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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE DOUTORADO COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM HOSPITAIS PÚBLICOS DO RIO GRANDE DO NORTE KISNA YASMIN ANDRADE ALVES NATAL/RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · profissional, nos registros admissional e diário tanto de médicos e como da equipe de enfermagem. Assim, ações para a melhoria da

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CURSO DE DOUTORADO

COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM HOSPITAIS

PÚBLICOS DO RIO GRANDE DO NORTE

KISNA YASMIN ANDRADE ALVES

NATAL/RN

2017

KISNA YASMIN ANDRADE ALVES

COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM HOSPITAIS

PÚBLICOS DO RIO GRANDE DO NORTE

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Enfermagem da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte para obtenção

do título de doutor em Enfermagem.

Área de Concentração: Enfermagem na

atenção a saúde.

Linha de Pesquisa: Desenvolvimento

tecnológico em saúde e enfermagem.

Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia

Pereira Santos

NATAL/RN

2017

COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM HOSPITAIS

PÚBLICOS DO RIO GRANDE DO NORTE

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a

obtenção do título de Doutor em Enfermagem.

Aprovada em: 31 de agosto de 2017.

PRESIDENTE DA BANCA

___________________________________________________________________________

Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

___________________________________________________________________________

Profa. Dra. Elizabeth Barichello

(Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM)

Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho

(Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC)

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Junior

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

__________________________________________________________________

Prof. Dra. Marise Reis de Freitas

(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

Aos meus queridos pais,

pelo amor e cuidado incondicional.

Não tenho palavras para expressar a minha

gratidão em tê-los em minha vida. Essa

conquista é especialmente para vocês! Amo-os

sem limite de tempo e intensidade!

AGRADECIMENTOS

Em todas as minhas conquistas tive, além de uma força maior – Deus – que me

conduziu e fortaleceu, o apoio de várias pessoas que com os seus modos diferentes de ser, em

tempos diversos, distantes ou próximas, contribuíram com o meu desejo de querer, mais e

mais, alcançar os objetivos traçados.

No doutorado não foi diferente. Por considerá-lo uma “arte”, onde tive que

ressignificar saberes para o alcance de um produto final pessoal, social, acadêmico e

profissional – ser doutora -, concordo com Nietzsche quando diz que “a essência de toda arte

bela, de toda grande arte, é a gratidão" .

Nesse momento, mesmo ciente de que as palavras não demonstram fidedignamente

os meus sentimentos, quero agradecer a todos que participaram, direta ou indiretamente, da

concretização desse sonho, especialmente:

Aos meus pais, Luiz e Antônia, por tanto cuidado, compreensão e envolvimento nos

momentos da minha vida. Sem dúvida, essa conquista não existiria sem vocês. Não sei como

expressar tamanha gratidão...

Ao meu esposo, amigo e companheiro, Assis. A sua presença me fortaleceu/fortalece

a cada dia. Obrigada por tudo isso. Essa conquista também é sua. Te amo!

Aos meus irmãos queridos, Eid e Rálfio, por todo carinho, força e paciência. Vocês,

mesmo sem saber, trazem leveza a minha vida. Amo-os sem medida!

Às minhas cunhadas lindas, Aline e Flaviana, pelas palavras de carinho e conforto.

Todas elas estão guardadas em meu coração. Amo-as demais!

A toda a minha família, em especial, aos meus tios Manú e Diassis, sogros Aniceto

e Almirene e cunhado João Paulo pela força e torcida desde sempre.

Às amigas Edna (mamis), Aline e Deca pelas palavras de conforto e orações.

À minha orientadora Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. Agradeço o

acolhimento desde o mestrado, a compreensão, os ensinamentos e, acima de tudo, por

acreditar em mim. Muito obrigada!

Às amigas Pétala e Cris pelos conhecimentos compartilhados, carinho e paciência.

Vocês participaram dessa história.

Aos membros do grupo LABTEC por todo apreço e aprendizagem, em especial,

Manaces, Flávia, Andrea, Lhana, Fernanda, Soraia, Lílian, Cecília, Mayara, Micheline e

Yole.

Aos anjos que cuidaram/cuidam de mim, em especial, a Núbia e Rafael. Vocês

fizeram parte dessa história!

Aos usuários e profissionais do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Hospital

Universitário Onofre Lopes e Hospital Central Coronel Pedro Germano por permitirem a

concretização deste estudo, bem como acreditarem que ele pode colaborar com o cuidado

seguro. Minha eterna gratidão.

À banca de qualificação – professores. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior, Dra.

Marise Reis de Freitas e Dra. Elizabeth Barichello – e de defesa pelas valiosas contribuições.

Muito obrigada!

À família ESUFRN por instigar a minha qualificação, bem como entender os

momentos de ausência. Sou muito feliz em pertencer a essa equipe.

Aos meus queridos discentes pela torcida e aprendizado. Vocês fortalecem o meu

desejo em adquirir novos conhecimentos, bem como adaptar os já existentes. Obrigada por

permitirem fazer parte das suas histórias.

Aos colegas da turma do doutorado 2015.1 por todos os momentos e saberes

partilhados. Vocês são especiais e desejo muito sucesso pessoal, acadêmico e profissional.

A todos os professores e demais integrantes do Programa de Pós-graduação em

Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelos conhecimentos e por

colaborar com a concretização deste sonho.

Comunicação escrita dos profissionais de saúde em hospitais públicos do Rio Grande do

Norte. 2017. 134 f. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2017.

RESUMO

A comunicação escrita é uma ferramenta que contribui com a redução de danos ao paciente,

uma vez que possibilita a unificação dos registros da equipe multidisciplinar e a continuidade

da assistência. Diante disso, este estudo objetiva analisar a comunicação escrita dos

profissionais de saúde em hospitais públicos do estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Trata

de um estudo transversal que se baseia nas recomendações da Organização Mundial de Saúde,

quanto a construção “Record review of current in-patients”. Seguiram-se as etapas: 1)

construção da Scoping review; 2) seleção e treinamento dos examinadores de registros; 3)

testagem dos procedimentos de avaliação do registro (estudo piloto); e 4) desenvolvimento da

revisão de registros. A coleta de dados nos prontuários ocorreu no período de outubro a

dezembro de 2016, em três hospitais públicos de Natal, nos setores de enfermarias de clínica

médica e cirúrgica. Foram incluídos na amostra os pacientes internados há pelo menos 10

dias. Os dados foram organizados por meio de um pacote estatístico e analisados de forma

descritiva, por meio de frequência absoluta e relativa e Diagrama de Pareto. O estudo segue os

preceitos éticos estabelecidos pela Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde.

Os resultados destacaram que o conteúdo da comunicação escrita compreende os elementos

comuns aos registros – identificação do paciente e profissional, letras legíveis, uso de siglas e

abreviaturas padronizadas, ausência de rasura e início dos escritos com data e hora – e

elementos específicos a cada categoria profissional. A partir da revisão de prontuários

evidenciou-se os principais dados em não conformidades: 1) identificação do paciente

(cabeçalhos) - data de nascimento e filiação na identificação do paciente; 2) evoluções

médicas - aspectos do exame físico, antecedentes pessoais e familiares, hábitos e condições de

moradia do paciente, intercorrências, resultados laboratoriais e de imagem nas evoluções

médicas; 3) anotações do técnico de enfermagem - hábitos de vida, presença de alergia,

identificação do acompanhante, uso de medicamento quanto ao tipo, condições gerais acerca

da atitude, humor, locomoção e coloração da pele, estado nutricional e orientações ao

paciente/acompanhante nas anotações do técnico de enfermagem; 4) controles essenciais –

unidade de medida após o sinal vital; 5) anotações do enfermeiro - identificação do

acompanhante, coloração da pele, eliminações quanto à consistência, odor e coloração;

orientação do paciente/acompanhante; aspectos sobre exame físico, hábitos de vida e presença

de alergias; 6) elementos comuns da comunicação escrita – letras legíveis, início dos registros

com hora e uso de abreviaturas; e 7) identificação profissional – categoria e número no

conselho de classe. Conclui-se que a comunicação escrita dos profissionais de saúde, nos três

hospitais analisados, apresenta não conformidades nos dados de identificação do paciente e

profissional, nos registros admissional e diário tanto de médicos e como da equipe de

enfermagem. Assim, ações para a melhoria da comunicação escrita dos profissionais nos

hospitais analisados, como também contribuir com as discussões acerca dessa temática são

recomendadas para se efetivar a comunicação e o cuidado seguro.

Palavras - chave: Segurança do Paciente. Cultura organizacional. Hospital. Profissional da

Saúde. Comunicação. Prontuários.

Written communication of health professionals in public hospitals of Rio Grande do

Norte state, Brazil. 2017. 134 f. Project Thesis (Doctoral) – Graduate Program in Nursing,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brazil, 2017.

ABSTRACT

Written communication is a tool that contributes to reducing patient harm, since it allows the

unification of multidisciplinary team records and continuity of care. As such, this study aims

to analyze the written communication of health care professionals in public hospitals in Rio

Grande do Norte state, Brazil. This is a cross-sectional study based on the recommendations

of the World Health Organization regarding the construction of a “Record review of current

in-patients”. It included the following stages: 1) performing a scoping review; 2) selecting and

training record examiners; 3) testing record assessment procedures (pilot study); and 4)

conducting the record review. Data were collected from medical records in the wards of the

medical and surgical clinics in three public hospitals in the city of Natal, between October and

December 2016. Patients hospitalized for at least 10 days were included in the sample. The

data were organized in a statistical package and analyzed descriptively by absolute and

relative frequency and a Pareto chart. The study complied with the ethical principles

established by Resolution 466/2012 of the Brazilian National Health Council. The results

highlight that written communication includes common elements – information on the patient

and medical professional, legible writing, the use of standardized acronyms and abbreviations,

lack of erasures, and records initiated with the date and time – and aspects that are specific to

each professional category. The main nonconformities identified in the record review were: 1)

patient identification (headers) – date of birth and parents’ names in the patient information;

2) progress notes – aspects of the physical examination, personal and family history, patient’s

habits and living conditions, complications, lab and imaging results; 3) notes by the nursing

technician – lifestyle habits, allergies, companion’s identification information, type of

medication used, general health status in terms of behavior, mood, movement ability and skin

color, nutritional status and guidance for the patient/companion; 4) essential controls – unit of

measurement after vital signs; 5) nurse’s notes - companion’s identification information, skin

color, consistency, color and odor of urine/stools, guidance for the patient/companion, aspects

of the physical examination, lifestyle habits and allergies; 6) common elements of written

communication – legible writing, records initiated with the date and time, use of

abbreviations; and 7) medical professional’s information – medical specialty and registration

number. It was concluded that the written communication of health care professionals in the

three hospitals studied exhibits nonconformities in the identification information of patients

and professionals in both the admissions and daily records of doctors and nurses. Thus, action

is recommended to improve the written communication of staff in the hospitals analyzed and

contribute to discussions on the theme, in order to ensure effective communication and safe

care.

Keywords: Patient Safety. Organizational Culture. Hospitals. Health

Personnel. Communication. Medical Records.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pilares teóricos da Teoria do Agir Comunicativo, de Jürgen Habermas,

Brasil, 2017......................................................................................................................

25

Figura 2 - Pressupostos da Teoria do Agir Comunicativo e a comunicação entre

profissionais de saúde. Brasil, 2017...............................................................................

28

Figura 3 - Etapas da “Record review of current in-patients”. Brasil, 2017................... 31

Figura 4 - Etapas adaptadas da “Record review of current in-patients”. Brasil, 2017... 32

Figura 5 - Etapas metodológicas da pesquisa “Comunicação escrita entre

profissionais de saúde em hospitais públicos do Rio Grande do Norte”. Natal, 2017....

33

Figura 6 - Elementos do protocolo de pesquisa da Scoping Review. Natal, 2017.......... 37

Figura 7 - Síntese do instrumento de coleta de dados. Natal/RN, 2017......................... 39

Figura 8 - Fluxograma das fases de coleta de dados para seleção da amostra.

Natal/RN, 2017................................................................................................................

48

Figura 9 - Elementos comuns da comunicação escrita dos profissionais....................... 51

Figura 10 - Dados de identificação do paciente para evoluções médicas (n=1.941).

Natal/RN, 2017...............................................................................................................

57

Figura 11 - Dados de identificação do paciente das anotações da equipe de

enfermagem (n=4.187). Natal/RN, 2017........................................................................

58

Figura 12 - Dados de identificação do paciente nos registros dos pareceres da

medicina, fisioterapia, social, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e nutrição

(n=184). Natal/RN, 2017................................................................................................

59

Figura 13 - Quantitativo de registro médicos por dia durante os dez primeiros dias de

internação do paciente (n=1.941). Natal/RN, 2017........................................................

60

Figura 14 - Evoluções médicas no momento da admissão (n=186). Brasil/RN, 2017.. 64

Figura 15 - Evoluções médicas diárias (n=1.755). Brasil/RN, 2017.............................. 65

Figura 16 - Quantitativo de anotações do técnico de enfermagem por turno durante

os dez primeiros dias de internação do paciente (n=2.202). Natal/RN, 2017.............

67

Figura 17 - Anotações do técnico de enfermagem no momento da admissão (n=24).

Natal/RN, 2017................................................................................................................

72

Figura 18 - Anotações diárias do técnico de enfermagem (n=336). Natal/RN, 2017.. 73

Figura 19 - Quantitativo de registro dos controles essenciais durante os dez primeiros

dias de internação do paciente (n=4.644). Natal/RN, 2017.............................................

75

Figura 20 - Quantidade de anotações do enfermeiro durante os dez primeiros dias de

internação do paciente (n=101). Natal/RN, 2017............................................................

76

Figura 21 - Anotações admissionais do enfermeiro (n=19). Brasil/RN, 2017............... 81

Figura 22 - Anotações diárias do enfermeiro (n=42). Brasil/RN, 2017........................ 82

Figura 23 - Elementos comuns dos registros dos profissionais de saúde: (A)

evoluções médicas, (B) pareceres da medicina, fisioterapia, serviço social,

fonoaudiologia, psicologia e nutrição e (C) anotações de enfermagem (n=2.546).

Natal/RN, 2017...............................................................................................................

85

Figura 24 - Identificações dos profissionais de saúde nos registros dos pacientes nos

10 primeiros dias de internação (n=6.312). Natal/RN, 2017..........................................

87

Figura 25 - Não conformidades das informações sobre a identificação dos

profissionais nas evoluções médicas (n=1.941). Natal/RN, 2017..................................

88

Figura 26 - Não conformidades das informações sobre a identificação dos

profissionais da equipe de enfermagem (n=4.187). Natal/RN, 2017.............................

88

Figura 27 - Identificação profissional dos pareceres da medicina, fisioterapia, serviço

social, fonoaudiologia, psicologia e nutrição (n=184). Natal/RN, 2017.......................

89

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Critérios de seleção do método a partir das condições do campo de

pesquisa. Brasil, 2017.....................................................................................................

30

Quadro 2 – Número de internações nos hospitais analisados e amostra final do

estudo. Natal/RN, 2017...................................................................................................

36

Quadro 3 - Pesquisa para identificar as palavras-chave da Scoping review. Natal/RN,

2017.................................................................................................................................

38

Quadro 4 - Variáveis comuns aos registros dos profissionais de saúde - evoluções

médicas, anotações da equipe de enfermagem e controle essenciais. Natal/RN, 2017...

41

Quadro 5 - Variáveis específicas aos registros dos profissionais de saúde - evoluções

médicas, anotações do técnico de enfermagem e enfermeiro e controles essenciais.

Natal/RN, 2017................................................................................................................

42

Quadro 6 - Variáveis específicas dos pareceres do médico, da fisioterapia, da terapia

ocupacional, da nutrição, do serviço social, da psicologia, da fonoaudiologia e da

comissão do curativo. Natal/RN, 2017...........................................................................

44

Quadro 7 - Amostra final da Scoping Review (N=30). Brasil/RN, 2017....................... 48

Quadro 8 - Ficha técnica de um indicador. Natal/RN, 2017......................................... 92

Quadro 9 - Taxa de identificação do paciente nos registros dos profissionais de saúde.

Natal/RN, 2017...............................................................................................................

93

Quadro 10 - Taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais de

saúde. Natal/RN, 2017.....................................................................................................

94

Quadro 11 - Taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde. Natal/RN,

2017.................................................................................................................................

95

Quadro 12 - Taxas de identificação profissional nos registros. Natal/RN, 2017............ 96

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Identificação do paciente nos cabeçalhos das evoluções médicas durante

os dez dias de internação (n=1.941). Natal/RN, 2017...............................................

55

Tabela 2 - Identificação do paciente nos cabeçalhos das anotações da equipe de

enfermagem durante os dez dias de internação (n=4.187). Natal/RN, 2017..................

55

Tabela 3 - Identificação do paciente nos cabeçalhos dos pareceres da medicina,

fisioterapia, serviço social, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e nutrição

(n=184). Natal/RN, 2017.................................................................................................

56

Tabela 4 - Análise da composição dos registros admissionais realizados pelos

profissionais médicos (n=186). Natal/RN, 2017............................................................

61

Tabela 5 - Registros médicos diários durante os dez dias de internação do paciente

(n=1.755). Natal/RN, 2017.............................................................................................

62

Tabela 6 - Anotações admissionais do técnico de enfermagem quanto ao seu

conteúdo (n=24). Natal/RN, 2017.................................................................................

68

Tabela 7 - Anotações diárias do técnico de enfermagem quanto ao seu conteúdo

(n=336). Natal/RN, 2017................................................................................................

69

Tabela 8 - Anotações admissionais do enfermeiro quanto ao seu conteúdo (n=19).

Natal/RN, 2017..............................................................................................................

77

Tabela 9 - Anotações diárias do enfermeiro quanto ao seu conteúdo (n=42).

Natal/RN, 2017...............................................................................................................

78

LISTAS DE ABREVIATURAS

ACR Análise de Causa Raiz

AHRQ Agency for Health care Research and Quality

FMEA Análise do Modo e Efeito da Falha

Proqualis Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e Segurança do

Paciente

CFN Conselho Federal de Nutrição

CFP Conselho Federal de Psicologia

COFFITO Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

CFFA Conselho Federal de Fonoaudiologia

COREN Conselho Regional de Enfermagem

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CFM Conselho Federal de Medicina

CINHAL Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

EBSERH Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

EA Eventos adversos

HFMEA Health Failure Mode and Effects Analysis

HCCPG Hospital Central Coronel Pedro Germano

HMWG Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes

ISMP Instituto de Práticas Seguras no Uso de Medicamentos

ICCCO Identification of the patient and clinical risks, clinical

history/presentation, clinical status, care plan and outcomes/goals of

care

PROSPERO International Prospective Register of Systematic Reviews

PSI Patient safety indicator

LABTEC Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em

saúde e em enfermagem

LPP Lesões por pressão

PUBMED National Library of Medicine

NSP Núcleo de Segurança do Paciente

OMS Organização Mundial de Saúde

PGENF-UFRN Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte

PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

RCOP Registro Clínico Orientado por Problemas

SESAP/RN Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte

SP Segurança do paciente

SUS Sistema Único de Saúde

SPSS Statistical Package for Social Science for Windows

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

NH-MDS The Nursing Handover Minimum Dataset

JBI COnNECT+ The Joanna Briggs Institute COnNECT+

UTI Unidade de Terapia Intensiva

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 17

1.1 Justificativa.................................................................................................................. 20

2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 23

2.1 Objetivo geral.............................................................................................................. 23

2. 2 Objetivos específicos.................................................................................................. 23

3 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 24

3.1 Comunicação à luz da Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas................ 24

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO........................................................................ 29

4.1 Record review of current in-patients……………………………………………....... 29

5 MÉTODO...................................................................................................................... 33

5.1 Caracterização do estudo ............................................................................................ 33

5.2 Local............................................................................................................................ 34

5.3 Participantes................................................................................................................. 35

5.4 Scoping review............................................................................................................. 36

5.5 Instrumento de coleta da pesquisa “comunicação escrita entre profissionais de

saúde em hospitais públicos do Rio Grande do Norte, Brasil”..........................................

