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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA - EEAAC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AOS PACIENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO ESTUDO DESCRITIVO Mestrando: Luiz Fernandes Gonçalves Fialho Orientadora: Profª. Drª. Patrícia dos Santos Claro Fuly Linha de pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - app.uff.br de conceitos... · and the ICNP® version 1.1 and version 2.0, the aims of this study are to propose a subgroup of concepts of diagnoses,

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  • 1

    SERVIO PBLICO FEDERAL

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

    ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA - EEAAC

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

    SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA CLASSIFICAO INTERNACIONAL

    PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AOS PACIENTES

    COM MIELOMA MLTIPLO

    ESTUDO DESCRITIVO

    Mestrando: Luiz Fernandes Gonalves Fialho

    Orientadora: Prof. Dr. Patrcia dos Santos Claro Fuly

    Linha de pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos

  • 2

    SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA

    CLASSIFICAO INTERNACIONAL PARA A

    PRTICA DE ENFERMAGEM PARA O CUIDADO AOS

    PACIENTES COM MIELOMA MLTIPLO

    ESTUDO DESCRITIVO

    Autor: Luiz Fernandes Gonalves Fialho Orientadora: Prof. Dr. Patrcia dos Santos Claro Fuly

    Dissertao apresentada ao XXXX da Universidade Federal Fluminense /UFF como parte dos requisitos para a obteno do ttulo de Mestre.

    Niteri, 14 de dezembro 2012.

  • 3

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

    DISSERTAO DE MESTRADO

    SUBCONJUNTO DE CONCEITOS DA CLASSIFICAO

    INTERNACIONAL PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM PARA

    O CUIDADO AOS PACIENTES COM MIELOMA MLTIPLO

    Linha de Pesquisa: O Cuidado de Enfermagem para Grupos Humanos

    Autor: Luiz Fernandes Gonalves Fialho

    Orientadora: Prof Dr Patrcia dos Santos Claro Fuly

    Banca Examinadora:

    ___________________________________________________________

    Prof Dr Patrcia dos Santos Claro Fuly / UFF - Presidente

    ___________________________________________________________

    Prof Dr Joste Luzia Leite / UFRJ - 1 Examinadora

    ___________________________________________________________

    Prof Dr Mauro Leonardo S. Caldeira dos Santos / UFF 2 Examinador

    ___________________________________________________________

    Prof D Telma Ribeiro Garcia / UFPB - Suplente

    ___________________________________________________________

    Prof Dr Dalvani Marques / UFF - Suplente

  • 4

    Fialho, Luiz Fernandes Gonalves

    Subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo / Luiz Fernandes Gonalves Fialho. - Niteri: [s.n.], 2013.

    146 f.

    Orientador: Patrcia dos Santos Claro Fuly.

    Dissertao (Mestrado em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2013.

    1. Classificao em enfermagem. 2. Enfermagem prtica. 3. Cuidado de enfermagem. 4. Mieloma mltiplo. I. Ttulo.

    CDD 610.730693

  • 5

    F438

    Fialho, Luiz Fernandes Gonalves

    Subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo / Luiz Fernandes Gonalves Fialho. - Niteri: [s.n.], 2013.

    146 f.

    Orientador: Patrcia dos Santos Claro Fuly.

    Dissertao (Mestrado em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2013.

    1. Classificao em enfermagem. 2. Enfermagem prtica. 3. Cuidado de enfermagem. 4. Mieloma mltiplo. I. Ttulo.

    CDD 610.730693

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Concluir o mestrado no foi nada fcil. Aconteceram momentos de muita tenso,

    ansiedade, medos e incertezas.

    A ajuda de Deus, que enviou o Divino Esprito Santo, e de algumas pessoas foi

    determinante para o sucesso deste empreendimento que, tenho certeza, vai continuar me

    impulsionando nesta trajetria que est longe de chegar ao fim.

    Agradeo sinceramente:

    A Deus, a quem eu recorri em todos os momentos, principalmente nos mais

    difceis. Bendito seja Deus, que no rejeitou minha orao, nem retirou de

    mim sua misericrdia (Salmo 65).

    A minha companheira Joana, pela pacincia nos meus dias mais difceis e por

    ter acreditado que eu chegaria at aqui.

    Aos meus filhos Leonardo, Leandro e Glenda, pelo apoio incondicional.

    A todas as minhas colegas de turma, pela unio, companheirismo e amizade

    que desenvolvemos ao longo do curso.

    A todos os professores, pessoas iluminadas que participaram ativamente desta

    fase da minha vida: Prof. Mauro Leonardo S. C. Santos, Prof. Lcia Helena,

    Prof. Mrcia Gentil, Prof. Geilsa Soraia Valente, Prof. Silvia Maria Baslio

    Lins, Prof. Joste Luzia, Prof. Telma Ribeiro Garcia e, em especial, Prof.

    Patrcia dos Santos Claro Fuly, orientadora que soube cumprir o seu papel com

    extrema destreza, pessoa com a qual aprendi muito e por quem tenho todo

    respeito e admirao.

    Obrigado a todos!

  • 7

    Resumo:

    Considerando a crescente incidncia do cncer, reconhecendo a necessidade de

    qualificao profissional do enfermeiro para o cuidado ao paciente onco-hematolgico e

    percebendo que a ausncia de uma linguagem comum na prtica de enfermagem tem sido

    um obstculo para a implantao da sistematizao da assistncia de enfermagem, faz-se

    necessria a construo de protocolos direcionados a essa clientela. Tais protocolos devem

    ser pautados em uma linguagem de enfermagem padronizada, de que exemplo a

    Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem (CIPE

    ). Baseado nessa

    necessidade, este estudo tem por objetivos propor, com base no referencial conceitual de

    Wanda de Aguiar Horta e nos termos da CIPE, verso 2.0, um subconjunto de conceitos

    de afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem para pacientes

    com mieloma mltiplo e validar, por meio de expertises na rea de onco-hematologia, o

    subconjunto de conceitos CIPE. Trata-se de estudo descritivo, realizado inicialmente por

    meio de reviso de literatura para levantamento de evidncias empricas e intervenes de

    enfermagem relacionadas ao mieloma mltiplo, para alicerar a elaborao de declaraes

    de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem com base nos termos constantes

    no modelo dos sete eixos, da CIPE, verso 1.1 e verso 2.0. Foi realizada a validao das

    declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem, por especialistas

    atuantes no setor de hematologia do Hospital Universitrio Antnio Pedro. Foram

    apresentados aos especialistas 34 diagnsticos de enfermagem, dos quais 28 foram

    validados; 31 grupos de intervenes de enfermagem, das quais 27 foram validadas, e 34

    resultados de enfermagem, dos quais 29 foram validados. Este subconjunto de conceitos de

    afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem para pacientes com

    mieloma mltiplo contribuir para a utilizao de uma linguagem comum na prtica de

    enfermagem em onco-hematologia, uma vez que constitui uma ferramenta que vai

    instrumentalizar os enfermeiros, considerando que representa um conjunto de dados

    clnicos especficos, que vo fortalecer a prtica baseada em evidncias, tornando-se um

    facilitador da prtica do cuidar. Ele busca preencher uma lacuna no conhecimento de

    enfermagem, uma vez que existe a necessidade prtica de se construir uma ferramenta com

    linguagem padronizada que oferea sustentao prtica da enfermagem oncolgica. O

  • 8

    catlogo contribui para a sustentao da documentao sistemtica das atividades de

    enfermagem, tornando-as visveis e ajudando a identificar o papel do enfermeiro na equipe

    multidisciplinar de sade.

  • 9

    SUBGROUP OF CONCEPTS OF INTERNATIONAL CLASSIFICATION FOR

    NURSING PRATICE

    IN PATIENTS WITH MULTIPLE MYELOMA.

