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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS COORDENAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO GIZELDA ARAÚJO RAÍZES RACIONAIS DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA COM COEFICIENTES INTEIROS Caicó/RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM

ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO

GIZELDA ARAÚJO

RAÍZES RACIONAIS DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA COM COEFICIENTES

INTEIROS

Caicó/RN

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

GIZELDA ARAÚJO

RAÍZES RACIONAIS DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA COM COEFICIENTES

INTEIROS

Monografia apresentada à

comissão julgadora do curso de Especialização em Ensino de Matemática para o Ensino Médio da UFRN, como requisito para a obtenção do grau de ESPECIALISTA.

Orientador: Benedito Tadeu Vasconcelos . Freire.

Caicó/RN

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

Catalogação da Publicação na Fonte

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca

Central Zila Mamede / Setor de Informação e Referência

Araújo, Gizelda.

Raízes Racionais de uma Equação Algébrica com Coeficientes Inteiros / Gizelda

Araújo. - Caicó, RN, 2016.

25 f.: il.

Orientador: Benedito Tadeu Vasconcelos Freire.

Monografia (Especialização) Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Secretaria de Ensino a Distância - Polo Caicó. Especialização em Ensino de

Matemática para o Ensino Médio.

1. Álgebra - Monografia. 2. Equações - Monografia. 3. Matemática - Raízes -

Monografia. I. Freire, Benedito Tadeu Vasconcelos. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

GIZELDA ARAÚJO

RAÍZES RACIONAIS DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA COM COEFICIENTES

INTEIROS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Coordenação de Pós-

Graduação Latu-Sensu da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como

exigência parcial para a obtenção do certificado de ESPECIALISTA em Ensino de

Matemática para o Ensino Médio.

BANCA EXAMINADORA

Professor Benedito Tadeu Vasconcelos Freire

Orientador - UFRN

Professor Me. Daniel Ecco

Monitor SEDIS/UFRN

Professor Me. Odilon Júlio dos Santos

Monitor SEDIS/UFRN

Aprovada em _____ de Junho de 2016.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

Dedico este trabalho a um ex-professor da minha educação

básica, professor de Matemática da Rede Estadual de Ensino

Do Rio Grande do Norte: Júlio Álves de Oliveira. Foi inspirada

nele que me apaixonei pela Matemática.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser presente e atuante em todos os momentos da minha

vida, ao professor Benedito Tadeu pela disponibilidade em nos orientar. Um

agradecimento especial às pessoas que amo, à minha família, a minha sobrinha Ana

Clara (In Memoriam) que brilha, nos iluminando em forma de anjo, aos meus colegas

de curso, especialmente, Henrique, Carlos, Fábia, Verônica e Islânia e a todos que

estão ao meu lado em qualquer circunstância, dando o incentivo e o Apoio

necessário.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

“Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem

aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo

e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”

Paulo Freire.

“Na maior parte das ciências uma geração põe

abaixo o que a outra construiu e o que uma

estabeleceu, a outra desfaz. Somente na

Matemática é que cada geração constrói um novo

andar sobre a antiga estrutura.”

Hankel.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

RESUMO

Neste trabalho de conclusão de curso em nível de Pós-Graduação,

Latu-Sensu, em Ensino de Matemática para o Ensino Médio, da UFRN,

apresentamos o Teorema das Raízes Racionais de uma Equação Algébrica com

Coeficientes Inteiros.

Nosso roteiro é baseado no artigo do Prof. Lenimar de Andrade Nunes,

“Raízes racionais de uma equação algébrica com coeficientes inteiros” da Revista do

Professor de Matemática (RPM), veja na bibliografia. Retocamos e aplicamos o

Teorema em diversos exemplos com a finalidade de, usando uma linguagem clara e

um desenvolvimento compreensível, nosso trabalho possa ser apreciado por alunos

do Ensino Médio ou mesmo por um leitor com pouca familiaridade no assunto.

Gostaríamos também que servisse para auxiliar nos estudos de alunos de

graduação.

