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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO- CURSO DE PEDAGOGIA TRABALHO DE CONCUSÃO DE CURSO KALLYNNY VARELA BORGES DA SILVA RETALHOS DE VIDA PARA TESSITURA DE MINHA SUBJETIVIDADE NATAL 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · Retalhos de vida para tessitura de minha subjetividade. 2016. Pag.31. Monografia (Curso de Pedagogia). Universidade Federal

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO- CURSO DE PEDAGOGIA

TRABALHO DE CONCUSÃO DE CURSO

KALLYNNY VARELA BORGES DA SILVA

RETALHOS DE VIDA PARA TESSITURA DE MINHA SUBJETIVIDADE

NATAL

2016

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KALLYNNY VARELA BORGES DA SILVA

RETALHOS DE VIDA PARA TESSITURA DE MINHA SUBJETIVIDADE

Memorial de formação acadêmica

apresentado ao Curso de Pedagogia da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte- UFRN, no semestre letivo 2016.2,

como requisito parcial à obtenção do Grau

de Licenciado em Pedagogia.

Orientadora: Professora Drª Kilza Fernanda Moreira de Viveiros

NATAL

2016

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KALLYNNY VARELA BORGES DA SILVA

RETALHOS DE VIDA PARA TESSITURA DE MINHA SUBJETIVIDADE

Memorial de formação Acadêmica apresentado ao Curso de Pedagogia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, no semestre letivo 2016.2,

como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia.

Aprovado em: ____/_____/_______

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

Professora Dra Kilza Fernanda Moreira de Viveiros – UFRN - Orientadora

___________________________________________________________________

Professora Dra. Maria Da Paz Siqueira de Oliveira - UFRN

___________________________________________________________________

Professor Msc. Alexandre Remo Miranda de Araújo

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FICHA DE CATALOGAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as crianças e suas infâncias, em especial a todas

aquelas que pude contribuir de alguma forma ao seu processo educacional!

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida!

A minha família, em especial minha mãe, meu esposo e minha sogra por todo

incentivo diário!

A todos os meus alunos, que muito contribuíram para busca da minha formação, em

especial Gabriella, Anna Laura, Allana, Marina, Maria Clara, Francisco, Thaís e

Sarah!

A minha orientadora Kilza Fernanda Moreira de Viveiros, por todo incentivo, carinho

e exemplo de profissional!

A toda equipe da escola, Instituto Reis Magos, por toda educação recebida e

credibilidade a mim confiada desde aluna à profissional, especialmente a Geisa e

Tonita!

Ao NEI- CaP/UFRN por toda experiência e formação, em especial aos queridos

Analice Cordeiro, Sandro, Fátima , Adele,Teresa, Uiliete, Massilde e Vanisa.

A todos os professores que tive ao longo de minha formação acadêmica,

especialmente aos professores : Walter, Tadeu, Moisés, Giane, Mariangela, Jacyene

e Cristina !

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A SAUDADE é a memória do afeto

A MÚSICA é a memória da alma

O ABRAÇO é a memória do corpo

A AMIZADE é a memória que constrói

O TEMPO é a memória que não espera

O AMOR é a memória que dá sentido.

(GALVÂO)

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RESUMO

SILVA, Kallynny Varela Borges da. Retalhos de vida para tessitura de minha

subjetividade. 2016. Pag.31. Monografia (Curso de Pedagogia). Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, 2016.

Este relato se constitui um memorial, trabalho final do curso de Pedagogia, onde retrato minhas experiências através de um texto autobiográfico, objetivo com este trabalho refletir sobre minha trajetória escolar e acadêmica, contextualizando algumas etapas com marcos históricos, intencionando também tecer relações com teorias estudadas no decorrer de minha formação acadêmica. Para construção dessa autobiografia a fundamentação teórica se deu através de ANGOTTI (2006), CRAIDY (2011), CANDAU (2006), DEMO (2014), LEJEUNE (2013), FERREIRA (2006), FREIRE (2011), KOLH: REGO, (2003), SMOLKA (2000), RAPOPORT (2012), entre outros autores. O memorial contém momentos importantes sobre minha formação acadêmica, no âmbito de Ensino, Pesquisa e Extensão, onde pude me identificar como pessoa e profissional da educação, especificamente no trabalho com crianças pequenas da Educação Infantil que foi o campo de Estudo que me despertou maior interesse. Concluo os relatos considerando a grandiosidade que é a escrita autobiográfica, principalmente no período de conclusão de um ciclo acadêmico, pois através deste percebi o interminável vir a ser inerente ao ser humano durante sua trajetória de vida, onde as formações e práxis contribuem de modo inquestionável para formação pessoal e profissional de um ser humano, sobretudo para àqueles que se dedicam à educação.

Palavras Chaves: Memórias, Prática Docente, Educação Infantil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................10

1. A DELICADEZA DOS PRIMEIROS RETALHOS ...........................................13

1.1 O “B”, “A”, “BA” DA DA TESSITURA ..............................................................15

1.2. O AFETO NA CONSTRUÇÃO .........................................................................16

1.3. A MUDANÇA NA LINHA NECESSÁRIA ..........................................................17

1.4. A FORMAÇÃO DA COLCHA TÃO SINGULAR ...............................................18

2. O RETALHO SUPERIOR .................................................................................20

2.1. O RESULTADO.................................................................................................24

CONSIDERAÇÕES (...) ....................................................................................28

REFERÊNCIAS ................................................................................................30

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INTRODUÇÃO

A vida não é máquina mecânica, reprodutiva, mas construção e permanente reconstrução biológica e histórica, dotada de sujeito inalienável. ( Pedro Demo)

Corroborando com o autor acima citado que diz que a vida não é máquina,

porém uma construção permanente e incessante é que inicio este trabalho. Objetivo

escrever uma reflexão a cerca da vida, em específico da minha vida, minhas

memórias, partindo das raízes, dos fundamentos que me constituíram gente, pessoa

e profissional que sou hoje: um memorial.

