52
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR E GENÔMICA CURSO DE BIOMEDICINA Relação entre APE1 e NFE2L2 na regulação de genes ligados à resposta ao estresse oxidativo Lucas Oliveira Guerra Natal-RN Nov/2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · estes danos gerados por ERO, como enzimas responsáveis pela eliminação dos ERO e de reparo de DNA. Tendo em vista esses

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

LABORATÓRIO DE BIOLOGIA MOLECULAR E GENÔMICA

CURSO DE BIOMEDICINA

Relação entre APE1 e NFE2L2 na regulação de genes ligados à

resposta ao estresse oxidativo

Lucas Oliveira Guerra

Natal-RN Nov/2018

2

Relação entre APE1 e NFE2L2 na regulação de genes ligados à

resposta ao estresse oxidativo

Por

Lucas Oliveira Guerra

Orientadora: Prof. Dra. Lucymara Fassarella Agnez Lima

Natal

Nov/2018

Monografia Apresentada à Coordenação do Curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Bacharel em Biomedicina.

3

4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

CURSO DE BIOMEDICINA

A Monografia relação entre APE1 e NFE2L2 na regulação de genes ligados a

resposta ao estresse oxidativo

elaborado por Lucas Oliveira Guerra

e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de

BACHAREL EM BIOMEDICINA

Natal, 23 de Novembro de 2018

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Dra. Lucymara Fassarella Agnez Lima (Departamento de Biologia celular e

Genética)

_________________________________________

Dra. Fabiana Lima Bezerra (Departamento de Microbiologia e Parasitologia)

_________________________________________

Dra. Julliane Tamara Araújo de Melo Campos (FACISA/UFRN)

5

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq,

instituição financiadora do projeto.

Ao grupo da “meningite”, especialmente a Fabrícia, Daniele, Ana Helena e Thaís

por todo o suporte e paciência para me ajudar desde que comecei no laboratório.

A professora Dra. Lucymara Fassarella Agnez-Lima pela oportunidade no LBMG

e todo incentivo nos projetos.

Agradeço, por fim, a minha família, aos professores do curso e aos meus amigos

que fiz na instituição, principalmente Letícia, Lukas, Brunna e Maria Eduarda, por

todo apoio durante esta jornada, por todo carinho e atenção durante os piores

momentos, e por estarem sempre presentes na minha vida.

6

Resumo

Organismos aeróbios enfrentam um dilema quanto aos benefícios gerados

pela respiração dependente de O2 e aos danos oxidados gerados pela formação

de espécies reativas de oxigênio (ERO), que oxidam biomoléculas e por isso são

importantes na resposta a agentes infecciosos. No entanto, essas moléculas

bioreativas geradas a partir do O2 também causam danos às células do

organismo, levando a complicações principalmente no DNA, lipídeos e proteínas,

por isso é imprescindível para a célula ter um mecanismo de proteção contra

estes danos gerados por ERO, como enzimas responsáveis pela eliminação dos

ERO e de reparo de DNA. Tendo em vista esses mecanismos, há APE1/Ref-1

como uma proteína multifuncional tendo função de reduzir fatores

transcricionais, muitas vezes facilitando a ligação do mesmo com o DNA, e ainda

função na via de reparo por excisão de bases (BER, do inglês: base excision

repair) e NFE2L2, um regulador chave na resposta celular ao estresse oxidativo,

responsável por promover a transcrição de inúmeras moléculas reguladoras da

homeostase redox, como o HMOX-1. O presente estudo procurou elucidar de

que maneira ambas as proteínas podem estar se relacionando intracelularmente

e se há diferença nessa relação ao bloquear porções distintas de APE1/Ref-1,

uma vez que em trabalhos prévios do nosso grupo foi possível observar uma

interação entre ambas as proteínas por meio de co-imunopreciptação e

sobreposição de genes em listas de transcriptomas obtidos a partir da utilização

de inibidores das diferentes funções de APE1/Ref-1. Para isso, foi proposto um

modelo de estudo baseado na cultura celular de monócitos (U937), na qual a

inflamação foi estimulada adicionando lipopolissacarídeo (LPS) à cultura por

tempo de 24 h. Posteriormente algumas culturas foram tratadas com um inibidor

indireto da função de reparo de DNA de APE1, a metoxiamina (MTX), e um

inibidor de sua função redox, ativador de fatores transcricionais, o E3330, por

mais 4 h, após o tempo com LPS. Resultados de qPCR nos mostraram que

houve um aumento na expressão gênica de NFE2L2 e de seu alvo downstream

HMOX-1 quando a cultura celular foi submetida ao tratamento com LPS+E3330

e apenas com E3330 o que nos leva a concluir que houve uma possível

regulação negativa da porção redox de APE1/Ref-1 sobre NFE2L2, e

7

consequentemente sobre seu gene-alvo HMOX-1. Resultados preliminares de

western blot foram obtidos, porém faz-se necessário a continuidade dos

experimentos a fim de obter reprodutibilidade e maior confiabilidade nos

resultados.

Palavras-chave: Inflamação. Espécie reativa de oxigênio. LPS. APE1. NFE2L2

8

Abstract

Aerobic organisms faces a quandary as to the benefits acquired by the

aerobic respiration (which requires oxygen) and the damage caused by

generation of reactive oxygen species (ROS), which cause oxidation of

biomolecules. That propriety makes it important to eliminate infectious agents.

However, this bioreactive molecules generated by O2 also leads to damage to

organism it-self, especially in DNA, lipids and proteins, that’s why is

indispensable to the cell to have a defense mechanism against those damage

caused by ROS, as enzymes responsible for maintain redox status and DNA

repair enzymes. Aiming to observe the function of APE1, an enzyme the acts in

DNA repair pathway, and its function as a transcription factor reducer, along the

action of NFE2L2 as a transcription factor responsible to increase intracellular

levels of bioprotector molecules, like heme oxygenase 1(HMOX-1), these work

proposes to elucidated how both of these proteins interacts in the living cell and

whether exists a difference in that interaction when we use inhibitors for DNA

repair function and redox function of APE1/Ref-1. Once previous works of our

group showed up an interaction of APE1/Ref-1 with NFE2L2 in co-

immunoprecipitation and similarity of the gens observed in transcriptomes using

different APE1/Ref-1 inhibitors. Our group comes up with a cellular model of

inflammation using monocytes (U937), which an inflammatory model was

induced using LPS in cell culture for 24h; the negative control group did not

receive LPS. After that, both receive an indirect inhibitor of DNA repair function of

APE1, metoxyamine (MTX) or an inhibitor of redox function of APE1, E3330, both

were used for 4h in cellular culture after the 24h with LPS. Results of qPCR

showed that the levels of mRNA of NFE2L2 and its downstream target was

increased in cellular model containing just E3330 and the one that contains

LPS+E3330. These data may indicate that APE1 may control NFE2L2 in a

negative way. Preliminary results with western blot were obtained, but it needs

further experiments to get more reliable data.

Keywords: Inflammation. Reactive oxygen species. LPS. APE1. NFE2L2

9

ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS ...........................................................................10

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................11

LISTA DE TABELAS ........................................................................................12

INTRODUÇÃO...................................................................................................13

Espécies reativas de oxigênio............................................................13

Inflamação............................................................................................16

Mecanismos de reparo de dano oxidados e APE1............................16

Inibidores de APE1...............................................................................22

Análises de dados dos transcriptomas..............................................22

NFE2L2 e seu papel chave a resposta ao estresse oxidativo..............23

OBJETIVOS .....................................................................................................27

Objetivo geral........................................................................................27

Objetivo específico..............................................................................27

METODOLOGIA ...............................................................................................28

Análise da vias enriquecidas nas listas de transcritos ....................28

Indução da inflamação e tratamento com inibidor. ..........................28

Extração de RNA e proteínas.................................................................29

q-PCR .....................................................................................................29

Western Blot..........................................................................................30

RESULTADOS .................................................................................................32

DISCUSSÃO .....................................................................................................42

CONCLUSÕES ................................................................................................. 47

REFERÊNCIAS ................................................................................................48

10

LISTA DE ABREVIATURAS

ERO – Espécies reativas de oxigênio

ERNs – Espécies reativas de nitrogênio

BER – Reparo por excisão de base

APE1 – Apurina/apirimidina (AP) endonuclease 1

UDG – Uracil DNA Glicosilase

MPG – N-Metilpurina DNA Glicosilase

OGG1 – 8-Oxoguanine DNA Glicosilase

NF-kB – Fator Nuclear kappa B

AP-1 – Activator Protein 1

TNF-α –Fator de Necrose Tumoral alfa

LPS – Lipopolissacarídeo

HIF-1 – Fator indutor de hipóxia 1

Erg-1 – Early Growth Response 1

E3330 – E) - 3 - (5, 6 - dimetoxi - 3 - metil - 1, 4 - dioxociclohexa - 2, 5 - dienil) - 2 - ácido

nonilpropenóico

MTX – Metoxiamina

NRF1 – Fator respitatório nuclear 1

SOD – Superóxido Dismutase

CAT – Catalase

GTPx – Glutationa Peroxidase

TRX – Tioredoxina

PRX – Peroxiredoxina

GST – Glutationa Transferase

HMOX-1 – Hemeoxigenase 1

NFE2L2 – Fator nuclear (eritróide)-like 2

Keap1 - Proteína associada a Kelch like 1

11

LISTA DE FIGURAS

Figura1. Redução O2 em H2O

Figura 2. Modificações de bases induzidas por espécies reativas de oxigênio

Figura 3. Via de reparo por excisão de bases

Figura 4. Atividades de APE1

Figura 5. Interseção transcriptoma down regulado de E3330 x alvos de NFE2L2

Figura 6. Interseção transcriptoma down regulado MTX x alvos NFE2L2

Figura 7. Interseção transcriptoma up regulado E3330 x alvos NFE2L2

Figura 8. Interseçãao transcriptoma up regulado MTX x alvos NFE2L2

Figura 9. Alteração da expressão de APE1 em células U937

Figura 10. Alteração da expressão de NFE2L2 em células U937

Figura 11. Alteração da expressão de HMOX-1 em células U937

Figura 12. Western blot para NFE2L2 e o controle endógeno b-actina.

Figura 13. Porcentagem relativa ao controle da expressão proteica de NFE2L2.

