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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA GINÁSTICA LABORAL: POR QUE NÃO DEU CERTO EM UM SETOR DE PRODUÇÃO GRÁFICA? GISELI FRANÇOASI TREBIEN Curitiba /PR 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENGENHARIA

GINÁSTICA LABORAL: POR QUE NÃO DEU CERTO EM UM SETOR DE PRODUÇÃO

GRÁFICA?

GISELI FRANÇOASI TREBIEN

Curitiba /PR

2003

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GISELI FRANÇOASI TREBIEN

GINÁSTICA LABORAL: POR QUE NÃO DEU CERTO EM UM SETOR DE PRODUÇÃO

GRÁFICA?

Trabalho de Conclusão do Curso de Mestrado Profissionalizante em Engenharia como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia da Produção, Ênfase em Ergonomia,

Orientador: Professora Lia Buarque de Macedo Guimarães, PHD

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Curitiba /PR

2003

Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção do título de mestre em engenharia e aprovado em sua forma final pelo Orientador e pelo Coordenador do Mestrado Profissionalizante em Engenharia, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

DATA APROVAÇÃO:

__________________

_________________________________________

Profa. Lia Buarque de Macedo Guimarães, PHD Orientador Escola de Engenharia

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

_________________________________________

Prof. Luiz Fernando Nicodemo Chaves, PHD Coordenador Tæecnico do Mestrado Profissional

Escola de Engenharia Universidade Federal do Rio Grande do Sul

BANCA EXAMINADORA:

Maria da Graça Luderitz Hoefel

Prof. Dr.

Carmen Silvia Benevides Fellippa

Prof. Dr.

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Benno Becker Junior

Prof. Dr.

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Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditaram

em minha capacidade.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a todos, que de alguma forma contribuíram para

a realização deste projeto, em especial a Marcos Ribeiro

Franco, Augusto Fernandes, Lia Buarque de Macedo

Guimarães,

Fernando Amaral, Marta Cristina Wachowicz, Claudia

Celli, Robert El Saraf, Lucy Mara Silva e Rosimeire

Sedrez Bitencourt.

De um modo muito especial agradeço ao Laboratório de

Estatística da Universidade Federal do Paraná (LABEST

/UFPR ), principalmente a Carlos Antônio Hervis Dantas,

David Packer Neto e ao Professor Adilson dos Anjos, que

colaboraram tanto com este trabalho e, que desenvolveram

com tanta eficácia os cálculos estatísticos.

Muito Obrigado pais, irmãos e ao meu querido Rafael

Alexandre da Rocha.

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“A falta de atividade destrói a boa condição de qualquer

ser humano, enquanto o movimento e o exercício físico-

metódico o salva e o preserva”.

(PLATÃO, citado por NIEMAM, 1999, p. 21)

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RESUMO

Com o aumento dos casos de LER/DORT nos setores de produção, a LTC decide implantar o

programa de Ginástica Laboral entre seus funcionários. Entretanto, o programa não foi capaz

de fidelizar os participantes e promover os efeitos esperados. Através da teoria, da

experiência de algumas empresas e das características apresentadas pelo grupo estudado,

procura-se compreender as razões que levaram a ginástica laboral, uma ferramenta de tanto

sucesso no mundo a fracassar nesta empresa.

Palavras- chaves: Saúde ocupacional. Ginástica laboral. Ergonomia.

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ABSTRACT

With the increase of the cases of LER/DORT in the sectors of production, the LTC decides to

implant the program of labor gymnastics between its employees. However, the program was

not able to get fidelity the participants and to promote the waited effects. Through of the

theory, the experience of some companies and the characteristics presented for the studied

group is looked for understanding the reasons that they had taken the labor gymnastics, a tool

with so much success in the world, to fail in this company.

Keywords: Health occupational. Labor gymnastics. Ergonomics.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1– BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NA MUSCULATURA............... 36 FIGURA 2– GINÁSTICA COM ORIENTAÇÃO................................................................... 61 FIGURA 3 – GINÁSTICA LABORAL NO SPE .................................................................... 63 FIGURA 4 – DIAGRAMA MASCULINO BASEADO NO CORLETT PARA ANÁLISE DE

DESCONFORTO E DOR................................................................................... 67 FIGURA 5 – DIAGRAMA FEMININO BASEADO NO CORLETT PARA ANÁLISE DE

DESCONFORTO E DOR................................................................................... 67 FIGURA 6 – CARACTERÍSTICAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA

EMPRESA ESTUDA.......................................................................................... 74 FIGURA 7 – CARACTERÍSTICAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA

EMPRESA ESTUDA- CONT. .......................................................................... 75 FIGURA 8 – DADOS PROFISSIONAIS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE DA

EMPRESA ESTUDA.......................................................................................... 75 FIGURA 9 – DADOS FÍSICOS/CORPÓREAS DO GRUPO QUE TRABALHA NO SPE

DA EMPRESA ESTUDA................................................................................... 76 FIGURA 10 – OPERADORES PRODUZINDO LEIAUTE E ENCAPSULADOS ............... 77 FIGURA 11– ATIVIDADES REALIZADAS PARA PRODUÇÃO DE LEIAUTES............ 77 FIGURA 12 – PREPARAÇÃO DE ANÚNCIOS PARA PRODUÇÃO ................................. 78 FIGURA 13 - PREPARAÇÃO DE ANÚNCIOS PARA PRODUÇÃO.................................. 78 FIGURA 14 – PRODUÇÃO EPS ............................................................................................ 78 FIGURA 15 - ENCERRAR PRODUÇÃO DE EPS ................................................................ 79 FIGURA 16 – PAGINAÇÃO................................................................................................... 79 FIGURA 17 – FILMAGEM E REVELAÇÃO ........................................................................ 79

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FIGURA 18 – CALIBRAÇÃO IMAGESETTER.................................................................... 80 FIGURA 19 – LIMPEZA DA PROCESSADORA.................................................................. 80 FIGURA 20 - GRÁFICO DE CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO ................................ 84 FIGURA 21 – ILUMINAÇÃO SPE......................................................................................... 88 FIGURA 22 – SISTEMA REFRIGERAÇÃO SPE.................................................................. 89 FIGURA 23 – MOBILIÁRIO SPE: ARMÁRIOS ................................................................... 91 FIGURA 24 – MOBILIÁRIO: CADEIRAS ............................................................................ 91 FIGURA 25 - MOBILIÁRIO SPE: MESAS DE PRODUÇÃO GRÁFICA............................ 92 FIGURA 26 – CARACTERÍSTICAS MESAS DE PRODUÇÃO .......................................... 92 FIGURA 27 – VISTA DAS MESAS DE PRODUÇÃO.......................................................... 92 FIGURA 28 – APOIO DE COMPUTADOR........................................................................... 93 FIGURA 29 – DETALHES DE ACABAMENTO .................................................................. 93 FIGURA 30 – APOIO DE PÉ .................................................................................................. 93 FIGURA 31 – FUNCIONALIDADE E ADEQUAÇÃO DOS MÓVEIS................................ 94 FIGURA 32 – DOCUMENTOS............................................................................................... 94 FIGURA 33 – ESTAÇÕES DE PRODUÇÃO GRÁFICA ...................................................... 95 FIGURA 34 – OBSERVANDO O SPE TRABALHANDO.................................................... 96 FIGURA 35 – ANÁLISE AMBIENTE DE TRABALHO (ENTREVISTA) .......................... 97 FIGURA 36 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO NO SPE (PRIMEIRA SEMANA) ..... 100 FIGURA 37 – PONTUAÇÃO DE DOR POR CASO (PRIMEIRA SEMANA)................... 100 FIGURA 38 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR NO SPE (PRIMEIRA SEMANA) ......................................................................................................................... 101 FIGURA 39 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR NO SPE (PRIMEIRA

SEMANA) ...................................................................................................... 101 FIGURA 40 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO NO SPE (TERECEIRA SEMANA)... 102

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FIGURA 41 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR NO SPE (TERCEIRA SEMANA) ................................................................................................................................................ 103 FIGURA 42 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR NO SPE (TERCEIRA

SEMANA) ...................................................................................................... 103 FIGURA 43 – INCIDÊNCIA DE DOR POR CASO............................................................. 104 FIGURA 44 – PONTUAÇÃO DE DOR POR CASO ........................................................... 104 FIGURA 45 – INCIDÊNCIA DE DOR POR OPERADOR.................................................. 104 FIGURA 46 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR................................................. 104

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO ......................................................... 84

TABELA 2 – PERCEPÇÃO DE RUÍDO PELOS FUNCIONÁRIOS DO SPE NA LTC ...... 86

TABELA 3 – PERCEPÇÃO DE ILUMINAÇÃO PELOS FUNCIONÁRIOS DO SPE NA LTC................................................................................................................... 87

TABELA 4 – SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO DO SPE NA LTC ...................................... 88

TABELA 5 – PERCEPÇÃO DE TEMPERATURA PELOS FUNCIONBÁRIOS DO SPE NA LTC ............................................................................................................ 89

TABELA 6 - PERCEPÇÃO DE VENTILAÇÃO PELO SPE................................................. 89

TABELA 7 – AMBIENTE E POSTO DE TRABALHO NA VISÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO SPE............................................................................................................. 97

TABELA 8 - TESTE “T” DOR ACUMULADA: SAÍDA DO SOFTWARE R ................... 106

TABELA 9 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS CONTÍNUAS.............. 107

TABELA 10 - VALORES DE MÉDIAS DAS VARIÁVEIS............................................... 108

TABELA 11 – IMPLANTAÇÃO DA GINÁSTICA NA LTC ............................................. 111

TABELA 12 - IMPLANTAÇÃO DA GINÁSTICA NA LTC: MOTIVOS.......................... 111

TABELA 13 - CONHECIMENTO SOBRE GINÁSTICA LABORAL NA LTC ................ 112

TABELA 14 - BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NO GRUPO DO SPE............ 113

TABELA 15 - EFICIÊNCIA DA GINÁSTICA LABORAL NO GRUPO DO SPE............. 114

TABELA 16 – PROGRAMA PERFEITO PARA O GRUPO DO SPE ................................ 115

TABELA 17 – SESSÕES DIÁRIAS DE GINÁTICA LABORAL NO SPE ........................ 116

TABELA 18 – PONTOS DESEGRADÁVEIS DO PROGRAMA DE GINÁTICA LABORAL DA LTC PARA O GRUPO DO SPE.......................................... 117

TABELA 19 – MOTIVAÇÃO PARA EXERCITAR-SE NO SPE ....................................... 117

TABELA 20 – PROGRAMA DE GINÁTICA INDIVIDUALIZADO NO SPE .................. 118

TABELA 21 – MOTIVOS PARA FALTAR GINÁSTICA LABORAL NO SPE................ 118

TABELA 22 – MELHORAS SENTIDAS PELO GRUPO DO SPE ATRAVÉS DA GINÁSTICA LABORAL ............................................................................... 120

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TABELA 23 – PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL ......................................... 121

TABELA 24 – PARTICIPAÇÃO/APTIDÃO FÍSICA.......................................................... 122

TABELA 25 – PARTICIPAÇÃO/LER/DORT...................................................................... 122

TABELA 26 – ATIVIDADE FÍSICA.................................................................................... 123

TABELA 27 - MOTIVAÇÕES.............................................................................................. 124

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS....................................................................................................................... 22

1.2 ESTRUTURA..................................................................................................................... 23

2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO /BENEFÍCIOS À SAÚDE........................................... 24

2.1 PROCESSAMENTO DA ENERGIA DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS ....... 25

2.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS............. 26

2.3 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS................. 27

2.4 A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS E OS BENEFÍCIOS AO ORGANISMO....................... 29

2.4.1 Benefícios Cardíacos ..................................................................................................... 29

2.4.2 Sistema Locomotor ........................................................................................................ 29

2.4.3 Prevenção ao Câncer ..................................................................................................... 31

2.4.4 Prevenção a Diabetes..................................................................................................... 31

2.4.5 Benefícios Psico-Emocionais......................................................................................... 32

2.5 GINÁSTICA LABORAL................................................................................................... 34

2.5.1 Objetivos da Ginástica Laboral ................................................................................... 35

2.5.2 Modalidades e Elementos da Ginástica Laboral ........................................................ 37

2.5.3 Possíveis Dificuldades de um Programa de Ginástica Laboral ................................. 43

2.5.4 Recomendações para o Sucesso do Programa ............................................................ 44

2.6 GINÁSTICA LABORAL NO BRASIL............................................................................. 47

2.6.1 Experiência Brasileira................................................................................................... 49

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3 MÉTODO ............................................................................................................................. 53

3.1 A EMPRESA...................................................................................................................... 54

3.1.1 Breve Histórico da LTC ................................................................................................ 54

3.1.2 Ginástica Laboral na LTC............................................................................................ 55

3.2 GINÁSTICA LABORAL NO SPE .................................................................................... 60

3.3 MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL NO SPE.......................................................................................................... 64

3.3.1 Análise do Trabalho Realizado no SPE....................................................................... 65

3.3.2 Pesquisa com a Participação Direta dos Funcionários do SPE ................................. 65

3.3.3 Análise dos Resultados .................................................................................................. 70

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 73

4.1 CARACTERÍSTICAS DO GRUPO DO SPE.................................................................... 73

4.2 TAREFAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................... 76

4.2.1 Tarefas Descritas ........................................................................................................... 76

4.2.2 Carga Horária................................................................................................................ 80

4.2.3 Organização de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE.................................. 81

4.2.4 Conteúdo do Trabalho .................................................................................................. 83

4.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO – RESULTADOS DE ANÁLISE COM PARTICIPAÇÃO DIRETA DOS FUNCIONÁRIOS ...................................................... 86

4.3.1 Ambiente de Trabalho – SPE ....................................................................................... 86

4.3.2 Posto de Trabalho .......................................................................................................... 91

4.3.3 Funcionalidade e Adequação dos Móveis.................................................................... 96

4.3.4 Ambiente e Posto de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE.......................... 98

4.4 ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO POR MEIO DA ANÁLISE POSTURAL..... 100

4.5 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DA DOR DURANTE A PESQUISA........................... 101

4.5.1 Teste ”T” ...................................................................................................................... 106

4.5.2 Estatística Descritiva das Variáveis Contínuas ........................................................ 107

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4.6 AVALIAÇÃO DA GINÁSTCA LABORAL NO SPE.................................................... 111

4.7 DISCUSÃO DOS DADOS (ANÁLISE CRUZADA) ..................................................... 122

4.8 CONSIDERAÇÕES GERAIS.......................................................................................... 125

5 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 126

6 SUGESTÕES DE MELHORIAS ..................................................................................... 129

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 133

APÊNDICE A – OUT PUT DO SPE.................................................................................... 139

APÊNDICE B - PESQUISA: INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL................................................................................................. 140

APÊNDICE C – PESQUISA: GINÁSTICA LABORAL..................................................... 141

APÊNDICE C – PESQUISA: GERAL................................................................................. 142

APÊNDICE D – PESQUISA SOBRE ESPORTES.............................................................. 146

APÊNDICE E – DORES NO SPE: PLANILHA DE INSERÇÃO DE PONTOS................ 150

APÊNDICE F – EXERCÍCIOS FÍSICOS PRATICADOS NO SPE.................................... 154

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1 INTRODUÇÃO

“O ser humano nasceu para movimentos globais e as condições de

trabalho atuais, com alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza

humana”.

(SCHARCOW citado por CAÑETE, 1996, p. 112)

Cerca de 310 mil trabalhadores, apenas em São Paulo, apresentam algum tipo de Lesão por

Esforço Repetitivo /Doença Ocupacionail Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), uma

epidemia que vem atingindo pessoas no auge de suas carreiras, capacidade produtiva e

experiência profissional. Indivíduos de 30 a 40 anos vêm perdendo suas habilidades físicas e

oportunidades no mercado (O’NEIL, 2003, p. 13).

Este é um reflexo direto da globalização econômica e a concorrência desenfreada que exigem

das empresas cada vez mais agilidade, qualidade, produtividade e menores gastos. Isto pode

vir a representar mais horas trabalhadas, menos trabalhadores e a inferiorização das

capacidades humanas, uma nova realidade que, para Bawa (1994, p. 18), está nos ensinando

que os limites do trabalho não estão nas máquinas, softwares ou no tempo disponível, mas no

operador, que são os elos mais ricos, valiosos, porém, mais frágis da cadeia automatizada.

Uma realidade que, para Goulart e Becker (1999), interfere no estado físico e psico-

emocional dos trabalhadores.

O´Neil (2003, p. 29) estudou várias destas características da sociedade moderna: as horas

extras realizadas nas empresas, por exemplo, alimentam, mais e mais, a probabilidade de

novos casos de LER/DORT. Entre os trabalhadores que aderem a esta prática 23% (nove

pontos percentuais acima da média) apresentam dores e outros sintomas de lesões e já

procuraram um médico. O trabalho com computadores é responsável por 19% dos casos,

enquanto 18% deles é responsabilidade do trabalho repetitivo. A autora revela, também, que

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são os trabalhadores da classe média e as mulheres (18%) que mais sofrem com esta doença

do trabalho.

Polito e Bergamaschi (2002, p. 23) relacionam o estresse, a fadiga, a depressão, os Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) e os perigos dos longos períodos em

uma mesma posição, como geradores de: danos à estrutura anatômica, desequilíbrio da

tonicidade muscular, diminuição de mobilidade das articulações e da flexibilidade, defeitos

posturais e o aparecimento de dores. Em relação às más-posturas, Nogueira (1979, p. 16)

complementa descrevendo que a posição sentada pode causar, também, o relaxamento da

musculatura abdominal, o aparecimento da famosa “barriguinha” e desarranjos orgânicos. A

repetitividade dos movimentos, por sua vez, favorece o aparecimento de perturbações

psíquicas (como estresse, irritação e /ou desinteresse) e a degradação do sistema orgânico e

muscular, como dores, lesões e outros problemas.

Em relação aos sentimentos, Goleman (1995, p. 98) explica que, ao mesmo tempo em que a

ansiedade “solapa o intelecto”, interferindo na clareza de raciocínio e na memória, ela é um

indicador de altos níveis de estresse. Segundo Bruce MacEwen, psicólogo de Yale (citado por

GOLEMAN, 1995, p. 188) esta tensão descontrolada pode comprometer o sistema

imunológico, disparar a metástase do câncer, propiciar infecções virais, alguns tipos de

diabetes, de gastrite e de problemas cardíacos.

Quanto à raiva, Goleman (1995, p.185) explica que é um sentimento muito prejudicial à

saúde, principalmente à saúde do sistema circulatório, que sofre com a turbulência do “sangue

fervente” passando pelo coração e pelas artérias. Um mecanismo que afeta a eficiência do

bombeamento do sangue sendo, particularmente, letal para os cardiopatas. Sujeitos sob

longos períodos de ansiedade, tristeza, pessimismo, estresse e desgosto, correm duplo risco de

adoecer (GOLEMAN, 1995, p.184). O indivíduo pode ser acometido por: asmas, cefaléias,

males cardíacos e artrites.

Os sentimentos negativos, como a tensão e o nervosismo, dificultam a manutenção da

atenção, mesmo porque, segundo Irala (1969, p. 17, 140), estes sentimentos tencionam

excessivamente os músculos do peito, da nuca, dos ombros, dos braços e pernas, desviam

parte da carga sangüínea do cérebro, alteram o ritmo respiratório e criam uma sensação de

cansaço. Outros sentimentos como a desmotivação e a depressão também causam falta de

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atenção, mas pela falta de tensão muscular (IRALA, 1969, p.17) que ocasionam, também, a

tendência de curvar a coluna e fechar os ombros, comprimindo os órgãos internos,

aumentando a sensação de cansaço e fraqueza.

O estresse intensifica as frustrações e preocupações, possibilitando que distúrbios mentais e

físicos afetem o desempenho do trabalhador (BAWA, 1994, p. 19/22). Alguns desses

distúrbios podem caracterizar-se pela elevação da pressão arterial e das taxas de acidez do

estômago, assim como o aparecimento da insônia, irritação, gripes e problemas imunológicos.

Associado com o computador, o estresse torna-se um agente promotor das lesões relacionadas

a esta máquina. Isto ocorre porque o operador sente-se acuado diante da velocidade e das

exigências da máquina em ser alimentada, que contabiliza tudo o que é feito. Muitas vezes

este operador sofre mental e emocionalmente, transferindo este sofrimento para o corpo,

desalinhando-o e enrijecendo-o (BAWA, 1994, p. 25).

Estes problemas são típicos da sociedade moderna. Durante séculos, as pessoas mantiveram

uma relação muito íntima com seu corpo, conheciam como ele funcionava e do que ele

precisava. Longe das cidades grandes e da tecnologia que hoje conhecemos, as pessoas

possuíam uma vida muito diferente, com outros ritmos e exigências. E para sobreviverem a

esta vida, necessitavam de um corpo sadio e preparado para as longas caminhadas, o trabalho

ao ar livre, enfim para aquelas tarefas que exigiam toda a capacidade do corpo, mas que,

também, forneciam movimento e força ao organismo.

A tumultuada vida moderna e a necessidade da sobrevivência levaram o homem a abandonar

os antigos costumes e o ritmo de vida que tanto valorizava nossas capacidades físicas. O

homem passou a utilizar o corpo de uma maneira diferente, os movimentos tornaram-se

limitados e repetitivos, enquanto aos poucos o referencial humano foi desaparecendo das

áreas de trabalho e o homem transformava-se em uma extensão das máquinas que operava

(REVISTA PROTEÇÃO, 1995). O homem descobriu-se inanimado, estressado,

psiquicamente instável, com dores e problemas fisiológicos. Infelizmente, este mesmo

homem não foi capaz de perceber que estava adoecendo, pois havia perdido sua consciência

corporal, o que o impediu de reconhecer os sinais de alerta que seu corpo emitia.

Somente no século XX, alguns estudiosos e empresários perceberam que o homem agonizava

enquanto trabalhava e elaboraram “uma série de alternativas para valorizar o potencial

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humano nas empresas[…] dentre elas, está o cuidado com a saúde física e mental dos

trabalhadores” (REVISTA PROTEÇÃO, 1995).

Como uma destas alternativas, surge a ginástica laboral: atividade física e saúde. Uma relação

muito antiga, cujas primeiras referências encontram-se na milenar “cultura chinesa, no Ayur-

veddic da Índia e nos textos clássicos gregos e romanos” (AGITA São Paulo, 1998, p. 07),

que só foi incorporada ao trabalho em 1925, quando sessões diárias de exercícios físicos

foram acopladas à jornada de trabalho na Polônia (GOULART; BECKER, 1999). De acordo

com Polito e Bergamaschi (2002, p. 25), outros países seguiram o exemplo da Polônia.

Primeiro foi à Holanda, depois a Bulgária, Alemanha Oriental e logo em seguida a Rússia,

que começou com cerca de 150 mil empresas oferecendo ginástica de pausa adaptada às

funções de seus trabalhadores.

No Japão, a ginástica laboral teve início em 1928, com a finalidade de cultivar a saúde dos

funcionários dos Correios. Mais tarde, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a utilização

desta ferramenta foi difundida por todo o país, o que, para Goulart e Becker (1999),

contribuiu para promover o engajamento consciente dos empregados, o crescimento do país e

da economia.

Segundo Polito e Bergamaschi (2002, p. 25), o grande responsável por este fenômeno da

ginástica laboral no Japão foi a Rádio Taissô que, até hoje, possui uma programação matinal

especial, com músicas selecionadas por pessoas preparadas, ritmos próprios à prática de

exercícios físicos e palestras de curta duração sobre saúde, trabalho e produtividade. Em

1960, o Japão comemorava a diminuição dos acidentes de trabalho e melhora da sensação de

bem-estar dos seus trabalhadores. Enquanto isto, as pesquisas realizadas na Bulgária e na

antiga URSS indicavam que a primeira hora, após a execução das atividades físicas,

apresentava produção maior à que antecedia a ginástica.

Na mesma época, segundo Goulart e Becker (1999), os resultados das pesquisas realizadas

pela França, Bélgica e Suécia, demonstravam a influência positiva da ginástica em relação à:

a) tempo de reação dos trabalhadores;

b) melhora da coordenação nas atividades;

c) melhora da sensibilidade nas tarefas de precisão;

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d) manutenção da atenção e concentração;

e) melhora da destreza para realização das atividades;

f) melhora da reação visomotora em 42% a 65%;

g) diminuição do cansaço dos trabalhadores;

h) aumento de 25% a 37% da capacidade vital, através da melhora das funções

cardiorespiratórias.

A partir da segunda metade do século XX, a informatização e automação da produção

trouxeram ao mundo novos tipos de lesões e doenças derivadas do trabalho, prejudicando a

qualidade de vida nas empresas. A busca por soluções a estes problemas deu à ergonomia

maior importância e à ginástica laboral novas dimensões e maior responsabilidade sobre a

manutenção da saúde dos trabalhadores. Simples sessões de exercícios tornaram-se

programas complexos com academias próprias e o envolvimento de profissionais da saúde e

do esporte. Contudo, este grande desenvolvimento da ginástica na empresa só foi possível,

pois as pessoas envolvidas, fossem empregadas ou empregadoras, conheciam as razões que

faziam da prática de atividades físicas um ato de grande importância para a manutenção da

vida e, principalmente, eram acostumadas a exercitar-se regularmente.

Em alguns países, como o Japão, a China e a Coréia, as escolas secundárias apresentam

programas similares ao da ginástica laboral em suas rotinas. As crianças crescem assimilando

esta idéia e conhecendo os motivos que levam o ser humano a ter a necessidade de exercitar-

se. Os trabalhadores não precisam de um chamado especial ou de um monitor para iniciarem

suas atividades físicas nos horários previstos. Pessoas, de todas as idades e condições sociais

são vistas em praças, jardins e ruas, alongando-se, praticando yoga ou outro tipo de

modalidade esportiva. Para estes povos, exercitar-se é um costume e característica cultural.

Todavia, não basta confiar o sucesso da ginástica laboral e da prevenção de doenças e

acidentes de trabalho, apenas à cultura e aos costumes de um povo: invariavelmente, os

trabalhadores devem ser constantemente motivados a participarem do programa e orientados

a respeito dos benefícios dos exercícios físicos em seus organismos e desempenho

profissional.

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A necessidade que o ser humano possui em exercitar-se e que os orientais já compreenderam

é explicado por Varenne (1956, p.10) que ressalta que “nós não fomos feitos para a inação.

Nossos músculos precisam contrair-se; as articulações devem trabalhar, nosso coração bater e

os nossos pulmões respirar sem descanso”. Todo este trabalho orgânico traz oxigênio e

nutrição suficientes para o corpo, além de permitir que os longos grupos de músculos, tendões

e ligamentos, que permitem braços e pernas realizarem os mais diversos trabalhos, sejam

cultivados e mantidos, fazendo com que todo o sistema evolua e se aprimore.

Por esta razão, é importante proporcionar ao funcionário exercícios físicos saudáveis, após

um longo período de trabalho desgastante, repetitivo e monótono. Basta só um pouco de

esforço e de tempo para interromper a monotonia corporal e amenizar as conseqüências

negativas do trabalho e da falta de condicionamento, melhorando as condições gerais de vida

(BLUM, 1998, p. 39).

De Marchi (REVISTA PROTEÇÃO, 1995) explica que gerenciar e manter um grupo de

funcionários saudáveis traz muitos benefícios à performance da companhia, pois se a empresa

fornece condições adequadas de trabalho, valorizando seu capital humano, irá contar com

funcionários mais criativos, capazes e motivados, o que representa maior produtividade,

menos custos de assistência médica, melhor satisfação interna, melhor imagem externa e

lucros maiores.

A idéia de incentivar o exercício físico diário nos funcionários de uma empresa materializou-

se no que hoje se conhece como “Ginástica Laboral”, que consiste em exercícios realizados

no local de trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica no caso das DORTs, sem

levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e enfatizar o alongamento e a

compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas ocupacionais diárias”

(CANETE, 1996).

Karam (REVISTA PROTEÇÃO, 1995, p. 28-33) define a ginástica na empresa como uma

“atividade de prevenção e compensação [...] que visa a promoção da saúde, melhorando as

condições de trabalho e a preparação biopsicossocial do participante”.

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O site Realce Ginástica na Empresa (2002) refere-se à ginástica laboral como exercícios

diários que visam normalizar capacidades e funções corporais para o desenvolvimento do

trabalho, diminuindo a possibilidade de comprometimento da integridade do corpo.

Kolling (1980, p.20) complementa dizendo que a ginástica no trabalho “é o repouso ativo,

que aproveita as pausas regulares durante a jornada de trabalho, para exercitar os músculos

correspondentes e relaxar os grupos musculares que estão em contração durante o trabalho,

tendo como objetivo a prevenção da fadiga”.

Sharcow, citado por Cañete (1996, p. 111), amplifica esta definição, explicando que a

ginástica laboral,

É a criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer várias atividades e exercícios que, muito mais do que condicionamento mecanicista estimule o autoconhecimento, levando à sua ampliação da consciência e da auto-estima. E, conseqüentemente, proporcionem um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio.

Desta forma, pode-se dizer que a Ginástica Laboral é uma ferramenta de múltiplos estímulos,

capaz de fornecer movimento e alongamento aos músculos, distração e descontração para a

mente, saúde para o organismo como um todo e educação para o indivíduo, pois este está

sendo constantemente orientado e motivado a cultivar o bem-estar e a integridade de seu

corpo e sua mente. Contudo, para a maioria dos trabalhadores brasileiros, todos estes

conceitos e benefícios da ginástica laboral são uma realidade distante, pois a prática de

exercícios físicos não faz parte da cultura brasileira (MALTA, 1981). Assim, se os

funcionários não forem constantemente motivados e educados a continuarem freqüentando as

sessões de ginástica laboral, os programas de saúde na empresa acabam fracassando.

Um dos exemplos do fracasso de Ginástica Laboral foi à empresa Listas Telefônicas

Company (LTC) com sede no Paraná, caso que serviu como estudo nesta dissertação, pois

querendo entender as razões do fracasso de ginástica laboral, a empresa abriu suas portas para

o estudo e análise do programa em um de seus setores.

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1.1 OBJETIVOS

O objetivo desta dissertação é analisar o programa da ginástica laboral no Setor de Produção

Editorial (SPE) da empresa Listas Telefônicas e compreender o seu fracasso.

Especificamente, os objetivos desta dissertação são:

a) analisar o trabalho realizado no SPE;

b) conhecer os motivos que levaram a LTC a empregar a ginástica laboral em suas

atividades diárias;

c) conhecer a metodologia do progama de ginástica empregada pela empresa;

d) conhecer a necessidade da ginástica laboral para o grupo em estudo;

e) conhecer o índice de participação no SPE;

f) conhecer os sentimentos do grupo do SPE pela ginástica laboral.

1.2 ESTRUTURA

Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, incluindo esta introdução. No capítulo 2 é

feita uma revisão de literatura sobre a fisiologia do exercício e seus benefícios. No capítulo 3

encontram-se os objetivos, modalidades, sistema de implantação, dificuldades e

recomendações para o sucesso de um programa de ginástica laboral, além de algumas

experiências ocorridas no Brasil. No capítulo 4 é apresentado o estudo de caso do programa

de Ginástica Laboral na Listas Telefônicas Company (LTC). Logo em seguida, no capítulo 5

foram expostos os resultados obtidos durante os estudos realizados no Setor de Produção

Editorial e as discussões relacionadas a tais estudos. A dissertação é finalizada no capítulo 6,

com a conclusão do estudo a respeito do programa de ginástica laboral da LTC utilizada pelos

funcionários do Setor de Produção Editorial.

