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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · de um equipamento cultural e de eventos com foco na cultura nerd/geek para a cidade de Natal/RN, com ênfase na multifuncionalidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – CAU

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

KARINA HATSUE SHIIKI DA SILVA

NATAL/RN

JUNHO, 2015

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KARINA HATSUE SHIIKI DA SILVA

NEXUS – CENTRO DE CULTURA E EVENTOS:

ANTEPROJETO DE UM ESPAÇO FLEXÍVEL DE CULTURA E EVENTOS

COM FOCO NA CULTURA NERD

Trabalho Final de Graduação apresentado ao

Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Federal do Rio grande do Norte como requisito

para a obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Prof. Msc. Aline Dantas de Araújo

D’Amore.

Natal/RN

Junho, 2015.

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À minha mãe. Minha inspiração, melhor amiga,

companheira e maior motivadora e incentivadora dos

meus sonhos.

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RESUMO

Este Trabalho Final de Graduação tem como objeto de estudo o anteprojeto

de um equipamento cultural e de eventos com foco na cultura nerd/geek para a

cidade de Natal/RN, com ênfase na multifuncionalidade e flexibilidade do

ambiente construído. A justificativa para a escolha deste projeto foi a observação

do rápido crescimento desta tribo urbana nos últimos anos, consequentemente

a baixa oferta de um espaço cultural voltado para este tema e que possa receber

apropriadamente os eventos com este foco. Além disso objetiva-se aplicar as

estratégias de multifuncionalidade e flexibilidade visando atrair não apenas o

público nerd/geek, mas também toda a população da cidade, sendo o espaço

projetado hábil para criar áreas de convivência, educação, cultura e

entretenimento, bem como para receber diversos tipos de eventos. Sendo assim,

conceber um espaço de cultura e eventos multifuncional visa valorizar a cultura

e incentivar o uso do espaço público, trazendo uma melhoria para a qualidade

de vida população.

Palavras-chave: multifuncionalidade; flexibilidade, público nerd/geek;

projeto de arquitetura; centro cultural e de eventos.

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ABSTRACT

This Final Graduation Project has as object of study the architectural project

of an equipment for culture and events focusing on nerd / geek culture for the city

of Natal/RN, emphasizing on multifunctionality and flexibility of the built

environment. The reason for choosing this project was the observation of the

rapid growth of this urban tribe in the recent years, hence the low offer of a cultural

space facing this issue and that could properly receive the events with this focus.

Furthermore the objective is to apply the multifunctionality and flexibility

strategies to attract not only the nerd/geek public, but also the entire population

of the city, and the skilled space designed to create coexistence, education,

culture and entertainment as well as for receiving various types of events. Thus,

designing a culture space and multifunctional event aims to enhance the culture

and encourage the use of public space, bringing an improvement to the life quality

of the population.

Keywords: multifunctionality; flexibility; nerd/geek public; architectural

Project; culture and events center.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapas do processo projetual ................................................................................ 18

Figura 2: Diferenças entre nerds e geeks ............................................................................ 20

Figura 3: Filmes preferidos dos nerds e geeks .................................................................... 21

Figura 4: Tipos de geeks ......................................................................................................... 22

Figura 5: Localização do Centro de Convenções de Natal/RN ......................................... 31

Figura 6: Pavilhão Parque das Dunas .................................................................................. 31

Figura 7: Situação do Pavilhão Parque das Dunas no lote ............................................... 31

Figura 8: Usos e fluxos do evento. ........................................................................................ 34

Figura 9: Palco principal do Saga Entretenimento .............................................................. 35

Figura 10: Acesso principal e segurança .............................................................................. 36

Figura 11: Localização do Centro de Eventos do Ceará ................................................... 38

Figura 12: Implantação e acessos do Centro de Eventos do Ceará ................................ 38

Figura 13: Fachada do Centro de Eventos do Ceará. ........................................................ 39

Figura 14: Pavilhão de Exposições sem divisórias ............................................................. 39

Figura 15: Pavilhão de Exposições com Divisórias ............................................................ 39

Figura 16: Salas de mezanino sem divisórias ..................................................................... 40

Figura 17: Salas de mezanino com divisórias ..................................................................... 40

Figura 18: Corredor Central do CEC durante o SANA 2015. ............................................ 41

Figura 19: Corredor Central do CEC durante o SANA 2015. ............................................ 41

Figura 20: Organização das atividades do Sana Fest 2015 - pavimento térreo. ........... 42

Figura 21: Organização das atividades do Sana Fest 2015 - mezanino. ........................ 42

Figura 22: Maid Café do Sana Fest. ...................................................................................... 43

Figura 23: Salão Art & Fest, SANA 2015. ............................................................................ 45

Figura 24: Salão Art & Fest, SANA 2015. ............................................................................ 45

Figura 25: Salão Art & Fest, SANA 2015. ............................................................................ 45

Figura 26: Mapa geral de atividades do Anime Friends. .................................................... 47

Figura 27: Área interna do Anime .......................................................................................... 48

Figura 28: Área interna do Anime Friends ............................................................................ 48

Figura 29: Flyer de divulgação das atrações oficiais do Anime Friends 2014. .............. 49

Figura 30: Pontos de banheiro químicos no Anime Friends 2013. ................................... 50

Figura 31: San Diego Convention Center ............................................................................. 51

Figura 32: Mapa geral de atividades da Comic-Con. ......................................................... 52

Figura 33: Situação do Centro cultural de eventos e exposições de Paraty. ................. 53

Figura 34: Pavimento térreo e primeiro andar do Centro Cultural de Paraty.................. 54

Figura 35: Esquemas volumétricos do Centro Cultural de Paraty .................................... 55

Figura 36: Detalhes estruturais, materiais e de conforto utilizados no Centro Cultural de

Paraty ......................................................................................................................................... 56

Figura 37: Opções de conformação do auditório ................................................................ 57

Figura 38: Sistema de praticáveis e plataformas pantográficas ....................................... 57

Figura 39: Perspectiva externa do Centro Cultural de Paraty ........................................... 58

Figura 40: Perspectiva externa do Centro Cultural de Paraty ........................................... 58

Figura 41: Implantação do Jardim Japonês de Buenos Aires ........................................... 59

Figura 42: Paisagem natural do Jardim Japonês ................................................................ 60

Figura 43: Paisagem natural do Jardim Japonês ................................................................ 60

Figura 44: Puente de Dios do Jardim Japonês .................................................................... 60

Figura 45: Puente Truncado do Jardim Japonês ................................................................ 60

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Figura 46: Casa de Chá do Jardim Japonês ........................................................................ 61

Figura 47: Viveiro do Jardim Japonês ................................................................................... 61

Figura 48: Zombie Walk em 2011, na avenida Salgado Filho ........................................... 65

Figura 49: Locação do terreno. .............................................................................................. 67

Figura 50: Terreno escolhido. ................................................................................................. 67

Figura 51: Curvas topográficas do terreno ........................................................................... 68

Figura 52: Perfil topográfico do terreno ................................................................................ 68

Figura 53: Carta solar de Natal/RN ....................................................................................... 69

Figura 54: Esquema de insolação e ventilação natural no terreno .................................. 69

Figura 55: Modelo de calçada acessível .............................................................................. 73

Figura 56: Fluxograma do Centro de cultura e eventos ..................................................... 79

Figura 57: Tela do jogo Tetris ................................................................................................. 82

Figura 58: Peças do jogo Tetris. ............................................................................................ 83

Figura 59: Evolução da forma ................................................................................................ 83

Figura 60: Zoneamento do terreno ........................................................................................ 84

Figura 61: Zoneamento - subsolo .......................................................................................... 85

Figura 62: Zoneamento - térreo ............................................................................................. 85

Figura 63: Zoneamento: 1° andar .......................................................................................... 85

Figura 64: Zoneamento vertical do edifício .......................................................................... 85

Figura 65: Situação do lote no entorno ................................................................................. 86

Figura 66: Implantação geral .................................................................................................. 87

Figura 67: Vista da fachada posterior a partir do lado oeste ............................................. 88

Figura 68: Vista da fachada posterior a partir do lado leste .............................................. 88

Figura 69: Implantação ............................................................................................................ 89

Figura 70: Arquibancada sobre auditório .............................................................................. 90

Figura 71: Deck para contemplação e espera ..................................................................... 90

Figura 72: Área para contemplação ...................................................................................... 90

Figura 73: Jardim de convivência .......................................................................................... 91

Figura 74: Planta baixa - Subsolo .......................................................................................... 92

Figura 75: Plataformas pantográficas e telescópicas ......................................................... 93

Figura 76: Opções de layout para o auditório ...................................................................... 93

Figura 77: Planta baixa - pavimento térreo .......................................................................... 94

Figura 78: Forma de acionamento dos painéis ................................................................... 94

Figura 79: Armazenamento dos paineis retráteis em nicho na parede ........................... 95

Figura 80: Opções de layout para o Salão de Eventos 01 ................................................ 95

Figura 81: Área de entretenimento e espera ....................................................................... 96

Figura 82: Área de entretenimento e espera ....................................................................... 96

Figura 83: Área de convivência .............................................................................................. 97

Figura 84: Área de convivência] ............................................................................................. 97

Figura 85: Planta baixa - primeiro andar .............................................................................. 98

Figura 86: Detalhe de fechamento em cobogós e esquadrias em vidro ......................... 98

Figura 87: Opções de layout para o Salão 02 ..................................................................... 99

Figura 88: Design de cobogó para a edificação ................................................................ 100

Figura 89: Perspectiva externa do edifício ......................................................................... 101

Figura 90: Perspectiva externa do edifício ......................................................................... 101

Figura 91: Soluções de conforto ambiental a partir da fachada leste ............................ 102

Figura 92: Soluções de conforto ambiental a partir da fachada oeste ........................... 102

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Figura 93: Exemplo de utilização de jardim japonês como estratégia de resfriamento

evaporativo .............................................................................................................................. 103

Figura 94: Detalhe de execução da laje verde .................................................................. 104

Figura 95: Divisórias retráteis ............................................................................................... 104

Figura 96: Painéis acústicos ................................................................................................. 105

Figura 97: Acabamento e instalação dos paineis .............................................................. 105

Figura 98: Sugestão de puxador .......................................................................................... 107

Figura 99: Modelos VE2 e VE3 - portas de vidro .............................................................. 107

Figura 100: Guarita tipo fole – estendida ............................................................................ 108

Figura 101: Guarita tipo fole, recolhida ............................................................................... 108

Figura 102: Forro cartonado perfurado ............................................................................... 109

Figura 103: Fixação e acabamento da ilha acústica......................................................... 110

Figura 104: Referências de acabamento do piso vinílico ................................................ 111

Figura 105: cobograma ......................................................................................................... 112

Figura 106: Piso intertravado retangular assentamento tipo espinha de peixe............ 112

Figura 107: Elevador modelo Gen2 - Otis. ......................................................................... 112

Figura 108: Bacia com caixa acoplada Quadrata P440, Deca. ...................................... 113

Figura 109: Mictorio M721, Deca ......................................................................................... 113

Figura 110: Cuba de semi-encaixe retangular L733 ......................................................... 113

Figura 111: Misturador para lavatório de parea 1878....................................................... 113

Figura 112: Cano do jogo Mario ........................................................................................... 115

Figura 113: Caixa de água estido taça ............................................................................... 115

Figura 114: Sugestão de condensador – Multi V IV, fabricante LG ............................... 116

Figura 115: Sugestão para evaporador - 4Way Cassete Geração 4 - fabricante LG .. 116

Figura 116: Pinheiro-de-buda ............................................................................................... 117

Figura 117: Ligustro ............................................................................................................... 117

Figura 118: Nandina ............................................................................................................... 117

Figura 119: Buxinho ............................................................................................................... 118

Figura 120: Ipê-roxo ............................................................................................................... 118

Figura 121: Pata-de-vaca ...................................................................................................... 118

Figura 122: Cássia-do-nordeste ........................................................................................... 118

Figura 123: Grama-esmeralda ............................................................................................. 119

Figura 124: Oiti ....................................................................................................................... 119

Figura 125: Acácia Mimosa .................................................................................................. 119

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resumo dos procedimentos metodológicos....................................................... 17

Tabela 2: Subgrupos nerds/geeks da cidade de Natal....................................................... 64

Tabela 3: Recuos aplicáveis ao terreno. .............................................................................. 71

Tabela 4: Parâmetros para rampas de estacionamento .................................................... 72

Tabela 5: Valores mínimos para cada compartimento ....................................................... 73

Tabela 6: Programa de Necessidades .................................................................................. 78

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................ 13

PARTE I - REFERENCIAL TEÓRICO E EMPIRICO ........................................ 16

1. Procedimentos Metodológicos ............................................................ 17

2. Referencial Teórico ............................................................................. 19

2.1. Nerds X Geeks ....................................................................................... 19

2.2. Centros De Cultura Como Espaço De Lazer Comunitário. .................... 23

2.3. Multifuncionalidade E Flexibilidade Na Arquitetura ................................ 27

3. Referencial Empírico ........................................................................... 28

3.1. Estudos Diretos ................................................................................... 29

3.1.1. Saga Entretenimento .................................................................... 29

3.1.2. Sana Fest ..................................................................................... 36

3.2. Estudos Indiretos ................................................................................ 46

3.2.1. Anime Friends............................................................................... 46

3.2.2. Comic Con Internacional - San Diego ........................................... 50

3.2.3. Centro Cultural De Eventos E Exposições De Paraty ................... 52

3.2.4. Jardim Japonês De Buenos Aires ................................................. 58

PARTE II - PRE-PROJETO .............................................................................. 62

4. Definindo O Público Alvo ..................................................................... 63

5. O Terreno ............................................................................................ 67

6. Condicionantes Físicos E Ambientais ................................................. 68

7. Condicionantes Legais ........................................................................ 70

7.1. Plano Diretor ....................................................................................... 70

7.2. Código De Obras ................................................................................ 71

7.3. Código De Segurança E Prevenção Contra Incêndio E Pânico Do

Estado Do Rio Grande Do Norte ................................................................... 74

7.4. Abnt Nbr 9050 ..................................................................................... 76

8. Metaprojeto ......................................................................................... 78

8.1. Programa De Necessidades E Pré Dimensionamento ........................ 78

8.2. Relações Programáticas ..................................................................... 79

PARTE III - ANTEPROJETO ARQUITETONICO ............................................. 81

9. Proposta Arquitetônica ........................................................................ 82

9.1. Definição Do Conceito De Projeto ....................................................... 82

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9.2. Definição Do Partido ........................................................................... 82

9.3. Zoneamento E Evolução Da Forma .................................................... 83

9.4. O Projeto – Memorial Descritivo E Justificativo ................................... 86

9.4.1. Inserção Na Malha Urbana ........................................................... 86

9.4.2. Implantação No Lote ..................................................................... 89

9.4.3. Subsolo ......................................................................................... 91

9.4.4. Pavimento Térreo ......................................................................... 94

9.4.5. Primeiro Andar .............................................................................. 98

9.4.6. Soluções Formais ......................................................................... 99

9.4.7. Soluções De Conforto Ambiental ................................................ 101

9.5. Materiais ............................................................................................ 103

9.5.1. Estrutura E Vedação ......................................................................... 103

9.5.2. Cobertura .......................................................................................... 106

9.5.3. Esquadrias ........................................................................................ 106

9.5.4. Cobogós, Painéis E Detalhes Metálicos Da Fachada ...................... 108

9.5.5. Forro .................................................................................................. 109

9.5.6. Paredes ............................................................................................. 110

9.5.7. Piso ................................................................................................... 111

9.5.8. Elevadores ........................................................................................ 112

9.5.9. Louças E Metais ................................................................................ 113

9.5.10. Reservatório ...................................................................................... 114

9.5.11. Estacionamento ................................................................................ 115

9.5.12. Climatização ...................................................................................... 116

9.6. Indicações Botânicas ........................................................................ 117

Considerações Finais ..................................................................................... 120

Referências .................................................................................................... 121

Apêndices....................................................................................................... 124

Apêndice 01: Entrevista Realizada Com O Diretor Geral Do Saga

Entretenimento; ........................................................................................... 124

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INTRODUÇÃO

O público nerd/geek da cidade de Natal vem apresentando um ritmo

rápido de crescimento nos últimos anos e com isso também se tem um aumento

da demanda por eventos culturais com este foco. Consequentemente, é

necessário que haja um espaço apropriado para tais atividades.

Inicialmente, se faz necessária uma definição do público nerd e

geek1. De acordo com Gisele Tammar (2012), citada por Janyffer Cavalcante de

Morais (2013), eles gostam de super-heróis, histórias em quadrinhos, games,

tecnologia, seriados e ficção científica, sendo, durante muito tempo,

ridicularizados. Porém, nos dias de hoje o diferente entrou na moda e os nerds,

ou geeks - como também são chamados -, ganharam até um dia em sua

homenagem (25 de maio) e movimentam um mercado lucrativo e que reserva

espaço para a abertura de negócios promissores.

Por outro lado, há uma ausência de equipamentos de cultura e lazer

gerais na cidade de Natal, não havendo muitas alternativas para a população,

que acaba por superlotar os shoppings da cidade. Esta falha no lazer e cultura

do município gera problemas graves, como o sedentarismo da população, sendo

Natal considerada uma das capitais mais sedentárias do país.

De acordo com Kelson de Oliveira Silva2 (2012), o espaço público

desempenha papel relevante na qualidade de vida da população, pois é nele que

ocorrem práticas sociais fundamentais à qualidade de vida da comunidade,

como atividades desportivas, jogos, diferentes formas de convivência e de lazer,

manifestações sociais, dentre outras. Compreende não apenas elementos

urbanos como ruas, praças, espaços de lazer, esporte e recreação, mas também

os espaços que, “ainda que possuam uma certa restrição ao acesso e à

circulação, pertencem à esfera do público, como as instituições públicas de

ensino, hospitais e os centros de cultura”. (SILVA, 2012, p. 50)

Lima, citado por Silva (2012), ressalta a função social dos espaços

públicos, considerando-os como locais que abarcam aspectos políticos e sociais

1 Conceitos a serem mais aprofundados no capítulo 2, sub-ítem 2.1. 2 Graduação e mestrado em Geografia (UFRN); membro/colaborador do Grupo Interdisciplinar

de Estudos Turismo e Sociedade (UFRN); professor da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC/RN); professor/orientador na Especialização em Gestão Ambiental e Especialização em Mídias na Educação (UERN).

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também, cumprindo papel de espaços de diálogo e de conflito, sendo

considerados como espaços onde as afinidades sociais e diferenças devem se

submeter às regras da civilidade. Sendo assim, o espaço público é tratado como

um lugar também de conflitos e problematizações da vida social, ou seja, um

local que permite o diálogo e o debate. (LIMA apud SILVA, 2012, p. 51)

No caso da cidade de Natal, é possível observar que os espaços públicos

de lazer estão depredados e em condições de uso precárias devido à falta de

regular e sistemática manutenção. “Essa situação de abandono dos

equipamentos de lazer implica na desmotivação de uso por parte da população,

aprofundando formas de socialização em espaços privativos fechados” (SILVA,

2012. Pg. 56). Como consequência, temos a superlotação de poucos espaços,

como os shopping centers da cidade, resultando no “recuo da cidadania”, ou

seja, o surgimento de espaços comuns, mas não públicos, como shoppings

centers, ruas fechadas, paredes cegas, entre outros.

Tendo estes problemas em vista, é possível buscar soluções através dos

princípios de multifuncionalidade e flexibilidade. De acordo com Giselle Luzia

Dziura3 (2003), a arquitetura multifuncional constitui um edifício, ou conjunto de

edifícios que satisfazem funções heterogêneas. Ou seja, são construções que

abrigam mais de uma função, seja habitação, trabalho, lazer, circulação, esporte,

cultura e educação. A multifuncionalidade, portanto, é consequência de uma

necessidade de diversidade urbana, na qual o convívio entre as distintas funções

urbanas é a base para a vitalidade urbana, matéria-prima da urbanidade.

