41
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS TÚLIO DE SOUZA TRINDADE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E A LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA OPTANTE PELO SIMPLES NACIONAL NATAL/RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

TÚLIO DE SOUZA TRINDADE

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E A LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE

ENGENHARIA OPTANTE PELO SIMPLES NACIONAL

NATAL/RN

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

3

TÚLIO DE SOUZA TRINDADE

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E A LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE

ENGENHARIA OPTANTE PELO SIMPLES NACIONAL

Monografia apresentada à Coordenação do

Curso de Ciências Contábeis da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito para obtenção do

Título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. M.e. Pedro Lopes de

Araújo Neto

NATAL/RN

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Trindade, Túlio de Souza.

Planejamento tributário e a lei complementar nº 155, de 2016: estudo de caso

em uma empresa prestadora de serviços de engenharia optante pelo simples

nacional / Túlio de Souza Trindade. - Natal, 2017.

39f.: il.

Orientador: Prof. Me. Pedro Lopes de Araújo Neto.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências

Contábeis.

1. Simples Nacional - Monografia. 2. Lei Complementar nº 155/2016 -

Monografia. 3. Folha de Pagamento - Monografia. 4. Planejamento Tributário -

Monografia. I. Araújo Neto, Pedro Lopes de. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 336.22:657

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

4

TÚLIO DE SOUZA TRINDADE

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E A LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE

ENGENHARIA OPTANTE PELO SIMPLES NACIONAL

Monografia apresentada à Coordenação do

Curso de Ciências Contábeis da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, como requisito para obtenção do

Título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Data da aprovação: 23/06/2017

Banca examinadora:

____________________________________

Pedro Lopes de Araújo, Prof. M.e.

Orientador

____________________________________

José Jailson da Silva, Prof. Dr.

Membro da Banca

____________________________________

Alexandro Barbosa, Prof. Dr.

Membro da Banca

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

5

Dedico este trabalho aos meus

pais, que dedicaram seus cuidados

e esforços máximos para

proporcionar o melhor que podiam

me dar. Vivenciaram as minhas

conquistas acadêmicas e

alegraram-se como se fossem suas

próprias vitórias.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

6

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, que dedicaram esforços imensuráveis para que para que eu chegasse

até a conclusão desta graduação.

Ao meu orientador, Pedro Lopes, pelos ensinamentos e contribuições durante a

elaboração deste trabalho.

A empresa objeto deste estudo de caso que cedeu suas informações para realização

deste estudo.

A todos que foram meus professores durante a graduação, por suas contribuições para

minha formação profissional.

Aos meus colegas de curso, em especial, aos amigos Thalys Belchior, Guilherme

Henrique, Antônio Bonfim, Thiago Rodrigues, Aline Dayane, Sonayde Lyany, e ao meu bom

amigo José Roberto.

Aos meus colegas de trabalho da Alves Consultoria pelo apoio e incentivo durante a

elaboração deste trabalho.

E ao meu amigo Elijacson Santos, que de longe acompanhou e me apoiou

principalmente nesta reta final.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

7

RESUMO

O Governo Federal alterou a metodologia e as tabelas para cálculo do imposto devido pelas

microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional por meio da

publicação da Lei Complementar nº 155, de 2016, que produz efeito a partir de 1º de janeiro

de 2018. Essa Lei Complementar estabelece tratamento peculiar quanto a apuração do

imposto devido pelos prestadores de serviço enquadrados no Anexo V. Trata-se da tributação

de um mesmo serviço por tabelas diferentes, dependendo da razão entre a folha de salários e a

receita bruta, como é o caso dos serviços de engenharia. O estudo tem por objetivo verificar

se o gasto com folha de pagamento impacta na redução da carga tributária das empresas

optantes pelo Simples Nacional enquadradas no Anexo V da Lei Complementar nº 155, de

2016. Realizou-se um estudo de caso em uma empresa localizada no município de Natal/RN,

prestadora de serviços de engenharia e optante pelo Simples Nacional. A metodologia da

pesquisa é caracterizada como descritiva e estudo de caso, com abordagem

predominantemente qualitativa. Os dados utilizados no trabalho foram o faturamento e a folha

de salários, ambos mensais, dos anos de 2015 e 2016. De modo geral, com a vigência da Lei

Complementar nº 155, de 2016, os resultados indicam que o gasto com a folha de pagamento

impacta significativamente na redução da carga tributária das empresas enquadradas no

Anexo V desta Lei, proporcionando uma redução da carga tributária de até 6,43%.

Palavras-Chave: Simples Nacional. Lei Complementar nº 155/2016. Folha de Pagamento.

Planejamento Tributário.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

8

ABSTRACT

The Federal Government has changed the methodology and the tables for calculating the tax

due by micro-enterprises and small companies opting for the National Simples through the

publication of Complementary Law 155, of 2016, which takes effect as of January 1, 2018.

This Complementary Law also establishes a peculiar treatment regarding the determination of

the tax due by the service providers included in Annex V. This is the taxation of the same

service by different tables, depending on the ratio between the payroll and the gross revenue,

as is The case of engineering services. The study aims to verify if the payroll expense impacts

on the reduction of the tax burden of the companies opting for the National Simples included

in Annex V of Complementary Law 155, of 2016. A study that was held in a company in the

town of Natal/RN, provider of engineering services and opting for Simples Nacional. The

research methodology is characterized as descriptive and case study, with a predominantly

qualitative approach. The data used in the study were the monthly salary and salary data for

the years 2015 and 2016. In general, with the application of Complementary Law No. 155, of

2016, the results indicate that the expenditure with the Impact of the reduction of the tax

burden of the companies included in Annex V of this Law, providing a reduction of the tax

burden of up to 6.43%.

Key-words: Simple National. Complementary Law nº 155/2016. Payroll. Tax Planning.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26

Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006. 27

Tabela 03 - Apuração Simples Nacional - Lei Complementar nº 123, de 2006. 27

Tabela 04 - Demonstrativo Folha de Salários. 29

Tabela 05 - Demonstrativo Razão Entre Folha de Salários e Receita Bruta. 29

Tabela 06 - Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016 – Simples Nacional. 30

Tabela 07 - Apuração Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016 30

Tabela 08 - Comparativo da apuração do Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar

nº 155, de 2016. 31

Tabela 09 - Apuração do Simples Nacional – Anexo III da Lei Complementar nº155, de

2016. 31

Tabela 10 - Demonstrativo Folha de Salários com Aumento de Pró-labore. 32

Tabela 11 - Demonstrativo da razão entre folha de salários e receita bruta com aumento da

retirada de pró-labore 34

Tabela 12: Comparativo Apuração do Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar

nº 155, de 2016. 35

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

EPP Empresa de Pequeno Porte

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

LC Lei Complementar

ME Microempresa

MPE Micro e Pequena Empresa

PIS/Pasep Programa de Integração Social

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................... 12

1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13

1.2.1 Geral ............................................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA .......................................................................................... 15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 16

2.1 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................... 16

2.2 BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA PARA MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS ......................................................................................................................... 17

2.3 SIMPLES NACIONAL ...................................................................................................... 18

2.4 LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016 – ALTERAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL

.............................................................................................................................................. 20

2.5 CONCEITO E ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DOS SERVIÇO DE ENGENHARIA ....... 22

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 24

3.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 24

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................ 25

3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS ..................................................................... 25

4. ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................................... 27

4.1 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL PELAS REGRAS VIGENTES NO

EXERCÍCIO DE 2016 ......................................................................................................... 28

4.2 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL CONFORME LEI Nº 155, DE 2016 PELO

ANEXO V ............................................................................................................................ 29

4.3 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL CONFORME LEI Nº 155, DE 2016 PELO

ANEXO V ............................................................................................................................ 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

12

1. INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO

O Simples Nacional, regime de tributação adotado por aproximadamente 4,91 (quatro

vírgula nove) milhões de empresas no Brasil, sofreu importante mudança com a publicação da

Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016.

Uma das mais importantes mudanças, e que será abordada nesta pesquisa, é a respeito

da modificação da metodologia de apuração do imposto devido pelas microempresas e

empresas de pequeno porte optantes por este regime tributário. Sendo assim, é relevante e

necessário que essas empresas avaliem os impactos sobre sua carga tributária causados por

essa Lei Complementar, ou seja, impactos negativos ou positivos.

