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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO CURSO DE PEDAGOGIA LÍDIA PEREIRA DA SILVA JOGOS E BRINCADEIRAS COMO MEDIADORES PARA A APRENDIZAGEM DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL NATAL/RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO

CURSO DE PEDAGOGIA

LÍDIA PEREIRA DA SILVA

JOGOS E BRINCADEIRAS COMO MEDIADORES PARA A APRENDIZAGEM

DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

NATAL/RN

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO

CURSO DE PEDAGOGIA

LÍDIA PEREIRA DA SILVA

JOGOS E BRINCADEIRAS COMO MEDIADORES PARA A APRENDIZAGEM

DE CONCEITOS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Relatório Analítico de Prática Educacional apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do Grau de Licenciado em Pedagogia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Cláudia Rosana Kranz.

NATAL/RN

2017

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Silva, Lídia Pereira da.

Jogos e brincadeiras como mediadores para a aprendizagem de conceitos

matemáticos na educação infantil / Lídia Pereira da Silva. - Natal, 2017.

42f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Cláudia Rosana Kranz.

Monografia (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Educação. Departamento de Educação.

1. Ensino - Matemática – Relatório. 2. Matemática - Educação infantil -

Relatório. 3. Jogos e Brincadeiras - Mediação - Relatório. 4. Aprendizagem

Matemática - Relatório. I. Kranz, Cláudia Rosana. II. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 376:51

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SILVA, Lídia Pereira da. Jogos e brincadeiras como mediadores para a

aprendizagem de conceitos matemáticos na educação infantil. 42f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia). UFRN: Natal, 2017.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Cláudia Rosana Kranz (UFRN)

Orientadora

____________________________________________________

Prof.ª M.ª Odenise Maria Bezerra (SME-NATAL)

Examinadora Externa

____________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Mércia De Oliveira Pontes (UFRN)

Examinadora Interna

Natal, 23 de junho de 2017.

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Dedico este trabalho aos meus pais, que

acompanharam cada dia dessa trajetória, e

aos meus irmãos, que sempre apoiaram

minhas escolhas.

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AGRADECIMENTOS

Diante desse momento especial, agradeço primeiramente a Deus por ter

me possibilitado concluir mais uma etapa em minha vida, dando-me força,

saúde e tranquilidade quando necessitei.

Agradeço a minha família pelo incentivo constante, pela paciência e pela

compreensão nos momentos em que estive ausente.

Às novas amizades que conquistei: minhas colegas de equipe das

seleções de Futebol e Futsal Feminino, obrigada pelo companheirismo e

amizade de sempre, vocês foram, sem dúvida, muito importantes em minha

trajetória no esporte universitário, na qual vivenciei experiências inesquecíveis;

minhas queridas “pedamigas” que tornaram essa caminhada mais leve e

alegre, mesmo em meio às dificuldades que surgiram durante o curso.

Agradeço pelo carinho e pelos momentos compartilhados.

Agradeço ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

(PIBID) pela oportunidade concedida de participar do programa; ao corpo

docente do Centro Municipal de Educação Infantil Professora Antônia Fernanda

Jalles, em especial, às supervisoras do programa Danielle Queiroz, Joraida de

Freitas, Fátima Araújo e a Prof.ª colaboradora Eliezi Fabrício, que contribuíram

significativamente para a construção do meu eu docente, bem como deste

estudo.

Agradeço aos meus estimados mestres pelos conhecimentos

compartilhados e construídos durante a graduação. Por não só terem nos

ensinado a ensinar, mas também a exercer nossa profissão com compromisso,

amor e ética.

À professora Cláudia Rosana Kranz, orientadora deste estudo, pela

dedicação, cuidado e pelas contribuições essenciais para a realização deste

trabalho.

À professora Odenise Maria Bezerra, pelo trabalho inspirador e

fundamental para a elaboração deste estudo.

À professora Mércia de Oliveira Pontes, pela disponibilidade em estar

conosco e contribuir com esta produção.

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RESUMO

Este relatório tem como objetivo analisar o papel de jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem da Matemática na Educação Infantil, a partir das experiências vivenciadas enquanto bolsista do PIBID, durante o desenvolvimento do subprojeto de Pedagogia, realizado em um Centro Municipal de Educação Infantil da cidade de Natal/RN. Portanto, os materiais analisados são os planejamentos das práticas pedagógicas e os diferentes registros produzidos no decorrer das atividades, que se transformaram em fontes de dados. O trabalho se fundamentará em um breve estudo bibliográfico em variados acervos que abordam a temática, tais como: Kranz (2014), Vygotsky (2007), Rego (1995), Kishimoto (2011) e Smole, Diniz e Cândido (2007). Por conseguinte, compreendemos que os jogos e as brincadeiras, quando utilizados como instrumentos pedagógicos e problematizados, possibilitam situações privilegiadas para a aprendizagem de conceitos matemáticos, nas quais destacamos como fundamentais para a realização das atividades propostas a função mediadora do professor e o planejamento de suas ações. Palavras-chave: Jogos e Brincadeiras. Mediação. Aprendizagem Matemática. Educação Infantil.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9

2 ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: OS

JOGOS COMO POSSIBILIDADE DE MEDIAÇÃO ............................................................. 12

2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................................................. 12

2.2 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO ............................................................. 15

2.3 JOGOS E BRINCADEIRAS PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS

MATEMÁTICOS ................................................................................................................... 19

2.4 A MATEMÁTICA E O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................... 22

3 REFLEXÕES COM A PRÁTICA ......................................................................................... 24

3.1 A CONSTITUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA ...................................................................... 24

3.1.1 O PIBID .................................................................................................................... 24

3.1.2 O projeto “A matemática nos jogos: contando, jogando, aprendo brincando”

............................................................................................................................................. 24

3.1.3 A escola e seus sujeitos ........................................................................................ 26

3.2 ATIVIDADES REALIZADAS ........................................................................................ 26

3.2.1 Jogando amarelinha! .............................................................................................. 27

3.2.2 Jogo trilha da sorte ................................................................................................. 30

3.2.3 O salto a distância e as unidades de medidas de comprimento

convencionais e não convencionais .............................................................................. 34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 39

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 41

APÊNDICE A – Modelo de documento de consentimento do uso das imagens das

crianças pelos responsáveis ................................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

A infância é uma das etapas mais importantes na constituição do ser

humano. Por isso, é necessário oferecer condições propícias para que tal

processo aconteça. A etapa da Educação Infantil é uma fase de aprendizagem

e desenvolvimento para as crianças e, por isso, é interessante que elas

vivenciem experiências diversas que promovam o desenvolvimento de suas

potencialidades individuais e coletivas.

Após uma revisão na literatura, percebeu-se que a área da Educação

Infantil, em especial, a respeito da aprendizagem da Matemática nesse nível de

ensino, tem sido alvo de constantes pesquisas que incentivam a busca por uma

prática pedagógica diferenciada. Tais estudos apontam que se faz necessário

repensar essa educação, buscando maneiras desafiadoras e prazerosas de

abordar a Matemática na Educação Infantil, de modo a promover situações que

permitam o desenvolvimento integral da criança e que respeitem as

especificidades dessa faixa etária.

A investigação acerca das contribuições do ensino da Matemática na

Educação Infantil também tem sido recorrente. Algumas pesquisas, como a de

Virgulino (2014), apontam a relevância do trabalho com essa área de

conhecimento com crianças e da utilização de jogos e brincadeiras como

mediadores da aprendizagem dos conteúdos matemáticos, como o conceito de

número, das noções ligadas às grandezas e medidas, bem como espaço e

forma.