Figura 14. Western blot para APE1 e o controle endógeno b-catenina.

Figura 15. Mecanismo teórico da interação APE1 e NFE2L2 em resposta ao

estresse oxidativo

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sequências dos primers utilizados para qPCR.

13

1. Introdução

1.1 Espécies reativas de oxigênio

A utilização de oxigênio (O2) no metabolismo energético de organismos

aeróbios é fundamental para oxidação completa da molécula de glicose, o que

garante uma produção elevada de ATP quando comparado à oxidação da

mesma em condições anaeróbias. Do total de oxigênio captado pela célula em

condições de aerobiose, 90% é utilizado na cadeia transportadora de elétrons,

sendo reduzido a água pelo complexo IV da mesma. O restante é reduzido a

radical ânion superóxido (O2‾) por meio da adição de um elétron, em seguida há

a adição de mais um elétron formando peróxido de hidrogênio (H2O2) e mais um

elétron em seguida é adicionado para formar o radical hidroxila (OH‾). As

espécies reativas de oxigênio (ERO) são átomos, moléculas ou íons derivados

do oxigênio, possuindo alta reatividade e instabilidade. Sendo produzidas como

resultado do metabolismo normal do organismo aeróbio como mostrado na

figura 1. A geração de radicais livres ocorre, em sua maioria, nas mitocôndrias,

membranas celulares e no citoplasma. Sendo a mitocôndria a principal fonte

geradora de radicais livres que se da por meio da cadeia transportadora de

elétrons durante a produção aeróbia de energia a partir de glicose e oxigênio. As

enzimas NADPH oxidases (NOX) são proteínas de membrana que tem a função

de transferir elétrons através das membranas celulares, podendo atuar na

geração de ERO no combate a patógenos (BARBOSA et al., 2010). Estas

moléculas, quando produzidas de maneira moderada, estão envolvidas na

eliminação de organismos patogênicos durante a inflamação, fagocitose,

produção de energia, sinalização intracelular e síntese de substâncias biológicas

(FELIPE MARTELLI et al., 1972), mas em altas concentrações elas produzem

modificações importantes em componentes celulares como proteínas, lipídeos e

ácidos nucléicos. Desta forma se mostra necessário haver um balanço entre a

sua produção e a sua depleção a fim de evitar a manifestação dos efeitos

deletérios à célula (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006; DE OLIVEIRA;

SCHOFFEN, 2010).

As ERO podem ser divididas em 2 grupos: radicais livres e não-radicais. Os

radicais livres são aquelas moléculas contendo um ou mais elétrons

desemparelhados (ex. ânion superóxido e radical hidroxil), o que confere a alta

14

reatividade a molécula. Os não-radicais são resultado do compartilhamento dos

elétrons desemparelhados de dois radicais livres, e um exemplo deste tipo de

ERO é o peroxido de hidrogênio (H2O2) e o gás ozônio (O3) (BIRBEN et al.,

2012).

Figura 1. Mecanismo de produção de ERO e sua posterior conversão em 2 moléculas de água (H2O).

Os seres vivos que dependem dos processos oxidativos para manutenção de

suas funções metabólicas possuem mecanismos antioxidantes capazes de

regular estes processos e evitar que haja a produção elevada de ERO e com

isso sua ação deletéria sobre biomoléculas. Os antioxidantes são divididos em 2

grupos: antioxidantes enzimáticos: superóxido desmutase (SOD), catalase

(CAT), glutationa peroxidades (GTPx), tioredoxina (TRX), peroxiredoxina (PRX),

glutationa transferase (GST) e hemeoxigenase-1 (HMOX-1); e antioxidantes não

enzimáticos: retinol (Vitamina A), tocoferol (Vitamina E), ácidos ascórbico

(vitamina C), beta caroteno e gluatationa (GSH) (BIRBEN et al., 2012).

O estresse oxidativo é caracterizado pela superprodução de ERO como

ânion superóxido, peróxido de hidrogênio e radical hidroxil sem que haja uma

eficiente depleção destas ou ainda devido à disfunção dos compostos

antioxidantes (HALLIWELL, 1994). Sob condições normais o balanço entre a

produção endógena de ERO e a capacidade de remoção dos mesmos por

mecanismos antioxidantes garante a sobrevivência do organismo (LIU et al.,

2018). O estresse oxidativo é capaz de gerar danos as principais biomoléculas

do organismo, levando a lipoperoxidação, danos oxidados no DNA e oxidação

de proteínas.

A lipoperoxidação leva à desorganização da bicamada lipídica que compõe a

membrana celular o que leva a inativação de receptores ligados a membrana e

aumenta a permeabilidade da mesma (GIROTTI, 1985). Produtos de

lipoperoxidação como aldeídos insaturados são capazes de formar cross-links

com proteínas celulares levando a sua inativação (ESTERBAUER et al., 1986).

15

Já em proteínas, as ERO podem levar a quebra da cadeia peptídica, alteração

da carga da proteína, formação de cross-links de proteínas e oxidar

determinados aminoácidos aumentando a susceptibilidade de haver proteólise

(KELLY; MUDWAY, 2003). No DNA, as ERO podem levar a diversas

modificações como: a degradação de bases, quebras simples ou duplas da fita

de DNA, modificações nas bases nitrogenadas, deleções e translocações.

Dentre estas o dano principal gerado pela oxidação na molécula de DNA é a

formação de 8-oxoguanina (revisado em Agnez-Lima et al., 2012). Danos

oxidados no DNA levam a processos de carcinogênese, envelhecimento

precoce, doenças autoimunes e neurodegenerativas caso não sejam reparados

pelos mecanismos de reparo de DNA intrínsecos às células. As principais

modificações causadas pelo estresse oxidativo na molécula de DNA são

mostradas na Figura 2.

Figura 2. Modificações de bases induzidas por ERO. (Retirado de BIRBEN et al.,

2012)

16

1.2 Inflamação

A inflamação uma resposta protetora do hospedeiro a microrganismos

invasores, podendo ela mesma levar a lesões teciduais. A resposta imune se da

pelo reconhecimento de padrões moleculares conservados em microrganismos

por meio de receptores Toll-like (TLRs) (ABBAS et al., 2012), culminando da

ativação de genes como NF-kB e AP-1, os quais são alvos transcricionais de

APE1. Além de promover a elevação da expressão de citocinas pro-

inflamatórias, a ativação destes receptores resulta na produção de ERO

resultante da ativação de NADPH oxidase (NOX) (OGIER-DENIS; MKADDEM;

VANDEWALLE, 2008). Células fagocíticas como macrófagos e neutrófilos

dependem da ativação de NOX para produção de ERO, sendo a elevação das

espécies reativas o mecanismo pelo qual estas células conseguem eliminar

eficientemente patógenos fagocitados (LAMBETH, 2004).

1.3 Mecanismos de reparo de danos oxidados e APE1

As lesões causadas por ERO no DNA são, em sua maioria, reparadas pela

via de reparo por excisão de bases (BER, base excision repair). BER é um

mecanismo celular de reparo de DNA, sendo responsável principalmente por

remover pequenas lesões que não distorcem a dupla fita, como bases

danificadas que se não forem reparadas podem levar a mutações e quebras da

fita de DNA durante a replicação caso permaneçam. Exemplos de danos nas

bases reparados por BER são bases oxidadas como 8-oxoguanina, bases

alquiladas como 7-metilguanina e bases desaminadas como hipoxantinas

formadas pela desaminação de adenina. Além disto, a via BER é o principal

mecanismo de reparo no DNAmt, sendo responsável pela integridade

mitocondrial devido a extensa produção de ERO no interior da mesma, levando

a processos de senescência celular quando não esta atuando de maneira efetiva

(SAS; SZABÓ; VÉCSEI, 2018).

A endonuclease apurínica/apirimidínica 1 (APE1) é uma proteína de extrema

importância nesta via, fazendo parte da família das exonucleases III que agem

por meio da retirada de sítios abásicos no DNA gerando assim uma extremidade

3’-OH livre para ação de uma DNA polimerase e posteriormente da DNA ligase,

finalizando o reparo. (AGNEZ-LIMA et al., 2012). O início da via BER se dá com

17

o reconhecimento da base danificada por uma DNA glicosilase, que podem ser

de dois tipos, as monofuncionais como UDG e MPG, e as bifuncionais como 8-

oxo-guanina glicosilase (OGG1). As monofuncionais são aquelas capazes

apenas de remover o base danificada, o que resulta em um sitio AP, que por sua

vez é clivado por uma AP endonuclease como APE1 produzindo uma ponta

3’OH e uma 5’dRP a qual é processada pela DNA pol β produzindo um terminal

5’P. As glicosilases bifuncionais além de clivarem a base danificada, também

são capazes de atuar como endonucleases, gerando pontas 3’dRP e 5’P

(OGG1) ou 3’P e 5’P (NEILs) (WALLACE; MURPHY; SWEASY, 2012). Estas

pontas 3’ necessitam ser processadas para gerar 3’OH e 5’P (HEGDE et al.,

2012) (SKARPENGLAND et al., 2016). Assim, por meio da ação de DNA

polimerases (polimerase β ou polimerase δ/ε com PCNA) há a inserção de um

novo nucleotídeo neste local e o reparo é finalizado com a atividade da DNA-

ligase que sela a ligação entre os nucleotídeos (THAPAR; DEMPLE, 2017).

Mais especificamente existem dois caminhos pelos quais a via BER pode

seguir a partir do sitio AP gerado pela DNA glicosilase, a polimerase β pode

inserir um nucleotídeo no sitio AP seguida da ação da DNA ligase 3 (Lig3) e

XRCC1, selando a fita e finalizando o reparo (short pacth BER, ou SP-BER). O

outro caminho que a via pode percorrer é a do Long Pacth BER, no qual as

polimerases δ e ε fazem a remoção de alguns nucleotídeos adjacentes ao sitio

AP e em seguida promovem o reparo através de FEN-1 e PCNA, esta última

ainda atua como proteína auxiliar para a polimerase δ e Lig 1, as quais selam a

fita e finalizam o reparo. (Figura 3).

18

Figura 3. O reparo por BER pode ocorrer por 2 maneiras diferentes: via curta

(short patch) na qual é removido apenas um nucleotídeo; e a via longa (long patch) na qual são removidos de 2 ou mais nucleotídeos (ROBERTSON et al., 2009).