Segundo Severino,

o Memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a forma de relato histórico, analítico e crítico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmica- profissional de seu autor. ( p.257, 2016)

Para tecer a composição desse relato histórico é necessário buscar

informações na memória e para isso organizei minha escrita como quem organiza

um tecido e todos os instrumentos necessários à construção de uma tecelagem.

Assim usei uma terminologia metafórica para melhor sintetizar essa história e os

resultados dela, a minha formação de educadora.

Nessa perspectiva se torna necessário o debruçamento sobre reflexões que

tratam da memória como fundamento essencial para a escrita de um memorial,

desta maneira trago algumas reflexões dos autores abaixo:

Essa busca na memória, esse passeio curioso, disciplinado, prazeroso, é, com o passar do tempo, um passeio que nos mostra determinadas erosões. Como a terra muda, a memória também sofre variações, erosões, lapsos, fissuras. Quanto mais o tempo passa, às vezes, maiores as fissuras. Já, às vezes, por mais que o tempo passe, a nitidez das imagens e dos sons de certos momentos da própria história continua intacta. (FREIRE; GUIMARÂES, 2011, p. 29)

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Continuando o discurso sobre a memória, BAKHTIN/VOLOCHINOV 2010a,

p.117 apud ARAÙJO, 2014 nos diz que “O mundo interior e a reflexão de cada

indivíduo têm um auditório social próprio bem estabelecido, em cuja atmosfera se

constrói suas deduções interiores, suas motivações, apreciações etc.”.

Para um estudioso, não há nada mais valioso que se apropriar de sua

história, biografia para a partir do conhecimento de si, poder refletir, se descobrir e

buscar seus ideais etc. Esse exercício do próprio conhecimento é bastante difícil

para algumas pessoas. O autor abaixo citado nos fala que a autobiografia é uma

narrativa que consta a vida do autor pressupõe que haja identidade de nome entre o autor (cujo nome está estampado na capa), o narrador e a pessoa de quem se fala. Esse é um critério muito simples, que define, além da autobiografia, todos os outros gêneros da literatura íntima (diário, autorretrato, autoensaio). (LEJEUNE, 2005, p.24 apud GONÇALVES, 2013)

Essa narrativa como já mencionei, é uma tarefa que exige esforço, para

parar, selecionar fatos e pensar sobre sua vida, sobre si e sua história. A autora

supracitada abaixo afirma que

A definição de sentidos para a própria vida engaja o homem em uma sociobiográfica profunda: intricada invenção de si, que é tanto única e pessoal como enraizada na sua experiência social. Esse é o fundamento da construção social da realidade (Borges; Luckman construção, 1966), da base social das expectativas (Garfinkel, 1967) dos entendimentos compartilhados (Becker, 1963), das pressuposições sociais (Goffman, 1954), entre outras perspectivas para uma abordagem multirreferencial entre a sociologia, a psicologia e a educação. Como experiência social paradigmática, esses sentidos também caracterizam o processo cotidiano de socialização e formação do Eu escolar, deixando uma marca indelével em todos aqueles que passaram por essa experiência. (...) Por outro lado, a narrativa autobiográfica também pode ser compreendida como o registro de experiências sociobiográficas, reveladoras não apenas da construção da personalidade profunda do sujeito e do individuo, mas também esclarecedoras da estruturação de formas e sentidos das instituições e situações sociais de convivência e pertencimento. (SMOLKA,2000,p. 19)

Nós somos seres sociais, culturais, carregados de marcas, crenças e

ideologias que em algum momento de nossas vidas nos foi apresentados. Sobre as

vivências o autor abaixo diz que

constituem o tecido do nosso quotidiano. Nem sempre estas vivências ficam na nossa memória ou propiciam uma ocasião de aprender qualquer coisa recente que vai ficar, enquanto recurso novo, daqui para frente. Pode ser uma ideia nova , um comportamento novo, um saber-fazer num campo de atuação consigo mesmo, com os outros em situações específicas, com

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objetos ou máquinas. È suficiente se referir às competências genéricas transversais que desenvolvi no livro ‘ Experiências de vida e formação’(...) para perceber que a experiência é produzida por uma vivência que escolhemos ou aceitamos como fonte de aprendizagem particular ou formação de vida. Isto significa que temos que fazer um trabalho de reflexões sobre o que foi vivenciado e nomear o que foi aprendido. (JOSSO,p.136, 2009)

Por acreditar que todas as nossas vivências, que poderíamos chamar de

retalhos, compõem um tecido maior que é a vida, e por isso escolhi o título deste

trabalho. Nascemos, crescemos, aprendemos diversas coisas durante toda a nossa

jornada. Vamos passando por processos mentais que nos levam ao

amadurecimento e que vão nos constituindo quem somos.

Iniciarei os relatos das minhas memórias no capítulo um, cujo título nominei:

A delicadeza dos primeiros retalhos, onde buscarei as memórias de minha infância,

educação infantil que vivi, contextualizando os relatos com os acontecimentos

históricos da época.

Posteriormente, o subtítulo: O ‘B’, ‘A’, ‘BA’ da Tessitura, onde relatarei

memórias do meu processo de alfabetização.

Em seguida o subtítulo: O afeto na construção, que retomarei o meu ensino

fundamental I.

Após uma mudança de instituição de ensino, vem o subtítulo: ‘ A colcha tão

singular, que falarei de memórias do ensino fundamental II e concluirei o primeiro

capítulo relatando as vivências do meu ensino médio.

O segundo capítulo, vem intitulado: O retalho superior, onde retomarei minha

entrada na Academia no Curso de Letras Língua Portuguesa, seguindo e finalizando

com o subtítulo: O Resultado, que é o ingresso em meu segundo Curso de

Graduação, o curso de Pedagogia, este que estou concluindo.

Em cada Capítulo como já mencionei, farei relatos de minhas memórias de

vida, tecidos por acontecimentos históricos de cada época.

Finalizo o Memorial com as considerações finais tecidas e organizadas

durante as vivências desses retalhos de minha vida, que muito contribuiu e

contribuirá para o fazer e refazer da minha subjetividade, para minha formação

enquanto educadora.

