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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA PRISCILA GOMES DE SOUZA A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN NATAL 2009

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

PRISCILA GOMES DE SOUZA

A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE

DEUS DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN

NATAL

2009

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II

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

PRISCILA GOMES DE SOUZA

A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN

NATAL

2009

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III

PRISCILA GOMES DE SOUZA

A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN

Monografia apresentada ao Curso de

Licenciatura em Música da Escola de

Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (EMUFRN), sob a

orientação do Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de

Souza, como requisito parcial para obtenção

do título de Licenciado em Música.

NATAL

2009

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IV

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN. Biblioteca Pe. Jaime Diniz.

S719b Souza, Priscila Gomes de.

A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo

Central em Natal-RN / Priscila Gomes de Souza. – Natal, 2009.

53 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza.

Monografia (Graduação) – Escola de Música, Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, 2009.

Bibliografia: f. 52-53.

1. Música evangélica - Monografia. 2. Banda de Música - Monografia. 3.

Religiosidade - Monografia. 4. Formação musical – Monografia. I. Título. II.

Souza, Zilmar Rodrigues de.

RN/BS/EMUFRN CDU 783:37

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V

PRISCILA GOMES DE SOUZA

A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DO TEMPLO CENTRAL EM NATAL-RN.

Monografia apresentada ao Curso de

Licenciatura em Música da Escola de

Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (EMUFRN), como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciado em Música.

Aprovado em: _____/ _______/ __________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Zilmar Rodrigues de Souza (orientador)

Prof. Dr. André Luiz Muniz de Oliveira

Prof. Ms. Danilo César Guanais de Oliveira

NATAL

2009

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VI

Aos meus pais, Daniel e Eunice,

exemplos de vida para mim.

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VII

AGRADECIMENTOS

Á Deus, criador da vida.

Ao professor Dr. Zilmar Rodrigues de Souza, pela orientação e apoio para contar esta

história.

A Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal no Rio Grande do Norte, na pessoa

dos seus pastores e diretoria da IEADERN.

A todas as pessoas entrevistadas e consultadas para a obtenção do material de pesquisa.

A Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, na pessoa do seu maestro pastor Daniel

Batista de Souza, pela infinita colaboração e ajuda.

A professora Eunice, coordenadora pedagógica da Escola de Música da Igreja

Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central em Natal, pela ajuda e orientações.

A minhas irmãs, Pérsida e Ana Paula pelo carinho, amor e incentivo.

Ao meu cunhado Ednaldo Júnior pela ajuda na informática.

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VIII

Cantai ao Senhor um cântico novo, tocai bem e com alegria.

Salmos 33.3(Bíblia Sagrada)

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IX

RESUMO

O objetivo deste trabalho é registrar a trajetória da banda de música da Igreja

Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim, cidade do

Natal-RN, atual Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis, o mais antigo grupo

instrumental evangélico pentecostal da cidade. A banda de música tem atuado nas

liturgias e demais atividades religiosas da igreja, além de destacar-se como espaço de

formação de novos músicos, representando um significativo momento na história da

música evangélica da cidade do Natal. Entretanto, ainda não existindo um registro

documental sobre este tema, foi feito um trabalho que se propôs a investigar e

documentar elementos que permitiram mostrar esta trajetória, elaborando um histórico

cronológico das atividades da banda de música da data de sua criação até a atualidade.

Foi criado um registro documental, fazendo uso de regimentos, estatutos, partituras,

fotos, depoimentos de músicos, revistas, jornais, análise das informações e de uma

literatura inerente às discussões sobre música e religiosidade. Como também uma

descrição relatando a prática e os aspectos do ensino de música na Igreja Assembléia de

Deus do Templo Central através da banda de música. Este trabalho ao final é para que

possa vir a contribuir, de algum modo, para a comunidade acadêmica e musical,

evangélicos e demais interessados no assunto e publicações especializadas na área.

Palavras-Chave: Música evangélica. Banda de Música. Religiosidade. Formação

Musical.

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X

ABSTRACT

The objective of this study is to document the history of the band of the Evangelical

Assembly of God Temple Center in the neighborhood of Rosemary, the city of Natal-

RN (now Philharmonic Gospel Genesis), the oldest evangelical Pentecostal group

instrumental in the city. The band has performed music in the liturgies and other

religious activities of the church, besides standing out as an area of training of young

musicians, representing a significant moment in the history of gospel music in the city

of Natal. However, even in the absence of a documentary record on this issue, we made

a work that aims to investigate and document factors that would show this trend by

establishing a chronological history of the activities of the band date of its creation until

today. It created a documentary record, making use of bylaws, articles, scores, photos,

and testimonials from musicians, magazines, newspapers, information analysis and a

literature inherent in discussions of music and religion. As well as a description of the

practice and reporting aspects of music education in the Assemblies of God Church

Temple Central through the band's music. This work is the end that might contribute

somehow to the academic community and music, evangelicals and others interested in

the subject and specialist publications in the area.

Keywords: Gospel Music. Band of music. Religiosity. Musical Training.

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XI

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Banda de Música da Assembléia de Deus - Belém (PA) 1936. ...................... 20

Figura 2: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira, no

Alecrim. .......................................................................................................................... 21

Figura 3: A Banda de Música da Assembléia de Deus em Jundiá-RN. ......................... 24

Figura 4: Banda de Música da Assembléia de Deus, tocando no Templo Central na

inauguração da nova formação mista, 25/12/1974. ........................................................ 28

Figura 5: 1º Formação de mulheres na Banda de Música da Assembléia de Deus em 25

de dezembro de 1974. Anunciada, Euzamar, Eliane, Neide, Beta,Davina, Gorete,Denise,

Nara, Otonilma. .............................................................................................................. 29

Figura 6: Banda de Música da Assembléia de Deus do Templo Central visitando a

cidade de Parelhas-RN, 1966.......................................................................................... 30

Figura 7: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira,no

Alecrim , na Semana da Bíblia, 1972. ............................................................................ 30

Figura 8: Banda de Música da Assembléia de Deus desfilando nas ruas da Zona Norte

de Natal, 1982. ................................................................................................................ 31

Figura 9: Banda de Música da Assembléia de Deus - Templo Central, Aniversário -

1991. ............................................................................................................................... 33

Figura 10: Orquestra Gênesis – 1998, Natal/RN. Aniversário do 44º ano de Fundação.34

Figura 11: 1ª Apresentação com instrumentos de cordas antes da inclusão de cordas na

Orquestra Gênesis, 1998. Ana Paula, Miguel e Priscila no Aniversário do 44º ano de

Fundação ......................................................................................................................... 35

Figura 12: Cantata de Natal – 25 de dezembro de 1999. 1ª Apresentação da Orquestra

Gênesis com instrumentos de cordas. ............................................................................. 36

Figura 13: Nova formação com a inclusão de instrumentos de cordas e do novo nome:

Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis – agosto de 2000. Aniversário do 46º

aniversário de fundação. ................................................................................................. 36

Figura 14: 1º Cd: Jerusalém de Ouro-2003 Natal/RN. ................................................... 37

Figura 15: Símbolo e logomarca da OFEG. ................................................................... 37

Figura 16: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis-agosto de 2006. Aniversário do

52º aniversário de fundação. ........................................................................................... 38

Figura 17: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 41

Figura 18: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 42

Figura 19: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN. ...................... 43

Figura 20: 1ª Maestrina a reger a Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis. Priscila

Gomes de Souza - Agosto de 2004. ................................................................................ 44

Figura 21: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos -OFEGAL ............... 45

Figura 22: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos - OFEGAL .............. 45

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XII

Figura 23: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 de novembro de

2009. ............................................................................................................................... 46

Figura 24: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008.

Templo Central, Natal/RN (1). ....................................................................................... 47

Figura 25: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008.

Templo Central, Natal/RN (2). ....................................................................................... 47

Figura 26: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 dezembro de 2009.

Templo Central, Natal/RN (3). ....................................................................................... 48

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XIII

LISTA DE SIGLAS

CGADB ............... Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil.

DEMAD.................. Departamento de Música da Assembléia de Deus.

ESTEADEB............ Escola Teológica das Assembléias de Deus no Brasil.

H.C ......................... Harpa Cristã.

IEADERN................Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte.

OFEG.......................Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis.

OFEGAL ................Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos.

