vasculares e outras) no que concerne na sua

capacidade regulatória sob a atividade angiogênica e, conseqüentemente, do

crescimento tumoral, muitas delas, ainda, não estão bem definidas. Entretanto, a sua

identificação e quantificação proporcionaram um meio de se avaliar a vascularização de

lesões, ressaltando que o reconhecimento das áreas tumorais mais vascularizadas, bem

80

como, a variação inter-observador podem interferir na reprodutibilidade da técnica,

devendo, dessa forma ser realizados estudos que possibilitem a sua análise de forma

padronizada, como também, estabeleçam a sua importância na aplicação clínica

(MORIYAMA et al, 1997; BERTRAN, 2001; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

Esta observação pode ser corroborada pelos achados de Freitas et al (2005) em

granulomas piogênicos e hemangiomas orais; Jafarzadeh, Sanatkhani e Mohtasham

(2006) em granulomas piogênicos e Sundine e Garrett (2007) em hemangiomas orais

que afirmam o valor da participação de uma série de fatores angiogênicos na

etiopatogênese dessas lesões.

Como constatado na revisão de literatura deste trabalho, a angiogênese pode ser

analisada qualitativa e quantitativamente através de várias metodologias por meio da

avaliação microscópica da vascularização tumoral, utilizando-se do emprego de

anticorpos específicos para as células endoteliais, como VEGF, CD31, CD34, CD44,

CD105 e o fator von Willebrand (DUFF et al, 2003; ABBAS; LICHTMAN, 2005;

MINHAJAT et al, 2006; LIORCA et al, 2007; NETTO et al, 2008).

No entanto, os autores são conflitantes na indicação do marcador imuno-

histoquímico que oferece melhores resultados na avaliação da angiogênese, porém de

acordo com Martone et al (2005), Chien et al (2006), Chuang et al (2006), Kyzas,

Agnantis e Stefanou (2006), Taskiran et al (2006), Nikiteas et al (2007), Soares et al

(2007) e Netto et al (2008) o CD105 é um excelente anticorpo de eleição na avaliação

da angiogênese. Por outro lado, Traweek et al (1991), Costa e Guinee (2000), Lopez-

Graniel et al (2001), Di Carlo et al (2002), Teo et al (2003), Guttman et al (2004) e

Ascani et al (2005) recomendam para análise de vascularização o CD34.

Assim, no estudo ora realizado, optou-se em avaliar de forma comparativa a

expressão imuno-histoquímica dos marcadores angiogênicos, CD105 (endoglina) e

CD34, em duas lesões vasculares da cavidade oral, o hemangioma e o granuloma

piogênico, as quais exibem comportamento clínico e histopatológico por vezes

semelhantes e com forte evidência para a participação de fatores angiogênicos na sua

patogênese (YUAN; JIN; LIN, 2000, FREITAS et al, 2005).

Em relação aos achados morfológicos verificados nos casos de granulomas

piogênicos analisados neste estudo, todos estão alicerçados e concordantes com as

citações de Silva-Souza (2000), Neville et al (2004), Epivatianos et al (2005),

Jafarzadeh, Sanatkhani e Mohtasham (2006), Patil, Mahima e Lahari, (2006) e Shenoy e

Dinkar (2006), onde verificaram a presença de uma massa semelhante a um tecido de

81

granulação exuberante exibindo uma proliferação endotelial associada à formação de

numerosos espaços vasculares, além de uma evidente proliferação fibroblástica e de

fascículos de fibras colágenas irradiando-se desde a base ou origem da lesão até o

interior da massa granulomatosa. O epitélio de revestimento encontrava-se adelgaçado e

atrófico ou hiperplásico, na maioria das vezes com a superfície ulcerada e recoberta por

uma membrana crostosa fibrinopurulenta. Nas lesões ulceradas, constatou-se um denso

infiltrado de células inflamatórias com leucócitos polimorfonucleares,

predominantemente concentrados na superfície e, mais disseminados, nas áreas

profundas, evidenciou-se uma grande quantidade de plasmócitos, macrófagos

espumosos e linfócitos (Figuras 1 e 2).

