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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ESTUDO DAS INOVAÇÕES NA ÁREA DA TURBINA A GÁS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
ii
Inácio Araújo Freire Neto
Matrícula - 2010050754
Orientador: Prof. Dr. Gilson Gomes de Medeiros
Natal/RN, Agosto de 2018.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
3
ESTUDO DAS INOVAÇÕES NA ÁREA DA TURBINA A GÁS
Trabalho de Conclusão de Curso, a fim de cumprir os
requisitos para obtenção da Graduação em Engenharia
Química, na Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
Banca Examinadora
ORIENTADOR: ________________________________________________
GILSON GOMES DE MEDEIROS
PROF. DR. - UFRN
EXAMINADOR: ________________________________________________
EXAMINADOR: ________________________________________________
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Ana Maria Freire de Araújo e Manoel
Cornélio de Aragão Mendes Neto, as minhas tias Ilzani Maria Freire, Isa
Maria Freire e Irani Maria Freire, que me deram muito apoio nos momentos
mais difíceis da minha vida e me educaram, assim como à minha avó Zilda de
Lima Freire, que foi uma grande companheira e sempre me ajudou nos
momentos mais difíceis desse trajeto. Enfim, agradeço por todo carinho e
confiança depositados em mim, para que fosse possível chegar até aqui. Vocês
foram essenciais nesta conquista!
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
5
EPÍGRAFE
“As nuvens mudam sempre de posição, mas são sempre nuvens no céu. Assim
devemos ser todo dia, mutantes, porém leais com o que pensamos e sonhamos;
lembre-se, tudo se desmancha no ar, menos os pensamentos”. (Paulo Beleki)
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado força e sabedoria para ter concluído e passado por cada
etapa deste trabalho, além de uma inspiração para a realização das minhas conquistas
profissionais, e ainda pela saúde, paz e por ter me guiado em minhas escolhas e decisões.
À minha mãe, Ana Maria Freire, que sempre buscou me fazer evoluir como pessoa, me
ajudando com qualquer obstáculo no caminho, desde o mais simples até o mais complicado.
À minha avó, Zilda de Lima Freire, que, com suas palavras de gentileza e sabedoria, me
permitiram percorrer o caminho a ser trilhado.
Gostaria de agradecer, também, ao Departamento de Engenharia Química pelo apoio
estrutural para o desenvolvimento com alto padrão do curso de Engenharia Química.
Agradeço, também, todo o apoio proporcionado pelo meu Prof. Dr. Gilson Gomes de
Medeiros, por ter aceitado me orientar e ter confiado que eu poderia realizar este trabalho
mesmo com todos os contratempos e obstáculos.
Aos meus amigos que estiveram presentes durante todo o curso de Engenharia Química e
passaram juntos comigo todas as dificuldades e glórias ao longo do caminho, muito obrigado.
E, por fim, tão importante quanto os demais, a todos as pessoas com quem tive contato
nessa jornada diretamente ou indiretamente, demais professores, assistentes técnicos
administrativos, familiares não citados anteriormente e aos demais.
MUITO OBRIGADO!
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
7
RESUMO
A crise energética ocorrida nos anos 90, no Brasil, abriu os olhos da nação para a necessidade
de procurar por novas fontes de energia e processos que fossem mais rentáveis
economicamente e no âmbito ambiental. Para que se mudasse a forma como a energia era
produzida e distribuída, muitas pesquisas foram feitas em diversas áreas, sendo a de turbina a
gás uma das quais recebeu maior foco de atenção nos últimos anos. Nesse sentido, têm sido
desenvolvidos e implantados, nas últimas décadas, ciclos combinados com base no ciclo de
Brayton e ciclos regenerativos que permitem uma melhor utilização das turbinas a gás,
aumentando seu rendimento para valores acima de 50%. Além disso, têm tem sido produzidas
classes de turbinas a gás (E, F e H) com inovações que permitem a obtenção de rendimentos
ainda melhores, sendo a classe H capaz de obter potências de até 400 megawatts para geração
de energia. Este trabalho tem como objetivo apresentar as inovações que foram feitas nas
turbinas a gás nos últimos anos, além de mostrar um estudo detalhado de cada componente
que constitui a turbina a gás e como a mesma pode ser utilizada para a geração de energia
limpa e sustentável, chamando atenção para o processo de cogeração de turbinas, que permite
um maior aproveitamento da energia térmica no processo. No presente trabalho, é mostrado
também um caso de aplicação de turbina a gás num FPSO (Floating Production Storage and
Offloading), mostrando como as turbinas devem ser dimensionadas num caso real e as
potências operadas pela mesma. Também são enfocadas as turbinas de hidrogênio, que estão
apresentando cerca de 3-5% de melhoria em ciclos combinados, as turbinas avançadas de
combustão, ciclos de energias supercríticas, além de serem comentadas as tecnologias de
fabricação aditiva de impressão 3D, que têm ganhado destaque no mercado por permitir a
realização de projetos de turbinas digitalizados e a sua fabricação com objetivos funcionais.
Por fim, fez-se uma avaliação econômica das turbinas de classe E, F e H, mostrando o
desempenho econômico de cada uma delas.Ao final do estudo presente no trabalho percebeu-
se que as turbinas a gás de classe H apresentaram rendimentos bem mais elevados que as de
classe F em nível de geração de energia além de terem uma economia de combustível maior.
Palavras Chave: Turbinas a gás; rendimento; energia; inovações tecnológicas.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
8
ABSTRACT
The energy crisis that occurred in Brazil in the 1990s has opened the nation's eyes to the need
of searching for new sources of energy and processes that were more economically and
environmentally profitable. In order to change the way energy was distributed, researches
were made in several areas, the one of the gas turbine being one of those which received a
greater research focus over the years. For the focus of the gas turbine, it has been developed in
the past decades, combined cycles based on the Brayton cycle and regenerative cycles that
allow a better use of the gas turbines increasing their yield to values above 50%, besides these
cycles, it has been developed classes of gas turbines (E, F and H) which allow the turbine to
obtain even better yields, the class H being able to obtain power of 400 MegaWatts for power
generation. This essay aims to show the innovations that have been made in the gas turbines
in recent years, as well as to show a detailed study of each component that constitutes the gas
turbine and how it can be used to generate clean and sustainable energy, calling attention to
the process of cogeneration of turbines, which allows a greater use of thermal energy in the
process. In the present work it was also shown a case of the gas turbine application in a FPSO
(Floating Production Storage and Offloading) showing how the turbines should be
dimensioned in a real case and the powers operated by it. In this essay we also focused on the
hydrogen turbines that are presenting about 3-5% improvement in combined cycles, the
advanced combustion turbines, cycles of supercritical energies, besides commenting on the
additive manufacturing 3D printing technologies that has gained prominence in the market
that allow the operator to create projects of digitized turbines and turn them into really
functional objects. Finally, an economic evaluation of the class E, F and H turbines has been
made, showing the economic performance of each one of them.At the end of this study, it was
noticed that class H turbines show a better efficiency than class F turbines in power
generation and fuel cost.
Keywords: Gas Turbine, efficiency, energy, technological innovations.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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SUMÁRIO
1- Panorama energético brasileiro .................................................................................. 11
1.1-Contexto econômico ................................................................................................. 11
1.2- Formas de geração de energia ................................................................................. 14
1.2.1 - Energia hidrelétrica ............................................................................................. 14
1.2.2 - Energia Solar ....................................................................................................... 15
1.2.3 - Energia Eólica ..................................................................................................... 16
1.2.4 - Termelétricas ....................................................................................................... 18
1.3-Estimativas ............................................................................................................... 19
2- Turbinas a gás: histórico, descrição e funcionamento................................................ 21
2.1-Origem da turbina a gás ........................................................................................... 21
2.2- Funcionamento do ciclo Brayton ............................................................................ 25
2.3 – Componentes de uma turbina a gás ....................................................................... 27
2.3.1 - Caixa de filtragem ............................................................................................... 27
2.3.2 - Compressor ......................................................................................................... 28
2.3.3 - Câmara de combustão ......................................................................................... 29
2.3.4 - Turbina de potência ............................................................................................. 30
2.3.5 - Outros equipamentos ........................................................................................... 30
3 – Cogeração ................................................................................................................. 31
3.1 – Definição de cogeração ......................................................................................... 31
3.2 – Ciclos de cogeração ............................................................................................... 33
3.2.1 – Configuração topping ......................................................................................... 33
3.2.2 – Configuração bottoming ..................................................................................... 33
3.3 – Tecnologias de recuperação de calor ..................................................................... 34
3.3.1 – Trocadores de calor ............................................................................................ 34
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
10
3.3.2 – Caldeiras ............................................................................................................. 36
3.3.2.1 – Caldeiras flamotubulares ................................................................................. 36
3.3.2.2 – Caldeiras aquatubulares ................................................................................... 36
3.4 – Funcionamento da turbina a gás com cogeração ................................................... 38
4 – Inovações na área de turbina a gás ........................................................................... 40
4.1 – Regeneradores ....................................................................................................... 41
4.2 – Ciclos Combinados ................................................................................................ 42
4.3 – Turbinas a gás modernas ....................................................................................... 43
4.3.1 – Turbinas de hidrogênio ....................................................................................... 45
4.3.2 – Turbinas avançadas de combustão ..................................................................... 45
4.3.3 – Ciclo de energia supercrítica com CO2............................................................... 46
4.4 – Inovações no resfriamento das palhetas ................................................................ 46
4.4.1 – Resfriamento por convecção .............................................................................. 47
4.4.2 – Resfriamento por colisão .................................................................................... 47
4.4.3 – Resfriamento de filme ........................................................................................ 47
4.4.4 – Resfriamento por transpiração ............................................................................ 47
4.4.5 – Resfriamento água/vapor .................................................................................... 47
4.5 – Utilização do software Ansys Mechanical 14.0 .................................................... 48
4.6 – Impressão 3D ......................................................................................................... 49
5 – Estudo comparativo de custos. ................................................................................. 51
5.1 – Cálculo do LCOE .................................................................................................. 51
5.2 – Comparação dos custos das turbinas ..................................................................... 53
6 – Conclusão ................................................................................................................. 54
Referências ..................................................................................................................... 57
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
11
1 PANORAMA ENERGÉTICO BRASILEIRO
1.1 Contexto econômico
A partir do final do século XIX, o Brasil passou a direcionar sua geração de energia
elétrica para as fontes hídricas, com a inauguração das primeiras hidrelétricas no interior
mineiro, em Diamantina (1883) e Juiz de Fora (1889). Essa opção veio em um crescimento tal
que, na década de 1980, a participação da hidroeletricidade na matriz energética brasileira
chegou a 92,5% (Dolle, 2013).