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XIV

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1 A BANDA DE MÚSICA NO CONTEXTO EVANGÉLICO .................................... 17

1.1 O cenário evangélico: aspectos introdutórios ........................................................... 17

1.2 A Banda Evangélica ................................................................................................. 19

2 A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS

DO TEMPLO CENTRAL .............................................................................................. 23

2.1 Surgimento e contexto .............................................................................................. 23

2.2 A formação dos músicos........................................................................................... 26

2.3 Repertório ................................................................................................................. 27

2.4 A questão do gênero: a inserção da mulher na banda de música ............................. 28

2.5 A banda: liturgias e demais atividades religiosas ..................................................... 30

3 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG) ...................... 32

3.1 A Orquestra Gênesis: entre a tradição e a modernidade ........................................... 32

3.2 Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG): a inclusão de instrumentos de

cordas .............................................................................................................................. 34

3.3 OFEG: atuação, perfil e atividades desenvolvidas ................................................... 37

3.4 A OFEG como espaço de formação musical ............................................................ 38

3.5 OFEG: situando a prática musical em novos contextos de ensino e aprendizagem . 40

CONCLUSÃO ................................................................................................................ 49

REFERENCIAS ............................................................................................................. 52

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15

INTRODUÇÃO

O presente trabalho se propõe a relatar o surgimento, os contextos de tradição e

modernidade, e a formação musical da Banda de Música da Igreja Evangélica

Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim, cidade do Natal-RN. A

banda foi idealizada ainda no ano de 1938, sendo o mais antigo grupo instrumental

evangélico pentecostal da cidade. Representando um significativo momento na história

da música evangélica da cidade do Natal.

Ainda se tinha a ausência de um registro documental que contasse esta história e

registrasse a trajetória da Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do

Templo Central.

Este trabalho tem como objetivo registrar e mostrar esta trajetória, desde a sua

fundação até os dias atuais, com a formação Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis,

onde atua nas liturgias e demais atividades religiosas da Igreja Assembléia de Deus do

Templo Central de Natal, além de se destacar como espaço de formação musical na

cidade.

Foi elaborado um histórico cronológico das atividades da banda de música da data

de sua criação até a atualidade. Também foi realizado uma coleta de fotos, depoimentos,

reportagens para a elaboração de um registro documental. As atividades foram

realizadas em etapas, feito primeiramente uma pesquisa documental e bibliográfica,

leitura de estatutos e regimentos, jornais, revistas.

Posteriormente foram feito as análises destas informações coletadas, como

entrevistas com músicos, maestros, pastores, ex-componentes e componentes da banda

de música. Este material serviu para a construção de um histórico da trajetória da banda

de música e a contextualização dos fatos. Os depoimentos e entrevistas foram feitos

alguns gravados e transcritos e outros foram feitos por meio de questionário.

A investigação foi orientada pelos seguintes enfoques: A função da banda de

música no contexto evangélico; A banda de música do Templo Central e a sua relação

com a comunidade evangélica e liturgias e atividades; A banda de música na atual

formação da Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis como espaço de formação

musical.

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Este trabalho foi tema também de um projeto de pesquisa cientifica que faz parte

do Grupo de Estudos em Música (GRUMUS), pertencente à Escola de Música da

UFRN, no qual participei como aluna de iniciação científica na graduação.

O trabalho começa no primeiro capítulo fazendo um relato sobre a banda de

música no contexto musical e evangélico, fazendo uma abordagem introdutória,

relatando as mudanças de comportamento ocorridas no meio. Descrevendo a banda

evangélica nas suas várias liturgias e especificidades como hinários, formações diversas,

repertório, sua estrutura, questões relativas ao comportamento, à relação com o contexto

militar, farda, repertório.

Já no segundo capítulo, falaremos do surgimento e contexto da Banda de Música

da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, no bairro do Alecrim,

cidade do Natal e a formação dos músicos, repertório, a questão do gênero com a

inserção da mulher, a banda na liturgia da igreja e atividades religiosas.

No terceiro capítulo descreveremos a Orquestra Gênesis entre a tradição e

modernidade, na transição para a formação atual, Orquestra Filarmônica Evangélica

Gênesis (OFEG), e o espaço de iniciação e formação musical. Mostrando o

desenvolvimento musical, os aspectos da prática e do ensino musical, a metodologia, a

origem e a formação dos músicos, a escola de música da igreja, a Orquestra de Alunos

(OFEGAL), as atividades de recital de alunos, repertório, estilos, formação

instrumental.

Fazemos a conclusão retomando os principais focos do trabalho.

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17

1 A BANDA DE MÚSICA NO CONTEXTO EVANGÉLICO

1.1 O CENÁRIO EVANGÉLICO: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Os evangélicos1

compreendem 26.184.941 milhões de pessoas, segundo o censo

do ano 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2. Estudos de

tendência demográfica apontam que estes números continuam a crescer. Ao longo das

últimas décadas esse grupo religioso sofreu expressivas transformações no âmbito

cultural e de comportamento. É importante salientar que ao tratarmos desse grupo,

estamos nos referindo a diferentes denominações religiosas.

Estas diversas denominações evangélicas, classificadas de igrejas históricas,

igrejas pentecostais, comunidades, e igrejas neopentecostais existentes no Brasil,

apresentam diferentes contextos litúrgicos e doutrinários, o que implica considerar que

estamos falando também de modos diversos de apropriação da expressão musical.

Segundo registra a musicóloga Henriqueta Rosa Fernandes Braga, num

importante trabalho sobre a música evangélica no Brasil, a partir do ano de 1850,

“começaram a chegar ao Brasil os primeiros missionários protestantes, sendo eles das

mais variadas denominações evangélicas: congregacionais, presbiterianos, metodistas e

batistas, que vieram com o objetivo de propagar a sua fé”. (BRAGA, 1960, p. 61).

Surgem a partir daí, as primeiras igrejas evangélicas no Brasil, entre elas a

Congregacional, Presbiteriana, Metodista e Batista.

De modo geral, a música sempre esteve presente de modo significativo nos cultos

das igrejas evangélicas, como parte do serviço litúrgico. Uma das características da

Reforma Protestante feita pelo monge agostiniano e teólogo Martinho Lutero, em 1550,

na Alemanha, foi de levar os fiéis a participar no serviço litúrgico, fazendo uso do canto

congregacional. Até então a socialização do ritual litúrgico musical era restrita aos

monges e coristas.

1 O termo “evangélico", em alguns países anglo-saxões, se refere à quase todas as doutrinas cristãs protestantes. Na

Alemanha, se refere especificamente aos membros da Igreja Luterana. No Brasil, o termo é utilizado para as correntes

protestantes, sejam, tradicionais, pentecostais e neopentecostais. Muito embora, algumas correntes neopentecostais

não sejam consideradas evangélicas, como por exemplo, a Universal do Reino de Deus.

2 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 27 jan. 2010.

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Tempos depois, a música na igreja evangélica ganhou espaço nas campanhas de

evangelização ou, como é comum se chamar até hoje no meio evangélico, “cruzadas

evangelísticas”, ou seja, a mobilização de grandes concentrações de pessoas em praças

públicas, objetivando a propagação do Evangelho por meio de pregações e o uso da

música. É importante salientar que, nos Estados Unidos, no inicio do século XX,

dirigentes de cânticos, como Charles M. Alexander, usou pela primeira vez o piano num

culto, o que de certa forma foi bem aceito pela comunidade evangélica. Em certo

sentido, o uso da música e instrumentos, tinha como objetivo, além da sua função

litúrgica, atrair a atenção das pessoas para essas reuniões.

Nas cruzadas evangelísticas cantavam-se geralmente os chamados hinos

evangelísticos, canções que eram adaptadas do folclore americano. Dwight Lyman

Moody (1837-1899) evangelista e editor americano, sempre usava canções em suas

pregações. Seu cantor mais freqüente nas campanhas de evangelização era Ira D.

Sankey (1840-1908), cantor americano que também compunha hinos para as campanhas

de evangelização de Moody. (VICENTINI, 2007, p. 102).

No Brasil, Segundo Souza (2002), a música evangélica, durante o seu processo de

formação, assimilou vários elementos oriundos da música popular, o que a converte

num fenômeno complexo e dinâmico. Mesmo tendo-se uma carência de registros

bibliográficos no que concerne a uma literatura brasileira específica desse fenômeno,

como constatou o autor, o que se verifica é uma produção musical na qual cada uma

dessas denominações (Presbiterianas, Batistas, Metodistas, Assembléias de Deus, dentre

outras) possui peculiaridades litúrgicas e doutrinárias, fundamentados por suas

ideologias e concepções. Essas especificidades acabam por influenciar no modo como

cada uma dessas denominações concebe a música no âmbito litúrgico, com hinários

específicos, formações corais e instrumentais diversas.

Segundo Benjamim (1997, p. 68-69), “a música congregacional evangélica de

igrejas tradicionais nos anos de 1940 e 1950 era acompanhada por órgão, harmônio

(mais comum na região sul do país) ou o piano (região norte-nordeste)”. Nas igrejas

batistas os músicos acompanhantes eram amadores. O fato é que os seminários

teológicos incentivaram à prática musical, inserindo muitas vezes a música em seus

currículos.

Já a Igreja Assembléia de Deus, fundada em 1911, em Belém, Pará, “possue coros

que cantavam em uníssono, pois poucas eram as pessoas que tinham uma formação

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19

musical acadêmica ou conservatorial. As bandas marciais foram bastante comuns em

suas igrejas”. (BRAGA, 1960, p. 221).

Essa breve síntese panorâmica acerca da música evangélica, teve por objetivo

oferecer subsídios para uma melhor compreensão dessa temática.