No que concerne aos hemangiomas, tais achados histopatológicos, constituídos

por uma evidente proliferação de células endoteliais roliças e brotamentos com lúmen

vascular geralmente indistinto associados a numerosos capilares e/ou cavernosos

dependendo do tamanho dos espaços vasculares proliferastes, foram condizentes com os

descritos na literatura (Figuras 7 e 8) (RODRIGUES et al, 1998; REGEZI; SCIUBBA,

2000; NEVILLE et al, 2004; FREITAS et al, 2005; CORRÊA et al, 2007).

De acordo com Vermeulen et al (2002), Freitas et al (2005) e Souza, Freitas e

Miranda (2007) a quantificação de vasos sangüíneos em secções histológicas pode ser

útil como indicador de diagnóstico e prognóstico em lesões de cabeça e pescoço. No

entanto, a mesma pode ser influenciada por vários fatores, incluindo o tipo de fixador

utilizado, o pré-tratamento dos espécimes antes da marcação, o método de quantificação

empregado e o anticorpo selecionado. Schor et al (1998) afirmaram que o pré-

tratamento das secções histológicas é a variável que mais exerce influência na

estimativa da vascularização em espécimes teciduais. Através de um estudo

comparativo entre diferentes metodologias destinadas à quantificação da angiogênese,

estes autores demonstraram que a variação no tipo de tratamento dos espécimes

teciduais (digestão enzimática e aquecimento) produzia diferentes valores de índices

angiogênicos colocando em questão os resultados da pesquisa. Diante dessas

observações, no corrente estudo, buscou-se seguir a reprodutibilidade das técnicas

conforme as determinações dos fabricantes de cada anticorpo (Quadro 1) (BOURNE,

1983), ressaltando-se, dessa forma, a necessidade de se padronizar um protocolo para a

determinação da angiogênese, pois variações na metodologia poderiam ocasionar falhas

na técnica de coloração e na obtenção do índice angiogênico (DUFF et al, 2003;

SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

82

Em decorrência das diferentes recomendações de técnicas destinadas à

quantificação da angiogênese (WEIDNER; SAMPLE; FOLKMAN, 1991; PAZOUKI et

al, 1997; MAEDA et al, 1995) procedeu-se, inicialmente, uma avaliação da MVD,

MVC e MVV e constatou-se que a MVC foi o método, de obtenção do índice

angiogênico, mais simples, efetivo e de fácil aplicabilidade encontrado para análise da

angiogênese de tumores de cabeça e pescoço (MAEDA et al, 1995; FRIDMAN et al,

2000; FREITAS et al, 2005; SOUZA; FREITAS; MIRANDA, 2007).

Com isso, alicerçando a plausibilidade em relação ao método de contagem de

microvasos, Jacquemier et al (1998) procurando estabelecer parâmetros comparativos

de agressividade e sensibilidade terapêutica em pacientes portadores de câncer de mama

entre a determinação da MVC, utilizando o anticorpo anti-CD31, e Erenoglu et al

(2000) buscando uma correlação entre a MVC e dados clínicos patológicos do

carcinoma gástrico, através da marcação com o anticorpo anti-fator VIII; esses

estudiosos asseveraram que a MVC tem grande valor de prognóstico, especialmente na

indicação de pacientes com alto risco de recidiva e com necessidade de terapia pós-

operatória complementar. Todavia, Fridman et al (1998) sugerem que essa técnica deve

ser mais bem estudada e otimizada, antes de ser utilizada na rotina para determinação

prognóstica nos mais variados tipos de cânceres humanos.

É importante ressaltar que durante a avaliação da reatividade pelos anticorpos,

anti-CD105 e anti-CD34, necessitou-se por parte dos examinadores um período de

adaptação e treinamento da técnica, pois ocasionalmente, a marcação não ocorreu de

forma muito evidente e bem definida, em diversos casos de hemangiomas e granulomas

piogênicos imunomarcados, como por exemplo, pelo CD105 (Tabela 1) em

aglomerados de células endoteliais e vasos, devendo, dessa forma, o avaliador estar

familiarizado com a metodologia, a fim de evitar equívocos na contagem. Sendo assim,

a importância de um treinamento prévio para uma satisfatória capacitação dos

patologistas com a metodologia, bem como sua padronização e a do anticorpo a ser

empregado, procurando, com isto, possibilitar um procedimento com mínima

variabilidade e boa reprodutibilidade, afirmações concordantes com os estudos de

Fridman et al (2000), Duff et al (2003) e Souza, Freitas e Miranda (2008).