Neste contexto, surgem tendências não só na área da Educação, mas

também, na subárea de Educação Matemática, que envolvem diferentes

abordagens que podem subsidiar o processo de ensino-aprendizagem. O uso

dos jogos no ensino da Matemática, por exemplo, pode ser considerado

didaticamente, uma estratégia de ensino e também uma tendência na

Educação Matemática. Sabe-se que há outras tendências, como: História da

Matemática, Etnomatemática, Modelagem, Resolução de Problemas,

Tecnologias e Investigação. No entanto, optou-se como objeto deste trabalho o

uso de jogos e brincadeiras como mediadores da aprendizagem Matemática.

Para Kishimoto (2011), o jogo sempre esteve presente na vida cultural

dos povos, embora seja neste século que ele tenha ganhado mais força, devido

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à expansão da Educação Infantil. Assim, sendo o jogo e a brincadeira

relacionados ao universo infantil, quando utilizados como recurso pedagógico

possibilitam situações que privilegiam a aprendizagem, tendo em vista a

possibilidade de tornar a aula mais atrativa, dinâmica e mais próxima da

realidade das crianças.

Portanto, este relatório tem como objetivo analisar o papel de jogos e

brincadeiras no processo de aprendizagem da Matemática na Educação

Infantil, a fim de compreender como eles podem ser utilizados como

mediadores para a aprendizagem de conceitos matemáticos. Parte-se das

experiências vivenciadas enquanto bolsista do PIBID, durante o

desenvolvimento do projeto “A Matemática nos jogos: contando, jogando,

aprendo brincando”, realizado na turma do nível IV do turno vespertino, de um

Centro Municipal de Educação.

Os materiais analisados, neste trabalho, são os planejamentos das

práticas pedagógicas e os diferentes registros produzidos no decorrer das

atividades na referida turma, que se transformaram em fontes de dados. O

trabalho se fundamentará em um breve estudo bibliográfico em variados

acervos que abordam a temática, tais como: Kranz (2014), Vygotsky (2007),

Rego (1995), Kishimoto (2011) e Smole, Diniz e Cândido (2007).

Nesse sentido, o presente relatório trata-se de um resgate das

experiências vivenciadas em minha caminhada acadêmica e pessoal as quais

considero importantes em meu processo de formação e, hoje, revelam os

diferentes caminhos trilhados em minhas trajetórias que foram fundamentais

para a elaboração deste trabalho.

Dentre os diversos fatores que motivaram o interesse pelo tema deste

relatório, destaco como essenciais: minha relação com jogos e brincadeiras

durante a infância e as experiências formativas no curso de Pedagogia nas

diversas disciplinas do curso, em especial, de Estágio Supervisionado I e II e

Ensino da Matemática I.

Assim, minha relação com a temática surgiu a partir das aprendizagens

proporcionadas pelas disciplinas de Estágio Supervisionado I e II, realizados na

Educação Infantil e Ensino Fundamental, os quais, inspirada em minhas

vivências com jogos e brincadeiras na infância, optei por utilizar como recurso

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metodológico em minhas regências, o que foi de grande importância para

minha formação docente.

Desse modo, as experiências proporcionadas pelas disciplinas citadas

me motivaram a elaborar um projeto de ensino da Matemática na Educação

Infantil que despertasse o interesse pela aprendizagem de conceitos

matemáticos por meio de atividades lúdicas, constituindo o objeto central deste

trabalho.

Além da descrição das práticas pedagógicas realizadas, no relatório

constam, inicialmente, os referenciais teóricos, a constituição da experiência e

o relato e a análise das atividades desenvolvidas.

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2 ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: OS JOGOS COMO POSSIBILIDADE DE MEDIAÇÃO

Nesta seção, que diz respeito ao referencial teórico deste trabalho,

iniciaremos com uma abordagem acerca da Educação Infantil e os meios legais

que a estabelecem como a primeira etapa da Educação Básica, bem como o

reconhecimento das Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (DCNEI,

2010) como documento orientador das práticas pedagógicas nessa etapa

escolar.

Discorreremos também sobre a aprendizagem e desenvolvimento,

baseando-nos nas ideias elaboradas por Lev Vygotsky (1896-1934) em sua

teoria histórico-cultural originada na perspectiva do materialismo histórico e

dialético. Dando continuidade, apresentaremos as concepções teóricas acerca

dos jogos e brincadeiras para a aprendizagem de conceitos matemáticos,

elencadas por meio de um breve estudo bibliográfico em variados acervos que

abordam a temática.

Por fim, traremos a abordagem a respeito da Matemática e o lúdico na

Educação Infantil ainda com base nas orientações dos autores que

fundamentaram este trabalho.

2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Infantil, considerada como a primeira etapa da Educação

Básica, teve sua função educativa afirmada em termos legais, por meio da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB-Lei n. 9.394/96) na qual

recebeu uma seção especial, em que é tratada na Seção II, do Capítulo II (Da

Educação Básica), nos seguintes termos:

Art. 29 A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade; Art. 30 A Educação Infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré – escolas para crianças de quatro a seis anos de idade; Art. 31 Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996).

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Nesse sentido, Oliveira (2011, p. 118) destaca que “após a promulgação

da LDB, foram criados fóruns estaduais e regionais de Educação Infantil como

espaços de reivindicações por mais verbas para programas de formação de

professores dessa área”. Além disso, consequentemente, surgiram novas

concepções acerca do desenvolvimento da cognição e da linguagem infantil, o

que acabou modificando a maneira como as propostas pedagógicas dessa

área eram pensadas.

Diante disso, foram definidas pelo Conselho Nacional de Educação

(CNE), por meio da Câmara de Educação Básica (CEB), em 1999, as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Resolução CEB 1/99),

orientando a organização das instituições que se dedicam a essa etapa de

ensino.

Essas diretrizes estabeleceram exigências quanto às orientações

curriculares e elaboração dos projetos pedagógicos, enfatizando que as

instituições de Educação Infantil deveriam promover em suas propostas

pedagógicas condições que possibilitassem o favorecimento da relação entre o

educar e o cuidar e a integração entre os aspectos afetivo, cognitivo, físico e

social das crianças, considerando-as “um ser completo, total e indivisível”.

(Parecer CNE/ CEB nº 22/98 e Resolução 01/99).

Posteriormente, conforme Oliveira (2011), depois de passados dez anos,

pesquisas realizadas em unidades da rede pública de ensino infantil de

diferentes regiões, demonstraram resultados insatisfatórios em relação a

qualidade do ensino.

Assim sendo, a autora ressalta que

[...] uma retomada a identidade conceitual, legal, sociopolítica da Educação Infantil se mostrou uma tarefa urgente para orientar práticas pedagógicas cotidianas vividas nas instituições de Educação Infantil a fim de torná-las mediadoras mais eficientes de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças (OLIVEIRA, 2011, p. 120).

A partir disso, foi aprovada a Resolução nº 5, de 17 de dezembro de

2009, fixando as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

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Infantil, que têm como finalidade estabelecer orientações a serem observadas

na organização de propostas pedagógicas para a Educação Infantil.

Nesse sentido, tais diretrizes

[...] articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares de Educação Infantil (BRASIL, 2010, p. 13).

Por conseguinte, a publicação de novas Diretrizes Curriculares

Nacionais para a Educação Infantil, reforçou que

[...] a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil devem ter como objetivo principal promover o desenvolvimento integral das crianças de zero a cinco anos de idade, garantindo a cada uma delas o acesso a processos de construção de conhecimentos e a aprendizagem de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e interação com outras crianças (OLIVEIRA, 2011, p. 120).