A ferramenta capaz de mensurar esses impactos, bem como identificar os meios e

formas tributárias menos onerosas é o planejamento tributário, que busca, dentro da

legalidade, encontrar os meios capazes de proporcionar o menor custo tributário.

A sistemática de apuração do Simples Nacional consiste na aplicação de alíquotas

sobre a receita bruta auferida em cada mês de competência. Essas alíquotas são determinadas

de acordo com tabelas progressivas, denominadas de Anexos do Simples Nacional, nas quais

constam faixas de faturamento e alíquotas para cada uma dessas faixas.

A atividade econômica exercida pela empresa definirá qual anexo será considerado

para aplicação das devidas alíquotas.

A Lei Complementar nº 155, de 2016 criou novas tabelas e revogou as anteriores, ou

seja, novos Anexos com diferentes alíquotas e faixas de faturamento. Além disso, modificou a

metodologia para determinação das alíquotas aplicadas sobre a receita bruta, utilizando agora

conceitos como alíquota nominal e alíquota efetiva.

A metodologia e os Anexos implementados pela Lei Complementar nº 155, de 2016;

entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2018.

Ainda relacionado a apuração do imposto devido, essa legislação atribuiu tratamento

peculiar quanto a apuração do Simples Nacional de determinadas empresas prestadoras de

1 De acordo com estatísticas da Receita Federal do Brasil, publicadas no portal do Simples Nacional em

dezembro de 2016. Disponível em:

https://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/estatisticaArrecadacao/Simples_Nacional_Quan

tidade_Optantes_04.2017.ods - Acesso em 20/05/2017.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

13

serviços, que serão tributadas com base em Anexos distintos caso a razão da folha de

pagamento e a receita bruta seja inferior ou superior a 28% (vinte e oito por cento).

Desta forma, a partir da Lei Complementar nº 155, de 2016, a folha de pagamento será

um fator influente na apuração do Simples Nacional, determinando qual será a tabela base

para cálculo do imposto devido, cenário inexistente até a publicação desta Lei Complementar.

Destaque para as empresas enquadradas no Anexo V da LC nº 155, de 2016, que irão

apurar o imposto devido com base no Anexo III no período de apuração em que a razão da

folha de pagamento e a receita bruta for superior a 28% (vinte e oito por cento).

Sabe-se que a tabela do Anexo III traz alíquotas nominais menores em comparação

com a tabela do Anexo V.

Todos esses fatos e peculiaridades fomentam a seguinte problemática deste trabalho:

como o gasto com folha de pagamento impacta a carga tributária das empresas optantes

pelo Simples Nacional enquadradas no Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Verificar a influência do gasto com folha de pagamento na carga tributária das

empresas optantes pelo Simples Nacional enquadradas no Anexo V da Lei Complementar nº

155, de 2016.

1.2.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo geral proposto, são apresentados os seguintes objetivos

específicos:

Apurar o Simples Nacional da empresa estudada no ano-calendário 2016 com base nas

regras da Lei Complementar nº 155, de 2016;

Comparar o imposto apurado com base nas regras da Lei Complementar nº 155, de

2016 com o imposto recolhido no ano-calendário 2016 e apurado pelas regras da Lei

Complementar nº 123, de 2006;

Comparar as alíquotas efetivas do imposto devido apurado em cada Anexo.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

14

1.3 JUSTIFICATIVA

A importância das micro e pequenas empresas (MPE) para a economia, cada vez mais,

vem sendo reconhecida em função da geração de empregos e arrecadação de tributos para o

governo.

De acordo com a Receita Federal do Brasil, no período de 2012 a 2016, houve um

crescimento no número de MPE optantes pelo Simples Nacional, que passou de 4,4 milhões

para 4,9 milhões2, isso representa um aumento percentual de 12%. Nesse mesmo período, a

arrecadação de tributos aumentou 54%, totalizando 46 milhões no ano 2012 e 71 milhões no

ano de 20163.

Segundo dados do Empresometro4, ao final do ano de 2016 existia aproximadamente

17,4 milhões de empresas cadastradas como ativas no CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa

Jurídica. Com base nesses números é possível terminar que a Lei Complementar nº 155, de

2016 atingirá a metodologia de apuração do imposto devido de aproximadamente 28% das

empresas no Brasil.

Esses dados revelam a importância do tema tratado nesta pesquisa. Não foi possível

determinar a quantidade de empresas no Brasil optantes pelo Simples Nacional que prestam

serviços de engenharia, no entanto, segundo o Empresometro, em 2016 existia

aproximadamente 50 mil micros e pequenas empresas atuando nesse ramo de atividade.

É importante que a universidade aborde temas relacionados às MPE’s. O tema aqui

abordado influencia diretamente no cotidiano dessas empresas.

O profissional da contabilidade como assessor financeiro e um dos principais parceiros

das MPE’s deve estar atento às constantes mudanças na legislação tributária, objetivando

propor o regime tributária menos onerosa fazendo uso do planejamento tributário.

Esta pesquisa serve de base para outras microempresas e empresas de pequeno porte

prestadoras de serviços de engenharia, bem como para outras atividades tributadas na forma

do Anexo V do Simples Nacional incluído pela Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro

de 2016.

2 Disponível em:

https://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/estatisticaArrecadacao/Simples_Nacional_Quantidade_Opta

ntes_04.2017.ods - Acesso em 20/05/2017. 3 Disponível em:

https://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/estatisticaArrecadacao/Resumo_da_Arrecadacao_2007_a_2

017_ABRIL.xls - Acesso em 20/05/2017. 4 Iniciativa de...

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

15

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

A pesquisa está estruturada em cinco capítulos, nos quais são abordados os aspectos

teóricos e empíricos acerca do tema discutido neste trabalho. No capítulo 1 é apresentado a

contextualização do tema pesquisado e a problemática deste trabalho, bem como os objetivos

geral e específicos e as contribuições deste trabalho.

No capítulo 2 expõe-se a fundamentação teórica e os dispositivos legais quanto ao

regime de tributação do Simples Nacional e a ferramenta do planejamento tributário. Já o

capítulo 3 aborda a os aspectos metodológicos como: tipologia e métodos de pesquisa, bem

como a descrição dos procedimentos realizado durante a construção deste trabalho.

Os capítulos 4 e 5 apresentam, respectivamente, os resultados encontrados e as

considerações finais quanto a problemática de pesquisa e os objetivos propostos, como

também as contribuições deste trabalho.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são apresentados os principais aspectos conceituais apresentados na

literatura especializada sobre o tema trabalhado nesta pesquisa, como planejamento tributário,

evasão e elisão fiscal, bem como aspectos normativos legais sobre legislação tributária para

micro e pequenas empresas e simples nacional.

2.1 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

O planejamento tributário é o estudo das alternativas lícitas de formalização jurídica

de determinada operação, anteriormente a ocorrência do fato gerador, para que o contribuinte

possa escolher a que apresenta o menor ônus tributário, conceitua (OLIVEIRA et. al, 2010).

Segundo Andrade Filho (2009), a expressão planejamento tributário é utilizada para

referenciar uma técnica de prospecção de alternativas para reduzir a carga tributária sempre

em consonância com o ordenamento jurídico em vigor.

De forma pontual os conceitos enfatizam a necessidade de consonância com a

legislação na elaboração do planejamento tributário, ou seja, é destacada assim a existência de

determinados limites para obtenção da redução tributária.

Ainda segundo Andrade Filho (2009, p. 7) “a expressão tem pelo menos outras duas

sinônimas: elisão fiscal ou elusão tributária”.

Greco (2011) elucida que planejamento tributário e elisão fiscal indicam perspectivas

diferentes do mesmo fenômeno, mencionando que planejamento é a atividade exercida pelo

contribuinte, enquanto elisão é o efeito de submeter-se a uma carga tributária menor, obtida

pelo planejamento.

Ao utilizar a expressão “prospecção de alternativas” para conceituar planejamento

tributário, Andrade Filho (2009) corrobora com o esclarecimento feito por Greco (2011)

quanto aos conceitos de planejamento e elisão, de forma que essa expressão objetiva

referenciar neste contexto o ato de estudo prévio, análise preliminar ou exame preliminar.