Porém, nas décadas de 80 e 90, tivemos um quadro onde a capacidade de geração de
energia elétrica apresentava-se inferior ao consumo, fazendo com o que o país caminhasse
para um racionamento de energia, como acabou ocorrendo. Esse caminho foi regido pelo fato
de quase toda a geração de energia na época depender exclusivamente das hidrelétricas e as
mesmas serem susceptíveis a terem seu rendimento prejudicado em caso de secas e falta de
chuvas. O gráfico da Figura 1.1 mostra o crescimento da capacidade de geração de energia
elétrica instalada e seu consumo no Brasil no período de 1980-2002:
Figura 1.1 – Comparação entre a capacidade instalada e o consumo anual de energia elétrica.
Fonte: ANEEL/ Eletrobrás, 2003.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
12
Segundo Bardelin (2004), uma das medidas tomadas pelo Governo Federal para obter
um aumento na geração de energia foi a implantação das termelétricas, utilizando o gás
natural como combustível. Essa necessidade de mudar a forma como se gerava energia no
país se deu principalmente pela grande dependência das hidrelétricas. Entre 1999 e 2001, tem-
se a construção de 49 usinas termelétricas, sendo 42 movidas a gás natural, o que aumentou
em 15.000 MW a capacidade de geração de energia até 2003. Em 1996, foi firmado um
contrato do Brasil com a Bolívia para a compra de gás natural produzido naquele país, sendo
construído um gasoduto com capacidade de transportar 30 milhões de m3/dia. Esse contrato
teve como objetivo imediato mover a indústria termelétrica no país. Enquanto as térmicas não
entravam em operação, o Governo tentou reduzir o consumo, por meio da implantação de
sobretaxas para quem continuasse consumindo acima de determinados limites. Assim, em
2001, foram adotadas medidas provisórias para que se administrasse melhor a crise de
abastecimento elétrico, pois o custo do déficit no setor energético brasileiro era de
aproximadamente 997 US$/Mwh. A Câmara de Gestão da Crise de Energia (CGCE) instalou
medidas para um racionamento de energia, como mostrado na tabela da Figura 1.2.
Figura 1.2 – Tarifas para redução do consumo de energia elétrica.
Fonte: ANEEL e CGCE, 2001.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
13
De acordo com Bardelin (2004), o racionamento de energia implantado em 2001 visou
uma redução média de consumo de 20%, havendo variações na taxa dependendo do Estado e
da característica do consumidor. O programa apresentou sucesso em seu implemento, pois
muitos tinham medo, na época, dos “apagões”, que seriam a interrupção do fornecimento de
energia elétrica para uma determinada área durante algum tempo, para o cumprimento das
reduções necessárias do consumo.
Ainda de acordo com Bardelin (2004), a CGCE dividiu a sua linha de ação em cinco
vertentes para a diminuição da energia elétrica, que foram:
Programa Estrutural da Oferta de Energia.
Programa Emergencial de Aumento da Oferta de Energia.
Programa de conversação e uso do setor elétrico.
Revitalização do modelo do setor elétrico.
Medidas para reduzir os efeitos econômicos e sociais do racionamento.
As medidas de racionamento e as demais ações tomadas pela CGCE, na época, se
refletiram numa maior expansão do setor elétrico, além de um crescimento industrial para o
país, o que impulsionou a criação de vários órgãos do governo de incentivo à geração e à
economia de energia elétrica, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a
Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial (CBEE). O gráfico da Figura 1.3 mostra
como foi visível o efeito do racionamento de energia no Brasil.
Figura 1.3 Evolução do consumo mensal de energia elétrica no Brasil
.
Fonte: ELETROBRÁS, 2003.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
14
1.2 Formas de geração de energia
A partir do final da crise energética, tem-se então investimentos bastante abrangentes
nas outras áreas de energia. No Brasil, há atualmente quatro tipos principais de geração de
energia: hidrelétrica, térmica, eólica e solar, sendo as duas primeiras as principais e as duas
últimas chamadas de energias renováveis e complementares às duas primeiras.
1.2.1 Energia hidrelétrica
Dos quatro tipos de geração de energia acima mencionados, tem-se no Brasil o uso
predominante da energia hidrelétrica, que funciona através da conversão da energia potencial da
água em energia mecânica nas turbinas e logo em seguida a transformação da energia mecânica
em elétrica por meio de um gerador. Para classificar uma usina hidrelétrica, são usados alguns
critérios como: vazão e altura da queda d’água, potência instalada, tipo de turbina utilizada, tipo
de barragem e reservatório. Com a análise da potência instalada, classificamos a usina hidrelétrica
como sendo de grande, médio ou pequeno porte (as de pequeno porte recebem a sigla de PCH,
pequena central hidrelétrica).
O impacto ambiental das atividades geradas pela hidrelétrica é imenso, pois ela
necessita de uma área ambiental bastante ampla – em média, 2.430 km2 para uma hidrelétrica
grande. Nesse espaço, ocorre uma liberação de CO2 por meio da decomposição das árvores
acima da água. Há também a liberação de metano (CH4) na área do fundo do reservatório.
Isso ocorre devido ao fato de a massa de água que se encontra mais abaixo do reservatório ser
ausente de oxigênio, enquanto que a água da superfície é rica. Isso gera um efeito em que a
vegetação da zona mais profunda não produza CO2 e sim CH4, que provoca cerca de 21 vezes
mais impacto sobre o efeito estufa que o gás carbônico. Conforme a vegetação do fundo desse
reservatório cresce, o gás carbônico da superfície é removido da atmosfera através da
fotossíntese e o carbono é liberado pela vegetação em forma de metano. Outro impacto
negativo em relação às usinas hidrelétricas é o alto tempo de instalação da mesma (VAINER,
2003).
No Brasil, a energia hidrelétrica é responsável por gerar 70% da energia consumida
em todo o país, e seu potencial é estimado em 260 gigawatts (GW), dos quais 40,5% estão
localizados na bacia do rio Amazonas. Outras bacias importantes são a do Rio Paraná (23%),
a bacia do rio Tocantins (10,6%) e bacia do São Francisco. O país possui cerca de 930 usinas
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
15
hidrelétricas em operação no território nacional, com geração de aproximadamente
88 gigawatts (GW) (MORAIS, 2015).
Embora a água seja o principal recurso natural, cobrindo cerca de dois terços da
superfície do planeta, a geração de energia proveniente de hidrelétricas tem diminuído, devido
ao fato dos volumes de água encontrados nos oceanos não serem usados em escala comercial.
A geração hidrelétrica teve seu uso aumentado em apenas duas regiões do mundo, sendo elas
a China e a América do Sul – nesta, devido ao Brasil. Estima-se que, em 2030, o consumo de
energia elétrica será entre 950 e 1250 terawatts hora por ano (TWh/ano), isto é, mesmo com
80% do potencial hidrelétrico brasileiro, a produção de eletricidade poderá não atender a
demanda (MORAIS, 2015).
1.2.2 Energia Solar
A energia solar está presente no nosso cotidiano de diversas formas, seja através de
radiações eletromagnéticas, da energia potencial da água de mares e chuvas que é evaporada
pelo sol ou até mesmo do movimento dos ventos que geram uma variação na temperatura e
consequentemente alteração na pressão do ar atmosférico.
Conforme Gomes (2010), o Brasil é privilegiado quando falamos de energia solar. De
acordo com dados do Atlas Solarimétrico do Brasil, é registrada uma incidência de 8 a 22
MJ/m2 durante o dia, sendo as menores variações ocorridas dentre os meses de maio a junho,
variando de 8 a 18 MJ/ m2 (Figura 1.4).
Figura 1.4 – Variação da radiação solar no Brasil.
Fonte: GOMES, 2010.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
16
Para o seu aproveitamento, a energia solar é armazenada por painéis ou lâminas
que capturam a radiação liberada pelo sol e a convertem energia elétrica. Sua vantagem
consiste no fato de ser um recurso renovável, porém a mesma ainda apresenta um custo
aquisitivo alto para funcionar e o armazenamento desses painéis solares ainda é muito
pouco eficiente se comparado ao montante de energia gerada numa usina hidráulica ou
termelétrica, além de se ter uma dependência climática envolvida.
Apesar do Brasil ter um potencial muito bom para explorar o seu uso, a participação
da energia solar é muito reduzida. A expectativa é de expansão de usinas solares em zonas
rurais, com parte de um projeto focado em comunidades mais pobres e localizadas a grandes
distâncias das redes de distribuição de energia.
1.2.3 Energia Eólica
A energia eólica é gerada através das forças dos ventos, por meio de geradores
elétricos acoplados a uma turbina que se move quando alcançada pelo vento. A energia
eólica foi desenvolvida na Alemanha na década de 70, devido à primeira crise do petróleo,
tornando-se uma opção viável e econômica para muitos países. Considerando seu custo, a
energia eólica é uma das mais baratas no mercado.
Para a produção de energia eólica, é necessário primeiramente a construção de parques
eólicos formados por um conjunto de turbinas eólicas dispostas em uma mesma área. Além
disso, é preciso avaliar o potencial energético daquela localidade em que se deseja instalar a
usina de geração eólica. Tal trabalho é feito coletando dados da velocidade do vento daquela
região.
Para que a energia seja considerada aproveitável, deve-se ter uma densidade de ventos
maior ou igual a 500 W/m2 a uma altura de 50 metros, o que equivale a ventos de velocidades
médias mínimas de 7 a 8 m/s. Ventos muito fortes, como, por exemplo, acima de 25 m/s,
possuem alta turbulência e podem danificar a estrutura da turbina (GOMES, 2010).
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
17
A Figura 1.5 mostra os principais componentes do sistema conversor de energia
eólica.
Figura 1.5 – Sistema conversor de energia eólica e seus componentes.
Fonte: GOMES, 2010.
O Brasil é privilegiado em termos de vento, com um média duas vezes superior à
mundial, além de qualidade, pois os ventos têm apenas 5% de oscilação de velocidade.
Outra característica a ser ressaltada é a velocidade dos ventos ser maior nos períodos de
estiagem, quando os níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas caem e a energia
eólica pode ser usada para suprir o déficit hídrico. Calcula-se que o potencial eólico
brasileiro é algo em torno de 143 GW. A região Nordeste destaca-se por ter o maior
potencial eólico, de aproximadamente 75 gigawatts (MORAIS, 2015).
O maior parque eólico do país é o do Complexo Eólico Alto Sertão I, localizado na
Bahia, com 0,294 gigawatts de potência instalada, o que corresponde cerca de 30% de toda a
energia eólica gerada no Brasil. Podem-se destacar outros parques eólicos, como o de Rio do
Fogo, no Rio Grande do Norte (0,15 GW) e o de Praia Formosa, no munícipio de Camocim,
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
18
no Ceará (0,104 GW). Entre os anos de 2003 e 2008, a capacidade eólica instalada no Brasil
cresceu em torno de 65% e ainda hoje está longe de atingir o máximo do seu potencial
energético.
