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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE NORTE
CENTRO CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Amanda Gabriella de Souza Matos
Taxa de Desemprego, Emprego Formal e Informal no
Brasil: 2002-2014.
Natal (RN)
2016
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Matos, Amanda Gabriella de Souza.
Taxa de Desemprego, Emprego Formal e Informal no Brasil: 2002-2014 / Amanda Gabriella de
Souza Matos. - Natal, 2016.
49f: il.
Orientador: Prof. Me. José Alderir da Silva.
Monografia (Graduação em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro
de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Economia. Curso de Graduação em Ciências
Econômicas.
1. Mercado de Trabalho - Brasil - Monografia. 2. Emprego Formal – Brasil - Monografia. 3.
Emprego Informal – Brasil – Monografia. 4. Taxa de Desemprego – Monografia. I. Silva, José
Alderir da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 331.5(81)
Amanda Gabriella de Souza Matos
Taxa de Desemprego, Emprego Formal e Informal no
Brasil: 2002-2014.
Monografia de Graduação apresentada ao
Departamento de Economia da UFRN como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Economia.
Orientador (a): Prof. Me. José Alderir da Silva
Natal (RN)
2016
Amanda Gabriella de Souza Matos
Taxa de Desemprego, Emprego Formal e Informal no
Brasil: 2002-2014.
Monografia de Graduação apresentada ao
DEPEC/UFRN como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em Economia
Aprovada em: 02/06/2016
_________________________________________ Prof. Me. José Alderir da Silva
Orientador/DEPEC UFRN
_________________________________________
Prof. (a)
Examinador/Instituição
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai, Termogenes
Matos Pereira (in memoriam), por sua luta e
dedicação para que hoje pudesse realizar meu
sonho, trabalhando mais horas que o necessário
para que eu pudesse ter acesso a uma boa
educação, o que me permitiu chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por seu imenso amor que me deu o dom da vida, e mesmo sem eu
merecer derrama inúmeras bênçãos sobre mim, demonstra o seu amor a cada manhã e me faz
forte para continuar a jornada da vida mesmo com dificuldades.
Aos meus pais, Termogenes Matos Pereira (in memoriam) e Maize de Souza Matos,
pelo amor dedicado a mim e pela ajuda muitas vezes sem palavras, simplesmente com um
abraço de incentivo, que me fez acreditar que posso chegar onde eu quiser.
Aos meus Avós Francisco Carneiro de Souza e Maria de Lourdes Silva de Souza, por
ficarem algumas noites acordados sentados à mesa enquanto eu estudava, sem ter a noção do
que me preocupava, incentivando mesmo sem saber onde eu poderia chegar e quando receberia
o meu tão sonhado diploma.
As minhas irmãs, Rafaella e Poliana que acreditaram na minha “loucura” quando resolvi
o curso que queria e sempre me incentivam para voar mais alto.
As minhas tias e primas que sabem o quanto foi árduo chegar ao final, mas sempre acreditando
que conseguiria realizar meu sonho.
Ao meu Marido, Humberto Bezerra, por entender minhas dificuldades, por me ajudar a
realizar algumas tarefas, minha ausência, meu cansaço, os momentos de choro e estresse
durante o período de avaliações e de realização deste trabalho.
Aos professores do curso de economia, que incentivaram o meu lado teimoso quando
não acreditaram que eu conseguiria. Agradeço de forma especial ao meu orientador, professor
José Alderir da Silva que não hesitou em me ajudar nesta fase final, sempre acreditou que
conseguiria, não me deixou desistir !!!MUITO OBRIGADA!!!!
Aos amigos que fiz na faculdade e que levarei para vida inteira, Camila Dantas, Yuri
Zarif, Rayanne Figueiredo, Thalita Ribeiro, meus amigos economistas dos quais me orgulho
por ter em minha vida, Hanoch Grinner que no meio do percurso encontrou seu caminho e
mudou o curso, mas que continua sendo o chato mais legal que conheço!!
As minhas amigas Isis Holanda e Soany Bezerra, que contribuíram para este trabalho
me incentivando, alegrando meus dias quando estava triste, me ajudaram a tornar a caminhada
mais tranquila, sempre conversando para que eu não desistisse, mas respeitasse minhas
limitações de corpo e mente.
As minhas Divas por entenderem minha ausência durante a realização deste trabalho.
OBRIGADA A TODOS !!!!
O período de maior ganho e experiência, é o período de maior
dificuldade na vida de cada um.
(Dalai Lama)
9
RESUMO
No período que se estende de 2002 a 2014, ou seja, durante os governos Lula e Dilma, ocorreu
uma forte redução da taxa de desemprego, em todos os indicadores que se propõe a avaliar a
trajetória do mercado de trabalho no Brasil. Contudo, como o Brasil apresenta um grande setor
informal, essa queda da taxa de desemprego pode ter sido seguida de uma alta precarização e
aumento da informalidade no mercado de trabalho. Assim, o objetivo deste estudo é observar
se de fator isso ocorreu na economia brasileira. Para isso, parte da seguinte pergunta de
pesquisa: a redução da taxa de desemprego no Brasil ocorreu concomitante com o aumento do
emprego informal? A hipótese de pesquisa é que ocorreu uma redução da economia informal
no Brasil, no entanto, existem outros fatores que contribuíram para reduzir a informalidade no
país. A metodologia de pesquisa será descritiva, qualitativa e quantitativa com o objetivo de
analisar os indicadores de formalidade e informalidade no Brasil que possam contribuir para
uma resposta mais pormenorizada da evolução do mercado de trabalho no país ao longo das
últimas duas décadas.
PALAVRAS-CHAVE: Mercado de Trabalho; Emprego Formal; Emprego Informal.
10
ABSTRACT
In the period extending from 2002 to 2014, i.e. during the Lula and Dilma governments, there
was a sharp reduction in the unemployment rate in all indicators that aims to assess the
trajectory of the labor market in Brazil. However, as Brazil has a large informal sector, this drop
in the unemployment rate may have been followed by a high precariousness and increased
informality in the labor market. The objective of this study is to see if this factor occurred in
the Brazilian economy. For this part of the following research question: the reduction in the
unemployment rate in Brazil occurred concomitantly with the increase in informal
employment? The research hypothesis is that there was a reduction of the informal economy in
Brazil, however, there are other factors contributing to reduce informality in the country. The
research methodology is descriptive, qualitative and quantitative in order to analyze the
formality and informality indicators in Brazil that can contribute to a more detailed response
from the labor market developments in the country over the past two decades.
KEYWORDS: Labour Market; Formal employment; Informal Employment.
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Evolução da Taxa de Desemprego (PME): Brasil, 2002-2014. ................................ 28 Figura 2: Taxa de Crescimento do PIB no Brasil: 2002-2014. ................................................ 28 Figura 3: Taxa de crescimento do Emprego Formal e do PIB: 1996-2014. ............................. 33
Figura 4: Taxa de Crescimento do Emprego Formal da Construção Civil e do PIB: 1996-
2014. ......................................................................................................................................... 34 Figura 5: Taxa de Crescimento do Emprego Formal do Comércio e do PIB: 1996-2014. ...... 34 Figura 6: Taxa de Crescimento do Emprego Formal da Indústria e do PIB: 1996-2014. ........ 35 Figura 7: Evolução da taxa de formalidade e informalidade no Brasil: 1995-2014. ................ 36
Figura 8: Participação da Economia Subterrânea no PIB do Brasil: 2003-2013. .................... 36 Figura 9: Grau de Informalidade (Definições I, II e III) no Brasil: 1995-2014. ...................... 38 Figura 10: Grau de Informalidade (Definições I, por áreas) no Brasil: 1992-2014. ................ 39
Figura 11: Grau de Informalidade (Definições II, por áreas) no Brasil: 1992-2014. ............... 39 Figura 12: Grau de Informalidade (Definições III, por áreas) no Brasil: 1992-2014. .............. 40 Figura 13: Evolução do Salário Mínimo Real: 1983-2016....................................................... 42
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Taxa de Desemprego no Brasil (%): 2001-2014. ..................................................... 29 Tabela 2: Participação do Emprego Formal no Brasil: 1995-2014. ......................................... 31 Tabela 3: Reajuste do Salário Mínimo no Brasil: 2003-2016. ................................................. 42
13
LISTA DE ABREVIATURAS E/OU DE SIGLAS
Central Única De Trabalhadores – CUT
Comissão Econômica Para A América Latina E O Caribe – CEPAL
Constituição Das Leis Trabalhistas – CLT
Departamento Intersindical De Estudos Socioeconômicos – DIEESE
Fundação Sistema Estadual De Análise De Dados - SEADE
Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística – IBGE
Instituto Nacional De Seguridade Social – INSS
Microempreendedor Individual – MEI
Organização Internacional Do Trabalho – OIT
Pesquisa De Emprego E Desemprego – PED
Pesquisa Nacional Por Amostra De Domicilio - PNAD
População Economicamente Ativa – PEA
População Em Idade Ativa – PIA
Produto Interno Bruto – PIB
Sistema De Contas Nacionais – SCN
Sistema De Microempreendedor Individual – SIMEI
14
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 15
1. TAXA DE DESEMPREGO, EMPREGO E CRESCIMENTO ECONÔMICO .......... 17
1.1. A lei de Okun ..................................................................................................................... 17
1.2. O Emprego Informal .......................................................................................................... 20
2. EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL E INFORMAL NO BRASIL NOS ANOS
2000 .......................................................................................................................................... 27
2.1. Taxa de Desemprego e o Crescimento do PIB nos anos 2000 .......................................... 27
2.2. Formalização e Informalização no Mercado de Trabalho na Economia Brasileira ........... 30
2.3. Outras Causas da Formalização do Mercado de Trabalho ................................................ 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47
15
INTRODUÇÃO
As décadas de 1980 e 1990 são consideradas pela literatura como décadas perdidas, uma
vez que apresentaram baixas taxas de crescimento. A taxa de crescimento média não passa dos
2,5% a.a. e a taxa de desemprego se encontrava superior a dois dígitos.