Resumidamente, o planejamento tributário antecede a elisão fiscal, sendo o primeiro

uma técnica de análise e o segundo um benefício desfrutado.

Este argumento é confirmado nas palavras de Latorraca (2000) que afirma: costuma-

se, então, denominar de planejamento Tributário a atividade empresarial que, desenvolvendo-

se de forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de

identificar quais os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

17

Trata-se de um comportamento técnico-funcional, adotado no universo dos negócios,

que visa excluir, reduzir ou adiar os respectivos encargos tributários, indica (OLIVEIRA et.

al. 2010).

Para Andrade Filho (2009) o planejamento tributário, como atividade, não é algo

encontrado apenas no âmbito das empresas, de forma que a busca por uma menor carga de

tributos pode ser realizada por pessoas comuns, não necessariamente ligadas a uma empresa.

Quanto a materialização de ações preventivas elucidadas nos conceitos apresentados

na literatura especializada, reorganização societária, escolha do regime tributário menos

oneroso para a empresa ou mudanças administrativas e empresariais são exemplos, conforme

sugere (CASTRO et. al 2011).

É possível ainda estabelecer uma relação entre o planejamento tributário e a existência

de lacunas no ordenamento jurídico, sendo possível utilizar-se de situações não alcançadas

pelas normas jurídicas que obrigam ou proíbem determinada coisa para valer-se de uma carga

tributária reduzida, reconhece (ANDRADE FILHO, 2009).

2.2 BREVE HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA PARA MICRO E PEQUENAS

EMPRESAS

As pequenas empresas têm tratamento diferenciado previsto na Constituição Federal

do Brasil. O caput do art. 170 da Carta Magna, trata sobre a ordem econômica, e estabelece

que: o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte que tenham sua sede e

administração no País e constituídas sob as leis brasileiras é um dos princípios a serem

observados pela ordem econômica, segundo estabelece o inciso IX, do art. 170 da CF

(BRASIL, 1988).

Ainda segundo a Constituição Federal (Brasil, 1988), tal favorecimento seria dado

pela União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios às microempresas e às empresas de

pequeno porte, assim definidas em lei, na forma de tratamento jurídico diferenciado, visando

a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,

previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas.

Em virtude dessa previsão constitucional, foi promulgada, em 05 de dezembro de

1996, a Lei n° 9.317, que implementou o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e

Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, de adesão

facultativa e que vigorou de 1997 a meados de 2007, quando foi então revogado pela Lei

Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

18

O Simples Federal, como ficou conhecido, dispunha sobre o regime tributário das

MPS’s e EPP’s, além de outras providências relacionadas a essas empresas.

De acordo com os ditames da Lei nº 9.317 (BRASIL, 1996, art. 2), para aderir ao

Simples Federal a empresa deveria ter faturamento nos últimos 12 meses inferior a R$

720.000,00 (setecentos e vinte mil reais). Esse limite de faturamento foi alterado

posteriormente para R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e R$ 2.400.000,00

(dois milhões e quatrocentos), pelas Leis nº 9.732, de 1998 e Lei nº 11.196, de 2005,

respectivamente.

Esse sistema simplificado proporcionou reduções da carga tributária por meio da

aplicação de alíquotas diferenciadas de acordo com o faturamento, além de simplificar a

apuração e recolhimento de tributos federais em um único pagamento por meio do DARF

SIMPLES, Documento de Arrecadação de Receitas Federais de uso exclusivos dos optantes

pelo Simples Federal. (BRASIL, 1996, art. 6, Lei nº 9.317).

O Simples Federal unificava os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS,

IPI e CPP. (BRASIL. Lei nº 9.317, art. 3). Existia ainda a previsão de inclusão neste sistema

do recolhimento unificado do ICMS e do ISS, desde que o Ente Federativo ou o município em

que a empresa estivesse estabelecida viesse a aderir ao Simples Federal por meio de convênio

(BRASIL. Lei nº 9.317, art. 4º).

É importante salientar que o limite de faturamento não era a única restrição para

adesão ao Sistema Integrado, outros impedimentos como a atividade econômica da empresa, o

tipo societário e os tipos dos sócios eram também restrições aplicáveis.

2.3 SIMPLES NACIONAL

Em meados de 2007 entrou em vigor o Simples Nacional, regime de tributação

destinado às microempresas e empresas de pequeno porte, e instituído pela Lei Complementar

nº 123, de 2006; nomeada de Lei do Simples Nacional.

Essa legislação estabelece normas gerais quanto ao tratamento diferenciado

dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Para efeito desta Lei Complementar, empresas que aufiram em cada ano-calendário,

receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) são definidas

como microempresas. Empresa de pequeno porte é aquela que aufira, em cada ano-calendário,

receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

19

4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), define o art. 3º da LC nº 123 (BRASIL,

2006).

O Simples Nacional, como mencionado anteriormente, é um regime destinado às

micro e pequenas empresas, isso implica dizer que empresas com faturamento anual superior

a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) não podem aderi-lo, pois não se

encaixam no conceito de micro ou pequena empresa.

O limite de faturamento é uma vedação ao ingresso nesse regime tributário, no

entanto, não é a única. Existe outras, como é o caso da restrição à existência de sócio

domiciliado no exterior ou de PJ (Pessoa Jurídica) no quadro societário.

Existe vedação em relação a atividade econômica, como por exemplo: produção ou

venda no atacado de cigarros, armas de fogo, refrigerantes ou ainda que realize cessão ou

locação de mão-de-obra. Todas as vedações estão dispostas no art. 17º da LC 123, de 2006.

O Simples Nacional é gerido por um comitê gestor vinculado ao Ministério da

Fazenda e composto por quatro representantes da Secretária da Receita Federal, dois dos

Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios, para tratar de aspectos tributários

(BRASIL, 2006; Lei Complementar n° 123; art. 2º, Inciso I).

São recolhidos mensalmente e de forma unificada um total de oito tributos e

contribuições por meio de um documento próprio de arrecadação, conforme art. 13° da LC nº

123 (BRASIL, 2006), chamado de DAS – Documento Único de Arrecadação. Os impostos

e contribuições arrecadados pelo Simples Nacional são: IRPJ; IPI; CSLL; COFINS;

PIS/Pasep; CPP; ICMS e ISS conforme disposição no art. 13º da LC nº 123 (BRASIL, 2006).

O recolhimento destes tributos de forma unificada não exclui a incidência de outros

impostos e contribuições, como é o caso do IRRF - Imposto de Renda Retido na Fonte ou o

FGTS - Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, em relação aos quais

será observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas (BRASIL, 2006, art. 13º; §

1º; Lei Complementar 123).

O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte optante

pelo Simples Nacional é determinado mediante a aplicação das alíquotas constantes nas

tabelas dos anexos I a VI da Lei Complementar nº 123, de 2006 sobre a base de cálculo.

A base de cálculo corresponde a receita bruta de cada mês. De acordo com art. 12 do

Decreto-Lei nº 1.598/77 a receita bruta compreende:

I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria;

II - o preço da prestação de serviços em geral;

III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

20

IV – as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não

compreendidas nos incisos I a III. (BRASIL, 1977)

Para a determinação da alíquota serão utilizadas as tabelas dos anexos à Lei do

Simples Nacional, identificada de acordo com a faixa de faturamento que se enquadra a

receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao mês de apuração do imposto

devido. (BRASIL, 2006. Lei Complementar nº 123; art. 18; § 1º).

Essas tabelas são compostas por 20 (vinte) faixas de faturamento e alíquotas

específicas para cada uma dessas faixas.

O contribuinte poderá fazer uso de uma ou mais tabelas a depender das atividades

comerciais desenvolvidas por esse. Esse entendimento é concebido a partir das determinações

disposta no art. 18; § 4º a § 27 da LC nº 123 (BRASIL, 2006).

Nestes parágrafos a LC nº 123, de 2006 estabelece quais são as atividades comerciais

que poderão ser tributadas na forma do Simples Nacional e quais Anexos servirão de base

para tributação de cada uma dessas atividades.

2.4 LEI COMPLEMENTAR Nº 155, DE 2016 – ALTERAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL

No dia 27 de outubro de 2016 foi publicada a Lei Complementar nº 155, que traz

alterações importantes para o regime de tributação do Simples Nacional, uma delas é no

tocante à apuração do imposto devido.

