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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS NO CALEIDOSCÓPIO O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM NATAL-RN NATAL 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS

NO CALEIDOSCÓPIO O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM NATAL-RN

NATAL 2012

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CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS

NO CALEIDOSCÓPIO O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM NATAL-RN

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como

requisito para obtenção do titulo de mestre

em Enfermagem pelo programa de Pós-

Graduação da UFRN.

Linha de pesquisa: Desenvolvimento

tecnológico de saúde em Enfermagem

Grupo de Pesquisa: Laboratório de

Investigação do cuidado, segurança e

Tecnologias em saúde e enfermagem

Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia

Pereira Santos

NATAL 2012

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CLÁUDIA CRISTIANE FILGUEIRA MARTINS

NO CALEIDOSCÓPIO O ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DA UTI DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM NATAL-RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de mestre em Enfermagem.

Aprovada em______ /______/ 2012:

__________________________________________________________ Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos – Orientadora

Departamento de Enfermagem da UFRN

________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Bettina Camargo Bub- Avaliadora externa

Departamento de Enfermagem da UFSC

__________________________________________________________ Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho – Avaliadora interna

Departamento de Enfermagem da UFRN

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Aos meus pais, Sebastião e Luzia, que me

educaram, estimularam e encorajaram para

que eu percorresse todo esse caminho.

Vocês são responsáveis por mais essa

conquista em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por me fortalecer, guiar e proteger em todos os momentos de minha vida.

Aos meus pais, Sebastião e Luzia, por toda a força, carinho, amor e dedicação que

tiveram comigo. Vocês sempre estiveram por perto para me oferecer uma palavra

reconfortante, um abraço aconchegante e um estímulo novo a cada dia. Amo vocês!

Aos meus irmãos, Max e Carol, em quem espelho em minhas conquistas. À Max,

pelo carinho e cuidado que sempre teve comigo e a Carol pelo amor que nos une e

pelas palavras de incentivo, mesmo quando a distância física se faça presente, não

é capaz de mudar isso.

Ao meu noivo, Alexandre, pelos momentos de companheirismo, alegrias,

demonstrações de amor e carinho. Mas agradeço principalmente, quando, em meus

momentos de estresse, soube ser paciente como ninguém, conseguindo sempre me

acalmar e me auxiliar a seguir em frente. Lindo, você foi essencial nessa conquista.

Amo você!!!!

A minha querida orientadora, Professora Viviane, por ter me aceitado e acreditado

em mim. Sou grata pela dedicação e atenção que teve comigo no decorrer dessa

caminhada, como também pelas conversas e experiências passadas a mim. Sem

dúvida, levarei para minha vida pessoal e profissional esses ensinamentos.

A Professora Francis, pela acolhida, pelas conversas e também experiências

passadas, enquanto docente assistida, tudo isso me estimulou a querer aprender

cada vez mais.

A professora BettinaBub, que contribuiu para a produção desse trabalho, bem como

pela sua disponibilidade.

A todos os componentes da banca, que terceram contribuições valiosas a essa

pesquisa.

A minha turma do Mestrado acadêmico 2011, em especial ao meu grupo, Izaura,

Rayssa, Gracinha e Mariana. À Rayssa, obrigada por tudo! Desde tempos da

graduação, você é um grande exemplo para minha vida profissional. E também, a

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minha amiga Mariana, que foi um estímulo e grande companheira nesse processo.

Você me ajudou a chegar até aqui e se depender de mim você não ficará mais

sozinha em nenhuma dinâmica.

As bolsistas de iniciação científica, Marta, Fernanda, Natally e Luana, que me

ajudaram e também fizeram parte da produção desse trabalho.

A Capes por subsidiar esse estudo.

E, por fim, aos profissionais de enfermagem da UTI HUOL. Agradeço pela

disponibilidade, paciência e interesse em participar dessa pesquisa.

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MARTINS, Cláudia Cristiane Filgueira. No caleidoscópio o estresse da equipe de

enfermagem da UTI de um Hospital Universitário em Natal-RN. 2012, 88f.

Dissertação [mestrado em enfermagem]. Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012.

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo analisar o estresse na equipe de enfermagem da

terapia intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes A população estudada foi

constituída por trinta e oito (38) profissionais de enfermagem, entre técnicos de

enfermagem e enfermeiros que atuam na UTI do referido hospital. Os dados foram

coletados no período de setembro a novembro de 2011 em duas etapas distintas.

Na primeira, foi feita a aplicação do inventário de sinais e sintomas do estresse de

Lipp (ISSL), o qual permitiu a mensuração da fase do estresse em que cada membro

da equipe se encontrava. Os dados foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel

2010 e analisados conforme as diretrizes do inventário propostas por Lipp, 2000.

Seguido a esta análise, foi realizada a segunda etapa da pesquisa, constituída por

entrevista semiestruturada com aqueles trabalhadores que se encontravam na

segunda fase do estresse, a de resistência. A análise das entrevistas foi baseada na

proposta de análise do conteúdo de Bardin 2004, a qual permite a criação de

categorias a partir do agrupamento de ideias presentes nas falas dos entrevistados.

Como resultado, observou-se que a maior parte da população estudada é feminina

(78,9%), na faixa etária entre 30 e 39 anos (50%), casadas (52,3%) e com duplo

vínculo empregatício (65,7%). Segundo o inventário de Lipp, a fase de maior

predominância foi a de resistência ao estresse, presente em 44,7% dos membros da

equipe. O sintoma físico de maior predominância a sensação de desgaste físico

constante, percebido em 16,8% dos participantes, e no âmbito psicológico, as

manifestações predominantes foram irritabilidade excessiva e a sensibilidade

emotiva com escores iguais a 26,3%. A partir dos dados qualitativos, foi possível

delinear três categorias e quatro subcategorias. As categorias foram: os estressores

do ambiente de trabalho; o excesso de trabalho e o relacionamento interpessoal da

equipe de enfermagem na UTI. E como subcategorias: A rotina do cuidado na UTI;

Pressões e Cobranças Individuais; Dupla jornada: reflexos no Cotidiano profissional;

o trabalho noturno da equipe de enfermagem e o corpo que sofre: as manifestações

do estresse e a comunicação deficitária entre os membros da equipe. Assim, por

meio desse estudo foi possível visualizar o fenômeno do estresse na equipe de

enfermagem do HUOL como um caleidoscópio de reflexões, sensações e

experiências percebidas por esses profissionais em diferentes áreas de sua vida.

Constatou-se, ainda, que o fortalecimento da temática estresse dos profissionais de

enfermagem precisa ser instrumentalizada e estimulada em diversos espaços de

discussão da enfermagem para que esses trabalhadores sejam incitados a cuidar

melhor de si para, assim, cuidar da saúde do outro.

Descritores: Enfermagem; Estresse; Unidades de Terapia Intensiva.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze stress on nursing staff of intensive care at the Teaching Hospital Onofre Lopes. The study sample consisted of thirty-eight (38) nursing professionals, including technicians and nurses working in the ICU of the hospital Data were collected between September to November 2011 in two stages.The first was the application of the Lipp Stress Symptoms Inventory (LSSI), which allowed us to measure the stress phase in which each team member was. After that, data were tabulated in Microsoft Excel spreadsheets and analyzed according to the 2010 inventory guidelines proposed by the author. After this analysis it was possible to complete the second phase of the research, which consisted of a semi-structured interview designed for those workers who were in the second phase of stress, resistance. Data analysis was based on Bardin 2004 content analysis, enabling the creation of categories based on grouping the ideas present in the interviewees' statements. It was found that the study population was mostly female (78.9%) aged from 30 to 39 years (50%), married (52.3%) and with dual-employment (65.7%). The most predominant phase, according to the Lipp inventory, was the stress resistance, present in 44.7% of the team and having as most predominant physical symptoms the constant feeling of physical exhaustion, verified in 16.8% of the participants, and psychological, the excessive irritability and emotional sensitivity in 26.3%. Regarding the qualitative data it was possible to establish three categories and four subcategories, with the following categories: the stressors of the workplace, overwork and the interpersonal relationships of the nursing staff in the ICU. And as subcategories: Routine care in the ICU; Pressures and Individual Charges; double journey: professional reflections on daily life, the night shift nursing staff and the body suffers, the manifestations of stress; deficient communication between team members. Thus, this study allowed the visualization of the stress phenomenon on nursing staff of the Teaching Hospital Onofre Lopes as a kaleidoscope of thoughts, feelings and experiences perceived by these professionals in different areas of their lives. It was also verified that the strengthening of the stress theme among nursing professionals need to be exploited and stimulated in several nursing areas of discussion so these workers are encouraged to take better care of themselves so they can take care of others health. Descriptors: Nursing; Stress; Intensive Care Units.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Enfermeiros e técnicos de enfermagem da UTI do HUOL distribuídos por

sexo, idade e estado civil......................................................................................

38

Tabela 2. Fases do estresse pontuadas pela equipe da UTI do HUOL (N=38)......... 39

Tabela 3.Distribuição do estresse por categoria profissional na UTI do

HUOL.................................................................................................................

40

Tabela 4.Distribuição dos sinais e sintomas físicos do estresse em enfermeiros e

membros da equipe de enfermagem no último mês conforme o

ISSL....................................................................................................................

40

Tabela 5. Distribuição das manifestações psicológicas apresentadas pelos

enfermeiros e equipe de enfermagem da UTI do HUOL no último mês

conforme o ISSL................................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OIT - Organização Internacional do Trabalho

UTI – Unidade de Terapia Intensiva

HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes

ISSL – Inventário de Sinais e Sintomas de Lipp

SAG – Síndrome da Adaptação Geral

DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

LER – Lesões por Esforço Repetitivo

SUS – Sistema Único de Saúde

IEL – Instituto EuvadoLudi

FUNPEC – Fundação Norte Riograndense de Pesquisa e Cultura

SESAP – Secretaria do Estado de Saúde Pública

CEP-HUOL – Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Onofre

Lopes

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

NORA – Agenda Nacional de Pesquisas Ocupacionais

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Apresentação

O caleidoscópio é um aparelho óptico criado por um físico escocês em 1817.

Nele é possível visualizar múltiplas imagens simétricas a partir do instante em que

um feixe de luz é refletido sobre essas, dessa maneira é possível perceber padrões

ou arranjos que podem variam rapidamente, assim como uma sucessão de ações;

sensações ou sentimento.

De forma semelhante, o fenômeno do estresse está presente nos dias atuais

em todos os lugares, momentos e ações que cercam o homem em sociedade. E,

buscando evidenciar esse fato esse estudo possibilitou a percepção do estresse a

partir de diferentes pensamentos e experiências da presença desse fenômeno pela

equipe de enfermagem Unidade Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre

Lopes.

O estudo esta dividido em duas partes na primeira aborda se as questões

referentes ao conceito de estresse e estresse ocupacional; e como este pode estar

presente no trabalho dos profissionais de enfermagem, bem como o método e

descrição da organização dos dados encontrados no estudo. E, na segunda, os

resultados encontrados sobre o estresse nos profissionais de Enfermagem da UTI

do HUOL.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS......................................................................................................... 17 PARTE I

3 O ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL............................................... 19 4 O ESTRESSE E SUAS IMPLICAÇÕES NA SAÚDE DOS TRABALHADORES................................................................................................

23

5 O TRABALHO COMO DESENCADEADOR DO ESTRESSE NA ENFERMAGEM......................................................................................................

25

6 METODOLOGIA.................................................................................................. 31 6.1 Tipo de estudo................................................................................................. 31 6.2 Local de estudo............................................................................................... 31 6.3 População e Amostra..................................................................................... 32 6.4 Aspectos éticos............................................................................................... 33 6.5 Coleta de dados.............................................................................................. 33 6.6 Análise dos dados ......................................................................................... 35 PARTE II - ESTRESSE NA UTI

7 ESTRESSE: aspectos quantitativos................................................................. 38 8 ESTRESSE: aspectos qualitativos................................................................... 43 8.1Os estressores do ambiente de trabalho...................................................... 44 8.1.1 A rotina de cuidado na UTI............................................................................ 45 8.1.2 Pressões e cobranças individuais.................................................................. 47 8.2 O excesso de trabalho.................................................................................... 50 8.2.1. Dupla jornada: reflexos no cotidiano profissional.......................................... 50 8.2.2 O trabalho noturno dos da equipe de enfermagem....................................... 55 8.2.3 O corpo que sofre: as manifestações do estresse............................................... 57 8.3 Relacionamento Interpessoal equipe de enfermagem na UTI.................... 61 8.3.1 Comunicação deficitária entre os membros da equipe.................................. 64 9 CONCLUSÃO...................................................................................................... 67 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 71 APÊNDICE.............................................................................................................. 82 ANEXO.................................................................................................................... 86

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Tensão, neste contexto, significa um estado de angústia e ansiedade que o ambiente de trabalho impõe ao trabalhador tensão para apresentar-se como "produtivo", com vista à manutenção do emprego (Pires e Gelbeck, 2001apud AZAMBUJA, 2007; AURÉLIO, 2008).

1 – INTRODUÇÃO

O resultado da relação do ser humano com o seu trabalho pode estar

relacionado com o prazer, o sofrimento ou, ainda, à satisfação e ao estresse. A

atividade laboral envolve diretamente aspectos psíquicos e físicos, podendo

representar o equilíbrio, desenvolvimento e satisfação, como também fonte de

desordens e, consequentemente, adoecimento ao trabalhador (DEJOURS, 2009).

Dentre as desordens psíquicas que podem abalar o trabalhador, destaca-se o

estresse. O estresse é conceituado como um estado em que ocorre o desgaste

anormal do corpo humano e/ou uma diminuição da capacidade de trabalho, e é

ocasionado, basicamente, por uma incapacidade prolongada de o indivíduo tolerar,

superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica existentes no seu

ambiente (GUERRER; BIANCHI, 2008).

Sobre o estresse relacionado ao trabalho, a Organização Internacional do

Trabalho (OIT, 2009) o conceitua como: conjunto de fenômenos que se apresentam

no organismo do trabalhador e que pode afetar a sua saúde. Os principais aspectos

que acarretam o estresse no ambiente de trabalho são: organização, administração,

sistema de trabalho e relações interpessoais.

Cabe ressaltar, dentre as alterações que a tensão do ambiente1 de trabalho

pode ocasionar o estresse crônico, responsável pelas seguintes consequências ao

trabalhador: insatisfação profissional e esgotamento psicossomático; podendo,

dessa forma, acarretar o aumento do absenteísmo, redução da produtividade,

acidentes de trabalho frequentes, envelhecimento precoce dos profissionais, além

de doenças psicossomáticas (LAUTERT, 1999).

Por conseguinte, a profissão que o trabalhador desempenha está

intrinsecamente relacionada com o desenvolvimento de um quadro de estresse

psíquico ou físico, uma vez que é no trabalho que o indivíduo, em sua maioria,

enfrenta situações de tensão emocional.

Desse modo, os trabalhadores da saúde se destacam entre as profissões

passíveis ao desenvolvimento do estresse; e destes em especial os profissionais de

enfermagem. Esses são os responsáveis diretos pela assistência prestada ao

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paciente, pela organização do setor hospitalar, além de atividades burocráticas

diversas.

Além disso, a enfermagem possui a característica de executar um trabalho

que lida com o sofrimento dos outros, relações interpessoais, envolvimento

emocional e psicológico com rotinas de trabalho diário de doze a vinte e quatro

horas, sobrecarga de trabalho e atividade; somando-se ainda condições insalubres

de trabalho, como a insuficiência de insumos para se trabalhar adequadamente.

Dentre os ambientes estressantes de trabalho em que a enfermagem atua,

podem-se destacar os serviços de urgência e emergência em que os pacientes em

condições graves necessitam completamente dos cuidados diretos desses

profissionais, como é o caso da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

As Unidades de Terapia Intensiva caracterizam-se por serem ambientes

fechados com grande aparato tecnológico que necessitam de um controle direto e

de conhecimentos específicos. Por este motivo, a prestação da assistência

desenvolvida pelos profissionais desse ambiente deve ser segura e livre de erros,

pois os pacientes dessas unidades têm a característica de serem

hemodinamicamente instáveis e de necessitarem de um cuidado direto, podendo

qualquer falha nessa assistência ser fatal.

Os enfermeiros ainda assumem atividades mais complexas e que envolvem

maior risco para os pacientes, além de serem os responsáveis diretos pela equipe

de enfermagem (FERRAREZE, FERREIRA, CARVALHO, 2006).

Além de todas as responsabilidades inerentes ao cargo, esses trabalhadores

ainda estão diante de relações interpessoais conflituosas, tanto com outros

membros da equipe de saúde como também com familiares dos pacientes.

Ainda há que se considerar o fato de muitos profissionais possuírem duplo

vínculo, ou seja, dupla jornada de trabalho, às vezes relacionadas com a mesma

rotina de tensão e estresse da Unidade de Terapia Intensiva. Essas circunstâncias

tornam-se determinantes para o surgimento da tensão no ambiente de trabalho,

ocasionando estresse individual entre esses integrantes da equipe de saúde.