No entanto, o governo Lula se depara com uma conjuntura internacional favorável, com
a recuperação da Argentina, dos EUA e, sobretudo, com a ascensão da China. Com isso, a
economia passa a apresentar taxas de crescimento superiores a do período anterior. Além disso,
o governo encontra espaço para uma política de redistribuição de renda e inserção de famílias
de baixa renda no mercado consumidor. Diante disso, a média de crescimento entre 2004 e 2008
é de quase 5% a.a.
No final de 2008 a economia brasileira é afetada pela crise internacional que durou
momentaneamente até 2009, dada as políticas fiscais e monetárias que o governo implementou
para aliviar o impacto da crise.
Em 2010, a taxa de crescimento se aproxima da média histórica e cresce 7,5%, porém
não se tratava de um crescimento sustentável. Em 2011 a economia entrou em uma nova fase
de declínio, determinada mais pelos erros de política econômica do governo Dilma do que de
um contexto externo desfavorável. A taxa média de crescimento no período 2011-2014 volta a
ficar semelhante a das décadas perdidas, 2,5% a.a.
Contudo, no período que se estende de 2002 a 2014, ou seja, durante os governos Lula
e Dilma, ocorreu uma melhora da taxa de desemprego e em todos os indicadores que se propõe
a avaliar a trajetória do mercado de trabalho no Brasil. Contudo, como o país apresenta um
grande setor informal, essa queda da taxa de desemprego pode ter sido seguida de uma alta
precarização e aumento da informalidade no mercado de trabalho. Em outras palavras, pode ter
ocorrido o aumento de pessoas trabalhando sem carteira assinada, sem contribuição
previdenciária, trabalhando de forma autônoma e recebendo baixos salários.
Assim, o objetivo desta monografia é observar se de fato isso ocorreu na economia
brasileira. Para isso, parte da seguinte pergunta de pesquisa: a redução da taxa de desemprego
no Brasil ocorreu concomitante com o aumento do emprego informal? A hipótese de pesquisa
é que ocorreu uma redução da economia informal no Brasil, no entanto, existem outros fatores
que contribuíram para reduzir a informalidade no país.
A metodologia de pesquisa será descritiva, qualitativa e quantitativa com o objetivo de
analisar os indicadores de formalidade e informalidade no Brasil que possam contribuir para
16
uma resposta mais pormenorizada da evolução do mercado de trabalho no país ao longo das
últimas duas décadas.
O trabalho está estruturado em dois capítulos além desta introdução e das considerações
finais. No primeiro capítulo, constam as relações entre taxa de desemprego e taxa de
crescimento do PIB, e ao mesmo tempo com o emprego formal e informal. No segundo capítulo
são expostos os indicadores do mercado de trabalho no Brasil com o objetivo de observar as
relações entre a taxa de desemprego, o emprego formal, o emprego informal e o PIB. Ademais,
analisam-se outros indicadores da economia informal e os principais fatores que podem ter
influenciado na trajetória do mercado de trabalho no período em questão.
17
1. TAXA DE DESEMPREGO, EMPREGO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
Este capítulo tem por objetivo revisar os aspectos teóricos que relacionam a taxa de
desemprego com o crescimento econômico. Além disso, busca inserir o emprego formal e
informal nessa discussão.
1.1. A lei de Okun
O economista Arthur Okun quando trabalhava no Comitê de Conselheiros Econômicos
do presidente dos EUA, John Kennedy, observou que existe uma relação linear entre a taxa de
desemprego e a taxa de crescimento do PIB. Essa relação ficou conhecida por Lei de Okun, em
homenagem ao autor.
A Lei de Okun parte do princípio que existe uma relação inversa entre a taxa de
desemprego e a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, quanto menor a
taxa de desemprego maior a taxa de crescimento do PIB e, vice-versa. Como pode ser
observada, essa relação empírica não possui um raciocínio econômico muito forte, mas tem
permanecida viva ao longo do tempo (Mankiw, 2008).
Para chegar a essa conclusão, Okun estimou o PIB potencial da economia americana
e a taxa de desemprego de pleno emprego (ou taxa de desemprego natural). Em seguida,
estimou o coeficiente de Okun, ou seja, o valor que corresponde ao impacto da variação
do PIB real sobre a taxa de desemprego da economia. Esse coeficiente pode ser encontrado
pela seguinte função:
un – u = β(Q – (Qp) (1)
onde un é a taxa de desemprego natural; u a taxa de desemprego efetiva; Q o produto real
efetivo; Qp o produto potencial e β uma constante que mostra a intensidade do impacto de
variações no PIB sobre a taxa de desemprego.
O coeficiente encontrado por Okun para os EUA foi igual a 3, ou seja, uma queda de
um ponto percentual na taxa de desemprego provoca um crescimento de 3% no PIB.
No entanto, Blanchard (2007) argumenta que a intensidade da queda da taxa de
desemprego é menor do que o crescimento do PIB. Sendo a taxa de desemprego definida pela
razão entre o número de desempregados e a PEA (População Economicamente Ativa), quando
o PIB da economia aumenta, parte do emprego criado será preenchido por trabalhadores que
18
estavam fora da PEA e, portanto, não sendo considerados desempregados. Por outro lado, com
o crescimento do PIB outros trabalhadores passam a procurar emprego, ou seja, trabalhadores
que não estavam na PEA agora são incorporados, aliviando a queda da taxa de desemprego.
Dessa forma, por ambos os motivos, o desemprego cai menos do que o aumento do emprego.
Outro fator que pode aliviar a queda do desemprego é o crescimento populacional.
Quando esse crescimento não for acompanhado de políticas de expansão de emprego e renda,
ocorre um aumento da oferta de trabalho, que dada a demanda por trabalho, provoca o aumento
da taxa de desemprego, uma vez que parte da População Economicamente Ativa (PEA) ficará
fora do mercado de trabalho.
Koglin, Steinthaler e Neto (2005) também mostram que um desequilíbrio no mercado
de trabalho pode ocorrer quando se tem um salário real acima do salário que equilibra o mercado
em questão. A oferta por trabalho cresce acima da demanda por trabalho, gerando assim um
aumento da PEA que não conseguirá emprego e, portanto, aumentando a taxa de desemprego.
Para entender a rigidez dos salários e o desemprego esperado é necessário examinar
porque o mercado de trabalho não se equilibra. Quando o salário real excede o nível de
equilíbrio e a oferta de trabalhadores excede a demanda, pode-se esperar que as empresas
reduzam os salários pagos. O desemprego esperado surge porque as empresas não reduzem os
salários, apesar do excesso na oferta de mão-de-obra.
Schalk & Untiedt (2000) em sua análise sobre o desemprego europeu enfatizam que os
fatores microeconômicos eram a principal causa de desemprego, diferente do que prediz a lei de
Okun, que avalia os fatores macroeconômicos como a explicação para o desemprego.
Para Krugman (1997), no mundo real sempre existirá desemprego, as mudanças e incertezas
nunca deixam que a economia alcance um nível de pleno emprego. Para o autor, sempre existirá
trabalhadores sendo demitidos, temporariamente afastados ou pedindo demissão mesmo quando a
economia se encontra em crescimento. Por outro lado, sempre existirão jovens procurando seu
primeiro emprego ou voltando a força de trabalho após um período fora da PEA. Portanto, as
estatísticas do mercado de trabalho que consideram desempregados aqueles que estão procurando
emprego, mas ainda não encontraram ou não assumiram um, evidenciam uma taxa de desemprego
mesmo diante de um crescimento “galopante”.
Assim, cabe ao governo criar condições para inserir o jovem no mercado de trabalho através
da educação, qualificação e políticas públicas de inserção que permita reduzir a quantidade de
desempregados e ao mesmo tempo aumentar a eficiência e a produtividade do país.
A redução da taxa de desemprego também pode ocorrer quando se tem um aumento do
trabalho informal na economia. Ou seja, após certo tempo procurando emprego e não obtendo
19
sucesso, a força de trabalho passa a procurar um trabalho informal e, assim, ao deixar de procurar
emprego contribui para a queda da taxa de desemprego na economia. Em outras palavras, a redução
da taxa de desemprego pode ocorrer pari passu com a precarização do emprego.
A Lei de Okun aceita a Lei de Say como válida, de modo que é o crescimento do emprego
que leva ao crescimento do PIB, isto é, a oferta cria a sua própria demanda. No entanto, o princípio
da demanda efetiva pode ser incorporado na Lei de Okun. Para isso, basta inverter a causalidade
das variáveis, ou seja, o crescimento do PIB que provoca a redução da taxa de desemprego. Em
outros termos, a demanda cria a sua própria oferta.
Neste trabalho será adotada essa última causalidade com algumas adaptações. Além da
relação inversa com a taxa de crescimento do PIB, pretende-se observar a relação da taxa de
desemprego com o emprego formal e informal. Se a redução da taxa de desemprego, por exemplo,
foi acompanhada de um aumento (ou redução) do emprego formal e se também foi seguido por uma
redução (ou aumento) do emprego informal. No entanto, primeiramente, também se assume que
tanto a evolução do emprego formal quanto a do emprego informal seja em função da evolução da
taxa de crescimento do PIB e, não apenas a taxa de desemprego.