Sabe-se que para uma equação algébrica de grau igual a 2 existe uma

fórmula, envolvendo os coeficientes, que permite-nos determinar as raízes. No caso

de uma equação algébrica de grau igual a 3 ou 4, a fórmula existe somente para

algumas condições sobre os coeficientes. Para grau maior do que ou igual a 5, não

existe uma fórmula geral que permita obter as raízes da equação. De uma maneira

geral, se conhecemos a natureza de uma das raízes é possível encontrar uma ou

duas de suas outras raízes ou determinar se não existem raízes racionais.

Nosso objetivo principal é mostrar um método que nos permita encontrar,

de forma simplificada, possíveis candidatos a raízes racionais de uma equação

polinomial do grau n, onde todos os coeficientes dessa equação sejam números

inteiros.

Palavras – chaves: Álgebra; Equações; Raizes.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

ABSTRACT

In this work of completion of ongoing Graduate level, Latu Sensu in

Mathematics Teaching for Secondary Education, UFRN, we present the theorem of

Rational Roots of Algebraic Equation Integer Coefficients.

Our script is based on article of Prof. Lenimar de Andrade Nunes,

"Rational roots of an algebraic equation of integer coefficients", published in the

Revista do Professor de Matemática - (RPM), see the bibliography. Retouched and

apply the theorem in several instances for the purpose of using clear language and

an understandable development, our work can be enjoyed by high school students or

even a reader with little familiarity on the subject. We would also like to serve to

assist in the study of undergraduate students.

It is known that for a degree algebraic equation equal to 2 there is a

formula involving the coefficients, which allows us to determine the roots. In the case

of a degree algebraic equation equal to 3 or 4, the formula exists only for some

conditions on the coefficients. To degree greater than or equal to 5, there is a general

formula for obtaining the roots of the equation. In general, if we know the nature of

the roots is to find one or two of its other roots or whether no.

Our main goal is to show a method that allows us to find, in simplified

form, the rational roots of a polynomial equation of degree n, where all the

coefficients of this equation are integers.

Key - words: Algebra; equations; Roots

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO 1 - Equações Algébricas 10

1.1 – Raízes e Conjunto Solução de uma Equação Algébrica 10

1.2 – Grau de uma Equação Algébrica 10

CAPÍTULO 2 – Equação Algébrica de Grau n 11

2.1 – Teorema das Raízes Racionais de uma Equação Algébrica

com Coeficientes inteiros 13

2.2 – Aplicações em exemplos 15

CONCLUSÃO 24

BIBLIOGRAFIA 25

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo do desenvolvimento deste trabalho buscamos trabalhar a álgebra e

a universalização de padrões como mecanismo no processo ensino-aprendizagem.

“O uso de padrões é uma componente poderosa da atividade

matemática, uma vez que sua procura é indispensável para

conjeturar e analisar”. (Vale e Pimentel, 2005, p. 14).

Sabemos que ainda existe em sala de aula métodos que levam aos alunos a

apenas repetirem exercícios puramente mecânicos. Isso é incoerente ao que diz os

Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, pois orientam que o ensino da álgebra

deve ser feito de modo preciso e objetivo.

No primeiro capítulo, falamos sobre a definição de uma equação algébrica,

mostramos como identificar o grau de uma equação e ainda introduzimos maneira

de encontrar as raízes de uma equação de menor grau. Esses são pré-requisitos

para entendermos o Teorema estudado.

No segundo capítulo apresentamos uma forma generalizada que inclui

polinômios de qualquer ordem, embora já conhecêssemos bem como encontrar

raízes de equações algébricas até 2º grau. Trata-se de um Teorema que permite

identificarmos todas as possíveis raízes racionais de uma equação algébrica com

coeficientes inteiros. Seguidamente nos fomenta eliminarmos algumas destas

possíveis raízes sem precisarmos fazer nem um tipo de substituição dessas

possíveis raízes na equação, nem mesmo usarmos métodos mais conhecidos, como

por exemplo, o dispositivo prático de Briot-Ruffini. Este dispositivo permite desde

que seja conhecida uma de suas raízes, reduzirmos uma equação de grau n em

uma equação de grau n - 1.

