64
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Polyanna Silva Moreira AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL DE EXTRATOS OBTIDOS DA FOLHA E FRUTO DE Morinda citrifolia CONTRA O VÍRUS DENGUE Natal-RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, para obtenção do Título de Mestre em

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

Polyanna Silva Moreira

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL DE EXTRATOS OBTIDOS DA FOLHA E

FRUTO DE Morinda citrifolia CONTRA O VÍRUS DENGUE

Natal-RN

2017

1

POLYANNA SILVA MOREIRA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL DE EXTRATOS OBTIDOS DA FOLHA E

FRUTO DE Morinda citrifolia CONTRA O VÍRUS DENGUE

Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária, para obtenção do Título de Mestre em Biologia Parasitária na área da Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias.

Orientador: Profa. Dra. Paula Renata Lima Machado Co-orientador: Dr. Kleber Juvenal Silva Farias

Natal-RN

2017

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIVIRAL DE EXTRATOS OBTIDOS DA FOLHA E

FRUTO DE Morinda citrifolia CONTRA O VÍRUS DENGUE

Polyanna Silva Moreira

Natal, 23 de fevereiro de 2017

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profª. Drª. Paula Renata Lima Machado (DACT UFRN)

_____________________________________________ Profª. Drª. Nalu Teixeira de Aguiar Peres

(DMO UFS)

_____________________________________________ Profª. Drª. Vânia Sousa Andrade

(DMP UFRN)

3

4

AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente que me concedeu chegar até aqui, me fortalecendo para

superar todas as barreiras surgidas ao longo desse percurso.

A minha família por todo apoio e compreensão durante esse período.

Ao meu namorado Gustavo Kleber por todo amor, auxílio e paciência.

A minha orientadora professora Paula Renata e co-orientador Kleber Juvenal pelos

seus ensinamentos, orientação e paciência durante todo o desenvolvimento da

pesquisa.

A professora Raquel Brant Giordani e a Msc. Gabriele Pereira do Laboratório de

Farmacognosia por toda contribuição durante a preparação dos extratos.

Ao Msc. Renato Ferreira de Almeida Junior pela sua orientação e companheirismo

durante a execução do meu projeto de pesquisa.

A todos meus colegas do Laboratório de Imunologia Clínica, em especial a Kercia

Monaline e Luanda Canário, por todo aprendizado e auxílio nas minhas atividades

de pesquisa.

Por fim, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste

trabalho.

5

RESUMO A dengue é uma arbovirose que afeta o homem, gerando uma problemática na saúde pública do mundo, especialmente em países tropicais os quais apresentam condições que favorecem a disseminação do mosquito Aedes aegypti. Atualmente, dentre as várias estratégias para controle da doença, ainda não se tem uma vacina eficaz ou um antiviral capaz de combater essa infecção. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a atividade antiviral de extratos obtidos da folha e frutos da planta Morinda citrifolia L. em cultura de células Vero infectadas com vírus dengue-2 (DENV-2). Inicialmente foram obtidos os extratos brutos (hidroetanólico) e as respectivas frações: hexano, clorofórmio e acetato de etila, analisados por cromatografia. O teste de citotoxicidade do extrato bruto, resíduo aquoso e frações foram realizados em cultura de células Vero pelo método MTT, nas concentrações de 1000; 500; 250; 125; 62,5; 31,2 μg/mL. O ensaio antiviral foi conduzido através das seguintes estratégias: células infectadas com DENV-2 (controle positivo); células mantidas com meio de cultura (controle negativo); células infectadas com DENV-2 e tratadas com o extrato ou frações. Após cinco dias de infecção a viabilidade celular foi avaliada pelo método de MTT e o sobrenadante da cultura foi utilizado para quantificação viral por unidade formadora de placa (PFU). Os resultados demonstraram que a análise cromatográfica dos extratos e frações revelou bandas distintas e sugestivas de saponinas, terpenos e flavonoides. Tais extratos e frações não foram tóxicos para as culturas de células, com exceção do tratamento das células com a fração clorofórmio obtido da folha e as frações hexano e acetato de etila do fruto verde, levando a uma viabilidade próxima de 65%. No ensaio antiviral o controle positivo apresentou viabilidade celular em torno de 60% após cinco dias de infecção. No tratamento com os compostos obtidos da folha observou-se que ao adicionar a fração de acetato de etila às células infectadas, estas mantiveram uma viabilidade celular próximo a 100% na concentração de 1000μg/mL e a 85% nas concentrações de 500 e 250μg/mL. O tratamento com a fração hexano apresentou uma viabilidade superior ao controle positivo em todas as concentrações. No entanto, na fração clorofórmio, a viabilidade manteve-se elevada apenas nas concentrações de 500 e 250μg/mL. O extrato bruto e a fração residual aquosa não demonstraram atividade antiviral. As células tratadas com o extrato e as diferentes frações obtidas dos frutos maduro e verde, apresentaram de um modo geral uma viabilidade celular próxima de 100% nas concentrações de 500 e 1000 μg/mL no fruto maduro e apenas 1000 μg/mL no fruto verde, com exceção das células que foram tratadas com a fração clorofórmio, na qual não foi possível observar nenhuma diferença significativa quando comparado ao controle positivo. Na quantificação viral observou-se que as células tratadas com as frações hexano e clorofórmio obtidos da folha e também os extratos brutos obtidos dos frutos maduro e verde tiveram ação antiviral, resultando na diminuição total da carga viral. Finalmente, a partir desse estudo podemos identificar uma possível atividade antiviral dos compostos obtidos de Morinda citrifolia contra o vírus dengue. Palavras-chave: vírus dengue, Morinda citrifolia L., viabilidade celular, células Vero, antiviral, análise cromatográfica.

6

ABSTRACT

Dengue is an arbovirosis which affects mankind, causing problems in the public health worldwide, especially in tropical countries which present conditions that favor the spread of the mosquito Aedes aegypti. Currently, among the various strategies to control the disease, there is no effective vaccine or antiviral capable of combating this infection. Thus, the aim of the present study was to evaluate the antiviral activity of leaf and fruit extracts of the plant Morinda citrifolia L. in Vero cells culture infected with dengue-2 virus (DENV-2). Initially, the crude extracts (hydroethanolic) and their fractions were obtained: hexane, chloroform and ethyl acetate, followed by chromatographic analysis. The cytotoxicity test of the crude extract, the aqueous residue and its fractions were performed in culture of Vero cells by the MTT method, at concentrations of 1000; 500; 250; 125; 62.5; 31.2 μg/mL. The antiviral assay results were conducted through the following strategies: cells infected with DENV-2 (positive control); cells maintained with culture medium (negative control); cells infected with DENV-2 and treated with the extract or fractions. After five days of infection, cell viability was evaluated by the MTT method and culture supernatant was used for viral quantification by plaque forming unit (PFU) assay. The results showed that the chromatographic analysis of extracts and fractions present distinct bands, which could be suggestive of saponins, terpenes and flavonoids. Such extracts and fractions were not toxic to cell cultures, except for the cells treated with the chloroform fraction obtained from leaf, hexane and ethyl acetate fractions of the green fruit, leading to a near 65% viability. In the antiviral assay the positive control had 60% of cell viability after five days of infection. Among the leaf extract treatments, it was observed that infected cells treated with ethyl acetate fraction, maintained their cell viability around 100% in the concentration of 1000μg/mL and up to 85% in the concentrations of 500 and 250μg/mL. The hexane fraction treatment showed higher viability in comparison to the positive control at all concentrations. However, in the chloroform fraction, viability remained high only at concentrations of 500 and 250 μg/mL. Crude extract and residual aqueous fraction did not show any antiviral activity. Cells treated with the extract and different fractions obtained from the mature and green fruits, presented an overall cell viability close to 100% in 500 and 1000 μg/mL in the mature fruit and only 1000 μg/mL in the green fruit. However, for the cells treated with the chloroform fraction, it was not possible to observe any significant difference when compared to the positive control. In the viral quantification it was observed that cells treated with hexane and chloroform fractions obtained from leaf, as well as crude extracts obtained from mature and green fruits had antiviral effect, resulting in a total viral load decrease. Finally, identified from this study, a possible antiviral activity of the compounds obtained from Morinda citrifolia against dengue virus.

Keywords: dengue virus, Morinda citrifolia L., cell viability, Vero cells, antiviral, chromatographic analysis.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ensaio de imunofluorescência indireta para detecção de DENV-2

em cultura de células C6/36...............................................................................

34

Figura 2 – Avaliação da citotoxicidade do extrato bruto e frações obtidas da

folha e frutos de Morinda citrifolia em cultura de células

Vero.....................................................................................................................

36

Figura 3 – Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas da folha de

Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células

Vero....................................................................................................................

37

Figura 4 – Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas do fruto maduro de

Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células

Vero......................................................................................................................

38

Figura 5 – Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas do fruto verde de

Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células

Vero......................................................................................................................

39

Figura 6 – Análise de PFU da ação do extrato bruto e frações da folha e frutos

de Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de

células Vero.........................................................................................................

41

Figura 7 – Cromatografia em camada delgada e os respectivos fatores de

retenção das bandas...........................................................................................

42

8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a.C. Antes de Cristo CCD Cromatografia em camada delgada DENV Vírus dengue DENV-Ag Antígeno do vírus dengue DMSO Dimetilsulfóxido HCV Vírus da hepatite C HIV-1 Vírus da imunodeficiência humana tipo 1 HSV-2 Herpesvírus simples 2 L-15 Meio de cultura Leibovitz-15 MTT 3-(4,5-Dimethyl-2-thiazolyl)-2,5-diphenyl-2H-tetrazolium bromide NS Proteína não estrutural ORF Open reading frame PBS Tampão fosfato salino Rf Fator de retenção RNA Ácido ribonucléico SBF Soro bovino fetal

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

1.1 Dengue ................................................................................................................................ 11

1.1.1 Vírus dengue e sua estrutura .............................................................................. 12

1.1.2 Replicação do vírus dengue ................................................................................. 13

1.1.3 Epidemiologia ........................................................................................................... 14

1.1.4 Transmissão .............................................................................................................. 15

1.1.5 Manifestações clínicas ........................................................................................... 16

1.1.6 Tratamento e profilaxia .......................................................................................... 18

1.1.7 Antivirais para dengue ........................................................................................... 18

1.2 Plantas medicinais no Brasil ......................................................................................... 20

1.2.1 Morinda citrifolia ..................................................................................... 21

1.2.1.1 Aspectos farmacobotânicos ................................................................ 22

1.2.1.2 Composição química .......................................................................... 23

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 24

2.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 25

2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 25

3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 26

3.1 Delineamento experimental .......................................................................................... 26

3.2 Cultura de células............................................................................................................. 27

3.3 Linhagem viral ................................................................................................................... 27

3.4 Ensaio de imunofluorescência indireta ...................................................................... 27

3.5 Extração de RNA viral ..................................................................................................... 28

3.6 Transcrição reversa pela Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR) ....... 28

3.7 Quantificação viral por PFU (Unidade Formadora de Placa) ............................. 29

3.8 Obtenção do extrato bruto e frações da folha e frutos de Morinda citrifolia .. 30

3.8.1 Preparação da amostra vegetal ............................................................... 30

3.8.2 Extração ................................................................................................... 30

3.8.3 Partição líquido-líquido ............................................................................ 31

3.8.4 Análise cromatográfica ............................................................................ 31

3.9 Ensaio da citotoxicidade e atividade antiviral do extrato bruto e frações obtidas

da folha e frutos de Morinda citrifolia ................................................................................ 31

10

3.9.1 Preparação das diluições dos extratos e frações..................................... 31

3.9.2 Determinação da citotoxicidade do extrato bruto e frações obtidas da folha

e frutos da planta .............................................................................................. 32

3.9.3 Atividade antiviral dos extratos e frações obtidas da folha e frutos da planta

.......................................................................................................................... 33

3.10 Análise estatística .......................................................................................................... 33

4. RESULTADOS .................................................................................................... 34

4.1 Titulação do estoque viral e confirmação da infecção .......................................... 34

4.2. Citotoxidade de extratos e frações obtidos da folha e fruto da planta...........34

4.3 Atividade antiviral do extrato e frações obtidos da folha de Morinda citrifolia 36

4.4 Atividade antiviral dos extratos obtidos dos frutos (maduro e verde) de

Morinda citrifolia ....................................................................................................37

4.5 Quantificação do vírus dengue-2 no ensaio antiviral......................................40

4.6 Identificação dos metabólitos secundários presentes nos extratos e frações

obtidos da Morinda citrifolia ................................................................................ 41

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 43

6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 50

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 51

11

1. INTRODUÇÃO

1.1 Dengue

O primeiro caso registrado de uma doença semelhante a dengue foi em uma

enciclopédia chinesa entre os anos de 256 a 420 a.C., denominada de veneno de

água pelo fato de que essa doença estava associada a insetos. Desse modo,

mesmo havendo divergências entre os autores sobre a primeira epidemia de dengue

no mundo, afirma-se que nos anos de 1779 e 1780 ocorreram na Ilha de Java e nos

Estados Unidos, respectivamente, as primeiras epidemias (ANDRIES, 2006).

Segundo Costa (2001) inúmeras epidemias ocorreram no século passado, como na

Austrália (1904 a 1905), África Oriental (1925), Grécia (1927 a 1928) e África do Sul

no ano de 1960.

Em relação à América essa doença foi registrada há mais de 200 anos,

identificada, principalmente no Caribe e na Costa Atlântica dos Estados Unidos em

1827, como também em Cuba, Venezuela e Porto Rico. Sabe-se que o primeiro

caso registrado em laboratório nas Américas ocorreu na Venezuela e também na

região do Caribe entre os anos de 1963 e 1964 em que o sorotipo associado foi

vírus dengue 3 (DENV-3) (TEIXEIRA, 2000).