As proteínas da via BER podem desempenhar funções além daquelas já

citadas de reparo de bases oxidadas no DNA, elas também têm sido descritas

como responsáveis por desempenhar outros mecanismos celulares. Dentre

estas, pode-se citar a APE1, proteína que exibe atividade de reparo na via BER,

mas também é responsável pela redução de diversos fatores transcricionais,

ativando-os. Estas duas atividades são mediadas por duas regiões distintas da

proteína, a região N-terminal desempenha a função redox, capaz de reduzir

fatores transcricionais (FTs), enquanto a região C-terminal desempenha a

função de reparo.

O gene humano de APE1 (APEX1) esta localizado no cromossomo 14 e

possui cerca de 3 kb de tamanho e codifica uma proteína com cerca de 37 kDa

(revisado por Thakur et al. 2014). A atividade de reparo de APE1 é restrita a

região C-terminal, o qual contém 3 resíduos em seu domínio que formam um

bolso hidrofóbico que reconhece e se liga a sítios AP, promovendo quebra de

19

ligação fosfodiéster 5’ gerando um 3’OH e 5’dRP para ação da DNA polimerase

(THAKUR et al., 2014).

APE1/Ref-1 ativa fatores de transcrição como AP-1 (Fos e Jun), NF-kB, Egr-

1, P53 e HIF-1, os quais estão envolvidos em processos de sobrevivência

celular, sinalização de crescimento e processos inflamatórios, aumentando a

atividade de ligação destes com o DNA (FISHEL et al., 2015). A ativação destes

FTs por APE1/Ref-1 se dá pela redução de sítios específicos de cisteína (Cys)

localizados no domínio de ligação ao DNA destes FTs, o que controla a

atividade transcricional do próprio FT. O mecanismo pelo qual APE1/Ref-1 ativa

os FTs se dá pela troca de um próton (H+) proveniente de um dos sítios ativos

de Cys na região N-terminal de APE1 (Cys65, Cys93, Cys99 or Cys138)

reduzindo os FTs (THAKUR et al., 2014). Ao reduzir outras proteínas, APE1

adquire um estado oxidado o que a impossibilita de realizar novas reduções.

Para manutenção do estado reduzido de FTs, APE1 necessita ser reduzida

novamente e isto é feito pela tiorredoxina (TRX) (QIN et al., 1996) (Figura 4).

Durante o processo inflamatório, alguns dos fatores reduzidos por APE1,

como NF-kB e AP-1, são necessários para promover a expressão de citocinas e

quimiocinas pró-inflamatórias. Observou-se que a utilização de um inibidor da

atividade redox de APE1 (E3330) reduz a expressão de TNF-α, IL-6, IL-12 e de

mediadores inflamatórios como oxido nítrico (NO) e prostaglandina E2 (PGE2)

em macrófagos tratados com LPS (JEDINAK et al., 2011). Nosso grupo, em

trabalhos anteriores, também observou estes mesmos efeitos ocorrendo em

monócitos U937.

A regulação transcricional promovida por APE1 também se deve por sua

função de endonuclease. Estudos recentes demonstram que genes alvo da

desmetilase LSD1 necessitam da atividade endonucleásica de APE1 para sua

transcrição. A ativação transcricional de genes é associada à metilação da lisina

4 (H3K4), da lisina 6 (H3K6) e da lisina 79 (H3K79), enquanto a metilação da

lisina 9 (H3K9) está ligada a inativação transcricional (KOUZARIDES, 2007).

LSD1 é uma enzima que contem flavina adenina dinucleotideo (FAD) e, ao

promover a desmetilação de histonas, ela gera H2O2, causando danos oxidados

ao DNA que necessitam de reparo efetivado pela OGG1 e APE1 (AMENTE et al.,

2010). Ao utilizar um inibidor indireto da função de reparo de APE1, como a MTX,

20

é provável que ocorra uma falha na progressão da expressão dos genes alvo de

LSD1, uma vez que o promotor contendo o sítio AP está ocupado pelo inibidor

indireto do reparo de DNA, mostrando que a função de endonuclease da APE1

pode estar ligada à promoção da expressão gênica.

Figura 4. APE1: proteína multifuncional, atuando no reparo de DNA e na ativação de fatores de transcrição responsáveis pela ativação de genes ligados à sobrevivência celular. (Figura retirada e traduzida de Tell et al., 2009).

A regulação de APE1 ocorre a nível transcricional e pós-traducional. A

presença de ERO, assim como alguns hormônios, pode estimular a síntese

proteica de APE1 e sua translocação para o núcleo (HSIEH et al., 2001).

Modificações pos-traducionais como acetilação, fosforilação e ubiquitinação

regulam a atividade de APE1 na célula, a estabilidade da proteína, sua interação

com outras proteínas e a distribuição celular(HEGDE; IZUMI; MITRA, 2012). Sua

atividade é de extrema importância para manutenção da estabilidade genômica

celular devido sua multifuncionalidade. Estudos prévios demonstram que a

ausência de APE1 é letal ainda no estágio embrionário, assim como seu

21

silenciamento em células tumorais pode ser uma perspectiva de terapia, uma

vez que sem ela há redução de atividade proliferativa e apoptose nestas células

(ZOU; MAITRA, 2008; JIANG et al., 2010). A desregulação de APE1 é associada

ainda ao aparecimento de doenças neurodegenerativas (NDs) (DAVYDOV;

HANSEN; SHACKELFORD, 2003), doenças cardiovasculares (CVDs) (CHOI;

KYOUNG JOO; HWA JEON, 2016) e progressão tumoral. Devido o alto

metabolismo e alta taxa de consumo de O2 neuronal, uma disfunção em APE1

prejudicaria BER neste tipo celular o que causa efeitos pronunciados e a

progressão acelerada da doença. Estudos baseados no aumento de fatores

antioxidantes ou no próprio aumento da expressão de APE1 em neurônios se

mostra neuroprotetora (MANTHA et al., 2012).

Os trabalhos disponíveis na literatura até o presente momento indicam que as

funções de APE1 como ativador de fatores de transcrição e de reparo de DNA

são completamente independentes, atuando de maneira separada. Luo et al.

(2008) demonstraram por meio de mutações na Cys65 do sitio ativo de APE1

inibiu sua função de redox sem alterar sua função de reparo, ao passo que

mutações em sítios críticos para a função de reparo de APE1, como a His39,

cessou sua atividade de reparo sem comprometer a função redox.

Tendo em vista sua dupla atividade, atuando tanto na via de reparo BER

quanto como um importante redutor de fatores de transcrição, é possível estudar

como estas atividades atuam separadamente, utilizando inibidores da função de

reparo indiretos (Metoxiamina) e inibidores da função redox (E3330).

22

1.4 Inibidores de APE1

A metoxiamina (MTX) é uma pequena molécula que age se ligando

diretamente aos sítios AP gerados após a ação da DNA glicosilase, impedindo

desta forma que APE1 consiga se ligar a estes e realizar a sua atividade, sendo

assim a Metoxiamina um inibidor indireto da atividade de reparo de APE1 (LAEV;

SALAKHUTDINOV; LAVRIK, 2017). A ação de MTX sobre o reparo de DNA por

APE1 pode levar a alterações na expressão gênica, mostrando, mesmo que

indiretamente, que ambas as funções podem ter pontos semelhantes em que

atuam de modo conjunto.

(E)-3-(5,6-dimetoxi-3-metil-1,4-dioxociclohexa-2,5-dienil)-2-ácido

nonilpropenóico (E3330) é um derivado quinino capaz de bloquear diretamente a

atividade redox de APE1, sua atividade consiste em se ligar a uma região

específica na porção N-terminal de APE1 aumentando a formação de pontes

disulfeto envolvendo os resíduos Cys65 e/ou Cys 93, de forma que diminui a

capacidade redox destes resíduos na molécula de APE1, tornando-a incapaz de

ativar fatores transcricionais (GROSS; GEORGIADIS, 2012).

1.5 Análises de danos dos transcriptomas

Análises de transcriptomas feitos anteriormente para linhagem de monócitos

U937 induzidos à inflamação com LPS na presença de Metoxiamina e E3330

revelaram diversos genes estando up ou down regulados. Utilizando o iRegulon

(ferramenta plugin do Cytoscape, que detecta regiões consenso enriquecidas

para fatores de transcrição e o seu conjunto de alvos), foi possível estabelecer

quais eram os principais fatores de transcrição envolvidos com a expressão

destes genes, revelando três fatores transcricionais que estavam diretamente

ligados à expressão da maioria dos genes de ambas as redes (E3330 e MX)

down, Elk1, nuclear respiratory fator 1 (NRF1) e GA-binding protein A (GABPA).

Da mesma forma, resultados anteriores de estudos realizados pelo nosso grupo

demonstrou a interação entre APE1 e NFE2L2 por meio de Co-imunopreciptação

em fibroblastos MRC-5. Tendo em vista que NRF1, GABPA e Elk1 são alvos

trancricionais de NFE2L2 segundo o ChipAtlas, é interessante avaliar de que

23

maneira a inibição das diferentes porções de APE1 pode influenciar em NFE2L2

e nos seus gene-alvo, como HMOX-1. A sobreposição dos fatores transcricionais

em ambas as redes down reguladas pode indicar uma possível sobreposição das

funções de APE1, ou seja, talvez elas não sejam tão independentes quanto é

exposto na literatura atualmente. Os genes encontrados na rede down de E3330

estão envolvidos primariamente na biogênese ribossomal, processos

mitocondriais, expressão gênica e resposta imune, enquanto os genes

encontrados na rede down de MTX possuem funções ligadas a processamento

metabólico de RNAr, processamento metabólico de coenzimas, e processamento

metabólico de RNA.