A escolha deste tema de projeto, portanto, se justifica com base nos dois

fatores abordados: o grande crescimento da tribo geek / nerd e a ausência de

espaços públicos de qualidade na cidade. É proposto aqui, portanto, um espaço

multifuncional flexível apropriado para eventos de cultura nerd, mas que funcione

também como alternativa de lazer para a população natalense através de

espaços de convivência e ofertas de diversas atividades com o intuito de trazer

uma melhora na qualidade de vida da comunidade e da cidade.

O trabalho está dividido em 3 partes: a primeira aborda a fundamentação

teórica e empírica, onde são conceituados e analisados os temas dos centros

3 Doutora em Arquitetura e Planejamento Urbano pela Universidade de São Paulo. Professora na Universidade Positivo, em Curitiba, Paraná. Atuante no Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental.

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culturais, geeks x nerds e multifuncionalidade e flexibilidade na arquitetura; a

segunda apresenta os condicionantes de projeto e o metaprojeto, onde são

elaborados o programa de necessidades e as relações funcionais; e por fim, a

terceira contém a elaboração do anteprojeto arquitetônico, contendo o memorial

descritivo e justificativo da proposta.

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PARTE I - REFERENCIAL TEÓRICO E EMPIRICO

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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo aborda a metodologia de pesquisa e elaboração de projeto

que foi utilizada para poder chegar à concepção final deste trabalho.

Tabela 1: Resumo dos procedimentos metodológicos

Área de atuação: Projeto de Arquitetura

Tema: Equipamento para cultura, eventos e lazer.

Objeto de estudo: Espaço de cultura nerd, eventos e lazer a partir dos princípios de multifuncionalidade e flexibilidade

Objetivo Geral Objetivos Específicos Procedimentos Métodos e

Técnicas Fontes

Produzir um projeto de arquitetura de um

centro voltado para eventos de cultura pop

e nerd a partir dos princípios de

multifuncionalidade e flexibilidade, visando a apropriação do espaço

para lazer de toda a população.

Compreender as necessidades do público

frequentador dos eventos de cultura

japonesa e nerd, visando revertê-los para o

programa de necessidades de um

projeto arquitetônico ideal para tal;

Pesquisa bibliográfica, contato com frequentadores

e organizadores e análise dos eventos tradicionais desta

tribo urbana;

Realização de entrevistas e

questionários em meio virtual;

Livros, sites, público alvo,

equipe organizadora dos eventos para cultura

nerd.

Estudar estratégias projetuais que permitam a multifuncionalidade e flexibilidade do espaço;

Pesquisa bibliográfica, estudos

de referência;

Fichamentos, resumos,

levantamento fotográfico in

loco;

Livros, periódicos, trabalhos e

projetos selecionados para estudo;

Estudar estratégias projetuais de conforto

ambiental e paisagismo para tornar o espaço devidamente atrativo

para a população e adequado aos

frequentadores e participantes dos

eventos.

Pesquisa bibliográfica, estudos

de referência.

Fichamentos, resumos, visitas

in loco.

Livros, periódicos, trabalhos e

projetos selecionados para estudo.

Criar um centro de cultura nerd e eventos

destinados para tal, bem como um espaço de

lazer para toda a população utilizando de

estratégias de multifuncionalidade;

Reconhecimento do local de projeto e

suas especificidades através de estudo da legislação referente, desenvolvimento de pranchas projetuais

em AutoCAD, estudo volumétrico e elaboração de maquete em

SketchUp;

Levantamento fotográfico, análise de

fatores físico ambientais.

Local de projeto e legislação

pertinente.

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

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Como é possível analisar na Tabela 1 de resumo dos procedimentos

metodológicos seguidos, o trabalho foi organizado seguindo as etapas de

elaboração de projeto arquitetônico, onde inicialmente se fazem necessários os

estudos teóricos acerca do tema, público alvo e conceitos utilizados, para que

assim seja possível passar para a etapa de estudos práticos, com a montagem

do programa de necessidades, concepção de um conceito e partido de projeto e

então o desenvolvimento da proposta projetual em si.

Este procedimento (figura 1) é importante de ser seguido para que a

proposta arquitetônica final seja bem fundamentada, com a correta utilização dos

conceitos objetivados e a devida atenção ao usuário durante o processo de

concepção projetual.

Figura 1: Etapas do processo projetual

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo consiste na conceituação dos temas em estudo neste

trabalho. De início, faz-se uma abordagem dos termos nerd e geek com o intuito

de entende-los melhor e assim poder definir apropriadamente o público alvo e

suas necessidades, posteriormente são focados os temas de centros culturais

como espaços de lazer comunitário e a conceituação e estudo de estratégias

para a permitir a multifuncionalidade e flexibilidade do edifício projetado.

2.1. NERDS X GEEKS

Popularmente, as definições de geek e nerd se misturam. Este tópico de

estudo procura esclarecer as diferenças e semelhanças com o intuito de definir

devidamente o público alvo e seus interesses, para assim rebatê-los na proposta

de projeto.

Os desenvolvedores do site Masters in It4 criaram um infográfico

mostrando a diferença entre nerds e geeks, ressaltando que originalmente, a

palavra Geek era utilizada como termo depreciativo e ganhou popularidade no

circo. Os artistas de circo que apresentavam grandes proezas ou aberrações

como engolir insetos ou outros animais eram chamados de Geeks. Já o termo

Nerd foi cunhado por Dr. Seuss5 em 1954 no famoso trecho “A nerkle, a nerd

and seersucker too!”6, ou seja, o termo foi utilizado para definir alguém que usa

roupas de tecido de linho com listras brancas e azuis, mantém as luzes de natal

acesas o ano inteiro, utiliza cabelos compridos e não apresenta sinais de riso,

em suma um velho rabugento. Em meados dos anos 60 o termo de desenvolveu

para o significado de “antiquado” ou “não-descolado/legal”. Atualmente, os dois

termos se desdobraram em significados diferentes com conotação mais positiva.

O site diferencia os nerds e geeks da seguinte maneira: os geeks são

pessoas com um nicho, interesse e estilo de vida específico por terem se tornado

especialistas nestas variáveis, possuem tanto conhecimento de mundo que

4 Site que tem por objetivo informar o leitor sobre a variedade de opções disponíveis para Mestrado em Tecnologia da Informação e Ciência da Computação. 5 Foi um escritor e cartunista norte-americano. Publicou mais de 60 livros infantis. 6 Trecho do livro “If I Ran the Zoo”.

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podem ser chamados de “enciclopédia ambulante” e seus interesses incluem

jogos, filmes, coleções, tecnologia, computação, programação, entre outros. Já

o nerd é extremamente inteligente, possui grande fascinação por assuntos

acadêmicos, física, ficção científica, fantasia e programação de computadores,

são introvertidos e ineptos socialmente. Em uma pesquisa, o site identificou que

41% dos americanos se sentem confortáveis sendo chamados de geek,

enquanto apenas 24% de intitula nerd e 35% dos entrevistados não se considera

geek nem nerd. Os resultados demonstram que 65% dos designers de vídeo

game, 50% dos engenheiros de tecnologia e 37% dos bloggers se identificam

como geeks.

Figura 2: Diferenças entre nerds e geeks

Fonte: Mastersinit.org, 2015.

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Foram identificados alguns filmes que os geeks e nerds amam, dentre

eles estão os famosos Donnie Darko, Tron, Senhor dos Anéis, Battlestar

Galactica, Star Trek e Matrix, como é possível observar na imagem a seguir.

Figura 3: Filmes preferidos dos nerds e geeks

Fonte: Masterinit.org, 2015.

De acordo com o dublador Phil Lamarr, citado por Jannyfer de Morais

(2013), Nerd é uma designação intelectual, enquanto Geek é uma designação

social. Assim, você pode ser os dois ou apenas um deles, ou ainda nenhum.

(HOEVEL apud MORAIS, 2013).

Há nerds e geeks de teatro, de literatura, de computador, da tecnologia, da lei, de jardinagem, de fabricação e de todos os tipos que se possa imaginar, não restringindo esses termos apenas à área tecnológica ou aspectos da cultura pop. (MORAIS, 2013, pg. 36).

O cartunista Scott Johnson criou um pôster com 56 tipos de geeks/nerds

para exemplificar a grande variedade desta tribo.

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Figura 4: Tipos de geeks

Fonte: Frogpants.bigcartel.com, 2015.

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Com o advento e popularização da computação, que trouxe muitos avanços tecnológicos em diversas áreas, tudo foi facilitado para eles (nerds/geeks). A sociedade já não os ridicularizada tanto quanto antes. As pessoas começaram a perceber que os computadores e a internet podem significar muito dinheiro, e começou a dar mais crédito aos nerds e geeks em campos de tecnologia, ao ver exemplos como Bill Gates fazerem fortuna. Nessa mesma época, vários interesses que costumavam ser exclusivamente nerds começaram a se popularizar mais, como quadrinhos e super-heróis. (MORAIS, 2013, pg. 39-40)

A partir dos anos 2000 já era possível observar a grande popularização

dos nerds, quando o termo perdeu a conotação depreciativa e passou referenciar

conhecimento abundante e específico sobre determinado tema. Atualmente o

termo 25 de março é conhecido como o Dia do Orgulho Nerd, tendo sido

celebrada pela primeira vez em 2006 em toda a Espanha e na internet em

comemoração ao lançamento do primeiro filme da série Star Wars, em 25 de

maio de 1977. É perceptível, portanto, que a cultura geek/nerd tem se tornado

uma cultura de massa, ganhando grande popularidade e adquirindo milhares de

seguidores ao redor do mundo.

2.2. CENTROS DE CULTURA COMO ESPAÇO DE LAZER COMUNITÁRIO.

Originada da palavra latina licere, traduzida como algo lícito e permitido

(CAMARGO apud PINTO, PAULO, SILVA, 2012. Pg. 88), lazer é um dos fatores

mais influentes no desenvolvimento social da humanidade. Segundo Marcellino

(1996), não existe um consenso sobre o que seja lazer entre os estudiosos, o

que indica que se trata de um termo carregado de preferências e juízos de valor.

Grande parte da população ainda associa o lazer às atividades recreativas, ou a

eventos de massa. O autor, porém, entende que há outra possibilidade de

ocorrer o lazer, trata-se do desenvolvimento pessoal e social que acompanha a

atividade. No teatro, turismo, festa, entre outros, estão presentes oportunidades

privilegiadas, porque espontaneamente inferem percepção e reflexão sobre as

pessoas e as realidades nas quais estão inseridas. Assim, Marcellino afirma que

não é possível se entender o lazer isoladamente, ele influencia e é influenciado

por outras áreas de atuação numa relação dinâmica. Já Dumazedier (1976),

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define lazer como um conjunto de ações as quais o indivíduo pode entregar-se

de livre vontade, seja para repousar, divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou

ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada e sua

participação social voluntária. Ou seja, o lazer opõe-se a obrigações. Porém, há

o que Dumazedier (1976) chama de similazer, ou seja, uma atividade mista onde

o lazer se mistura a uma obrigação institucional.

O conceito aqui adotado será o trazido por Gomes (2004), que reúne um

pouco das ideias de ambos os autores citados anteriormente e entende lazer

como:

(...) uma dimensão da cultura constituída por meio da vivência lúdica de manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações” (GOMES apud PINTO, PAULO, SILVA, 2012. Pg. 88).

O Brasil tem sido apontado como um país onde há uma enorme

desigualdade social e, mesmo apresentando esta diversificação de realidades

sociais, as cidades, de um modo geral, não oferecem espaços suficientes de

lazer. Sendo assim, o lazer não é democrático, não sendo homogêneo para

todas as classes sociais e impossibilitando que as pessoas tenham livre acesso

aos diversos tipos de atividades integradoras, democráticas e de bem-estar

(SILVA, LOPES, XAVIER apud PINTO, PAULO, SILVA, 2012. Pg. 89).

Segundo Pellegrin (2004), a expressão espaço de lazer diz respeito a toda

rede de equipamentos de lazer, vazios urbanos e áreas verdes de uma cidade.

Nesse sentido, trata-se de uma edificação ou instalação onde acontecem

manifestações e atividades de lazer. Podem enquadrar-se nessa categoria geral

os clubes, ginásios, Centros Culturais, piscinas, cinemas, parques, bibliotecas,

centros esportivos, quadras, teatros, museus, entre outros, independentemente

de serem privados ou públicos. (PELLEGRIN apud PINTO, PAULO, SILVA,

2012. Pg. 90). O autor afirma que os equipamentos de lazer expõem os

contrastes urbanos existentes na cidade a partir do momento em que é possível

perceber a presença de áreas nas quais os equipamentos são abundantes,

variados e bem conservados e áreas nas quais são raros e mal conservados,

áreas de fácil acesso e áreas de difícil acesso, equipamentos superlotados e

esvaziados.

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De acordo com Gabriela Pinto, Elizabeth de Paulo e Thaisa Cristina da

Silva (2012), os Centros Culturais são exemplo de participação, onde são

realizados diversos tipos de manifestações culturais como oficinas de música,

canto, arte, contação de histórias, dentre outros. Estas proporcionam momentos

de descontração, valorização, reconhecimento, prazer, ao mesmo tempo,

conscientizam a população de que indiferente da classe socioeconômicas, o

lazer é um direito de todos (SILVA, LOPES, XAVIER apud PINTO, PAULO,

SILVA, 2012. Pg. 87).

O lazer é considerado pelas autoras como um fenômeno social de grande

importância que pode ser analisado através das escolhas que os indivíduos

fazem e diz respeito às suas identidades, sendo necessária uma reeducação da

população fazendo-a entender que o lazer não é só viajar para um determinado

lugar, mas sim fazer algo por si, individual ou coletivamente. Porém, apenas a

educação não é o bastante para resolver o problema, as cidades não têm

oferecido espaços de lazer suficientes para que todos usufruam das

manifestações culturais existentes (PELLEGRIN apud PINTO, PAULO, SILVA,

2012. Pg. 87). Por isso é destacada a importância dos Centros Culturais como

um novo estímulo para a população, dando a oportunidade de viverem em uma

sociedade mais igualitária, se sobrepondo às barreiras que dificultam sua

inserção.

De acordo com Luciene Borges Ramos (2007), no Brasil, a história dos

centros culturais é recente, embora já houvesse interesse nestes centros desde

a década de 1960, os primeiros centros de cultura brasileiros surgiram apenas

na década de 80, na cidade de São Paulo. A partir daí, proliferaram pelas cidades

do país. Ramos utiliza-se de uma citação de Pérez-Rioja para afirmar que os

centros culturais são um desdobramento das bibliotecas e dos museus:

Em el aspect físico o estructural, ua se há visto como las Casas de Cultura suponen, em principio, la integración em um mismo edifício de in Archico Historico, uma Biblioteca Pública e um Cntro Provincial Coordinador de Bibliotecas, e incluso a veces, um Museo u otras Entidades como los Centro o Institutos de investihación local, añadiendo a la funcionalidade de tales servicios, outra complementaria pero muy essencial de difusión cultural. A la integración inicial de fondos documentales, bibliográficos e incluso museisticos, se há açnadido ultimamente la de los nuveos y pujantes médios audiovisuales como um excelente complemento de

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aquéllos a la vez que como um poderoso y eficaz instrumento educativo (PERÉS-RIOJA apud RAMOS, 2007. Pg. 88).

Sendo assim, os autores deixam claro que dentro de uma concepção

contemporânea, instituições como bibliotecas, centros culturais e museus são,

na mesma prática, espaços muito semelhantes que adotam nomes diferentes.

Porém, aqui no Brasil começa a estabelecer-se uma distinção informal entre

casa de cultura, centro cultural e espaço cultural. De acordo com Teixeira

Coelho, citado por Ramos (2007), espaço cultural é um local mantido pela

iniciativa privada que se dedica a promover uma atividade cultural, não o

conjunto delas, como é o caso de espaços culturais de grandes bancos e

grandes empresas; já o centro cultural é uma instituição mantida por poderes

públicos, de porte maior, com acervo e equipamentos permanentes, como salas

de teatro, cinema, bibliotecas, etc., que orienta-se para um conjunto de

atividades que são desenvolvidas sincronicamente e oferecem alternativas

variadas a seus frequentadores, de modo permanente e organizado; as casas

de cultura, por sua vez, podem designar um centro cultural pequeno ou

pequenas instituições voltadas para a divulgação de uma modalidade cultural

específica, como poesia ou teatro, ou personalidades destacadas.

Em suma, sabendo que todos os níveis socioeconômicos podem e devem

ter acesso à riqueza de linguagens culturais, o lazer e os centros culturais podem

ser relevantes no processo de valorização e preservação do patrimônio,

preservando a identidade local e possibilitando o potencial turístico das cidades.

(BAHIA et al apud PINTO, PAULO, SILVA, 2012. Pg. 91).

Sabendo que “turismo cultural é o acesso ao patrimônio cultural, ou seja,

história, cultura e modo de viver de uma comunidade” (MOLETTA apud PINTO,

PAULO, SILVA, 2012. Pg. 92), temos que o turismo cultural estimula os fatores

culturais dentro de uma localidade e atrai visitantes, bem como desenvolve

economicamente uma região turística.

Dentro do turismo cultural, pode ser destacado um turismo de eventos,

onde os eventos culturais atraem turistas de várias localidades. É o exemplo da

Comic Con, um evento voltado para a cultura nerd que teve origem em 1970,

quando um grupo de 300 vendedores de quadrinhos da California, Estados

Unidos, resolveu fazer uma convenção para reunir leitores, vendedores e

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pessoas que gostavam de trocar quadrinhos e revistas usadas. A convenção

acontece anualmente durante 4 dias em San Diego, na Californa e cresceu e

ganhou reconhecimento a ponto ganhar um local fixo, o San Diego Convention

Center, e todo ano recebe milhares de visitantes de todo o mundo. Devido ao

grande sucesso a Comic Con acontece também em vários outros países, tendo

o Brasil recebido a Comic Com Experience de 4 a 7 de dezembro de 2014, em

São Paulo.

A níveis locais, dois eventos voltados para a cultura pop se destacam no

Brasil, sendo eles o SANA7, em Fortaleza e o Anime Friends, em São Paulo.

Ambos atraem os nerds e geeks de várias localidades de todo o Brasil e de

outros países da América Latina exclusivamente para aproveitar os eventos,

sendo o Anime Friends a maior convenção direcionada a esta tribo do Brasil,

contando hoje com um público superior a 120 mil pessoas.

2.3. MULTIFUNCIONALIDADE E FLEXIBILIDADE NA ARQUITETURA

Considerando o conceito de Multifuncionalidade na Arquitetura

como um edifício que oferece várias opções de uso, atividades e serviços, Dziura

(2003) defende que os edifícios multifuncionais incitam as pessoas a se

encontrarem, a conversarem, a passearem. Trata-se de estimular, mais que

reprimir, o potencial humano dos cidadãos: têm função humanizadora.

Goitia, citado por Dziura (2003), caracteriza a cidade contemporânea pela

desintegração, sendo fragmentaria, caótica, dispersa, constituída por áreas

congestionadas e com zonas diluídas pelo campo circundante. “Do mesmo modo

que a multiplicação de funções na cidade compacta sugere edifícios

multifuncionais na busca da revitalização urbana, a cidade espalhada também

sugere edifícios multifuncionais como fator de intensificação urbana” (DZIURA,

2003. Pg. 32).

Brandão e Heineck (2007) estabelecem dois conceitos de flexibilidade: a

flexibilidade permitida, equivalente à personalização, e a flexibilidade planejada.

A primeira implica que apenas uma opção é dada atendendo aos pedidos viáveis

de modificação de projeto, enquanto a segunda implica que na etapa de projeto

7 Evento originado em 2001, no Ceará, já tendo realizado mais de 20 edições.

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já são criadas mais de uma opção possíveis. Algumas estratégias são criadas

para alcançar a flexibilidade, sendo elas.