O vírus dengue foi introduzido nas Ilhas do Pacífico no ano de 1964 e também

reintroduzido nas Américas em 1971, com os sorotipos DENV-3 e DENV-4,

respectivamente. O sorotipo DENV-2 causou muitos casos graves em algumas ilhas.

Com o passar dos anos, os quatro sorotipos foram introduzidos na Ásia, causando

várias epidemias (BARNES, 1974; GUBLER et al.,1978; 2011).

O século XXI vem apresentando muitas epidemias da dengue, tornando-se

uma séria problemática na saúde pública em todas as regiões tropicais e

subtropicais do planeta, com disseminação para regiões que nunca haviam sido

afetadas por essa infecção (NUNES, 2011).

No Brasil, o aumento da incidência desta doença foi consequência das

dificuldades no controle das epidemias, como também da necessidade de melhoria

no atendimento às pessoas afetadas pelas formas da doença (BARRETO e

TEIXEIRA, 2008).

12

Uma das primeiras epidemias de dengue documentadas em laboratório no

país ocorreu nos anos de 1981 e 1982 na cidade de Boa Vista, localizada no Estado

de Roraima, na qual foram confirmados os seguintes sorotipos: DENV-1 e DENV-4

(TEIXEIRA, 2009).

No Estado do Rio Grande do Norte (RN) os primeiros casos foram registrados

em 1994. A partir desse ano, observaram-se muitas epidemias recorrentes, com

grandes surtos, o que provocou alta demanda na saúde pública, juntamente com um

alto custo financeiro e social (SESAP, 2010).

1.1.1 Vírus dengue e sua estrutura

O vírus dengue pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivirus, medindo

cerca de 40 a 50 nm de diâmetro e tendo como genoma viral o RNA de fita simples,

polaridade positiva. São vírus de formato esférico e envelopado, cujo envelope

apresenta natureza lipídica, pois tem sua origem das membranas celulares

hospedeiras. Seu genoma viral codifica três proteínas estruturais (capsídeo [C];

proteína da membrana [M]; glicoproteína do envelope [E]) e sete proteínas não

estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5) (SINGHI et al, 2007).

O RNA genômico possui de 10,5 a 11 quilobases (kb) de comprimento e

também contém uma ORF (open reading frame) com aproximadamente 10.200

nucleotídeos. O RNA é traduzido em uma poliproteína, processada por proteases

virais e celulares, resultando nas proteínas estruturais que constituem o vírus

maduro e as proteínas não estruturais, importantes para o processo de replicação

viral e processamento do polipeptídeo (CHAMBERS et al., 1990; FALGOUT et al.,

1995; NOGUEIRA et al., 2000).

Dentre as proteínas estruturais, a proteína C ou do capsídeo têm a função de

manter o formato esférico do vírus. Já a glicoproteína precursora da proteína de

membrana M (prM) sofre clivagem durante o processo de replicação viral por uma

protease chamada furina, convertendo-se em proteína estrutural M, que têm a

função de auxiliar a proteína E no revestimento externo da partícula viral. A proteína

E é considerada o principal constituinte de superfície do vírus. Além disso, participa

de importantes atividades biológicas, como a fusão do envelope com a membrana

do endossomo e montagem da partícula viral (CHAMBERS et al., 1990;

LINDENBACH et al., 2007).

13

As proteínas estruturais E e M são consideradas alvos de drogas. No caso da

proteína E esta apresenta função dupla, pois ela interage com o receptor celular e

participa do mecanismo de fusão do envelope viral com a membrana do endossomo,

assim essa proteína pode ser um alvo interessante para uma molécula antiviral com

ação antes que o vírus provoque a infecção na célula hospedeira (PEVEAR et

al.,1999).

Em relação às proteínas não estruturais, a proteína NS1 se localiza no

retículo endoplasmático, mas também pode ser observada livre no meio extracelular

ou em associação com a membrana celular. Essa forma livre no meio extracelular

pode ser alvo da resposta imunológica do hospedeiro, uma vez que nas primeiras 48

horas de infecção são produzidas grandes quantidades dessa proteína (CLYDE et

al., 2006; LINDENBACH et al., 2007). As proteínas NS2A, NS2B, NS4A e NS4B são

pequenas e de caráter hidrofóbico. A NS2A tem a função de processar a NS1 e a

NS2B está associada à membrana. Pouco se sabe sobre a função das proteínas

NS4A e NS4B, mas pode-se considerar que ambas estão relacionadas ao complexo

de replicação, podendo funcionar como co-fatores (LINDENBACH et al., 2007). A

proteína NS3 é conservada entre os Flavivirus e está associada à replicação e

processamento da poliproteína. Por fim, a proteína NS5 é que tem maior peso

molecular entre as proteínas dos Flavivirus e apresenta a função de RNA polimerase

(CHAMBERS et al., 1990; LINDENBACH et al., 2007; WEAVER; VASILAKIS, 2009).

1.1.2 Replicação do vírus dengue

O processo de replicação do vírus dengue tem início após sua entrada por

endocitose na célula hospedeira. Este processo apresenta várias etapas, que são

descritas como: adsorção, penetração, desnudamento, tradução, replicação,

montagem e brotamento (CLYDE et al., 2006).

O vírus é adsorvido à célula alvo por meio da interação entre os receptores

presentes na membrana celular e a glicoproteína E, iniciando sua replicação no

citoplasma da célula, depois de um período de 12 a 16 horas de infecção. A partir da

internalização do vírus na célula, ocorre a formação de uma vesícula endocítica que

contém várias partículas virais. Essa vesícula irá sofrer uma acidificação, fazendo

com que ocorra a trimerização irreversível da proteína E, expondo o domínio de

fusão, isto é, haverá a fusão da membrana do endossomo com a do envelope viral,

14

promovendo a entrada do nucleocapsídeo no citoplasma da célula seguido do

desnudamento da partícula viral no qual o seu material genético será exposto no

citoplasma (CLYDE et al., 2006).

O RNA viral de polaridade positiva servirá como RNA mensageiro (RNAm)

para que ocorra o processo de tradução em um única poliproteína que será

processada por meio de proteases celulares e virais em três proteínas estruturais: C,

prM, E e sete não estruturais: NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5

(RODENHUIS-ZYBERT et al., 2010). O genoma viral também será utilizado para a

formação da fita complementar de polaridade negativa que funcionará como molde

para que ocorra a produção de múltiplas cópias de RNA viral de cadeia positiva que

serão utilizadas no processo de montagem de outras partículas virais

(LINDENBACH; RICE, 1997; MUYLAERT et al., 1996).

As partículas virais serão montadas em associação com o retículo

endoplasmático rugoso (RER) e logo após liberadas para a superfície desta mesma

organela, garantindo assim uma membrana lipídica, que em conjunto com a proteína

E formarão o envelope viral e assim resultando em partículas virais imaturas. Os

virions imaturos são transportados até o complexo de Golgi, onde acontecerá a

clivagem proteolítica pela protease celular furina da proteína prM em M, resultando

em partículas virais infecciosas que serão liberadas para o meio extracelular por

exocitose (CHAMBERS et al., 1990; MUKHOPADHYAY et al., 2005).

1.1.3 Epidemiologia

A dengue é uma arbovirose considerada uma das mais importantes no

mundo, causando endemias que se expandem em todos os continentes, com

exceção da Europa, mas principalmente nos países em desenvolvimento. Assim,

quase 2,5 bilhões das pessoas se encontram em regiões consideradas de risco de

infecção, que são influenciadas pelas várias mudanças climáticas e do ambiente,

favorecendo desse modo a adaptação do mosquito vetor e, consequentemente a

transmissão viral (BARRETO; TEIXEIRA, 2008; GIBBONS; VAUGHN, 2002; LOPES

et al., 2014).

Os dados epidemiológicos da dengue tiveram uma mudança impactante no

sudeste da Ásia devido à Segunda Guerra Mundial. Esta questão teve como

consequência também a mudança na ecologia, o que fez com que ocorresse uma

15

expansão na distribuição geográfica, e, além disso, um aumento na densidade do

mosquito vetor Aedes aegypti. Esse fato fez com que vários países, cuja

transferência era altamente permissiva, apresentassem alta transmissão epidêmica

(GUBLER, 2002).

A epidemiologia da dengue observada nas Américas apresenta duas

diferenças importantes quando comparada à epidemiologia do sudeste Asiático.

Primeiro, pode-se observar que os casos de dengue hemorrágica nas Américas

aconteceram em menor proporção do que no Sudeste da Ásia. A segunda diferença

que merece destaque é a faixa etária de maior risco, em que no Sudeste Asiático, a

doença é predominante em crianças (HALSTEAD, 2006; SIQUEIRA-JÚNIOR, 2005;

TEIXEIRA et al., 2005). Já no Brasil, um aumento do registro de casos graves em

crianças foi observado a partir de 2009 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

O Brasil é um país que a cada ano vem apresentando o aumento do número

de casos de dengue. Tendo em vista que a circulação concomitante dos quatro

sorotipos entre os estados faz com que aumente cada vez mais a taxa de

transmissão e, consequentemente, a incidência de casos graves ao longo dos anos

(SIQUEIRA-JÚNIOR et al., 2005).

Em 2016, um total de 1.438.624 casos prováveis de dengue foram registrados

no Brasil até a semana epidemiológica número 37, que aconteceu entre os meses

de janeiro a setembro. A maioria dos casos foram na região Sudeste (842.741

casos; 58,6%), seguido pelo Nordeste (317.483 casos; 22,1%), Centro-Oeste

(168.498 casos; 11,7%), Sul (72.048 casos; 5,0%) e Norte (37.854; 2,6%)

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

Realizou-se também uma avaliação da incidência desses casos prováveis e

foi observado que as regiões Sudeste e Centro-Oeste representaram maior

incidência, onde se manteve a tendência do ano de 2015. Além disso, pode-se

destacar entre as Unidades Federativas que tiveram maior incidência: Minas Gerais,

Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

O Rio Grande do Norte no ano de 2016 apresentou 61.778 notificações de

casos suspeitos de dengue até a semana epidemiológica número 36 que aconteceu

no mês de setembro, o que representa uma incidência acumulada de

1.794,74/100.000 habitantes, mostrando um aumento importante desses casos em

relação ao ano de 2015. Desse modo, dos 61.778 casos notificados, 8.948 (14,48%)

16

foram confirmados, sendo 8.862 para dengue, 75 para dengue com os sinais de

alarme e 11 casos de dengue grave (SESAP, 2016).

1.1.4 Transmissão

A dengue é uma arbovirose transmitida pela picada do mosquito Aedes

aegypti (DIAS et al., 2010), como também pelo Aedes albopictus, que foi

responsável por alguns surtos da doença em países do continente asiático. Ambos

os vetores apresentam morfologia e capacidade proliferativa semelhante

(HALSTEAD, 2007; SINGHI et al., 2007).

Inicialmente, logo após o repasto sanguíneo da fêmea hematófaga em um

indivíduo infectado, durante a fase aguda da doença, o vírus passa a infectar as

células epiteliais que revestem o intestino médio, chegando até as glândulas

salivares do vetor. Essa fase em que o vírus se encontra dentro do mosquito

corresponde ao período de incubação extrínseco com duração de 8 a 12 dias. Após

este período, o mosquito infectado poderá transmitir o vírus no momento da picada,

quando injeta sua saliva em um indivíduo susceptível. A fêmea infectada do

mosquito é capaz de transmitir o vírus da dengue a gerações seguintes (transmissão

transovariana), esse fato é importante para a manutenção do vírus (BRASIL, 2002;

McBRIDE; OHMANN, 2000; SINGHI et al., 2007).

Logo após a alimentação do mosquito, o vírus entra no organismo do

hospedeiro por meio da corrente sanguínea e durante 5 a 7 dias se mantém no

período intrínseco até que apareçam os primeiros sintomas da doença. Na fase de

viremia o vírus se espalhará por todo organismo podendo infectar pulmões, fígado e

células da linhagem monocítica-macrofágica de órgãos linfóides (DIAS et al., 2010;

GUBLER, 1998).

1.1.5 Manifestações clínicas

As infecções pelo vírus dengue podem apresentar uma variabilidade no

quadro clínico passando por formas assintomáticas e sintomáticas (NUNES, 2011).

Quando sintomática, apresenta um amplo espectro clínico que pode variar de formas

oligossintomáticas, ou evoluir para quadros graves que podem levar a óbito. Com

17

isso, as fases clínicas se dividem em: febril, crítica e de recuperação (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, 2016).

A fase febril tem como primeira manifestação a febre que pode durar de dois

a setes dias e apresentar altas temperaturas (39ºC a 40ºC). A febre tem início

abrupto, e pode estar associada à cefaleia, mialgias e dor retroorbitária. O exantema

surge em 50% dos casos, podendo atingir predominantemente a face, o tronco e os

membros. Além disso, também podem estar presentes sintomas, como: anorexia,

náuseas, vômitos e diarreia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Depois que passa um

período de 5 a 7 dias, há o fim da etapa infecciosa, fazendo com que o indivíduo

apresente uma melhora do seu estado geral e ao mesmo ficará imunizado contra o

sorotipo que o infectou (BRASIL, 2007; GUBLER, 1998).

Na fase crítica, alguns dos pacientes podem ter evolução do quadro clínico

para as formas mais graves. De início, há o declínio da febre, entre o terceiro e

sétimo dia do início da doença, seguido do aparecimento dos sinais de alarme, os

quais exigem mais atenção dos pacientes e da assistência médica. Dentre os sinais

de alarme, podemos destacar: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, acúmulo

de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico), sangramento da mucosa,

aumento progressivo do hematócrito (MINSTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Esses sinais

são decorrentes do aumento da permeabilidade vascular, que pode gerar o choque

por conta do extravasamento de plasma (MALAVIGE et al., 2004).