1.6 NFE2L2 e seu papel chave na resposta ao estresse oxidativo

Ao serem expostos a eventos oxidativos, mecanismos celulares conseguem

responder rapidamente ativando genes e enzimas responsáveis por eliminar tais

estressores, mantendo a homeostase redox. O NFE2L2, do inglês nuclear factor,

erythroid 2 like 2, é um regulador chave na defesa celular contra o estresse

oxidativo (HIGGINS; HAYES, 2011). O gene para esta proteína se localiza no

cromossomo humano 2, possui 605 aminoácidos e apresenta massa de 67,8

kDa. Sob condições celulares normais, NFE2L2 encontra-se na forma de um

heterodímero com Keap1, um potente repressor da atividade de NFE2L2 que a

ancora no citoplasma inibindo sua atividade e levando-a rapidamente para

degradação por mecanismos de ubiquitina-proteassoma (PIANTADOSI;

SULIMAN, 2012). NFE2L2 tem ação direta sobre a homeostase de ERO e ERNs

ao promover ativação do sistema de defesa antioxidante por meio de diversos

mecanismos, entre eles: indução do catabolismo de superóxidos e peróxidos por

SOD e gluationa peroxidase (GPx); regeneração de cofatores e proteínas que

foram oxidados, como glutationa oxidada (GSSG) sendo reduzida por glutationa

redutase (GSR) e TRX oxidada sendo reduzida por Txnrd1; síntese de glutationa

reduzida (GSH) por intermédio de GCLC e GCLM; aumento da expressão de

TRX e inibição do inibidor de TRX (TXNIP); e aumento da expressão de HMOX-1

(MA, 2013).

24

Keap1 é uma proteína rica em sítios de cisteína, atuando como um sensor de

estresse redox. A presença de estresse oxidativo pode desencadear a ativação

de indutores que desfazem o complexo Keap1-NFE2L2 ao modificar 2 resíduos

de cisteína em Keap1(C273 e C288) dentre os 25 resíduos deste aminoácido

presente na proteína. Desta forma, com a dissociação deste complexo, NFE2L2

é translocada para o núcleo onde pode atuar como fator transcricional para

proteínas de estresse oxidativo (WAKABAYASHI et al., 2004). A presença de

Keap1 como um repressor de NFE2L2 é indispensável para a viabilidade celular.

O knockout do gene de Keap1 induz uma ativação constitutiva de NFE2L2 que

leva a morte pós-natal em camundongos, mostrando que o balanço entre os

compostos oxidantes e antioxidantes deve ser precisamente regulado a fim de

manter a homeostase celular (WAKABAYASHI et al., 2003). Quando

desassociada de Keap1, NFE2L2 é translocada para o núcleo, onde se liga a

AREs (elementos de resposta antioxidante) promovendo a transcrição de genes

relacionados à atividade antioxidante, como HMOX-1, glutationa-S-transferase

(GSTM1), multidrug-resistance associetaed efflux pumps, NADPH

desidrogensase quinona (NQO-1), Gadd45a, Tiorredoxina redutase 1 (Txnrd1),

GCLM, GCLC e Tiorredoxina (TRX) (KOBAYASHI; YAMAMOTO, 2005; LI;

KONG, 2010).

Sendo assim, a desregulação de NFE2L2 e dos seus genes regulados estão

ligadas a diversas patologias humanas, principalmente aquelas ligadas ao

processo de envelhecimento, no qual há um aumento do ambiente oxidativo no

organismo, como: câncer, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes e

neurodegenerativas (HYBERTSON et al., 2011). A ativação de NFE2L2 tem se

mostrado como neuroprotetora, levando a melhorias fenotípicas em

camundongos modelo de Alzheimer e aumentando sua expectativa de vida (CUI

et al., 2017). Islam et al. (2015) mostraram a associação entre a redução da

atividade de NFE2L2 em pacientes com isquemia de membros, observando que

no músculo esquelético destes pacientes havia uma menor quantidade de

proteínas antioxidantes e um aumento nos biomarcadores de estresse oxidativo.

Tendo em vista o papel da mitocôndria no metabolismo aeróbio, a elevada

produção de ERO é balanceada por mecanismos antioxidantes e NFE2L2 tem

papel central na regulação da homeostase redox mitocondrial.

25

Células knockout para NFE2L2 exibem apoptose espontânea com maior

frequência e são mais sensíveis a exposição à toxicantes que induzem dano

mitocondrial, além de desenvolverem doenças autoimunes e inflamatórias

comumente associadas ao envelhecimento (MA, 2013). Além da função protetora

na mitocôndria, foi visto que NFE2L2 estimula a biogênese mitocondrial em

cardiomiócitos através de up regulation de HMOX-1 e NRF1, e este último induz

a expressão de TFAM, fator de transcrição mitocondrial A, o que leva a

transcrição do genoma mitocondrial (PIANTADOSI et al., 2008).

A biogênese mitocondrial é um processo indispensável para manutenção dos

processos celulares dependentes de energia que ocorrem em larga escala

durante um evento de estresse oxidativo pronunciado, privação calórica, hipóxia

ou exercícios extenuantes. Alterações na função mitocondrial contribuem para o

aparecimento de doenças e processos ligados ao envelhecimento (PIANTADOSI

et al., 2008)

A manutenção das funções mitocondriais, assim como sua biogênese,

depende de uma sincronia entre a interação de genes nucleares e genes

mitocondriais, tal sincronia se dá pela presença de domínios conservados em

genes nucleares que codificam proteínas mitocondriais, sendo NRF1 e GABPA

os principais reguladores transcricionais que atuam nestes domínios, o que leva

a crer, juntamente com os dados da literatura, que estes são genes chave para o

processo de biogênese mitocondrial (SCARPULLA, 2008).

Diversos estudos demostram que o bloqueio de NFE2L2 aumenta a

susceptibilidade celular a apoptose por estresse oxidativo. Utilizando RNAsh para

fazer um knockdown da expressão de NFE2L2, FISHEL et al (2015), utilizando

uma linhagem celular derivada de um adenocarcinoma de ducto pancreático,

sugere que a atividade redox de APE1 pode estar regulando negativamente a

atividade de NFE2L2. Utilizando um inibidor da função redox de APE1, o (E3330)

observou-se um aumento da atividade transcricional de NFE2L2 quantificando a

expressão de três genes alvos clássicos HMOX-1, GCLC e GCLM, assim como a

inibição de APE1 por E3330 aumentou os níveis proteicos de NFE2L2.

Shan et al., (2015) utilizando cultura de células derivadas de tumor de

pulmão, realizou o knockdown de APE1 por meio de RNAsh, assim como um

mutante de APE1 sem atividade redox (APE1C65A) e observou que os níveis

26

dos alvos de NFE2L2 como HMOX-1, Gstm1 e Txnrd1 estavam

significativamente mais baixos que quando comparados com as células APE1

tipo selvagem. Além disso, foi feito Co-imunopreciptação para avaliar a interação

entre APE1 e NFE2L2 e foi observado que ocorre uma ligação entre estas

proteínas quando a cultura celular é submetida ao tratamento com peróxido de

hidrogênio, sugerindo que a atividade transcricional de NFE2L2 depende de uma

interação com APE1, que só é detectada quando a cultura é induzida ao

estresse.

O presente estudo procurou elucidar de que maneira ambas as proteínas

podem estar se relacionando intracelularmente e se há diferença nessa relação

ao bloquear porções distintas de APE1/Ref-1. Uma vez que se houve diferença

na expressão de NFE2L2 ao utilizar inibidores da função de APE1, então existe

alguma função celular pela qual APE1 se relaciona com NFE2L2. A utilização de

monócitos U937, induzidos à inflamação por LPS, para esta avaliação é nova e

com isso pretende-se trazer contribuições para a compreensão da função celular

pela qual APE1 age em NFE2L2 e como a utilização de inibidores das funções

de APE1 pode resultar em diferenças na expressão de NFE2L2 e seus alvo

downstream HMOX-1.

27

2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

O presente estudo teve como objetivo entender a relação entre a enzima de

reparo APE1 com NFE2L2 na resposta ao estresse oxidativo, quando na

presença de diferentes inibidores das funções redox e de reparo de APE1.

2.2 Objetivo específico

Verificar genes-alvo de NRF2 com sua expressão up ou down regulada nos

transcriptomas de U937 tratados com MTX ou E3330;

Verificar os efeitos de E3330 e MTX sobre a transcrição de APE1, NRF2 e

HMOX-1 durante o estresse oxidativo;

Verificar os efeitos de E3330 e MTX sobre a expressão proteica de APE1 e

NRF2 durante o estresse oxidativo.

28

3. Materiais e Métodos

3.1 Análise das redes Up e Down reguladas x alvos de NFE2L2

Os trancriptomas obtidos pelos tratamentos com metoxiamina e E3330,

incluindo apenas os genes com fold chance ≥2,00 ou ≤-2,00, foram cruzados

com a lista de genes alvo de NFR2 obtidas por meio do ChipAtlas utilizando os

critérios: Distance from TSS: ± 1 kb na espécie Homo sapiens.

3.2 Análise das vias enriquecidas na lista de genes comuns entre o

transcriptoma e os alvos de NFE2L2

Utilizando os genes em comum obtidos por meio do cruzamento entre os

trascriptomas e os alvos de NFE2L2 do ChipAtlas, foi feito o enriquecimento das

vias utilizando Panther Gene Ontology, que é capaz de identificar vias

metabólicas enriquecidas nas listas de transcritos, disponibilizado dados de

vários bancos de dados. Os critérios utilizados foram: Homo sapiens; Statistical

overrepresentation test. Ao final foram selecionados os cinco ou seis processos

os quais apareciam com maior relevância na rede enriquecida.

3.3 Cultura de células U937 e tratamento com LPS

As células em suspensão U937, linhagem de monócitos, foram cultivadas em

meio RPMI (Gibco) enriquecido com 10% de soro fetal bovino (SBF) (Gibco) e

1% de solução de antibiótico (Sigma) e incubadas a 37 ºC e 5% CO2. 2,5x106

células foram cultivdas em uma placa de 6 poços contendo 3mL de meio por

poço. O plaqueamento foi feito mantendo um grupo de células controle (com

apenas meio de cultura), células tratadas apenas com os inibidores de APE1,

E3330 (100 µM) e Metoxiamina (6mM), células induzidas a um modelo de

inflamação com lipopolisacarídeo bacteriano (LPS) 1ug/mL apenas e células

induzidas ao LPS juntamente com os inibidores de APE1. As células

permaneceram por 24h na presença de LPS e por 4h na presença dos

inibidores.