    Abstract:

    The increasing incidence of cancer, the need for experts in onco-hematology nurse care,

    and the lack of a common language in nursing practice have been emerging as an obstacle

    to the implementation of the systematization in nursing care. Therefore, it is necessary to

    construct protocols that target these patients. Such protocols should be guided by a

    standardized nursing language, as have been showed by the International Classification for

    Nursing Practice (ICNP). Based on the conceptual framework of Wanda de Aguiar Horta

    and the ICNP version 1.1 and version 2.0, the aims of this study are to propose a

    subgroup of concepts of diagnoses, nursing interventions and outcomes for patients with

    multiple myeloma; and to validate a subgroup of ICNP concepts to experts in the field of

    onco-hematology. This is a descriptive study that have been conducted, initially, through a

    literature review that had the objective to show the empirical evidences and the nursing

    interventions, related to multiple myeloma disease. Thus, it will be important for

    describing the statements of diagnoses, the nursing interventions and the outcomes, to do it

    according to terms in the model of seven axes of ICNP Version 2.0. The validation of

    the statements of diagnoses, the nursing interventions and the outcomes, was performed by

    expert nurses who works in the hematology field at University Hospital Antonio Pedro.

    Thirty four nursing diagnoses were presented and 28 were validated; 27 out of 31 groups

    of nursing intervention were validated and 34 outcomes, out of 29 were also validated.

    These subgroup of concepts of diagnoses, nursing interventions and outcomes for patients

    with multiple myeloma contributes to the use of a common language in nursing practice in

    onco-hematology, since it is a tool that will help nurses, representing a group of specific

    clinical data, which will strengthen evidence-based practice, becoming a helpful tool in the

    nursing practice. It seeks to fill a gap in nursing knowledge, since there is a practical need

    to build a tool with standardized language, which offers support to the practice of oncology

    nursing. The catalog helps to support the systematic documentation of nursing activities,

    making them visible and helping to identify the role of the nurse in the multidisciplinary

    health team.

  • 10

    LISTA DAS FIGURAS

    Figura 1 Pirmide de Maslow ...................................................................... pgina 17

    LISTA DOS QUADROS

    Quadro I Necessidades humanas bsicas segundo Horta ................................. 12

    Quadro II Evidncias empricas e respectivas referncias ............................... 38

    Quadro III ndice de concordncia dos Diagnsticos de

    Enfermagem no validados ............................................................ 49

    Quadro IV ndice de concordncia das Intervenes de

    Enfermagem no validadas segundo o Diagnstico

    de Enfermagem .............................................................................. 50

    Quadro V ndice de concordncia dos Resultados de

    Enfermagem no validados ............................................................. 51

    Quadro VI ndice de concordncia dos diagnsticos de

    Enfermagem ................................................................................. 51

    Quadro VII ndice de concordncia das intervenes de

    enfermagem relativas ao diagnstico de

    enfermagem ................................................................................. 52

    Quadro VIII ndice de concordncia dos resultados de

    enfermagem .................................................................................. 53

    Quadro IX Quadro descritivo de artigos selecionados nas

    bases de dados ............................................................................. 138

  • 11

    SUMRIO

    CAPTULO I

    1- Introduo ......................................................................................................... 12

    CAPTULO II

    2- Referencial terico ...........................................................................................16

    CAPTULO III

    3- Reviso da literatura

    3.1- Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem ............................ 23

    3.2- Doenas Onco-Hematolgicas Neoplasias Hematolgicas ......................... 25

    3.3- Mieloma mltiplo ........................................................................................... 26

    3.4- Complicaes do mieloma mltiplo ................................................................ 29

    CAPTULO IV

    4.0- Metodologia ...................................................................................................... 31

    4.1- Abordagem e tipo de estudo ............................................................................. 31

    4.2- Tcnica e instrumentos para a coleta de dados ............................................... 31

    4.3- Validao das declaraes de diagnsticos, resultados e

    intervenes de enfermagem ............................................................................. 33

    4.4- Anlise dos dados ........................................................................................... 33

    CAPTULO V

    5- Resultados e discusso ............................................................................................. 36

    5.1- O levantamento de evidncias na literatura e a construo

    de declaraes com a CIPE

    ................................................................................. 36

    5.2- A validao das declaraes do catlogo ............................................................. 49

    CAPTULO VI

    6- Consideraes finais ................................................................................................... 60

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 62

    APNDICE A

    Termo de consentimento livre e esclarecido ...................................................................... 66

    APNDICE B

    Subconjunto de conceitos da CIPE

    para o cuidado aos pacientes

    com mieloma mltiplo ..................................................................................................... 68

  • 12

    APNDICE C

    Questionrio estruturado para validao por expertises .................................................. 96

    APNDICE D

    Catlogo com definies para diagnsticos e resultados ............................................... 130

    APNDICE E

    Quadro descritivo de artigos selecionados nas bases de dados ...................................... 138

    APNDICE F

    Parecer do comit de tica .............................................................................................. 149

  • 13

    CAPTULO I

    INTRODUO

    Sob a denominao de doenas crnicas, a Organizao Mundial da Sade arrolou

    doena cardaca, acidente vascular cerebral, doenas respiratrias crnicas, diabetes e

    cncer1. Essas doenas predominam na idade adulta e, medida que a idade mdia da

    populao aumenta, crescem tambm as probabilidades de incidncia, prevalncia e

    mortalidade. Caracterizam-se por apresentar uma evoluo lenta e constante, irreversvel e

    so assintomticas no incio2. Essas doenas respondem por uma parcela significativa da

    carga global de doenas, representando 60% de todas as mortes1.

    O cncer tem sido apontado como uma das maiores causas de morte no mundo.

    Hoje, no Brasil, o ndice de acometimento por essa doena muito alto. Segundo

    estimativas do Instituto Nacional do Cncer3 para o ano de 2012, mas que tambm valem

    para 2013, h uma previso de cerca de 518.510 casos novos de cncer para o Brasil, em

    homens e mulheres, sendo assim distribudos: 257.870 para o sexo masculino e 260.640

    para o sexo feminino, distribudos por regies da seguinte forma: 21.700 para a regio

    Norte, 88.350 para a regio Nordeste, 44.630 para a regio Centro-Oeste, 90.940 para a

    regio Sul e 272.890 para a regio Sudeste4.

    A idade o fator de risco mais prevalente para o cncer; porm, o tipo de dieta

    potencializa esse risco, assim como o tabagismo. O diagnstico precoce e a preveno so

    eficazes na reduo da mortalidade e da morbidade de muitos cnceres3.

    Trabalhando h oito anos como enfermeiro de um hospital universitrio do Rio de

    Janeiro, atuando por quatro anos consecutivos na enfermaria de hematologia, inquieta-me

    o crescente aumento do nmero de casos novos de cncer.

    Nessa instituio, cada vez maior a procura de pacientes procedentes das cidades

    circunvizinhas, que buscam tratamento especializado por intermdio do SUS. Tal procura

    fundamenta-se no fato de que o direito de tratamento pelo SUS assegurado aos pacientes

    com cncer pela Lei 5809, de 25 de agosto de 20105.

    A crescente incidncia do cncer implica que a equipe de enfermagem seja cada

    vez mais qualificada, coesa e com plena cincia de suas responsabilidades, considerando as

  • 14

    novas demandas da prtica assistencial relacionadas realidade epidemiolgica do cncer

    no Brasil.

    A enfermagem baseia sua prtica num conhecimento complexo, sistemtico e

    estruturado, em que se concretizam planos de formao exigentes, que so exclusivos

    dessa profisso e que permitem a integrao de conhecimentos provenientes de vrias reas

    afins6.

    Reconhecendo a necessidade de qualificao profissional do enfermeiro para o

    cuidado ao paciente onco-hematolgico e percebendo que a ausncia de uma linguagem

    comum na prtica de enfermagem tem sido um obstculo para a implantao da

    sistematizao da assistncia de enfermagem7, faz-se necessria a construo de

    protocolos direcionados a essa clientela. Tais protocolos devem ser pautados em uma

    linguagem de enfermagem padronizada, de que exemplo a Classificao Internacional

    para a Prtica de Enfermagem (CIPE

    ).

    A iniciativa para o desenvolvimento da CIPE foi aprovada pelo Conselho

    Internacional de Enfermagem em 1989, durante o 19 congresso quadrienal realizado em

    Seul, Coria do Sul. Em termos de evoluo histrica, sua primeira verso, a CIPE

    verso

    Alfa, data dos anos de 1996 e, sequencialmente, foi sofrendo modificaes em suas verses

    Beta e Beta 2, de 1999 e 2001, respectivamente. A CIPE

    verso 1 teve sua publicao em

    2005, porm a obra, traduzida para a lngua portuguesa, foi publicada no Brasil em 2007.