A ocorrência do choque na dengue tem curta duração e rápida instalação, o

paciente pode vir a óbito no período de 12 a 24 horas, ou então se recuperar

rapidamente, logo após uma terapia antichoque. Quando o choque ocorre de uma

maneira prolongada, há também o comprometimento de órgãos devido a

hipoperfusão desses órgãos, acidose metabólica e coagulação intravascular

disseminada. Como consequência disso, podem ocorrer hemorragias graves,

seguida de diminuição do hematócrito (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

Aproximadamente 9,3% dos casos de choque pode levar à morte do paciente,

aumentando para 47% nas situações mais graves (MALAVIGE et al., 2004).

A fase de recuperação corresponde à reabsorção gradual do plasma que foi

extravasado e assim, ocorrendo a melhoria no estado clínico. Aqui o déficit urinário

irá normalizar ou aumentar, podendo ocorrer bradicardia e alterações no

eletrocardiograma. Alguns pacientes podem apresentar exantema, acompanhado ou

não de prurido generalizado e também podem surgir infecções provocadas por

18

bactérias que dependendo da gravidade do quadro clínico, contribuem para o óbito

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

1.1.6 Tratamento e profilaxia

Ainda não há tratamento específico para a dengue, a medicação é utilizada

apenas como suporte para amenizar os sintomas (DIAS, 2010). As condutas

terapêuticas são realizadas para o combate da febre, manutenção do equilíbrio de

fluidos e os parâmetros de coagulação sanguínea (WHO, 2009).

Dentre os medicamentos utilizados, aqueles que apresentam em sua

composição o ácido acetil salicílico não devem ser administrados aos pacientes,

pelo fato desses ocasionarem efeito anticoagulante, o que pode levar ao aumento do

risco de hemorragias (OISHI et al., 2007).

Diante disso, sabe-se que são muitos os desafios para se obter uma terapia

específica para a dengue na prática clínica, evitando assim as complicações da

doença que são observadas entre o quarto e sexto dia. Assim, desenvolver um

tratamento que permita uma ação precoce no curso da doença é alvo de várias

pesquisas (WHITEHORN e SIMMONS, 2011) .

Uma forma de prevenção da doença existente é o controle do vetor, no

entanto, acaba sendo uma medida que requer gasto, e difícil de ser mantida, pelo

fato que são necessários grandes investimentos com inseticidas e campanhas para

a mobilização das pessoas (GUBLER e CLARK,1994).

Outro método de prevenção contra a dengue seria o uso de uma vacina eficaz

contra os quatro sorotipos. Muitas vacinas são alvos de estudos e se encontram em

fase de testes, dentre essas tendo como base o vírus atenuado, inativado,

quiméricos, de subunidades proteicas, DNA e também de vetores recombinantes

(YAUCH e SHRESTA, 2014).

1.1.7 Antivirais para dengue

A busca por antivirais para dengue vem se tornando cada vez mais

importante devido à ocorrência de várias epidemias, o que causa uma ameaça na

saúde da população mundial (NOBLE et al., 2010).

19

As etapas do ciclo de vida do vírus que consistem na entrada do vírus, fusão

da membrana, replicação do genoma, montagem e saída da célula podem ser alvos

de algumas moléculas (KELLER et al., 2006; NOBLE et al., 2010).

Algumas proteínas virais essenciais para o ciclo de replicação são potenciais

alvos para o desenvolvimento de antivirais (NOBLE et al., 2010). A proteína E

medeia a ligação do vírus aos receptores da superfície celular. A interrupção da

interação da proteína E com esses receptores seria uma alternativa, semelhante ao

desenvolvimento recente de antagonistas para o co-receptor de HIV-1 (CCR5), que

resultou em um fármaco anti-HIV (KURITZKES, 2009; NAVARRO-SANCHEZ et al.,

2003; TASSANEETRITHEP et al., 2003).

Outra abordagem alternativa é a utilização de anticorpos monoclonais

neutralizantes. Estes anticorpos reconhecem e se ligam a uma região específica do

domínio ED3 da proteína E responsável por apresentar os determinantes críticos de

neutralização. Os mecanismos de neutralização são realizados nos estágios iniciais

de infecção, bloqueando a endocitose e também a fusão direta ou indireta com a

membrana do endossomo. Atualmente, está disponível no mercado para uso, o

Palivizumab que consiste em um anticorpo monoclonal recombinante humanizado

específico para o vírus sincicial respiratório. No entanto, alguns estudos

demonstraram avanços promissores para a utilização de anticorpos monoclonais

para outros vírus (GROMOWSKI et al., 2008; LOK et al., 2008; OLIPHANT et al.,

2005).

Outros alvos estão sendo explorados como as proteínas não estruturais (NS3

e NS5), ambas apresentam atividades enzimáticas conhecidas e são essenciais

para a replicação viral. O domínio N-terminal de NS3, em conjunto com NS2B,

contém uma atividade serina protease e o domínio C-terminal funciona como uma

helicase de RNA. Já a NS5 funciona como metiltransferase e RNA polimerase

dependente de RNA (RdRp) (KHROMYKH et al., 1998; RAWLINSON et al., 2006;

YAP et al., 2007).

Investigações com diferentes compostos também são realizadas no intuito de

desenvolver um antiviral eficiente. Os fucoidanos são um grupo de polissacarídeos

que tem como constituintes L-fucose e éster sulfato. Esses compostos são derivados

de algas marinhas (Cladosiphon okamuranus) e já foram descritos, como

responsáveis por várias atividades biológicas, inclusive antivirais. Em um ensaio in

vitro realizado com cultura de células BHK-21, observou-se que este polissacarídeo

20

inibiu a infecção das células pelo vírus dengue-2 (HIDARI et al., 2008; LI et al.,

2008).

Nesse contexto, foi realizado um estudo com a cloroquina conhecida por

afetar as vias exócrinas intracelulares por meio do pH endossômico. O ensaio foi

conduzido em cultura de células Vero e C6/36, as quais foram infectadas com vírus

dengue-2 e tratadas com o composto. Os resultados mostraram que a partir de uma

dose de cloroquina (50μg/mL), não considerada tóxica às células, levou à inibição da

replicação do vírus apenas na cultura de células Vero. Estes dados sugerem que a

inibição da infecção viral induzida por cloroquina é devido à interferência com

vesículas ácidas em células de mamíferos (FARIAS et al., 2013).

Em suma, vários esforços são realizados pelos pesquisadores para que se

encontrem inibidores específicos do vírus dengue e novas ferramentas para que se

avalie a eficácia de novos medicamentos.

1.2 Plantas medicinais no Brasil

Há milhares de anos as populações têm adotado como maneira de combater

as diversas patologias a utilização de produtos naturais, ou seja, uma forma

alternativa que complementava a medicação sintética. As plantas medicinais tem

uma relevante função na saúde mundial, em que aproximadamente 30% das drogas

avaliadas com efeitos terapêuticos são obtidos de produtos naturais (CALIXTO,

2005; VEIGA-JÚNIOR e MELLO, 2008).

Diante das observações populares sobre o uso e eficácia dessas plantas é

possível identificar as virtudes terapêuticas dos vegetais, que são descritos com

frequência pelos seus efeitos medicinais, mesmo sem o conhecimento total de seus

constituintes químicos. Este fato, desperta o interesse de pesquisadores em

desenvolver diversos estudos que podem envolver áreas como a botânica,

farmacologia e fitoquímica (MACIEL et al., 2002).

No Brasil, o uso de plantas medicinais foi disseminado devido à cultura

indígena. Trata-se de um país que apresenta uma enorme diversidade na flora,

resultando em uma fonte rica de produtos terapêuticos. Entretanto, o potencial para

a descoberta de plantas para o desenvolvimento de drogas é ainda uma questão

pouca explorada ou regulamentada, isto é, cerca de menos de 10% dessas plantas

já foram analisadas devido a suas características biológicas e menos de 5% já foram

21

submetidos a estudos fitoquímicos (CALIXTO, 2000; LUNA, et al., 2005; RATES,

2001).

O Nordeste brasileiro consiste em uma região com aproximadamente

1.539.000 km2, de clima quente e seco e vegetação seca denominada de Caatinga

que apresenta cerca de 1000 espécies de plantas (LEMOS e RODAL, 2002;

SAMPAIO, 2002; SANTOS et al., 2008). Entretanto, apesar desta grande

diversidade, esta região apresenta plantas que são relativamente subexploradas em

relação às descobertas de substâncias ativas (LUNA et al., 2005).

Vários são os fatores que influenciam nos efeitos terapêuticos proporcionados

por essas plantas. Entre esses fatores, variações temporais e espaciais, além disso,

as proporções relativas de metabólitos secundários que ocorrem de acordo com

níveis sazonais e diários. Tais metabólitos representam conexão química entre as

plantas e o ambiente a qual esta se encontra. Com isso, as principais condições que

podem interferir na alteração e produção de metabólitos secundários são: a

sazonalidade, o índice pluviométrico, temperatura, altitude, como também a época

da coleta, pelo fato de que a natureza dos compostos ativos não se mantém

constante durante todo o ano (GOBBO-NETO e LOPES, 2007).

Sabe-se que alguns desses fatores descritos acima, podem se correlacionar

entre si e assim não podendo atuar isoladamente, isto é, acarretando uma influência

em conjunto no metabolismo secundário (HENDRICKS et al., 1997).

1.2.1 Morinda citrifolia L.

A Morinda citrifolia conhecida popularmente como Noni, pertence à família

Rubiaceae. Esta família apresenta uma ampla distribuição, estando presente nos

mais diversos ambientes (MABBERLEY, 1997). O Noni é uma planta oriunda do

sudeste da Ásia, e seu cultivo se dá na Polinésia, Índia, Caribe, América do Sul e

Central, isto é, há uma distribuição pantropical. (WANG et al., 2002). Esta planta

também foi distribuída por vários viajantes colonizadores e por meio do oceano e

animais como pássaros que chegam até as ilhas (McCLATHEY, 2002).

As regiões tropicais apresentam uma maior quantidade de arbustos e árvores

de pequeno porte desta planta. Já em regiões subtropicais essa quantidade é bem

menor, visto que nas zonas temperadas são predominantes as herbáceas. O noni é

uma planta que tem seu crescimento bastante amplo em todo o pacífico e

22

representa uma das fontes mais tradicionais de medicamentos entre as ilhas do

pacífico, assim como possui ampla resistência a ambientes toleráveis, como: solos

secos, inférteis, ácidos e alcalinos (OLIVEIRA, 2009).

Segundo relatos da população e da literatura, algumas partes do Noni são

utilizadas na medicina tradicional são elas: os frutos, raízes e folhas. As folhas e os

frutos são utilizados na forma de comprimidos e chás, entretanto grande parte do

consumo dessa planta se dá por meio do suco dos frutos (PAWLUS et al., 2007).

Esta planta ganhou destaque como uma importante planta medicinal pelo uso

popular pelo fato de que começou a ser usada como remédio por mais de 2000 anos

pelos Polinésios, os quais acreditavam em uma ampla gama de efeitos terapêuticos,

podendo-se incluir ação antibacterianas, antivirais, antifúngicas, analgésica e como

“intensificadoras” do sistema imune. Desse modo, tradicionalmente sabe-se que a

folha, o fruto e a raiz são usados na prevenção e cura de várias doenças (WANG et

al., 2000).

1.2.1.1 Aspectos farmacobotânicos

A planta Morinda citrifolia é um arbusto que apresenta uma altura que varia de

3 a 10 metros e pode ser encontrada em ambientes ao nível do mar e também em

áreas de florestais de aproximadamente 1300 metros acima do nível do mar (WANG

et al., 2002).

Suas folhas são largas, de forma elíptica e abundantes, variando de 5 a 17

cm de comprimento e de 10 a 40 cm de largura. Suas flores apresentam uma

coloração branca com forma tubular e se dispõem de maneira agrupada e inseridas

no pedúnculo. Já os frutos, contêm muitas sementes e podem chegar entre 3 a 10

cm de comprimento e 3 a 6 cm de largura. Apresentam-se na forma oval e também

são denominados de frutos carnosos, nos quais após a coleta exibem um odor forte

e desagradável (CHAN-BLANCO et al., 2006).

Tais frutos podem resultar em uma cor amarelada ou esbranquiçada no

momento do amadurecimento, e, além disso, apresentar uma superfície grumosa

com formas poligonais (McCLATHEY, 2002). As sementes possuem um formato de

triângulo e uma coloração marrom, como também uma extremidade que as tornam

flutuantes, motivo pelo qual explica a ampla distribuição desta planta (WANG et al.,

2002).

23

Esta planta é considerada uma espécie precoce, pois há o início da produção

de seus frutos aproximadamente no primeiro ano de cultivo. Ademais, a partir do

momento em que está inicia a fase de produção dos frutos, esta se torna constante,

pois há produção durante todo o ano. Este fato nos faz observar que em uma

mesma planta há diferentes estádios de maturação dos frutos (CHAN-BLANCO et

al., 2006).

1.2.1.2 Composição química

A composição química da Morinda citrifolia engloba cerca de 200 fitoquímicos

os quais já foram isolados e identificados com distribuição nas diferentes partes da

planta. A quantidade de cada composto químico não tem apenas relação com cada

parte da planta, mas também do país o qual se originou. Seus compostos não

apresentam análise fitoquímica completa (DENG, et al., 2010; SINGH, 2012).

Existe a descrição de algumas classes de metabólitos incluindo as

antraquinonas que foram um dos principais compostos identificados, e, além disso,

os ácidos, glicosídeos, álcoois, flavonoides, cetonas e lignanas. Os glicosídeos e

álcoois apresentam propriedades anfipáticas e foram encontrados nos frutos

maduros, sendo responsáveis pelo sabor dos mesmos (BOWIE e COOKE, 1962;

WANG et al., 1999, 2000).