Musicalmente o cenário evangélico passou por significativas transformações. Por

volta de 1950 houve uma acentuada utilização de ‘‘corinhos’’ 3. em ritmo de marcha nas

campanhas evangelísticas. Os corinhos, aos poucos, quebraram a rigidez devocional e

litúrgica existentes nas igrejas, uma vez que já se aceitava o acompanhamento com

palmas, coisa que não era comum no Brasil e instrumentos até então inaceitáveis no

culto (como o violão, guitarra, bateria) por serem considerados profanos pelo meio

evangélico. Anos mais tarde, a partir da década de 1970, as igrejas pentecostais

começam a utilizar, em seus cultos, ritmos nordestinos característicos (como o baião e o

xote, a música sertaneja tradicional e guarânea, entre outros estilos), e na década de

1980, o Rock. (Souza, 2002, p. 87).

1.2 A BANDA EVANGÉLICA

Segundo o músico e compositor Donald P. Hustad, a música instrumental

começou a ser usada no “Exército da Salvação”4. O cântico era dirigido por uma banda

militar; isso permitia que o grupo evangelizasse nas ruas da cidade, e mediante, o

auxílio da banda chamasse a atenção das pessoas. O movimento do Exército da

Salvação depressa se espalhou por todo o mundo, e teve grande sucesso nos Estados

Unidos. As bandas militares continuaram a ser uma característica de sua liturgia,

evangelização e atividade educacional até os dias atuais. Orquestras e bandas pequenas

se tornaram comuns nas igrejas, apresentando-se especialmente nas reuniões da Escola

Dominical5 ou no culto à noite.

3 Corinhos são melodias simples, breves e curtas, repetidas como um refrão, utilizando-se de uma linguagem bastante

coloquial, facilmente memorizáveis e ritmados.

4 Segmento religioso e evangélico cuja estrutura eclesiástica é semelhante hierarquia das patentes militares; uma

espécie de organização religiosa e filantrópica, fundada por William Booth, (1829-1912), cristão metodista

Wesleyano inglês. 5 Culto matutino dominical no qual o objetivo é o ensino e estudo sistemático das doutrinas bíblicas.

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20

Já o surgimento da banda de música no contexto evangélico do movimento

pentecostal no Brasil, tendo a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, como a sua maior

expressividade, foi organizada oficialmente em 18 de março de 1936 em Belém do Pará.

Cidade aonde dois missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, chegaram em

19 de novembro de 1910. O movimento pentecostal eclodira em 1906 nos Estados

Unidos. Movidos pelo entusiasmo dessa nova crença, Daniel Berg e Gunnar Vingren

fundaram então, no dia 18 de junho de 1911 a Igreja Pentecostal no Brasil, com o nome

provisório de “Missão de Fé Apostólica”, que posteriormente foi oficializado para Igreja

Evangélica Assembléia de Deus, no dia 11 de janeiro de 1918 na cidade de Belém do

Pará.

Nesse contexto, a banda de música da Igreja Assembléia de Deus em Belém do

Pará, surgia participando dos cultos, tocando os hinos do hinário oficial da igreja, a

Harpa Cristã. Segundo registra o

livro História Oficial da Igreja-

Mãe da Assembléia de Deus a

banda foi idealizada pelo Senhor

Trajano, então pastor da igreja e

alguns membros que tocavam

instrumentos musicais. Essas

pessoas se reuniram para ensaiar

sob a regência do senhor José Dias.

A organização da banda de música

da Assembléia de Deus em Belém

do Pará começou a ser pensada a partir de conversas entre dois senhores membros da

igreja, José Maria e Garcia, em 1935, quando viajavam em um bonde na cidade de

Belém do Pará, na ocasião em que liam uma revista sueca, com fotografia de uma

orquestra. Sentiram-se motivados para organizar uma também em Belém. A banda de

música da Assembléia de Deus em Belém do Pará teve um professor de música por

nome Juventino, que não era evangélico, mas que instruía os componentes para que as

músicas ou hinos como denominados pelos evangélicos, fossem executados, segundo

sua visão, com toda a “inspiração divina”.

Fonte: Livro Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia de Deus.

Figura 1: Banda de Música da Assembléia de Deus - Belém (PA) 1936.

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21

A banda de música de Belém do Pará foi oficializada no

dia 13 de dezembro de 1954, composta por 21 componentes.

Possuía muitos instrumentos de metal e sopro e poucas cordas.

Fazia desfiles pela comunidade, tocando em datas

comemorativas como no dia da Bíblia, todos uniformizados.

(HISTÓRIA Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia de Deus no

Brasil, 2001, p.69-70).

É preciso considerar que no livro da História Oficial da Igreja-Mãe da Assembléia

de Deus (2001), descreve a banda de música da Assembléia de Deus em Belém do Pará

como a primeira do Brasil, mas registramos que essa informação encontra-se

equivocada, uma vez que a Banda de Música da Assembléia de Deus de Natal no Rio

Grande do Norte foi fundada em 1 de agosto de 1954, portanto cinco meses antes da que

está em Belém do Pará.

Portanto, concluímos que a primeira e mais antiga Banda de Música da Igreja

Evangélica Assembléia de Deus do Brasil a contar da sua fundação e oficialização é a

Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Natal do Rio Grande do

Norte .

Nesse contexto, um fato merece destaque; o uso no discurso evangelístico de

temas e linguagem militares e até a adoção da postura militar. “A simbolização do

crente como “soldado de Cristo” 6

, guiado pelo o “Grande General” 7

. O “crente”,

“soldado de cristo”, integrando o “exército de Deus”, combatente do mal, que luta

contra as potestades mal”. (SOUZA, 2002, p. 85).

6 Soldados somos de Jesus / E campeões do bem, da luz; / Nos exércitos de Deus, batalhamos pelos céus, / Cantando,

vamos combater, / O vil pecado e seu poder; / A batalha ganha está; / A vitória Deus nos dá. (Hino 305 da H.C) 7 Lutemos todos contra o mal, / e vamos a Jesus seguir; / Ele é o nosso General, / E a glória do porvir! (Hino 108 da

H.C)

Figura 2: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na Praça Gentil Ferreira, no Alecrim.

Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes

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Podemos ver isto também em alguns dos hinos da Harpa Cristã, hinário da

Assembléia de Deus. Temas como “batalha”, “combate contra o mal”, “guerreiros” 8

,

“alvorada” e “soldado (de cristo)”.

As bandas evangélicas, também, receberam forte influência militar, sobretudo

por parte dos seus maestros e regentes que advinham das forças armadas e que

incorporavam tais características ao grupo; até nos uniformes e fardas usados nas

apresentações, que representava a figura do soldado. A banda de música foi marcada

sempre pela disciplina, horários de ensaio, farda, que era sempre orientada e dito pelos

seus regentes, cabendo ao músico, aceitar e obedecer.

Neste contexto, a banda de música, se apresenta como uma das formações

instrumentais de maior tradição e importância no âmbito de denominações evangélicas

pentecostais como as Assembléias de Deus, sendo utilizada nos cultos e nas cruzadas

evangelísticas. Sendo a banda de música importante canal na propagação da mensagem

pregada pela Assembléia de Deus.

Ainda conforme Braga (1960), a banda de música teve associação direta com a

Igreja Evangélica Assembléia de Deus, sendo portadora de uma tradição que se

associam as denominações pentecostais, principalmente a Assembléia de Deus.

8 Os guerreiros se preparam para a grande luta / é Jesus, o capitão, que avante os levará. / A milícia dos remidos

marcha impoluta; / Certa que a vitória alcancará!. (Hino 212 da H.C).

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2 A BANDA DE MÚSICA DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA

DE DEUS DO TEMPLO CENTRAL

2.1 SURGIMENTO E CONTEXTO

A mensagem pentecostal que chegou ao Brasil no ano de 1910, com os dois

missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, em Belém do Pará, trouxe o

movimento de evangelização pentecostal para toda a região Norte e Nordeste, chegando

ao Rio Grande do Norte em 1916, com alguns norte-rio-grandenses recém-convertidos a

fé pentecostal advindos do Pará. Logo começaram a se reunir em residências para

cultos e orações e à propagação da nova mensagem pentecostal9.

Em abril de 1918, os Missionários Vingren e Berg enviaram para Natal um

pregador eloqüente e versado nas Escrituras, por nome Adriano Nobre. Coube a esse

evangelista a tarefa de implantar a Igreja, no Rio Grande do Norte. Foi ele quem

realizou, às margens do Potengi, junto à ponte de Igapó, na data de 15 de abril de 1918,

o batismo em águas dos primeiros seis crentes, em Natal; dois dias após, batizava mais

duas irmãs; e, poucos dias depois, fazia um terceiro batismo, este num sítio por nome

"Sumaré", em Goianinha.

A Assembléia de Deus no RN - segundo a tradição oral - teve no evangelista

Adriano Nobre, o seu primeiro pastor. O livro "História da Assembléia de Deus no

Brasil", entretanto, reserva essa primazia ao irmão José Estumano de Morais, enviado

pela Igreja-Mãe (Belém/PA), em 1919. Numa época no qual o contexto sócio-religioso

se apresentava complexo. Nessa época padres católicos e outras denominações

evangélicas tradicionais da cidade eram contrários aos adeptos da nova fé pentecostal, o

que acabava por gerar conflitos entres esses cristãos. Os membros da igreja chegam a

receber expressões pejorativas como ‘bodes’ ou ‘ capa-verde’. Há registros no qual se

relata que essas pessoas muitas vezes eram discriminadas, dentre estas, o fato de lhes

serem negados água, ou a venda de pão.