De acordo com o art. 18 da LC nº 123, de 2006; redação dada pela LC nº 155, 2016; a

partir de 2018 o regime do Simples Nacional passará a contar cinco anexos ao invés de seis.

As novas tabelas contam com apenas seis faixas de faturamento, redução de quatorze

faixas em comparação com as anteriores.

O valor do imposto devido mensalmente passa agora a ser determinado mediante

aplicação de alíquotas efetivas, calculadas a partir das alíquotas nominais constantes das

tabelas dos Anexos I a V, sobre a base de cálculo do imposto, estabelece o caput do art. 18 da

LC nº 123, de 2006, conforme redação dada pela LC nº 155 (BRASIL, 2016).

Ainda conforme o art. 18, no entanto, especificamente em seu § 1º, para determinação

da alíquota nominal, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos doze meses

anteriores ao mês do período de apuração.

A alíquota efetiva resultará de equação matemática definida em Lei da seguinte forma:

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

21

I - RBT12: receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de

apuração; (Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016);

II - Aliq: alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar;

(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016); e

III - PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar.

(Incluído pela Lei Complementar nº 155, de 2016), (BRASIL, 2006, LC nº 123; art.

18; § 1º A).

Em resumo, a apuração do imposto devido será feita em três passos, a saber:

I. Determinação da alíquota nominal de acordo com o faturamento acumulado;

II. Definição da alíquota efetiva multiplicando-se a receita acumulada pela alíquota

nominal e diminuindo em seguida a parcela a deduzir. Em seguida divide-se

resultado obtido anteriormente pelo faturamento acumulado; e

III. Multiplicação da alíquota efetiva pela receita bruta auferida no mês.

De acordo com a nova metodologia de cálculo para apuração do imposto devido o

contribuinte poderá ter alíquotas efetivas distintas para cada período.

Além da alteração da metodologia de apuração do imposto devido, o limite de

faturamento de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) foi aumentado para R$

4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), ampliação equivalente a 33,33%.

A Lei Complementar nº 155, de 2016 atribuiu também tratamento peculiar quanto a

apuração do imposto devido pelas empresas enquadradas no Anexo V desta mesma Lei. Os

prestadores de serviço enquadrados neste anexo serão tributados com base no anexo III, caso

a razão entre a folha de salários e a receita bruta da pessoa jurídica seja igual ou superior a

28%, assim dispõe, em redação dada pela Lei Complementar nº 155 de 2016, o art. 18, § 5º-J,

da Lei Complementar nº 123 (BRASIL, 2006).

Os serviços enquadrados no anexo V são aqueles dispostos nos incisos I a XII do § 5o

I; art. 18:

I - medicina, inclusive laboratorial e enfermagem;

II - medicina veterinária;

III - odontologia;

IV - psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia,

fonoaudiologia, clínicas de nutrição e de vacinação e bancos de leite;

V - serviços de comissária, de despachantes, de tradução e de interpretação;

VI - engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia,

geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, dese

nho e agronomia;

VII - representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e

serviços de terceiros;

VIII - perícia, leilão e avaliação;

IX - auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração;

X - jornalismo e publicidade;

XI - agenciamento, exceto de mão de obra;

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

22

XII - outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a

prestação de serviços decorrentes do exercício de

atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva,

artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não,

desde que não sujeitas à tributação na forma dos Anexos III ou IV

desta Lei Complementar. (BRASIL, 2006. LC nº 123; art. 18; § 5º I).

Em resumo, a tributação poderá ser realizada tanto pelo anexo V quanto pelo anexo

III; a definição quanto a qual utilizar será definida mensalmente pela razão entre a folha de

pagamento e a receita bruta dos últimos doze meses.

A Lei Complementar nº 123 (BRASIL, 2006), § 24; art. 18; define como folha de

salários as remunerações pagas a pessoas físicas decorrentes do trabalho, acrescido do

montante efetivamente recolhido de contribuição patronal previdenciária e FGTS, incluídas

também as retiradas de pró-labore.

É importante esclarecer que a contribuição patronal previdenciária incluída na

definição de folha de salários para efeito da LC nº 123/06 é a contribuição patronal incidentes

sobre as remunerações, desconsiderando, por exemplo, contribuição incidente sobre a receita

bruta.

Para efeito do disposto no § 24 do art. 18, serão consideradas tão somente as

remunerações informadas na forma prevista inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212/91,

ou seja, remunerações declaradas à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho

Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições

estabelecidos por esses órgãos.

2.5 CONCEITO E ASPECTOS TRIBUTÁRIOS DOS SERVIÇO DE ENGENHARIA

Segundo o Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas, IBRAOP, serviço de

engenharia é toda atividade que necessite a participação e acompanhamento de profissional

habilitado conforme o disposto na Lei nº 5.194, de 1966, tais como: consertar, instalar,

montar, operar, conservar, reparar, adaptar, manter, transportar, ou ainda, demolir. (IBRAOP,

OT - IBR 002/2009).

A Lei nº 5.194/66 é responsável por regulamentar o exercício das profissões de

engenheiro, arquiteto e engenheiro agrônomo, e dá outras providências.

Ainda de acordo com o IBRAOP (2009), incluem-se também na definição de serviço

de engenharia as atividades profissionais relacionadas aos serviços técnicos profissionais

especializados de projetos e planejamentos, estudos técnicos, pareceres, perícias, avaliações,

assessorias, consultorias, auditorias, fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

23

Essa atividade foi incluída no Simples Nacional a partir do ano-calendário 2015, por

meio da Lei Complementar nº 147, de 2014.

Essa Lei ampliou as atividades econômicas permitidas a apurar os impostos com base

no Simples Nacional, criou o Anexo VI do Simples Nacional, no qual consta a tabela base

para tributação dos serviços de engenharia e outros como serviços profissionais como:

medicina, inclusive laboratorial e enfermagem, odontologia, psicologia e outros. (BRASIL,

2014. Lei Complementar nº 147; art. 18; § 5º I).

A partir de 1º de janeiro de 2018 os serviços de engenharia serão tributados com base

no anexo V incluído pela Lei Complementar nº 155/2016). Essa definição é estabelecida no §

5º I; art. 18 da LC nº 123 (redação dada pela LC nº 155), (BRASIL, 2016).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

24

3. METODOLOGIA

A ciência utiliza-se de um método que lhe é próprio, o método cientifico, elemento

fundamental do processo do conhecimento. Trata-se de um conjunto de procedimentos

lógicos e de técnicas operacionais que permite à ciência se diferenciar não só do senso

comum, mas também demais modalidades de expressão subjetiva humana (SEVERINO,

2007).

Neste capítulo serão apresentados procedimentos adotados para construção deste

trabalho.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Este trabalho utilizou a tipologia descrita por Beuren (et al. 2012), que melhor se

adapta a contabilidade considerando suas peculiaridades. Beuren et al. (2012) agrupa a

tipologia de pesquisa em três categorias: quanto aos objetivos (descritiva, explicativa e

exploratória); quanto aos procedimentos (bibliográfica, documental, estudo de caso,

experimental, levantamento e participante); e tipologia de pesquisa quanto à abordagem do

problema (qualitativa e quantitativa).

Esta pesquisa, quantos aos objetivos, caracteriza-se como descritiva. Segundo

Prodanov (2013), na pesquisa descritiva o pesquisador registra e descreve os fatos sem

interferir neles. O objetivo é descrever as características de determinada população ou

fenômeno, ou ainda, estabelecer relações entre variáveis.

Quanto aos procedimentos é um estudo de caso. De acordo com Severino (2007) esse

tipo de pesquisa concentra-se no estudo de um caso particular, considerado representativo de

um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo.

De acordo com Prodanov (2013, p. 60), “O estudo de caso consiste em coletar e

analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma

comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da

pesquisa”.

Gil (2002), argumenta que o estudo de caso envolve um estudo profundo e exaustivo

de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

E quanto a abordagem do problema, a pesquisa é predominantemente qualitativa.

Segundo Prodanov (2013) “a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

25

básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas

estatística”.

Ainda segundo Prodanov (2013), neste tipo de abordagem o pesquisador é o

instrumento-chave, e este tende a analisar os dados indutivamente. O processo e seu

significado são os focos principais de abordagem.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O estudo contempla as micro e pequenas empresas optantes pelo regime de tributação

com base no Simples Nacional. Como se trata de um estudo de caso único, a amostra é

constituída por uma única empresa.