Esta tensão causa reflexos na vida pessoal e profissional da equipe de

enfermagem, os quais podem ser percebidos na condição de saúde, como altos

índices de hipertensão arterial sistêmica, insônia, episódios de mau humor,

agressividade, carência de tempo para a família, evidenciando reflexos diretos na

qualidade de vida desses profissionais.

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Desse modo, a articulação entre os determinantes estressantes do ambiente

de trabalho acaba acarretando ao trabalhador um quadro de estresse crônico

ocupacional, gerando assim problemas crônicos de saúde, como, por exemplo, a

síndrome do esgotamento profissional, ou Síndrome de Burnout. Os sintomas dessa

síndrome são evidenciados em patologias clássicas e até em processos

inespecíficos, caracterizados pela sintomatologia expressa (CRUZ, 2006).

Assim, o organismo do trabalhador acaba ficando enfraquecido e torna-se

vulnerável às doenças psicossomáticas. Tudo isso acarreta, para a equipe de

enfermagem, uma queda na produtividade do cuidado destinado aos pacientes, bem

como a existência desses reflexos em sua vida pessoal.

Em face disto, esse estudo teve como questão norteadora: De que forma o

estresse é vivenciado pelos membros da equipe de enfermagem da Unidade de

Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL)?

O interesse em desenvolver esse estudo se deu a partir do momento em que

a pesquisadora se depara e questiona com a rotina de trabalho hospitalar à qual os

enfermeiros estão submetidos. Foi percebido que o trabalho pode influenciar

diretamente nossas relações sociais, nossos planos de vida pessoal e familiar.

Nesse contexto, foi evidenciado que a saúde do trabalhador não se limitava

somente à prevenção de acidentes no ambiente de trabalho, nem ao uso de

equipamentos de proteção individual no momento de nossa prática; mas sim há algo

muito mais amplo que deve ser tratado e direcionado para as aflições e angústias

que esse profissional sente em seu ambiente de trabalho. Pois, passando a

compreender suas condições de trabalho e a forma direta que esta influencia na vida

pessoal desse trabalhador, ele passará a cuidar melhor de si e, consequentemente,

cuidar melhor do outro.

A escolha pela temática é justificada pela grande relevância que o estresse

profissional possui na área da saúde/enfermagem na atualidade, já que foram

identificados os principais agravos que podem acarretar o estresse nos membros da

equipe de enfermagem em seu ambiente de trabalho, como alterações fisiológicas e

psicológicas do estresse (FAVASSA, 2005); distúrbios osteomusculares

(MAGNAGO; LISBOA; GRIEP, 2009); sentimentos de sofrimento (MARTINS e

ROBAZZI, 2009) e muitos outros, fazendo com que seja possível minimizar os

reflexos na vida pessoal e laboral desses trabalhadores.

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Além disso, é de grande relevância para as Políticas de Saúde do

Trabalhador e para a enfermagem, uma vez que contribui cientificamente com a

temática do estresse ainda pouco visualizada nessas políticas de saúde,

promovendo discussões sobre esta e realizando uma maior aproximação desses

profissionais com o cuidar de si no ambiente de trabalho.

Por fim, possibilitou uma reflexão entre os membros da equipe de

enfermagem da UTI do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) sobre o estresse

ocupacional e suas consequências para o corpo, a saúde mental e ao seu trabalho.

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2 – OBJETIVOS

Dessa forma, este estudo tem por objetivo geral:

Analisar o estresse nos membros da equipe de enfermagem da Unidade de

Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) em Natal –

RN.

E, como objetivos específicos:

Avaliar os níveis do estresse da equipe de enfermagem da Unidade de

Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), utilizando

como instrumento o Inventário de Sinais e Sintomas de LIPP, 2000 (ISSL);

Identificar os agentes estressores mais significantes para a equipe de

enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre

Lopes (HUOL);

Descrever como os membros da equipe de enfermagem da Unidade de

Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) vivenciam o

estresse no cotidiano de sua atividade laboral.

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PARTE I

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3 – O estresse e o estresse ocupacional O termo estresse foi utilizado pela primeira vez na área da saúde pelo médico

fisiologista Hans Selye em 1926, ao perceber que algumas pessoas apresentavam

queixas de ordem psicofisiológicas como fadiga, pressão alta, desânimo e falta de

apetite.

Assim, passou a conceituar o estresse como: “um resultado inespecífico de

qualquer demanda sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático, e que o

estressor é todo agente de demanda que evoca reação de estresse, seja de

natureza física, mental ou emocional” (SELYE, 1965, p. 33).

Por não ser diretamente observável, caracterizou os eventos oriundos do

estresse como uma “Síndrome de Adaptação Geral (SAG), a qual envolve: as

tentativas de defesas e de adaptação do corpo físico ao agente estressor, uma

resposta não específica a esse agente e o sistema nervoso autônomo” (SELYE,

1965, p. 30).

A SAG pode ser percebida em três fases diferentes: a fase de alerta ou

alarme, a fase de resistência e a fase de exaustão. Todas procuram caracterizar uma

resposta do corpo físico ao agente estressor.

A fase de alerta ou alarme são manifestações agudas em que ocorre a

liberação da adrenalina, caracterizando uma reação de luta ou de fuga. “Pode ser

considerada uma reação de emergência em que as energias são mobilizadas a fim

de fugir do estressor” (SELYE, 1965, p.35).

A segunda fase é a de resistência, em que o organismo usa as forças para

manter sua resposta. As reações do organismo são opostas à fase anterior, e os

sinais e sintomas iniciais desaparecem, ocorrendo uma sensação de desgaste. “É

nessa fase que ocorre a somatização do estresse pelo organismo do indivíduo,

podendo apresentar inúmeros problemas físicos e mentais” (SELYE, 1965, p. 35).

E a terceira fase é a de exaustão, em que o elemento estressor torna-se

contínuo, e o organismo não tem mais como reagir e morre (SELYE, 1965).

No entanto, pesquisas recentes propostas por Lipp (2001) propõem uma

expansão desse modelo trifásico do estresse proposto por Selye (1965). Nesta

perspectiva, o estresse passa a ter uma nova fase, situada entre a de resistência e a

de exaustão, sendo conceituada de “quase-exaustão”.

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A fase de quase-exaustão é quando se inicia o processo de adoecimento dos

órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida e passam a

demonstrar sinais de deterioração. Ou seja, é um enfraquecimento do corpo físico

quando não consegue mais resistir ao agente estressor (LIPP, 2001).

Para Selye (1965), o indivíduo vive a experiência de, pelo menos, os dois

primeiros estágios ao longo de sua vida, estando relacionado a uma resposta

fisiológica do organismo em relação ao agente estressor. Porém, o estresse também

pode ser percebido como uma resposta emocional para superar este agente (LIPP,

2001).

Sendo assim, Molina (1996) traz que o estresse produz uma mudança no

comportamento físico e no estado emocional do indivíduo, sendo uma resposta

psicofisiológica que pode ser negativa ou positiva ao indivíduo em contato com o

agente estressor.

O termo estressor, conforme Fernandes (2005), é o estímulo ou evento que

provoca ou conduz o estresse. E este está diretamente relacionado a como o

indivíduo percebe as fontes de tensão a sua volta.

Lipp (2001) ressalta que esses estressores podem ser externos ao próprio

organismo, como uma exigência de algo ou alguém, ou internos, como uma

autodemanda ou autocobrança.

Sendo assim, percebe-se que o estresse é um fenômeno de ocorrência

complexa no organismo do indivíduo, podendo gerar como consequência:

sentimentos diversos, como a ansiedade, medo ou ameaça; bem como gerar uma

resposta fisiológica negativa ao indivíduo, como hipertensão, depressão, insônia, a

depender da origem do evento estressor (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

No entanto, o estresse não é capaz de causar somente sintomas patológicos

no indivíduo. Sabe-se que o estresse, também, é o responsável pela motivação

individual, uma vez que é o desencadeador de respostas psicológicas e fisiológicas,

acelerando o sistema simpático a desenvolver uma série de acontecimentos e

estimulando o organismo físico a desenvolver uma determinada tarefa. Esse tipo de

estresse é considerado como eutress (SELYE, 1974 apud LAUTERT, 1995).

Conforme Alcino (2000), a reação positiva ou negativa que fazemos do

estresse é motivada pelo tipo de interpretação que fazemos do evento estressor.

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21

O fato é que o estresse está presente em nossa rotina diária, podendo ser

entendido como uma epidemia (BIANCHI, 2000), e sendo associado,

frequentemente, a sensações de desconforto, angústia ou tensão, seja no ambiente

de trabalho, em família ou em sociedade. Também tornou-se um problema

econômico, social e de saúde pública que implica em gastos não só para o

indivíduo, mas especialmente para empresas e para o governo (FILGUEIRAS;

HIPPER, 2002).

Preto e Pedrão (2009) consideram que a compreensão e a avaliação do

estresse não se fazem relevantes à situação em que o indivíduo se encontra, mas

sim se relacionam com a percepção que ele tem sobre o momento que ele está

vivendo e com o fato de ele estar usando o seu processo psicológico para a

compreensão de fatos e fenômenos ao seu redor.

Por isso, o trabalho exerce influência na vida de seus trabalhadores, sendo

caracterizado como uma atividade humana e coletiva que requer uma série de

contribuições que os indivíduos desenvolvem esperando em troca compensações

não apenas econômicas e materiais, mas também psicológicas e sociais (PEIRÓ,

1993).

Pode-se afirmar que o trabalho exerce forte influência na vida do indivíduo,

sendo visto como prazeroso, caso esteja satisfazendo suas necessidades biológicas

de segurança, relações sociais, autoestima, autorrealização, ou como sofrimento,

caso esteja relacionado à escravidão e à insatisfação.

Dejours, 1992, introduz o conceito de carga psíquica a ser avaliada na saúde

dos trabalhadores. A carga psíquica relacionada ao trabalho é conceituada pelo

autor como uma preocupação em apresentar uma concepção coerente com a

ergonomia contemporânea (DEJOURS, 1992).

Pitta (2003) conceitua a carga psíquica como sofrimento e fadiga que é

provocada por períodos de trabalho do ciclo circadiano, acarretando uma sobrecarga

ao trabalho cognitivo e de determinações afetivas.

Sendo assim, fica evidente a associação de sinais e sintomas somáticos

devido à exposição ao sofrimento psíquico no decorrer do trabalho. Nessa

perspectiva ampla de conceituação do estresse relacionado ao trabalho, França e

Rodrigues (1999, p.32) trazem que:

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Resulta de várias situações em que a pessoa percebe este ambiente como

ameaçador às suas necessidades de realização pessoal e profissional,

prejudicando sua interação com suas funções e com o ambiente de

trabalho, na medida em que o ambiente contém demandas excessivas a

ela, ou não tenha recursos adequados para enfrentar tais situações.

O estresse ocupacional ainda está relacionado com as consequências

complexas em que se processam as condições de trabalho, as condições externas

ao trabalho e as características individuais de cada trabalhador (STACCIARINI;

TRÓCCOLI, 2001).

É importante ressaltar que é no ambiente de trabalho que nos confrontamos

com situações de tensão e pressão por desenvolver tarefas, passando a influenciar

diretamente no comportamento humano e no ritmo de vida e do corpo do sujeito

enquanto trabalhador.

Para Miranda (1998), o trabalho parece ser um importante fator gerador de

estresse. Dentro do ambiente laboral é que passamos a conviver com a tensão,

exaustão e pressão que esse ambiente exige.

Stacciarini e Tróccoli (2001), citando estudos de Cooper (1993), categorizam

seis grupos de estressores no ambiente de trabalho, sendo esses:

A) Fatores intrínsecos ao trabalho: condições inadequadas ao trabalho, turno de

trabalho, carga horária, contribuições no pagamento, riscos, novas

tecnologias.

B) Papéis estressores: papel ambíguo, papel conflituoso, grau de

responsabilidade com as pessoas e com as coisas.

C) Relações no trabalho: relações difíceis com o chefe, colegas, subordinados,

clientes, sendo direta ou indiretamente associados.

D) Estressores na carreira: falta de desenvolvimento na carreira, insegurança no

trabalho.

E) Estrutura organizacional: estilo de gerenciamento, falta de participação,

comunicação pobre.

F) Interface trabalho-casa: dificuldades no manejo desta interface.

Assim, uma profissão que utiliza muito a atividade mental, com

responsabilidade de lidar com as pessoas e envolvida com conflitos humanos,

apresenta alta associação com doenças e estresse ocupacional (CAMELO, 2006).

E o contato constante com esses agentes pode desencadear no indivíduo um

quadro de sofrimento de ordem psíquica, ou seja, carga de trabalho acumulada e

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preocupações levam o indivíduo ao desgaste tanto físico como mental no ambiente

de trabalho. Para Pafaro (2002), o estresse sofrido no ambiente de trabalho exige

grandes adaptações que podem gerar problemas graves no indivíduo.

Pitta (2003) traz que o elemento estressor no trabalho teria um efeito

patogênico igual a agentes químicos, físicos ou biológicos. Ou seja, assim como um

vírus pode causar uma doença, a partir de sua exposição, os elementos estressores

também são capazes disso.

Caso esse estímulo estressor persista e esses indivíduos não percebam os

sinais e sintomas que o corpo físico lhe oferece, eles podem chegar a desenvolver

um quadro característico de desgaste emocional conhecido como Síndrome de

Burnout.

Esta passou a ser caracteriza por Maslach (1993) como uma síndrome

psicológica que envolve uma reação prolongada aos estressores interpessoais

crônicos, sendo caracterizada por três fases: exaustão avassaladora, sensações de

ceticismo e desligamento do trabalho.

A Síndrome de Burnout acomete de forma mais comum os trabalhadores cuja

atividade se realiza em relação direta com pessoas ou expostos a um estresse

crônico, ou seja, desenvolvendo-se como uma reação cumulativa de estressores

ocupacionais contínuos (MASLACH, 2007).

Assim, podem ser vítimas dessa síndrome profissionais que possuem uma

relação direta com o cuidado a outras pessoas, sendo os profissionais mais

atingidos professores, policiais e profissionais da saúde; e dentre esses os mais

afetados são os membros da equipe de enfermagem (MOREIRA et al., 2009).

4 - O estresse e suas implicações na saúde dos trabalhadores

O estresse exerce influencia diretamente na vida pessoal e profissional de

todos os indivíduos, sendo passível de causar uma ruptura no equilíbrio interno do

organismo (LIPP, 2000).

O desenvolvimento de um estado de estresse está intrinsecamente

relacionado com aquilo que é encarado como estressor pelo indivíduo. Essa fonte de

estresse pode ter origem externa, sendo essas relacionadas com a profissão, brigas,

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perdas; e as de origem interna, sendo essas o modo de ser, nossas crenças e

valores, modo de agir (LIPP, 2000).

Dentre as fontes externas que mais se relacionam com o desenvolvimento do

estresse individual, apontamos o trabalho. Visto que é por meio do trabalho que o

homem convive com o mundo material e psíquico, buscando satisfazer suas

necessidades e procurando prazer em executá-las, evitando o sofrimento

(DEJOURS, 2000).

O trabalho funciona como uma fonte de construção, realização, satisfação,

riqueza e serviços úteis à sociedade humana. Porém, também pode significar

escravidão, exploração, sofrimento, perdas, doença e morte (AQUINO, 2005).

Cabe ressaltar que o contexto da visão do trabalho como fonte de prazer e de

sofrimento tornou-se mais evidente no decorrer das transformações na dinâmica da

produção e da reprodução social ocorrida de forma mais aparente a partir do século

XVIII com a Revolução Industrial e com o modo de produção capitalista.

É nesse mesmo período que fica visível a influência da carga psíquica sobre

os trabalhadores e operários de indústrias. Podendo esta ser conceituada como os

recursos que no processo de trabalho atuam dinamicamente entre si e com o corpo

do trabalhador, podendo gerar processos que se correspondem em desgaste, perda

de capacidade potencial, corporal e psíquica (LAURELL; NORIEGA, 1989).

Assim, essas mudanças no modo de produção tiveram reflexos diretos na

vida e na saúde dos trabalhadores da época, fazendo com que o perfil de

morbimortalidade dessa população se modificasse.

Desta feita, o processo de saúde/adoecimento do trabalhador resultou da

complexa e dinâmica interação das condições gerais de vida, das relações de

trabalho, do processo e do controle, que os próprios trabalhadores colocam em ação

para interferirem nas suas condições de vida e trabalho (HAAG; LOPES; SCHUCK,

2001).

Para Dejours (2000), as exigências do trabalho e de sua vida pessoal são

encaradas como uma ameaça ao próprio trabalhador, ao relacioná-las aos riscos de

sofrimento psíquico, devendo ser encaradas como uma doença relacionada ao

trabalho e tratada como tal.