A primeira sede do templo da IEADERN, inaugurado em 13 de janeiro de 1924,

foi na Rua Amaro Barreto, no bairro do alecrim, em Natal (RN) e no dia 24 de janeiro

9 Disponível em: < http:// http://www.ieadern.org.br/historia/ >. Acesso em: 28 jan. 2010

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de 1937 tem-se a inauguração do novo templo passando este a se instalar à na Rua

Manoel Miranda nº1425, até hoje endereço sede da IEADERN.

Observam-se por longos períodos indícios de atitudes discriminatórias em relação

aos evangélicos. Já com a banda em vias de consolidação, repercutia muito sua atuação

nas evangelizações, e daí surgiam muitos convites para a banda tocar no interior do

estado. A cidade de Jundiá (RN), segundo relato do ex-componente e atual pastor

Diomédes Jacome, foi a primeira cidade a ser contemplada com uma visita da banda

para tocar numa cerimônia (culto) de aniversário da congregação daquele município, o

que, segundo o citado depoente, muito marcou a vida de todos os integrantes e do

maestro Nelson Bezerril. Fato marcante para o grupo foi ainda o apedrejamento, após

saírem do culto, voltando para Natal às 11h30m da noite, aproximadamente, sofrido por

eles ainda decorrentes da intolerância religiosa vivenciadas no ano de 1949.

Um grupo de 15 componentes já tocava mesmo antes da Oficialização da Banda

de Música da Assembléia de Deus ocorrida no ano de 1954 pelo Pastor Nelson Bezerril.

A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central,

foi resultante de um movimento musical vivido na época em que a igreja em Natal vivia

um crescimento e desenvolvimento, quando por ocasião sediou na década de 1930 a 1ª

Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil- CGADB, com a vinda e

presenças de 18 pastores e missionários, entre os quais: Lewi Pethrus

(Estocolmo/Suécia), Gunnar Vingren e Daniel Berg, e outros missionários suecos em

atuação no País, acompanhavam também os principais líderes nacionais. Sendo definido

nesta ocasião a ida de todos os missionários estrangeiros para o Sul/Sudeste, e ao

Norte/Nordeste ficando os pastores brasileiros, nesta ocasião foi criado o Jornal

Figura 3: A Banda de Música da Assembléia de Deus em Jundiá - RN.

10/12/1949 Fonte: Acervo particular do Sr. Mário Rodrigues

Fonte: Acervo particular do Sr. Mário Rodrigues

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‘’Mensageiro da Paz’’, até hoje circulando nacionalmente e foi, também, tratado sobre o

ministério e o trabalho da mulheres na igreja.

Nesse contexto de expansão foram criados o Coral Filemon, da igreja em Natal,

no ano de 1935, e um pequeno grupo instrumental que se apresentavam juntos na

liturgia dos cultos, sendo estes dois grupos depois separados. O major Andrade, por esta

ocasião, organizou e criou em 1938 o coral e a orquestra da igreja, que juntos cantavam

e tocavam os hinos. Depoimentos e relatos do ex-componente e ex-regente da banda de

música, o senhor Abinoam Praxedes, ex-componente (1965-1980) e ex-regente (1972-

1973 e 1980-1997), relatam que no ano de 1935, cinco músicos formaram um pequeno

conjunto: Tenente Onel, (violoncelo), o senhor Saraiva (Saxofone), o senhor Nelson

Bezerril (clarinete), Paulo Gonzaga (sax-soprano), e Afrodísio (clarinete).

A Banda de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do

Norte (IEADERN), originou-se da iniciativa de alguns destes músicos, membros da

igreja, entre eles: Nelson Bezerril (clarinete), Manoel Andrade, Paulo Gonzaga (sax-

soprano), Saraiva (bombardino) e Afrodísio (clarinete), no dia 24 de janeiro de 1938.

No dia primeiro de agosto de 1954, o Pastor Nelson Bezerril10

fundava a Banda de

Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Natal-RN, com 32 componentes

do sexo masculino.

O Pastor Nelson Bezerril foi um grande incentivador da música na igreja, com

muita dedicação, incentivou o crescimento espiritual, técnico e patrimonial da banda de

música. Chegando a comprar com recursos próprios e mandando trazer de navio todos

os instrumentos musicais da recém-inaugurada banda de música da igreja.

10 Os regentes que sucederam o pastor Nelson Bezerril foram, em ordem cronológica, Mário Rodrigues de Paiva,

Clemenceau Souza Alves Ribeiro, Omar Batista da Silva, Otoniel Sotero, Emanuel Cícero de Lima, Jeremias Pedro

de Souza Neto, Raimundo Matias Diniz, Abinoan Praxedes Marques, Pr. Daniel Batista de Souza, Paulo Henrique

Albino da Silva e Pr. Daniel Batista de Souza novamente.

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2.2 A FORMAÇÃO DOS MÚSICOS

O primeiro professor de música da igreja foi o pastor Nelson Bezerril, que

estudava clarinete na Escola de Música Santa Cecília em Natal, vindo posteriormente a

assumir a regência da banda. Nelson Bezerril era enfermeiro e posteriormente foi diretor

de um hospício localizado no bairro do Alecrim e nas horas vagas ele estudava

clarinete. Começou a dar aulas de teoria e solfejo para as pessoas da igreja, no método

Alex Garaudè. Sobre essa prática coloca o Sr. Abinoam Praxedes Marques:

Os professores eram sempre os maestros ou os contramestres. Usava o

Solfejo Alex de Garaudé, um pouco de Teoria Musical, e quando

vagava ou tinha sobrando um instrumento se convocava o aluno mais

adiantado, e nem sempre começávamos no instrumento de nosso sonho.

Pois, se diziam entre os Maestros que quem começa pelo Sax-Horn, fica

muito bom em leitura de partitura musical.

Antes do Pastor Nelson Bezerril assumir a direção da banda de música, segundo

relatos do ex-componente e ex-regente, o senhor Mário Rodrigues, os músicos eram

contratados para tocar na igreja quando nesta havia alguma festividade, o que não

agradava muito ao pastor, pois os mesmos não eram evangélicos. A partir de então o

referido pastor, teve a iniciativa de ministrar aulas de teoria musical e solfejo e práticas

instrumentais de sopro para os membros da igreja objetivando formar novo quadro de

músicos evangélicos para a banda.

Os músicos eram, em sua maioria, do sexo masculino, como veremos mais

adiante. Somente no ano de 1974 as mulheres passam, mediante ao incentivo das aulas

de música na igreja, a estudar música e posteriormente tocar na banda. Todos os alunos

eram membros da igreja, pois não eram permitidos integrantes que não tivesse vinculo

com a igreja. A maioria dos músicos da banda de música eram jovens da própria igreja

De um modo geral, tinha-se a oportunidade de estudar música com mais

freqüência nas igrejas, no escotismo, na Escola de Música da UFRN, e nas forças

armadas. Nesse sentido, os membros da igreja, músicos, eram estimulados a entrar na

Escola de Música da UFRN para aperfeiçoarem seus estudos.

O aprimoramento dos músicos da Banda nas décadas de 1970 e 1980 teve como

seu maior incentivador o senhor Adoniram Praxedes Marques, que trabalhava na Escola

de Música da UFRN e dizia duas máximas: “Cada músico deve lutar para adquirir seu

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próprio instrumento’’ (uma vez que os instrumentos eram todos da igreja), e, a segunda

era: “a Escola de Música da UFRN é o lugar ideal para se progredir na teoria, no solfejo

e na prática Instrumental”. (Adoniram, 2009).

Da aula de música saíram muitos para o quadro das bandas militares, prefeitura e

para orquestra do Estado. O pastor Nelson Bezerril, primeiro regente e fundador da

banda de música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Templo Central, tinha a

preocupação em passar os seus conhecimentos musicais de teoria musical e solfejo e

práticas instrumentais de sopro para os membros da igreja para que pudesse se ter e

manter a continuidade do trabalho da banda de música tocando nos cultos e atividades

da igreja.

2.3 REPERTÓRIO

O repertório executado pela banda, dizem respeito aos “hinos da harpa”, hinos

avulsos, marchas religiosa, e dobrados Militar. Parte das partituras eram adquiridas nos

arquivos das Forças Armadas e na Polícia Militar e com bandas de igrejas pertencentes

a outros Estados como Rio de Janeiro, Recife e João Pessoa. Havia também

compositores e arranjadores locais11

.

Atualmente, o seu repertório abrange composições sacras tradicionais como Tu és

fiel Senhor, Grandioso és Tu, do repertório erudito são executadas as obras de J.S. Bach

e G. F. Handel, estão ainda incluídos os hinos da Harpa Cristã.