Aproximadamente 51 compostos voláteis foram encontrados também nos

frutos maduros, entre esses podemos destacar os ácidos orgânicos (ácido

hexanóico), cetonas, como também, a presença de um alcalóide denominado de

xeronina. Sabe-se que os frutos apresentam uma composição de 90% de água,

aminoácidos (ácido aspártico, ácido glutâmico, isoleucina) e componentes da

matéria seca que podem ser sólidos, fibras dietéticas e proteínas (FARINE, et

al.,1996; HEINICKE, 1985; SANG, et al., 2002). Já nas folhas foi possível isolar um

iridóide denominado de citrifolinina A-1, responsável pela inibição significativa da

proteína ativadora 1 (AP-1) que tem como função induzir a transcrição de vários

genes envolvidos na proliferação celular, metástase e metabolismo (LIU, et al.,

2001).

Vários estudos foram realizados envolvendo essa planta com o intuito de

avaliar sua ação terapêutica, de acordo com sua composição química, descrita

anteriormente. Dentre esses, um experimento foi realizado por Umezawa (1992) o

24

qual foi possível isolar um composto presente nas raízes do Noni, denominado de 1-

metoxi-2-formil-3-hidroxiantraquinona, que inibe o efeito citopático associado à

infecção pelo HIV nas células MT-4, sem haver o bloqueio do crescimento celular.

Ao se observar o destaque que tem alcançado as pesquisas sobre os

benefícios medicinais da Morinda citrifolia, são de extrema importância os estudos

que avaliem os seus reais benefícios. Como compostos obtidos dessa planta

apresentam vários efeitos terapêuticos promissores em relação às atividades

biológicas, como exemplo, a atividade antiviral (WANG et al., 2002).

25

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas da folha e dos frutos

(verde e maduro) da planta Morinda citrifolia L. na replicação do vírus dengue-

2 em cultura de células Vero.

2.2 Objetivos específicos

Preparar e caracterizar diferentes extratos e frações obtidas a partir da folha e

dos frutos (verde e maduro) de Morinda citrifolia L.;

Investigar a presença de metabólitos secundários nos extratos e frações

obtidas da folha e frutos pela CCD (Cromatografia em Camada Delgada);

Estabelecer a citotoxicidade de diferentes concentrações do extrato bruto,

resíduo aquoso e frações obtidos da folha e frutos de Morinda citrifolia em

cultura de células Vero pelo ensaio de MTT;

Avaliar a ação antiviral dos extratos bruto e frações hexano, acetato de etila,

clorofórmio e resíduo aquoso obtidas da folha e frutos de Morinda citrifolia L.

em culturas de células infectadas com vírus da dengue pelo ensaio de MTT e

PFU (Unidade formadora de placa).

26

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Delineamento experimental

Cultura de células

Infecção das células com

vírus dengue-2

(confirmação do estoque viral)

Extração do

RNA viral

RT-PCR para

vírus Dengue-2

Imunofluorescência

Indireta

Unidade

Formadora de

Placa (PFU)

Células

Vero

Células C6/36

(estoque viral)

Preparação das frações e extratos obtidos da folha e frutos

planta

Ensaio antiviral

27

3.2 Cultura de células

Para os experimentos foram utilizadas cultura de células Vero (linhagem

contínua proveniente de rim de macaco verde africano) e células C6/36 (linhagem

contínua proveniente do mosquito Aedes albopictus). Essas células foram cultivadas

em meio Leibovitz-15 (L-15) com L-glutamina (Invitrogen), suplementado com 10%

de soro bovino fetal inativado (SBF) (Invitrogen), 10% triptose fosfato (Sigma) e 1%

antibiótico e antimicótico (penicilina, estreptomicina, amfotericina) (Sigma). As

culturas de células Vero foram mantidas em estufa com 5% de CO2 a 37ºC e as

células C6/36 em estufa de 28ºC. Todos os procedimentos experimentais foram

realizados no Laboratório de Imunologia Clínica da UFRN.

3.3 Linhagem viral

O vírus utilizado nos experimentos foi o DENV-2 (New Guinea C). O estoque

viral foi obtido a partir da infecção de cultura de células C6/36 cultivadas em frascos

de cultura de 75 cm2 com monocamada de 90% de confluência. Após adicionar a

suspensão do vírus, as culturas foram mantidas sob agitação por 1 hora para que

ocorra a adsorção viral. Logo após a infecção viral, adicionou-se na cultura celular

15 mL de meio L-15 suplementado com 2% de SBF, 0,29g/L de L-glutamina, 1% de

antibiótico-antimicótico e 10% triptose fosfato e a mesma foi mantida a 28ºC por 7

dias para a replicação viral. Após esse período, o sobrenadante da cultura celular foi

transferido para um tubo e foram acrescentados 20% de SBF. Em seguida, alíquotas

de 2 mL foram armazenadas em criotubos à temperatura de -80ºC. A confirmação

da infecção foi realizada por imunofluorescência indireta utilizando a monocamada

de células C6/36 infectadas.

3.4 Ensaio de imunofluorescência indireta

A imunofluorescência indireta foi realizada para determinar a infecção viral

com DENV-2 na cultura de células C6/36. Inicialmente para a preparação das

lâminas, a suspensão celular foi centrifugada a 1000 rpm por 5 minutos, o sedimento

celular foi lavado três vezes com 1 mL de PBS (tampão fosfato-salino) pH 7,4 com

28

3% de SBF e com o auxílio do microscópio óptico a concentração de células foi

ajustada para aproximadamente 100 células por campo. A cada poço da lâmina de

imunofluorescência foram aplicados 10 μL da suspensão celular. As células foram

fixadas com acetona PA gelada durante 15 minutos. Depois que as lâminas ficaram

prontas, foram adicionados em cada demarcação 20μL de MIAF (fluído ascítico de

camundongos imunizados contra o DENV-2) diluído 1:100 em PBS contendo 3% de

SBF e depois as lâminas foram incubadas em câmara úmida a 37 ºC por 30 minutos.

Posteriormente, essas lâminas foram lavadas três vezes com PBS durante 5

minutos, secas à temperatura ambiente e incubadas com 20 μL do conjugado anti-

IgG de camundongo marcada com isotiocianato de fluoresceína (FITC) (Sigma),

diluído 1:100 em PBS com azul de Evans (1:20000), durante 30 minutos a 37 ºC em

câmara úmida. Após três lavagens com PBS, as lâminas foram montadas com

glicerina tamponada e observadas no microscópio de fluorescência para visualizar a

presença ou não da fluorescência nas células C6/36.

3.5 Extração de RNA viral

Para a extração do RNA viral foi utilizado o kit QIAamp ® Viral RNA

(QIAGEN). Inicialmente, 140μL do sobrenadante de cultura celular, 560μL solução

tampão AVL e RNA Carrier foram adicionados em tubo 1,5mL. Esta solução foi

homogeneizada em um vortex e incubada durante 10 minutos à temperatura

ambiente. Depois que ocorrer a lise, foram adicionados 560 μL de etanol absoluto, e

o material foi transferido para a coluna de sílica-gel que apresenta alta afinidade

para RNA e posteriormente centrifugado. Por fim, foram realizadas duas lavagens

com soluções AW1 e AW2, e o RNA que se ligou à coluna foi eluído mediante a

adição de 60 μL da solução AVE e em seguida foi estocado a -70ºC.

3.6 Transcrição Reversa pela Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR)

Para a confirmação da infecção viral pelo dengue-2 em cultura de células

C6/36 foi realizada a detecção do RNA viral por meio da utilização do kit Invitrogen-

OneStep RT-PCR na primeira etapa, já na segunda etapa foi utilizado o kit de Taq

DNA polimerase (Promega). A presença do material genético foi confirmada

utilizando a metodologia de Lanciotti et al., (1992) modificada.

29

A PCR foi realizada em duas etapas: na primeira foram utilizados 0,5 μL de

cada um dos iniciadores D1 e D2 (10μM) para os quatro sorotipos do vírus dengue

que são complementares a sequência do gene responsável por codificar as

proteínas C e prM. Para a transcrição foi utilizado um tubo de 0,2mL e adicionou-se:

5 μL do RNA extraído e 20 μL do mix para reação de RT-PCR. Em seguida foi

levado ao termociclador, seguindo os parâmetros: 55ºC por 30 minutos e 94ºC por 2

minutos, após isso as amostras foram submetidas a 35 ciclos subsequentes de

desnaturação (94ºC por 1 minuto), anelamento (55ºC por 1 minuto) e extensão (68ºC

por 1 minuto), seguido de 10 minutos de extensão final a 68ºC. Na segunda, foram

utilizados 1μL de cada um dos iniciadores (D1, TS1, TS2, TS3 e TS4) para os

sorotipos DENV1-4. Para reação em um tubo de 0,2mL e adicionou-se: 1 μL do

amplicon e 24 μL do mix para reação de PCR. Em seguida foi levado ao

termociclador, seguindo os parâmetros: 95ºC por 5 minutos, 40 ciclos de

desnaturação (94ºC por 1 minuto), anelamento (55ºC por 1 minuto) e extensão (72ºC

por 1 minuto), seguido de 10 minutos de extensão final a 72ºC. Para a visualização

dos amplicons, 10 µL do produto da segunda reação da PCR mais 2 µL de tampão

de corrida (6X DNA Loading Dye, Fermentas) foram submetidos à eletroforese

(110V/60 minutos) em gel de agarose a 2,0%, e tampão TBE 1% (Tris 0,089 M,

ácido bórico 0,089 M, EDTA 0,5 M pH 8,0) corado com SYBR® Safe DNA Gel stain

(Invitrogen, USA). Posteriormente, os géis foram visualizados através de um

transluminador com luz ultravioleta. O tamanho do fragmento produzido foi definido

por comparação com um marcador de peso molecular de 100pb (Fermentas).

3.7 Quantificação viral por PFU (Unidade formadora de placa)

A partir da propagação do vírus dengue nas células C6/36 foi realizada a

titulação viral. Inicialmente, as células Vero foram cultivadas em monocamada

confluente em frascos de cultivo celular de 75 cm2 (Corning). Quando foi atingida a

monocamada celular, as células Vero foram incubadas com 2mL de tripsina para a

transferência das células da garrafa, sendo em seguida ressuspensas em 23 mL de

meio L-15 suplementado. Logo após a homogeinização, 1 mL da suspensão de

células (1x104 células) foi transferida para cada poço da placa de 12 poços (Corning)

30

e foi incubada por 1 dia a 37ºC em 5% de CO2. Após esse período, o meio de cultura

foi removido da placa de 12 poços e, em seguida, adicionou-se 400 μL da diluição

seriada decimal de 10-1 a 10-5 do estoque viral em cada poço, em duplicata. Após

essa etapa, a placa foi incubada por 1 hora e 30 minutos a 37ºC, com suave

agitação de 15 em 15 minutos, para que ocorrer a adsorção viral. Passado este

tempo o inóculo viral foi removido e a cavidade foi lavada duas vezes com PBS 1X,

para que então ser adicionado 1 mL de “overlay” (meio L-15 2% SBF sem vermelho

fenol e carboximetilcelulose a 3% estéril, Sigma), e a placa foi incubada novamente

em estufa a 37ºC com 5% de CO2 por 7 dias. No fim do sétimo dia, o “overlay” foi

removido e a placa corada com preto de nafatleno (Sigma). O cálculo foi realizado

tendo como base a maior diluição do vírus a partir da contagem das placas que se

formaram, e também a diluição e o volume total do inóculo. Todos os valores foram

expressos em unidades formadoras de placa por mL (PFU/mL).

3.8 Obtenção do extrato bruto e frações da folha e frutos de Morinda citrifolia

3.8.1 Preparação da amostra vegetal

As folhas e os frutos (maduro e verde) da Morinda citrifolia L. foram coletados

no Horto Florestal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos meses de

setembro e outubro de 2015. Desse modo, uma exsicata foi depositada como

documento taxonômico no Herbário da UFRN, sob número de registro UFRN 21013.

As folhas passaram pelo processo de secagem em estufa a 45ºC, com circulação de

ar, durante 48 horas e logo após foram trituradas em liquidificador. Já os frutos

foram lavados, suas sementes foram retiradas e os mesmos foram congelados para

posterior liofilização. Todo o processo de preparação dos extratos da Morinda

citrifolia L. foi realizado em colaboração com o Laboratório de Farmacognosia da

UFRN.

3.8.2 Extração Após a trituração das folhas e liofilização dos frutos de Morinda citrifolia L.,

iniciou-se o processo de extração. As extrações foram realizadas por meio do

processo de maceração dinâmica por 24 horas, sendo 4 horas de agitação e 20

31

horas de descanso durante três dias consecutivos, mais a troca diária do líquido

extrator, cuja constituição foi de etanol e água 95:5 (v/v), dentro de uma proporção

de 1:10 (p/v) de droga vegetal solvente. A partir deste procedimento foi obtido o

extrato bruto (hidroetanólico), que posteriormente foi seco sob pressão em

evaporador rotatório na temperatura de 45ºC.

3.8.3 Partição líquido-líquido

Inicialmente foi retirada uma quantidade do extrato bruto (hidroetanólico), que

foi resultado da extração, para que fosse seco e em seguida testado. Logo após

seguiu-se com o processo de partição, o qual foi feito o uso de três solventes de

polaridades crescentes, são eles: hexano (3 x 50mL), clorofórmio (3 x 50mL) e

acetato de etila (3 x 50mL). Ao final da partição, foram obtidas quatro frações:

hexano, clorofórmio, acetato de etila e o resíduo aquoso, que se refere à parte

residual do processo de cada partição.

3.8.4 Análise Cromatográfica

A análise cromatográfica foi realizada pelo método de Cromatografia em

Camada Delgada (CCD); que teve como fase fixa a cromatoplaca de sílica em gel

GF254 e como fase móvel um sistema eluente composto por hexano, acetato de etila

e metanol na proporção de (4:12:4, v:v:v), utilizando como revelador a vanilina

sulfúrica que é conhecido como reagente universal. Os valores de fator de retenção

(Rf) das substâncias foram definidos e comparados entre as demais amostras.