Essa empresa está localizada no município de Natal, Rio Grande do Norte. Atua como

prestadora de serviços de engenharia desde 2011. Está enquadrada no regime tributário do

Simples Nacional desde 2015.

Seu quadro de pessoal é composto por engenheiros, arquitetos e técnicos, totalizando 9

(nove) pessoas incluindo seus 2 (dois) sócios. A empresa remunera seus sócios

predominantemente por meio de dividendos, mas também faz uso do pró-labore.

3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

O conjunto de dados utilizados nessa pesquisa é composto pelo faturamento e o

resumo da folha de salário da empresa objeto deste estudo, ambos mensais, dos anos de 2015

e 2016.

Os dados coletados junto a empresa foram transferidos para tabelas no Microsoft

Office Excel, software editor de planilhas eletrônicas, com o objetivo de realizar a apuração

do Simples Nacional e o cálculo do imposto devido.

Inicialmente realizou-se o cálculo do imposto devido em cada mês do ano de 2016

pelas regras do Simples Nacional vigentes neste ano, ou seja, esses valores são de fatos os

devidos neste ano.

Em seguida, utilizando os mesmos dados, foi calculado o imposto devido neste mesmo

ano com base nas regras da Lei Complementar nº 155, de 2016, de forma hipotética e com os

fins específicos de análise e comparabilidade, tendo em vista que que o início da vigência

desta legislação é em 1º de janeiro de 2018.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

26

Como pré-requisito para o cálculo mencionado no parágrafo anterior, foi calculada a

razão entre a folha de salário e receita bruta, ambas acumuladas nos dos últimos 12 (doze)

meses objetivando identificar o Anexo do Simples Nacional que seria utilizado em cada mês.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

27

4. ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Apresenta-se neste capítulo os resultados obtidos para a empresa estudada quanto ao

impacto econômico-financeiro causado pela mudança na metodologia de cálculo do Simples

Nacional. Para tanto, a análise parte do faturamento e folha de pagamento mensal nos anos de

2015 e 2016.

Tabela 1: Receita Mensal nos anos 2015 e 2016

COMPETÊNCIA FATURAMENTO

ANO 2015 ANO 2016

JAN R$ 62.921 R$ 87.534

FEV R$ 97.261 R$ 78.443

MAR R$ 81.640 R$ 87.032

ABR R$ 72.178 R$ 88.133

MAI R$ 109.546 R$ -

JUN R$ 7.700 R$ 160.882

JUL R$ 189.608 R$ 156.886

AGO R$ 33.441 R$ 5.005

SET R$ 80.363 R$ 16.880

OUT R$ 88.723 R$ 156.886

NOV R$ 207.141 R$ 103.420

DEZ R$ 46.340 R$ 176.598

TOTAL R$ 1.076.860 R$ 1.117.698

Fonte: Produzido pelo próprio autor, 2017.

Na tabela 1 demonstra-se a receita bruta mensal do período de janeiro de 2015 a

dezembro de 2016. Os dados foram retirados do Portal Directa5. A receita apresenta alta

variação entre os meses no decorrer de cada ano, com desvio padrão médio de R$ 55.169, no

entanto, a variação de um ano para o outro não apresenta grande modificação, crescendo 3,8%

no ano de 2016 em relação ao ano anterior.

5 Portal de emissão de nota fiscal eletrônica de serviço da cidade de Natal/RN.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

28

4.1 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL PELAS REGRAS VIGENTES NO

EXERCÍCIO DE 2016

Neste subcapítulo é demonstrada a apuração do Simples Nacional do ano de 2016

pelas regras legais vigentes, ou seja, o montante de tributos apurados e demonstrados foram

de fato recolhidos nesse período pela empresa estudada.

O cálculo do imposto devido é realizado mensalmente com base na aplicação de

alíquotas sobre a receita auferida no período de apuração. Essa alíquota é determinada por

faixas de faturamento acumulado nos últimos 12 meses anteriores ao da apuração,

identificadas em tabelas nomeadas pela Lei Complementar nº 123, de 2006 de Anexos.

As empresas prestadoras de serviços de engenharia, conforme legislação vigente em

2016, estão enquadradas no anexo VI, conforme disposto no inciso VI, § 5º-I, do art. 18 da

Lei do Simples Nacional. O quadro abaixo reproduz parcialmente o anexo VI:

Tabela 2: Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006.

Faixa RB em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ/PIS/CSLL/Cofins/CPP ISS

1° Até 180.000,00 16,93% 14,93% 2,00%

2° De 180.000,01 a 360.000,00 17,72% 14,93% 2,79%

3° De 360.000,01 a 540.000,00 18,43% 14,93% 3,50%

4° De 540.000,01 a 720.000,00 18,77% 14,93% 3,84%

5° De 720.000,01 a 900.000,00 19,04% 15,17% 3,87%

6° De 900.000,01 a 1.080.000,00 19,94% 15,71% 4,23%

7° De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 20,34% 16,08% 4,26%

8° De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 20,66% 16,35% 4,31%

...20° De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 22,45% 17,45% 5,00%

Fonte: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm#anexovi

O demonstrativo abaixo apresenta a apuração mensal do Simples Nacional no ano de

2016 com base nas alíquotas encontradas na tabela 2 acima.

Tabela 3: Apuração Simples Nacional - Lei Complementar nº 123, de 2006.

MÊS RECEITA

BRUTA MÊS

RECEITA BRUTA

ACUMULADA . ALÍQUOTA

VALOR

DEVIDO

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

29

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

A receita acumulada dos últimos 12 meses durante o ano de 2016 variou entre R$

987.440 e 1.147.638; de modo que as alíquotas aplicadas, no que se refere a apuração mensal

do imposto, variou entre 19,94% e 20,34%; ou seja, durante todo o ano a empresa esteve entre

a 7° e 8° faixa do anexo VI.

O valor de tributos recolhidos no ano de 2016 totalizam R$ 225.012 (duzentos e vinte

e cinco mil e doze reais). Este montante equivale a 20,13% (vinte vírgula treze por cento) da

receita bruta anual. Ou seja, a alíquota efetiva do Simples Nacional neste ano é 20,13%.

4.2 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL CONFORME LEI Nº 155, DE 2016 PELO

ANEXO V

Neste subcapítulo é realizada a apuração hipotética do Simples Nacional para o ano de

2016 com base no Anexo V e regras estabelecidas pela Lei Complementar nº 155, de 2016.

Como visto anteriormente, os serviços de engenharia, a partir de 1º de janeiro de 2018,

serão tributados com base na tabela do Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016, no

entanto, poderão em eventual período de apuração ser tributados com base no anexo III.

O primeiro passo para apurar o Simples Nacional de empresas tributadas com base no

anexo V é calcular a razão entre a folha de salários e a receita bruta acumulada nos últimos

doze meses anteriores ao período de apuração.

JAN/16 R$ 87.534 R$ 1.076.861 19,94% R$ 17.454

FEV/16 R$ 78.443 R$ 1.101.474 20,34% R$ 15.955

MAR/16 R$ 87.032 R$ 1.082.655 20,34% R$ 17.702

ABR/16 R$ 88.133 R$ 1.088.048 20,34% R$ 17.926

MAI/16 R$ - R$ 1.104.003 20,34% R$ -

JUN/16 R$ 160.882 R$ 994.457 19,94% R$ 32.080

JUL/16 R$ 156.886 R$ 1.147.638 20,34% R$ 31.911

AGO/16 R$ 5.005 R$ 1.114.916 20,34% R$ 1.018

SET/16 R$ 16.880 R$ 1.086.480 20,34% R$ 3.433

OUT/16 R$ 156.886 R$ 1.022.997 19,94% R$ 31.283

NOV/16 R$ 103.420 R$ 1.091.160 20,34% R$ 21.036

DEZ/16 R$ 176.598 R$ 987.440 19,94% R$ 35.214

Total R$ 1.117.698

R$ 225.012

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

30

Na tabela abaixo são demonstrados os montantes mensais de folha de salários,

encargos e pró-labore pagos mensalmente durante o ano de 2016.