Camelo (2006) relata que o impacto do estresse no trabalho pode ser sentido

pela organização através de altos níveis de absenteísmo e rotatividade, a falta de

inovação e pouca produtividade por parte dos trabalhadores. Sendo assim, caso o

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organismo permaneça a sentir o impacto do estresse no seu cotidiano de ações, o

corpo físico responde com síndromes e doenças associadas a essa ruptura do

equilíbrio.

França e Rodrigues (1999) apontam as principais desordens decorrentes do

estresse ocupacional: fadiga, distúrbios do sono, depressão, síndrome do pânico,

Síndrome de Burnout, síndrome residual pós-traumática, distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho (DORT), lesões por esforço repetitivo (LER), síndromes de

insensibilidade, alcoolismo, uso de drogas ilícitas.

No entanto, cabe ressaltar que a organização do trabalho, o ambiente laboral e

as características gerais da profissão exercem influência direta no modo como irá se

processar o efeito do estresse no organismo.

Na área da saúde, o ambiente hospitalar é caracterizado como um dos

maiores desencadeadores do estresse ocupacional. Isso decorre dos efeitos de

horário de trabalho, turnos, cargas físicas, mentais e psíquicas suportadas pelos

trabalhadores hospitalares, e a enfermagem se destaca nesse ambiente como uma

das profissões mais estressantes (HAAG; LOPES;SCHUCK,2001).

5 - O trabalho como desencadeador do estresse na enfermagem

É importante reconhecer que o tipo de trabalho que o profissional

desempenha, bem como as relações de trabalho existentes nesse ambiente, são

determinantes para o contato direto com os agentes estressores, sendo neste

trabalho considerados: os fatores intrínsecos ao trabalho; papéis estressores;

relações no trabalho; estressores na carreira; estrutura organizacional; interface

trabalho-casa conforme a classificação proposta por Cooper, 1993.

Além disso, há que se considerar o ambiente de atuação profissional como

uma “perspectiva complexa, envolvendo não apenas os aspectos do trabalho em si,

mas também as relações interpessoais, relações com o ambiente de trabalho e a

própria subjetividade do trabalhador” (GUATTARI, 1990, p.3).

Segundo Mendes Gonçalves (1992, p.48), o trabalho no setor saúde possui

uma peculiaridade:

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O processo de trabalho produzido pelos Serviços de Saúde e, mais

especificamente, pelos hospitais difere das outras formas de produção

material e industrial, na medida em que produz serviços e tem a

especificidade de ser consumido no momento em que é produzido.

E, é nesse contexto que os profissionais que executam sua função nesse

ambiente possuem como especificidade o fato de a relação afetiva ser parte

integrante do próprio exercício do trabalho. Ou seja, necessitam estabelecer em sua

relação de cuidado o vínculo afetivo para que seu trabalho se realize. No entanto,

em uma relação profissional, mediada por normas, horários, salários, interrupções

de escala, altas, óbitos, a relação afetiva pode não se completar (JACQUES; CODO,

2003).

Nessa dinâmica, de acordo com Kirchhof et al. (2009), dentre as categorias

profissionais que estão mais susceptíveis a doenças do corpo e desordens psíquicas

em consequência do ambiente de trabalho, destacam-se os trabalhadores da saúde,

principalmente os que trabalham em ambiente hospitalar, tendo em vista as

inúmeras circunstâncias estressoras presentes nesse contexto.

Tomando o hospital como ambiente de trabalho predominante da equipe de

enfermagem, esses profissionais deparam-se com diversos agentes estressores,

como situações de contato direto com os pacientes e familiares que podem

desencadear uma gama de sentimentos, como irritação, depressão e

desapontamento.

Esses sentimentos podem ser considerados como incompatíveis com o

desempenho do profissional, trazendo, consequentemente, a culpa e o aumento da

ansiedade (PRETO; PEDRÃO, 2009).

Na enfermagem, diante de diversas situações, o profissional não é estimulado

a demonstrar seus sentimentos perante o paciente, reprimindo seu afeto. Alguns

autores argumentam que a repressão das emoções pode ser um dos principais

provocadores do esgotamento psicológico, gerando fadiga, que pode ser um fator

desencadeante de hipertensão arterial e enxaquecas, dentre outros

comprometimentos de saúde (RODRIGUES; BRAGA, 1998 apud PRETO, 2008).

Infere-se, ainda, que os enfermeiros, nas instituições hospitalares, estão

expostos a situações de elevada tensão emocional, que podem ser capazes de

desencadear sentimentos contraditórios em seus profissionais (PITTA, 2003). Dentre

eles, piedade, compaixão e amor. Além da culpa, ansiedade, ódio e ressentimento

contra os pacientes.

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Dessa forma, associado os sentimentos diversos desencadeados no

profissional e as características inerentes da profissão como às longas jornadas de

trabalho, condições de insalubridade do ambiente laboral, baixos salários e o duplo

emprego, são fatores que aumentam a possibilidade do absenteísmo e doenças

ocupacionais (MARTINO; MISKO, 2004).

Outro aspecto que se pode observar é que uma das características do

trabalho hospitalar é a necessidade do funcionamento em horário integral,

implicando, desse modo, em regime de plantões. Tal fato, em longo prazo, é capaz

de acarretar a esses trabalhadores danos à sua integridade física e psíquica (PITTA,

2003).

Assim, esses trabalhadores convivem em um contexto de sofrimento,

doenças, envolvimento com os problemas dos outros, relações interpessoais

difíceis, exigindo do trabalhador uma sobrecarga de envolvimento pessoal e uma

maior capacidade de enfrentamento dessas situações (LAUTERT, 1995).

Sabe-se que o ambiente hospitalar oferece uma demanda complexa de

serviços assistenciais à saúde e, por causa disso, acaba sendo dividido em setores

específicos de atenção ao paciente. Dentre esses, podemos listar: Pronto-socorro,

Centro Cirúrgico, Enfermarias, Unidades de Reabilitação e Unidades de Terapia

Intensiva.

De todas essas, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são as que

demandam um maior aporte tecnológico, bem como conhecimentos clínicos

específicos. O objetivo principal da UTI é a recuperação do paciente em tempo hábil,

dentro de um ambiente físico e psicológico adequado (SANTOS et al., 2010).

O profissional, nesse contexto, deve estar apto para utilizar as facilidades

técnicas existentes e aproveitá-las, assim como estar preparado para atividades

complexas que envolvem uma difícil carga de trabalho, tanto em nível teórico-

prático, como em nível mental (PRETO, 2008).

Outra definição desse ambiente hospitalar é a de Woods, Froelicher e Motzer

(2005 apud PRETO, 2008), que caracterizam a UTI como uma unidade que visa ao

atendimento a pacientes críticos que necessitam de uma intensa e contínua

supervisão do seu estado clínico. Esse tipo de unidade deve conter planta física

específica, materiais especializados, mão de obra qualificada e educação

continuada para assegurar os cuidados adequados aos clientes.

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Devido a todo esse aparato existente na UTI, é indispensável a presença do

profissional de enfermagem, o qual desempenha papéis tanto assistenciais como

gerenciais, precisando estar preparado para desenvolver atividades das mais

simples às mais complexas.

Assim, todo esse ambiente pode ser um real potencializador de estresse no

trabalhador de saúde e, em especial, no de enfermagem, pois passam a conviver

com uma demanda de complexidade tecnológica, pacientes graves em risco

iminente de morte, envolvendo sentimentos diversos.

Menezes-Vasques (2002, p. 194) diz que “o trabalho na Unidade de Terapia

Intensiva é perverso, pois o resultado final nunca é vivenciado: ou o paciente sai da

UTI, interrompendo o vínculo com a equipe, ou morre”.

Estudos comprovam que, para os enfermeiros de UTI, o local é muito tenso, e

que isso pode interferir no seu estado emocional, levando ao desgaste geral do

organismo e, consequentemente, provocando estresse (MARTINO; MISKO, 2004).

Cabe ressaltar, ainda, que as especializações dos profissionais, bem como o

rigor das técnicas exigidas no ambiente de terapia intensiva, e também, a tomada de

decisões em caráter emergencial; a exigência de competências e habilidades

necessárias à dinâmica do trabalho geral acarretam ao trabalhador um misto de

consequências aos aspectos psicossociais diversos, caracterizando-se assim como

um ambiente extremamente estressante para esse profissional.

Dentre as características físicas desse ambiente podem ser elencadas:

ambiente fechado, iluminação artificial, arcondicionado, o qual sabemos que pode

levar a alteraçõesde humor, as pessoas passam a se mostrar irritadas sem motivo

aparente, alergias, cefaleias, ansiedade, entre outros; planta física, às vezes

inadequada ao serviço de enfermagem; supervisão/coordenação vigilantes com

cobranças constantes; rotinas exigentes; deficiência de recursos humanos;

equipamentos sofisticados e barulhentos; morte, dor e sofrimento como entidades

fortes neste ambiente, gerando uma falta de motivação, muitas vezes, para o

trabalho (PEREIRA E BUENO, 1997 e PRETO; PEDRÃO, 2009).

Essas características evidenciam um ambiente tenso e exaustivo que pode

ser causa de desmotivação, conflito e fonte de estresse entre os membros da equipe

e, em particular, ao trabalhador, individualmente.

Existe uma diversidade de estudos com a referida temática no Brasil

(LAUTERT, 1995; LIPP, 2000; BIANCHI, 2009). Muitos trazem a indagação de como

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o estresse e outros fatores de ordem psicossociais podem influenciar no

desenvolvimento do indivíduo no ambiente de trabalho e seus reflexos na vida

pessoal.

Uma revisão de literatura de Santos et al. (2010) identificou os fatores

geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas, presentes nos enfermeiros

atuantes em unidades de terapia intensiva adulta. Foram encontrados como fatores

predisponentes de estresse: sobrecarga de trabalho, conflito de funções,

desvalorização e condições de trabalho. Os sinais e sintomas foram: taquicardia,

falta de apetite, calafrios, ansiedade e dores articulares.

Esses sinais e sintomas são característicos de um indivíduo que está incluso

na fase I da escala de Lipp (2000). Essa escala é constituída de uma série de sinais

e sintomas físicos e psicológicos divididos em três quadros. O primeiro quadro

corresponde àquilo que o indivíduo experienciou nas últimas 24 horas, ou seja, o

que o contato com o agente estressor desencadeou no organismo do indivíduo, seja

na área psicológica ou na área somática.

Outro estudo de Hanzelmman e Passos (2010) buscou identificar os fatores

desencadeadores do estresse nos profissionais de enfermagem na sua atividade

laboral. Os que mais se destacam são: carência de condições de trabalho; escassez

de recursos humanos e materiais para desenvolver um bom trabalho; e pessoal não

treinado.

Além da própria natureza do trabalho, o convívio com a doença, o sofrimento

e a morte proporcionam o surgimento de sintomas indicativos de sofrimento

psicológico nos profissionais de saúde. Afinal, nenhuma política de saúde é capaz

de determinar a singular relação entre o doente e o cuidador, nem de que forma

essa relação pode influenciar na saúde e na vida pessoal de cada trabalhador

(PITTA, 2003).

Com a análise desses estudos anteriores, pode-se perceber que as condições

de trabalho e a rotina que o trabalhador enfermeiro enfrenta em seu cotidiano

influenciam diretamente no seu corpo, tanto psicológica como fisicamente.

É importante ressaltar que, independente da profissão ou do local de trabalho,

é impossível não se deparar com condições e situações que desencadeiam o

estresse no trabalhador, afinal vive-se na era das mudanças repentinas, e esse

processo de adaptação do organismo a essas mudanças é altamente estressante

(CAPRA, 2000).

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Essa realidade frenética acaba por desencadear no ser humano uma série de

estímulos que são nocivos à sua saúde. Hoje facilmente encontramos trabalhadores

vítimas de distúrbios crônicos como hipertensão arterial, diabetes mellitus, entre

outros; bem como portadores de distúrbios psicológicos como depressão e insônia,

desestimulados, com irritações frequentes, mal-humorados e frustrados. Sinais e

sintomas característicos dos trabalhadores com estresse ocupacional.

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6 - METODOLOGIA

6.1 – Tipo de estudo

Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, de abordagem descritiva. Teve

como propósito analisar o estresse nos membros da equipe de enfermagem da

Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), em

Natal-RN.

No estudo quantitativo, o pesquisador parte de parâmetros (características

mensuráveis), traduzindo em números as opiniões e informações, para serem

classificadas e analisadas na busca do estabelecimento da relação entre causa e

efeito das variáveis (RODRIGUES, 2007).

Desse modo, o Inventário de Sinais e Sintomas do Stress de Lipp (2000)

(ISSL) (ANEXO 1). Este instrumento, trata-se de um método de avaliar o estresse

em função da quantidade de sinais e sintomas que o indivíduo que o indivíduo

assinala como estando presente nas últimas 24 horas, última semana e último mês.

Para o estabelecimento desse inventário foram utilizadas análises estatísticas para

estabelecer a confiabilidade desses dados.

O método qualitativo, entretanto, permite ao pesquisador uma maior

propriedade para abordar e compreender a realidade estudada; possibilitando,

ainda, um cruzamento e uma integração entre a literatura abordada e as questões

do estudo, conduzindo uma abordagem mais integral e fidedigna entre as

percepções dos integrantes da equipe de enfermagem da UTI do HUOL, acerca da

realidade que vivenciam (CASAGRANDE; PATRICIO, 2010).

E, ainda, descritiva, visto que permitiu descobrir com que frequência o

fenômeno estudado ocorre, além de sua relação e conexão com o contexto

estudado sem a interferência do pesquisador (CERVO; BERVIAN, 1996; CRUZ;

RIBEIRO, 2004).

6.2 – Local do estudo

O campo da realização da pesquisa foi a Unidade de Terapia Intensiva do

Hospital Onofre Lopes (HUOL), em Natal-RN. A escolha do campo se deu pelo fato

de ser um setor de referência para o estado do Rio Grande do Norte, bem como

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existir um grande fluxo de estudantes e estagiários de diversas áreas, podendo

haver relações interpessoais, por vezes, conflituosas. Além disso, a grande

quantidade de profissionais da saúde em um único ambiente hospitalar prestando

assistência a pacientes graves em estado terminal pode influenciar no modo como

se atua nesse ambiente.

O HUOL trata-se de um hospital geral, terciário, de alta complexidade, e

relacionado à rede do Sistema Único de Saúde. A estrutura física é composta por

três prédios interligados, dispondo, no momento, de 179 leitos ativos, 85 salas

ambulatoriais, cinco salas de cirurgias no centro cirúrgico, sete salas de cirurgia

ambulatorial, doze leitos de terapia intensiva para adultos, e setores de apoio, como

serviços de laboratório, radiologias, hemodinâmica e exames de alta complexidade

(SILVA, 2008).

Atende às demandas da clínica médica nas especialidades de angiologia,

cardiologia, dermatologia, endocrinologia, hematologia, nefrologia, neurologia,

reumatologia, pneumologia, otorrinolaringologia e urologia. Em clínica cirúrgica,

atende às especialidades de cirurgia torácica, neurocirurgia, cirurgia vascular,

cirurgia cardíaca, cirurgia geral, transplante hepático e renal.

O cenário estudado tem capacidade de 12 leitos, sendo 8 para UTI geral e 4

para neurocárdio. Todos são leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em sua

maioria, os pacientes possuem patologias crônicas ou estão em tratamento pós-

operatório.

O fato de ser um ambiente universitário acarreta em um grande fluxo de

alunos das mais diferentes áreas de graduação e pós-graduação (residências) em

saúde, bem como um grande contingente de funcionários por turno.

6.3 – População e Amostra

Participaram desse estudo quarenta e oito profissionais de enfermagem que

compõe a UTI do HUOL. Destes, nove (9) enfermeiros, todos funcionários federais, e

trinta e nove (39) técnicos de enfermagem, sendo treze (13) funcionários federais,

doze (12) bolsistas estagiários de enfermagem, contratados através do Instituto

EuvaldoLodi (IEL), sete (7) da Fundação Norte Riograndense de Pesquisa e Cultura

(FUNPEC) e dois (2) cedidos pela Secretaria do Estado da Saúde Pública (SESAP).

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Sendo assim, do total de quarenta e oito (48) trabalhadores de enfermagem,

trinta e oito participaram da primeira fase da pesquisa (n=38). Os demais não

atenderam aos critérios de inclusão. Essa amostra atingiu um total de 79,1% dos

profissionais da referida equipe.

6.4 – Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL), sob protocolo nº: 607/11 e número de

CAAE: 0037.0.294.000-11.

A cada participante da pesquisa foi entregue o termo de consentimento livre e

esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B), com a finalidade de obter dos entrevistados sua

anuência com relação à participação na pesquisa. Aqueles que concordaram com os

objetivos da pesquisa assinaram o termo a fim de confirmar sua participação no

estudo.