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1. A DELICADEZA DOS PRIMEIROS RETALHOS

“ Oh! que saudade que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais(...)” (Cassimiro de Abreu)

Nasci no ano de 1985, dia 20 de setembro na cidade de Natal/RN. Fui a

segunda filha, pois minha mãe havia perdido um bebê antes de mim. Dois anos

depois nasceu o meu irmão. Aos três anos de idade fui à escola, no ano de 1989.

Era uma escola próxima a minha casa, da rede privada.

Nesse período historicamente “A constituição de 1988 representa um marco

histórico na redefinição dos direitos de cidadania tanto do ponto de vista dos direitos

políticos como dos direitos sociais”. CRAIDY, apud MACHADO, 2011, p. 57). Antes

da constituição, a educação de crianças de 0 a 6 anos não era uma prioridade no

nosso ensino. (LANTER apud KRAMER, 2008,p. 136) .

Vivíamos a tendência da didática Histórico-Crítico, a prática pedagógica

estava começando a ser contextualizada, estavam iniciando a valorização do aluno,

visando a sua transformação social.

(...) surgiram propostas de inspiração libertária, portanto em consonância

com os princípios anarquistas. Estas geralmente se assumiam como “Pedagogia da prática” e, diferentemente dos adeptos da visão libertadora, trabalhavam com o conceito de classe. Em diálogo crítico como livro Escola e democracia, que veio a luz em setembro de 1983 (Saviani, 2006a), Oder José dos Santos publicou, em 1985, o artigo ‘ Esboço para uma pedagogia da prática’. Para ele o saber ‘ gerado na prática social’ é relegado pela escola, mas é exatamente esse saber que ‘deve ser valorizado e constituir a matéria prima do processo de ensino’ (Santos, 1985, p.23). Num primeiro momento, esse saber manifesta-se de forma imediata como prática individual. Cabe, pois, num segundo momento, ultrapassar essa aparência e captar sua natureza própria como ‘ síntese de múltiplas determinações’ que, ‘ em última instância, é social, é de classe’. (idem,ibedem). Essa circunstância faz emergir ‘ o ato pedagógico com toda sua carga política’, colocando questões como: Educação para que? A favor de quem? Dá-se, então, a diferenciação das finalidades, dos conteúdos, dos métodos, dos processos, da organização escolar, conforme os interesses de classe.’ Segue-se que o ato pedagógico é, também, um ato político’. (idem,ibidem). É nessa condição que cabe ao professor assumir a direção do processo, deslocando-se o eixo da questão pedagógica do inteiror das relações entre professores, métodos e alunos para a prática social, recuperando-se a critatividade de professores e alunos.( SAVIANI, 2011, p. 416)

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Nesse contexto, a escola em que estudei, praticava um ensino bem

tradicional. Eu estudava no maternal, que equivale hoje o nível I e eram utilizados

livros, com atividades prontas, onde era propostas pinturas, pontilhados etc.

É notório que durante a história muitas mudanças ocorreram e ocorrem,

mas, ela chega a momentos diferentes nos locais e nas instituições de ensino.

Recordo-me que possuía livros como já mencionei, e que quando vinham

atividades de pintura, minha mãe pintava, pois, ela julgava meus rabiscos um modo

“errado” de colorir. Essa prática da minha mãe me faz refletir sobre muitas outras

que julgam, talvez por não entenderem a etapa de desenvolvimento de seus filhos, a

prática de professores que abordam uma didática diferenciada, com mais brincar,

rabiscar literalmente, que são atividades próprias para o desenvolvimento de

crianças pequenas.

Esse é um exemplo que comprova que, muitas vezes nós queremos repetir

a educação que tivemos, pois é a que conhecemos e julgamos correta.

Sobre o ingresso na escola e o processo de adaptação, minha mãe me

relatou o quanto chorei nos primeiros dias, e simplesmente ela me deixava e ia

embora.

A adaptação é difícil não só para criança, mas também para a família e o educador, pois implica reorganizações e transformações para todos. A forma como esse processo é vivencia pelas pessoas envolvidas influencia e é influenciada

pelas reações da criança. (RAPOPORT, 2012, p.54)

Essa questão da adaptação e outras formas retratam o modo como era vista

a educação infantil, as crianças e as infâncias.

A educação higienista, prática que mesmo após os avanços ainda perdurava

nas escolas existentes. A criança vista como aquele ser incapaz, onde devia toda

obediência ao professor, um adulto em miniatura, que não tinha um processo de

adaptação, simplesmente era deixada na escola e os pais e professores não

compreendiam a importância de tal processo.

Na escola na qual estudei os primeiros anos, posso considerar que, existia de

modo geral o respeito pelas crianças, embora, em alguns momentos fosse notória a

prática na perspectiva da didática que mencionei anteriormente, na condição de

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criança me sentia feliz, acolhida, adorava as músicas, brincadeiras o momento do

lanche etc.

1.1 O “B”, “A”, “BA” DA TESSITURA

Ler a palavra e aprender como escrever a palavra, de modo que alguém possa lê-la depois, são precedidos do aprender como ‘escrever’ o mundo, isto é, ter a experiência de mudar o mundo e de estar em contato com o mundo.( Paulo Freire)

Meu ingresso na alfabetização, chamado em minha época de “prézinho”, foi

no ano de 1992. Dois anos anteriores tinha sido criado o ECA, o Estatuto da Criança

e do adolescente

Meu processo de alfabetização foi tranquilo e prazeroso. Aprendi de modo

tradicional, decodificando as letras, posteriormente conhecendo as famílias das

letras, como a professora, “tia”, o modo como chamávamos, ensinava.

Aprendi a ler rápido, sem dificuldades, quando saía para algum lugar

adorava ler os outdoors, sempre que os professores pediam eu lia, fui oradora da

turma e até hoje continuo com o gosto pela leitura.

Em muitos momentos estava em contato com o mundo da leitura, meu pai

era professor, as tias com as quais mais convivia e passava férias também são, e

isso muito contribuiu em todo o processo.