39

5.6 Seleção e treinamento dos examinadores de registros (revisores de prontuários) ...... 40

5.7 Teste e procedimentos de avaliação dos registros: estudo piloto................................ 40

5.8 Variáveis do estudo...................................................................................................... 41

5.9 Procedimentos de coleta de dados............................................................................... 44

5.10 Procedimentos de análise de dados.......................................................................... 45

5.11 Aspectos éticos da pesquisa....................................................................................... 45

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................... 47

7 PROPOSTA DE INDICADOR DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA

PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE..............................................................................................................................

91

8 CONCLUSÕES............................................................................................................. 97

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 100

APÊNDICES................................................................................................................... 110

ANEXOS......................................................................................................................... 114

17

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que ocorram incidentes relacionadas

à assistência em dezenas de milhares de pessoas em todo mundo e que nos países

desenvolvidos um em cada 10 pacientes sofram eventos adversos (EA) - riscos de injúrias não

intencionais, sem relação com a doença de base - durante seu tratamento (ARMOND, 2016).

Ao analisar sobre o cenário dos países em desenvolvimento, os quais enfrentam

sucateamento dos setores de saúde, investimentos insatisfatórios em recursos humanos e

materiais, acredita-se que as estatísticas acerca da ocorrência dos EA, bem como os near-miss

– eventos que não atingiram o paciente - e incidente sem dano – que não resultaram em danos

(FELIX; ONSTER; MULLE, 2017) -, revelem-se mais preocupantes.

No Brasil, por exemplo, embora os dados não sejam fidedignos em virtude da ausência

de uma coleta padronizada e sistematizada (BRASIL, 2013a), as estatísticas referentes ao ano

de 2015 mostram que o Sistema Nacional de Vigilância à Saúde obteve notificações de

27.523 incidentes relacionados à assistência nos hospitais (AGÊNCIA NACIONAL DE

VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2015).

Diante do exposto, evidencia-se a importância de iniciativas e ações para melhorar a

qualidade do cuidado e consequentemente a segurança do paciente (SP), ou seja, a “redução, a

um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde” (BRASIL,

2013b).

Somado a isso, a SP alicerça-se na substituição da cultura de culpabilidade individual

pelos mecanismos de aprendizagem a partir das falhas – cultura de segurança do paciente -,

aspectos que fortalecem o comprometimento com a gestão de saúde e da segurança (BRASIL,

2013b).

De modo geral, a cultura de segurança é o elemento chave para promoção da SP, uma

vez que presume-se que quando esta se encontra consolidada entre os profissionais, maior é a

possibilidade de identificar riscos ao paciente, minimizar incidentes e melhorar os serviços de

saúde a partir do erro (JOINT COMMISSION CENTER FOR TRANSFORMING

HEALTHCARE, 2017).

Atenta-se ainda que a cultura de segurança do paciente envolve trabalho em equipe, ou

seja, uma atuação coletiva dos profissionais que permite reflexões acerca do seu processo de

trabalho e mudanças em suas práticas. Além disso, cada membro da equipe tem o seu papel

específico e reconhecido (NAVARRO; GARANHANI; GUIMARÃES, 2013).

18

Posto isto, para a redução do risco de danos e fortalecimento da cultura de SP,

algumas iniciativas foram idealizadas e implementadas. Em nível internacional, destacam-se a

publicação do relatório “To err is human: building a safer health system” (Errar é humano:

construindo um sistema de saúde mais seguro), em1999; a 55ª Assembleia da Saúde Mundial,

em 2002, que retratou o fortalecimento da segurança na assistência; a institucionalização de

normas e padronizações que auxiliam as práticas de SP pela OMS; e a criação da Aliança

Mundial para a Segurança, em 2004 (BERQUÓ, 2017).

No Brasil, ações de SP e melhoria de qualidade nas instituições de saúde foram

regulamentadas pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), mediante Portaria

nº 529, de 1º de abril de 2013 e a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36, de 25 de

julho de 2013 que passaram a ser consideradas como deveres sanitários (BRASIL, 2013b).

Para ressaltar os problemas relacionados a SP, a OMS definiu, em 2005, áreas

prioritárias de atuação, as quais são denominadas em “Soluções para a Segurança do

Paciente”: identificação correta do paciente; comunicação efetiva entre profissionais de saúde;

segurança durante a prescrição, uso e administração de medicamentos; cirurgia segura;

higienização das mãos; e redução do risco de quedas e úlceras por pressão (BRASIL, 2014a).

Entre essas, destaca-se a melhoria da comunicação entre profissionais de saúde, objeto de

estudo desta pesquisa.

A comunicação é um processo dinâmico; recíproco; que combina as formas verbais,

não verbais, escritas, telefônicas e eletrônicas; que permeia todo o cuidado; seu grau de

qualidade é proporcional à complexidade do serviço; considerada efetiva quando o significado

transmitido é o mesmo que o recebido (REDE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM E

SEGURANÇA DO PACIENTE, 2013).

Essas características permitem dizer que a comunicação ineficaz entrelaça todos os EA

como o risco de queda e lesões por pressão (LPP), erros na administração de medicamentos,

sangue e hemocomponentes, identificação incorreta do paciente, dentre outros. A exemplo,

uma análise de 2.966 EA, em 1995, revelou como causa-raiz as falhas nos processos

comunicativos dos profissionais de saúde (TRENCH, 2016).

Pelo fato de perpassar todos os EA, a comunicação ineficaz aumenta a

morbimortalidade, além de ocasionar sofrimento, incremento de custos assistenciais e

prejuízos à imagem institucional do serviço de saúde (TRENCH, 2016).

Destarte, a comunicação efetiva é uma das ferramentas a ser utilizada para a prevenção

de incidentes decorrentes de falhas na transmissão de informações entre profissionais de

19

saúde, especialmente, quando essa possibilita a unificação dos registros da equipe

multidisciplinar, como é o caso da modalidade escrita.

A comunicação escrita compreende um instrumento onde se anota, de forma impressa

e/ou digital, os cuidados realizados aos pacientes, bem como os aspectos inerentes a este, as

atividades da equipe, identificações de ambientes, listagem de profissionais, espaços de

avisos, livros de ocorrências, entre outros.

Neste estudo, aborda-se a comunicação escrita na perspectiva de ferramenta de

trabalho onde se efetiva/concentra às anotações acerca do paciente - condições clínicas,

socioeconômicas, psicológicas e biológicas – e do cuidado desenvolvido pela equipe

multidisciplinar – médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros, psicólogos,

fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais,

dentre outros -, os quais são dispostos, juntos a outros documentos, nos prontuários.

Embora os registros de cada categoria profissional apresentem características

intrínsecas às atividades desenvolvidas, o que os torna diferentes quanto ao conteúdo, há

elementos comuns que devem ser contemplados por todos os membros da equipe, como, por

exemplo, uma escrita regrada nas normas ortográficas e legíveis.

O prontuário, por sua vez, é uma modalidade de comunicação escrita, apresentado nas

versões eletrônica ou impressa, e constitui um conjunto de documentos multidisciplinar,

organizados, padronizados e de caráter sigiloso, científico e legal que descreve os cuidados

realizados aos pacientes. Por essas especificidades devem garantir a comunicação entre a

equipe e a continuidade da assistência (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM,

2017a; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2002).

Diante desses aspectos, evidencia-se a necessidade de monitorar a qualidade da

comunicação escrita dos profissionais de saúde nos ambientes hospitalares, bem como os

incidentes decorrentes de suas falhas.

Para a investigação de incidentes, foram elaboradas diversas modalidades, norteadas

por pressupostos epidemiológicos, como: 1) Análise de Causa Raiz (ACR), a qual se destina à

melhoria da qualidade da assistência; 2) Análise do Modo e Efeito da Falha (FMEA),

direcionada ao prognóstico das falhas (PRATES; MALTA, 2017); e Health Failure Mode and

Effects Analysis (HFMEA), uma técnica que avalia os riscos de incidentes e adota de forma

simplificada a análise de risco da FMEA em instituições hospitalares (U.S. DEPARTMENT

OF VETERANS AFFAIRS, 2017).

Além desses, destacam-se os métodos de investigação de incidentes presentes no

Methodological guide, uma publicação da OMS (2017), que se constitui de cinco métodos

20

direcionados à medição da extensão dos danos ao paciente, durante os cuidados de saúde, e

estabelece ações prioritárias na SP. São eles: Retrospective record review, Record review of

current in-patients; Staff interview of current in-patients; Nominal group e Direct observation

and related interviews.

A Record review of current in-patients- variação do método Retrospective Record

review -,baseia-se na avaliação dos prontuários de pacientes hospitalizados durante a pesquisa

e possibilita definir tendências e problemas decorrentes do cuidado (ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

Para a construção deste estudo, utilizou-se alguns pressupostos da Record review of

current in-patients, uma vez que esse método permite elucidar problemas decorrentes do

cuidado, como, por exemplo, falhas no processo de comunicação escrita.

Assim, o presente estudo busca responder a seguinte questão: como se apresenta a

comunicação escrita dos profissionais de saúde em hospitais públicos do Rio Grande do

Norte, Brasil?

1.1Justificativa

A comunicação, escrita ou falada, é um instrumento essencial do cuidado, o qual

perpassa todas as atividades dos profissionais de saúde e compreende uma forma de atuar,

entender, ver e efetivar vínculos (CARDOSO; ARAÚJO, 2015).

Além de ser um instrumento de cuidado, é um elemento basilar para o trabalho em

equipe. No entanto, nota-se uma fragmentação desta, decorrente dos tempos modernos e dos

paradigmas regentes, o que torna os serviços de saúde mais vulneráveis aos erros de

comunicação e aos incidentes, bem como desencadeiam descontinuidade na assistência

(BARRELLOS, 2014).

Na maioria das vezes a fragmentação do cuidado é inevitável, uma vez que envolve

uma equipe multidisciplinar e seus membros atuam em consonância com as características

especificas de sua categoria profissional. No entanto, nestes casos, são necessárias iniciativas

que garantam mais segurança durante o cuidado (BARRELLOS, 2014), como a efetivação da

comunicação.

Dados epidemiológicos demonstraram que de 2.378 EA, 489 tiveram como causa

raiz a comunicação, o que corresponde a aproximadamente 20% de todos os casos (THE

JOINT COMMISSION, 2017). Em consequência, além dos danos aos pacientes, evidenciam-

se incremento de gastos para as atividades de recuperação da saúde.

21

Supõe-se que nos países em desenvolvimento a situação seja mais alarmante, em

virtude da precariedade nas instituições de saúde, fragilidades na formação continuada e

permanente do profissional e da ausência de uma cultura de segurança do paciente –“conjunto

de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento

com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de

aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde (...)” (BRASIL, 2013b).

No que tange a comunicação escrita nos ambientes hospitalares, pesquisa realizada

em dois hospitais na cidade de Maceió, Brasil, revelou que dos 90 prontuários analisados, 16

(18%) não apresentaram registros da equipe de enfermagem. Além disso, o conteúdo desses

eram deficientes e não contemplavam a realidade do paciente, bem como a assistência

prestada (SILVA et al., 2016), aspectos que provavelmente favoreceram em incidentes a

esses.

Além de incidentes, falhas na comunicação escrita retardam o diagnóstico, propiciam

erros no mesmo, bem como prejudicam a brevidade do tratamento do paciente.

No que tange aos erros no diagnóstico, estudo revela uma diversidade de causas,

como a comunicação inadequada entre profissionais de saúde, pacientes e familiares e a

ausência de uma cultura de SP (BALOGH; MILLER; BALL, 2016).

Portanto, a comunicação, em especial a escrita, é uma temática transversal e

representa um importante indicador de qualidade dos serviços de saúde e da SP, sendo

essenciais avaliações nos serviços de saúde, como os hospitais, a fim de identificar sua

qualidade e implicações para o paciente.

O cenário exposto justifica a construção deste estudo e encontra em consonância com

os seguintes pressupostos:

A comunicação efetiva é uma das áreas prioritárias do programa de “Soluções

para a Segurança do Paciente”, (BRASIL, 2014a), aspecto que demanda que a mesma seja

fortalecida em todos os níveis do cuidado, bem como nos ambientes de formação profissional

(PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO, 2016). Assim, é

imperativa a construção de estudos que socializem conhecimentos acerca da temática e

perpassem as esferas do cuidado e ensino. Acredita-se que os resultados deste estudo possam

subsidiar o processo supracitado.

O PNSP destaca a comunicação como uma das ações que contribuem para a SP e

melhoria de qualidade nas instituições de saúde. Nesse sentido, os conhecimentos sobre a

temática devem ser inseridos nos diversos níveis de formação (BRASIL, 2013b). Este estudo

possibilita tal premissa, uma vez que ocorre a interação entre discentes da graduação e pós-

22

graduação da enfermagem, bem como docentes e profissionais de saúde. Ainda, mediante

apresentação dos resultados nas instituições estudadas, pode-se ampliar o contingente de

indivíduos envolvidos em atividades formativas acerca da temática.

A comunicação é uma tecnologia do cuidado que auxilia na concretização de

práticas seguras nos ambientes de saúde, aspecto que se encontra em consonância com as

premissas do programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, especificamente, da linha de pesquisa “Desenvolvimento tecnológico em

saúde e enfermagem”, uma vez que desenvolve estudos relativos às tecnologias, SP, processos

de cuidado, entre outros (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE,

2015).

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a comunicação escrita dos profissionais de saúde em hospitais públicos

do Rio Grande do Norte, Brasil.

2.2 Objetivos específicos

Mapear o conteúdo produzido acerca da comunicação escrita no ambiente

hospitalar;

Caracterizar a comunicação escrita dos profissionais de saúde em hospitais

públicos do Rio Grande do Norte, Brasil.

24

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Comunicação à luz da Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen Habermas

A Teoria do Agir Comunicativo foi idealizada por Jürgen Habermas, um dos mais

importantes pensadores da atualidade, além de ser filósofo, sociólogo, jornalista e professor

universitário. Em seus estudos realçou o papel da razão e da opinião pública (fonte

comunicacional da razão), bem como de delinear uma teoria comunicativa (HABERMAS,

1996).

Seus pressupostos são fundamentados no caráter inter paradigmático e abarca

contribuições do funcionalismo, da fenomenologia, do marxismo e da teoria crítica de

Frankfurt (PINTO, 1995) e corresponde a uma nova teoria da sociedade, que enfatiza, como

elemento essencial, a prática da comunicação cotidiana. Portanto, vislumbra-se, por exemplo,

que a construção do conhecimento é um produto de intercâmbio linguístico entre os sujeitos

(HABERMAS, 2012).

Assim, essa teoria se fundamenta na compreensão do entendimento mútuo e da

interface entre o mundo social e o agir pautado em normas. A Figura 1 sumariza os sete

pilares do agir comunicativo, apresentados na obra “Consciência moral e o Agir

Comunicativo”, de Jürgen Habermas (1989).

O pilar, “orientações para o entendimento mútuo versus orientação para o sucesso”

interpela, que as interações sociais são relativamente estáveis, cooperativas e simultaneamente

conflituosas e instáveis, o que dependerá do grau de interesse dos participantes. De tal forma,

a partir do momento em que os atores se direcionam ao sucesso, ou seja, às consequências

provenientes do seu agir, os objetivos desejados são alcançados (HABERMAS, 1989).

Em consonância a esse aspecto, observa-se que a comunicação efetiva é uma

ferramenta essencial para a prática profissional em saúde. O sucesso desejado é aquele que

visa a melhoria do cuidado, a ajuda terapêutica, a identificação das necessidades do usuário, o

relacionamento entre profissional de saúde-usuário-família, profissional de saúde-equipe

multiprofissional e educação em saúde (SILVA; BARROS, 2015).

25

Figura 1 - Pilares teóricos da Teoria do Agir Comunicativo, de

Jürgen Habermas. Natal/RN, 2017.

Fonte: Adaptado de Habermas (1989).

Assim, a comunicação efetiva envolve diversos atores e, como apresentado no agir

comunicativo, exige interesse e cooperativadade. A compreensão desses dois aspectos deve

anteceder, também, àquela de corresponsabilidade do agir. A partir do entendimento de que os

atores são integrantes do processo, alcança-se a comunicação efetiva.

No que concerne aos pilares “o entendimento mútuo enquanto mecanismo de

coordenação de ações” - ações interativas para o alcance dos objetivos - e “referências ao

mundo e pretensões de validez” – representações acerca do mundo, das vivências pessoais e

sociais -, encontra-se a interface de que a concretização do agir comunicativo demanda o

envolvimento mútuo e o alcance de um acordo, mediante assentimento racional do conteúdo

proferido (HABERMAS, 1989). Ou seja, busca-se a obtenção de convicções comuns.

Contudo, o processo de assentimento racional pode não consolidar acordos, através

da rejeição, por parte do receptor, do conteúdo contido na fala. Assim, entende-se que o

proferimento não preencheu pelo menos uma das seguintes funções: representação dos

estados das coisas, da relação interpessoal e manifestação de vivências (HABERMAS, 1989).

Sobre esse aspecto, a comunicação, para ser efetiva, pressupõe que os profissionais

da saúde a conduzam de forma clara, objetiva e compreendam as ideias partilhadas e as

26

formas de expressão (SILVA; BARROS, 2015). É imprescindível que nesse processo haja

criticidade, uma vez que o objetivo é estabelecer um assentimento racional.

Além disso, as estratégias para a efetivação da comunicação precisam ser adaptáveis

ao nível de conhecimento do receptor, às suas necessidades específicas e valorizar o contexto

cultural. Essas considerações não são restritas às interações entre os usuários, mas expandem-

se para àquelas entre membros da equipe multiprofissional.

Pontua-se, no cenário da interação com o usuário, que a comunicação não verbal

traduz as suas reações e sentimentos (BAX; ARAÚJO, 2012). Para o envolvimento mútuo, o

profissional deve estar atento e receptível a essas expressões.

O pilar “Situação de ação e situação da fala”, por sua vez, revela que o agir objetiva

dominar fragmentos de mundo sob a ótica de um tema específico – situação. O tema é

inerente aos interesses e propósitos dos atores. Dessa forma, os planos de ações dos

indivíduos realçam o tema, ou seja, a ação coincide com a situação da fala (HABERMAS,

1989).

A partir dessas premissas, a comunicação efetiva dos profissionais é alicerçada por

manuscritos legais, como os que fundamentam os códigos de ética. O Código de Ética em

Enfermagem, por exemplo, destaca o comprometimento com a saúde individual e coletiva, a

garantia dos princípios das políticas públicas, o respeito à vida, à dignidade e os direitos

humanos (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2007).

Nessa perspectiva, para o cuidado à saúde individual e coletiva necessita-se de

paradigmas de saúde que favoreçam a compreensão dos diversos contextos de vida, permitam

enxergá-los como cidadãos e vislumbrem a saúde como sinônimo de qualidade de vida.

Assim, pode-se elucidar que uma prática pautada, somente, no individuo e doença,

produzirá temas que não valorizam as condições de vida e, consequentemente, uma

comunicação efetiva.

Em outras palavras, o tema que conduz a formação e a prática dos profissionais de

saúde determinará a efetividade da comunicação.

No pilar, “o pano-de-fundo do mundo da vida”, Habermas (1989) afirma que o agir

comunicativo é um processo cíclico em que o ator é iniciador – domina as situações – e

produto – produto de tradições, advindas do processo de socialização. O ator é alicerçado por

um mundo da vida constituído pelo contexto e recursos, os quais possibilitam o entendimento

mútuo.