Acerca do sigilo, foi assegurada a privacidade dos sujeitos quanto aos dados

confidenciais envolvidos na pesquisa. Os entrevistados foram denominados por

ordem cronológica de período de realização das entrevistas e identificados por

Enfermeiro (E1, E2...) e Técnico de Enfermagem (TE1, TE2...).

6.5 – Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2011,

após a aprovação da pesquisa no CEP-HUOL e na banca de qualificação.

Os dados foram coletados em duas fases distintas. Na primeira, a

pesquisadora foi a UTI, nos diferentes turnos de trabalho da equipe de enfermagem,

abordando os quarenta e oito (48) profissionais que lá atuam, explicando os

objetivos e métodos da pesquisa, bem como as condições para a aplicação do ISSL.

Essa primeira fase envolveu um total de trinta e oito (38) sujeitos existentes

no ambiente de estudo, os demais foram excluídos devido aos critérios de inclusão.

Sendo assim, cada elemento da população em estudo teve a mesma chance de ser

selecionado para a primeira e para a segunda fase da pesquisa, tendo apenas que

se enquadrar nos critérios de inclusão da pesquisa (POLIT; BECK; HUNGLER,

2004).

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Para essa fase, foram definidos como critérios de inclusão: trabalhar no

referido setor há pelo menos seis meses, pois com esse tempo estimado de serviço

já se depararam com situações estressantes e que lhe ocasionaram desconforto.

Além disso, deviam ter disponibilidade de responder o ISSL e aceitar participar da

pesquisa voluntariamente.

E como critérios de exclusão: ter menor tempo de serviço que o descrito

acima, alguma indisponibilidade de tempo em participar do questionário, estar de

férias e/ou temporariamente afastado do setor.

No momento da coleta, os profissionais foram abordados cordialmente, e

estes se enquadrando nos critérios da pesquisa o ISSL era entregue para que os

trabalhadores pudessem responder. Primeiramente, eles respondiam a um

questionário sociodemográfico em que se encontravam as seguintes variáveis: sexo,

idade, estado civil, vínculos empregatícios, para que pudesse ser caracterizado o

perfil desses entrevistados e em seguida o ISSL.

É importante destacar que o ISSL utilizado neste estudo foi uma versão

adaptada por Suarez, 2010, neste instrumento o indivíduo assinala os sinais e

sintomas significativos do estresse, nos períodos das últimas 24 horas, última

semana e último mês. Dessa maneira, é possível identificar qual a fase do estresse

que o sujeito se encontra.

As fases do estresse são classificadas conforme a ocorrência desses itens,

de acordo com o modelo proposto pela autora do ISSL. A aplicação durou em média

dez minutos e foi realizada de forma individual com cada membro da equipe de

enfermagem que se dispôs a participar.

Os dados provenientes do ISSL foram identificados a presença de sintomas

físicos; sintomas psicológicos, seguido da soma dos dois em cada coluna. Como o

indicativo de estresse na fase de alerta é necessário que o indivíduo marque um

número maior do que seis (escore bruto) na primeira coluna, ou seja os sintomas

presente nas últimas 24 horas; na fase de resistência um escore bruto superior a

três a nove na segunda coluna; a fase de quase-exaustão de 10 a 15 e a fase de

exaustão escores brutos superior a 8.

Assim, foi classificado a fase do estresse que cada sujeito do estudo

vivenciava no momento da coleta. Quanto a realização da segunda etapa da

pesquisa, foram estabelecidos como critérios de inclusão: ter participado da primeira

fase da pesquisa; ter apresentado fase de resistência ao estresse, mensurado

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conforme o ISSL, o valor bruto de 8 e um percentil equivalente de 42%, e ter

disponibilidade para responder à entrevista semiestruturada.

Para essa etapa da pesquisa, foi criado um roteiro de entrevista

semiestruturado (Apêndice C), contendo cinco questionamentos acerca do estresse

no ambiente de trabalho, a fim de visualizar as causas mais frequentes do estresse

no ambiente da UTI.

Dessa fase, conforme critérios pré-estabelecidos, participaram vinte e um (21)

integrantes da equipe de enfermagem, sendo cinco enfermeiros e dezesseis

técnicos de enfermagem.

De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2006), a entrevista é um instrumento

no qual o pesquisador obtém dados que podem ser fornecidos pelos sujeitos do

estudo, conforme suas vivências e confrontos diretos com o estresse ocupacional e

sua rotina na terapia intensiva, constituindo-se um importante instrumento para

tradução de um cotidiano de atuação, por vezes, estressante.

6.6 – Análise dos dados

Os dados coletados, provenientes do ISSL, foram analisados à luz das

diretrizes propostas pela autora do referido inventário. Nessas diretrizes, Lipp (2000)

relata que a ocorrência de sete (7) ou mais escores realizados pelo participante na

tabela I significa que ele se encontra na fase de alerta do estresse.

Na ocorrência de quatro (4) escores ou mais realizados pelo entrevistado na

tabela II, o indivíduo encontra-se na fase de resistência do estresse. Ainda na tabela

II, se a pontuação obtida for maior que dez (10) escores, o participante encontra-se

na fase de quase-exaustão do estresse. E, por fim, na ocorrência de nove (9) ou

mais escores realizados pelo entrevistado na tabela III, este se encontra na fase de

exaustão do estresse.

Após a realização dessa fase com os trinta e oito integrantes da equipe, e os

dados tabulados em planilhas do Microsoft Excel 2010 e analisados conforme as

diretrizes preconizadas pelo manual do inventário dos sinais e sintomas de Lipp

(2000) foi possível traçar o perfil da amostra de profissionais que participaram da

segunda etapa da pesquisa. Além disso, os dados foram analisados, também,

quantitativamente, mediante estatística descritiva (frequências absoluta e relativa).

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36

Quanto aos dados obtidos a partir das entrevistas semiestruturadas, esses

foram transcritos e analisados segundo o método de análise de conteúdo temática,

proposto por Bardin (2004).

A análise de conteúdo permite: avaliação sistemática de mensagens dos

interlocutores; síntese dos dados conforme as etapas de pré-análise, organizando as

ideias iniciais e sistematizando preliminarmente as informações coletadas; análise,

codificando as informações por meio de uma avaliação temática; e interpretação,

quando se alçam as unidades de significação presentes nas entrevistas, definindo

as temáticas que fundamentarão o estudo (BARDIN, 2004).

Após esse processo, foram criadas categorias a fim de classificar as falas dos

entrevistados em elementos constitutivos de um conjunto de ideias comuns

(BARDIN, 2004).

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PARTE II – ESTRESSE NA UTI

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7 – ESTRESSE: aspectos quantitativos

Com a coleta e transcrição dos dados sociodemográficos, pode-se traçar o

perfil dos participantes quanto ao sexo, idade, estado civil e quantidade de vínculos,

como demonstrado na tabela 1; também está mensurada a frequência com que as

variáveis socioeconômicas estão presentes na amostra estudada, bem como o

percentual de significância em relação ao total da equipe, sendo, nesse caso, um

total de 38 participantes.

TABELA 1: Enfermeiros e técnicos de enfermagem da UTI do HUOL distribuídos por sexo, idade e estado civil (N=38)

N de Enfermeiros

% N de Técnicos de Enfermagem

% N equipe

%

Sexo

Masculino 1 14,2 7 22,5 8 21,0 Feminino 6 86 24 77,5 30 79,0

Idade

20 a 29 anos 1 14,2 7 22,5 8 21,0 30 a 39 anos 4 57,3 14 45,3 18 47,5 40 a 49 anos 2 28,5 10 32,2 12 31,5

Estado civil

Casado 4 57,2 13 42 17 44,7 Solteiro 3 42,8 12 38 15 39,6

Divorciado 0 0 6 20 6 15,7 Dupla Jornada

Sim 5 71,4 17 54,8 22 58 Não 2 28,6 11 35,4 13 34,2

Tripla 0 0 3 9,8 3 7,8 TOTAL 7 100 31 100 38 100 Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Com a tabulação e interpretação desses dados, foi possível perceber que a

maioria da população estudada é do sexo feminino, 80% dos profissionais; está na

faixa etária de 30 a 39 anos (52,3%); é casada (52,3%) e possui duplo vínculo

(65,7%).

Com relação à análise decorrente do ISSL, o estudo apontou que os

profissionais avaliados estavam, em sua maioria, estressados. Os dados mostram

que 55,2% (21) dos 38 participantes apresentavam sinais e sintomas indicativos de

alguma fase do estresse. Da mesma forma, 44,7% (17) profissionais não

apresentavam sintomas sugestivos para o estresse.

Dentre os trabalhadores que tinham indícios de estresse, 80,9% (17)

encontravam-se na fase de resistência do estresse, 14,2% (3) na fase de quase-

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exaustão e 4,7% (1) na fase de alarme. Não foi evidenciada a fase de exaustão em

nenhum participante. Esses percentuais são demonstrados na tabela 2:

TABELA 2: Fases do estresse pontuadas pela equipe da UTI do HUOL (N=38)

Nível do estresse

N de Técnicos de enfermagem

% N de Enfermeiros

% N equipe %

Sem estresse 16 53,3 1 12,5 17 44,7 Alarme 1 3,3 0 0 1 2,7

Resistência 11 36,6 6 75 17 44,7 Quase-

exaustão 2 6,8 1 12,5 3 7,9

Exaustão 0 0 0 0 0 0 TOTAL 30 100 8 100 38 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Com isso, é possível perceber quea presença do estresse foi predominante

na equipe investigada. O fato de mais da metade (55,2%) dos participantes se

encontrar em alguma fase do estresse é motivo de preocupação quanto à qualidade

de vida desses profissionais em seu ambiente de trabalho.

Grande parte (44,7%) dos entrevistados está na fase de resistência. Essa

fase, conforme Lipp (2000), requer energia adaptativa do indivíduo às situações que

o cercam em prol da manutenção da hemostasia do organismo perdida na fase

anterior, ou seja, na de alarme, o que pode acarretar um enfraquecimento físico do

corpo, podendo ser fonte geradora de doenças.

A predominância dessa fase corrobora com dados de estudos anteriores,

como o de Santos e Cardoso (2010), no qual essa fase foi evidenciada entre os

profissionais de saúde mental; o de Carvalho e Malagris (2007), em que se buscou

pesquisar o estresse entre profissionais da saúde; e o de Ferrareze, Ferreira e

Carvalho (2006), os quais, também, identificaram prevalência da fase de resistência

do estresse entre profissionais de enfermagem que atuam em unidade de terapia

intensiva; vale salientar que todos esses estudos utilizaram o ISSL para mensuração

do nível de estresse dos entrevistados.

Quanto à categoria profissional participante do estudo e a presença do

estresse, foi identificado que houve uma predominância deste entre os enfermeiros,

com 85,7% dos participantes apresentando alguma fase do estresse. Já entre os

técnicos de enfermagem esse índice foi menor, constituindo-se uma amostra de

48,3% do total desses profissionais. Isso pode ser demonstrado na tabela 3:

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TABELA 3:Distribuição do estresse por categoria profissional na UTI do HUOL (N=

38)

Categoria Profissional Sem estresse Com estresse

Freq. % Freq. %

Enfermeiros 1 14,2 6 85,7

Técnico de Enfermagem 16 51,6 15 48,3

Total 17 44,8 21 55,2

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Com relação à prevalência dos sinais e sintomas do estresse nos

profissionais, 19% (4) desses tiveram equivalência entre os sintomas físicos e

psicológicos, 71,4% (15) predominância dos sintomas físicos, e 9,1% (2) dos

sintomas psicológicos.

Devido à grande demanda dos profissionais estressados se encontrar na fase

de resistência, foi analisada a frequência (N) com que cada sintoma típico dessa

fase ocorre – cabe ressaltar que o “N” diz respeito à quantidade de vezes que esse

sintoma foi assinalado pelos profissionais, entre enfermeiros (Nenf), técnicos (Ntec)

e a equipe (Nequipe), conforme tabela 4:

TABELA 4:Distribuição dos sinais e sintomas físicos do estresse em enfermeiros e

membros da equipe de enfermagem no último mês conforme o ISSL

Sintomas físicos no último mês

N(enf) % N(tec) % N(equipe) %

Sensação de desgaste físico

4 20 9 18,7 13 16,8

Problemas com a memória

4 20 7 14,5 11 14,2

Cansaço Constante 1 5 9 18,7 10 12,9 Mudança de apetite 2 10 6 12,5 8 10,3 Formigamento de extremidades

2 10 5 10,4 7 7,7

Gastrite prolongada 1 5 5 10,4 6 7,7 Mal-estar generalizado 2 10 2 4,1 4 5,1 Problemas dermatológicos

1 5 3 6,25 4 5,1

Hipertensão arterial 2 10 2 4,1 4 5,1 Insônia 1 5 0 0 1 1,2 TOTAL 20 100 48 100 68 100

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

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Como sintoma de maior prevalência entre os enfermeiros, destaca-se a

sensação de desgaste físico com uma frequência de 16,8%. Já os sintomas de

menor presença entre os membros da equipe foram hipertensão arterial confirmada,

5,1% dos profissionais, e insônia, apresentada por 1,2% dos trabalhadores.

Esse fato encontrou similaridade, também, com os estudos prévios que foram

realizados com o mesmo inventário entre os componentes da equipe de

enfermagem (FERRAREZA; FERREIRA; CARVALHO, 2006; CARVALHO;

MALAGRIS, 2007;).

Isso é entendido como um reflexo da rotina intensa do trabalho no corpo do

profissional. Molina e Guimarães (2007) relatam que o trabalho nas unidades de

terapia intensiva, por apresentar uma dinâmica intensa, com agitação da equipe,

pacientes graves, muito trabalho, leva o indivíduo a responder com efeitos negativos

do estresse em seu organismo.

Ainda em consonância com estudos anteriores, Carvalho e Malagris (2007),

também, detectaram na equipe de enfermagem analisada a sensação de desgaste

físico constante como o sintoma físico de maior frequência, podendo ser traduzido

como um reflexo do uso da energia que ainda existe no corpo do trabalhador para

manutenção do equilíbrio.

Além disso, existem fatores inerentes à própria UTI que trazem reflexos a

esses trabalhadores. Dentre esses, é citada a carga de responsabilidade depositada

neles, tanto pela família e pacientes quanto por demais membros da equipe, devido

aos cuidados destinados interinamente aos pacientes graves, o que aproxima esses

profissionais com a dor alheia, sendo traduzida em desgaste físico pela presença

constante do estresse em seu ambiente laboral (CARVALHO; MALAGRIS, 2007).

Junto a isso, estão relacionadas as cobranças típicas do ambiente de trabalho

em desempenhar uma assistência adequada aos pacientes, gerando conflitos e

carga excessiva. No profissional, isso é refletido em cansaço constante (PRETO,

2008).

Ainda foi constatado que o segundo sintoma de maior frequência foram os

problemas com a memória dos trabalhadores de enfermagem. Este, também, é um

reflexo da fase de resistência do estresse conforme Lipp e Malagris (2001),

comprometendo de sobremaneira a qualidade do trabalho desse profissional.

O predomínio de problemas com a memória entre os profissionais que se

encontravam estressados foi evidenciado na literatura estudada. Coronetti et al.

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(2006) relatam que esse foi um dos sintomas de maior manifestação emocional

entre os profissionais que atuavam na unidade de terapia intensiva.

Cabe ressaltar que os sintomas físicos foram predominantes em detrimento

dos psicológicos. Esse fato, na maioria das vezes, é decorrente da carga de trabalho

físico presente entre esses profissionais, por atuarem muitas horas do dia de pé,

prestando assistência direta a pacientes totalmente dependentes, algumas vezes

sem intervalo ou sem tempo para descanso, refletindo em seu próprio organismo

(FERRAREZA; FERREIRA; CARVALHO, 2006).

Os sintomas psicológicos de maior evidência entre os profissionais estudados

são apresentados conforme tabela 5, mais uma vez especificados conforme as

categorias enfermeiros, técnicos e equipe.

TABELA 5:Distribuição das manifestações psicológicas apresentadas pelos

enfermeiros e equipe de enfermagem da UTI do HUOL no último mês conforme o

ISSL 2000

Sintomas psicológicos no

último mês

N(enf) % N (tec) % N (equipe)

%

Sensibilidade emotiva 4 28,6 6 25 10 26,3 Irritabilidade excessiva

4 28,6 6 25 10 26,3

Dúvidas quanto a si próprio

3 21,4 3 12,5 6 15,7

Pensamento em um só assunto

2 14,3 5 20,8 7 18,4

Diminuição da libido 1 7,1 4 16,6 5 13,1 Total 14 100 24 100 38 100

FONTE: Dados da pesquisa, 2012.