A energia eólica apresenta como vantagem o fato de não emitir gases nem gerar
resíduos e ser inesgotável. Porém, em contrapartida, nem sempre o vento sopra quando a
eletricidade é necessária, além do impacto sonoro, produzindo um ruído constante de
aproximadamente 43 decibéis, além de não apresentar uma eficiência tão boa quanto as usinas
hidrelétricas ou térmicas.
1.2.4 Termelétricas
A energia térmica é a fonte de energia que utiliza a combustão de materiais para a
geração de energia. Os três principais combustíveis usados para a obtenção de energia térmica
são: gás natural, carvão e petróleo.
As usinas termelétricas convencionais geram calor a partir da queima dos
combustíveis citados acima. O calor gerado aquece a água dentro de tubos que produzem o
vapor necessário para movimentar uma turbina e um gerador que produz a energia elétrica.
Normalmente, as usinas termelétricas são instaladas próximas de mares ou rios com o intuito
de utilizar essa água para o resfriamento do vapor, o que pode gerar um prejuízo no
ecossistema da região.
Estima-se que 81% da energia elétrica consumida no mundo vem de termelétricas que
utilizam carvão, gás natural e petróleo. No Brasil, as fontes de termelétricas a base de petróleo
servem como um complemento de geração de energia em horários de picos ou quando
ocorrem falhas no fornecimento de energia. A região Norte do país já possui as principais
usinas abastecidas por óleo diesel, que são utilizadas para atender sistemas isolados. As outras
usinas de óleo diesel estão distribuídas por todo o território nacional e são complementares ao
sistema hidrelétrico (MORAIS, 2015).
Além do petróleo, temos o gás natural, que, a partir dos anos 80, foi o combustível que
teve maior crescimento e utilização no mundo. Conforme Silva (2010), o gás natural tem
ganhado cada vez mais destaque devido à sua abundância e ser vantajoso, ambientalmente
falando, quando em comparação com os óleos combustíveis e o carvão, pois a queima destes
dois últimos gera efeitos indesejados no meio ambiente. Estima-se que 57% do total de
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
19
emissão de CO2 na atmosfera sejam causados pela queima de óleo combustíveis, carvão e gás
natural. O gás natural, contudo, apresenta uma redução de emissão de CO2 de cerca de 20 a
30% em relação ao óleo combustível e de 40 a 50% com respeito ao carvão.
Além de gerar menos poluição, o emprego das termelétricas a gás natural tem uma
vantagem com relação a usinas hidrelétricas, já que não apresenta áreas de obstrução de
áreas produtivas e a retirada da população local. Atualmente, o gás natural perde apenas
para o carvão mineral, como matéria-prima para geração de energia elétrica.
No Brasil, o gás natural começou a ser utilizado em 1940 com o descobrimento de
óleo e gás na Bahia. Porém, foi com a descoberta da bacia de Campos que as reservas
descobertas quadruplicaram, no período de 1980-95. A maior parte das termelétricas opera a
gás natural, em parte devido à importação da Bolívia, um dos países de maior reserva da
América Latina.
Em 2007, as reservas mundiais de gás natural eram suficientes para atender à demanda
do mercado por 60 anos, porém esse cenário é muito instável por depender de novas
explorações e da taxa de consumo utilizado. Atualmente, a Petrobrás é a única companhia, no
Brasil, que atua em exploração e transporte do gás natural.
1.3 Estimativas
Existe a expectativa de que a demanda por gás natural para gerar eletricidade deve se
expandir até 2020. Isso se deve ao interesse em se substituir o carvão e o petróleo. O gás
natural é responsável por 22% da matriz energética elétrica mundial e 9,1% da matriz elétrica
brasileira. O gráfico da Figura 1.6 mostra o desempenho da matriz elétrica brasileira em 2016.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
20
Figura 1.6 Matriz elétrica brasileira.
Fonte: MME/EPE, 2017.
Pode-se fazer uma comparação com a matriz energética global de 2013, mostrada na
figura 1.7:
Figura 1.7 – Matriz energética mundial em 2013.
Fonte: MME, 2016.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
21
Comparando-se os gráficos, pode-se perceber que a energia hidráulica é muito pouco
usada no mundo e que, em escala global, a fonte de energia mais utilizada são os derivados de
petróleo, enquanto que no Brasil apenas 3,7% do total da matriz energética é originada a partir
dessa fonte. Observa-se também um grande uso do gás natural na matriz energética global.
Estimativas da Petrobrás indicam que a produção de gás natural deverá atingir 657
bilhões de metros cúbicos nos próximos anos, isto é, o suficiente para suprir o consumo do
Brasil por 20 a 30 anos. O grande porém é que 80% das reservas de gás natural estão
associadas com as jazidas de petróleo e, pelo fato de o petróleo ter valor acima do gás, os
investidores preferem apostar na exploração do primeiro. Isso deve acarretar um aumento do
preço do gás natural. Uma alternativa a esse problema é criar um mercado flexível de gás de
forma que, quando a disponibilidade de gás diminuir, o seu consumo também diminua e vice-
versa.
O outro insumo usado nas termelétricas é o carvão mineral, responsável por 62% da
geração de energia elétrica no mundo e por somente 2,9% no Brasil. Acredita-se que o seu
uso ainda vai se manter nessa posição por pelo menos 30 anos. O grande problema do carvão
mineral é ambiental, por causar degradação do solo nas áreas de extração, além de ter uma
taxa de emissão de gás carbônico extremamente alta sendo essa a principal razão para
acreditar que o seu consumo irá diminuir nos próximos anos.
No Brasil, as centrais termoelétricas a gás que têm sido implantadas nas décadas
recentes fazem uso de uma turbina a gás, cujo funcionamento se fundamenta no ciclo
termodinâmico de Brayton (que será descrito propriamente no Capítulo 2). Para otimizar a
eficiência dessas centrais, o ciclo Brayton vem sendo empregado associadamente à geração de
energia ou vapor por outro processo, uma vez que no ciclo básico, a carga térmica rejeitada é
muito grande. Tem-se assim, as centrais de cogeração ou ciclos combinados, que são um dos
pontos principais apresentados nesse trabalho.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
22
2 TURBINAS A GÁS: HISTÓRICO, DESCRIÇÃO E FUNCIONAMENTO.
2.1 Origem da turbina a gás
A turbina a gás teve a sua origem com finalidade inicial de servir para pesquisas
aerodinâmicas, como projeto de aviões. Com o passar do tempo, o seu uso foi ampliado para
acionamentos de compressores, bombas e geradores.
Primeiro, é importante entender como a turbina a gás chegou ao seu funcionamento
dos dias de hoje. Segundo Martinelli Junior (2002), em 1629, um engenheiro chamado
Giovanni Branca desenvolveu um invento que se utilizava de jatos a vapor para girar uma
turbina, a qual cedia trabalho para o maquinário (Figura 2.1).
Figura 2.1 Turbina de Giovani Branca.
Fonte: MARTINELLI JUNIOR, 2002.
Em seguida, em 1687, Isaac Newton anunciou as leis do movimento. Com base nas
suas leis, em especial a 3ª, que afirma haver um equilíbrio entre ação e reação, ou seja, para
cada ação há uma reação de mesmas força e intensidade e de sentido oposto, Newton propôs
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
23
um veículo movido por jatos de vapor (Figura 2.2), formando a base da teoria da propulsão
moderna.
Figura 2.2 Veículo a vapor proposto por Newton.
Fonte: MARTINELLI JUNIOR, 2002.
Em 1791, o inglês John Barber registra a patente de um motor movido por uma
máquina a vapor. Sendo projetado para ser um motor fixo industrial, o aparelho constituía de
um compressor, uma câmara de combustão e uma roda de turbina, conforme a Figura 2.3.
Figura 2.3 Motor a vapor de John Barber.
Fonte: MARTINELLI JUNIOR, 2002.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
24
Após John Barber, o francês Bresson teve a ideia de usar um tipo de ventilador para
movimentação do ar, misturando a ele um gás combustível e queimando-o. Os produtos dessa
combustão seriam resfriados à medida que, por adição de mais ar, o produto final era usado
para conduzir lâminas de uma turbina. Porém, não existem provas desse dispositivo
imaginado por Bresson ter sido construído.
É importante destacar a diferença entre uma máquina movida a vapor e uma máquina
de combustão interna. A máquina movida a vapor tem seu fundamento baseado no
aquecimento da água, isto é, no aquecimento do fluido, para que este transforme sua energia
térmica em energia mecânica através da expansão desse vapor de água pelo sistema. Esse
aquecimento do fluido é feito através de uma fornalha onde se queima carvão, óleo, madeira
ou algum outro combustível para transferir calor para o fluido, geralmente água (TRUJILLO,
2015).
No motor de combustão interna, tem-se um conjunto de componentes que se
combinam entre si, com a finalidade de transformar a energia calorífica da combustão da
mistura do ar e combustível em energia mecânica capaz de efetuar trabalho. No caso do motor
a combustão interna, os próprios gases gerados na queima são os fluidos operantes. A Figura
2.4 mostra um exemplo de motor de combustão interna com seus respectivos constituintes.
Figura 2.4 – Esquema de um sistema pistão-cilindro de combustão interna.
Fonte: Couto, 2015.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
25
Juntando as ideias de John Barber e de Bresson, a primeira turbina a gás foi construída
entre os anos de 1900 e 1904 por J. F. Stolze. O equipamento foi testado por quatro anos, mas
nunca funcionou com efetividade. A turbina criada por J.F Stolze pode ser vista na Figura 2.5.
Figura 2.5 Turbina
Fonte: RENOVE TECNOLOGIA, 2014.
O grande salto na evolução das turbinas a gás se dá quando começam a ser realizados
testes para o seu uso no ramo aeronáutico, pouco antes da Segunda Guerra Mundial. As
principais razões para tal investimento foram seu baixo peso e pequeno volume. O primeiro
motor com base na turbina a gás para fins aeronáuticos foi produzido em 1937 por Frank
Whirtle.
Nessa época, o estudo da aerodinâmica avançou muito e, com isso, a evolução e a
expansão do uso da turbina a gás foram bastante significativas. Nos anos 70, todos os aviões
já eram impulsionados por turbinas. A partir daí, a aplicabilidade das turbinas foi aumentando
e elas começaram a ser usadas na área industrial. A primeira instalação industrial de turbina a
gás foi feita na França em 1949 e atingiu uma potência de 12,5 MW (GIAMPAOLO, 2006).
Esse desenvolvimento chegou até os dias atuais e, hoje, as turbina a gás têm múltiplas
aplicações e são usadas para propulsão aeronáutica, naval, geração de eletricidade e
acionamento de equipamentos.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
26
2.2 Funcionamento do ciclo Brayton
Grande parte dos estudos desenvolvidos nos anos 70 com relação à turbina a gás teve
embasamento no chamado ciclo Brayton, um processo termodinâmico constituído de quatro
etapas que podem ser acompanhadas em um diagrama termodinâmico, como o que é
mostrado na Figura 2.6.