Ao aproximar esses aspectos ao contexto dos profissionais de saúde, percebe-se que

o processo de comunicação efetiva desenvolve uma prática que ultrapassa a inflexibilidade

27

das rotinas e técnicas e se aproxima do outro – usuário e equipe – a fim do entendimento

mútuo. Essa atitude, no cenário do usuário, valoriza os seus contextos de vida e o insere no

processo de cuidar.

Ao se aproximar do outro, através da comunicação efetiva, o profissional promove a

humanização do cuidado e consequentemente consolida o vínculo e a confiança entre os

envolvidos (RENNÓ; CAMPOS, 2014). Contudo, humanizar o cuidado é um desafio, pois

exige dos atores a compressão da importância do seu papel nesse processo.

Destaca-se, ainda, que para esse processo as instituições de ensino e saúde como

corresponsáveis pela formação e aperfeiçoamento, devem fomentar iniciativas que

transformem conhecimentos e elementos culturais favoráveis a humanização do cuidado.

No “processo de entendimento mútuo entre o mundo e o mundo da vida e

Perspectivas do mundo”, discute-se que no processo de realização dos planos de ação, os

atores são guiados por uma situação comum e, concomitantemente, entendem sobre algo no

mundo, que podem ser caracterizados como: 1) mundo do objeto - são referências que

perpassam as representações ou pressuposições de acontecimentos e estado; 2) mundo social -

representado pelas relações interpessoais; e 3) mundo subjetivo - relativo à auto-representação

(HABERMAS, 1989).

Ainda sobre o entendimento acerca do algo no mundo, Habermas (1989) destaca a

compreensão descentrada no mundo, a qual permite, ao locutor, a diferenciação entre o

mundo da vida e o mundo. Ou seja, distinguem-se entre o inquestionado, o determinado

intersubjetivamente e o inerente ao participante e o construído por conteúdos da comunicação.

Essa diferenciação permite dissociar a sabedoria explícita da certeza implícita. Os

conteúdos da comunicação, por sua vez, ganham espaço para serem validados e considerados

em saber pautado na razão (HABERMAS, 1989).

Sobre esses preceitos, no momento em que se tenta interpretar o mundo a partir de

uma perspectiva específica, a interação entre os atores é prejudicada e concretiza-se uma

comunicação simples, ineficaz. A partir da apreensão do algo no mundo e da sua

compreensão descentrada a comunicação é efetivada (Figura 2).

28

Figura 2 - Pressupostos da Teoria do Agir Comunicativo e a comunicação entre

profissionais de saúde. Brasil, 2017.

Fonte: Adaptado de Habermas (1989).

A figura 2 ilustra os elementos do agir comunicativo entre usuário – profissional -

profissional de saúde como forma de consolidar a comunicação efetiva. Realça-se que há a

valorização das referências do mundo objetivo, social e subjetivo dos usuários a fim de

efetivar o entendimento mútuo.

29

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

4.1 Record review of current in-patients

A “Record review of current in-patients” é uma modalidade de investigação que segue

os preceitos da pesquisa transversal e possibilita desenvolver estudos sobre a SP nos

ambientes hospitalares de todos os países, especialmente naqueles em desenvolvimento,

recomendado pela OMS para tais investigações (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE,

2010).

A OMS destaca, ainda, outros cinco métodos, no “Assessing and tackling patient

harm: a methodological guide for data-poor hospitals”: 1) “retrospective Record review”

(revisão retrospectiva de registros); 2) “Record review of current in patients” (revisão de

registros de pacientes internados); 3) “staff interviews on current in patients” (entrevistas com

os profissionais sobre os pacientes internados); 4) “direct observation and related interviews”

(observação direta e entrevistas); e 5) “nominal group meetings” (reuniões de grupo nominal)

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

A escolha do método dependerá das condições do campo de pesquisa, conforme

descrito no Quadro 1.

As principais vantagens do desenvolvimento dos métodos supracitados estão no

envolvimento dos profissionais no processo de pesquisa, aspecto que permite maior

sensibilização no tocante as temáticas da SP; no baixo investimento para a implementação

desses; e na disponibilidade rápida dos resultados (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

SAÚDE, 2010).

Destaca-se a “Record review of current in-patients”, uma variação do

“Retrospective Record review”, onde se analisa os prontuários de pacientes internados nos

hospitais, de forma eficiente e sem exigências de longos períodos de realização da pesquisa

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

30

Quadro 1 - Critérios de seleção do método a partir das condições do campo de pesquisa. Brasil,

2017.

OBJETIVOS CONDIÇÕES ANALISADAS MÉTODOS

Estimar os EA

Disponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Revisão retrospectiva de

registros;

Revisão de registros de

pacientes internados;

Entrevistas com os profissionais

sobre os pacientes internados.

Indisponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Entrevistas com os profissionais

sobre os pacientes internados.

Identificar as causas de EA

Disponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Revisão retrospectiva de

registros;

Revisão de registros de

pacientes internados;

Entrevistas com os profissionais

sobre os pacientes internados;

Observação direta e entrevistas;

Reuniões de grupo nominal.

Indisponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Entrevistas com os profissionais

sobre os pacientes internados;

Observação direta e entrevistas;

Reuniões de grupo nominal.

Desenvolver planos de ação Disponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Reuniões de grupo nominal.

Monitorar e melhorar

ações

Disponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Revisão retrospectiva de

registros;

Revisão de registros de

pacientes internados;

Indisponibilidade de prontuários

com registros de boa qualidade.

Entrevistas com os profissionais

sobre os pacientes internados;

Observação direta e entrevistas.

Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde (2010).

De modo geral, para o desenvolvimento da “Record review of current in-patients” é

necessário seguir as seguintes etapas (Figura 3):

31

Figura 3 - Etapas da “Record review of current in-patients”,

Brasil, 2017.

Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde (2010).

As etapas metodológicas da “Record review of current in-patients” norteiam a

realização de pesquisas que almejam avaliar determinada circunstância imprescindível para a

garantia ou não da SP.

Assim, este método subsidiará o processo de avaliação da comunicação escrita dos

profissionais de saúde em hospitais públicos do Rio Grande do Norte. Para tanto, algumas

adaptações foram necessárias (Figura 4).

Para concretizar as etapas supracitadas, utilizaram-se as seguintes estratégias:

Na etapa Construir e validar o conteúdo do instrumento de avaliação dos

registros: elaboração de uma Scoping review - um tipo de revisão da literatura que mapeia os

principais conceitos, definições e limites de uma determinada área de pesquisa, bem como

evidências para nortear a prática profissional (INSTITUTO JOANNA BRIGGS, 2015) - para

possibilitar o aprofundamento teórico acerca da comunicação escrita, bem como subsidiar a

construção do instrumento de coleta de dados.

Testar os procedimentos de avaliação dos registros: realizou-se estudo piloto em

um hospital do Rio Grande do Norte, nas enfermarias de clínica médica e cirúrgica, cuja a

amostra contemplou os pacientes que estavam internados há mais de dez dias.

32

Salienta-se que a etapa “construir e validar o conteúdo do instrumento de avaliação

dos registros” ocorreu anteriormente a este estudo, durante a realização do projeto

“Monitoramento de indicadores de segurança do paciente em hospitais públicos do Rio

Grande do Norte, Brasil”, o qual objetivou “monitorar indicadores de segurança do paciente

em hospitais públicos do Rio Grande do Norte, Brasil”.

Figura 4 - Etapas adaptadas da “Record review of current in-

patients”, Brasil, 2017.

Fonte: Adaptado de Organização Mundial de Saúde (2010).

33

5 MÉTODO

5.1 Caracterização do estudo

Estudo de abordagem quantitativa, de natureza descritivo e analítico, por meio de um

delineamento de corte transversal, baseado nas recomendações adaptadas da OMS, quanto a

construção “Record review of current in-patients” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE

SAÚDE, 2010) (Figura 5).

Figura 5 - Etapas metodológicas da pesquisa “Comunicação escrita

entre profissionais de saúde em hospitais públicos do Rio Grande do

Norte”. Natal, 2017.

As pesquisas transversais caracterizam-se por apresentar populações definidas, onde a

coleta de dados ocorre em um período de tempo definido, mediante dados primários ou

secundários, a fim de analisar determinado fenômeno (POLIT; BECK, 2011).

Já a “Record review of current in-patients” apresenta um delineamento característico

de pesquisa transversal e sua realização ocorre a partir de seis etapas (ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DE SAÚDE, 2010).

Para este estudo, foram utilizadas quatro etapas: elaboração de uma Scoping review;

selecionar e treinar os examinadores de registros; testar os procedimentos de avaliação dos

34

registros: estudo piloto; e desenvolver a revisão de prontuário (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

DE SAÚDE, 2010).

As demais etapas foram realizadas anteriormente, em fases iniciais do projeto

“Monitoramento de indicadores de segurança do paciente em hospitais públicos do Rio

Grande do Norte, Brasil”.

5.2 Local

O estudo ocorreu em três hospitais públicos de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil -

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), Hospital Central Cel. Pedro Germano

(HCCPG) e Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) -, especificamente, nas enfermarias

de clínica médica e cirúrgica.

A escolha por esses hospitais justifica-se pelo fato de pertencerem à esfera pública,

serem classificados como de grande porte, apresentarem semelhanças quanto aos perfis

clínicos dos pacientes e por corresponderem às instituições com Núcleo de Segurança do

Paciente (NSP) implantados no município de Natal, Rio Grande do Norte. Já com relação às

enfermarias, vislumbrou-se a possibilidade de uma amostra mais expressiva.

Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel

O HMWG é um hospital de referência no atendimento de urgência pelo Sistema Único

de Saúde (SUS), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande do Norte

(SESAP/RN) (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2017a).

É o único hospital público da Região Metropolitana de Natal que fornece serviços

especializados, como: ortopedia, neurologia, neurocirurgia, cirurgia geral, cirurgia plástica –

para o atendimento dos pacientes com queimaduras -, serviços de apoio ao diagnóstico e

tratamento – tomografias computadorizadas, radiografias e ultrassonografias, entre outras

especialidades (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2017a).

O complexo hospitalar é constituído pelo HMWG e Pronto Socorro Clóvis Sarinho,

possui 284 leitos, com 92 de enfermarias de clínica médica e cirúrgica, e detém o quantitativo

médio de 206 internações/mês (BRASIL, 2017a; GOVERNO DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO NORTE, 2017a).

Hospital Central Coronel Pedro Germano

35

O Hospital Central Coronel Pedro Germano é um complexo de serviços médico-

hospitalares, que oferece serviços de assistência à saúde a militares, seus dependentes e a

população em geral, via SUS pela regulação da Secretaria de Estado da Saúde Pública.

O HCCPG fornece serviços destinados à clínica geral, cirurgia geral, ginecologia,

obstetrícia e pediatria, entre outras, e de apoio ao diagnóstico e tratamento, como sala de

radiografia e de ultrassonografia, laboratório de análises clínicas, banco de leite e sala de

vacina (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2017b).

O hospital possui 56 leitos, com 48 leitos de enfermarias de clínica médica e cirúrgica,

e apresenta em média 126 internações/ mês (BRASIL, 2017a; GOVERNO DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Hospital Universitário Onofre Lopes

O Hospital Universitário Onofre Lopes é um hospital de referência no estado, o qual

se vincula à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é administrado pela

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) (BRASIL, 2017b).

O hospital oferta uma variedade de atividades especializadas, como cirurgia geral,

cirurgia plástica, neurocirurgia, neurologia, clínica geral, ortopedia, pediatria, entre outras, e

serviço de apoio diagnóstico por imagem e análises clínicas (BRASIL, 2017a).

O HUOL apresenta 261 leitos, com 60 de enfermarias de clínicas médica e cirúrgica, e

uma média de 624 internações/mês (BRASIL, 2017a; EMPRESA BRASILEIRA DE

SERVIÇOS HOSPITALARES, 2015).

5.3 Participantes

A população do estudo constituiu-se de pacientes internados nas enfermarias de clínica

médica e clínica cirúrgica dos três hospitais supracitados, no período de outubro a dezembro

de 2016, o que totalizou um quantitativo de 5576 pacientes.

A amostra foi por conveniência e incluíram-se os pacientes internados nas enfermarias

há pelo menos 10 dias – período que foi possível avaliar de forma significativa a comunicação

escrita da equipe multiprofissional -, e excluiu-se àqueles que não apresentaram condições

clínicas para consentir sua participação.

36

O quadro 2 sintetiza o quantitativo referente ao número de internações em cada

hospital, durante os três meses supracitados e a amostra do estudo.

Quadro 2 – Número de internações nos hospitais analisados e

amostra final do estudo. Natal/RN, 2017#.

Hospital

Número de

internações

hospitalares

Amostra do estudo

HMWG 3.808 117

HUOL 1.691 92

HCCPG 77 23

Total 5.576 232

Fonte: DATASUS, 2017b. #Período de outubro a dezembro de 2016.

Assim, a amostra constituiu-se de 232 prontuários, sendo 117 do HMWG, 23 do

HCCPG e 92 do HUOL.

5.4 Scoping Review

O desenvolvimento da Scoping Review ocorreu por cinco etapas: formulação da

questão de pesquisa; identificação dos estudos relevantes; seleção final dos estudos; tabulação

de dados; e síntese dos resultados (INSTITUTO JOANNA BRIGGS, 2015).

Para nortear essas etapas metodológicas, elaborou-se um protocolo de pesquisa,

constituído por objetivo, questão de pesquisa, critérios de elegibilidade, tipo de estudos a

serem selecionados, estratégia de busca, extração e apresentação dos resultados (Figura 6).

A formulação da questão de pesquisa seguiu o acrônimo PCC, onde: P (população) -

tipo de população a ser buscada nos estudos; C (conceito) - conceito básico a ser examinado

na revisão; e C (contexto): coerente com o objeto de estudo e pode incluir fatores culturais,

localização geográfica e aspectos específicos sobre determinada temática (INSTITUTO

JOANNA BRIGGS, 2015).

Os elementos “objetivo”, “critérios de elegibilidade” e “apresentação dos resultados”

devem ser estruturados a partir do PCC. Ou seja, em suas redações devem apresentar aspectos

sobre a “população”, “conceito” e “contexto”.

37

A elaboração da questão de pesquisa seguiu a estratégia PCC (P – Population; C –

Concept; C – Context), onde: P – profissionais de saúde; C – comunicação escrita; e C –

ambiente hospitalar.

Assim, obteve-se a questão de pesquisa “qual o conteúdo produzido acerca da

comunicação escrita dos profissionais de saúde no ambiente hospitalar?”. Para respondê-la,

objetivou-se mapear o conteúdo produzido relativo à comunicação escrita dos profissionais de

saúde no ambiente hospitalar.

Para identificar a presença de protocolos e/ou artigos de revisão sobre o objeto de

estudo de interesse, inicialmente realizou-se no mês de fevereiro de 2016, mediante descritor

“Communication”, uma busca nos bancos de dados International Prospective Register of

Systematic Reviews (PROSPERO), The Cochrane Librarye The Joanna Briggs Institute

COnNECT+ (JBI COnNECT+). Dos 998 resultados, não se constatou estudos com o mesmo

escopo de mapear o conteúdo produzido acerca da comunicação escrita dos profissionais de

saúde no ambiente hospitalar.

Figura 6 - Elementos do protocolo de pesquisa da Scoping Review. Natal, 2017.

Fonte: adaptado de Instituto Joanna Briggs (2015).

Com a intenção de identificar as palavras-chave, operacionalizou-se uma pesquisa

nos bancos de dados Cumulative Index to Nursing & Allied Health Literature (CINHAL) e

38

National Library of Medicine (PUBMED), através da combinação de três descritores

(Quadro2).

Quadro 3 - Pesquisa para identificar as palavras-chave da Scoping review. Natal/RN, 2017.

Banco de dados Combinação de descritores Resultado

PUBMED

Health Personnel and Communication and Hospitals1#

1403

CINAHL

Health Personnel and Communication and Hospital2#

176

1# Descritor indexado na PUBMED

2# Descritor indexado na CINAHL

Observa-se que foram feitos ajustes no emprego dos descritores a fim de se adequar

às especificidades de cada banco de dados – utilizou “hospitals”, para a busca na PUBMED, e

“hospital”, na CINAHL.

Para operacionalizar a pesquisa, adotou-se a seguinte estratégia de busca: (“Health

Personnel” OR “Health Professionals” OR “Nurses” OR “Physicians” OR “Physiotherapy”

OR “Clinical pharmacist” OR “Psychological”) AND (“Communication” OR “Professional

communication” OR “Health information Exchange” OR “Interpersonal and Communication

Skills” OR “Interdisciplinary communication” OR “Transitions of care” OR

“Hospital communication”) AND (“Hospitals” OR “Hospitals” AND “Hospital care OR

Healthcare” OR “Hospital patients”).

Após, aplicou-se a estratégia de busca nos bancos de dados que indexam artigos

científicos – PUBMED; Web of Science; Conchrane Central e CINAHL-, bem como àqueles

que disponibilizam a literatura cinzenta – documentos nacionais e internacionais de entidades

profissionais de saúde e de órgãos de saúde e produções indexadas no Centro Colaborador

para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Proqualis).

Incluíram-se os estudos publicados na íntegra; em língua portuguesa, espanhola e

inglesa; que tratavam da comunicação escrita dos profissionais de saúde, no ambiente

hospitalar. Somado a isso, excluiu-se àqueles classificados em: editoriais; relatos de

experiência; revisões integrativas, sistemáticas e narrativas; e estudos reflexivos e teóricos.

Para a análise de dados, extraíram-se dados referentes ao autor; ano de publicação;

país; objetivos; métodos; conteúdo acerca da comunicação escrita entre profissionais de

saúde, no ambiente hospitalar e conclusões. Esses resultados foram sintetizados de forma

descritiva e a partir de gráficos e fluxogramas de coleta.

39

5.5 Instrumento de coleta da pesquisa “comunicação escrita entre profissionais de saúde

em hospitais públicos do Rio Grande do Norte, Brasil”

Para a coleta de dados, utilizou-se parte do instrumento do projeto “Monitoramento

de indicadores de segurança do paciente em hospitais públicos do Rio Grande do Norte,

Brasil”, o qual contempla os assuntos – cognominados de campos temáticos: identificação do

paciente; registros dos profissionais; segurança na prescrição, uso e administração de

medicamentos; prevenção de lesões por pressão; prevenção de quedas e cirurgia segura

(ANEXO A).

Além dos campos temáticos, o instrumento apresenta 10 subtópicos, 92 itens e

espaços para assinalar as opções “não tem”, “tem” e as especificações “adequadas” e

“inadequadas”, como também para redigir comentários.

Para este estudo, utilizou-se o campo temático registros dos profissionais, o qual é

composto de quatro tópicos e 62 itens (Figura 7).

Figura 7 - Síntese do instrumento de coleta de dados. Natal/RN, 2017.

O interesse em investigar esse campo temático decorre do fato de compreender os

elementos basilares da comunicação escrita da equipe e de abarcar outras faces da SP. Ou

seja, os registros dos profissionais de saúde devem apresentar informações referentes à

40

identificação do paciente; prevenção de lesões por pressão; prevenção de quedas; cirurgia

segura, dentre outros aspectos.

5.6 Seleção e treinamento dos examinadores de registros (revisores de prontuários)

Para compor a equipe de revisores de prontuários, selecionaram-se integrantes do

Grupo de pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e

em enfermagem (LABTEC), da UFRN, o qual se vincula a linha de pesquisa

Desenvolvimento Tecnológico em Saúde e Enfermagem, do Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem da UFRN (PGENF-UFRN) e desenvolve pesquisas relacionadas à temática.

Dessa forma, a equipe constituiu-se em dez revisores com graduação em

enfermagem - quatro doutorandos, dois mestres e quatro mestrandos - e, cinco discentes de

enfermagem, os quais atuaram na obtenção das assinaturas do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) e busca ativa dos prontuários.