Foram percebidos como sintomas psicológicos de maior prevalência a

sensibilidade emotiva e a irritabilidade excessiva, que tiveram escores iguais a

26,3%. E, dentre os de menor frequência, podem ser visualizadas as dúvidas quanto

a si próprio; diminuição da libido e as, com um percentil apresentado de15,7% e

13,1% respectivamente.

Quanto aos sintomas psicológicos, os de maior incidência apresentados

foram sensibilidade emotiva e irritabilidade excessiva. Ambos também encontram

similaridade com a literatura estudada (LIPP; MALAGRIS, 2001). Conforme Malagris

e Fiorito (2006), isso dificulta as atividades profissionais diárias e influencia

negativamente a qualidade do trabalho.

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Com a análise desses dados, ainda se observa que o estresse esteve

presente em 85,4% dos enfermeiros entrevistados. Um dado que é fonte de

preocupação, afinal esses trabalhadores podem vir a ter sua saúde comprometida.

Pesquisas acerca do estresse entre enfermeiros também evidenciaram esse

fato e, dentre os fatores relacionados com o estresse, são incluídos: tempo dedicado

ao cuidado e à assistência, aumentando a probabilidade de ocorrência do estresse

por conflitos interpessoais; além de pacientes com necessidade de cuidados diretos

em tempo integral (GUERRER; BIANCHI, 2008).

Além disso, destaca-se a alta demanda de trabalho burocrático que a UTI

exige. Em consonância com esse fato, um estudo de Calderaro, Miasso e Corradi-

Webster (2008) identificou como fonte de estresse o caráter hierárquico do serviço,

burocrático e especializado, das organizações de saúde.

8 – ESTRESSE: aspectos qualitativos

Foram criadas categorias a fim de classificar as falas dos entrevistados em

elementos constitutivos de um conjunto de ideias comuns (BARDIN, 2004).

Realizada a categorização dos dados, foi possível traçar as categorias de

significação do estresse conforme expresso na figura 1.

Figura 01: Significados do estresse na visão da equipe de Enfermagem do HUOL.

• A rotina de cuidado na UTI

• Pressões e cobranças individuais Os estressores do ambiente de trabalho

• Dupla jornada: reflexos no cotidiano profissional

• O trabalho noturno da equipe de enfermagem

• O corpo que sofre: as manifestações do estresse

O excesso de trabalho

• Comunicação deficitária entre os membros da equipe

Relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem na UTI

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8.1 Os estressores do ambiente de trabalho

A atuação da equipe de enfermagem na terapia intensiva exige desses

profissionais um contato constante com situações que podem abalá-los tanto física

como psicologicamente.

Afinal, esse ambiente é um dos mais críticos da unidade hospitalar, havendo

o contato constante com situações que requerem de seus trabalhadores atenção,

habilidades e conhecimento técnico-científico adequado para lidar com os aparatos

tecnológicos e com os pacientes hemodinamicamente instáveis.

Além disso, são locais cada vez mais sofisticados, burocratizados e

mecanicistas, tornando o ambiente de trabalho complexo e instável, e expondo a

equipe a situações de grande tensão, por trabalhar com as emoções dos pacientes,

dos familiares e com suas próprias emoções (VARGAS; DIAS, 2011).

Dentre as situações adversas que essa rotina exige, podem ser destacadas: o

contato com pacientes hemodinamicamente instáveis e seu risco de morte; a

comunicação interpessoal prejudicada, seja entre os profissionais ou desses com os

pacientes; além de um ambiente físico que exige atenção constante, cautela e

autocontrole.

Assim, esse cenário envolve uma gama de sentimentos nesses

trabalhadores. A exemplo disso, pode-se citar: o contato com situações inesperadas,

o que exige desses profissionais um preparo psicológico e um raciocínio rápido para

saber agir nessas situações; angústia e irritabilidade por atuar em um ambiente

isolado de outros setores, com iluminação artificial; a presença da supervisão

constante e a comunicação deficiente entre a equipe.

Desta feita, são destacados como fontes de tensão que provocam o estresse

na equipe de enfermagem da terapia intensiva do HUOL: o processo de trabalho

desses profissionais, as pressões internas e as autocobranças.

Foram encontrados como agentes estressores: a rotina diária em terapia

intensiva, estando relacionada ao processo de trabalho; a comunicação deficitária

entre os membros da equipe, como fator organizacional; e as autocobranças e

autodemandas em desempenhar uma assistência adequada ao paciente grave,

como um papel estressor.

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8.1.1. A rotina de cuidado na UTI

A rotina diária relatada pelos profissionais entrevistados está relacionada com

o ambiente físico da terapia intensiva e com a organização dos cuidados destinados

aos pacientes.

Sabe-se que essas unidades são setores críticos hospitalares, envolvendo um

grupo de funcionários restrito por turno, o que gera um isolamento dessa equipe em

detrimento dos outros setores do hospital. E ainda pode haver uma redução do

quadro de funcionários para a demanda de pacientes que necessitam de atenção.

Assim, analisando a planta física da UTI, observa-se um setor com iluminação

artificial, ar condicionado, ruídos de monitores, ventiladores artificiais e entrada

restrita para os profissionais que lá atuam, constituindo-se, assim, uma equipe fixa,

acarretando em uma convivência contínua por muito tempo em uma mesma rotina

de trabalho e com as mesmas pessoas.

Essas peculiaridades da UTI do HUOL foram destacadas por seus

trabalhadores como fatores estressantes, como se pode perceber:

Porque, assim, a UTI já é um setor estressante, é um setor fechado, você

não vê o tempo passar, é num é a luz do dia, muita gente morrendo, muita

gente grave. (E2).

É porque é muito barulho, de TV, de telefone, de máquina, bomba, telefone,

gente conversando, gente chamando, dieta apitando, é uma coisa bem

estressante e eu sou muito silencioso. (E4).

Esses estressores físicos acabam acarretando ao profissional um nível de

tensão aumentado em seu cotidiano de serviço e na organização do mesmo;

principalmente para aqueles que possuem muito tempo de serviço nessas unidades

críticas.

A literatura nos mostra que, dentre outros fatores, um ambiente extremamente

seco, refrigerado, fechado e com iluminação artificial pode ser apontado como

desencadeador de distúrbios psíquicos nos trabalhadores da enfermagem que

atuam nessas unidades, dentre eles a ansiedade e a depressão (VARGAS; DIAS,

2011).

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Além disso, o barulho e o ruído foram identificados como potenciais geradores

de estresse; afinal, além de repercussões auditivas, são capazes de desencadear

distúrbio mental nesses trabalhadores.

Um estudo de Oliveira e Lisboa (2007) demonstrou que para os profissionais

de enfermagem, por executarem um trabalho que exige concentração e

compreensão, a presença do ruído em ambiente fechado é responsável por trazer

alguma perturbação na capacidade de concentração, perturbação do sono e

incômodo.

O alto nível de barulho ainda é citado como um risco ocupacional que o

ambiente de trabalho traz a seu trabalhador. Isso, possivelmente, interfere na saúde

e no desempenho do profissional de enfermagem, reduzindo sua satisfação com o

emprego e dificultando os cuidados que ele oferece a seus pacientes (CARVALHO;

PEDREIRA; AGUIAR, 2005).

A relação que esse profissional tem com a organização do trabalho e com seu

ambiente de atuação influenciará diretamente o estilo de vida e o cuidado destinado

aos pacientes, pois um local de trabalho que acarreta a seu trabalhador tensão

constante poderá trazer para sua atuação, enquanto profissional, consequências

ruins.

Um exemplo é a falta de concentração para realizar certos procedimentos, e,

como consequência, a ocorrência de erros. Além disso, um ambiente de trabalho

que causa o estresse trará para a equipe um clima de descontentamento com o

trabalho e perturbação à assistência prestada (AURÉLIO, 2009).

Quanto ao exercício profissional e o cuidado destinado aos pacientes, os

entrevistados também os caracterizaram como estressante em sua rotina. Afinal, a

assistência destinada a pacientes graves gera um contato constante com situações

inesperadas, como urgências, procedimentos de emergências e até a morte.

Dessa forma, esses profissionais caracterizaram seu cuidado como complexo

e permeado por sentimentos diversos, como podemos perceber na fala:

Você trabalhar em uma UTI, em um setor crítico que você tem que assim,

tem que tá pronta para cuidar de seu paciente, você tem que vir com

disponibilidade para trabalhar [...] porque em UTI você não pode cochilar,

tem aqueles pacientes que têm tudo, tem bomba (TE2).

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O cotidiano marcado pela assistência direta ao paciente grave que necessita

em tempo integral de suporte e cuidados diretos gera estresse no ambiente de

trabalho, visto que uma das características desses pacientes é que são totalmente

dependentes dos cuidados da equipe de enfermagem para a manutenção de sua

saúde, o que acaba gerando tensão ao trabalhador. Foi referida pelos entrevistados

uma esfera de tensão em relação à dependência direta dos pacientes; isso pode ser

visualizado no seguinte recorte:

Às vezes você está com um paciente só, mas esse paciente é

extremamente grave, que tem que ficar em observação nele, isso gera uma

grande tensão, você tem que estar muito atento (TE1).

Brito e Carvalho (2003) relatam que a enfermagem é estressante devido à

responsabilidade pela vida das pessoas e devido à proximidade com os clientes, em

que o sofrimento é quase inevitável, exigindo dedicação no desempenho de suas

funções e aumentando a probabilidade de ocorrer o estresse.

O contato constante com essa rotina laboral – somado com uma necessidade

de autocontrole, a disposição para atender ao usuário, a complexidade do cuidado,

os fatores pessoais, como idade, sexo, quantidade de vínculos empregatícios, e o

tempo de serviço – repercute no corpo físico e no psicológico desses profissionais

na forma de estresse (PANIZZON; LUZ; FENSTERSEIFER, 2008).

A importância do reconhecimento desses fatores estressantes na rotina diária

por esses profissionais consiste no fato de que, para se ter um ambiente seguro, faz-

se necessário reconhecer aquilo que o trabalho pode desencadear no trabalhador.

Isso favorecerá a diminuição da tensão e do estresse laboral e, consequentemente,

a melhoria do cuidado de enfermagem.

8.1.2 Pressões e cobranças individuais

O trabalho da enfermagem é coletivo e desenvolvido sob regras institucionais,

buscando atender às necessidades da clientela (PIRES; GELBECK; MATOS, 2004),

o que acarreta em uma interação frequente entre os profissionais de nível superior e

de nível técnico. Essa relação, em sua maioria, sofre influência constante do

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ambiente de trabalho, podendo gerar nesses profissionais pressões e cobranças no

desempenho de suas atividades.

Foi encontrado nos relatos dos entrevistados o estressor caracterizado por

autocobrança em realizar uma assistência adequada, sendo também percebido na

forma de pressão de superiores por prestar um serviço seguro e livre de erros para o

paciente e para a equipe.

Cabe ressaltar que os pacientes internados em UTI necessitam de um

cuidado complexo, e o desempenho dessa função requer um treinamento adequado

do profissional; sendo assim, por se encontrar em situações de limiar de vida e

morte, confronto com a dor alheia, nesses profissionais é pode desencadear o

sentimento de pressão interna para realizar uma assistência isenta de erros, o que

gera estresse no cotidiano do seu trabalho.

Conforme Campos e David (2011), essas pressões e cobranças conferem

uma maior dificuldade aos trabalhadores, à medida que limitam as situações às

respostas atribuídas, passando a se refletir no aumento do trabalho e no custo

humano da atividade, comprometendo aspectos físicos, cognitivos e psíquicos.

Esse modo como a organização do trabalho é vivenciada por esses

profissionais é capaz de provocar uma pressão interna constante, o que influencia

nos aspectos psíquicos individuais, como demonstrado no recorte a seguir:

Você se sente sobrecarregado, é como se você não conseguisse assistir o

paciente bem, e como se você tivesse só apagando o fogo, vai fazendo o

que vai aparecendo e há uma sensação de que você não tá fazendo de

forma adequada [...] É de uma lâmpada quebrada até um exame de alta

complexidade de um paciente tudo quem resolve é o enfermeiro (E 1).

Percebeu-se que o entrevistado relata a presença de um trabalho prescrito e

de um trabalho real. O trabalho prescrito são as funções que competem a cada

profissional dentro de seu ambiente de atuação, e o trabalho real é aquele que ele

exerce a fim de providenciar tudo que tem que ser feito para a continuidade do

serviço (CAMPOS; DAVID, 2011).

Além disso, os dados desse estudo apontam que o profissional se sente

sobrecarregado em desempenhar funções extras àquelas que, normalmente, lhe

competem, acarretando o acúmulo de funções e serviços, sendo capaz de

desencadear o estresse na rotina diária.

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Essa sobrecarga de atividades também foi vista por outro entrevistado do

estudo:

Tudo depende do enfermeiro, desde a pré-assistência que isso aí eu não

reclamo disso aí, mas além da assistência existem demandas que não

fazem parte da nossa função, mas nós acabamos assumindo, como por

exemplo dar conta de papel, dar conta de material, dar conta de impressora

que quebra, de luz que queima, de tudo; ou seja, em pleno funcionamento a

UTI depende de nós (E3).

Assim, esses trabalhadores acabam vivenciando o acúmulo de funções

dentro do seu serviço e, ainda, têm que realizar a sua função real, a assistência

individual aos pacientes. Esse acúmulo de funções ocasiona uma gama de

sentimentos contraditórios, podendo ser expresso em insatisfação com o trabalho e

com o ambiente de atuação, além de desmotivação, cansaço e situações de

confronto direto com os demais membros da equipe, acarretando em estresse.

Outros relatos que se relacionam com as pressões são as cobranças

individuais e de superiores. Isso é decorrente da assistência ininterrupta a ser

oferecida aos pacientes, sendo diferenciada de outras unidades consideradas não

críticas. Esse cuidado mais específico acarreta ao profissional angústia e tensão, o

que foi referido nas falas dos entrevistados:

Como ontem teve um caso de um paciente jovem muito grave [...] Então ele tava sangrando bastante, entendeu, tinha que repor muito sangue, fazer muita transfusão de sangue, plasma, crio, então isso gerou uma tensão, a cobrança que tudo tem que ser registrado, é, tem que administrar, e o paciente ali consciente, vendo todo aquele sofrimento, então aquilo ali gera uma tensão (TE1). Eu me cobro muito, sabe, na assistência [...] eu quero estar olhando, mesmo que o colega vá e faça, mas eu quero ver...eu sou muito perfeccionista, então eu gosto das coisas à minha maneira (TE2). Porque o que também tem é uma cobrança, dos enfermeiros com a gente, em todas as instituições é assim. Aí às vezes você leva toda aquela carga de cansaço para os pacientes (TE5).

Esses recortes esboçam o que a literatura trata de interação entre o cuidador

e o paciente. Baggio, Callegaro e Erdmann (2008) mostram que a enfermagem

estabelece o elo entre o ser cuidador e o ser cuidado, e é a partir de condutas de

zelo, atenção e respeito que se fortalecem as relações entre eles.

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No entanto, nas falas percebe-se que o fato de cuidar de pacientes em risco

de morte traz a esse trabalhador sentimentos de tensão em desempenhar uma

assistência livre de erros para a melhora do quadro clínico do paciente.

Além disso, existem a divisão do trabalho e a organização na divisão dos

pacientes, propiciando uma fragmentação do trabalho para o exercício das tarefas a

eles delegadas. Isso é resultado de hierarquia rígida, controle gerencial do processo

de produção, desequilíbrios nas cargas de trabalho, separação entre concepção e

execução, o que leva a esse trabalhador desmotivação e alienação (PIRES;

GELBECK; MATOS, 2004).

Ainda foi mencionado por um dos entrevistados que o fato de estar sob

pressão de seus superiores gera um acúmulo de tensão que, também, pode

influenciar no cuidado aos pacientes de forma negativa. Desta feita, é necessário

que esses profissionais possam compreender aquilo que interfere em sua

assistência aos pacientes e que seu modo de trabalhar não seja afetado.

8.2 O excesso de trabalho

8.2.1 Dupla jornada: reflexos no cotidiano profissional

Na profissão de enfermagem, o excesso de trabalho, na maioria das vezes, é

rotineiro, ocorrendo em decorrência de uma série de motivos, dentre eles: trabalho

em turno, baixos salários, fatores sociais e individuais que ocasionam o aumento da

carga de trabalho (SILVA; ROTENBERG; FISCHER, 2011).

Essa realidade também foi comprovada neste estudo. Do universo de sete

enfermeiros entrevistados, quatro têm dupla jornada de trabalho. Foi percebido que

nesses profissionais a fase de resistência do estresse foi predominante em percentis

maiores, que variaram entre 25% e 58%, o que não foi observado entre os

enfermeiros com único vínculo.

Entre os técnicos de enfermagem, essa realidade é ainda mais presente. Do

total de treze técnicos de enfermagem entrevistados, onze possuíam dupla jornada

de trabalho, e um relatou que tinha tripla jornada. E, ainda, dentre esses a fase do

estresse predominante era de resistência, com percentis entre 17% e 50%, e fase de

quase-exaustão, com um percentual de 67%.