11 Entre esses, destacam se como compositores: Nestor, Clemenceau Ribeiro, Wilson Ribeiro. Os arranjadores: Omar

Batista, Irmão Mário, Irmão Diniz, a minha pessoa, Geremias Pedro, Adoniram Prqxedes, Gilton Duarte, Paulo Albino, Getro Botelho, Jomessias, e outros que não me recordo. (Abinoam Praxedes)

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2.4 A QUESTÃO DO GÊNERO: A INSERÇÃO DA MULHER NA BANDA

DE MÚSICA

O surgimento de mulheres na banda de música da Igreja Evangélica Assembléia

de Deus em Natal-RN, deu-se por volta do ano de 1974, por meio da iniciativa do Dr.

Jeremias Soares de Oliveira, ex-integrante da banda de música que tocou clarinete

durante vários anos desde sua adolescência sob a orientação do maestro e pastor Nelson

Bezerril, de quem foi aluno, aprendendo os primeiros solfejos musicais.

A iniciativa para a inclusão da mulher na banda de música ocorreu quando de uma

viagem de Jeremias Soares, ao Estado do Pará, na qualidade de Delegado Federal do

Ministério do Trabalho e representante do Ministro do Trabalho no Estado do Rio

Grande do Norte. Jeremias integrou uma comitiva para visitar as obras da hidroelétrica

de Tucurui no Pará, e retornando da visita, pernoitou na capital, Belém, ocasião em que

naquele domingo à noite, dirigiu-se ao templo central da Assembléia de Deus, sendo

recebido pelo então Pastor Firmino da Anunciação Golveia, que o convidou para ser o

pregador da noite.

Segundo relato da senhora Eloyze Nahra, filha de Jeremias, e das primeiras

mulheres a ingressarem na banda

de música, causou profunda

admiração ao seu pai naquele

culto, a atuação da banda de

música daquela igreja, que

contava com um expressivo

número de jovens moças, “com

o desempenho digno da mais alta

admiração, o que ele nunca havia

visto em bandas de música das

Igrejas Assembléias de Deus no

Brasil, até então”.

Assim, ao chegar a Natal, na primeira oportunidade em que, fez a convite do então

Pastor da igreja, João Batista, um relatório da viagem perante a igreja e diante da

receptividade daquele fato, perante o próprio maestro, componentes da banda e do

Figura 4: Banda de Música da Assembléia de Deus, tocando no

templo central na inauguração da nova formação mista,

25/12/1974.

Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes

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próprio Pastor, descreveu a estrutura da banda, composta por homens e mulheres. Tal

iniciativa foi imediatamente aceita pelo pastor, maestro e demais membros da igreja.

Segundo depoimento do senhor Abinoam Praxedes Marques, ainda no ano de

1974 o pastor Nelson Bezerril vendeu um terreno no bairro de Tirol, em Natal, e com os

recursos construiu o Salão da Banda de Música e comprou cinco clarinetes para atender

essas novas componentes.

A partir de então muitas jovens mulheres se dispuseram a entrar na Escola de

Música, no final do ano, no dia 25 de dezembro de 1974 foi inaugurada a Banda de

Música mista da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Natal-RN. Entre as mulheres

pioneiras na Banda de Música estavam na clarineta Neide, Davina, Euzamar, Gorete,

Denise e depois Anunciada; na Flauta, Beta; no Saxofone Eloyse Nara e Eliane,

Otonilma Sotero tocava na percussão. Também posteriormente a flautista Socorro Luna

e a clarinetista Margareth. As senhoras Davina e Euzamar continuam tocando até hoje

na atual formação. Isso demostra um singular simbolismo e significado que tem a

orquestra da igreja na vida destas mulheres.

.

Figura 5: 1º Formação de mulheres na Banda de Música da Assembléia de

Deus em 25 de dezembro de 1974. Anunciada, Euzamar, Eliane, Neide, Beta,

Davina, Gorete, Denise, Nara, Otonilma.

Fonte: acervo particular - Davina

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2.5 A BANDA: LITURGIAS E DEMAIS ATIVIDADES RELIGIOSAS

Inicialmente a “Banda do Templo Central”, como era também conhecida, tocava

somente aos domingos e em festas especiais, e em dias de batismo, ocasião em que o

indivíduo evangélico professava

sua fé, mergulhando na água,

por imitação ao batismo de

Jesus Cristo por João Batista,

conforme descreve o Novo

Testamento, especificamente os

quatro evangelhos. Tocava-se no

culto os hinos congregacionais

(da harpa ou cantor cristão) e

ainda no meio do culto, um

dobrado puramente militar, que

depois passou a ser somente tocados nos desfiles. Era costume se tocar também antes e

depois dos cultos. A banda de música participava de comemorações diversas como a do

“Dia da Bíblia” anualmente com

desfile pelas ruas de Natal e

interior, fazendo-se presente

também em grandes

aglomerações evangélicas e

públicas. A banda de música

exerceu uma grande atividade

visitando as congregações da

Assembléia de Deus nos bairros

de Natal e do Interior também,

inclusive participando da

inauguração de grande parte dos templos da Igreja Assembléia de Deus, erguidas nas

cidades do interior do estado, tocando nos desfiles, batismos, cultos em praças e no

culto no templo.

Fonte: Acervo particular - Mário Rodrigues

Figura 7: Banda de Música da Assembléia de Deus tocando na

Praça Gentil Ferreira, no Alecrim , na Semana da Bíblia, 1972.

Figura 6: Banda de Música da Assembléia de Deus do Templo

Central visitando a cidade de Parelhas-RN, 1966.

Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes

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Corroborando com essa afirmação o Sr. Abinoam Praxedes relata:

Desfilávamos em Natal no Dia da Bíblia, e em ocasiões especiais,

tocávamos em praça pública nas grandes concentrações evangélicas

tanto de nossa denominação como de outras que nos convidavam. No

interior passávamos o dia começando pela alvorada que constava de um

desfile às cinco horas da manhã para acordar a cidade e anunciar o dia

de festa na Igreja. [...] Nós tocávamos quase que somente hinos avulsos

contemporâneos que quando nos convidavam para o interior tínhamos

que fazer um desfile improvisado em que eu, o próprio maestro, era o

único que tinha coragem de tocar a tuba, pois os jovens não queriam a

tuba por não gostar da estética e do peso dela principalmente num

desfile longos. (PRAXEDES, 2009)

Figura 8: Banda de Música da Assembléia de Deus desfilando nas ruas da Zona Norte de

Natal, 1982.

Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes

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3 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG)

3.1 A ORQUESTRA GÊNESIS: ENTRE A TRADIÇÃO E A

MODERNIDADE

É imprescindível lembrar as mudanças ocorridas na década de 1980 na música

popular brasileira, decorrentes do uso das novas tecnologias de produção musical

(teclados, baterias eletrônicas) e da grande projeção do rock na mídia. O que de certo

modo acabava por influenciar no comportamento musical dos evangélicos, como bem

apontou Souza (2002) em sua pesquisa sobre música evangélica.

Nesse sentido, com o tempo, conforme descreve o Sr. Abinoam Praxedes

Marques, ex-componente (1965-1980) e ex-regente (1972-1973 e 1980-1997), a

estrutura instrumental da banda de música, o repertório e o próprio ato de desfilar,

acabam por ficar menos atraente para os jovens. Na década de 1980 proliferaram-se as

bandas (conjuntos com a formação instrumental e tradicional do rock - guitarra, baixo,

bateria e teclado) em Natal (RN), influencia advinda, sobretudo da projeção nacional no

meio evangélico de bandas como Rebanhão, Sinal de Alerta e Catedral e, aqui na cidade

do Natal; Louvores dos Redimidos e o grupo Filadélfia.

Para atrair jovens músicos foram introduzidos muitos hinos avulsos (extra-hinário

oficial da igreja, ou seja, a Harpa Cristã), em estilos musicais que tinham maior

aproximação com o gosto musical dos jovens da época. Além do que foram

introduzidos instrumentos musicais como a bateria, o contrabaixo, o teclado

(sintetizador) e a guitarra elétrica. Alguns destes, como o caso da bateria, até então não

permitidos no âmbito da liturgia musical, pela associação com o “mundano”, com o

rock e todos os elementos a ele associados (sexo e drogas).

A partir de então, mais especificamente, na segunda metade da década de 1980, a

Banda de Música passa por significativas mudanças. Sobre esse momento de transição

pelo qual este grupo passou o Sr. Abinoam Praxedes coloca:

Também esqueci de mencionar que no processo da modernização da

Orquestra, surgiu, pasmem todos... isto com meu total apoio, assumindo

todos os riscos, um grupo denominado Grupo Arca, regido por um

militar recém-chegado da Marinha do Brasil, chamado Sgt. Samuel e

como contra-mestre tinha o nosso trompetista Gilson Duarte. Este grupo

tinha um ousado e moderno repertório evangélico trazendo hinos com

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ritmos não muito aceitos no nosso meio tais como bossa nova e samba.