    Destaca-se ainda em 2008 a criao de um buscador de termos CIPE, o ICNP Browser,

    que foi disponibilizado na pgina do Conselho Internacional de Enfermagem. A ltima

    verso disponvel na lngua CIPE

    , verso 2, foi publicada em 20098,9

    .

    A contribuio da evoluo da linguagem padronizada de enfermagem pode ser

    percebida quando aplicada prtica profissional. Tal implementao oferece visibilidade

    ao trabalho sistemtico da enfermagem; porm, o registro de todas as etapas do processo

    de enfermagem deve ser realizado no somente para garantia da continuidade e qualidade

    da assistncia, mas para que a Enfermagem seja efetivamente percebida quanto aos

    resultados de suas aes.

    O trabalho sistemtico ganhou fora com a Resoluo COFEN 358/200910

    , que

    estabelece que o processo de enfermagem deve ser realizado em todos os ambientes onde

    se desenvolvam as atividades de enfermagem. Desta forma, alm da organizao da

    assistncia e do atendimento de uma questo de ordem deontolgica, a implantao do

  • 15

    processo de enfermagem d maior visibilidade s aes de enfermagem, propiciando

    ordenao e individualizao ao cuidado11

    .

    As demandas emergentes se somam vivncia atual no campo da prtica em

    hematologia e ao fato de que a instituio em que trabalho est iniciando um movimento

    atravs de cursos e palestras, para construir condies de implantao da Sistematizao da

    assistncia de enfermagem e do processo de enfermagem em todos os setores. Isso me

    impulsionou a um reencontro com a perspectiva da pesquisa acadmica, considerando a

    necessidade de uma aproximao com as novas tendncias do cuidar em enfermagem.

    Assim, vislumbrei com este estudo a possibilidade de buscar ferramentas que pudessem

    instrumentalizar enfermeiros para trabalharem com pacientes com mieloma mltiplo, de

    forma sistemtica, integrada e continuada.

    Apesar de o cuidado ser historicamente considerado inerente prtica de

    enfermagem, s recentemente as investigaes para identificar a natureza e a qualidade das

    prticas de cuidar vm sendo reconhecidas como importantes e necessrias para o futuro da

    profisso. Assim, torna-se imperioso compreender at que ponto conhecemos aquilo que

    fazemos e que interpretaes ter o cuidado para aqueles que o recebem e para quem o

    realiza. Este pensar talvez tenha movido as pesquisas acerca dos modelos tericos que,

    durante anos, vm embasando a assistncia de enfermagem e orientando o enfermeiro no

    planejamento das suas aes12

    .

    Considerando essa demanda emergente do cenrio de trabalho, o objeto desta

    pesquisa refere-se construo de um subconjunto de conceitos da classificao

    internacional para a prtica de enfermagem para o cuidado aos pacientes com mieloma

    mltiplo. Seguindo Pereira e Silva13, o desenvolvimento deste estudo justifica-se pelas

    vantagens que uma linguagem comum na Enfermagem traz consigo: proporciona uma

    melhor estruturao para a documentao da prtica de enfermagem; favorece a

    continuidade da assistncia, pois melhora a qualidade das informaes relativas ao paciente

    quanto s necessidades apresentadas at ento e s intervenes desenvolvidas; e facilita a

    obteno e utilizao de dados de medida e monitorao dos cuidados, bem como o

    desenvolvimento de padres e guias da prtica de enfermagem. Na administrao, pode

    favorecer a mensurao da assistncia de enfermagem prestada para fins de avaliao, para

    estimativas de necessidades de enfermagem com base no planejamento, oramento e

    alocao de recursos.

  • 16

    Frente ao objeto desta pesquisa, apresenta-se como questo norteadora para este

    estudo: quais os diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem que compem um

    subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem para

    o cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo?

    Para responder a essa pergunta, foram traados os seguintes objetivos: propor, com

    base no referencial conceitual de Wanda de Aguiar Horta e nos termos da CIPE ,

    verso

    2.0, um subconjunto de conceitos da classificao internacional para a prtica de

    enfermagem do cuidado aos pacientes com mieloma mltiplo e validar-lo junto a

    expertises na rea de onco-hematologia.

    Este estudo ir contribuir para o ensino, para a pesquisa e, principalmente, para a

    assistncia de enfermagem, pois, com ele, se vislumbra a possibilidade de buscar

    ferramentas que possam instrumentalizar enfermeiros que trabalham com pacientes que

    apresentam mieloma mltiplo, de forma sistemtica, integrada e continuada, facilitando a

    gerao de informao sobre a prtica clnica e o conhecimento da Enfermagem.

    No cenrio da pesquisa em enfermagem, so escassas as produes que abordam a

    temtica do trabalho sistemtico, frente ao paciente com cncer, podendo este estudo

    contribuir com o corpo de conhecimentos da Enfermagem.

    No ensino, o estudo pode articular teoria e prtica, facilitando a compreenso de

    estudantes de graduao e ps-graduao da implementao de teorias de enfermagem, do

    Processo de Enfermagem e de vocabulrios de enfermagem na prtica profissional.

  • 17

    CAPTULO II

    REFERENCIAL TERICO

    A enfermagem sempre se baseou em normas, valores, princpios e regras

    tradicionais; houve, porm, com o avano das cincias e tecnologias, a necessidade de se

    aumentarem as pesquisas a fim de se construir o saber. Com isso, os enfermeiros

    perceberam que era necessrio desenvolver seus conhecimentos e concluram que isso s

    seria possvel por meio de elaborao de teorias especficas para a enfermagem12

    . O

    avano do saber terico beneficiou a descentralizao do modelo biomdico e favoreceu o

    foco do cuidado de enfermagem ao ser humano, e no doena. Mesmo na era da

    informtica, dos avanos tecnolgicos, as polticas pblicas destacam a pessoa como foco

    principal. Quando utilizadas como referencial para a sistematizao da assistncia de

    enfermagem, as necessidades humanas bsicas so consideradas como fator primordial.

    Por isso, neste estudo, utilizamos o modelo terico das necessidades humanas

    bsicas, de Wanda de Aguiar Horta14

    , que foi uma visionria em relao elaborao de

    uma teoria, tendo sido a primeira enfermeira brasileira a falar de teoria no campo

    profissional. Wanda iniciou seus estudos e publicaes em 1964 e se embasou na Teoria de

    Motivao Humana, de Abraham Maslow, para elaborar o modelo terico das

    Necessidades Humanas Bsicas.

    O objetivo do modelo terico de Wanda de Aguiar Horta explicar a natureza da

    enfermagem, seu campo de ao e sua metodologia cientfica. Para Horta, o ser humano se

    distingue dos demais por ser capaz de pensar, simbolizar e refletir. Alm disso, est em

    equilbrio dinmico com relao ao Universo e, dentro desse meio, sofre influncias

    fsicas, psquicas e comportamentais, mas tambm influencia14

    .

    O homem um agente de mudana: ele causa equilbrios e desequilbrios em seu

    prprio dinamismo. Os desequilbrios geram necessidades que devem ser atendidas, a fim

    de que o equilbrio seja restabelecido. Quando as necessidades no so atendidas

    satisfatoriamente, ocorre o desconforto, que, em se prolongando, gera a doena. Cabe

    ressalvar que o conhecimento do ser humano sobre como atender suas necessidades bsicas

    limitado, tornando-se, portanto, necessria a interveno do profissional enfermeiro.

  • 18

    A enfermagem assiste o ser humano no atendimento de suas necessidades bsicas,

    utilizando-se dos conhecimentos e dos princpios cientficos14

    . No atendimento s

    necessidades bsicas do cliente, cabe ao enfermeiro assisti-lo, ou seja, ajud-lo no

    autocuidado (ou fazer por ele), alm de orient-lo e encaminh-lo, quando necessrio. Para

    tanto, o enfermeiro deve prestar assistncia ao ser humano e no sua doena,

    implementando o processo de enfermagem em suas etapas metodolgicas, identificando os

    dficits presentes e individualizando a assistncia ao paciente14

    . Deve levantar dados,

    analis-los e identificar problemas (histrico de enfermagem); focalizar, junto com o

    paciente, as necessidades e, ento, analisar o grau de dependncia deste (diagnstico de

    enfermagem), determinar o tipo de assistncia a ser prestada (plano assistencial) e

    coordenar a execuo dos cuidados bsicos e especficos (plano de cuidados), para,

    posteriormente, analisar as mudanas oriundas do tratamento (evoluo) e o resultado dele

    sobre o paciente, que dever estar com a sade recuperada e apto a praticar o autocuidado

    (prognstico)14

    .