De acordo com o próprio documento, para a elaboração e organização

das diretrizes foram adotadas as definições de:

- Educação Infantil: Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas [...]; - Criança: Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura; - Currículo: Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. - Proposta Pedagógica: Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é o plano orientador das ações da instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças que nela são educados e cuidados. É elaborado num processo coletivo, com a participação da direção, dos professores e da comunidade escolar (BRASIL, 2010, p. 15).

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Quanto à organização do trabalho pedagógico, como os materiais,

tempos e espaços, as diretrizes curriculares destacam que as instituições têm

que proporcionar condições que assegurem “a educação em sua integralidade,

entendendo o cuidado como algo indissociável ao processo educativo”, bem

como, a “indivisibilidade das dimensões expressivo, motora, afetiva, cognitiva,

linguística, ética, estética e sociocultural da criança” (BRASIL, 2010, p. 21).

Em seu 9º artigo, em relação ao currículo, o documento sugere que as

práticas pedagógicas tenham como eixos norteadores as interações e as

brincadeiras, de forma a possibilitar a continuidade no processo de

aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos

que serão trabalhados no Ensino Fundamental, especialmente, para a faixa

etária de quatro a cinco anos de idade.

Segundo Oliveira (2011, p. 49):

Pesquisas sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil revelam que pensar uma proposta pedagógica para creches e pré-escolas envolve organizar condições para que as crianças interajam com adultos e outras crianças em situações variadas, construindo significações acerca do mundo e de si mesmas, enquanto desenvolvem formas mais complexas de sentir, pensar e solucionar problemas, em clima de autonomia e cooperação.

Em relação ao desenvolvimento infantil, a mesma autora aponta a

relevância das ideias do teórico Lev Vygotsky (1896-1934), destacando que ele

trouxe grandes contribuições ao conhecimento acerca da aprendizagem e do

desenvolvimento de crianças, que têm influenciado pesquisadores da área da

Educação Infantil.

Para Rego (1995), Vygotsky dedicou-se principalmente em realizar

estudos em que se apresenta o desenvolvimento humano como processo

mediado de apropriação de conhecimentos e internalização de práticas

culturais, por meio da interação com o meio e outros sujeitos, sem ignorar a

influência das características biológicas da espécie humana nesse processo,

conforme veremos no próximo tópico.

2.2 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO

Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 17 de novembro de 1896 na

Orsha, interior da Bielo-Rússia. Formou-se em Direito, Medicina, Psicologia e

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Literatura e foi professor de Literatura e Psicologia, além de ter estudado

diversas línguas.

De acordo com Rego (1995), Vygotsky “teve como interesse central o

estudo da gênese dos processos psicológicos tipicamente humanos, em seu

contexto histórico-cultural”, dedicando sua vida “ao esforço de romper,

transformar e ultrapassar o estado de conhecimento e reflexão sobre o

desenvolvimento humano de seu tempo” (1995, p. 16, grifo da autora).

Desse modo, os conceitos elaborados por Vygotsky basearam-se nos

princípios do pensamento marxista, pesquisando sobre o desenvolvimento das

funções psicológicas superiores. Juntamente com seus colaboradores

Alexander Romanovich Luria (1902-1977) e Alexei Niko-laievich Leontiev

(1904-1979), desenvolveu a teoria histórico-cultural do psiquismo, concluindo

que tais funções são desenvolvidas nas relações entre indivíduo e meio social

por meio do processo de internalização da cultura (REGO, 1995).

Nesse sentido, o teórico desenvolveu estudos acerca dos processos de

transformação e desenvolvimento humano, baseado nos princípios do

materialismo histórico e dialético em que procurou “identificar as mudanças

qualitativas do comportamento que ocorrem ao longo do desenvolvimento

humano e sua relação com o contexto social” (REGO, 1995, p. 25).

Para uma melhor compreensão acerca de suas principais ideias, Rego

(1995) supõe que seja necessário o entendimento de algumas questões que

foram centrais na elaboração da teoria Vygotsky, tais como: a relação

indivíduo/sociedade, o conceito de mediação, de internalização e relação entre

aprendizagem e desenvolvimento, bem como os processos de aprendizagem

em contexto escolar.

A respeito da relação indivíduo/sociedade, a estudiosa aponta que:

Vygotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio-cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo (REGO, 1995, p. 41).

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Assim, entendemos que o desenvolvimento humano se dá por meio da

interação entre o indivíduo e o ambiente, na qual o ser humano, ao transformar

o meio em que vive, é também por ele transformado. Como elemento

fundamental para essa interação, destaca-se na teoria de Vygotsky o conceito

de mediação.

Dentre os diversos tipos de mediação, o teórico distinguiu dois tipos de

elementos básicos responsáveis pela mediação entre indivíduo e sociedade: “o

instrumento, que tem a função de regular as ações sobre os objetos e o signo,

que regula as ações sobre o psiquismo das pessoas” (REGO, 1995, p. 50, grifo

da autora).

Na teoria de Vygotsky, o conceito de instrumento teve clara origem do

pensamento marxista ao considerar que ele tem o papel de “servir como um

condutor da influência sobre o objeto da atividade, ele é orientado

externamente; deve necessariamente levar a mudança nos objetos”. Enquanto

que “o signo não modifica em nada o objeto da operação psicológica. Constitui

um meio da atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo; o

signo é orientado internamente (VYGOTSKY, 2007, p. 56, grifo do autor)”.

Dentre os elementos mediadores da relação entre indivíduo/sociedade,

na concepção do teórico, a linguagem recebe atenção especial, pois “é

entendida como um sistema simbólico fundamental para todos os grupos

humanos” (REGO, 1995, p. 53). Em seu ponto de vista, ela possibilita a

interação entre os seres humanos, permitindo a cada indivíduo se construir por

meio dessa relação com o meio social e com os outros.

Durante suas pesquisas, Vygotsky constatou que o desenvolvimento da

linguagem se dá em três fases: i) Linguagem social ou fala externa: tem como

finalidade apenas a comunicação com os adultos e engloba elementos do

entorno da criança; ii) fala egocêntrica: é o pensamento sem palavras ditas, a

criança pensa, porém não tem como prioridade se comunicar com o adulto; iii)

fala interior, tem a função de comunicação entre os indivíduos e,

consequentemente, possibilita a interação entre eles.

Essa interação entre indivíduo/sociedade, mediada pela linguagem e

pelos signos e instrumentos, promove a integração entre fatores biológicos e

sociais, que possibilita o desenvolvimento das funções psicológicas superiores,

que,

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se originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social. Isto é, o desenvolvimento mental humano não é dado a priori, não é imutável e universal, não é passivo, nem tampouco independente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida humana (REGO, 1995, p. 41, grifo da autora).

A partir disso, entendemos que o desenvolvimento das funções

psicológicas superiores ocorre de forma não natural, por meio da relação entre

indivíduo e meio social, por meio de elementos mediadores, que possibilitam os

processos de internalização de conceitos e práticas culturais.

Desse modo, para Vygotsky (2007, p. 56), o processo de internalização,

que consiste na “reconstrução interna de uma atividade externa”, ocorre por

meio da interação entre os indivíduos, e seu desenvolvimento se dá de fora

para dentro, isto é, por meio de uma transformação de um processo

interpessoal (entre pessoas) num processo intrapessoal (para o interior da

pessoa).

Segundo Kranz (2014, p. 100), “nesse processo de desenvolvimento,

social por excelência, a aprendizagem ocupa lugar de destaque para

Vygotsky”. Para o teórico, aprendizagem e desenvolvimento “estão interligados

desde o primeiro dia de vida das crianças” (VYGOTSKY, 2007, p. 95). E o

aprendizado da criança se inicia antes mesmo dela passar a frequentar a

escola.