Tabela 4: Demonstrativo Folha de Salários

MÊS

ANO 2015 ANO 2016

SALÁRIOS PRÓ-

LABORE FGTS

SALÁRIOS

PRÓ-

LABORE FGTS

JAN R$ 15.504 R$1.576 R$ 1.240

R$ 14.164 R$1.760 R$ 1.133

FEV R$ 15.504 R$1.576 R$ 1.240

R$ 13.864 R$1.760 R$ 1.109

MAR R$ 16.283 R$1.576 R$ 1.303

R$ 13.754 R$1.760 R$ 1.100

ABR R$ 16.281 R$1.576 R$ 1.303

R$ 13.807 R$1.760 R$ 1.105

MAI R$ 18.734 R$1.576 R$ 1.499

R$ 14.164 R$1.760 R$ 1.133

JUN R$ 15.328 R$1.576 R$ 1.226

R$ 13.807 R$1.760 R$ 1.105

JUL R$ 15.276 R$1.576 R$ 1.222

R$ 14.164 R$1.760 R$ 1.133

AGO R$ 15.718 R$1.576 R$ 1.257

R$ 13.754 R$1.760 R$ 1.100

SET R$ 15.333 R$1.576 R$ 1.227

R$ 13.807 R$1.760 R$ 1.105

OUT R$ 15.276 R$1.576 R$ 1.222

R$ 14.164 R$1.760 R$ 1.133

NOV R$ 15.795 R$1.576 R$ 1.264

R$ 13.807 R$1.760 R$ 1.105

DEZ + 13º R$ 30.636 R$1.576 R$ 2.451

R$ 27.871 R$1.760 R$ 2.230

Total R$ 205.670 R$18.912 R$ 16.454

R$ 181.125 R$21.120 R$ 14.490

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

A remuneração dos funcionários é composta pelo salário fixo e verbas variáveis de

horas extras e descanso semanal remunerado. O pró-labore retirado mensalmente é de um

salário mínimo para cada um dos dois sócios da empresa.

Com base nas tabelas 3 e 4, o demonstrativo da razão entre folha de salários e receita

bruta é demonstrado a seguir:

Tabela 5: Demonstrativo Razão Entre Folha de Salários e Receita Bruta

MÊS

MONTANTE RECEITA

BRUTA ÚLTIMOS 12

MESES

MONTANTE FOLHA DE

SALÁRIOS ÚLTIMOS 12

MESES

RAZÃO

FOLHA/RECEITA

JAN/16 R$ 1.076.861 R$ 241.036 22%

FEV/16 R$ 1.101.474 R$ 239.773 22%

MAR/16 R$ 1.082.655 R$ 238.186 22%

ABR/16 R$ 1.088.048 R$ 235.637 22%

MAI/16 R$ 1.104002 R$ 233.149 21%

JUN/16 R$ 994.457 R$ 228.397 23%

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

31

JUL/16 R$ 1.147.638 R$ 226.938 20%

AGO/16 R$ 1.114.916 R$ 225.921 20%

SET/16 R$ 1.086.480 R$ 223.983 21%

OUT/16 R$ 1.022.997 R$ 222.518 22%

NOV/16 R$ 1.091.160 R$ 221.501 20%

DEZ/16 R$ 987.440 R$ 219.538 22%

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

A razão entre folha de salários e receita bruta é inferior a 28% (vinte e oito por cento)

em todos os meses do ano de 2016, sendo assim, este período é integralmente tributado com

base no anexo V da Lei Complementar nº 155/2016. A razão média é de 21% para esse

período.

A tabela 6 abaixo reproduz integralmente o Anexo V da LC nº 155, de 2016:

Tabela 6: Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016 – Simples Nacional.

Faixa RB em 12 meses (em R$) Alíquota Valor a deduzir

(em R$)

1° De 180.000,01 a 360.000,00 15,50% R$ 0,00

2° De 360.000,01 a 720.000,00 18,00% R$ 4.500,00

3° De 720.000,01 a 1.800.000,00 19,50% R$ 9.900,00

4° De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 20,50% R$ 17.100,00

5° De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 23,00% R$ 62.100,00

6° De 180.000,01 a 360.000,00 30,50% R$ 540.000,00

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art10

A empresa enquadra-se na terceira faixa, ou seja, sua alíquota nominal é 19,50%

(dezenove vírgula cinquenta por cento).

A seguir é demonstrada a apuração do Simples Nacional do ano 2016:

Tabela 7: Apuração Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016.

MÊS RECEITA

BRUTA MÊS

RECEITA BRUTA

ACUMULADA. ALÍQUOTA

VALOR

DEVIDO

JAN/16 R$ 87.534 R$ 1.076.861 18,91% R$ 16.554

FEV/16 R$ 78.443 R$ 1.101.474 18,95% R$ 14.863

MAR/16 R$ 87.032 R$ 1.082.655 18,92% R$ 16.467

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

32

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

O total de tributos apurados é de R$ 211.013 (duzentos e onze mil e treze reais).

Conforme demonstra a tabela 7 a seguir, houve redução no montante anual de tributos de R$

13.999 (treze mil, novecentos e noventa e nove reais) em comparativo com a apuração

demonstrada na tabela 3, ou seja, de acordo o Anexo VI e antiga metodologia de apuração do

imposto devido. Essa redução representa uma economia de 1,25% (um vírgula vinte e cinco

por cento) de tributos, tornando a alíquota efetiva do Simples Nacional igual a 18,88%

(dezoito vírgula oitenta e oito por cento).

Tabela 8: Comparativo Apuração do Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar nº 155, de

2016.

ABR/16 R$ 88.133 R$ 1.088.048 18,93% R$ 16.682

MAI/16 R$ 0,00 R$ 1.104.003 18,95% R$ -

JUN/16 R$ 160.882 R$ 994.457 18,78% R$ 30.214

JUL/16 R$ 156.886 R$ 1.147.638 19,01% R$ 29.824

AGO/16 R$ 5.005 R$ 1.114.916 18,97% R$ 949

SET/16 R$ 16.880 R$ 1.086.480 18,93% R$ 3.195

OUT/16 R$ 156.886 R$ 1.022.997 18,83% R$ 29.539

NOV/16 R$ 103.420 R$ 1.091.160 18,93% R$ 19.580

DEZ/16 R$ 176.598 R$ 987.440 18,77% R$ 33.144

Total R$ 1.117.698

R$ 211.013

MÊS

(A)

SIMPLES NACIONAL

LC 123/06

(B)

SIMPLES NACIONAL

LC 155/06

DIFERENÇA

(A – B)

JAN/16 R$ 17.454 R$ 16.554 R$ 900

FEV/16 R$ 15.955 R$ 14.863 R$ 1.092

MAR/16 R$ 17.702 R$ 16.467 R$ 1.235

ABR/16 R$ 17.926 R$ 16.682 R$ 1.244

MAI/16 R$ 0 R$ 0 R$ 0

JUN/16 R$ 32.080 R$ 30.214 R$ 1.866

JUL/16 R$ 31.911 R$ 29.824 R$ 2.087

AGO/16 R$ 1.018 R$ 949 R$ 69

SET/16 R$ 3.433 R$ 3.195 R$ 238

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

33

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

4.3 APURAÇÃO DO SIMPLES NACIONAL CONFORME LEI Nº 155, DE 2016 PELO

ANEXO V

Conforme demonstrado no subcapítulo anterior, especificamente na tabela 5, a razão

entre a folha de pagamento e a receita bruta da empresa estudada é inferior a 28%, ou seja, o

atual cenário de gastos com folha de salários não satisfaz os requisitos necessários para

tributação com base no anexo III.

Ainda assim, é pertinente calcular o imposto devido com base neste Anexo para efeito

de comparação tendo em vista que as alíquotas nominais são menores nas primeiras faixas

quando comparado com o Anexo V.

O Anexo III possui alíquota nominal na primeira faixa de 6% (seis por cento),

enquanto no anexo V a alíquota nominal inicial é 15,50% (quinze por cento).

Partido do pressuposto que a razão entre folha de salários e receita bruta seja maior

que 28% em todos os meses, é apresentado abaixo o demonstrativo da tributação com base no

Anexo III da LC nº 155, de 2016:

OUT/16 R$ 31.283 R$ 29.539 R$ 1.744

NOV/16 R$ 21.036 R$ 19.580 R$ 1.456

DEZ/16 R$ 35.214 R$ 33.144 R$ 2.070

Total R$ 225.012 R$ 211.013 R$ 13.999

Tabela 9: Apuração do Simples Nacional – Anexo III da Lei Complementar nº 155, de 2016.