    O psiclogo Abraham Maslow baseou nas necessidades humanas bsicas sua teoria

    sobre motivao humana. Criou a pirmide de Maslow, na qual as necessidades devem ser

    satisfeitas, prioritariamente, do nvel mais baixo para o mais alto. Os nveis so: fisiologia,

    segurana, amor/relacionamento, estima e realizao pessoal.

    Figura 1: Pirmide de Maslow15

    Wanda Horta utilizou a denominao de Joo Mohama: necessidades de nvel

    psicobiolgico, psicossocial e psicoespiritual, na qual todas esto inter-relacionadas14

    .

  • 19

    O processo de enfermagem sistemtico e desenvolvido em etapas, durante as

    quais o enfermeiro toma decises deliberadas para maximizar a eficincia e obter os

    melhores resultados em longo prazo. dinmico, humanizado e orientado a resultados, j

    que, metodologicamente, suas etapas so planejadas para manter o foco na determinao

    do alcance dos melhores resultados, de forma mais eficiente, pelas pessoas que buscam

    atendimento de sade6.

    O sucesso do plano assistencial ser o resultado do trabalho de uma equipe bem

    preparada (capaz de observar, planejar, intervir, criar, utilizar recursos, ensinar e avaliar), e

    de uma satisfao, por parte do paciente, que, por fim, ter suas necessidades atendidas e

    sair do hospital com mais compreenso de si prprio e capaz de se autocuidar de forma

    mais eficaz e confiante.

    importante ressaltar que fatores como cultura, escolaridade, ambiente fsico e

    caractersticas scioeconmicas podem dificultar a satisfao das necessidades do paciente,

    ainda que se saiba que nunca haver satisfao completa e permanente14

    .

    As necessidades humanas foram agrupadas por Horta em domnios dentro de trs

    grandes grupos, conforme o quadro abaixo:

    Quadro I Necessidades humanas bsicas segundo Horta14

    Necessidades Psicobiolgicas Necessidades Psicossociais Necessidades Psicoespirituais

    Oxigenao

    Hidratao

    Nutrio

    Eliminao

    Sono e repouso

    Exerccios e atividades fsicas

    Sexualidade

    Abrigo

    Mecnica corporal

    Motricidade

    Cuidado corporal

    Integridade cutneo-mucosa

    Integridade fsica

    Regulao: trmica, hormonal, neurolgica,

    hidrossalina, eletroltica, imunolgica,

    crescimento celular, vascular, Locomoo

    Percepo: olfativa, visual, auditiva, ttil,

    Segurana

    Amor

    Liberdade

    Comunicao

    Criatividade

    Aprendizagem (educao

    sade)

    Gregria

    Educao

    Lazer

    Espao

    Orientao no tempo e no

    espao

    Aceitao

    Autoestima

    Autorrealizao

    Participao

    Religiosa ou teolgica

    tica ou filosofia de vida

  • 20

    gustativa, dolorosa.

    Ambiente

    Teraputica

    Autoimagem

    Ateno

    Necessidades Psicobiolgicas:

    Oxigenao O ser humano no vive sem oxignio. Oxigenao a necessidade do

    organismo de obter oxignio. O ar do meio ambiente inspirado para os pulmes e, o

    oxignio difundido atravs dos alvolos pulmonares passando para o sangue, que o

    transporta at os tecidos, de onde retira o gs carbnico para ser eliminado atravs dos

    pulmes15

    .

    Hidratao a necessidade de manter em nvel equilibrado os lquidos corporais,

    compostos essencialmente pela gua, visando favorecer o metabolismo corporal17

    .

    Nutrio a necessidade de o indivduo obter alimentos em quantidade suficiente para

    nutrir o organismo e manter a vida16

    .

    Eliminao a necessidade de o indivduo eliminar do organismo substncias

    indesejveis ou que estejam em excesso, com o objetivo de manter a homeostase

    corporal16

    .

    Sono e repouso So necessrios ao organismo para que mantenha, durante um certo

    perodo dirio, a suspenso natural, peridica e relativa da conscincia; corpo e mente em

    estado de imobilidade parcial ou completa e as funes corporais parcialmente diminudas

    com o objetivo de obter restaurao16

    .

    Exerccios e atividades fsicas caracterizam a necessidade de o indivduo mover-se

    intencionalmente sob determinadas circunstncias atravs do uso da capacidade de controle

    e relaxamento dos grupos musculares com o objetivo de evitar leses tissulares

    (vasculares, musculares, osteoarticulares), exercitar-se, trabalhar, satisfazer outras

    necessidades, realizar desejos, sentir-se bem16

    .

    Sexualidade a necessidade de integrar aspectos somticos, emocionais, intelectuais e

    sociais do ser, com o objetivo de obter prazer, consumando o relacionamento sexual com

    um parceiro ou parceira, e procriar16

    .

    Abrigo No mundo violento em que vivemos, procuramos por abrigo, segurana e

    proteo. O abrigo nos protege do frio, do calor, dos perigos.

  • 21

    Mecnica corporal o esforo coordenado dos sistemas musculoesquelticos e

    nervosos para manter o equilbrio adequado, postura e alinhamento postural durante a

    inclinao, movimentao, o levantamento de carga e a execuo das atividades dirias.

    Motricidade a necessidade de movimentao do corpo humano.

    Cuidado corporal a necessidade do indivduo para, deliberada, responsvel e

    eficazmente, realizar atividades com o objetivo de preservar seu asseio corporal15

    .

    Integridade cutaneomucosa a necessidade de se ter pele e mucosas ntegras,

    perfeitas, sem soluo de continuidade.

    Integridade fsica a necessidade de o organismo manter caractersticas como:

    elasticidade, sensibilidade, vascularizao, umidade e colorao do tecido epitelial,

    subcutneo e mucoso, com o objetivo de proteger o corpo15

    .

    Regulao trmica a necessidade do organismo em manter a temperatura corporal

    interna entre 36 e 37,3 C16

    .

    Regulao hormonal a necessidade de manter normal a atividade hormonal do

    organismo.

    Regulao neurolgica a necessidade de o indivduo preservar e/ou restabelecer o

    funcionamento do sistema nervoso com o objetivo de coordenar as funes e atividades do

    corpo e alguns aspectos do comportamento15

    .

    Regulao hidrossalina a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de gua e

    sais no organismo, proporcionando condies harmnicas para a manuteno da vida.

    Regulao eletroltica a necessidade de manter normal a quantidade de eletrlitos do

    organismo.

    Regulao imunolgica a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de

    agentes imunolgicos necessrios manuteno da vida.

    Regulao vascular a necessidade do organismo de transportar e distribuir nutrientes

    vitais atravs do sangue para os tecidos e remover substncias desnecessrias, com o

    objetivo de manter a homeostase dos lquidos corporais e a sobrevivncia do organismo15

    .

    Crescimento celular a necessidade de manter em equilbrio a quantidade de clulas

    do organismo a fim de manter a vida.

  • 22

    Necessidades Psicossociais

    Segurana a necessidade de confiar nos sentimentos e emoes dos outros em relao

    a si com o objetivo de sentir-se seguro emocionalmente16

    .

    Amor a necessidade de ter sentimentos e emoes em relao s pessoas em geral,

    com o objetivo de ser aceito e integrado aos grupos, de ter amigos e famlia16

    .

    Liberdade a necessidade que cada um tem de agir conforme a sua prpria

    determinao dentro de uma sociedade organizada, respeitando os limites impostos por

    normas definidas.

    Comunicao a necessidade de troca de informao entre indivduos atravs da fala,

    da escrita, de um cdigo comum ou do prprio comportamento.

    Criatividade a necessidade de encontrar solues diferentes e originais face a novas

    situaes.

    Aprendizagem (educao sade) a necessidade de adquirir conhecimento e/ou

    habilidade para responder a uma situao nova ou j conhecida, com o objetivo de adquirir

    comportamentos saudveis e manter a sade15

    .