Desenvolvemos o trabalho e aplicamos em exemplos com o objetivo de

conseguir um bom êxito diante de alunos do Ensino Médio e também de motivá-los a

superar dificuldades encontradas durante a aprendizagem deste conteúdo.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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CAPÍTULO 1 – EQUAÇÕES ALGÉBRICAS

A palavra álgebra é de origem árabe, contudo os métodos algébricos são bem

anteriores à civilização árabe.

Denomina – se equação algébrica ou polinomial toda equação que pode ser

escrita na forma anxn + an-1x

n-1 + ...+ a1x + a0 = 0 (com an ≠0) em que (an, an-1, ..., a1,

a0) são elementos do conjunto dos complexos, n N* e n é o grau da equação.

1.1 – RAÍZES E CONJUNTO SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA

Dada uma equação algébrica P(x) = 0, com coeficientes reais, o número a

é uma raiz da equação se, e somente se, P(a) = 0.

Resolver uma equação é obter o Conjunto Solução (conjunto formado

pelas raízes da equação).

1.2 – GRAU DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA

O grau de uma equação algébrica é dado pelo valor numérico de seu mais

alto expoente com coeficiente não nulo e indica quantas raízes esta equação

possui.

Uma equação de 1º grau tem expoente igual a 1, a de 2º grau tem

expoente 2, a de 3º grau tem expoente 3 e assim por diante.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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CAPÍTULO 2 – EQUAÇÃO ALGÉBRICA DE GRAU N

Neste capítulo apresentaremos um Teorema que nos permite

encontrar, de forma simplificada, os números racionais que sejam possíveis

candidatos a raízes racionais de uma equação algébrica de grau n.

Lembrando que todos os coeficientes desta equação devem ser números

inteiros.

Para nossos propósitos, uma equação algébrica é dada por

P(x) = 0,

Onde P(x) é um polinômio, isto é, uma expressão do tipo

P(x) = anxn+ anx

n-1 + ....+ a1x + a0,

Onde os coeficientes an, an-1, ...., a1, a0 são números reais (ou

complexos), onde an é não nulo.

Se existe um número real a tal que se P(a) = 0, dizemos que a equação

algébrica possui uma raiz ou que o polinômio P(x) possui uma raiz.

O chamado Teorema do Resto nos diz que:

Para qualquer constante a, um polinômio P(x) = anxn+ anx

n-1 + ....+ a1x

+ a0, do grau n ≥ 1, pode ser escrito na forma:

P(x) = (x – a).q(x) + r, (*)

onde q(x) é um polinômio do grau n - 1 e r = P(a).

Se a é uma raiz de P(x), então, substituindo x por a em (*), temos que

P(a) = 0 e P(a) = r.

Exemplo 1

O polinômio P(x) = 3x3- 5x2+ x – 6 admite x = 2 como uma de suas

raízes?

Solução

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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É fácil ver que, fazendo a divisão do polinômio P(x) = 3x3- 5x2+ x – 6

por x – 2, temos:

P(x) = 3x3- 5x2+ x – 6 = (x – 2). (3x2 + x +3)

e, portanto, P(2) = 0. Assim, x = 2 é uma raiz racional do polinômio dado.

Observe que as outras duas raízes do polinômio dado são as raízes

complexas do polinômio Q(x) = 3x2 + x +3.

Exemplo 2

Quais são as raízes da equação algébrica x4 + x3- 7x2 - x + 6 = 0,

sabendo que x = 1 é uma raiz?

Solução

Observe que, fazendo a divisão do polinômio P(x) = x4 + x3- 7x2 - x + 6

por (x – 1), podemos escrever:

P(x) = x4 + x3- 7x2 - x + 6 = (x – 1). (x3 + 2x2 - 5x - 6),

o que nos permite concluir que x = 1 de fato é uma raiz do polinômio dado.