Divisórias internas não portantes e removíveis;

Ausência de colunas ou grandes vãos entre elementos estruturais;

Instalações e acessórios desvinculados da obra, evitando embuti-los na

alvenaria;

Marginalização da área úmida em relação à seca;

Utilização de formas geométricas simples;

Não locar aparelhos de iluminação em posição central;

Em somatório às estratégias aqui estudadas, é possível citar o

posicionamento do diretor geral do evento SAGA Entretenimento, que, em

entrevista cedida à autora, defendeu que o local mais favorável para a

organização do evento deve ter como principal característica a planta livre,

assim, é possível fazer a subdivisão das atividades de diversas maneiras

diferentes como mais convier à administração, levando em conta as atrações e

atividades que estejam em alta durante o período de organização do evento.

Tal fator acaba por remeter não apenas à funcionalidade, mas também à

multifuncionalidade e flexibilidade do ambiente projetado, uma vez que a planta

livre é um dos cinco pontos de Le Corbusier da arquitetura moderna, onde uma

estrutura independente permite a livre locação das paredes, já que estas não

mais precisam exercer a função estrutural. Sendo assim, a planta livre é a mais

desejada para que seja possível alcançar a flexibilidade no projeto arquitetônico

em desenvolvimento.

3. REFERENCIAL EMPÍRICO

Neste capítulo serão apresentados os estudos de referência realizados

em projetos que possuam temática parecida com o universo de estudo aqui

tratado. Os estudos de referências aqui realizados tiveram como objetivo

compreender melhor as demandas do público frequentador dos eventos de

cultura nerd, bem como observar padrões na escolha dos espaços para que

estes sejam realizados e o zoneamento dos mesmos para compreender a

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organização espacial das atividades. Também foram escolhidos espaços e

referência de cunho estético e formal para o desenvolvimento da proposta.

A escolha dos espaços a serem estudados foi feita por possuírem

temática próxima à do projeto a ser elaborado ou por terem os mesmos conceitos

e princípios a serem utilizados durante o processo projetual, bem como aspectos

estéticos e formais. Os estudos foram tanto indiretos, ou seja, apenas através de

pesquisa bibliográfica, quanto diretos, onde foram feitas visitas in loco para

levantamento fotográfico. Com esta etapa visou-se compreender melhor como

utilizar as estratégias projetuais objetivadas e como proceder durante o processo

de concepção em termos de funcionalidade, sendo assim de grande ajuda para

as fases de montagem do programa de necessidades, pré-dimensionamento e

zoneamento.

Foram analisadas variáveis como caracterização do estabelecimento,

localização na malha urbana, ocupação do lote e área, número/categorias de

usuários, horário/turnos de funcionamento, vizinhança/entorno, acessos,

proposta projetual, condições de conforto, programa atual, evolução/alterações

do programa nos últimos anos, usos (público/restrito e variação de usos

conforme o horário) e fluxos, cômodos-chave (dimensão, número de ocupantes,

atividades realizadas, relação com outros cômodos, equipamentos e mobiliário),

aspectos complementares como acessibilidade, segurança e manutenção, bem

como aspectos tipológicos, construtivos e até estéticos que possam contribuir

para o desenvolvimento da obra.

3.1. ESTUDOS DIRETOS

Os estudos são aqueles realizados através de visitas in loco para a

observação das relações espaciais e programáticas, bem como sua inserção na

malha urbana. Os estudos diretos foram realizados em dois eventos: o Saga

Entretenimento e o Sana Fest.

3.1.1. SAGA ENTRETENIMENTO

- Caracterização geral.

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Em 2004 foi realizado em Natal o I Festival de Cultura Japonesa do

CEFET-RN8, tratando-se de uma semana de atividades relacionadas a cultura

japonesa, como exibições de animes, gibiteca de mangás, oficina de origami,

workshops de língua japonesa, exposição de itens de famílias imigrantes, entre

outros. O sucesso percebido pelos comentários do público e a quantidade de

pessoas que visitou o CEFET no dia - mais de 600 pessoas no dia 08 de outubro

de 2004 - fez com que a equipe organizadora se interessasse por profissionalizar

o evento, que posteriormente se tornou o SAGA Entretenimento.

Sendo assim, o SAGA Entretenimento é um evento anual que ocorre na

cidade de Natal e teve sua primeira edição em 2005. O evento se realiza durante

dois dias no período das 9h da manhã até as 21h da noite, sem intervalos. Sua

última edição, realizada em 2014 no Centro de Convenções de Natal reuniu

cerca de 10.000 pessoas. O objetivo do evento é divulgar iniciativas locais que

visem à promoção de outras culturas, não como substituição à cultura popular

regional, mas como adição a um leque cultural diverso e multifacetado.

Proporcionando um fator integrador familiar, com atrações para todas as idades

em um ambiente saudável e seguro e fortalecendo as manifestações culturais

produzidas no estado do Rio Grande do Norte, assim como difundindo seu

acesso ao público. Além disso, o SAGA pretende fomentar a pluralidade cultural,

bem como fornecer uma alternativa de entretenimento para toda a família.9

- Localização na malha urbana, entorno, acessos e ocupação do lote.

Como descrito pelo diretor geral do SAGA Entretenimento em entrevista

à autora, a primeira edição do evento ocorreu em 2005 no CEFET, em 2006 e

2007 o evento foi levado para o estacionamento do antigo Shopping Orla Sul,

hoje UNP Roberto Freire) e em 2008, 2010 e 2011 foi firmada uma parceria com

o colégio CDF e a Faculdade Maurício de Nassau. Em todos os anos o evento

teve crescimento de público em relação à realização anterior. A edição de 2015

foi realizada no Estádio Arena das Dunas, porém, o presente estudo foi realizado

8 Centro Federal do Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte. Atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN). 9 Texto cedido no site do evento.

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no Centro de Convenções de Natal10, onde o SAGA Entretenimento aconteceu

nos últimos dois anos, no pavilhão Parque das Dunas.

Figura 5: Localização do Centro de Convenções de Natal/RN

Fonte: maps.google.com, editado

pela autora, 2015.

Figura 6: Pavilhão Parque das Dunas

Fonte: ccnatal.com.br, 2015.

Figura 7: Situação do Pavilhão Parque das Dunas no lote

Fonte: maps.google.com, editado pela autora, 2015.

Localizado na Via Costeira, s/n, no bairro de Ponta Negra, em Natal, o Centro

de Convenções de Natal foi projetado para sediar simpósios, congressos,

seminários, reuniões, eventos artísticos, feiras e exposições, é posicionado de

frente para o mar e próximo a vários hotéis de luxo, bares, restaurantes,

shoppings, ciclovia, agencia de turismo, locadora e diversos serviços em seu

entorno. Em 2010, o Centro recebeu o Jacaré de Ouro durante a décima edição

10 Escolha feita pelo fato de a edição de 2015 ter acontecido em abril, o que acabaria por atrasar o andamento do presente trabalho.

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do Prêmio Caio11 como melhor centro de convenções de grande porte do

Nordeste, para eventos.

Com relação à ocupação do terreno, o Pavilhão Arena das Dunas é o

último pavilhão do Centro de Convenções de Natal, se localizando no fundo do

lote, como demonstrado na figura 07 anterior. Há um grande desnível entre o

nível da rua e o pavilhão, o que gera bastante desconforto para o usuário

conseguir acessar o local, uma vez que a maior parte deles utiliza o ônibus como

meio de transporte e precisa acessar o evento como pedestres.

O acesso ao Centro de Convenções se dá exclusivamente através da Via

Costeira e possui um grande estacionamento, porem este não é suficiente,

sendo comum vermos carros estacionamos na via externa. Para a massiva

quantidade de usuários que se utiliza do ônibus, o acesso acaba sendo bastante

desapropriado, pois a parada mais de ônibus mais próxima ao local é a do Praia

Shopping, que se localiza a 790 metros do local, distância esta que precisa ser

percorrida, portanto, a pé.

- Proposta projetual e Condições de Conforto Ambiental.

Na situação do SAGA Entretenimento, o Pavilhão Parque das Dunas

caracteriza-se por um grande ambiente sem divisórias, onde a equipe

organizadora pode subdividir o espaço da maneira que melhor lhe convier. Este

formato apresenta diversas problemáticas a serem enfrentadas, como: a grande

poluição sonora, uma vez que não há divisórias para isolar acusticamente cada

atividade; iluminação deficiente; sistema de condicionamento de ar insuficiente,

gerando extremo desconforto ambiental; ausência de locais para descanso e

convivência para os visitantes.

- Programa Atual e evolução ao longo dos anos.

Dentro do SAGA Entretenimento é possível destacar os sub eventos que

ocorrem com bastante destaque perante o público:

11 Grande premio brasileiro de eventos, considerado a coroação máxima do setor de turismo.

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SAGA JaM – concurso de Animekê12 e shows de bandas;

SAGA K-POP Stage – concurso de coreografias covers de K-Pop13;

SAGA Games – torneios de games como Dota 214, League of Legends15,

Just Dance16, entre outros;

SAGA Talk – Palestras e bate-papo com artistas convidados;

SAGA Cosplay – Três diferentes categorias de concurso de Cosplay17,

sendo elas: desfile, apresentação livre e apresentação tradicional.

SAGA Cards – espaço para jogos de cartas colecionáveis, como

Pokemon, Magic: The Gathering, Game of Thrones, dentre outros.

Além destas atividades previstas no programa que acontecem no espaço

público do pavilhão, também estão presentes outros ambientes como os

banheiros, uma pequena lanchonete, os camarins para cosplayers, participantes

do concurso de K-Pop e artistas convidados e uma área destinada a stands para

lojas venderem seus produtos. De acordo com o diretor geral do evento, o SAGA

Entretenimento foi perdendo o aspecto de “Cultura Japonesa” para “Cultura

Oriental” com o tempo. E hoje vem deixando de ser relacionado à “Cultura

Oriental” para se definir como um evento de “Cultura Pop”. Saiu do nicho de

apenas anime, mangá, cosplay, entre outros, para tentar abranger mais temas

como séries, filmes, games, livros e internet, por exemplo. Quando questionado

sobre qual atividade atualmente não pode faltar no programa do evento, o diretor

afirmou que é imprescindível trazer a presença de convidados de renome

nacional, sejam produtores de conteúdo para internet (youtubers18), sejam

dubladores, cantores, etc.

Com o crescimento do público e a procura por um espaço mais amplo e

que comportasse a demanda, algumas atividades antes realizadas acabaram

por deixar de existir no SAGA Entretenimento por falta de um cômodo apropriado

12 Espécie de karaokê, porém apenas com músicas em japonês, geralmente trilhas sonoras de filmes e animes. 13 Pop coreano. 14 Sequência do jogo Defence of the Ancients, onde dois times compostos por 5 pessoas cada, se enfrentam com o objetivo de destruir o “ancião” inimigo, que se localiza no centro da base do oponente. 15 Jogo online semelhante ao Dota 2. 16 Jogo eletrônico de música onde os jogadores dançam com o objetivo de realizar a coreografia com perfeição e tirar a nota mais alta. 17 Abreviação de Costume Play, referente à arte de se vestir com fantasias de personagens de animes, filmes ou séries. 18 Pessoas que criam canais no youtube com o intuito de comentar sobre algum assunto em específico.

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para tal. É o caso das salas de exibições de filmes, animes e séries, ausentes

no evento desde 2013.

- Usos e Fluxos.

Como já explanado anteriormente, o SAGA Entretenimento é divido em

sub eventos, cada um possuindo sua própria área dentro do pavilhão, não

havendo, portanto, a variação de usos onde uma atividade deve deixar de existir

para dar lugar a outra. O que existe é apenas o cronograma de cada atividade,

assim cada atração tem sua hora, por exemplo, na área do SAGA Games

ocorrem apenas campeonatos de games, porém há um cronograma a ser

seguido, uma hora para o campeonato de Dota 2, outra para o campeonato de

League of Legends e assim sucessivamente. O espaço onde se localiza o palco

principal do evento é onde ocorrem os shows de bandas e os concursos de

cosplays e k-pop.

O acesso se dá por duas entradas principais e por se tratar de um único

ambiente para o evento todo, tudo é bastante integrado.

Figura 8: Usos e fluxos do evento.

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

- Cômodo Chave.

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35

Considerando que o SAGA Entretenimento ocorre num espaço sem

divisórias, não há como identificar um cômodo chave, porém um espaço chave

que atrai a maior parte dos usuários. Trata-se do espaço onde se localiza o palco

principal (figura 9), um palco de dimensões consideráveis (14m x 6m x 5m) onde

se realizam as atrações mais esperadas dos eventos, como palestras e bate-

papo com convidados especiais e os concursos de Cosplay e K-pop.

Figura 9: Palco principal do Saga Entretenimento

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

- Aspectos Complementares.

Dentro do pavilhão não há desníveis que possam atrapalhar a locomoção

de cadeirantes ou pessoas com mobilidade limitada, mas o fato de todas as

atividades acontecerem basicamente no mesmo local acaba superlotando as

circulações, tornando difícil um cadeirante se movimentar por espaços mais

estreitos, como dentro da área reservada para stands de lojas. Também não há

espaços adequados para cadeirantes nas plateias das atividades oferecidas e

não há a presença de sinalização tátil para deficientes visuais.

O acesso ao Pavilhão, porém, é completamente inacessível pois o limite

de estacionamento e acesso de carros é distante da entrada da edificação e não

há caminho acessível a seguir.

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O SAGA Entretenimento sempre conta com vigilantes fazendo a

segurança do evento bem como integrantes do corpo de bombeiros (figura 10)

para atender a qualquer emergência e também dispostos a prestar atendimento

e primeiros socorros a usuários que possam vir a apresentar problemas de saúde

dentro do local.

Figura 10: Acesso principal e segurança

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

Quando questionado sobre como seria o espaço ideal para a realização

do SAGA Entretenimento, o diretor geral do evento comentou sobre um espaço

que tenha um vão livre grande o suficiente para montar um palco de dimensões

consideráveis (14m x 6m x 5m) com atividades satélites no entorno, além de

salas bem equipadas para hubs de atividades diversas.

3.1.2. SANA FEST

- Caracterização geral.

O SANA, ou a Super Amostra Nacional de Animes, é um evento realizado

pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira (FNCB) com o intuito de levar ao

público tudo de mais interessante em relação a cultura pop. Reunindo fãs de

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anime, mangá, tokusatsu19, games e cultura geek em geral, bem como artistas

e ícones do gênero em uma convenção realizada na cidade de Fortaleza, no

estado do Ceará. O evento é o maior da categoria no Nordeste e um dos maiores

do Brasil, atraindo caravanas e visitantes de vários estados.

O Primeiro SANA ocorreu em 14 e 15 de dezembro de 2001 no auditório

da biblioteca da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e reuniu cerca de 240

pessoas com presença de stands de arte japonesa e a realização de um

concurso desenho. Hoje, já foram realizadas mais de 20 edições, reunindo o

público ao redor de animações japonesas, espaços dedicados a cultura pop,

coreana e japonesa, dança, stands, videogames retrôs e de última geração,

Cosplay, música dos mais diversos estilos e atrações nacionais e internacionais.

A equipe do SANA se orgulha ao dizer que a cada ano expande suas

possibilidades de entretenimento para um público cada vez maior, tendo sua

edição de 2015, realizada nos dias 24 e 25 de janeiros, reunido cerca de 40 mil

pessoas durante os dois dias de evento, que abre às 9h da manhã e encerra

suas atividades às 21h da noite.

- Localização na malha urbana, entorno, acessos e ocupação do lote.

O SANA vem sendo realizado no Centro de Eventos do Ceará, o segundo

maior Centro de Eventos do Brasil em área útil, com 76.000 m². Se localiza

vizinho à Universidade de Fortaleza (UNIFOR), ocupando uma quadra inteira

entre a Avenida Washington Soares, Rua Firmino Rocha Aguiar, e Avenida

Paisagística, sendo que seus acessos se dão pelas duas últimas vias citadas.

Em seu entorno, além na UNIFOR, é possível apontar uma boa rede

hoteleira e fácil acesso ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, bem como o

Shopping Iguatemi.

19 Abreviatura da expressão japonesa “tokushi satsuei”, traduzida como “filme de efeitos especiais”. Atualmente é sinônimo de filmes ou séries de live-action (termo utilizado para definir trabalhos que são realizados por atores reais trazendo a vida personagens de animações) de super-heróis produzidos no Japão com bastante ênfase nos efeitos especiais.

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Figura 11: Localização do Centro de Eventos do Ceará

Fonte: maps.google.com, 2015, editado pela

autora, 2015

Figura 12: Implantação e acessos do Centro de Eventos do Ceará

Fonte: maps.google.com, 2015,

editado pela autora, 2015

O equipamento se localiza no centro do lote, com o estacionamento ao

seu redor e é dividido em dois grandes blocos, o Pavilhão Leste e o Pavilhão

Oeste. O Sana, porém, é realizado no Pavilhão Oeste, que é composto por

salões de exposição com até 13,6mil m² ao todo e dois mezaninos com 18 salas

modulares, oito no primeiro mezanino e 10 no segundo. Os salões de exposição

são divididos por divisórias de 13,65 metros de altura e dobráveis, de modo a

ficarem completamente recolhidas em um nicho na parede. Apenas o primeiro

mezanino é utilizado pelo evento, sendo este composto por oito salas de 300m²

cada, que podem ser utilizadas sozinhas ou em conjunto, pois possuem o

mesmo sistema de divisórias dos salões. Estas salas são utilizadas para dar

lugar aos espaços temáticos do evento.

- Proposta Projetual

O Centro de Eventos possui 152,694m² de área construída e 21.000m² de

jardins em um terreno de 17 hectares. Apesar de o projeto ter originalmente

previsto execução inteiramente in loco, o prazo fez com que apenas o módulo

central fosse in loco e os pavilhões tiveram seu design e especificações

adaptados para estrutura pré-moldada. O projeto arquitetônico foi inspirado em

aspectos típicos da paisagem e do artesanato cearense e tem como prioridades

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a multifuncionalidade e flexibilidade do espaço, bem como a sustentabilidade: o

sistema de refrigeração, iluminação e sanitários são adequados à preservação

do meio ambiente. A estrutura de metal que reveste a fachada do edifício foi

inspirada no bordado das rendeiras e disposta nas cores e formas das falésias

cearenses.

Figura 13: Fachada do Centro de Eventos do Ceará.

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O espaço interno do salão de exposições é dimensionável livremente

através de divisórias retráteis que ficam completamente recolhidas em um nicho

na parede e podem ser facilmente desdobradas, proporcionando a multiplicidade

de exposições e eventos temáticos.

Figura 14: Pavilhão de Exposições sem divisórias

Fonte: youtube.com/secretariadoturimo,

2012.

Figura 15: Pavilhão de Exposições com Divisórias

Fonte: youtube.com/secretariadoturimo,

2012.

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40

Já os mezaninos possuem diversas salas ideais para eventos paralelos

como seminários, workshops, rodas de negócio e outros. Estas salas de apoio

também são modulares e podem ser subdivididas com divisórias retráteis. Este

sistema visa a flexibilidade e otimização do espaço.

Figura 16: Salas de mezanino sem divisórias

Fonte:

youtube.com/secretariadoturimo, 2012.

Figura 17: Salas de mezanino com divisórias

Fonte:

youtube.com/secretariadoturimo, 2012.

- Condições de Conforto

O Pavilhão Oeste do Centro de Eventos possui os fechamentos externos em

vidro, porém com a proteção de um grande domo feito de metal e acrílico

transparente de alta resistência20 para permitir o aproveitamento da luz natural e

amenizar a insolação. A climatização de ar é eficiente o suficiente para tornar o

ambiente bastante confortável, todos os espaços são bem iluminados seja por

sistema artificial ou por iluminação natural abundante e o fato de os salões de

exposições serem separados uns dos outros evita o problema de poluição

sonora. Os banheiros e telefones públicos foram instalados em locais de fácil

localização e as instalações elétricas são abundantes para uso geral.