Uma delas adorava contar história na hora que colocava eu e meus primos

para dormir, me lembro com muito carinho e saudade dessa época.

Recordando o processo que vivi para minha alfabetização me faz refletir

sobre o uso das cartilhas e o modo tradicional de leitura, a educação bancária que

até hoje ainda é utilizada, mesmo com os pequenos ganhos da época e dos ganhos

atuais.

Esse processo de aquisição da leitura e escrita é de extrema importância

para o indivíduo. Sobre esse processo ÁVILA diz que

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Na tentativa de entender como se dá esse processo de ler e escrever, do ponto de vista interno do sujeito, Ferreiro e Teberosky (1985) realizaram estudos que representam um salto qualitativo no conhecimento sobre a aprendizagem da leitura e da escrita. Seus estudos vão demonstrar que as crianças constroem hipóteses também a respeito da leitura e da escrita. Do mesmo modo como em um dia se tornaram falantes de sua língua materna, as crianças podem se tornar leitoras e produtoras de texto. Elas se questionam sobre os ‘ riscos’, ‘ sinais’, ‘marcas’ com os quais interagem e formulam hipóteses, colocam à prova essas hipóteses, reconstroem-nas, avançam para patamares superiores, aproximando-as cada vez mais da escrita convencional. (2006,p.31)

Mesmo com os conhecimentos sobre a psicogênese da língua escrita o

ensino em muitas turmas de alfabetização era e continua de modo tradicional e

mecânico sem levar em consideração o conhecimento de mundo das crianças, suas

produções como acima foi citado.

1.2. O AFETO NA CONSTRUÇÃO

Os sentimentos modificam o pensamento, a ação e o entorno; a ação modifica o pensamento, os sentimentos e o entorno; o entorno influi nos pensamentos, nos sentimentos e na ação; os pensamentos influem no sentimento, na ação e no entorno. ( José Antônio Marina)

Neste capítulo, falarei sobre os retalhos do meu ensino fundamental I, que

foi composto da minha primeira série à minha quarta série, que hoje é denominado

quinto ano. Isso foi entre os anos 1993 a 1996. A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da

educação Nacional (9.394/96) foi reconhecida exatamente em 1996 e a educação

infantil foi pela primeira vez incluída parte integrante da educação básica. (LANTER,

Apud KRAMER, 2008).

Em todo o meu processo escolar, algo que muito marcou minha trajetória foi

o afeto vivido com meus professores, funcionários da escola e colegas. Até hoje,

mantenho contato com a maioria das minhas professoras da educação Infantil e

fundamental I.

Kohl e Rego, vem nos dizer sobre o afeto que

O ser humano aprende, por meio do legado de sua cultura e da interação com outros humanos, a agir, a pensar, a falar e também a sentir ( não somente como humano, mas por exemplo como ocidental, como um homem

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moderno, que vive numa sociedade industrializada, tecnológica e escolarizada, como um latino, como um brasileiro, como um paulista, como um aluno). Nesse sentido o longo aprendizado sobre emoções e afetos se inicia nas primeiras horas de vida de uma criança e se prolonga por toda sua existência.( 2003, p.13)

Essa explanação das autoras supracitadas, deixam ainda mais evidente a

importância das relações afetivas dos seres humanos no decorrer do processo

educacional e o quão é importante uma criança crescer amada, rodeada de carinho.

1.3. A MUDANÇA NA LINHA NECESSÁRIA

(...) Como são belos os dias do despontar da existência! Respira a alma inocência como perfumes a flor, o mar é lago sereno, o céu um manto azulado. O mundo um sonho domado, a vida um hino de amor (...)! (Cassimiro de Abreu)

Finalizando parte do Ensino Fundamental, quarta série, hoje quinto ano, tive

que estudar em outra escola, pois, a que eu estudava possuía até essa série. Essa

mudança ocorreu no ano de 1997, eu iria cursar a quinta série, hoje sexto ano. Na

segunda escola que estudei, permaneci até o fim do ensino médio.

Apesar de relutar por não querer mudanças, pois era muito feliz na primeira

escola, me adaptei fácil na segunda instituição, fiz novas amizades embora, tenha

continuado algumas, porque três amigas foram comigo. Minha mãe escolheu a

segunda escola por ser próxima a parada de ônibus, assim eu não precisaria

atravessar rua alguma, isso no sexto ano do fundamental com dez anos de idade.

Essa proteção da minha mãe por muito tempo me deixou insegura e

acomodada, estudos sobre o desenvolvimento da criança, o período escolar e sobre

autonomia me fazem enxergar o quão importante é para as crianças o incentivo a

sua autonomia, sua capacidade de desenvolver a independência, de resolver seus

conflitos por menores que sejam, até mesmo desde o berçário.

No ensino fundamental as atividades mais marcantes e significativas foram

aquelas nas quais pude ver concretamente os conceitos estudados. Como por

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exemplo, em matemática, quando estudava os ângulos em geometria, o professor

nos colocava no pátio da escola e tirávamos as medidas e podíamos vivenciar na

prática o estudado.

Outra atividade marcante foi em Biologia, quando estudávamos sobre os

tipos de plantas, o professor nos levou ao jardim ao lado da escola e nos mostrou as

plantas estudadas no livro e seus tipos de raízes, ramalhete, a que se ramifica, axial

a que cresce apenas para baixo.

Em Língua Portuguesa, saímos nas ruas próximas à escola, com câmeras e

registramos as fachadas que continham erros gramaticais. Foi um debate muito

interessante.

Com outro professor de Biologia, fizemos uma simulação de Júri, sobre a

Eutanásia, tinha os advogados a favor, os contras etc.

Em geografia o professor, realizava bingos sobre os assuntos e era bem

divertido, também construíamos revistas em quadrinhos sobre os assuntos, entre

outras atividades diferenciadas.

É notório que em todos as faixas etárias, as atividades mais marcantes e

nas quais as aprendizagens são mais significativas, são naquelas diferenciadas, nas

quais o aluno aprende brincando, pratica, vivencia .