29

3.4 Extração de RNA e proteínas

O RNA total e as proteínas foram extraídos utilizando o kit comercial Illustra

triplePrep (GE Healthcare) para extração rápida de DNA, RNA e Proteínas

partindo de uma mesma amostra, usando colunas de purificação com formato

mini spin e reagentes específicos. Cada coluna do kit retém um tipo de

macromolécula da célula de modo que, o DNA é extraído primeiro, depois,

através de uma segunda coluna o RNA é extraído e por último as proteínas. A

extração seguiu as instruções do fabricante.

A quantificação de RNA foi realizada pelo NanoDrop™ (Thermo Scientific),

que quantifica DNA, RNA e proteínas a partir de poucos microlitros de amostra.

A quantificação de proteínas foi feita utilizando a tecnologia Quibit® 2.0

(Invitrogen).

3.5 qPCR

A análise por qPCR foi utilizada para quantificarmos a expressão de RNAm

de APE1, NFE2L2 e seu alvo HMOX-1. A qPCR foi normalizada com GAPDH.

A partir desta análise, poderemos inferir como a inibição de APE1, utilizando

E3330 para inibição de sua atividade redox e Metoxiamina para inibição da sua

função de reparo, interfere na relação entre estes genes. Foi extraído o RNAm

total da célula e utilizando o kit High Capacity cDNA Reverse Transcription

(Applied Biosystem) foi obtido o cDNA para utilização na qPCR. O mix para

transcrição reversa contém: 10x RT Buffer, 25x dNTP Mix (100mM), 10x RT

Random Primers (200nM), 50U MultiscribeTM Reverse Transcriptase (50U/μL),

água livre de nucleases e o RNA. A solução foi incubada em termociclador

(Mastercycler® ep, EPPENDORF) a 25°C por 10 minutos, seguidos de 120

minutos a 37°C e 5 minutos a 85°C. As amostras foram armazenadas a -80°C.

Utilizando primers específicos para cada um dos genes de interesse, estes

vão se anelar ao cDNA servindo como iniciadores para a polimerase e durante a

amplificação, a quantificação é determinada pela quantidade de produto

amplificado durante cada ciclo, através da fluorescência emitida pela sonda

30

SYBR® Green. As sequências dos primers utilizados encontram-se na Tabela

1.

Tabela 1. Lista de primers utilizados nas qPCRs.

3.6 Western Blot

Os níveis proteicos das proteínas de interesse foram analisados por Western

Blotting (WB) após a sua extração e quantificação como já descrito

anteriormente pelo kit Illustra triplePrep (GE Healthcare). Em síntese, 20 μg de

cada extrato proteico foram separados por eletroforese em gel de poliacrilamida

(do inglês polyacrylamide gel electrophoresis - SDS-PAGE). Após a corrida, a

transferência ocorreu em membrana de difluoreto de polivinilideno (do inglês

polyvinylidene difluoride – PVDF). Em seguida as membranas foram incubadas

em tampão de bloqueio (5% leite desnatado, 0.5 Tween-20 em TBS 1 X) durante

1 h, passado esse tempo foram incubadas por 16 h a 4 0C com os anticorpos

primários contra NFE2L2 fosforilada S-40 (Ab76026) e APE1 (Sc-17774). Após o

período de incubação as membranas foram lavadas com TBST 3 X por 10 min

cada e incubadas com anticorpo secundário específico conjugado com HRP

GENE Primer Foward Primer Reverse Referência

GAPDH TGCACCACCAACTGCTTAGC GGCATGGACTGTGGTCATGA FRIZZELL et al.,

2009

HMOX-

1

CAG GCA GAG AAT GCT GAG

GGCCACATAGATGTGGTA HIRAMATSU et

al., 2016

NFE2L2 CTTTTGGCGCAGACATTC C AAGACTGGGCTCTCGATGTG RAN et al., 2017

APE1 CTGCCTGGACTCTCTCATCAATAC CCTCATCGCCTATGCCGTAAG DI MASO et al.,

2007

31

para Anti-Rabbit IgG (RD Systems – HAF008) e Anti-mouse IgG (RD Systems –

HAF018). Por fim as membranas foram reveladas após lavagens com TBST 3 X

por 10 min cada, com o reagente de detecção ECL Prime Western Blotting

Detection Reagent (Amersham) e as imagens foram capturadas pelo sistema

Chemidoc (Bio-Rad). O valor para normalização pela densitometria foi definido

como a razão entre as médias das intensidades de cada proteína de cada

tratamento pela intensidade da β-actina para a membrana de NFE2L2 e β-

catenina para membrana de APE1, através do software de análise de

densitometria do Chemidoc.

32

4. Resultados

4.1 Down E3330 x Alvos NFE2L2

Por meio de análises obtidas pelo digrama de Venn e pelo Panther, que

analisa o enriquecimento funcional dos genes, por meio de processos biológicos,

observamos 914 genes que têm sua expressão Down regulada por E3330.

Destes 428 (46,8%) são alvos de NFE2L2 descritos pelo ChipAtlas. Estes 428

genes que são alvos de NFE2L2 e tiveram sua expressão diminuída pelo

tratamento com E3330 possuem funções ligadas a processos metabólicos de

RNA, biogênese de componentes celulares, organização mitocondrial,

processamento metabólico de RNAr.

33

Figura 5. Diagrama de Venn demonstrando que dentre os 914 genes down

regulados por E3330 no trancriptoma de U937 induzidos a inflamação por LPS, 428 são genes-alvo de NFE2L2 por análises no ChipAtlas. Abaixo, têm-se os processos metabólicos enriquecidos estatisticamente para os 428 genes em comum.

4.2 Down MTX x Alvos NFE2L2

Para a rede down regulada sob tratamento com MX foi observado 1286

genes. Destes, 577 genes (44,8%) são alvos de NFE2L2 descritos pelo

ChipAtlas. Estes 577 genes que são alvos de NFE2L2 e tiveram sua expressão

diminuída pelo tratamento com metoxiamina possuem funções ligadas a

processamento metabólico de RNAr, processamento metabólico de coenzimas,

processamento metabólico de RNA e na transcrição DNA-dependente.

34

Figura 6. Diagrama de Venn demonstrando que dentre os 1286 genes down

regulados por MTX no trancriptoma de U937 induzidos a inflamação por LPS, 577 são genes-alvo de NFE2L2 por análises no ChipAtlas. Abaixo, têm-se os processos metabólicos enriquecidos estatisticamente para os 577 genes em comum.

4.3 Up E3330 x Alvos NFE2L2

Para a rede up regulada foram vistos 2221 genes. Destes, 979 são alvos de

NFE2L2 descritos pelo ChipAtlas. Estes 979 (44,0%) genes que são alvos de

NFE2L2 e tiveram sua expressão aumentada pelo tratamento com E3330

possuem funções ligadas a regulação traducional, iniciação transcricional e

reparo de DNA.

35

Figura 7. Diagrama de Venn demonstrando que dentre os 2221 genes up

regulados por E3330 no trancriptoma de U937 induzidos a inflamação por LPS, 979 são genes-alvo de NFE2L2 por análises no ChipAtlas. Abaixo, têm-se os processos metabólicos enriquecidos estatisticamente para os 979 genes em comum.

4.4 Up MTX x Alvos NFE2L2

Foram vistos 1360 genes que têm sua expressão up regulada por

metoxiamina. Destes, 612 (45,0%) são alvos de NFE2L2 descritos pelo

ChipAtlas. Estes 612 genes que são alvos de NFE2L2 e tiveram sua expressão

aumentada pelo tratamento com metoxiamina possuem funções ligadas a

regulação traducional, processamento metabólico de RNAt, splicing de RNAm

via spliceosomo e processamento de RNAm.

36

Figura 8. Diagrama de Venn demonstrando que dentre os 1360 genes up

regulados por MTX no trancriptoma de U937 induzidos a inflamação por LPS, 612 são genes-alvo de NFE2L2 por análises no ChipAtlas. Abaixo, têm-se os processos metabólicos enriquecidos estatisticamente para os 612 genes em comum.

4.5 Análises qPCR

4.5.1 APE1

A expressão de APE1 nos tratamentos com apenas E3330, LPS+Metoxiamina

e apenas metoxiamina não foi alterada com relevância significativa por teste T

quando comparados em relação ao controle. Nas mesmas condições houve uma

pequena redução da expressão da mesma quando a cultura foi induzida ao

tratamento com apenas LPS (P= 0,025) e LPS+E3330 (P= 0,017). Comparando

por teste T todos os grupos em relação ao LPS foi possível observar um

aumento na expressão gênica de APE1 significativa em LPS+MTX (P= 0,0256) e

no tratamento apenas com MTX (P= 0,0352).

37

Figura 9. Alteração da expressão de APE1 em células U937 tratadas com LPS, com

E3330, metoxiamina, LPS+E3330 e LPS+metoxiamina. Teste paramétrico T de Student não pareado. * P<0,05. Alteração na expressão de APE1 observada quando comparados controle vs. LPS; controle vs. LPS+E3330; LPS vs. LPS+MTX; LPS vs. MT.

4.5.2 NFE2L2

A expressão de NFE2L2 analisada por teste T mostrou-se aumentada

estatisticamente nos tratamentos com E3330 (P= 0,0274) e LPS+E3330 (P

<0,0001), enquanto nos tratamentos utilizando apenas LPS, apenas

metoxiamina e LPS+metoximina não houve alteração significativa

estatisticamente. Todos comparados ao controle negativo. Utilizando o mesmo

teste, porém fazendo a comparação entre os grupos de tratamento em relação

ao LPS observou-se que LPS+E3330 também teve um aumento significativo (P=

0,0031). Com esse resultado, foi possível induzir que o aumento da expressão

de NFE2L2 se deu devido a inibição da função redox de APE1, principalmente

quando houve indução da inflamação por meio do LPS.

.

38

Figura 10. Alteração da expressão de NFE2L2 em células U937 tratadas com LPS,

com E3330, metoxiamina, LPS+E3330 e LPS+metoxiamina. Teste paramétrico T de Student não pareado * P<0,05; ***P<0,005. Alteração na expressão de NFE2L2 observada quando comparados controle vs. E3330; controle vs. LPS+E3330; LPS vs. LPS+E3330.