Há, porém, a ausência de mobiliário para descanso e convivência dos

usuários, contudo os largos corredores de circulação permitem que as pessoas

fiquem sentadas no chão tranquilamente sem atrapalhar o fluxo e a circulação.

20 Informação cedida pelo site oficial do Centro de Eventos do Ceará.

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Figura 18: Corredor Central do CEC durante o SANA 2015.

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

Figura 19: Corredor Central do CEC durante o SANA 2015.

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

- Programa Atual e evolução ao longo dos anos.

No SANA 2015, o programa foi composto pelas seguintes atividades e

ambientes:

Térreo:

-Arena Sana Games;

-Espaço Art & Fest;

-Sana Music;

-Espaço Animekê;

-Banheiros;

-Enfermaria.

Primeiro mezanino:

-Sala temática: Sana Nostalgia (exibição de animes e filmes

antigos);

-Sala temática: Tokusatsu;

-Sala temática: Cavaleiros do Zodíaco;

-Sala temática: Harry Potter;

-Sala temática: Toca –CE (com foco nas obras de J. R. R

Tolkien21 e Game of Thrones);

-Sala temática: Oficina e exposição de desenhos;

-Sala temática: Jogos de Card Games e tabuleiros;

-Cine Sana: Exibição de animes e filmes;

21 Sir John Ronald Reuel Tolkien, premiado escritor, professor universitário e filosofo britânico, autor de obras como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmatillion.

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-Banheiros.

Figura 20: Organização das atividades do Sana Fest 2015 - pavimento térreo.

Fonte: centrodeventos.ce.gov.br, 2015. Editado pela autora, 2015.

Figura 21: Organização das atividades do Sana Fest 2015 - mezanino.

Fonte: centrodeventos.ce.gov.br, 2015. Editado pela autora, 2015.

É importante salientar a presença de alguns espaços e serviços não

oferecidos nos eventos de Natal, como o espaço específico para enfermaria e

carrinhos de lanches presentes dentro do Espaço Art & Fest. Este também

comporta o Maid Café, uma subcategoria dos cafés Cosplay que surgiu no Japão

em 2001 quando estavam em alta os animes/mangás de famílias milionárias com

vários empregados vestidos com roupas vitorianas. As atendentes do café são

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jovens meninas vestidas com uniformes de empregadas e tratam seus clientes

como “mestres” de uma mansão.

Figura 22: Maid Café do Sana Fest.

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Todos os salões de exposição presentes no pavimento térreo se

subdividem em diversas atividades para entreter o público. O Arena Sana Games

conta com diversos stands com temas de jogos famosos, espaços para concurso

de jogos e um palco para palestras e bate-papo sobre games, bem como para a

realização de gincanas; Já o Espaço Art & Fest abriga o Palco Principal que

sedia as principais atividades, os stands de vendas de lojas, e os já citados maid

café e carrinhos de lanches; O Sana Music por sua vez é um espaço com um

grande palco para sediar os shows.

Trata-se de um programa bastante vasto e que procura abarcar um

público bastante diverso. O programa atual foi se moldando ao longo do tempo

e incluindo cada vez mais atividades. O pequeno evento que se realizava em um

auditório e contava com 240 pessoas para prestigiar concurso de desenho e

stands de lojas foi aumentando nos anos seguintes ao acrescentar as salas de

exibição de séries, filmes e animes, bem como a inclusão de shows

internacionais, até começar a sediar grandes concursos de K-Pop e Cosplay,

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como é o caso da seletiva do WCS22, que ocorre no SANA Fest atualmente para

selecionar um campeão nordestino a ir competir na final brasileira em São Paulo.

- Usos e Fluxos.

Há dois acessos de entrada e saída do Pavilhão, sendo uma exclusiva

para caravanas e a outra para o público no geral. Como os espaços se

organizam lado a lado ao longo de longos corredores, o fluxo se dá facilmente

entre os cômodos, tendo o usuário que sair do ambiente anterior, andar pelo

corredor para poder acessar outro ambiente. Para pode acessar o mezanino, há

dois pontos de escadas rolantes e elevadores para permitir a acessibilidade

universal.

- Cômodo Chave

O cômodo chave pôde ser identificado claramente como o salão Sana Art

& Fest, pois como já mencionado, é o maior salão do pavilhão, contendo 4.500m²

e abriga o Maid Café, os carrinhos de lanche, os stands de lojas e ainda possui

o palco principal onde ocorrem os grandes concursos de Cosplay e K-Pop,

estando sempre cheio e com grande movimentação de público. Ele se localiza à

frente da entrada, possuindo grande visibilidade e facilidade de acesso.

22 World Cosplay Summit, maior concurso de Cosplay do mundo, organizado pela TV Aichi. A dupla selecionada por cada país participante é enviada para a grande final da competição, que ocorre na Cidade de Nagoya, no Japão.

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Figura 23: Salão Art & Fest, SANA 2015.

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 24: Salão Art & Fest, SANA 2015.

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 25: Salão Art & Fest, SANA 2015.

Fonte: Acervo da autora, 2015.

- Aspectos Complementares

Com relação à acessibilidade, todos os espaços possuem rampas com

guarda corpo, há quatros elevadores e dois conjuntos de escadas rolantes por

andar, bem como a piso tátil necessário para os portadores de deficiência visual.

O acesso do estacionamento para o pavilhão também é acessível, possuindo as

vagas para cadeirantes e idosos bem próximos à entrada e devidamente

executados de acordo com a legislação. O pavilhão também possui banheiros

específicos para deficientes, separados dos demais.

Há vigilantes espalhados por todo o evento para fazer a segurança e há

uma pequena enfermaria com pessoal habilitado a atender e oferecer primeiros

socorros aos usuários se necessário.

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3.2. ESTUDOS INDIRETOS

Os estudos indiretos são aqueles realizados através de pesquisas

bibliográficas, sem visitas in loco. Foram escolhidos para análise os maiores

eventos da categoria do Brasil e do mundo, sendo eles o Anime Friends e a

Comic Con – San Diego, respectivamente. Além disso, foram estudados também

o Centro Cultural de Eventos e Exposições de Paraty por sua temática e pelo

uso da flexibilidade em seu programa, bem como o Jardim Japonês de Buenos

Aires.23

3.2.1. ANIME FRIENDS

O Anime Friends teve sua primeira edição em 2003 e acontece uma vez

por ano em São Paulo, acumulando, portanto, 12 edições. Ao logo dos anos,

tornou-se o maior evento multitemático da América Latina, tendo como foco a

cultura oriental, principalmente a japonesa. Produzido pela Yamato

Comunicações e Eventos Ltda.24, o evento toma espaço durante 8 dias todo mês

de julho e atrai caravanas e visitantes de todos os lugares do Brasil, bem como

de outros países, pois apresenta concursos exclusivos como: o Yamato Cosplay

Cup Internacional25, onde são realizadas diversas seletivas em países e eventos

da América Latina e Europa, classificando os participantes para a grande final

do Brasil, no Anime Friends; o Yamato Cosplay Cup Brasil (YCC), primeiro

concurso de Cosplay que reuniu participantes de várias regiões do país,

realizando seletivas em vários estados e a grande final no Anime Friends,

elegendo assim um campeão nacional por ano; Animekê Show, considerada a

tração máxima do Animekê, pois além de ocorrer no Palco Principal ao invés de

na área temática, tem como prêmio uma viagem para o Japão.

23 Apesar de não ter sido feito o projeto do Jardim Japonês, viu-se necessário este estudo de referência para poder zonear apropriadamente o espaço para tal e para compreender se este tipo de paisagismo realmente se enquadra na temática do projeto e como utilizá-lo com estratégia de conforto ambiental. 24 Produtora de eventos de cultura pop japonesa em todo o Brasil. 25 Tradicionalmente conta com países da América Latina, mas atualmente está recebendo também países Europeus, como Espanha e Holanda.

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- Programa Atual e evolução ao longo dos anos.

Procurando sempre evoluir e inovar, o Anime Friends tenta trazer a cada

ano uma novidade em termos de atração e também realiza dentro de seu espaço

alguns sub-eventos experimentais, como: o São Paulo Comic Fair, que teve sua

primeira edição em 2010 e se trata de um evento de histórias em quadrinhos,

abrigando também outros gêneros além do tradicional mangá; e a Brasil Comic

Con, que ocorreu em 2013 inspirada no San Diego Comic Con. Dentre as

diversas atrações trazidas pelo evento todos os anos tradicionalmente, se

destacam as apresentações de Cosplay, o Animekê, o Press Start26 e o Super

Friends Spirits27. Além disso há também outros tipos de atividades, como o

encontro Internacional de RPG, Jedicon28, covers de K-pop e apresentações de

artes marciais.

Figura 26: Mapa geral de atividades do Anime Friends.

Fonte: Animefriends.com.br, 2014

26 Atração voltada para os amantes de vídeo game, com campeonatos e apresentação dos consoles de última geração. 27 Show com artistas ou bandas japonesas populares entre o público por embalarem temas de animes ou filmes famosos. 28 Encontro de fãs de Star Wars.

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As duas últimas edições do evento ocorreram em um grande espaço a

céu aberto, no Campo de Marte, em São Paulo. A edição de 2014 atraiu mais de

150 mil pessoas que puderam aproveitar diversas atividades e atrações desde

as já citadas anteriormente, até conhecer diversos ilustradores e mangakás29

famosos, bem como visitar a área de stands com lojas de produtos temáticos

atrativos ao público alvo do evento. É possível observar todas as atividades bem

como o zoneamento do espaço na figura 26. Tem-se todas as atrações em um

espaço único separado por stands (figuras 27 e 28).

Figura 27: Área interna do Anime

Friends

Fonte: vidadecosplayers.blogspot.com, 2013.

Figura 28: Área interna do Anime

Friends

Fonte: vidadecosplayers.blogspot.com, 2013.

Na rede social Facebook, os frequentadores podem avaliar o evento

aplicando notas de 0 a 5,0, sendo a média do Anime Friends de 2014 de 4,6,

demonstrando a satisfação do público. Além das notas, é possível ainda que os

visitantes deixem alguns comentários, sendo possível destacar alguns como:

“Muito bom, mas na minha opinião ele deveria ser todo coberto”, comenta uma

frequentadora sobre o fato de o evento ser a céu aberto. “Perfeito!

Principalmente os shows internacionais”, este comentário se repete diversas

vezes, mostrando o grande interesse do público pelas atrações internacionais

trazidas pelo Anime Friends (figura 27), incluindo grandes cantores de K-Pop e

bandas japonesas que embalaram trilhas sonoras de animes famosos, como a

banda Flow30, atração de 2014 que canta os temas originais de Naruto, Code

29 Desenhista e criadores de histórias em formato mangá. 30 Banda de rock japonesa formada em 1998.

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Geass, Dragon Ball Z e Attack on Titan, entre outros animes de grande renome

entre o público brasileiro.

Figura 29: Flyer de divulgação das atrações oficiais do Anime Friends 2014.

Fonte: animefriends.com.br, 2014.

O blog Vida de Cosplayer, que traz postagens sobre o mundo dos

cosplayers, escreveu uma resenha sobre o Anime Friends 2013 onde algumas

críticas importantes podem ser retiradas em prol do desenvolvimento desta

proposta. A principal preocupação da autora foi com o fato de haverem apenas

dois pontos com banheiros, considerando as grandes dimensões do evento. Se

tratavam de pontos de banheiros químicos (figura 28), sendo totalmente

inapropriados para a parcela do público que precisa trocar de roupa ou se

caracterizar de alguma maneira, como é o caso não apenas dos cosplayers,

como de grupos que apresentam como covers de k-pop, equipes que fazem

demonstrações de artes marciais, dentre outros.

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Figura 30: Pontos de banheiro químicos no Anime Friends 2013.

Fonte: vidadecosplayers.blogspot.com, 2013.

3.2.2. COMIC CON INTERNACIONAL - SAN DIEGO

A Comic Con International: San Diego é uma corporação educacional

dedicada a criar reconhecimento e apreciação por quadrinhos ou formas de arte

relacionadas através da realização de convenções e eventos que celebram a

história e contribuição contínua de quadrinhos para a arte e cultura.

A primeira edição ocorreu em 1970 quando um grupo de fãs de

quadrinhos, filmes e ficção científica se reuniram para montar sua primeira

convenção de quadrinhos no sul da Califórnia. Começou como um mini evento

de apenas um dia com o objetivo de juntar fundos e gerar interesse em um

evento maior. O sucesso levou ao primeiro evento de três dias da San Diego

Comic-Con. Tais primeiras edições ocorreram no Hotel El Cortez, no centro de

San Diego, até 1979 quando se mudou para o Convention and Performing Arts

Center (CPAP), onde se manteve até 1991, anos em que o San Diego

Convention Center (figura 29) abriu, sendo o lar do evento até os dias de hoje.

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Figura 31: San Diego Convention Center

Fonte: hntb.com, 2015.

- Programa Atual e evolução ao longo dos anos.

Com o passar dos anos, a Comic-Con se tornou o ponto focal do mundo

das convenções de quadrinhos. O evento continua a oferecer a melhor

experiência em convenções: um enorme Salão de exposições (atualmente com

cerca de 460.000m²) apresenta quadrinhos e todos os aspectos das artes

populares, incluindo workshops e programações educativas e acadêmicas como

Conferências de Artes; exibição de animes e filmes (incluindo um festival de

filmes separado); jogos; o Will Eisner Comic Industry Awards - o “Oscar” da

indústria dos quadrinhos; um concurso de fantasias e máscaras com prêmios e

troféus; uma área de autógrafos; um show de arte; e reviews de portfolios,

reunindo artistas aspirantes e grandes companhias. Milhares de convidados

especiais e celebridades já passaram pelo evento, desde criadores de

quadrinhos, autores de ficção científica e fantasia, até diretores de cinema,

produtores, escritores, atores e criadores de todos os tipos de arte popular. O

público é crescente a cada ano, tendo a edição de 2014 atraído cerca de 150 mil

pessoas.

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Figura 32: Mapa geral de atividades da Comic-Con.

Fonte: comic-con.org, 2014.

O salão de exposições é subdividido livremente pela comissão

organizadora (figura 30), organizando as atividades e atrações de acordo com

os temas, havendo stands para artistas, produtoras de quadrinhos, grandes

estúdios de filmes, entre outros.

3.2.3. CENTRO CULTURAL DE EVENTOS E EXPOSIÇÕES DE PARATY

Considerando que Paraty está implantada entre a mata e o mar, sendo

uma cidade harmônica e já consolidada, o escritório Dal Pian Arquitetos

Associados optou por locar a proposta para o Novo Centro Cultural de Paraty a

pouco mais de 400m da orla urbanizada da Praia de Jabaquara (figura 33), numa

área que não conta com rede viária e infraestrutura de abastecimento básico

construída, bem como sem qualquer edificação em seu entorno imediato. Tal

escolha de terreno foi feita para destacar o verde envoltório e a paisagem das

montanhas e da Mata Atlântica e principalmente para que o Centro possa servir

como qualificador urbano, gerando urbanidade. Assim, o projeto visa mais do

que apenas construir um edifício, mas construir um lugar.

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Figura 33: Situação do Centro cultural de eventos e exposições de Paraty.

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

- Proposta Projetual e Programa de Necessidades

O Centro Cultural é descrito como uma grande Caixa de Acontecimentos,

envolvida por um fechamento transparente e protegida ambientalmente por

grandes beirais e muxarabis, reportando à tradição presente na arquitetura

colonial brasileira. O edifício é permeável visualmente valorizando a paisagem e

a integração com o entorno, objetivando estimular o encontro e a convivência e

instigar as mais diversas possibilidades de manifestações culturais e artísticas.

A implantação no centro do terreno plano e quase quadrado configura quatro

áreas externas com usos assim definidos:

- Esplanada de acesso (sudeste);

- Praça de exposições (sudoeste);

- Deck do bar (nordeste);

- Estacionamento (noroeste).

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Figura 34: Pavimento térreo e primeiro andar do Centro Cultural de Paraty

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

Dentro da edificação, porém, destacam-se os volumes marcados por duas

caixas:

- Caixa do Espaço Transformável – onde se encontra um Teatro/Auditório

Experimental, versátil e de múltiplo uso, oferecendo diversas subdivisões e

configurações de palco e plateia. No pavimento superior se localizam uma parte

dos camarins e o depósito.

- Caixa das Salas de Conferência – Trata-se de cinco salas de conferência

localizadas no pavimento superior enquanto no térreo se localizam as áreas de

restaurante e bar.

O vazio central criado entre estas duas caixas configura um Espaço

Multiuso destinado às atividades de exposições e eventos, enquanto um volume

horizontal tangente às duas caixas abriga as áreas de serviços, carga e

descarga, administração e apoio, bem como a cozinha do restaurante e os

camarins do espaço transformável (figura 35).

Figuras: Plantas baixa pavimento térreo e superior e esquemas volumétricos, respectivamente.

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Figura 35: Esquemas volumétricos do Centro Cultural de Paraty

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

Os materiais utilizados na edificação vão desde concreto armado e laje

maciça nas duas caixas internas, até pilares em concreto modulados que

recebem um sistema de cobertura em madeira laminada colada de eucaliptos,

composto por vigas treliçadas apoiadas nos pilares e travadas em um dos

sentidos por vigas vagonadas secundárias, em madeira e aço. Este último

sistema é utilizado na Caixa de Acontecimentos, desvinculado do sistema das

caixas internas.

A eficiência energética do edifício é garantida pelo aproveitamento dos

recursos climáticos locais. A ventilação e iluminação natural são priorizadas na

maior parte do ambiente interno e destaca-se a Caixa de Acontecimentos, onde,

sobre o espaço multiuso, um conjunto de sheds na cobertura – com presença de

painéis fotovoltaicos - se combina com aberturas inferiores e superiores ao longo

de toda a caixilharia, proporcionando, pela ventilação cruzada e pelo efeito

chaminé, boas condições de conforto aos ambientes. Para a insolação e

radiação solar, foram utilizados beirais generosos nos quatro lados da cobertura,

assim como a aplicação de brises reticulados nas fachadas sudoeste e noroeste.

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Figura 36: Detalhes estruturais, materiais e de conforto utilizados no Centro Cultural de Paraty

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

O grande destaque do projeto para este estudo é o espaço transformável,

onde o Auditório / Teatro é compacto, versátil e de conformação flexível,

possibilitando uma grande multiplicidade de usos, se oferecendo às mais

diversas formas de apresentação e podendo também se transformar em um

espaço de exposições, como é possível observar na figura 37. Os pisos

modulares e os forros móveis permitem que as dimensões do ambiente sejam

variáveis para que seu volume interno ofereça múltiplas configurações de palco

e plateia, além de possibilitar sua subdivisão em duas ou três salas com usos

independentes e concomitantes. As paredes laterais compostas por painéis

ajustáveis controlam a absorção e reverberação do som, adequando o espaço

às variações acústicas necessárias, enquanto as portas localizadas nas quatro

faces perimetrais do Espaço Transformável alteram os acessos em função de

sua conformação, garantindo sempre a fruição e boa vazão do público.

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Figura 37: Opções de conformação do auditório

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

A área de piso se divide em 30 praticáveis independente que se

movimentam verticalmente por um sistema telescópico de alçamento automático

(figura 38). Sobre cada praticável são fixadas 16 plataformas pantográficas

moduladas de acionamento manual. Este sistema é simples, eficiente,

economicamente viável e que proporciona a fácil e rápida adequação do Espaço

Transformável.

Figura 38: Sistema de praticáveis e plataformas pantográficas

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

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Este projeto compreendeu a criação de um lugar que possibilita a

extensão do programa desejado para um Centro Cultura, de Eventos e

Exposições, atentando para o relacionamento com a paisagem e sem criação de

áreas cobertas de estacionamento ou escavações significativas.

Figura 39: Perspectiva externa do Centro Cultural de Paraty

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

Figura 40: Perspectiva externa do Centro Cultural de Paraty

Fonte: concursosdeprojeto.org, 2014.