Agora, observe que:

x3 + 2x2 - 5x - 6 = (x + 1).(x2 + x – 6),

O que nos permite concluir que x = -1 é raiz do polinômio x3 + 2x2 - 5x - 6.

De modo análogo, é fácil ver que (x2 + x – 6) = (x – 2) (x + 3).

Portanto, as raízes da equação algébrica x4 + x3- 7x2 - x + 6 = 0 são:

x = 1; x = -1; x = 2 e x = -3.

Assim, podemos concluir que:

P(x) = x4 + x3- 7x2 - x + 6 = (x – 1).(x + 1). (x – 2).(x + 3) e, portanto as raízes

do polinômio dado são: x = 1, x = -1, x = 2 e x = -3.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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2.1 – TEOREMA DAS RAÍZES RACIONAIS DE UMA EQUAÇÃO ALGÉBRICA COM

COEFICIENTES INTEIROS

Se o número raciona

é raiz de f(x) = anx

n + an-1xn-1 + ...+ a1x + a0, sendo p

Z, q Z*, (an, an-1, ..., a1, a0) também pertencentes a Z e p, q inteiros e primos entre

si (isto é, m.d.c.(p,q) = 1), temos:

I) p|a0 (ou seja, “a0 é divisível por p”)

II) q|an (ou seja, “an é divisível por q”)

III) f(1) é divisível por (p-q) e f(-1) é divisível por (p+q)

De Fato:

Como p/q é raiz da equação f(x) = anxn + an-1x

n-1 + ...+ a1x + a0, então

calculando f(p/q), temos:

an (p/q)n + an-1(p/q)n-1 + ...+ a1(p/q) + a0 = 0.

Agora, multiplicando ambos os membros da igualdade acima por qn, obtemos:

an.pn + an-1.p

n-1.q + ...+ a1p.qn-1 + a0.qn=0 (*)

Isolando anpn e, no segundo membro da igualdade, colocando q em

evidência, obtemos:

anpn = -q (an-1p

n-1 + ...+ a1pqn-2 + a0qn-1) (I)

Em (*), isolando a0qn e, no segundo membro da igualdade, colocando p em

evidência, obtemos:

a0qn = -p (anp

n-1 +an-1pn-2.q + ...+ a1q

n-1) (II)

Em (I), substituindo (an-1pn-1 + ...+ a1pqn-2 + a0q

n-1) por e em (II), substituindo

(anpn-1 +an-1p

n-2.q + ...+ a1qn-1) por , temos que, como todos os coeficientes

a0, a1, …, an, p e q são inteiros, então são inteiros.

Então,

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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anpn = -q. (anp

n) / q = - Z (I’)

a0qn = -p. (a0q

n) / p = - Z (II’)

Portanto, podemos concluir que:

(I’) anpn é divisível por q. Como pn e q são primos entre si, an é divisível por q.

(II’) a0qn é divisível por p. Como qn e p são primos entre si, a0 é divisível por p.

Demonstramos até aqui os itens I e II do Teorema.

Trataremos a seguir da demonstração do item III:

Seja y Z qualquer. Existe inteiros ai, tais que,

f(x) = an (x-y)n + an-1 (x-y)n-1 + a1 (x-y) + a0

Como p/q é a raiz da equação, temos:

f(p/q) = an ((p/q) - y)n + an-1 ((p/q) - y)n-1 + a1 ((p/q) - y) + a0 = 0

Achando o mmc, vem:

f(p/q) = an ((p-yq)/q)n + an-1 ((p-yq)/q)n-1 + a1 ((p-yq)/q) + a0 = 0

Multiplicando ambos os membros da igualdade por qn e, levando a0 para o

segundo membro, fica:

an (p-yq)n + q. an-1 (p-yq)n-1 + q.a1(p-yq) = -a0.qn

O primeiro membro desta última equação é um inteiro múltiplo de (p-yq), logo

(-a0.qn) também é múltiplo de (p-yq).