Figura 2.6 Diagrama termodinâmico do ciclo Brayton.
Fonte: POTTER, 2007.
As etapas do ciclo são, em sequência:
1-2 – Compressão do ar, durante a qual a pressão e a temperatura do fluido aumentam,
juntamente com a entalpia. Idealmente, essa compressão é isentrópica (sem dissipação de calor
por atrito e sem transferência de calor para a vizinhança).
2-3 – Queima, sob pressão alta e constante (a linha PC é uma isóbara), do combustível
(gás natural) injetado a alta pressão na(s) câmara(s) de combustão, onde foi misturado com o
ar proveniente do compressor.
3-4 – Expansão dos gases produzidos na queima, a alta temperatura (a mais elevada
temperatura do ciclo, indicada por T3) e a alta pressão, fluindo em alta velocidade através dos
estágios da turbina geradora, que converte parte da energia dos gases em potência do eixo. Na
aplicação industrial, os gases escoam por uma turbina de reação ou de potência, sendo que 2/3 da
energia gerada na expansão é consumida na compressão do ar (etapa 1-2) e a energia residual
(1/3) é empregada para acionar um componente (gerador elétrico, bomba ou outro compressor).
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
27
Idealmente, esta expansão é também considerada isentrópica e acompanhada de redução na
entalpia.
4-1 – Liberação dos gases para o meio externo, por meio do duto de exaustão (chaminé),
onde sua energia remanescente pode ser reaproveitada em um sistema de recuperação de calor
(cogeração) ou, então, simplesmente cedida ao ambiente.
Na Figura 2.6, pode-se ainda observar diferenças no comportamento dos ciclos ideal
(1-2-3-4) e real (1-2’-3’-4’), devido a alguns aspectos que são desconsiderados quando
tratamos o ciclo como ideal. Um deles é a queda de pressão durante os processos de troca de
calor com o meio (ou seja, as etapas 2-3 e 4-1 não são rigorosamente isobáricas); outro
aspecto é que, durante as etapas 1-2 e 3-4 (compressão e expansão), ocorre dissipação de
energia térmica por atrito e observa-se alguma troca de calor com a vizinhança, ou seja, elas
não são totalmente adiabáticas (CENGEL, 2011).
Uma turbina a gás de ciclo Brayton simples é apresentada esquematicamente na Figura
2.7. O ar entra no compressor, é descarregado já pressurizado na câmara de combustão, onde se
mistura com o gás natural (combustível). Após a queima que ali ocorre, os gases gerados são
liberados a alta pressão e a alta temperatura para o expansor (a turbina propriamente dita), fazendo
girar as palhetas conectadas ao eixo rotativo. Os produtos de combustão são descarregados para
uma chaminé e a rotação do eixo faz funcionar o gerador para a produção de energia elétrica,
acionando também o próprio compressor.
Figura 2.7 Esquema de um ciclo Brayton simples.
Fonte: COUTO, 2015.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
28
O trabalho útil da turbina a gás corresponde à diferença entre o trabalho que é
realizado no expansor e o trabalho utilizado para acionar o compressor. Como dito
anteriormente, devido ao fato de poderem atingir temperaturas de até 600 ºC, os gases de
exaustão podem ser aproveitados através da instalação de um recuperador de calor, servindo
assim para produzir água quente ou vapor, maximizando o aproveitamento energético. Outra
possibilidade para o aproveitamento destes gases reside numa configuração de cogeração para
conseguir produzir mais energia elétrica (BARBOSA, 2012). Essa questão será discutida no
próximo capítulo.
2.3 Componentes de uma turbina a gás
2.3.1 - Caixa de filtragem
No início de geração de energia por turbina a gás, temos a admissão do ar atmosférico
no equipamento, passando por uma sessão de filtragem cuja principal função é eliminar
partículas superiores a 1 m e retirar a umidade do ar externo. É importante ressaltar a
importância de purificar o ar, pois a presença de impurezas pode gerar deterioração, corrosão
e engorduramento dos componentes internos das turbinas (MENESES, 2011). Na Figura 2.8,
vê-se um exemplo de caixa de filtragem.
Figura 2.8 Caixa de filtragem de ar atmosférico.
Fonte: QUEIROZ; MATIAS, 2003.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
29
Na caixa, tem-se a presença de alguns filtros, abaixo mencionados junto com suas
finalidades específicas:
- Telas: retenção de insetos.
- Venezianas: proteção contra a chuva e impactos de objetos.
- Estágio(s) do tipo inercial: eliminação de partículas pesadas e gotas d’água.
- Estágio do tipo coalescente: retenção da umidade e de partículas maiores que 8-10
m com eficiência de 90%.
- Sistema de recolhimento de água: remoção da água nos primeiros estágios.
- Estágio do tipo de alta eficiência: retenção de partículas maiores ou iguais que 1 m,
com eficiência de 90%.
- Janela By-Pass: evitar, abrindo-se, a pressão negativa devido à perda de carga gerada
quando os filtros estão sujos, evitando, assim, danos no sistema.
O ar, após passar pela caixa de filtragem, é levado por um duto de admissão e vai para
o primeiro componente da turbina a gás, o compressor.
2.3.2 Compressor
O compressor de ar é o componente responsável pelo aumento da pressão do ar e é
acionado pelo mesmo eixo da turbina. O compressor é composto por uma seção estacionária,
onde se encontram instalados anéis com palhetas estatoras, e a seção rotativa, formada por
uma sequência de rotores conectados ao eixo. Em cada rotor (ou coroa), são montados
conjuntos de palhetas, conforme mostra a Figura 2.9.
Figura 2.9 Coroa de palhetas de uma turbina a gás.
Fonte: QUEIROZ; MATIAS, 2003.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
30
Cada estágio de compressão é constituído por um anel com palhetas estatoras e um
rotor com palhetas, intercalados. O rotor com palhetas é responsável pela aceleração do ar,
funcionando como uma espécie de ventilador. É nessa etapa que o ar recebe trabalho para
aumentar a sua velocidade (energia cinética). O anel de palhetas estatoras tem a finalidade de
direcionar o ar para incidir com ângulo favorável sobre as palhetas do próximo rotor e
promover a desaceleração do fluxo de ar, convertendo a energia cinética em aumento de
pressão e temperatura.
2.3.3 Câmara de combustão
Após passar pelo compressor, o ar aquecido entra na câmara de combustão, onde 25%
misturam-se com o combustível injetado a alta pressão, ocorrendo a queima (a pressão
constante) na chamada zona de chama ou primária. A chama contínua dessa zona não toca as
paredes da câmara de combustão, sendo modelada pela distribuição espacial do fluxo de ar
que é admitido. A proporção combustível-ar é constante, sendo o excesso (75%) do ar usado
na jusante da chama, na zona secundária ou de diluição, misturando-se com os gases
provenientes da queima para uniformizar a temperatura de saída da câmara de combustão, a
qual é reduzida a um valor adequado para a entrada na turbina de potência, pois há um limite
máximo para essa temperatura de saída por razões de resistência térmica da turbina (Queiroz e
Matias, 2003).
As câmaras de combustão podem ser do tipo anular, tubular ou tuboanular. As
câmaras do tipo tubular são normalmente utilizadas nas turbinas industriais de porte pesado e
as câmaras do tipo anular são mais usadas em turbinas de porte leve. A câmara tuboanular
seria um tipo que atende a turbinas de porte médio.
É importante ressaltar que toda câmara de combustão das turbinas a gás deve garantir um
resfriamento adequado da camisa, a combustão completa, a estabilidade da chama e a baixa
emissão de fumaça, dióxido de carbono (CO2), hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. A Figura
2.10 mostra a distribuição do fluxo de ar na câmara de combustão.
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31
Figura 2.10 Distribuição de fluxo de ar na câmara de combustão.
Fonte: QUEIROZ; MATIAS, 2003.
2.3.4 Turbina de potência
Após a combustão, os gases gerados são direcionados para uma turbina de potência,
que é um conjunto de estágios de palhetas estatoras e rotoras, cuja finalidade é converter em
trabalho a energia térmica dos gases. Movendo-se e expandido-se através das palhetas da
turbina, os gases fazem com que elas girem rapidamente, acionando o movimento do eixo e
produzindo trabalho.
O trabalho mecânico do eixo da turbina de potência é então transmitido para um
gerador elétrico. Após isso, os gases fluem para o duto de exaustão, onde sua energia
remanescente pode vir a ser usada num sistema de recuperação de calor, por exemplo, para o
aquecimento de água (MENESES, 2011).
2.3.5 Outros equipamentos
Alguns equipamentos usados na turbina a gás, além dos que foram descritos, incluem:
Caixa acústica (hood)
A caixa acústica, ou hood, é um envoltório cuja finalidade é isolar a turbina e reduzir
os ruídos provocados por ela a níveis aceitáveis, sendo no máximo 85 décibeis a um metro
de distância. O hood é composto por: paredes, chapa externa (constituída de aço carbono ou
de aço inox); camadas de lã de rocha (material anti-inflamável); película de proteção (para
evitar respingos de óleos e hidrocarbonetos); chapa perfurada (de aço inoxidável); portas
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
32
(duas a quatro, para manutenção, além de ter portas menores de acesso, com visor e abertura
anti-pânico); e resistência de aquecimento (para aquecer o interior do hood quando a
máquina esta em stand-by).
Sistema de ventilação
Na turbina a gás, também existe um sistema de ventilação cuja função é retirar da
câmara acústica o calor dissipado pelo processo de combustão, mantendo sempre a
temperatura entre 60 e 70 ºC e evitando danos aos equipamentos eletrônicos presentes no
sistema. O sistema de ventilação é constituído por filtros, dutos de entradas e de saídas e
dampers, que são dispositivos instalados na entrada e na saída do ar de ventilação da caixa
acústica. Os dampers são fechados no caso de disparo de CO2, quando ocorre detecção de
fogo.
Sistema de óleo lubrificante
Tem como finalidade fornecer óleo numa faixa de pressão entre 1,5 a 4 kgf/cm2
e
temperatura de 40 a 70 ºC, para permitir a lubrificação dos equipamentos.
Conforme Ernani Meneses (2011), além de todos os componentes citados, as turbinas
possuem também os geradores a elas acoplados, que são aparelhos que transformam a energia
mecânica de rotação em energia elétrica. O tipo de gerador escolhido varia com a máquina a
ser utilizada. É necessário ainda adequar o nível de tensão de saída com a tensão do sistema
para o qual o gerador está ligado. Nesse caso, utiliza-se o equipamento conhecido como
transformador, para elevar ou abaixar o nível da tensão de saída do gerador.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
33
3 COGERAÇÃO
3.1 Definição de cogeração
A cogeração é a capacidade de produzir duas formas de energia diferentes
simultaneamente, sendo ambas energias úteis. No caso de turbinas a gás, temos comumente a
possibilidade de se obter energia elétrica e térmica para suprir as necessidades do processo
industrial a partir de uma só fonte energética, aumentando assim a eficiência do processo de
conversão. Nas grandes centrais termelétricas, independentemente do processo empregado, a
maior parte da energia presente no combustível utilizado é transformada em calor, existindo um
limite termodinâmico que permite apenas o aproveitamento de, no máximo, 60% da energia
contida no combustível, sendo este valor alcançado apenas nas mais sofisticadas operações com
turbinas a gás.