Observou-se na amostra ora estudada que a expressão imuno-histoquímica dos

anticorpos anti-CD105 e anti-CD34 nos hemangiomas e granulomas piogênicos foi

restrita ao citoplasma das células endoteliais de revestimento e aos agrupamentos de

células endoteliais proliferantes que não formavam lúmen sendo, dessa forma,

83

congruentes com os trabalhos que afirmam ser o CD105 e CD34 anticorpos com

afinidade por epítopos específicos de células endoteliais (MARTONE et al, 2005;

SOARES et al, 2007; YANG et al, 2006; NETTO et al, 2008).

Conforme as citações de Kyzas, Agnantis e Stefanou (2006), existem poucos

estudos sobre a imunomarcação dos anticorpos anti-CD34 e anti-CD105 em vasos

linfáticos, entretanto é possível que dentre os vasos imunomarcados, nesta pesquisa,

existam alguns do tipo linfático, porém de pouca significância na avaliação da

angiogênese. Do mesmo modo, verificou-se que o CD105 apresentava, algumas vezes,

especificidade para certos fibroblastos e macrófagos ativados (DUFF et al, 2003;

LIORCA et al, 2007), contudo durante a análise dos resultados investigou-se, também,

de forma cautelosa a morfologia dos componentes celulares imunomarcados, evitando,

por conseguinte, erro de contagem microvascular. Portanto, estamos convencidos que a

maior parte da marcação ocorreu no endotélio vascular dos espécimes estudados.

As informações contidas nas tabelas 1 e 2 evidenciam os resultados da análise

qualitativa obtidos com os anticorpos anti-CD105 e anti-CD34. Verifica-se que o CD34

reagiu positivamente em 100% dos casos de hemangiomas (Figuras 11 e 12) e

granulomas piogênicos (Figuras 5 e 6). Por outro lado, o CD105 reagiu em 50 e 80%

dos espécimes de hemangiomas (Figuras 9 e 10) e granulomas piogênicos (Figuras 3 e

4) respectivamente, demonstrando, com isso, que o CD34 apresenta alta sensibilidade

de imunomarcação, fato verificado em diversas condições tumorais, conforme

observado por Traweek et al (1991) em angiossarcomas, sarcoma de Kaposi e

hemangioendotelioma epitelióide; Guttman et al (2004) em carcinoma epidermóide de

língua e Yang et al (2006) em carcinoma hepatocelular.

No tocante a intensidade de marcação, a maioria dos espécimes submetidos à

aplicação do anticorpo anti-CD34, tanto nos granulomas piogênicos (55%) como nos

hemangiomas (60%) exibiram imunoexpressão forte e generalizada (Tabela 2),

contrariamente, grande parte dos granulomas piogênicos (45%) e dos hemangiomas

(50%) tiveram marcação focal ou fraca e negativa respectivamente quando submetidos à

aplicação do anticorpo anti-CD105 (Tabela 1). Estes resultados são condizentes com os

achados de Traweek et al (1991), Di Carlo et al (2002), Teo et al (2003), Guttman et al

(2004) e Ascani et al (2005) que reiteram a importância da intensidade de

imunomarcação pelo anticorpo anti-CD34 no estudo da angiogênese.

Os resultados deste experimento não demonstraram boa efetividade do CD105

para quantificação da vascularização para análise da angiogênese, observações estas que

84

se confrontam com os obtidos por Martone et al (2005), Chien et al (2006), Kyzas,

Agnantis e Stefanou (2006) e Soares et al (2007) que recomendam a mensuração da

angiogênese, estabelecida pelo o anticorpo anti-CD105 como excelente indicador de

avaliação e prognóstico para pacientes com carcinomas de cabeça e pescoço.

Adicionalmente, de acordo com Heimburg et al (1999), Yoshida et al (1999) e

Di Carlo et al (2002), o CD34 é o anticorpo de eleição na avaliação da angiogênese.