Assim, esse inteiro é divisível por q e por (p-yq).

Seja d Z tal que d divide q e d divide (p-yq). Temos que, como d divide (yq),

então d divide (yq + (p-yq)). Logo, Daí vem d divide (yq + p - yq)) = p. Assim, p e –q

são divisíveis por d. Como MDC(p,q) = 1, segue que d = 1 ou d = -1

Portanto, p-yq e q são primos entre si, ou seja, MDC((p-yq),q) = 1

Aplicando “n” vezes o resultado:

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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“Se a divide bc e MDC(a,b) = 1, então a divide c”, podemos concluir que (p-

yq) divide (a0q). Logo, temos assim que (p-yq) divide a0, ou seja, a0 ou f(y) é

divisível por (p-yq), y Z.

Portanto,

f(1) é divisível por (p-q) e f(-1) é divisível por (p+q).

Assim, os itens I e II do Teorema permitem identificarmos todas as possíveis

raízes racionais de uma equação algébrica de coeficientes inteiros. Já o item III

permite eliminarmos algumas dessas possíveis raízes sem precisarmos fazer a

substituição dessas raízes na equação.

2.2 – APLICAÇÕES EM EXEMPLOS

Exemplo 1

Seja f(x) = 3x3 – 16x2 + 23x – 6 = 0, vamos encontrar todas as raízes

racionais.

Solução

Vamos iniciar identificando:

Os possíveis valores de p { 1, }.

Os possíveis valores de q { }.

As possíveis raízes p/q {

Neste caso, os coeficientes dos termos de potência par têm sinais negativos e

os coeficientes dos termos de potência ímpar têm sinais positivos, então pela

alternância de sinais, não precisamos analisar os números negativos. Assim, todas

as raízes da equação são positivas. Portanto as possíveis raízes racionais são

{

Utilizando o item III do Teorema, vamos calcular f(1) e f(-1).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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f(1) = 3. 13 – 16. 12 + 23. 1 – 6 f(-1) = 3. (-1)3 – 16. (-1)2 + 23. (-1) - 6

f(1) = 3 – 16 + 23 – 6 f(-1) = -3 – 16 – 23 – 6

f(1) = 4 f(-1) = -48

Então,

Se f(1) é divisível por (p - q), então 4 é divisível por:

1/3, pois 1 – 3 = -2

2/3, pois 2 – 3 = -1

2, pois 2 – 1 = 1

3, pois 3 – 1 = 2

Se f(-1) é divisível por (p + q), então -48 é divisível por:

1/3, pois 1 + 3 = 4

2, pois 2 + 1 = 3

3, pois 3 + 1 = 4

Observe que -48 não é divisível por 2/3, pois 2 + 3 = 5, ou seja, -48 não é

divisível por 5.

Logo, as raízes de f(x) = 3x3 – 162 + 23x – 6 = 0 são {1/3, 2 e 3}.

Exemplo 2

Seja f(x) = 2x4 + 5x3 – 11x2 - 20x + 12 = 0, vamos encontrar todas as raízes

racionais.

Solução

Vamos iniciar identificando:

Os possíveis valores de p { 1, 12}.

Os possíveis valores de q { }.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

17

As possíveis raízes p/q {

Calculando f(1) e f(-1), vem:

f(1) = 2. 14 + 5. 13 – 11. 12 – 20. 1 + 12

f(1) = 2 + 5 – 11 – 20 + 12

f(1) = -12

f(-1) = 2. (-1)4 + 5. (-1)3 – 11.12 – 20. (-1) + 12

f(-1) = 2 – 5 – 11 + 20 + 12

f(-1) = 18

Então,

Se f(1) é divisível por (p - q), então -12 é divisível por:

1/2, pois 1 – 2 = -1

-1, pois -1 – 1= -2

3/2, pois 3 – 2 = 1

-2, pois -2 – 1 = -3

2, pois 2 – 1 = 1

-3, pois -3 – 1 = -4

3, pois 3 – 1 = 2

4, pois 4 – 1 = 3

Se f(-1) é divisível por (p + q), então 18 é divisível por:

1/2, pois 1 + 2 = 3

-3, pois -3 + 1 = -2

-2, pois -2 + 1 = -1

2, pois 2 + 1 = 3

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

18

Logo, as raízes de f(x) = 2x4 + 5x3 – 11x2 - 20x + 12 = 0 são {-3, -2, ½ e 2}.