3.9 Ensaio da citotoxicidade e atividade antiviral do extrato bruto e frações

obtidas da folha e frutos de Morinda citrifolia

3.9.1 Preparação das diluições dos extratos e frações

Os extratos e as frações foram preparados dentro da capela de fluxo laminar,

sendo utilizadas suas massas obtidas do processo de partição com DMSO

(dimetilsulfóxido) (diluição 1:40) e L-15 (2%) nas seguintes concentrações: fruto

maduro: acetato de etila (131,5mg/mL); hexano (177,5mg/mL); clorofórmio

32

(79,08mg/mL); extrato bruto (1914mg/mL); resíduo aquoso (83,86mg/mL); fruto

verde: acetato de etila (158,6mg/mL); hexano (69,8mg/mL) clorofórmio

(48,08mg/mL); extrato bruto (1108mg/mL); resíduo aquoso (66,02 mg/mL); folha:

acetato de etila (34,46 mg/mL); hexano (18,1mg/mL); clorofórmio (13,83 mg/mL);

extrato bruto (514mg/mL); resíduo aquoso (42,04mg/mL). Em seguida, foram

homogeneizadas em um agitador mecânico para completar sua diluição. Foram

utilizadas as seguintes concentrações nos experimentos: 1000, 500, 250, 125, 62,5

e 31,2 μg/mL. Essas concentrações foram obtidas por diluições seriadas.

3.9.2 Determinação da citotoxicidade do extrato bruto e frações obtidas da

folha e frutos da planta

Ao final do processo de extração vegetal foram obtidos o extrato bruto e

quatro frações: hexano, acetato de etila, clorofórmio e resíduo aquoso de cada parte

da planta, isto é, da folha e frutos (verde e maduro), que foram utilizados no ensaio

antiviral em cultura de células Vero.

O ensaio de citotoxicidade teve como objetivo avaliar se as diferentes

concentrações dos extratos e frações obtidas da Morinda citrifolia apresentavam

toxicidade para cultura de células Vero.

As células Vero foram semeadas em placa de 96 poços e incubadas a 37ºC,

durante 24 horas. Após a incubação, o sobrenadante foi removido e 200μL dos

extratos nas diferentes concentrações, descritas acima, foram adicionados e

incubados durante 5 dias à 37ºC.

Ao final desse período, foi realizada a análise da citotoxidade por meio da

técnica de MTT. Inicialmente, o sobrenadante foi removido e 50μL da solução de

MTT (1mg/mL) foram adicionados. As placas foram reincubadas por 4 horas e

posteriormente o MTT foi removido, sendo adicionado em seguida 100μL de DMSO

(dimetilsulfóxido) para solubilizar os cristais de formazan. As placas foram

homogeneizadas e, por fim, a leitura foi realizada em espectrofotômetro a 540nm. O

ensaio do MTT trata-se de uma técnica colorimétrica, sensível e quantitativa,

proposto por Mosmann (1983) e modificado por Sieuwerts et al. (1995), amplamente

utilizada para a avaliação da citotoxicidade e viabilidade celular in vitro. A análise é

realizada tendo como base uma reação biológica que acontece nas células vivas

33

que catalisam desidrogenases mitocondriais que o reduzem a sal de formazan. Este

sal fica armazenado no citoplasma e é solubilizado após a interação com o DMSO

gerando um composto colorido, cuja intensidade de cor é lida em espectrofotômetro

a 540 nm. Altos valores de absorbância significam elevada produção de formazan

(cor roxa), indicando um número maior de células viáveis e alta atividade enzimática.

3.9.3 Atividade antiviral dos extratos e frações obtidas da folha e frutos da

planta

A atividade antiviral dos extratos e frações da Morinda citrifolia foi avaliada por

dois métodos de análise, no qual foi mensurado o efeito citopático por MTT e a

quantificação da carga viral por PFU.

Ambos os ensaios foram realizados em cultura de células Vero e em

duplicata. O teste de MTT foi realizado em placa de 96 poços, e o ensaio de PFU em

placa de 12 poços.

Nos ensaios, as células foram infectadas com DENV-2 à MOI de 1, e

incubadas em estufa de CO2 a 37ºC por 1 hora e 30 minutos. Após esse período, as

monocamadas foram lavadas com PBS 1X e em seguida foram adicionadas as

concentrações testes de extratos e frações. No ensaio para avaliar o efeito

citopático; utilizamos as seguintes concentrações: 1000, 500, 250, 125, 62,5 e 31,2

μg/mL. Para avaliar a carga viral, utilizamos as concentrações de 1000 e 500 μg/mL.

Após o tratamento com os extratos e frações, as células Vero foram reincubadas por

5 dias e ao fim deste período realizamos os ensaios de MTT e PFU.

3.10 Análise estatística

A análise estatística foi realizada por meio do programa de computador

GraphPad Prism® (GraphPad Software Inc., EUA) versão 6.0. Foi utilizado o teste

estatístico Two-way seguido de teste de múltipla comparação de Tukey's para o

ensaio da citotoxicidade e atividade antiviral. Os resultados obtidos da análise do

PFU, foram submetidos ao teste estatístico one-way ANOVA (não-paramétrico),

seguido pelo teste de Bonferroni. Para as análises, os valores considerados foram

de p< 0,05 indicando que são estatisticamente significantes.

34

4. RESULTADOS

4.1 Titulação do estoque viral e confirmação da infecção

A infecção viral em cultura de células C6/36 foi confirmada por

imunofluorescência indireta (Figura 1), utilizando anticorpos específicos para DENV-

2, e no sobrenadante da cultura foi detectado o RNA viral por RT-PCR.

O título viral obtido a partir da infecção da cultura de células C6/36 foi de 2,5 x

106 PFU/mL, e este foi usado para a realização dos experimentos.

Figura 1 - Ensaio de imunofluorescência indireta para detecção de DENV-2 em cultura de células C6/36. Lâmina positiva com típica fluorescência verde no citoplasma de células C6/36 infectadas por DENV-2 (Aumento 400X).

4.2 Citotoxicidade do extrato e frações obtidos da folha e frutos da planta

A partir da avaliação da citotoxicidade dos extratos e frações obtidos das

folhas da Morinda citrifolia L., conseguiu-se observar que as culturas de células

tratadas com as frações acetato de etila e hexano não apresentaram alterações

diante das concentrações testadas e por isso mantiveram viabilidade celular acima

de 90%. No entanto, a fração clorofórmio apresentou alta toxicicidade em células

tratadas na concentração de 1000 μg/mL, apesar de que entre as concentrações de

500 a 31,2 μg/mL foi observada uma viabilidade celular próxima de 90%. Já as

células que foram tratadas com o extrato bruto e o resíduo aquoso apresentaram

35

viabilidade próxima de 100 e 80%, respectivamente, nas concentrações de 1000 a

31,2μg/mL (Figura 2A).

Na análise da citotoxicidade dos extratos e frações obtidos dos frutos

maduros observou-se que a viabilidade celular variou de 90 a 100% no tratamento

com as frações acetato e hexano. Já as culturas células tratadas com a fração

clorofórmio mantiveram em todas as concentrações uma viabilidade de 80% e no

tratamento com o extrato bruto ou resíduo aquoso a viabilidade variou de 80 a 90%

em todas as concentrações utilizadas (Figura 2B).

A avaliação da citotoxicidade no fruto verde demonstrou que a cultura de

células tratadas com as frações hexano e acetato de etila apresentaram toxicidade

semelhante na concentração de 1000 μg/mL com aproximadamente 65% de

viabilidade celular, diferente das demais concentrações, nos quais apresentou a

viabilidade próxima de 100%. Já o tratamento com a fração clorofórmio induziu uma

viabilidade próxima a 80%. Diferente do que foi exposto nos resultados da folha e

fruto maduro, o tratamento das células com o extrato bruto teve uma menor

toxicidade na concentração de 1000 μg/mL, resultando em 80% de células viáveis,

ao contrário do que se observou nas demais concentrações, que se mostraram com

elevada toxicidade, chegando até 65% de viabilidade celular. No tratamento das

células com o extrato aquoso pôde-se observar uma viabilidade variando de 75 a

80% entre as concentrações (Figura 2C).

36

Figura 2 - Avaliação da citotoxicidade do extrato bruto e frações obtidas da folha e frutos de Morinda citrifolia em cultura de células Vero. (A) Folha (B) Fruto maduro (C) Fruto verde.

4.3 Atividade antiviral do extrato e frações obtidos da folha de Morinda

citrifolia

Fazendo referência ao ensaio antiviral dos extratos foi observado que o

controle positivo, representado pelas células infectadas com o DENV-2, demonstrou

uma viabilidade celular próxima de 65%, ou seja, observou-se 35% de morte celular.

As células tratadas com a fração acetato, apresentou uma viabilidade que variou

entre 90 e 100%, nas concentrações de 1000, 500 e 250 μg/mL. Mesmo com a

presença do vírus, houve uma diferença significativa, levando em consideração o

que foi observado no controle positivo. O tratamento com a fração clorofórmio, nas

células infectadas, demonstrou um aumento de 20 e 10% em relação ao controle

37

nas concentrações de 500 e 250 μg/mL, respectivamente. Na cultura de células

tratadas com a fração hexano foi observado uma diferença significativa em todas as

concentrações testadas, comparando-se com o controle positivo. Assim, mostrando

que o tratamento com a respectiva fração induziu a redução da infecção viral, pelo

fato de não haver o desenvolvimento do efeito citopático demonstrado na cultura de

células não tratadas e infectadas pelo vírus. O ensaio realizado a partir do

tratamento das células com o extrato bruto e resíduo aquoso, não apresentaram

diferença significativa na viabilidade celular em relação ao controle positivo (Figura

3).

Figura 3 - Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas da folha de Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células Vero. (A) Fração Acetato de etila (B) Clorofórmio (C) Fração Hexano (D) Resíduo aquoso (E) Extrato bruto.

4.4 Atividade antiviral dos extratos obtidos dos frutos (maduro e verde) de

Morinda citrifolia

Em relação à atividade antiviral das culturas de células tratadas com os

extratos obtidos fruto maduro e verde, de acordo com o que foi observado com os

38

extratos e frações obtidas da folha, observou-se uma viabilidade celular em torno de

65% no controle positivo, isto é, na cultura de células infectadas pelo vírus e não

tratadas com os respectivos extratos.

No fruto maduro, as células tratadas com a fração acetato nas concentrações

de 1000 e 500µg/mL demonstraram uma viabilidade celular próxima de 100%,

levando a uma diferença significativa em relação ao controle positivo. Quando se

tratou as células infectadas com a fração hexano, observou-se que apenas na

concentração de 1000 µg/mL obteve-se aproximadamente 85% de células viáveis.

Nas células infectadas e tratadas com a fração clorofórmio não foi possível observar

nenhuma diferença significativa desse tratamento quando comparado ao controle

positivo. Levando em consideração o tratamento das células infectadas com o

extrato bruto e o resíduo aquoso, apenas foi observado que o extrato bruto

apresentou resultado satisfatório em relação ao controle positivo na concentração de

1000 µg/mL, com viabilidade celular próxima a 80% (Figura 4).

Figura 4 - Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas do fruto maduro de Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células Vero. (A) Fração Acetato de etila (B) Clorofórmio (C) Fração Hexano (D) Resíduo aquoso (E) Extrato bruto.

39

No tratamento das células infectadas com as frações e extratos obtidos do

fruto verde observou-se que as frações acetato e hexano apresentaram ação

antiviral, em que a viabilidade celular das culturas infectadas e tratadas foi superior

ao controle positivo. A fração acetato induziu uma viabilidade celular de 100% na

concentração de 1000 µg/mL e nas demais uma variação de 80 a 90% de células

viáveis, com exceção da concentração 31,2 µg/mL. Quando se tratou as células

infectadas com a fração hexano, observou-se que na concentração de 1000 µg/mL

se alcançou 85% de células viáveis e nas demais concentrações, a viabilidade

celular foi de aproximadamente 80%. Nas culturas de células infectadas e tratadas

com o extrato bruto e o resíduo aquoso não se observou diferença significativa das

células infectadas tratadas quando comparado ao controle positivo, com exceção da

concentração de 1000 µg/mL no tratamento com o extrato bruto. Na cultura de

células infectadas e tratadas com a fração clorofórmio não foi possível observar

diferença significativa na viabilidade celular em relação ao controle positivo (Figura

5).

Figura 5 - Ação antiviral do extrato bruto e frações obtidas do fruto verde de Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células Vero. (A) Fração Acetato de etila (B) Clorofórmio (C) Fração Hexano (D) Resíduo aquoso (E) Extrato bruto.

40

4.5 Quantificação do vírus dengue-2 no ensaio antiviral

A partir do sobrenadante da cultura de células Vero foi realizado o ensaio

antiviral, no qual avaliamos os diferentes extratos e frações das folhas e frutos da

Morinda citrifolia. O controle positivo (células infectadas com o DENV-2 e não

tratadas) apresentou um título viral, de 2,5 x 104 PFU/mL.

O tratamento com o extrato e as frações obtidas da folha da Morinda citrifolia

apresentou os resultados mais interessantes no qual todas as frações utilizadas para

este ensaio apresentaram ação antiviral. A fração acetato de etila na concentração

de 1000µg/mL reduziu a carga viral em 10 vezes, em comparação com o controle.

Já as frações hexano e clorofórmio, reduziram por completo a carga viral quando

testados nas concentrações de 500 µg/mL (Figura 6A).

As frações acetato de etila e hexano obtidos do fruto maduro da planta

apresentaram ação antiviral significativa, demonstrando uma diminuição de 10 vezes

na concentração de 500 e 1000µg/mL, respectivamente. O extrato bruto apresentou

uma redução total da carga viral na concentração de 100µg/mL em relação ao

controle (Figura 6B).