Neste contexto, Vygotsky observou que a criança apresenta, em seu

processo de desenvolvimento, dois níveis, denominados de real e potencial. A

respeito desses conceitos, Rego (1995, p. 73) apresenta que o nível de

desenvolvimento real refere-se às “conquistas que já estão consolidadas na

criança, aquelas funções que ela já aprendeu e domina”, isto é, aquilo que ela

consegue realizar de forma independente, sem a ajuda de outra pessoa; e o

nível de desenvolvimento potencial “também se refere àquilo que a criança é

capaz de fazer, só que mediante a ajuda de outra pessoa (adultos ou crianças

mais experientes)”.

Entre esses dois níveis de desenvolvimento encontra-se um dos

conceitos principais da teoria de Vygotsky que é o de ZDP – Zona de

Desenvolvimento Proximal:

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[...] ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 2007, p. 97, grifo do autor).

Segundo Rego (1995), Vygotsky acreditava que o aprendizado

impulsiona o desenvolvimento da criança por meio dos processos de

internalização dos aspectos da cultural e da sociedade em que está inserida,

promovidos pela interação com outros indivíduos.

Nesse sentido, a autora destaca ainda que:

o aprendizado é responsável por criar a zona de desenvolvimento proximal, na medida em que, em interação com outras pessoas, a criança é capaz de colocar em movimento vários processos de desenvolvimento que, sem a ajuda externa, seriam impossíveis de ocorrer ( REGO, 1995, p. 73).

Corroborando com as ideias da pesquisadora, Vygotsky (2007) afirma

que a escola é um espaço que favorece o processo de aprendizagem porque

oportuniza a interação entre os sujeitos, onde o professor é um mediador do

conhecimento, sendo de suma importância que ele esteja atento a ZDP para

intervir como mediador, identificando e refletindo sobre esse andamento do

desenvolvimento da criança.

Tendo em vista a perspectiva teórica apresentada, umas das mediações

que acreditamos serem relevantes para o ensino e aprendizagem dos

conceitos matemáticos são os jogos e brincadeiras, pensando que podem se

caracterizar com um instrumento para o desenvolvimento social, emocional e

intelectual das crianças.

2.3 JOGOS E BRINCADEIRAS PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS

MATEMÁTICOS

A relação entre o jogo e a Matemática possui atenção de vários autores:

Kranz (2014), Vygotsky (2007), Kishimoto (2011), Borin (1998), Macedo (1995),

Smole, Diniz e Cândido (2007), entre outros. Todos destacam a relevância do

trabalho com jogos no processo de ensino e aprendizagem como ferramenta

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pedagógica, constituindo uma abordagem significativa, principalmente na

Educação Infantil.

Segundo Rego, “o ensino da matemática ainda desafia muitos docentes,

nas mais diversas modalidades de ensino”. Para ela, “trabalhar o lúdico no

ensino da matemática na atualidade está sendo uma das alternativas

plausíveis e mais coerentes no processo de ensino-aprendizagem, defendidas

por vários autores da Educação Matemática” (REGO, 2016, p. 2).

Com base nos princípios da teoria histórico-cultural acerca da

aprendizagem e desenvolvimento infantil, a brincadeira assume um importante

papel nesse processo. Para Vygotsky “é no brinquedo que a criança aprende a

agir numa esfera cognitiva, em vez de uma esfera visual externa, dependendo

de motivações e tendências internas e não dos incentivos fornecidos pelos

objetos externos”. Assim, o jogo é considerado um estímulo à criança no

desenvolvimento de processos internos de construção do conhecimento e das

interações com os outros (VYGOTSKY, 2007, p. 64).

Nesse sentido, entendemos que por meio da brincadeira a criança

aprende a agir com o significado das coisas e dá um passo importante em

direção ao pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e

não dos objetos. É na brincadeira que ela pode pensar e experimentar

situações novas ou mesmo do seu cotidiano.

Autores como Borin (1998) e Macedo (1995) destacam que o jogo é um

meio de diversão que acaba por motivar, desenvolver habilidades, estimular o

raciocínio e a capacidade de compreensão dos conteúdos matemáticos, assim

como de outras áreas do conhecimento. E também que seu uso propicia ao

educando compreender regras a serem utilizadas no processo de aquisição do

conhecimento e assimilar conteúdos que até então pareciam totalmente

abstratos.

Para Kranz (2014), os jogos possibilitam o desenvolvimento do

pensamento, da reflexão, uma vez que, no próprio contexto do jogo, as

crianças interagem com as outras, conversam, dialogam, interferem nas

jogadas dos outros, criam argumentos e trocam ideias. Outro aspecto que a

autora considera importante no jogo é a possibilidade de a criança avaliar-se,

ressaltando, o caráter mediador dessa autoavaliação, que acontece em um

contexto de interação com outros.

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Nesse sentido, a autora reconhece que o jogo, no ambiente escolar,

“pode constituir-se em um espaço privilegiado para a aprendizagem e

desenvolvimento matemático na criança, uma vez que nele são propiciadas

condições para a interação da criança com os adultos e com seus colegas”

(KRANZ, 2014, p. 106).

Diante disso, compreendemos que a utilização de jogos e brincadeiras

no contexto escolar pode favorecer os processos de aprendizagem de

conceitos matemáticos, e que cabe ao professor utilizá-los como mediadores

nas relações de ensino e aprendizagem que se desenvolvem no interior da

escola.

Na concepção de Masseto (2000, p. 45), a mediação pedagógica “busca

abrir um caminho a novas relações do estudante: com os materiais, com o

próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de aprendizagem,

incluído o professor, consigo mesmo e com seu futuro".

Por essa razão, supomos que cabe ao professor buscar conhecer novas

possibilidades de ensino, a fim de criar um ambiente propício com

metodologias lúdicas, para que o ensino e aprendizagem se construam de

forma significativa tanto para quem ensina quanto para quem aprende.

Segundo Kranz,

é o professor o responsável mais direto, é ele a pessoa que, intencionalmente, guia o processo de aprendizado de seus alunos possibilitando (ou não) um contexto pedagógico que favoreça aprendizagens matemáticas cada vez mais complexas” (KRANZ, 2014, p. 108).

Por conseguinte, destacamos a importância do planejamento

pedagógico para as práticas educativas, uma vez que é a partir dos objetivos

que se deseja alcançar, que as atividades devem ser planejadas e

desenvolvidas em sala de aula. Assim sendo, é imprescindível que o professor

tenha clareza de sua função mediadora no processo de ensino e

aprendizagem.

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2.4 A MATEMÁTICA E O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A etapa da Educação Infantil constitui uma fase de suma importância

para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança, e por isso, é necessário

compreender suas necessidades e interesses para que se propicie uma

educação de qualidade e, sobretudo, significativa.

As atividades lúdicas são inerentes ao ser humano. O ensino infantil, por

excelência, configura-se como o espaço natural do jogo e da brincadeira, o que

favorece a ideia de que a aprendizagem dos conteúdos matemáticos pode se

dá por meio das atividades lúdicas.

Nesse sentido, sendo, os brinquedos, jogos e brincadeiras parte do

contexto infantil e presentes na rotina diária das crianças, eles podem não só

contribuir para o desenvolvimento das crianças, como também para sua

formação enquanto indivíduo. Isso acontece porque esses momentos

possibilitam a construção de uma realidade fantasiosa, fundamental para a

formação do mundo real, no qual ao brincar a criança realiza uma mediação

entre o real e o imaginário.