Tais afirmações não são congruentes com os achados de Saad et al (2004) em um estudo

realizado em câncer colorretal, os quais recomendam o CD105 como o marcador

endotelial ideal para mensuração da angiogênese e de valor preditor de metástase em

comparação com os marcadores pan-endoteliais. Todavia, neste ensaio, em particular,

os espécimes submetidos à marcação com o CD34, exibiram um padrão de marcação

mais uniforme e interpretação mais fácil quando comparado à imunomarcação com o

CD105, embora os índices angiogênicos, obtidos a partir da contagem dos microvasos

(MVC) marcados por estes anticorpos, não tenham mostrado diferença estatisticamente

significativa nas duas lesões orais analisadas (Tabela 5).

Neste contexto, várias pesquisas foram realizadas buscando detalhes acerca da

participação dos anticorpos anti-CD105 e anti-CD34 em diversas lesões tumorais.

Assim, Sugita et al (2006) em um estudo em linfomas do sistema nervoso central;

Erdem et al (2007) em uma pesquisa conduzida em uma série de casos de hiperplasias e

carcinomas endometriais; e no ensaio realizado por Netto et al (2008) em

oligodendrogliomas, esses autores verificaram que pela avaliação da angiogênese pela

MVD o CD34 e o CD105 revelaram-se serem bons marcadores endoteliais, contudo

somente o CD105 mostrou-se eficaz como possível fator de prognóstico e alvo para

terapêutica anti-angiogênica nas referidas lesões.

Conforme os dados apresentados neste estudo, a ausência de diferença na

determinação das médias de contagem microvascular (MVC), entre hemangiomas e

granulomas piogênicos analisadas com os anticorpos anti-CD105 ou anti-CD34 refletem

a semelhança clínica e histopatológica entre as duas lesões, e ao mesmo tempo, revelam

a ineficácia da quantificação da angiogênese como indicador de diagnóstico diferencial

entre as mesmas. A aplicação do teste “t” de Student demonstrou que, mesmo com a

variação do anticorpo (CD105 e CD34), as médias dos índices angiogênicos,

conseguidos a partir da contagem dos microvasos, apresentavam-se semelhantes nas

duas lesões avaliadas (Tabela 5). Esses achados estão em consonância com os

resultados obtidos por Freitas et al (2005), onde através da utilização dos anticorpos

85

CD31 e Fator de von Willebrand para mensuração da angiogênese em hemangiomas e

granulomas piogênicos, verificaram que esses marcadores pan-endoteliais não se

configuraram como indicador de diagnóstico capaz de diferenciar a atividade

angiogênica entre estas lesões por meio da técnica de contagem de microvasos.

De forma não consensual, com os resultados supracitados a respeito do anticorpo

anti-CD34, Costa e Guinee (2000) analisando a expressão imuno-histoquímica pelo o

anticorpo anti-CD34, constataram que a intensidade de marcação foi mais expressiva

nos sarcomas epitelióides do que nos carcinossarcomas, mostrando, portanto, que o

CD34 pôde ser útil para se fazer o diagnóstico diferencial entre essas duas entidades.

Destaca-se, no presente estudo, que os índices angiogênicos verificado pelo

anticorpo anti-CD105 nos hemangiomas e granulomas piogênicos foram bem inferiores

quando comparados com o CD34 (Tabelas 3, 4 e 6), além disso, em muitos casos o

CD105 mostrou-se com o índice igual a zero (Tabela 3 e 4) ou imunoexpressão negativa

(Tabela 1). Com base nesse contexto, poderíamos inferir que a baixa quantidade de

vasos e ausência de marcação pelo CD105 nos espécimes estaria associada ao fato da

endoglina ser um excelente marcador de neoformação vascular (Figuras 3, 4, 9 e 10), no

entanto o CD34 se configura, dessa forma, como um marcador pan-endotelial incapaz

de diferenciar os vasos neoformados dos vasos pré-existentes (Figuras 5, 6, 11 e 12)

(FREITAS et al, 2005; LICHTMAN, 2005; KYZAS; AGNANTIS; STEFANOU,

2006), daí uma maior quantidade de vasos imunopositivos para esse anticorpo. Tais

observações são corroboradas com as declarações de Chuang et al (2006), Grudzinski et

al (2006), Barresi et al (2007), Li et al (2007) e Netto et al (2008) que ressaltam que a

endoglina é preferencialmente expressa em vasos em proliferação durante a

angiogênese, onde, uma área de neoangiogênese de um tumor, está relacionada com

pior prognóstico. Por isso, o seu uso na avaliação do grau de malignidade tumoral e na

mensuração da taxa de sobrevida de muitos pacientes.