4.5.3 HMOX-1

A expressão de HMOX-1 analisada por teste T esta aumentada nos

tratamentos feitos com apenas LPS (P= 0,025), apenas E3330 (P= 0,0031) e

LPS+E3330 (P= 0,0007), quando comparados ao controle. Sua expressão não

foi alterada nos tratamentos utilizando apenas metoxiamina e LPS+metoxiamina,

também em comparação ao controle. Utilizando o mesmo teste, porém fazendo

a comparação entre os grupos de tratamento em relação ao LPS, foi observado

que houve aumento na expressão de NFE2L2 no tratamento de LPS+E3330

(P=0,0112). Este resultado corrobora com o resultado da qPCR para NFE2L2, o

qual tem sua expressão aumentada nos tratamentos com E3330 e LPS+E3330,

uma vez que HMOX-1 é gene-alvo de NFE2L2.

39

Figura 11. Alteração da expressão de HMOX-1 em células U937 tratadas com LPS,

com E3330, metoxiamina, LPS+E3330 e LPS+metoxiamina. Teste paramétrico T de Student não pareado. * P<0,05. ***P<0,005. Alteração na expressão de HMOX-1observada quando comparados controles vs. LPS; controle vs. LPS+E3330; controle vs. E3330; LPS vs. LPS+E3330.

4.6 Western Blot

4.6.1 NFE2L2 (S-40)

Os resultados de western blot para NFE2L2 fosforilado não mostraram

significância estatística utilizando teste paramétrico T de Student não pareado

relacionando o controle ao tratamento apenas com E3330, apenas

metoxiamina, LPS+E3330 e LPS+metoxiamina. No entanto, houve uma

redução mínima na expressão proteica de NFE2L2 quando a cultura foi

submetida apenas ao LPS (P= 0,0009). Fazendo o mesmo teste comparando

os grupos de tratamento com o LPS não foi observada relevância estatística

significativa na expressão proteica de NFE2L2.

40

A)

B)

Figura 12. Análise da expressão proteica de NFE2L2 através de Western Blot. A) Membrana PVDF contendo NFE2L2 (90kDa) e o gene de controle endógeno beta-actina (42kDa). B) Representação gráfica da diferença na expressão de NFE2L2 para os diferentes tratamentos celulares, demonstrando a porcentagem relativa ao controle da expressão proteica de NFE2L2. *** P<0,005. Teste paramétrico T de Student não pareado.

4.6.2 APE1

Os dados obtidos a partir do western blot feito para APE1, analisados por teste

T em relação ao controle, mostrou que apenas no tratamento com E3330

houve diferença significativa estatisticamente na expressão da proteína,

41

havendo um aumento da mesma (P= 0,0036). Fazendo o mesmo teste

relacionando os grupos de tratamento com o LPS não foi observada mudança

significativa estatisticamente na expressão proteica de APE1.

Figura 13. Análise da expressão proteica de APE1 através de Western Blot.

A) Membrana PVDF contendo APE1 (37kDa) e o gene de controle endógeno beta-catenina (92kDa). B) Representação gráfica da diferença na expressão de APE1 para os diferentes tratamentos celulares, demonstrando a porcentagem relativa ao controle da expressão proteica de APE1.*** P<0,005. Teste paramétrico T de Student não pareado.

42

5. Discussão

Tendo em vista os mecanismos protetores celulares e a ação de APE1 e

NFE2L2 na promoção da viabilidade celular, o objetivo deste trabalho foi elucidar

uma possível relação de APE1 com NFE2L2 e seus efeitos downstream, podendo

ainda demonstrar se a utilização de E3330 e MTX podem atrapalhar, ou não, na

relação entre estas duas proteínas. O papel indispensável dessas proteínas para

a célula é mostrado em diversos estudos, entre eles tem-se que: embriões de

camundongo knockout para APE1 não se desenvolvem, sendo esta uma mutação

letal ao organismo (TELL et al., 2009). Enquanto o knockout de NFE2L2 em

camundongos os torna extremamente susceptíveis a um grande número de

patologias associadas ao estresse oxidativo (MA, 2013).

Conforme dito ao longo do trabalho, NFE2L2 é um importante fator

transcricional para uma rede de proteínas envolvidas na proteção celular contra

estressores ambientais e celulares. A desregulação de NFE2L2 e dos seus

genes-alvo estão ligadas a diversas patologias humanas, principalmente aquelas

ligadas ao processo de envelhecimento, no qual há um aumento do ambiente

oxidativo no organismo, como: câncer, doenças cardiovasculares, doenças

autoimunes e neurodegenerativas (Revisado por Hybertson, 2011).

APE1 também se mostra como um importante gene na proteção celular aos

ambientes estressores. Tanto durante a inflamação, quanto para proteção do

DNA contra os danos gerados durante o estresse oxidativo (JEDINAK et al.,

2011).

Utilizando os transcriptomas de monócitos U937, induzidos a inflamação por

LPS e tratados com E3330 ou metoxiamina, obtidos anteriormente pelo grupo e

cruzando os genes que tiveram sua expressão aumentada (Fold change ≥ 2,0) ou

que tiveram sua expressão diminuída (Fold change ≤ -2,0) com a lista de genes

alvo de NFE2L2 do ChipAtlas, observou-se que cerca de 45% dos genes de todos

os trancriptomas eram alvos para NFE2L2, o que nos leva a crer que existe uma

forte relação entre APE1 e NFE2L2. Ao analisar o transcriptoma de genes down

regulados por E3330, o qual contem 914 genes, observamos que 428 destes

(46,8%) são alvos de NFE2L2. Fazendo a análise destes 428 genes pelo Panther-

GO temos que as principais vias enriquecidas estatisticamente para este grupo de

genes são: processamento de RNAr, organização mitocondrial, processamento de

43

RNA e biogênese de componentes celulares. Da mesma forma, foi analisado o

transcriptoma de genes down regulados por metoxiamina, o qual possui 1286

genes, sendo 577 (44,8%) alvos de NFE2L2 que possuem vias enriquecidas

estatisticamente relacionadas a processamento de RNAr e processamento de

RNA. Ambas as vias que também aparecem enriquecidas no transcriptoma de

genes down regulados por E3330 que são alvos de NFE2L2.

Fazendo a análise do transcriptoma de genes up regulados por E3330, o qual

contem 2221 genes, observamos que 979 genes (44%) são alvos de NFE2L2 e

têm funções enriquecidas estatisticamente ligadas a: regulação traducional,

aminoacilação de RNAt, entre outras. Da mesma forma, foi analisado o

transcriptoma de genes up regulados por MTX, o qual possui 1360 genes, dos

quais 612 (45%) são alvos de NFE2L2 e tem funções enriquecidas

estatisticamente ligadas a: regulação traducional, aminoacilação de RNAt, entre

outras. As mesmas vias enriquecidas são observadas nos genes alvo de NFE2L2

para os trancriptomas up regulados e down regulados por E3330 ou MTX. Estes

resultados indicam uma relação entre APE1 e NFE2L2, de maneira que,

possivelmente ambas as atividades de APE1 tenham atuação dependente uma

da outra quando interage com NFE2L2, uma vez que ao inibir diferentes porções

da mesma proteína observamos que o mesmo grupo de genes encontram-se up

ou down regulados. O enriquecimento dos genes alvo de NFE2L2, que

apareceram Down regulados por MTX e por E3330, utilizando o PantherGO,

mostrou funções totalmente diferentes daqueles que não são alvos de NFE2L2.

Assim como os genes Up de MTX e E3330. Mostrando desta forma que o

conjunto de genes down regulados pelos tratamentos que são alvos de NFE2L2,

assim como os genes up regulados nestas mesmas condições, possuem funções

específicas (dados não mostrados).

Utilizando monócitos U937 induzidos à inflamação por LPS, observamos que,

durante o tratamento com E3330, houve um aumento discreto na expressão

gênica de NFE2L2 (P = 0,0274) e de HMOX-1 (P = 0,0031), no entanto ao utilizar

o indutor inflamatório LPS+E3330 foi possível observar um aumento significativo

na expressão de NFE2L2 (P < 0,0001) e HMOX-1 (P = 0,0007), utilizando teste T

em relação ao controle. Para a expressão gênica de APE1 foi observado que

durante o tratamento com LPS (P= 0,0256) e LPS+E3330 (P= 0,0172) houve uma

44

pequena redução estatística na expressão da mesma quando comparados ao

controle. Comparando todos os grupos em relação ao LPS foi possível observar

um aumento na expressão gênica de APE1 significativa em LPS+MTX (P=

0,0256) e no tratamento apenas com MTX (P= 0,0352). O aumento de APE1

observado comparando apenas LPS com os tratamentos de LPS+MTX e apenas

MTX necessita de maiores investigações para inferir o porquê disto está

ocorrendo.

O aumento na expressão destes genes ao utilizar o inibidor da função redox

de APE1 (E3330) indica um possível papel repressor desempenhado pela

atividade redox de APE1 sobre NFE2L2. Os tratamentos com apenas MTX e

LPS+MTX não resultaram em mudanças significativamente estatísticas para

NFE2L2 e HMOX-1.

Esses resultados sugere que o papel de APE1 como sendo um indutor da

atividade de fatores transcricionais deve ser revista para NFE2L2. A atividade

redox de APE1 foi demonstrada como sendo repressora da expressão de p21 em

associação ao fator AP4, quando estes se ligam a sítios específicos no promotor

de p21 (SENGUPTA; MITRA; BHAKAT, 2013). De maneira interessante

demonstrada por Fishel et al,. 2015, o promotor de NFE2L2 possui dois sítios

para ligação de AP4, os quais podem estar desempenhando um papel similar, em

conjunto com APE1, com aquele demonstrado para p21.

Fazem-se necessárias investigações mais aprofundadas para revelar por qual

mecanismo a função redox de APE1 estaria regulando negativamente a

expressão de NFE2L2 e por qual motivo isso estaria ocorrendo. Outro mecanismo

pelo qual a atividade redox de APE1 poderia estar atuando, seria como um

controlador da expressão de NFE2L2 durante o estresse oxidativo, condição na

qual a expressão de NFE2L2 se elevaria demais promovendo um desbalanço na

homeostase redox ou uma hiperativação de outros fatores downstream que

culminaria em danos celulares. É sabido que a super expressão de PGC-1 leva

uma biogênese mitocondrial elevada provocando cardiomiopatia em

camundongos (LEHMAN et al., 2000), também se tem na literatura que NFE2L2 é

um fator transcricional promotor da biogênese mitocondrial em cardiomiócitos de

camundongos (PIANTADOSI et al., 2008), então seria necessário haver um

regulador de NFE2L2 para impedir a sua superexpressão diante a estados

45

estressores onde sua expressão aumentada é necessária até determinado limiar.