    Gregria a necessidade de viver em grupo com o objetivo de interagir com os outros e

    realizar trocas sociais16

    .

    Educao a necessidade de desenvolvimento harmnico do ser humano, nos seus

    aspectos intelectual, moral e fsico, e a sua insero na sociedade.

    Lazer a necessidade de utilizar a criatividade para produzir e reproduzir ideias e coisas

    com o objetivo de entreter-se, distrair-se e divertir-se15

    .

    Espao a necessidade de delimitar-se no ambiente fsico, ou seja, expandir-se ou

    retrair-se com o objetivo de preservar a individualidade e a privacidade15

    .

    Orientao no tempo e no espao a necessidade de termos conscincia de nossa vida,

    da situao real em que nos encontramos.

    Aceitao a necessidade de ser acolhido, aceito no meio, na sociedade.

    Autoestima a necessidade de sentir-se adequado para enfrentar os desafios da vida, de

    ter confiana em suas prprias ideias, de ter respeito por si prprio, de se valorizar, de se

    reconhecer merecedor de amor e felicidade, de no ter medo de expor seus pensamentos,

    desejos e necessidades, com o objetivo de obter controle sobre a prpria vida, de sentir

    bem-estar psicolgico e de perceber-se como o centro vital da prpria existncia16

    .

  • 23

    Autorrealizao a necessidade de realizar o mximo com suas capacidades fsicas,

    mentais, emocionais e sociais, com o objetivo de ser o tipo de pessoa que deseja ser16

    .

    Participao a necessidade de tomar parte da comunidade ou famlia, ou, ainda, a

    capacidade de um cidado se envolver nas decises polticas ou religiosas de um pas.

    Autoimagem a necessidade de se descrever a si mesmo. a imagem que a pessoa tem

    de si, de seu corpo.

    Ateno O ser humano tem necessidade de requerer ateno por parte de outras pessoas:

    quando criana, requer ateno dos pais; quando adulto, de seu cnjuge, geralmente. A

    necessidade de ateno muitas vezes vem com a enfermidade, que nos faz querer que

    algum cuide de ns.

    Necessidades psicoespirituais

    Religiosa ou teolgica uma necessidade inerente aos seres humanos e est vinculada

    queles fatores necessrios para que se estabelea um relacionamento dinmico entre as

    pessoas e um ser ou entidade superior, com o objetivo de sentir bem-estar espiritual.

    Exemplo: ter crenas relativas ao significado da vida. Cabe ressaltar que espiritualidade

    no o mesmo que religio15

    .

    tica (filosofia de vida) A tica uma caracterstica inerente a toda ao humana e, por

    esta razo, um elemento vital na produo da realidade social. Todo homem possui um

    senso tico, uma espcie de "conscincia moral", avaliando e julgando constantemente suas

    aes para saber se so boas ou ms, certas ou erradas, justas ou injustas18

    .

  • 24

    CAPTULO III

    REVISO DE LITERATURA

    Classificao Internacional para a Prtica de Enfermagem - CIPE

    A necessidade de um sistema de classificao internacional para a prtica de

    enfermagem surgiu de uma reconhecida necessidade para descrever os fenmenos dos

    pacientes pelos quais os enfermeiros so responsveis e as intervenes de enfermagem

    com seus respectivos resultados22

    . No Congresso quadrienal do Conselho Internacional de

    Enfermagem (CIE), realizado em 1989, em Seul - Coria, foi aprovada a resoluo para

    iniciar o trabalho da CIPE.

    Em 1991, o Conselho Internacional de Enfermeiras(os) (CIE), iniciou estudos, com

    o objetivo de viabilizar a construo de uma nomenclatura compartilhada pelas

    enfermeiras de todo o mundo, ou seja, um sistema de Classificao Internacional para a

    Prtica de Enfermagem. Os pressupostos estabelecidos pelo CIE para o desenvolvimento

    dessa classificao buscaram a construo de um sistema a ser utilizado por profissionais

    de enfermagem de diferentes pases, simples o bastante para ser visto como uma descrio

    significativa da prtica de enfermagem e como uma forma til para estruturar o cuidado, de

    maneira consistente, com uma estrutura conceitual claramente definida, mas no

    dependente de uma estrutura terica ou um modelo de enfermagem particular. Alm disso,

    esse sistema de classificao deveria ser baseado em uma referncia central, permitindo

    adies por meio de um processo contnuo de desenvolvimento e refinamento; sensvel s

    variveis culturais; reflexo do sistema de valores da enfermagem ao redor do mundo e

    utilizvel de uma forma complementar ou integrada aos sistemas classificatrios de doena

    e sade desenvolvidos pela Organizao Mundial da Sade (OMS), cujo ncleo central a

    Classificao Internacional de Doenas 10 (CID10)20

    .

    Durante a reunio da cpula do CIE, em junho de 2001, foram estabelecidos a

    viso, a misso e os objetivos estratgicos da Classificao Internacional para a prtica de

    enfermagem. A viso ter dados de enfermagem prontamente disponveis e utilizveis nos

    sistemas de informao de sade do mundo. A misso desenvolver e manter relevante,

    til e atualizada a CIPE. Os objetivos estratgicos articulados so: desenvolver um

    programa CIPE com componentes e produtos especficos, mant-la atualizada para que

  • 25

    continue a refletir a prtica de enfermagem, obter a utilizao da CIPE por comunidades

    nacionais e internacionais e assegurar que a estrutura da CIPE seja compatvel com outras

    classificaes amplamente usadas e com o trabalho de grupos de padronizao na sade e

    em enfermagem22

    .

    A CIPE

    foi definida como uma terminologia combinatorial para a prtica de

    enfermagem, que favorece o mapeamento cruzado dos termos e as existentes

    classificaes. um instrumento representativo que descreve a prtica de enfermagem por

    meio de uma combinao de termos descritos em seus sete eixos fundamentais: Foco,

    Julgamento, Cliente, Ao, Meios, Localizao e Tempo22

    .

    Os eixos foram assim definidos:

    Foco: a rea e (de) ateno que relevante para a enfermagem.

    Julgamento: opinio clnica ou determinao relacionada ao foco da prtica de

    enfermagem.

    Cliente: sujeito ao qual o diagnstico se refere e que o recipiente de uma

    interveno.

    Ao: um processo intencional aplicado a um cliente.

    Meios: *um modo ou um mtodo de desempenhar uma interveno.

    Localizao: orientao anatmica e espacial de um diagnstico ou intervenes.

    Tempo: momento, perodo, instante, intervalo ou durao de uma ocorrncia.

    A CIPE configura-se em um instrumento de informao para: descrever os

    elementos da prtica de enfermagem, ou seja, os diagnsticos, as aes e os resultados de

    enfermagem; prover dados que identifiquem a contribuio da enfermagem no cuidado da

    sade; promover mudanas na prtica de enfermagem por meio da educao,

    administrao e pesquisa22

    .

    Essa classificao vem sendo desenvolvida desde 1991, quando o CIE iniciou

    estudos objetivando a sua concretizao. Desde ento j recebeu vrias verses.

    Com a publicao da CIPE

    Verso 1.1, em 2008, foi institudo o guia para

    desenvolvimento de catlogos. Esses catlogos consistem em subconjuntos de

    diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem para uma rea prtica especfica,

    nesse contexto, rea de oncologia22

    . Os catlogos CIPE fornecem um subconjunto da

    Classificao Internacional de Enfermagem para enfermeiros que trabalham com

    clientes

    com prioridades de sade especficas23

    . -

  • 26

    As prioridades de sade para os catlogos CIPE enquadram-se em uma das trs

    reas: condies de sade, especialidades de sade ou contexto de cuidados e fenmenos

    de enfermagem. Nas condies de sade situam-se tuberculose, diabetes, HIV/AIDS,

    gripe, depresso; nos fenmenos de enfermagem encontram-se: dor, fadiga, autocuidado,

    incontinncia urinria e adeso ao tratamento e, no contexto de cuidados, enquadram-se:

    sade da mulher, enfermagem materna e obsttrica, enfermagem na comunidade,

    enfermagem na famlia, cuidados no fim da vida (paliativos) e cuidados oncolgicos22

    .