Todos os componentes da equipe participaram de um treinamento que ocorreu no

mês de setembro de 2016 e abrangeu as temáticas referentes ao projeto, como objetivos,

métodos, procedimentos de coleta, dentre outros, e apresentação do instrumento de coleta de

dados validado. Nesse momento, padronizou-se a forma de preenchimento, bem como

esclarecimentos sobre os itens.

Cada membro da equipe recebeu impressos referentes ao instrumento de coleta de

dados e orientações quanto aos procedimentos prévios à coleta – vestimentas, uso do crachá,

abordagem ao paciente para o recolhimento da assinatura do TCLE, aspectos éticos no

manuseio dos prontuários, materiais necessários para o momento da revisão dos registros,

dentre outros aspectos.

5.7 Teste e procedimentos de avaliação dos registros: estudo piloto

O teste piloto ocorreu no Hospital Coronel Pedro Germano, mediante atuação da

equipe de examinadores selecionada, no mês de setembro de 2016. Ao todo, 25 instrumentos

foram preenchidos.

Nesse momento, delimitaram-se as estratégias iniciais para a busca dos prontuários,

bem como as adequações quanto à formatação do instrumento de coleta de dados – tamanho

de fonte, desenho das tabelas, modos de preenchimentos, dentre outros. A consolidação

dessas informações ocorreu em reuniões com a equipe de revisores.

41

O teste piloto foi essencial para sistematizar a revisão dos prontuários, aspecto que

otimizou esse processo e possibilitou aperfeiçoar as habilidades da equipe nas etapas da

pesquisa.

5.8 Variáveis do estudo

As variáveis do estudo foram classificadas em quatro categorias: 1) variáveis comuns

aos registros dos profissionais de saúde – evoluções médicas, anotações do técnico de

enfermagem e enfermeiros; 2) variáveis específicas aos registros dos profissionais de saúde -

evoluções médicas, anotações do técnico de enfermagem e enfermeiro; 3) variáveis dos

controles essenciais; e 4) variáveis específicas dos pareceres médicos, da fisioterapia, da

terapia ocupacional, da nutrição, do serviço social, da psicologia, da fonoaudiologia e da

comissão do curativo.

A categoria das variáveis comuns aos registros dos profissionais de saúde

compreende os dados em que os registros dos profissionais de saúde – evoluções médicas,

anotações do técnico de enfermagem e do enfermeiro - devem contemplar (Quadro 4).

Quadro 4 – Variáveis comuns aos registros dos profissionais de saúde - evoluções médicas,

anotações da equipe de enfermagem e controle essenciais. Natal/RN, 2017.

Variáveis Critérios

Cabeçalhos Sigla da instituição, local de internação, nome completo do

paciente, filiação, número do registro no serviço de saúde e

data de nascimento.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Início dos registros com data e hora Não tem/ Tem:

(adequado;

inadequado) Letra legível, anotação sem rasura e uso de abreviaturas e siglas

padronizadas

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado) Identificação

do responsável

pelo registro

Escritos de forma legível ou carimbo com os identificadores:

nome do profissional, categoria e número de inscrição do

conselho de classe.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

A categoria referente às “variáveis específicas aos registros dos profissionais de

saúde - evoluções médicas, anotações do técnico de enfermagem e enfermeiro”, representam

o conteúdo inerente ao cuidado desses (Quadro 5).

42

Quadro 5 – Variáveis específicas aos registros dos profissionais de saúde - evoluções médicas,

anotações do técnico de enfermagem e enfermeiro e controles essenciais. Natal/RN, 2017.

EVOLUÇÃO MÉDICA

Variáveis Critérios

Informações

das primeiras

24 horas de

internação

Queixa principal; duração do quadro clínico; hipótese

diagnóstica/diagnóstico; anamnese (história da doença atual;

antecedentes pessoais e familiares; hábitos e condições de

moradia; doenças concomitantes); exame físico (estado geral,

mucosas, pele, cabeça, visão, audição, gânglios, pescoço, tórax

(ausculta pulmonar e cardíaca), mamas, abdome (inspeção,

palpação, percussão, ausculta), períneo, ânus, toque anorretal,

genitália externa, coluna vertebral, membros, articulações e

sistema nervoso (sensibilidade e reflexos); procedimentos

realizados; resultados laboratoriais e de imagem relevantes; e

condutas terapêuticas

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Registros

diários

Hipótese diagnóstica/diagnóstico; exame físico direcionado;

procedimentos realizados; intercorrências; resultados

laboratoriais e de imagem relevantes; e condutas terapêuticas.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

ANOTAÇÃO DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

Variáveis Critérios

Informações

das primeiras

24 horas de

internação

Procedência do paciente, identificação do acompanhante,

condições de chegada (deambulando, em cadeiras de roda e

maca); doenças concomitantes; hábitos de vida (etilismo,

tabagismo, uso de drogas ilícitas); presença de alergias; uso de

medicamentos (tipo, dosagem e frequência); condições gerais

(nível de consciência, humor, higiene pessoal, atitude,

coloração da pele, estado nutricional , locomoção, descrição das

eliminações quanto ao tipo, consistência , odor e coloração);

dispositivos (cateteres sobre agulhas, sondas, drenos, curativos,

etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; cuidados e procedimentos realizados.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Informação de

início de

plantão

Condições gerais (nível de consciência, humor, higiene pessoal,

atitude, coloração da pele, estado nutricional, locomoção,

descrição das eliminações quanto ao tipo, consistência, odor e

coloração); dispositivos (cateteres sobre agulhas, sondas,

drenos, curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; cuidados e procedimentos realizados;

procedimentos e intercorrências.

Não tem/Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Quantidade de registro no dia (manhã, tarde e noite) Número de

registros

CONTROLES ESSENCIAIS

Variáveis Critérios

Registro na admissão e, após esta, a cada seis horas Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Início dos registros com data e hora Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Letra legível, anotação sem rasura e utilização de medida Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Identificação

do responsável

Não tem/ Tem: (adequado; inadequado) Não tem/ Tem:

(Adequado;

43

pelo registro Inadequado)

Quantidade de registro no dia (manhã, tarde e noite) Número de

registros

ANOTAÇÕES DO ENFERMEIRO

Variáveis Critérios

Informação da

admissão

Procedência do paciente, identificação do acompanhante,

condições de chegada (deambulando, em cadeiras de roda e

maca); doenças concomitantes; hábitos de vida (etilismo,

tabagismo, uso de drogas ilícitas); presença de alergias; uso de

medicamentos (tipo, dosagem e frequência); condições gerais

(nível de consciência, humor, higiene pessoal , atitude,

coloração da pele, estado nutricional, descrição das eliminações

quanto ao tipo, consistência, odor e coloração); dispositivos

(cateteres sobre agulhas, sondas, drenos, curativos, etc.);

queixas do paciente; orientações ao paciente/acompanhante;

dados sobre exame físico (avaliação dos sistemas neurológicos,

respiratório, digestivo, cardiovascular, nutricional, locomotor e

geniturinário); cuidados e procedimentos realizados; e

intercorrências.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

inadequado)

Informação no

início de

plantão

Condições gerais (nível de consciência, humor, higiene pessoal

, atitude, coloração da pele, estado nutricional, locomoção,

descrição das eliminações quanto ao tipo, consistência , odor e

coloração); dispositivos (cateteres sobre agulhas, sondas,

drenos, curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; dados sobre exame físico (avaliação

dos sistemas neurológicos, respiratório, digestivo,

cardiovascular, nutricional, locomotor e geniturinário);

cuidados realizados e procedimentos realizados; e

intercorrências.

Não tem/ Tem:

(adequado;

Inadequado)

Quantidade de registro no dia (manhã, tarde e noite) Número de

registros

Fonte: própria do autor.

No tocante às “variáveis dos controles essenciais” são as informações relacionadas

aos sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, temperatura e score de

dor) (Quadro 5).

A categoria dos pareceres, a qual abarca os pareceres médicos e de demais

profissionais (fisioterapia, terapia ocupacional, nutrição, serviço social, psicologia,

fonoaudiologia e comissão do curativo) são dispostas no quadro 6.

44

Quadro 6 - Variáveis específicas dos pareceres do médico, da fisioterapia, da terapia

ocupacional, da nutrição, do serviço social, da psicologia, da fonoaudiologia e da comissão do

curativo. Natal/RN, 2017.

PARECERES DE ESPECIALIDADES MÉDICAS CRITÉRIOS

Variáveis Critérios

Solicitação de

pareceres -

Cabeçalhos

Sigla da instituição, local de internação, nome completo do

paciente, filiação, número do registro no serviço de saúde e

data de nascimento.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Identificação do

solicitante

Nome completo do responsável e especialidade. Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Data e hora do pedido Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Identificação

do responsável

pelo registro

Escritos de forma legível ou carimbo os identificadores: nome

do profissional, categoria e número de inscrição do conselho

de classe

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Respostas de

pareceres –

Cabeçalhos

Sigla da instituição, local de internação, nome completo do

paciente, filiação, número do registro no serviço de saúde e

data de nascimento.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Identificação

do parecerista

Nome completo e especialidade. Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Data e hora da resposta Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

PARECERES DA FISIOTERAPIA, TERAPIA OCUPACIONAL, NUTRIÇÃO, SERVIÇO

SOCIAL, PSICOLOGIA, FONOAUDIOLOGIA E COMISSÃO DO CURATIVO

Variáveis Critérios

Cabeçalhos Sigla da instituição, local de internação, nome completo do

paciente, filiação, número do registro no serviço de saúde e

data de nascimento

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Início dos registros com data e hora Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Letra legível, anotação sem rasuras e uso de abreviaturas e siglas

padronizadas.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

Identificação

do responsável

pelo registro

Escritos de forma legível ou carimbo os identificadores: nome

do profissional, categoria e número de inscrição do conselho

de classe.

Não tem/ Tem:

(Adequado;

Inadequado)

5.9 Procedimentos de coleta de dados nos prontuários

A coleta de dados mediante a revisão de prontuários ocorreu em cinco etapas:

reconhecimento das enfermarias e suas rotinas; amostragem dos pacientes; recolhimento dos

TCLEs; separação do prontuário; e preenchimento do instrumento.

45

Na etapa de recolhimento das assinaturas do TCLE, os pacientes receberam

informações quanto ao estudo, às questões éticas e procedimentos para participação. Em caso

de consentimento, disponibilizavam-se duas vias do TCLE, as quais eram assinadas – pelo

próprio paciente ou, nas situações em que esse ato não era possível, pelo responsável.

Salienta-se que, uma dessas vias ficava com este e a outra com o revisor.

Para a organização dos dados referentes ao nome do paciente, leito, tipo de

enfermaria, data de admissão e número de prontuário, utilizou-se um documento – construído

pelo pesquisador e colaboradores do estudo -, onde todos os membros da equipe tinham

acesso.

Em seguida, separava-se o prontuário e os revisores atuavam no preenchimento do

instrumento, processo que demandava, aproximadamente, 60 minutos por paciente.

Ainda sobre essa etapa, alguns procedimentos foram adotados, a fim de otimizá-la:

Após a verificação dos 10 primeiro dias de internação, selecionavam-se os

impressos relativos aos formulários de internação, evoluções médicas; anotações da equipe de

enfermagem; controles essenciais; pareceres do médico, da fisioterapia, da terapia

ocupacional, da nutrição, do serviço social, da psicologia, da fonoaudiologia e da comissão do

curativo; prevenção de lesão por pressão (LPP) e quedas; e cirurgia segura.

As avaliações das evoluções médicas, anotações da equipe de enfermagem e

controles essenciais ocorria de modo integral e, portanto, considerava-se todo o conjunto dos

registros/dia.

Selecionava-se o primeiro parecer, de cada categoria profissional supracitada,

emitido durante o período dos dez dias de internação.

5.10 Procedimentos de Análise de Dados

Os dados coletados foram organizados no software Statistical Package for Social

Science for Windows (SPSS), versão 22 e analisados de forma descritiva, por meio de

frequências absoluta e relativa, bem como pelo Diagrama de Pareto, o qual ordena, de modo

decrescente, o quantitativo de determinada ocorrência.

5.11 Aspectos éticos da pesquisa

A pesquisa seguiu todos os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução nº 466/2012,

do Conselho Nacional de Saúde e teve a sua provação autenticada pelo Parecer

46

Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, nº 1.662.417, CAAE: 57947716.5.0000.5537, de 4 de agosto de 2016 (ANEXO B).

Em conformidade com essas, salienta-se que, previamente a solicitação das assinaturas

dos TCLE aos pacientes, esclareceu-se sobre os objetivos do estudo, bem como os preceitos

éticos que garantem a confidencialidade dos dados obtidos, bem como do caráter voluntário e

anônimo dos participantes – juiz e paciente que se enquadram nos critérios de inclusão.

Sobre o processo de coleta de dados, quando as condições clínicas dos pacientes não

possibilitaram o seu consentimento livre e esclarecido, permitiu-se que os responsáveis o

fizessem, aspecto que não eliminou os procedimentos prévios à assinatura do TCLE.

47

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse capítulo está estruturado em seis pilares temáticos: 1) “Comunicação escrita dos

profissionais de saúde em ambiente hospitalar: uma Scoping review”; 2) “Identificação do

paciente nos registros dos profissionais de saúde”; 3) “Conteúdo das evoluções médicas”; 4)

“Conteúdo das anotações da equipe de enfermagem”; 5) “Elementos comuns da comunicação

escrita”; e 6) “Identificação do profissional”.

6.1 Comunicação escrita dos profissionais de saúde em ambiente hospitalar: uma

Scoping review

Após a aplicação da estratégia de pesquisa para o cruzamento e a busca manual dos

documentos nacionais e internacionais identificou-se 15.805 produções científicas. A triagem

dessas, através da leitura dos títulos e resumos, levou a retração do quantitativo para 55.

Com a adoção dos critérios de elegibilidade, obteve-se a amostra final de 30 produções

científicas, sendo sete (23%) artigos e 23 (77%) documentos (Figura 8).

48

Figura 8 – Fluxograma das fases de coleta de dados para seleção da amostra. Natal/RN,

2017.

Dos artigos científicos, três (42%) apresentaram uma abordagem metodológica

quantitativa; dois (29%) qualitativa e outros dois (29%) mixed methods.

Quanto aos anos de publicação, cinco produções foram em 2016 (17%), quatro em

2015 e 2008 (13%/cada ano) e três em 2013 e 2012 (10%/cada ano). As demais variaram de

1999 a 2009 (Quadro 7).

Quadro 7 - Amostra final da Scoping Review (N=30). Brasil/RN, 2017.

Autor Título Ano

PANESAR et al.

The Effect of an Electronic SBAR Communication Tool on

Documentation of Acute Events in the Pediatric Intensive

Care Unit

2016

GREEN; THOMAS

Interdisciplinary Collaboration and the Electronic Medical

Record

2008

PATERSON; ALLEGA

Improving communication between hospital and

community physicians

1999

RAAF; RILEY; Failures in communication through documents and 2015

49

MANIAS documentation across the perioperative pathway

KING et al.

The Consequences of Poor Communication during

Hospital to Skilled Nursing Facility Transitions: A

Qualitative Study

2013

PUN et al.

Factors affecting communication in emergency

departments: doctors and nurses’ perceptions of

communication in a trilingual ED in Hong Kong

2015

LEIGH et al.

Protocol to describe the analysis of text-based

communication in medical records for patients discharged

from intensive care to hospital Ward

2016

World Health

Organization

Medical Records Manual: A Guide for Developing

Countries

2006

World Health

Organization

Segundo reto mundial por laseguridad del paciente la

cirugía segura salva vidas

2008

Institute for the

Study of Adult

Literacy

Guidelines for medical record documentation 2017

Health Professions

Council Of South

Africa

Guidelines on the keeping of patient records

2016

Singapore Medical

Association

Medical Records: Making and Retaining Them

2016

Malaysian Medical

Council

Medical Records and Medical Reports

2006

Conselho Federal

De Enfermagem

Guia de recomendação para registros de enfermagem nos

prontuários de pacientes e outros documentos de

enfermagem

2015

Conselho Federal

De Enfermagem

Anotações de Enfermagem

2009

Brasil. Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009 2009

Conselho Regional

De Medicina Do

Estado De Santa

Catarina

Manual de orientação ética e disciplinar 2013

Beneficiência

Portuguesa De São

Paulo

Manual do prontuário 2016

Conselho Regional

De Medicina Do

Distrito Federal

Prontuário Médico do Paciente: guia para uso prático 2006

Conselho Federal De

Enfermagem

Resolução COFEN nº 429, de 8 de junho de 2012 2012

Conselho Federal De

Psicologia

Resolução CFP nº 007, de 14 de junho de 2003 2003

Conselho Federal De

Medicina

Resolução CFM nº 1.638, de 9 de agosto de 2002 2002

Conselho Regional

De Enfermagem De

São Paulo

Processo de enfermagem: guia para a prática 2015

50

Brasil

Indicadores de Segurança do Paciente – Medicamentos 2016

Brasil

Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração

de medicamentos

2013

Brasil Protocolo de identificação do paciente 2013

Conselho Federal De

Nutricionistas

Resolução CFN nº 334, de 10 de maio de 2004 2014

Conselho Federal De

Psicologia

Resolução CFP nº 001, de 30 de março de 2009 2009

Conselho Federal De

Fisioterapia E

Terapia Ocupacional

Resolução COFFITO n° 415, de 19 de maio de 2012 2012

Conselho Federal

De Fonoaudiologia

Resolução CFFA nº 415, de 12 de maio de 2012 2012

Fonte: própria do autor.

Observa-se que as produções foram publicadas a partir de 1999, o que pode ser uma

consequência da divulgação, nesse mesmo ano, do relatório “To err is human: building a

safer health system”, o qual contempla diversas informações inerentes a SP (BREQUÓ,

2017).

Quanto aos aspectos da comunicação escrita dos profissionais de saúde no ambiente

hospitalar emergem duas categorias: 1) elementos comuns aos registros dos profissionais de

saúde e 2) elementos específicos a cada categoria profissional.

Salienta-se que as produções abordaram a comunicação escrita da equipe de saúde

(n=10; 33%) e de categorias específicas – médico (n=11; 37%), profissionais de enfermagem

(n=5; 17%), psicólogo (n=2; 7%), nutricionista (n=1; 3%) e fisioterapeuta/fonoaudiólogo

(n=1; 3%).

Os elementos comuns aos registros dos profissionais de saúde correspondem a todos

àqueles que estão presentes nos diversos impressos que compõem o prontuário do paciente,

no ambiente hospitalar. A figura 2 ilustra essas características (BRASIL, 2016; LEIGH et al.,

2016; INSTITUTE FOR THE STUDY OF ADULT LITERACY, 2017; HEALTH

PROFESSIONS COUNCIL OF SOUTH AFRICA, 2016; SINGAPORE MEDICAL

ASSOCIATION, 2016; BENEFICIÊNCIA PORTUGUESA DE SÃO PAULO, 2016; RAAF;

RILEY; MANIAS, 2015; CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2015; CONSELHO

REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, 2015; BRASIL, 2013b, 2013c;

CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2012;

CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2012; CONSELHO FEDERAL DE

PSICOLOGIA, 2009; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006; MALAYSIAN

51

MEDICAL COUNCIL, 2006; CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO DISTRITO

FEDERAL, 2006; CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, 2004; CONSELHO

FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003; CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2002;

PATERSON; ALLEGA, 1999) (Figura 9)

Figura 9 - Elementos comuns da comunicação escrita dos profissionais#

#Emprego da ferramenta GoConqr.

A não conformidade desses elementos é ressaltada em diversos estudos. No Texas,

Estados Unidos da América, por exemplo, revelou-se que a ilegibilidade dos registros, bem

como a incompletude e informações conflitantes, são fatores que afetam a exatidão dos dados

extraídos dos prontuários e, consequentemente, ocasionam fragilidades no processo

comunicativo da equipe (ZOZUS et al., 2015). Já em estudo realizado em hospitais públicos

de Maceió, Brasil (SILVA et al., 2016), revelou ausência de data/hora no início dos registros e

a presença de rasuras.