A hipótese é que a taxa de desemprego tenha uma relação inversa, que o emprego formal
tenha uma relação direta e que o emprego informal tenha uma relação inversa com a taxa de
crescimento do PIB. Essas relações podem ser expressas pelas seguintes funções:
)PIB(Desemprego de Taxa (2)
)PIB(Formal Emprego (3)
)PIB(Informal Emprego (4)
Portanto, de acordo com as funções 2, 3 e 4, quanto maior a taxa de crescimento do PIB,
menor a taxa de desemprego, maior a quantidade de emprego formal e menor a quantidade de
emprego informal na economia. Quanto menor a taxa de crescimento do PIB, maior a taxa de
desemprego, menor a quantidade de emprego formal e maior a quantidade de emprego informal na
economia.
20
1.2. O Emprego Informal
Em uma sociedade capitalista, é necessário que o homem ou mulher em idade
economicamente ativa, esteja inserido no mercado de trabalho para que contribua com o
crescimento do PIB e, como resposta ao seu trabalho possa satisfazer as suas necessidades.
Conceitos como emprego, trabalho e salário existem para que seja possível diferenciar cada tipo
de atividade e de que forma cada um deles contribui para formação do produto nacional.
O trabalho é mais antigo que o emprego, pois existe desde o momento que o homem
passa a transformar a natureza ao seu redor em busca de alimentos e moradia, fazendo seus
próprios utensílios caseiros e ferramentas. De acordo com o dicionário do pensamento social
do século XX, trabalho é o esforço humano dotado de um propósito, que envolve
transformações através do dispêndio de capacidades físicas e mentais.
Na Antiguidade, o trabalho era entendido como a atividade dos que haviam perdido a
liberdade. O seu significado confundia-se com o de sofrimento ou infortúnio. O homem, no
exercício do trabalho, sofre ao vacilar sob um fardo. O fardo pode ser invisível, pois, na verdade,
é o fardo social da falta de independência e de liberdade (KURZ: 1997, p.3).
Para Woleck, (2002, p.3)
O trabalho não está, necessariamente, contido no ciclo repetitivo vital da espécie. É por
meio do trabalho que o homem cria coisas a partir do que extrai da natureza,
convertendo o mundo num espaço de objetos partilhados. Diferencia-se, então, o labor
do trabalho. O primeiro é um processo de transformação da natureza para a satisfação
das necessidades vitais do homem. O segundo é um processo de transformação da
natureza para responder àquilo que é um desejo do ser humano, emprestando-lhe certa
permanência e durabilidade histórica.
O emprego, mais recente na história da humanidade surge em um período de revolução
industrial, onde homens vendem a sua força de trabalho em troca de uma remuneração. O
salário é um contrato no qual o possuidor dos meios de produção paga pelo trabalho de outros.
Para Woleck (2002) o emprego é um fenômeno da Modernidade. Em tempo anterior ao
advento da sociedade centrada no mercado, não era “[...] o critério principal para definir a
significação social do indivíduo, e nos contextos pré-industriais as pessoas produziam e tinham
ocupações sem serem, necessariamente, detentoras de empregos”. Para o autor, o emprego é
fundamental para definir o lugar que o ser humano possui na sociedade, e o meio para alcançar
seus objetivos materiais.
O emprego (ou trabalho) informal pode ser conceituado de duas formas distintas devido
à complexidade que engloba a ocupação. Para a CUT (Central Única de Trabalhadores), o
21
trabalho informal é definido como uma atividade vinculada a estabelecimentos de natureza não
tipicamente capitalista, com baixa produtividade e por pouca diferenciação entre capital e
trabalho, trabalhadores por conta própria, empregados sem carteira assinada alocados em
pequenas firmas bem como seus empregadores. Outra definição para informalidade é a que diz
que o trabalho informal é aquele que está à margem da lei, sem carteira assinada, sem benefícios
aos que estão empregados desta maneira, sem contribuição à previdência, e com condições
precárias de trabalho.
Para Sasaki (2009), estudiosos concordam que não existe consenso sobre o conceito de
informalidade de forma que possa abranger a gama de atividades que estão fora do conceito de
emprego formal. Entretanto, a consenso entre a informalidade e o mercado de trabalho,
crescimento econômico, crise dos setores formais de produção e desigualdade no acesso de
benefícios aos trabalhadores.
Os trabalhadores informais muitas vezes são chamados de marginais, sendo o conceito
de marginalidade utilizado de forma pejorativa, simplesmente porque não estão submetidas
totalmente as relações de trabalho determinadas pelo capital.
No entanto, para Feijó (2011), a informalidade não deve ser entendida como atividade
criminosa ou julgada como uma forma de fugir da lei, mas o emprego informal possui suas
próprias regras e estruturas organizacionais de mercado, de modo que também contribuem para
o crescimento do PIB através da geração de emprego e distribuição de renda.
OIT (2002) denomina emprego informal como qualquer atividade de trabalhadores que
não estão de acordo com a legislação, seja ela trabalhista ou tributaria, o que significa que essas
pessoas trabalham as margens da lei, o que não quer dizer, necessariamente que tenham práticas
ilícitas, mas os trabalhadores informais deixam de pagar os tributos diretos cobrados pelo
Estado e, assim, sonegando imposto. Contudo, apesar dessa disparidade de manifestações, há
um denominador comum: o fato de que, geralmente, envolvem trabalhadores cuja condição
tende a ser mais precária em razão de estarem em atividades em desacordo com as normas
legais ou fora do alcance das instituições públicas de seguridade social.
O trabalho informal pode ser uma busca para sanar a falta de emprego no mercado
formal, uma vez que possui entrada facilitada. Neste segmento, o trabalhador torna-se patrão e
empregado ao mesmo tempo, aumenta suas horas de trabalho em troca de liberdade de horários,
folga e autonomia, fator de grande significância para a maior parte dos informais. O mercado
informal não exige regulação nem tem incidência de carga tributária aumentando, portanto,
parte do lucro do trabalhador informal. Mas para o novo empreendedor a informalidade não
traz tantos bônus quanto o esperado, requer maior organização financeira, já que não é possível
22
contar com uma renda mínima fixa assegurada por lei, nem participação nos programas de apoio
do governo.
A figura dos pequenos empreendedores está relacionada muitas vezes ao setor informal
da economia. Quando a tributação é alta e há muita burocracia para formalizar a empresa, o
empreendedor acaba preferindo a informalidade pela facilidade de entrada. Assim, a maior parte
dos empreendedores informais permanece nessa atividade por não terem incentivos de políticas
que favoreçam ao novo empreendedor.
Segundo Pastore (2006), o crescimento da informalidade seria resultante do excesso de
regulamentação do mercado de trabalho, “vis a vis”, a limitada capacidade das pequenas
empresas e trabalhadores informais cumprirem as regras trabalhistas e previdenciárias. A
proposta desse pensamento seria que as leis trabalhistas fossem mais flexíveis e especificas para
os trabalhadores informais, que não seriam submetidas às mesmas regras, mas possuiriam os
mesmos benefícios de trabalhadores formalizados.
O crescimento do setor informal é considerado um fenômeno inquietante, porque gera
discursões entre os setores formal e informal devido o setor formal levar desvantagem dado o
pagamento de tributos cobrados pelo Estado, algo que não ocorre no setor informal.
Todavia, deve-se reconhecer que a economia informal não é necessariamente um
concorrente da economia formal, mas sendo muitas vezes complementar a esse, de modo que
estimula o seu próprio crescimento através da compra de insumos de empresas que aderiram a
formalização. Assim, segundo Hussmanns (2004), tanto o emprego formal quanto o informal
podem estar presentes nos diferentes setores de produção, isto é, pode existir emprego formal
em uma atividade produtiva do setor informal e emprego informal em uma atividade formal.
Devido à entrada fácil e a necessidade poucos recursos, geralmente o setor de serviços
concentra a maior parte do emprego informal em relação à indústria e a agricultura. Em sua
maioria, a busca pela melhor forma de manter as necessidades básicas sanadas, faz com que
inúmeros trabalhadores arrisquem o pouco do que tem para entrar na informalidade sem
nenhuma garantia de lucro e de direitos trabalhistas.
Todavia, na economia informal geralmente os trabalhadores não são demitidos sem justa
causa, podem através de sua experiência desenvolver carreira, obter ganhos por habilidades e
metas, recebem remuneração pela atividade que garante o sustento familiar. Além disso, muitos
trabalhadores preferem o emprego informal devido o salário ser maior em algumas atividades,
de modo que há uma troca dos benefícios que o emprego formal garante por salários maiores.
Avaliando-se as definições quanto à informalidade, pode-se dizer que o emprego formal
tem definição contrária, sendo chamado o trabalho institucionalizado, onde os trabalhadores
23
têm seus benefícios assegurados por lei, em relação à remuneração, descanso e condições
mínimas para realização de seu trabalho.
Pesquisas como a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), alerta para o
fato que os trabalhadores formais possuem benefícios frente aos informais, como: carga horária
de trabalho menor, remuneração fixa, férias, horas extras, todos descritos pela Constituição de
Leis Trabalhistas (CLT) que devem ser seguidos pelos empregadores sob pena de multas
previstas em lei. Mesmo com a regulamentação prevista na CLT, não se pode afirmar que existe
relação direta entre a formalização e a melhora nas condições de trabalho, em alguns casos,
para que as empresas tenham mais funcionários com carteira assinada, as condições de postos
de trabalho não são favoráveis.