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Esse fato é evidenciado na literatura, ao mencionar que o acúmulo de

empregos é uma característica do profissional de enfermagem hospitalar no Brasil, e

isso pode acarretar para o serviço efeitos negativos, como maior risco para

acidentes de trabalho, bem como efeitos negativos para o cuidado destinado aos

pacientes (SILVA; ROTENBERG; FISCHER, 2011).

Caruso et al. (2006) relatam que o excesso de trabalho é capaz de

desencadear nos profissionais de enfermagem consequências imediatas e a longo

prazo. Dentre as imediatas, destacam-se a redução de tempo de sono, sintomas de

fadiga e depressão, dor e vários tipos de disfunções. E as a longo prazo são:

incapacidade para o trabalho e interferência na família do empregador e no cuidado

destinado aos pacientes.

Esses efeitos também foram visualizados nas respostas dos entrevistados,

como podemos perceber:

Cansaço, cansaço...pronto, minha opção de sair da outra instituição foi

justamente essa. Porque, assim, é muito[...] você trabalhar em uma UTI, em

um setor crítico que você tem que assim [...] tem que estar pronta para

cuidar de seu paciente, você tem que vir com disponibilidade para trabalhar.

Então, assim, quando você trabalha em duas UTI´s é muito mais pesado

(TE2).

Eu chego em casa, durmo, quando eu consigo, porque às vezes eu estou

tão agitada que demoro a dormir... (E3).

Acho que mais cansaço [...] dia que você se pega com as pernas pesadas,

eu deixei de ter um tempo para ele (filho), eu deixei de ouvir ele, e ele às

vezes me cobra, aí me afeta por causa disso (TE6).

Um estudo publicado na Agenda Nacional de Pesquisas Ocupacionais

(NORA) aponta que isso ocorre em virtude de fatores sociais, econômicos e

individuais que se combinam e resultam em longas jornadas, bem como a

organização temporal, ou seja, o fato de o trabalho ser realizado em turnos, o que

pode levar a uma redução de tempo disponível para outras atividades.

O excesso de trabalho foi relatado pelos profissionais como algo ruim para

sua vida pessoal, como destacado a seguir:

Estão pensando mais só no trabalho, só trabalho, estão deixando um pouco

de lado o lazer, o lado social (TE1).

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A rotina de trabalhar, de domingo a domingo, no feriado, nunca tem férias,

quando não tá em um tá no outro, se você não trabalha no Natal, trabalha

no Ano Novo, nunca folga os dois, trabalha no Carnaval, trabalha no

aniversário, a rotina do dia a dia assim é desgastante (TE7).

Eu acho que o que mais estressa às vezes é a carga horária alta [...] Porque

quando termina eu tenho que sair daqui de 19h e tenho que chegar lá de

19h. Aí, assim, é uma correria... aí você tem que sair de um de 19h e

tenho que chegar lá de 19h. É impossível, irreal, aí assim já fica com um

nível de estresse maior (TE6).

A necessidade de um funcionamento em tempo integral na UTI implica na

exigência de um regime de plantões, o que permite a ocorrência dos duplos

empregos e a intensificação do ritmo laboral, especialmente quando os salários não

são suficientes para a manutenção de uma vida digna (ELIAS; NAVARRO, 2006).

Foram encontrados trabalhadores que relatam o acúmulo de carga horária, a

ausência de tempo com a família, implicando em sofrimento psíquico e podendo

gerar transtornos mentais como a ansiedade e a depressão.

Ainda é citada como fonte do sofrimento psíquico a atuação no ambiente

hospitalar, visto que um cotidiano marcado por doença, dor e morte é enfrentado por

esses profissionais em mais de um turno de trabalho. O aumento do contato com

esse ambiente, somado a uma carga horária elevada e a uma sobrecarga de

atividades, passa a ser potencializador do estresse no seu local de atuação

profissional e em sua vida pessoal.

Percebe-se, na realidade estudada, que ocorre excesso da jornada de

trabalho por enfermeiros e técnicos de enfermagem. Essa, muitas vezes, está

relacionada à atuação em outro vínculo de semelhante função, ou seja, outra

unidade de terapia intensiva.

Outro fato relatado pela literatura e, também, detectado no presente estudo é

que a maioria dos integrantes da equipe é do sexo feminino. A ocorrência disso

pode gerar, algumas vezes, o triplo vínculo, pois, além de exercer a profissão, essas

mulheres ainda atuam no lar, em suas “obrigações” de mãe e esposa (MEDEIROS

et al., 2009).

Isso traz como consequência um acúmulo de tarefas de diferentes origens e

que incide na saúde dessas trabalhadoras. Também é importante destacar que a

convivência com a necessidade de trabalhar fora de casa e com o desejo de cuidar

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dos seus filhos traz a essas mulheres contradições e conflitos (ELIAS; NAVARRO,

2006), como visualizado nos recortes abaixo:

Quando você tá sobrecarregado, tanto no trabalho como em casa. Às vezes

eu penso, assim, que eu ainda me estresso mais em casa do que no

trabalho, sabe?! Porque você quando é dona de casa e trabalha, quando

chega em casa, tem mais coisa para fazer [...] tem filho, tem marido (TE2).

Pronto às vezes em casa, você tá com um cansaço tanto...um cansaço

mental que [...] eu tenho um filho de 6 anos. Aíàs vezes ele chega e diz

“mainha, vamos conversar isso assim, assim”, aí você não tem paciência de

ouvir, não tem tempo [...] aí isso é estresse (TE5).

Eu cuido de dois idosos, aí tem criança também [...] hoje eu cheguei

atrasada porque fui resolver outras coisas da minha casa. Eu acho que é

por isso que eu tô tão nervosa (E2).

A sobrecarga de tarefas entre ser mãe, dona de casa e trabalhadora de

enfermagem é marcante nesses relatos. Isso gera situações corriqueiras de estresse

da mulher dentro de casa e, também, em seu ambiente laboral.

Esse acontecimento ocasiona o cansaço físico e mental em ter que dar conta

das diferentes esferas, gerando conflitos e discórdias no local de atuação

profissional e no lar, além de desencadear aspectos psíquicos negativos nessas

profissionais.

Outro dado importante a relatar é que essa rotina de sobrecarga de atividades

e papéis evidencia o índice cada vez maior de profissionais acometidos por alguma

doença ocupacional, bem como estresse ocupacional e o desenvolvimento da

síndrome de Burnout.

Pesquisas mostram que conviver e trabalhar em um ambiente estressante e

ter que conciliar papéis e vínculos diferentes constitui-se em um processo

desgastante e estressante, fazendo-se necessário mecanismos utilização de defesa,

conscientes ou não, para que a doença e o sofrimento do outro não interfiram na

saúde psíquica e física do profissional (MISSEL, 1998 apud VARGAS; DIAS, 2011).

Percebe-se ainda com esse estudo que o aumento da jornada de trabalho é

um fator determinante para o desencadeamento de doenças do corpo e da mente do

funcionário. Muitas vezes, esse profissional tem uma vida dedicada, quase que

exclusivamente, à jornada laboral, restringindo seu tempo de lazer, sono, repouso e

outras atividades, como foi observado nos recortes:

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A minha vida tá virando algo assim que a rotina de trabalho é contínua,

algumas vezes durmo em casa, e agora no plantão noturno tem vezes que

fico 36 horas pra fazer alguma coisa, então fico cansada, fora o trabalho

existem as outras coisas, estou cursando doutorado, eu sou docente, aí eu

tenho outro vínculo empregatício, juntando ele com a minha carga horária

de docente são 60 horas semanais (E3).

Trabalho quarenta horas em cada hospital, o horário de trabalho é muito

puxado, então naquele momento que eu tô livre ou eu vou dormir (E4).

Nesses relatos, foi percebido o acúmulo de horas dedicadas a vínculos

empregatícios. Esse excesso de comprometimento com o trabalho é considerado

um fator que pode interferir no organismo do trabalhador nocivamente, gerando

efeitos para a sua saúde e bem-estar (BAGGIO; FORMAGGIO, 2008).

Além disso, quando se atua em duplo vínculo o profissional vivencia uma

rotina cansativa de cuidar de pacientes que exigem atenção integral, podendo

acarretar erros no processo de cuidar, como administrar medicações erradas, falta

de atenção ao realizar determinados procedimentos, acidentes de trabalho

frequentes ou contato com material contaminado, culminando com a alienação

desses profissionais em seu ambiente de trabalho.

Esse fato também foi apontado pelos entrevistados desse estudo, como

podemos perceber:

Quando eu tô muito ansiosa com todos esses vínculos eu me sinto tão

cansada, exausta mesmo e eu acho que isso reflete no paciente. Às vezes

a gente tem que fazer tudo com pressa também, e isso acaba gerando o

erro, e quando eu erro eu fico muito chateada, isso já aconteceu comigo

aqui (TE10).

Com isso, apreendemos que o acúmulo de vínculo gera a fadiga desse

profissional em consequência da pressão produtiva e do excesso de trabalho, o que

ocasiona a alienação na realização dos procedimentos e o não envolvimento com a

equipe e com os pacientes, acarretando em uma assistência passível de erros.

Em uma pesquisa de Vargas e Lopes (2011), sobre a justificativa para os

erros de medicações em uma unidade de terapia intensiva, a sobrecarga de trabalho

foi citada como uma das causadoras principais. Essa sobrecarga traz ao profissional

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a desatenção no ambiente de atuação e a exaustão, fatores que são geradores da

insegurança do cuidado.

E Elias e Navarro (2006) trazem que, em sua pesquisa, os entrevistados que

referiram ter uma jornada de 36 horas semanais sentiam os seguintes sintomas:

enxaqueca, estresse, irritação, desgaste físico, depressão, dores nas pernas,

varizes, pressão elevada; e a maioria não percebia esses episódios como algo

prejudicial à saúde, nem relacionado com a longa jornada de trabalho em um

ambiente hospitalar.

Essa situação evidencia a banalização com o corpo e com a sua saúde

enquanto profissionais da área, bem como o desconhecimento e a falta de

sensibilização para o cuidar de si por parte desses trabalhadores.

Esses profissionais que trabalham diretamente com o cuidado devem

despertar a capacidade e a responsabilidade de se cuidar, de prevenir doenças no

ambiente de trabalho, tendo a responsabilidade de cuidar de si para poder ter as

mesmas condições para cuidar do outro (RADÜNZ, 1999).

A profissão de enfermagem carece de sensibilização na área do cuidar de si

no ambiente de trabalho. Desenvolver estratégias para evitar erros e a alienação do

cuidado e a minimização da jornada de trabalho é vital para uma assistência de

enfermagem efetiva e eficaz.

8.2.2 O trabalho noturno da Equipe de Enfermagem

Outra subcategoria que emergiu quando tratado o aumento da jornada laboral

foi o trabalho noturno. Como já mencionado anteriormente, o ambiente hospitalar

tem a necessidade de atuar de forma ininterrupta, proporcionando uma assistência

contínua aos seus pacientes. Esse fato traz efeitos diretos aos profissionais que

convivem com essa rotina, por terem de estar em diferentes horários.

O horário noturno é um dos mais citados pela literatura como fonte de tensão

a esses trabalhadores. Isso ocorre devido à influência direta no ritmo circadiano

desses indivíduos. Esse ritmo é o regulador do período de repouso e de atividade,

repetindo-se a cada vinte e quatro horas. O desempenho e a disponibilidade para o

trabalho podem ficar prejudicados caso esse ritmo e organismo do trabalho não se

adaptem a uma rotina de trabalho noturno (LISBOA et al., 2009).

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Isso traz como consequências a esse profissional fadiga, mau humor,

irritabilidade, diminuição do nível de alerta, estado de depressão, cansaço,

diminuição da velocidade de pensamentos e ações (MEDEIROS et al., 2009;

LISBOA et al., 2009).

Grande parte dos entrevistados desse estudo reconheceu o trabalho noturno

como algo negativo para sua saúde, como podemos visualizar nos relatos:

Eu acho que o horário de trabalho me deixa mais estressada, porque eu

odeio trabalhar à noite [...] Esse é o principal fator, porque, assim, eu

detesto trabalhar à noite, eu trabalho pela necessidade de ter plantonista à

noite, mas perder noite de sono pra mim é horrível, eu fico totalmente

estressada (TE6).

No decorrer da jornada é mais dor de cabeça mesmo, porque é plantão

noturno, aí você não dorme direito, amanhece com o pescoço tenso, a

musculatura... (E2).

Vemos que esses profissionais declaram que trabalham no turno noturno pela

necessidade de ter outro vínculo para manter as condições de vida digna, mas que

isso influencia demais na sua saúde e condição física, o que ocasiona uma rotina

de atuação profissional pouco produtiva para esse trabalhador e sua equipe.

Essas alterações no organismo de quem trabalha à noite ocorrem em

decorrência da adaptação que o organismo deve sentir em relação ao mecanismo

sono-vigília e desordenamento do ritmo circadiano. Esse ritmo é biológico e sofre

interferência de eventos bioquímicos, fisiológicos e comportamentais, como

iluminação, alimentação e humor (SILVA et al., 2011).

Foi encontrado na literatura que a opção por um trabalho noturno é permeada

por necessidades financeiras, não justificando a satisfação em desenvolver as

atividades que são realizadas nesse período, o que foi evidenciado também nessa

pesquisa (NEVES et al., 2010).

Um estudo de Silva et al. (2011) buscou alterações na saúde de enfermeiros

que atuavam à noite em um hospital universitário; do total de 42 entrevistados, 27

perceberam alterações no seu estado de saúde após o trabalho noturno. Dentre

essas, foram destacados comprometimentos de sono/repouso, alterações físicas,

psicológicas, ganho de peso, mal-estar gástrico, dentre outros, o que evidencia as

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repercussões para a saúde e para a qualidade de vida dos profissionais que atuam

no turno da noite.

Esse fato também foi percebido pelos entrevistados neste estudo. As

alterações no ciclo do sono são inúmeras, e o relato abaixo traduz o que é

trabalhar há vários anos à noite com pacientes instáveis e em situações de

urgência:

Eu dava plantão noturno...quando eu saí, para me adaptar a dormir em casa

eu demorei muito tempo. [...] Eu dormindo em casa eu ficava no meu

pensamento que eu tinha que acordar para cuidar dos meus pacientes, aí

eu vim dormir melhor depois do 5º mês que dormia em casa (TE2).

Sendo assim, o trabalho noturno exerce alterações significativas nos padrões

de sono e é capaz de influenciar diretamente no desgaste de origem física e

psíquica, bem como na ausência de motivação em realizar as atividades

profissionais. Com isso, desenvolver estratégias de enfrentamento dessa situação é

necessário para a saúde dos profissionais que atuam à noite.

8.2.3 O corpo que sofre: as manifestações do estresse

Os profissionais de saúde são vítimas constantes de problemas físicos e

psicológicos no decorrer de uma jornada de trabalho ou mesmo após algum tempo

de atuação na área. Esses problemas, em sua maioria, estão associados à realidade

do ambiente de trabalho, como, também, ao ritmo e às cargas do ambiente de

atuação, que são potenciais geradoras de estresse.

Esse aspecto do estresse é mencionado por alguns autores – Lipp (1994),

Lautert (1999), Cooper (2007) – como os mais prejudiciais para a saúde do corpo e

da mente do trabalhador. Lipp (1994) aponta que os sintomas físicos de maior

frequência são: aumento da sudorese, tensão muscular, taquicardia, hipertensão,

aperto de mandíbula, ranger de dentes, hiperatividade, náuseas e mãos e pés frios.

Dentre os aspectos psicológicos, foram mencionados: ansiedade, tensão,

angústia, insônia, alienação, dificuldades interpessoais, dúvidas quanto a si próprio,

preocupação excessiva, inabilidade de concentrar-se em outros assuntos que não o

estressor, dificuldade de relaxar, ira, hipersensibilidade emotiva (LIPP, 1994).

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Esses sinais e sintomas são evidenciados a depender da fase do estresse

que o indivíduo está vivenciando. No presente estudo, entre enfermeiros e técnicos,

a fase de maior predominância foi a de resistência do estresse e, por isso, os sinais

e sintomas de maior destaque foram: problemas com a memória; formigamento de

extremidades; cansaço constante; pensamento em um só assunto; irritabilidade

excessiva; sensibilidade emotiva.

Essa realidade pode desencadear uma série de eventos prejudiciais ao

cotidiano de serviço desses trabalhadores, como, por exemplo, segurança do

paciente prejudicada, dores musculoesqueléticas, problemas de convivência entre a

equipe, envolvimento emocional com os pacientes, dentre outros.

Outro ponto importante a ser mencionado é que os técnicos de enfermagem

relataram maiores queixas físicas, cerca de 76,4%. Enquanto que entre os

enfermeiros os sintomas de maior predominância foram os psicológicos, cerca de

57,1%.