Poderíamos deduzir, ainda, baseados nos achados deste experimento através da

imunomarcação pelo CD105, partindo do princípio que esse anticorpo age sobre vasos

neoformados, que os espécimes que obtiveram marcação negativa, poderiam estar em

um estágio evoluído ou quiescente em que os fatores angiogênicos (VEGF, bFGF, TNF-

α, PDGF e IL-8) (TAKAHASHI et al, 1994; GASPARINI; HARRIS, 2001; KUMAR;

ABBAS; FAUSTO, 2005; SUNDINE; GARRETT, 2007) estariam em equilíbrio com

os fatores antiangiogênicos (TGF-β, TIMP-1, angiostatina, endostatina e TPS-1)

86

(FOLKMAN; SHING, 1992; KUMAR; ABBAS; FAUSTO, 2005; SUNDINE;

GARRETT, 2007).

Sendo assim, 50% dos hemangiomas se encontrariam em fase não proliferativa

e 80% dos granulomas piogênicos, em condição de desenvolvimento ou de proliferação

endotelial (Tabela 1), reforçando, dessa forma, a importância dos mecanismos

angiogênicos na etiopatogênese dessas duas lesões (TAKAHASHI et al, 1994;

KANDA; YUAN; JIN; LIN, 2000; HAMLAT et al, 2005; WATANABE, 2005;

JAFARZADEH; SANATKHANI; MOHTASHAM, 2006; SUN; ZHAO; ZHANG,

2007). Nesse caso, em virtude destes resultados, poderíamos sugerir, outrossim, que as

lesões que se evidenciavam no estágio proliferativo, apresentariam, principalmente, uma

elevada atividade do fator de crescimento endotelial (VEGF), considerado por

Takahashi et al (1994), Yuan, Jin e Lin (2000), Freitas et al (2005), Hamlat et al (2005)

e Sun, Zhao e Zhang (2007) como um potente mitógeno para células endoteliais,

expresso apenas em fases de desenvolvimento e ausente em secções histológicas de

lesões nas fases de involução e involuída.

No entanto, vale salientar que a ação de outros fatores etiológicos já

mencionados na revisão de literatura deste ensaio, para os hemangiomas e granulomas

piogênicos, não deve ser desprezada, já que intensificam a resposta tecidual à ação

desses fatores angiogênicos (RIBAS; LARANJEIRA; SOUSA, 2004; FREITAS et al,

2005; SHENOY; DINKAR, 2006).

Diante do que foi exposto, acreditamos que a importância da angiogênese no

crescimento e desenvolvimento de diversas condições tumorais de cabeça e pescoço é

inquestionável. Os resultados encontrados nesta pesquisa, portanto, sustentam não só a

semelhança entre hemangiomas e granulomas piogênicos orais e a relevância da

imunomarcação pelos anticorpos anti-CD105 e anti-CD34 no estudo da neoformação

vascular, como, também a tendência apresentada pela literatura disponível (HAMLAT

et al, 2005; WATANABE, 2005; JAFARZADEH; SANATKHANI; MOHTASHAM,

2006; SUNDINE; GARRETT, 2007; SUN; ZHAO; ZHANG, 2007; NETTO et al,

2008) de considerar importante a participação de fatores angiogênicos na patogênese

destas lesões.

Todavia, destacamos que o papel exato deste fenômeno e sua relação com o

desenvolvimento de muitas lesões necessita, ainda, ser esclarecido com o objetivo de

que este possa ser mais um parâmetro seguro a ser utilizado como ferramenta na

87

identificação do potencial biológico tumoral e como adjuvante das técnicas terapêuticas

disponíveis.

88

CONCLUSÕES

"Realize o seu próprio sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso...

eu não posso acordar você. Você é quem pode se acordar."

(John Lennon)

89

5 CONCLUSÕES

• O anticorpo anti-CD34 mostrou-se mais efetivo na identificação das células

endoteliais e vasos sangüíneos dos espécimes avaliados neste estudo.

• Os resultados deste ensaio demonstraram uma boa efetividade do anticorpo anti-

CD34 para determinação do índice angiogênico pela contagem microvascular

(MVC) nos casos analisados.