Para Filgueiras (2011, p. 05)
Há evidências, inclusive, de que o avanço da formalização do emprego no Brasil
convive exatamente com esse cenário. Assim, a formalização não foi fator relevante
para a melhora de vários aspectos da qualidade dos empregos nos últimos anos,
contribuindo apenas na medida em que provocou expectativa e instrumento de pressão
para adimplência dos demais direitos. Para o capitalista, esse efeito ocorre na medida
em que sabe que, com a formalização, ele pode mais facilmente ser alcançado durante
ou depois da relação pela atuação de diferentes agentes, como sindicatos, fiscalização,
e demanda judicial pelos próprios trabalhadores. Entretanto, o incentivo desses agentes
tem sido débil em vários aspectos do emprego no conjunto do mercado de trabalho.
Assim, embora o emprego formal garanta os benefícios que estão na Constituição, o
mercado de trabalho formal não garante aos indivíduos oportunidades iguais, não existe espaço
para todas as pessoas dispostas a trabalhar, desta forma, a estabilidade financeira e o
desenvolvimento econômico dos indivíduos não podem ser asseguradas. No mercado formal,
não se diferenciam os indivíduos somente pela escolaridade, mas raça, gênero e cor ainda são
fatores de diferenciação. Ainda existem mulheres que estão empregadas e recebem
remuneração abaixo dos homens que ocupam os mesmos cargos, e muitas vezes com menor
qualificação apenas por diferença de gênero. A mobilidade socioeconômica não é livre, não é
oferecida a todos os indivíduos, alguns são condenados a viver sempre em desvantagem em
relação aos outros.
Kon (2008), diz que as desigualdades no mercado de trabalho sempre existiram,
desigualdades de função, de remuneração e qualificação, mas tornaram-se mais evidentes com
a recente crise internacional, principalmente em países em desenvolvimento, os países já
desenvolvidos encontraram dificuldades para gerar empregos intensificando desigualdades.
Para cada tipo de problemas, são necessárias ações específicas, o que mostra que não existe
24
fórmula de solução para sanar dificuldades, desigualdade não ocorre somente na esfera
econômica, mas principalmente na esfera social. Cada país deve buscar uma forma de reduzir
as desigualdades a ponto de não prejudicar em sua totalidade o desenvolvimento e crescimento
econômico.
No Brasil, trabalhador informal é todo aquele que não está vinculado a uma empresa
seguindo as normas e obtendo benefícios constituídos pela CLT. Trabalhadores considerados
informais são explorados pelos seus contratantes e geralmente encontram péssimas condições
de trabalho, recebem remuneração inferior aos formalizados e não tem direitos estabelecidos
por lei, como por exemplo, descanso semanal remunerado, férias, seguro desemprego, horas
extras etc.
As primeiras discursões a respeito da informalidade na economia brasileira datam da
década de 1970, assim foi denominada para nomear rendimentos instáveis não regulamentados.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) utilizou o setor informal para agrupar algumas
atividades de trabalhadores que não se encaixavam no setor de trabalho formal. Os estudos
publicados apontam geralmente para o que os informais deixam de contribuir para o equilíbrio
fiscal do país, mas não se preocupam em encontrar as causas que levaram grande parte da
população brasileira a não estar sob o regime da CLT.
Krein e Proni (2010) em seu trabalho para OIT buscam entender a configuração e
reestruturação do mercado de trabalho onde se insere o trabalho informal e suas características
próprias, os agentes que participam do processo e de que forma contribuem para o crescimento
do PIB brasileiro.
Kon (2008), em seu trabalho, cita as dificuldades de definir o trabalho informal
brasileiro, devido as suas características predominantes e setores onde estes trabalhadores se
inserem.
Segundo a OIT, a maior preocupação com o setor informal no Brasil, não é somente por
ser um trabalho que não está de acordo com a CLT, mas a baixa remuneração, baixa
qualificação, e quais os problemas que a economia capitalista enfrenta na geração de empregos
formais, quais políticas podem ser criadas ou até mesmo aperfeiçoadas para garantir as famílias
envolvidas o atendimento de suas necessidades através de seu esforço. Como combater a
exclusão social, diminuir a desigualdade de renda.
No Brasil, a formalização não garante salários altos, mas assegura o mínimo
determinado por lei, observa-se que mais de 45 milhões de trabalhadores brasileiros vivem com
um salário mínimo, que não é suficiente para atender as necessidades de uma família. Para que
25
isto fosse possível, o valor de salário estimado no ano 2015 deveria ser em torno de R$3.500,00
três mil e quinhentos reais.
Quadros (2003) aponta que políticas liberais contribuíram para o aumento de
desigualdades e queda na participação de lucros, as estatais privatizadas levaram ao aumento
do quadro de demissões e diminuição da participação da indústria no PIB. Segundo Oliveira
(2010), o Estado perdeu participação nas decisões empresariais e os sindicatos perderam poder,
o que enfraqueceu suas negociações.
Ganz (2010) aconselha que o Brasil passe por uma mudança estrutural e o Estado seja
reinserido na vida econômica e social do país através de políticas públicas que atinjam a base
da pirâmide social. O Estado deve investir em saúde, educação, saneamento, habitação para
elevar o nível de renda e acordos sociais que promovam ganhos, caso contrário o crescimento
econômico poderá fazer uma distribuição que agravara a desigualdade de renda.
Segundo Oliveira (2014, p.4)
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, 2010) argumenta que
a histórica heterogeneidade estrutural no mercado de trabalho brasileiro provoca
instabilidade no emprego, escassa especialização da força de trabalho e baixo nível de
salários: o Brasil sempre teve um mercado de trabalho flexível, permitindo ao
empregador ajustar quantidade, preço e certas condições unilateralmente (Baltar et alli,
2010), o que se agravou nos anos 1990, com profundas transformações com a adoção
das recomendações do Consenso de Washington (Fornazier e Oliveira, 2013). Nessa
década, assiste-se a um aumento da flexibilização das leis do trabalho: foram
regulamentados o Banco de horas (Lei 9601/1998), a liberação do trabalho aos
domingos (MP 1878-64/1999), a desindexação salarial (MP 1053/1994), a
flexibilização da remuneração (MP 1029/1994), dentre outras medidas (Fornazier e
Oliveira, 2013). Ocorreram significativas mudanças no mercado de trabalho brasileiro,
que caracterizariam uma reforma ampla no mercado de trabalho, ainda que realizada
paulatinamente e por medidas ad hoc, em formato de MPs e não de leis, i.e., foram
promulgadas com pouca ou nula discussão política e popular.
O trabalho informal no Brasil, não está limitado a um único setor ou área de atuação,
existe participação em toda economia. O setor de serviços possui o maior índice de
trabalhadores, estes possuem algumas características marcantes que se estendem para os demais
setores, sendo elas; facilidade de entrada, empreendimento familiar, tecnologia adaptada,
flexibilização de horários, menor fiscalização, escala de atuação menor e qualificação obtida
pela experiência, saindo dos muros dos centros educacionais de qualificação formal. Todavia,
estes têm remuneração menor do que os serviços com carteira assinada e nenhuma segurança
quanto a direitos trabalhistas. Em 2009, o setor de serviços detinha cerca de 62,5% do emprego
informal na economia brasileira enquanto a indústria detinha apenas 14%.
26
Considerando a informalidade como uma categoria radial, Feijó et al (2011, p. 10)
categoriza os ramos de atividade do setor informal no Brasil em três níveis, distribuídos da
seguinte forma:
1) Alta informalidade, totalizando 48% do total de estabelecimentos, no qual os ramos de
atividade se apresentavam em situação precária de funcionamento;
2) Média informalidade, totalizando 25% do total de estabelecimentos informais, onde os
ramos de atividade apresentavam situação intermediária e;
3) Baixa informalidade, com 27% do total de estabelecimentos, caso em que se
encontravam os ramos nos quais as empresas estavam, claramente, em melhor situação,
aproximando-se de características do setor formal da economia.
Entrar no mercado de trabalho através do setor informal, não traz aos participantes
melhores condições de vida, muitos participam desta forma de trabalho por existir na família,
um exemplo de trabalhador informal. O trabalho passa de pai para filho, os jovens começam
ainda crianças em alguns casos seguindo exemplo da figura que mantem as despesas familiares,
geralmente, o homem da casa.
Nota-se que os jovens entre 16 e 24 anos, são os que mais atuam no mercado informal,
trabalhadores deste setor inicialmente só possuíam o ensino fundamental e encontravam muitas
dificuldades para encontrar trabalho formal por sua baixa qualificação, estudos recentes
apontam para melhoria de escolaridade que agora se estende do ensino médio ao superior
incompleto, além disto, a participação das mulheres aumentou neste setor, passando de 38,9%
em 1999 a 42,6% em 2009.
Todavia, para Pochmann (2001), o trabalhador com maior escolaridade, é o mais
atingido quando o nível de emprego cai, nos anos 90, pessoas com mais de oito anos de
escolaridade enfrentaram taxas de desemprego maiores de 600% e os que possuíam menos anos
de estudo um aumento de desemprego em torno de 189%.
Ainda não é possível afirmar que a elevação da educação, seja inversamente
proporcional ao desemprego e a diminuição de desigualdades de rendimentos. Isto pode ocorrer
porque o mercado de trabalho não absorve toda a mão de obra disponível, os postos de trabalho
abertos são inferiores ao necessário, as empresas então, passam a exigir mais de seus
contratados, e pessoas com maior nível de escolaridade, competem com outros com currículos
iguais ou melhores que os seus. Trabalhadores menos qualificados perdem seu espaço nas
empresas.