Historicamente nesse período, o campo educacional já havia alcançado

alguns avanços, como a LDB, entre outras, o que pôde ser vivenciado através da

didática utilizada pelos professores nesse período escolar.

1.4. A FORMAÇÃO DA COLCHA TÃO SINGULAR

Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente, aos vinte e cinco anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não. A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. ( Paulo Freire)

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Meu ensino médio foi entre os anos de 2001 e 2003. O terceiro ano e último

foi o primordial, ano de muitos conhecimentos e escolhas. O processo seletivo para

ingresso na Universidade pública e de qualidade era o almejado sonho de muitos

dos pais de colegas meus inclusive do meu pai.

Apesar de amar crianças, não passou pela minha cabeça cursar Pedagogia,

sempre pensava que para trabalhar com crianças teria que fazer medicina, para me

especializar em Pediatria, no entanto, biologia não era uma disciplina que me

chamasse muita atenção.

Eu e minha turma, passamos por muitas palestras conhecemos diversos

cursos, e um que me chamou atenção foi o de Terapia Ocupacional, que até então

só era oferecido pela Universidade Potiguar, UNP, pertencente a rede privada, então

já descartei, pois, eu teria que estudar na Universidade Federal.

Tínhamos aulas a semana inteira inclusive aos sábados e a aprovação era o

foco dos estudos. Eu não pensava no vestibular, mas sim em passar de ano e

acredito que isso me ajudou bastante na aprovação, por parte da minha família não

me sentia cobrada, entretanto, por ver que todos tinham a certeza da minha

aprovação, pela minha trajetória estudantil, na qual sempre fui uma aluna estudiosa,

em que passava por média, não precisava da cobrança dos meus pais, pois, ele,

meu pai, principalmente, sempre deixou claro que minha obrigação era estudar e

tirar boas notas, já que apenas estudava, enfim, por esses fatores eu me cobrava, e

no meu íntimo eu temia não ser aprovada e decepcionar a todos.

Os dias passaram e o momento da escolha chegou, tinha que fazer a opção

pelo curso que tentaria ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

eu não fazia ideia do que queria, então uma grande amiga me chamou para tentar

Letras- Língua Portuguesa com ela e pensando que gostava muito de ler, assim

optei.

Fui aprovada no primeiro vestibular, passei em 11º lugar, motivo de muita

felicidade para meus pais e minha família, que para todos era certa minha

aprovação.

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2. O RETALHO SUPERIOR

Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez mais competente em seu ofício. (Antoni Zabala)

Em 2004, ingressei na Universidade Federal, um mundo novo, grandioso, no

qual fui inserida e não fazia ideia da imensidão que me proporcionaria.

Foi tudo novidade, o Campus, em comparação a escola que estudava era

um mundo, e no nosso primeiro dia de aula, o pai da minha melhor amiga, nos

levou. Meu pai estava trabalhando, e minha mãe tinha que ficar em casa com meu

irmão, então fui com eles.

Éramos as mais novas, teve o “trote”, que era umas brincadeiras realizadas

pelos alunos do curso que eram veteranos. Pedimos dinheiro nos sinais da Av.

Roberto Freire, nos sujaram de tinta. Foi uma aventura, uma brincadeira!

Eu não tinha muita dimensão do curso superior, estudava para as disciplinas

do curso, assim como, estudava para as da escola.

Novas experiências vivi na academia, e algo drástico que vivenciei foi a

relação entre professor e aluno. Na faculdade, tudo parecia diferente, os professores

eram carregados de uma sisudez, e isso me causou muito estranhamento, foi um

choque em relação a realidade a qual vivia.

Enfim, até mesmo na academia é valorosa a relação existente entre professor

e aluno para uma prática educativa rica em aprendizagens, a mediação presente

nos estudos de Vygotsky se fazem necessárias em todas as relações de ensino

aprendizagem e em todos os níveis.

No segundo ano do curso de letras comecei a estagiar por exigência do meu

pai, por um lado foi ruim por não ter aproveitado muito o curso, no sentido de não ter

muito tempo para me deleitar na biblioteca, ficar nos corredores do campus no meu

setor, onde hoje considero também um espaço educativo, não procurei nenhum

professor para tentar bolsa de pesquisa, nem de monitoria, tudo isso vim enxergar

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muito tempo depois e por outro foi muito bom porque, o crescimento de mundo que

obtive foi grande, estudando a teoria juntamente com a prática.

Estudar a teoria ao mesmo tempo em que vivenciava a sala de aula me

ajudou a entender um pouco do sistema, como acontece a prática educativa no

âmbito escolar.

Minha primeira experiência em sala de aula foi simplesmente com turmas do

ensino Médio e uma turma de EJA- Educação de Jovens e Adultos. O estágio

remunerado pela Secretária de Educação do RN foi em uma escola estadual no

bairro em que morava.

Meu primeiro dia na escola foi bem surpreendente, pois simplesmente o

diretor da escola me levou a sala, me apresentou a turma, e ali tive que dar minha

primeira aula. Eram alunos do Ensino Médio, terceiro ano e segundo, eles ficaram

logo surpresos em estar diante de uma jovem, que era mais nova que a maioria.

Exerci por um bom tempo o papel do professor enciclopédia, aquele que

chega e deposita todo o conhecimento sobre os alunos. Eu usava uma gramática

que tinha da época do ensino médio. Simplesmente eu enchia a lousa com normas

gramaticais, ou seja, exercia uma didática tradicional. Eu entendia que tinha que

cumprir todo aquele conteúdo que me passaram, pois alguns alunos prestariam

vestibular e necessitariam de tais. Muito me surpreendeu a realidade da Escola

Pública. Mesmo sendo do mesmo bairro que residia, a realidade de muitos daqueles

alunos era diferente da minha, da que era acostumava a ver. Muitos daqueles jovens

tinham parado de estudar, para trabalhar e sustentar a família, outras engravidaram

e tiveram que cuidar dos filhos por um período.

Na EJA, Educação de Jovens e Adultos, me deparei com muitas senhoras e

também jovens que por algum motivo se afastaram da escola e por exigência

trabalhista, ou até mesmo buscando uma melhora para suas vidas, retornavam para

escola.