Esses achados levam a presumir que as falhas na comunicação escrita dos

profissionais de saúde envolvem desde elementos substanciais, como legibilidade da letra, até

àqueles referentes ao conteúdo, o que desvela a presença de um ambiente inseguro e, logo,

com condições potenciais para a ocorrência de EA. Além disso, podem representar infrações

nos âmbito criminal, ético, administrativo, legal e civil (CONSELHO FEDERAL DE

ENFERMAGEM, 2017a).

52

No que diz respeito à segunda categoria, elementos específicos a cada categoria

profissional, são abordados os registros médicos e dos profissionais de enfermagem – técnicos

e enfermeiros -, já que compreenderam as duas profissões mais citadas pela amostra.

Assim, os registros médicos devem pontuar a queixa principal do paciente; duração do

quadro clínico; hipótese diagnóstica/diagnóstico; anamnese; exame físico; procedimentos

realizados; resultados de exames laboratoriais e de imagem relevantes; e condutas terapêuticas

(INSTITUTE FOR THE STUDY OF ADULT LITERACY, 2017; BRASIL, 2016; HEALTH

PROFESSIONS COUNCIL OF SOUTH AFRICA, 2016; LEIGH et al., 2016; PANESAR et

al., 2016; PUN et al., 2015; CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE

SANTA CATARINA, 2013; GREEN; THOMAS, 2008; CONSELHO REGIONAL DE

MEDICINA DO DISTRITO FEDERAL, 2006; WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2006; MALAYSIAN MEDICAL COUNCIL, 2006; CONSELHO FEDERAL DE

MEDICINA, 2002; PATERSON; ALLEGA, 1999).

Os registros dos profissionais de enfermagem, por sua vez, contemplam a procedência

do paciente; condições de chegada; identificação do acompanhante; hábitos de vida;

antecedentes patológicos; presença de alergias; tratamento medicamentoso; condições gerais;

estado nutricional, aspectos referentes às eliminações fisiológicas; dispositivos em uso; exame

físico, pautado nos sistemas orgânicos; queixas; intercorrências; e cuidados realizados. Além

disso, insere-se nesse compêndio de dados, as informações referentes aos controles essenciais

– pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, temperatura e escore de dor

(BENEFICIÊNCIA PORTUGUESA DE SÃO PAULO, 2016; HEALTH PROFESSIONS

COUNCIL OF SOUTH AFRICA, 2016; INSTITUTE FOR THE STUDY OF ADULT

LITERACY, 2017; CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2015; CONSELHO

REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, 2015; KING et al., 2013; CONSELHO

FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2012; BRASIL, 2009; WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2006).

No entanto, não há completude desses itens na comunicação escrita dos médicos e da

equipe de enfermagem. Sobre isso, estudo realizado em hospitais de Melbourne, Austrália,

destacou a presença de registros imprecisos, o que prejudicou a tomada de decisão da equipe

em virtude de omissões de dados essenciais para o cuidado (BRAAF; RILEY; MANIAS,

2015).

No tocante aos registros de enfermagem, pesquisa realizada no Estado do Paraná,

Brasil, em hospital público universitário, revelou que 45% dos prontuários apresentaram

53

anotações de enfermagem incompletas e 7% dessas não estavam preenchidas (PADILHA;

HADDAD; MATSUDA, 2014).

Outro estudo, em Santa Catarina/Brasil identificou que os registros de enfermagem

não retrataram a real situação dos pacientes, bem como as intervenções são descritas de forma

ineficiente (ROJAHN et al., 2014).

Esses achados podem estar relacionados à deficiência dos recursos humanos, o que

gera uma maior demanda de atividades de cuidado e menor tempo para as anotações no

prontuário e déficit de conhecimento acerca da comunicação escrita, sobretudo, quanto à

estruturação dos registros, o que leva a perda de informações relevantes para a continuidade

do cuidado.

Como estratégia para minimizar essa deficiência de conhecimento sobre a estruturação

da comunicação escrita, elenca-se o acrônimo S.O.A.P, um método idealizado, em 1960, por

Lawrence Weed, que sistematiza a construção desses e otimiza o compartilhamento de

informações sobre o cuidado com a equipe multiprofissional (CONSELHO REGIONAL DE

ENFERMAGEM DE SÃO PAULO, 2013; WEED, 1968).

O S.O.A.P ou notas de evolução clínica é uma estratégia utilizada por profissionais de

saúde, em especial da medicina e enfermagem, que estrutura os registros de forma lógica.

Trata-se de uma das dimensões do Registro Clínico Orientado por Problemas (RCOP) e

estrutura-se da seguinte forma: 1) S (subjetivo) – queixas, sentimentos, anamnese e problemas

apresentados; 2) O (objetivo) – dados do exame físico e exame complementares; 3) A

(avaliação) – análise crítica das informações de “S” e “O”; e 4) P (plano) – proposta de

cuidado (CANTALE, 2003).

Além desses aspectos, as produções científicas abordaram as temáticas da segurança

na prescrição, uso e administração de medicamentos, a qual disserta sobre os princípios

básicos para a construção de uma prescrição de medicamento, como: identificação do

paciente, data da prescrição, letra legível e sem rasura, registros de alergias, ausência de

expressões vagas, prescrição completa – dose, forma farmacêutica, via de administração,

posologia, tempo e velocidade de infusão, diluente e volume -, e identificação do prescritor,

dentre outras recomendações (BENEFICIÊNCIA PORTUGUESA DE SÃO PAULO, 2016;

PANESAR et al., 2016; RAAF; RILEY; MANIAS, 2015; BRASIL, 2013c; CONSELHO

REGIONAL DE MEDICINA DO DISTRITO FEDERAL, 2006; PATERSON; ALEEGA,

1999).

Semelhante à comunicação escrita dos demais profissionais, estudos demonstram

fragilidades na elaboração da prescrição. A exemplo, análise de 2687 destas identificou a

54

presença de 13.512 erros, como: a dose incompleta, a ausência de forma farmacêutica e

abreviaturas, nome incompleto do paciente e inexistência da identificação do prescritor,

dentre outras (JACOBSEN; MUSSI; SILVEIRA, 2015).

Os erros em prescrições médicas podem ser produtos de diversos fatores, como: 1)

humanos – relativos ao profissional e paciente; 2) ambientais – alusivo à estrutura física e a

gestão de saúde; e 3) materiais, concernente aos insumos utilizados durante o cuidado

(OLIVEIRA, 2016). Frente a esse cenário, a OMS lançou em 2017 uma ação global para

mitigar em até 50% os EA graves e evitáveis (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).

Vale salientar que os fatores supracitados não estão apenas relacionados com os erros

em prescrições médicas, mas alcançam diversos EA, como as quedas, lesão por pressão (LPP)

e danos ao paciente durante cirurgias. Assim, a elaboração de medidas que garantem a SP

precisa estar em consonância com esses aspectos.

Assim, os resultados demostraram que a comunicação escrita dos profissionais de

saúde no ambiente hospitalar envolve elementos comuns aos registros da equipe

multiprofissional e àqueles referentes às informações assistenciais de cada categoria. Além

disso, destaca a importância de registro para a prevenção de incidentes.

6.2 Identificação do paciente nos registros dos profissionais de saúde

A identificação do paciente, na perspectiva da comunicação escrita deste estudo,

compreende a presença do preenchimento dos cabeçalhos nos registros dos profissionais a

partir de informações acerca do paciente – nome, filiação, data de nascimento – e do ambiente

de saúde – sigla e local de internação.

Nesse sentido, realizou-se 6.312 análises de cabeçalhos. Desse valor, 56 (1%) foram

consideradas adequadas, 6.141 (97%) inadequadas e 115 (2%) categorizadas como “não tem”,

ou seja, havia a presença do registro mas sem nenhum elemento que identificasse o paciente.

Ao explorar os cabeçalhos dos registros por cada categoria profissional, evidenciou-

se que, do total de 6.312 análises, cerca de 31% (n=1.941) eram alusivas às evoluções

médicas. A caracterização “tem inadequado” prevaleceu em todos os dez dias (Tabela 1).

55

Tabela 1 – Identificação do paciente nos cabeçalhos das evoluções médicas durante os dez

dias de internação (n=1.941) - Natal/RN - 2017.

Variável

Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10

N= 186 N= 193 N= 197 N= 199 N= 197 N= 196 N= 194 N= 193 N= 193 N= 193

n% n% n% n% n% n% n% n% n% n% Não tem 08 05 07 07 05 06 04 06 06 09

4,3% 2,6% 3,6% 3,5% 2,5% 3,1% 2,1% 3,1% 3.1% 4,7%

Tem

adequado

13 01 00 00 00 01 00 00 00 00

7,0% 0,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Tem

inadequado

165 187 190 192 192 189 190 187 187 184

88,7% 96,9% 96,4% 96,5% 97,5% 96,4% 97,9% 96,9% 96,9% 95,3%

Quanto às anotações da equipe de enfermagem, o conjunto de análises diárias

totalizou 4.187 (66%) - esse valor se refere aos dados presentes nos registros dos técnicos de

enfermagem e enfermeiros e controles essenciais. Semelhante aos resultados da tabela 1,

ocorreu a predominância da variável “tem inadequado” (Tabela 2).

Tabela 2 – Identificação do paciente nos cabeçalhos das anotações da equipe de enfermagem

durante os dez dias de internação (n=4.187) - Natal/RN - 2017.

Variável

Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10

N= 385 N= 426 N= 424 N= 422 N= 427 N= 417 N= 420 N= 423 N= 427 N= 416

n% n% n% n% n% n% n% n% n% n% Não tem 04 03 04 08 04 06 04 07 06 06

1,0% 0,7% 0,9% 1,9% 0,9% 1,4% 1,0% 1,7% 1,4% 1,4%

Tem

adequado

03 03 01 02 00 03 01 00 01 02

0,8% 0,7% 0,2% 0,5% 0,0% 0,7% 0,2% 0,0% 0,2% 0,5%

Tem

inadequado

378 420 419 413 423 408 415 416 420 408

98,2% 98,6% 98,8% 97,9% 99,1% 97,8% 98,8% 98,3% 98,4% 98,1%

Os cabeçalhos dos pareceres médicos e das demais categorias profissionais, serviço

social, fisioterapia, nutrição, psicologia e fonoaudiologia totalizou o quantitativo de 184 (3%),

também, foram categorizados como inadequados (Tabela 3).

56

Tabela 3 - Identificação do paciente nos cabeçalhos dos pareceres da medicina,

fisioterapia, serviço social, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e nutrição

(n=184) - Natal/RN - 2017.

Variável

Medicina

N=78

Serviço

social

N=52

Fisioterapia

N= 28

Nutrição

N= 18

Psicologia

N= 4

Fonoaudiologia

N=4

n% n% n% n% n% n% Não tem 00

0,0%

00

0,0%

00

0,0%

00

0,0%

00

0,0%

00

0,0%

Tem

adequado

10

12,9%

09

17,3%

02

7,1%

02

11,1%

02

50%

0

0,0%

Tem

inadequado

68

87,1%

43

82,7%

26

92,9%

16

88,9%

2

50%

4

100%

Os resultados apresentados revelam elevado nível de inadequação no preenchimento

dos cabeçalhos. No que refere a isso, os autores Neto Júnior (2016) e Johnson et al. (2014),

em seus estudos confirmaram essas inadequações.

A exemplo, pesquisa realizada na Austrália, a qual avaliou a comunicação escrita e

falada a partir das ferramentas de transferências de informações - The Nursing Handover

Minimum Dataset (NH-MDS) e Identification of the patient and clinical risks, clinical

history/presentation, clinical status, care plan and outcomes/goals of care (ICCCO) –

demonstrou que apenas 3,3% das anotações de enfermagem estavam com a identificação

correta do paciente (JOHNSON et al., 2014), conjuntura que contribui negativamente para a

segurança do paciente.

Desse modo, supõe-se que algumas situações podem potencializar e/ou assegurar essa

realidade, como a falta de tempo em virtude da alta demanda de atividades nos ambientes

hospitalares e das precariedades nos recursos humanos dos serviços de saúde.

Em congruência com essa assertiva, um estudo realizado em São Paulo revelou que

78% dos EA são ocasionados pela sobrecarga de trabalho (NOVARETTI et al., 2016) e, por

conseguinte, das debilidades nas esferas do cuidado ofertado, como a comunicação escrita.

No que diz respeito aos dados de identificação do paciente explorados – nome

completo, data de nascimento, filiação, número do registro no serviço de saúde, local de

internação e sigla da instituição -, as principais não conformidades foram a ausência de data

de nascimento e filiação.

Nesse interim, quando se investigou as evoluções médicas, constatou-se uma

frequência de 6.165 não conformidades - soma das análises/dia da ausência de cada elemento

57

do cabeçalho -, onde mais de 61% foi representada pela ausência da data de nascimento e

filiação, respectivamente (Figura 10).

Figura 10 – Dados de identificação do paciente para evoluções médicas (n=1.941).

Natal/RN, 2017.

Achados similares foram identificados nas anotações da equipe de enfermagem.

Assim, as não conformidades relativas a data de nascimento e filiação, conjuntamente,

resultaram em uma frequência de inadequação de 8.186 (65%), durante o período de

internação dos pacientes (Figura 11).

58

Figura 11 – Dados de identificação do paciente das anotações da equipe de enfermagem

(n=4.187). Natal/RN, 2017.

Quanto aos cabeçalhos dos pareceres, percebe-se que 159 (83,7%) desses encontram-

se em não conformidade, sendo a filiação e data de nascimento responsáveis por 62% dos

dados ausentes (Figura 12).

Frente aos resultados deste estudo, as ações para melhoria da identificação do paciente

na comunicação escrita nos hospitais investigados devem focar principalmente no

preenchimento adequado dos cabeçalhos quanto à data de nascimento e filiação.

Para tanto, algumas recomendações devem ser orientadas/seguidas pela equipe: 1)

redação legível dos dados, o uso da data de nascimento no formato DD/MM/AAAA; 2)

empregar, preferencialmente, no campo de registro da filiação, o nome completo da mãe do

paciente (BRASIL, 2013d); e 3) preencher essas informações conforme documentos de

identificação civil.

59

Figura 12 - Dados de identificação do paciente nos registros dos pareceres da medicina,

fisioterapia, social, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia e nutrição (n=184).

Natal/RN, 2017

Salienta-se ainda que, como as falhas no processo de identificação do paciente iniciam

no momento da admissão, deve-se atentar para os equívocos decorrentes de nomes difíceis e

de outras nacionalidades, bem como para a imprecisão da data de nascimento (BRASIL,

2013d).

Nessa perspectiva, a fim de minimizar as falhas no processo de identificação do

paciente, a Organização Mundial de Saúde destaca a importância da utilização da pulseira

com dois identificadores: nome completo do paciente e/ou data de nascimento e/ou número do

registro no serviço de saúde e/ou nome completo da mãe (BRASIL, 2013d). Essas

informações, por sua vez, possibilitam que o profissional confirme com aquelas contidas no

prontuário.

Contudo, alerta-se que a adoção da pulseira sem ações que assegurem o

preenchimento adequado dos cabeçalhos dos registros profissionais não garante a

identificação correta do paciente, pois esta é uma etapa basilar para a concretização dessa.

6.3 Conteúdo das evoluções médicas

60

Foram realizadas 1.941 avaliações dos impressos concernentes às evoluções médicas,

do período de dez dias de internação do paciente e constatou-se que 186 registros foram

desenvolvidos no momento da admissão (Figura 13).

Figura 13 – Quantitativo de registro médicos por dia durante os dez primeiros dias de

internação do paciente (n=1.941). Natal/RN, 2017.

Quanto ao conteúdo das evoluções médicas no momento da admissão, os médicos

adotaram informações relativas à hipótese diagnóstica/diagnóstico, queixa principal, conduta

terapêutica e duração do quadro clínico (Tabela 4).

61

Tabela 4 – Análise da composição dos registros admissionais realizados pelos profissionais

médicos (n=186) - Natal/RN - 20171.

1 No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a evolução médica relativa à admissão.

Assim, a revisão dos registros diários ocorreu do segundo ao décimo dia.

Dentre os seis elementos avaliados nas evoluções diárias (Tabela 5), destacaram-se a

hipótese diagnóstica, condutas terapêuticas, exame físico direcionado e procedimentos

realizados.

REGISTROS DE ADMISSÃO Não Sim

VARIÁVEL N % N %

Queixa principal 29 16% 157 84%

Duração do quadro clínico 59 32% 127 68%

Hipótese diagnóstica/diagnóstico 19 10% 167 90%

Anamnese História da doença atual 62 33% 124 67%

Antecedentes pessoais e familiares 119 64% 67 36%

Hábitos 113 61% 73 39%

Condições de moradia 117 63% 69 37%

Doenças concomitantes 88 47% 98 53%

Exame físico - estado geral 77 41% 109 59%

Exame físico - mucosa e

pele

Mucosas 96 52% 90 48%

Pele 94 51% 92 49%

Exame físico – cabeça Visão 132 71% 54 29%

Audição 141 76% 45 24%

Exame físico – pescoço e

gânglios

Gânglios 125 67% 61 33%

Pescoço 108 58% 78 42%

Exame físico – tórax Ausculta pulmonar e cardíaca 84 45% 102 55%

Exame físico – mamas 117 63% 69 37%

Exame físico – abdome Inspeção 81 44% 105 56%

Palpação 83 45% 103 55%

Percussão 90 48% 96 52%

Ausculta 86 46% 100 54%

Exame físico – pelve Períneo 145 78% 41 22%

Ânus 145 78% 41 22%

Toque anorretal 150 81% 36 19%

Genitália externa 151 81% 35 19%

Exame físico - coluna vertebral 134 72% 52 28%

Exame físico – membros e

articulações

Membros 100 54% 86 46%

Articulações 107 58% 79 42%

Exame físico – sistema

nervoso

Sensibilidade 136 73% 50 27%

Reflexos 129 69% 57 31%

Procedimentos realizados 63 34% 123 66%

Resultados laboratoriais 83 45% 103 55%

Resultados de exame de imagem 76 41% 110 59%

Conduta terapêutica 36 19% 150 81%

62

Tabela 5 – Registros médicos diários durante os dez dias de internação do paciente (n= 1.755) - Natal/RN – 20171.

Variável

Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10

N= 193 N= 197 N= 199 N= 197 N= 196 N= 194 N= 193 N=193 N= 193

n% n% n% n% n% n% n% n% n%

Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim

Hipótese

diagnóstica/diagnóstico

18 175 17 180 22 177 15 182 19 177 18 176 18 175 20 173 22 171

9% 91% 9% 91% 11% 89% 8% 92% 10% 90% 9% 91% 9% 91% 10% 90% 11% 89%

Exame físico direcionado 48 145 47 150 53 146 51 146 47 149 45 149 44 149 48 145 45 148

25% 75% 24% 76% 27% 73% 26% 74% 24% 76% 23% 77% 23% 77% 25% 75% 23% 77%

Procedimentos realizados 46 147 45 152 49 150 47 150 45 151 47 147 47 146 49 144 51 142

24% 76% 23% 77% 25% 75% 24% 76% 23% 77% 24% 76% 24% 76% 25% 75% 26% 74%

Intercorrências 84 109 84 113 84 115 86 111 78 118 80 114 72 121 80 113 77 116

44% 56% 43% 57% 42% 58% 44% 56% 40% 60% 41% 59% 37% 63% 41% 59% 40% 60%

Resultados laboratoriais e

de imagem

78 115 79 118 77 122 75 122 71 125 72 122 69 124 73 120 72 121

40% 60% 40% 60% 39% 61% 38% 62% 36% 64% 37% 63% 36% 64% 38% 62% 37% 63%

Condutas terapêuticas 25 168 38 159 34 165 37 160 34 162 34 160 29 164 32 161 30 163

13% 87% 19% 81% 17% 83% 19% 81% 17% 83% 18% 82% 15% 85% 17% 83% 16% 84%

1 No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a evolução médica relativa à admissão. Assim, a revisão dos registros diários ocorreu do

segundo ao décimo dia.