Foi duro para os irmãos antigos ouvirem o hino 39 [da Harpa Cristã],

muito cantado na Santa Ceia do Senhor, em ritmo de samba. Os

músicos gostavam muito, e eu na visão de segurar os músicos na igreja

eram quem "pagava o pato", tendo que dar explicações aos amados

irmãos da igreja e do ministério. (PRAXEDES, 2009).

Como se viu, no que concerne a Banda de Música da Igreja Assembléia de Deus,

do Templo Central, esta nova roupagem da Banda com a introdução de novos

instrumentos e a adoção de novos ritmos no repertório, desagradou à algumas pessoas

da igreja.

Em seguida, com essa nova formação instrumental, a Banda muda de nome. Foi

escolhido, por maioria de votos, por meio de um concurso entre os componentes da

Banda, o nome “Gênesis”, que dava a entender, para os componentes desse grupo, um

princípio, um nascimento de um novo estilo de grupo musical que proliferaria, sem

dúvida, nas outras congregações de Natal.

É nesse contexto então, na ruptura de padrões estéticos e de comportamento até

então inaceitáveis no meio evangélico, que se dá o surgimento da orquestra Gênesis,

pontuada pela tradição musical da banda de música e pela modernidade, ao adotar novos

estilos musicais e instrumentos.

Figura 9: Banda de Música da Assembléia de Deus - Templo Central, Aniversário - 1991.

Fonte: acervo particular do Sr. Abinoam Praxedes

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3.2 ORQUESTRA FILARMÔNICA EVANGÉLICA GÊNESIS (OFEG): A

INCLUSÃO DE INSTRUMENTOS DE CORDAS

A mudança do estilo e da formação instrumental da Orquestra Gênesis para

Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG) começou quando em abril de 1997,

o pastor Daniel Batista de Souza, vindo de São Paulo-SP, assumiu a direção da

Orquestra Gênesis. A Orquestra Gênesis era composta apenas por instrumentos de

metais, saxofones, madeiras, guitarra, baixo elétrico e bateria, não possuía ainda

instrumentos de cordas característicos de uma orquestra sinfônica (violino, viola,

violoncelo e contrabaixo).

Com o apoio da liderança da Igreja, foi reestruturado o Departamento de Música

(DEMAD) e reativado a Escola de Música da Igreja Evangélica Assembléia de Deus no

Templo Central em Natal com uma equipe de professores componentes da própria

Orquestra. Fazendo parte desse projeto, foi implantado o ensino de instrumentos de

cordas especificamente para compor a orquestra.

Figura 10: Orquestra Gênesis – 1998, Natal/RN. Aniversário do 44º ano de Fundação.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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No ano de 1997 foram iniciadas as primeiras turmas de práticas de instrumentos

de cordas, madeiras, metais, flauta doce, canto, teclado, violão, teoria musical módulo 1

e 2. Os professores pioneiros em instrumentos de cordas foram os seguintes: Quefrem

Lemoel Mendonça (Violino), Priscila Gomes de Souza (Violoncelo), Wallace Albino da

Silva (Viola) e Willames Costa da Silva (Contra Baixo)12

.

No ano de 1999 começaram os primeiros ensaios com os instrumentos de cordas,

com oito violinos, duas violas, dois violoncelos que uma vez por mês ajuntavam-se com

os metais, madeiras, saxofones, bateria, percussão, teclado, baixo elétrico e guitarra.

12

Todos alunos da Escola de Música da UFRN. Willames Costa da Silva é atualmente professor

substituto da EMUFRN.

Figura 11: 1ª Apresentação com instrumentos de cordas antes da inclusão de cordas na

Orquestra Gênesis, 1998. Ana Paula, Miguel e Priscila no Aniversário do 44º ano de

Fundação.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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36

Considere-se ainda nesse contexto de mudanças, que mais uma vez encontrou-se

resistências às novas propostas sonoras. Num meio onde a tradição se perpetua as

mudanças, não são vistas com bons olhos, uma vez que trata-se de mudanças

comportamentais, na formação instrumental e repertório.

Em março de 2000 foi efetivada a nova formação instrumental com o nome de

Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEG). Num período de dez anos, ou seja,

desde a sua formação, o número de componentes da OFEG, passou de 28 para 137,

tendo 90% dos componentes iniciados seus estudos na Escola de Música da própria

igreja. Aonde desenvolve uma prática de ensino de música que falaremos adiante.

Figura 12: Cantata de Natal – 25 de dezembro de 1999. 1ª Apresentação da Orquestra

Gênesis com instrumentos de cordas.

Figura 13: Nova formação com a inclusão de instrumentos de cordas e do novo nome:

Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis – agosto de 2000. Aniversário do 46º

aniversário de fundação.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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3.3 OFEG: ATUAÇÃO, PERFIL E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A OFEG tem por objetivo principal a participação na liturgia dos cultos, com

repertório próprio (hoje arranjado por seus próprios componentes), acompanhando

também os cânticos congregacionais, cantores e demais grupos. No ano de 2003 a

OFEG realiza seu primeiro registro fonográfico, gravado no auditório Onofre Lopes da

Escola de Música da UFRN.

A OFEG também desenvolve atividades evangelísticas, em locais públicos como

praças, teatros, salas de concertos. Outras

atividades que a Orquestra tem participado são

os casamentos e os eventos especiais que

ocorrem em nossas igrejas.

Além disso, a Orquestra tem sido

convidada para cultuar em outras igrejas

evangélicas, servindo de incentivo para a

formação de novos conjuntos orquestrais.

Estes convites não se restringem às igrejas de Natal, mas também tem abrangido cidades

de outros estados como: Recife (PE), João Pessoa (PB), além de diversas cidades do

interior no Estado do Rio Grande do Norte.

Figura 14: 1º Cd: Jerusalém de Ouro-2003

Natal/RN.

Figura 15: Símbolo e logomarca da OFEG.

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A OFEG é composta de músicos membros da nossa igreja, de diversas faixas

etárias e ocupações. Alguns músicos se profissionalizaram e hoje integram as bandas

militares do nosso país e alguns fazem parte da Orquestra Sinfônica do Estado do Rio

Grande do Norte, Bandas Militares. A sua atual formação é dividida entre os seguintes

naipes: cordas (Violino, Viola, Violoncelo e Baixo acústico), madeiras (Flauta e

Clarinete), saxofones (soprano, alto, tenor e barítono), metais (Trompa, Trompete e

Trombone) e base (Bateria, baixo elétrico e teclado).

3.4 A OFEG COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO MUSICAL

Depois de descrever e pontuar aspectos relacionados ao surgimento e

consolidação desse grupo musical, chama-se atenção para outro aspecto desse

fenômeno: o da educação musical propiciada por esse segmento religioso aos seus

membros.

Figura 16: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis-agosto de 2006. Aniversário do 52º

aniversário de fundação.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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Nasci na cidade de São Paulo (SP) em um lar evangélico. Meus pais, avós, tios e

primos, tiveram uma educação cristã evangélica e grande parte da minha família teve

um grande envolvimento com música na igreja, em corais, bandas, conjuntos

instrumentais. Meus pais desde os seus onze anos começaram a estudar e frequentar as

aulas de música ensinadas na igreja e tocaram na banda de música.

Posteriormente ainda na juventude, meu pai, pastor, com formação musical e

eclesiástica, assumiu a regência do coral e da orquestra da igreja, isto proporcionou a

mim e as minhas irmãs, desde muito cedo poder acompanhar e participar de várias

atividades e trabalhos musicais na liturgia dos cultos na igreja Assembléia de Deus em

São Paulo.

Ainda criança, participei de conjuntos infantis. Tudo isto foi um estímulo para que

despertasse em mim o interesse em estudar e aprender música e tocar um instrumento. E

incentivado pelo prazer de participar de um grupo, pelo puro prazer de estar

participando de uma atividade musical na igreja ainda criança freqüentei as aulas de

teoria musical e solfejo dado pelo meu pai nos cursos de música da igreja.

Com o tempo, já na universidade, descobri que este estímulo para música advindo

da igreja, não estava restrito somente a minha experiência. Observei o caso de vários

artistas, celebridades, de fama nacional e internacional que começaram cantando ou

tocando em suas igrejas. Como também constatei nos depoimentos colhidos, relatos que

situam a igreja evangélica como grande incentivadora da prática musical. Essa

impressão foi reforçada em conversas informais com colegas da universidade e

professores, ocasiões em que destacavam que tinham se iniciado musicalmente na

igreja. Nesse sentido, destaco o depoimento do Sr. Abinoam Praxedes Marques:

Entrei para aula de música na IEADERN em 1965 e no final do ano iniciei a tocar na

Banda. Meus irmãos mais velhos já tocavam na banda e continuavam estudando música

na Igreja com os Maestros da época [...]. Eu cantava no coral infantil, regido pelo

Missionário Edson Alves e participava da dramaturgia do Natal, isto já me dava um

bom convívio musical, que é peculiar às crianças que participam na Igreja, findam se

beneficiando com um bom desenvolvimento de suas potencialidades, entre as quais eu

destaco o enfrentar de um público, fazer uso da Palavra no Púlpito da Igreja, isto é uma

oportunidade rara na sociedade. (PRAXEDES, 2009).