Nas turmas de EJA, quando eu chegava com a gramática na mão, as

senhoras diziam, “professora hoje lavei muita roupa, por favor não copie muito!”

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Com alguns meses tive a oportunidade de fazer cursos de capacitação

oferecidos pela Secretaria da Educação e esses muito me ajudaram a entender o

movimento dos alunos da Eja- Educação de Jovens e Adultos.

Assim, comecei a trabalhar a partir da realidade deles, fazendo atividades

mais práticas e não ficando presa aqueles materiais didáticos oferecidos pela

escola, nos quais acreditava que tinha que seguir fidedignamente.

Eu estudava pela manhã na Universidade e como resido em bairros

periféricos dependendo do sistema de transporte tinha uma rotina corrida. Meu

namorado, atualmente meu esposo, que me levava a escola de bicicleta, pois era

um pouco distante. Os alunos do ensino médio tinham prazer em fazer brincadeiras

quando me viam chegar.

No terceiro ano de curso, estagiei em outra escola Estadual mais próxima a

minha casa, e a experiência foi com alunos do sexto ano e sétimo ano. Foi um

período marcante, gostei muito de lecionar nessas séries, vi muitas realidades

diferentes, ensinei assuntos que gostava bastante, pude repeti com esses alunos

atividades vivenciadas com meus professores de ensino fundamental, que foram

resignificadas, mas que puderam ser tão válidas para eles quanto para mim no

período que também as vivenciei.

No quarto ano de curso, minha experiência ainda no estágio pela secretaria

do estado, foi com turmas do nono ano e com o Projeto Mais Educação. Esse

período foi frustrante , me deparei com uma realidade bem diferente da que vivi, tive

experiências pouco exitosas, os alunos eram jovens, não me respeitavam, não

queriam estudar, enfim, não consegui concluir esse ano de experiência no nono ano,

apenas continuei no Projeto Mais Educação, que foi muito válida.

No último ano de letras, o curso tinha duração no turno que estudava de

quatro anos e meio, não tendo me identificado como queria com a atuação na área,

meu pai em uma conversa com o chefe dele, falando de minha frustração ao

lecionar para adolescentes, falou que sua esposa era diretora de uma creche da

Universidade e que eu poderia ir até lá, fazer seleção, pois lá, tinha muitos bolsistas

de diversos cursos da UFRN, e como meu pai havia dito que eu gostava muito de

criança, talvez lá fosse uma boa experiência para mim.

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Quando meu pai me disse, fiquei muito feliz e fui até a Creche da

Universidade que era a UEI- Unidade Educacional Infantil, hoje integrante do Nei-

Cap- UFRN. Fiquei encantada com o lugar, fiz uma entrevista com a diretora, que

conversou comigo e foi muito atenciosa, me explicou que gostar de criança era

diferente de trabalhar com criança etc. Com alguns dias ela me retornou e me

propôs ficar um período de experiência.

Comecei o estágio na creche e me encontrei novamente com elas, as

crianças. Todos elogiavam muito minha desenvoltura, parecia que eu tinha nascido

para estar ali, minhas habilidades artísticas, as quais sempre tive apreço, puderam

ser usadas, como por exemplo, o desenho, a pintura, a música, as fantasias, a

imaginação, pude me deleitar enquanto bolsista de uma instituição infantil, na

infância, aquele período vivenciado por mim, no qual fui imensamente feliz.

As professoras perguntavam o porquê da minha escolha por Letras, se eu

parecia ter nascido para Pedagogia. Eu nessa experiência tão exitosa na minha

carreira percebi, que não era necessário eu fazer medicina e me especializar em

Pediatria para trabalhar com as crianças, eu vivenciei enquanto estagiária que a

Pedagogia me proporcionava tudo isso, pois o Educar e o Cuidar é um binômio

indissociável na Educação Infantil.

Eu permaneci na Creche por quatro anos, estendi minha formatura em Letras

para cinco anos, e quando conclui o curso fiz reingresso automático em Língua

Francesa, para manter o vínculo com a Universidade e poder continuar o período de

descobertas na instituição.

Em 2008, ano que me formei, meu pai descobriu que estava com câncer,

então ele voltou para nossa casa e minha mãe cuidou dele. Logo após a cirurgia que

ele fez foi descoberto que teria pouco tempo de vida, o médico disse que no máximo

viveria por mais um ano e meio. Ele superou as expectativas médicas e permaneceu

conosco dois anos e sete meses. Foi um período de muitas lutas, em que eu pude

contar imensamente com todos os colegas de trabalho.

Em 2010 iniciei uma pós graduação em educação Infantil, também fui

contratada em uma escola particular, a que estudei parte do ensino Fundamental I, II

e ensino médio, dessa vez estava de volta, não como aluna mas como professora,

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colega de profissão de muitos dos meus ex-professores, foi uma experiência

exitosa.

A pós graduação que cursei foi oferecida pela UFRN, através do Nei-Cap.

Passei por um processo de seleção e fui contemplada, para mim foi extremamente

significativo. Meu trabalho final foi sobre o Educar-Cuidar no berçário, que foi uma

experiência de muitas aprendizagens para mim na Creche.

Durante os quatro anos como bolsista na creche, pude aprender muito, com

todos os profissionais, com as crianças e com a prática, “práxis”, de maneira

interdisciplinar associando a teoria à prática na área da infância.

Atuei em diversos níveis na instituição, atuando desde a mais tenra idade, os

bebês, até as crianças maiores. O primeiro ano no Estágio III, o segundo ano no

estágio I, e os dois últimos anos no berçário, com os bebês . Grande parte da minha

formação devo a essa instituição e sua prática.

2.1. O RESULTADO

Para mim é impossível existir sem sonhos.

(Paulo Freire)

Em agosto de 2011, no segundo semestre, iniciei o curso de pedagogia, já

não estava na instituição como bolsista, apenas na escola privada. Meu pai faleceu

em julho desse ano, eu sabia que seria bom ocupar minha mente, mesmo ainda

estando abalada com as mudanças. Em maio de 2012 me casei e mais mudanças

ocorreram ocasionando um maior amadurecimento em minha formação pessoal!