Para Vygotsky (2007), a brincadeira se configura como uma situação

privilegiada de aprendizagem infantil, à medida que fornece uma estrutura

básica para mudanças das necessidades e da consciência, pois, ao brincar, a

criança entra em contato com as regras, criando suas próprias normas e

repetindo regras sociais do mundo adulto, contribuindo para o seu

desenvolvimento.

Para Kishimoto (2009, p. 36),

utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

Segundo Azola e Lopes (2010, p. 10):

a matemática faz-se presente em diversas atividades realizadas pelas crianças, oferece aos homens, em geral, várias situações que possibilitam o desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade e a capacidade de resolver problemas. O ensino dessa disciplina pode potencializar essas capacidades, ampliando as possibilidades dos alunos de compreender e transformar a realidade.

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A respeito dos conceitos matemáticos a serem trabalhados na Educação

Infantil, as diretrizes curriculares enfatizam a importância de “possibilitar

experiências em que as crianças possam recriar, em contextos significativos

para elas, relações quantitativas, de medidas, de formas e orientações espaço

temporais” (BRASIL, 2010, p. 27).

De acordo com Smole, Diniz e Cândido (2007), a aprendizagem da

Matemática na Educação Infantil se dá por meio de atividades em que as

crianças sintam-se desafiadas e estimuladas a explorar diferentes ideias,

levantar e testar hipóteses e buscar novas formas de elaborar argumentos. Ela

ressalta, ainda, que as aulas de Matemática precisam ter espaço para os jogos,

as brincadeiras e entre outros elementos que compõem o universo da criança.

Consequentemente, pressupomos que a utilização de jogos e

brincadeiras, na abordagem dos conteúdos matemáticos na Educação Infantil,

se configura como atividade prazerosa e ao mesmo tempo desafiadora para as

crianças, contribuindo para sua aprendizagem e desenvolvimento, tendo em

vista seu caráter lúdico.

Nesse sentido, consideramos a pré-escola um espaço privilegiado para

o ensino dos conceitos matemáticos, pois o trabalho nas turmas de Educação

Infantil poderá possibilitar aprendizagens extremamente importantes, que, se

bem trabalhadas, darão subsídio para aprendizagens futuras que serão de

grande relevância para a vida escolar e cotidiana das crianças.

Assim sendo, é necessário promover situações que favoreçam o

desenvolvimento do raciocínio lógico matemático, através de atividades lúdicas

em que as crianças possam explorar noções básicas como: as relações entre

quantidades, diferenciação entre elementos, ordenamentos e identificação

numérica, bem como o reconhecimento de espaços e formas, por meio de

atividades lúdicas.

No entanto, o papel mediador das brincadeiras e dos jogos para a

aprendizagem de conceitos matemáticos pode ser potencializado de acordo

com o trabalho pedagógico realizado em sala de aula. É nessa perspectiva que

este trabalho se orienta.

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3 REFLEXÕES COM A PRÁTICA

Esta seção trata de tudo o que diz respeito à prática docente vivenciada.

Iniciamos relatando a constituição da experiência por meio do PIBID,

explicitando o que motivou a elaboração do projeto e como se deu sua

construção. Em seguida, apresentamos uma caracterização da escola e de

seus sujeitos e, por fim, trazemos a descrição e análise das atividades

desenvolvidas por intermédio do programa citado.

3.1 A CONSTITUIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

Para melhor compreensão do leitor, faz-se necessária uma breve

apresentação dos elementos que foram fundamentais na constituição do

contexto da prática que aqui será relatada e analisada. Por isso, discorremos

nesta subseção sobre o PIBID, o projeto e a escola.

3.1.1 O PIBID

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um

projeto do Ministério da Educação, gerenciado pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e tem como objetivo

antecipar o vínculo entre os futuros educadores e as salas de aula da rede

pública, por meio de bolsas ofertadas aos alunos dos cursos de licenciatura

presencial e a distância, proporcionando experiências metodológicas de

elaboração de projetos e prática docente em escolas da rede estadual e

municipal de ensino.

3.1.2 O projeto “A matemática nos jogos: contando, jogando, aprendo

brincando”

Umas das questões que motivou a elaboração desse projeto refere-se

às experiências vivenciadas na disciplina de Ensino da Matemática I. Esta se

configurou como experiência enriquecedora em minha formação pessoal e,

sobretudo, docente, pois, a partir da metodologia envolvente e encantadora da

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professora, pude transformar a aversão que detinha acerca do ensino e

aprendizagem da Matemática em estímulo para desenvolver estudos sobre

diferentes formas de abordar essa área de ensino de maneira significativa e

prazerosa tanto para as crianças quanto para mim.

Outra questão fundamental para a organização e elaboração efetiva do

projeto partiu de observações realizadas durante o período de adaptação dos

bolsistas do PIBID em suas referidas turmas. No decorrer dessa etapa na

turma do nível IV percebi que as crianças demonstravam muito interesse por

jogos e brincadeiras.

Diante disso, cheguei à seguinte indagação: porque não aliar o interesse

que as crianças demonstram pelos jogos e brincadeiras à aprendizagem dos

conceitos matemáticos? E, a partir disso, no momento de apresentação

“formal” dos bolsistas para a turma lancei para as crianças a proposta de

desenvolvermos um projeto para a aprendizagem da Matemática por meio de

jogos e brincadeiras. E elas logo aceitaram.

A partir disso, optei por elaborar uma proposta de ensino e

aprendizagem de conceitos matemáticos por meio de jogos e brincadeiras,

baseada nos conteúdos de sistema de numeração; espaço e forma e

grandezas e medidas destacados no Referencial Curricular para a Educação

Infantil (RCNEI) para a aprendizagem da Matemática.

Faz-se necessário evidenciar que todas as ações pedagógicas foram

planejadas, orientadas e discutidas com as supervisoras e a professora

colaboradora. Desse modo, as práticas pedagógicas aconteceram por meio de

momentos de interação entre crianças e bolsistas na criação e manipulação de

diferentes materiais, como jogo de dominó, jogo de trilha, boliche, pega

varetas, amarelinha entre outros e, atividades lúdicas com práticas corporais,

de contação de histórias, músicas, teatro de fantoches e brincadeiras.

Ainda com base no RCNEI (BRASIL, 1998, v. 3), em relação à

organização do trabalho pedagógico, o documento orienta que seja

estabelecida uma rotina estruturando as atividades que serão desenvolvidas.

Nesse sentido, a rotina escolar nos centros municipais de Educação

Infantil se organiza da seguinte forma: acolhimento, roda de conversa sobre a

rotina do dia e momento das canções, lanche, atividades externas, atividades

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direcionadas e livres, brincadeiras livres e direcionadas, jantar e o momento da

despedida.

3.1.3 A escola e seus sujeitos

O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professora Antônia

Fernanda Jalles fica situado no bairro do Pitimbu em Natal/RN. Como estrutura

administrativa e pedagógica, o CMEI dispõe de uma gestora pedagógica, uma

gestora financeira, uma auxiliar financeira, uma coordenadora pedagógica no

turno matutino e outra no turno vespertino.

Em relação aos níveis de atendimento e faixa etária das crianças o

CMEI atende as turmas de: Berçário II – crianças de 1 ano a 2 anos e 11

meses; nível I – crianças 2 anos a 2 anos e 11 meses; nível II – crianças de 3

anos a 3 anos e 11 meses; Nível III – crianças de 4 anos a 4 anos 11 meses e

nível IV – crianças de 5 anos a 5 anos e 11 meses.