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2 REVISÃO DE LITERATURA: FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO /BENEFÍCIOS À

SAÚDE

“Quando o corpo se movimenta, muitos processos fisiológicos e

psicológicos ocorrem simultaneamente[…]

quando alguém corre, aumenta a contratilidade[…]

a freqüência dos batimentos cardíacos; o metabolismo é aumentado;

os hormônios são mobilizados; a temperatura corporal é elevada.“.

(BARBANTI, 2000, p.19)

Para a manutenção da vida e a realização de trabalhos físicos, é necessária a transferência de

energia pelo organismo, pois “energia não pode ser criada ou destruída em qualquer processo,

seja químico ou físico” (VANDER et al. 1981, p. 83). O ser humano precisa de uma reserva

energética, realizando, diariamente, uma alimentação de qualidade, rica em carboidratos,

lipídeos e proteínas. Segundo Vander et al. (1981, p. 93), a energia (7kcal/mol) é obtida pela

quebra dos nutrientes ingeridos, tendo como uma de suas finalidades a fosfalização de ADP

(de difosfato adenosina), em ATP (de trifosfato adenosina). A energia (7kcal/mol) é o

resultado do catabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas.

Porém, o trifosfato adenosina não é uma molécula de armazenamento de energia e

rapidamente se degrada, liberando a energia necessária para o trabalho celular (contração

muscular, transporte ativo de moléculas, etc). Após a degradação, o ATP é reduzido

novamente em ADP, reiniciando o ciclo de transporte de energia e queima de calorias.

Segundo Carvalho et al. (1995, p. 32), durante a atividade física este processo é melhorado:

complexos ajustes metabólicos e fisiológicos ocorrem no organismo.

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2.1 PROCESSAMENTO DA ENERGIA DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

Com o início dos exercícios físicos, a disponibilidade e utilização de nutrientes como

oxigênio, ácidos graxos, proteínas e aminoácidos, para a ressintetização do ATP, são

acelerados. Este ajuste é necessário para adequar o fornecimento de energia à utilização

exigida pelo corpo, sintetizando o ATP no mesmo ritmo de sua degradação, permitindo que

os músculos continuem realizando seu trabalho.

Um dos meios mais rápidos de formar ATP na célula muscular é pelo fosfato creatina (CP).

Esta molécula oferece fosfato e muita energia, por pouco tempo (20 segundos no máximo):

uma verdadeira explosão, cujo sistema é capaz de recuperar-se em 3 ou 5 minutos. Estas

características fazem do sistema ATP/CP o mais presente durante a prática de esportes, em

especial os de curtíssima duração e alta intensidade (levantamento de peso, voleibol, beisebol,

natação/25 metros, corrida/100 metros), quando o ATP/CP pode atuar isoladamente. Porém,

se a atividade muscular deve continuar por mais tempo, as moléculas de ATP devem buscar

outras fontes de energia para se ressintetizar.

No caso de exercícios de alta intensidade (excedendo os 50% da taxa máxima de

desdobramento) e média duração, o organismo passa a trabalhar com o sistema glicolítico.

Este método utiliza glicogênio, em frações progressivas e dispensa a utilização do oxigênio.

Os resultados são 60 segundos de energia, 2 moléculas de ATP (a partir de cada molécula de

glicogênio) e ácido láctico. Com o esgotamento das reservas de glicogênio e o acúmulo de

ácido láctico, o músculo cansa e somente após 15 minutos a 2 horas o sistema recupera-se.

Para exercícios de longa duração e de baixa a moderada intensidade, o organismo utiliza-se

da mais abundante fonte de combustível do corpo humano: a gordura. Um nutriente capaz de

manter o sistema aeróbio funcionando por horas. Entretanto, os depósitos de gordura são

utilizados apenas aos 15 ou 30 minutos de trabalho físico. Mesmo com a demora inicial, a

vantagem deste sistema é que o oxigênio e a gordura podem sintetizar um maior número de

moléculas de ATP: para cada molécula de ácido graxo, com 18 carbonos, 147 moléculas de

ADP são fosforiladas em ATP. O tempo para o início da queima dos ácidos graxos depende

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do condicionamento físico do indivíduo. Pessoas mais treinadas respondem mais rapidamente

ao metabolismo do exercício.

2.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS

Ao exercitar-se, o corpo realiza súbitas e temporárias alterações fisiológicas para suportar as

novas exigências impostas ao organismo. Os sistemas cardiovascular e respiratório sofrem

modificações funcionais e morfológicas (CARVALHO et al., 1995, p. 41):

a) os pulmões passam a captar maiores volumes de oxigênio;

b) o coração bate mais rápido e vigorosamente;

c) o sangue migra de regiões que, durante o exercício, serão menos requisitadas, para

aquelas que realmente necessitarão de um fluxo sangüíneo incrementado. Durante este

processo, são liberados pelo sangue, fluidos essenciais ao trabalho muscular, oxigênio

para a queima de carboidratos e gorduras na sintetização do ATP e os fluidos da

liberação do suor. Cerca de três quartos do sangue segue para os músculos durante o

exercício;

d) os músculos, segundo Goulart e Becker (1999), passam a liberar substâncias

vasoconstritoras, melhorando o fluxo do sangue no local. Dentre estas substância,

encontra-se a histamina, que auxilia o corpo com sua relação às lesões;

e) o nível de lactato e a concentração de potássio nas células musculares diminuem

(GOULART; BECKER, 1999);

f) os níveis de insulina sangüínea caem e os de glucagon aumentam, balanceando o

efeito “insulina-like” da contração muscular (NIEMAM, 1999, p. 96).

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2.3 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

“O funcionamento do corpo é mantido por um equilíbrio dinâmico que necessita de atividade para funcionar normalmente”.

Barbanti (2000, p. 18)

Com a regularidade dos exercícios, estas alterações tornam-se mais expressivas e passam a

provocar transformações de média e longa duração:

a) o sistema respiratório, de acordo com Carvalho et al. (1995, p. 43), sofre melhora da

capacidade fisiológica, maior volume respiratório e melhor ventilação;

b) o coração treinado torna-se uma bomba muito eficaz, pois apresenta a diminuição da

freqüência cardíaca e o aumento de outras importantes funções: ejeção cardíaca,

débitos cardíacos, volume ventricular, volume sangüíneo e hemoglobina total;

c) o coração ganha força e volume. Segundo Nieman (1999, p. 24), durante muito tempo,

acreditou-se que o aumento do coração fosse prejudicial à saúde, porém, esta alteração

trata-se, apenas, dos resultados do músculo cardíaco exercitado e o reflexo da saúde

do atleta;

d) os músculos esqueléticos adquirem maior volume (com mesma quantia de células) e

maior habilidade para queimar energia e sintetizar ATP, enquanto o trabalho regular

provoca um aumento de volume;

e) a necessidade do organismo, em fornecer a quantidade suficiente de sangue e

nutrientes aos músculo em constante atividade, para Nieman (1999, p. 28), provoca o

aumento do número de capilares no corpo, já nos primeiros meses de treinamento;

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f) a redução dos níveis de lactato e de potássio nos músculos, durante séries regulares de

exercícios, resulta na impermeabilização da membrana celular, no balanceamento do

potássio e do sódio e no favorecimento de recuperações de fibras musculares

(GOULART; BECKER, 1999);

g) a secreção de endorfina é facilitada, que ao cair na corrente sangüínea e banhar o

cérebro, como explica Barbanti (2000, p. 89), alivia a sensação de dor, o desânimo e a

fadiga por 2 a 5 horas;

h) os receptores de insulina têm sua sensibilidade aumentada, necessitando quantidades

menores de insulina (NIEMAM, 1999, p. 96);

i) o corpo apresenta-se revigorado, fortalecido, com maior aptidão física, maior bem-

estar físico e mental e maior capacidade em realizar as atividades diárias:

j) as melhorias se manifestam durante a prática de exercícios físicos e também durante

as atividades rotineiras e no repouso.

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2.4 A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS E OS BENEFÍCIOS AO ORGANISMO

“Não existe nada em nosso organismo que não esteja relacionado com o seu funcionamento na sua totalidade”.

Barbara Iwanowice (citada por CAÑETE, 1996, p. 80)

2.4.1 Benefícios Cardíacos

O sistema cardíaco (veias, artérias e coração) de indivíduos treinados adquire a capacidade de

expandir-se com maior facilidade, tornando-se menos rígido durante a velhice, o que

contribui para a diminuição do risco de ataques cardíacos e de entupimento de veias.

Os estudos de Ornish, citado por Carvalho et al. (1995, p. 26), indicam que exercícios físicos,

associados a dietas alimentares, possibilitam a redução da obstrução coronariana em até 10%.

Este resultado proporciona a duplicação da perfusão miocárdica, normalização da pressão

arterial, sensação de melhoria de saúde e maior disposição. Os pacientes apresentaram ainda,

uma redução de 95% dos eventos clínicos e redução de 227 para 172 mg% do colesterol total.

A prática de exercícios físicos também contribui para o aumento da expectativa e de

qualidade de vida. O Doutor Gary Fraser, do Center for Health Research, citado por Niemam

(1999, p. 45), explica que pessoas que se exercitam regularmente, ao chegar aos 60 anos,

poderão viver 5.7 anos adicionais, livres de doenças coronarianas.

2.4.2 Sistema Locomotor

Com a prática de exercícios físicos, os músculos tornam-se mais volumosos, fortes e

alongados; as articulações mantêm-se lubrificadas e ganham amplitude e eficácia; os ossos

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apresentam um aumento de conteúdo mineral, densidade, volume e força. Estas novas

condições físicas permitem ao corpo: manter suas habilidades naturais (força, elasticidade,

flexibilidade e agilidade); diminuir os riscos de retração, atrofias e enfraquecimento do

sistema locomotor; e aumentar a resistência a lesões, lombalgias, artrite e definhamento

normal da velhice.

A prática de alongamento promove uma série de benefícios no corpo humano. Autores como

Goulart e Becker (1999), Oliveira (2002, p. 74), Blum (1998, p. 14), Nieman (1999, p. 15) e o

Programa Agita São Paulo (1998, p. 07) relacionam algumas destas melhorias:

a) promoção da oxigenação do corpo;

b) diminuição da rigidez dos músculos;

c) redução da tensão nos músculos;

d) melhora da irrigação sangüínea;

e) desenvolvimento e manutenção da amplitude articular, flexibilidade muscular e

estabilidade corporal;

f) melhora da coordenação motora;

g) melhora da resposta a estímulos (inclusive os de proteção, em caso de acidentes);

h) aumento de performance, força e resistência a lesões que possam ocorrer em músculos

e articulações.

Estas adaptações que ocorrem no corpo ao decorrer do treinamento trazem, também,

benefícios secundários, mas igualmente importantes. Dentre eles, o indivíduo beneficia-se de

movimentos mais graciosos, reeducação postural, melhora do condicionamento físico, do

humor, amenização do estresse, ansiedade e depressão, o desenvolvimento da consciência

corporal e de saúde e maior bem-estar.

A questão do aumento de performance, força e resistência a lesões é um item importantíssimo

para os trabalhadores em geral, especificamente para as mulheres. Segundo Codo (1995, p.

172) e Cañete (1996, p. 71) a constituição física feminina é mais sensível e suscetível a lesões

derivadas da repetitividade e do trabalho diante do computador. Sendo assim, é

imprescindível a prática de exercícios físicos pelas mulheres.

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2.4.3 Prevenção ao Câncer

Muitos tipos de câncer, segundo o Doutor I-Min Lee, da Harvard School of Public Helth

(citado por NIEMAM,1999, p. 59), em especial do colo do útero, próstata e intestino, podem

ser prevenidos através do prática regular de exercícios físicos, pois uma série de

melhoramentos ocorrem e se mantém no organismo, enquanto o indivíduo cultiva o hábito de

exercitar-se:

a) controle do peso e dos níveis de gordura e insulina (NIEMAN, 1999, p. 61);

b) melhora da aptidão das células “exterminadoras” e, assim, da imunidade natural [Dra.

Laurie Hoffman-Goetz, faz parte da University of Waterloo em Ontário-Canadá

(NIEMAM, 1999, p. 61);

c) os exercícios estimulam o movimento muscular do intestino grosso (peristaltismo),

evitando que substâncias cancerosas permaneçam em contato com a região (Pesquisas

da Havard University, citada por NIEMAM,1999, p. 45).

Estas evidências sobre os benefícios da atividade física em relação à prevenção de câncer

promoveram, em 1996, a inclusão desta prática na listagem oficial de medidas preventivas ao

câncer, pela American Cancer Society.

2.4.4 Prevenção a Diabetes

Um homem obeso e sedentário apresenta quatro vezes mais chances de desenvolver diabetes

melito não-insulino-dependente, segundo Doutor. Ralph Paffenbarger, da Stanford University

School of Medicine (citado por NIEMAM,1999, p. 93).

A redução do peso diminui a glicemia e melhora a sensibilidade à insulina. Isto significa que,

se o indivíduo conseguir manter o peso em níveis adequados e saudáveis, terá como resultado

a diabetes controladas e passará a sentir-se melhor e mais disposto.

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De acordo com a American Diabetes Association (NIEMAM, 1999, p. 45), a prática de

atividade física regular diminui a necessidade de insulina no corpo, uma vez que os músculos

em exercício aumentam a capacitação de glicose, enquanto receptores podem ser ativados

com menor quantidade de insulina.

2.4.5 Benefícios Psico-Emocionais

Quando o corpo apresenta melhor desempenho, saúde e bem-estar, devido à prática regular de

exercícios físicos, a mente passa a ser beneficiada. Barbara Iwanowice (citada por CAÑETE,

1996, p. 80), explica que isto ocorre devido à influência que o corpo e a mente possuem um

sobre o outro.

Para Goleman (1995, p. 76), os efeitos benéficos vão além da influência de um corpo

saudável sobre o estado psico-emocional das pessoas. As transformações fisiológicas e

metabólicas ocorridas durante o esporte e a ginástica, auxiliam o organismo a contra-

balancear os efeitos das alterações físicas ocorridas em “estados de espírito” ruins.

A raiva, por exemplo, promove alta estimulação. Entretanto, os exercícios físicos provocam

uma estimulação ainda maior, que decai rapidamente ao final da sessão. O corpo entra em um

estado diferente do cérebro, proporcionando relaxamento e conseqüentemente sensação de

prazer e calma.

A depressão, por sua vez, é um estado de baixíssimo estímulo. Para combater este sentimento,

segundo Diane Tice, citada por Goleman (1995, p. 86), exercícios aeróbicos são muito

eficazes, pois eleva a freqüência dos estímulos, melhorando o estado de ânimo.

Os movimentos bloqueados pela tensão são liberados, propiciando o relaxamento e a melhora

da coordenação motora (BULSING, citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 31),

enquanto a produção de endorfinas é aumentada (similar à morfina) causando, segundo

Cañete (1996, p. 80), alívio temporário da dor, independente de sua origem.

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O maior dos benefícios, contudo, é distrair e desviar a atenção do indivíduo, de pensamentos

degradantes (de raiva, aborrecimento, etc). Assim, como demonstram pesquisas realizadas

nos EUA (CAÑETE, 1996, p. 79), pode-se observar: a redução da ansiedade, melhoramento

do bem-estar, do humor, ânimo, disposição, redução da depressão, do estresse e estados

emocionais negativos, aumento da capacidade imaginativa, redução da tensão, melhora da

auto-estima, do autoconceito e do desempenho no trabalho.

É importante ressaltar que os indivíduos treinados também apresentam um aprendizado

constante sobre trabalho em equipe, limites pessoais, desenvolvimento corporal e superação

físico e psico-emocional. Desta forma, as pessoas tornam-se mais preparadas para enfrentar e

superar os problemas diários, sem causar transtornos à sociedade e prejuízos à empresa.

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2.5 GINÁSTICA LABORAL

O ser humano nasceu para movimentos globais, e as condições de trabalho atuais, com a alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza humana.

Para tentar amenizar este problema, empresas lançam mão da Ginástica Laboral. Ela pode colaborar com este processo, no sentido do

desenvolvimento e evolução dos indivíduos e organização, dependendo da competência, grau de conscientização e postura ética adotada pelos

profissionais que a conduzem. Disto dependerá, também, sua afirmação e valorização como um importante instrumento de educação, prevenção e

manutenção da saúde dos trabalhadores.

(SHARCOW citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 29)

As condições de vida e de trabalho do homem moderno contribuem, imensamente para que o

trabalho físico executado pelas pessoas seja mínimo. Segundo Kolling (1982, p.1) “do ponto

de vista neuropsicomotor, a expressão mas característica do homem de outrora é a do

movimento, enquanto do homem moderno é a do anti-movimento.”

O autor explica que o modo de vida atual leva o trabalhador a uma vida sedentária, com

prejuízos às suas funções orgânicas e a diminuição da tonicidade muscular. O indivíduo

torna-se fragilizado diante das circunstâncias impostas pela rotina de trabalho e suscetível às

doenças e lesões laborais.

Sendo assim, observa-se a necessidade de oportunizar ao homem a possibilidade de mudanças

de hábitos, favorecendo a saúde e melhorias de qualidade de vida (KOLLING, 1982, p. 3). A

ginástica laboral pode ser o meio que empregados e empregadores obterem tais melhorias e

garantirem a saúde.

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2.5.1 Objetivos da Ginástica Laboral

A ginástica na empresa tem como objetivo geral, suscitar, desenvolver e aprimorar as qualidades físicas do industriário, estimular o funcionamento de seus

órgãos e, como principal, objetivo, desenvolver excepcionalmente certas qualidades que a natureza da profissão escolhida exige, para melhor rendimento

de trabalho e, melhor ainda, dar ao organismo uma compensação, de modo tal, que as sinergias musculares, muito solicitadas durante o trabalho, possam obter

outras, em que a solicitação foi quase nula, seja convenientemente exercitadas, de maneira a evitar a atrofia dos elementos componentes e, como conseqüência, a

redução de sua capacidade.

(PENA MARINHO citado por POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 30).

A ginástica laboral objetiva, segundo Lima (2003, p. 8), “promover adaptações físiológicas,

físicas e psíquicas por meio de exercícios dirigidos e adequados para o ambiente de trabalho”.

Mas a ginástica pode ser mais do que isto. Polito e Bergamaschi (2002, p. 33) comentam que

se exercitar na empresa é um importante fator de prevenção e de melhora da saúde, da

qualidade de vida e do bem-estar do ser humano, pois promove a quebra de ritmo, da rigidez

e da monotonia do trabalho, preenchendo a carência de valorização das pessoas, “mostrando o

caminho de humanização do trabalho”.

Este contato periódico com exercícios físicos auxilia, também, no processo de reeducação dos

trabalhadores quanto a sua postura e saúde, além de aumentar sua consciência corporal. Isto é

possível quando o usuário do programa sabe quais os efeitos esperados de cada exercício e

percebe que estes efeitos estão sendo processados por seu organismo. Alguns destes

efeitos/benefícios são expostos na Figura 1.

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Riscos

Grupo Muscular

Prevenção/Reparo

Perda de força e sustentação do

braço. Riscos de lesões e

rompimentos.

Musculatura do Ombro e Tendões

do Manguito Rotador Alongamento local.

Prejuízo à postura e a mobilidade

dos braços. Região Escapular

Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região.

Curvatura da coluna,

aproximação frontal dos ombros e

compressão dos órgãos internos.

Região do Tórax

Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região.

Favorece a curvatura da coluna e

o chamado “órgãos soltos” (falta

de estabilidade dos órgãos

abdominais) e a famosa

“barriguinha”.

Região do Abdômen Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região.

Instabilidade da coluna Reto Abdominal

Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região.

Redução de movimentos.

Problemas de circulação.

Incômodo ao sentar. Fraturas.

Rompimento da cabeça do fêmur.

Região do Quadril

Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região. Evitar

longos períodos inerte e sentado.

Insatabilidade do joelho. Luxação

da patela. Região da Coxa Alongamento

Instabilidade do tornozelo. Riscos

de torções e quedas. Panturrilha

Exercícios de alongamento e

fortalecimento na região.

FIGURA 1 – BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NA MUSCULATURA - Barbanti (1990, p. 15), Donkin (1996, p. 25, 88), Nieman (1999, p. 21), Nogueira (1985, p.16), Caillet (1988, p. 72)

Segundo Polito e Bergamaschi (2002, p. 30) esperam-se, também da prática da ginástica

laboral, a diminuição do absenteísmo e da procura ambulatorial; a prevenção da fadiga

muscular e dos DORTs; a melhora da condição física geral dos trabalhadores; o aumento do

ânimo e da disposição para o trabalho; a melhora das relações pessoais; a promoção da saúde,

do auto-condicionamento orgânico e da consciência corporal; além da correção dos vícios

posturais.

Para instituições como o American College of Sports Medice (NIEMAN, 1999, p. 18) e o

Agita São Paulo (1998) o grande objetivo da ginástica é provocar uma mudança suave e

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gradativa dos hábitos e rotinas, levando as pessoas a terem uma vida mais ativa e menos

sedentária, além de melhorar a saúde pública e o bem-estar individual.

Alguns autores consideram que ginástica laboral pode ser uma ferramenta de inibição dos

casos de lesões, doenças, absenteísmo, afastamentos e a redução de todos seus custos

correlacionados (OLIVEIRA, 2002, p. 12), a baixos custos de implantação e manutenção.

Uma pesquisa realizada por telefone, em junho de 2002, revelou um custo de manutenção de

R$ 60,00 a R$ 300,00 por mês para duas sessões de ginástica laboral com 20 a 40

funcionários. Estes valores variam de acordo com a região do país e do tipo de

empresa/profissional contratados.

Segundo Paffemberger, citado por Polito e Bergamaschi (2002, p. 32), um programa bem

definido, implantando e constantemente monitorado e renovado, traz ao empresário a

perspectiva de retorno dos investimentos: para cada dólar investido na ginástica laboral,

retornam dois dólares para a empresa.

2.5.2 Modalidades e Elementos da Ginástica Laboral

A principal meta de uma empresa que decide empregar a ginástica laboral, como método

preventivo a LER/DORT e acidentes de trabalho, é desenvolver sessões de ginásticas muito

criativas, atraentes e condizentes com as atividades realizadas pela empresa e com as

características de cada um dos setores e funções envolvidas (OLIVEIRA, 2002, p. 73). Para

tanto, Polito e Bergamaschi (2002, p. 21) defendem que os profissionais da saúde e do

esporte, que auxiliarão na implantação e manutenção do programa, devem estudar os detalhes

e problemas de cada área, através da análise dos postos de trabalho, do trabalho em si e da

carga horária.

Conhecidos os detalhes e as necessidades do grupo, torna-se possível decidir quais exercícios

podem ser aplicados para cada setor (LIMA, 2003, p. 13) e em que momento da jornada de

trabalho, definindo o tipo de ginástica a ser utilizada. A classificação da ginástica laboral

depende de seu objetivo:

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a) ginástica preparatória ou pré-aplicada ou de aquecimento: a ginástica preparatória é

aquela realizada no início da jornada, com duração de 5 a 10 minutos e exercícios que

preparam o indivíduo para o trabalho, estimulando diferentes capacidades corpóreas

(como velocidade, força e resistência), que serão utilizadas durante as tarefas do dia

(POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 28; OLIVEIRA, 2002, p. 47; CAÑETE, 1996,

p. 110). Esta modalidade é excelente para despertar, distrair e relaxar os trabalhadores

que, muitas vezes, chegam ao trabalho sonolentos, ainda cansados e envolvidos com

questões pessoais/família (LIMA, 2003, p. 14);

b) ginástica de compensação ou de pausa: a ginástica de pausa tem como finalidade

aliviar as tensões do trabalho, monotonia operacional, fortalecer a musculatura,

eliminar vícios de postura e proporcionar bem-estar físico e mental. Isto é possível

através de atividades realizadas durante o expediente, exercitando os músculos pouco

utilizados e relaxando aqueles muito trabalhados durante a jornada (POLITO;

BERGAMASCHI, 2002, p. 28; OLIVEIRA, 2002, p. 47; CAÑETE, 1996, p. 110).

Segundo Lima (2003, p. 17), “com a ginástica de pausa, é possível, além de aplicar os

exercícios compensatórios, incentivar a correção postural, a conscientização, a

automassagem e a massagem”;

c) ginástica corretiva: a ginástica corretiva é realizada em forma de uma ou mais pausas

diárias, com a finalidade de restabelecer o antagonismo muscular, através do

encurtamento dos músculos que estão alongados ou alongando aqueles que foram

encurtados durante a execução das tarefas (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 28;

CAÑETE, 1996, p. 110);

d) ginástica de relaxamento: a ginástica de relaxamento é realizada após a jornada de

trabalho, promovendo relaxamento físico e mental aos trabalhadores, que realmente

terão um descanso agradável e eficaz durante a noite e estarão preparados para um

novo dia de trabalho (OLIVEIRA, 2002, p. 47). Lima (2003, p. 19) mais uma vez

aprofunda-se nos estilos de ginástica laboral e afirma que a ginástica de relaxamento,

quando utiliza exercícios de relaxamento em forma de alongamento e consciência

corporal possibilita o autoconhecimento, através do pensamento voltado para o

indivíduo, meditação e auto-avaliação;

e) elementos da ginástica laboral:

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- Ambiente: muitas empresas reservam um espaço especial para as sessões de

ginástica. Nestes espaços, as pessoas ficam menos expostas, mais livres e

descontraídas para participarem dos exercícios sugeridos. Contudo, destinar uma sala

ou montar uma academia na empresa não é um pré-requisito para a prática da

ginástica laboral. Muitos programas apresentam melhores resultados, exercitando

seus funcionários em seus postos de trabalho. Assim, o tempo de deslocamento pode

ser revertido em tempo de ginástica e aqueles funcionários mais resistentes à

participação se vêem envolvidos no clima da aula e acabam cedendo e exercitando-

se (CAÑETE, 1996, p. 119). Lima (2003, p. 60) também defende a prática das

sessões de ginástica no ambiente de trabalho. Entretanto, a autora alerta para que os

responsáveis pelo programa de ginástica prestem atenção se o local não oferece

riscos aos trabalhadores e se eles podem movimentar-se com liberdade;

- Música: a música tem a capacidade de modificar um ambiente, o que a faz ser

recomendada por professores de educação física, fisioterapeutas e especialistas em

geral. O chão de fábrica e o escritório ganham novas dimensões e características

apropriadas para a prática de exercícios. A música atrai, motiva e descontrai e as

pessoas podem relaxar e distrair-se com as melodias tocadas (POLITO;

BERGAMASCHI, 2002, p. 74). Entretanto, Oliveira (2002, p.73) alerta que a

escolha da seleção musical deve ser cuidadosa, pois deve refletir o ritmo do

exercício ou atividade a ser realizada. Músicas lentas são recomendadas para o fim

do dia, para exercícios suaves e de relaxamento, que tenham a intenção de suavizar a

tensão e o cansaço. Para momentos mais descontraídos, cuja intenção é despertar e

motivar as pessoas deve-se utilizar músicas mais agitadas e alegres. Contudo, é

recomendável estudar o grupo e realizar pesquisas de interesse para saber se algum

estilo poderá provocar o afastamento das pessoas das aulas. Músicas lentas e

relaxantes podem criar um clima entediante ou monótono para alguns trabalhadores,

enquanto outros podem não conseguir acompanhar o ritmo de uma música cheia de

energia e simplesmente parar com a atividade;

- Material de apoio: bolas, bexigas, sucatas, cadeiras e bancadas são ótimos materiais

de apoio para incrementar e movimentar as sessões de ginástica. Autores como

Moraes (2000), Oliveira (2002), Donkin (1996) e Nogueira (1985), indicam a

utilização destes materiais durante os exercícios. Para grupos treinados, que

apresentem bom alongamento e altos níveis de participação, é possível inserir a

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utilização de bastões, pesos, bicicletas ergométricas e outros aparelhos mais

sofisticados, desde que haja acompanhamento profissional. Lima (2003, p. 67) diz

que o material de apoio é um grande agente motivador, além de diversificar as aulas,

estimular a coordenação motora, promover recreação e exercícios de maior

resistência;

- Massagem (LIMA, 2003, p. 69): em muitas culturas, a massagem é uma técnica

utilizada para cura de doenças e melhoria dos estados emocionais. No Brasil, a

massagem vem sendo empregada nas empresas para fornecer um momento relaxante

aos funcionários e incrementar os relacionamentos e sentido de grupo. Entretanto,

sua aplicação deve ser feita com cautela. Como a massagem envolve contato físico,

muitas pessoas poderão sentir-se retraídas ou constrangidas;

f) etapas de implantação recomendadas para um Programa de Ginástica Laboral:

- Avaliação e diagnóstico: Polito e Bergamaschi (2002, p. 53) recomendam a

realização de uma avaliação diagnóstica do trabalho, para detectar pontos negativos

e positivos importantes para o desenvolvimento de um programa de ginástica

eficaz. Dentre estes pontos, devem ser analisados: as características do grupo (as

atividades exercidas, os postos de trabalho), níveis de aptidão física, potências

biomecânicas e qualidade de vida além dos horários estabelecidos, ambientes

psicossociais em que os trabalhadores estão imersos, a qualidade dos

relacionamentos, o ritmo de trabalho e a identificação dos riscos à saúde. Segundo

Oliveira (2002, p. 73), para determinar o tipo de atividade a ser realizada na

ginástica laboral, deverão ser profundamente analisadas as tarefas executadas

diariamente pelos trabalhadores, levando-se em conta o ritmo e detalhamento de

cada movimento executado durante esta rotina. Assim, as secretárias, por exemplo,

praticarão uma atividade física diferente a dos torneiros mecânicos;

- Planejamento e estruturação do Programa: com o resultado da etapa anterior, o

programa deve ser desenhado, respeitando as características e anseios do grupo a

ser trabalhado. Polito e Bergamaschi (2002, p. 55) sugerem que, neste

planejamento, sejam levados em conta o mínimo de funcionários a serem

atendidos, para ser definido quantos professores, fisioterapeutas ou monitores serão

necessários para o programa. No caso, recomenda-se que a cada 20 funcionários

exista a participação de 1 professor e um estagiário/monitor. Durante o

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planejamento deve ser levado em conta, também, as necessidades de cada um dos

grupos, baseando-se na atividade exercida, com a finalidade de definir o melhor

período para a aplicação da ginástica. Se as tarefas exigem muita atenção desde o

início do turno, é indicado a ginástica preparatória, por exemplo, enquanto

atividades estressantes exigem que os exercícios sejam feitos nos momentos de

maior fadiga (OLIVEIRA, 2002, p. 73; POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 53);

- Programa de Conscientização: “A maioria das pessoas está mais consciente quanto

às suas responsabilidades e desafios do dia-a-dia do que sobre as necessidades do

seu organismo e mente” (LIMA, 2003, p. 116). Desta forma, investir em estímulos

que despertem a consciência corporal, além do reconhecimento do corpo e estados

de tensão e estados emocionais, é de grande importância (LIMA, 2003, 117). Sendo

assim, Polito e Bergamaschi (2002, p. 57) recomendam que todos os colaboradores,

inclusive chefias, devem ser educados e treinados a respeito dos benefícios da

ginástica, da necessidade de exercitar-se, de manter uma boa postura e atitudes

seguras, enfim, sobre tudo aquilo que traga benefícios ao indivíduo, à empresa e

sucesso ao programa. Para tanto, podem e devem ser utilizadas todas as

ferramentas disponíveis para a promoção da ginástica entre os trabalhadores, sejam

elas: palestras, reuniões, entrevistas, e os mais diversos meios de comunicação

(cartazes, folders, anúncios de áudio e vídeo), entre outros. Lima (2003, p. 117)

lembra que:

quanto maior a consciência de que o corpo deve ser mantido com saúde – gerando maior produtividade -, com uma coordenação motora que lhe assegure integridade, sem danos funcionais, melhor será a competência técnica do trabalhador, assim como o seu compromisso engajado com a empresa,

- Projeto Piloto: o programa é implantado de forma experimental, passível a ajustes,

até que ele atenda a todas as necessidades do grupo, inclusive necessidades

motivacionais e emocionais;

- Implantação: caso o projeto piloto tenha sofrido os ajustes necessários e

apresentado os resultados esperados, a programa pode ser implantado de forma

definitiva e em toda a empresa, caso isto ainda não tenha sido feito. Cañette (1996,

p. 127) explica que o sucesso da implantação do programa depende do

comprometimento da cúpula da empresa e da transformação da antiga cultura

sedentarista. Assim, a empresa precisa direcionar os esforços do pessoal de

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Recursos Humanos, psicólogos, médicos, gerentes e todos aqueles profissionais

que possam interferir, promover a ginástica e fidelizar os empregados;

- Melhoria contínua: ao implantar um programa de Ginástica Laboral, devem-se

traçar objetivos, metas e trabalhar para que sejam alcançados nos prazos previstos

(LIMA, 2003, p 85). Para tanto, programa deve ser monitorado, diariamente,

admitindo a opinião, reações e comportamentos dos colaboradores. A evolução do

programa poderá servir como motivação aos participantes e aqueles trabalhadores

que ainda não aderiram às aulas. As análises e resultados devem ser utilizados

como incremento no programa, assegurando a melhoria contínua, motivação e

quebra de rotina. Oliveira (2002, p. 128) ressalta a importância de escutar o

trabalhador, saber o que ele pensa, o que ele deseja, afinal, é ele o usuário e é ele

que trará ao projeto sucesso ou fracasso;

- Apoio superior: Lima (2003, p. 75) enfatiza a importância do alto escalão da

empresa em motivar e orientar os funcionários a participarem das sessões de

ginástica, a sentirem-se importantes e úteis. Este é um fator tão determinante que a

autora expõe que muitas empresas colocam como responsáveis e monitores do

programa, seus gerentes e diretores;

- Ministrando as aulas: muitas empresas utilizam o trabalho de fisioterapeutas e/ou

professores de educação física nas sessões de ginástica laboral. Algumas contratam

estes profissionais para que fiquem integralmente dentro do ambiente de trabalho

ou que ministrem todas as aulas realizadas na empresa. Outras, no entanto, optam

por um método misto de profissional externo e monitores escolhidos nos setores da

companhia.