Em relação ao extrato e frações obtidas do fruto verde houve ação antiviral

quando foi utilizado o extrato bruto na concentração de 1000µg/mL reduzindo por

completo a carga viral em relação ao controle, diferentemente do que apresentaram

as frações acetato de etila e hexano, as quais não demonstraram ação antiviral

(Figura 6C).

41

Figura 6 – Análise de PFU da ação do extrato bruto e frações da folha e frutos de Morinda citrifolia sobre a replicação do vírus dengue-2 em cultura de células Vero. (A) Folha (B) Fruto maduro (C) Fruto verde. 4.6 Identificação dos metabólitos secundários presentes nos extratos e frações

obtidos da Morinda citrifolia

A análise cromatográfica em CCD dos extratos e frações obtidas da folha e

frutos da planta revelou bandas distintas e sugestivas de saponinas, terpenos e

flavonoides. A utilização do revelador vanilina sulfúrica nos permitiu identificar sete

bandas com Rf 0,12; dois com Rf 0,75 e dois com Rf 0,82, todas entre as frações

clorofórmio, acetato de etila e hexano. Houve também duas bandas com Rf 0,19 nos

extratos brutos (hidroetanólico) obtidos dos frutos (maduro e verde) (Figura 7).

42

Figura 7 - Cromatografia em camada delgada e os respectivos fatores de retenção das bandas. (A) Folha (fração hexano), (B) Folha (fração clorofórmio), (C) Folha (fração acetato de etila), (D) Fruto maduro (extrato bruto), (E) Fruto maduro (fração acetato de etila), (F) Fruto maduro (fração hexano), (G) Fruto verde (extrato bruto), (H) Fruto verde (fração hexano), (I) Fruto verde (fração acetato de etila).

B C D E G H I F A

0,12 0,12 0,12 0,19 0,19

0,75

0,82

43

5. DISCUSSÃO

Atualmente, a dengue ainda representa um desafio à saúde pública, com isso

a busca por antivirais e o desenvolvimento de vacinas para combater a infecção pelo

vírus dengue tem sido objetivo de vários estudos. Dessa forma, uma nova

abordagem vem sendo instrumento dessas pesquisas que é a utilização de plantas

medicinais, juntamente com seus compostos que fazem parte de sua constituição

química. A importância de se usar a maioria dessas plantas inclui o fato de que

podem apresentar baixos efeitos colaterais e também representa uma alta

acessibilidade na natureza (KWON et al., 2010; ZANDI et al., 2009).

Dentre essas plantas, podemos destacar a Morinda citrifolia, popularmente

conhecida como Noni, que se trata de uma planta que foi bastante utilizada pelos

povos antigos da Polinésia, e que hoje já é bem conhecida pelas pessoas e na

medicina tradicional pelo fato de apresentar ação terapêutica, combatendo várias

enfermidades (MULLER, 2007).

Com base em nossos resultados, a análise da citotoxicidade realizada

demonstrou que o tratamento das células Vero com os extratos e frações obtidas da

folha e frutos verde e maduro de Morinda citrifolia não apresentaram citotoxicidade

para maioria das concentrações testadas, com exceção do extrato bruto obtido do

fruto verde.

Arpornsuwan e Punjanon (2006) realizaram a mesma análise de

citotoxicidade em diferentes culturas de células, entre elas duas linhagens normais

(BHK e Vero) e três linhagens de células cancerígenas (Hep2, MCF7, LAN5)

tratadas com o extrato metanólico (bruto) obtido dos frutos de Morinda citrifolia. Foi

demonstrado que as células Vero quando tratadas com o extrato também

apresentaram 100% de viabilidade, bem semelhante aos resultados obtidos nas

células BHK e Hep2, que se mantiveram com 94% e 87% de viabilidade,

respectivamente, a partir de uma concentração de 0,1mg/mL, considerada muito

tóxica em células LAN5 e MCF7.

Em outros estudos, extratos obtidos dos frutos dessa planta resultaram em

toxicidade em cultura de células. Dentre esses, Candida e colaboradores (2014)

observaram citotoxicidade do extrato etanólico (bruto) obtido dos frutos de Morinda

citrifolia em cultura de células de melanoma B16-F10. Os resultados demonstraram

44

que o extrato foi tóxico em todas as concentrações testadas havendo assim inibição

de 45% na taxa de proliferação celular.

Shalan (2016) avaliou a citotoxicidade de extratos brutos obtidos da folha e do

fruto de Morinda citrifolia em camundongos fêmeas. O estudo de seis meses

demonstrou que o extrato obtido do fruto ocasionou efeitos de toxicidade crônica na

concentração de 2 mg/mL, confirmada pela histologia do fígado com necrose,

redução do tamanho e aumento do marcador hepático AST (aspartato

aminotransferase). Em três meses de experimento, apenas 60% das células do

fígado se mantiveram viáveis.

Diante do que foi observado sobre a toxicidade, é possível destacar que esta

característica pode estar relacionada à concentração utilizada em cada experimento

e também seus constituintes presentes nas diversas partes da planta.

Segundo a literatura, são poucos os estudos que já foram realizados na

tentativa de identificar a ação antiviral de extratos obtidos da planta Morinda citrifolia.

No entanto, outras atividades biológicas foram descritas, como: atividade

antioxidante, anti-inflamatória, analgésica, imunomoduladora, antibacteriana,

antitumoral, mostrando que as diversas partes das plantas apresentam compostos

fitoquímicos responsáveis por essas respostas.

No ensaio antiviral realizado no presente estudo, observou-se que o

tratamento das células infectadas com as frações e extratos obtidos tanto da folha

como do fruto da Morinda citrifolia L. apresentaram uma ação antiviral nas diferentes

concentrações estudadas, demonstrando que quanto maior a concentração no

tratamento das células infectadas, maior a capacidade dos extratos de proteger a

célula do efeito citopático resultante da infecção viral.

Outro resultado importante foi a redução total da carga viral nas células

tratadas com as frações obtidas da folha (hexano e clorofórmio), ambas nas

concentrações de 500 µg/mL e também no tratamento com o extrato bruto obtido do

fruto maduro e verde, na concentração de 1000 µg/mL.

De acordo com Selvam e colaboradores (2009), a atividade antiviral e

citotoxicidade de frutos de Morinda citrifolia foram analisadas contra a replicação dos

vírus da imunodeficiência humana (HIV-1) e da hepatite C (HCV) em células MT-4 e

Huh 5.2, respectivamente. Extratos de metanol e etanol foram obtidos dos frutos

pelo processo de percolação, demonstrando assim uma proteção máxima de 18%

do efeito citopático do HIV-1 em células MT-4, depois da infecção aguda. Além

45

disso, foi observada também a inibição do RNA viral do HCV na concentração de

0,98 ug/mL do extrato.

Em outro estudo realizado com HCV, observou-se que o extrato de metanol e

etanol obtidos dos frutos maduros da Morinda citrifolia apresentaram atividade anti-

HCV em cultura de células Huh7.5, mostrando assim a eficiência dessa planta no

combate ao HCV (RATNOGLIK et al., 2014).

Essa planta também apresenta efeito sobre o mosquito transmissor da

dengue, o Aedes aegypti, demonstrando atividade larvicida e efeitos pupiciais. Isto

foi observado a partir do extrato bruto (metanólico) obtido das folhas. Tais efeitos se

deram após 24 e 48 horas de exposição ao extrato, mostrando uma mortalidade

considerada moderada dos estágios de larvas e pupas do mosquito vetor. É notável

que por meio destes resultados pôde-se confirmar que a Morinda citrifolia

demonstrou ser um promissor larvicida contra o Aedes (KOVENDAN et al., 2012).

Tang e colaboradores (2012) realizaram um ensaio bem semelhante ao

presente estudo, no entanto, analisou o potencial antiviral de extratos metanólicos

de quatro espécies de plantas de diversas famílias: Mormordia charantia,

Andrographis paniculata, Citrus limon, Cybopogon citratus, Pelargonium citroum e

Ocimum sanctum nas concentrações de 0,20; 0,050; 0,075; 0.001; 2,5 e 1,5 mg/mL

contra o DENV-1. Os resultados mostraram que tais extratos apresentavam um

grande teor de flavonoides e estes por sua vez apresentaram uma capacidade de

inibição do vírus, principalmente nas plantas A. paniculata e M. charantia.

Zandi e colaboradores (2013) também avaliaram a atividade antiviral contra o

vírus dengue em cultura de células Vero. No entanto, diferente do nosso estudo,

utilizaram o extrato aquoso (concentrações de 86,59 a 95,19 μg/mL) obtido das

raízes da planta Scutellaria baicalensis. Os resultados demonstaram que as células

tratadas com o extrato apresentaram valores de IC50 entre 56,02 e 77,41μg/mL.

Conforme os estudos decritos acima, também obtivemos resultados

significativos nas células infectadas e logo após tratadas com o extrato bruto obtido

dos frutos (maduro e verde), com aumento da viabilidade próxima a 25%.

É notável que diante dos ensaios antivirais, a maioria deles fazem uso do

extrato bruto obtido desta planta, com isso nosso estudo tem bastante relevância e

pode ser considerado pioneiro pelo fato de não fazer uso apenas do extrato bruto,

mas também de diferentes frações obtidas das folhas e frutos da M. citrifolia.

46

Em relação a outros estudos que utilizaram plantas da mesma família da

espécie estudada (Rubiaceae), foi possível encontrar atividade antiviral contra o

herpesvírus simples 2 (HSV-2) a partir do extrato bruto obtido das raízes da planta

Nauclea latifolia (DONALISIO, et al., 2013). Reis e colaboradores (2008) avaliaram

as atividades imunorreguladoras e antivirais de amostras de Uncaria tomentosa que

foram testadas em um modelo de infecção in vitro. Os monócitos humanos

infectados com DENV-2 foram incubados com o extrato bruto (hidroetanólico) de U.

tomentosa (obtido da casca de caule) ou com as suas frações pentacíclicas de

alcalóide. A atividade antiviral foi determinada por detecção de antígeno viral

(DENV-Ag) em monócitos por citometria de fluxo e diante disto foi demonstrando

atividade inibitória tanto pelo extrato quanto pela fração alcalóide, reduzindo

significativamente a detecção do antígeno viral (DENV-Ag) em monócitos. Mthethwa

e colaboradores (2014) também observaram que o extrato metanólico (bruto) obtido

das raízes da planta Vangueria infausta causou um efeito antiviral contra o vírus

HIV-1 em cultura de células MT-4, assim como, ação antibacteriana.

Como foi descrito anteriormente, a Morinda citrifolia também induz outras

ações biológicas. Desse modo, Candida e colaboradores (2014) observaram que o

extrato bruto etanólico obtido dos frutos desta planta apresentou atividade

antimicrobiana inibindo o crescimento de Staphylococcus aureus. Esta bactéria foi

menos resistente ao extrato etanólico de frutos de Morinda citrifolia L. do que a

Escherichia coli a partir das concentrações de 1 mg/mL e 10 mg/mL,

respectivamente.

Além da atividade antibacteriana, um estudo mostra que o extrato metanólico

(bruto) obtido dos frutos da Morinda citrifolia foi responsável por uma potente ação

anti-inflamatória na presença do composto 12-Otetradecanoylphorbol-13-acetate

(TPA), responsável por induzir a inflamação. O isolamento de metabólitos presentes

no extrato metanólico foi realizado e obteve-se: as antraquinonas, glicosídios e

flavonoides, responsáveis por essa resposta. Além disso, esses compostos foram

avaliados contra a ativação do antígeno precoce do vírus de Epstein-Barr (membro

da família do vírus Herpes) induzido por TPA, resultando assim em efeitos inibidores

moderados (AKIHISA, et al., 2007).

No tratamento de células H37Rv com o extrato bruto (etanólico) obtido das

folhas de Morinda citrifolia L. observou-se a atividade antituberculosa com 89% de

inibição. Além disso, também foi obtida a fração hexano mostrando um resultado

47

significativo com 95% de inibição no crescimento de Mycobacterium tuberculosis

(SALUDES, et al., 2002).

Além do extrato bruto etanólico, é possível também observar que o extrato

bruto de metanol que foram obtidos dos frutos e das folhas de M. citrifolia, induziu

uma atividade anti-angiogênica a partir de ensaios in vivo. Além desse extrato, a

fração clorofórmio do extrato metanólico apresentou os mesmo resultados (BEH,

2012).

Sabemos que a importância de se fazer uma caracterização dos extratos é

crucial pelo fato de se obter uma análise qualitativa dos compostos majoritários

presentes em cada fração ou extrato obtido das diversas partes da planta. Desse

modo, é necessária uma triagem dos extratos para que então possamos direcionar o

metabólito presente com a determinada atividade biológica. Compostos como

alcalóides, flavonoides e antraquinonas têm sido identificados (ASSI et al., 2015).

A análise cromatográfica realizada no respectivo trabalho possibilitou a

identificação de bandas sugestivas para saponinas, terpenos e flavonoides. Esses

resultados encontrados estão de acordo com a literatura pelo fato de ocorrer a

presença de terpenos e flavonoides nas folhas e frutos (POTTERAT e

HAMBURGUER, 2007; SASIKUMAR, et al., 2012). A presença de saponinas nos

frutos também foi relatada em estudo (SIDDIQUI et al; 2007).

Em outra análise fitoquímica realizada a partir do extrato etanólico (bruto)

obtido dos frutos maduros e verdes foi observado que nos testes para identificação

dos compostos presentes foram detectados além dos flavonoides, resultado bem

semelhante ao nosso estudo, também os alcalóides, glicosídeos cardiotônicos,

taninos, triperpenos e esteroides (LIMA, 2013).