Assim sendo e levando-se em consideração o aproveitamento térmico realizado nas
unidades de cogeração, podemos vê-la como uma medida de obtenção de melhor eficiência
energética, uma vez que, comparativamente com soluções tradicionais, consegue-se
disponibilizar a mesma quantidade energia útil (térmica e elétrica) através de um menor gasto
de energia primária (COUTO, 2015).
Para se compreender melhor a vantagem deste tipo de sistema, comparado a uma
solução tradicional de produção separada de calor e eletricidade, apresenta-se a seguir, na
Figura 3.1, um exemplo ilustrativo.
Figura 3.1 Rendimento resultante da produção separada de energia térmica e elétrica.
Fonte: PINTO, 2012 apud COUTO, 2015.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
34
Como se pode observar na Figura 3.1, com a produção em separado dos dois formatos
de energia (térmica e elétrica), e ainda levando-se em conta uma parcela de aproximadamente
7% referente às perdas nas redes de distribuição, obtém-se um rendimento combinado de
66,4%, o correspondente a uma perda de 48 kWh nos 143 kWh totais gastos em combustível,
conforme afirma Couto (2015). Por outro lado, o mesmo autor demonstra que, em uma
unidade de cogeração de razoável eficiência, para que se obtenha a mesma quantidade de
energia útil, são necessários apenas 125 kWh de combustível, tal como se pode constatar
através da análise da Figura 3.2, alcançando-se uma economia de mais de 12%. Em alguns
casos, ainda segundo Couto (2015), essa economia de energia primária em sistemas de
cogeração pode atingir valores de até 25%.
Figura 3.2 Rendimento resultante da produção combinada de energia térmica e
elétrica num sistema de cogeração.
Fonte: PINTO, 2012 apud COUTO, 2015.
A cogeração é destacada dentre as principais fontes de energia por ser uma tecnologia
ecológica, não reduzindo somente o consumo das fontes energéticas não renováveis, como
também pelo fato de seu uso gerar menor índice de emissão de poluentes, no caso, os gases de
efeito estufa. A cogeração pode constituir uma nova fonte de geração de renda para a
empresa, tendo a central de cogeração interligada ao sistema da concessionária de energia
local e fornecendo os excedentes para a rede desta concessionária (BALESTIERI, 2002).
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
35
3.2 Ciclos de cogeração
Os ciclos de cogeração são divididos em dois grupos de configurações: topping e
bottoming.
3.2.1 Configuração topping
Nesta configuração, a energia térmica residual do processo de geração de energia é
recuperada gerando calor útil. A Figura 3.3 mostra um esquema da configuração topping.
Figura 3.3 Configuração de um sistema de cogeração tipo topping.
Fonte: SALES, 2008.
3.2.2 Configuração bottoming
Na configuração bottoming, a energia térmica residual do processo de geração de
energia é recuperada para gerar energia eletromecânica, conforme está apresentado na Figura
3.4.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
36
Figura 3.4 – Configuração de um sistema de cogeração tipo bottoming.
Fonte: SALES, 2008.
Segundo Martelli (2011), com relação à forma de operação das centrais de cogeração,
existem estratégias distintas, apresentadas abaixo:
Paridade térmica: quando é gerado um montante de potência térmica para atender à
potência térmica que é demandada. Nesse caso, havendo um valor de energia elétrica
cogerada maior que a demandada, o valor excedente é vendido para a rede. Da mesma forma,
se houver um valor de energia elétrica cogerada menor que a demandada, o complemento é
adquirido da rede.
Paridade elétrica: quando é gerada uma potência elétrica gerada igual à potência
elétrica demandada. Então, caso a energia térmica cogerada seja maior que a demandada, o
excedente de energia térmica é rejeitado para o ambiente ou termoacumulado para aplicação
posterior em algum processo. Se a energia térmica cogerada for menor que a demanda, um
gerador térmico deve complementar a demanda.
3.3 Tecnologias de recuperação de calor
Para que a energia térmica seja reaproveitada num sistema de cogeração, é necessária
a presença de dispositivos de recuperação de calor, que são apresentados a seguir.
3.3.1 Trocadores de calor
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
37
São dispositivos usados para realizar processos de troca térmica entre fluidos a
diferentes temperaturas. Os fluidos são separados por paredes sólidas, chamadas superfícies
de troca. Em caso de fluidos imiscíveis, as paredes sólidas podem ser dispensadas, sendo
assim o que se chama de contato direto. Os trocadores de calor são utilizados tanto para
aquecer como resfriar ambientes, bem como em processos químicos e para a produção de
energia, a recuperação de calor e o condicionamento de ar (BIMESTRE, 2012). São
classificados em trocadores de calor de correntes paralelas, de correntes contrárias e de
correntes cruzadas.
No trocador de correntes paralelas, tanto o fluido quente como o frio entram pelo
mesmo lado do trocador e escoam no mesmo sentido (Figura 3.5). São associados a
trocadores do tipo tubo-duplo.
Figura 3.5 Trocador de calor de correntes paralelas.
Fonte: INCROPERA & DEWITT, 1998.
Na configuração de correntes contrárias, ou trocador de calor em contracorrente (Figura
3.6), os fluidos quente e frio entram no trocador por lados opostos. O escoamento, portanto,
ocorre em sentidos inversos. Essa configuração do trocador de calor apresenta uma maior
eficiência global em relação ao trocador de correntes paralelas.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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Figura 3.6 Trocador de calor de correntes contrárias.
Fonte: INCROPERA & DEWITT, 1998.
Por último, há o trocador de calor de correntes cruzadas, no qual os escoamentos são
perpendiculares entre si. Nesse tipo de escoamento, tem-se um escoamento não misturado e
um misturado (Figura 3.7). Tal propriedade pode influenciar radicalmente o desempenho do
trocador de calor, sendo necessário o uso de aletas no caso do escoamento não misturado, as
quais inibem o movimento do fluxo na direção do escoamento. Já no escoamento misturado,
o fluido pode escoar em todas as direções.
Figura 3.7 Trocadores de calor de fluxo cruzado: (a) Fluido não misturado; (b) Fluido
misturado.
Fonte: INCROPERA & DEWITT, 1998.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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3.3.2 Caldeiras
As caldeiras são equipamentos construídos com a finalidade de aquecer um fluido ou
de produzir vapor a partir da queima de combustíveis, sempre levando em consideração se o
vapor vai ser produzido nas condições de saturação ou superaquecido.
Existem dois tipos básicos de caldeiras:
3.3.2.1 Caldeiras flamotubulares: nesse tipo de caldeira, os gases quentes
circulam em tubos e o fluido a ser aquecido fica do lado externo ao tubo. Essas
caldeiras são, em geral, de porte pequeno e pouco utilizadas para produção de energia
elétrica.
3.3.2.2 Caldeiras aquatubulares: funcionam de forma inversa às
flamotubulares, ou seja, o fluido a ser aquecido circula no interior dos tubos e os gases
circulam por fora. Geralmente, são de maior porte, também conhecidas como caldeiras
de parede d’água. São as mais utilizadas no processo de geração de eletricidade, onde
são requeridas grandes vazões de vapor a altas pressões e temperaturas.
3.3.2.3 Caldeiras de recuperação: nos processos de cogeração é muito comum
a utilização desse terceiro tipo de caldeira. As caldeiras de recuperação são utilizadas
para recuperar o calor residual dos gases de exaustão da turbina a gás ou de algum
processo que produza calor.
Nas aplicações de recuperação de calor de turbina a gás, este equipamento é comumente
projetado e construído para operar em múltiplas pressões, com troca de calor gás-líquido. No
caso de aplicações que exijam maior produção de vapor, maior pressão e temperatura ou mesmo
maior flexibilidade de operação, opta-se por colocar queima suplementar de combustível,
exaurindo ou não o oxigênio residual da queima de combustível da turbina a gás. Dependendo
da quantidade de combustível adicional, pode ser necessária a adição de ar para a queima.
Quando possível, o combustível suplementar queimado é de custo menor que o combustível da
turbina a gás (ODDONE, 2001).
A Figura 3.8 mostra esquematicamente uma caldeira de recuperação com queima
suplementar associada a uma turbina a gás.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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Figura 3.8 Esquema de uma caldeira de recuperação com queima suplementar.
Fonte: BALESTIERIi, 2010.
A recuperação do calor presente nos gases de exaustão é geralmente feita com
caldeiras de recuperação porque elas apresentam alta eficiência na recuperação dessa energia
térmica. Nos demais circuitos onde se tenha troca de calor líquido-gás, utilizam-se os
trocadores de calor apresentados anteriormente.
Ao longo dos anos, as turbinas a gás têm sido aplicadas com sistemas de cogeração de
médias e longas potências, devido aos benefícios que proporcionam. Além de serem capazes
de conseguirem arranques extremamente rápidos, estas turbinas possuem elevada
disponibilidade, manutenção simples e pouco onerosa (entre 0,014 e 0,036 reais/kWh),
apresentam um elevado rendimento, não necessitam de vigilância permanente, têm baixos
níveis de vibrações, geram impactos ambientais menos significativos do que muitas outras
tecnologias devido a serem isentas de emissões de enxofre e cinzas, conseguem produzir calor
de elevada qualidade (e que pode ser facilmente recuperado) e ainda permitirem versatilidade
quanto ao combustível utilizado (apesar de o mais comum ser o gás natural, também podem
ser utilizados o fuelóleo, o gasóleo, o gás propano, o querosene, o metano e o biogás).
Ditos os pontos positivos da turbina a gás, é importante acrescentar que esta apresenta
como desvantagem uma menor eficiência em processos com reduzidas necessidades térmicas, o
tempo de vida útil menor do que aquele que se verifica com outras tecnologias, a emissão de
óxidos de nitrogênio e ainda a sua sensibilidade a elevadas temperaturas, o que origina uma
redução da potência de saída. A nível ambiental, a emissão de óxidos de nitrogênio pode ser
controlada por sistemas que conseguem reduções enormes nestas emissões, minimizando assim,
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
41
de forma considerável, os impactos ambientais causados pela aplicação desta tecnologia (Sá,
2010).
3.4 Funcionamento da turbina a gás com cogeração
Na Figura 3.9, é mostrada uma tecnologia de cogeração com turbina a gás que se
encontra diretamente relacionada à recuperação de calor.