    Diagnstico de enfermagem um rtulo atribudo por um enfermeiro que toma uma

    deciso acerca do doente aps t-lo avaliado. Resultados de enfermagem so os resultados

    presumidos das intervenes de enfermagem medidas ao longo do tempo, enquanto

    mudanas efetuadas no diagnstico de enfermagem23

    . Para criar declarao de diagnstico

    de enfermagem e resultados de enfermagem usando o modelo sete eixos da CIPE,

    devemos incluir um termo do eixo Foco e um termo do eixo Julgamento. Podemos incluir

    termos adicionais, caso necessrio, utilizando termos de qualquer eixo23

    .

    Uma interveno de enfermagem uma ao voltada para um diagnstico de

    enfermagem de modo a originar um resultado de enfermagem. Para elaborar as

    intervenes de enfermagem usando o modelo de sete eixos da CIPE recomenda-se que

    se insira um termo do eixo Ao e um termo-alvo, que pode ser um termo de qualquer

    eixo, exceto do eixo Julgamento. Podem ser includos termos adicionais de qualquer eixo.

    Doenas Onco-Hematolgicas Neoplasias Hematolgicas

    O cncer um conjunto de mais de cem doenas que tm em comum o crescimento

    desordenado (maligno) de clulas que invadem os tecidos e rgos, podendo espalhar-se

    (metstase) para outras regies do corpo. Resulta da transformao das clulas no

    momento do processo de diviso celular no qual passa a crescer e se dividir com mais

    rapidez do que o normal, perdendo suas funes.

    As neoplasias hematolgicas incluem as leucemias, os linfomas e as duas

    gamopatias monoclonais, a macroglobulinemia de Waidenstrm e o mieloma mltiplo24

    .

    Esta ltima foi escolhida para este estudo, pretendendo-se elaborar, com base na Teoria das

    Necessidades Humanas Bsicas e na CIPE verso 2.0, um catlogo de procedimentos de

    enfermagem para pacientes com essa patologia.

  • 27

    Mieloma Mltiplo

    O mieloma mltiplo, tambm conhecido como doena de Kahler,24,25,26

    no princpio

    era classificado como cncer sseo. Porm, devido sua proximidade com as doenas

    hematolgicas, tais como linfomas e leucemias, foi includo entre as doenas onco-

    hematolgicas.26

    uma neoplasia plasmocitria que representa 10% dos cnceres hematolgicos e

    aproximadamente 1% dos cnceres24,27,28,29

    . mais frequente em negros do que em

    brancos, em estudos realizados nos Estados Unidos, porm no confirmado em outros

    pases, e tem maior predileo por homens, na proporo de 3/228,29

    .

    uma neoplasia maligna, originada da expanso monoclonal de plasmcitos na

    medula ssea, que ocorre principalmente entre a sexta e a stima dcada de vida18

    . Tem

    como caractersticas a proliferao desregulada e clonal de clulas plasmticas na medula

    ssea, a presena de uma paraprotena, componente M, no soro e/ou na urina, leses sseas

    destrutivas em mltiplos locais, insuficincia ssea e produo de protena

    monoclonal24,30,31,32

    . Essas caractersticas se devem expanso dos plasmcitos e dos

    fatores produzidos por eles, tais como imunoglobulina monoclonal, protena de Bence-

    Jones e fatores ativadores de osteoclastos24,33

    . uma doena incurvel, e o paciente

    assintomtico no deve receber tratamento ao diagnstico, sendo a mediana de progresso

    para doena sintomtica de dois a trs anos34

    . O tratamento indicado nos casos

    sintomticos e dever ser institudo rapidamente 31,32, 35,36

    . Os pacientes so divididos em

    dois grupos: os que so elegveis para receber quimioterapia em elevadas doses, seguida de

    transplante de clulas-tronco hematopoiticas (transplante autlogo); e os que no devem

    receber altas doses de quimioterapia. Os critrios que designam em qual grupo o paciente

    deve ser colocado so: idade, desempenho, status e presena de comorbidades24,34

    .

    Em termos de prevalncia, o mieloma mltiplo a segunda doena hematolgica

    maligna26,27

    , com uma estimativa de 86.000 casos novos por ano, sendo o Linfoma No-

    Hodgkin a primeira24,33

    . O registro no aumento da sua incidncia deve-se a vrios fatores: a

    expectativa de vida humana aumentou no mundo, os agentes poluentes a que as pessoas

    so expostas cronicamente tambm aumentaram, os laboratrios melhoram seus recursos

    para diagnsticos, assim como melhoram os conhecimentos da medicina sobre a doena e

    sua patognese32

    .

  • 28

    uma doena de pacientes mais idosos, cuja mediana de idade ao diagnstico est

    entre 60 e 65 anos24,37

    . As alteraes encontradas no mieloma mltiplo decorrem de dois

    fatores:

    1- O crescimento indiscriminado de plasmcitos na medula ssea, que sobrecarrega

    e suprime a produo das demais clulas, causando anemia por reduo na produo de

    hemcias, hemorragia por reduo na produo de plaquetas e queda da imunidade por

    reduo na produo de leuccitos. Esses plasmcitos produzem e secretam

    imunoglobulina24

    .

    2- O acmulo de imunoglobulina ou fragmentos dela no sangue perifrico torna o

    sangue muito viscoso, circulando mais vagarosamente. Essa protena chamada protena

    mielomatosa ou protena monoclonal, ou simplesmente protena M. Imunoglobulinas

    incompletas, chamadas protenas de Bence-Jones, podem ser excretadas na urina,

    sobrecarregando, assim, os rins, causando leses renais24

    .

    O mieloma mltiplo uma neoplasia invariavelmente fatal, na qual os plasmcitos

    neoplsicos proliferam em ndulos ou difusamente em toda a medula ssea. O aumento

    indiscriminado dos plasmcitos origina a formao de um tumor que geralmente se inicia

    na medula, mas pode se instalar fora dela, como, por exemplo, no bao, no fgado,

    linfonodos etc. As consequncias fisiopatolgicas do avano da doena proporcionam

    destruio ssea, falncia renal, supresso da hematopoese e aumento na possibilidade de

    infeco24,32

    .

    No se tem uma causa determinante para ele, mas existem tentativas de associ-lo a

    radiao ionizante, tendo em vista a sua aumentada incidncia entre os sobreviventes da

    bomba atmica. Estudos o associam a pesticidas, agentes patolgicos, raa, ao sexo33

    .

    Dor ssea, fadiga e anemia constituem a trade mais sugestiva do mieloma mltiplo,

    sendo a dor ssea o sintoma mais prevalente, embora outros, tais como hipercalcemia,

    proteinria de Bence-Jones, hiperglobulinemia e insuficincia renal, tambm possam

    sugerir a doena24,38

    .

    Conforme os avanos da doena, surgem vrias manifestaes clnicas:

    Dor ssea - a manifestao clnica mais frequente, ocorrendo em 50 a 90% dos casos, e

    est relacionada destruio ssea. Ocorre devido ao aumento da atividade osteoclstica

    provocada pelos fatores ativadores produzidos pelas clulas mielomatosas, levando a

    intensa reabsoro ssea, com perda ssea disseminada, leses lticas e fraturas. Essas

  • 29

    fraturas comprometem significativamente a qualidade de vida, causando incapacidades

    motoras. As dores so muito comuns nas costas e coluna dorsal. Elas confirmam que a

    doena est em plena atividade e confirmam um estgio clnico mais avanado da

    doena32,38

    .

    Anemia A anemia normoctica e normocrmica ocorre em mais de 2/3 dos pacientes ao

    diagnstico. H estudos que afirmam sua ocorrncia em 72% dos casos24,27,38

    . Seu

    desenvolvimento no mieloma mltiplo est relacionado a um conjunto de fatores:

    infiltrao da medula ssea por clulas mielomatosas; efeito supressivo e nefrotxico da

    quimioterapia; efeito nefrotxico e sangramento digestivo provocado por anti-

    inflamatrios no hormonais; insuficincia renal; hemlise; deficincia de ferro, vitamina

    B12 e cido flico; radioterapia. Somando-se a tudo isso, ainda temos a anemia de doena

    crnica, uma sndrome clnica que acomete pacientes que apresentam doena neoplsica,

    infecciosa crnica ou inflamatria. Est associada diminuio da concentrao de ferro

    srico e da saturao de ferrina, porm com a quantidade de ferro na medula normal ou

    aumentada28,29

    .