27
A reestruturação do mercado de trabalho atrelada a baixa criação de postos de trabalho,
sugere o nascimento de uma nova informalidade, resultado de longos períodos de baixo
crescimento econômico, insuficiente para absorver o aumento da PEA, e processas mais rígidos
de contratação de profissionais pelas empresas, que passaram a exigir maior qualificação e nível
de experiência de seus candidatos. Sendo assim, fazem-se necessárias novas políticas públicas
de emprego e qualificação para incluir pessoas no mercado de trabalho formal e diminuir a
informalidade, trazendo crescimento e desenvolvimento econômico para o país.
2. EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL E INFORMAL NO BRASIL NOS ANOS
2000
No período que se estende de 2002 a 2014, ou seja, durante os governos Lula e Dilma,
ocorreu uma forte redução da taxa de desemprego, em todos os indicadores que se propõe a
avaliar a trajetória do mercado de trabalho no Brasil. Contudo, como o Brasil apresenta um
grande setor informal, essa queda da taxa de desemprego pode ter sido seguida de uma alta
precarização e aumento da informalidade no mercado de trabalho. Em outras palavras, pode ter
ocorrido o aumento de pessoas trabalhando sem carteira assinada, sem contribuição
previdenciária, trabalhando de forma autônoma e recebendo baixos salários.
Assim, o objetivo deste capítulo é observar se de fato isso ocorreu na economia
brasileira. Para isso, serão analisados os indicadores de formalidade e informalidade no Brasil
que possam contribuir para uma resposta mais pormenorizada da evolução do mercado de
trabalho no país ao longo das últimas duas décadas.
2.1. Taxa de Desemprego e o Crescimento do PIB nos anos 2000
A evolução da taxa de desemprego dada pelo indicador da Pesquisa Mensal de Emprego
(PME) do IBGE mostra a forte queda no período 2002-2014. Em dezembro de 2002 a taxa de
desemprego estava na casa dos dois dígitos, 10,5%, desde então tem apresentado uma queda
continua, alcançando em dezembro de 2010, uma taxa de 5,3% (Figura 1).
28
Figura 1: Evolução da Taxa de Desemprego (PME): Brasil, 2002-2014.
Fonte: IBGE (2016).
Nesse período, a economia apresenta forte crescimento do PIB, média superior a 4%
a.a., o que pode explicar essa queda na taxa de desemprego. Apesar do baixo crescimento da
economia brasileira em 2013 e 2014 (Figura 2), a taxa de desemprego continuou baixa (4,3%
em cada ano).
Figura 2: Taxa de Crescimento do PIB no Brasil: 2002-2014.
Fonte: IBGE (2016).
No entanto, a Pesquisa Mensal do Emprego realizada pelo IBGE é realizada apenas em
seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e
Porto Alegre), deixando de fora, portanto, grande parte do mercado de trabalho da economia
brasileira.
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
29
Dessa forma, é mais interessante analisar os dados da PNAD, que são mais abrangentes
e incorporam além das áreas metropolitanas, as áreas não-metropolitanas, áreas urbanas não-
metropolitanas e áreas rurais.
Porém, quando analisado os dados da PNAD, embora a taxa de desemprego seja um
pouco mais elevada, a tendência de queda também se apresenta (Tabela 1). Nos dados para o
Brasil, observa-se que a taxa de desemprego caiu significativamente na última década, passando
de 10,1% em 2002 para 7,3% em 2011 e alcançando o menor percentual, 6,7%, em 2012.
Vale a pena destacar que mesmo durante a crise de 2008-09, a taxa de desemprego não
aumentou de forma expressiva, como era o esperado. Para Saboia (2014), isso ocorreu devido
à flexibilização dos salários e dos trabalhadores que aceitaram receber até dois salários mínimos
para manter seu emprego. Acima desse nível, ocorreu a queda no emprego.
Do mesmo modo, ocorreu a redução da taxa de desemprego nas áreas metropolitanas,
não-metropolitanas e áreas urbanas não-metropolitanas, alcançando a menor taxa da série em
análise em 2012, de 7,4%, 6,4% e 6,8% respectivamente. Na área rural, a taxa de desemprego
permaneceu em torno de uma média de 3,5% entre 2001 e 2011, mas aumentou
consideravelmente em 2012 para 4,6%, destoando da trajetória da taxa de desemprego
apresentada nas demais áreas. Contudo, diferentemente dos dados da PME, os dados da PNAD
mostram um aumento da taxa de desemprego em 2013 e 2014 no Brasil e em todas as áreas,
exceto a rural.
Tabela 1: Taxa de Desemprego no Brasil (%): 2001-2014.
Brasil
Áreas
não-metropolitanas
Áreas
metropolitanas
Áreas
Rurais
Áreas urbanas
não-metropolitanas
2001 10,1 8,6 13,0 3,0 10,2
2002 9,9 8,1 13,5 2,7 9,6
2003 10,5 8,7 14,1 2,7 10,3
2004 9,7 7,9 13,5 3,1 9,2
2005 10,2 8,6 13,4 3,5 10,0
2006 9,2 7,8 12,1 3,7 8,8
2007 8,9 7,7 11,3 3,7 8,7
2008 7,8 6,9 9,6 3,4 7,7
2009 9,1 8,2 10,7 4,4 9,1
2011 7,3 7,0 7,9 3,8 7,6
2012 6,7 6,4 7,4 4,6 6,8
2013 7,1 6,8 7,8 5,3 7,1
2014 7,5 7,1 8,4 4,9 7,5
Fonte: PNADs.
30
Esse aumento da taxa de desemprego entre 2013 e 2014, assim como a redução no
período anterior pode ser explicado pela taxa de crescimento do PIB no período em análise. Ou
seja, a taxa de desemprego parece ter uma relação inversa com a taxa de crescimento do PIB na
economia brasileira. Em outras palavras, a Lei de Okun é válida para o Brasil.
Como pode ser observado pela Figura 2 e a Tabela 1, a taxa de desemprego diminui à
medida que o PIB aumenta, porém não na mesma intensidade e em alguns anos com alguma
defasagem. Entre 2013 e 2014, no final do primeiro governo Dilma, há uma forte queda do PIB
que contribui para o aumento da taxa de desemprego.
Assim, embora tenha passado por uma inflexão nos últimos dois do governo Dilma, não
resta dúvidas de que a taxa de desemprego caiu entre 2002 e 2014. Porém, é necessário saber
se essa evolução da taxa de desemprego foi seguida de maior formalização ou informalização
do mercado de trabalho da economia brasileira. Esse é o objetivo da próxima seção.
2.2. Formalização e Informalização no Mercado de Trabalho na Economia Brasileira
Segundo o DIEESE (2012) a desestruturação da economia em relação ao emprego tem
vários motivos tais como: abertura comercial não regulamentada, baixas taxas de crescimento
econômico, aumento descontrolado da população economicamente ativa, falta de qualificação
de trabalhadores e queda do investimento, sobretudo, o investimento público.
A partir dos anos 2000, inicia-se uma busca de reformular a presença do Estado na
economia, através de políticas públicas voltadas para população com menor poder aquisitivo,
programas de ampliação de crédito, agricultura familiar, programa Bolsa Família. Tais fatores
influenciaram o crescimento econômico e refletiram em melhorias no mercado de trabalho.
Com isso, houve um significativo processo de diminuição da pobreza e da desigualdade de
renda no país no período em foco, o que também contribuiu para o aquecimento do mercado interno
e, consequentemente à geração de empregos.
A evolução do emprego formal no Brasil durante o governo do PT é muito expressiva.
Entre 2002 e 2010 foram gerados mais de 15 milhões de emprego com carteira assinada no país.
No primeiro governo Dilma, apesar do baixo crescimento econômico, ainda foi criado mais de
5 milhões de empregos formais. Portanto, entre 2002 e 2014 mais de 20 milhões de
trabalhadores entraram no mercado de trabalho formal.
Desses 20 milhões, mais de 10 milhões foram gerado no setor de serviços, 5 milhões no
comércio, 3,3 milhões na indústria, 1,7 milhões construção civil e 341 mil na agropecuária. Na
31
Tabela 1, encontra-se a participação do emprego formal de cada setor econômico no emprego
total, ou seja, como o emprego formal está distribuído setorialmente no Brasil.
A agropecuária manteve uma participação estável, média de 4,0%, até 2006, quando
passou a declinar. Em 2014, a participação da agropecuária no emprego formal era de 3,0%.
Na indústria se observa uma trajetória semelhante, mantendo uma participação média
de 20% até 2008 quando se inicia uma perda mais drástica da indústria, possivelmente
acentuado pela crise financeira internacional no ano em foco. Nos anos seguintes, a participação
da indústria passa cair ano após ano até 2014, quando alcança uma participação de cerca de
18%. Além da crise financeira de 2008, essa perda de participação da indústria pode ser
explicada pelo aumento da terceirização em algumas atividades que eram de responsabilidade
da indústria e passaram a ser direcionadas para empresas terceirizadas, como limpeza e
segurança. A introdução de máquinas e equipamentos também pode ser outro fator que
contribuiu para reduzir a participação do emprego formal da indústria no Brasil, uma vez que a
taxa de câmbio real apreciada tornou os bens de capital mais acessível ao empresário e,
portanto, permitindo substituir a força de trabalho por bens de capital.
Tabela 2: Participação do Emprego Formal no Brasil: 1995-2014.