Figura 3.9 Esquema de um sistema de cogeração baseado na utilização de uma turbina
a gás.
Fonte: COGEN, 2009.
Neste sistema, a recuperação de calor se faz unicamente a partir dos gases de escape,
não se realizando assim a recuperação de calor dos circuitos de refrigeração de água e óleo de
lubrificação (COGEN, 2009).
Para evidenciar ainda mais a importância da turbina a gás, será mostrada uma
aplicação desse equipamento para a alimentação elétrica de uma unidade flutuante de
produção, armazenamento e transferência de petróleo, conhecida como FPSO (do inglês
Floating Production Storage and Offloading), como a que pode ser vista na Figura 3.10.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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Figura 3.10 FPSO em operação.
Fonte: MENESES, 2011.
Uma unidade tipo FPSO requer algumas necessidades que o sistema de geração elétrica
deve atender. Pode-se citar, entre elas: os motores, parte auxiliar, máquinas de convés,
equipamentos submarinos, instalações de produção, cozinha, produção de água potável,
acomodações, luzes interiores e exteriores, ventilação, ar-condicionado, câmaras frigoríficas,
aquecimento elétrico, sistemas sanitários e diversos tipos de bombas, além dos sistemas de
produção de petróleo. Para atender tudo isso, esse sistema tem de ser muito eficiente e uma falha
pode causar grandes transtornos (MENESES, 2011).
As máquinas motrizes (motores) desse sistema utilizam duas turbinas a gás, devido à
disponibilidade do gás natural advindo da produção de petróleo e, ainda, por serem leves e
compactas, deixando assim um espaço a mais para equipamentos de produção e
armazenamento do petróleo. Na Figura 3.11, vê-se uma turbina a gás da marca Siemens sendo
instalada em uma unidade FPSO.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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Figura 3.11 Turbina Siemens sendo instalada em um FPSO.
Fonte: MENESES, 2011.
As turbinas utilizadas na plataforma marítima de produção de petróleo têm potências
de 15 a 25 MW e rotação de 15 a 25 mil RPM. O esquema de geração elétrica da turbina é
mostrado na Figura 3.12.
Figura 3.12 Formação de um sistema de geração de energia elétrica em uma
plataforma.
Fonte: AVELINO, 2008.
Nessa configuração, duas turbinas são suficientes para atender à demanda elétrica,
sendo a terceira utilizada apenas como reserva, a fim de evitar eventuais falhas do sistema. O
gerador deve ser dimensionado para suportar pelo menos 125% da carga total de pico, para
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
44
atender os fatores de segurança, prevenir uma carga ocasional de equipamentos de alta tensão
e fornecer espaços para cargas adicionais que podem ser futuramente adicionadas.
Em caso de falha dos turbogeradores principais, existem ainda os geradores auxiliares,
que são capazes de alimentar os sistemas essenciais, não fornecendo energia para os
equipamentos do processo. As máquinas motrizes para os geradores auxiliares são, em sua
grande maioria, motores diesel. Assim, esse sistema também deve apresentar dois conjuntos
de geração, um em funcionamento e outro em stand-by, que deverão ser dimensionados para
suportar o sistema principal com 125% da carga de pico (AMERICAN BUREAU OF
SHIPPING, 2009).
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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4 INOVAÇÕES NA ÁERA DE TURBINA A GÁS
Neste capítulo, serão abordadas inovações incorporadas recentemente nas tecnologias
das turbinas a gás. De início, será explicado o que é um regenerador e o que é um ciclo
combinado de turbinas, conceitos chaves para o que será discutido logo a seguir.
4.1 Regeneradores
Nas turbinas a gás, a temperatura dos gases de escape é muito maior do que a
temperatura do ar que deixa o compressor (ponto 2 da Figura 4.1), na maioria dos processos.
Portanto, o ar de alta pressão que vai para a câmara de combustão pode ser aquecido pela
transferência de calor dos gases de escape quente (ponto 4 da mesma Figura), utilizando-se
um trocador de calor em contracorrente. Esse trocador recebe o nome de regenerador ou
recuperador.
Figura 4.1 Esquema de uma turbina a gás com regenerador.
Fonte: SAMPAIO, 2010.
O regenerador reduz os requisitos de entrada de calor na câmara de combustão
(economizando assim combustível) para a saída de um mesmo trabalho líquido. A utilização
do regenerador é recomendada somente quando a temperatura da turbina de escape é superior
à temperatura de saída do compressor (que é a situação mais comum). Caso contrário, o fluxo
de calor inverteria o sentido, indo do ar para os gases de escape e diminuindo a eficiência do
processo ao invés de aumentar. Essa segunda situação é possível em turbinas a gás operando
com altas taxas de pressão.
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Um regenerador muito eficiente economiza uma grande quantidade de combustível
desde que consiga elevar bastante a temperatura do ar antes da combustão. Entretanto,
alcançar uma maior eficiência requer o uso de um regenerador maior, o que implica num
preço mais alto e numa maior queda de pressão. Assim a utilização de um regenerador muito
eficiente não é economicamente justificada, a menos que a poupança de combustível exceda
os custos adicionais envolvidos. A maioria dos regeneradores trabalha com valores de
eficiência abaixo de 0,85.
Por outro lado, a eficiência térmica de um ciclo Brayton com regeneração depende da
relação entre as temperaturas mínimas e máximas e da relação entre as pressões mínimas e
máximas (CERUTTI, 2003). A Figura 4.2 mostra os diagramas PV e TS do ciclo regenerativo
ideal.
Figura 4.2 Diagramas PV e TS do ciclo Brayton com regeneração ideal.
Fonte: CERUTTI, 2003.
4.2 Ciclos Combinados
Os gases de escape de uma turbina a gás contém uma enorme energia térmica, que pode
ser aproveitada em uma caldeira de recuperação de calor (chamada também de HSRG, do inglês
Heat Recuperator Steam Generator), como mencionado no item 3.3.2.3, para a produção de
vapor que pode ser expandido em uma turbina a vapor. Dá-se o nome de ciclo combinado a essa
configuração, que está esquematizada na Figura 4.3
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Figura 4.3 Esquema de um ciclo combinado..
Fonte: HUFFMAN, 2010.
Um sistema de ciclo combinado requer bem menos combustível para produzir a
mesma potência elétrica que seria produzida em dois sistemas simples separados. Com
turbinas modernas, o rendimento de uma instalação em ciclo combinado é superior a 50%
A escolha das turbinas a gás determina a capacidade de produção em uma terméletrica
de ciclo combinado. Não se pode, contudo, arbitrar livremente a potência de uma turbina, pois
as máquinas são padronizadas pelos fabricantes. Encontram-se turbinas com potências entre 1
e 400 MW.
Em instalações de uma única turbina a gás, dois arranjos são permitidos: geradores
elétricos separados, um acoplado à turbina a gás e outro à turbina a vapor; ou um único
gerador acoplado às turbinas a gás e a vapor.
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A opção por uma turbina a gás limita a capacidade total e traz problemas de parada
total se a máquina apresentar problemas. Desta forma, a preferência é para instalações com
mais de uma turbina, como se observa em grande parte das termelétricas a gás. Um modelo
clássico é formado por duas turbinas a gás iguais, cada uma com sua caldeira de recuperação
(HSRG), e uma turbina a vapor de mesma capacidade. Desta forma, é possível usar três
geradores elétricos de mesmo porte para as três turbinas, com transformadores e demais
equipamentos elétricos também padronizados. Tal configuração é também conhecida como
arranjo 2+1. Existem outros arranjos além desses, sendo possível o uso de até cinco turbinas a
gás associadas a uma de vapor. O emprego de várias turbinas, entretanto, traz dificuldades
técnicas à medida em que aumenta o número das caldeiras de recuperação em paralelo,
elevando o custo total do processo (SANTOS;JERONIMO; TAVARES, 2013).
4.3 Turbinas a gás modernas
As turbinas a gás modernas são classificadas em três classes: E, F e H. As turbinas de
classe E alcançam cerca de 200 MW de potência, as de classe F alcançam por volta dos 300
MW e as de classe H conseguem atingir potências acima de 400 MW. As turbinas de classe F
são as mais empregadas atualmente. A capacidade de um ciclo combinado com duas turbinas
F chega a beirar 900 MW. As turbinas de classe E são usadas em situações em que o processo
não necessita de uma alta potência para a sua operação. As turbinas de classe H estão
ganhando cada vez mais atenção, sendo muito estudadas devido ao seu valor elevado de
eficiência (MONDOL; CARR, 2017). Nas Figuras 4.4, 4.5 e 4.6, são mostradas turbinas de
cada uma dessas classes.
Figura 4.4 Turbina de classe E, modelo Alstom/GE 13E2.
Fonte: ANIS, 2016.
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Figura 4.5 Turbina de classe F, Siemens SGT5-4000.
Fonte: SIEMENS, s/d.
Figura 4.6 Turbina de classe H, GE 9HA.02.
Fonte: GE POWER, s/d.
Além das três classes de turbinas aqui descritas (das quais um estudo comparativo é
apresentado no Capítulo 5 do presente trabalho), alguns órgãos como o Laboratório Nacional
de Tecnologia em Energética (NETL), dos Estados Unidos, estão desenvolvendo inovações
nas turbinas a gás para melhoria de sua produtividade, além de outras objetivos, como reduzir
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a emissão de gases para o meio ambiente. São descritas abaixo algumas áreas específicas na
busca de melhorar a produtividade da turbina a gás.
4.3.1 Turbinas de hidrogênio
O gás hidrogênio é altamente reativo e portanto tem uma alta velocidade de queima.
Velocidade de queima é definida como sendo a taxa de expansão das chamas frentes a uma
reação de combustão. Quando é adicionado a combustíveis com queimas mais lentas, o
hidrogênio irá extender a flamabilidade e aumentar a propagação das chamas. Isso resulta
numa combustão mais eficiente, gerando menores emissões de ar poluentes.(SINGH,2015)
O hidrogênio aumenta a velocidade de queima através de efeitos cinéticos, térmicos
e difusão. Os efeitos cinéticos são considerados os maiores contribuidores para o aumento
da velocidade da chama, enquanto os efeitos de difusão são tidos como desprezíveis. É essa
capacidade que o hidrogênio tem de aumentar a flamabilidade que justifica seu uso nas
turbinas a gás, aumentando o seu rendimento.(SINGH,2015)
É percebido que o aumento na quantidade das chamas promovido pelo hidrogênio
depende da composição do combustível a gás. Alguns estudos feitos pela NETL mostram
que o combustível a gás contendo maior composição de metano apresenta uma taxa de
queima bem maior com o hidrogênio em relação a combustíveis a gás com taxas de
hidrocarbonetos mais pesados. Os hidrocarbonetos mais pesados inibem as chamas de
promoverem os efeitos do gás hidrogênio.