Trabalhos futuros podem procurar a relação da função redox de APE1 como

sendo um freio molecular para a expressão de NFE2L2 e não um repressor

propriamente dito como foi exposto por Fishel et al., 2015. Uma vez que, a

proteína NFE2L2 ao ser expressa permanece no citoplasma ligada a Keap1 que

posteriormente a leva para degradação por mecanismos de ubiquitina-

proteassoma (PIANTADOSI; SULIMAN, 2012) quando não há estímulo para

desfazer o heterodímero NFE2L2/Keap1.

Ao utilizar E3330 a atividade redox de APE1 é inibida, assim esta proteína não

teria mais como atuar no promotor de NFE2L2 em conjunto com AP4, por isso foi

observado o aumento de RNAm de NFE2L2 no tratamento com somente E3330.

Ao induzir o estresse com LPS e utilizar E3330 a inibição da porção redox de

APE1 mais o estímulo estressor desencadeia uma alta expressão de NFE2L2 que

culmina no aumento da expressão de seu alvo downstream HMOX-1. Em

continuidade, o aumento do RNAm de HMOX-1 indica que houve aumento na

expressão proteica de NFE2L2 e posterior fosforilação da mesma para sair do

citoplasma e ir para núcleo, ao dissociar-se de Keap1. A possível elevação da

expressão proteica de NFE2L2 pode ser um fator que contribua para a sua

fosforilação, de modo que o ambiente celular ao detectar que está havendo

aumento na concentração de NFE2L2 promova um aumento de atividade

fosforilativa interna. Sendo assim, APE1 estaria então poupando ATP celular que

seria gasto com a fosforilação de NFE2L2 sem motivo.

Assim, a partir dos resultados obtidos, pode-se supor que a relação de APE1,

devido a sua função redox, com NFE2L2 em um ambiente de estresse oxidativo

seja de realizar uma regulação para manter a expressão de NFE2L2 em níveis

adequados. Não é provável que APE1 regule totalmente NFE2L2 de maneira

negativa, pois ambas as proteínas são necessárias para sobrevivência celular em

um ambiente em que a mesma esteja sofrendo danos oxidados extensos.

Os dados obtidos por meio de western blot para detectar a expressão proteica

de APE1 e NFE2L2 não foram conclusivos, houve divergências nas triplicatas nos

indicando que será necessário realizar novos experimentos a fim de extrair dados

mais confiáveis e que possam ser divulgados, enquanto isso não é possível inferir

46

nada em relação aos níveis de expressão proteica de ambas as proteínas quando

a cultura celular foi submetida aos tratamentos já citados.

47

6. Conclusões

Neste trabalho foi observado que ao utilizar o inibidor da função redox de

APE1, E3330, houve um aumento na expressão de RNAm de NFE2L2 e de seu

alvo downstream HMOX-1, mais notadamente quando o E3330 foi colocado na

cultura celular submetida ao modelo inflamatório por LPS. Já a resposta

observada ao tratamento com metoxiamina não se demonstrou significante

estatisticamente, necessitando de estudo mais aprofundados futuramente para

comprovar em outros modelos celulares.

Foi visto que nas listas de todos trancriptomas haviam diversos genes que são

alvos de NFE2L2, sendo estes atuantes em diferentes mecanismos celulares

quando foi feita a ontologia gênica. O aparecimento de genes-alvo de NFE2L2 em

todos os transcriptomas indica que pode estar havendo uma regulação de

NFE2L2 tanto pela função redox de APE1, como foi visto nos dados de qPCR,

quanto pela função de reparo de DNA que não foi possível observar neste

trabalho.

Nos transcriptomas down regulados houve sobreposição das funções

enriquecidas de processamento metabólico de RNAr e de RNA. Nos

transcriptomas up regulados houve sobreposição das funções enriquecidas de

regulação traducional e aminoacilação de RNAt.

A partir dos resultados obtidos, pode-se inferir que ao inibir as diferentes

porções de APE1 observamos grupos de genes-alvo de NFE2L2 com sua

expressão igualmente elevada ou diminuída. Da mesma forma, pode-se inferir

que, ao utilizar E3330 e bloquear a função redox de APE1 aumentamos a

expressão genica de NFE2L2 e HMOX-1.

48

Referências

Abbas A. K., Lichtman A. H., Pillai S. Imunidade contra microrganismos. Imunologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Saunders Elsevier, 2012. p. 345-365.

Agnez-Lima, L. F., Melo, J. T. A., Silva, A., Oliveira, A. H. S., Timoteo, A. R. S., Lima-Bessa, K. M.; Martinez, G. R., Medeiros, M. H.G., Di Mascio, P., Galhardo, R. S., Menck, C. F. M. DNA damage by singlet oxygen and cellular protective mechanisms. Mutation Research. Reviews in Mutation Research, v. 751, p. 15-28, 2012.

AMENTE, S.; BERTONI, A.; MORANO, A.; LANIA, L.; AVVEDIMENTO, E. V.; MAJELLO, B. LSD1-mediated demethylation of histone H3 lysine 4 triggers Myc-induced transcription. Oncogene, v. 29, n. 25, p. 3691–3702, 2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/onc.2010.120>.

BARREIROS, A. L. B. S.; DAVID, J. M.; DAVID, J. P. Estresse oxidativo: Relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo. Quimica Nova, v. 29, n. 1, p. 113–123, 2006.

BIRBEN, E.; MURAT, U.; MD, S.; SACKESEN, C.; ERZURUM, S.; KALAYCI, O. Oxidative Stress and Antioxidant Defense. WAO Journal, v. 5, n. January, p. 9–19, 2012.

CHOI, S.; KYOUNG JOO, H.; HWA JEON, B. Dynamic Regulation of APE1/Ref-1

as a Therapeutic Target Protein. Ⓒ Chonnam Medical Journal Chonnam Med

J, v. 52, n. D, p. 75–80, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.4068/cmj.2016.52.2.75>.

CUI, Y.; MA, S.; ZHANG, C.; LI, D.; YANG, B.; LV, P.; XING, Q.; HUANG, T.; YANG, G. L.; CAO, W.; GUAN, F. Pharmacological activation of the Nrf2 pathway by 3H-1, 2-dithiole-3-thione is neuroprotective in a mouse model of Alzheimer disease. Behavioural Brain Research, 2017. Disponível em: <http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0166432817310951>.

DAVYDOV, V.; HANSEN, L. A.; SHACKELFORD, D. A. Is DNA repair compromised in Alzheimer’s disease? Neurobiology of Aging, v. 24, n. 7, p. 953–968, 2003.

DE OLIVEIRA, M. C.; SCHOFFEN, J. P. F. Oxidative stress action in cellular aging. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 53, n. 6, p. 1333–1342, 2010.

ESTERBAUER, H.; KOLLER, E.; SLEE, R. G.; KOSTER, J. F. Possible involvement of the lipid - peroxidation product 4 -hydroxynonenal in the formation of fluorescent chromolipids. Biochem. J. London 1906, v. 239, p. 405–409, 1986.

49

FELIPE MARTELLI; FRANCIS MORAIS FRANCO NUNES. Radicais livres: em busca do equilíbrio. p. 54–57, 1972. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v66n3/v66n3a17.pdf>.

FISHEL, M. L.; WU, X.; DEVLIN, C. M.; LOGSDON, D. P.; JIANG, Y.; LUO, M.; HE, Y.; YU, Z.; TONG, Y.; LIPKING, K. P.; MAITRA, A.; RAJESHKUMAR, N. V.; SCANDURA, G.; KELLEY, M. R.; IVAN, M. Apurinic/apyrimidinic endonuclease/redox factor-1 (APE1/Ref-1) redox function negatively regulates NRF2. Journal of Biological Chemistry, v. 290, n. 5, p. 3057–3068, 2015.

GIROTTI, A. W. Mechanisms of lipid peroxidation. Journal of Free Radicals in Biology and Medicine, v. 1, n. 2, p. 87–95, 1985.

GROSS, M. L.; GEORGIADIS, M. M. Alternate Conformation of the Enzyme. v. 50, n. 1, p. 82–92, 2012.

HALLIWELL, B. Free radicals, antioxidants, and human disease: Curiosity, cause, or consequence? Lancet, v. 344, n. 8924, p. 721–724, 1994.

HEGDE, M. L.; IZUMI, T.; MITRA, S. Oxidized base damage and single-strand break repair in mammalian genomes: Role of disordered regions and posttranslational modifications in early enzymes. 1. ed. [s.l.] Elsevier Inc., 2012. v. 110

HEGDE, M. L.; MANTHA, A. K.; HAZRA, T. K.; BHAKAT, K. K.; MITRA, S.; SZCZESNY, B. Oxidative genome damage and its repair: Implications in aging and neurodegenerative diseases. Mechanisms of Ageing and Development, v. 133, n. 4, p. 157–168, 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.mad.2012.01.005>.

HIGGINS, L. G.; HAYES, J. D. The cap’n’collar transcription factor Nrf2 mediates both intrinsic resistance to environmental stressors and an adaptive response elicited by chemopreventive agents that determines susceptibility to electrophilic xenobiotics. Chemico-Biological Interactions, v. 192, n. 1–2, p. 37–45, 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.cbi.2010.09.025>.

HIRAMATSU, K.; TSUNEYOSHI, T.; OGAWA, T.; MORIHARA, N. Aged garlic extract enhances heme oxygenase-and glutamate-cysteine ligase modifier subunit expression via the nuclear factor erythroid 2-related factor 2-antioxidant response element signaling pathway in human endothelial cells. Nutrition Research, v. 36, n. 2, p. 143–149, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.nutres.2015.09.018>.

HSIEH, M. M.; HEGDE, V.; KELLEY, M. R.; DEUTSCH, W. a. Activation of APE/Ref-1 redox activity is mediated by reactive oxygen species and PKC phosphorylation. Nucleic acids research, v. 29, n. 14, p. 3116–22, 2001. Disponível em: <http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=55809&tool=pmcentrez&rendertype=abstract>.