Continuei na escola em que trabalhava e segui cursando pedagogia, o curso

me fez sentir realizada, me abriu horizontes diferenciados.

Estudar a Educação em si, a história, evoluções sofridas que muito interferem

nos dias atuais é muito importante para um professor. As disciplinas de fundamentos

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provocaram em mim desequilíbrios necessários para novas aprendizagens que me

promovem e fazem ser uma profissional mais completa.

Em pedagogia procurei e procuro vivenciar mais profundamente os

acontecimentos acadêmicos, procurei bolsas de pesquisa, já que na prática possuo

experiências. Estagiei e lecionei do berçário até o ensino médio incluindo a

Educação de Jovens e Adultos. Assim, iniciei 2014 com a decisão de sair do

trabalho, no qual lecionava no tempo integral da escola privada em que estudei, para

me dedicar exclusivamente aos estudos. Por esse motivo também, optei por fazer

uma permuta no horário do meu curso, pois era a noite que eu estudava e a tarde a

carga horária era maior, assim conseguindo a troca de turno poderia cursar mais

disciplinas como desejava.

Ao voltar do recesso do fim do ano, no início da semana já sabendo que a

permuta de turno do curso de pedagogia da noite para tarde tinha sido aprovada, fui

conversar com minha gestora. Foi difícil convencê-la, justifiquei que queria adiantar

meu curso, que iria estudar dois horários e por isso seria difícil conciliar o trabalho

na escola com as diversas atividades acadêmicas que eu teria, sabendo que seriam

muitas pois, estava decidida a cursar o máximo de disciplinas que pudesse, e com

bastante qualidade, ou seja dedicação.

Após conversar com minha diretora fui falar com as minhas coordenadoras

que atuavam diretamente comigo e foi difícil também, elas queriam que eu ficasse e

fizeram de tudo pra eu mudar a decisão. Meus alunos quando souberam ficaram

muito tristes, e eu mais ainda com a tristeza deles. Foi difícil para mim essa decisão,

mas algo dentro de mim me motivava a tentar essa escolha, a me dar essa

oportunidade de vivenciar a academia com mais dedicação, diferente de quando

cursei a primeira graduação, muito envolvida com as atividades dos estágios, sem

tempo para atividades acadêmicas de pesquisa por exemplo.

No meu último dia na escola, a nutricionista preparou um momento, com um

vídeo maravilhoso, me surpreendendo. O fato ocorreu no auditório e foi bastante

emocionante, meus alunos e todos os funcionários foram filmados e cada um a sua

maneira registrou seus sentimentos, demonstrando muito afeto e emoção.

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Foi difícil a decisão, pois, os sentimentos que envolviam todo o trabalho na

instituição, tanto com os funcionários como com os alunos, as crianças, me

causavam dúvidas. No entanto, permaneci firme, pois acreditava que precisava

vivenciar esse novo momento.

Assim, Compartilho os pensamentos de Navarro quando ela fala sobre as

emoções nos adultos:

Acontece uma coisa parecida com os adultos. Há uma barafunda emocional que sempre os afeta. Podem encobri-la, podem expressá-la bem ou não, mas é claro que, a estas alturas, o que não se pode fazer é ignorar a sua existência. Preocupações, dúvidas, saberes, medos, emoções, projetos, desejos...tudo mexe com a gente, lutando para ajeitar-se de novo o mais equilibradamente possível, satisfazendo, assim, às nossas necessidades, aos nossos vazios, às nossas expectativas. Como professor, um andar debaixo próprio do ofício, que compartilhamos com colegas de profissão. Um andar debaixo onde fermentam tanto os lances afetivos de qualquer adulto quanto os que vêm da própria tarefa como educadores. Medo de não saber, de fracassar, de nos enganar, de ser demasiado autoritários oi permissivos, da racionalização, da espontaneidade, dos conflitos com colegas, com o diretor, com os pais, com as crianças. (2004, p.25)

Passando por essas fortes emoções iniciei o semestre, continuei a busca

pelos professores da área de educação infantil para dizer meu interesse pelas

bolsas, pela pesquisa, isso já vinha fazendo desde fim do ano de 2013, mandando

emails, indo às salas etc.

Procurei muito, fui atrás e conversei com tantos, foi bem difícil encontrar, pois

queria algo na área que me identifico, que é educação infantil. No segundo semestre

ao falar com uma professora de educação infantil, tive a chance de trabalhar como

bolsista de uma professora de educação infantil porém, que está voltada ao ensino a

distância. Com muita alegria aceitei o convite e realizei uma seleção.

O período como bolsista, inicialmente de monitoria foi muito bom, pois a

disciplina era de educação Infantil, posteriormente a professora colocou em outra

pesquisa que não era Educação Infantil, porém muito interessante.

Durante o período de quase dois anos que fiquei fora da sala de aula,

fevereiro de 2014 até março de 2016 foi muito proveitoso, mesmo não tendo a

oportunidade de ser inserida em uma pesquisa de educação Infantil. A participação

como monitora em eventos na Universidade como EPENN, a própria Cientec, onde

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pude fazer apresentação de trabalhos como pôsteres, oficinas foram de uma

aprendizagem indescritível.

Vivenciar o mundo acadêmico integralmente foi uma experiência maravilhosa,

o próprio currículo do Curso de pedagogia exige que o aluno tenha carga horária na

extensão, na monitoria, não fique restrito as atividades das disciplinas. Mesmo

aproveitando as experiências da academia senti muito falta da sala de aula, porque

para mim a práxis é essencial para uma carreira docente. A teoria sozinha não muda

nada, mas aliada a prática faz toda a diferença. Pensando na minha realidade de

professora de educação infantil corroboro com as autoras: “Refletir sobre como

percebemos as experiências das crianças pode depender da forma como vemos a

criança e do modo como ela participa do ambiente da escola de educação infantil.” (

SMITH; CRAFT, 2010, p.31)

Durante o curso de Pedagogia pude experimentar conhecimentos que

considero extremamente válidos para um profissional da educação, o que , na

Licenciatura em Letras não conheci. Conhecer e refletir sobre a historia da educação

foi extremamente válido, é algo tão essencial para carreira docente, como as

disciplinas de cálculos presentes nos primeiros semestre do curso de Tecnologia.