A escolha da pessoa que irá ministrar as sessões é fundamental. Em primeiro lugar, deve-se

saber se os trabalhadores têm confiança nos monitores ou se preferem profissionais do esporte

ou saúde. Mas de um modo geral, como explica Oliveira (2002, p. 128), a pessoa escolhida

deve ser autêntica, pois é uma figura de destaque e influência. Esta pessoa, também, deve ser

simpática, acessível e agradável.

Independente se quem comande as aulas é um profissional ou um monitor, segundo Lima

(2003, p. 20), esta pessoa deve estimular os funcionários a exercitarem-se, não somente

durante as sessões, mas toda vez que sentirem necessidade, em forma de micro-pausas. Este

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indivíduo deve deixar claro que cada um é responsável pela própria saúde e bem-estar, sendo

assim, também responsável pela participação ou não das sessões. Contudo, todas as

informações devem ser passadas com cautela e cuidado.

Bawa (1994, p. 119) ressalta a importância destas pausas e micropausas na prevenção das

lesões relacionadas com computador, principalmente quando elas são acompanhadas da

ginástica de pausa.

Para Polito e Bergamaschi (2002, p. 29), o sucesso da ginástica laboral, sua aceitação por

parte dos trabalhadores e a obtenção dos melhores resultados depende da competência, do

grau de conscientização e da postura ética dos profissionais que a conduzem.

2.5.3 Possíveis Dificuldades de um Programa de Ginástica Laboral

Uma das maiores dificuldades encontradas para implantar e obter sucesso na ginástica laboral

é atrair e fidelizar seus participantes (POLITO; BERGAMASCHI, 2002; OLIVEIRA, 2002).

Se as pessoas não sentem interesse em participar do programa, sentem vergonha, medo ou,

simplesmente, não confiam na utilização desta ferramenta, ela fracassará em poucos meses.

A experiência de Polito e Bergamaschi (2002, p. 22) demonstra que a vergonha e a falta de

conhecimento são as primeiras grandes barreiras a serem quebradas. Muitas pessoas

desconhecem as necessidades e limites físicos e os benefícios da prática de exercícios físicos.

A vergonha de expor-se diante dos colegas, executando movimentos que, no início, são

desajeitados e grosseiros, torna a adaptação à nova rotina desagradável e difícil. Muitos

indivíduos se recusam, terminantemente, a participar com o grupo. A empresa deve estar

preparada para lidar com o problema, com delicadeza, sem causar constrangimentos ou

revolta.

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A diferença de tratamento entre setores seja porque estes setores apresentam exercícios

diferentes, seja porque alguns se beneficiam da ginástica, e outros não, pode causar rixas,

conflitos e repressões. Por estas razões, a empresa deve informar, claramente, as políticas do

programa, descrevendo detalhes e diferenças de implantações e explicando as razões que

levaram a empresa a tomar tais atitudes.

A monotonia e o desinteresse causados pela repetitividade e falta de cuidado do programa,

fazem com que a participação decaia rapidamente. Segundo Oliveira (2002, p. 48), logo no

primeiro mês, 90% a 100% dos trabalhadores comparecem às sessões de ginástica. Contudo,

a partir do quarto mês, a participação passa a sofrer abalos fortes e constantes. É necessário

manter o programa sempre atraente e agradável, apresentando atividades diferenciadas e do

gosto do grupo.

Um problema muito comum nas empresas, que poucos profissionais consideram, mas que

gera um efeito devastador à ginástica e suas possibilidades de benefício, é o sofrimento

enfrentado por seus funcionários. Cañete (1996, p. 38), diz que:

Sofrimento dos indivíduos decorrente de inúmeras condições desfavoráveis em seu ambiente de trabalho continua intensificando-se na medida que tal ética e lógica alimentam este sofrimento e da alienação que surge como defesa[…]. É possível afirmar que, entre várias outras razões, a falta de sentido ou a perda de significado do seu trabalho, bem como a monotonia de um trabalho repetitivo, robotizado e alienante, determina em grande parte este sofrimento do trabalhador.

Muito deste sofrimento transtorna e transforma os indivíduos em pessoas inseguras,

deslocadas, desmotivadas e com um certo sentimento de rejeição. Para combater este

processo psico-emocional, a empresa deve contar com profissionais adequados e com a

participação das chefias nas sessões de ginástica, juntamente com seus subordinados

(POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 66; CAÑETE, 1996, p. 126). Afinal, se o supervisor,

gerente ou outro superior está realizando as atividades, é porque ele se interessa pelas pessoas

e porque o programa é bom, realmente.

Infelizmente, a maior de todas as dificuldades é o descaso com os funcionários e com o

programa. Muitas empresas apenas implantam a ginástica e não promovem adaptações,

manutenções, melhorias ou eventos adicionais, como o estudo dos postos de trabalho. Os

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esforços são direcionados à redução de gastos e não com a redução de perdas e gastos com

afastamentos, acidentes, debilitações e outros problemas (POLITO; BERGAMASCHI, 2002,

p. 63; OLIVEIRA, 2002, p. 11, 47).

Os trabalhadores, então, deixam de perseguir seus objetivos e interesses, se acomodam diante

das dificuldades, não se interessando mais, nem pelo próprio bem-estar, provocando a

falência de muitos programas de saúde e motivação.

2.5.4 Recomendações para o Sucesso do Programa

Oliveira (2002, p. 128) chama a atenção para que a participação da ginástica seja voluntária,

sem qualquer tipo de imposição ou ameaças por parte da empresa. O indivíduo deve ser

atraído e gostar das sessões que participa. Para tanto, é “necessário elaborar estratégias para

motivar o grupo, tais como: desenvolver atividades esportivas, recreativas, dinâmicas de

grupo e palestras de conscientização”.

Segundo Oliveira (2002, p. 128), além de motivadas, as pessoas não podem ser coagidas ou

constrangidas durante as atividades. Os instrutores físicos devem conhecer o grupo que estão

trabalhando, para selecionarem exercícios condizentes com a capacidade física apresentada.

Deve-se evitar movimentos que o grupo ainda não seja capaz de executar, assim como os que

não fadiguem as pessoas ou provoquem mal-estar e suor. Afinal, pessoas sedentárias levarão

um certo tempo para adquirirem aptidão física suficiente para executar determinados

movimentos.

Oliveira (2002, p.128) recomenda evitar séries longas e tediosas de exercícios localizados.

Porém, como explica Nieman (1999, p. 14), todos os movimentos, em especial os de

alongamento, devem ser realizados com calma, evitando movimentos balísticos ou bruscos,

repetindo de três a cinco vezes cada exercício e, se possível, mantendo a postura de 10 a 30

segundos, dependendo do condicionamento físico adquirido.

Contudo, não basta apenas oferecer aos funcionários a ginástica, deve-se oferecer, também,

condições para que estas pessoas possam usufruir os benefícios desta ferramenta. Para tanto,

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o tempo destinado a cada sessão é fundamental. Muitos autores e profissionais da saúde,

como Oliveira (2002, p. 47), recomendam que a ginástica tenha a duração de oito a doze

minutos por dia.

O Programa Agita São Paulo (1998) e Niemen (1999, p. 17) defendem a idéia de que a saúde

não necessita de horas de exercícios intensos. Bastam 30 minutos diários contínuos ou

cumulativos (sessões de 10 ou 15 minutos), com intensidade moderada. Esta é, também, a

recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Conselho Internacional da

Ciência do Esporte e Educação Física (ICSSPE), do Centro do Controle e Prevenção de

Doenças – USA (CDC), do Colégio Americano de Medicina esportiva (ACSM), da

Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS) e Associação Americana de

Cardiologia (AHA).

Este verdadeiro “Passaporte da Saúde”, como se refere o Programa Agita São Paulo (1998, p.

07), é o tempo exato para que o corpo reaja às estimulações emitidas pelos exercícios e seja

capaz de inibir os efeitos do sedentarismo, dos movimentos bruscos, das longas jornadas sem

movimento algum, da fadiga, monotonia, estresse e repetitividade. Assim, o corpo adquire

ferramentas para proteger-se das doenças degenerativas e das lesões.

E por fim, um detalhe que se torna unânime no discurso de diversos profissionais e

especialistas, como Oliveira (2002 p. 128): a ginástica não deve ser a única ferramenta a ser

aplicada em um grupo de trabalho, mas ser uma parte de um projeto global de saúde. Polito e

Bergamaschi (2002, p. 31) acrescentam que a ginástica associada à ergonomia, não apenas

aumenta os efeitos positivos nos funcionários, reduzindo riscos de lesões, doenças e

acidentes, mas também, traz benefícios à economia, aos custos de manutenção do programa e

aos custos associados a estes efeitos negativos do trabalho.

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2.6 GINÁSTICA LABORAL NO BRASIL

A ginástica laboral tem seu início no Brasil, em 1969, com a chegada dos estaleiros

Ishiksvajima no Rio de Janeiro, como explicam Polito e Bergamaschi (2002 p. 26). Quatro

anos mais tarde, a Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior (FEEVALE) e o SESI,

iniciam um projeto pioneiro no país, com o nome de “Educação Física Compensatória e

Recreação”. Este projeto era constituído por exercícios baseados em análises biomecânicas,

que poderiam “relaxar os músculos agônicos pela contração dos antagônicos, em face da

exigência funcional unilateral” do trabalho (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27).

Em 23 de novembro de 1978, o projeto é implantado em caráter experimental, em cinco

empresas do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, com o nome “Ginástica Laboral

Compensatória” (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27). Os resultados foram

surpreendentes. A Metalgrin, por exemplo, apresentou imediata redução dos acidentes de

trabalho, chegando a zero em alguns de seus setores (GOULART; BECKER, 1999).

Com o final do projeto da FEEVALE e SESI, a ginástica laboral caiu no esquecimento por

muitos anos. Entretanto, o crescente número de doenças e acidentes de trabalho no Brasil

provocou a retomada da idéia da ginástica laboral pelas empresas brasileiras.

Esta retomada foi estimulada, também, pelo reconhecimento legal da “doença dos

digitadores”, como doença profissional, em 1987 (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 27);

pela dignificação do trabalho e o direito ao ambiente de trabalho saudável pela Constituição

da República em 1988, onde “ficou estabelecido que a saúde é direito de todos e dever do

Estado, sendo que, no caso do trabalhador, a saúde é dever do empregador” (OLIVEIRA,

1997); pela recomendação da utilização da ginástica laboral pelo Congresso Internacional de

Doenças da Coluna Vertebral, em 1989 (PADÃO; MONTEIRO, 1992, p.28); e pelo sucesso

em muitos países europeus e asiáticos ao combate da LER/DORT, como o Japão, a China, a

França e a Suíça.

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Então, na década de 90, a ginástica laboral explodiu no Brasil. Centenas de empresas

adotaram esta ferramenta, como medida preventiva de doenças e acidentes em suas

instalações. Porém, a prática de exercícios físicos nas empresas brasileiras jamais se tornou o

fenômeno ocorrido no Japão e logo surgem os primeiros fracassos.

A maioria das pessoas passou a acreditar que a ginástica não é um instrumento de prevenção

confiável. A explicação estaria na falta de resultados imediatos, na dificuldade de medir o

retorno dos investimentos, no desinteresse dos funcionários e, principalmente, como expõe

Oliveira (2002, p. 48), na repetitividade e monotonia das sessões, que acabavam por afastar

os participantes.

Em primeiro lugar, é conhecida a falta de hábito dos brasileiros em exercitar-se (MALTA,

1981, p. 11). Muitos jovens buscam meios para faltarem ou serem dispensados das aulas de

educação física. Outros, por sua vez, pulam de academia em academia, sem adquirir o gosto

por uma ou outra modalidade esportiva. Os adultos, em sua maioria, totalmente sedentários,

cultivam a “barriguinha” enquanto passam o pouco do tempo livre em bares ou diante da TV.

E como se não bastasse, o brasileiro sente vergonha em exercitar-se diante dos colegas, pois

um ou outro movimento poderia ser motivo de chacota.

De um modo geral, este comportamento revela a falta de conhecimento do brasileiro em

relação a seu próprio corpo. São poucos os que possuem uma determinada consciência

corporal e aproveitam-se dela.

Além do mais, esta resistência em participar de qualquer tipo de atividade esportiva revela,

também, a falta de conhecimento sobre os riscos do trabalho forçado, do sedentarismo, dos

limites e necessidades do corpo e dos benefícios da prática de exercício físico. Para estas

pessoas, ginástica e esporte são “coisa para gente jovem e rica, que deseja ficar com um belo

corpo” e não para trabalhadores exaustos (PIRES; PIRES DO RIO, 2001, p. 23,41-43;

POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p.63; CAÑETE, 1996, 32-34, 46; AGITA SÃO PAULO,

1998, p. 7).

A falta de comprometimento das empresas em relação à manutenção do programa, leva a

ginástica laboral ao fracasso. Muitos empresários imaginam que basta autorizar seus

funcionários a exercitar-se, afinal, é assim que funciona no Japão. Contudo, as diferenças

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culturais entre os dois países indicam que a abordagem com os trabalhadores, também deve

ser diferenciada (POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 42). Assim, o trabalhador brasileiro,

em especial, os de menor nível de instrução, devem ser constantemente educados e motivados

a participarem das sessões de ginástica, que devem ser sempre criativas e calorosas (AGITA

SÃO PAULO, 1998, p. 8; OLIVEIRA, 2002, p. 128; POGERE, 1998, p. 129).

Infelizmente, valorizar e motivar os funcionários não é a filosofia dominante nas empresas

brasileiras, pois consideram que estas abordagens são perda de dinheiro e não investimento

com a produção. Para algumas fábricas, emprego é sinônimo de favor e o máximo que podem

fazer por seus trabalhadores é mantê-los em seus postos, mesmo que seja em condições sub-

humanas. É necessário criar, em todo o povo, empregados e empregadores, uma nova

mentalidade sobre direitos e deveres de cada indivíduo, explicar-lhes que as pessoas não

“saem de casa para sofrer” (frase dita pelo Diretor de produção da LTC aos funcionários da

SPE), mas para garantir uma vida digna e saudável, mostrando-lhes o caminho da

humanização do trabalho, preenchendo a carência de valorização do indivíduo, criando novos

hábitos e culturas. Somente neste momento, os programas de saúde e bem-estar nas empresas,

sejam derivadas da sociedade privada ou do governo, terão sucesso e resultados realmente

eficazes, pois cada um saberá a importância que isto realmente tem em suas vidas e a

importância que suas vidas têm para os programas, empresas e país (AGITA SÃO PAULO,

1998, p. 7,8; OLIVEIRA, 2002, p. 129; POLITO; BERGAMASCHI, 2002, p. 33; CAÑETE,

1996, p. 32).

2.6.1 Experiência Brasileira:

a) Ishikawajima do Brasil /Campo Grande(RJ) - em 1969, segundo Polito e

Bergamaschi (2002, p. 26), o estaleiro Ishikawajima do Brasil,“segundo a influência

administrativa do modelo empresarial japonês” (CAPITAL HUMANO, 1995, p. 28-

43), inicia a prática de ginástica laboral em suas instalações, marcando, também, o

início desta atividade no Brasil. Padão (1992, p. 28), engenheiro de segurança da

Ishikawajima, explica que todos os dias, das 7:30 às 7:38h, quatro mil homens, da

diretoria ao chão de fábrica, exercitam-se simultaneamente, com o auxílio de um guia

responsável pelo treinamento. O protocolo nunca é quebrado, mesmo que a tradicional

música não seja tocada pelas dezenas de alto-falantes espalhados pela empresa, “numa

demonstração de que a ginástica contribuirá para seu desenvolvimento físico e mental,

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com reflexos positivos, sobretudo para a segurança ocupacional” (PADÃO;

MONTEIRO, 1992, p. 28). Desta forma, os trabalhadores terão sua musculatura pré-

aquecida para suportar a vida sedentária do escritório ou as constantes subidas de

escadas, bases e andaimes do trabalho árduo da fábrica. Contudo, os maiores

benefícios estão na educação corporal adquirida: os trabalhadores são aptos a realizar

uma auto-avaliação física e de sua disposição para o trabalho, enquanto são avaliados

por seus supervisores ou encarregados, o que contribui, e muito, para a prevenção de

acidentes e doenças;

b) Selenium/Nova Santa Rita (RS) - segundo Klever (1997), gerente de Relações

Industriais da empresa, a ergonomia conquistou seu espaço na Selenium, fabricante de

alto-falantes, em 1994, com a implantação da ginástica laboral. Para convencer os

trabalhadores, a Selenium começou com um projeto piloto no setor de montagem, que

contava com uma sessão diária de ginástica, de 15 minutos à tarde e uma sessão

opcional ao meio-dia. Os resultados promoveram a utilização da ginástica em outros

setores, extendendo-se a toda a empresa no prazo de um ano. Atualmente, o programa

conta com duas sessões diárias de dez minutos cada: uma na entrada dos trabalhadores

(7:40h), com caráter preparatório; e a outra, no meio da tarde (15:00h), com caráter

compensatório, paralisando a produção de toda a fábrica. As sessões são realizadas

por alguns funcionários (monitores), responsáveis por determinadas áreas da empresa

e orientados por professores de ginástica. Para Klever (1997) “ a ginástica reduz as

faltas, motiva o trabalho, dá mais disposição e diminui as queixas de dores

musculares”. Isto pode ser comprovado pelos resultados obtidos entre novembro de

1994 e maio de 1995, quando se registrou a diminuição em 38% do absenteísmo, em

86.6% nos casos de LER/DORT e em 64% das reclamações de dor. Contudo, Klever

salienta que oferecer pausa e exercícios aos trabalhadores não é o suficiente para

evitar LER/DORT. A empresa precisa investir em melhoramentos ergonômicos nos

postos de trabalho e na organização do trabalho;

c) Merrel Lepetit/Santo Amaro (SP)- com o objetivo de conscientizar e melhorar

continuamente a saúde de seus trabalhadores, a Indústria Farmacêutica Merrel Lepetit,

em uma parceria do Departamento de Saúde Ocupacional e dos trabalhadores,

instalaram um Fitness Center no complexo industrial. Esta academia particular da

Merrel Lepetit deu início ao Program Viva Vida, um projeto de incentivo e saúde aos

trabalhadores, que exercitam-se sob a orientação de profissionais especializados, fora

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do horário de trabalho. Ao chegar ao Fitness Center, o indivíduo é avaliado, orientado

e segue um cronograma estipulado, que normalmente abrange 10 a 25 minutos de

trabalho aeróbico (corrida, caminhada, etc) e 35 a 50 minutos de trabalho corporal

(ginástica aeróbica e localizada, alongamento, circuit trainning, step, musculação,

entre outros). O tempo e o tipo do programa são determinados pelas características

físicas, fisiológicas e metabólicas de cada indivíduo, descobertas através de exames de

saúde e avaliações de posto e função. Além da academia, os funcionários contam,

ainda com uma sessão diária de ginástica no local de trabalho (10 minutos antes do

início do turno) e palestras educativas. Estas sessões são ministradas por funcionários

treinados (monitores) que, assim como no Fitness Center, aplicam exercícios próprios

às funções executadas para cada grupo;

d) Bosch/Curitiba (PR) - a Robert Bosch do Brasil, fabricante de peças para motores a

diesel, está experimentando a ginástica laboral. Mesmo assim, um módulo piloto

incentiva os trabalhadores para usufruírem o benefício, a fim de “trazer a melhora na

qualidade de vida do grupo e, por conseguinte, melhorando o nível de produção e

diminuindo os fatores que implicam nos afastamentos do trabalho” (WELLINGTON

EXTERN, 2001). Para a empresa, a ginástica laboral é tratada como um produto que

deve ser vendido e muito bem vendido para seus funcionários. Para gerar a

aceitabilidade do programa (70% até o momento), conscientização dos funcionários

quanto à prevenção de LER no trabalho e, principalmente, motivação. O programa

conta, ainda, com a parceria do SESI/Ctba e da Associação dos Funcionários da

empresa. O SESI é responsável pela organização das séries de exercícios, preparação

conceitual do grupo, diagnóstico do setor de trabalho e apoio material. A associação

dos funcionários, por sua vez, através dos professores de educação física, é

responsável pela implantação e manutenção do programa, auxiliada pelos setores do

Núcleo de Qualidade de Vida. A ginástica tem objetivos compensatórios, sendo

realizada todos os dias em horários e locais pré-determinados, através de um programa

também previamente elaborado. Os funcionários trabalham apenas com seus grupos,

sendo acompanhados por um professor uma vez por semana. Mas a empresa ressalta

que os funcionários não são obrigados a participar das atividades, muito menos de

serem monitores. O único compromisso é incentivá-los e conscientizá-los, o que se

torna mais fácil com a presença dos professores e agentes de segurança e saúde.

Assim como as demais empresas, a Bosch não emprega a ginástica laboral como única

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ferramenta de prevenção. Ela faz parte de um programa muito maior chamado Núcleo

de Qualidade de Vida;

e) Renner Hermann/Gravataí (RS)- a Indústria Química Tintas Renner mantém o

programa de ginástica laboral desde 1992. Desde sua implantação, ela é ministrada

por um professor de educação física, com a colaboração da área médica e de

segurança do trabalho. A empresa mantém, também, um grupo de funcionários

monitores, devidamente treinados, para que, na eventualidade da ausência do

professor, estes possam ministrar a aula. A ginástica acontece diariamente com

duração média de 30min, sendo aplicados exercícios de alongamento. As seções ainda

contam com o auxílio do médico do trabalho, que orienta o professor e o funcionário

com problemas para trabalharem exercícios específicos ao caso. Os funcionários não

são obrigados a praticarem a atividade, mas o fazem, de livre e espontânea vontade,

por conhecerem seus benefícios. Estas são as características do programa empregado

hoje na empresa, uma vez que todo o processo sofreu diversas alterações durante estes

nove anos, com a finalidade de obter os melhores resultados para a população da

empresa. Desta forma, a ginástica vem apresentando resultados positivos por despertar

a conscientização da prática da atividade física (entrevista realizada em 2001, com a

Técnica de Segurança do Trabalho da Empresa);

f) Programa Agita São Paulo (SP) - a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em

conjunto com o Governo do Estado de São Paulo e o Centro de Estudos do

Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do SUL (CELAFISCS), desenvolveram

um programa para promover a saúde da população através da atividade física diária. O

“Agita São Paulo” foi lançado em dezembro de 1996, contando com uma estrutura

constante, envolvendo profissionais especializados da saúde e do esporte, meios de

comunicação, o mascote do programa chamado Meiorito e voluntários. Defendendo a

idéia de que o ser humano necessita de, pelo menos, 30 minutos por dia de atividade

física, o programa, por meio da mídia, de eventos e palestras à comunidade e às

empresas, incentiva e educa as pessoas a mudarem seus hábitos de vida em prol de

uma vida mais saudável, com menores riscos de doenças degenerativas e vícios. De

um modo geral, o programa objetiva incrementar o conhecimento da população sobre

os benefícios da atividade física; aumentar o envolvimento da população com a

atividade física; incentivar o sedentário a ser um pouco mais ativo, o indivíduo pouco

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ativo a se tornar ativo, e o ativo a ser muito ativo, enfim promover a saúde e a

qualidade de vida da população;

g) Listas Telefônicas Company (LTC)/Curitiba (PR) - em 1999, a LTC (nome fictício

da empresa que foi usada no estudo de caso) contratou o programa de Ginástica na

Empresa do SESI/Curitiba, que, em 2000, foi substituída por uma empresa

especializada. No entanto, ao contrário dos casos mencionados, o programa não

obteve o efeito esperado.

O capítulo a seguir detalha o caso desta empresa, objeto de estudo desta dissertação.

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3 ESTUDO DE CASO: O PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL DA LTC/SPE

A necessidade de evitar doenças profissionais, acidentes de trabalho e diminuir gastos com

absenteísmo, assistência médica e processos trabalhistas, está levando muitas empresas a

buscarem alternativas para proteger seus funcionários. Alguns empresários adotam esquemas

extremamente elaborados, que contam com mudanças de postos e organização de trabalho,

programa alimentar e educacional, além da utilização de atividades físicas. Outras empresas,

seja pela cultura ou pelo orçamento, utilizam programas muito mais simples, que nem sempre

surtem o efeito esperado.

Na tentativa de proteger os funcionários de produção, a empresa Listas Telefônicas Company

(LTC) desenvolveu um programa de saúde que conta apenas com a ginástica laboral. As

bases do programa e os resultados obtidos são os alvos deste trabalho que, para tanto, busca

conhecer suas características, os pontos fortes e fracos, a coerência dos exercícios aplicados

com as atividades exercidas a em de avaliação de aceitação pelos funcionários do SPE (Setor

de Produção Editorial), um departamento que tem como características: trabalho com

computadores; carga horária de 8:30h; casos de LER/DORT; ser o primeiro setor a trabalhar

com a ginástica laboral e o único a continuar com o programa.

Com a finalidade de preservar o grupo de trabalho e os indivíduos que pertencem a este

grupo, a empresa solicitou que seu nome não fosse revelado, tendo-se adotado a identificação

fictícia de Listas Telefônicas Company (LTC).

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3.1 A EMPRESA

A Listas Telefônicas Company (LTC) é uma empresa multinacional, atuante no mercado

gráfico brasileiro. Possui cinco escritórios no Brasil e cerca de 400 funcionários, sendo que

mais da metade destes estão na matriz, em Curitiba, no Paraná.

Embora a LTC produza diferentes produtos gráficos, todos os esforços são direcionados para

a publicação de listas telefônicas (95% dos contratos). Os funcionários estão agrupados em

setores com responsabilidades diferentes para a produção das listas telefônicas: Área de

Vendas (AV), Cadastro (CAD), Conferência (DECON) e Produção Editorial (SPE). A área de

vendas é responsável por buscar e atender os clientes que desejam anunciar suas empresas nas

listas telefônicas e guias de endereços, negociando pagamentos, prazos e leiautes. O Cadastro

(CAD) tem a responsabilidade de cadastrar os clientes e efetivar as vendas, enquanto o

DECON confere a veracidade e legalidade dos contratos. A produção dos leiautes, anúncios e

paginação das listas e guias cabem ao pequeno SPE.

3.1.1 Breve Histórico da LTC

Durante duas décadas, os processos produtivos da LTC foram exatamente os mesmos,

praticamente artesanais: os funcionários trabalhavam em pranchetas ou mesas de escritório,

de acordo com a função que executavam; os anúncios eram desenhados com nanquim em

papel vegetal; a diagramação das listas era toda feita à mão. Os poucos computadores que

existiam, exerciam atividades contábeis, enquanto a “multidão” (54 pessoas no SPE e 60

pessoas no CAD e DECON) que produzia/editava as listas telefônicas na época (2.5 vezes

mais do que os dias atuais) não assegurava prazos e qualidade.

Em 1996, a empresa inicia um processo de modernização. Os setores de produção CAD,

DECON e SPE passam a ser informatizados. A novidade traz agilidade e qualidade à

produção, mas também, demissões em todos os níveis e setores. Este processo, relativamente

lento (4 anos até estabilizar), foi responsável por deixar os funcionários agitados, inseguros,

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cansados física, mental e emocionalmente. Os resultados não poderiam ser piores para a LTC.

Os níveis de erro e retrabalho eram altíssimos (50% em média no SPE), gerando gastos

extravagantes com perda de material e horas extras.

Em 2000, quando a empresa encontra seu ponto de equilíbrio, as demissões são encerradas e

o plano de informatização concretizado. Os trabalhadores passaram a demonstrar todo o seu

potencial, aumentando vertiginosamente a produção e a qualidade do material produzido.

Atualmente, os maiores problemas enfrentados pela LTC são:

a) a falta de integração e uniformidade de produção entre setores: cada setor apresenta

uma organização de trabalho diferente, comprometendo o fluxo de trabalho;

b) dificuldade de compreensão dos cargos e responsabilidades: as tarefas deixam de ser

feitas e algumas pessoas passam a assumir responsabilidades que não cabem a elas;

c) problemas com relacionamentos pessoais e com o sentimento de grupo: intrigas,

brigas, dificuldades para trabalho em grupo;

d) casos de LER/DORT nos setores de produção,

- seis casos no grupo estudado até 2001;

- onze casos na história do setor até 2001;

- vinte casos registrados na história da LTC até 2001.