• A expressão imuno-histoquímica do anticorpo anti-CD105 sugere ser um

excelente marcador de diferenciação de vasos neoformados dos vasos pré-

existentes nas lesões orais estudadas.

• A quantificação da angiogênese não se apresentou como indicador de

diagnóstico capaz de diferenciar atividade angiogênica entre hemangiomas e

granulomas piogênicos orais estudados.

• Os hemangiomas e granulomas piogênicos orais são lesões angiogênese-

dependentes com proliferação endotelial desencadeada pela ação de moléculas

angiogênicas.

90

REFERÊNCIAS

"Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar."

(Paulo Coelho)

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103

APÊNDICES

“Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a

atenção. Por isso realizar é não realizar.”

(Fernando Pessoa)

104

APÊNDICE A - FICHA DE AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES ANGIOGÊNICOS

Ficha de avaliação dos índices angiogênicos determinados pela contagem

microvascular (MVC) em ________________________ orais de acordo com a

expressão imuno-histoquímica do anticorpo _________ .

ÍNDICES ANGIOGÊNICOS Campos Campos

Caso 1 2 3 4 5 Nº Médio de Vasos Caso 1 2 3 4 5 Nº Médio

de Vasos 01

11

02

12

03

13

04

14

05

15

06

16

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20

105

APÊNDICE B - FICHA DE AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DE MARCAÇÃO

Ficha de avaliação da intensidade de marcação em ____________________ orais de

acordo com a expressão imuno-histoquímica do anticorpo _________ .

INTENSIDADE DE MARCAÇÃO

Caso 0 1 2 3 Caso 0 1 2 3

01

11

02

12

03

13

04

14

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106

APÊNDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Convidamos você para participar da pesquisa sobre a Expressão Imuno-

histoquímica dos Marcadores Angiogênicos CD105 (endoglina) e CD34 em

Hemangiomas e Granulomas Piogênicos Orais o que significa estudar a ação de duas

substâncias protéicas (CD105 e CD34) que atuam em células que compõem vasos

sangüíneos em hemangiomas e granulomas piogênicos de boca (lesões que surgem de

vasos sangüíneos) com a finalidade de entender a formação dessas lesões na boca.

A sua participação não trará nenhum risco previsível ou desconforto. Você não

será submetido a nenhum procedimento, porém você deve autorizar os pesquisadores a

examinarem os seus fragmentos de tecido que já foram tirados de sua boca que estão

guardados em blocos de parafina (cera), sendo as informações confidenciais, guardadas

em local seguro e somente usadas com o propósito científico, sem divulgação do seu

nome.

Sua participação é voluntária, caso queira, você poderá desistir a qualquer

momento, sem que isso lhe traga prejuízo ou penalidade, basta que retire o seu

consentimento em participar.

A pesquisa deverá contribuir para o aumento do conhecimento na área de

diagnóstico de lesões vasculares comuns de boca, que se apresentam de formas muito

parecidas, dificultando, assim, o diagnóstico. Portanto, um melhor entendimento da

formação dessas lesões deverá facilitar na escolha do tratamento mais adequado,

trazendo assim, benefícios para a sociedade de um modo geral.

107

Você não terá nenhum gasto financeiro por qualquer procedimento executado

por essa pesquisa e terá direito a reembolso (ressarcimento) de qualquer gasto

comprovadamente que você tenha feito para a realização desse estudo, bem como será

indenizado em caso de dano comprovadamente ocorrido por sua participação na mesma.

Você receberá uma cópia desse termo no seu endereço via correio com aviso de

recebimento e qualquer dúvida a respeito da pesquisa poderá perguntar a Lélia Maria

Guedes Queiroz, no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, Natal/RN fone (84)

3215-4138 E-mail: lmgqueiroz@ hotmail.com

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os

riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa

“Expressão Imuno-histoquímica dos Marcadores Angiogênicos CD105 (endoglina)

e CD34 em Hemangiomas e Granulomas Piogênicos Orais”.

Assinatura ou impressão

Digital do voluntário: _____________________________ Data:___/___/___

Assinatura do pesquisador: _________________________ Data:___/___/___

Quanto à ética dessa pesquisa poderá ser questionada ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo telefone 3215-33135.

108

ANEXOS

“Só existe dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se

chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o

dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”.

(Dalai Lama)