Indústria Construção
civil
Comércio Serviços Agropecuária
1995 22,7 4,5 14,1 53,4 4,2
1996 22,1 4,7 14,5 54,1 4,2
1997 21,3 4,8 15,2 54,4 4,1
1998 19,6 4,6 15,3 56,3 4,1
1999 20,1 4,2 15,8 55,8 4,1
2000 20,2 4,2 16,2 55,4 4,1
2001 19,8 4,2 16,5 55,5 4,0
2002 19,7 3,9 16,8 55,7 4,0
2003 19,6 3,5 17,3 55,4 4,1
2004 20,4 3,6 17,8 54,1 4,2
2005 19,9 3,7 18,1 54,3 3,9
2006 20,3 4,0 18,0 53,9 3,9
2007 20,3 4,3 18,2 53,5 3,7
2008 20,0 4,9 18,6 53,0 3,6
2009 19,3 5,2 18,7 53,4 3,5
2010 19,3 5,7 19,0 52,8 3,2
2011 18,9 5,9 19,1 52,9 3,2
2012 18,6 6,0 19,4 52,9 3,1
2013 18,4 5,9 19,4 53,3 3,0
2014 17,9 5,7 19,6 53,8 3,0
Fonte: RAIS (2016).
32
Ao contrário da agropecuária e da indústria, a participação do emprego formal da
construção civil teve uma aumento expressivo no período em estudo. Em 1995 detinha 4,5% de
todo emprego formal no Brasil, esse percentual seguiu uma tendência de queda até 2003 quando
apresentou uma participação de 3,5%. No entanto, nos anos seguintes essa tendência foi
revertida e a participação do emprego da construção civil passou a aumentar. No final do
primeiro governo Lula, a atividade em foco já detinha 4,0% do emprego formal no país. Passou
pelo período de crise sem grandes dificuldades e atingiu seu pico em 2012 com uma
participação de 6,0%. Esse forte desempenho apresentado pelo setor da construção civil pode
ser explicado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pelo Programa Minha casa
Minha Vida do governo federal que demandaram mão de obra especializada, de modo que
ocorreu uma escassez de engenheiros civis, mestres de obras e pedreiros no país e,
consequentemente elevou o salário pago no setor. Porém, em 2014 ocorreu uma queda de 0,3
p.p. que pode ser explicada pela operação “Lava Jato”, dado que esta paralisou o setor no país
devido às investigações de corrupção nas empreiteiras.
O setor de serviços é constituído de atividades intensivas em mão de obra e, portanto,
constitui o setor com maior participação no emprego formal do Brasil, mantendo-se sempre
acima de 50% do total de emprego formal no país. Porém, sua participação foi muito instável e
com tendência de queda passando de 55% em 2000 para 53% em 2012. Por outro lado,
observaram-se nos últimos dois anos da série analisada um aumento importante, que pode ser
explicado pela formalização das empregadas domésticas a partir de abril de 2013.
Quanto ao setor de comércio, este teve um ganho expressivo de participação no período
em foco, sobretudo a partir de 2000. Passando de 16% em 2002 para quase 20% em 2014. O
fato é que na última década ocorreram estímulos a formalização do comércio, como a criação
do Simples em 1996 e do Simples Nacional em 2006. Com a criação do Simples as
microempresas e pequenas empresas receberam uma série de benefícios como a redução da
carga tributária, simplificação da escrituração fiscal, pagamento de vários tributos federais via
um único documento, além da contribuição previdenciária patronal. No mesmo sentido, criou-
se o Simples Nacional que ampliou os benefícios do Simples ao incluir os mais importantes
tributos estaduais e municipais, como o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços) e o ISS (Imposto Sobre os Serviços)1. Inicialmente a opção pelo Simples era restrita
a empresas com faturamento anual inferior a R$ 1,2 milhão, mas esse valor foi ampliado com
o Simples Nacional e passou a ser de R$ 2,4 milhões em 2006 e em 2012 esse valor mínimo foi
1 Uma análise do impacto da criação do Simples e Simples Nacional é encontrada em Leitão Pães (2015).
33
ampliado novamente para R$ 3,6 milhões. Como o comércio se encaixa nesse faixa de
faturamento, diversas empresas que se saíram da informalidade, contribuindo para aumentar a
participação do emprego formal do setor de comércio no Brasil. Como se pode observar no
Tabela 1, a participação do emprego forma do comércio cresce logo após a criação do Simples
e do Simples Nacional.
Além de todos os fatores mencionados anteriormente que contribuíram para a maior
formalização na economia brasileira, a taxa de crescimento do PIB foi também de extrema
importância no período em foco, como pode ser observado na Figura 3.
Quando analisado em termos de crescimento do emprego formal total, observa-se uma
relação muito forte com a taxa de crescimento do PIB, apresentando uma correlação de Pearson
de 71,3%. No entanto, o crescimento do emprego formal sempre ficou acima da taxa de
crescimento do PIB (Figura 3).
Figura 3: Taxa de crescimento do Emprego Formal e do PIB: 1996-2014.
Fonte: RAIS (2016) e IBGE (2016).
Observando a correlação de Pearson de forma setorial, também se observa uma forte
relação com o setor da construção civil, coeficiente igual a 70,8% no período em foco. Porém,
visualmente na Figura 4 pode ser observada certa disparidade entre as duas curvas, a taxa de
crescimento do PIB e a taxa de crescimento do emprego formal da construção civil, o que pode
ser em decorrência do “Programa Minha Casa Minha Vida” do governo federal.
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
PIB Taxa do Emprego Formal
Coefiiente de Pearson (71,3%)
34
Figura 4: Taxa de Crescimento do Emprego Formal da Construção Civil e do PIB: 1996-2014.
Fonte: RAIS (2016) e IBGE (2016).
Com o setor de comércio a correlação foi ainda mais forte entre o PIB e o emprego
formal, apresentando um coeficiente de Pearson de 78,7% no período em foco (Figura 5). A
taxa de crescimento do emprego formal do setor de comércio também sempre esteve acima da
taxa de crescimento do PIB.
Figura 5: Taxa de Crescimento do Emprego Formal do Comércio e do PIB: 1996-2014.
Fonte: RAIS (2016) e IBGE (2016).
Na indústria, figura 6, a taxa de crescimento foi muito semelhante à do PIB apresentando
um coeficiente de Pearson de 67,8%, porém parece ser um setor muito dependente do
crescimento do PIB em relação aos demais setores econômicos, sobretudo, o setor de máquinas
e equipamentos. Sendo a indústria que produz as máquinas e equipamentos, um crescimento do
PIB tende a fazer com que os demais setores demandem mais máquinas e equipamentos e,
-10,0
-5,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
PIB Construção Civil
Coeficiente de Pearson (70,8%)
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
PIB Comércio
Coeficiente de Pearson (78,7%)
35
assim, elevando o emprego na indústria. Assim, o crescimento do emprego formal da indústria
é extremamente dependente do crescimento da produção dos demais setores econômicos da
economia.
Figura 6: Taxa de Crescimento do Emprego Formal da Indústria e do PIB: 1996-2014.
Fonte: RAIS (2016) e IBGE (2016).
Os outros dois setores, o de serviços e a agropecuária apresentaram baixa correlação
com o PIB, o primeiro apresentou um coeficiente de Pearson de 40% e a agropecuária um
coeficiente de 19% no período analisado.
Diante de tudo que foi descrito anteriormente ocorreu um aumento da formalização da
economia brasileira2, ou seja, ocorreu o aumento do emprego formal em contraposição do
emprego informal, conforme pode ser observado na Figura 7.
Assim, observou uma relação direta entre a taxa de crescimento do PIB e o emprego
formal, sobretudo, nos setores da Indústria, Construção Civil e Comércio, conforme a função 2
apresentada no primeiro capítulo.
Mesmo com o aumento do emprego formal, a taxa de formalidade seguiu tendência de
queda até queda até 2002 quando alcançou o percentual de 42,7% dos empregos. Por outro lado,
taxa de informalidade seguiu crescendo até 2002, quando deteve pouco mais de 57% dos
empregos no país. Em outras palavras, o crescimento do emprego informal foi maior do que o
crescimento do emprego formal entre 1995 e 2002, de modo que em 2002 existiam mais
trabalhadores na informalidade do que no mercado formal.
2 No entanto, Saboia (2014) argumenta que o grande desafio brasileiro não é gerar mais empregos, mas bons
empregos, os trabalhadores em idade ativa não possuem qualificação necessária para ocupar cargos com altos
salários, o fato é que mesmo a população permanecendo mais tempo na escola antes de entrar no mercado de
trabalho, ainda não alcançaram resultados favoráveis, pois recebem educação de baixa qualidade, de modo que o
aumento da formalização não foi acompanhado de perto de maior qualificação.
-10,0
-5,0
0,0
5,0
10,0
15,0
PIB Indústria
Coeficiente de Pearson (67,8%)
36
Porém, a partir de 2002 a trajetória se inverte. A taxa de formalidade passa a crescer de
forma exponencial, de modo que em 2013 já concentrava quase 60% do emprego total no Brasil,
isto é, um crescimento de mais de 15 p.p. em onze anos.
Figura 7: Evolução da taxa de formalidade e informalidade no Brasil: 1995-2014.
Fonte: PNADs (2016).
Embora tenha ocorrido uma inflexão em 2014, o que pode ter sido gerado pelo aumento
do desemprego como visto nos dados da PNAD, ocorreu uma forte queda da informalidade no
Brasil entre 2002 e 2014.
Essa queda ocorreu também no que diz respeito a participação da produção do setor
informal no PIB do Brasil, ou seja, a participação da denominada economia subterrânea. Como
pode ser visto na Figura 8, a produção da economia subterrânea passou de 21% do PIB em 2003
para pouco mais de 16% em 2013.