3.2.4. JARDIM JAPONÊS DE BUENOS AIRES

Considerando a atenção que o presente projeto pretende dar ao espaço

externo, foi tomado como referência paisagística o Jardim Japonês, para assim

manter uma coerência com a proposta tão focada no aspecto cultural oriental.

Os jardins japoneses têm seu foco voltado para a contemplação e

transmissão de paz e espiritualidade. Os aspectos visuais tendem a ser menos

importante do que os elementos filosóficos, religiosos e simbólicos, como a água,

as pedras, as plantas e os acessórios do jardim.

Para fins deste estudo, foi analisado o Complexo Cultural e Ambiental

Jardim Japonês, que localiza-se na Cidade de Buenos Aires e é aberto para

visitação para assim levar um pouco da cultura japonesa para Argentina, sendo

este um objetivo similar ao deste projeto desenvolvido.

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O Jardim Japonês de Buenos Aires foi construído no Parque Três de

fevereiro, no bairro do Palermo, em Buenos Aires, no ano de 1967 em

homenagem ao príncipe-herdeiro do Japão Akihito, atual imperador do Japão,

que visitou a Argentina neste período. O local funciona diariamente das 10h da

manhã às 18h da noite, a entrada é paga e o espaço é mantido com o dinheiro

arrecadado com os ingressos e outros serviços oferecidos no lugar, não

recebendo subsídios do governo da cidade e sendo organizado e administrado

apenas pela organização fundadora, a Fundação Cultural Argentino-Japonesa,

que além de cuidar do lugar também oferece cursos grátis no local ligados à

cultura nipônica, como literatura, bonsai31, pintura, dança, entre outros.

Figura 41: Implantação do Jardim Japonês de Buenos Aires

Fonte: http://www.jardinjapones.org.ar/

A paisagem natural do Jardim Japonês é composta por uma variada

vegetação do Japão, desde as antigas árvores autóctones32 como a Tipuana tipu

e a Paineira, até plantas como o Acer Palmatuny, Sakura e as Azaleias, bem

como outros elementos típicos que podem ser contemplados, como os lagos com

31 Pequenas e típicas plantas japonesas. 32 Árvores locais. No caso, argentinas.

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suas carpas e as pedras (figuras 42 e 43). Todos os elementos do Jardim

buscam harmonia e equilíbrio.

Figura 42: Paisagem natural do Jardim Japonês

Fonte: http://www.jardinjapones.org.ar/

Figura 43: Paisagem natural do Jardim Japonês

Fonte: http://www.jardinjapones.org.ar/

Há duas pontes presente no local (figuras 44 e 45) que constituem

símbolos: a Puente de Dios33 é uma muito curva e extremamente difícil de

atravessar, representando o caminho para o paraíso; já a Puente Truncado é

mais extensa, plana e em ziguezague, conduzindo à Ilha dos Remédio

Milagrosos.

Figura 44: Puente de Dios do Jardim Japonês

Fonte: http://www.jardinjapones.org.ar/

Figura 45: Puente Truncado do Jardim Japonês

Fonte: http://www.jardinjapones.org.ar/

Além das caminhadas e da função de contemplação, várias atividades

podem ser realizadas pelos visitantes dentro do Jardim. Além dos cursos já

mencionados, há um prédio no qual funciona um centro de atividades culturais

33 Ponte de Deus.

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incluindo biblioteca de assuntos japoneses com sala de leitura, um restaurante

que serve comida típica japonesa, uma casa de chá, um viveiro (figuras 46 e 47)

para os amantes de jardinaria, o Salão Yamanashi Ken - para a realização de

eventos - e uma tenda de artigos variados. Além disso, muitas performances

teatrais e recitais de música são realizados no jardim japonês.

Figura 46: Casa de Chá do Jardim Japonês

Fonte: jardimjapones.org.ar, 2015.

Figura 47: Viveiro do Jardim Japonês

Fonte: jardimjapones.org.ar, 2015.

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PARTE II - Pre-projeto

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4. DEFININDO O PÚBLICO ALVO

Considerando o aspecto multifuncional a ser alcançado nesta proposta,

bem como a grande variedade de tipos de nerds e geeks, como já visto

anteriormente, o público-alvo acaba por englobar não apenas a tribo urbana em

questão, mas toda a população que desejar utilizar-se do espaço como

alternativa de lazer. Porém, para poder compreender como projetar espaços

aptos a serem utilizados para as diversas atividades propostas em eventos de

cultura nerd, foram analisadas as entrevistas realizadas com os organizadores

dos eventos em Natal com o objetivo de averiguar as atividades pedidas pelo

público, bem como estudos de referência diretos e indiretos em eventos fora do

estado e do país para que assim seja possível abarcar todas as atividades

possíveis de serem ofertadas em um evento de cultura nerd.

Em seu Trabalho Final de Graduação, a autora Jannyfer Cavalcante de

Morais34 (2013) aplicou questionários em meio virtual com o intuito de

caracterizar o público frequentador de eventos de cultura nerd em Natal. Com

isso, ela concluiu que:

A maioria dos entrevistados se considera Geek, seguida dos que se intitulam simultaneamente Geek e Nerd. Embora o público feminino venha ganhando espaço nos últimos anos, o masculino ainda é bem maior entre os questionados. Quanto à idade, a grande maioria está localizada na faixa etária entre os 15 e 25 anos. O meio de transporte mais utilizado é o ônibus, seguido do carro. A grande maioria dos entrevistados reside em Natal, embora houvesse ainda muitos de cidades componentes da região metropolitana, muito de Parnamirim. Entre os residentes em Natal, a Região Administrativa Sul comporta bem mais entrevistados do que as outras. Sobre os principais interesses, os mais populares foram livros e cinema. Também foram consideravelmente apontados, em ordem, os seriados, jogos online e videogames, desenhos animados/animes/animações e quadrinhos/mangás. Grande parte dos entrevistados acredita que há, de fato, uma carência de espaços voltados para esse seguimento nerd/geek em Natal. E mais dois terços afirmam que frequentaria com certeza um espaço voltado para o público nerd e geek. (MORAIS, 2013)

34 Arquiteta e urbanista graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Trabalho Final de Graduação apresentado no primeiro semestre de 2013.

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A autora também conseguiu algumas opiniões bastante específicas dos

entrevistados, que clamam por um espaço onde seja possível jogar, trocar

informações e fazer amizades, bem como usar cosplay livremente, assistir séries

favoritas e cantar seus temas favoritos. Também é desejado um espaço amplo

para que possam acontecer gincanas, brincadeiras e jogos, bem como locais

para divulgar trabalhos de fãs que fazem camisetas, bottons, bolsas, bonés,

chaveiros e outras coisas que remetem ao universo geek/nerd. Outra

observação feita pelos entrevistados foi a falta de design característico do lugar

e a necessidade do zoneamento no espaço para separar melhor as atividades

de cada público, uma vez que nerds e geeks se consideram bastante diferentes

mesmo entre si dentro da própria tribo.

De acordo com pesquisa feita por meio da rede social Facebook, foi

possível identificar os seguintes subgrupos na cidade de Natal:

Tabela 2: Subgrupos nerds/geeks da cidade de Natal

Liga RN de Cosplay 2.864

RPG em Natal/RN 1.073

Comunidade Gamer de Natal 782

Comunidade de Fighting Games do RN 118

Clube do Livro RN 3.302

Pokemon RN 1.055

Magic The Gathering Natal RN 665

Asian Style RN 650

Fun K-Pop Natal RN 266

Cosplayers RN 339

Pump Natal 302

Liga Mario Kart RN 93

Cinéfilos de Natal 1.629

Fonte: Facebook.com. Elaborado pela autora, 2015.

É importante também citar os pequenos eventos que ocorrem

periodicamente ou que ocorreram apenas uma vez com um tema específico:

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Fun K-Pop – Evento anual voltado para a música pop coreana, havendo

concursos de coreografias entre grupos ou solistas;

Evento Lumus – Evento realizado no início de 2014 pelo fotógrafo e

estilista Andrey Lourenço com foco em Harry Potter, havendo exposição de

fotografias, decoração temática e desfile de moda com trejeitos baseados nos

figurinos do filme.

Cosmos One Piece Day – Organizado pela Cosmos Cia de Teatro

Cosplay35, o evento ocorreu em 2013 e, apesar de multicultural, teve como tema

de decoração e homenagem o famoso anime One Piece36.

Cosday: Piquenique Cosplay – Evento organizado pelos próprios

cosplayers de Natal para comemorar o dia do Cosplayer (21 de julho), onde os

mesmos se reuniram devidamente caracterizados no Parque das Dunas para

fazer um piquenique e se conhecer melhor.

Zombie Walk – uma passeata composta por um grupo de pessoas

vestidas e maquiadas como zumbis. A última edição em Natal ocorreu em 2013.

Figura 48: Zombie Walk em 2011, na avenida Salgado Filho

Fonte: Tribunadonorte.com.br, 2011.

35 Companhia de teatro que monta apresentações com cosplays em eventos e organizam eventos de cultura pop japonesa. 36 Obra de anime mangá criada pelo mangaká Eichiro Oda. Trata-se da série de mangá mais vendida de todos os tempos no Japão e uma das séries de mangá mais populares no mundo.

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Atualmente, são dois os eventos de grande porte realizados anualmente

em Natal: O SAGA Entretenimento, no Pavilhão Parque das Dunas do Centro de

Convenções de Natal - já comentado no estudo de referências direto - e o Yujô

Fest, na área de convenções do Hotel Praia Mar, em Ponta Negra. É necessário

ressaltar que o público do primeiro é consideravelmente maior do que o do

segundo, porém nos dois casos os usuários demonstram insatisfações com

relação ao espaço.

No caso do Yujô Fest, o evento toma lugar no espaço de convenções do

Hotel Praia Mar, em Ponta Negra, e satisfaz os usuários, mas ainda assim gera

alguns desconfortos. O espaço é compartimentado, podendo haver a barreira

física entre atividades e com isso o isolamento acústico, porém, a presença de

corredores estreitos dificulta a livre circulação do público e principalmente dos

cosplayers37, que muitas vezes não conseguem transitar por tais localidades

quando estão utilizando fantasias grandes. O sistema de condicionamento de ar

é mais eficiente, tornando o ambiente bastante confortável, porém também não

há espaço de convivência e descanso para os usuários. Nos dois casos, não há

espaços para descanso e convivência dentro dos eventos, assim, os

frequentadores costumam sair para sentar nas calçadas ou espaços de

convivência fora das localidades do evento. Assim, é possível perceber as

principais deficiências nos espaços utilizados para a realização dos maiores

eventos voltados para a cultura nerd em Natal, tornando-os inapropriados para

tal.

37 Abreviação de Costume Player, termo que designa pessoas que gostam de se fantasiar e representar personagens, sejam de filmes, animes, séries, quadrinhos, dentre outros.

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5. O TERRENO

O terreno escolhido possui dimensões de cerca de 203m x 106m e

localiza-se no bairro de Capim Macio, na Zona Sul de Natal/RN, ocupando uma

quadra inteira entre as ruas Professora Dulce Coutinho, e Rua Humberto Monte.

Figura 49: Locação do terreno.

Fonte: maps.google.com. Editada, 2014.

Figura 50: Terreno escolhido.

Fonte: maps.google.com. Editada, 2014.

Tal escolha foi feita devido às dimensões e características físicas do

terreno e à facilidade de acesso para os frequentadores que utilizam do

transporte público como principal meio de locomoção, estando próxima à

Avenida Engenheiro Roberto Freire. Trata-se de uma área de 21.291,75 m²,

sendo suficiente para a locação do edifício e para uso de área externa, recurso

desejado no projeto a ser desenvolvido com uso de paisagismo, mobiliário e área

para descanso e convivência no geral. Outro motivador para tal escolha foi o fato

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do bairro de Capim Macio já ser uma região turística por si só, graças à sua

proximidade ao bairro de Ponta Negra e da praia homônima, porém a presença

deste espaço pode ajudar a estimular o turismo cultural.

O terreno localiza-se numa área de transição de gabaritos das

edificações, sendo vizinho de diversos edifícios verticais na porção próxima à

Avenida Engenheiro Roberto Freire e de residências de no máximo dois

pavimentos na porção mais interna do bairro.

6. – Condicionantes físicos e ambientais

Para o processo de concepção projetual, é indispensável analisar as

condições de insolação e ventilação natural, bem como a topografia do terreno

para poder proporcionar melhores condições de conforto térmico e eficiência

energética no edifício e aproveitar melhor os níveis naturais do lote para a

locação do edifício de maneira a não fazer grandes intervenções físicas.

O terreno apresenta um desnível de cinco metros, como é possível

observar nas figuras 51 e 52. É uma diretriz de projeto que a topografia natural

do terreno seja aproveitada ao máximo, objetivo que pode ser alcançado sem

maiores problemas, uma vez que considerando o desnível e as dimensões do

terreno, a inclinação acaba sendo muito baixa, de cerca de 2,5%.

Figura 51: Curvas topográficas do terreno

Fonte: natal.rn.gov.br/semurb, editado pela autora, 2015

Figura 52: Perfil topográfico do terreno

Fonte: Acervo da autora, 2015.

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Figura 53: Carta solar de Natal/RN

Fonte: http://www.sunearthtools.com, editado pela autora, 2015.

Analisando a carta solar de Natal (figura 53), temos que o terreno é

inclinado cerca de 31° em relação ao norte, implicando que todas as fachadas

do lote acabam por receber radiação solar, com destaque para as fachadas

laterais leste e oeste, que são as maiores testadas do lote e são alvo de

insolação direta pela manhã e pela tarde, respectivamente.

Figura 54: Esquema de insolação e ventilação natural no terreno

Fonte: maps.google.com, editado pela autora, 2015.

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A fachada leste, apesar de ser uma das maiores testadas do lote e receber

grande insolação no período da manhã, também é a que acaba por captar a

ventilação natural recorrente no terreno (figura 55), sendo assim, deve dispor de

grandes aberturas para aproveitamento dos ventos. Tais aberturas, porém,

devem bem protegidas da radiação solar. A testada oeste, por sua vez,

posiciona-se em uma situação mais crítica, recebendo a insolação do período da

tarde. Sendo assim, deve dispor de aberturas pequenas e devidamente

protegidas.

É indispensável para o projeto que haja a utilização de estratégias

bioclimáticas de maneira a trazer boas condições de conforto térmico aos

usuários da edificação, como o uso de vegetação e o lago do jardim japonês

numa técnica de resfriamento evaporativo38.

7. -Condicionantes legais

Neste capítulo serão abordadas as legislações vigentes que regem o

terreno de projeto em questão e demais exigências que regulamentam projetos

de arquitetura para possibilitar seu licenciamento. Foram analisados o Plano

Diretor e o Código de Obras da cidade de Natal, bem como Código de Segurança

Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte e a Norma Brasileira

de Acessibilidade, NBR 9050.

7.1. Plano Diretor

De acordo com o Plano Diretor da Cidade de Natal, lei

complementar n° 082 (2007), o terreno para projeto encontra-se na Zona de

Adensamento Básico, onde se aplica estritamente o coeficiente de

aproveitamento básico 1,2 e gabarito máximo de 65 metros. Sabendo que:

38 O resfriamento evaporativo consiste em estratégias para diminuir a temperatura do ar. Pode ser alcançado com a utilização de vegetação, espelhos de água, chafarizes, entre outros, em espaços abertos.

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Área construída = Área do terreno * Coeficiente de aproveitamento

Logo,

Ac = 21.291,75 * 1,2 = 25.550 m².

Ou seja, é possível construir até no máximo 25.550 m² no terreno em

questão, sabendo que área construída é a soma das áreas de todos os

pavimentos da edificação. Porém, é preciso atentar para a área permeável

exigida pelo Plano Diretor, que é de no mínimo 20%, ou seja, a taxa de ocupação

é de no máximo 80% do lote. Em suma, temos que:

Taxa de ocupação = Área construída da lâmina / Área do terreno

Onde a resultado da divisão não pode ultrapassar 80%.

Quanto aos recuos, sabendo que o projeto prevê dois pavimentos em um

dos lados e três em outro devido à topografia do terreno, os parâmetros utilizados

foram a de dois pavimentos para o recuo frontal e três pavimentos para os

laterais e posterior. Para tanto, o Plano Diretor estabelece as seguintes

distâncias mínimas:

Tabela 3: Recuos aplicáveis ao terreno.

RECUOS

FRONTAL LATERAL FUNDOS

Até 2° Pavimento Acima de Segundo

Pavimento Acima de Segundo

Pavimento

3,00 + H/10 1,50 + H/10 1,50 + h/10

Onde: H – a distância entre a laje de piso do 2° pavimento e a laje de piso do último pavimento útil.

Fonte: Plano Diretor de Natal, 2007. Editado pela autora.

7.2. Código de Obras

Consultando o Código de Obras, Lei Complementar n° 055, de 27 de

janeiro de 2004, é possível retirar as seguintes recomendações que

direcionaram o projeto em questão:

- Devem ser previstas áreas destinadas ao estacionamento ou à guarda de

veículos, cobertas ou não, e deve destinar áreas para carga e descarga, além

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de local para embarque e desembarque de passageiros; devem ser respeitados

os espaços mínimos requeridos para as vagas e devem constar no projeto as

indicações gráficas de cada vaga bem como o esquema de circulação e acesso

de veículos; os acessos de veículos devem se dar nas vias de menor hierarquia;

- As áreas livres resultantes do recuo frontal podem ser consideradas para

efeito de cálculo de área de estacionamento ou guarda de veículos, desde que

esse recuo seja igual ou superior a cinco metros, respeitando área de passeio e

acesso ao lote;

- Nos estacionamentos rebaixados ou elevados em relação ao passeio, as

rampas de acesso devem ter início a cinco metros do alinhamento do recuo

frontal e devem atender aos seguintes parâmetros:

Tabela 4: Parâmetros para rampas de estacionamento

Fonte: Código de Obras da cidade de Natal, 2004.

- Toda calçada deve possuir largura mínima de 2,50m com faixa de, no

mínimo 1,20m para a circulação de pedestres – passeio – com piso contínuo

sem ressaltes ou depressões, antiderrapante, tátil, indicando limites e barreiras

físicas. São permitidos os rebaixos do meio fio apenas para dar acesso ao lote

e às vagas de estacionamento. Aqui, é possível fazer uso da referência da

calçada modelo apresentada pela Prefeitura de São Paulo (figura 55), a qual

também segue os padrões referidos nesta lei.

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Figura 55: Modelo de calçada acessível

Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2012.

- Todo compartimento da edificação deve ter dimensões e formas

adequadas, de modo a proporcionar condições de higiene, salubridade e

conforto ambiental, condizentes com a sua função e habitabilidade.

Tabela 5: Valores mínimos para cada compartimento

Fonte: Código de Obras da Cidade de Natal, 2004.

- Toda edificação deve ser projetada com a observância e orientação dos

pontos cardeais, atendendo, sempre que possível, aos critérios mais favoráveis

de ventilação, insolação e iluminação; para efeito de insolação, iluminação e

ventilação, todos os compartimentos da edificação devem dispor de abertura

direta para logradouro, pátio ou recuo, não podendo esta abertura ser voltada

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para a divisa do lote com distancia inferior a 1,50m. A abertura voltada para o

exterior não pode ter área menor que 1/6 da área do compartimento, sendo o

mínimo de 1/8 quando se tratar de ambientes de uso transitório, sendo que estes

podem ser iluminados e ventilados por abertura zenital, que deve ter área

equivalente a 6% da área do compartimento. São dispensados de iluminação e

ventilação direta e natural os corredores e halls de área inferior a 5m², os

compartimentos cuja utilização justifiquem a ausência dos mesmos; e depósitos

de utensílios e despensas.

- Deve ser garantido o acesso, circulação e utilização por pessoas

portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, atendendo às seguintes

condições e de conformidade com as normas da ABNT: NBR 9050.