3.1.2 Ginástica Laboral na LTC

Em 1999, os primeiros casos de LER/DORT em membro superior são registrados na LTC. Os

três primeiros casos foram registrados em homens dos setores de produção DECON e SPE.

Os casos no SPE foram detectados em funcionários recém-dispensados, que entraram na

justiça contra a empresa. A situação alertou os gerentes e diretor de produção que, em

conjunto com o setor de Recursos Humanos, buscaram ferramentas que pudessem proteger

seus trabalhadores de lesões e acidentes de trabalho. A procura terminou em julho, deste

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mesmo ano, quando a empresa optou pela utilização da Ginástica Laboral e contratou o

Programa Ginástica na Empresa do SESI (Serviço Social da Indústria).

As análises preliminares haviam apontado que a ginástica laboral apresentava diversas

vantagens: a empresa estaria afastando o perigo de novos casos de LER/DORT, de

afastamentos por dor e lesão e dos processos judiciais movidos por antigos funcionários. Para

conquistar tudo isto, a LTC arcaria com custos muito baixos para a implantação e

manutenção do programa, apenas, com o honorário da professora de educação física e com a

responsabilidade de fornecer uma sala para a prática das atividades. Por outro lado, os

funcionários estariam realizando pausas (15 min. diários) na prolongada jornada de trabalho

de oito horas e meia, obtendo um pouco de lazer e, principalmente, exercitando os músculos

tencionados e estagnados. Além destas vantagens, o programa do SESI oferecia, ainda, o

treinamento de um funcionário por setor, com a finalidade de que estas pessoas fossem

“monitores” habilitados a praticarem os exercícios com seus colegas durante quatro dias por

semana, enquanto o quinto dia seria ministrado por uma professora de educação física.

A perspectiva para o programa era de total sucesso. Parecia óbvio que, se a empresa oferece

uma ferramenta que promove o bem-estar das pessoas, esta seria aceita imediatamente, sem

discussões, garantindo a participação e imunização dos funcionários contra a LER/DORT.

Entretanto, o programa não cativou os trabalhadores. As sessões eram pouco freqüentadas, a

participação masculina era praticamente nula, enquanto a feminina chegava a 80%. Segundo

os funcionários, as aulas eram monótonas e tediantes, sendo bastante comum ocorrerem

apenas em três ou quatro dias na semana.

Contudo, existiam sessões que realmente agradavam os funcionários. Eram aquelas realizadas

pela professora de educação física, que possuía condições técnicas para inovar e movimentar

as aulas. As funcionárias participavam maciçamente destas aulas, amontoando-se na pequena

sala para aprender passos de aeróbica. O problema foi que, apesar de este tipo de atividade

agradar o público feminino, desagradava o público masculino.

O programa, mesmo assim, continuou sendo empregado e da mesma forma. Nenhuma das

chefias envolvidas tomou qualquer atitude junto aos trabalhadores, para motivá-los a

participar das atividades. A impopularidade da ginástica entre os funcionários, de acordo com

o depoimento dos mesmos, se deu por:

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a) falta de informação: os funcionários sabiam que alguns colegas apresentavam LER.

Porém, não sabiam o que isto significava, como era adquirida ou o que acarretava ao

corpo humano;

b) falhas de divulgação: o programa não foi devidamente divulgado. Os funcionários

foram orientados a participarem da ginástica laboral para evitar LER, mas, em

nenhum momento foram explicadas as vantagens de ter um corpo são na batalha

contra a LER e como a ginástica laboral poderia ser útil nesta tarefa;

c) falta de conhecimento legal: alguns funcionários passaram a acreditar que a

implantação da ginástica laboral era um meio da LTC livrar-se da responsabilidade de

novos casos de LER e se recusaram a participar das atividades;

d) monitores: os monitores, mesmo treinados, não possuíam conhecimentos técnicos e

habilidade suficientes para realizar sessões diferenciadas e descontraídas, ou para

orientar os colegas quanto à postura correta durante as atividades;

e) cultura individual: para muitos trabalhadores era evidente que, se participassem das

sessões de ginástica, passariam a trabalhar cansados e suados e isto seria muito

desagradável. Como, também, seria muito desagradável expor-se ao exercitar-se

diante dos colegas de trabalho.

No primeiro bimestre de 2000, novos casos de LER/DORT foram detectados nos setores de

produção, em especial no SPE. Os novos processos contra a LTC e o afastamento de

funcionários altamente produtivos, provocaram a retomada, por parte das chefias, do

programa de ginástica laboral, decretando a obrigatoriedade da prática. Contudo, a medida

não agradou aos trabalhadores, que deliberadamente deixaram de participar das sessões.

Mesmo com todos os problemas apresentados, a ginástica laboral, para a LTC, ainda era a

melhor opção. Se o programa não apresentava resultados satisfatórios, era evidente que os

profissionais envolvidos, bem como o sistema utilizado, eram inadequados. Imediatamente, a

empresa encerrou o contrato com o médico do trabalho e com o SESI. Um novo médico foi

contratado, enquanto a ginástica laboral ficou aos cuidados da empresa de fisioterapia

ocupacional Fisiotrab (o nome da empresa também é fictício, a pedido da LTC). Neste

momento, a ginástica laboral foi estendida para toda a empresa.

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Para a Fisiotrab, era de fundamental importância conhecer, educar e fidelizar os funcionários

da LTC. Apenas desta maneira, seria possível garantir o sucesso do programa na empresa,

afinal, indivíduos que possuem consciência corporal e de tudo aquilo que o agride e beneficia,

são capazes de decidir se querem ou não participar do programa e o porque de estarem

fazendo. Para tanto, a Fisiotrab utiliza a seguinte metodologia de trabalho:

a) palestra inaugural: a Fisiotrab realizou uma palestra inaugural e educativa para todos

os funcionários da LTC, divididos em pequenos grupos. A palestrante ofereceu

explicações sobre a Fisiotrab, necessidades físicas, atividades físicas, sedentarismo,

hábitos insalubres e LER/DORT. Este evento deu início ao Comitê de Ergonomia

(COERGO) para promover a participação dos funcionários e educar as pessoas a

realizarem adequadamente a Ginástica Laboral;

b) treinamento para integrantes do COERGO: a Fisiotrab conseguiu montar um grupo

bastante coeso, com doze integrantes, sendo quatro deles do SPE. As reuniões

semanais discutiam a qualidade de vida em cada um dos setores, melhorias na

ginástica laboral e a prática de atividades físicas com qualidade: postura, respiração,

períodos, velocidade, aplicações, causas, efeitos, reações musculares e neurais;

c) análise dos postos de trabalho: Na tentativa da criação de um programa de saúde

completo para a LTC, a Fisiotrab, analisou todos os postos de trabalho, traçando um

paralelo com as tarefas executadas individualmente por trabalhador. Simultaneamente,

as fisioterapeutas realizavam educação postural e regulagens nos postos, baseadas na

construção corporal das pessoas. Este trabalho resultou em um projeto de modificação

de postos de trabalho e organização de trabalho para a LTC;

d) ginástica laboral: a ginástica laboral continuava a ser realizada com o auxílio de

monitores. Entretanto, o treinamento intensivo os capacitou a trabalhar com os

colegas, sem oferecer riscos à integridade física deles. Os monitores tornaram-se

capazes de montar as próprias sessões, escolhendo as atividades, baseando-se no dia

de trabalho. Semanalmente, uma fisioterapeuta realizava as sessões, trabalhando de

forma mais intensiva músculos e tendões, incentivando a curiosidade dos funcionários

a respeito do próprio corpo, demonstrando a eles o comportamento físico durante cada

exercício.

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O sistema da Fisiotrab cativou os funcionários da LTC, que estavam tão necessitados de

atenção e auxílio. As pessoas passaram a sentirem-se valorizadas, motivadas e dispostas a

colaborarem com o projeto. A ginástica laboral ganhou em força, participação (100%) e

qualidade, mesmo sem a presença direta do fisioterapeuta.

Durante três meses, o trabalho desenvolvido entre a LTC e a Fisiotrab foi tecnicamente

aprovado. As pessoas participaram intensamente de todas as atividades e, o que era mais

importante, sentiam-se bem física e mentalmente. Contudo, quando o projeto de melhorias

proposto pela Fisiotrab foi vetado e a participação da fisioterapeuta radicalmente diminuída

(passou a ser bimestral), devido à contenção de despesas, o abatimento tornou-se geral,

diminuindo a participação na ginástica e a credibilidade da empresa diante dos funcionários.

O programa foi definhando gradativamente. No início de 2001, a presença da Fisiotrab era

praticamente nula e as sessões de ginástica passaram a serem canceladas em muitos setores,

sobrevivendo apenas no SPE, graças ao apoio do gerente.

Em agosto de 2001, a Fisiotrab retornou a LTC com um programa simples, que contava com

a participação quinzenal da fisioterapeuta nas sessões de ginástica laboral. Três meses mais

tarde, a participação tornou-se semanal e, apenas em janeiro de 2002, passa a ter duas sessões

por semana. Esta foi uma conquista muito importante para a maioria dos funcionários, pois

eram as únicas sessões realizadas com eles.

3.2 GINÁSTICA LABORAL NO SPE

Quando as atividades do SESI iniciaram na empresa, em 1999, patrões e empregados

desconheciam, totalmente, os riscos das longas jornadas diante do computador, bem como

dos móveis e posturas inadequados. O fato de colegas estarem com “LER” parecia não

incomodar os operadores, enquanto brincadeiras eram realizadas para descobrir o que

significava a sigla tão estranha de uma doença que ninguém sabia o que era. Mesmo os

gerentes e profissionais de Recursos humanos pareciam não acreditar que pessoas poderiam

adoecer ao trabalharem com o computador.

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Tamanha desinformação provocou a repulsa dos funcionários em relação ao programa de

ginástica laboral durante sua implantação. As pessoas não acreditavam que fariam educação

física na empresa e, tão pouco, que estas aulas seriam úteis para protegê-las da tal doença.

Mesmo assim, algumas funcionárias, timidamente, decidiram conhecer, assistir e participar

das primeiras sessões, realizadas todos os dias. Uma vez por semana, uma professora de

educação física do SESI chamava os trabalhadores em seus postos de trabalho e comandava a

aula em uma sala de recreação. Após esta aula, a professora entregava a apostila da semana

aos monitores (no SPE, um monitor por turno) que assumiam as turmas nos outros dias.

Invariavelmente, estas sessões contavam com a presença das mulheres do turno da manhã,

apenas, o que representava cerca de 40% dos funcionários da época.

A falta de interesse dos funcionários, e a falta de atitude da LTC em reverter este quadro,

aliadas a mudança de turnos (de dois turnos de 7:00h para um de 8:30), favoreceram o

aparecimento de novos casos de LER/DORT e afastamentos. Assustados com estes casos, a

diretoria de produção, a gerência do setor e a gerência de Recursos Humanos decretaram a

obrigatoriedade da participação de todos os operadores nas sessões de ginástica. A medida

desagradou a todos, especialmente, aos rapazes, provocando a falência do programa no

primeiro semestre de 2000.

Imediatamente, a LTC contratou os serviços da Fisiotrab, uma empresa que visa à prática de

exercícios físicos na empresa (ver figura 2), a educação dos funcionários e a reestruturação do

ambiente de trabalho. Esta nova metodologia e a atenção oferecida pelas profissionais da

Fisiotrab cativaram os funcionários do SPE que se apresentaram acessíveis, amáveis e muito

motivados, principalmente com a perspectiva da mudança da mobília do setor. Porém a

grande transformação observada nestas pessoas foi a consciência dos riscos oferecidos pelo

tipo da atividade que exercitavam, das más-posturas e dos longos períodos sentados diante

dos computadores.

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As sessões de ginásticas passaram a contar com 100% dos funcionários que se mostravam

sempre muito dispostos e satisfeitos. Algum dos fatores decisivos para este acontecimento foi

a simpatia e a atenção dispensadas pela fisioterapeuta durante as três sessões semanais e as

visitas periódicas ao setor. Conforme os comentários dos trabalhadores, esta profissional,

também era dona de uma beleza irresistível para alguns dos homens da área, que passaram a

participar da ginástica com a finalidade de admirá-la. É possível perceber que muitas

expectativas e carências do grupo foram atendidas e o resultado desta satisfação foi o

aumento da participação nas sessões oferecidas pelo Fisiotrab.

Em resposta a todos estes acontecimentos, as reclamações de dor e cansaço foram

desaparecendo. Embora a empresa não possua registros documentados sobre este período, em

entrevista, alguns funcionários do setor e alguns superiores revelam que as pessoas

aparentavam estar sentindo-se melhor e de melhor humor.

Contudo, três meses mais tarde, a presença das fisioterapeutas na LTC foi sendo diminuída

gradativamente, provocando ansiedade e redução da participação na ginástica laboral. A

ansiedade justificava-se pelo medo de que o grupo fosse abandonado e as reformas

mobiliárias e da carga horária não fossem realizadas. Neste período, foi decisiva a

participação do gerente do setor que chamava todo o grupo e incentivava as pessoas a

participarem das sessões, promovendo brincadeiras e momentos divertidos.

Figura 2– ginástica com orientação: o grupo do SPE da empresa realizando as atividades com a orientação da fisioterapeuta – janeiro de 2002

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Com a saída do gerente, em março de 2001, e a redução de custos na empresa, o programa de

ginástica laboral sofreu uma nova e decisiva crise: as melhoras no ambiente de trabalho foram

canceladas, a fisioterapeuta foi substituída, sua participação reduzida para 1 vez por mês e,

por fim, drástica diminuição da participação das pessoas nas sessões em cerca 70% (dos 20

funcionários apenas seis continuavam participando).

O grupo recorreu ao RH solicitando a presença mais efetiva e constante de um profissional da

saúde nas sessões de ginástica e a troca da fisioterapeuta que, segundo o grupo, parecia um

“sargentão”. Estes funcionários pediram, também, a retomada do melhoramento do

mobiliário do setor que apresentava 100% dos funcionários com dor, sendo que cinco dos 17

funcionários foram afastados para tratamento nos meses de Junho e Agosto.

No início de 2002, apenas o SPE realizava os exercícios físicos durante o trabalho, com muita

dificuldade e baixa participação (ver figura 3). Por esta razão e pela insistência de alguns

funcionários do SPE, o setor de Recursos Humanos cancelou o atendimento mensal dos

setores que não fossem diretamente participantes da produção e passou as horas destinadas a

tais áreas para os três setores de produção: SPE, DECON e CAD.

Por fim, o SPE conquistou o direito ao atendimento semanal ao seu programa de ginástica

laboral. Entretanto, muitos dos funcionários perderam o interesse na ginástica. A participação

tornou-se sazonal: as pessoas participavam apenas quando não tinham muitas tarefas a serem

realizadas e quando tinham vontade. Esta situação gerou o interesse em um estudo mais

detalhado, que é apresentado no capítulo a seguir.

Figura 3 – ginástica laboral no SPE: o grupo está realizando as atividades entre os computadores e equipamentos. No centro, uma funcionária continua trabalhando.

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64

A intenção do estudo é conhecer a ginástica laboral neste grupo e os motivos que levaram ao

fracasso desta ferramenta no SPE. Considera-se, como fracasso, o fato da ginástica laboral

não ter cativado, atraído e fidelizado os usuários. As conseqüências deste fracasso são: a falta

de motivação, de participação e, principalmente, a impossibilidade destes trabalhadores de

usufruírem dos benefícios da realização alegre e diária da ginástica laboral. Em resumo, a

ginástica laboral não atinge seus objetivos: auxiliar o trabalhador a descansar, descontrair-se,

proteger o corpo e auxiliar no processo de prevenção de LER/DORT e doenças laborais.

3.3. MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS NA PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL NO SPE

Os estudos na LTC começaram a ser realizados em maio de 2001. O foco central é o Setor de

Produção Editorial (SPE), que participa da ginástica laboral desde o início do projeto na

empresa. O setor, também, destaca-se pelas ocorrências de LER/DORT no setor e pelo tipo de

produção: totalmente realizada através de estações de produção gráfica (utilização intensiva

de computador + mouse + teclado + scanner + digitalizadora + rip panther + press match +

impressora).

No SPE, a produção realmente acontece: os operadores criam e manipulam todos os produtos

da empresa que serão publicados, sejam eles leiautes, anúncios, listas, entre outros. O setor é

constituído por 17 funcionários, que realizam suas atividades nas estações de produção

gráfica, por no mínimo, oito horas e meia por dia.

A LTC permitiu a realização da pesquisa no SPE, mas, no entanto, fez uma série de restrições

ao grupo e ao pesquisador, também integrante do grupo da empresa. Foram proibidas as

entrevistas individuais muito longas (com mais de 10 minutos), reuniões coletivas, aplicações

de muitas pesquisas ou testes, enfim, de tudo aquilo que, de alguma forma, interferisse na

produção ou provocasse qualquer desconforto para a empresa.

As exigências contribuíram para que os funcionários se sentissem inibidos em responder às

pesquisas e de colaborar com os estudos. Os levantamentos sobre hábitos pessoais e

profissionais e análises posturais mais detalhados foram prejudicados pelo medo dos

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65

trabalhadores em expor seus pontos de vistas, opiniões e que estas informações fossem

descobertas pelos superiores, em especial pelos funcionários dos Recursos Humanos. Este

estudo foi bastante calçado na observação direta e entrevistas informais que permitiram uma

análise mais detalhada sobre o trabalho realizado e a ginástica laboral no setor.

3.3.1 Análise do Trabalho no SPE, da Ginástica Laboral e das Condições Físicas dos

Funcionários do SPE

Para melhor compreender o trabalho no SPE e captar a percepção dos funcionários quanto a

eficiência da ginástica laboral, durante os treze meses de estudo, foram observados o

comportamento dos funcionários, as posturas diante das adversidades do cotidiano e seus

comentários. O que resultou da observação do pesquisador foi categorizado, nesta

dissertação, como pesquisa com a participação indireta dos trabalhadores; os resultados dos

questionários, entrevistas, depoimentos etc, foram classificados como pesquisa com a

participação direta dos trabalhadores.

Pesquisa com a Participação Direta dos Funcionários do SPE

A título de entender como os funcionários entendiam as características e as condições de seu

tarbalho no SPE, além das levantar as condições físicas dos funcionários do SPE, foram feitas

entrevistas e aplicados questionários sobre a percepção dos trabalhadores quanto ao trabalho

realizado, a ginástica laboral, desconforto/dor e hábitos de vida, conforme descrito a seguir.

a1) primeira pesquisa sobre a ginástica laboral realizada no SPE - em maio de 2001,

foi feita a primeira pesquisa, sobre o interesse dos trabalhadores em participar da

ginástica laboral oferecida pela empresa. Uma pesquisa simples, cuja principal

finalidade era estabelecer a aproximação com o grupo e obter um relacionamento

de confiança dos funcionários do setor com o pesquisador. Com base em quatro

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66

perguntas, foram questionados os tipos de exercícios que deveriam existir, ou não,

no programa e o desejo das pessoas em relação à ginástica laboral. Uma destas

questões, bastante polêmica, foi de exigência do gerente do Setor: “Você se

compromete em participar da ginástica laboral diariamente?”. De acordo com o

gerente do setor, a intenção desta pergunta, não era coagir os funcionários a

participar do programa de ginástica, mas, sim avaliar o comprometimento dos

funcionários em relação programa. O gerente mencionou que sua idéia era

conhecer as necessidades de cada um dos trabalhadores para traçar projetos de

melhoria e de motivação para o programa de ginástica laboral do grupo. No

entanto, a pergunta gerou desconfiança, pois ela não remete para esta intensão e

deixa transparecer certa “obrigatoriedade de participação”;

a2) segunda pesquisa sobre ginástica laboral - em outubro de 2001, uma nova

pesquisa foi aplicada, cujo objetivo era avaliar o desempenho da ginástica laboral

para o grupo. A pesquisa era composta por perguntas sobre a ginástica laboral, a

iniciativa da LTC em implantar esta ferramenta e o desempenho da fisioterapeuta.A

pedido dos operadores do SPE, este questionário não exigia a identificação pessoal.

Isto dificultou um pouco a tabulação dos resultados, uma vez que tornou

impossível relacionar as respostas com as pessoas. Porém contribuiu para que um

número grande de pessoas (13) sentissem a vontade para responder e entregar as

folhas de avaliação de desconforto/dor, fato que não se repetiu nas demais

pesquisas, que exigiam identificação;

b) levantamento sobre desconforto/dor - o afastamento progressivo da Fisiotrab

contribuiu para a redução da estima dos trabalhadores do SPE e da participação na

ginástica laboral. O curioso deste período, é que imediatamente após a redução das

sessões de ginástica com a fisioterapeuta, o grupo passou a queixar-se de dores pelo

corpo. Sabia-se que o grupo estava exposto a uma série de situações de risco e

sofrimento. Os funcionários que, no momento do estudo, trabalhavam oito horas e

meia diante dos computadores, estavam sem pausa e, também sem ginástica laboral.

As pessoas, claramente mostravam-se estressadas, pressionadas e com dor. Era

necessário saber em quais pontos do corpo as dores eram mais freqüentes e fortes.

Para realizar esta medição, as pessoas preencheram uma folha de papel com desenhos

do corpo humano masculino (entregue aos homens – figura 4) e do feminino

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA … · Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção ... implant the program of labor gymnastics

67

(entregue as mulheres – figura 5), sobre os quais deveriam ser marcados os pontos de

dor e feitos comentários sobre a intensidade de dor, de acordo com seguinte escala,

- dor suportável e calosidades (posteriormente quantificada como intensidade 0.5);

- dor intensa (posteriormente quantificada como intensidade 0.75);

- pontadas, sensação gélida e má circulação (posteriormente quantificada como

intensidade 1)

Nome :

RelatoSextaÚltimaHora

MãoDireita

MãoEsquerda

Nome: _________ Data: _________ Horário:_________ Comentários:

Figura 4– diagrama masculino baseado no diagrama proposto por Corlett para análise de desconforto e dor

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68

Nome :

RelatoSemanal

MãoDireita

MãoEsquerda

No SPE, as pessoas apresentaram-se interessadas pelo método e de certa forma

dependentes do mesmo, pois esta foi a única forma que eles encontraram para expor

suas dores e desconforto, sem sentirem que estavam fazendo algo errado. Enfim, os

trabalhadores encontraram uma forma de atenção aos seus problemas, sem

comprometerem-se com a empresa. Esta situação promoveu a aplicação desta técnica

de avaliação em quatro etapas,

- 1ª Semana: aplicação nas manhãs e nas tardes dos dias 30 de Julho e 03 de Agosto;

- 2ª Semana: durante toda a semana seguinte, os funcionários preencheram o

diagrama toda vez que sentiam algum tipo de dor;

- 3ª Semana: aplicação nas manhãs e nas tardes dos dias 23 e 27 de Agosto. Nesta

fase os operadores trabalharam, em média quatorze horas por dia (média de 5 horas

extras por dia);

- 4ª Semana: durante toda a semana seguinte, os funcionários preencheram o

diagrama toda vez que sentiam algum tipo de dor. Nesta fase os operadores

trabalharam, em média, quatorze horas por dia (média de 5 horas extras por dia);

Nome: _________ Data: _________ Horário:_________ Comentários:

Figura 5 – diagrama feminino baseado no diagrama proposto por Corlett para análise de desconforto e dor

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c) pesquisa geral - o fato das pessoas temerem que as respostas dadas por elas, em

qualquer documento chegassem ao conhecimento de superiores e, principalmente,

do setor de Recursos Humanos, foi o grande desafio e problema desta terceira

pesquisa: hábitos de vida, qualidade de vida no trabalho e ginástica laboral. Esta

pesquisa foi um pouco longa a pedido dos próprios funcionários, que preferiram

preencher um questionário de 40 perguntas, ao invés de preencher quatro

questionários de 10 perguntas cada. No questionário, foram abordadas questões

quanto ao trabalho realizado no SPE (conteúdo do trabalho, posto de trabalho,

organização do trabalho); quanto aos hábitos pessoais (alimentação, período de

descanso e lazer); características pessoais (peso, altura, escolaridade, entre outros),

percepção da ginástica laboral, do trabalho e da ocorrência de DORT/LER.Apenas

sete dos dezessete funcionários entregaram as respostas desta pesquisa, mesmo

sabendo que os resultados não seriam repassados para a empresa;

d) pesquisa sobre esporte - como as pesquisas anteriores não foram capazes de reunir

informações suficientes sobre o grupo e suas características, foi necessário realizar

mais uma pesquisa, enfocando ginástica laboral e hábitos esportivos. A natureza

das perguntas agradou as pessoas, o que contribuiu para que 15 dos 17 funcionários

entregassem a pesquisa, mesmo sendo identificada;

Pesquisa com a Participação Indireta dos Funcionários do SPE

a) análise do trabalho realizado no SPE

Foi feita observação direta do trabalho realizado no SPE para conhecer as condições

de trabalho e o processo de produção do setor. As atividades realizadas pelos

trabalhadores são determinantes para definir o aparecimento de estresse, monotonia,

lesões, entre outros problemas. Conhecer as características de tais atividades auxilia

na compreensão do trabalho realizado e pode auxiliar a avaliar a necessidade, ou

não, da aplicação de uma ferramenta como a ginástica laboral.

b) análise das posturas

As constantes reclamações das mesas, das cadeiras e de dores corporais indicaram a

necessidade da aplicação de um método de análise de postura dos trabalhadores em

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA … · Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção ... implant the program of labor gymnastics

70

seus postos de trabalho. O método RULA de McAtammey e Corlett (1993) favorece

uma avaliação rápida das posturas adotadas pelos trabalhadores e permite um

diagnóstico de possíveis riscos de lesões e a importância da intervenção ergonômica

como preventivo ou controle de risco. O sujeito deve ser observado durante vários

momentos do trabalho. Estes momentos podem ser documentados em forma de

fotografias ou vídeos e as posturas são identificadas (por região corporal), avaliadas

com base em um diagrama com diferentes notas para diferentes posturas. As posturas

assumidas são classificadas em níveis de ação que variam de um (baixo risco) a sete

(alto risco).

Os dezessete funcionários do SPE deram permissão para serem observados e

analisados com base em observação direta e em três filmagens realizadas para

avaliação postural pelo método RULA.

c) análise da ginástica laboral - com a finalidade de conhecer a aptidão física dos

funcionários do SPE, eles também foram observados durante as sessões de ginástica

laboral. Buscava-se conhecer e analisar a capacidade de realização das atividades

físicas sugeridas, bem como a presença dos trabalhadores nas sessões. Os exercícios

foram escolhidos baseados nos estudos de Herzer (2003) que indica a flexibilidade e a

força e resistência de grupos de músculos, como um forte indicador da presença ou

ausência de aptidão física. Sendo assim, foram escolhidos os seguintes exercícios:

- alongamento total de pernas: o indivíduo deve ser capaz de tocar os dedos dos pés

com as mãos, com os joelhos esticados. Espera-se que o indivíduo obtenha sucesso

na primeira tentativa, sem movimentos balísticos;

- alongamento total de braços: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma série de

alongamentos com os braços: tocar uma mão na outra, sendo que ambas devem

estar nas costas (uma passando por cima da cabeça e a outra passando pela cintura);

cruzar o braço na frente do peito, fazendo que o cotovelo do braço alongado chegue

muito próximo do ombro contrário; realizar 90º da mão com o braço, estando a mão

voltada para baixo ou para cima. Espera-se que o indivíduo obtenha sucesso na

primeira tentativa, sem movimentos balísticos;

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- resistência a exercícios com as pernas: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma

série de exercícios com a repetitividade mínima de 10 vezes, sem pausas, apoios ou

redução de ritmo ou amplitude;

- resistência a exercícios com os braços: o indivíduo deve ser capaz de realizar uma

série de exercícios com a repetitividade mínima de 10 vezes, sem pausas, apoios ou

redução de ritmo ou amplitude.

3.3.2 Análise Estatística dos Resultados

Para verificar se as variáveis respostas de dor apresentam diferença entre as duas fases de

levantamento com o Diagrama de Desconforto adaptado de Corlett (1995) foi utilizado o teste

estatístico “T”, para amostras pareadas, já que entre a primeira fase (1ª e 2ª semana) e

segunda fase (3ª e 4ª semana) do estudo, existe uma diferença de horas trabalhadas. Na

segunda fase, os funcionários trabalharam, em média, 14 horas/dia, enquanto na primeira fase

foi uma média de 9 horas/dia.

Com base no teste “T”, para amostras pareadas foi obtido um p-valor significativo para a

hipótese de que existe um valor de dor maior na 4ª semana do que na 2ª semana.

Teste de Hipótese de Diferenças entre o nível de dor:

a) H0: as duas fases têm médias iguais de dor;

b) H1: a fase 2 tem média superior de dor à fase 1.

Na busca de indicadores das causas das dores indicadas pelos trabalhadores, durante toda a

pesquisa foram coletados os comentários verbais dados pelos funcionários do SPE, além do

mapeamento de dores. Os dados das duas fases de pesquisa foram analisados com base na

estatística descritiva e a técnica Boostrap.

:

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72

a) estatística descritiva - os dados dos questionários nas duas fases da pesquisa foram

sumarizados em 10 tabelas, contendo percentuais ou simplesmente a contagem de

opiniões dos funcionários, para as respostas dadas às questões abertas e de múltipla

escolha, presentes nos questionários aplicados, envolvendo questões ligadas as

atividades executadas, ao posto de trabalho, à ginástica laboral e à saúde;

b) estatística Boostrap - a técnica estatística Boostrap permite a estimação pontual e

estimação por intervalo de médias, mediana e variância, entre outras. É um método de

reamostragem, formando amostras Boostrap, geradas a partir de amostragem, com

reposição, da amostra original, O número de amostras boostrap é geralmente grande,

200, 500, 1000. Neste trabalho foi utilizado o tamanho 1000,

- Vantagens:

- válido para qualquer parâmetro e, não é necessário conhecer a distribuição da

variável em questão;

- fornecer medidas precisas para as estimativas estatísticas;

- o conjunto de valores boot da estatística corresponde a uma estimativa da

verdadeira distribuição amostral da estatística em questão.

Nesta pesquisa, foi empregada esta técnica, pois os valores de confiança gerados a partir da

amostra (apenas sete pessoas entregaram a pesquisa) pelo método tradicional, resultaram em

intervalos grandes, dificultando suas interpretações. Assim, optou-se pela técnica Boostrap

que gerou intervalos menores, mais precisos. Os intervalos de confiança, com nível de 5% de

confiança (0.05), foram estimados através do método percentil.

No método tradicional, o intervalo de confiança é obtido através da média amostral ± tα;n-1

s/n1/2 (média amostral ± estatística t vezes o erro padrão). No método percentil, ordena-se as

m médias geradas a partir de Boostrap e obtém-se a seguir os valores que encontram-se nos

percentis 2.5% e 97.5%.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, são divulgados e discutidos os resultados encontrados no Setor de Produção

Editorial (SPE) durante o período de estudo. Para melhor compreender os resultados, estes

foram divididos em grupos de análise: características de grupo, posto de trabalho, tarefas e

organização do trabalho e ginástica laboral.