MÊS RECEITA

BRUTA MÊS

RECEITA BRUTA

ACUMULADA. ALÍQUOTA

VALOR

DEVIDO

JAN/16 R$ 87.534 R$ 1.076.861 12,69% R$ 11.108

FEV/16 R$ 78.443 R$ 1.101.474 12,76% R$ 10.013

MAR/16 R$ 87.032 R$ 1.082.655 12,71% R$ 11.060

ABR/16 R$ 88.133 R$ 1.088.048 12,72% R$ 11.214

MAI/16 R$ 0,00 R$ 1.104.003 12,77% R$ 0

JUN/16 R$ 160.882 R$ 994.457 12,42% R$ 19.975

JUL/16 R$ 156.886 R$ 1.147.638 12,89% R$ 20.230

AGO/16 R$ 5.005 R$ 1.114.916 12,80% R$ 641

SET/16 R$ 16.880 R$ 1.086.480 12,72% R$ 2.147

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

34

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

O montante de tributos apurados conforme tabela acima é R$ 141.075 (cento e

quarenta e um mil e setenta e cinco reais), resultando em uma economia de R$ 83.937 (oitenta

e três mil, novecentos e trinta e sete reais). Percentualmente essa redução representa 7,50%

(sete vírgula cinquenta por cento). A alíquota efetiva anual de tributos equivale a 12,62%

(doze vírgula sessenta e dois por cento).

Para que essa hipótese de tributação seja possível, é necessário aumentar a despesa

com a folha de salários ou diminuir a receita. No entanto, diminuir a receita é inviável e

impraticável para a empresa.

Para aumentar a folha de salários é preciso aumentar o quadro de funcionários ou o

valor da retirada de pró-labore, que é a remuneração pelo trabalho do sócio.

O aumento do quadro de funcionários é possível apenas se houver maior demanda de

serviços. Já o aumento de pró-labore é plenamente viável em substituição a uma outra forma

de remuneração dos sócios. No ano de 2016 a empresa pagou o montante de R$ 400.000,00 a

título de dividendos aos seus sócios.

Este fato viabiliza a hipótese de substituição de parte da remuneração dos sócios

através de dividendos por pró-labore.

Na tabela 10 abaixo demonstra-se a composição da folha de pagamento com o

aumento da retirada de pró-labore de um salário mínimo para R$ 5.000,00 (cinco mil reais)

por sócio.

Tabela 10: Demonstrativo Folha de Salários com Aumento de Pró-labore

MÊS

ANO 2015 ANO 2016

SALÁRIOS PRÓ-

LABORE FGTS

SALÁRIOS

PRÓ-

LABORE FGTS

JAN R$ 15.504 R$10.000 R$ 1.240

R$ 14.164 R$10.000 R$ 1.133

FEV R$ 15.504 R$10.000 R$ 1.240

R$ 13.864 R$10.000 R$ 1.109

MAR R$ 16.283 R$10.000 R$ 1.303

R$ 13.754 R$10.000 R$ 1.100

ABR R$ 16.281 R$10.000 R$ 1.303

R$ 13.807 R$10.000 R$ 1.105

MAI R$ 18.734 R$10.000 R$ 1.499

R$ 14.164 R$10.000 R$ 1.133

OUT/16 R$ 156.886 R$ 1.022.997 12,52% R$ 19.636

NOV/16 R$ 103.420 R$ 1.091.160 12,73% R$ 13.169

DEZ/16 R$ 176.598 R$ 987.440 12,39% R$ 21.882

Total R$ 1.117.698

R$ 141.075

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

35

JUN R$ 15.328 R$10.000 R$ 1.226

R$ 13.807 R$10.000 R$ 1.105

JUL R$ 15.276 R$10.000 R$ 1.222

R$ 14.164 R$10.000 R$ 1.133

AGO R$ 15.718 R$10.000 R$ 1.257

R$ 13.754 R$10.000 R$ 1.100

SET R$ 15.333 R$10.000 R$ 1.227

R$ 13.807 R$10.000 R$ 1.105

OUT R$ 15.276 R$10.000 R$ 1.222

R$ 14.164 R$10.000 R$ 1.133

NOV R$ 15.795 R$10.000 R$ 1.264

R$ 13.807 R$10.000 R$ 1.105

DEZ + 13º R$ 30.636 R$10.000 R$ 2.451

R$ 27.871 R$10.000 R$ 2.230

Total R$ 205.670 R$120.000 R$ 16.454

R$ 181.125 R$120.000 R$ 14.490

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

O aumento na retirada de pró-labore foi simulado também para o ano de 2015, tento

em vista que a razão é calculada nos últimos 12 (doze) meses. Na tabela 11 é demonstrado a

razão da folha de salários e receita bruta após aumento da retirada de pró-labore.

Tabela 11: Demonstrativo da razão entre folha de salários e receita bruta com aumento da retirada de

pró-labore

MÊS

MONTANTE RECEITA

BRUTA ÚLTIMOS 12

MESES

MONTANTE FOLHA DE

SALÁRIOS ÚLTIMOS 12

MESES

RAZÃO

FOLHA/RECEITA

JAN/16 R$ 1.076.861 R$ 342.124 32%

FEV/16 R$ 1.101.474 R$ 340.677 31%

MAR/16 R$ 1.082.655 R$ 338.906 31%

ABR/16 R$ 1.088.048 R$ 336.173 31%

MAI/16 R$ 1.104002 R$ 333.501 30%

JUN/16 R$ 994.457 R$ 328.565 33%

JUL/16 R$ 1.147.638 R$ 326.922 28%

AGO/16 R$ 1.114.916 R$ 325.721 29%

SET/16 R$ 1.086.480 R$ 323.599 30%

OUT/16 R$ 1.022.997 R$ 321.950 31%

NOV/16 R$ 1.091.160 R$ 320.749 29%

DEZ/16 R$ 987.440 R$ 318.602 32%

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

O aumento é suficiente para elevar a razão da folha de salário e receita bruta para

percentuais superiores a 28% em todos os meses de 2016, tornando possível a tributação por

meio do anexo III em todos os meses deste ano.

É importante salientar que o pró-labore está sujeito a incidência do imposto de renda

da pessoa física, enquanto os dividendos são isentos, conforme disposição nos arts. 206 e 636

do regulamento do imposto de renda (BRASIL. Decreto nº 3.000, de 1999).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

36

Sendo assim, para determinar a economia tributária real é preciso calcular o imposto

de renda incidente sobre o rendimento de pró-labore dos sócios e soma-lo ao imposto devido

pela empresa, pois trata-se de custo tributário adicional à situação atual da empresa.

Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.

Adicionando o imposto de renda sobre o pró-labore a economia tributária continua

positiva, obtendo-se uma alíquota efetiva global de 13,70%, gerando uma economia líquida

equivalente a 6,43% (seis, vírgula quarenta e dois por cento). Em termos monetários a

economia totaliza R$ 71.802 no ano de 2016.

Os meses de maio e agosto apresentaram valores negativos na coluna de diferença, ou

seja, nesses dois meses os tributos calculados com base na nova metodologia de cálculo

seriam maiores. Isso ocorre em virtude da ausência ou baixo faturamento nesses meses, bem

como pelo imposto renda sobre o pró-labore ocorrer independentemente da existência de

faturamento.

Tabela 12: Comparativo Apuração do Simples Nacional – Anexo V da Lei Complementar nº

155, de 2016.