Em um estudo que também se fez uso da fração clorofórmio a partir do

extrato bruto (hidroetanólico) obtido dos frutos de M. citrifolia resultaram após

triagem fitoquímica em compostos de diferentes classes, como: polissacarídeos,

antraquinonas e alcaloides (NAYAK e MENGI, 2010).

Os flavonoides participam das funções vitais da planta, como crescimento,

desenvolvimento e proteção contra ataque de patógenos. De acordo com alguns

relatos, vários flavonoides podem apresentar uma atividade contra o vírus dengue

(PARIDA et al., 2002). Os flavonoides também foram descritos como os

responsáveis pela atividade antiviral contra outros vírus, incluindo o citomegalovírus,

48

HSV-1, HSV-2 e alguns tipos de adenovírus humanos (CHIANG et al., 2003; EVERS

et al., 2005).

Zandi e colaboradores (2011) testaram quatro tipos diferentes de flavonoides

em cultura de células Vero contra o vírus dengue-2, são eles: quercetina,

hesperetina, naringina e daidzeína. Os efeitos de cada composto foram avaliados

em diferentes etapas da replicação do vírus da dengue, incluindo adsorção viral e

replicação. Os resultados demonstraram que a quercetina exibiu atividade

significativa contra o vírus dengue-2, afetando a replicação intracelular do vírus, e

não sua entrada na célula hospedeira.

Os terpenos são conhecidos como um dos principais compostos que podem

ser identificados em plantas naturais com a finalidade medicinal. Trata-se de um

hidrocarboneto insaturado, existente na forma de óleos essências, seguindo uma

classificação denominada de mono, di e triperpeno. Suas principais características

farmacológicas são anti-inflamatória e antisséptica (FIRN, 2010).

Em um estudo recente realizado por Bajpai e colaboradores (2016), foi

observado pela primeira vez a atividade antiviral promovida por um tipo de diterpeno

denominado sugiol isolado a partir de uma planta da espécie Metasequoia

glyptostroboides. Os resultados demonstraram a inibição da replicação do vírus da

gripe, H1N1, em cultura de células MDCK. Esses achados reforçam fortemente a

sugestão de que sugiol poderia ser um candidato a um futuro antiviral com uma

potente eficácia.

As saponinas são compostos não nitrogenados que se dissolvem em água,

dando origem assim a soluções espumantes. Suas prováveis ações terapêuticas

estão relacionadas às propriedades diuréticas, digestivas e também é uma fonte rica

de vitamina P (KAR, 2007). Um estudo semelhante ao descrito anteriormente,

demonstra também a saponina como um eficaz antiviral. De acordo com Xiuying e

colaboradores (2015), um tipo de saponina isolada da planta Paris polyphylla

também demonstrou ação antiviral contra o vírus da influenza A. Este estudo foi

realizado em cultura de células MDCK e também in vivo. Os resultados

demonstraram que a saponina apresentou notáveis efeitos de inativação no vírus, de

prevenção na adsorção e replicação viral. Além disso, causou uma redução da

mortalidade dos camundongos infectados com o vírus.

Finalmente, com base dados na literatura e nos resultados do presente

estudo observa-se o potencial antiviral de Morinda citrifolia, abrindo perspectivas para

49

estudos futuros, assim como, o isolamento dos compostos responsáveis pela

atividade, proporcionando a busca de candidatos a fármacos contra o vírus da

dengue.

50

6. CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos no presente estudo, conclui-se de acordo

com a cromatografia em camada delgada realizada sobre os extratos e frações

obtidas da planta percebeu-se que as bandas foram sugestivas para três classes de

metabólitos secundários diferentes.

Além disso, os extratos e as frações obtidas dos frutos e folha da planta

Morinda citrifolia L. não foram citotóxicos na maioria das concentrações testadas na

cultura de células Vero.

O tratamento das células infectadas com o vírus dengue-2 com as frações e

extratos obtidos dos frutos e folha da planta demonstrou atividade antiviral em

diferentes concentrações testadas, por meio da manutenção da viabilidade celular.

Como também, o tratamento com as frações obtidas da folha (clorofórmio e hexano)

propiciou a redução total da carga viral.

Por fim, este estudo cria perspectivas para futuras análises da atividade

antiviral com os outros sorotipos do vírus dengue, visando também o isolamento de

tais compostos na tentativa de buscar novos candidatos a fármacos, ampliando

assim o conhecimento terapêutico desta planta já existente.

51

REFERÊNCIAS

ANDRIES, S. Histórico. Instituto Virtual da Dengue do Estado do Rio de Janeiro,

2006. Disponível em: http://www.ivdrj.ufrj.br/historico.html. Acesso em: 20 nov. 2015.

AKIHISA, T. et al. Anti-inflammatory and Potential Cancer Chemopreventive

Constituents of the Fruits of Morinda citrifolia (Noni). Journal of Natural Products.

v. 70, p. 754-757, 2007.

ARPORNSUNWAN, T.; PUNJANON, T. Tumor Cell-Selective antiproliferative effect

of the extract from Morinda citrifolia fruits. Phytotherapy research. v. 20, p.515–517,

2006.

ASSI, R. A. et al. Morinda citrifolia (Noni): A comprehensive review on its industrial

uses, pharmacological activities, and clinical trials. Arabian Journal of Chemistry.

2015.

BAJPAI, V. K. et al. Antiviral potential of a diterpenoid compound sugiol from

Metasequoia glyptostroboides. Pakistan Journal of Pharmaceutical Sciences. v.

29, n. 3, p. 1077-80, 2016.

BARNES, W. J. S.; ROSEN, L. Fatal hemorrhagic disease and shock associated

whith primary dengue infection on a Pacific. The American Society of Tropical

Medicine and Hygiene. v. 23, n. 3, 1974.

BARRETO, M. L.; TEIXEIRA, M. G. Dengue fever: a call for local, national, and

international action. Lancet. v. 372, 2008.

BARRETO, M.L.; TEIXEIRA, M. G. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e

contribuições para uma agenda de pesquisa. Estudos avançados. v. 22, n. 64, p.

53-72, 2008.

BOWIE, J. H.; COOKE, R. G. Golouring matteris of Australian plants. v. 18, 1962

52

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundacão Nacional de Saúde. Dengue: aspectos

epidemiológicos, diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação Nacional

de Saúde. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica

de Gestão. Dengue : diagnóstico e manejo clínico – Adulto e Criança / Ministério da

SAÚDE, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. – 3. ed. –

Brasília : Ministério da Saúde, 2007.

CALIXTO, J.B. Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines

for herbal medicines (phytoterapeutic agents). Brazilian Journal of Medical and

Biological Research. v. 33, p.179-189, 2000.

CALIXTO, J.B. Twenty-fi ve years of research on medicinal plants in Latin America: a

personal review. Journal of Ethnopharmacology. v. 100, p. 131-134, 2005.

CANDIDA, T. et al. Evaluation of antitumoral and antimicrobial activity of Morinda

citrifolia L. grown in Southeast Brazil. Acta Cirúrgica Brasileira. v. 29, 2014.

CHAMBERS, T.J. et al. Flavivirus: genome organization, expression and replication.

Annals of Microbiology. v. 44, p. 649- 688, 1990.

CHAN-BLANCO, Y. et al. The noni fruit (Morinda citrifolia L.): A review of agricultural

research, nutritional and therapeutic properties. Journal of Food Composition and

Analysis. v. 19, p. 645–654, 2006.

CHIANG, L. C. In vitro antiviral activities of Caesalpinia pulcherrima and its related

flavonoids. Journal of Antimicrobial Chemotherapy. v. 52, p. 194–198, 2003.

CLYDE, K.; KYLE, J; HARRIS, E. Recent Advances in Deciphering Viral and Host

Determinants of Dengue Virus Replication and Pathogenesis. Journal of Virology.

v.80, p. 11418-11431, 2006.

DIAS, L. B.A. et al. Dengue: transmissão, aspectos clínicos, diagnóstico e

tratamento. Medicina (Ribeirão Preto). v. 43, p. 143-52, 2010.

53

DONALISIO, M. et al. In vitro anti-Herpes simplex virus activity of crude extract of the

roots of Nauclea latifólia Smith (Rubiaceae). Complementary and Alternative

Medicine. v. 13, n. 266, 2013.

EVERS, D.L. et al. Human cytomegalovirus-inhibitory flavonoids: Studies on antiviral

activity and mechanism of action. Antiviral Research. v. 68, p. 124-134, 2005.

FALGOUT, B; MARKOFF, L. Evidence that flavivirus NS1-NS2A cleavage is

mediated by a membrane-bound host protease in the endoplasmic reticulum.

Journal of Virology. v. 69, p. 7232-7243, 1995.

FALGOUT, B. et al. Both Nonstructural Proteins NS2B and NS3 Are Required for the

Proteolytic Processing of Dengue Virus Nonstructural Proteins. Journal of Virology.

v.65, p. 2467-2475, 1991.

FARIAS, K. J. S; MACHADO, P.R.L.; FONSECA, B. A. L. Chloroquine Inhibits

Dengue Virus Type 2 Replication in Vero Cells but Not in C6/36 Cells. The

ScientificWorld Journal. v. 2013, 2013.

FARINE, J. P. et al. Volatile componentes of ripe fruits of Morinda citrifolia and their

effects on Drosophila. Phytochemtstry. v. 4l, n. 2, p. 433-38, 1996.

FIRN, R. Nature′s Chemicals. Ed. Oxford: Oxford University Press. 2010.

GIBBONS, R. V.; VAUGHN, D. W. Dengue: an escalating problem. Clinical review.

v.324, p.1563–6, 2002.

GOBBO-NETO, L.; LOPES, N.P. Plantas medicinais: fatores de influência no

conteúdo de metabólitos secundários. Química nova. v. 30, n. 2, p. 374-381, 2007.

GROMOWSKI, G. D. et al. Characterization of Dengue Virus Complex-Specific

neutralizing epitopes on envelope protein domain III of Dengue 2 Virus. Journal of

virology. v. 82, n. 17 p. 8828–8837, 2008.

54

GUBLER, D. J.; CLARK, G.G. Community-based integrated control of Aedes aegypti:

a brief overview of current programs. The American Journal of Tropical Medicine and

Hygiene. v. 50, n. 6, p. 50-60,1994.

GUBLER, D. J. Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clinical Microbiology

Reviews. v. 11, p. 480-496, 1998.

GUBLER, D. J. Epidemic dengue/dengue hemorrhagic fever as a public health,

social and economic problem in the 21st century. Trends in Microbiology v. 10, n.

2, 2002.

GUBLER, D. J. Epidemiologic, and virologic observations on Dengue in the Kingdom

of Tonga. The American Society of Tropical Medicine and Hygiene. v. 27, n. 3, p.

581-589, 1978.

HALSTEAD, S. B. Dengue in the Americas and Southeast Asia: Do they differ? Pan

American Journal of Public Health. v. 20, n.6, 2006.

HEINICKE, R. M. The Pharmacologically Active Ingredient of Noni. Simply Natural

Products. v. 15, n. 1, 1985.

HENDRICKS, H. et al. The Content of Parthenolide and its Yield per Plant During the

Growth of Tanacetum parthenium. Planta Medica. v. 63, n. 4, p. 356-359, 1997.

HIDARI, K. I. P.J. et al. Structure and anti-dengue virus activity of sulfated

polysaccharide from a marine alga. Biochemical and Biophysical Research

Communications. v. 376, p. 91–95, 2008.

KAR, A. Pharmacognosy and Pharmacobiotechnology. 2 ed. New Delhi: New Age

Inter-national Limited Publishres, 2007.

KELLER, T. H. et al. Finding new medicines for flaviviral targets. Novartis

Foundation Symposia. v. 277, p. 102-114, 2006.

55

KHROMYKH, A. A.; KENNEY, M. T.; WESTAWAY, E. G. Transcomplementation of

Flavivirus RNA Polymerase Gene NS5 by using Kunjin virus replicon-expressing

BHK Cells. Journal of Virology. v. 72, n. 9, p. 7270–7279, 1998.

KOVENDAN, K.. et al. Evaluation of larvicidal and pupicidal activity of Morinda

citrifolia L. (Noni) (Family: Rubiaceae) against three mosquito vectors. Asian Pacific

Journal of Tropical Disease. v. 1, p. S362-S369, 2012.

KURITZKES, D. R. HIV-1 Entry Inhbitors: An Overview. Current Opinion in HIV and

AIDS. v. 4, n.2, p 82–87, 2009.

KWON, H. J. et al. In Vitro inhibitory activity of Alpinia katsumadai extracts against

influenza virus infection and hemagglutination. Virology Journal. v. 7, n.307, 2010.

LANCIOTTI, R. S. et al. Rapid detection and typing of dengue viruses from clinical

samples by using reverse transcriptase-polymerase chain reaction. Journal of

clinical microbiology. v. 30, n. 3, p. 545-551, 1992.

LEMOS, J.R.; RODAL, M.J.N. Fitossociologia do componente lenhoso de um trecho

da vegetação de caatinga no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Acta

Botanica Brasilica. v. 16, p. 23-42, 2002.

LI, B. et al. Fucoidan: Structure and Bioactivity. Molecules. v. 13, p. 1671-1695,

2013

LIMA, C. R. Identificação de metabólitos secundários presentes no extrato etanólico

dos frutos verdes e maduros de Morinda citrifolia L. Revista Saúde e Pesquisa. v. 6,

n. 3, p. 439-446, 2013.

LINDENBACH, B. D.; RICE, C. M. Trans-Complementation of Yellow Fever Virus

NS1 Reveals a Role in Early RNA Replication. Journal of Virology. v. 71, p. 9608-

9617, 1997.

56

LINDENBACH, B. D.; THIEL, H. J.; RICE, C. M. Flaviviridae: the viruses and their

replication. In KNIPE, D. M.et al. Fields Virology. v. 71, p. 1101–1152, 2007.