Exemplo 3

Encontre todos os possíveis zeros racionais da equação

X4 + 2x3 – 7x2 – 8x +12 = 0

Solução

Sabemos que o número racional

é um zero da equação dada se q divide

12 e p divide 1. Logo, os possíveis valores para q são:

q = 1, 2, 3, 4, 6, 12.

Agora, é fácil ver que -3, -2, 1 e 2 são zeros da equação, enquanto os outros

oito restantes não são. Portanto, as raízes racionais da equação dada são:

x = -3, x = -2, x = 1, x = 2.

Exemplo 4

(Lema de Gauss) Se um polinômio de grau maior do que ou igual a 1 possui o

coeficiente de maior grau igual a 1, então todos as raízes racionais do

polinômio são números inteiros.

Solução

Seja P(x) = xn+ anxn-1 + ....+ a1x + a0, onde os coeficientes an-1, + ....+ a1, a0

são números reais (ou complexos), o polinômio. O número racional

é um

zero da equação algébrica P(x) = 0 se o inteiro q divide 1. Portanto, q = 1, o

que implica que

= p, portanto um número inteiro.

Exemplo 5

Sejam an, an-1, ...., a1, a0 são números inteiros. A equação algébrica

P(x) = anxn+ anx

n-1 + ....+ a1x + a0 = 0 (*)

não admite raízes inteiras se P(0) e P(1) são ambos números ímpares.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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Solução

Observe que, dentre os dois números inteiros -a e 1 – a, exatamente um

deles é par (pois se temos que -a é um número inteiro par, então 1 – a é um

número ímpar, pois um número ímpar mais um número par é ímpar; se -a é

um número inteiro ímpar, então 1 – a é a diferença entre dois ímpares, que é

par).

Vamos supor que a seja uma raiz inteira da equação algébrica (*).

Dividindo o polinômio P(x) por x – a, temos que

P(x) = (x – a). q(x).

Mas, P(0) = -a.q(0) e P(1) = (1 – a)q(1) são números inteiros e que pelo

exposto acima não são números ímpares. Portanto, se P(0) e P(1) são ambos

números ímpares a equação algébrica (*) não admite solução inteira.

Exemplo 6

O polinômio P(x) = ax3 + bx2 + cx + d possui os coeficientes a, b, c , d

números inteiros, com ad número ímpar e bc número par. Mostre que no

mínimo um dos zeros da equação algébrica

P(x) = ax3 + bx2 + cx + d = 0 (*)

é um número irracional.

Solução

Suponha que todos os zeros ou raízes da equação algébrica (*), x1, x2, x3,

sejam números racionais. Para todo i = 1, 2, 3, temos

P(xi) = axi3 + bxi

2 + cxi + d = 0. (**)

A equação (*) pode ser escrita como

P(x) = ax3 + bx2 + cx + d =

x3 +

bx2 +

cx + d = 0

0 (***)

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE / SEDIS

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Na equação algébrica (***), podemos mudar a variável x por y, onde y = ax,

obtendo:

y3 + by2 + acy + a2d = 0 (****)

Sejam y1, y2 e y3 os três zeros racionais da equação algébrica (****).

Sabemos que esses zeros são números inteiros, pois o termo de maior grau

tem coeficiente 1.

Por outro lado, temos que

y3 + by2 + acy + a2d = (y – y1). (y – y2). (y – y3), o que implica

y1 + y2 + y3 = -b; y1.y2 + y1.y3 + y2.y3 = ac e y1.y2.y3 = a2d = a(ad).