- Toda edificação deve ter compartimento para disposição de resíduos

sólidos dentro do lote, com acesso externo para a via pública e interno para os

usuários, incluindo a previsão de instalações para a coleta seletiva. Estes

compartimentos devem dispor de piso e revestimento das paredes em material

impermeável e lavável na cor branca, ponto de água e ralo para escoamento,

tubo para ventilação, na parte superior, elevado a 1,0m, no mínimo, acima da

cobertura.

7.3. CÓDIGO DE SEGURANÇA E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO E

PÂNICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Em se tratando de uma edificação de uso público e que atrairá grande

número de pessoas ao mesmo tempo, é necessária grande atenção ao

cumprimento o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do

Estado do Rio Grande do Norte. De acordo com esta legislação, que trata da

classificação das edificações, o projeto a ser feito se enquadra na categoria de

ocupação Reunião Pública e deve atender aos seguintes às seguintes

exigências de dispositivos de proteção contra incêndio de acordo com a área

construída e altura da edificação:

I- Os espetáculos deverão ter a presença de pessoal habilitado nas

técnicas de prevenção e combate a incêndio e controle de pânico, devidamente

reconhecido pelo Corpo de Bombeiros Militar;

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II- Todas as peças de decoração confeccionadas em material de fácil

combustão, deverão ser tratadas com proteção retardante à ação do calor

(ignifugação);

III- Deverá dispor de renovação de ar ambiente através de ventilação

natural;

IV - Deverá dispor de sistema de iluminação de emergência;

V - As portas de saída de emergência deverão ter abertura no sentido de

saída e destravamento por barra anti-pânico;

VI - Ambientes com mais de 100 lugares, além das aberturas normais de

entrada, deverão dispor de saídas de emergência com largura mínima de dois

metros e vinte centímetros (2,20m), acrescendo-se uma unidade de passagem

(cinqüenta e cinco centímetros) para excedentes de 100 pessoas;

VII - edificações com mais de um pavimento terão escadas com largura

mínima de um metro e sessenta centímetros (1,60m), para público de até 200

pessoas, acrescendo-se uma unidade de passagem de cinqüenta e cinco

centímetros (0,55 m), para excedentes de 200 pessoas;

VIII - nos cinemas, auditórios e demais locais onde as cadeiras estejam

dispostas em fileiras e colunas, os assentos obedecerão aos seguintes

requisitos:

a) distância mínima de 90cm (noventa centímetros) de encosto a encosto;

b) número máximo de 15 assentos por fila e de 20 assentos por coluna;

c) distância mínima de 1,20 m entre séries de assentos;

d) Não é permitido assentos junto à parede, devendo-se distanciar-se

desta de, no mínimo, um metro e vinte centímetros (1,20m).

IV- Deverão dispor de locais de espera com área obedecendo a proporção

de doze metros quadrados (12 m2) para público de 200 pessoas, acrescendo-

se dois metros quadrados (2m2) para excedentes de 100 pessoas;

V- é obrigatória a utilização de rampa em estabelecimentos com lotação

superior a cinco mil (5000) pessoas; considerando a largura de um metro e meio

(1,50m) para cada l000 pessoas, não podendo ser a rampa de largura inferior a

três metros (3,0)m;

VI- é obrigatória a utilização de guarda-corpo nas sacadas, rampas e

escadas, em material resistente, evitando-se quedas acidentais;

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7.4. ABNT NBR 9050

Esta norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem

observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de

acessibilidade. Os principais critérios aplicados ao projeto em questão estão

listados a seguir:

o O espaço livre necessário para passagem de uma pessoa em pé

foi tomado como referência pelo caso de pessoas com muletas, por ser o que

demanda maior espaço, de 1,20m de largura.

o O módulo de referência (M.R) para pessoa utilizando cadeira de

rodas é de 0,80 m x 1,20 m.

o Áreas de circulação:

0,90 m para cadeirante;

1,20m a 1,50m para cadeirante e pessoa em pé;

1,50m a 1,80m para dois cadeirantes;

o Largura mínima para transposição de obstáculos isolados:

0.80cm para obstáculos com extensão máxima de 0,40cm;

0,90cm para obstáculos com extensão acima de 0,40cm;

o Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento:

1,20m x 1,20m para rotação 90°;

1,50m x 1,20m para rotação 180°;

1,50m de diâmetro para rotação 360°;

o As informações essenciais aos espaços nas edificações, no

mobiliário, nos espaços e equipamentos urbanos devem ser sinalizados de

forma visual, tátil ou sonora; Deve ser aplicado o símbolo internacional de acesso

principalmente nas entradas, áreas e vagas de estacionamento de veículos,

áreas acessíveis de embarque e desembarque e sanitários;

o Os pisos devem ter superfície regular, firma, estável e

antiderrapante sob qualquer condição que não provoque trepidação em

dispositivos com rodas; Desníveis devem ser evitados em rotas acessíveis,

devendo os desníveis superiores a 15mm ser tratados em forma de rampa; As

grelhas e juntas de dilatação devem ter vão resultante máximo de 15mm quando

instaladas transversalmente à rota acessível;

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o Todas as entradas da edificação devem ser acessíveis, bem como

as rotas de interligação às principais funções do edifício;

o As rampas devem ter inclinação calculada de acordo com a fórmula

i= (h*100)/c, onde i é a inclinação em porcentagem (sendo o máximo permitido

de 8,33%), h é a altura do desnível e c é o comprimento da rampa em projeção

horizontal; Deve haver área de descanso a cada 50m de rampa; As escadas

deverão ter piso entre 38cm e 32cm e espelho entre 0,16cm e 0,18cm; Os

corrimãos devem se prolongar 30cm a partir do início ou do fim da rampa ou

escada;

o Os corredores devem ser dimensionados de acordo com o fluxo de

pessoas, assegurando uma faixa livre de barreiras ou obstáculos. As larguras

mínimas indicadas são:

0,90m para corredores de uso comum com extensão até

4,00m;

1,20m para corredores de uso comum com extensão até

10,0m e 1,50m para corredores com extensão superior a

10,0m;

1,50m para corredores de uso público;

Maior que 1,50, para grandes fluxos de pessoas

o As portas devem ter vão livre mínimo de 0,80m.

o O número de vagas para estacionamento de veículos que

conduzam ou sejam conduzidos por pessoas com deficiência deve ser de 1%

das vagas quando acima de 100 vagas e devem ser dotadas de espaço adicional

de circulação de no mínimo 1,20m;

o Um mínimo de 5% das peças sanitárias devem ser acessíveis,

sabendo que as dimensões mínimas de um boxe de bacia sanitária são de 1,50m

x 1,70m e para boxes de chuveiro são de 0,90 x 0,95;

o Os cinemas, teatros, auditórios e similares devem possuir 2% dos

espaços reservados para pessoas em cadeiras de rodas e 1% para pessoas com

mobilidade reduzida. As vagas especiais devem estar localizadas em rota

acessível e vinculadas a uma rota de fuga. O espaço para P.C.R deve possuir

dimensões mínimas de 0,80m x 1,20m acrescido de faixa mínima de 0,30m de

largura localizada na frente, atrás ou em ambas as direções.

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8. METAPROJETO

8.1. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ DIMENSIONAMENTO

O programa de necessidades e o pré-dimensionamento (tabela 6) do

projeto foi montado levando em consideração as definições do público nerd e

geek, bem como as informações colhidas nos estudos de referências, incluindo

estimativas da demanda de uso no local. Para dimensionar os ambientes, foi

utilizado o modelo de Emile Pronk (2001) em seu livro Dimensionamento em

Arquitetura, além da NBR 9050, o Código de Obras de Natal e as exigências do

Código de Segurança contra Incêndio e Pânico.

Tabela 6: Programa de Necessidades

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Fonte: Acervo da Autora, 2015.

8.2. Relações Programáticas

As relações programáticas – ilustradas no fluxograma da figura 56 - dentro

do centro cultural e de eventos são planejadas de maneira a garantir o melhor

desempenho funcional e de conforto ambiental na edificação.

Figura 56: Fluxograma do Centro de cultura e eventos

Fonte: Acervo da autora, 2015.

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80

Desde o início, um grande objetivo a ser alcançado na proposta projetual é

o de que todas os setores da edificação sejam conectados de forma a facilitar o

fluxo dentro do centro cultural, bem como instigar os visitantes a explorarem e

utilizarem todos os espaços do edifício, conhecendo suas atividades propostas

e assim tendo a possibilidade de torna-lo parte de suas rotinas. Sendo assim,

tem-se que através do acesso principal da edificação, por onde entrarão e sairão

principalmente os veículos, é possível descer ao subsolo e ter acesso direto para

o auditório, administração, área de convivência, setor educacional e pavilhões

de exposições e eventos.

Uma das principais áreas da edificação é o setor de convivência, que só

pode ser acessado diretamente, além do subsolo, pelos pedestres que

adentrarem o lote pelos acessos laterais. Trata-se de uma estratégia para induzir

os visitantes a adentrarem o centro e assim conhecerem suas propostas, uma

vez que é necessário percorrer outros setores para poder alcançar esta área. A

administração e setor de serviço, por sua vez, são áreas mais restritas,

possuindo um acesso separado para carga e descarga.

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PARTE III - ANTEPROJETO ARQUITETONICO

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9. PROPOSTA ARQUITETÔNICA

9.1. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE PROJETO

Algumas palavras chaves eram mantidas em mente enquanto o projeto

era idealizado, sendo elas: multifuncionalidade, flexibilidade e a diversidade –

seja de uso, cultura, idade, atividades. Sendo assim, unindo estas diretrizes ao

tema nerd, foi abstraído o conceito de Tetris. Trata-se de um jogo eletrônico

bastante popular lançado na década de 1980, que consiste em empilhar peças

que descem na tela de forma aleatória. São diferentes peças que o jogador deve

encaixar entre si e que geram bônus quando unidas perfeitamente numa linha

completa.

Figura 57: Tela do jogo Tetris

Fonte: telegraph.co.uk, 2015.

Este conceito, portanto, procura exaltar a multifuncionalidade e a

flexibilidade, além da diversidade cultural e de público, sugerindo a troca de

conhecimento e cultura.

9.2. DEFINIÇÃO DO PARTIDO

Desde o início, o partido arquitetônico se apoia, funcionalmente, em

algumas bases, tendo como objetivo principal alcança-las. É necessário projetar

visando a multifuncionalidade e a flexibilidade do edifício projetado, bem como a

relação com os espaços abertos verdes, incitando os usuários a utilizares o

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espaço público e apropriar-se dele. Sendo assim, seguindo estas diretrizes e o

conceito apresentado anteriormente, pode-se fazer uma relação formal e

espacial com os blocos do jogo Tetris. Tais blocos vêm em formas diferentes e

podem ser utilizados de diversas maneiras.

Quando os blocos não se encaixam perfeitamente, geram espaços

abertos, o que no jogo pode ter efeito negativo, mas que no projeto será

agregado de maneira positiva, gerando interligação entre os blocos e com os

espaços verdes.

Figura 58: Peças do jogo Tetris.

Fonte: Telegraph.co.uk, 2015.

9.3. ZONEAMENTO E EVOLUÇÃO DA FORMA

Partindo das peças básicas do Tetris, várias tentativas foram feitas até

chegar a uma forma que fosse agradável esteticamente para o empreendimento,

levando também em consideração que o edifício deveria ter uma representação

icônica para os frequentadores e principalmente para o público nerd.

Figura 59: Evolução da forma

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

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As duas primeiras opções partiram apenas de duas peças (em forma de

“Z” e “T”) do Tetris elevadas em 3D, porém foram consideradas muito simples e

descartadas. A terceira opção partiu da segunda forma, tendo apenas a parte do

centro elevada a primeiro pavimento, ainda não sendo uma forma satisfatória. A

quarta tentativa misturou as duas primeiras formas testadas, sendo a forma “Z”

um possível pavimento térreo e a parte central da peça “T” como pavimento

superior, porém também não foi satisfatória esteticamente.

A quinta forma, por sua vez, utilizou a primeira peça duplicada e encaixada

em posições e rotações diferentes, porém considerando as proporções das

peças e as proporções do terreno escolhido, chegou-se à conclusão de que o

uso desta forma acabaria por descaracterizar muito algum dos blocos pelas

proporções que seriam tomadas. Já a sexta peça foi bastante satisfatória, unindo

a primeira peça em “Z” com o bloco do Tetris em forma de “L” como pavimento

superior rotacionada de maneira a gerar uma parte térrea e outra vazada.

Considerando as dimensões do projeto, optou-se então por elevar a primeira

peça também a primeiro pavimento, chegando assim, a uma forma final

satisfatória.

Figura 60: Zoneamento do terreno

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O terreno foi zoneado (figura 60) de maneira a aproveitá-lo

funcionalmente da melhor maneira possível em conjunto com os condicionantes

de conforto ambiental. Sendo assim, a edificação foi locada ao centro, com o

estacionamento na testada frontal - que funcionará como acesso principal - e

cercada pelos jardins nas maiores testadas do lote, correspondendo às fachadas

leste e oeste. Estas estratégias acabam por situar a edificação entre áreas de

vegetação, contribuindo para trazer melhores condições de conforto térmico.

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Figura 61: Zoneamento - subsolo

Fonte: Acervo da Autora,

2015.

Figura 62: Zoneamento - térreo

Fonte: Acervo da Autora,

2015.

Figura 63: Zoneamento: 1° andar

Fonte: Acervo da Autora,

2015.

O zoneamento do edifício, por sua vez, foi feito seguindo as relações

programáticas já apresentadas anteriormente em busca de aproveitar

devidamente a insolação e ventilação naturais, conectar as funções da melhor

maneira e instigar o uso e a exploração do edifício pelos visitantes. Sendo assim,

o subsolo (figura 61) conta com o estacionamento e o auditório com seu foyer; a

pavimento térreo (figura 62) inclui um salão de exposições, o setor educacional,

a área de convivência, administração e área de serviço; o pavimento superior

(figura 63), por sua vez, engloba apenas o setor de eventos com suas áreas de

apoio.

Este zoneamento vertical (figura 64) foi pensado para fazer com que os

visitantes sejam levados a percorrer todo o edifício, porém sem comprometer a

individualidade de cada área. Sendo assim, cada setor encontra-se em áreas

separadas, porém com conexões entre si. Os pavilhões de exposições e eventos

são foram locados de maneira que os participantes possam atravessar outras

áreas do centro cultural e assim conhecer melhor sua proposta.

Figura 64: Zoneamento vertical do edifício

Fonte: Acervo da autora, 2015.

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9.4. O PROJETO – MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO

Este item apresenta o anteprojeto desenvolvido para o Centro Cultural e

de Eventos em questão, englobando as justificativas para as relações

socioespaciais, soluções funcionais, formais e de conforto ambiental, bem como

os materiais, estruturas e aspectos complementares considerados.

Inicialmente, destaca-se a escolha do nome como sendo Nexus – Centro

de Cultura e Eventos pois carrega um significado e identidade para o público

nerd. Nexus é a peça principal do mapa no jogo League of Legends39, cada time

deve defender o seu e ao voltar para perto dele, é possível recuperar pontos de

vida, magia e adquirir acessórios. Acredita-se que esta simbologia se encaixa

perfeitamente nos objetivos traçados para o centro cultural, considerando as

atividades oferecidas e é importante por permitir que o público alvo se identifique

com ela.

9.4.1. Inserção na malha urbana

Figura 65: Situação do lote no entorno

Fonte: maps.google.com, editado pela autora, 2015.

39 Atualmente um dos jogos de computador mais jogados do mundo, com grande popularidade entre o público brasileiro.

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O projeto se insere na malha urbana numa relação de contraste, não

apenas pelo caráter icônico do edifício com suas cores primárias vibrantes e

tratamento estético característico, mas também por representar um componente

paisagístico para a região, uma vez que o lote situa seus jardins em suas regiões

periféricas, como é possível ver na figura 65. Este último fator, porém, apesar de

destacar-se do entorno, acaba por estabelecer um diálogo com o mesmo, já que

acaba funcionando como praça pública, atraindo os transeuntes e convidando-

os a entrar para utilizar das áreas de convivência e contemplação, bem como

para explorar o edifício.

Figura 66: Implantação geral

Fonte: Acervo da autora, 2015.

A partir da figura 66 é possível observar que outro recurso de atração

utilizado foi o posicionamento da entrada principal voltada para a área de uso

habitacional, ao invés de estar voltada para o eixo da Avenida Engenheiro

Roberto Freire, uma vez que assim a população residente na região pode sentir-

se inclusa no projeto e livres para utilizá-lo todos os dias, tornando-o parte de

suas rotinas. Tal objetivo poderia não ser alcançado com tanta eficiência se a

entrada principal se encontrasse voltada para a área já de uso comercial e de

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serviço, criando um setor excludente do uso habitacional. É necessário enfatizar

também que com essa estratégia, a fachada voltada para a área residencial é a

que possui apenas dois pavimentos, deixando a de três pavimentos voltada para

a área já verticalizada, assim, não se cria uma interferência tão grande na

paisagem, integrando o edifício ao entorno de maneira coerente.

A preocupação nascida a partir desta decisão, foi a de que com isso, os

visitantes que acessam o edifício a partir da Avenida Engenheiro Roberto Freire

teriam o primeiro contato visual com a fachada posterior do edifício, portanto, foi

tomado o devido cuidado com o tratamento estético das fachadas em questão,

bem como com o zoneamento do terreno afim de tornar todas as testadas do

lote igualmente atraentes, convidativas e facilmente identificáveis.

Figura 67: Vista da fachada posterior a partir do lado oeste

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 68: Vista da fachada posterior a partir do lado leste

Fonte: Acervo da Autora, 2015.

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9.4.2. Implantação no lote

De o início a implantação (figura 69) previa um estacionamento aberto no

nível térreo e a edificação situada no centro com o jardim ao seu redor. Porém,

após o cálculo da demanda de vagas do estacionamento, foi percebido que a

área necessária para o mesmo seria muito extensa, ocupando grande parte do

terreno. Portanto, optou-se por fazer um estacionamento em subsolo, deixando

no nível térreo apenas as vagas destinadas a pessoas com necessidades

especiais.

Figura 69: Implantação

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O edifício então pôde estender-se e ocupar grande parte do terreno

longitudinalmente, tendo ao lado leste um jardim para convivência e uso diurno,

com mobiliário e sombra provida por árvores e pelo próprio edifício durante o

período da tarde. Deste lado também há o auditório, que se situa parcialmente

enterrado e possui cobertura verde em dois níveis dispostos de maneira aleatória

funcionando como uma arquibancada para convivência (figura 70).

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Figura 70: Arquibancada sobre auditório

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Do lado oeste, por sua vez, há o espaço destinado para o projeto de um

jardim japonês que terá uso prioritariamente noturno, acompanhado de uma área

para a contemplação do mesmo com deck em madeira, mesas e caramanchões,

também servindo como área de espera para os visitantes que forem utilizar o

auditório, já que o foyer possui acesso direto para o deck.

Figura 71: Deck para contemplação e espera

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 72: Área para contemplação

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O jardim de convivência foi feito com apenas alguns bancos e árvores,

deixando assim, que seu uso seja livre para que os usuários possam apropriar-

se da área para deitar na grama ou fazer piqueniques, por exemplo.

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Figura 73: Jardim de convivência

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Há, no total, 4 acessos ao terreno, um por cada testada do lote. A entrada

norte é apenas para serviço, contando com um pátio para manobra de

caminhões de carga e descarga; já as entradas leste e oeste são apenas para

pedestres, que podem acessar a edificação através dos jardins e ir diretamente

para o setor de convivência com acesso a um balcão de informações. Ao Sul,

por sua vez, há a entrada principal do centro para pedestres e veículos, com uma

guarita de controle e acesso ao estacionamento em subsolo. As entradas leste

e oeste permanecerão abertas durante o dia, porém poderão ser fechadas

durante à noite, sendo permitido acesso apenas pela entrada principal, para

garantir maior segurança.