4.1 CARACTERÍSTICAS DO GRUPO DO SPE

Com base nas análises comportamentais e entrevistas, foi montado o quadro de características

individuais. Buscou-se rastrear informações pessoais como idade, peso, altura e hábitos

esportivos para subsidiar a análise das posturas e da qualidade de vida.

Figura 6 – características do grupo que trabalha no SPE da empresa estudada

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Figura 7 (continuação) – características do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda

Grupo SPE

Mulher (70,59%) Homem (29.41%)

Média de Idade 28.58 anos 28 anos

Tempo médio de Empresa 6,75 anos 4,8 anos

Escolaridade: 2º Técnico 33,33%

Escolaridade: Superior 58,33% 100%

Escolaridade: Pós-graduação 8,33%

Figura 8 – dados profissionais do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda

O SPE é composto, em sua grande maioria (70.59%), por mulheres jovens, com média de

idade de 28.58 anos. Estas mulheres apresentam um longo tempo de permanência no setor

(6.75 anos), executando, durante todo este período, a mesma atividade física/motora diante

dos computadores.

Os homens, tão jovens quanto as mulheres, estão no setor há menos tempo (4.8 anos). O SPE

sempre teve um predomínio maior de mulheres e, também, menor rotatividade. Enquanto os

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homens entram e saem da empresa (por vontade própria ou não) as mulheres continuam em

seus postos.

Grupo SPE

Mulher (70,59%) Homem (29.41%)

Relação Peso/Altura*: Peso acima do normal 33,33% 20%

Relação Peso/Altura*: Peso normal 50% 80%

Relação Peso/Altura*: Peso abaixo do normal 16,66%

Obesidade Andróide (tipo maçã)** 25% 20%

Afastamento por LER/DORT 50% 0%

OBS: * Dados retirados da Tabela Peso/Altura do site “Saúde e Vida on Line”

** Obesidade Andróide é o acúmulo de gordura nas áreas abdominais. Quando a cintura ultrapassa 90cm nos homens e 80cm

nas mulheres é sinal de perígo para a saúde (Nieman, 1999, p. 13).

Figura 9– dados físicos/corpóreas do grupo que trabalha no SPE da empresa estuda

Das mulheres do setor, 33,33% apresentam algum grau de obesidade, sendo que 25% destas

funcionárias apresenta obesidade andróide. O quadro se repete no lado masculina do setor,

onde 20% deles apresentam o peso acima do recomendado e com obesidade andróide.

Entretanto, o número mais expressivo é referente aos afastamentos por LER/DORT: 50% das

mulheres já apresentaram lesões graves o suficiente para que o médico do trabalho

prescrevesse afastamento de suas atividades e da empresa. Em contra partida, os homens,

mesmo sem participar das sessões de ginástica, não apresentam problemas com LER/DORT.

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76

4.2 TAREFAS E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

4.2.1 Tarefas Descritas

Por duas décadas, o setor contou com uma linha de produção totalmente artesanal. Os

anúncios eram desenhados manualmente através de canetas nanquim em papel vegetal. A

paginação era montada página-a-página, à mão. Todo o processo era efetuado por meio de 54

funcionários alojados em pranchetas e mesas de luz. Entretanto, a chegada de um novo

gerente, em 1996, muda, radicalmente, este cenário: computadores substituem as pranchetas e

as tarefas ganham novas dimensões e organização. Durante os quatro anos que se seguiram,

os computadores tornaram-se estações de produção gráfica (computadores mais equipamentos

eletrônicos acoplados), o setor foi reduzido em 63%, mas ganhou em qualidade e

produtividade (seis vezes mais).

Em 2000, o setor passa a operar em regime de ilhas de produção multifuncionais e

autogerenciáveis. Independente uma das outras, cada ilha fica responsável por uma filial e por

determinados produtos da matriz. Este sistema permitiu ao grupo trabalhar com diversas listas

simultaneamente, cumprindo rigorosamente as metas estipuladas, mesmo após a transferência

do gerente para uma das filiais em 2001.

Atualmente, o SPE é responsável pela produção dos leiautes dos anúncios dos clientes, pela

transformação do leiaute em encapsulado post script, pela paginação (diagramação) das listas

telefônicas, bem como de sua impressão, filmagem e revelação, tudo por meios eletrônicos e

computadorizados.

Nas figuras 10 a 19 que seguem, estão descritas as atividades realizadas pela equipe de

produção do SPE. São tarefas realizadas diariamente por todos os trabalhadores, sem exceção.

É possível perceber o quanto os processos são parecidos entre si e extremamente repetitivos.

Os funcionários acabam executando atividades similares durante todo o dia, por mais que

realizem uma rotação de tarefas.

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77

Figura 10 – operadores produzindo leiaute e encapsulados

Receber solicitação de leiaute Verificar dados e materiais enviados;

Lançar entrada em relatório Descriminando: tipo, vendedor e unidade;

Acessar Internet;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Escolher cidade referente ao produto;

Escolher tamanho dos leiautes;

Digitar número do contato (10 dígitos);

Digitar nome do cliente;

Digitar telefone de contrato do cliente;

Digitar código do vendedor (6 digitos);

Numerar os leiautes no

Sistema do servidor NT:

Transcrever número fornecido pelo sistema para a solicitação do vendedor (8

dígitos).

Criar no upload do computador

pessoal a pasta do leiaute

Operação manual.

Criar as ilustrações e imagens

necessárias para a produção do leiaute

As ilustrações são produzidas através do software Adobe Illustrator e imagens no

Adobe Photoshop.

Montar o leiaute O leiaute é montado no software Creator, utilizando ilustrações do Adobe Illustrator

e imagens do Adobe Photoshop.

Imprimir o leiaute Inserir tarja no momento de impressão

Enviar para conferente Os leiautes são conferidos por uma operadora treinada.

Acessar Internet;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Solicitar tipo de entrega;

Escolher material de entrega;

Confirmar;

Abrir script 1;

Prod

ução

de

Lei

aute

Con

form

e Fi

gura

8 (2

6.00

0 un

idad

es/a

no –

mat

riz)

Tem

po d

e Pr

oces

sam

ento

s: 1

5min

a 8

:00h

por

leia

ute

Entregar produção

Confirmar;

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78

Abrir script 2.

Figura 11– atividades realizadas para produção de leiautes

Figura 12 – preparação de anúncios para produção

Os anúncios chegam ao SPE através de lotes;

As informações da capa de lote devem ser comparadas às informações dos anúncios;

Conferir assinaturas dos clientes;

Separar anúncios das capas de lote;

Separar anúncios por operador;

Receber Material

Separar anúncios por tipo (informação e espaço).

Entrar no programa;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Digitar informaçõoes (lista, edição, data, leiaute, anúncio);

Imprimir capas de lote;

Buscar capas no andar inferior;

Montar Lotes

Montar lotes em sacos plásticos (anúncios e capa de lote).

Entrar no programa;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Digitar informaçõoes (lista, edição, data, leiaute, anúncio);

Prep

araç

ão d

e A

núnc

ios p

ara

Prod

ução

Con

form

e Fi

gura

9

(30.

000

unid

ades

/ano

- M

atri

z)

Transferência de Lotes

(transferência de sistemas)

Efetuar transferência.

Figura 13 - preparação de anúncios para produção

Entrar no programa; Digitar senhas; Entrar no menu; Digitar informações (anúncio, cidade, tipo, operador; links) Muda menu; Abrir Script 1;

Recebimento de Lote pelo Operador

Solicitar transferência de material. Retocar imagens (ilustrações e fotos); Refazer links; Salvar;

Encapsular os Anúncios

Exportar arquivo em GiFF e EPS. Gerar arquivos de impressão, através do EPS; Instalar fontes na impressora; Ativar software de impressão;

Impressão

Conferir os EPS com base no leiaute. Entrar no programa; Digitar senhas;

Prod

ução

de

EPS

-Enc

apsu

lado

s pos

t scr

ipt C

onfo

rme

Figu

ra

8

(1

2.00

0 un

idad

es/a

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Mat

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Tem

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Pro

cess

amen

to: 1

5 m

in a

2:0

0h c

ada

Anú

ncio

Entregar Trabalho

Entrar no menu;

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79

Escolher material a entregar; Abrir Script 2;

Abrir Script 3.

Figura 14 – produção eps

Entrar no programa;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Digitar informações (lista, edição, data, anúncio);

Entregar Trabalho Sistema SPE

Confirmar produção.

Entregar Trabalho - Sistema LTC Repetir processo “Entregar Trabalho - Sistema SPE”, em outra máquina e

software;

Enc

erra

r Pr

oduç

ão d

e E

PS T

empo

de P

roce

ssam

ento

:

30m

in. p

ara

cada

10

anún

cios

Arquivar Os anúncios devem ser arquivados em ordem numérica até a paginação.

Figura 15 - encerrar produção de eps

Anúncios Os anúncios devem ser separados em assinantes e classificada e ordenados por roteiro. Entrar no programa;

Digitar senhas;

Entrar no menu;

Digitar nome do arquivo;

Transmissão de Texto

Efetuar transferência.

Criar livros da lista através do software de paginação Livros

Importar arquivos de: EPSs, Calhaus, Fontes e parâmetros.

Diagramar prévia das páginas, tantas vezes quantas necessárias; Conferir; Prévia

Efetuar alterações necessárias.

Diagramar páginas oficialmente;

Conferir;

Pagi

naçã

o

Tem

po d

e Pr

oces

sam

ento

: 5 a

25

dias

por

list

a

Paginação Realizar alterações necessárias.

Figura 16 – paginação

Seleção Selecionar os arquivos finalizados. Instalar Fontes na imagesseter;

Colocar arquivos nos diretórios de entrada; Filmar

Controlar metragem.

Paralisar imagesseter/cortar filme; Revelação

Retirar Casseta da imagesseter.

Acoplar cassete à processadora (preparada com revelador e fixador / ácido sulfúrico e nitrato de prata);

Inserir filme no canal de entrada; Prévia

Enrolar filme (até 20 metros).

Refilar Páginas (até 160 cortes);

Tir

ar F

ilme

Tem

po d

e Pr

oces

sam

ento

: 1:0

0h/c

asse

te

Paginação Conferir.

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80

Figura 17 – filmagem e revelação

Preparação Ligar Imagesseter e processadora. Esperar esquentar químicos.

Abrir programa;

Setar preferências;

Imprimir filme de teste; Teste

Revelar e refilar filme.

Passar filme pelo densitômetro;

Realizar setagens;

Cal

ibra

ção

Imag

esse

ter

Tem

po d

e Pr

oces

sam

ento

:

1:00

h/di

a

Calibração

Confirmar e Salvar.

Figura 18 – calibração imagesetter

Esgotar os 3 tanques da máquina (água, revelador e fixador); Preparação

Retirar e desmontar os 3 cassetes.

Lavar as cubas da máquina;

Lavar as peças dos cassetes; Lavagem

Montar cassetes.

Enchimento da cuba de água;

Lim

peza

da

Proc

essa

dora

Tem

po d

e Pr

oces

sam

ento

:

4:00

h/di

a

Finalização Preparação de 40 litros de fixador e 40 litros de revelador.

OBS: Até 2001 este processo era realizado na sala fechada e sem nenhum equipamento de segurança. Fabricante recomendou máscaras e

luvas para trabalho com material altamente corrosivo e ácido.

Figura 19 – limpeza da processadora

4.2.2 Carga Horária

Até 1996, quando os funcionários trabalhavam em pranchetas, a carga horária era de

8h30min/dia. Após esta data, quando as pranchetas foram substituídas pelos computadores, o

grupo foi dividido em dois turnos de 7:00h. Porém, no início de 2000, um dos turnos foi

excluído e os trabalhadores que restaram passaram a trabalhar 8h30min.

O retorno para uma carga horária de 8h30min/dia não agradou ao grupo, que reclamava de

muito esforço, cansaço e impossibilidade de executar suas tarefas pessoais. Entretanto, a

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81

empresa compreendeu que o setor precisava cumprir os mesmos horários dos demais setores

para garantir maior uniformidade na organização do trabalho e melhor atendimento a

vendedores e cliente. Desta forma, a jornada de trabalho no SPE é da 8h às 12h e das

13h30min às 18h.

Em setembro de 2001, é empregada a política de pausas de 10min. a cada 50min. trabalhados,

proposta na NR 17. Entretanto, devido à pressão, controle e medo de represálias, os

funcionários jamais cumpriram estes intervalos.

4.2.3 Organização de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE

As reclamações diárias quanto a alguns aspectos das tarefas realizadas no SPE e,

principalmente, em relação à organização do trabalho na LTC, indicam pontos importantes na

degradação da qualidade de vida dos trabalhadores, bem como do bem-estar físico e mental

destes indivíduos. Muitas destas insatisfações ocorrem por questões como repetitividade e

monotonia derivadas das tarefas realizadas e pela tensão rotineira pela qual as pessoas vem

passando (Tabela 1 e Figura 20).

Em dias, aparentemente, normais, os trabalhadores apresentam-se calmos, promovendo

diálogos tranqüilos e até mesmo descontraídos. Mesmo assim, as reclamações são constantes

sobre:

a) carga horária diária;

b) a quantidade de retrabalho a ser realizado (depoimento de 100% dos trabalhadores);

c) atrasos dos fornecedores internos e externos (94% dos trabalhadores);

d) limitação da criatividade por superiores e clientes internos e externos (88% dos

trabalhadores);

e) a “chatice” (monotonia) da repetitividade de processos e da falta de variedade de

trabalho;

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82

f) falta de informação ou informações sem clareza sobre as tarefas a serem realizadas

gerando erros e retrabalho;

g) a qualidade e desempenho dos softwares fornecidos pela holding (94% dos

trabalhadores).

Entretanto, estes momentos mais calmos estão sendo poucos. Normalmente os trabalhadores

ficam agitados, ansiosos e tensos, descontando uns nos outros seus medos e nervosismos,

gerando discussões, brigas, situações desagradáveis e mais estresse.

As causas de tantos problemas foram apontadas, pelos próprios trabalhadores, durante

algumas reuniões. Para eles, o perfil da organização do trabalho e da política administrativa

da empresa, contribuem para que as pessoas permaneçam em um constante estado de tensão,

alerta e desconfiança. De um modo geral, a empresa valoriza resultados e prazos e para

conquistar suas metas, submete os funcionários a uma série de transtornos físicos, mentais e

emocionais e, por fim, não reconhece nenhum esforço.

Quanto mais confusos, irritados e doloridos os trabalhadores estão, maior a tensão no

ambiente e maiores são as reclamações e a insatisfação expostas:

a) carga horária diária, a falta de intervalos e a exigência de intermináveis horas extras;

b) falta de comprometimento e ajuda dos integrantes do grupo;

c) falta de confiança nos indivíduos e nas chefias;

d) falta de organização e integração da empresa;

e) desrespeito dos demais profissionais da empresa pelos profissionais do SPE;

f) falta de reconhecimento pelos esforços;

g) ritmo estafante em posto;

h) pressão em produzir mais em menos tempo;

i) repetitividade: sempre as mesmas tarefas/executadas da mesma maneira/sem a

possibilidade de utilizar a criatividade;

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83

j) dores pelo corpo;

k) diantes dos computadores.

4.2.4 Conteúdo do Trabalho

Os trabalhadores foram questionados sobre as características de suas tarefas diárias, de um

modo bem simples (respondendo a pergunta: como é seu trabalho?) para que eles tivessem a

liberdade de relatar exatamente o que sentiam a respeito do que faziam e, desta forma,

transcrevendo as sensações do dia-a-dia.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

Cansativas Causadoras de Cansaço FísicoCausadoras de Cansaço Visual Causadoeas de Fadiga MentalChatas Restringe a CriatividadeDesconfortantes DesmotivantesEstafantes EstressantesExcessivamente Parametrizadas Desrespeitadas pelos demais Setores da EmpresaFalta Interesse dos Companheiros Não trazem ReconhecimentoForçam Permanecer Sentado durante o Dia. Deveria ser mais LivreMonotonas Não Agrega novos ConhecimentosPaginação Provoca muito mais Tensão RepetitivasPrazeirosas Resultam em grande PressãoProvocam Dores Repetição de ComandosRotineiras Salários Baixos

Tarefas: Tarefas:

Figura 20 - gráfico de características do trabalho

OBS: Escala Usada: Escala de Importância – O primeiro item indicado pelo operador na entrevista recebeu pontuação 1, o

segundo 0.75, o terceiro 0.5 e o quarto 0.25 – A pontuação de cada item foi somada estabelecendo um ranking.

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84

A Figura 20 mostra o resultado do questionário. Observa-se que a monotonia é um dos

maiores problemas enfrentados pelo grupo. Sensação derivada de um trabalho repetitivo de

alta duração (8:30h mínimas), com tarefas de observação, pobres em estímulos, tão

necessários para o processo de criação. O problema da monotonia é alimentado ainda, por

aspectos psicológicos, segundo Grandjean (1998, p. 152): condições pessoais (cansaço,

existência de dores), saturação (tarefas cansativas, desrespeito, estresse), insatisfação (falta de

reconhecimento, falta de interesse).

A monotonia é responsável pelo aumento da sensação de rotina, e “chatice” nas tarefas

diárias, itens classificados pelo grupo, que diminuem a capacidade criativa das pessoas, pois

estão vivendo situações pouco estimulantes.

Tabela 1 - características do trabalho

Demanda Intervalo de Confiança (mm)

Resultado

Satisfação Com o Trabalho (Sem Satisfação/Muito Satisfeito) (85,70 ; 104,85) Levemente Satisfatório

Repetição (Sem Repetitividade/Muito Repetitivo) (72,57 ; 127,57) Repetitivo

Monotonia (Sem Monotonia/Muito Monótono) (53,13 ; 94,71) Intervalo Largo

Diversidade de opiniões Estresse

(Sem Estresse/Muito Estresse) (62,00 ; 109,73) Intervalo Largo Tendência: Estressante

Prazer (Resignação/Muito Prazer) (51,56 ; 92,16) Intervalo Largo

Diversidade de opiniões Segurança no que Faz

(Insegurança/Confiança) (113,41 ; 130,43) Confiança

Opção do Trabalho (Necessidade/Opção e Amor) (63,13 ; 99, 85) Intervalo Largo

Diversidade de opiniões Volume de Tarefa Diária

(Vol. Inferior a Capacidade/Vol. Superior a Capacidade) (43,85 ; 92,00) Intervalo Largo Diversidade de opiniões

Reconhecimento (Trabalho Ignorado/Trabalho devidamente Reconhecido) (41.99 ; 78,57) Levemente Ignorado

Necessidade de Reconhecimento (Sem necessidade/Muita necessidade) (108,28 ; 132,72) Muita Necessidade de

Reconhecimento

OBS: Os resultados da escala continua foram transcritos em um intervalo de confiança, por meio deste intervalo é possível

interpretar a percepção dos funcionários quanto as características do trabalho.

Na análise dos dados obtidos nesta pesquisa, pode-se perceber certas necessidades do grupo,

bem como a divergência de opinião em alguns fatores relacionados ao trabalho como:

monotonia, prazer, opção do trabalho e volume de tarefa diária.

Esta questão pode ser explicada pelo fato de muitos questionários não terem sido devolvidos

ou terem sido devolvidos com solicitação de não divulgar os resultados, com medo de

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represália, conforme já mencionado no capítulo de método. Por esta razão, posteriormente foi

feita uma entrevista individual para reavaliar os resultados dos questionários.

Paradoxalmente, os resultados da entrevista, conforme a Figura 20, indicam que os

trabalhadores consideram que o SPE é composto por tarefas monótonas repetitivas, com puçá

liberdade de criação, rotineiras, cansativas, não reconhecidas e valorizadas e que causam dor.

Somente através da entrevista (figura 20) é possível observar que a monotonia é um dos

maiores problemas enfrentados pelo grupo. Sensação derivada de um trabalho repetitivo de

alta duração (8:30h mínimas), com tarefas de observação, pobres em estímulos, tão

necessários para o processo de criação. O problema da monotonia é alimentado ainda, por

aspectos psicológicos, segundo Grandjean (1998, p. 152): condições pessoais (cansaço,

existência de dores), saturação (tarefas cansativas, desrespeito, estresse), insatisfação (falta de

reconhecimento, falta de interesse).

Muitas das características negativas do trabalho expostas pelo SPE são produtos de uma

organização do trabalho ruim, orientada para a produtividade, sem considerar o indivíduo no

processo. Segundo Dutra et al. (1997, p. 264) em uma organização focada em produção,

como ocorre na LTC, as variabilidades rotineiras são desconsideradas e os objetivos são

alcançados, apenas, pelas estratégias e esforços dos trabalhadores à margem da organização,

que muitas vezes representam a saúde física e mental dos funcionários. Os trabalhadores

apresentam-se cansados, estressados, desmotivados, sofrendo com a monotonia, a

repetitividade, a falta de estímulos e de reconhecimento pelo esforço realizado, sempre

entregando o produto com a qualidade esperada e nos prazos estipulados. Desta forma, as

pessoas passam a apresentar menor disposição para enfrentar os desafios do dia-a-dia, lutar

contra as dores e lesões, além de apresentar menores condições físicas, metais e emocionais.

As conseqüências para os trabalhadores são dor e estresse e para a empresa é a dificuldade

das pessoas em manterem o coeficiente de produção e a qualidade do produto.

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4.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO

4.3.1 Ambiente de Trabalho – SPE

a) localização e dimensões - O SPE está instalado em uma sala de 107m2, em forma de

“L”, no terceiro e último andar do prédio da empresa. Para alcançar o setor, o

trabalhador necessita subir oito lances de escada, pois o local não conta com

elevadores;

b) ruído - o leiaute do setor SPE concentra 90% das máquinas e pessoas no quadrante

sudoeste da sala. Nesta área, o ruído é intenso e constante, enquanto no restante da

sala, sem equipamentos e com apenas dois funcionários é silencioso e tranqüilo. Para

conhecer os níveis de ruído no setor, em Janeiro de 2001, o médico do trabalho

conveniado a LTC, a pedido do SPE, realizou medições de ruído no setor. O médico

acompanhado pela técnica responsável percorreu a sala, medindo o nível de ruído em

vários pontos (pontos mais ruidosos e mais silenciosos). O resultado foi 65db(A) em

média, sem divulgar a pontuação de cada um dos postos de trabalho. Desta maneira, o

médico considerou a sala confortável do ponto de vista sonoro, privilegiando um

conforto auditivo que não existe. O médico do trabalho e a empresa desconsideraram

a reclamação das pessoas localizadas ao lado dos aparelhos de ar-condicionado e das

impressoras. Procurando conhecer a sensação sonora sentida pelos trabalhadores, foi

aplicada uma pesquisa baseada na escala contínua de 14cm. O intervalo de confiança

obtido pelo método Boostrap no item satisfação sonora foi de 63.00 a 121.57 mm,

indicando desconforto sonoro. Este intervalo relativamente grande, que engloba o

neutro e, o muito ruidoso, é explicado por 17% dos operadores não estarem no

quadrante considerado mais ruidoso e por 23% dos trabalhadores permanecerem com

fones de ouvido (ouvindo música).

Tabela 2 – percepção de ruído pelo SPE

Pouco Ruído Ruído neutro Muito Ruído

28.5% 14.3% 57.2%

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Para 57,2% dos funcionários (conforme tabela 2 e figura 35) o ambiente é muito

ruidoso, o que causa uma perturbação muito forte. Durante as entrevistas, no entanto,

82,3% dos trabalhadores afirmaram ter a concentração prejudicada devido ao ruído

existente na sala. Este resultado corrobora as pesquisas realizadas por Grandjean

(1998, p. 272), que indicam que 35% das pessoas estudadas se diziam fortemente

perturbadas pelo ruído e 69% diziam ter sua concentração perturbada em várias

situações de trabalho. Semelhantes ao SPE, ambientes muito ruidosos são

responsáveis por um forte incomodo, por lesões auditivas, pela alteração do estado de

vigília do indivíduo, aumentando a necessidade de atenção (GRANDJEAN, 1998, p.

263) e, conseqüentemente, gerando aumento da tensão. Esta situação pode contribuir

para o aparecimento do estresse, da tensão muscular e, como no caso do SPE, da perda

de concentração e capacidade criativa;

c) iluminação - A iluminação da sala é totalmente artificial, mesmo tendo três das

quatro paredes compostas por janelas. Isto ocorre, pois as janelas estão cobertas por

películas azuladas de 70% e 100% de densidade, impedindo a entrada de luz natural e

o contato das pessoas com o ambiente externo. As películas de 70% são aplicações

novas e especiais para o trabalho com computadores, enquanto as películas de 100%

são sobras de uma antiga sala de revelação desativada. Desta forma, a iluminação é

realizada através de 51 lâmpadas fluorescentes, agrupadas de três em três, a três

metros de altura. Na tabela 2, observa-se o resultado da avaliação de satisfação

realizada com os funcionários do SPE, em relação à iluminação da sala. O intervalo de

confiança obtido pelo método Boostrap é de 67.71 a 73.57 mm, um intervalo que

engloba o ponto neutro, apresentando uma leve tendência ao pouco iluminado,

indicando certo desconforto causado pela iluminação.

Tabela 3 – percepção de iluminação pelo SPE

Pouco Iluminado Iluminação Neutra Iluminação Exagerada

0% 100% 0%

OBS: Apenas 1 funcionário reclama da falta de luz natural no setor.

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Figura 21 – iluminação SPE

d) ventilação e temperatura -

TABELA 4– SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO DO SPE

Sistema de Refrigeração SPE Aparelho: Central Sensor Ar-condicionado

Unidades: 1 2 11

Localização: Parede sudoeste Laje parede sul: 6 uni parede leste: 4 uni parede oeste: 1 uni

O SPE possui um sistema de refrigeração que controla a ventilação e temperatura da

sala, que não deve passar de 21ºC, para preservar os equipamentos e garantir a agilidade

da produção. Entretanto, a disposição dos equipamentos e sensores tornam o sistema

ineficaz e desconfortável. O acúmulo de aparelhos de ar-condicionado nas paredes leste

e sul sobrecarregam o quadrante sudoeste do setor que, permanentemente, fica super-

resfriado e hiper-ventilado, enquanto o lado oposto sofre com o calor radiado pelos

computadores e pela laje. A posição dos sensores é um outro fator de desconforto para o

grupo. Colados na laje, os sensores registram o calor do concreto durante o dia todo e

não da sala, que muitas vezes está inferior à temperatura estipulada. A agravante é que a

laje não possui tratamento térmico e está em contato direto com o sol e o calor. Na

avaliação de satisfação com a Temperatura, o intervalo de confiança obtido pelo

método Boostrap é de 20.70 a 60.85 mm. Este intervalo localiza-se na seção Muito

Frio, indicando desconforto causado pelo frio.

Luminária com 3 lâmpadas

fluorescentes

Detalhamento da laje / barreira para a iluminação.

PelículaAzulada

70%

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Tabela 5 – percepção de temperatura pelo SPE

Muito frio Agradável Muito quente

57.2% 42.8% 0%

Na avaliação de satisfação com a Ventilação o intervalo de confiança obtido pelo

método Boostrap é de 55.42 a 106.28 mm. Este intervalo é muito grande, revelando

diferenças de opinião. Em entrevista, 57.2% dos funcionários revelaram que a hiper-

ventilação é considerada como o forte vento (muitas vezes gelado) que saem dos

aparelhos, mas que o ar é viciado e apresenta um odor ruim (azedo). Os demais

funcionários, como está representado no quadro abaixo, consideram a ventilação

adequada.

Tabela 6 – percepção de ventilação pelo SPE

Pouco Ventilado Neutro Hiperventilado

0% 42.8% 57.2%

Figura 22 – sistema refrigeração SPE

Central de refrigeração

Sensor de Temperatura Aparelhos de

ar-condicionado

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Nas tabelas 5 e 6, observa-se que 57,2% dos trabalhadores consideram o ambiente frio e

hiper-ventilado. Estes trabalhadores são mulheres jovens, pequenas e algumas delas

(16.66%) muito magras. Grandjean (1998) explica esta questão de perda acelerada de

calor por pessoas com menor massa corporal e do sexo feminino. Contudo, o problema

para estas funcionárias não restringe-se apenas ao desconforto térmico, mas também as

cólicas muito fortes e constantes, além da manutenção de um ambiente propício ao

desenvolvimento de algumas lesões, como a tenossinovite, fato confirmado por Moraes

(2000, p. 81).

Para um ambiente ser considerado confortável, a temperatura média deve estar em

torno de 24ºC (SANDERS; MCCORMICK, citado por MORAES, 2000, p. 81).

Entretanto, as temperaturas registradas na sala do SPE variam de 18ºC a 21ºC no verão,

com a influência de aparelhos de ar-condicionado e ficam em torno de 10ºC no inverno.

A sensação de desconforto térmico no setor é agravada pela velocidade do ar, que no

SPE chega a 12m/s, quando a velocidade recomenda é de 0,5m/s (PIRES et al, 2001,

p.197). No caso de 57,2% dos funcionários (Tabela 6), que se sentam diante dos

aparelhos de ar-condicionados, o sofrimento, com o frio é muito maior;

c) qualidade do ar - Os funcionários reclamam constantemente do mau cheiro da sala,

principalmente ao final do dia. Este fator, explica-se devido a dois fatores,

- portas e janelas da sala, permanecem fechadas durante o dia todo, dificultando a

renovação do ar;

- presença da processadora de filmes na sala. A máquina opera com revelador e

fixador (ácido sulfúrico e nitrato de prata) aquecidos. Os produtos químicos, desta

forma, evaporam e tomam conta do ambiente. Os funcionários apresentam irritação

nas mucosas, dores de cabeça, crises respiratórias e diarréia, devido à contaminação

do ar pelos químicos.

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4.3.2 Posto de Trabalho

a) mobiliário:

- armários

1.20

ME

TR

O

80 C

M

Descrição: Armário para materiais e produtos.Quantidade: 6 unidades

Descrição: Armário para objetos pessoais.Quantidade: 1 unidades

Figura 23 – mobiliário do SPE: armários

Cada uma das ilhas possui um armário para material, com a finalidade de organizar e

proteger seus trabalhos. As outras duas unidades são destinadas ao armazenamento

dos suprimentos de informática, matéria-prima e backup. Para armazenar os objetos

pessoais, a LTC fornece uma gaveta com chave para cada um dos funcionários;

- cadeiras:

Cadeira “Ergonômica”

Cadeira do “chefe”

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Regulagem: assento, encosto e braços.

Utilização: funcionários delgados e baixos (60%).

Motivo: Similaridade de dimensões entre cadeira e

funcionários – escolha pessoal dos funcionários.

Adaptações extras: A metade das cadeiras utilizadas

tiveram seus braços retirados.

Motivo: Aproximação das cadeiras às mesas.

Regulagem: assento.

Utilização: funcionários maiores (40%).

Motivo: Dimensões maiores de assento e encosto –

escolha pessoal dos funcionários.

Adaptações extras: Uma cadeira teve seus braços

retirados.

Motivo: Aproximação da cadeira à mesa.

Figura 24 – mobiliário do SPE: cadeiras

- mesa pessoal de suporte à produção

Descrição: Mesa em “L”, arestas

arredondados, espaço para computador e,

impressora e documentos.

Utilização: Funcionários de suporte de

produção.