    Tambm pode ocorrer devido a hemlise, a febre que lese a parede da hemcia, a

    toxinas bacterianas, ou a resposta medular inadequada em consequncia da pouca

    quantidade de eritropoetina, ou de ferro, ou por ao supressora exercida pelas citocinas

    inflamatrias27

    .

    Dependendo da intensidade da anemia, outros sinais e sintomas podem surgir:

    taquicardia, palpitao, sopro sistlico, dispneia, hipertrofia ventricular, insuficincia

    cardaca, palidez, hipotermia, vertigem, confuso mental, anorexia, nusea, diminuio da

    libido, alteraes menstruais, diminuio das funes dos macrfagos e das clulas T. A

    ocorrncia e a intensidade desses sinais e sintomas diretamente proporcional

    intensidade da anemia27

    .

    Comprometimento renal A insuficincia renal pode estar presente em 35% dos

    pacientes com mieloma mltiplo ao diagnstico e 50% durante a evoluo da doena33

    . A

    excreo de cadeias leves, proteinria de Bence-Jones, a principal causa da insuficincia

    renal, pois elas so produzidas em larga escala, tornando-se excessivas no organismo,

    fazendo com que o organismo se utilize dos rins para elimin-las atravs da urina.

    Contudo, ocorre uma alterao renal devido ao fato de as cadeias monoclonais filtradas se

    precipitarem e provocarem uma disfuno tubular com consequente obstruo renal.

  • 30

    Hipercalcemia, desidratao e infeco so os fatores mais importantes no

    desenvolvimento da insuficincia renal. Alguns fatores podem determinar ou agravar a

    insuficincia renal: hipercalcemia, hiperuricemia, desidratao, infeco, hiperviscosidade,

    anti-inflamatrios no hormonais38,39

    .

    O mieloma mltiplo uma neoplasia incurvel e invariavelmente fatal; nele os

    plasmcitos neoplsicos proliferam em ndulos ou difusamente em toda a medula ssea.

    Os plasmcitos tambm proliferam no bao, no fgado e linfonodos, apesar de tais rgos

    nem sempre estarem clinicamente aumentados. Uma queixa inicial comum a dor

    esqueltica, como, por exemplo, dor severa nas costas, de incio sbito, aps uma fratura

    de compresso do corpo vertebral. O paciente tambm pode procurar assistncia mdica

    por causa de patologia em outros ossos32,35,36

    .

    Complicaes do mieloma mltiplo

    A grande variedade de complicaes inclui:

    Infeco A infeco a principal causa de mortalidade nos pacientes com mieloma

    mltiplo. A susceptibilidade aumentada para infeces se deve principalmente

    combinao e sntese de imunoglobulinas normais prejudicada, neutropenia e

    imobilizao. Isso se deve imunossupresso cumulativa aos diversos tratamentos

    recebidos ao longo do curso da doena, por ser uma doena crnica com muitas recadas e

    terapias de induo e resgates para muitos pacientes, como resultado de tratamentos mais

    contundentes, com doses altas de bortezomide, dexametasona, lenalidomida, bortizomida,

    transplante autlogo e alognico. Essas terapias provocam imunossupresso cumulativa,

    oferecendo oportunidade para patgenos que no eram comuns, tais como: varicella-zoster

    vrus, citomegalovirus, fusarium PP. e aspergillus spp.28,30

    .

    Leso renal A insuficincia renal pode estar presente em 35% dos pacientes com

    mieloma mltiplo ao diagnstico e em 50% durante a evoluo da doena.

    Hipercalcemia: o resultado da destruio ssea. Os sintomas so: fraqueza, fadiga,

    confuso mental, obstipao, polidipsia, oligria, nusea severa, vmitos, desidratao

    com poliria e um estado semicomatoso flutuante.24, 38,39.

    Sndrome da hiperviscosidade O excesso de imunoglobulina no sangue perifrico

    torna-o muito viscoso, fazendo com que circule com mais morosidade, dando origem,

    consequentemente, aos seguintes sintomas: sangramento anormal, distrbios visuais e

  • 31

    distrbios do sistema nervoso central, tais como: sonolncia, vertigem, sncope, cefaleia e

    convulso.24,38

    O mieloma mltiplo uma doena incurvel, e o tratamento tem o objetivo de

    aumentar a sobrevida e a qualidade de vida do cliente. Utiliza-se a quimioterapia e/ou o

    transplante autlogo ou heterlogo. Nos ltimos anos aumentou a disponibilidade de

    drogas antimieloma, o que causou maiores expectativas quanto aos resultados. A

    talidomida e o bertezomibe so as drogas disponveis no Brasil, mas, no exterior, os

    medicamentos lenalidomida (revlimide) e bortezomibe so utilizados em mais de oitenta

    pases, porm ainda no tiveram autorizao da ANVISA para ser incorporados aos

    medicamentos j utilizados no Brasil.38,39,40

  • 32

    CAPTULO IV

    METODOLOGIA

    4.1 Abordagem e Tipo de estudo

    Trata-se de estudo descritivo desenvolvido com a construo de um subconjunto de

    conceitos da classificao internacional para a prtica de enfermagem no cuidado aos

    pacientes com mieloma mltiplo.

    Os estudos descritivos coletam descries detalhadas das variveis existentes e

    usam os dados para justificar e avaliar condies e prticas correntes ou fazer planos mais

    inteligentes para melhorar as prticas de ateno sade41

    . Eles tm como propsito

    observar, descrever e documentar aspectos de uma situao42

    .

    4.2 A Construo de catlogos/subconjuntos pelo CIE

    Na construo do subconjunto foram seguidos alguns dos passos propostos pelo

    CIE no Guia para Desenvolvimento de Catlogos CIPE43

    . O Conselho preconiza dez

    passos para a construo de catlogos/subconjuntos. Esses passos so descritos abaixo, em

    sequncia:

    O primeiro passo trata da identificao da clientela na qual se prope o catlogo e a

    prioridade de sade. J o segundo passo refere-se documentao da significncia para a

    enfermagem. Conforme a justificativa j apresentada para o estudo, a clientela prevista

    para a implementao do subconjunto composta por possveis pacientes com mieloma

    mltiplo, devido relevncia do problema para a sade pblica e a significncia para a

    enfermagem.

    O terceiro passo previsto pelo CIE consiste no contato com o prprio rgo, no

    sentido de verificar se j existem outros grupos trabalhando com a prioridade de sade

    eleita e para estabelecer trabalho em rede com outros e orientao para o seu trabalho.

    Nesse sentido, foi realizado um contato inicial com o escritrio da CIPE da Paraba, para

    informao sobre a realizao da pesquisa.

    O quarto passo proposto consiste na utilizao do browser e do modelo de 7 eixos,

    juntamente com as linhas de orientao para a composio de enunciados CIPE, para

    desenvolver enunciados de diagnstico, resultado e interveno. O quinto passo trata da

    identificao de evidncias e literatura que consigam ajudar a encontrar os enunciados

  • 33

    pertinentes de diagnstico, resultado e interveno de Enfermagem. O modelo dos 7 eixos

    foi utilizado para elaborao do subconjunto; destaca-se, porm, que foram inicialmente

    localizadas evidncias na literatura para subsidiar o mapeamento cruzado dos termos, com

    vistas composio das declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados. Tal ao

    auxilia sobremaneira na construo das declaraes.

    O levantamento de evidncias clnicas na literatura, relacionadas ao mieloma

    mltiplo, foi realizado em busca por evidncias empricas em livros didticos de relevncia

    na rea da onco-hematologia e em artigos nacionais e internacionais publicados na base de

    dados LILACS e MEDLINE, utilizando os descritores mieloma mltiplo e enfermagem.

    Cabe relatar que nesse levantamento foram estabelecidos como critrios de incluso

    na pesquisa: aderncia temtica, o recorte temporal de cinco anos, as publicaes nos

    idiomas ingls, espanhol e portugus, e a disponibilidade on-line na ntegra. Foram

    critrios de excluso: teses e artigos que no apresentassem manifestaes clnicas do

    mieloma mltiplo.