3.2 ATIVIDADES REALIZADAS

A partir de agora, relatarei e analisarei situações vivenciadas em minha

prática pedagógica durante as intervenções do projeto. Para melhor orientar o

leitor, os planejamentos das práticas pedagógicas estarão dispostos em

quadros, com base no modelo disponibilizado pelas supervisoras do programa

citado. Após cada quadro de planejamento as atividades serão relatadas e

analisadas com base nos objetivos propostos explicitados nos planejamentos e

no referencial teórico.

Desse modo, os materiais analisados neste trabalho são os

planejamentos e os diferentes registros produzidos no decorrer das práticas

pedagógicas na referida turma, em situação de jogos e brincadeiras, que se

transformaram em fontes de dados.

As atividades relatadas e analisadas a seguir foram selecionadas a partir

dos seguintes critérios: i) constar em arquivo pessoal em diferentes registros –

fotográfico, fílmico e escrito; ii) ter resultado em maior interação entre as

crianças, bem como a compreensão das regras dos jogos e das brincadeiras;

iii) ter se caracterizado significativa paras as crianças – o que pôde ser

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perceptível pelo entusiasmo, atenção e interesse demonstrado por elas durante

a atividade; iv) ter proporcionado às crianças maior compreensão dos conceitos

matemáticos presentes nos jogos e brincadeiras propostos.

3.2.1 Jogando amarelinha!

Iniciei a aula reunindo as crianças em um pequeno círculo para a cantiga

de algumas músicas e apresentação sobre as atividades do dia. Em seguida,

mostrei uma amarelinha feita de TNT (material conhecido como tecido não

tecido) questionando se elas conheciam esse jogo e como se chamava. Logo,

todas responderam: “É uma amarelinha!” Então, perguntei: “Alguém aqui já

jogou amarelinha? Por onde começamos a jogar?” E então uma das crianças

respondeu: “É assim: tem que ter uma pedra pra jogar nesses quadrinhos e aí

você pula todos, até chegar ao céu” (apontando para a parte oval da

amarelinha). Em seguida, perguntei: “E se eu jogar a pedra fora dos

quadrinhos? O que acontece?”. E elas responderam: “Perde! E é a vez do

outro”.

DATA: 22/04/2016

O QUE VOU REALIZAR:

Jogo da amarelinha

COM QUAL OBJETIVO:

- Explorar a identificação numérica;

- Identificar a posição de um objeto ou número numa série,

explicitando a noção de sucessor e antecessor;

- Utilizar a contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais

as crianças reconheçam sua necessidade.

COMO VOU FAZER:

- Realizar o levantamento dos conhecimentos prévios das crianças

acerca do jogo amarelinha, bem como de sua estrutura e

organização numérica, explicando o que é uma amarelinha;

- Montagem da amarelinha a partir de alguns questionamentos;

- Desenho de uma amarelinha no pátio do CMEI e vivência do jogo

com problematizações constantes.

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A partir dessa conversa inicial, percebi que parte das crianças conhecia

o jogo da amarelinha e também suas regras. Dando continuidade, coloquei

sobre a amarelinha algumas fichas com números de 0 a 9 viradas para baixo.

Enquanto as crianças me observavam demonstrando curiosidade, perguntei:

“Vocês sentiram falta de alguma coisa nessa amarelinha?” E umas delas

respondeu: “Está faltando os números!”. Perguntei: “Quais são esses

números?”. A mesma criança respondeu ditando: “Um, dois, três... e dez!”.

A partir disso, convidei as crianças a terminarem de “montar” nossa

amarelinha, explicando que as fichas com os números foram colocadas de

forma desorganizada, e que elas, após identificarem o numeral nas fichas,

teriam que organizá-las em ordem crescente, assim como a colega tinha

acabado de ditar a sequência dos números.

Enquanto as crianças montavam a amarelinha, fiz alguns

questionamentos, como:

Qual o maior número da amarelinha? E o menor?

Quantos números têm a amarelinha?

Quantas casas têm a amarelinha?

Quem sabe onde está o número oito?

Qual número vem depois do três? E antes do sete?

Que números estão antes do quatro?

Por quais casas passamos para chegar ao cinco?

Saindo do nove, por quais casas passamos até chegar ao dois?

De acordo com Smole, Diniz e Cândido (2007) lançar problematizações

durante as atividades com jogos é importante, pois favorece a percepção do

acerca das aprendizagens, das dúvidas e do envolvimento do aluno na própria

ação de jogar.

Nesse sentido, a partir das respostas das crianças foi possível identificar

o conhecimento de algumas noções matemáticas, como da utilização da

contagem como auxílio para a identificação e organização das fichas

numéricas, conforme podemos verificar na situação a seguir: ainda durante a

montagem da amarelinha ao perguntar a criança onde colocaríamos o número

nove, inicialmente, ela demonstrou estar em dúvida, porém, ao observar as

fichas dispostas na amarelinha e contá-las, conseguiu identificar em que parte

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o número se encaixava na sequência, como podemos perceber na imagem

abaixo.

Fotografia 1: Crianças montando o jogo da amarelinha

Fonte: Autoria própria

Dando continuidade, lancei o seguinte questionamento para a mesma

criança: “Qual número vem depois do três? E antes do sete?”. Logo, ela

respondeu: “Depois do três é o quatro. E o seis vem primeiro que o sete”

(apontando para a amarelinha).

Diante disso, percebi que já na parte inicial da atividade foi possível

propor problemas envolvendo contagens, identificação numérica e também as

noções de sucessor e antecessor, conforme os objetivos propostos para a

atividade.

Após esse momento, direcionamos as crianças ao pátio do CMEI, onde

propomos que elas desenhassem coletivamente uma amarelinha no chão

utilizando um giz (como ilustrado na fotografia 2), a partir do que foi vivenciado

na sala de aula acerca da estrutura e da sequência numérica presente no jogo.

Fotografia 2: Criança desenhando a amarelinha no pátio do CMEI

Fone: Autoria própria

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Ao finalizar o desenho no pátio, as crianças puderam jogar a amarelinha,

e foi um momento de interação no qual todas se divertiram e acompanharam o

desenrolar do jogo, ditando a forma de iniciar e a ordem que eles deveriam

obedecer.

Por conseguinte, consideramos que a atividade se desenvolveu de

maneira muita satisfatória e que os objetivos propostos foram alcançados, uma

vez que a realização do jogo favoreceu a exploração e a compreensão de

algumas noções matemáticas identificadas na fala das crianças.

3.2.2 Jogo trilha da sorte

Iniciei a aula com roda de conversa informando às crianças que, na

atividade desenvolvida em seguida, elas conheceriam um novo jogo chamado

trilha da sorte. E então, apresentei o tabuleiro do jogo lançando alguns

questionamentos, conforme vemos no diálogo a seguir:

DATA: 28/11/2016

O QUE VOU REALIZAR:

Jogo trilha da sorte

COM QUAL OBJETIVO:

- Possibilitar a resolução de situações problema envolvendo as

operações de adição e subtração;

- Promover a resolução de problemas que envolvem a comparação

e ordenação de quantidades;

- Utilizar a contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais

as crianças reconheçam sua necessidade.

COMO VOU FAZER:

- Realizar levantamento dos conhecimentos prévios das crianças

acerca do que seria um jogo de trilha, bem como de suas possíveis

regras e modo de jogar.

- Apresentar do tabuleiro do jogo e decodificação dos elementos da

roleta da sorte, por meio de problematizações.

- Prática do jogo propriamente dita.

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– O que vocês veem no tabuleiro?

– Um monte de quadrinhos colorido!

– E por que será que cada trilha tem uma cor diferente?