A NETL realiza pesquisas e desenvolvimento de tecnologias de turbina a gás
hidrogênio, com o patrocínio do DOE (Departamento de Energia dos EUA), para a geração
de energia de ciclo combinado de gaseificação integrada (ICCC) baseada em carvão para
aumentar a eficiência, reduzir emissões, reduzir custos e permitir a captura e utilização do
carbono. O DOE expandiu a aplicação de tal turbina para refinarias e siderúgicas. Os
sistemas e componentes da turbina incluem tecnologia de combustor, pesquisa de materiais,
tecnologia de refrigeração aprimorada e desenvolvimento de revestimentos. Essas
tecnologias são consideradas componentes importantes da turbina de hidrogênio, que,
juntamente com outras tecnologias avançadas do sistema de geração de energia, vão se
combinar para desenvolver a próxima geração de sistemas de energia baseados em carvão
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de alta eficiência. A área de tecnologia de turbina de hidrogênio está mostrando que os EUA
podem operar com energia de combustível de hidrogênio à base de carvão, aumentar a
eficiência do ciclo combinado em relação à linha de produção e reduzir a liberação de
dióxido de carbono e de outras emissões. As turbinas hidrogenadas tem apresentado,
segundo a NETL, 3-5% de melhoria na eficiência do ciclo combinado (total acima da linha
de produção) e custo competitivo da eletricidade para sistemas de emissão quase zero
(GRIFFITH, 2016).
4.3.2 Turbinas avançadas de combustão
Os designs dos ciclos combinados incorporam um número de características para
acomodar os requerimentos das indústrias. Existem diversos requerimentos como alta
eficiência, alta confiabilidade, menores emissões menores custos de manutenção.
Há uma oportunidade com turbinas avançadas de combustão de aumentar a eficiência
do ciclo combinado integrando a ela sistemas de aquecimento e de resfriamento entre os
ciclos termodinâmicos. A imagem abaixo ilustra um sistema de turbinas avançadas de
combustão onde o ar de saída da exaustão da turbina é reaproveitado numa caldeira de
recuperação, esse gás parte da caldeira para um aquecedor do gás combustível através de um
reciclo onde ocorre troca de calor entre o gás e a água da caldeira, que então é levada para
fornecer calor sensível ao combustível antes da combustão aumentando a eficiência da
turbina. Logo em seguida a água passa por um resfriador, é condensada e é então recirculada
para a caldeira de recuperação.
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Figura 4.7 Sistemas de turbinas avançadas de combustão.
Fonte:BULAT,2014
As turbinas a combustão avançadas adotam como ciclo termodinâmico o ciclo
Humprey por ter uma eficiência maior que o ciclo de Brayton, a figura abaixo compara os
dois ciclos:
Figura 4.8 Comparação entre o ciclo Brayton e o ciclo Humprey
Fonte: BULAT,2014
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A combustão no ciclo de Brayton é feita a pressão constante enquanto que no ciclo de
Humprey é feita a volume constante, isso permite que, no ciclo de Brayton, ocorra um
aumento de pressão no gás o que gera um maior impulso ao ser liberado como trabalho de
potência na etapa 3-4, gerando um maior trabalho nas turbinas e tendo uma maior eficiência.
A turbina de combustão é focada em operações de ciclo combinado que podem atingir
eficiência superior a 65% e suportar a capacidade de carga para atender a demanda. A
combustão de ganho de pressão (PGC) tem potencial para melhorar significativamente o
desempenho do ciclo combinado quando integrado com a turbina a gás de combustão.
Enquanto os motores de turbina a gás convencionais sofrem uma combustão subsônica
constante, sofrendo perda de pressão total, a técnica PGC usa fenômenos físicos como
combustão pulsante ressonante, combustão de volume constante, dentre outros, para aumentar
a pressão efetiva no combustor enquanto se consome a mesma quantidade de combustível. A
metodologia que resulta em um aumento de pressão em todo o combustor baseia-se no ciclo
Humphrey e é visto como tendo um grande potencial como um meio de alcançar maior
eficiência em sistemas de energia de turbina a gás, potencialmente alcançando 4-6 por cento
para ciclos simples e 2-4 por cento em ciclos combinados (GRIFFITH, 2016).
4.3.3 Ciclo de energia supercrítica com CO2
O termo supercrítico refere-se ao estado semilíquido do dióxido de carbono ao ser
levado para um valor acima do limite de temperatura e pressão. Fluidos supercríticos são
muito utilizados nas indústrias por serem capazes de penetrar em matérias como gás mas
também por serem capazes de dissolver substâcias, como a graxa, como se fosse um líquido.
O fato de estar a uma temperatura elevada acima do que seria o limite permite o ciclo de
turbinas a gás com CO₂ supercríticas atingirem eficiência térmica acima de 50% e dimensões
reduzidas em comparação com um ciclo combinado da mesma potência devido a alta
densidade do CO₂ supercrítico.
Têm sido desenvolvidas pesquisas para ciclos de energia que utilizam dióxido de
carbono supercrítico nas aplicações de combustíveis fósseis. O foco é direcionado a
componentes para ciclos de energia com combustíveis fósseis, a temperatura entre 700 e
760 C. O ciclo de energia com CO2 funciona de maneira similiar aos outros, mas usa CO2
como fluido operante. O ciclo é operado considerando o CO2 acima do ponto crítico para que
não altere as fases (do líquido ao gás), embora sofra uma grande mudança de densidade,
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permitindo que uma grande quantidade de energia seja extraída de equipamentos
relativamente pequenos. Com a mesma potência, uma turbina a CO2 terá um tamanho
significativamente menor do que as turbinas de combustão ou de vapor.
Enquanto que, num ciclo combinado, uma turbina a gás gera calor e eletricidade e seu
calor residual é usado para fazer vapor que gera eletricidade adicional através de uma turbina
a vapor, a utilização do ciclo combinado com CO2 é atraente pela sua estabilidade térmica
com relação ao vapor e pela saída de potência maior (GRIFFITH, 2016).
4.4 Inovações no resfriamento das palhetas
Nos últimos anos, foram feitas pesquisas para melhorar o tempo de vida útil das
palhetas que operam na turbina a gás, devido ao fato de a temperatura de entrada nas turbinas
ter aumentado consideravelmente em tempos recentes. Para que as palhetas resistam mais a
essa temperatura elevada, são usadas técnicas para resfriar as palhetas que serão descritas a
seguir. As palhetas do primeiro estágio da turbina são obrigadas a suportar as condições mais
extremas de funcionamento, com uma combinação crítica de temperatura, tensão e ambiente,
e é por essa razão que as palhetas do primeiro estágio são fatores limitantes de qualquer
projeto de turbina (CHEROTO, 2013).
Os cinco tipos de resfriamento comumente utilizados são apresentados a seguir.
4.4.1 Resfriamento por convecção: o fluido de resfriamento atravessa a parte interna da
palheta, indo e voltando por uma serpentina. Este fluido resfria as paredes do canal, que, por
sua vez, resfriam o restante da palheta.
4.4.2 Resfriamento por colisão: o fluido de resfriamento é jateado na parte interna de uma
determinada região crítica da palheta e, nesta região, ocorre uma troca intensa de calor,
resfriando localmente de maneira eficiente. É um tipo localizado de resfriamento por
convecção, porém com uma intensidade maior.
4.4.3 Resfriamento de filme: é inserida uma camada de ar entre a palheta e o gás quente que
está circulando na turbina. Esta camada de ar serve como isolante térmico, protegendo as
paredes da palheta.
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4.4.4 Resfriamento por transpiração: utiliza-se um material poroso para a palheta de turbina
e, por meio destes poros, expele-se um fluido refrigerante que cobre as palhetas, protegendo-
as do gás quente que passa pela turbina.
4.4.5 Resfriamento água/vapor: a água passa por uma sequência de tubos embutidos na
palheta. Esta água é emitida pelas pontas da palheta como vapor, fornecendo um resfriamento
bastante eficiente.
Esses cinco métodos podem ser utilizados em conjunto, possibilitando várias
configurações para diferentes objetivos, como mostra a Figura 4.7.
Figura 4.9 Exemplo de combinações entre os diferentes tipos de resfriamento das palhetas.
Fonte: BOYCE, 2002.
4.5 Utilização do software Ansys Mechanical 14.0
Para conseguir otimizar a refrigeração nas palhetas, desenvolveu-se a ideia, através de
programas computacionais, de estabelecer a posição e o tamanho ótimos de um ou mais
canais de resfriamento em uma palheta de turbina, com o objetivo de obter uma posição tal
que a maior temperatura na palheta seja a menor possível. Para isso, utilizou-se a ferramenta
Ansys Mechanical 14.0 em conjunto com o método da otimização da descida íngreme. O
método da descida íngreme consiste, resumidamente, em um método iterativo onde procura-se
o mínimo e o máximo de uma função. O programa Ansys Mechanical 14.0 é um software de
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elementos finitos que permite uso de rotinas programadas exteriormente, onde, nessas rotinas,
se implementa o método de otimização da descida íngreme (CHEROTO, 2013).
A Figura 4.10 mostra uma tela do software estimando as temperaturas no interior de
uma palheta em estudo.
Figura 4.10 Distribuição da temperatura em uma palheta de turbina.
Fonte: CHEROTO, 2013.
4.6 Impressão 3D
As próximas gerações de turbinas a gás devem absorver novas tecnologias referentes a
materiais e processos avançados. A fim de aumentar a eficiência (em cerca de 42 a 44% para
o ciclo simples e de 60 a 61% para o ciclo combinado) e o desempenho dos atuais projetos de
turbinas, os fabricantes estão buscando melhorar a aerodinâmica, produzir taxas de pressão
mais altas e permitir maiores temperaturas de entrada da turbina na próxima geração de
máquinas. Uma série de parâmetros avançados encontra-se em estudo para ajudar a alcançar
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esse objetivo, como, por exemplo, novos materiais, geometrias mais precisas ou complexas e
novos tipo de revestimentos de alto desempenho.
Uma das áreas mais promissoras das novas tecnologias de turbinas a gás é a fabricação
aditiva ou impressão 3D. Esta tecnologia, em uso no mercado há quase três décadas, tem sido
finalmente aplicada a metais em escala comercial. A fabricação de aditivos permite que um
operador realize projetos de engenharia digitalizados e os transforme em objetos totalmente
funcionais. O material é adicionado em camadas e ligados por deposição de calor ou através
de processos químicos; após isso, são adicionadas mais camadas para se obter a forma
tridimensional desejada. Esse processo pode reduzir a complexidade dos artefatos, reduzindo
o número de etapas necessárias para produzir uma peça ou componente (ALLER, 2016).