9.4.3. Subsolo

Devido ao desnível de cinco metros no sentido longitudinal do lote e a

decisão de aproveitar ao máximo a topografia natural do mesmo, o

estacionamento é totalmente enterrado no ponto mais alto do terreno e começa

a emergir ao longo deste, ao ponto de já estar totalmente ao nível da rua quando

chega ao ponto mais baixo do lote.

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Figura 74: Planta baixa - Subsolo

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O subsolo conta com o estacionamento na parte completamente

enterrada e a entrada de serviço, o auditório e o foyer na porção que se encontra

ao nível da rua, podendo o auditório contar com uma saída de emergência direta

para a área externa e o foyer ter acesso e vista direta para o jardim japonês. Os

acessos para o térreo se dão por uma rampa ou diversas escadas e elevadores

dispostos ao longo do pavimento, onde o núcleo I dá acesso direto ao setor

educacional e de entretenimento no térreo e ao salão de exposições no primeiro

andar enquanto os núcleos II e III dão acesso direto às áreas de convivência.

O auditório faz uso da estrutura pantográfica (figura 75) para permitir

diversas opções de usos e layouts. Serão utilizados 46 praticáveis

independentes de dimensão 2,40m x 9,60m que se movimentam verticalmente

com o uso de um sistema telescópico de alçamento automatizado. Sobre cada

praticável serão locadas 16 plataformas pantográficas moduladas de dimensões

1,20m x 1,20m e acionamento manual.

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Figura 75: Plataformas pantográficas e telescópicas

Fonte: feelingeventos.wordpress.com

Assim, com o uso deste sistema é possível modificar o posicionamento de

cada praticável e suas plataformas de maneira a permitir diversas conformações

de palco e plateia no auditório (figura 76), como: salão de exposições livre, palco

logitudinal de canto, palco central transversal, palco central de canto, palco

central e conformação de desfile, por exemplo. Ao todo, são 4 os acessos ao

auditório que podem ser utilizados ou mantidos fechados de acordo com a

conformação escolhida.

Figura 76: Opções de layout para o auditório

Fonte: Acervo da autora, 2015.

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9.4.4. Pavimento térreo

Figura 77: Planta baixa - pavimento térreo

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Seguindo o zoneamento previsto, o pavimento térreo conta com as áreas

educacionais, de eventos, serviço, administração, entretenimento e convivência.

A entrada principal dá acesso direto à área educacional e ao salão de exposições

01.

Os salões de exposições e eventos da edificação farão uso do sistema de

painéis retráteis (figura 78) que podem ser estendidos para dividir o espaço como

melhor convier à organização do evento a ser realizado, ou, quando não forem

necessários, ficarão recolhidos em um nicho na parede (figura 79). Os painéis

correm através de trilhos localizados no teto com fixação sob a viga de concreto,

portanto, foram locados os trilhos no projeto onde se achou mais conveniente e

funcional de maneira a facilitar a flexibilidade de uso do espaço.

Figura 78: Forma de acionamento dos painéis

Fonte: dimoplac.com.br, 2015.

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Figura 79: Armazenamento dos paineis retráteis em nicho na parede

Fonte: dimoplac.com.br, 2015.

O salão 01 possui quatro opções de acesso que poderão ser fechados ou

utilizados como entrada ao espaço dependendo do layout proposto com o uso

dos painéis. É um salão de menores dimensões, podendo ser utilizado para

eventos de curta duração como palestras e atividades de apenas um turno,

porém em dias de eventos nerds pode ser utilizado para as salas de temas

específicos.

Figura 80: Opções de layout para o Salão de Eventos 01

Fonte: Acervo da autora, 2015

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A área educacional e de entretenimento funcionará diariamente, possui

uma entrada independente e é composta por salas de oficinas para cosplayers

ou atividades diversas, dança e arte marciais, fotografia e biblioteca, todas

podendo ser utilizadas em dias de eventos nerds como camarim cosplay, ensaio

para participantes de concursos de danças, demonstrações de artes marciais,

entre outros usos. Além disso, conta com uma área central separada por

divisórias feitas em painéis vazados de madeira (figuras 81 e 82). Este módulo

conta com áreas de fliperama, RPG e jogos de Card games no geral, barcade e

uma pequena área de espera, podendo, portanto, servir tanto para

entretenimento dos frequentadores como para apoio ao salão de exposições

vizinho, uma vez que os participantes podem entrar para fazer lanches rápidos

ou mesmo utilizar os banheiros.

Esta distribuição de cada função e atividade desta área foi feita como uma

estratégia para que os visitantes dos eventos rápidos possam adentrar o centro

para ter a oportunidade de conhece-lo e vivenciá-lo, uma vez que a necessidade

de entrar para fazer um lanche ou ir ao banheiro fará com que tomem

conhecimento das atividades realizadas e que vejam a área de convivência que

existe na parte posterior, já que a divisão entre este setor e o de convivência é

feito através de um pano de vidro, permitindo a permeabilidade visual. A

necessidade de se atravessar a área de educação e entretenimento para chegar

à área de convivência, bem como à escada e elevadores que dão acesso ao

pavimento superior a também é uma estratégia de integração.

Figura 81: Área de entretenimento e espera

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 82: Área de entretenimento e espera

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Saindo do setor educacional, tem-se acesso à área de convivência

(figuras 82 e 83), trata-se de uma área aberta sobre pilotis que conta com lojas

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para venda de artigos nerds e variedades, livraria, Maid Café, restaurante e uma

pequena enfermaria. No centro deste espaço há um balcão de informações para

que os transeuntes que acessem o edifício pelas entradas laterais advindas dos

jardins possam se localizar e conhecer um pouco da proposta do edifício e suas

atividades. Este setor é um dos principais da edificação, uma vez que encontra-

se em contato direto, seja de acesso ou visual, com os jardins e por organizar os

fluxos através da edificação. As circulações, por sua vez, são largas para permitir

a passagem de grande quantidade de transeuntes previstos para dias de

eventos.

Figura 83: Área de convivência

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 84: Área de convivência]

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Devido ao desnível do terreno, esta área de convivência já não encontra-

se mais a nível térreo, devendo ser acessada pelas laterais através de rampas,

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o que contribui para um maior controle de acesso e segurança, uma vez que as

entradas laterais não possuem guaritas.

9.4.5. Primeiro andar

Figura 85: Planta baixa - primeiro andar

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O último pavimento é destinado apenas para eventos e exposições (figura

85). Possui uma área com banheiros, foyer e salas de exibição e conferência. A

fachada leste é bastante aberta, possuindo fechamento duplo em cobogós na

parte externa e portas de vidro na parte interna que podem ser abertas para

permitir a entrada de ventilação natural e fechadas para proteção de chuvas

(figura 86). Acima delas será instalado um pano de vidro fixo.

Figura 86: Detalhe de fechamento em cobogós e esquadrias em vidro

Fonte: Acervo da autora, 2015.

O acesso a esse pavilhão se dá através da escada ou elevadores locados

na área educacional, descendo até o estacionamento em subsolo, ou através de

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rampas localizadas em diversos pontos da edificação. Ao todo, são sete acessos

ao pavimento, cuja utilização pode ser organizada de acordo com o layout que

estará sendo utilizado pelos eventos através do uso dos painéis retráteis (figura

87).

Figura 87: Opções de layout para o Salão 02

Fonte: Acervo da autora, 2015.

A utilização de rampas na parte externa do edifício foi escolhida para

facilitar a evacuação do edifício em casos de emergência. Assim, tem-se

diversas saídas ao longo do pavilhão que dão acesso direto para a área externa

em segurança.

9.4.6. Soluções Formais

Considerando a grande vontade de seguir o partido formal adotado, era

sabido que o edifício acabaria originando um volume bastante pesado e

ortogonal, sendo assim, foram adotadas estratégias para gerar mais movimento

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e leveza nas fachadas, como o uso do cobogós na fachada leste, gerando uma

grande área vazada e mais leve sem alterar a forma original.

Para manter identidade visual da edificação, os cobogós (figura 88)

utilizados possuem um design específico também inspirados nas peças do jogo

Tetris, assim como a edificação. Serão utilizados tanto na fachada leste como

fechamento das aberturas, como na oeste em forma de painéis e também na

fachada frontal, para quebrar a dureza do volume e manter a identidade da

entrada principal.

Figura 88: Design de cobogó para a edificação

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Outra estratégia foi o uso das rampas como acessos principais locadas do

lado de fora do edifício, quebrando a ortogonalidade das fachadas e gerando

mais movimento. A diferenciação de gabarito entre os blocos também foi feita

para destacar os volumes separadamente, e manter o partido formal como duas

peças do jogo tetris que possam ser facilmente identificadas pelo visitante.

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Figura 89: Perspectiva externa do edifício

Fonte: Acervo da autora, 2015.

Figura 90: Perspectiva externa do edifício

Fonte: Acervo da autora, 2015.

9.4.7. Soluções de Conforto Ambiental

Considerando que todas as testadas do lote recebem sol devido à

inclinação do mesmo em relação ao norte, algumas estratégias foram tomadas

para tornar a edificação climaticamente mais confortável.

Na fachada leste, que recebe os ventos predominantes e o sol da manhã,

foram feitas grandes aberturas para captar a maior quantidade de ventilação

possível, como é pode ser observado na figura 91, os fechamentos são feitos

com o uso de cobogós e o jardim de convivência foi situado à sombra da

edificação durante a tarde e com árvores também para sombreamento, para que

assim possa ser bastante utilizado pelos visitantes durante qualquer período do

dia. A utilização de pilotis também é uma estratégia de aproveitamento da

ventilação natural, uma vez que o grande espaço aberto permite a passagem do

vento para a porção oeste da edificação.

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Figura 91: Soluções de conforto ambiental a partir da fachada leste

Fonte: Acervo da autora, 2015.

A fachada oeste, por sua vez, necessitava de mais atenção por receber

maior quantidade de insolação no período da tarde. Por isso, foram feitas

aberturas pequenas que foram devidamente protegidas da insolação com o uso

de brises em bambu e painéis em cobogós. Além disso, a locação do jardim

japonês deste lado é uma estratégia de resfriamento evaporativo40, devido à

presença da vegetação e do espelho de água (figura 92 e 93).

Figura 92: Soluções de conforto ambiental a partir da fachada oeste

Fonte: Acervo da autora, 2015.

40 Trata-se de uma estratégia utilizada para aumentar a umidade relativa do ar e diminuir a sua temperatura. Pode ser alcançado através do uso de vegetação e espelhos de água, dentre outros, em espaços abertos. A evaporação da água em regiões de clima quente proporciona uma maior sensação de conforto.

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Figura 93: Exemplo de utilização de jardim japonês como estratégia de resfriamento evaporativo

Fonte: Acervo da autora, 2015.

9.5. MATERIAIS

9.5.1. ESTRUTURA E VEDAÇÃO

A estrutura será toda em concreto, sendo utilizada a laje nervurada

protendida apoiada sobre vigas em concreto armado, que por sua vez serão

apoiadas em pilares de concreto armado disposto em uma malha de 10m x 10m.

Seguindo recomendações da NBR 6118, que regulamenta os projetos em

concreto armado, deverão ser previstas juntas de dilatação devido à grande

dimensão longitudinal do edifício. São recomendadas juntas a cada 15 metros,

porém, para este projeto, elas foram locadas a cada 20 metros devido à

modulação dos pilares, sendo assim, é recomendado pela norma que neste caso

seja feito um cálculo apropriado para dimensionar corretamente as juntas de

dilatação a esta distância uma da outra.

O auditório possuirá laje verde para convivência, por isso, a mesma será

mais espessa para suportar os esforços extras e a composição e cuidados para

a execução da laje verde (figura 92) serão devidamente tomados: será

necessária uma manta impermeabilizante, manta de drenagem, uma camada de

concreto, palha de arroz, terra e a grama.

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Figura 94: Detalhe de execução da laje verde

Fonte: Acervo da autora, 2015.

As vedações são variadas. As externas e de divisão de ambientes

permanentes serão em blocos de concreto, devendo ser executadas com

argamassa impermeável até a altura de 30cm acima do piso finalizado. Já as

vedações das áreas de eventos serão em painéis retráteis da Dimoplac, linha

Divisória Retrátil Dimoflex (figura 95). Cada painel possui espessura 8

centímetros, miolo de lã de rocha, resultando numa atenuação acústica de cerca

de 40 dB. O revestimento dos painéis será em lâminas de madeira. Algumas

áreas possuem vedações em pano de vidro e, no caso da fachada leste do

primeiro pavimento, as vedações são feitas com cobogós que geram maior

leveza e permeabilidade à edificação.

Figura 95: Divisórias retráteis

Fonte: Dimoplac.com.br, 2015.

O auditório, por sua vez, possuirá um revestimento em painéis acústicos

nas paredes, referência Nexacustic. Tais painéis são confeccionados em

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madeira de reflorestamento e possuem alta resistência mecânica bem como

elevado coeficiente de absorção sonora e melhorando a qualidade do som,

proporcionando maior conforto acústico ao ambiente.

Figura 96: Painéis acústicos

Fonte: owa.com.br, 2015.

O sistema de instalação dos painéis é modular seguindo o encaixe tipo

“macho-fêmea” com fixação nas paredes com perfil metálico. O acabamento será

em Athena.

Figura 97: Acabamento e instalação dos paineis

Fonte: owa.com.br, 2015.

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106

9.5.2. COBERTURA

o Telhas

As telhas serão do tipo termoacústicas compostas pelo sistema telha +

isolante + telha, sendo bastante vantajosas por proteger térmica e acusticamente

as coberturas. Outra vantagem é o fato de evitar o gotejamento que ocorre com

a condensação da umidade interna quanto entra em contato com as coberturas

aquecidas pelo sol em regiões úmidas, como Natal por sua proximidade com o

mar.

As telhas recebem uma injeção de isolante feito em poliuretano, que se

molda entre as telhas e forma uma camada isolante entre elas, proporcionando

grande eficiência termoacústica.

o Calhas e Rufos

As calhas e rufos serão locadas de acordo com o projeto de cobertura,

devendo haver calhas sempre que houver encontro entre telha e parede ou duas

telhas descendentes. Já os rufos deverão ser locados rentes às paredes com

silicone para uma perfeita vedação.

Ambos deverão ser confeccionados em alumínio galvanizado devido à

sua alta durabilidade e resistência.

9.5.3. ESQUADRIAS

o Portas

As portas serão executadas conforme especificação no quadro de

esquadrias, sendo em madeira ou vidro, uma ou duas folhas. Todas as

maçanetas serão do tipo alavanca em alumínio e cilindro com chaves em latão

cromado para o caso de portas de madeira, e inox polido duplo 20 x 40

milímetros, referência Trava Forte, no caso das portas de vidro.

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Figura 98: Sugestão de puxador

Fonte: travaforte.com.be, 2015.

As portas paralelas aos cobogós do primeiro pavimento, especificamente,

serão do tipo VE2 e VE3 – duas ou três folhas, respectivamente - sem fechadura,

da linha Versatik, patenteada da empresa Tec Vidro. Trata-se de uma linha de

esquadrias que utiliza duas folhas móveis ou três folhas de vidro, sendo duas

móveis e uma fixa, que correm em paralelo, garantindo abertura de mais de 60%

do vão. O modelo de duas folhas VE2 escolhido possui 1,60m de largura por

2,00 metros de altura, enquanto o modelo de três folhas VE3 possui largura de

2,00 metros e altura também de 2,00 metros. Os puxadores são do tipo concha,

que permitem melhor aproveitamento do espaço quando as 2 das 3 peças estão

recolhidas. Sendo assim, quanto todas as portas estiverem abertas, será

possível captar grande quantidade de ventilação natural, porém protegerão das

chuvas ao serem completamente fechadas.

Figura 99: Modelos VE2 e VE3 - portas de vidro

Fonte: tekvidro.com.br, 2015.

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o Janelas

Todas as janelas terão caixilho em alumínio com pintura eletrostática

preta e vidro liso temperado incolor. As dimensões são variadas de acordo com

o quadro de esquadrias, podendo ser de correr ou basculantes.

o Vidros

Os vidros existentes no projeto serão todos do tipo temperado, devendo

os das áreas externas, como portas e painéis, serem em vidro temperado

reflexivo.

o Portões

Os portões da guarita principal serão em metalon pintado na cor branca,

já as entradas laterais para pedestres e a entrada de serviço terão fechamento

com um painel em madeira tipo fole, podendo ser totalmente recolhido e retirado

sem ocupar muito espaço.

Figura 100: Guarita tipo fole – estendida

Fonte: custojusto.pt, 2015.

Figura 101: Guarita tipo fole, recolhida

Fonte:

custojusto.pt, 2015.

9.5.4. COBOGÓS, PAINÉIS E DETALHES METÁLICOS

DA FACHADA

A fachada oeste possuirá quatro painéis metálicos. Trata-se de grades

metálicas com malha de 30 x 30 centímetros para a fixação dos quatros painéis

de cobogós. Já os elementos de sombreamento próximos às janelas deverão ser

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em metal pintados de cores variadas indicadas nas fachadas. Todos os

elementos metálicos deverão ter tratamento anti-corrosivo.

Os cobogós por sua vez deverão ser confeccionados em cerâmica

esmaltada na cor branca.

9.5.5. FORRO

Os forros serão em placas de gesso cartonado perfurado nas

dimensões 120 x 120 centímetros e espessura 10 milímetros. O sistema de

fixação será do tipo forro removível, fazendo uso de perfis de aço galvanizado

suspensos por meio de pendurais rígidos reguláveis, sendo assim é possível que

as placas de gesso sejam facilmente removidas para possíveis manutenções.

Figura 102: Forro cartonado perfurado

Fonte: cliquearquitetura.com.br, 2015.

Para o auditório, será utilizado um forro diferenciado. Sonic Arc são ilhas

acústicas curvas fabricadas pela Knauf AMF, podendo ser côncavas ou

convexas, formando uma composição fluida. Cada peça é composta por uma

moldura curva de alumínio e um painel AMF Thermatex revestido por um fino

véu acústico que confere ao produto um acabamento completamente liso e com

alto índice de absorção sonora. Tanto a moldura quanto a placa serão

confeccionadas na cor creme. A fixação se dá por meio de tirante, como

ilustrador a seguir na figura 103.

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Figura 103: Fixação e acabamento da ilha acústica

Fonte: knaufamf.com.br

9.5.6. PAREDES

o Pintura

Para paredes em ambientes internos: Pintura Acrílica Fosca,

duas demãos nas cores indicadas no projeto.

Para ambientes externos: Pintura Acrílica Semi-Brilho nas

cores vermelha e amarela, conforme indicado no projeto das fachadas.

o Cerâmica

Para paredes em ambientes internos: cerâmica 10 x 10

centímetros na cor branco da linha Cristal da marca Elizabeth ou similar.

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- Para paredes em ambientes externos: cerâmica 10 x 10

centímetros nas cores branco, cristal vermelho e lux cardinal da linha Pastilha

da marca Elizabeth ou similar.

9.5.7. PISO

Para áreas internas: piso em manta vinílica 3mm de espessura Tarkett,

referência 3242850. Para áreas com padrões desenhados no piso, serão

utilizadas as cores da linha IQ Optima nas cores de referências 3242869,

3242843 e 3242824. O piso tátil para áreas internas também deverá ser vinílico.

Figura 104: Referências de acabamento do piso vinílico

Fonte: tarkett.com.br, 2015.

o Para áreas externas:

Para rampas: Piso antiderrapante de borracha na cor cinza.

Para banheiros: Piso em cerâmica categoria PEI 5 1.00 x 1.00

metros, cor branca.

Para demais áreas externas: Nas vagas externas de

estacionamento será utilizado o piso intertravado do tipo cobograma, sendo

um bloco de concreto intercalado com grama. Para as áreas de calçada

será utilizado o piso intertravado de forma retangular nas cores verde,

amarelo, vermelho e azul, com assentamento tipo espinha-de-peixe.

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Figura 105: cobograma

Fonte: lajestimbi.com.br, 2015.

Figura 106: Piso intertravado retangular assentamento tipo

espinha de peixe

Fonte: equipedeobra.pini.com.br,

2015.