Como, por hipótese, ad é um número ímpar e bc é um número par, segue

que a e d são números ímpares, o que implica que y1 , y2 e y3 são números

ímpares (como soma de três números ímpares), o que acarreta b deve ser um

número ímpar e, como bc é par, segue que c é par. Portanto, ac é um

número par. Contradição, pois ac é a soma de três números ímpares.

Portanto, no mínimo um dos zeros da equação algébrica

P(x) = ax3 + bx2 + cx + d = 0 (*)

é um número irracional.

Exemplo 7

Um engenheiro projetou duas caixas-d’água de mesma altura: uma em forma

de cubo e a outra em forma de paralelepípedo reto-retângulo, com 6m2 de

área de base. O volume da caixa em forma de paralelepípedo reto-retângulo

deve ter 4m3 a menos que o volume da caixa cúbica. Qual deve ser a medida

racional da aresta da caixa cúbica?

Solução

Vamos considerar a figura 1(caixa em forma de cubo) e a figura 2 (caixa em

forma de paralelepípedo reto-retângulo).

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Figura 1 Figura 2

Na figura 1, temos que o volume é dado pela aresta elevada ao cubo, assim

temos que V = x3 (vamos encontrar x)

Agora, analisando a figura 2, sabemos que a área da base é dada por a.b e

que o volume do paralelepípedo é dado por a.b.x, assim,

A = ab, como a área é igual a 6m2, então

ab = 6 (I)

e

V = abx (II)

Substituindo I em II, temos que:

V = 6x

Como a medida do volume da caixa em forma de paralelepípedo reto-

retângulo deve ter 4m3 a menos que o volume da caixa cúbica, então:

Volume do paralelepípedo menos quatro é igual ao Volume do cubo

VP – 4 = VC , substituindo os valores dos volumes, teremos a seguinte

equação

6x – 4 = x3

X3 – 6x + 4 = 0

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Aplicaremos o Teorema das raízes racionais de uma equação algébrica com

coeficientes inteiros para encontrarmos o valor de x e assim a medida da

aresta do cubo

Vamos iniciar identificando:

Os possíveis valores de p { 1, }.

Os possíveis valores de q { }.

As possíveis raízes p/q {

Calculando f(1) e f(-1), vem:

f(1) = 13 – 6. 1 + 4

f(1) = 1 – 6 + 4

f(1) = - 1

f(-1) = (-1)3 – 6. (-1) + 4

f(-1) = - 1 + 6 + 4

f(-1) = 9

Então,

Se f(1) é divisível por (p - q), então - 1 é divisível por:

2, pois 2 – 1 = 1

Se f(-1) é divisível por (p + q), então 9 é divisível por:

- 4, pois - 4 + 1 = - 3

- 2, pois - 2 + 1 = - 1

2, pois 2 + 1 = 3

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Como estamos procurando a medida racional da aresta do cubo, então

precisa ser um número racional inteiro, então apenas a raiz 2 satisfaz.

Logo, a aresta da caixa cúbica mede 2 m.

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CONCLUSÃO

Esta monografia teve como objetivo principal apresentar um método que

permite encontrar as possíveis raízes racionais de uma equação algébrica de grau n,

onde os coeficientes desta equação sejam números inteiros.

Sabemos que os principais obstáculos encontrados no entendimento de

equações estão ligados às regras de abstração introduzidas neste conteúdo. Devido

a isso, buscamos inserir o assunto usando uma linguagem acessível ao aluno de

Ensino Médio, utilizando o processo de generalização de padrões a fim de

minimizarmos o ensino mecânico e a tradução de regras da aritmética.

Portanto, analiso este trabalho de forma positiva, acredito que ampliará o

conhecimento do leitor, e, pode ajudá-lo a elaborar o pensamento matemático e

assim passar a enxergar e resolver Equações Algébricas de forma prazerosa.

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BIBLIOGRAFIA

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