Esse dado faz referência à atuação que cada profissional desempenha na

terapia intensiva. A equipe técnica executa procedimentos que envolvem esforço

físico maior, como levantamento e transporte do paciente, banho no leito, dentre

outros. Enquanto que os enfermeiros desempenham uma tarefa que se sobressai

pelo acúmulo de tarefas administrativas e burocráticas, pressões e cobranças da

chefia e distanciamento entre o trabalho físico e o trabalho real (SOUZA et al.,

2010).

Nas falas dos entrevistados, há recortes de como o ambiente laboral

influencia o processo saúde e doença desses profissionais de enfermagem:

Cansaço, cansaço [...] Porque, assim, você trabalhar em uma UTI, em um

setor crítico que você tem que assim... tem que estar pronta para cuidar de

seu paciente, você tem que vir com disponibilidade para trabalhar. Então,

assim, quando você trabalha em duas UTI´s é muito mais pesado (TE2).

É, acho que o cansaço físico em si. Principalmente dores nas pernas,

porque eu passo o dia em pé, e como eu já fico com aluno de manhã em pé

e à tarde na UTI [...] eu acho que o cansaço físico. E estresse mental

também. Às vezes você fica um pouco ríspido, às vezes a gente se vê até

de forma grosseira, é respondendo alguma coisa, acho que resultante até

daqueles outros fatores (E1).

Sim, meu braço. Se eu tiver muito ansiosa, eu sinto muito tensa. Mesmo eu

não pegando peso, se eu tiver muito estressada isso aqui meu [fazendo

referência ao ombro] fica em tempo de explodir e cefaleia intensa (TE8).

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Nesses relatos, percebemos que o cansaço físico em decorrência de um dia

de trabalho é uma constante nas falas dos entrevistados. Também é evidenciada a

falta de tempo para o lazer, provocando efeitos sistêmicos e de esgotamento

emocional e físico nesses profissionais (MENZANI; FERRAZ; BIANCHI, 2005).

Esse mesmo fato foi percebido por uma pesquisa realizada com enfermeiros

hospitalares de uma unidade de terapia intensiva de São Paulo, e o cansaço físico

apareceu como predominante entre esses profissionais. O estudo ainda traz que eles

se sentem esgotados, com pouca energia, e a impressão que têm é que não terão

como recuperar essas energias (SALOMÉ et al., 2008).

Como consequência disso, os profissionais ficam pouco tolerantes, facilmente

irritáveis e nervosos dentro do ambiente de trabalho, bem como com amigos e

familiares (SALOMÉ et al., 2008).

Esses sintomas são percebidos, muitas vezes, pelas cargas de trabalho

presentes no ambiente da terapia intensiva. Essas podem ser definidas como

elementos do processo de atuação que interagem entre si e com o corpo do

profissional, desencadeando alterações nos processos biopsíquicos que se

manifestam com o desgaste físico e psicológico potencialmente afetado (SECCO et

al., 2010).

Quanto às cargas presentes no cotidiano da terapia intensiva, estudos

mostram que elas estão relacionadas às características do ambiente, à quantidade de

profissionais por pacientes, à organização do local de atuação. Na terapia intensiva,

podemos encontrar aquelas classificadas como químicas, como os com

medicamentos, as biológicas, como o contato com materiais perfurocortantes, e as

psíquicas, que dependem de cada profissional; todas podem provocar o estresse

diretamente no organismo do trabalhador (ROSSETTI, 2010).

Esses fatores influenciam diretamente na qualidade da assistência aos

pacientes e na qualidade de vida dos profissionais, bem como nos custos hospitalares

decorrentes de pessoal de enfermagem.

Outro sintoma físico que foi vislumbrado nas entrevistas está relacionado aos

distúrbios no ciclo de peso dos profissionais, como podemos perceber:

Eu aumentei 30 quilos, num período de aproximadamente 3 a 4 anos [...]a

questão da memória, também, a falta de memória... (E3).

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Depois que eu comecei a trabalhar eu engordei uns 20 quilos ou mais [...]

Ao longo desses 10 anos, ou 30 quilos, é muito peso, né? Então é por isso

que eu sinto isso e do ponto de vista emocional, psicológico, eu percebo

que a própria paciência, às vezes eu estou muito irritado (E4).

Eu emagreci consideravelmente de uns quatro anos para cá, eu perdi 4

quilos e nunca mais recuperei... (TE6)

Eu chego em casa, durmo, quando eu consigo, porque às vezes eu tô tão

agitada que demoro a dormir... (E3).

Isso pode ser entendido pelos hábitos de vida desses profissionais, uma vez

que esses não auxiliam na manutenção de uma alimentação saudável nem na

prática regular de exercícios físicos, acarretando um acúmulo de peso ou mesmo o

emagrecimento.

Esse fato foi evidenciado na literatura, ao descrever que o estresse contribui

para mudanças comportamentais alimentares, o que leva à mudança de peso, índice

de massa corpórea ou atividade do cortisol, e isso acarreta um ganho de peso ou

sua perda, isso dependerá do organismo envolvido (BLOCK et al., 2009).

Além disso, o estresse pode contribuir para esse ganho de peso, mesmo que

a pessoa não coma muito, pois há o aumento do cortisol, o que estimula a vontade

de comer e a proliferação das células de gordura do organismo (HALPERN, 2006).

Outro problema mencionado pelos entrevistados foi déficit de memória. Esse

sintoma também foi encontrado na literatura pesquisada: a dificuldade em manter a

memória preservada estava presente entre os entrevistados, independente do tempo

de trabalho (COSTA; LIMA; ALMEIDA; 2003).

Sintomas desse tipo são reflexos dos efeitos cognitivos do estresse no corpo

do indivíduo, uma vez que, quando se está vivenciando o estresse, a mente

encontra dificuldades em se manter concentrada, aumentando a desatenção e

reduzindo a amplitude da memória de curto e longo prazo (FONTANA, 1994 apud

ARALDI-FAVASSA; ARMILIATO; KALININE, 2005).

O fato é que os trabalhadores da saúde, em especial os da enfermagem, não

percebem os malefícios que o trabalho em excesso pode provocar em seu

organismo físico e psíquico. Assim, o corpo acaba respondendo na forma dos mais

diversos sinais e sintomas, podendo inclusive chegar ao esgotamento e desgaste.

É preciso pensar e realizar maneiras de intervir na realidade, fazer com que

os profissionais reflitam e minimizem os danos causados a eles em seu ambiente de

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trabalho, para que eles sejam capazes de entender o seu processo de adoecimento

no ambiente de atuação e discutir as questões referentes ao desgaste,

instrumentalizando esses profissionais para o cuidar de si (AZAMBUJA et al., 2010).

Isso só será possível se esses profissionais passarem a pensar sobre o seu

processo de trabalho e como este pode interferir no adoecimento do corpo e da

mente deles. Com isso, haverá uma sensibilização e um maior pensamento para se

engajar e cuidar de si no ambiente em que se atua profissionalmente.

8.3. Relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem na UTI

O relacionamento interpessoal é um fator determinante para o

desenvolvimento do cuidado destinado aos pacientes em terapia intensiva. Afinal,

esse ambiente, onde as relações profissionais são mais intensas e os profissionais

tornam-se mais próximos uns dos outros, acaba sendo palco de relações

conflituosas.

Na literatura, as definições de equipe são distintas e raras, estando

predominante a noção de uma abordagem técnica em que o trabalho de cada área

profissional é apreendido como um conjunto de atribuições, tarefas ou atividades, e

a articulação desses é pouco problematizada (PEDUZZI, 2001).

Faz-se necessário compreender que, em um ambiente em que a interação

com a equipe é diária, faz-se necessário que haja um equilíbrio harmonioso entre

esses sujeitos. Afinal, quando um profissional sente ou apresenta algum problema,

pessoal ou do trabalho, isso pode acarretar danos ao trabalho com um todo

(BAGGIO, 2007).

Conforme Wagner et al. (2009), o relacionamento interpessoal influencia o

cotidiano de trabalho dessa equipe; ou através de relações harmoniosas que

propiciem o aprimoramento das pessoas, ou relações desfavoráveis, tensas,

dificultando o desenvolvimento e a realização das atividades.

Essas influências negativas na equipe podem ser visualizadas se

confrontarmos duas características inerentes ao trabalho de enfermagem. A primeira

delas se remete ao fato de ser uma profissão que envolve o cuidado em todas suas

interfaces, fazendo com que o cuidador tenha uma convivência com pessoas

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doentes, vivencie perdas, sofrimento e morte no seu ambiente de atuação, expondo

esse profissional ao desgaste emocional (BAGGIO, 2007).

Outro elemento percebido pela literatura e neste estudo, é que esse

profissional atua em ritmos intensos, longas jornadas e de forma mecanizada,

contribuindo para um ambiente de atuação tenso. A união desses dois fatores é

refletida no corpo, no comportamento e na mente deste, que acaba levando

problemas ao seu local de trabalho.

Como esses profissionais vivenciam esses reflexos do estresse, o

relacionamento interpessoal é prejudicado, e isso traz como consequências diretas a

fragmentação da assistência destinada ao paciente e ao trabalho como um todo

(BAGGIO, 2007).

Os entrevistados deste estudo caracterizaram como momentos estressantes

do trabalho em equipe o relacionamento interpessoal. Isso pode ser visto nos

recortes abaixo:

A gente tá passando de relacionamento interpessoal é um fator estressante,

inclusive tem alguns enfermeiros que estão pedindo à diretoria de

enfermagem para sair da UTI, inclusive já teve uma colega nossa que saiu

da UTI [...] alguns fatores que a gente tá tendo em termo de convívio entre

os próprios enfermeiros, por causa de escala, alguns problemas da própria

equipe, falando exclusivamente dos enfermeiros, então a gente já recebe o

plantão de uma forma que a gente já fica meio chateado, ou pensando que

a gente tá fazendo alguma coisa de errado, em termos de relacionamento

interpessoal com os enfermeiros, aí você já trabalha tenso (E1).

O que me deixa verdadeiramente estressada é quando a pessoa que eu tô

trabalhando no plantão quer passar por cima, quer fazer tudo ao mesmo

tempo, quer fazer e eu já tô fazendo... isso me deixa estressada (E2).

Eu acho que às vezes estressa é que acontece assim, picuinhas [...] como

tem em qualquer emprego. É disse me disse, picuinha, quando tem de um

horário para o outro, é cobrança desnecessária, que a gente sabe que tá

trabalhando direito, aí fica com aquela coisa... (TE5).

A gente tem uma equipe muito grande, é um hospital universitário e a gente

tem constantemente entrada e saída de aluno de várias profissões, um

número de pessoas muito grande circulando na UTI, me incomoda, pra mim

é um fator muito estressante (E4).

Na realidade investigada, foram percebidos como influenciadores do

relacionamento interpessoal e potencializadores do estresse e tensão no ambiente

de trabalho: problemas com a escala de turno, falta de interação entre a equipe,

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carências na resolução dos problemas típicos do setor, cobranças desnecessárias,

conversas paralelas que possam gerar inimizades entre os componentes da equipe.

Percebe-se que os profissionais de enfermagem desenvolvem uma interação

impessoal, breve e formal uns com os outros, e os procedimentos acabam sendo de

forma breve e rotineira, mecanizando o seu fazer no ambiente de trabalho; essa

situação encontrou similaridade com a literatura pesquisada (RIBEIRO; PEDRÃO,

2005).

Com isso, a comunicação e o modo de se relacionar com o outro colaboram

para uma interação, um melhor convívio e uma união coletiva com seus integrantes,

a fim de evitar conversas paralelas e inimizades na equipe (WAGNER et al., 2009).

Além disso, esses entrevistados referiram que o fato de conviver em um

ambiente que propicia situações de estresse contribui para aumentar o nível de

tensão vivenciado nesse ambiente. Sobre isso, Mayer et al. (2005) relatam que o

relacionamento interpessoal entre uma equipe é influenciado pela estruturação do

local de trabalho, como a divisão do trabalho em saúde e as relações hierárquicas

presentes no hospital.

Podem ser citados outros fatores que influenciam o relacionamento

interpessoal, como o número de pessoas por turno de trabalho, o grau de

resolubilidade que cada pessoa é capaz de oferecer aos problemas enfrentados, o

poder da chefia, grau de flexibilidade, de cobranças, bem como a satisfação ou não

em realizar determinada tarefa (MAYER et al., 2005).

É o contato direto com uma rotina desse tipo que favorece a aproximação ou

o desprendimento com relação aos demais profissionais da equipe. Sendo assim, é

esse convívio que é capaz de gerar uma série de consequências à atuação e ao

cuidado prestado por esses profissionais. A exemplo, podemos citar: a instabilidade

de relações, o que torna o ambiente de trabalho negativo; as emoções que

determinam como conduzir os conflitos no grupo; e o cuidado destinado ao paciente

também é prejudicado, pois a assistência acaba sendo permeada por fatores

negativos.

Ainda foram relatados pelos entrevistados os sentimentos que permeiam o

relacionamento interpessoal da equipe, que têm como base a angústia e a tensão no

ambiente de atuação profissional, proporcionando o convívio com situações

negativas, que podem ser entendidas e vivenciadas como estressores principais da

equipe atuante na terapia intensiva.

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Faz-se necessário compreender que a equipe de enfermagem estabelece

entre si e os demais membros envolvidos uma teia de relacionamentos grupais de

caráter complexo e que exige um gerenciamento adequado dessas relações por

parte de todos os membros da equipe.

Participar de uma equipe é compreender que as relações transcendem o

vínculo pessoal, afinal existem outros, fora dessa, que necessitam de uma boa

interação. É preciso compreender a diversidade individual e a competitividade que

por vezes permeia as relações profissionais na prática hospitalar para que

consequências negativas não se sobressaiam em relação às positivas

(URBENETTO; CAPELLA, 2004).

8.3.1 – Comunicação deficitária entre os membros da equipe

Uma subcategoria que emergiu do relacionamento interpessoal foi a

comunicação deficitária entre os membros da equipe de trabalho. Sabe-se que esta

se constitui em um importante instrumento para o alcance das metas do cuidado.

Além disso, é através dela que o profissional pode exprimir suas ações, opiniões,

medos e atitudes dentro do ambiente em que trabalha.

No hospital, a comunicação potencializa a interação entre membros da

equipe, entre familiares e pacientes, podendo ser capaz de minimizar dúvidas e

agilizar o tratamento através de um repasse apropriado de informações; sendo

assim, é parte integrante do processo de cuidar (OLIVEIRA; SIMÕES, 2010).

No entanto, na terapia intensiva esse ato torna-se um desafio, principalmente

entre os membros da equipe. Isso ocorre pelo fato de que esse ambiente possui um

aparto tecnológico intenso e complexas situações que envolvem os profissionais em

uma rotina que exige um cuidado contínuo.

Além disso, a agilidade necessária ao atendimento, bem como o estresse em

realizar determinado procedimento, acabam abalando essa relação comunicativa

entre os membros da equipe, sendo traduzidos em desentendimentos, intrigas e

situações de estresse.

Sadala e Stefanelli (1996) relatam que, caso esse processo comunicativo seja

falho entre os membros da equipe, ocorrerá uma quebra na organização do cuidado

destinado ao paciente, gerando estresse nesses profissionais em seu cotidiano de

atuação.

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A presença de uma ruptura no processo comunicativo foi referenciada pelo

entrevistado no recorte:

Quem trabalha em setor fechado sabe que, se a equipe não interagir, não

fica tudo bem [...] Às vezes falta alguma coisa, não faz uma observação que

foi passada a seu paciente, aí, assim, gera um bloqueio no plantão (TE2).

Esse relato traduz o significado do trabalho em equipe, ou seja, sua

dinamicidade. O fato de ter que contar e interagir com os outros membros é de

fundamental importância para que ocorra uma continuidade do cuidado que é

destinado ao paciente.

A pesquisa de Peduzzi (2001) mostra que o trabalho em equipe

multiprofissional se constitui por meio de relações recíprocas e da articulação das

ações executadas por esses profissionais e que a comunicação é o veículo que

possibilita esse trânsito.

Caso a equipe mantenha apenas relações cordiais, ou mesmo ocorram

intrigas entre esses membros, ocorrerá uma descontinuidade no processo de

cuidado.

Essa interrupção do processo comunicativo pôde ser percebida no momento

da passagem de plantão. A passagem de plantão é o exercício da comunicação

pelos profissionais de enfermagem e ocasiona a interrupção do cuidado se esse

processo não for realizado adequadamente, sendo considerada, inclusive, fonte de

estresse para alguns profissionais, como percebemos no relato:

A passagem de plantão me estressa um pouco, porque é feita em grupo,

tem que ouvir todos os outros pacientes, aí você não entende o que seu

paciente tem, e ainda tem que passar para os outros (TE6).