– Pra gente saber o lugar de cada um né?!

– Quantos jogadores vocês acham que podem participar desse jogo?

– Seis! – Após contar quantas cores tinham o tabuleiro.

– Como será que se joga esse jogo?

– Ah! Acho que pra jogar tem que ter sorte, já que o nome é jogo da sorte.

Então tem que ter sorte pra pular esses quadrinhos e, quem chegar

primeiro, ganha!

– E como vamos fazer para observar isso?

– Tem que ter um jeito ou alguma coisa pra botar em cima: uma pedra,

uma pecinha, alguma coisa!

– E para que servem essas tampinhas de garrafa pet de diferentes cores?

– Ah! Isso aí serve pra marcar o lugar de cada um no jogo.

Diante das respostas apresentadas pelas crianças, expliquei que as

tampinhas representariam cada jogador, ou seja, cada criança. Também

apresentei a roleta que nos auxiliaria durante o jogo, destacando que as

jogadas aconteceriam de acordo com o que fosse sorteado, realizando em

seguida a decodificação dos elementos presentes na roleta.

É importante destacar que para a elaboração da roleta foi necessário

pensar em um material acessível para esse grupo específico de crianças, no

sentido de possibilitar a interpretação das expressões presentes na roleta.

Assim, tendo em vista que nessa faixa etária elas ainda não sabem ler

convencionalmente, foi elaborada uma roleta composta por desenhos

representando a ação que deve ser realizada após sorteada a opção; por

exemplo, a expressão “pule uma casa”, em vez de estar escrita, foi desenhado

um coelho que representava o salto; um quadrado representando um

quadrinho da trilha e o numeral um. Dessa forma, a roleta foi composta pelas

expressões: “volte ao início do jogo”; “pule duas casas”; “pule três casas”,

“passe a vez ao colega”; “jogue novamente e pergunta”.

Após o levantamento das primeiras ideias das crianças acerca do jogo e

da apresentação das regras – antes de dar início ao jogo propriamente dito –,

simulei para elas como seria uma partida desse jogo, propondo algumas

questões, como: “Quem será o primeiro a jogar? Como podemos decidir a

ordem dos jogadores?”. Uma das crianças respondeu: “Pode ser pelo jeito que

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a gente tá sentado!”. Continuei: “E depois que cada jogador rodar a roleta, o

que acontece?”. Responderam: “Começa tudo de novo, até chegar ao final”.

Por fim, perguntei: “E quando o jogo termina então?”. Apontando para a linha

de chegada, eles responderam: “Quando chegar lá em cima”.

Com base nas respostas das crianças, foi possível perceber que além

de compreenderem as regras do jogo, elas também estabeleceram uma ordem

de jogadores a partir da sequência em que elas estavam dispostas. A partir

disso, separei as crianças em dois grupos de seis componentes, visto que o

tabuleiro continha apenas seis cores e distribui um “pino” para cada uma.

Ao iniciar a atividade, durante as primeiras rodadas, as crianças

demonstraram ter compreendido a dinâmica do jogo e também ter facilidade

em executar as ações sorteadas na roleta (Fotografia 3), utilizando a contagem

como auxílio para realizar a jogada.

Fotografia 3: Jogando com a trilha da sorte

Fonte: Autoria própria

No decorrer das rodadas, lancei alguns questionamentos, como por

exemplo, perguntei quantas casas o jogador da trilha em vermelho precisaria

avançar para vencer a partida.

Ao observar o tabuleiro, a criança respondeu que era uma só. Assim,

essa resposta chama a atenção das crianças para o fato de que, pela posição

dos pinos, é possível identificar quem está à frente ou ganhando o jogo,

possibilitando uma situação de reflexão e, consequentemente, de comparação

e ordenação de quantidades ao observar quantas casas faltam para cruzar a

linha de chegada.

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Em seguida, após a criança da trilha vermelha alcançar a linha de

chegada e vencer a partida (como pode ser visto na Fotografia 4), perguntei-lhe

se ela conseguia identificar a posição em que os outros colegas tinham ficado,

já que havia sido a primeira. Então, ela pensou por um instante e respondeu

que o amarelo tinha ficado por último, depois havia ficado o bege, o verde e

também o azul. Completou dizendo: “E o segundo foi esse outro” (apontando

para a trilha de cor rosa).

Fotografia 4: Tabuleiro do jogo trilha da sorte

Fonte: Autoria própria

Com base na resposta da criança, percebemos que ela conseguiu

estabelecer e identificar a colocação dos outros jogadores comparando e

ordenando-os a partir de sua posição no tabuleiro.

Ao iniciar a partida com o segundo grupo de crianças, de maneira geral,

elas mostraram facilidade na resolução dos problemas apresentados, bem

como na compreensão da dinâmica do jogo, demonstrando atenção e

habilidade na execução das jogadas.

Porém, em um determinado momento do jogo em que foi sorteada a

partícula “volte ao início”, considerei, inicialmente, que essa opção teria sido

inadequada para atividade, pois trouxe ao jogo um aspecto indesejado de

insatisfação e inconformismo por parte das crianças e, de desconforto de

minha parte, e esse não era meu foco.

No entanto, refletindo melhor, conclui que o sentimento gerado pode ter

sido mais positivo do que negativo, pois, para que a aprendizagem e o

desenvolvimento das crianças aconteçam de maneira integral, é fundamental

que elas vivenciem situações de ganhos e perdas, e a escola como lugar de

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aprendizado deve possibilitar tais situações. No caso do jogo, na perspectiva

de Vygotsky, a criança joga para aprender coisas novas e não somente para

pôr em prática aquilo que já sabe. Dessa forma, entendi que isso pode ter sido

importante para a aprendizagem das crianças.

Ao final da aula, consideramos que a atividade favoreceu a exploração e

resolução de problemas envolvendo as operações de adição, de contagem, da

exploração das noções de ordenamento e comparação de quantidades, e que

também contribuiu para aprendizagens para além do planejado.

3.2.3 O salto a distância e as unidades de medidas de comprimento convencionais e não convencionais

Para a introdução das noções de medidas, especificamente, os

conceitos de medidas de comprimento, iniciei a roda de canções lançando

alguns questionamentos sobre as diferenças e semelhanças entre os aspectos

físicos das crianças (cor de cabelo, cor dos olhos, tipo de cabelo, os diferentes

tamanhos das crianças, etc.) e sugeri que as crianças falassem o que elas

DATA: 06/05/2016

O QUE VOU REALIZAR:

Atividade lúdica de salto a distância

COM QUAL OBJETIVO:

- Familiarizar-se com a noção de medida de comprimento tomando

como referência seu próprio corpo;

-Estabelecer relações de semelhanças e diferenças entre o seu

corpo e o corpo dos seus pares;

- Conhecer alguns instrumentos de medida de comprimento (régua,

trena, fita métrica);

- Permitir a exploração de diferentes procedimentos para comparar

grandezas;

- Realizar análises acerca da distância dos saltos realizados.

COMO VOU FAZER:

- Iniciar com uma reflexão acerca das diferenças e semelhanças

físicas entre as crianças;

- Apresentar um breve histórico sobre as formas e instrumentos de

medida como polegada, pé, palmo etc.;

- Apresentar alguns instrumentos convencionais de medida de

comprimento (régua, fita métrica, trena);

- Atividade na área externa do CMEI- Salto a distância;

- Atividade de registro e construção de um gráfico com a medida de

cada salto e análise dos resultados.