Na graduação de Letras em 2004 tive sim, algumas disciplinas referentes a

educação, inclusive o currículo já deve ter sofrido alterações, mas, acredito que

deveriam ser oferecidas a todas as Licenciaturas mais disciplinas relacionadas ao

processo educacional.

Durante a graduação outra experiência muito válida, foram as três disciplinas

de Estágio, pude atuar em uma Centro Municipal de Educação Infantil no primeiro, e

nos outros dois pude me deleitar ainda mais com a prática do Nei-Cap-UFRN. Para

mim, esses estágios foram bastante significativos, pois buscamos a todo momento

realizar intervenções pautadas pela teorias, sempre trocando saberes com os

professores das turmas, coordenações e direção.

A pedagogia em si organiza-se em torno dos saberes que se constroem na

ação situada em articulação com as concepções teóricas e com as crenças e os

valores. A pedagogia é, portanto, um ‘espaço ambíguo’ já não de um-entre-dois, a

teoria e a prática, como alguns disseram (Houssaye et al.,2002), mas antes de um-

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entre-três, as ações, as teorias e as crenças, em uma triangulação interativa e

constantemente renovada. (FORMOSINHO, 2007,p.14)

Enfim, como fala o autor acima supracitado, a pedagogia engloba saberes

essenciais para a formação de um professor, foi um curso que desejei muito fazer e

que me completou enquanto profissional da Educação. Seu currículo sempre está

em movimento, há muitas coisas para melhorar, no entanto, a maioria dos

profissionais que compõe sua grade é muito comprometida com a Educação.

CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA PERMANENTE FORMAÇÃO DE RETALHOS

O senhor...mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é isto, que as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam – verdade maior. E o que a vida me ensinou. Isto me alegra, montão. (Guimarães Rosa)

Realizar esse trabalho foi de extrema importância para reflexão da minha

prática, minha vida como pessoa, como profissional. Reviver alguns desses retalhos

me fazem ser mais gente, ter mais certeza do que sou, do que quero ser, porque

somos gentes, inacabadas, em um constante vir a ser como diz Paulo Freire, como

disse Guimarães Rosa, quando afirmou que não estamos sempre iguais.

É como o processo de aprendizagem corroborando com os teóricos

interacionistas, onde aprendemos e o conhecimento novo adquirido gera um

desequilíbrio em nós, nos causando uma readaptação, e assim nessa constante,

nesse ciclo que é a vida, onde vamos aprendendo coisas novas, esquecendo,

lembrando, perdendo, ganhando.

Reviver todo o processo de vida pensando no contexto histórico é de extrema

importância para ligação, entrelaçamento desses retalhos que compõe esse tecido

que é a vida. Como desde a educação infantil, o educar muito influencia o nosso vir

a ser, pessoa, gente, profissional. O contexto nos quais estamos inseridos, as

nossas culturas, muitos nos influenciam “Do ponto de vista da produção da

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sobrevivência humana, é através das instituições sociais que determinada relação

social de produção é concretizada. A escola, a igreja, a família.”( DAMIS, 1991, p.13)

Desde o início da minha vida escolar até o presente momento em que encerro

essa etapa, uma graduação no Curso de Pedagogia, pude perceber os avanços

históricos obtidos nesse percurso e o quanto esses acontecimentos influenciaram e

influenciam o âmbito educacional. Atualmente vivemos um período histórico-político

repleto de incertezas, mudanças e esses acontecimentos estão afetando

diretamente o campo educacional.

Realizar esse trabalho foi muito significativo, pois a autobiografia como já

discuti no decorrer do texto, é um gênero que muito contribui para formação do ser,

afinal, com a própria escrita muitas memórias são retomadas e ao revivê-las pode-se

compreender um pouco de todo o processo vivido, e o porquê de muitas escolhas e

modos que constituem o ser, enquanto pessoa, profissional.

Esse exercício no qual podemos refletir sobre nossos fundamentos, nossas

raízes, nos faz mais gente, mais pessoa e é algo extremamente importante para

formação de um ser, principalmente professor. Sabendo quem você é, suas raízes e

sua história, a compreendendo você pode refletir, ver e rever sua essência, sua

prática, exercício válido e significativo para todos os seres.

Em minha trajetória acadêmica, em que pude me identificar com o campo

educacional no qual quero pesquisar, em que pude reconhecer a perspectiva

histórica que quero seguir, que é a que acredito ser válida para o crescimento dos

meus alunos a interacionista, conhecer a mim mesma, refletir sobre meu processo

escolar e acadêmico, esse exercício autobiográfico me firma as marcas que me

fundamentam para me compor enquanto gente que sou, que me formei, me teci, e

me levou a corroborar com as teorias nas quais me ancoro.

Enfim, encerro essa reflexão, com as palavras de Ferreira, sobre a profissão

da docência, carreira esta que escolhi, talvez que me escolheu, que me faz mais

gente, que me coloca perto de gente, onde aprendo, ensino, me transformo em

culturas múltiplas, em uma didática intercultural como aprendi com Candau.(2006):

Ser professor é profissão de pessoas sonhadoras, generosas e Altruístas. Arquitetos de gente que, em geral, não chegou a ver os seus projetos humanos prontos. Engenheiros de ideias que não entregam suas

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construções concluídas. Médicos que não curam a febre do conhecimento. Advogados de inocentes perseguidos pela ignorância. Artistas visionários de obras incógnitas. Escritores frenéticos de versos esquecidos. Maestros pacientes na afinação de orquestras sem partituras. Contudo, o ofício de ensinar também é palco frequente de apresentações tensas e de atores incompreendidos. (FERREIRA, 2006,p.9)

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