Figura 8: Participação da Economia Subterrânea no PIB do Brasil: 2003-2013.
40
42
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46
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60 Taxa de Formalidade Taxa de Informalidade
21,0 20,9
20,4 20,2
19,5
18,7 18,5
17,7
16,9 16,8
16,2
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
37
Fonte: Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial e Fundação Getúlio Vargas (2016).
Segundo Saboia (2014), essa queda da informalidade em termos de emprego e produção
pode ser explicado pela combinação de diversos fatores, como: i) a própria sociedade passou a
dar mais importância a seus direitos conforme comprovam as manifestações populares
ocorridas no país desde 2013; ii) a conscientização dos direitos trabalhistas, que quando não
cumpridos resultam em processos na Justiça do Trabalho, que geralmente são de parecer
favoráveis aos trabalhadores; iii) maior rigor na fiscalização3, por parte do governo, nas
empresas para cobrar o cumprimento da legislação trabalhista; iv) aumento do poder de
barganha dos trabalhadores com a melhoria do mercado de trabalho permitiu aos trabalhadores
escolherem melhores empregos que respeitem a legislação trabalhista.
Segundo Baltar et al (2010), a informalidade tem diminuído não só como reflexo dos
impactos positivos do crescimento econômico, mas também pela importância das políticas de
regulação do trabalho e uma atuação efetiva dos órgãos fiscalizadores.
Contudo, Saboia (2014) e Amitrano & Squeff (2015) mostram esse forte crescimento
do emprego formal na economia brasileira nos anos 2000 está associado à criação de empregos
localizados no setor de serviços com baixa produtividade e mal remunerados, como pode ser
observado pelo aumento da participação dos empregos formais nas atividades de comércio. De
certo modo, isso indica a existência de condições precárias na estrutura de produção brasileira
em geral.
Essa queda da informalidade também é observada pelos três indicadores de grau de
informalidade calculados pelo Ipeadata com base nos microdados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE.
O grau de informalidade definição I corresponde ao resultado da seguinte divisão:
(empregados sem carteira + trabalhadores por conta própria) / (trabalhadores protegidos +
empregados sem carteira + trabalhadores por conta própria).
O grau de informalidade definição II corresponde ao resultado da divisão: (empregados
sem carteira + trabalhadores por conta própria + não-remunerados) / (trabalhadores protegidos
+ empregados sem carteira + trabalhadores por conta própria + não-remunerados +
empregadores).
3 Vide Simão (2009) a esse respeito.
38
E o grau de informalidade definição III corresponde ao resultado da divisão
(empregados sem carteira + trabalhadores por conta própria)/(trabalhadores protegidos +
empregados sem carteira + trabalhadores por conta própria + empregadores).
A Figura 9 mostra a evolução desses três graus de informalidade. E, como pode ser
observado, ocorreu uma queda significativa de ambos os indicadores. O grau de informalidade
definição I, passa de 57,8% em 1995 e segue uma trajetória de crescimento até 1999, quando
finalmente passa a cair, alcançando 47,3% em 2014. O grau de informalidade na definição II
também segue tendência de crescimento até 1999 para cair desse ano em diante, alcançando
46,5% em 2014. Movimento semelhante ocorre com o grau de informalidade na definição III,
obtendo uma taxa de 45% em 2014.
O fato é que todos esses indicadores perderam cerca de 10 p.p. entre 1999 e 2014.
Porém, entre 2011 e 2013, essa queda foi amenizada e em 2014 voltou a crescer, o que pode
ser explicado pelo aumento da taxa de desemprego apresentada nesse último ano (vide Tabela
2).
Figura 9: Grau de Informalidade (Definições I, II e III) no Brasil: 1995-2014.
Fonte: Ipeadata (2016).
Mas quando se desagrega esse indicador por áreas, observa-se que as áreas
metropolitanas são as que apresentam menos informalidade enquanto as áreas rurais apresentam
resultados opostos (Figuras 10, 11 e 12). Embora tenha havido uma queda expressiva da
informalidade nas áreas rurais na última década.
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0 Definição I Definição II Definição III
39
Figura 10: Grau de Informalidade (Definições I, por áreas) no Brasil: 1992-2014.
Fonte: Ipeadata (2016).
Figura 11: Grau de Informalidade (Definições II, por áreas) no Brasil: 1992-2014.
Fonte: Ipeadata (2016).
30,0
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Áreas não-metropolitanas Áreas Metropolitanas Áreas Rurais Áreas urbanas não-metropolitanas
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Áreas não-metropolitanas Áreas Metropolitanas Áreas Rurais Áreas urbanas não-metropolitanas
40
Figura 12: Grau de Informalidade (Definições III, por áreas) no Brasil: 1992-2014.
Fonte: Ipeadata (2016).
No entanto, nas áreas metropolitanas existe maior incidência de trabalhadores informais,
alocados em pequenas unidades de produção, com produtos e serviços com qualidade inferior
aos industrializados. Os chamados trabalhadores por conta própria cresceram em relação aos
que entraram no mercado formal, a motivação em sua maioria é a falta de emprego e a
necessidade de manter a família.
Por outro lado, nas áreas não-metropolitanas e áreas urbanas não-metropolitanas, os
indicadores de informalidade se aproximaram de níveis próximos da área metropolitana,
ocorrendo uma redução significativa pós 2002. Contudo, nos últimos dois anos da série de
dados analisada (2013 e 2014), observou-se um aumento da informalidade em todas as áreas,
exceto nas áreas rurais. Ou seja, em períodos de recessão, as áreas rurais tende a sofre menos
que as demais áreas no que diz respeito ao aumento do desemprego, como pode ser visto na
Tabela 2.
Assim, parece que existe uma relação inversa entre a taxa de crescimento do PIB e os
indicadores de informalidade na economia brasileira, como a terceira função desenvolvida no
primeiro capítulo deste trabalho. Contudo, é preciso observar outros fatores que contribuíram
para reduzir o trabalho informal ou aumentar o emprego formal no Brasil, além da taxa de
crescimento do PIB. Esse é o objetivo da próxima seção.
2.3. Outras Causas da Formalização do Mercado de Trabalho
O crescimento do emprego e, sobretudo, do emprego formal foi expressivo nos anos
2000, no entanto, ao contrário do que ocorreu nos anos 1990, esse aumento não foi derivado de
30,0
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50,0
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Áreas não-metropolitanas Áreas Metropolitanas Áreas Rurais Áreas urbanas não-metropolitanas
41
políticas que tinham por objetivo flexibilizar o mercado de trabalho, mas derivado de uma nova
orientação de política macroeconômica, embora utilizando do mesmo tripé herdado do governo
anterior.
Política de Valorização do Salário Mínimo
Ao contrário do que os neoliberais argumentavam, de que o salário mínimo teria que
cair para estimular a queda do desemprego, concomitante com o crescimento do salário mínimo
ocorreu a queda da taxa de desemprego e, sobretudo, reduziu a informalidade na economia
brasileira pós-2004.
Segundo Saboia (2014), o crescimento do salário mínimo já vinha ocorrendo desde
1995, depois que o plano real foi implementado, mas somente a partir de 2004 que esse
crescimento passa a ser significativo, quando a conjuntura política e econômica foi mais
favorável.
Isso se deve as diversas lutas do movimento sindical, que depois de ter os salários
defasados se mobilizaram em meados dos anos 2000 para demandar do governo uma política
de valorização do salário mínimo.
O objetivo era criar uma política permanente de valorização que garantisse o poder de
compra do salário mínimo e ao mesmo tempo recuperasse o poder de compra perdido nas
décadas anteriores. Essas lutas sindicais resultaram em uma regra de reajuste do salário mínimo
a partir de 2009, quando o reajuste do salário mínimo passou a ser corrigido pela inflação
(INPC) e pela taxa de crescimento do PIB de dois anos anteriores.
A Tabela 3 mostra a evolução dos reajustes do salário mínimo ao longo do governo do
PT e, como pode ser observado, o salário mínimo tem tido reajustes reais no período em foco,
sempre acima da inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor (INPC). O aumento
real acumulado, entre 2003 e 2016, ficou acima de 77%, o que mostra um ganho significativo
do poder de compra do salário mínimo.
42
Tabela 3: Reajuste do Salário Mínimo no Brasil: 2003-2016.
Período Salário Mínimo (R$) Reajuste Nominal (%) INPC (%) Aumento real (%)
2003 240,00 20,00 18,54 1,23
2004 260,00 8,33 7,06 1,19
2005 300,00 15,38 6,61 8,23
2006 350,00 16,67 3,21 13,04
2007 380,00 8,57 3,30 5,10
2008 415,00 9,21 4,98 4,03
2009 465,00 12,05 5,92 5,79
2010 510,00 9,68 3,45 6,02
2011 545,00 6,86 6,47 0,37
2012 622,00 14,13 6,08 7,59
2013 678,00 9,00 6,20 2,64
2014 724,00 6,78 5,56 1,16
2015 788,00 8,84 6,23 2,46
2016 880,00 11,68 11,28 0,36
Total
do Período - 340,00 148,34 77,18
Fonte: DIEESE.
Esse ganho real foi garantido a partir de 2015, pois essa regra foi renovada e o aumento
de 2016 já corresponde a variação do PIB em 2014 que foi de 0,1% mais a variação da inflação
(INPC) em 2015 que foi de 11,28% multiplicado pelo valor do salário mínimo em 2015 (R$
788,00). O valor resultante da aplicação da regra seria de R$ 877,73, mas o governo fechou em
R$ 880,00. A Figura 12 apresenta a evolução do salário mínimo real entre 1983 e 2016.