Um dos aspectos que merecem destaque no âmbito do processo de ensino e

aprendizagem praticado no domínio da OFEG são as situações de aprendizagem

propiciadas. Considere-se que o aprendiz tem oportunidade de socializar e aplicar seus

conhecimentos em vários grupos e atividades litúrgicas como em várias ocasiões:

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participação em ensaios, cultos, reuniões, escola dominical, batismo, festas e

aniversários. Nesse sentido, apresento agora aspectos gerais relacionados ao ensino da

música desenvolvido no âmbito da OFEG.

Havia vários conjuntos (em uníssono) de hinos populares, havia a banda de música

(modelo militar), e o coral, também havia Coral da Mocidade, e quartetos tanto

masculino e misto. Depois surgiu uma banda infantil de percussão e flauta doce, que

forneceu futuros músicos para nossa Banda. A Banda mantinha uma escola de música

gratuita, pois, os que a procuravam eram em sua maioria pessoas carentes. Em sua

maioria a origem e a formação dos músicos da banda de música eram de nossa própria

aula de música. Alguns militares passavam tempos por aqui. (PRAXEDES, 2009).

3.5 OFEG: SITUANDO A PRÁTICA MUSICAL EM NOVOS CONTEXTOS

DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A Escola de Música da IEADERN recebe esta intitulação dentro do Departamento

de Música (DEMAD) porque atua no ensino de música da igreja, cujo objetivo principal

é ensinar os membros, congregados da igreja e outros que queiram aprender música para

compor os diversos conjuntos, grupos musicais, orquestra, atendendo a uma demanda

interna e externa também, de pessoas de outras denominações e igrejas. A Escola de

Música da IEADERN disposta destes objetivos mencionados acima, se reestruturou no

ano de 1997.

São oferecidos os cursos básicos de teoria musical/solfejo, curso básico de

regência, curso básico de canto, curso de prática de instrumentos. A Igreja cede os

espaços das aulas teóricas que pode ser nas dependências da própria Igreja ou na

“ESTEADEB”, local onde funciona a Escola Teológica da Assembléia de Deus.

Os alunos que procuram a escola de música da IEADERN são de vários bairros de

natal e municípios vizinhos. Após os alunos freqüentarem doze aulas teóricas, ele é

encaminhado para as práticas em instrumentos musicais. A escolha do instrumento fica

a critério de cada aluno. Nas aulas práticas o aluno desenvolve escalas, trabalha-se

repertório de hinos da igreja, geralmente da Harpa Cristã. Quando aluno estiver

executando um repertório simples, e encaminhado para prática de conjunto, este

trabalho é feito na Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos (OFEGAL), de

que falaremos mais adiante.

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O pré-requisito para matricular-se na escola de música é ter acima de oito anos,

saber ler e escrever e dominar as quatro operações matemáticas. Não é limitada a idade,

pois a escola acredita que adultos e terceira idade também são capazes de aprender no

seu próprio ritmo. Isto tem sido constatado e provado ao longo dos anos relata à senhora

Eunice Gomes dos Santos de Souza, pedagoga, coordenadora pedagógica da Escola da

Música da IEADERN. Ela comenta que já recebeu alunos da terceira idade neste ensino

de música, e muitos tem se destacado na prática de violão, teclado, sax-alto entre outros

instrumentos. Eunice Gomes conta características do perfil dessa demanda:

A maioria dos alunos que procura a Escola de Música da

IEADERN e para atender o ministério de louvor de suas igrejas,

como já falei, mais vem uma minoria procura para fins

profissionais, ou seja, pretendem aprender música para fazerem

concursos em bandas militares ou outros, mas tenho verificado

que estes muitas vezes ficam pelo caminho, não desenvolvem

tanto quanto aqueles que ver com o objetivo de atender o

ministério de louvor de suas igrejas. Tenho comprovado que

muito dos alunos que vem para Escola de música da IEADERN

traz no coração o desejo de louvar na igreja e no decorrer dos

estudos básicos buscam as escolas formais como a UFRN para

aprimorar seus estudos. É notório que muitas destes prestam

Figura 17: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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concursos e passam nas bandas militares, orquestra sinfônica, e

continuam também atuando na igreja sem perder o objetivo

principal dos primeiros conhecimentos musicais. (SOUZA,

2009).

A maioria dos componentes da OFEG é formada pela escola de música da

IEADERN. O curso de teoria musical é obrigatório para cursar qualquer prática de

instrumento. As vagas de teoria musical são destinadas a pessoas a partir de oito anos de

idade até a terceira idade. As aulas de teoria musical tem a duração de doze aulas com

assuntos diferentes relacionados à linguagem e estruturação musical com duração de

uma hora e meia. Ao final do curso de teoria é realizada uma prova escrita com todos os

conteúdos, a média para o aluno passar é sete, concluído a parte de teoria o aluno recebe

um certificado pelo DEMAD de conclusão e participação no curso e é encaminhado

para aula prática de instrumento. Para o curso de teoria musical o aluno paga uma taxa

única referente a todo o material didático e pagamento do professor durante o período

do curso, já na aula prática é cobrada uma taxa simbólica mensal, o aluno paga

diretamente o professor do instrumento.

A escola de música não recebe verbas e recursos de nenhuma instituição, quem

arca com a manutenção das aulas são os próprios alunos. A igreja apenas cede a

Figura 18: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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utilização do espaço para ministrar as aulas de teoria e prática de instrumentos musicais.

As aulas de teoria musical são ministradas aos sábados no período matutino na

ESTEADEB. As aulas práticas de instrumentos são ministradas nas salas de aula do

DEMAD no Templo Central.

São oferecidas aulas duas vezes por ano de teoria musical, regência, canto, violão,

teclado, bateria, guitarra, violino, viola, violoncelo, baixo, flauta transversal, clarinete,

saxofone, trompete, trombone, tuba, trompa. Cada professor é voluntário não tendo

nenhum vinculo empregatício com a IEADERN. O aluno é avaliado conforme sua

participação e desempenho nas atividades propostas: testes e avaliação formal de

aprendizagem. A metodologia utilizada são aulas expositivas, exercícios dirigidos,

pratica de conjunto na OFEGAL. Quanto aos conteúdos é a teoria inicial da música:

notas musicais, valores, claves, compassos, escalas, tonalidades, dinâmicas, etc.

O objetivo principal da Escola de Música da Igreja é formar em curto prazo de

tempo músicos para tocar na igreja. Os professores que ensinam na igreja são custeados

pelas mensalidades dos próprios alunos não tendo vinculo empregatício com a igreja.

Algumas congregações (pastores) adotam, ou patrocinam os membros custeando suas

aulas de música.

O DEMAD, com apoio da diretoria da Igreja, em fevereiro de 2001 criou a 1ª

turma do curso básico de regência para estudar cinco matérias: regência, teoria musical,

técnica vocal, preparo espiritual do regente e técnica de ensaio. Ouve uma grande

procura por parte dos membros da igreja e no mesmo ano foram formadas duas turmas

Figura 19: Turma de teoria Musical da escola de música da IEADERN.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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com 60 vagas no total. As aulas aconteciam nas dependências da Escola Teológica da

Assembléia de Deus do Brasil – ESTEADEB, com duração de nove meses e duas horas

de aula, uma vez por semana, o que aconteceu todos os sábados. Todos os alunos

pagavam uma taxa simbólica para a aquisição do material didático e pagamento dos

professores.

A Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis (OFEGAL) é a continuação do

estudo de música. Criada em 2002 com 36 alunos, funciona como uma extensão das

aulas práticas da sala de aula, sendo um espaço para o desenvolvimento e prática em

grupo dos alunos, além de desenvolverem a leitura das partituras, experiência em uma

orquestra. Os ensaios acontecem uma vez por semana com duração de duas horas, e

após alguns meses de preparação de repertório, começam a tocar semanalmente nos

cultos de semana na igreja. Todos os anos, novos alunos entram, os mais adiantados vão

Figura 20: 1ª Maestrina a reger a Orquestra Filarmônica Evangélica

Gênesis. Priscila Gomes de Souza - Agosto de 2004.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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ao final do ano para a OFEG. Sendo um celeiro na formação de muitos novos músicos

na nossa igreja.

Os ensaios têm como objetivos: a- aprimorar os conhecimentos técnicos

adquiridos nas aulas individuais

de instrumento; b- desenvolver a

prática de tocar em conjunto; c-

preparar o grupo para a

participação do louvor nos cultos;

d- desenvolver a integração

musical e espiritual com os alunos

de outros instrumentos; e-

desenvolver repertório musical de

orquestra. Apresenta-se sempre

no final do semestre ou do ano

com um concerto musical especial.

Figura 21: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos - OFEGAL

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

Figura 22: Orquestra Filarmônica Evangélica Gênesis de Alunos -

OFEGAL

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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Desde o ano de 1997 e até 2009 já freqüentaram o Curso Básico de Teoria

Musical aproximadamente 2000 alunos. Destes 80% continuaram, ingressaram nas

práticas de instrumentos musicais, prática básica de canto ou prática básica de regência.