LIU, G. et al. Two Novel Glycosides from the Fruits of Morinda Citrifolia (Noni) Inhibit

AP-1 Transactivation and Cell Transformation in the Mouse Epidermal JB6 Cell Line.

Cancer Research. v. 61, p. 5749–5756, 2001.

LOK, S. M. et al. Binding of a neutralizing antibody to dengue virus alters

the arrangement of surface glycoproteins. Nature structural & molecular biology.

v.15, n. 3, 2008.

LOPES, N.; NOZAWA, C.; LINHARES, R. C. Características gerais e epidemiologia

dos arbovírus emergentes no Brasil. Revista Pan-Amazoônica de Saúde. v. 5, n. 3,

p. 55-64, 2014.

LUNA, J.S. et al. A study of the larvicidal and molluscicidal activities of some

medicinal plants from Northeast Brazil. Journal Ethnopharmacology. v. 97, p. 199-

206, 2005.

MABBERLEY, D.J.The plant book: a portable dictionary of the higher plants.

Cambridge. Cambridge University Press, 1997. 720p.

MACIEL, M. A. M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos

multidisciplinares. Química Nova. v. 25, n. 3, p. 429-438, 2002.

McCLATHEY, W. From Polynesian Healers to Health Food Stores: Changing

Perspectives of Morinda citrifolia (Rubiaceae). Integrative cancer therapies. v.1, n. 2,

p. 110-120, 2002.

MALAVIGE, G. N. et al. Dengue viral infections. Postgraduate Medical Journal. v.

80, p. 588–601, 2004.

MCBRIDE, W.J.H.; BIELEFELD-OHMANN, H. Dengue viral infections; pathogenesis

and epidemiology. Microbes and infection. v. 2, p.1041-50, 2000.

57

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Monitoramento dos casos de dengue, febre de

chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 37, 2016. Boletim

Epidemiológico. v. 47, n. 34, 2016.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de

Epidemias de Dengue. Série A: Normas e Manuais Técnicos, 2009.

MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application

to proliferation and cytotoxicity assays. Journal of Immunological Methods. v. 65,

p. 55-63, 1983.

MULLER, J. C. Toxicidade reprodutiva da Morinda citrifolia Linn. Dissertação,

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. 103p.

MUKHOPADHYAY, S.; KUHN, R. J.; ROSSMAN, M. G. A structural perspective of

the Flavivirus life cycle. Nature Reviews Microbiology. v. 3, p. 13-22, 2005.

MUYLAERT, I. R. et al. Mutagenesis of the N-Linked Glycosylation Sites of the

Yellow Fever Virus NS1 Protein: Effects on Virus Replication and Mouse

Neurovirulence. Virology. v. 222, p. 159–168, 1996.

MTHETHWA, N. S. et al. Anti-staphylococcal, anti-HIV and cytotoxicity studies of four

South African medicinal plants and isolation of bioactive compounds from Cassine

transvaalensis (Burtt. Davy) codd. Complementary and Alternative Medicine. v.

14, n. 512, 2014.

NAVARRO-SANCHEZ, E. et al. Dendritic-cell-specific ICAM3-grabbing non-integrin

is essential for the productive infection of human dendritic cells by mosquito-cell-

derived dengue viroses. European molecular biology organization. v. 4, n. 7,

2003.

NAYAK, S.; MENGI, S. Preliminary physicochemical and phytochemical evaluation of

Morinda citrifolia fruit extractives. International Journal of Pharmacy and

Pharmaceutical Sciences. v. 2, n4,p.150-154, 2010.

58

NOBLE, C.G. et al. Strategies for development of dengue virus inhibitors. Antiviral

Research. v. 85, p. 450–462, 2010.

NOGUEIRA, R.M.; DE ARAÚJO, J.M.; SCHATZMAYR, H.G. Molecular epidemiology

of dengue viroses in Brazil. Cadernos Saúde Pública. v. 16, p. 205-11, 2000.

NUNES, J. S. Dengue: Etiologia, patogênese e suas implicações a nível global.

Dissertação, Universidade da Beira Interior-Centro de Ciências da Saúde, Covilhã,

2011. 59p.

OISHI, K. et al. Dengue illness: clinical features and pathogenesis. Journal of

Infection and Chemotherapy. v. 13, n.3, p. 125-33, 2007.

OLIPHANT, T. et al. Development of a humanized monoclonal antibody with

therapeutic potential against West Nile vírus. Nature medicine. v. 11, n. 5, 2005.

OLIVEIRA, J. D. S. Estudo morfo-anatômico de morinda citrifolia l. (noni) cultivado no

Maranhão. Dissertação, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2009. 60p.

PARIDA, M. M. et al. Inhibitory potential of neem (Azadirachta indica Juss) leaves on

Dengue virus type-2 replication. Journal of Ethnopharmacology. v. 79, p. 273–278,

2002.

PAWLUS, A.D. et al. Review of the ethnobotany, chemistry, biological activity and

safety of the botanical dietary supplement Morinda citrifolia (noni). Journal of

Pharmacy and Pharmacology, v.59, p.1587-1609, 2007.

PEVEAR, D. C. et al. Activity of pleconaril against enteroviruses. Antimicrobial

Agents and Chemotherapy. v. 43, p. 109-15, 1999.

POTTERAT, O; HAMBURGUER, M. Morinda citrifolia (Noni) Fruit- Phytochemistry,

pharmacology, safety. Planta Medica. v. 73, p. 191-199, 2007.

RATES, S.M.K. Plants as source of drugs. Toxicon. v. 39, p. 603-613, 2001.

59

RATNOGLIK, S. L. et al. Antiviral activity of extracts from Morinda citrifolia leaves

and chlorophyll catabolites, pheophorbide a and pyropheophorbide a, against

hepatitis C. Microbiology and Immunology. v. 5 18, p.88–194, 2014.

RAWLINSON, S. M. et al.. A. Dengue virus RNA polymerase NS5: a potential

therapeutic target? Current Drug Targets. v. 7, p. 1623- 1638, 2006.

REIS, S. R. I. N. Immunomodulating and antiviral activities of Uncaria tomentosa on

human monocytes infected with Dengue Virus-2. International

Immunopharmacology. v. 8, p. 468-476, 2008.

RODENHUIS-ZYBERT, I. A.; WILSCHUT, J.; SMIT, J. M. Dengue virus life cycle:

viral and host factors modulating infectivity. Cellular and Molecular Life Sciences.

v. 67, p. 2773-86, 2010.

SALUDES, J. P. et al. Antitubercular Constituents from the Hexane Fraction of

Morinda citrifolia Linn. (Rubiaceae). Phytotherapy research. v. 16, p. 683–685,

2002.

SAMPAIO, E. V. S. B. Vegetação & Flora da Caatinga. Associação Plantas do

Nordeste/Centro Nordestino de Informação sobre Plantas. Recife. p. 49-90, 2002.

SAMPATH, A. et al. Structure-Based Mutational Analysis of the NS3 Helicase from

Dengue Virus. Journal of Virology. v. 80, p. 6686–6690, 2006.

SANG, S. et al. Chemical Components in Noni Fruits and Leaves (Morinda citrifolia

L.). American Chemical Society, 2002.

SANTOS, J.P. et al. Richness and distribution of useful woody plants in the semi-arid

region of northeastern Brazil. Journal of Arid Environments. v. 72, p. 652-663,

2008.

60

SASIKUMAR, C.S.; NAGALINGAM, S.; CHERIAN, K. M. Extraction and preliminary

phytochemical screening of active compounds in Morinda citrifolia fruit. Asian

Journal of Pharmaceutical and Clinical Research. v. 5, n 2, p. 179-181, 2012.

SCHUL, W. et al. A dengue fever viremia model in mice shows reduction in viral

replication and suppression of the inflammatory response after treatment with

antiviral drugs. The Journal of Infectious Diseases. v. 195, p. 665-674, 2007.

SELVAM, P. et al. Studies of Antiviral Activity and Cytotoxicity of Wrightia tinctoria

and Morinda citrifolia. Indian Journal of Pharmaceutical Sciences. v. 71, n. 6, p.

670-2, 2009.

SESAP. Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Monitoramento dos casos de

Dengue, febre de Chikungunya e febre pelo vírus Zika até a semana epimeiológica

nº 36. Boletim Epidemiológico. 2016.

SESAP. Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Situação atual da Dengue no

Rio Grande do Norte. Boletim Epidemiológico Dengue. 2010.

SHALAN, N. A. A. M.; MUSTAPHA, N. M.; MOHAMED, S. Chronic toxicity evaluation

of Morinda citrifolia fruit and leaf in mice. Regulatory Toxicology and

Pharmacology. 2016.

SIDDIQUI, B.S.; SATTAR,F.A.; AHMAD, F.; BEGUM, S. Isolation and Structural

Elucidation of Chemical Constituents from the Fruits of Morinda citrifolia Linn.

Archides Pharmacal Research, v. 30, p. 919-923, 2007.

SIEUWERTS, A. et al. The MTT tetrazolium salt assay srcruntinized: how to use this

assay reliably to measure metabolic activity of cell cultures in vitro for the

assessment of growth characteristics, IC50- values and cell survival. European

journal of clinical chemistry and clinical biochemistry.v. 33, p. 813-823, 1995.

61

SINGH, D.R. Morinda citrifolia L. (Noni): A review of the scientific validation for its

nutritional and therapeutic properties. Journal of Diabetes and Endocrinology. v.

3, n. 6, p. 77-91, 2012.

SINGHI S et al. Dengue e dengue hemorrágico: aspectos do manejo na unidade de

terapia intensiva. Jornal de Pediatria, v.83, n. 2, 2007.

SIQUEIRA JÚNIOR, et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever, Brazil, 1981-

2002. Emerging Infectious Diseases. v. 11, n. 1, p.1981–2002, 2005.

TASSANEETRITHEP, B. et al. DC-SIGN (CD209) Mediates Dengue Virus Infection

of Human Dendritic Cells. The Journal of Experimental Medicine. v.197, n. 7,

p.823–829, 2003.

TANG, L. I. C. et al. Screening of anti-dengue activity in methanolic extracts of

medicinal plants. Complementary and Alternative Medicine. v. 12, n. 3, 2012.

TEIXEIRA, M.G. et al. Dengue: twenty-five years since reemergence in Brazil.

Cadernos de Saúde Pública. v. 25, p. 17-18, 2009.

TEIXEIRA, M.G.L.C. Dengue e Espaços Intra-Urbanos: Dinâmica de Circulação Viral

e Efetividade de Ações de Combate Vetorial. 2000. 189 p. Tese (Doutorado em

Saúde Coletiva). Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia,

Salvador.

TEIXEIRA, M.G. et al. Dengue and dengue hemorrhagic fever epidemics in Brazil:

what research is needed based on trends, surveillance, and control experiences?

Caderno de Saúde Pública. v. 21, n.5, p.1307-1315, 2005.

VEIGA-JÚNIOR, V.F.; MELLO, J.C.P. As monografias sobre plantas medicinais.

Revista Brasileira de Farmacognosia. v. 18, p. 464-471, 2008.

WANG, M. Y. et al. Morinda citrifolia (Noni): A literature review and recent advances

in Noni research. Acta Pharmacologica Sinica. v. 23, p. 1127 -1141, 2002.

62

WANG, M. et al. Novel Glycosides from Noni (Morinda citrifolia). Journal of Natural

Products. v. 63, n. 8, p. 1182-1183, 2000.

WANG, M. et al. Novel Trisaccharide Fatty Acid Ester Identified from the Fruits of

Morinda citrifolia (Noni). Journal of Agricultural and Food Chemistry. v. 47, n. 12,

p. 4880-4882, 1999.

WEAVER, S. C.; VASILAKIS, N. Molecular Evolution of Dengue Viruses:

Contributions of Phylogenetics to Understanding the History and Epidemiology of the

Preeminent Arboviral Disease. Infection, Genetics and Evolution. v. 9, p. 523–540,

2009.

WELSCH, S. et al. Composition and Three-Dimensional Architecture of the Dengue

Virus Replication and Assembly Sites. Cell Host & Microbe. v. 5, p. 365–375, 2009.

WESTAWAY, E. G. et al. Ultrastructure of Kunjin Virus-Infected Cells: Colocalization

of NS1 and NS3 with Double-Stranded RNA, and of NS2B with NS3, in Virus-

Induced Membrane Structures. Journal of Virology. v. 71, p. 6650–6661, 1997.

WHITEHORN, J.; SIMMONS, C.P. The pathogenesis of dengue. Vaccine. v. 29, n.

42, p. 7221-8, 2011.

WHO. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment, prevention and control - New edition. WHO Press Geneva, 2009.

XIUYING, P. U. et al. Polyphylla saponin I has antiviral activity against influenza A

vírus. International Journal of Clinical and Experimental Medicine. v. 8, n. 10, p.

18963-71, 2015.

YAP, T. L. et al. Crystal structure of the dengue virus RNA-dependent RNA

polymerase catalytic domain at 1.85- angstrom resolution. Journal of Virology. v.

81, n. 9, p. 4753–4765, 2007.

63

YAUCH, L.E.; SHRESTA, S. Dengue virus vaccine development. Advances in Virus

Research. v. 88, p. 315-72, 2014.

ZANDI, K. et al. Antiviral activity of Avicennia marina against herpes simplex virus

type 1 and vaccine strain of poliovirus (An in vitro study). Journal of Medicinal

Plants Research. v. 3, n. 10, p. 771-775, 2009.

ZANDI, K. et al. Antiviral activity of four types of bioflavonoid against dengue virus

type-2. Virology Journal. v. 8, p. 560, 2011.

ZANDI, K. et al. Extract of Scutellaria baicalensis inhibits dengue virus replication.

Complementary and Alternative Medicine. v. 13, n. 91, 2013.