63

Os resultados supracitados estão coerentes com pesquisa desenvolvida no Espírito

Santo/Brasil, onde se percebeu que 99,2% dos prontuários avaliados estavam preenchidos

pela queixa principal e história da doença atual, 74,1% pela hipótese diagnóstica e 91,2% pelo

plano terapêutico (ALVES; SZPILMAN; POTON, 2015).

Dessa forma, embora a Resolução do CFM Nº 1638/2002 (CONSELHO FEDERAL

DE MEDICINA, 2002) oriente um registro admissional com abordagem aprofundada e que

contemple a anamnese ampliada, exames físico e complementares, entre outros, há um adendo

em que, nas situações emergenciais, onde são inviáveis a coleta adequada da história clínica

do paciente, pode-se desenvolver um relato médico específico, com informações sobre os

procedimentos realizados. Esse aspecto permite caracterizar, então, conformidade/legalidade

dos achados descritos.

Nos registros com abordagem aprofundada, a estruturação de seus conteúdos pode

ser norteada pelo Registro Clínico Orientado por Problemas (RCOP), o qual possui três

pilares básicos: dados da pessoa, lista de problemas e as notas de evolução clínica (notas

SOAP) (DEMARZO et al., 2017).

Além deste, tem-se a proposta de Donnelly (2005), validado pelos autores França et

al. (2015), o qual valorizam a escuta atenta, bem como uma anamnese centrada na pessoa. Os

elementos que devem compor o registro são: preocupações do paciente, história da doença

sob a ótica biológica e na perspectiva do paciente e lista de problemas.

No que tange ao momento da admissão, dos 80% de não conformidades, destaca-se a

ausência de relato sobre alguns dos aspectos do exame físico e anamnese (Figura 14).

64

Figura 14 - Evoluções médicas no momento da admissão (n=186). Brasil/RN, 2017.

148 136 134 132 116 103 100 100 95 85 83 77 76 63 59 36 29 19

9% 18%

26%

34%

41%

47%

53%

59%

65% 70%

75% 80%

85%

91% 95% 97% 99% 100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Po

rce

nta

gem

acu

mu

lad

a

Qu

anti

dad

e d

e n

ão c

on

form

idad

e

65

Já as não conformidades dos registros diários estavam voltadas, especialmente, aos

dados de intercorrências, resultados laboratoriais, de imagem e exame físico específico

(Figura 15).

Figura 15 - Evoluções médicas diárias (n= 1.755). Brasil/RN, 2017.

Sobre os resultados da figura acima percebe-se a necessidade de um maior incentivo

quanto ao uso de informações sobre o exame físico do paciente, aspecto que contradiz com os

achados de Alves, Szpilman e Poton (2015), o qual evidenciou a presença do exame físico

segmentar em 93,4% dos prontuários.

Salienta-se que a presença dessas informações nas evoluções médicas é normatizada

por pressupostos legais, os quais afirmam a obrigatoriedade do exame físico da “pele e

anexos, sistema olfatório e gustativo, visual, auditivo, sensitivo sensorial, cardiocirculatório e

linfático, osteomuscular e articular, gênito-urinário e neurológico com avaliação da

capacidade mental” (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2013).

Ainda sobre essa temática, há uma preocupação acerca do uso demasiado dos exames

complementares como meios principais para a tomada de decisão médica. Nessa perspectiva,

Silva (2013) conclui que o exame físico não pode ser subutilizado e que frente aos avanços no

66

setor saúde, o médico terá que, em algumas situações confrontar os dados obtidos por meios

tecnológicos, como as memórias informatizadas.

6.4 Conteúdo das anotações da equipe de enfermagem

Foram realizadas 4.187 avaliações diárias dos registros da equipe de enfermagem.

Desse valor, 1.924 (46%) são relativas aos controles essenciais, 2.202 (53%) às anotações dos

técnicos de enfermagem e 61(1%), do enfermeiro.

Constatou-se que 191 (5%) impressos não apresentaram dados suficientes para

definir a categoria profissional (enfermeiro ou técnico) e, portanto, não se apreciou os seus

conteúdos – descrição dos aspectos inerentes ao cuidado -, apenas as informações acerca da

identificação do paciente e do profissional, presença da data, hora, letra legível, rasura e

abreviaturas e siglas não padronizadas.

Atenta-se que as anotações do técnico de enfermagem foram mais frequentes do que

a dos enfermeiros. Esse aspecto foi confirmado por Silva et al. (2016), que destacaram ainda o

possível distanciamento dos enfermeiros das atividades assistenciais.

No tocante aos dados do técnico de enfermagem, observou-se a presença de 604

impressos com anotações - 24 são do dia de admissão-, distribuídas da seguinte forma: 205

(33,9%) relativas ao turno da manhã, 189 (31,3%) ao da tarde e 210 (34,8%) ao da noite

(Figura 16).

67

Figura 16 – Quantitativo de anotações do técnico de enfermagem por turno durante os dez

primeiros dias de internação do paciente (n=2.202). Natal/RN, 2017.

Os conteúdos das anotações admissionais contemplavam, principalmente, as

informações acerca do nível de consciência, uso de dispositivos e estado nutricional do

paciente (Tabela 6).

68

Tabela 6 - Anotações admissionais do técnico de enfermagem quanto ao seu conteúdo (n =24)

- Natal/RN - 20171.

ANOTAÇÕES DE ADMISSÃO Não Sim

VARIÁVEL N % N %

Procedência do paciente 18 75% 6 25%

Identificação do acompanhante 21 88% 3 13%

Condições de chegada 19 79% 5 21%

Doenças concomitantes 17 71% 7 29%

Hábitos de vida 23 96% 1 4%

Presença de alergias 23 96% 1 4%

Uso de medicamentos Tipo 21 88% 3 13%

Dosagem 19 79% 5 21%

Frequência 20 83% 4 17%

Condições gerais - nível de consciência 5 21% 19 79%

Condições gerais – humor 20 83% 4 17%

Condições gerais - higiene pessoal 19 79% 5 21%

Condições gerais – atitude 21 88% 3 13%

Condições gerais - coloração da pele 21 88% 3 13%

Condições gerais - estado nutricional 14 58% 10 42%

Condições gerais – locomoção 20 83% 4 17%

Condições gerais - eliminações Tipo 20 83% 4 17%

Consistência 20 83% 4 17%

Odor 18 75% 6 25%

Coloração 18 75% 6 25%

Dispositivos 7 29% 17 71%

Queixas do paciente 18 75% 6 25%

Orientações ao paciente/acompanhante 19 79% 5 21% 1No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a anotação do técnico de enfermagem

relativa à admissão. Assim, a revisão dos registros diários ocorreu do segundo ao décimo dia.

Já as análises das anotações diárias apontaram que os dados de nível de consciência,

uso de dispositivos, cuidados e procedimentos realizados e intercorrências (Tabela 7).

69

Tabela 7 – Anotações diárias do técnico de enfermagem quanto ao seu conteúdo (n= 336) - Natal/RN, 20171.

Variável

Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10

N= 35 N= 37 N= 35 N= 41 N= 39 N= 32 N= 40 N=38 N= 39

n% n% n% n% n% n% n% n% n%

Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim

Condições gerais - nível de

consciência

3 32 1 36 3 32 3 38 2 37 1 31 4 36 2 36 0 39

9% 91% 3% 97% 9% 91% 7% 93% 5% 95% 3% 97% 10% 90% 5% 95% 0% 100%

Condições gerais - humor 27 8 27 10 28 7 31 10 27 12 25 7 30 10 29 9 29 10

77% 23% 73% 27% 80% 20% 76% 24% 69% 31% 78% 22% 75% 25% 76% 24% 74% 26%

Condições gerais - higiene

pessoal

19 16 22 15 20 15 26 15 21 18 17 15 22 8 20 18 23 16

54% 46% 59% 41% 57% 43% 63% 37% 54% 46% 53% 47% 55% 20% 53% 47% 59% 41%

Condições gerais – atitude 27 8 30 7 28 5 34 7 32 7 27 5 33 7 31 7 32 7

77% 23% 81% 19% 80% 14% 83% 17% 82% 18% 84% 16% 83% 18% 82% 18% 82% 18%

Condições gerais - coloração

da pele

26 9 28 9 27 8 32 9 30 9 24 8 30 10 29 9 31 8

74% 26% 76% 24% 77% 23% 78% 22% 77% 23% 75% 25% 75% 25% 76% 24% 79% 21%

Condições gerais - estado

nutricional

24 11 23 14 24 11 28 13 24 15 23 9 26 14 24 14 23 16

69% 31% 62% 38% 69% 31% 68% 32% 62% 38% 72% 28% 65% 35% 63% 37% 59% 41%

Condições gerais –

locomoção

29 6 32 5 30 5 32 9 30 9 23 9 32 8 29 9 32 7

83% 17% 86% 14% 86% 14% 78% 22% 77% 23% 72% 28% 80% 20% 76% 24% 82% 18%

Condições

gerais -

eliminações

Tipo 18 17 18 19 17 18 22 19 21 18 18 14 22 18 20 18 19 20

51% 49% 49% 51% 49% 51% 54% 46% 54% 46% 56% 44% 55% 45% 53% 47% 49% 51%

Consistência 32 3 34 7 31 4 36 5 35 4 28 4 36 4 34 4 35 4

91% 9% 92% 19% 89% 11% 88% 12% 90% 10% 88% 13% 90% 10% 89% 11% 90% 10%

Odor 30 5 34 3 29 6 34 7 33 6 27 5 34 6 32 6 33 6

86% 14% 92% 8% 83% 17% 83% 17% 85% 15% 84% 16% 85% 15% 84% 16% 85% 15%

Coloração 32 3 34 3 31 4 35 6 33 6 25 7 35 5 32 6 35 4

91% 9% 92% 8% 89% 11% 85% 15% 85% 15% 78% 22% 88% 13% 84% 16% 90% 10%

Dispositivos 5 30 5 32 5 30 6 35 4 35 5 27 4 36 4 34 4 35

14% 86% 14% 86% 14% 86% 15% 85% 10% 90% 16% 84% 10% 90% 11% 89% 10% 90%

Queixas do paciente 5 30 17 20 17 18 23 18 22 17 19 13 23 17 23 15 22 17

14% 86% 46% 54% 49% 51% 56% 44% 56% 44% 59% 41% 58% 43% 61% 39% 56% 44%

Orientações ao

paciente/acompanhante

32 3 34 3 32 3 35 6 31 8 26 6 33 7 33 5 35 4

91% 9% 92% 8% 91% 9% 85% 15% 79% 21% 81% 19% 83% 18% 87% 13% 90% 10%

70

Cuidados e procedimentos

realizados

7 28 19 18 8 27 10 31 11 28 8 24 10 30 9 29 10 29

20% 80% 51% 49% 23% 77% 24% 76% 28% 72% 25% 75% 25% 75% 24% 76% 26% 74%

Procedimentos e

intercorrências

17 18 16 21 17 18 2 39 18 21 18 14 22 18 20 18 22 17

49% 51% 43% 57% 49% 51% 5% 95% 46% 54% 56% 44% 55% 45% 53% 47% 56% 44% 1No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a anotação do técnico de enfermagem relativa à admissão. Assim, a revisão dos registros diários

ocorreu do segundo ao décimo dia.

71

As não conformidades dos registros de admissão estavam centradas nos dados

associados aos hábitos de vida; presença de alergia; identificação do acompanhante; uso de

medicamento quanto ao tipo; condições gerais acerca da atitude e coloração da pele; dentre

outros (Figura 17).

Já nas anotações diárias, constatou-se a ausência dos aspectos acerca das eliminações

fisiológicas quanto à consistência, coloração e odor; orientações ao paciente/acompanhante; e

condições gerais como atitude, locomoção, humor, estado nutricional e higiene pessoal do

paciente (Figura 18).

72

Figura 17 – Anotações do técnico de enfermagem no momento da admissão (n= 24). Natal/RN, 2017.

23 23 21 21 21 20 20 20 19 19 19 19 18 18 17 14 12 7 7 5 7%

14% 20%

26% 32%

38% 44%

50% 56%

62% 68%

74% 79%

84% 89%

92% 95% 97% 99% 100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

5

10

15

20

25

Po

rce

nta

gem

acu

mu

lad

a

Qu

anti

dad

e d

e n

ão c

on

form

idad

e

73

Figura 18 – Anotações diárias do técnico de enfermagem (n= 336). Natal/RN, 2017.

74

Diante do exposto, evidencia-se que os achados revelam que os registros dos técnicos

de enfermagem se configuram como superficiais e incompletos, o que está em congruência

com outros estudos (SILVA et al., 2017; SILVA et al., 2016; SILVEIRA et al., 2015;

CAVEIÃO et al., 2014; ROJONH et al., 2014), os quais destacam uma escrita mecânica, com

informações repetidas e sem representar a real situação do paciente.

Entre as causas apresentadas para as não conformidades nos registros desses

profissionais, como também dos enfermeiros, estão à sobrecarga de trabalho, déficit dos

recursos humanos, desconhecimento da legalidade dos registros, ausência de qualificação e

utilização dos prontuários eletrônicos (SILVA et al., 2017), substituição da comunicação

escrita pela verbal (CAVEIÃO et al., 2014), entre outras.

A exemplo do déficit dos recursos humanos vivenciados no Brasil, cita-se a realidade

de Santa Catarina, em 2013, onde se evidenciou, a partir dos Cálculos de Dimensionamento

de Pessoal1, a deficiência de 882 enfermeiros e 803 técnicos/auxiliares de enfermagem

(CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA, 2017). Destaca,

ainda, que possivelmente essa realidade seja semelhante nos demais estados brasileiros, como

no Rio Grande do Norte.

Já os resultados a respeito dos controles essenciais apontaram o quantitativo de 4.644

registros, desses 1.621 (35%) foram realizados no turno da manhã, 1.412 (30%) da tarde e

1.611 (35%) da noite. Constatou-se que 416 prontuários não possuíam essas informações

(Figura 19).

1O Cálculo de Dimensionamento Pessoal é descrito na Resolução nº 543, de 18 de abril de 2017, do Conselho

Federal de Enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2017c).

75

Figura 19 – Quantitativo de registro dos controles essenciais durante os dez

primeiros dias de internação do paciente (n= 4.644). Natal/RN, 2017.

No que diz respeito ao conteúdo dos controles essenciais das 1.924 análises diárias,

1.167 (61%) apresentaram a presença da variável unidade de medida após o registro do sinal

vital e 757 (39%) a ausência desta.

Sobre esse quesito, estudo realizado em Londrina/Paraná revelou inadequações no

conteúdo dos controles essenciais (MAZIERO et al., 2013).

Os controles essenciais compreendem um indicador imprescindível de cuidado

seguro (TEIXEIRA et al., 2017). Assim, os registros devem ser preenchidos adequadamente,

mediante valores exatos e precisos – com uma parte numérica e a outra, com a unidade de

medida (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2017a; BRASIL, 2014b).

Em relação ao conteúdo dos registros dos enfermeiros, avaliou-se 101 anotações - 19

de cunho admissional -, sendo 39 (38,6%) do turno da manhã, 29 (28,7%) da tarde e 33

(32,7%) da noite (Figura 20).

76

Figura 20 – Quantidade de anotações do enfermeiro durante os dez primeiros

dias de internação do paciente (n= 101). Natal/RN, 2017.

Sobre o conteúdo das anotações do enfermeiro, observou-se que tanto no momento

da admissão quanto nos demais dias de internação, mas com porcentagens distintas, as

principais informações utilizadas foram às condições gerais acerca do nível de consciência,

seguido dos cuidados, procedimentos realizados, intercorrências, estado nutricional e uso de

dispositivos (Tabela 8 e 9).

77

Tabela 8 – Anotações admissionais do enfermeiro quanto ao seu conteúdo (n=19) - Natal/RN

- 20171.

ANOTAÇÃO DE ADMISSÃO Não Sim

VARIÁVEL N % N %

Procedência do paciente 16 84% 3 16%

Identificação do acompanhante 18 95% 1 5%

Condições de chegada 17 89% 2 11%

Doenças concomitantes 13 68% 6 32%

Hábitos de vida 16 84% 3 16%

Presença de alergia 16 84% 3 16%

Uso de medicamento Tipo 16 84% 3 16%

Dosagem 16 84% 3 16%

Frequência 16 84% 3 16%

Condições gerais - nível de consciência 4 21% 15 79%

Condições gerais – humor 15 79% 4 21%

Condições gerais - higiene pessoal 15 79% 4 21%

Condições gerais – atitude 15 79% 4 21%

Condições gerais - coloração da pele 18 95% 1 5%

Condições gerais - estado nutricional 11 58% 8 42%

Condições gerais - eliminações Tipo 12 63% 7 37%

Consistência 18 95% 1 5%

Odor 18 95% 1 5%

Coloração 18 95% 1 5%

Dispositivos 11 58% 8 42%

Queixas do paciente 13 68% 6 32%

Orientação do paciente/acompanhante 18 95% 1 5%

Exame físico - sistema neurológico 16 84% 3 16%

Exame físico - sistema respiratório 16 84% 3 16%

Exame físico - sistema digestivo 16 84% 3 16%

Exame físico - sistema cardiovascular 16 84% 3 16%

Exame físico - sistema nutricional 17 89% 2 11%

Exame físico - sistema locomotor 17 89% 2 11%

Exame físico - sistema geniturinário 18 95% 1 5%

Cuidados e procedimentos realizados 9 47% 10 53%

Intercorrências 10 53% 9 47% 1No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a anotação do técnico de enfermagem

relativa à admissão. Assim, a revisão dos registros diários ocorreu do segundo ao décimo dia.

Nesse sentido, observa-se que as variáveis cuidados e procedimentos realizados,

nível de consciência e dispositivos apresentaram percentuais superiores à 50%.

78

Tabela 9 – Anotações diárias do enfermeiro quanto ao seu conteúdo (n=42). Natal/RN, 20171.