HYBERTSON, B. M.; GAO, B.; BOSE, S. K.; MCCORD, J. M. Oxidative stress in health and disease: The therapeutic potential of Nrf2 activation. Molecular Aspects of Medicine, v. 32, n. 4–6, p. 234–246, 2011. Disponível em:

50

<http://dx.doi.org/10.1016/j.mam.2011.10.006>.

JEDINAK, A.; DUDHGAONKAR, S.; KELLEY, M. R.; SLIVA, D. Apurinic/apyrimidinic endonuclease 1 regulates inflammatory response in macrophages. Anticancer Research, v. 31, n. 2, p. 379–385, 2011.

JIANG, Y.; ZHOU, S.; SANDUSKY, G. E.; KELLEY, M. R.; L, M. Reduced Expression of DNA Repair and Redox Signaling Protein APE1/Ref-1 Impairs Human Pancreatic Cancer Cell Survival, Proliferation, and Cell Cycle Progression. Cancer, v. 28, n. 9, p. 885–895, 2010.

KELLY, F. J.; MUDWAY, I. S. Protein oxidation at the air-lung interface. Amino Acids, v. 25, n. 3–4, p. 375–396, 2003.

KOBAYASHI, M.; YAMAMOTO, M. Molecular Mechanisms Activating the Nrf2-Keap1 Pathway of Antioxidant Gene Regulation. Regulation, v. 7, n. 68, p. 385–394, 2005. Disponível em: <http://www.liebertonline.com/doi/abs/10.1089/ars.2005.7.385%5Cnhttp://www.bvs.hn/RMH/pdf/1994/pdf/Vol62-2-1994-6.pdf>.

KOUZARIDES, T. Chromatin Modifications and Their Function. Cell, v. 128, n. 4, p. 693–705, 2007.

LAEV, S. S.; SALAKHUTDINOV, N. F.; LAVRIK, O. I. Inhibitors of nuclease and redox activity of apurinic/apyrimidinic endonuclease 1/redox effector factor 1 (APE1/Ref-1). Bioorganic and Medicinal Chemistry, v. 25, n. 9, p. 2531–2544, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.bmc.2017.01.028>.

LAMBETH, J. D. NOX enzymes and the biology of reactive oxygen. Nature Reviews Immunology, v. 4, n. 3, p. 181–189, 2004.

LEHMAN, J. J.; BARGER, P. M.; KOVACS, A.; SAFFITZ, J. E.; MEDEIROS, D. M.; KELLY, D. P. Peroxisome proliferator – activated receptor γ coactivator-1 promotes cardiac mitochondrial biogenesis. v. 106, n. 7, p. 847–856, 2000.

LI, W.; KONG, A.-N. Molecular Mechanisms of Nrf2-Mediated Antioxidant Response. v. 48, n. 2, p. 91–104, 2010.

LIU, X.-F.; ZHOU, D.-D.; XIE, T.; HAO, J.-L.; MALIK, T. H.; LU, C.-B.; QI, J.; PANT, O. P.; LU, C.-W. The Nrf2 Signaling in Retinal Ganglion Cells under Oxidative Stress in Ocular Neurodegenerative Diseases. International Journal of Biological Sciences, v. 14, n. 9, p. 1090–1098, 2018. Disponível em: <http://www.ijbs.com/v14p1090.htm>.

MA, Q. Role of Nrf2 in Oxidative Stress and Toxicity. Annual Review of Pharmacology and Toxicology, v. 53, n. 1, p. 401–426, 2013. Disponível em: <http://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev-pharmtox-011112-140320>.

MANTHA, A. K.; DHIMAN, M.; TAGLIALATELA, G.; PEREZ-POLO, R. J.; MITRA, S. Proteomic study of amyloid beta (25-35) peptide exposure to neuronal cells: Impact on APE1/Ref-1’s protein-protein interaction. Journal of Neuroscience Research, v. 90, n. 6, p. 1230–1239, 2012.

51

OGIER-DENIS, E.; MKADDEM, S. Ben; VANDEWALLE, A. NOX enzymes and Toll-like receptor signaling. Seminars in Immunopathology, v. 30, n. 3, p. 291–300, 2008.

PIANTADOSI, C. A.; CARRAWAY, M. S.; BABIKER, A.; SULIMAN, H. B. Heme Oxygenase-1 Regulates Cardiac Mitochondrial Biogenesis via Nrf2-Mediated Transcriptional Control of Nuclear Respiratory Factor-1. Circulation Research, v. 103, n. 11, p. 1232–1240, 2008.

PIANTADOSI, C. A.; SULIMAN, H. B. Redox regulation of mitochondrial biogenesis. Free radical biology & medicine, v. 53, n. 11, p. 2043–53, 2012. Disponível em: <http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3604744&tool=pmcentrez&rendertype=abstract>.

QIN, J.; CLORE, G. M.; KENNEDY, W. P.; KUSZEWSKI, J.; GRONENBORN, A. M. The solution structure of human thioredoxin complexed with its target from Ref-1 reveals peptide chain reversal. Structure, v. 4, n. 5, p. 613–620, 1996.

RAN, C.; WIRDEFELDT, K.; BRODIN, L.; RAMEZANI, M.; WESTERLUND, M.; XIANG, F.; ANVRET, A.; WILLOWS, T.; SYDOW, O.; JOHANSSON, A.; GALTER, D.; SVENNINGSSON, P.; BELIN, A. C. Genetic Variations and mRNA Expression of NRF2 in Parkinson’s Disease. Parkinson’s Disease, v. 2017, n. Omim 600492, 2017.

ROBERTSON, A. B.; KLUNGLAND, A.; ROGNES, T.; LEIROS, I. Base excision repair: The long and short of it. Cellular and Molecular Life Sciences, v. 66, n. 6, p. 981–993, 2009.

SAS, K.; SZABÓ, E.; VÉCSEI, L. Mitochondria, oxidative stress and the kynurenine system, with a focus on ageing and neuroprotection. Molecules, v. 23, n. 1, p. 1–28, 2018.

SCARPULLA, R. C. Transcriptional Paradigms in Mammalian Mitochondrial Biogenesis and Function. Physiological Reviews, v. 88, n. 2, p. 611–638, 2008. Disponível em: <http://physrev.physiology.org/cgi/doi/10.1152/physrev.00025.2007>.

SENGUPTA, S.; MITRA, S.; BHAKAT, K. K. Dual Regulatory Roles of Human AP-Endonuclease (APE1/Ref-1) in CDKN1A/p21 Expression. PLoS ONE, v. 8, n. 7, 2013.

SHAN, J. L.; HE, H. T.; LI, M. X.; ZHU, J. W.; CHENG, Y.; HU, N.; WANG, G.; WANG, D.; YANG, X. Q.; HE, Y.; XIAO, H. L.; TONG, W. D.; YANG, Z. Z. APE1 promotes antioxidant capacity by regulating Nrf-2 function through a redox-dependent mechanism. Free Radical Biology and Medicine, v. 78, p. 11–22, 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.freeradbiomed.2014.10.007>.

SKARPENGLAND, T.; DAHL, T. B.; SKJELLAND, M.; SCHEFFLER, K.; DE SOUSA, M. M. L.; GREGERSEN, I.; KUŚNIERCZYK, A.; SHARMA, A.; SLUPPHAUG, G.; EIDE, L.; SEGERS, F. M.; SKAGEN, K. R.; DAHL, C. P.; RUSSELL, D.; FOLKERSEN, L.; KROHG-SØRENSEN, K.; HOLM, S.; BJØRÅS, M.; AUKRUST, P.; HALVORSEN, B. Enhanced base excision repair capacity in

52

carotid atherosclerosis may protect nuclear DNA but not mitochondrial DNA. Free Radical Biology and Medicine, v. 97, p. 386–397, 2016.

TELL, G.; QUADRIFOGLIO, F.; TIRIBELLI, C.; KELLEY, M. R. The Many Functions of APE1/Ref-1: Not Only a DNA Repair Enzyme. Antioxidants & Redox Signaling, v. 11, n. 3, p. 601–619, 2009. Disponível em: <http://www.liebertonline.com/doi/abs/10.1089/ars.2008.2194>.

THAKUR, S.; SARKAR, B.; CHOLIA, R. P.; GAUTAM, N.; DHIMAN, M.; MANTHA, A. K. APE1/Ref-1 as an emerging therapeutic target for various human diseases: Phytochemical modulation of its functions. Experimental and Molecular Medicine, v. 46, n. 7, p. e106-21, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1038/emm.2014.42>.

THAPAR, U.; DEMPLE, B. How are base excision DNA repair pathways deployed in vivo? F1000Research, v. 6, n. 0, p. 279, 2017.

WAKABAYASHI, N.; DINKOVA-KOSTOVA, A. T.; HOLTZCLAW, W. D.; KANG, M.-I.; KOBAYASHI, A.; YAMAMOTO, M.; KENSLER, T. W.; TALALAY, P. Protection against electrophile and oxidant stress by induction of the phase 2 response: Fate of cysteines of the Keap1 sensor modified by inducers. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 101, n. 7, p. 2040–2045, 2004. Disponível em: <http://www.pnas.org/lookup/doi/10.1073/pnas.0307301101>.

WAKABAYASHI, N.; ITOH, K.; WAKABAYASHI, J.; MOTOHASHI, H.; NODA, S.; TAKAHASHI, S.; IMAKADO, S.; KOTSUJI, T.; OTSUKA, F.; ROOP, D. R.; HARADA, T.; ENGEL, J. D.; YAMAMOTO, M. Keap1-null mutation leads to postnatal lethality due to constitutive Nrf2 activation. Nature Genetics, v. 35, n. 3, p. 238–245, 2003.

WALLACE, S. S.; MURPHY, D. L.; SWEASY, J. B. Base excision repair and cancer. Cancer Letters, v. 327, n. 1–2, p. 73–89, 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.canlet.2011.12.038>.

ZOU, G.-M.; MAITRA, A. Small-molecule inhibitor of the AP endonuclease 1/REF-1 E3330 inhibits pancreatic cancer cell growth and migration. Molecular Cancer Therapeutics, v. 7, n. 7, p. 2012–2021, 2008. Disponível em: <http://mct.aacrjournals.org/cgi/doi/10.1158/1535-7163.MCT-08-0113>.