Quantidade: 2 Unidades

Figura 25 – mobiliário: mesa de suporte à produção

- mesas de produção gráfica

Figura 26 - mobiliária SPE: mesas de produção gráfica

Sala com as duas mesas coletivas. Ao fundo as janelas coma película e os aparelhos de ar-condicionado.

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Mesa Maior 11 pessoas Capacidade

Mesa Menor 8 pessoas

Mesa Maior 11 pessoas Distribuição atual

Mesa Menor 4 pessoas / 2 servidores / 2 computadores de suporte / 2 impressoras

Altura 850mm

Cor Bege Características

Físicas Acabamento Apresentação de “cantos vivos” e degraus na área de transporte do mouse.

Figura 27 – características das mesas de produção

Como a altura da mesa não atende

a todos os funcionários, os mais

altos utilizam caixas, livros e

outros materiais na tentativa de

elevar o monitor até a altura

adequada.

FIGURA 29– APOIO DE COMPUTADOR

Suporte improvisado para elevar o Computador

Figura 28 – vista das mesas de produção No primeiro plano está a mesa menor e no segundo plano a mesa maior.

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- apoio de pé

Apoio de pé

Plataforma móvel de 500mm x 400mm.

Altura com 3 estágios: 50mm, 100mm e 150mm.

Superfície anti-derrapante.

Quantidade: 19 unidades

Figura 31– apoio de pé

b) ferramentas de trabalho:

- documentos

Figura 30 – detalhes de acabamento

Após algumas horas com punhos e

braços sobre os “cantos vivos” das

mesas, os funcionários apresentam

vermelhidão e ferimentos nestas

regiões.

Os degraus no acabamento da mesa

dificultam o trabalho com o mouse.

Falha de acabamento“Cantos Vivos”

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Descrição: Leiautes vendidos e

convertidos em anúncios.

Quantidade: 30.000 unidades/ano

Figura 32 – documentos

- estação de produção gráfica

Computadores Descrição: CPU e monitor acoplados. Equipamento leve e de fácil

transporte.

Deficiência: Não é possível regular a altura da tela. Algumas

pessoas elevam o equipamento usando livros e caixas sob os

computadores.

Quantidade: 21 unidades.

Mouse

Descrição: Leitor a laser, conexão no teclado, calota inteiriça e

transparente.

Observação: Fundamental nas atividades realizadas pelo SPE. É

utilizado como um lápis ou caneta na confecção dos desenhos.

Quantidade: 21 unidades.

Teclado Descrição: Base transparente e teclas pretas. Duas regulagens de

altura.

Idioma: Inglês

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Quantidade: 21 unidades.

Scanner

Descrição: Scanner de mesa.

Observação: Utiliza-se o scanner para alimentar as máquinas com

informações dos clientes.

Quantidade: 4 unidades.

Câmera Digital

Descrição: Máquina fotográfica digital. Capacidade para 24 fotos.

Alimentação por baterial

Quantidade: 2 unidades

Figura 33 – estações de produção gráfica

Os equipamentos/ferramentas de trabalho são de alta qualidade, o que falta realmente é a

adequação dos móveis em relação aos trabalhadores. Faltam, também os equipamentos de

proteção individual (EPI) na sala de revelação de filmes.

A única ressalva em relação aos equipamentos/ferramentas de trabalho são os documentos

manuseados pelos funcionários. A grande quantidade de papel trabalhado todos os dias, cerca

de 30.000 unidades por ano, exigindo constante foliação, transporte e busca (muitos

movimentos repetitivos) provocam muitas dores, principalmente nas costas e ombros.

4.3.3 Funcionalidade e Adequação dos Móveis

Os móveis são inadequados e desconfortáveis. As mesas apresentam cantos vivos (que ferem

os pulsos), relevos na superfície (que exigem maior esforço no manuseio do mouse). As

cadeiras apresentam braços que impedem a aproximação das pessoas junto às mesas,

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97

comprometendo a postura e o estado de bem-estar. A altura incompatível entre mesas e

cadeiras impossibilita a adequação das mesmas ao corpo. As pessoas fazem ajustes em

cadeiras, mesas e computadores, buscando maior conforto. Contudo, nestes ajustes os

trabalhadores acabam desfavorecendo a postura de braços, pernas ou tronco.

Figura 34– funcionalidade e adequação dos móveis

4.3.4 Ambiente e Posto de Trabalho na Visão dos Funcionários do SPE

TABELA 7 – AMBIENTE E POSTO DE TRABALHO NA VISÃO DOS FUNCIONÁRIOS DO SPE

Demanda Intervalo de Confiança (mm) Resultado

Conforto apresentado pelo Posto de Trabalho

(Sem Satisfação / Muito Satisfatório) (81.57 ; 97.57) Satisfatório

Funcionalidade do Posto de trabalho

(Sem Funcionalidade / Muito Funcional) (27.57 ; 85.71) Sem Funcionalidade

Adequação dos móveis ao Corpo

(Sem Adequação / Muito Adequado) (12.99 ; 49.86) Totalmente Inadequado

Tratamento Térmico do Ambiente

(Muito Frio / Muito Quente) (20.70 ; 60.85) Muito Frio

Ventilação do Ambiente

(Muito Vento / Sem Circulação de Ar) (55.42 ; 106.28) * Indeterminado

Qualidade Sonora do Ambiente

(Sem Ruído / Muito Ruidoso) (63.00 ; 121.57) * Ruidoso

Suporte improvisado para elevar o Computador

Falha de acabamento

“Cantos Vivos”

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Iluminação do Ambiente

(Pouco Iluminado / Muito Iluminado) (67.71 ; 73.57) Neutro

OBS: A coleta de dados foi realizada por meio da escala continua e a análise dos resultados foi realizada com o auxílio do universitário Carlos Dantas, utilizando a técnica Bootstrap.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Desconforto Não-Funcional

Inadequado Calor Frio Não-Ventilado

Ruidoso Fédido

Figura 35 – análise ambiente de trabalho (entrevista)

OBS: Escala Usada: Escala de Importância – O primeiro item indicado pelo operador na entrevista recebeu pontuação 1, o segundo 0.75, o terceiro 0.5 e o quarto 0.25 – A pontuação de cada item foi somada

estabelecendo um ranking.

A tabela 7 mostra os resultados do questionário quanto o ambiente e posto de trabalho no

SPE. Os resultados indicam que os funcionários do SPE consideram seu posto de trabalho

confortável apesar dos móveis serem inadequados e não funcionais.

No entanto, conforme já mencionado no capítulo de método, como muitos questionários não

foram devolvidos ou foram devolvidos com solicitação de não divulgar os resultados, com

medo represália, posteriormente foi feita uma entrevista individual para reavaliar os

resultados dos questionários.

Paradoxalmente, os resultados da entrevista, conforme a Figura 35, indicam que os

trabalhadores consideram que o SPE é composto por postos de trabalho inadequados,

desconfortáveis e muito quentes.

A diferença entre os resultados da pesquisa (Tabela 7) e da entrevista (Figura 35), pode ser

explicado pelo fato dos funcionários sentirem-se mais a vontade para responder as perguntas

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99

durante as entrevistas. O fato de ter que deixar registros do que pensam, sempre assustou e

inibiu os trabalhadores que algumas vezes deixaram de entregar as pesquisas e em outras

ocasiões não responderam as questões com sinceridade.

4.4 ANÁLISE DO POSTO DE TRABALHO POR MEIO DA ANÁLISE POSTURAL

O resultado obtido pelo método RULA de avaliação postural foi preocupante. Dos dezessete

postos analisados, quinze (88%) apresentaram escore sete e dois (12%) apresentaram escore

seis.

Segundo Corlett (2000, p. 4.1-18), os escores cinco ou seis indicam que a postura assumida

apresenta riscos de DORT, que o operador executa movimentos repetitivos e/ou atividade

muscular estática. Neste estágio, existe a necessidade de investigações e alterações no

ambiente de trabalho, em curto prazo. O escore sete, por sua vez, indica que a postura de

trabalho é inadequada, com movimentos onde a repetitividade e a força são necessários”,

exigindo investigações e alterações imediatas no setor.

Na prática, percebe-se que os operadores do SPE passam 8:30h executando centenas de vezes

as mesmas tarefas e movimentos, assumindo posturas inadequadas, com torções de coluna,

desnivelamento de ombros, apoio da cabeça em uma das mãos, inclinação do corpo para

frente, apoio do corpo na bacia, entre outros. Estas posturas trazem um falso conforto

temporário, contraturas, torções e facilitam o desenvolvimento de lesões.

O problema das posturas inadequadas é agravado pelo fato destes operadores realizarem

trabalho estático. Neste tipo de trabalho, segundo Grandjean (1998, p. 18), os músculos

permanecem inativos por períodos muito longos, sem serem alongados, sofrendo com altos

índices de tensão e de força. “Os vasos sangüíneos são pressionados pela pressão interna

contra o tecido muscular” (GRANDJEAN, 1998, p. 19), o sangue para de fluir com

naturalidade, deixando de recolher as impurezas e de fornecer os nutrientes necessários aos

músculos para manterem-se sadios. A conseqüência para o corpo são dores e lesões.

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100

Os resultados obtidos pelo método RULA de avaliação postural, são claros quanto a

necessidade de intervenção ergonômica no ambiente, na organização do trabalho e na

educação postural, física e de hábitos de vida dos trabalhadores.

No caso do SPE, a avaliação do posto de trabalho dos 17 funcionários, mostrou que 16 (94%)

estão na faixa sete do RULA (o que exige investigação e mudança imediatas); 6 (35%) dos

funcionários (os mais altos) apresentam problemas de postura na região lombar (todos eles

"deitam-se” na cadeira) e acomodação dos braços (quase esticados para frente); 58%

(funcionários mais baixos) tem problemas com acomodação de braços e ombro

(constantemente elevado). Os dois grupos têm problemas de apoio de perna, seja pela grande

altura da cadeira (para funcionários mais baixos) ou pela reduzida altura das cadeiras para os

mais altos; 23.6% estavam sentados sobre as pernas. 11.8% estavam com as pernas cruzadas.

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101

4.5 ANÁLISE DA PROGRESSÃO DA DOR DURANTE A PESQUISA

a) primeira semana:

Figura 36 – incidência de dor por caso (primeira semana)

A semana é iniciada com alguns trabalhadores com dores, principalmente em membro

superior, situação que é agravada com o passar do dia. Os ombros, especialmente o

direito, sentem a longa jornada, sem pausas, como também a cabeça, os olhos e as

pernas. No final da semana, 41.18% dos funcionários queixam-se de dores,

principalmente em membro superior.

Gra

u d

e D

or

Casos

4

3.5

3

2.5

2

1.5

1

0.5

0

Fadi

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enta

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ir.

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ir.

Ded

os M

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sq.

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a D

ir.

Cox

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sq.

Joel

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Joel

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sq.

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Dir.

Pan

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ronq

uite

Pontuação de Dor por Caso: Comparativo da Primeira Semana

30.07.01 Manhã

30.07.01 Tarde

03.08.01 Manhã

03.08.01 Tarde

Figura 37 – pontuação de dor por caso (primeira semana)

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102

Embora o número de casos aumente muito durante a semana, o grau de dor não varia

muito. O índice já começa alto na segunda-feira, principalmente em membro superior e

aumenta um pouco mais durante a semana.

Incidência de Dor por Operador: Comparativo da Primeira Semana

Operadores

14

12

10

8

6

4

2

0O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2

03.08.01 Manhã

03.08.01 Tarde

30.07.01 Manhã

30.07.01 Tarde

Qua

ntid

ade

de P

onto

s de

Dor

Figura 38 – incidência de dor por operador (primeira semana)

Os trabalhadores iniciam o primeiro dia com dor em poucos pontos do corpo,

terminando-o com um aumento de pontos doloridos. Durante o último dia de trabalho

da semana, o padrão de dor é basicamente o mesmo com pequenas variações entre um

funcionário e outro. Com base nas observações realizadas no SPE, é possível

determinar que as pessoas que apresentam uma variação de pontos de dor são aquelas

que se apresentaram sobrecarregadas e tensas durante a jornada de trabalho, nestes

períodos;

b) segunda semana:

Pontuação de Dor por Operador: Comparativo da Primeira Semana

Operadores

8

7

6

5

4

3

2

1

0O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2

30.07.01 Manhã

30.07.01 Tarde

Gra

u de

Dor

03.08.01 Manhã

03.08.01 Tarde

FIGURA 39 – PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR (SEGUNDA SEMANA)

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103

A mesma situação ocorrida no gráfico anterior (figura 37) observa-se aqui. Contudo, o

grau de dor de algumas pessoas aumentou tanto que é possível perceber que os

trabalhadores deixam o escritório exaustos, com muita dor pelo corpo;

c) terceira semana:

Figura 40 – incidência de dor por caso (terceira semana)

Assim como na primeira semana, os operadores chegam ao trabalho sentindo dores. Isto

pode indicar que a carga semanal é muito pesada e os trabalhadores não conseguem

descansar e relaxar durante o final de semana. Este fato é um sinal muito forte de que os

funcionários podem estar entrando em processo de degradação corporal (lesões) e

problemas mentais e emocionais (estresse, depressão etc). Nesta semana, os operadores

apresentam o aumento de áreas de dor. O que na semana anterior restringia-se a cabeça,

região dos ombros e um pouco na região das pernas e se estendeu, também para os

braços. O aumento de pontos de dor em relação à primeira semana é um reflexo do

aumento de horas trabalhadas pelo grupo. Nesta fase, são iniciadas as horas extras.

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104

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Incidência de Dor por Operador: Comparativo da Terceira Semana

Operadores

O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2

27.08.01 Manhã

27.08.01 Tarde

23.08.01 Manhã

23.08.01 Tarde

Qua

ntid

ade

de P

onto

s de

Dor

Figura 41 – incidência de dor por operador (terceira semana)

Da primeira para a terceira semanas, os trabalhadores continuam apresentando muitos

pontos de dor, porém são outros os trabalhadores mais afetados. Esta mudança, em um

prazo tão pequeno, é explicada pela mudança de trabalho e de carga horária de uma

semana para outra, entre os trabalhadores.

Pontuação de Dor por Operador: Comparativo da Terceira Semana

Operadores

O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12 O13 O14 O15 A1 A2

14

12

10

8

6

4

2

0

23.08.01 Manhã

23.08.01 Tarde

Gra

u de

Dor

27.08.01 Manhã

27.08.01 Tarde Figura 42 – pontuação de dor por operador (terceira semana)

Durante a semana, os trabalhadores tiveram um aumento no grau de dor, com exceção

do Operador 08 que passou a semana todo com muita dor. Este operador já foi

afastado por causa de lesões em membro superior, anteriormente.

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105

c) análise geral:

Neste segmento, as quatro semanas serão comparadas para análise do desenvolvimento

de dor.

Figura 43 – incidência de dor por caso

Figura 44 – pontuação de dor por caso

Analisando e comparando as quatro semanas, é possível perceber a progressão da dor no

setor. De semana em semana, mais operadores são acometidos pela dor, principalmente em

membros superiores, braços e punhos (áreas mais utilizadas para o acionamento do mouse,

ferramenta de trabalho mais importante do setor). Esta evolução é conseqüência do aumento

de trabalho, horas trabalhadas, da pressão sobre os funcionários e da falta de ginástica laboral

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106

neste período. Em relação à carga horária, houve um aumento de 54% de horas trabalhadas:

enquanto na primeira fase os trabalhos eram realizados em 9h/dia em média, na segunda fase

os funcionários cumpriam 14h/dia.

Figura 45 – incidência de dor por operador

Figura 46 – pontuação de dor por operador

Os operadores demonstram diferentes níveis de dor e pontos de dor durante as quatro

semanas. Isto pode ser explicado pelo nível de exigência de determinados trabalhadores entre

as quatro semanas. De um modo geral, pode-se dizer que todos os trabalhadores sentem

dores, com o aumento dos pontos de dor ou do nível de dor em um momento e outros.

As exceções percebidas neste estudo são:

a) operador 4: Faltou a 5 das 10 coletas de dados;

b) operador 5: Faltou a 1das 10 coletas de dados;

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107

c) operador 6: Estava afastado por Ler em 9 das 10 coletas de dados;

d) operador 15: Estava afastados por Ler em todas as 10 coletas de dados;

e) operador A2: Estava afastados por Ler em 4 das 10 coletas de dados.

4.5.1 Teste ”T”

Para verificar se as variáveis respostas de dor apresentavam diferença entre as duas fases

pesquisadas, foi utilizado um teste “t” para amostras pareadas, lembrando que entre a fase 1 e

a fase 2 existe o aumento de horas trabalhadas e a falta de ginástica laboral.

Teste de Hipótese de Diferenças entre o Nível de Dor;

a) H0: as duas semanas têm médias iguais de dor;

b) H1: a semana 4 têm média superior de dor à semana 2.

TABELA 8 – TESTE “T” DOR ACUMULADA: SAÍDA DO SOFTWARER

> t. teste (dados$resp1, dados$ resp2, paired=T)

Teste t para amostras pareadas

Dados: dados$resp1 e dados$ resp2

t= -2.5028, g.1. = 11, p-valor= 0.02936

hipóte alternativa é verdadeira, existe diferença entre os dois valores de médias

Intervalo de confiança de 95%:

-4.6202389 -0.2964277

diferença entre as médias:

-2.458333

Segundo a tabela 8, existe diferença significativa entre as duas fases, havendo mais dor na

segunda fase. Esta diferença pode ser resultado das horas extras executadas e da falta das

sessões de ginástica laboral.

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108

4.5.2 Estatística Descritiva das Variáveis Contínuas

Tabela 9 - estatística descritiva das variáveis contínuas

idade imc tempemp gstginl eficginl Resp1 Resp2

Média 28,083 23,076 6,417 86,917 86,500 3,771 6,229

Mediana 28,000 23,162 6,000 82,000 74,500 3,000 6,250

Moda 31,000 20,761 7,000 70,000 70,000 1,000 6,250

Desvio Padrão 3,476 3,677 2,937 16,251 27,609 3,131 2,986

Mínimo 22,000 15.577 3,000 70,000 36,00 1,000 1,000

Máximo 33,000 28,069 11,000 118,000 125,000 10,250 13,000

Limite Inferior 25,875 20,740 4,550 76.591 68,958 1,782 4,332

Limite Superior 30,292 25,412 8,283 97,242 104,042 5,760 8,126

OBS: IMC – Índice de massa corporal (peso/altura2) / TEMPEMP / Tempo de empresa / GSTGINL - Gosta de ginástica

laboral / EFICGINL – Eficiência de Ginástica Laboral.

As variáveis idade e imc não representam influências significativas na questão dor. A variável

idade apresenta valor de média de 28,083 com um intervalo de confiança de (25,875 ; 30,292)

ao nível de 95% de confiança, enquanto a média da variável imc é 23,076.

A variável tempo de empresa, ao contrário da idade e do imc, apresentam uma grande

variabilidade, apresentando até oito anos de diferença entre um indivíduo e outro.

O mesmo ocorre com as variáveis gosto por ginástica laboral e eficiência da ginástica laboral.

Possivelmente esta diferença é decorrente das perguntas abertas que permitiu aos indivíduos

expressarem suas opiniões.

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109

Tabela 10 – valores de médias das variáveis

Dor na Fase 1 Dor na Fase 2 Variável N

Média Média

Feminino 7 4,46 7,00 Sexo

Masculino 5 2,80 5,15

Casado 5 3,55 6,20 Estciv

Solteiro 7 3,93 6,25

Raramente 5 2,85 6,40

Ocasionalmente 3 2,08 3,33 Frginl

Diariamente 4 6,19 8,19

Não 8 3,16 5,78 Fracad

Sim 4 5,00 7,13

Não 7 3,68 5,11 Alogper

Sim 5 3,90 7,80

Não 6 2,54 5,63 Alogbra

Sim 6 5,00 6,83

Não 3 1,92 5,25 Restper

Sim 9 4,39 6,56

Não 5 2,85 4,60 Restbra

Sim 7 4,43 7.39

Não 6 5,21 5,17 Fisioler

Sim 6 2,33 7,29

Não 9 4,11 5,61 Afastler

Sim 3 2,75 8,08

Não 6 4,46 6,00 motivgin

Sim 6 3,08 9,46

OBS: ESTCIV – Estado Civil / FRGINL – frequencia da ginástica laboral / FRACAD – Frequênta academia / ALOGPER – Alongamento de perna / ALOGBRA / alongamento de braço / RESTPER – resistência de perna / RESTBRA – resistência de braço / FISIOLER – fez fisioterapia por LER / AFASTLER –

Afastamento por LER / MOTIVGIN – Motinvação para praticar ginástica.

Na tabela 10 verificam-se as médias de dor que assumem os maiores valores, em função das

variáveis. Assim:

a) os indivíduos que freqüentam as sessões de ginástica possuem maiores índices de dor

– São pessoas que já enfrentaram a LER/DORT e participam das sessões para

protegerem-se;

b) os indivíduos que freqüentam academia têm maiores índices de dor – São os mesmos

indivíduos que praticam ginástica laboral;

c) os indivíduos que não tiveram LER/DORT apresentam grandes índices de dor na

primeira fase;

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110

d) os indivíduos que apresentam alongamento nos braços apresentam maior índice de dor

na primeira fase.

Embora o resultado pareça contraditório, ele expõe as razões que fazem do programa de

ginástica laboral da LTC sobreviver diante de seus problemas estruturais, da falta de

participação dos trabalhadores e da motivação destes indivíduos em participar das sessões.

Quem participa das sessões de ginástica laboral e freqüenta academia são pessoas que já

vivenciaram os problemas da LER/DORT ou que sentem algum tipo de dor. Conscientes dos

problemas sofridos pelo corpo, as pessoas passaram a buscar medidas para aliviar os sintomas

e/ou protegê-los.

Na Segunda Fase, os valores obtidos são muito próximos, o que dificulta identificar com

exatidão as situações ocorridas. Torna-se impossível afirmar que alguma das variáveis está

influenciando, ou não, na resposta da dor.

Possivelmente, a variável de maior influência é a presença de horas extras na segunda fase,

que afeta diretamente os trabalhadores. Fator de grande importância neste estudo é a variação

natural existente entre as pessoas, variação esta que determina a capacidade de cada indivíduo

em reagir às condições de trabalho e aos efeitos da atividade física.

A constância e o teor das reclamações feitas pelos operadores do SPE demonstram a

insatisfação dos trabalhadores em relação à organização e política da LTC. Porém, este

cenário expõe mais do que insatisfação. Reclamações diárias, desavenças constantes e

aborrecimentos são reflexos da sobrecarga emocional sobre os trabalhadores, afetando a

capacidade produtiva e a saúde das pessoas.

É evidente a pressão e insatisfação sentidas pelos funcionários do SPE. Sensações tão

destrutivas que minam as resistências orgânicas e possibilitam os fatores ideais para o

aparecimento de lesões osteomusculares: tensão muscular, alterações cardiorespiratórias;

descompensações orgânicas, posturas rígidas e movimentos repetitivos realizadas diante dos

computadores. Ao final do dia, o resultado pode ser apenas: dores pelo corpo e mau-humor.

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111

Desta forma, de nada adianta a empresa desenvolver qualquer programa de ergonomia ou de

saúde para seus trabalhadores, se as condições para o desenvolvimento do trabalho, se as

relações interpessoais e intersetoriais são de péssima qualidade (CODO; ALMEIDA, 1997, p.

25). O que ocorre é que as causas da LER no ambiente deixam de ser ambientais e físicas

para tornarem-se psicoemocionais derivadas de questões relativas à organização do trabalho.

Quando a empresa chega a este estágio, o emocional está tão fundido às tarefas do cotidiano,

que o DORT/LER (CODO; ALMEIDA, 1997, p. 36) pode representar a “única forma

possível de expressão de uma situação vivida em seu trabalho de modo angustiante”.

A avaliação de dor realizada nesta pesquisa esclarece como a pressão do trabalho pode se

revelar fisicamente.

4.6 AVALIAÇÃO DA GINÁSTCA LABORAL NO SPE

a) implantação da ginástica laboral - Cañete (1996, p. 21/22) relata que muitas empresas

estão implantando a ginástica laboral, na tentativa de enfrentar os problemas com as

LER/DORT e suas conseqüências, como o aumento dos custos e a diminuição da

produtividade. “Uma vez que os resultados vêm se mostrando bem mais que

satisfatórios e até surpreendentes e que a demanda das empresas brasileiras vem

crescendo, quanto à ginástica, acredita-se que já podemos falar em uma tendência”.

Seguindo esta tendência, a LTC implantou a ginástica laboral em seus departamentos.

Tabela 11 – implantação da ginástica Quantidade Percentual

Muito Importante 10 58,8%

Importante 3 17,6%

Pouco Importante 0 0%

Desnecessâria 0 0%

Não Respondeu 4 23,5%

Total 17 100%

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112

Tabela 12 – implantação da ginástica: motivos

Quantidade Porcentagem

É Importante para quem trabalha neste tipo de

atividade 3 17,64%

Manutenção da Saúde 3 17,64%

Devido a Tensão 2 11.76%

Devido as Dores 2 11.76%

Para Alongar e Relaxar 2 11.76%

Não Respondeu 5 29,41%

Total 17 100%

A iniciativa da implantação de um programa de ginástica laboral pela LTC, foi

considerada muito importante para 58.8% dos funcionários, importante para 17.6% e

apenas 23.5% não responderam. Isto revela que os indivíduos sabem a necessidade de

realizarem pausas durante o turno de trabalho. Segundo estas pessoas, a ginástica é

importante para quem trabalha com computadores (17.64%), para a manutenção da saúde

(17.64%) e para aliviar a tensão, as dores e favorecer alongamento e relaxamento durante

o trabalho (11.76%). Percebe-se que os trabalhadores possuem uma certa consciência a

respeito da importância da ginástica laboral em seu dia-a-dia e na qualidade de vida no

trabalho. Uma consciência resultante do trabalho realizado pela Fisiotrab, que se esforçou

em divulgar os conceitos e benefícios da ginástica na empresa. Segundo Pogere (1998, p.

65) esta é a metodologia a ser seguida, defendendo a educação e a conscientização das

pessoas, para que compreendam os reais motivos da aplicação da ginástica, o que

beneficia os aspectos motivacionais e, assim, os melhores resultados. Entretanto, não

basta apenas que a empresa implante a ginástica laboral e que os funcionários apresentem

algum tipo de conhecimento a respeito desta ferramenta. De acordo com Cañete (1996,

p.125) “é fundamental que haja um real comprometimento com a idéia, após a tomada de

decisão, pois é bom lembrar que uma nova proposta sempre gera expectativas e se a

experiência for malsucedida cria um clima e condições desfavoráveis para outras

tentativas”,

- conhecimento individual sobre ginástica laboral e apreciação do programa: a partir

das experiências obtidas com a ginástica laboral até então, os operadores do SPE

foram motivados a expor quais eram suas percepções sobre a ferramenta. O que era

a ginástica laboral para cada um deles:

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113

Tabela 13 – conhecimento sobre ginástica laboral

Indicações Porcentagem

Alongamento 4 17,39%

Meio que Evita Doeças e Lesões 3 13,04%

Relaxamento 3 13,04%

Melhora a Postura 2 8,69%

Alívio a Tensão 2 8,69%

Repouso 1 4,34%

Lazer 1 4,34%

Movimento 1 4,34%

Sair do Ambiente do Trabalho 1 4,34%

Descanço 1 4,34%

Alívio das Dores 1 4,34%

Pausa 1 4,34%

Meio que Evita o Sedentarismo 1 4,34%

Ginástica na Empresa 1 4,34%

Total 23 100%

Uma série de autores citados por Polito (2002, p. 28), entre eles Basso, Schimitz e

Sharcow, entende como ginástica laboral:

A criação de um espaço onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade, exercer várias atividades e exercícios que estimulam o autoconhecimento e levam à ampliação da auto-estima e, conseqüentemente, proporcionam um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio,

além de exercitar os músculos correspondentes e relaxar os músculos que estão

contraídos durante o trabalho. Um conjunto de fatores que amenizam os problemas

derivados do trabalho e propiciam uma certa proteção ao corpo humano. Este é um

conceito bastante clássico e abrangente sobre ginástica laboral, mas pouco conhecido

pelos funcionários do SPE. Entretanto, estes trabalhadores são capazes de identificar

alguns pontos que constituem (mas não identificam) a ginástica no trabalho. Para a

maioria dos funcionários do SPE (17.39%), a ginástica laboral significa alongamento,

um meio que evita doenças e lesões (13,04%) e alívio das tensões diárias (13,04%).

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114

b) benefícios da ginástica laboral:

Tabela 14 – benefícios da ginástica laboral

Indicações Porcentagem

Melhor Qualidade de Vida 7 38,89%

Prepara o Corpo para Resistir a Doenças 6 33,33%

Alívio dos Sentimentos Negativos (Nervosismo,

raiva, tensão, etc) 1 5,55%

Diminui a Dor Muscular 2 11,11%

Revigora 1 5,55%

Previne (?) 1 5,55%

Total 18 100%

Não Respondereu 10 58,82%%

Quando os operadores de estação gráfica do SPE foram questionados a respeito de seus

conhecimentos sobre a ginástica laboral, eles conseguiram descrever a ferramenta de uma

maneira muito próxima àquela fornecida pelos autores e estudiosos. Para 100% dos

funcionários, a ginástica na empresa é melhoria da qualidade de vida, preparação/resistência

do corpo, diminuição da dor, prevenção e sensação de revigoramento, itens que fazem parte

dos benefícios indicados por Polito e Bergamaschi (2002, p. 31) e Cañete (1996, p. 77 -83).

Por sua vez, Goleman (1995, p.76, 86-87) expõe as vantagens da prática de exercícios no

alívio e controle de sentimentos negativos, em especial a raiva.

O resultado mais interessante desta pesquisa foi o grande número de pessoas que não

responderam esta questão, por fazer parte de um questionário que 58.82% dos funcionários

temeram responder alegando medo de represália da LTC. Esta reação poderia ser um indício

de descontentamento com o programa de ginástica laboral, que as pessoas não desejam ou

temem expor sua opinião e denegrirem sua imagem diante a empresa. Entretanto, quando

questionados sobre o quanto apreciavam o programa de ginástica laboral da LTC, os

operadores indicaram através de suas respostas no questionário que apreciam a prática de

exercícios durante o trabalho (média - µ - 91mm / Desvio padrão - σ - 26.16), embora o

programa sofra com críticas e com a falta de participação nas sessões;

c) eficácia da ginástica laboral: em relação à eficácia do programa, os resultados obtidos

(média - µ - 86.8mm/Desvio padrão - σ - 35.4) indicam que os funcionários

consideram o programa de ginástica laboral eficaz. Ao analisar os resultados obtidos

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115

em relação à apreciação, à eficácia e à ginástica laboral como um todo, percebe-se que

durante as pesquisas escritas os funcionários tendem a dar pontuações neutras ou

suavemente positivas a estes quesitos. Porém, durante entrevistas, conversas informais

e observações diretas, percebe-se exatamente o oposto. As pessoas apresentam-se

insatisfeitas, com má vontade, cheias de dúvidas e desconfiança, além de

considerarem o cumprimento das atividades/responsabilidades muito mais

importantes e urgentes. Em resumo, os funcionários denotam eficácia, satisfação e

outras características a um programa em que não participam regularmente. Entretanto,

se a maioria destes indivíduos não participam das sessões de ginástica (melhorar

texto) e que, por esta razão, podem não apresentar parâmetros suficientes para julgar

a qualidade da ginástica laboral fornecida;

d) orientadores da ginástica laboral: Monitores ou Fisioterapeutas?