Variável

Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 Dia 7 Dia 8 Dia 9 Dia 10

N= 9 N= 3 N= 6 N= 4 N= 4 N= 4 N= 2 N=8 N= 2

n% n% n% n% n% n% n% n% n%

Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim

Condições gerais - nível de

consciência

2

22%

7

78%

1

33%

2

67%

0

0%

6

100%

1

25%

3

75%

2

50%

2

50%

1

25%

3

75%

0

0%

2

100%

3

38%

5

63%

2

100%

0

0%

Condições gerais – humor 6

67%

3

33%

1

33%

2

67%

4

67%

2

33%

2

50%

2

50%

3

75%

1

25%

1

25%

3

75%

1

50%

1

50%

5

63%

3

38%

2

100%

0

0%

Condições gerais - higiene

pessoal

6

67%

3 2 1 4 2 2 2 3 1 1 3 1 1 6 2 2 0

33% 67% 33% 67% 33% 50% 50% 75% 25% 25% 75% 50% 50% 75% 25% 100% 0%

Condições gerais - atitude 6 3 2 1 4 2 2 2 3 1 3 1 1 1 6 2 2 0

67% 33% 67% 33% 67% 33% 50% 50% 75% 25% 75% 25% 50% 50% 75% 25% 100% 0%

Condições gerais -

coloração da pele

8 1 3 0 5 1 3 1 3 1 1 3 1 1 6 2 2 0

89% 11% 100% 0% 83% 17% 75% 25% 75% 25% 25% 75% 50% 50% 75% 25% 100% 0%

Condições gerais - estado

nutricional

5 4 2 1 4 2 2 2 4 0 1 3 0 2 5 3 2 0

56% 44% 67% 33% 67% 33% 50% 50% 100% 0% 25% 75% 0% 100% 63% 38% 100% 0%

Condições gerais -

locomoção

7 2 2 1 4 2 3 1 3 1 1 3 0 2 4 4 2 0

78% 22% 67% 33% 67% 33% 75% 25% 75% 25% 25% 75% 0% 100% 50% 50% 100% 0%

Condições

gerais -

eliminações

Tipo 7 2 2 1 3 3 1 3 3 1 3 1 1 1 5 3 2 0

78% 22% 67% 33% 50% 50% 25% 75% 75% 25% 75% 25% 50% 50% 63% 38% 100% 0%

Consistência 7 2 3 0 5 1 3 1 4 0 3 1 0 2 6 2 2 0

78% 22% 100% 0% 83% 17% 75% 25% 100% 0% 75% 25% 0% 100% 75% 25% 100% 0%

Odor 8 1 3 0 5 1 3 1 4 0 3 1 0 2 6 2 2 0

89% 11% 100% 0% 83% 17% 75% 25% 100% 0% 75% 25% 0% 100% 75% 25% 100% 0%

Coloração 7 2 3 0 5 1 3 1 4 0 3 1 0 2 6 2 2 0

78% 22% 100% 0% 83% 17% 75% 25% 100% 0% 75% 25% 0% 100% 75% 25% 100% 0%

Dispositivos 3 6 1 2 2 4 2 2 2 2 1 3 0 2 2 6 2 0

33% 67% 33% 67% 33% 67% 50% 50% 50% 50% 25% 75% 0% 100% 25% 75% 100% 0%

Queixas do paciente 5 4 2 1 2 4 3 1 2 2 1 3 1 1 4 4 2 0

56% 44% 67% 33% 33% 67% 75% 25% 50% 50% 25% 75% 50% 50% 50% 50% 100% 0%

Orientações ao

paciente/acompanhante

8 1 3 0 4 2 3 1 2 2 3 1 1 1 6 2 2 0

89% 11% 100% 0% 67% 33% 75% 25% 50% 50% 75% 25% 50% 50% 75% 25% 100% 0%

Exame físico - sistema

neurológico

7 2 2 1 5 1 3 1 3 1 3 1 0 2 5 3 2 0

78% 22% 67% 33% 83% 17% 75% 25% 75% 25% 75% 25% 0% 100% 63% 38% 100% 0%

79

Exame físico - sistema

respiratório

7 2 2 1 5 1 3 1 3 1 3 1 0 2 5 3 2 0

78% 22% 67% 33% 83% 17% 75% 25% 75% 25% 75% 25% 0% 100% 63% 38% 100% 0%

Exame físico - sistema

digestivo

7 2 2 1 5 1 3 1 3 1 3 1 0 2 5 3 2 0

78% 22% 67% 33% 83% 17% 75% 25% 75% 25% 75% 25% 0% 100% 63% 38% 100% 0%

Exame físico - sistema

cardiovascular

7 2 2 1 6 0 2 2 4 0 3 1 0 2 5 3 2 0

78% 22% 67% 33% 100% 0% 50% 50% 100% 0% 75% 25% 0% 100% 63% 38% 100% 0%

Exame físico - sistema

nutricional

6 3 1 2 4 2 3 1 3 1 3 1 1 1 5 3 2 0

67% 33% 33% 67% 67% 33% 75% 25% 75% 25% 75% 25% 50% 50% 63% 38% 100% 0%

Exame físico - sistema

locomotor

7 2 2 1 6 0 2 2 4 0 3 1 1 1 7 1 2 0

78% 22% 67% 33% 100% 0% 50% 50% 100% 0% 75% 25% 50% 50% 88% 13% 100% 0%

Exame físico - sistema

geniturinário

7 2 2 1 6 0 2 2 4 0 1 3 1 1 7 1 1 1

78% 22% 67% 33% 100% 0% 50% 50% 100% 0% 25% 75% 50% 50% 88% 13% 50% 50%

Cuidados e procedimentos

realizados

0 9 0 3 2 4 2 2 2 2 1 3 0 2 2 6 1 1

0% 100% 0% 100% 33% 67% 50% 50% 50% 50% 25% 75% 0% 100% 25% 75% 50% 50%

Intercorrências 5 4 2 1 4 2 1 3 2 2 0 4 0 2 2 6 2 0

56% 44% 67% 33% 67% 33% 25% 75% 50% 50% 0% 100% 0% 100% 25% 75% 100% 0% 1No primeiro dia de internação do paciente avaliou-se somente a anotação do técnico de enfermagem relativa à admissão. Assim, a revisão dos registros diários

ocorreu do segundo ao décimo dia.

80

Após análise dos resultados sobre as anotações admissionais observou-se que as não

conformidades dos registros no momento admissional convergiam para os dados de

identificação do acompanhante, coloração da pele, eliminações; orientação do

paciente/acompanhante; aspectos sobre exame físico, hábitos de vida e presença de alergia;

dentre outros (Figura 21).

Alguns desses elementos – eliminações e achados do exame físico – também foram

identificados nos escritos diários do enfermeiro, conforme descrito na Figura 22.

81

Figura 21 – Anotações admissionais do enfermeiro (n= 19). Brasil/RN, 2017.

18 18 18 18 17 17 17 17 16 16 16 16 16 16 16 16 15 15 15 13 13 11 11 10 9 4

5%

10% 15% 20%

24% 28%

32% 36%

40% 44%

48% 52%

56% 60%

64% 68%

72% 76%

80% 83%

86% 89% 92% 95% 97% 100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Po

rce

nta

gem

acu

mu

lad

a

Qu

anti

dad

e d

e n

ão c

on

form

idad

e

82

Figura 22 - Anotações diárias do enfermeiro (n= 42). Brasil/RN, 2017.

34 32 32 32 31 31 30 30 30 29 28 27 26 25 25 22 18 15 15 10

7% 13%

19%

25%

31%

37%

43%

49%

55%

61%

67% 72%

77% 82%

86% 90%

94% 97%

100%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Po

rce

nta

gem

acu

mu

lad

a

Qu

anti

dad

e d

e n

ão c

on

form

idad

e

83

As principais não conformidades evidenciadas estão centradas no exame físico,

resultado também obtido em estudos desenvolvidos em Pernambuco/Brasil (SILVA et al.,

2016; MORAIS et al., 2015).

Sabe-se que o exame físico é o procedimento que deve ser implementado de forma

integrada, dinâmica e orientado ao paciente (PATRÍCIO et al., 2015) e que possibilita ao

enfermeiro o raciocínio crítico na assistência (OLIVEIRA et al., 2016).

Além disso, representa um dos componentes da Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE2) – histórico de enfermagem -, instituída desde 2009, pela Resolução nº

358 do COFEn (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).

Embora a implantação da SAE deva ser concretizada em todas as instituições

públicas ou privadas, no momento da revisão de prontuário deste estudo, os hospitais

analisados não a utilizava como base estruturante do processo de trabalho. Assim, a

comunicação escrita do enfermeiro não contemplava a evolução e prescrição, apenas as

anotações.

As anotações do enfermeiro apresentam-se – como se constatou neste estudo -

incompletas, sem raciocínio clínico e incoerentes com as necessidades do paciente. O autor

conclui que há a impressão de que esses profissionais estão refém da rotina hospitalar (SILVA

et al., 2016).

Mesmo diante das diversas situações que podem comprometer uma anotação do

enfermeiro de qualidade, ressalta-se a legalidade dos registros de enfermagem, mediante Lei

7.498, do Conselho Federal de Enfermagem, a qual em seu art. 14 descreve a

responsabilidade do profissional a despeito da documentação em prontuário das atividades

relativas à assistência prestada (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 1986).

Frente aos resultados obtidos, as principais ações a serem efetivadas estão voltadas

especialmente para a inserção, nas anotações do enfermeiro, das informações acerca do exame

físico, tanto naqueles admissionais quanto nos diários.

6.2 Elementos comuns da comunicação escrita dos profissionais de saúde

A análise dos elementos comuns da comunicação escrita dos profissionais de saúde

demonstrou fragilidades com relação às variáveis: início do registro com data e hora, letra

2 A SAE é um instrumento metodológico que possibilita operacionalizar o processo de Enfermagem, o qual é

constituído por cinco etapas: 1) Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); 2) Diagnóstico

de Enfermagem; 3) Planejamento de Enfermagem; 4) Implementação; e 5) Avalição em enfermagem

(CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).

84

legível, ausência de rasura e uso de abreviaturas e siglas padronizadas, o que totalizou uma

frequência de não conformidade em 5.658 (90%) registros dos profissionais de saúde.

Desse quantitativo, 383 (6,8%) registros não possuíam a data, 1.958 (34,6%) a hora,

1.132 (20%) letras legíveis, 447 (7,9%) apresentaram rasura e 1.738 (30,7%) utilizaram

abreviaturas e siglas não padronizadas.

As evoluções médicas e anotações da equipe de enfermagem apresentaram

inadequações quanto ao uso de abreviaturas e siglas não padronizadas, início do registro sem

a hora e ausência de letra legível.

Já os resultados relativos aos pareceres médicos e das demais categoriais

profissionais, em sua maioria, não detinham a hora e data no início dos seus registros.

Além da omissão da hora, outra problemática evidenciada, especialmente nas

anotações de enfermagem, foi à utilização desse dado de forma a representar um período de

trabalho, como: 07h às 13h.

Os resultados indicam que para a redução das fragilidades da comunicação escrita

quanto aos seus elementos comuns é necessário incentivar o desuso de abreviaturas e siglas

não padronizadas, a utilização data e hora no início dos registros dos profissionais de saúde e

o emprego de letras legíveis (Figura 23).

85

Figura 23 – Elementos comuns dos registros dos profissionais de saúde: (A) evoluções

médicas, (B) pareceres da medicina, fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia, psicologia e

nutrição e (C) anotações de enfermagem (n = 2.546). Natal/RN, 2017.

86

Alguns desses achados estão em consonância com os resultados da análise de

prontuários realizada em Minas Gerais/ Brasil, a qual demostrou que 100% das anotações de

enfermagem apresentavam abreviaturas, 54% estavam com letras ilegíveis, 59% continham

conteúdos sem coerência e 65% possuíam erros gramaticais (GARDONA et al., 2013).

Outro estudo realizado em Pernambuco/Brasil revelou que 44% dos prontuários

exibiam ilegibilidade, rasuras, linguagem não científica e erros de ortografia e 79% deles não

disponibilizavam informações referentes à data e hora (MORAIS et al., 2015).

Diante disso, não contribuem para uma comunicação efetiva entre os profissionais, o

que leva, dentre outras consequências, a fragmentação do cuidado. Assim, essa problemática

afeta a concretização do “continuum dos cuidados”, já que seus fatores são relacionados a

forma de atuação dos sujeitos (ROVER et al., 2016).

A ausência de hora no início dos registros analisados trata de um entrave para uma

comunicação efetiva, uma vez que as informações subjetivas do paciente, procedimentos,

intercorrência, dentre outros aspectos, não são assinalados na ordem cronológica em que

acontecem, o que prejudica uma tomada de decisão satisfatória (SEIGNEMARTIN et al.,

2013).

Além disso, quando não há um registro com data e hora desse incidente no paciente,

acentua-se o risco de uma nova administração, o que pode levar a danos irreversíveis ou ao

óbito (VOLPE et al., 2016).

No que se refere à questão da ilegibilidade dos registros, pesquisa desenvolvida no

Texas, Estados Unidos da América, identificou a presença dessa problemática nos prontuários

avaliados, bem como o comprometimento no processo comunicativo que ela produz (ZOZUS

et al., 2015), o que está em consonância com este estudo.

Ainda sobre isso, salienta-se que além dos prejuízos que a falta de legibilidade nos

registros pode desencadear, ela também inviabiliza atividades com o intuito de avaliar o

cuidado (GARDONA et al., 2013), já que uma fontes para esse processo é o prontuário.

6.4 Identificação do profissional

Realizou-se 6.312 avaliações das identificações dos profissionais de saúde das quais

1.941 (31%) pertenciam à categoria médica, 4.187 (66%) à equipe de enfermagem e 184 (3%)

aos pareceristas.

87

Do total de análises, 1.995 (32%) apresentaram elementos que identificavam

corretamente os profissionais. As evoluções médicas e os pareceres alcançaram um percentual

de 87% /cada, enquanto a equipe de enfermagem 2% (Figura 24).

Figura 24 – Identificações dos profissionais de saúde nos registros dos pacientes nos dez

primeiros dias de internação (n = 6.312). Natal/RN, 2017.

Desse modo, os resultados indicam uma baixa frequência do uso de dados acerca da

identificação profissional da equipe de enfermagem. Sobre isso, estudo executado no Rio de

Janeiro demonstrou que 63,3% dos registros dos técnicos/ auxiliares de enfermagem foram

categorizados como “inaceitáveis”, ou seja, que continham somente o nome, a rubrica e/ou a

assinatura com a categoria (DINIZ et al., 2015).

No que diz respeito as não conformidades na identificação do profissional - ou seja,

ausência de nome, categoria e número do registro no conselho de classe nas evoluções

médicas - destaca-se o número no Conselho Regional de Medicina e definição da categoria, os

quais apresentaram o percentual de 68% (Figura 25).

88

Figura 25 – Não conformidades das informações sobre a identificação dos

profissionais nas evoluções médicas (n= 1. 941). Natal/RN, 2017.

Já com relação às anotações da equipe de enfermagem, o indiciador categoria e

número de inscrição no Conselho de Classe, conjuntamente, foram responsáveis por 73% das

inadequações nas anotações de enfermagem (Figura 26).

Figura 26 – Não conformidades das informações sobre a identificação dos

profissionais da equipe de enfermagem (n = 4.187). Natal/RN, 2017.

89

Em contrapartida, mais de 75% das análises apontaram ausência do nome do

profissional e categoria nos pareceres da medicina, fisioterapia, serviço social, fisioterapia,

fonoaudiologia, psicologia e nutrição.

Figura 27 – Identificação profissional dos pareceres da medicina, fisioterapia,

serviço social, fonoaudiologia, psicologia e nutrição (n = 184). Natal/RN,

2017.

As inconformidades na identificação profissional são uma problemática relatada em

diversos estudos (SILVA et al., 2017; GOMES et al., 2016; TEIXEIRA et al., 2015;

PADILHA; HADAD; MATSUDA, 2014; SEIGNEMARTIN et al. 2013).

A exemplo dessa problemática, estudo descritivo implementado em São Paulo/Brasil

revelou que em 88,1% dos prontuários não existem informações sobre a identificação do

profissional (SEIGNEMARTIN et al., 2013).

Nesse sentido, os resultados desse estudo explicitam que as duas principais

informações a serem utilizadas para mitigar os problemas na identificação do profissional são

a categoria e número de registro no conselho de classe.

Corrobora-se com Padilha, Hadad e Matsuda (2014) quando diz que a inexistência de

dados acerca da autoria dos registros suscita dúvidas e, além disso, provocam prejuízos em

diversos âmbitos, como na continuidade do cuidado e nas situações em que exigem

investigações éticas e judiciais.

90

No caso da enfermagem, a qual é constituída por mais de uma classe, a utilização da

categoria é imprescindível para a diferenciação dos profissionais.

Sobre esse aspecto, em 2017, o COFEN elaborou novas recomendações quanto à

identificação profissional, especificamente, sobre as confecções dos carimbos. Desse modo,

orienta-se o emprego do número de inscrição da seguinte forma: sigla “Coren”; Unidade de

Federação na qual se localiza o Conselho regional; hífen; e os números. Somado a isso,

padronizou-se as siglas para cada categoria, como “ENF” para enfermeiro, “TE” e “AE”,

respectivamente, para técnico e auxiliar de enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE

ENFERMAGEM, 2017b).

Salienta-se que outras normativas (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2014;

CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2012;

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2009) abordam a temática da obrigatoriedade da

identificação profissional nos registros.

91

7 PROPOSTA DE INDICADOR DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA

PERSPECTIVA DA COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

O capítulo “Indicadores de comunicação escrita dos profissionais de saúde”

corresponde a uma proposta de indicadores para a comunicação escrita e abordará os

principais aspectos teóricos e operacionais desses.

Os indicadores são medidas quantitativas e qualitativas que fornecem informações

sobre determinado aspecto, o que permite definir áreas prioritárias. Na saúde, essas

ferramentas possibilitam, especialmente, monitorizar e melhorar o cuidado, garantir maior

transparência das instituições de saúde, orientar a elaboração de políticas públicas e nortear as

escolhas dos usuários (GOUVÊA, 2014).

Apresentam diversas sinonímias como eventos sentinelas, indicadores de

rastreamento (triggers), indicadores de resultados (GAMA et al., 2016), indicador de

segurança do paciente (patient safety indicator – PSI), dentre outros.

O termo “indicador de segurança do paciente” foi desenvolvido pela Agency for

Health care Research and Quality (AHRQ) em 2002 a partir de pesquisa de dados

administrativos hospitalares dos EUA. Trata-se de uma ferramenta direcionada aos eventos

previniveis decorrentes da exposição ao serviço de saúde (AGENCY FOR HEALTHCARE

RESEARCH AND QUALITY, 2003).

No tocante à disposição desses, geralmente são norteados pelos elementos estrutura,

processo e resultado (DONABEDIAN, 1988) e contemplam os seguintes atributos: validade,

capacidade de mensurar o que se pretende; sensibilidade e especificidade, propensão para

identificar um fenômeno específico; confiabilidade, passível de gerar os mesmos resultados

em situações similares; viabilidade, disponibilidade dos dados; relevância, coerência com as

prioridades de saúde; e custo-efetividade, os resultados justificam o investimento nessa

ferramenta (REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÕES PARA A SAÚDE, 2008).

Além dessas características, os indicadores são expressos a partir de uma taxa3,

proporção4 e razão

5 e devem ser estruturado através de uma ficha que abrange as principais

informações e especificidades do indicador, conforme apresentado no quadro 8 – este estudo

sugere adaptações aos modelos apresentados pelo Instituto de Práticas Seguras no Uso de

Medicamentos (ISMP) (2016) e por Gouvêa (2014).

Conforme Gouvêia (2014): 3 Variação de uma medida em função de outra;

4 Quociente entre duas medidas (o numerador está incluso no denominador);

5 Quociente entre duas medidas (o numerador não está incluso no denominador).

92

Quadro 8 – Ficha técnica de um indicador. Natal/RN, 2017.

ITENS DA FICHA DESCRIÇÃO

Nome Nome do indicador por extenso

Objetivo Descrever a finalidade do indicador

Nível da informação Categorização do indicador conforme a Tríade de Donabedian6

(estrutura, processo e resultado)

Fórmula Apresentação do cálculo do indicador, mediante numerador e

denominador, bem como a potência de base dez (10n )

Explicação da fórmula Descrição do numerador e denominador do calculo do indicador

Fonte de informação Fontes dos dados para a consecução do indicador.

Coleta dos dados Descrição dos procedimentos de coleta para obtenção do

indicador.

Interpretação do

resultado

Esclarecer como deve ser realizada a leitura do indicador.

Limitações Ausência de registros durante o período de análise selecionado

Fonte: adaptações do ISMP (2016) e Gouvêa (2014).

O processo de construção de um indicador ocorre mediante busca de evidências;

estratificação e análise dos dados. Para este último, empregam-se algumas ferramentas como

Diagramas de Pareto e Diagramas de Causa e Efeito, dentre outros (BETTA; ARRIEIRO;

BATISTA, 2011).

Após essas etapas iniciais, é imprescindível o processo de validação por especialistas

(GOUVÊIA et al., 2015), procedimento que aumentará a credibilidade dos indicadores.