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haviam percebido. Depois dessa conversa, com base no que foi comentado

pelas crianças durante o momento inicial, enfatizei as diferenças de

tamanho/altura existentes entre elas e apresentei um breve histórico sobre as

formas e instrumentos de medida não convencionais utilizados pelas pessoas

(como polegada, pé e palmo). Em seguida, conforme ilustrado a seguir, propus

que as crianças experimentassem como eram realizadas as medições.

Fotografia 5: Criança medindo a mesa com as mãos

Fonte: Autoria própria

A partir disso, apresentei às crianças alguns instrumentos convencionais

de medida de comprimento, como régua, fita métrica, trena, questionando se

elas conheciam o objeto, se sabiam o nome dado a ele e para que servia cada

instrumento.

Diante dos questionamentos mencionados percebi que as crianças

estabeleceram uma relação entre os instrumentos e aspectos do seu dia a dia,

ao afirmar que o pai usa a trena para medir moveis; ao citar que a avó é

costureira e, por isso, tem fita métrica em casa e que a usa para medir o

tamanho das roupas; ao comentar que um irmão tem uma régua que usa na

escola, etc.

Segundo Vygotsky (2007, p. 94), “o aprendizado das crianças começa

muito antes de elas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado

com a qual a criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia”.

Nessa perspectiva, destacamos a importância da valorização dos saberes que

as crianças levam para a sala de aula a partir do levantamento dos

conhecimentos prévios acerca da temática que será abordada, reforçando o

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papel essencial da troca de saberes entre professor e aluno e entre aluno e

aluno.

Dando continuidade à atividade, comentei com as crianças que dentre

os diversos instrumentos utilizados para medições, existe um que é mais usado

para medir alguns comprimentos, chamado fita métrica. Mas que também,

como foi mostrado no início da aula, podem ser utilizados outros instrumentos e

materiais, como no caso das partes do corpo, do barbante e que esse material

seria utilizado na atividade de salto a distância que iríamos realizar em seguida

na área externa do CMEI.

Dessa forma, para a realização da atividade do salto a distância,

direcionei as crianças a uma área externa do CMEI – a praça literária–, onde foi

demarcada uma determinada área como ponto de partida para a realização do

salto. No decorrer da atividade, como podemos ver na imagem abaixo, as

crianças utilizaram o barbante para determinar a distância de cada salto.

Fotografia 6: Brincadeira de salto a distância

Fonte: Autoria própria

A respeito do desenvolvimento de práticas de medição de grandezas

com materiais não convencionais, Pires (2008)1 destaca sua importância

afirmando que:

usando unidades informais, os estudantes perceberão que medir é comparar grandezas. Porém, com atividades bem elaboradas, eles notarão também que o uso social exige que haja uma padronização. É também uma possibilidade de identificar as propriedades de objetos

1 Disponível em: <revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/como-medir-tudo-ha-

428115.shtml>. Acesso em: 17 de maio de 2017.

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que possam ser medidos, escolher instrumentos e unidades e estabelecer comparações entre elas.

Dando continuidade a aula, como atividade de registro da prática, elas

montaram um gráfico com a distância de cada salto a partir da colagem de

cada barbante. Após a elaboração do gráfico, convidei as crianças a analisá-lo

lançando algumas questões, como: quem saltou mais longe da área

demarcada? Quem saltou mais próximo a área demarcada? Temos crianças

que saltaram a mesma distância? Quantas? Nesse momento, cada criança

pôde expor sua opinião através da análise do gráfico, demonstrando ter

compreendido perfeitamente a proposta da brincadeira realizada, como

podemos perceber na imagem a seguir.

Fotografia 7: Crianças analisando gráfico

Fonte: Autoria própria

A partir disso, sugeri que as crianças registrassem em forma de desenho

a atividade vivenciada, pensando também no que foi analisado no gráfico.

Vejamos, a seguir, alguns registros.

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Fotografia 8: Registro em forma de desenho da atividade desenvolvida

Fonte: Autoria própria

Diante do exposto, reconhecemos que, por meio da interação, do

diálogo e dos registros, foi possível estabelecer as relações de medidas

convencionais e não convencionais com o cotidiano das crianças,

possibilitando a aprendizagens para além dos resultados esperados.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da reflexão teórica e do relato e análise das práticas pedagógicas

realizadas nas intervenções do subprojeto do PIBID/Pedagogia,

compreendemos que os jogos e as brincadeiras, quando utilizados como

ferramenta pedagógica mediadora, possibilitam situações privilegiadas para a

aprendizagem de conceitos matemáticos, em que destacamos como

fundamentais para a realização das atividades propostas a função mediadora

do professor e o planejamento de suas ações.

Nesse sentido, entendemos que pensar numa proposta de ensino da

Matemática no ensino infantil por meio de jogos e brincadeiras requer uma

série de planejamentos de situações que favoreçam o desenvolvimento do

raciocínio lógico matemático, em que as crianças possam explorar noções

básicas como: as relações entre quantidades, diferenciação entre elementos,

ordenamentos e identificação numérica, de levantamento de hipóteses e de

formulação e resolução de situações problema de forma significativa para elas.

Tendo em vista as experiências práticas desenvolvidas por intermédio

do PIBID/UFRN na Educação Infantil, consideramos os jogos e brincadeiras

como instrumentos importantes para aprendizagem de conceitos matemáticos,

especialmente, para a compreensão do conceito de número e de medidas, por

meio de atividades em que as crianças tiveram a oportunidade de explorar

diferentes ferramentas, de realizar medições, elaborar e solucionar situações

problema e de identificação numérica.

Diante disso, percebemos que a Matemática pode ser trabalhada de

forma interdisciplinar, uma vez que foi possível desenvolver atividades em que

as crianças puderam pensar os números e as operações com a geometria por

meio dos jogos trabalhados e isso, conforme o nosso entendimento, é

fundamental para que a aprendizagem matemática não se dê de maneira

fragmentada e descontextualizada da realidade dos educandos.

Nesse contexto, ressalto que a inserção no PIBID foi de suma

importância para a qualificação e aprimoramento de minha prática docente, por

meio da articulação entre teoria e prática na participação, no planejamento e na

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execução de projetos, que contribuíram, significativamente, com meu processo

de formação docente.

É importante destacar também que, mediante as experiências

metodológicas de prática docente que o programa proporciona, faz-se possível

estabelecer uma relação entre as teorias apresentadas nos cursos e a

realidade da escola pública. E isso permite-nos perceber a aprendizagem como

processo mediado pelas interações que permeiam esse contexto em que a sala

de aula se torna um ambiente de aprendizado não só para os alunos, mas

também para nós, professores em formação, possibilitando aprender com a

prática, testando hipóteses, ideias, elaborando propostas cujas que dimensões

só percebemos ao praticar.

Diante das experiências relatadas e analisadas neste trabalho, considero

que elas se constituíram como uma vivência de ensino e aprendizagem mútua,

na qual compreendi que é possível sim ensinar e aprender Matemática de

forma prazerosa, e que mesmo se tratando de uma área de conhecimento

complexa, assim como todas as outras, é possível desenvolver atividades

divertidas e ricas em aprendizagem, capaz de despertar interesse e

curiosidade pela aprendizagem matemática.

Por fim, compreendemos que a relevância deste trabalho se constitui em

contribuir, por meio das experiências de práticas pedagógicas, para a reflexão

voltada a um ensino matemático significativo e efetivo, baseado nos interesses

e necessidades dos educandos.

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APÊNDICE A – Modelo de documento de consentimento do uso das imagens das crianças pelos responsáveis Apresentamos aqui o modelo de autorização assinado no ato da

matrícula pelos responsáveis das crianças, respaldando inclusive projetos

realizados no CMEI Professora Antônia Fernanda Jalles.