Destes 80%, aproximadamente equivalente a 1600 alunos. Dos 1600 alunos 40%

escolheram prática básica de canto ou regência equivalente a 640 alunos. Do total 1600

alunos, 60% escolheram prática de instrumentos equivalente a 640 alunos. Destes 640

alunos, 30% escolheram prática de violão, 15% prática de violino, 5% prática de

teclado, e 10% os demais instrumentos. Ficou constatado em depoimento que a procura

pela prática de canto e regência se deve ao fato do aluno não precisar comprar seu

instrumento e também a prática de canto atende as necessidades almejadas para compor

os conjuntos vocais da igreja assim como cantar com a congregação na liturgia do culto.

Como observou a pedagoga Eunice Gomes, a procura pela prática de violão se

deve ao fato de ser um instrumento mais acessível (quanto ao valor do instrumento) e

também por ser um instrumento harmônico pode usá-lo individualmente para cantar

solos e ter participações nas várias reuniões eclesiásticas.

Figura 23: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, 28 de novembro de

2009.

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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A prática do violino é muito procurada pelos alunos da Escola de Música da

IEADERN, verificamos que o valor do instrumento, a prática de ensino da professora e

do professor de violino

são fundamentais nesta

escolha.

De todo modo a

maior demanda ainda é

por tocar instrumentos de

sopro pelo desejo de

prestar concurso para

bandas militares,

atentando para o fato que

o maior objetivo deles

estarem aprendendo a

prática musical é servir

voluntariamente na Igreja, tocando na OFEG (Orquestra Filarmônica Evangélica

Gênesis). A senhora Eunice observa que um número expressivo de dezenas de alunos ao

longo desses 12 anos de escola de música que ingressaram e hoje fazem parte tocando

nas bandas militares do exército, aeronáutica, da policia militar, banda sinfônica da

prefeitura, orquestra sinfônica do estado.

Figura 24: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN,

dezembro de 2008. Templo Central, Natal/RN (1).

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

Figura 25: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN,

dezembro de 2008. Templo Central, Natal/RN (2).

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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Destes 1600 alunos somente uns 10% equivalente a 160 ingressaram na

EMUFRN entres os cursos Básicos, Técnicos, Licenciatura e Bacharelado em Música.

Muitos alunos que ingressaram nos cursos básicos de instrumentos musicais na

igreja já estão compondo a OFEGAL, OFEG, com isto verificamos que o ensino de

musica na igreja faz o trabalho de base. Isto se deve ao grande estímulo que recebem na

igreja, o incentivo dos pais, pastores leva as pessoas a uma socialização aliado ao prazer

voluntário que tem de participar destes grupos.

Figura 26: Recital de Alunos da Escola de Música da IEADERN, dezembro de 2008. Templo

Central, Natal/RN (3).

Fonte: acervo particular do Sr. Daniel Batista

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CONCLUSÃO

Estatísticas apontam o crescimento expressivo e quantitativo que os evangélicos

tem tido no campo da música instrumental, mais especificamente a erudita13

. Em certo

sentido, as Igrejas Evangélicas se tornam locais de ensino e formação musical. Que

atuam diretamente na liturgia do culto, acompanhando os hinos e louvores nas igrejas.

Dentre as Igrejas Evangélicas, a Assembléia de Deus é umas das igrejas dentre

outras que mais formam músicos, assim como a Igreja Batista e a Congregação Cristã

no Brasil. É fundamental apontar que a música na liturgia do culto da Igreja Assembléia

de Deus do Templo Central ocupa 60% do tempo total do culto, que tem duas horas de

duração14

.

Na Assembléia de Deus especificamente, as formações musicais são constituídas

na maioria por instrumentos de sopro e metais, são responsáveis por grande propagação

de bandas aonde se concentram naipes de metais e madeiras.

Prova disto é que muitos músicos que hoje atuam em bandas militares, forças

armadas, e orquestras brasileiras, são músicos evangélicos provenientes do ensino

musical que aprenderam nas suas igrejas. Existe um grande incentivo por parte dos

professores e regentes destas bandas e orquestras de incentivar os músicos da igreja

depois de certo tempo estudando na igreja, de procurar uma escola de música formal

para aperfeiçoar sua técnica no instrumento e ampliar os seus conhecimentos teóricos e

de solfejo.

Com isso a escola de música formal tem recebido grande quantidade de estudantes

evangélicos, que na maioria tem buscado a música para o seu aperfeiçoamento. Este

perfil pode ser explicado pela experiência prática precoce de tocar desde cedo nos

13 “Os evangélicos dão o tom”. Revista Veja (06/06/2007).

14 Prelúdio feito com 2 a 3 hinos pela OFEG ou outro grupo antes de começar o culto.Oração de abertura do culto; 2.

Três hinos congregacionais (Harpa Cristã) acompanhados pela OFEG, com toda a igreja cantando; um hino pelo

Coral Filemom; um hino pelo Conjunto Vitória, 1hino pelo Conjunto Betel, 1hino pelo Coral Jovem Rosa de Sarom

na maioria acompanhado pela OFEG, Avisos das atividades da igreja e apresentações de visitantes, Leitura da Bíblia

com toda a igreja, Oração pelo recolhimento das ofertas, Ofertório, neste momento o pastor designa quem cantará ou

tocará durante o recolhimento das ofertas e dízimos voluntários, Pregação da Palavra, que dura uns 20 a 25 minutos,

1hino congregacional (Harpa Cristã) acompanhado pela OFEG com toda a igreja, Oração Final, Benção Apostólica

dada pelo pastor.

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acompanhamentos dos hinos nos cultos e a participação em grupos vocais, corais. O que

se enfoca mais neste sentido é em curto espaço de tempo preparar o músico para tocar,

com isso o pouco conhecimento de teoria musical e solfejo só vai ser buscado depois

num plano secundário.

O crescimento de bandas e orquestras nas igrejas evangélicas coincidem com o

bom momento no mercado de trabalho para músicos eruditos. Na orquestra sinfônica do

Estado de São Paulo (OSESP), uma das mais conceituadas do país, trinta e cinco por

cento dos músicos brasileiros são evangélicos15

.

Muitas oportunidades se abriram no mercado, muitos músicos evangélicos,

formados em boas escolas voltam para lecionar nas igrejas onde aprenderam com isto

ajudam a formar novos e melhores músicos e com isto a qualidade do ensino musical

nas igrejas tem melhorado e crescido mais também a procura.

Por meio deste trabalho monográfico concluímos que, a banda de música no

contexto evangélico, ao ser inserido nas cerimônias religiosas, mobiliza e aglutina

sentimentos coletivos. Sendo a banda de música considerada um fenômeno cultural e

não somente musical, pois no geral, no contexto não evangélico, ela exerce no meio em

que atua funções de natureza comunitária e pedagógica, além de ser um espaço propício

a preservação do patrimônio cultural. Afirmamos, portanto, sendo o mais antigo grupo

instrumental evangélico pentecostal da cidade, sua importância histórica no contexto

que extrapola esse segmento religioso.

Verificamos que um dos papéis mais importantes para a criação da banda de

música foi a suas atividades nas evangelizações na capital e nas cidades do interior do

RN, onde era muito requisitada para acompanhar os pastores nas aberturas e

inaugurações de templos no interior do estado e com também em aberturas de

congregações nos bairros da capital.

Conforme observamos ao longo desta trajetória a banda de música tem atuado na

liturgia e atividades da igreja, exercendo uma intensa atividade no acompanhamento dos

hinos congregacionais e demais atividades litúrgicas.

Observamos ainda que o ensino de música na igreja tem como objetivo principal

preparar em curto prazo de tempo músicos para as atividades da liturgia da igreja.

A banda de música se destacou como um espaço de formação de novos músicos

da Assembléia de Deus no estado do RN. A banda como instituição social agrupa

15 “Os evangélicos dão o tom”. Revista Veja (06/06/2007).

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pessoas de diferentes faixas etárias, grupos sociais e sua relação com a comunidade

evangélica é de incentivar a participação de todos os membros no uso da música nos

cultos sendo cantando ou tocando.

Concluímos que na liturgia dos cultos e atividades da Igreja Evangélica

Assembléia de Deus há uma intensa participação de seus membros envolvidos em canto

, tanto congregacional ou em grupos vocais e também instrumentais ,despertando neles

o desejo de aprimorar a música sacra (música gospel)..Sendo assim os primeiros

conhecimentos musicais é dado na própria Igreja através do incentivo do ensino de

Música, ministrado por membros que tem uma capacitação musical.

Sendo depois os membros indo para escolas especializadas de música para

aperfeiçoar seus conhecimentos, o que observamos foi um grande numero de pessoas

que saíram da igreja para estudar música e se profissionalizar. Alguns são profissionais

e integrantes hoje de bandas militares do estado, orquestra sinfônica do estado,

professores na universidade. Sendo a reflexão sobre a prática e o ensino de música na

igreja um tema que deverá ser ampliado nos próximos trabalhos numa pós-graduação.

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