Tabela 15 – eficiência da ginástica laboral

Eficiência Resposta Resultado

Sim 70,59% Monitor

Não 17,65%

Sim 47,06%

Não 23,53% Fisioterapeuta

Indiferente 17,65%

Opinião Omitida 11,76%

Para Polito e Bergamaschi (2002, p. 58, 60-62), a forma de obter resultados mais eficazes na

ginástica laboral é contratar profissionais da área da Educação Física para ministrarem as

sessões de exercícios, pois evitaria problemas pessoais entre os funcionários e com a falta de

orientação durante a execução das atividades. Entretanto, funcionários adequadamente

selecionados e treinados, são capazes de aplicar alguns exercícios mais simples com

eficiência. Para os funcionários do SPE, os monitores, colegas de trabalho, estão

apresentando maior eficiência do que o Fisioterapeuta. Isto pode ser explicado por algumas

declarações dadas pelos trabalhadores nas entrevistas, alegando que os monitores estão

sempre disponíveis, são persistentes e mais amigáveis que muitos fisioterapeutas. Entretanto,

no dia-a-dia, os funcionários hostilizam os monitores e pouco participam das sessões. Sessões

ministradas por monitores apresentam participação de 23,53% em média. As aulas que

apresentam fisioterapeutas à frente da turma, invariavelmente, contam com 100% de

participação e com muitos elogios quanto a qualidade do orientador e dos exercícios

elaborados. Em parte, a presença maciça dos funcionários nas sessões de ginástica é

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116

justificada pela presença de um profissional da atividade física e sem vínculos aparentes com

a empresa. Entretanto, sobretudo em relação aos homens do setor, a presença e a satisfação

nas aulas eram muito superiores quando a fisioterapeuta era bonita e simpática. Na mesma

pesquisa onde os funcionários elegem o monitor como orientador mais eficiente, as pessoas

fizeram observações a respeito da qualidade do trabalho dos fisioterapeutas: melhora a

participação (23,53%), são mais rigorosas (23,53%) e apresentam melhores condições

técnicas para montar ótimas sessões e corrigir os erros de postura durante a execução das

atividades (47.59%).

e) Programa de Ginástica Laboral: O Programa Perfeito

Tabela 16 – programa perfeito para o SPE

Quantidade Percentual Duas Vezes ao Dia 3 15,79% Fora do Ambiente de Trabalho 2 10,53% Com Fisioterapeuta 2 10,53% Com Música 2 10,53% Sem Sapatos 2 10,53% Não Faz Idéia 2 10,53% Diária 1 5,26% Na Academia 1 5,26% Com Avaliação Individual 1 5,26% Diversificada 1 5,26% Exercitando a Musculatura 1 5,26% Três Vezes ao Dia 1 5,26% Total 19 100%

Obter um programa de ginástica laboral perfeito é, praticamente, impossível. Em um único

grupo existem indivíduos muito diferentes uns dos outros, sendo muito difícil agradar a todos.

É necessário estudar cada um dos grupos a serem trabalhados, levando em conta suas

necessidades, respeitando características individuais como religião e crendices (OLIVEIRA,

p. 128). Esta questão da individualidade de grupos é tão forte que, em grupo pesquisado por

Cañete (1996, p. 177), os resultados obtidos foram totalmente distintos: Diminuir o ritmo dos

exercícios; exercícios com maior tempo de duração e fora do expediente, melhorar a

distribuição dos exercícios com relação às partes do corpo e programa de motivação à

participação da ginástica. O único ponto que foi coincidente para os dois grupos foi a

ginástica laboral ministrada por professores e não por monitores. Uma vez que as pessoas são

ouvidas, é possível criar um programa adequado ao grupo, eficaz e de sucesso. Mesmo

porque, os exercícios escolhidos devem preencher diversas necessidades básicas do corpo e

da mente, que somente os usuários podem indicar quais são (DONKIN, 1996, p. 83). A

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117

exigência de duas sessões diárias indica a necessidade que o grupo possui em movimentar-se,

livremente (sem sapatos) e de forma bem descontraída (com música e fora do ambiente de

trabalho). O que surpreende é que, embora os funcionários considerem o monitor mais

eficiente, o programa de ginástica perfeito é realizado por fisioterapeutas.

f) sessões diárias de ginástica laboral:

Tabela 17 – sessões diárias de ginástica laboral

1 x 23,53% Sessões Diárias

2x 76,47%

Sessão da Manhã: 15min.

Sessão da Tarde: 5 min 41%

Sessão da Manhã: 5min.

Característica da Sessão Dupla

Sessão da Tarde: 15 min 12%

Embora a presença da Ginástica Laboral seja baixa, a maioria dos funcionários (76,47%)

solicita a existência de duas sessões diárias, sendo que a sessão matinal é mais longa (15min)

e a sessão da tarde com o tempo reduzido (5min). Este pedido demonstra o desejo de

transformar o programa de Ginástica Laboral em um programa eficaz e que realmente atenda

as necessidades dos indivíduos participantes. Este fato é comprovado pelas conversas

informais, momento em que 88,23% dos funcionários demonstraram seu interesse na

melhoria do programa. O resultado obtido nesta perquisa é coerente com o que Polito e

Bergamaschi (2002, p. 54) orientam: “pelo menos duas aulas diárias (no início e no final de

cada turno)”.

g) pontos desagradáveis do programa de ginástica:

Tabela 18 – pontos desagradáveis do programa de ginástica laboral

Quantidade Total

Ficar suado 5 29,41%

Exercitar-se no setor 9 52,94%

Exercitar-se fora do setor 3 17,65%

Total 17 100%

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118

A maioria dos funcionários do SPE (52,94%) não gosta de exercitar-se no setor, o que é

contrário a algumas recomendações de literatura. Para o professor Queiroga, citado por

Cañete (1996, p. 114), os exercícios devem ser realizados no próprio local de trabalho e sob

orientação de monitores devidamente treinados, visando o mínimo de deslocamento e

interferência nas outras atividades, facilitando a adaptação das pessoas a tais atividades.

Oliveira (2002, p. 128) alerta quanto aos exercícios que provoquem muita transpiração, fator

que tanto incomoda os operadores do SPE: 29,41% deles não gostam de ficar suado nas

atividades e conseqüentemente durante o trabalho;

h) motivação para exercitar-se:

TABELA 19 – MOTIVAÇÃO PARA EXERCITAR-SE

Opinião Quantidade Total

Sim 8 53,33%

As Vezes 2 13,33%

Não 4 26,66%

Não Quando a Ginástica é no

Escritório 1 6,66%

Total 15 100%

Apenas 53,33% sentem motivação para participar das sessões de ginástica laboral, explicando

os baixos índices de participação diária nas sessões. Oliveira (2002, p. 48) explica que com o

passar dos dias, a ginástica se torna repetitiva e monótona, o que diminui a participação das

pessoas. Se não houver colaboração dos superiores e aplicação de estratégias de motivação,

como ocorre na LTC, torna-se impossível manter o interesse e a participação das pessoas no

programa de ginástica;

i) Programa de Ginástica Laboral individualizado:

Tabela 20 – programa de ginástica individualizado

Opinião Quantidade Total

Sim 11 64,7%

Não 2 11,76%

Não Respondeu 4 23,53%

Desmotivação 17 100%

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119

Normalmente, a ginástica laboral é realizada em grupos e, segundo Cañete (1996, p. 119),

pode ser realizada de forma individual para pessoas especiais ou com problemas, utilizando

as técnicas de um profissional da saúde. Curiosamente, os funcionários do SPE desejam um

programa de ginástica individualizado, nem tanto pelos problemas e as necessidades físicas,

mas pela carência decorrente da pressão, falta de reconhecimento e pelos efeitos psicológicos

do forte ritmo de trabalho, da dor e da existência de colegas afastados conforme informações

extraídas de entrevistas,

- participação na ginástica laboral - os funcionários foram questionados quanto ao

motivo de faltarem às sessões de ginástica laboral

Tabela 21 – motivos para faltar ginástica

Indicações Total

Volume de Trabalho 11 36,67%%

Pressão 6 20%

Prazos 3 10%

Preguiça 3 10%

Dor 3 10%

Desmotivação 1 3.33%

Não Falta 1 3.33%

Não Respondeu 2 6,67%%

Total 30 100%

Os itens indicados pelos trabalhadores revelam todo o estresse enfrentado por eles. Indica,

também que eles possuem mais motivos para freqüentarem a ginástica do que faltarem as

sessões. Afinal, tais motivos são alvos do programa: alívio da pressão e da dor, colaborar para

a conquista de motivação e de um novo fôlego para atingir metas e prazos. Esta situação

revela que as pessoas estão dando mais importância ao trabalho do que a própria saúde, o que

demonstra uma baixa consciência de seus corpos e dos riscos que estão sujeitas, expostas

prolongadamente a determinados tipos e ambientes de trabalho, que elas mesmas indicam

como insalubres (tabelas 1 a 6 e figuras 18 a 28). Sabe-se que indivíduos que conhecem

pouco sobre suas características e necessidades físicas, mentais e emocionais, acostumados

com o sedentarismo e tendo como único objetivo de manter-se em seus empregos, são menos

comprometidos e responsáveis com o próprio corpo e com a saúde. Para estes trabalhadores,

tudo se torna mais importante ou urgente, menos eles mesmos. É impressionante observar os

operadores de estação gráfica do SPE trabalhando ferozmente diante dos computadores,

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120

extremamente concentrados no que fazem, ignorando praticamente tudo ao redor. Ao serem

chamados para a Ginástica, para uma pausa e, ocasionalmente para o intervalo do almoço,

eles recusam o convite informando que possuem algo importante a ser feito ou que possuem

muito trabalho ou algum trabalho muito urgente. O trabalho é uma obsessão. A falta dele não

preocupa os trabalhadores que alegam não terem medo de serem demitidos. Analisando os

resultados, percebe-se bem esta condição: os funcionários cedem facilmente ao volume de

trabalho (36,67%), à pressão exercida por superiores e clientes internos (20%), aos prazos

(10%) e a preguiça (10%) que vem depois de horas estressantes de trabalho. Segundo Codo

(1995, p. 219), a pressão exercida pela chefia imediata é um fator de extrema importância no

desenvolvimento de LER/DORT, provocando um ambiente de forte tensão. No SPE, esta

pressão, além de provocar o aceleramento do trabalho a redução dos intervalos de descanso,

induz as pessoas a faltarem as sessões de ginástica. Como se não bastasse, os funcionários

apresentam-se trabalhadores rigorosos com o próprio desempenho. Uma exigência que é

alimentada pela pressão externa que coloca à prova a qualidade do trabalho exercido. Uma

pressão que chega a colocar à prova a qualidade dos profissionais: os bons são aqueles que

não participam da ginástica laboral. Esta situação acaba interferindo nas decisões pessoais e

relacionadas à saúde. As pessoas sentem medo de fracassarem, de não entregarem o trabalho

nos prazos ou de serem vistos na ginástica e não no posto de trabalho em ritmo acelerado.

Apesar deste medo transparecer nas atitudes, nas palavras e olhares, nenhum funcionário

assume;

j) melhora através da ginástica laboral: os funcionários foram orientados a dar notas

(0-10) à melhoria de alguns quesitos físicos.

Tabela 22 – melhora através da ginástica laboral

Nota Média

Melhora da Disposição para o Trabalho 7.15

Melhora do Alongamento 6.53

Melhora da Postura 4.92

Melhora das Dores no Corpo 5.46

Para que sejam consideradas melhoras significativas, as notas recebidas pelas características

de melhoramento avaliadas pelos funcionários do SPE, deveriam ser iguais ou superiores a

oito. Notas abaixo de sete significam nenhum tipo de melhoria ou conforto obtidos. Com isto,

entende-se que o SPE não sentiu melhoras significativas em nenhum aspecto físico ligado à

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121

prática da ginástica laboral. Apenas registraram um conforto limitado no aspecto da

disposição ao trabalho. Segundo Oliveira (2002, p. 48), estes resultados não são aqueles

normalmente esperados, como pode ser observado abaixo,

- melhoria da disposição para o trabalho: 91%;

- melhoria da postura: 92%;

- melhoria das dores no corpo: 93%.

Percebe-se, também, que os resultados apresentados neste tópico não são coerentes com os

dados os obtidos nas questões “Apreciação do Programa de Ginástica Laboral” e “Eficácia da

Ginástica Laboral”, cujos resultados são positivos à ginástica. Então, se um programa é

apreciado e eficaz, isto significa que ele deve trazer algum tipo de benefício (melhoramento)

significativo aos seus usuários.

4.7 DISCUSÃO DOS DADOS SOBRE GINÁSTICA LABORAL (ANÁLISE CRUZADA)

Para melhor compreender os resultados, os funcionários foram divididos em grupos que

apresentam as mesmas características: sexo e participação nas sessões de ginástica. A partir

desta divisão, foi possível cruzar algumas informações obtidas durante as pesquisas:

a) G1A: Mulheres que participam da ginástica laboral todos os dias;

b) G1B: Homens que participam da ginástica laboral todos os dias;

c) G2A: Mulheres que as vezes participam das sessões de ginástica laboral;

d) G2B: Homens que as vezes participam das sessões de ginástica laboral;

e) G3A: Mulheres que raramente participam das sessões de ginástica laboral;

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122

f) G3B: Homens que raramente participam das sessões de ginástica laboral;

g) participação na Ginástica Laboral:

Diariamente Ocasionalmente Raramente Total

Mulheres 58,33% (7)

G1A

33,33% (4)

G2A

8,34% (1)

G3A

100%

(12)

Homens 0

G1B

20% (1)

G2B

80% (4)

G3B

100%

(5)

A participação diária dos funcionários do SPE na ginástica é de apenas 41.81%. Analisando

homens e mulheres separadamente, percebe-se que são as mulheres que se dedicam muito

mais as práticas de ginástica do que os homens;

h) participação na Ginástica Laboral e Aptidão Física: segundo Nieman (1999, p. 5) a

“aptidão física relacionada com a saúde é tipificada por uma capacidade de realizar

atividades diárias com vigor e está relacionada a um menor risco de doenças

crônicas”. Para mensurar esta aptidão física são analisados: a resistência

cardiovascular, a força e a resistência muscular e a flexibilidade.

Tabela 24 – participação/aptidão física

G1A G2A G2B G3A G3B

Possui Alongamento Total de

Pernas

6

85,71%

2

50%

0

0%

0

0%

1

25%

Possui Alongamento Total de

Braços

4

57,14%

1

25%

0

0%

0

0%

2

50%

Consegue Realizar Séries de

Exercícios com as Pernas

7

100%

3

75%

1

100%

0

0%

2

50%

Consegue Realizar Séries de

Exercícios com os Braços

5

71,43%

3

75%

0

0%

0

0%

2

50%

Durante as sessões de ginástica, os funcionários do SPE foram observados e analisada sua

aptidão muscular através da execução de alguns exercícios, com a finalidade de saber se a

participação nas sessões de ginástica laboral trouxe algum benefício aos trabalhadores. O

grupo G1A apresentou maior capacidade física, conseguindo realizar os exercícios acima

Tabela 23 – Participação da Ginástica Laboral

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123

mencionados com certa facilidade. Estes exercícios exigem prática para serem realizados. Um

músculo que permanece parado e não é estimulado e treinado constantemente não possui

flexibilidade e força para a execução destas atividades, como foi possível perceber nos

demais grupos,

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124

- participação na Ginástica e LER/DORT

Tabela 25 – participação/LER/DORT

G1A G2A G2B G3A G3B

Faz Fisioterapia 3

42,86%

3

75%

0

0%

0

0%

2

50%

Já foi Afastado 4

57,14%

2

25%

0

0%

0

0%

0

0%

Oliveira (2002, p. 13) informa, que 60% a 75% dos afastamentos de trabalhadores no Brasil,

são causados por LER/DORT. No SPE, considerando apenas os funcionários que ainda

trabalham na empresa, são 35%. As pessoas que mais sofrem com as lesões são as mulheres.

Dos oito casos de indivíduos que fazem fisioterapia, 75% pertencem ao G1A e G2B e estão

nestes grupos os seis casos de LER que necessitaram de afastamento. Entretanto, não é

possível afirmar que as pessoas que fazem ginástica laboral adoecem. Uma explicação para

esta relação é que as pessoas que um dia sofreram com lesões e afastamentos tornaram-se

participantes mais ativos do programa. Inclusive, os piores casos são daqueles indivíduos que

participam diariamente das sessões de ginástica e que realizam alongamentos durante vários

momentos no dia. Enfim, pessoas que conhecem os problemas causados por LER/DORT

possuem a tendência de cuidarem melhor da saúde e do corpo, assumindo posturas mais

saudáveis, como participar da ginástica laboral;

i) atividade física:

Tabela 26 – atividade física

G1A G2A G2B G3A G3B

Gosta de Atividade Esportivas 7

100%

1

25%

1

100%

0

0%

3

75%

Prativa Alguma Modalidade

Esportiva com Freqüência

3

42,86%

2

25%

0

0%

0

0%

2

50%

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125

Durante entrevistas realizadas, os indivíduos que não participavam da ginástica laboral

alegavam que praticavam alguma modalidade esportiva com freqüência. Contudo, o que se

percebe é que os indivíduos que praticam ginástica são os mesmos que freqüentam academia

e que gostam de praticar algum tipo de atividade física. A exceção é o Grupo G3A, que

embora não participe das sessões de ginástica, possuem uma boa participação em outras

modalidades esportivas. O importante desta pesquisa é ressaltar que a maior parte dos

funcionários do SPE estão apresentando uma quantidade de atividade física muito inferior aos

30 minutos de exercícios acumulados, por dia, período recomendado pela Organização

Mundial de Saúde (OMS), Conselho Internacional do Esporte e Educação Física (ICSSPE),

Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), entre outros (AGITA SÃO PAULO,

1998, p. 7).

- motivação:

Tabela 27 – motivações

G1A G2A G2B G3A G3B

Gosta de Atividade Esportivas 7

100%

1

25%

1

100%

0

0%

3

75%

Sente Motivação para a Ginástica

Laboral

3

42,86%

0

0%

1

100%

0

0%

4

100%

Motivo para Faltar as Sessões

Trab. 71,4%

Press. 42,9%

Dor: 28,6%

Prazo: 14,3%

Pregu. 14,3%

Trab. 50%

Press. 25%

Dor: 25%

Prazo: 25%

Pregu. 25%

Trabalho

Trabalho

Preguiça

Pressão

Trab. 75%

Press. 25%

Pregu. 25%

Segundo Bergamini (CAÑETE, 1996, p. 45), a motivação se processa de dentro para fora nos

indivíduos e, este indivíduo, fará alguma coisa de forma motivada, se conseguir ver nesta

atividade alguma possibilidade de atingir algum objetivo. No Grupo G1A, 100% dos integrantes

afirmam gostar de atividades esportivas, apenas 42,86% sentem motivação para participar da

ginástica laboral e é o grupo que mais relaciona motivos para faltar às sessões, inclusive a

preguiça. Curiosamente, é o grupo que menos falta às sessões, pois eles possuem um objetivo

pessoal: recobrar a saúde. Por mais trabalho, pressão ou preguiça que tenham os integrantes do

G1A eles compreendem a necessidade de exercitar-se e de dar ao corpo um pouco de descanso

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126

do trabalho repetitivo e estático, pois é um grupo que conhece as conseqüências do trabalho e

das lesões. O Grupo G2A assume a falta de gosto e motivação para exercitar-se além de

relacionar uma série de motivos para faltar. Este grupo realmente dá mais importância ao

trabalho do que a saúde. Uma situação que se repete nos demais grupos.

4.8 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Com base nos resultados obtidos, observa-se que existe a necessidade dos funcionários do

SPE participarem de programas de saúde no trabalho, no caso, a ginástica laboral. Entretanto,

apesar das pessoas indicarem nas pesquisas, um certo interesse em participar de um ou duas

sessões de ginástica por dia, raramente exercitavam-se. Preocupavam-se em demonstrar

interesse e uma participação que não existia, bem como de não deixarem registros de

desaprovação ou insatisfação, enquanto trabalhavam incessantemente.

A maioria (76,5%) dos trabalhadores entende que deixar de produzir, principalmente em

momentos calamitosos, é uma falta grave e, por este motivo, preferem continuar se

ausentando das pausas (ativas ou inativas).

Esta situação gera uma insatisfação camuflada, que potencializa os sentimentos negativos, o

estresse e a tensão, além de prejudicar os relacionamentos pessoais e o trabalho em grupo,

como se observa na figura 34 e a tabela 7.

As conseqüências de tantos pontos negativos do trabalho (aspectos psico-emocionais,

organizacionais e ambientais) podem ser observadas no item 5.4 Dores no SPE, onde se

encontram, claramente os registros de dor da população estudada.

As dores concentram-se, em especial nos membros superiores das mulheres do setor.

Algumas delas reclamam de dores nas pernas, também, pois permanecem muito tempo

sentadas diante dos computadores.

Embora todos os funcionários apresentem algum tipo de dor, não são todos os que

desenvolveram algum tipo de lesão (35,3% lesionados). Entretanto, são justamente os

lesionados que participam com mais intensidade das sessões de ginástica laboral (tabela 22) e

praticam exercícios físicos regularmente (tabela 23). O motivo deste resultado é que pessoas

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127

que conhecem profundamente a LER/DORT cuidam-se muito mais do que aquelas que

apenas sentem dores.

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5 CONCLUSÃO

Esta dissertação apresentou uma pesquisa retrospectiva e análise histórica da Ginástica Laboral

situando-a no contexto produtivo de uma empresa fabricante de listas telefônicas, denominada LTC,

localizada em Curitiba, no Paraná. Para tanto, foi avaliado o trabalho realizado e o programa de

ginástica laboral no Setor de Produção Editorial (SPE) da empresa que teve início em 1999 devido à

ocorrência de LER/DORT mas que não teve a aceitação prevista, tendo em vista o reduzido número

de participantes.

Pode-se assumir que as LER/DORT representam o sofrimento físico e mental de um grande número

de assalariados que tem o seu trabalho modificado pela globalízação e pela alta competitividade do

mundo empresarial atual: para sobreviverem, as empresas almejam níveis de agilidade e produtividade

que só são possíveis por meio de uma organização de trabalho baseada na aceleração do ritmo e

volume de produção muitas vezes obtidos pela ampliação da jornada de trabalho e horas extras.

Assim, as razões para ocorrência de LER/DORT na LTC não são diferentes de muitas outras

empresas, brasileiras ou não, que mudaram sua organização do trabalho e sua forma de gestão para

manterem sua lucratividade e os resultados deste estudo permitem questionar a eficácia do Programa

de Ginástica Laboral como alternativa para enfrentar este novo perfil de adoecimento e sofrimento no

trabalho que são as LER/DORT.

A LTC, em 1996, passou por um processo de reestruturação produtiva, e o SPE foi informatizado ao

mesmo tempo que sofre uma redução de pessoal e intensificação do trabalho. Esta intensificação do

trabalho, com consequente sobrecarga física, mental e psíquica tendo em vista o aumento das pressões

para o cumprimento das demandas de trabalho e o medo de demissões passaram a contaminar o

ambiente de trabalho e a estabelecer o perfil de adoecimento. O clima organizacional da LTC pode ser

caracterizado da seguinte forma:

• Falta de integração entre os setores;

• Dificuldade de compreensão dos cargos e responsabilidades

• Problemas de relacionamento pessoais e com sentimentos de grupo: intriga, brigas,

dificuldades para o trabalho em grupo; aumento dos casos de LER/DORT: em 2001

ocorreram 6 casos no grupo estudado tendo havido 11 na história do setor (SPE) nesse

período e 20 na empresa como um todo.

Frente aos casos de LER/DORT, e aos processos judiciais que a empresa começou a sofrer, os

gerentes e direção de produção e o RH optaram pela Ginástica Laboral como estratégia para enfrentar

esta problemática.

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A escolha do Programa de Gínástica Laboral, que é o foco desta dissertação foi iniciada por

um programa do SESI que promelía afastar o perigo de novos casos de LER, de absenteísmo

por dor, lesão, e processos judiciais. Para conseguir essa “mágica”, a empresa contratou uma

professora de educação física que deveria formar monitores para dar prosseguimento ao

programa de prevenção. A ginástica ocorria no intervalo de 15 minutos, em uma jornada de 8

horas e 30 minutos, portanto sem nenhuma diminuição da carga de trabalho. A avaliação do

primeiro ano de sua implantação é que não surtiu o efeito desejado e se tornou impopular.

Com o surgimento de novos casos de LER, a posição da gerência foi torná-la obrigatória.

Essa medida não agradou os empregados que deixaram de participar das sessões. Cabe

ressaltar que nesse período a ginástica era uma atividade isolada, não era acompanhada de

mudanças no processo, na organização e nas condições de trabalho, pelo contrário, tírava o

intervalo livre dos funcionários.

A segunda fase da ginástica iniciou em 2000, quando a empresa encerrou o contrato com o antigo

médico do trabalho e SESI e contrata novo médico e serviço de fisioterapia ocupacional da

FISIOTRAB. A proposta da FISIOTRAB era mais ampla pois, além de realizar a ginástica, pretendia

fazer um trabalho de sensibilização dos funcionários, criar um comitê de ergonomia, e analisar os

postos de trabalho. A implantação desta proposta teve aceitação geral dos funcionários

(conseguindo100 % de envolvimento mas desagradou a empresa pois ultrapassava a visão “mágica”

de que todos os problemas seriam resolvidos a partir da ginástica). Ao contrário do que se propunha, a

participação dos trabalhadores no processo de avaliação dos ambientes de trabalho e de mudanças nos

postos de trabalho através do Comitê de Ergonomia, participação que também se refletiu na ginástica.

Em 2001, o programa de Ginástica Laboral, restrito apenas à ginástica, contava só quinzenalmente

com a participação da fisioterapeuta, três meses depois tornou-se semanal e, em 2002, passou a ser

duas sessões por semana. Assim, o programa teve um curto período de três meses de vida e logo

depois foi vetado pela empresa. O fim da experiência participativa da FISIOTRAB desestimulou os

funcionáríos, trouxe uma dímínuição gradatíva da participação na ginástica, ansiedade por frustração

das expectativas não alcançadas e abandono das reformas no mobiliário.

O estudo mostra que o programa de Ginástica Laboral do SPE não teve sucesso basicamente por três

fatores:

1. O SPE apresenta uma grande necessidade de revisão completa no leiaute do setor e na

organização e política do trabalho já que a jornada de trabalho precisa ser revista,

assim como a forma como o trabalho está sendo executado no setor: há necessidade de

revisão da carga de trabalho alocada aos funcionários, além da inclusão de pausas;

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2. o programa não era bom o suficiente para motivar as pessoas. No Capítulo 3, sobretudo nos

itens 3.1.2 e 3.2 é possível observar que a Ginástica Laboral foi empregada de forma

equivocada, não atraindo a atenção dos usuários, quanto menos fidelizando-os no

processo. Além disto, a ginástica na empresa é uma ferramenta e não um programa

completo e deve ser encarada como tal. Sua presença nas empresas é importante, mas

a ferramenta de Ginástica Laboral não pode ser encarada como algo miraculoso. Na

verdade, ela deve ser um complemento de um programa mais elaborado e complexo.

Usá-la isoladamente é arriscado, no sentido de que as pessoas continuarão expostas às

mesmas circunstâncias que as lesionavam e estressavam e não enxergarão qualquer

resultado em uma breve sessão de ginástica diária.

3. a pressão por produção não viabilizava espaço para uma pausa: 11 dos 17 funcionários

(64.7%) indicaram que o volume de trabalho era o principal responsável pela

necessidade que eles tinham de faltar as sessões de ginástica, logo sendo seguida pela

pressão exercida (35.3%) pelos superiores.

Apesar da Ginástica Laboral não ter dado certo na LTC, sem dúvidas ela pode ser benéfica à

saúde, se o Programa for bem estruturado e estimulante. Os estímulos podem começar com o

trabalho da psicóloga da empresa mostrando que parar um pouco (pausa) não é nenhum

pecado, pelo contrário poderá melhorar a capacidade produtiva e criativa de cada um. Podem

ser proferidas palestras educativas relembrando as necessidades do corpo e as conseqüências

do trabalho estático. Alguns dos itens que podem ser abordados nestas palestras são citados

por Blum (1998, p. 41) e detectados no grupo:

a) atividade contínua e estática: as pessoas passam muito tempo sentadas;

b) carga unilateral no trabalho: os funcionários utilizam de forma assimétrica, com forças

e freqüências desiguais nos dois braços. Com um, executam ininterruptamente

movimentos com o mouse e, com o outro fornecem comandos ao computador pelo

teclado;

c) cargas causadas por um projeto ergonômico errado ou inexistente: os postos de

trabalho inadaptados aos usuários, com cadeiras e mesas desconfortáveis, presença de

reflexos, fonte de vento, frio e calor, entre outros, provoca problemas posturais, tensão

dos músculos e distração;

d) ausência de movimentos de compensação: durante o dia todo, os mesmos músculos

são utilizados ou permanecem em repouso. Não existem atividades, pausas ou outros

fatores que invertam esta condição e provoquem um efeito de compensação;

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e) estado de ânimo: constantemente pressionados, cobrados e pouco reconhecidos e

valorizados, os funcionários perdem motivação, vigor e prazer, tornando-se

depressivos, mal-humorados, abatidos, tensos e coagidos;

f) enfermidades do aparelho locomotor: As dores presentes no cotidiano do grupo e os

casos de LER/DORT ocorridos pioram o estado de ânimo do grupo e afetam o

rendimento e produtividade;

g) as sessões de ginástica não são direcionadas aos tipos de atividade realizadas pelo

setor;

h) os funcionários não são orientados e motivados a participarem das atividades de

Ginástica Laboral.

Uma proposta de um novo Programa de Ginástica Laboral para a LTC e que pode ser adotado

em outras empresas deve:

a) analisar as atividades realizadas por cada um dos setores da empresa;

b) estudar as necessidades físicas de cada um dos grupos;

c) estudar as características e necessidades físicas de cada indivíduo;

d) desenvolver um programa específico para cada setor;

e) criar um programa diário de aplicação das sessões de Ginástica Laboral, em cada um

dos setores;

f) aplicar a Ginástica Laboral nos diversos setores, duas vezes por dia, com a utilização

de um profissional da saúde;

g) criar um sistema de motivação diária direcionada a cada setor;

h) realizar palestras bimestrais sobre saúde e trabalho;

i) monitorar continuamente o programa e desenvolver melhorias necessárias.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Out Put do SPE

Impressora

Descrição: Impressora a laser colorida.

Observação: Utilização de cera e toner.

Quantidade: 1 Impressora Laser Colorida (cera)

1 Impressora Laser P&B (toner).

Expositora e Prensa Pressmatch

Descrição: Equipamento para testagem de filme. O prensa fixa a película no papel fotográfico (116ºC).

A expositora sensibiliza o papel.

Quantidade: 1 Expositora;

1 Prensa.

Imagesseter

Descrição: Equipamento responsável por sensibilizar filmes.

Observação: equipamento composto pela imagesseter e pela RIP.