Pela Figura 13 pode observar que somente em 2016 é que o poder de compra
apresentado na década de 1980 foi recuperado. Também pode ser visto que desde 2004, o
salário real segue uma trajetória sustentável de crescimento.
Figura 13: Evolução do Salário Mínimo Real: 1983-2016.
Fonte: DIEESE.
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43
O impacto do salário mínimo na economia é muito forte por dois fatores. Primeiro,
estima-se que mais de 48 milhões de brasileiros tem seus salários referenciados no salário
mínimo. Segundo, trata-se do piso e a base para o reajuste das demais remunerações na
economia. Com isso, o salário pago no setor informal não conseguiu acompanhar o ritmo de
crescimento do salário mínimo, de modo que as vantagens da informalidade no país foram
diminuídas, levando muitos trabalhadores a formalizar-se. Contudo, não ocorreu apenas a
formalização dos empregos, mas também das empresas.
Microempreendedor Individual
Avaliando as possíveis causas da informalidade, o governo inicia um processo de
diminuir a burocracia e a taxa de tributos para o novo empresário, facilitando a formalização e
garantindo benefícios aos que optam por se formalizar e pagar suas dívidas junto ao governo,
através da figura do Microempreendedor individual.
Com o intuito de formalizar o trabalhador informal, o governo criou a Lei
Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008. Os informais que querem se legalizar,
passam a ser parte de uma figura jurídica como Empreendedor Individual ou
Microempreendedor individual (MEI). Antes desta lei, os pequenos empresários brasileiros não
eram contemplados com a legislação vigente, mas a partir do ano de 2006, o governo passa a
criar políticas e leis que beneficiaram esse tipo de trabalhador, o que os incentivou a formalizar-
se.
A Lei Complementar nº 128/2008 foi lançada, dentre outras providências, com o
objetivo de formalizar os trabalhadores que atuam por conta própria. Inicialmente com
teto de faturamento de R$36.00,00, a partir da Lei Complementar nº. 139, de janeiro de
2012, o Empreendedor Individual contempla os profissionais com faturamento de, no
máximo, R$ 60 mil por ano e que possuam até um empregado contratado com salário
mínimo ou piso da categoria. O benefício passa pela alíquota de apenas 5% sobre o
salário mínimo, valores fixos de R$1,00 de ISS e R$5,00 de ICMS. O interessado
também não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular (BRASIL,
2008). O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 32,10 (Comércio e
Indústria) ou R$ 36,10 (Prestação de Serviço) e R$ 1,00 (Comércio e Indústria) que será
destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS (PORTAL DO
EMPREENDEDOR, 2013). (Oliveira; Forte, 2014, p.2).
Com a criação da lei, o governo simplificou a forma que os trabalhadores podem
formalizar-se garantindo benefícios do governo federal e garantindo acesso a serviços, como
conta corrente, valor fixo de imposto, funcionário legalizado dentre outros.
44
Trabalhar no setor informal brasileiro é um desafio para quem busca melhoras em sua
vida financeira, sem garantias legais, esses trabalhadores nem sempre são bem-sucedidos em
seu novo empreendimento, a insegurança por não possuir uma empresa institucionalmente
legalizada, faz com que possíveis compradores percam interesse em negociar, pois não podem
contar com garantias de serviços, ou inclusive trocas de mercadorias adquiridas.
A formalização dos empreendedores individuais trouxe a esta segurança jurídica para
os trabalhadores, quando formalizados, passam a estar protegidos pela lei, e passam maior
credibilidade aos seus clientes sobre seu tipo de negócio. Ainda assim, muitos preferem a
informalidade, de modo que se fazem necessários estudos aprofundados sobre fatores que
motivam os trabalhadores a continuar no setor informal.
Com a criação da lei Complementar nº 128/2008 que caracteriza o microempreendedor
individual e os regimentos que devem ser seguidos, a informalidade brasileira tem diminuído
significativamente, por se tratar de uma forma menos burocrática de formalização, muitos do
que antes queriam burlar os impostos cobrados pelo governo, passaram a legalizar suas
atividades. Com efeito, foram formalizadas cerca de 6 milhões de empresas no período em
questão. E junto com a formalização das empresas ocorreu a formalização de seus empregados,
aumentando, assim o emprego formal na economia brasileira.
No entanto, diante de todos os esses avanços, a situação do mercado de trabalho ainda
permanece bastante precária, uma vez que os indicadores analisados mostraram que a economia
brasileira continua com uma alta taxa de informalidade, mais de 40% em 2014. Nas áreas rurais
a situação ainda é mais precária, chegando a 80% de acordo com os indicadores de grau de
informalidade fornecido pelo Ipeadata.
45
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve por objetivo observar se a queda da taxa de desemprego verificado
no governo do PT foi acompanhada de um aumento da economia informal. Para isso,
perguntou-se se a redução da taxa de desemprego no Brasil ocorreu concomitante com o
aumento do emprego informal? A hipótese de pesquisa foi de que, ao contrário, ocorreu uma
redução da economia informal no Brasil. Porém, existem outros fatores que contribuíram para
reduzir a informalidade no país.
No primeiro capítulo foi realizada uma breve revisão teórica sobre a relação entre a taxa
de desemprego e a taxa de crescimento do PIB, ou seja, a Lei de Okun. Ao mesmo tempo
buscou-se adaptar essa lei para incorporar o setor formal e informal na tentativa de captar o
efeito da taxa de crescimento sobre essas variáveis.
No segundo capítulo foram expostos os indicadores de taxa de desemprego, taxa de
crescimento, os indicadores de emprego formal e informal com o objetivo de captar o impacto
da taxa de crescimento do PIB em relação a esses indicadores.
Após realizada essas etapas, observou-se um aumento do grau de confiança da hipótese
de trabalho. Porém, tem-se outros fatores que contribuíram para reduzir a informalidade no país
e que gerou melhorias no mercado de trabalho brasileiro, como a valorização do salário mínimo
e o incentivo a formalização dos microempreendedores.
Faz-se necessários estudos aprofundados sobre o mercado de trabalho, as leis que o
regem e seus condicionantes, em algumas economias, especialmente a brasileira, a realidade
contradiz a teoria, diferente do que pregam alguns teóricos o mercado de trabalho não pode ser
explicado apenas pela lei de oferta e procura, em períodos onde se esperava baixo crescimento
da economia e dos trabalhadores com carteira assinada, nota-se crescimento significativo,
alguns condicionantes como educação inovações tecnológicas que podem aumentar a
possibilidade de inserção no mercado de trabalho estavam em baixa, e ainda assim o nível de
emprego cresceu, a taxa de mortalidade baixa também contribui para que a população possa
envelhecer e contribuir mais para o mercado de trabalho, e ao contrário do que diz a escola
liberal, que a flexibilização de salários para aumentar o emprego formal é estritamente
necessária, não ocorreu, exceto em períodos de crise como a de 2008.
O crescimento deve ser acompanhado por planos de governo que colaborem para o
aumento do trabalho formal na economia brasileira, ainda existe grande percentual de
desigualdade que necessita ser superado, diferença salarial entre regiões, nível de escolaridade,
46
educação de qualidade ainda fazem com que o Brasil cresça a passos lentos, com
desenvolvimento tardio.
As mudanças relacionadas a faixa etária da população brasileira, vem acompanhadas de
desafios, faz-se necessário políticas públicas que englobem todas as faixas de idade, em relação
a educação, emprego, revisão de leis de previdência e aposentadoria. Políticas de emprego
garantem futuramente que a aposentadoria seja assegurada, e o Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS) continue com o seu caráter distributivo, população em idade ativa, através de
seus impostos elevam o percentual de arrecadação destinado aos aposentados.
De fato, muito tem de ser melhorado. Entraves da política econômica precisam ser
resolvidos, a carga tributária alta para as empresas dificultam a contratação de trabalhadores no
regime formal, os juros são elevados desestimulando a produção nacional, a qualidade nos
serviços públicos de educação, segurança, saúde também influenciam diretamente na decisão
de contratação de pessoal pelas empresas atuantes no mercado brasileiro.
As diferenças regionais também influenciam na avaliação do mercado formal brasileiro,
na região nordeste, registra-se o menor percentual de pessoas em idade economicamente ativa
inserida no mercado de trabalho. Diante disso, faz-se necessários estudos para avaliar os
motivos pelos quais a região tem menores índices de emprego formal, quais os fatores estão
diretamente ligados a estas baixas taxas de emprego, seja educação, renda, população composta
por sua maioria mulheres, aumento do trabalho informal , seja por falta de políticas de emprego
ou por crescimento de uma onda empreendedora, onde cada um quer ser dono de seu negócio,
fugindo de alta carga tributária, horários estabelecidos por empresas, dentre outros aspectos.
Os esforços feitos pelo governo para assegurar melhorias no mercado de trabalho, ainda
não são suficientes para alocar toda mão de obra disponível, grande parte dos trabalhadores,
mesmo com melhorias em nível de escolaridade e qualificação profissional, ainda encontram-
se fora das empresas o que traz o desafio de diminuir a informalidade no país, não é possível
afirmar a motivação real para escolha de entrada nesse tipo de mercado, da mesma forma, ainda
não é possível contabilizar de forma precisa a quantidade de pessoas que entram neste setor por
conta própria, com visão de empreender ou aqueles que escolhem este setor para assegurar as
suas necessidades básicas de sobrevivência. Assim, este estudo deixa diversas brechas para
pesquisas futuras.
47
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