9.5.8. ELEVADORES

Considerando que os elevadores utilizados na edificação percorrerão no

máximo três pavimentos, sugere-se o uso do elevador sem casa de máquina,

modelo Gen2, referência Otis. Este tipo de elevador ocupa menos espaço possui

baixa interferência no processo construtivo.

Figura 107: Elevador modelo Gen2 - Otis.

Fonte: otis.com.br, 2015.

Especificações:

Fabricante: Otis

Capacidade: 10 passageiros

Velocidade: 1m/s

Paradas: 4

Dimensão da cabine: 1,35 x 2,30 x

1,10 (LxAxP)

Dimensão do poço: 1,40m no mínimo

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9.5.9. LOUÇAS E METAIS

Aqui, são apresentadas algumas sugestões de louças e metais a serem

utilizados nos banheiros de acesso ao público.

Figura 108: Bacia com caixa acoplada Quadrata P440, Deca.

Fonte: deca.com.br, 2015.

Figura 109: Mictorio M721, Deca

Fonte: deca.com.br, 2015.

Figura 110: Cuba de semi-encaixe retangular L733

Fonte: deca.com.br, 2015.

Figura 111: Misturador para lavatório de parea 1878

Fonte: deca.com.br, 2015.

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9.5.10. RESERVATÓRIO

O cálculo para a quantidade de água necessária para a edificação foi feito

considerando os seus diversos usos separadamente para posteriormente soma-

los. Multiplica-se a área ou número de usuários correspondentes pela

quantidade de litros diários constantes na NBR 5626/98 – Instalações Prediais

de Água Fria. Após consulta à norma, foram retirando os seguintes valores

aplicados ao projeto:

- Prédios públicos / Escritório: reserva de 50L por pessoa. Estimando cerca

de 60 servidores ao todo, temos que 60 x 50 = 3000L;

- Para cinemas, teatros e auditórios: reserva diária de 2L/lugar. Para um

público de 5000 pessoas por dia em eventos de cultura nerd/geek em somatório

aos servidores tem-se 5060 x 2 = 10120L;

- Restaurantes: reserva de 25L/refeição. Estimando uma média de 200

refeições servidas por dia entre Maid Café, restaurante e barcade, calcula-se

200 x 25 = 5000L;

- Áreas educacionais: reserva de 50L por pessoa. Estimando 100 alunos

por dia: 100 x 50 = 5000L ;

- Fliperama / RPG: 50L por pessoa. Estimando 60 usuários diários: 60 x 50

= 3000L;

- Jardins: 1,5L por m². Onde: 4870m² x 1,5 = 7308L;

- Considerar reserva mais dois dias e acréscimo de reserva para incêndio.

Assim, temos que a capacidade total do reservatório deve ser de 80.227,2L,

correspondentes ao somatório 3000 + 10120 + 5000 + 5000 + 3000 + 7308 =

33428 x 2 x 1,2 (reserva para dois dias e incêndio, respectivamente) = 80.227,2L.

Por fim, optou-se por considerar uma quantidade final maior de 100.000L.

Considerando a grande quantidade de água a ser reservada, optou-se pelo

uso do reservatório externo elevado, sendo uma caixa de água tipo taça, por

ocupar pouco espaço e por poder ser utilizada como recurso estético para o

projeto devido à sua similaridade com o cano que faz parte do famoso jogo

Mario41. Sendo assim, o modelo pode receber um tratamento estético de maneira

a ficar mais parecido com o elemento de referência.

41 Série e franquia de jogos eletrônicos da Nintendo. Hoje é uma das séries de vídeo game mais vendida de todos os tempos, estando atualmente no primeiro lugar.

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Figura 112: Cano do jogo Mario

Recordsoff.blogspot.com, 2015.

Figura 113: Caixa de água estido

taça

Fonte:

fazforte.com.br, 2015.

Especificações:

Fabricante: Faz

Forte.

Capacidade:

100.000L

Altura coluna:

4,80m

Altura taça:

7,60m

Diâmetro

coluna: 1,91m

Diâmetro taça:

3,82m

Altura cone:

1,00m

Altura total:

13,80m

9.5.11. ESTACIONAMENTO

O cálculo para a quantidade de vagas necessário para estacionamento foi

feito de acordo com a tabela constante no Código Obras da cidade de Natal.

Para o cálculo, foram consideradas as áreas de cada uso e depois somadas para

obtenção do número total de vagas. Após consulta ao código tem-se que:

- Para empreendimento de educação em geral, incluindo escolas de arte e

dança deve ser prevista 1 vaga / 60m². Logo, 2400 / 60 = 40 vagas.

- Locais de reunião pública, cinema, auditório, teatro e similares: 1 vaga /

50m². Temos que: 1100 / 50 = 22 vagas.

- Pavilhão de feiras e exposições: 1 vaga / 50m². Logo, 7652 / 50 = 154

vagas.

Ao todo, portando, devem existir 216 vagas (40 + 22 + 154), considerando

a reserva de 1% para portadores de necessidades especiais. Como o

estacionamento encontra-se em subsolo, optou-se por situar as vagas especiais

no nível térreo, próximo à entrada principal.

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9.5.12. CLIMATIZAÇÃO

Devido à grande extensão do edifício e pela quantidade de painéis de vidro

como fechamentos externos, optou-se pelo uso do VRF – Volume de

Refrigerante Variável. Trata-se de um tipo de sistema de ar condicionado central

comumente conhecido com Multi-Split que funciona com uma unidade externa

de condensamento ligada a várias unidades internas de evaporação, podendo

chegar a 64 evaporadoras por condensador. Neste sistema, cada ambiente pode

funcionar independentemente de acordo com as programações do usuário.

A versatilidade do VRF é a grande vantagem considerada para a escolha

deste sistema para o projeto, uma vez que permite maior distância entre a

unidade externa e as internas, podendo variar entre 100 e 1000 metros de

comprimento máximo de tubulação e de até 50 metros de desnível, conforme

fabricante.

As máquinas serão acomodadas na cobertura do edifício, em lajes

técnicas indicadas na respectiva prancha de projeto.

Figura 114: Sugestão de condensador – Multi V IV,

fabricante LG

Fonte: lg.vrf.com, 2015.

Figura 115: Sugestão para evaporador - 4Way Cassete Geração 4 - fabricante LG

Fonte: lg.vrf.com, 2015.

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9.6. INDICAÇÕES BOTÂNICAS

Neste item serão sugeridas algumas espécies botânicas a serem utilizadas

nas áreas verdes do projeto.

IMAGEM DADOS LOCAL DE

IMPLANTAÇÃO

Figura 116: Pinheiro-de-buda

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Podocarpus macrophyllus. Nome Popular: Pinheiro de Buda, Pinheiro budista, Podocarpo, Podocarpus. Família: Podocarpaceae. Categoria: Arbustos, árvores, árvores ornamentais, bonsai, cercas vivas. Clima: Oceânico, Subtropical, Temperado, Tropical. Origem: Ásia, China, Japão. Altura: 4,7 a 6,0 metros. Luminosidade: Meia sombra, sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Entrada de pedestres.

Figura 117: Ligustro

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Ligistrum sinense. Nome Popular: Ligustro-arbustivo, ligustro, alfeneiro da china. Família: Oleaceae. Categoria: Arbustos, cercas vivas. Clima: Tropical, Subtropical, Temperado, Mediterrâneo, Oceânico. Origem: Ásia, China, Coreia de Norte e Coreia do Sul. Altura: 1,2 a 1,8 metros. Luminosidade: Sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Cerca viva entrada principal.

Figura 118: Nandina

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Nandina domestica. Nome Popular: nandina, avenca japonesa, bambu celeste, bambu do céu. Família: Berberidaceae. Categoria: Arbustos, cerca viva. Clima: Tropical, Subtropical, Continental, Oceânico. Origem: Ásia, China, Japão. Altura: 1,2 a 2,4 metros. Luminosidade: Meia sombra, sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Cerca Viva jardim de convivência e

de contemplação.

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Figura 119: Buxinho

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Buxus semperviren. Nome Popular: Buxinho, árvore da caixa, buxo. Família: Buxaceae. Categoria: Arbustos, bonsai, cercas vivas. Clima: Mediterrâneo, Subtropical, temperado, tropical. Origem: Ásia, Europa, Mediterrâneo. Altura: 1,8 a 2,4 metros. Luminosidade: Meia sombra, sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Jardim de contemplação.

Figura 120: Ipê-roxo

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Tabebuia impetiginosa. Nome Popular: Ipê Roxo Família: Bignoniaceae. Categoria: Árvores, árvores ornamentais. Clima: Equatorial, Subtroprical, Tropical. Origem: América do Sul. Altura: 6.0 a 9.0 m. Diâmetro: 8m. Luminosidade: Sol Pleno. Ciclo de vida: Perene.

Jardim de convivência.

Figura 121: Pata-de-vaca

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Bauhinia variegata. Nome Popular: Pata de vaca. Família: Fabaceae. Categoria: Arbusto, árvore. Clima: Subtropical, Tropical, Tropical de altitude, Tropical úmico. Origem: Índia. Altura: 9m. Diâmetro: 6m. Luminosidade: Sol pleno. Ciclo de vida: Semi-perene.

Estacionamento da entrada principal.

Figura 122: Cássia-do-

nordeste

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Senna spectabilis. Nome Popular: Cássia do Nordeste. Família: Fabaceae. Categoria: Árvores. Clima: Tropical. Origem: Região Nordeste. Altura: 9m. Diâmetro: 6m. Luminosidade: Sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Jardim de Convivência.

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Figura 123: Grama-esmeralda

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Zoyzia japônica. Nome Popular: Grama esmeralda. Família: Poaceae. Categoria: Gramados. Clima: Tropical, Temperado, Subtropical, Mediterrâneo, Equatorial. Origem: Ásia, China, Japão. Altura: Menos de 15cm. Luminosidade: Sol Pleno. Ciclo de vida: Perene.

Áreas verdes e de convivência.

Figura 124: Oiti

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Licania tomentosa.. Nome Popular: Oiti. Família: Chrysobalanaceae.. Categoria: Árvores, árvores ornamentais. Clima: Tropical, Oceânico, Equatorial. Origem: América do Sul, Brasil. Altura: 9.0 a 12 metros. Diâmetro: 8m. Luminosidade: Sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Jardim de convivência.

Figura 125: Acácia Mimosa

Fonte: jardineiro.net,

2015

Nome Científico: Acacia podalyriifolia. Nome Popular: Acácia mimosa. Família: Fabaceae. Categoria: Árvores, árvores ornamentais. Clima: Tropical e Subtropical. Origem: Austrália. Altura: 6.0 a 9.0 metros. Diâmetro: 6m. Luminosidade: Sol pleno. Ciclo de vida: Perene.

Jardim de Convivência

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Considerações Finais

A escolha de um projeto de grande porte com uma temática tão específica

como um Centro Cultural e de Eventos com foco na cultura nerd foi bastante

gratificante, dada a identificação pessoal com o tema e a possibilidade de

estudar algo novo, considerando que durante a graduação não foi tido nenhum

tipo de contato com este tema. Também foi bastante engrandecedor poder

estudar os conceitos e estratégias de multifuncionalidade e flexibilidade do

ambiente construído, assim como aplica-las ao projeto elaborado.

A já citada identificação pessoal da autora com a temática constituiu uma

grande vantagem para a concepção deste espaço, uma vez que por fazer parte

do público alvo há anos, foi possível estudar e elaborar a proposta projetual mais

a fundo, partindo de dentro da tribo urbana e não apenas de estudos de

referências.

Como principal dificuldade, houve a falta de referências de espaços

similares ao objetivado neste trabalho, bem como o grande porte do projeto, uma

vez que durante a graduação não foi tida a oportunidade de trabalhar com o

projeto arquitetônico dessas proporções e lidar com suas especificidades.

Deve ficar registrada uma certa insatisfação por não ter sido possível

elaborar o projeto do Jardim Japonês, porém, tem-se consciência de que este

tipo de paisagismo requer um estudo muito aprofundado e exato, dadas as suas

simbologias e filosofias. Isto ocuparia muito tempo da fase de estudos teóricos e

de referência, bem como da concepção de projeto em si, o que acabaria

resultando numa incapacidade de dar a devida atenção tanto ao edifício quanto

ao jardim. Por isso, as prioridades necessitavam ser traçadas, sendo a maior

delas o espaço do centro cultural em si.

Contudo, os objetivos traçados ainda no Plano de Trabalho elaborado

para este Trabalho Final de Graduação foram alcançados, pois foi possível

conceber um espaço de cultura e eventos multifuncional e flexível com foco na

cultura nerd e bastante atenção à conexão com os espaços verdes, podendo

funcionar como um espaço público de convivência, contemplação e cultura não

apenas para a tribo urbana em questão, mas para toda a população da cidade

de Natal.

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REFERÊNCIAS

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Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificação, espaço

mobiliário e equipamentos urbanos / Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Rio de janeiro: ABNT, 1994.

Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9050: 1994.

Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificação, espaço

mobiliário e equipamentos urbanos / Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Rio de janeiro: ABNT, 1994.

BRASIL, Natal. Lei Complementar n°055, de 27 de janeiro de 2004. Institui

o Código de Obras e Edificações do Município de Natal e dá outras providências.

Prefeitura de Natal. Natal, 2004.

BRASIL, Natal. Lei Complementar n° 082, de 21 de junho de 2007. Dispõe

sobre o Plano Diretor de Natal e dá outras providências. Prefeitura de Natal.

Natal, 2004.

BRANDÃO, Douglas Queiroz; HEINECK, Luiz Fernando Mählmann.

Estratégias de flexibilização de projetos iniciadas na década de 1990 no Brasil:

tão-somente um recurso mercadológico? Ambiente Construído, Porto Alegre, v.

7, n. 4, out.

/dez. 2007. Disponível em:

<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6850/1/2007_art_lfmheinec k.pdf>.

Acesso em: 16/03/2015.

BRANDÃO, Douglas Queiroz; HEINECK, Luiz Fernando Mählmann.

Formas de aplicação da flexibilidade arquitetônica em projetos de edifícios

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122

residenciais multifamiliares. 1997. Disponível em:

<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/7126/1/1997_eve_lfmheineck.PDF

>. Acesso em: 16/03/2015.

CÓDIGO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO DE PÂNICO DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE. Disponível em <

adcon.rn.gov.br/ACERVO/cbm/doc/DOC000000000076902.PDF>. Acesso em:

13/03/2015.

COMIC CON. Comic Con International: San Diego. Disponível em <

http://www.comic-con.org/about> Acesso em: 14/03/2015.

CONCURSOS DE PROJETO. Centro Cultural, de Eventos e Exposições

de Paraty. Disponível em < http://concursosdeprojeto.org/2014/03/22/premiados-

centro-cultural-de-eventos-e-exposicoes-de-paraty-rio-de-janeiro/> Acesso em:

14/03/2015.

DZIURA, Giselle Luzia. Arquitetura Multifuncional como Instrumento de

Intervenção Urbana. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Curitiba. 2003.

JARDIM JAPONÊS DE BUENOS AIRES. Disponível em <

http://www.jardinjapones.org.ar/> Acesso em: 14/03/2015

MORAIS, Janyffer Cavalcante de. Check Point: Centro de Lazer e Cultura

Nerd. 2012. Trabalho Final de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo

– Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

PINTO, Gabriela Baranowski; PAULO, Elizabeth de; SILVA, Thaisa

Cristina. Os Centros Comunitários como espaço de lazer comunitário: O caso de

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Belo Horizonte. Revista de Cultura e Turismo – CULTUR, ano 06 – n° 02. Junho,

2012. Belo Horizonte.

SILVA, Kelson de Oliveira. Lazer, Espaço Público e Qualidade de Vida na

Capital Potiguar: Ensaio Exploratório. In: Revista Turismo – Estudos e Práticas.

Mossóro, 2012.

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APÊNDICES

Apêndice 01: Entrevista realizada com o diretor geral do SAGA

Entretenimento;

1. Como surgiu o SAGA Entretenimento e como foi sua evolução até se

conformar da maneira que é hoje? Quantas edições já foram realizadas?

R: O SAGA surgiu de uma parceria que foi firmada um ano antes da primeira

realização; Em 2004 tomei a iniciativa de organizar o “I Festival de Cultura

Japonesa do CEFET-RN”, foi uma semana de atividades relacionadas a cultura

japonesa (exibições de animês, gibiteca de mangás, oficina de origami,

workshops de língua japonesa, exposição de itens de famílias imigrantes, etc.

Em 2005, o grêmio da instituição (Grêmio Estudantil Djalma Maranhão) estava

desenvolvendo um evento voltado para o público jogador de RPG e me convidou

para auxiliar, trazendo atividades relacionadas à cultura japonesa pro evento. Ao

longo da organização, o RPG foi perdendo espaço à medida que o interesse dos

organizadores originais do evento reduzia. Quando foi realizado, a única

característica que havia restado dos “Role Playing Games” no SAGA era o nome

(Saga significa uma sucessão de histórias, aventuras, contos, etc.) O nome do

evento durante sua primeira realização era “Saga de Entretenimento”.

O sucesso percebido pelos comentários do público e a quantidade de

gente que visitou o CEFET no dia (mais de 600 pessoas no dia 08 de outubro de

2005) fez com que eu tivesse interesse em profissionalizar o evento. Em 2006 e

2007 levei o SAGA para o antigo Shopping Orla Sul (hoje UNP Roberto Freire)

e em 2008, 2010 e 2011 firmei uma parceria com o Colégio CDF e a Faculdade

Maurício de Nassau. Em todos os anos o evento teve crescimento de público em

relação à realização anterior.

Desde 2013 o SAGA e o Re:SAGA (evento spin-off que surgiu da

demanda do público por atividades no segundo semestre) ocorre no Centro de

Convenções de Natal.

SAGA 2005

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SAGA 2006

SAGA 2007

AnimeSun (2008)

SAGA 2010

SAGA 2011

SAGA 2013

Re:SAGA 2013

SAGA 2014

(Re:SAGA 2014)*

Total de 10 eventos até agora.

2. Quais as principais transformações no público e

atrações/atividades com o passar dos anos? É possível perceber alguma

tendência de transformação futura?

R: O evento foi perdendo o aspecto de “Cultura Japonesa” para “Cultura

Oriental” com o tempo. E hoje vem deixando de ser relacionado à “Cultura

Oriental” para se definir como um evento de “Cultura Pop”. Saiu do nicho animê,

mangá, cosplay, etc. para tentar abranger mais temas: séries, filmes, games,

livros, internet, etc.

3. Qual atração/atividade pode ser considerada a principal? Quais

não podem faltar de maneira alguma?

R: Convidados de renome nacional: sejam produtores de conteúdo para

internet (youtubers); dubladores, cantores, etc. Tem de ter grandes convidados.

4. Quais os fatores considerados no momento de fazer o zoneamento

do espaço do evento? Ou seja, que motivos levam à escolha da localização de

cada atividade?

R: O espaço físico em que o SAGA se realiza hoje restringe bastante nossa

área de atuação. No entanto, levamos em consideração a circulação do público;

E prevemos que ele tenha que andar o máximo possível até chegar a um grande

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hub de atividades (League of Legends, Vídeo Games, Palco Principal); Levamos

em consideração também a poluição sonora gerada por cada atividade.

5. Já foi necessário retirar alguma atividade/atração do programa por

falta de um espaço adequado para tal?

R: Sim, desde abril/2013 não há salas de exibição de filmes, animes, séries,

etc.

6. Como deve ser um espaço para que seja considerado apropriado

para a realização do SAGA? (caso já considere o local atual apropriado é só

desconsiderar essa pergunta).

R: Para mim, um espaço que tenha um vão livre grande o suficiente para

montar um palco de dimensões consideráveis (14m x 6m x 5m) com

atividades satélites no entorno; Além de salas bem equipadas para hubs de

atividades diversas. Em Natal, especificamente, o uso do complexo ABC

junto com o Pavilhão Morton Mariz do Centro de Convenções de Natal.