MÊS

(A)

SIMPLES

NACIONAL

LC 123/06

(B)

SIMPLES

NACIONAL

LC 155/06

(C)

IMPOSTO DE

RENDA

PRÓ-LABORE

DIFERENÇA

(A – B – C)

JAN/16 R$ 17.454 R$ 11.108 R$ 1.011 R$ 5.335

FEV/16 R$ 15.955 R$ 10.013 R$ 1.011 R$ 4.931

MAR/16 R$ 17.702 R$ 11.060 R$ 1.011 R$ 5.631

ABR/16 R$ 17.926 R$ 11.214 R$ 1.011 R$ 5.701

MAI/16 R$ 0 R$ 0 R$ 1.011 -R$ 1.011

JUN/16 R$ 32.080 R$ 19.975 R$ 1.011 R$ 11.094

JUL/16 R$ 31.911 R$ 20.230 R$ 1.011 R$ 10.670

AGO/16 R$ 1.018 R$ 641 R$ 1.011 -R$ 634

SET/16 R$ 3.433 R$ 2.147 R$ 1.011 R$ 275

OUT/16 R$ 31.283 R$ 19.636 R$ 1.011 R$ 10.636

NOV/16 R$ 21.036 R$ 13.169 R$ 1.011 R$ 6.856

DEZ/16 R$ 35.214 R$ 21.882 R$ 1.011 R$ 12.321

Total R$ 225.012 R$ 141.075 R$ 12.135 R$ 71.802

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

37

Além da comparação entre as alíquotas efetivas anteriores e posteriores a Lei

Complementar nº 155, de 2016, ou seja, em comparação com o Anexo VI da LC nº 123, de

2006, é relevante confrontar as alíquotas obtidas segundo as regras desta LC 155, de 2016,

com base nos Anexo V e III.

O gráfico abaixo fornece uma visão geral a respeito destes confrontos:

Gráfico 1: Comparativo entre as cargas tributárias dos anexos do Simples Nacional

Fonte: produzido pelo autor, 2017.

Segundo o gráfico, a menor carga tributária é proporcionada pelo Anexo III, que seria

13,70%, economia de 5,18% em comparação com o Anexo V e de 6,43% em relação ao

Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006.

Anexo VI - LC 123/2006 Anexo V - LC 155/2016 Anexo III - LC 155/2016

20,13% 18,88%

13,70%

Comparativo entre as cargas tributárias dos

anexos do Simples Nacional

Economia de 6,43%

Economia

de 5,18% Economia

de 1,25%

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

38

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo principal verificar se o gasto com folha de

pagamento impacta na redução da carga tributária das empresas optantes pelo Simples

Nacional enquadradas no Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016

Com o intuído de atingir o objetivo proposto foi realizada uma pesquisa descritiva por

meio de um estudo de caso com abordagem qualitativa em uma empresa optante pelo Simples

Nacional, prestadora de serviços de engenharia.

Os prestadores de serviços de engenharia são enquadrados no Anexo VI da Lei

Complementar nº 123, de 2006, entretanto, com a publicação da Lei Complementar nº 155, de

2016, este Anexo deixa de existir, e as empresas enquadradas nele passam a enquadrar-se no

Anexo V da Lei Complementar nº 155, de 2016.

O Governo Federal atribuiu tratamento peculiar quanto a apuração do imposto devido

pelos prestadores de serviço enquadrados neste anexo V. Trata-se da possibilidade de

apuração com base no Anexo III desta mesma Lei Complementar, caso a razão entre a folha

de salários a receita bruta seja superior a 28%.

Apurou-se então o imposto devido com base em cada umas destas tabelas. Obtendo-se

no Anexo VI alíquota efetiva de 20,13%. Já no Anexo V, a alíquota efetiva equivale a

18,88%, e no Anexo III, 12,62%.

Neste último anexo obteve-se a menor carga tributária, no entanto, o atual gasto com a

folha de pagamento, proporciona uma razão entre folha de salários e receita bruta inferior a

28%, o que impossibilita a apuração do imposto devido com base neste Anexo.

Contudo, aumentando a retirada de pró-labore dos sócios, atualmente de um salário

mínimo, para R$ 5.000,00 (cinco mil reais), é possível elevar a razão da folha de salário para

percentuais superiores a 28% em todos os meses do ano de 2016, tributando esse período

integralmente com base no Anexo III da Lei Complementar nº 155/2016.

A proposta de aumento do pró-labore para a empresa estudada nesta pesquisa é

mediante a substituição de parte da remuneração por dividendos.

Todavia, diferentemente dos dividendos que são isentos de imposto de renda, o pró-

labore constitui rendimento tributável, isto é, haverá majoração da carga tributária da pessoa

física dos sócios quanto ao recolhimento de imposto de renda.

Considerando essa majoração, a carga tributária global no Anexo III (tributação da

empresa e dos sócios), seria 13,70%, economia de 5,18% em comparação com o Anexo V e

de 6,43% em relação ao Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

39

Monetariamente, a economia tributária no Anexo III em relação ao Anexo V

aproxima-se de R$ 58.000 (cinquenta e oito mil reais). Já em relação ao Anexo VI, é de

aproximadamente R$ 72.000 (setenta e dois mil reais).

Estes resultados evidenciam resposta positiva a problemática deste trabalho, ou seja,

com a vigência da Lei Complementar nº 155, de 2016, o gasto com a folha de pagamento

impacta de forma importante na redução da carga tributária das empresas enquadradas no

Anexo V desta Lei Complementar.

A estratégia tributaria de aumentar o pró-labore requer acompanhamento mensal da

razão entre a folha de salários e a receita bruta, tendo em vista que o cálculo leva em

consideração os últimos 12 (doze) meses.

Quanto às limitações desta pesquisa, a principal delas é por se tratar de um estudo de

caso de uma única empresa, no entanto, um estudo de caso particular é considerado

representativo de um conjunto de casos análogos, assim afirma Severino (2007).

Outras empresas também enquadradas no anexo V da Lei Complementar nº 155, de

2016 enquadraram-se como casos análogos, e podem utilizar a estratégia de aumentar a

retirada de pró-labore, conquanto que atendam os requisitos mencionadas neste estudo.

Como recomendação de futuras pesquisas relacionados ao tema, sugere-se a extensão

para outros serviços tributados pelo Anexo V, combinada com o aumento da amostra de

empresas no estudo.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

40

REFERÊNCIAS

ANDRADE FILHO, E. O. Planejamento Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009.

BEUREN, Ilse Maria; et al. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e

prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

BORGES, H. B. Gerência de impostos: 3PI, ICMS e ISS. 3ª. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

BRASIL. Lei Complementar nº 123 de dezembro de 2006, publicado em 14 deDezembro de

2006, institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Diário

Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 dez. 2006. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: abr. 2017

. Lei Complementar nº 147 de agosto de 2014, publicado em 07 de agosto de 2014,

altera a Lei Complementar nº 123, e dá outras providências. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 ago. 2014. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm>. Acesso em: abr. 2017

. Lei Complementar nº 155 de dezembro de 2016, publicado em 14 de dezembro de

2016, altera a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e

simplificar a metodologia de apuração do imposto devido por optantes pelo Simples Nacional.

Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 dez. 2016. Disponível

em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp155.htm#art1>. Acesso em: abr.

2017

. Constituição Federal de 1988, publicado em 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 06 out. 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:

abr. 2017

, DECRETO Nº 3.000, de 26 de março de 1999. Disponível em: <http://www.

planalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto/d3000.htm > Acesso em: mai. 2017.

. Lei 8.212/1991. Publicado em 24 de julho de 1991, Contribuição Previdenciária

Patronal Sobre a Folha de Pagamento. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,

Brasília, DF, 25 jul. 1991. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212cons.htm>. Acesso em: abr. 2017

. IBRAOP - Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras. ORIENTAÇÃO TÉCNICA

(OT - IBR 002/2009), “OBRA E SERVIÇO DE ENGENHARIA”. 1ª Edição revisada:

01/07/2010.

CASTRO, André Lima de: uma análise de impactos do simples nacional no DF.

Universidade de Brasília – UnB. Escola de Administração Fazendária – ESAF. Brasília, 2010.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p.

54.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019-01-31 · Tabela 01 - Receita Mensal nos anos 2015 e 2016. 26 Tabela 02 - Anexo VI da Lei Complementar nº 123, de 2006

41

GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. São Paulo: 3º ed. São Paulo. Saraiva,

2011.

HUCK, H. M. Evasão e Elisão: Rotas Nacionais e Internacionais. São Paulo: Saraiva, 1997.

LATORRACA, N. imposto de renda das empresas. 15ª. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

OLIVEIRA, Luís Martins de; et al. Manual de contabilidade tributária: textos e testes com

as respostas. São Paulo: Atlas, 2011.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. atual. São

Paulo: Cortez, 2007. 304 p.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e

técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo/RS: Universidade

FEEVALE, 2013. p. 49-69.