O processo de adaptação das técnicas de fabricação de aditivos ao ambiente de turbina
ainda é um trabalho em andamento. As propriedades e características de muitos pós-metálicos
(em especial as superligas de alta temperatura) ainda não são bem compreendidas e testadas
para os padrões exigidos pela indústria. Outro desafio encontrado é a replicação das
características de construção produzidas por diferentes máquinas de aditivos, mesmo sendo do
mesmo modelo e do mesmo fabricante. A Figura 4.11 mostra como é produzido um aditivo na
indústria.
Figura 4.11 – Modelo de construção de um aditivo.
Fonte: ALLER, 2016.
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Outros materiais bastante importantes, que devem melhorar o desempenho das
turbinas a gás, são os CMC’s (do inglês Ceramic Matrix Composites), que prometem uma
grande resistência térmica, altamente superior a aproximadamente um terço das atuais sobre-
ligas à base de níquel encontradas hoje no mercado. Os CMC’s (compósitos de matriz
cerâmica) são um composto de fibras de carboneto de silício cêramicas entrelaçadas
embutidas e reforçando uma matriz contínua de carboneto de sílicio-carbono cerâmico. Este
material vem sendo desenvolvido há cerca de 30 anos e, para turbinas a gás pequenas, o uso
desses compósitos pode resultar em projetos de lâminas de turbinas sem as exigências de
resfriamento avançado e, assim, melhorar a eficiência do processo. No entanto, devido às
preocupações com as tensões mecânicas elevadas e as propriedades de fraturas dos CMC’s, a
sua implementação em lâminas de turbinas grandes ainda não é adequada. Componentes não
rotativos, tais como o forro de combustor e os estatores, devem absorver uma implementação
crescente de tais compósitos e, com suas propriedades mecânicas melhor compreendidas e os
parâmetros de projetos melhorados, os CMC’s podem ser direcionados para a utilização
também em outras partes do motor (ALLER, 2016).
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5 ESTUDO COMPARATIVO DE CUSTOS
Neste capítulo, será apresentada uma análise ecônomica comparativa das turbinas das
classes E, F e H.
5.1 Cálculo do LCOE
Um estudo foi realizado por Mondol e Carr (2017) nos Emirados Árabes Unidos para
demonstrar os custos de eletricidade gerados pelas turbinas das classes E, F e H com base no
parâmetero LCOE (do inglês levelized cost of electricity). É importante ressaltar que o modelo
LCOE engloba a taxa total dos custos (incluindo o de capital e o de operação) até a
quantidade total de eletricidade gerada durante o tempo de vida da planta em estudo. Tanto a
taxa de custos quanto a quantidade de eletricidade são quantificadas com valores atuais. Isso
significa que os custos futuros são descontados quando comparados com os valores atuais.
O custo nivelado da eletricidade (LCOE) pode, então, ser calculado pela seguinte
equação, cujos termos representam, respectivamente: CC = custo de capital; PC = capacidade
da planta; FC = custo do combustível; FE = consumo do combustível; FO & M = custos
fixados de manuntenção e operação; VO & M = variáveis de operação e manutenção; DF =
fator de degradação; DR = taxa de desconto; n=período de tempo(horas);MW h= Megawatts
hora.
Figura 5.1 Equação para o cálculo do LCOE.
Fonte: MONDOL; CARR, 2017.
As turbinas de cada classe foram:
Classe E: Alstom 13E2;
Classe F: Siemens 4000F;
Classe H: GE 9HA 02.
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O Quadro 5.1 resume os parâmetros encontrados para cada turbina pelos
pesquisadores, para o cálculo do LCOE.
Quadro 5.1 Parâmetros estimados para o cálculo do LCOE de cada classe de turbina
(AED:0,27220 doláres; MMBTU: Unidade térmica britânica para larga escala industrial).
Parâmetros Classe E Classe F Classe H
Modelo Alstorm 13E2 Siemens 4000F GE 9HA 02
Potência de saída
(MW) 581 890 1552
Eficiência da planta
(%) 55,1 58,7 62,8
Taxa de calor da
planta (kJ/kWh) 6522 6133 5732
Estimativa de
viabilidade (%) 91,9 92,8 93,7
Abertura (%) 56 36 18
Tempo de giro (min) 80 30 30
Taxa de decaimento
da potência (%) 3 3 3
Taxa de decaimento
de calor (%) 1,9 1,9 1,9
Custos específicos de
capital ($/kW) 700 650 600
Custos fixos de
operação e
manutenção
($/kW ano)
13,16 14,26 15,36
Custos variáveis de
operação e
manutenção ($/MWh)
3,6 3,44 3,27
Fator de desconto (%) 7 7 7
Vida da planta (anos) 25 25 25
Aumento da operação 2,38 2,38 2,38
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e manutenção (%)
Aumento do preço do
gás (%) 2 2 2
Preço do gás
(AED/MMBTU) 11,02 11,02 11,02
Fonte: MONDOL; CARR, 2017.
5.2 Comparação dos custos das turbinas
Um sumário de cálculos do LCOE é apresentado logo a seguir, no Quadro 5.2, para
cada classe de turbina (com uma margem de erro ±2%). Em ordem de comparação, o custo
total, com os valores em dólar/kW para as três turbinas, é mostrado também na Figura 5.2.
Quadro 5.2 Comparação do LCOE de cada turbina (CCGT:Ciclo combinado de
turbina a gás).
Sumário Alstorm 13E2 Siemens 4000F GE 9HA 02
Capacidade
requerida em 2030
pelo CCGT (MW)
10.394 10.394 30.394
Potência de saída
do bloco (MW) 581 890 1552
Bloco de CCGT
requeridos 19 12 7
Potência de saída
(MW) 11.039 10.680 10.864
Custos de capital
($ em milhões) 7727 6942 6518
Custos de
operação e
manutenção
($ em milhões)
2940 2740 2680
Custos com
combustível 16.151 14.838 14.245
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($ em milhões)
Custo total para
funcionamento ($) 26.818 24.520 23.443
Rede elétrica de
enrgia (GWh) 594.949 581.237 596.985
LCOE (centavos
americanos/kWh) 5,71 5,32 4,93
Fonte: MONDOL; CARR, 2017.
Figura 5.2 Comparação, em gráfico de barras, do LCOE para cada tipo de turbina.
Fonte: MONDOL; CARR, 2017.
Como era esperado, o modelo LCOE detalha que a classe H, a mais avançada das
tecnologias das turbinas disponíveis no mercado, tem o menor custo do LCOE, com cerca de
4,93 centavos de dólar/kWh. O segundo lugar é da classe F, com 5,32 centavos de dólar/kWh,
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sendo a de maior custo a da classe E, com 5,63 centavos de dólar/KWh, o que é 16% mais
caro que as turbinas de classe H, em termos de LCOE. A maior contribuição, no geral, para os
custos em todas as classes é o combustível, que cobre cerca de 60% dos custos. O próximo
parâmetro que é o mais dispensiosoo é o custo de capital, com cerca de 29% e, finalmente, o
custo de operação e manutenção fica por volta dos 11%. Concluimos, assim, que, para o caso
estudado, a turbina de classe H é a mais vantajosa economicamente, ficando a turbina de
classe F em segundo lugar e, por último, a turbina de classe E (MONDOL; CARR, 2017).
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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6 CONCLUSÃO
Apesar das termelétricas corresponderem a um valor ainda baixo na contribuição para
a geração de eletricidade no Brasil (cerca de 20%), estima-se que até 2030 haverá um
aumento gradual no uso das turbinas a gás para geração de energia, pois, conforme já foi
explicado, o uso de hidrelétricas, que corresponde a cerca de 68,1%, é muito dependente do
índice pluviométrico do país e apresenta um grande impacto ambiental, além de ocupar áreas
muito grandes na sua instalação.
Pelo fato das termelétricas a gás terem sido instaladas num passado ainda recente
(logo após o início da crise energética brasileira, em 2001), faz-se necessário estudar o
funcionamento delas. Neste trabalho, procurou-se focalizar, em especial, o estudo das turbinas
a gás, avaliando diversas formas de aumentar seu desempenho e torna-las cada vez mais
viáveis, economicamente. Foram analisados o funcionamento de cada componente que
constitui uma turbina a gás, desde a caixa de filtragem do ar que vai para o compressor até as
palhetas da turbina, mostrando inclusive estudos recentes na área sobre softwares que
permitem prever a melhor angulação de ataque nas palhetas pelo fluido e como isso pode
otimizar o processo e não sobrecarregar as palhetas, bem como a utilização de estratégias de
resfriamento delas. Além disso, foram vistos os ciclos de cogeração, que possibilitam o
aproveitamento do calor residual do processo, geralmente através de uma caldeira de
recuperação, para transferir energia térmica a um fluido que precise ser aquecido para o seu
uso em outro processo, ou até no mesmo processo (reciclo), constituindo o que chamamos de
regeneradores.
Foi estudado o uso de ciclos combinados, enfatizando como essa concepção de projeto
requer bem menos combustível que dois sistemas de turbinas a gás separados, sendo essa uma
das principais razões para o seu uso preferencial, sempre que possível, na indústria. Estudou-
se o modelo clássico dos ciclos combinados das turbinas, conhecido como 2+1, que é
constituído de duas turbinas a gás iguais e acopladas, cada uma, a uma caldeira de
recuperação e uma turbina a vapor para completar o sistema. Viu-se que é possível utilizar até
cinco turbinas a gás associadas a uma de vapor, o que, em contrapartida, traz dificuldades
técnicas à medida que aumenta o número de caldeiras de recuperação em paralelo, o que
majora o custo total do processo. Apesar do ciclo combinado aumentar bastante a eficiência
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO / UFRN
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do sistema, os ciclos combinados com turbinas a gás tradicionais atingem, no máximo, 400
MW de potência. Porém, as turbinas de classe E ,F e H foram criadas com o intuito de superar
essas barreiras, sendo que, para um ciclo combinado de duas turbinas F, a potência alcança o
patamar de 900 MW.
As turbinas de classes E, F e H, portanto, estão ganhando bastante destaque no
mercado, cada uma delas apresentando potências individualmente diferentes (200, 300 e 400
MW, respectivamente). Foi discutido neste trabalho um estudo comparativo, publicado em
2017, dos custos da eletricidade (LCOE) gerada por essas turbinas. Como era esperado, as
turbinas de classe H mantiveram o menor custo por kWh, apesar de apresentar um custo fixo
de operação e manutenção mais alto. As turbinas das classes F e E apresentaram, em
sequência, custos globais em ordem crescente. Outros parâmetros utilizados para o modelo do
LCOE, além do custo fixo de operação e manutenção descrito no presente trabalho, foram os
custos de capitais e do combustível, o fator de degradação e variáveis de operação e
manutenção.
Conclui-se, então, que os próximos estudos nas áreas de inovações de turbinas a gás
devem buscar mais aplicações das turbinas de classe H em conjunto com a proposta de
cogeração, para um desenvolvimento mais sustentável e um maior reaproveitamento do calor
gerado no processo.
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