Posto essas considerações iniciais, a proposta de construção de indicadores, do tipo

PSI, na perspectiva da comunicação escrita emergiu pela constatação através da Scoping

Review e dos achados da revisão de prontuários apresentados neste estudo -, das fragilidades

presentes nos registros dos profissionais de saúde.

Outra questão que contribuiu para a elaboração dessa proposta foi o não

conhecimento, até o momento, de indicadores relacionados à comunicação escrita, no cenário

brasileiro, o que confere ao estudo um caráter pioneiro no tema.

6 Tríade Donabedian: 1) “estrutura” corresponde aos atributos em que o cuidado e se relaciona com os materiais,

os recursos humanos e a estrutura organizacional; 2) “processo” representa as ações de cuidado efetivadas pelos

profissionais de saúde e usuários e “resultado” são os efeitos do cuidado sobre a saúde da população

(DONABEDIAN, 1979; 1980).

93

Nesse ínterim, os PSIs na perspectiva da comunicação escrita dos profissionais de

saúde são expressos através de taxas e mensuram aspectos relacionados ao processo,

conforme à tríade donabediana.

O primeiro PSI corresponde a “taxa de identificação do paciente nos registros dos

profissionais de saúde”, a qual se destina a avaliação do preenchimento dos cabeçalhos

presentes nos registros dos profissionais de saúde (Quadro 9).

Quadro 9 - Taxa de identificação do paciente nos registros dos profissionais de saúde. Natal/RN,

2017.

ITENS DA FICHA DESCRIÇÃO

Nome Taxa de identificação do paciente nos registros dos profissionais de

saúde

Objetivo Mensurar a completude dos cabeçalhos presentes nos registros dos

profissionais de saúde e, por conseguinte, a identificação do paciente

na comunicação escrita

Nível da informação Processo

Fórmula

Explicação da

fórmula

Numerador = número total de cabeçalhos adequados quanto ao seu

preenchimento

Denominador = Número total de registros de profissionais de saúde.

Fonte de informação Prontuário do paciente

Coleta dos dados A coleta de dados ocorrerá nos registros dos profissionais de saúde –

evoluções médicas, anotações da equipe de enfermagem e pareceres

da equipe multidisciplinar. Para nortear esse processo, deve-se

utilizar o roteiro intitulado “Comunicação escrita dos profissionais de

saúde” (APÊNDICE B)

Interpretação do

resultado

Quanto maior o valor da taxa, melhor a qualidade da identificação do

paciente nos registros dos profissionais de saúde

A “taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais de saúde”

(Quadro 10) objetiva mensurar a ausência de letras ilegíveis, rasuras e uso de siglas e

abreviaturas não padronizadas internacionalmente.

94

Quadro 10 - Taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais de saúde.

Natal/RN, 2017.

ITENS DA FICHA DESCRIÇÃO

Nome Taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais

de saúde

Objetivo Mensurar a ausência de letras ilegíveis, rasuras e uso de siglas e

abreviaturas não padronizadas internacionalmente

Nível da informação Processo

Fórmulas

Explicação da

fórmula

Numerador = número total de registros com letras legíveis, sem

rasuras e siglas e abreviaturas padronizadas internacionalmente.

Denominador = Número total de registros de profissionais de saúde.

Fonte de informação Prontuário do paciente

Coleta dos dados A coleta de dados ocorrerá nos registros dos profissionais de saúde –

evoluções médicas, anotações da equipe de enfermagem e pareceres

da equipe multidisciplinar. Para nortear esse processo, deve-se

utilizar o roteiro intitulado “Comunicação escrita dos profissionais de

saúde” (APÊNDICE B)

Interpretação do

resultado

Quanto maior o valor da taxa, melhor a legibilidade e compreensão

dos registros dos profissionais de saúde

A “taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde” (Quadro 11)

objetiva mensurar a completude dos registros dos profissionais de saúde.

95

Quadro 11 - Taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde. Natal/RN, 2017.

ITENS DA FICHA DESCRIÇÃO

Nome Taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde.

Objetivo Mensurar a completude dos registros dos profissionais de saúde.

Nível da informação Processo

Fórmula

Explicação da

fórmula

Numerador = número total de registros considerados adequados

quanto ao conteúdo

Denominador = Número total de registros de profissionais de saúde.

Fonte de informação Prontuário do paciente

Coleta dos dados A coleta de dados ocorrerá nos registros dos profissionais de saúde

– evoluções médicas e anotações da equipe de enfermagem. Para

nortear esse processo, deve-se utilizar o roteiro intitulado

“Comunicação escrita dos profissionais de saúde” (APÊNDICE B)

Interpretação do

resultado

Quanto maior o valor da taxa, melhor a qualidade dos registros dos

profissionais

A “taxa de identificação profissional nos registros” (Quadro 12) tem o intuito de

identificar a completude dos registros quanto à identificação do profissional.

96

Quadro 12 - Taxas de identificação profissional nos registros. Natal/RN, 2017.

ITENS DA FICHA DESCRIÇÃO

Nome Taxas de identificação profissional nos registros

Objetivo Mensurar a completude da identificação profissional nos registros

dos profissionais de saúde

Nível da informação Processo

Fórmula

Explicação da

fórmula

Numerador = número total de registros adequados quanto á

identificação profissional

Denominador = Número total de registros de profissionais de saúde.

Fonte de informação Prontuário do paciente

Coleta dos dados A coleta de dados ocorrerá nos registros dos profissionais de saúde –

evoluções médicas, anotações da equipe de enfermagem e pareceres

da equipe multidisciplinar. Para nortear esse processo, deve-se

utilizar o roteiro intitulado “Comunicação escrita dos profissionais de

saúde” (APÊNDICE C)

Interpretação do

resultado

Quanto maior o valor da taxa, melhor a qualidade da identificação do

profissional nos registros dos profissionais de saúde

97

8 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo revelaram que a comunicação escrita, conforme artigos

científicos e documentos nacionais e internacionais de entidades profissionais e órgãos de

saúde, compreende os elementos comuns, os quais abarcam aspectos basilares dos registros –

legibilidades, identificação do paciente e profissional, ausência de rasura, início dos registros

com data e hora e uso de siglas e abreviaturas padronizadas -, e os específicos de cada

categoria profissional, os quais condizem com as atividades desenvolvidas.

A luz dessas definições, verificou-se que a comunicação escrita dos profissionais de

saúde nos hospitais analisados, apresentaram fragilidades que afetam o fortalecimento da SP,

a partir do número elevado de não conformidades acerca dos dados: 1) data de nascimento e

filiação nos cabeçalhos; 2) letras legíveis legibilidade e uso siglas e abreviaturas

padronizadas; 3) aspectos do exame físico, antecedentes pessoais e familiares, hábitos e

condições de moradia do paciente, intercorrências, resultados laboratoriais e de imagem

(evolução médica); hábitos de vida, higiene pessoal do paciente, presença de alergia,

identificação do acompanhante, uso de medicamento quanto ao tipo, condições gerais acerca

da atitude, humor, locomoção, estado nutricional e coloração da pele (anotações do técnico de

enfermagem); orientação ao paciente/acompanhante; exame físico e hábitos de vida

(anotações do enfermeiro), entre outros.

No que diz respeito à identificação do paciente nos registros dos profissionais, é

fundamental que as ações para contornar essa problemática proporcione a conscientização da

equipe quanto ao preenchimento adequado dos cabeçalhos. Assim, deve-se estimular o desuso

de ações que não garantem a fidedignidades das informações, como a transcrição de dados de

impressos anteriores.

Outra debilidade evidenciada refere-se à legibilidade e uso de siglas e abreviaturas

não padronizadas. Sobre isso, ressalta-se que, além dos prejuízos na continuidade do cuidado,

há aqueles que repercutem na relação interpessoal dos profissionais quanto equipe de

trabalho.

Nesse sentido, é imprescindível o entendimento de que os registros são elaborados

para a utilização de outros sujeitos envolvidos no cuidado e, portanto, devem ser de fácil

compreensão por todas as categorias profissionais.

Essas mesmas considerações são válidas quando se discute a qualidade da

comunicação escrita no tocante ao seu conteúdo. Constatou-se a carência de informações

98

relativas aos exames físicos, dos médicos e dos enfermeiros, a descrição detalhada das

condições clínicas do paciente e seus aspectos subjetivos.

Sobre esse aspecto, depreende que os registros são estruturados a partir uma lógica

limitada e inerte, o que os tornam repetitivos e semelhantes. Além disso, questiona-se se as

omissões teóricas do cuidado condizem com a prática. Em outras palavras: o profissional de

saúde não registra o que realiza?

Com relação à identificação do profissional, destaca-se o elevado número de análises

inadequadas, especialmente, relativas à equipe de enfermagem. Ressalta-se que essa situação

compromete a confiabilidade dos registros, já que não há clareza quantos aos motivos da

inexistência dessas informações.

Os resultados apresentados permitem inferir que a cultura de SP não direciona o

fazer profissionais de todos da equipe, o que atravanca a consolidação de um cuidado seguro.

O que se percebe são adaptações a um cenário de sobrecarga de trabalho, estresse, falta de

recursos materiais e humanos, desvalorização profissional, entre outras. Esses fatores

interferem em todos os âmbitos do cuidado, como a comunicação escrita.

Assim, são essenciais as mudanças atitudinais que incorporem pressupostos da SP.

Para tanto, a principal estratégia é a mudança cultural dos sujeitos que atuam no cuidado.

Dessa forma, dentre as estratégias citam-se as atividades educativas e reflexivas voltadas aos

profissionais de saúde, envolvidos direta ou indiretamente, no cuidado, com enfoque nas

temáticas inter-relacionadas à cultura de SP e que promovam discussões sobre a situação in

locu - como a utilização de PSIs.

Nessa perspectiva, vislumbrou-se a necessidade de construção de PSIs direcionados a

comunicação escrita dos profissionais de saúde. Desse modo, propõem-se quatro tipos de

indicadores: taxa de identificação do paciente nos registros dos profissionais de saúde; taxa de

legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais de saúde – médicos e equipe de

enfermagem, taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde e taxas de

identificação profissional nos registros.

Enfatiza-se que os PSIs supracitados precisam ser submetidos aos processos de

validação, a fim de torná-los confiáveis e capazes de mensurar o que se propõem. Essa etapa

será implementada em momento posterior ao curso de doutoramento.

No tocante ao referencial teórico adotado, Teoria do Agir Comunicativo de Jürgen

Habermas, foi possível compreender que o conceito “comunicação efetiva” apresenta

interfaces com o agir comunicativo e, portanto, contempla o entendimento mútuo; a

99

cooperação dos atores; a compreensão dos contextos individuais; e ao posicionamento do

receptor frente ao ato da fala.

Já o referencial metodológico Record review of current in-patients norteou a revisão

de prontuário de forma satisfatória e em coerência com as realidades dos hospitais analisados,

além de permitir identificar as fragilidades da comunicação escrita.

Assim, ao rever o método aplicado neste estudo, considera-se que o mesmo foi capaz

de responder aos objetivos elencados e que pode ser reproduzido em outros cenários.

No entanto, destacam-se algumas limitações vivenciadas que podem ter gerado

vieses de informação: 1) ilegibilidades e desorganização dos prontuários; e 2) complexidade

do instrumento de coleta de dado, aspecto que tornava o processo de revisão cansativo e, por

isso, cabível de erros de preenchimento.

Já em relação às contribuições deste estudo, acredita-se que o mesmo possa colaborar

com as discussões acerca da comunicação escrita e suas interfaces com a SP, nos diversos

cenários da saúde - ensino, pesquisa e assistência -, além de incentivar a fomento de outras

pesquisas acerca da temática.

Somado a isso, por retratar a realidade de três instituições hospitalares, será possível

desenvolver ações que possam melhorar a comunicação escrita dos profissionais de saúde, a

partir das principais não conformidades.

100

REFERÊNCIAS

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Qualidade em Serviços de Saúde: Incidentes Relacionados à Assistência à Saúde - 2015.

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relacionados-a-assistencia-a-saude-2015>. Acesso em: 26 jun. 2016.

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dos serviços médicos de quaisquer naturezas, bem como estabelece critérios mínimos para seu

funcionamento, vedando o funcionamento daqueles que não estejam de acordo com os

mesmos. Trata também dos roteiros de anamnese a serem adotados em todo o Brasil,

inclusive nos estabelecimentos de ensino médico, bem como os roteiros para perícias médicas

e a organização do prontuário de pacientes assistidos em ambientes de trabalho dos médicos.

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109

TEIXEIRA, C.C. et al. Aferição de sinais vitais: um indicador do cuidado seguro em idosos.

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TRENCH, G.A. Eventos adversos relacionados à comunicação no ambiente dos serviços de

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ZOZUS, M.N. et al. Factors Affecting Accuracy of Data Abstracted from Medical Records.

PLOS ONE, v.10, n.10, p. 2-20, 2015.

110

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa Monitoramento de indicadores de

segurança do paciente em hospitais públicos do Rio Grande do Norte, Brasil, que tem

como pesquisador responsável a Profa Dra Viviane Euzébia Pereira Santos.

Esta pesquisa pretende monitorar indicadores de segurança do paciente em hospitais públicos

do Rio Grande do Norte, Brasil.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é a necessidade de se monitorar os indicadores de

segurança do paciente nas instituições de saúde, aspecto que constitui uma ferramenta que permite a

avaliação e o planejamento das prioridades de melhoria da qualidade no serviço.

Caso você decida participar, seu prontuário será analisado a partir de um instrumento de

coleta, que busca avaliar a qualidade dos registros e mapear a ocorrência de eventos adversos. Serão

analisados os registros referentes aos primeiros dez dias de sua internação.

Durante a realização da análise de seu prontuário a previsão de riscos é mínima, ou seja,

nenhum procedimento será realizado com você. Mesmo com os cuidados tomados pelo grupo de

pesquisadores com os pacientes, donos dos documentos cedidos, caso ocorra danos proveniente da

pesquisa, os mesmos serão devidamente indenizados pelos pesquisadores.

A pesquisa não trará benefício direto aos pacientes, no entanto, o estudo irá contribuir com o

fomento de práticas seguras ao paciente, isso a partir do monitoramento de indicadores de segurança, o

que pode incidir diretamente no planejamento organizacional em prol da qualidade da assistência.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Viviane

Euzébia Pereira Santos no telefone (84) 3215-3837.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da

pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e

por um período de 5 anos.

___________________ (rubrica do Participante/Responsável legal)

___________________ (rubrica do Pesquisador)

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

111

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador

responsável, a ProfaDra Viviane Euzébia Pereira Santos.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados

nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter

ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa Monitoramento de

indicadores de segurança do paciente em hospitais públicos do Rio Grande do Norte,

Brasil, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações

científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, ___/___/______

__________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo Monitoramento de indicadores de

segurança do paciente em hospitais públicos do Rio Grande do Norte, Brasil, declaro que

assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e

direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e

confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde –

CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ___/___/______

__________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante

112

APÊNDICE B – Comunicação escrita dos profissionais de saúde

COMUNICAÇÃO ESCRITA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Este roteiro apresenta os elementos para avaliar os indicadores de comunicação

escrita dos profissionais de saúde – taxa de identificação do paciente nos registros dos

profissionais de saúde; taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais de

saúde – médicos e equipe de enfermagem, taxa de completude dos registros dos profissionais

de saúde e taxas de identificação profissional nos registros.

O revisor de prontuários deve analisar os registros dos profissionais de saúde e

assinalar “sim” ou “não” quanto à conformidade das informações.

Taxa de identificação do paciente nos registros dos profissionais de

saúde

Conformidade

Sim Não

A identificação do paciente compreende os itens: sigla da instituição,

local de internação, nome completo do paciente, filiação, número do

registro no serviço de saúde e data de nascimento.

Taxa de legibilidade e compreensão dos registros dos profissionais

de saúde

Conformidade

Sim Não

A legibilidade e compreensão dos registros contemplam: letras

legíveis, ausência de rasura, uso de siglas e abreviaturas padronizadas,

início dos registros com data e hora, utilização de unidades de medidas

após a anotação dos controles essenciais – pressão arterial, frequência

cardíaca e respiratória, temperatura e score de dor).

Taxa de completude dos registros dos profissionais de saúde Conformidade

Sim Não

Registros médicos

1) Registro admissional: queixa principal; duração do quadro clínico;

hipótese diagnóstica/diagnóstico; anamnese (história da doença atual;

antecedentes pessoais e familiares; hábitos e condições de moradia;

doenças concomitantes); exame físico (estado geral, mucosas, pele,

cabeça, visão, audição, gânglios, pescoço, tórax (ausculta pulmonar e

cardíaca), mamas, abdome (inspeção, palpação, percussão, ausculta),

períneo, ânus, toque anorretal, genitália externa, coluna vertebral,

membros, articulações e sistema nervoso (sensibilidade e reflexos);

procedimentos realizados; resultados laboratoriais e de imagem

relevantes; e condutas terapêuticas.

2) Registros diários: hipótese diagnóstica/diagnóstico; exame físico

direcionado; procedimentos realizados; intercorrências; resultados

laboratoriais e de imagem relevantes; e condutas terapêuticas.

113

Registros dos enfermeiros

1) Registro admissional: procedência do paciente, identificação do

acompanhante, condições de chegada (deambulando, em cadeiras de

roda e maca); doenças concomitantes; hábitos de vida (etilismo,

tabagismo, uso de drogas ilícitas); presença de alergias; uso de

medicamentos (tipo, dosagem e frequência); condições gerais (nível de

consciência, humor, higiene pessoal , atitude, coloração da pele, estado

nutricional, descrição das eliminações quanto ao tipo, consistência,

odor e coloração); dispositivos (cateteres sob agulhas, sondas, drenos,

curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; dados sobre exame físico (avaliação dos

sistemas neurológicos, respiratório, digestivo, cardiovascular,

nutricional, locomotor e geniturinário); cuidados e procedimentos

realizados; e intercorrências.

2) Registros diários: condições gerais (nível de consciência, humor,

higiene pessoal , atitude, coloração da pele, estado nutricional,

locomoção, descrição das eliminações quanto ao tipo, consistência ,

odor e coloração); dispositivos (cateteres sob agulhas, sondas, drenos,

curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; dados sobre exame físico (avaliação dos

sistemas neurológicos, respiratório, digestivo, cardiovascular,

nutricional, locomotor e geniturinário); cuidados realizados e

procedimentos realizados; e intercorrências.

Registros do técnico de enfermagem:

1) Registros admissionais: procedência do paciente, identificação do

acompanhante, condições de chegada (deambulando, em cadeiras de

roda e maca); doenças concomitantes; hábitos de vida (etilismo,

tabagismo, uso de drogas ilícitas); presença de alergias; uso de

medicamentos (tipo, dosagem e frequência); condições gerais (nível de

consciência, humor, higiene pessoal, atitude, coloração da pele, estado

nutricional , locomoção, descrição das eliminações quanto ao tipo,

consistência , odor e coloração); dispositivos (cateteres sob agulhas,

sondas, drenos, curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; cuidados e procedimentos realizados.

2) Registros diários: condições gerais (nível de consciência, humor,

higiene pessoal, atitude, coloração da pele, estado nutricional,

locomoção, descrição das eliminações quanto ao tipo, consistência,

odor e coloração); dispositivos (cateteres sob agulhas, sondas, drenos,

curativos, etc.); queixas do paciente; orientações ao

paciente/acompanhante; cuidados e procedimentos realizados;

procedimentos e intercorrências.

Taxas de identificação profissional nos registros Conformidade

Sim Não

114

A identificação do profissional dos registros compreende os

identificadores: nome do profissional, categoria e número de inscrição

do conselho de classe (escritos de forma legível ou carimbo).

115

ANEXO A - Instrumento de Coleta de Dados

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129

ANEXO B - Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa

130

131

132

133