Esse recorte é uma referência ao fato de que na rotina de trabalho, nessa

UTI, cada técnico de enfermagem possui uma atribuição com um paciente, e no

momento da passagem do plantão tem que entender o que se passa com todos os

pacientes em um grande grupo.

Sabemos que a passagem de plantão é o momento que a equipe tem para

assegurar a continuidade da assistência prestada, relatando eventuais pendências,

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estado de saúde dos pacientes, burocracias típicas do setor, e é realizada por meio

exclusivamente do processo comunicativo.

Ao analisar o processo de comunicação estabelecida na passagem de

plantão, alguns autores evidenciam pontos negativos, como divergência de opiniões

entre os membros da equipe, presença de ruídos que provocam a desconcentração,

desatenção e falhas de compreensão da comunicação (MATHEUS et al., 1998).

Ainda há que se considerar o horário em que são realizadas as passagens de

plantões. No caso dessa UTI, por ser um hospital-escola, a quase todo momento há

o acúmulo de pessoas nas unidades. Esse fato também foi relatado pelos

entrevistados como um fator estressor:

O que me estressa é essa rotatividade de pessoal [...] aquela, aquela

multidão de gente que fica por aqui, mas por sorte é que é até seis horas

por aqui (TE7).

Esse trânsito de profissionais provoca um acúmulo de ruídos na

comunicação, podendo gerar uma incompreensão da passagem de plantão, por

exemplo.

No entanto, cabe ressaltar que deve haver uma percepção dessas falhas que

estão estressando os profissionais e comprometendo o processo comunicativo da

referida equipe, afim de que o cuidado destinado aos pacientes não seja afetado.

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9 CONCLUSÃO

O estresse está presente nas ações e interações do ser humano com o meio,

uma vez que estímulo, emoção ou atividade é capaz de desencadeá-lo. No entanto,

quando se passa a conviver em um cotidiano tenso, o estresse torna-se maléfico e

capaz de causar danos ao corpo físico e mental.

No ambiente de trabalho, momentos de estresse são essenciais para a

continuidade e desenvolvimento de tarefas, mas, a partir do momento em que esses

episódios acontecem com frequência, o organismo o encara como risco para seu

corpo, como algo que demanda cada vez mais energia para ser vivenciado,aspecto

que pode ser causa de doenças e sofrimento, e faz com que o trabalhador perceba o

ambiente laboral como algo nocivo ao seu organismo.

Ao levar em consideração os profissionais de enfermagem atuantes em

terapia intensiva, percebi que não só o ambiente, mas as relações profissionais, o

contato com as características próprias do setor e o cuidado com pacientes graves

podem ser traduzidos em fatores estressantes para a equipe.

Neste estudo foi constatada a presença estresse em 55,2% dos profissionais

que compõem a equipe de enfermagem da UTI HUOL, o que representa um fator

preocupante quando avaliamos a qualidade de vida desses trabalhadores em seu

ambiente laboral, bem como as consequências que a presença desse agente pode

trazer para a vida pessoal e profissional desses.

Ao se investigar a presença de estresse e seu nível por categoria de trabalho,

evidenciou-se que 85,7% dos enfermeiros e 48,3% dos técnicos de enfermagem se

encontravam estressados, Segundo o inventário de sinais e sintomas de Lipp

(2000), a fase de maior prevalência da amostra foi a resistência ao estresse (44,7%).

Esses resultados estão relacionados intrinsecamente aos agentes estressores

presentes no ambiente da terapia intensiva (relacionamento interpessoal

prejudicado; a comunicação deficitária entre os membros da equipe; o excesso

laboral; bem como a organização deficitária do cuidado nesse ambiente) o que gera

um contato constante com situações que provocam estresse nesses trabalhadores.

Sabe-se que o relacionamento interpessoal e a comunicação são elementos

essenciais para a manutenção do cuidado destinado aos pacientes. Ocorrendo uma

falha em um desses dois processos, a assistência direcionada acaba sendo

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deficiente e alvo de erros, ocasionando tensão entre esses trabalhadores, bem como

o contato com o estresse continuamente.

O excesso de trabalho desses profissionais também é fonte de uma série de

malefícios para eles. Da mesma forma, a dupla jornada laboral, encarada muitas

vezes como uma necessidade desse trabalhador para um complemento salarial, é

prejudicial à saúde de seu corpo e mente; pois, ao mesmo tempo em que se dividem

entre as obrigações do trabalho, esses profissionais ainda possuem outras tarefas

relacionadas à sua vida pessoal, como a de cuidar dos filhos, estudos, e para a

mulher trabalhadora casada ainda há a exigência de ter que dar atenção ao esposo,

às atividades domésticas, além de tempo para o lazer, o que gera uma rotina

estressante, sendo visíveis as consequências para o corpo físico, como a presença

da hipertensão, o aumento de peso, as dores de cabeça e a irritabilidade excessiva.

É importante destacar, ainda, que, além desses estressores, a vivência no

cotidiano de uma unidade crítica como a UTI proporciona o contato com situações

que demandam uma grande energia do indivíduo e capacidade de resolver

problemas de imediato. Ou seja, a organização deficitária do cuidado também

exerce influência nesse trabalhador, pois sua rotina é permeada por situações que

requerem atenção constante, paciente em risco de morte, proporcionando uma

esfera de pressões e cobranças que acabam sendo manifestadas no corpo desses

profissionais em estresse físico e psicológico.

Na equipe de enfermagem estudada, destaca-se, também, a presença do

estresse diretamente relacionada com a organização do cuidado em seu local de

trabalho, e que o fato de ter em sua rotina diária um ambiente físico fechado,

artificialmente refrigerado, isolado dos demais setores, com presença de barulho da

equipe multiprofissional e ruídos de diversos aparelhos, proporciona a essa equipe o

contato com um cotidiano tenso e angustiante, capaz de provocar estresse entre

seus membros.

Ainda cabe destacar que a atividade laboral desses profissionais está

diretamente relacionada ao cuidado destinado a pacientes graves que necessitam

de tratamentos complexos e são totalmente dependentes da assistência desses

profissionais para a manutenção de sua saúde e vida. A convivência nessa rotina

ocasiona um aumento da responsabilidade individual de cada trabalhador, sendo

mencionada como fonte de estresse por esses indivíduos.

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A organização do cuidado é geradora de pressões e cobranças, o que,

também, foi relatado como causa direta do estresse. E a organização da

enfermagem executar um trabalho coletivo, em que todos possuem sua contribuição

em prol da melhoria do estado de saúde do paciente.

Sendo assim, são agentes causadores dessas pressões: a interação com

outros profissionais na terapia intensiva; a autocobrança em desempenhar uma

assistência adequada e livre de erros aos pacientes; bem como o fato de executar

um trabalho burocrático que requer atenção constante desses profissionais.

Em face disto, afirma-se que o estresse é um fenômeno presente de

diferentes formas e representado por distintas sensações pelos membros da equipe

de enfermagem que compõe a referida terapia intensiva.

As perspectivas do estresse nesta pesquisa podem ser comparadas às de um

caleidoscópio, à medida que este instrumento permite ver distintas cores a cada

movimento. Isso ocorreu no presente estudo com a percepção do fenômeno do

estresse a partir de diferentes pensamentos e experiências da equipe de

enfermagem da UTI do HUOL.

Fato que proporcionou vislumbrar como esse fato é capaz de influenciar em

diversos prismas a vida desses profissionais, ao estar presente em contextos

variados, seja na sua vida pessoal, no ambiente de trabalho, no convívio com os

outros profissionais e na forma com que esses trabalhadores cuidam de si.

Nesse sentido, torna-se indispensável pensar e fazer com que esses

profissionais reflitam sobre o cuidar de si em seu ambiente de trabalho. Essa é uma

questão que toma destaque nos dias atuais devido à reivindicação por melhorias nas

condições de atuação, bem como pela redução da jornada de trabalho dos

profissionais de enfermagem para 30 horas semanais e pela luta por salários mais

dignos.

Para isso, é imprescindível que se criem espaços de discussão no próprio

ambiente de trabalho, na administração hospitalar, na interação com os demais

profissionais da saúde, sobre como esses trabalhadores estão cuidando de si e

como isso está se refletindo no cuidado destinado aos pacientes.

Cabe destacar, ainda, que este estudo foi realizado em um contexto único,

caracterizando as ações e reflexões de uma população específica, o que gerou

aproximações e distanciamentos com a realidade de outras instituições e/ou

localidades. Portanto, são necessários novos estudos sobre a temática abordada,

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permitindo uma ampliação dos horizontes sobre o estresse em profissionais da

enfermagem. Tais estudos serão fundamentais para que momentos de reflexão

sejam propiciados pelas instituições de saúde, de ensino e associações e conselhos

que representam essa profissão.

Vale ressaltar que a reflexão sobre essa temática na UTI do HUOL trouxe

benefícios para a população em estudo. Afinal, possibilitou uma percepção do

estresse no ambiente laboral pelos profissionais que compõem a referida equipe,

como também dos riscos que esse agente é capaz de acarretar ao cuidado

destinado aos pacientes e às relações no local de trabalho, proporcionando, ainda,

uma sensibilização quanto à melhoria na qualidade de vida no ambiente de atuação,

e isso é essencial para que cada vez mais seja necessário cuidar de si para melhor

cuidar do outro.

Assim, este estudo permitiu chamar a atenção para que o estresse em

excesso seja trabalhado como um fator negativo presente no ambiente de trabalho e

que pode gerar consequências negativas à saúde do profissional e aos pacientes

assistidos

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APÊNDICE – A: Solicitação a anuência da Instituição

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORT

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES

DIRETORIA DE ENSINO-PESQUISA-EXTENSÃO

CARTA DE ANUÊNCIA A SER ENVIADA A DEPE/HUOL

Título (CARTA DE ANUÊNCIA)

Ilmo. Sr. Dr. Irami Araújo Filho

Diretoria de Ensino-Pesquisa-Extensão/HUOL

Solicitamos autorização institucional para realização da pesquisa intitulada No caleidoscópio o estresse na enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do HUOL, a ser realizada no Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL, pela pós-graduanda Cláudia Cristiane F. Martins, sob orientação do Profa. Dra. Viviane E. Pereira Santos, que utilizará da seguinte metodologia de entrevista semiestruturada, bem como um inventário de sinais e sintomas do estresse com a finalidade de responder o objetivo principal do estudo que é de: analisar a interferência do estresse na vida pessoal e profissional da equipe de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) em Natal/RN, necessitando, portanto, ter acesso aos dados a serem colhidos no setor da Terapia Intensiva do HUOL e aos funcionários de enfermagem que compõem o referido setor.

Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome deste hospital possa constar no relatório final, bem como em futuras publicações na forma de artigo científico. Ressaltamos que os dados coletados serão mantidos em absoluto sigilo de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde(CNS/MS) 196/96, que trata da Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Salientamos ainda que tais dados serão utilizados tão somente para realização deste estudo.

Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta Diretoria, agradecemos antecipadamente a atenção, ficandoà disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.

Natal, de de2011.

Profa. Dra. Viviane E. Pereira Santos Coordenadora/Orientadora do Projeto

( ) Concordamos com a solicitação ( )Não concordamos com a solicitação

___________________________

Prof. Dr. Irami Araújo Filho

Centro de Ciências da Saúde – Hospital Universitário Onofre Lopes – UFRN

Av. Cordeiro de Farias s/n – Petrópolis – Natal/RN – CEP: 59010-180 – Fones: (84) 3342-5079/5027/5050. E-mail: [email protected].

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APÊNDICE – B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa No caleidoscópio o estresse na enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do HUOL, que é coordenada pela Profa. Dra. Viviane E. Pereira Santos.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa procura analisar o estresse nos membros da equipe de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) em Natal/RN. Afinal, o estresse relacionado ao trabalho tornou-se uma epidemia, e pesquisas sobre essa temática auxiliam a compreender o modo como os trabalhadores enfrentam esse quadro, bem como meios e instrumentos de amenizá-lo.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: responder a um inventário dos sinais e sintomas do estresse e a uma entrevista semiestruturada contendo sete perguntas.

Os riscos envolvidos com sua participação são: exposição de opiniões pessoais acerca da temática em estudo, bem como constrangimento e má interpretação do pesquisador sobre as ideias dos referidos sujeitos que serão minimizados através das seguintes providências: uso de pseudônimo no momento das entrevistas, assegurando o sigilo, como também será assegurada a guarda dos dados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.

Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: a contribuição para a comunidade científica, afim de aprimorar e aumentar a produção científica acerca da temática abordada.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários.

Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite.

Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito à indenização.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente à Profa. Dra. Viviane E. Pereira Santos,no endereço Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP: 59072-970. Depto. de Enfermagem ou pelo telefone (84) 3215 3196.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL no endereço Avenida Nilo Peçanha, nº 620, Petrópolis, Natal – RN – CEP: 59010-180 ou pelo telefone (84) 32023719.

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Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa:No caleidoscópio o estresse na enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do HUOL

Participante da pesquisa

___________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

Pesquisador responsável:

Profa. Dra. Viviane E. Pereira Santos

Campus Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP: 59072-970. Depto. de Enfermagem ou pelo telefone (84) 3215-3196

Comitê de Ética e Pesquisa do HUOL

Avenida Nilo Peçanha, nº 620, Petrópolis, Natal – RN – CEP: 59010-180 ou pelo telefone (84) 32023719.

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APÊNDICE – C: ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO

ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Perfil do Entrevistado:

Pseudônimo: Data:

Tempo de serviço: Possui mais de um vínculo:( ) SIM ( ) NÃO

Tempo de Serviço: ( ) até 6 meses ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos () 11 a 20 anos

1) Descreva um dia estressante no seu trabalho.

2) Há fatores estressantes que interferem diretamente em você? Quais e de que forma?

3) Você percebe algum sinal de estresse no seu corpo ou no seu psicológico no decorrer da

sua jornada de trabalho? Qual?

4) O que você faz para lidar com as situações de estresse?

5) O que é estresse para você?

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ANEXO- 1: Inventário de Sinais e Sintomas do Stress de Lipp

INVENTÁRIO DOS SINAIS E SINTOMAS DO STRESS DE LIPP, 2000

Pseudônimo:_________________________________Idade:________Sexo:_______

Data da Entrevista:_______Ano de Formação______Vínculos Empregatícios:______

Assinale os sintomas que você tenha percebido nas

últimas 24h

Assinale os sintomas que você tenha percebido no

último mês

Assinale os sintomas que você tenha percebido nos três últimos meses

( ) Mãos e/ou pés frios ( ) Problemas com a memória, esquecimento

( ) Diarreias frequentes

( ) Boca seca ( ) Mal-estar generalizado, sem causa

( ) Dificuldades sexuais

( ) Nó ou dor no estômago ( )Formigamento extremidades (pés/mãos)

( ) Formigamento extremidades – (mãos/pés)

( ) Aumento de sudorese (muito suor)

( )Sensação de desgaste físico constante

( ) Insônia

( ) Tensão muscular (dor muscular)

( ) Mudança de apetite ( ) Tiques nervosos

( )Aperto na mandíbula/ranger de dente

( ) Surgimento de problemas

dermatológicos (pele)

( ) Hipertensão arterial confirmada

( ) Diarreia passageira ( ) Hipertensão arterial (pressão alta)

( ) Problemas dermatológicos prolongados

( )Insônia, dificuldade de dormir

( ) Cansaço constante ( ) Mudança extrema de apetite

( )Taquicardia (batimentos acelerados)

( ) Gastrite prolongada = queimação, azia

( ) Taquicardia (batimento acelerado)

( )Respiração ofegante, entrecortada

( ) Tontura – sensação de estar flutuando

( ) Tontura frequente

( ) Hipertensão súbita e passageira

( ) Sensibilidade emotiva excessiva

( ) Úlcera

( )Mudança de apetite (muito ou pouco)

( ) Dúvidas quanto a si próprio ( ) Impossibilidade de Trabalhar

( ) Aumento súbito de motivação

( ) Pensamentos sobre um só assunto

( ) Pesadelos

( ) Entusiasmo súbito ( ) Irritabilidade excessiva ( ) Sensação de incompetência em todas as áreas

( )Vontade súbita de novos projetos

( ) Diminuição da libido=desejo sexual

( ) Vontade de fugir de tudo

( ) Apatia, vontade de nada fazer, depressão

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( ) Cansaço excessivo

( ) Pensamento constante no mesmo assunto

( ) Irritabilidade sem causa aparente

( ) Angústia ou ansiedade diária

( ) Hipersensibilidade emotiva

( ) Perda do senso de humor

Resultado: _____________________

FONTE: SUAREZ, Rodrigo. Teste de Lipp – ISS – Inventário de Sinais e Sintomas. Disponível em:

<http://www.forms.med.br/index.plC=A&V=6B6579776F7264733D2666466F726D49443D38343731266163743D

73686F77496E646578>.

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ANEXO 2 – FOLHA DE APROVAÇÃO DO CEP – HUOL

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