Quantidade: 1 imagesseter;

1 RIP.

Processadora

Descrição: Equipamento, que através de revelador e fixador, revela filmes (fotolitos).

Observação: O ambiente deve estar aquecido e totalmente escuro, o que facilita a evaporação de

gazes e intoxicação de funcionários.

Quantidade: 1 unidade.

PONTUAÇÃO DE DOR POR OPERADOR

Galão de revelador e fixador à preparar

Revelador e Fixador Processados

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APÊNDICE B - PESQUISA: INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO DA GINÁSTICA

LABORAL

O que não gosta de fazer durante as sessões?

Quais atividades deseja executar durante as sessões?

Como organizaria as sessões de ginástica?

Você pretende participar de todas as sessões?

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APÊNDICE C

PESQUISA: GINÁSTICA LABORAL

PESQUISA SOBRE GINÁSTICA LABORAL

O que você pensa sobre a iniciativa da LTC em implantar a

Ginástica Laboral?

( ) Muito Imortante ( ) Pouco Imortante

( ) Imortante ( ) Desnecessária

1- Você pratica Ginástica Laboral

( ) Sim

Porque………………………………………………………………………

( ) Não

Porque………………………………………………………………………

2- Você pratica alguma outra atividade física for a da empresa?

( ) Sim

Qual…………………………………………………………………………

( ) Não

3- Gostaria de, além da ginástica em grupos, ter seu programa individualizado?

( ) Sim ( ) Não

4- Desde o início do programa de Ginástica Laboral, você percebeu (de uma

nota de 0 a 10):

a) Melhora da disposição para o trabalho?…………………

b) Melhora do alongamento muscular?……………………..

c) Melhora da postura?………………………………………..

d) Melhora das dores no corpo?……………………………..

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APÊNDICE D - PESQUISA: GERAL

Nome:____________________________ Idade:____________ Peso:_____________ Altura:____________ Tempo de empresa:__________ Escolaridade:________________________ Estado Civil:_______________ Filhos: ( ) Não ( ) Sim__________ Meio de Transporte Diário:___________________________

1) Fale sobre a organização de trabalho de sua empresa” ___________________________________________________________________________________

2) Como são as tarefas que executa habitualmente?

___________________________________________________________________________________ 2.1) O quanto você está satisfeito?

2.2) O quanto seu trabalho é repetitivo? 2.3) O quanto seu trabalho é monotono? 2.4) O quanto seu trabalho é estressante?

3) Posto de trabalho 3.1)

Sem satisfação Muito Neutro

Sem repetitividade Muito Normal

Sem monotonia Muito Normal

Sem estresse Muito Normal

Sem Conforto Muito ConfortávelNeutro

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3.2) 3.3) 3.4) 3.5) 3.6) 3.7)

4) Você trabalha com: 4.1) 4.2) 4.3) 4.4)

Sem Funcionalidade Muito Funcional Neutro

Sem Adequação Muito Adequado ao meu corpo

Neutro

Resignação Muito Prazer Neutro

Indiferença Presteza e Satisfação Neutro

Com insegurança Confiante Neutro

Por necessidade Por opção e amor Neutro

Muito frio Muito Quente Neutro

Muito vento Sem circulação de ar Neutro

Sem ruído Muito ruidoso

neutro

Pouco Iluminado Iluminado com exagero Neutro

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5) Ainda sobre sua empresa e tarefas:

5.1) Você acredita que executa as atividades:

5.2) Você acredita que você e seu trabalho são:

5.3) O quanto isto é importante para você?

5.4) O quanto você se sente importante pela empresa?

5.4) O quanto a empresa é importante para você?

6) O que te faz empenhar-se pela empresa? ________________________________________________________________________________________ 7) O que te faz desanimar te impedindo de executar suas tarefas com presteza e prazer? 8) Você tem influência na maneira de organizar seu trabalho? 9) Você sabe exatamente o que tem que fazer diariamente)

Em quantidade

i f i d

Em quantidade superior do que é capaz

Neutro

Com qualidade

i f i d

Com qualidade superior do que é capaz

Neutro

Ignorados Devidamente reconhecidosNeutro

Pouco Importante Muito Importante

Neutro

Pouco Importante Muito Importante

Neutro

Pouco Importante Muito Importante

Neutro

Em nenhum grau Influência Total Neutro

De maneira alguma Totalmente Neutro

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10) Você é requisitado: 11) Você acredita que seu treinamento para exercer suas tarefas foi: 12) Você sofre de alguns destes sintomas? Assinale N (nunca), V (as vezes) ou R (regularmente). Dor de Cabeça Insônia Nervosismo Cãimbras Cansaço Excessivo Ansiedade Indigestão Pressão Alta Gastrites/ Asias Tensão Nervosa Tensão Muscular 13) Se marcou alguma das alternativas acima, qual das alternativas abaixo você considera como causa (s). Utilize numerais para dar ordem de importância (1 para mais importante, 2 para o que tem uma importância um pouco menor e assim por diante) Mudanças constantes de organização e

processos. Quantidade insuficiente de funcionários.

Carga horária de trabalho excessiva. Quantidade de trabalho excessivo. Falta/Falha de comunicação. Conflito/molestamento de superiores. Insegurança no trabalho. Conflito/molestamento de outros setores. Posição/condição da empresa no mercado. Posto de trabalho. Outro: Conflitos com Clientes Outro:

Outro:

14) Para você, qual é a solução? ________________________________________________________________________________________ 15) Como você descreve sua qualidade de vida no trabalho? __________________________________________________________________________________________ 16) Como você descreve sua qualidade de vida fora do trabalho? __________________________________________________________________________________________ 17) Você costuma levar os problemas do trabalho para casa? __________________________________________________________________________________________ 18) Você costuma executar tarefas em casa? (cortar grama, lavar louça, passar, roupa, trabalhos artesanais, cuidar de crianças, etc)Pode dar alguns detalhes e informar a periodicidade? __________________________________________________________________________________________ 19) Você costuma tirar momentos para você, família e amigos (lazer)? O que costuma fazer? E que momentos de sua semana ou mês? __________________________________________________________________________________________ 20) Costuma fazer ginástica/exercícios em casa ou academia? Qual e com que freqüência? __________________________________________________________________________________________ 21) Acredita que exercitar-se lhe dá maior qualidade de vida, saúde e humor? Pode explicar o que pensa a este respeito? __________________________________________________________________________________________

Em nenhum

momento

Em tempo Integral

Neutro

Muito ruim Perfeito Neutro

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22) Você acha que se você estiver praticando algum exercício físico fora da empresa, estará livre da LER/DORT? Pode dizer algo a respeito? __________________________________________________________________________________________ 23) Acredita que exercitar-se na empresa pode trazer algum benefício para você? Pode explicar? __________________________________________________________________________________________ 23) O que você entende como ginástica Laboral? __________________________________________________________________________________________ 24) Se você pudesse estruturar a ginástica laboral, como a estruturaria? Como ela seria composta? Quanto tempo ela duararia, quantas vezes por dia ela deveria ser empregada? __________________________________________________________________________________________ 25) Você a chamaria de ginástica? Se não, como seria? __________________________________________________________________________________________ 26) O que você acredita que está acontecendo com seu setor e colegas? Por que estão todos doentes? __________________________________________________________________________________________ 27) O que você sugere para reparar este mal? __________________________________________________________________________________________ 28) O que você acredita que é a LER/DORT? __________________________________________________________________________________________ 29) O que você acredita estar errado na atual ginástica laboral? __________________________________________________________________________________________ 30) Você acha que outras técnicas ou atividades poderiam dar mais resultado, para o que você e seus colegas estão enfrentando? __________________________________________________________________________________________ 31) Qual é o melhor lugar, para você, para fazer a ginástica, ou sua proposta? __________________________________________________________________________________________ 32) Você gostaria de fazer algumas destas atividades? Marque N (não) O (ocasionalmente) R (regularmente) Alongamento Puro Brincadeiras Infantis Mímicas Massagem Apenas Pausa Caminhas em volta da quadra Relaxamento Gincana Apenas sair do prédio Yoga Jogos 33) Pense no tipo de cronograma perfeito para você, seu corpo e mente, seus colegas, seu trabalho (como você produziria mais e melhor – sem prejudicar sua saúde). Esqueça as regras e construa uma agenda semanal que atenda estes requisitos. Marque horários de entrada e saída, almoço (ou janta), lanches, pausas, ginástica, ou qualquer outro item que você julgue importante. A Agenda fica totalmente ao seu critério, seja coerente, mas não se prenda.

Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

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APÊNDICE E

PESQUISA SOBRE ESPORTES 1- Você gosta de atividades esportivas? ( ) Sim ( ) Não

2- Qual modalidade prefere?_______________________________________

3- Você freqüênta alguma academia esportiva? ( ) Sim ( ) Não

Qual?______________________________________________

4- Para você, o que é ginástica laboral?

______________________________________________________________

5- Você acredita que a ginástica laboral aplicada na LTC corresponde as suas

expectativas? Porque?____________________________________________

6- Qual os motivos que te levam faltar as sessões de ginástica?

______________________________________________________________

7- O quanto você gosta da ginástica laboral em sua empresa?

8- O quanto você acha que ela é eficaz?

9- Você acredita que a ginástica empregada por um colega seu, pode ser

eficiente?

_____________________________________________________________ 10- A ginástica com fisioterapeuta é melhor, na sua opinião?

_____________________________________________________________

11- Como seria uma ginástica de qualidade para você?

______________________________________________________________

Nada Muitíssimo

Nada Muitíssimo

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APÊNDICE F - DORES NO SPE: PLANILHA DE INSERÇÃO DE PONTOS

O

per

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res

Fad

iga

Men

tal

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ta C

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Insi

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Po

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0.5 0.5 0.5 0.5 4 2

O2 0 0

O3 0.75 0.5 0.5 3 1.75

O4 0 0

O5 0 0

O6 1 1 2 2

O7 0 0

O8 0.75 0.75 0.75 0.75 4 3

O9 0.5 0.5 0.5 3 1.5

O10 0 0

O11 0 0

O12 0.5 0.5 0.5 0.5 4 2

O13 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 7 3.5

O14 0 0

O15 0 0

A1 0.5 1 0.5

A2 0.5 1 0.5

Total Casos

0 2 0 0 1 2 3 3 2 2 1 4 0 0 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 2 1 0

Pts 0 1 0 0 0.5 1 2.5

2.2

5

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5

1.2

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0.5 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0.5 0 0 0 0 0 0.5

0.5 0 0 0 0 0 0 0.5 1 0.5 0

Manhã - 30/07/01

Calo Causado por quinas vivas

Sensação gélida-má circulação

Ausente

AfastadoPontadasDor

Dor Muito Forte

Op

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ore

s

Fad

iga

Men

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Cab

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Joel

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Pan

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ilha

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Cri

se B

ron

qu

ite

Insi

dên

cia

po

r O

per

ado

r

Po

ntu

ação

O1 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 v v 6 2

O2 0 0

O3 0 . 5 0 . 5 0 . 7 5 0 . 5 0 . 5 5 2.75

O4 0 0

O5 0 0

O6 0 0

O7 v 0 . 5 0 . 5 3 1

O8 0 . 7 5 0 . 7 5 2 1.5

O9 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 1 1 5.5

O10 0 . 5 1 0.5

O11 0 . 5 0 . 5 2 1

O12 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 1 3 6.5

O13 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 v 0 . 5 0 . 5 0 . 5 8 3.5

O14 0 0

O15 0 0

A 1 0 . 5 1 0.5

A 2 0 . 5 0 . 5 v 3 1

Total Casos 0 5 3 0 1 1 5 4 1 1 1 3 0 0 0 0 1 3 0 1 0 1 1 1 0 3 3 3 3 2 2 0 0 1 1 1 3 1 0

Pts 0 2 1.5 0 0.5

0.5 3

2.2

5

0.5

0.5

0.5 1 0 0 0 0 0.5

1.5 0 0.5 0 0.5

0.5 0 0 1.5

1.5

1.5

1.5 1 1 0 0 0.5

0.5 0 0.5

0.5 0

– Desconforto/Dor Manhã de 30/07/01

Desconforto/Dor Tarde de 30/07/01

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA … · Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção ... implant the program of labor gymnastics

149

Op

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Fa

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O2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 3 3

O3 0 . 7 5 0 . 5 2 1.25

O4 0 0

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O6 0 0

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O8 0 . 5 0 . 5 2 1

O9 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 4 2

O10 0 0

O11 0 0

O12 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 4 2

O13 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 6 3

O14 0 . 5 1 0.5

O15 0 0

A 1 0 . 5 1 0.5

A 2 0 . 5 1 0.5

Total Casos

4 2 0 0 0 3 3 3 2 2 3 3 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1

Pts 2 1 0 0 0 1.5

1.8

1.5 1 1 1.5

1.5 0 0.5 0 0 0 0 0 0.5 0 0.5 0 0 0 0 0 0.5

0.5 0 0 0 0 0 0 0.5 1 0.5

0.5

Manhã - 03/08/01

Calo Causado por quinas vivas

Sensação gélida-má circulação

Ausente

AfastadoPontadasDor

Dor Muito Forte

Op

erad

ore

s

Fad

iga

Men

tal

Cab

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Vis

ta C

ansa

da

Pit

erig

io

Gar

gan

ta

Pes

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Om

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O2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 6 3

O3 0 . 7 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 7 3.75

O4 0 0

O5 0 . 5 0 0.5

O6 0 0

O7 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 4 2

O8 0 . 7 5 0 . 7 5 1 1 4 3.5

O9 0 . 5 0 . 7 5 0 . 7 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 v 0 . 5 0 . 5 1 3 7

O10 0 . 5 0 . 5 2 1

O11 0 0

O12 0 0

O13 0 . 7 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 7 3.75

O14 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 3 2

O15 0 0

A1 0 . 5 1 0.5

A2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 3 1.5

Total Casos

4 2 1 0 0 4 7 5 4 4 4 6 1 0 0 0 1 1 0 2 0 1 0 0 0 1 1 2 2 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1

Pts 2 1.3

0.8 0 0 2.5

3.5

2.3 3 3 2.3

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0.5 1 1 0 0.5 0 0 0.5

0.5

0.5

0.5 0 0.5

Desconforto/Dor Manhã de 03/08/01

Desconforto/Dor Tarde de 03/08/01

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA … · Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção ... implant the program of labor gymnastics

150

Op

era

do

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Fa

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Ca

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Vis

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O2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 7 4

O3 0 . 7 5 0 . 5 4 1.25

O4 0 0

O5 0 . 7 5 0 . 5 0 1.25

O6 0 0

O7 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 5 2.5

O8 0 . 7 5 0 . 7 5 1 1 0 . 5 0 . 5 6 4.5

O9 0 . 5 0 . 7 5 0 . 7 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 7 5 1 7 10.25

O10 0 . 5 0 . 5 2 1

O11 0 . 5 0 . 5 2 1

O12 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 1 5 7.5

O13 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 7 3.5

O14 0 . 5 0 . 5 2 1

O15 0 0

A1 0 . 5 0 . 5 1 1

A2 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 0 . 5 8 4

Total Casos

5 3 2 0 0 4 9 8 4 4 6 7 0 1 1 1 2 4 2 2 2 2 1 0 0 3 3 4 4 2 2 0 0 1 1 0 3 0 3

Pts 3 1.8

1.3 0 0 2 5.3

4.3

2.5 3 2.5 3 0 0.5

0.5

0.5 1 2 1 1.3 1 1.3

0.5 0 0 1.5

1.5 2 2 1 1 0 0 0.5

0.5 0 1.5 0 0.8

Acumulado da 2ª Semana

Calo Causado por quinas vivas

Sensação gélida-má circulação

Ausente

AfastadoPontadasDor

Dor Muito Forte

Op

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do

res

Fa

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a M

en

tal

Cab

eça

Vis

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O2 0 . 5 0.5 0.5 0.5 4 2

O3 0.5 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 8 4.25

O4 0 0

O5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 0.5 6 3.5

O6 0 0

O7 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 5 2.5

O8 0.75 0.75 1 1 1 1 1 0.5 0.75 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 1 1 1 6 12.5

O9 0.75 1 0.75

O10 0 0

O11 0 0

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O13 0.5 0.5 2 1

O14 0 0

O15 0 0

A1 0 0

A2 1 1 1

Total Casos

3 1 1 1 0 2 4 4 4 4 3 1 0 2 1 1 1 1 1 4 2 0 2 1 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pts 1.5

0.7

5

0.7

5

0.7

5

0

1.5

2.7

5

2.5

2.5

2.5

1.5 1 0

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5

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5

0.5

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0.5

0.5

2.5 0 1 0

1.5 1 0 0

0.5 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Manhã - 23/08/01

Desconforto/Dor Manhã de 23/08/01

Desconforto/Dor Segunda Semana

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA … · Este trabalho de conclusão foi analisado e julgado adequado para a obtenção ... implant the program of labor gymnastics

151

Op

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Fa

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O10 0.5 0.5 2 1O11 0.75 0.75 2 1.5O12 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 3 6.5O13 2 0O14 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 6 3.75O15 0 0A1 0.5 1 0.5A2 0 0

Total Casos

4 2 3 3 0 3 7 6 4 4 4 3 0 2 2 1 1 4 1 8 2 2 1 3 1 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0

Pts

3.2

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5

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5

0 0 0 0 0.5 0 0 0

Desconforto/Dor Tarde de 23/08/01

Desconforto/Dor Manhã de 27/08/01

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152

Acumulado da 4ª Semana

Calo Causado por quinas vivas

Sensação gélida-má circulação

Ausente

AfastadoPontadasDor

Dor Muito Forte

Op

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O5 0 . 5 0.5 0.5 1 0.5 0.5 0.5 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 3 7.25

O6 0 0

O7 0 . 5 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 1 0 6.25

O8 0 . 5 0.75 0.75 1 1 1 1 1 0.5 0.75 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 1 1 1 7 1 3

O9 0 . 5 0.75 0.75 0.75 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 1 3 7.25

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O11 0.75 0.75 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.5 0.5 1 1 7.5

O12 0 . 7 5 0.5 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0.75 0 0.75 0.75 1 2 8.75

O13 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 0.5 0.5 8 4.75

O14 0.75 0.5 0.75 0.5 0.75 0.5 6 3.75

O15 0 0

A1 0.5 0.5 2 1

A2 0 0

Total Casos

8 3 5 5 0 5 1 0 8 6 6 6 5 0 5 3 3 3 4 2 9 3 3 0 2 1 2 3 3 4 2 3 0 0 0 0 2 2 0 0

Pts

4.7

5

2

3.5

3.5 0

3.2

5

6.2

5

5.2

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3.7

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1.2

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5

0 0 0 0 1

1.2

5

0 0

Desconforto/Dor Tarde de 27/08/01

Desconforto/Dor Quarta Semana

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153

APÊNDICE G - EXERCÍCIOS FÍSICOS PRATICADOS NO SPE

Force o queixo para frente,enquanto a mão empurra o queixopata trás.

Deite a cabeça sobre o ombro esquerdo, enquanto a mão esquerda puxa o braço direito para baixo e para a esquerda. Repita para o outro lado.

Incline a cabeça para a frente,até sentir os tendões no pescoço.Volte a cabeça para trás e continueo movimento até o limite do pescoço.Mantenha a boca fechada.

Deite a cabeça sobre o ombro, atésentir o tendão do outro lado do pescoço. Repita o movimento para o outro lado.

(Ombro-Deslizamento Caudal)

(Ombro-Deslizamento Caudal)

Entrelace as mãos na nuca.Expire o ar e deixe o peso dos braçosabaixar a cabeça e alongar o pescoço e o tronco.

Force a testa para a frente, impedindo omovimento com a mão.Mantenha a posição.

Force a cabeça para trás e realize o movimento contrário com o braço,puxando a cabeça para frente.

Force a cabeça sobre o ombro, enquantoa mão empurra a cabeça na direçãocontrária.Repita o processo para o outro lado.

Puxe a cabeça sobre o ombro, com aajuda de um dos braços. O outro, deveráestar esticado na altura dos ombros,com amão aberta e o polegar apontado paracima.

Realize a rotação da cabeça, lentamente e para os dois lados.

Pressione as palmas das mãos na altura do peito, com os dedos voltadospara cima. Abaixe as mãos ao máximosem descola-las.

Abra as mãos, junte as pontas dos dedosna altura do peito e pressione os dedosde uma mão contra os da outra.Não esqueça nenhum dedo.

Entrelace as mãos.Gire as mãos, invertendo a posiçãodos dorsos.

Com as mãos entrelaçadas, forceos punhos para que movam-se paracima e para baixo.

Relaxe as mãos,Feche-as com força erelaxe as mãos novamente.

Relaxe as mãos.Abra todos os dedos ao máximo.Relaxe novamente.

Exercícios para as mãos, realizados pelo SPE

FIGURA 38 – Exercícios para o pescoço, realizados pelo SPE

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154

Estique os braços acima dacabeça e una as palmas das mãos.Alongue os braços para cima e um poucopara trás.

Puxe, delicadamente, o braço direitoaté o ombro esquerdo. Tente encostara parte interna do cotovelo no ombro.Repita para o outro braço.

Estando os braços esticados acimada cabeça, segure o cotovelo de umdos braços com a outra mão e force aquele braço para baixo.Repita o movimento para o outro lado.

Entrelace os dedos, na alura dos ombros.Vire as palmas da mão para fora.Estique ombros e braços.

Eleve os ombros, lentamente.Flexione a coluna para o lado e depois para o outro, com asmãos nos ombros.

Extenda a coluna o máximo possível.Mantenha os joelhos esticados e a mãona cintura.Dobre os joelhos quando retornar.

Coloque as mãos nas costas.Segure a mão direita com a esquerda.Eleve a mão direita, através da esquerda.Repita o movimento com a outra mão.

Coloque as mãos nos ombros emovimente o cotovelo para frentee para trás, como um pêndulo.

Coloque as mãos, entrelaçadas na nuca.Force a cabeça para trás e puxe o pescoço para frente com as mãos.

Coloque as mãos nas costas, uma porcima e outra por baixo do ombro.Entrelace os dedos.Mantenha a posição.Repita o movimento com a outra mão.

(Elevação da escápula)

(Rotação Interna - Ombro) (Retração-Pescoço)

(Flexão/Extensão - Ombros)

Vista Superior

Em pé, eleve os braços na frente dosombros. Rotacione um deles para as costas e o traga novamente para a frente.Repita o movimento com o outro braço.Acompanhe o movimento dos braçoscom a cabeça.

De pé ou sentado.Mantenha os braços perto do corpo, comos cotovelos em ângulo reto.Gire os braços para fora e para frente.

Coloque os dois braços acima da cabeça.Desça um deles e suba novamente, neste momento repita o movimento com ooutro braço e assim por diante.

Em pé, com o quadril e joelhos ligeira-mente flexionados e a musculatura abdominal contraída, force e balanceos braços, alternadamente, para cima epara baixo.

Eleve os braços estendidos por cima dacabeça.Desça os braços, separando-os.Repita o movimento.

Exercícios para membro superior, realizados pelo SPE

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155

Com as mãos esquerdas unidas e emângulo reto com o corpo, a dupla devecaminhar lentamente para a frente (direções opostas) até o limite dos ombros.Repita com o outro braço.

Em dupla, um de frente para o outro,com pés e mãos unidos, deve inclinar o tronco para trás, lentamente.A dupla deve sustentar esta posição por alguns segundos.

Em pé, a dupla deve dar as mãos por cima da cabeça e de costas. Os dois participantes deverão dar pequenos elentos passos para a frente até o limite de seus ombros.O mesmo exercício deve ser repetido com os braços na altura dos ombros e abaixoda cintura.

Com o tronco inclinado para a frente eas pernas esticadas, realize a elevação dos braços alternadamente, sem mover acoluna.

Realize a inclinação lateral do tronco,com as pernas afastadas, joelhos dobrados e braços elevados.

Em pé, com o quadril encaixado, coloqueo bastão na vertical atrás do corpo, segurando a ponta superior com a mão direita e a inferior com a esquerda. Com amão direita puxe o bastão e, também, amão esquerda, o máximo que esta aguentar.Repita a operação para o outro lado.

Em pé, com o quadril encaixado, coloqueo bastão na vertical atrás do corpo, segurando a ponta superior com a mão direita e a inferior com a esquerda. Utilizando os dois braços, empurre epuxe o bastão na direção do corpo.

De pé ou sentado.Mantenha os braços em ângulo reto como corpo e o cotovelo flexionado.Gire os braços para fora e para frente, sempre na altura dos ombros. Empregue força nos braços.

De mãos dadas, com as pernas fechadase esticadas, realizem a inclinaçãolateral do tronco.Repitam a operação para o outrolado.

De frente um para o outro, a dupla deveunir as palmas, com os dedos voltados para cima e abaixar lentamente os braços,sem deslocar as palmas das mãos. Chegando no limite dos braços devemparar, girar as mãos (voltando os dedos para baixo) e elevar as mãos, sem descolar as palmas.

De frente, com as mãos dadas, realizema inclinação anterior do tronco, mantendoa coluna em ângulo reto com as pernas,que devem estar esticadas.

Em pé, quadril encaixado e joelhosflexionados, eleve os braços na altura dos ombros. Um dos braços deve ficaresticado na lateral do corpo e o outrodobrado na frente do peito. Alternea posição dos braços.

Em pé, com o quadril encaixado, coloqueas mãos nos ombros e realize círculoscom os cotovelos, para frente e paratrás.

Com uma mão fechada (punho) e a outra aberta, ambas na altura do peito,realize a pressão de uma contra a outra.

Com uma bexiga ou bola flexível nas mãos,eleve os braços até a altura dos ombrose pressione a bola por 10x. Repita a operação com os braços sobre acabeça, abaixo da cintura e nas costas.

Com uma bexiga ou bola nas mãos,rotacioná-la em volta do pescoço.

Exercícios para membro superior, realizados pelo SPE

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156

Caminhe na ponta dos pés Caminhe com os calcanhares.

Caminhe acocorado.Desça sobre uma das pernas,enquanto a outra deve ser esticada paratrás. Gire o tornozelo da perna de tráspara fora.Repita a operação com a outra perna.

Desça sobre uma das pernas,enquanto a outra deve ser esticada paratrás. Os dois pés devem estar totalmenteplantados no chão.Jogue o peso de seu corpo na perna da frente. Mantenha a posição.Repita a operação com a outra perna.

Eleve um joelho por vez, até o nível do quadril.

Acocorado, com as pernas afastadas,desencoste um dos calcanhares do chão.Encoste novamente.Repita o movimento com o outro pé.Repita o movimento com os dois pés juntos.

Acocorado, com as pernas afastadas.Desencoste a ponta de um dos pésdo chão.Encoste novamente.Repita o movimento com o outro pé.Repita o movimento com os doispés juntos.

Em pé com as pernas juntas, abaixe-see abraçe as pernas aproximando a testados joelhos. Mantenha a posição.

(Cardiovascular)

(Cardiovascular)

(Cardiovascular)

(Tornozelo - Flexão plantar)

Em pé, leve o peso de seu corpona ponta dos pés, elevandoos calcanhares. Mantenha a posição.Desça lentamente.

Em pé, leve o peso de seu corpoaos calcanhares, elevandoas pontas dos pés. Mantenha a posição.Desça lentamente.

Em pé, puxe o tornozelo de uma das pernas até as nádegas. Mantenha acoluna reta, o quadril encaixado, osjoelhos juntos, a perna de apoio reta eo pé da perna flexionada encostado nasnádegas.Repita com a outra perna.

Coloque um pé sobre uma cadeira e asmãos em seu encosto. Incline o corpo parafrente, liberando o peso do corpo.Mantenha a perna que está no solo reta eo pé totalmente plantado no chão.Repita o movimento com a outra perna.

Coloque um pé no encosto de uma cadeira. Mantenha as duas pernas retas.Incline lentamente o corpo para a frente,forçando o quadril e os joelhos, com cuidado.Repita com a outra perna.

Em pé ou deitado, puxe uma das pernasaté o peito e mantenha a posição. Mantenha a coxa encostada no peito e o joelho totalmente flexionado.

Abra as pernas. Deslize o corpo até umdos joelhos que deverá ser flexionado. A outra perna deverá estar esticada.Repita o processo com a outra perna.

Exercícios para membro inferior, realizados pelo SPE

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157

Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Controle a respiração.Solte a coluna e relaxe.Repita os movimentos suavemente.

Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve e abaixe um das pernas,sem flexioná-la.Repita o processo com a outra perna.

Sente no chão. Coloque uma pernaestendida no solo e a outra dobrada sobre esta.Segure o joelho e rotacione o corpopara o lado da perna flexionada.Mantenha a posição.Repita para o outro lado.

Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, encoste a mão esquerdano pé do lado oposto, enquanto obraço direito acompanha o movimento do tronco.Rotacione o tronco para inverter aposição dos braços.

Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, entrelace as mãos nascostas.Incline o corpo para a frente, até que fique em ângulo reto com as pernas.Os braços devem estar eretos e a cabeçana mesma linha do corpo.Ao levantar, dobre os joelhos.

Em pé realize movimentos rápidos deaproximação de joelho e cotoveloopostos.

Em posição de passo, dobre suavementea perna de trás e segure com as duasmãos, o pé que está na frente.Ao levantar, dobre o joelhos.

Com os pés em paralelo, realize a circundação do quadril para uma ladoe depois para outro.

Em pé, segure com as duas mãos, umadas pernas (no joelho). Execute aelevação e flexão da perna estendida.

Com uma bola ou bexiga nas mãos, afaste as pernas e incline o tronco parafrente. Contorne com a bola o tornozeloesquerdo, depois o direito e por último,realizar um oito com a bexiga entre ostornozelos.

Afaste as pernas e incline o tronco atéuma das pernas. Segure o pé com as duasmãos e toque o joelho com a testa.Repita a operação para o outro lado.

Agache-se e segure os dedos do pé.Então, levante o quadril, alongando a perna, mas sem soltar a mão do pé.

Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve um das pernas.Flexione o tornozelo.Rotacione o tornozelo para um lado edepois para outro.Abaixe a perna.Repita o processo com a outra perna.

Sente no chão, com as pernas e colunabem retas. Eleve um das perna, sem flexioná-la. Abra e feche esta perna 10x.Abaixe a perna.Repita o processo com a outraperna.

Sente no chão, com a coluna e uma daspernas bem retas. A outra perna deveser dobrada ao lado do corpo.Desça o corpo em direção da perna estendida e segure o pé.Retorne à posição anterior.Repita o processo com a outraperna.

Em pé, com as pernas esticadas e afastadas, incline o corpo para a frenteaté tocar as mãos no solo. Em seguida,deslize as mãos para o meio das pernase por fim, para trás das pernas.Ao levantar, dobre os joelhos.

Exercícios para membro inferior, realizados pelo SPE

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T784g Trebian Ginástica laboral: por que não deu certo em um setor de

produção gráfica? / Giseli Trebian ; orientadora, Lia Buarque de Macedo. – Porto Alegre, 2004.

Trabalho de Conclusão. Curso de Mestrado Profissionalizante

em Engenharia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção com Ênfase em Ergonomia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

1. Saúde ocupacional. 2. Ginástica laboral. 3. Ergonomia. I. Macedo, Lia Buarque de, orient. II. Título.

CDU – 331.472