    O resultado dessa etapa apresentado no quadro II, das evidncias empricas e

    respectivas referncias.

    A partir das evidncias empricas foram elaboradas as declaraes de diagnsticos,

    resultados e intervenes de enfermagem, com base nos termos constantes no modelo dos

    sete eixos, da CIPE,verso 1.0 e verso 2.0, na literatura e na experincia profissional do

    autor.

    As intervenes de enfermagem foram criadas com base na literatura, fazendo

    mapeamento cruzado com utilizao da CIPE. Foi

    exigida a utilizao de um termo do

    eixo- alvo e um termo do eixo Ao (qualquer um dos sete eixos, menos Julgamento); os

    demais termos so opcionais22

    .

    As declaraes de resultados foram criadas utilizando-se tambm experincia

    profissional do autor e termos constantes nos eixos Foco e Julgamento do modelo de sete

    eixos da CIPE.

    O sexto passo proposto demanda o desenvolvimento de aplicaes de

    suporte ou instrumentos de documentao para a populao de clientes e problemas de

    sade do catlogo. Esta documentao pode incluir estudos de caso e instrumentos de

    avaliao. Tambm podem utilizar-se os padres e linhas de orientao da prtica baseada

  • 34

    na investigao para clarificar e comunicar o contexto para os enunciados refletidos no

    catlogo. Para essa etapa foram desenvolvidos os Apndices D e B, que tratam

    respectivamente de um formulrio com orientaes sobre os diagnsticos de enfermagem

    do subconjunto e do subconjunto trabalhado, na tica do referencial de Wanda Horta, para

    uso cotidiano pelos enfermeiros. Para a construo desse formulrio, destaca-se que, de

    posse da listagem das afirmativas de diagnsticos, resultados e intervenes de

    enfermagem, inicialmente organizada, foi realizada a distribuio de acordo com as

    necessidades humanas bsicas, como proposto por Wanda de Aguiar Horta, em

    psicobiolgicas e seus 16 subgrupos, psicossociais e seus 11 subgrupos e psicoespirituais e

    seus dois subgrupos.

    O stimo passo trata da validao dos enunciados do catlogo CIPE com a

    populao especificada de clientes (em papel ou sistema eletrnico) e com enfermeiros

    peritos na prioridade de sade selecionada. Tal etapa foi cumprida com a validao dos

    contedos das declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de enfermagem em

    conjunto com os enfermeiros expertises na rea especfica. Ser descrita, detalhadamente,

    mais adiante.

    O oitavo passo trata da adio, eliminao ou reviso dos enunciados do catlogo

    CIPE, conforme necessrio. Aps a validao por expertises, houve incluso, excluso

    ou reviso das declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem,

    conforme necessrio.

    Trabalhar com o CIE para desenvolver um texto final do catlogo CIPE, aps a

    submisso do catlogo provisrio para avaliao e codificao na CIPE e para auxili-lo,

    conforme o apropriado, na divulgao do catlogo CIPE - isso constitui as etapas nove e

    dez, porm essas etapas sero desenvolvidas em outro momento, considerando-se que o

    catlogo ainda necessita de uma validao clnica, para testar sua aplicabilidade entre a

    clientela, antes de sua divulgao.

    4.3 Validao das declaraes de diagnsticos, resultados e intervenes de

    enfermagem, por especialistas

    Com o catlogo pronto, passamos para a etapa de validao das declaraes entre

    os enfermeiros expertises na rea especfica, com incluso, excluso ou reviso das

  • 35

    declaraes de diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem conforme

    necessrio.

    O subconjunto foi validado no Hospital Universitrio Antnio Pedro, localizado na

    cidade de Niteri, no Estado do Rio de Janeiro. Foram includos neste estudo os

    enfermeiros da enfermaria de hematologia e do ambulatrio de quimioterapia, totalizando

    09 profissionais da assistncia. Foram critrios de incluso na amostra: profissionais de

    enfermagem com, no mnimo, cinco anos de experincia com pacientes oncolgicos e a

    assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APNDICE A), atestando sua

    participao voluntria e a cincia da possibilidade de desistncia em qualquer momento

    do estudo, em conformidade com a Resoluo 196/96.

    Foi entregue aos nove enfermeiros o material contendo 92 folhas encadernadas em

    espiral com: apndice A: termo de consentimento livre e esclarecido; apndice B:

    subconjunto CIPE para pacientes com mieloma mltiplo; apndice C: questionrio

    estruturado para validao por expertises; e apndice D: catlogo com definies para

    diagnsticos e resultados.

    As afirmativas de diagnstico de enfermagem, intervenes de enfermagem e de

    resultados de enfermagem foram submetidas validao de contedo por especialistas. Tal

    modelo til para se compreender se o contedo proposto em um formulrio, a ser

    aplicado na prtica, corresponde experincia de expertises na rea44

    . No caso deste

    estudo, a inteno verificar se as declaraes propostas de diagnsticos, intervenes e

    resultados de enfermagem refletem as demandas dos pacientes com mieloma mltiplo.

    Baseado no modelo de validao de contedo diagnstico de Fehring45

    , estas

    declaraes foram apresentadas no catlogo (APNDICE B) aos participantes voluntrios

    da pesquisa e eles avaliaram seu grau de concordncia com cada declarao proposta

    (APNDICE C). Os diagnsticos, intervenes e resultados de enfermagem foram

    apresentados, e o participante atribuiu uma nota que variou de 1 a 5. Nota 1 a declarao

    de diagnstico, interveno e resultado no se aplica. Nota 2 a declarao de diagnstico,

    interveno e resultado se aplica muito pouco. Nota 3 a declarao de diagnstico,

    interveno e resultado se aplica de algum modo. Nota 4 a declarao de

    diagnstico/interveno/resultado se aplica consideravelmente. Nota 5 a declarao de

    diagnstico, interveno e resultado muito caracterstica dos pacientes com mieloma

    mltiplo45

    .

  • 36

    Cada nota recebeu um peso: 1 = 0; 2 = 0,25; 3 = 0,50; 4 = 0,75 e 5 = 1. Foram ento

    realizadas as mdias ponderadas dos valores atribudos por todos os participantes da

    pesquisa e consideradas vlidas as afirmaes de diagnsticos, resultados e intervenes

    que obtiverem um ndice de concordncia 0,75.

  • 37

    CAPTULO V

    RESULTADOS E DISCUSSO

    O levantamento de evidncias na literatura e a construo de declaraes com a

    CIPE

    A etapa inicial para o desenvolvimento do Catlogo para pacientes com mieloma

    foi o levantamento de evidncias, j descrito no captulo de metodologia. Essa busca por

    evidncias comprovou oitenta e um artigos, dos quais trinta atendiam aos critrios

    estabelecidos. No primeiro momento, foram listados cento e vinte e trs manifestaes

    clnicas nos artigos selecionados. Com isso, foi criado um quadro contendo as

    manifestaes clnicas do mieloma mltiplo, agrupadas em ordem alfabtica, tendo ao lado

    os artigos onde foram encontradas. A partir da fez-se a juno das evidncias que tinham o

    mesmo significado, reduzindo-se, assim, para um total de quarenta e seis manifestaes

    clnicas.

    Os termos localizados nesse momento da pesquisa foram: adinamia, alteraes das

    funes renais, anria, oligria, falncia renal, leso renal, insuficincia renal,

    hiperuricemia, anemia, pele hipocorada, anorexia, perda gradativa da ingesto alimentar

    por via oral, azotemia, membrana mucosa oral comprometida, candidase oral, leses

    ulcerativas na gengiva, hiperemia da gengiva, necrose da mucosa bucal, caquexia,

    emagrecimento, fraqueza, perda de peso, constipao, depresso, desidratao, diarreia,

    dispneia, esforo respiratrio, dor musculoesqueltica, dor em antebrao direito, dor de

    dente, dor mandibular, mialgia , dor ssea, alteraes sseas, dor neurognica, dor

    neuroptica, edema, dor de artrite, dor na coluna vertebral, edema, exantema, eroses

    corticais, fadiga, astenia, fraqueza, fratura, fratura patolgica, fratura compressiva das

    vrtebras, leses osteolticas em saca-bocado, leses osteolticas na calota craniana, leses

    sseas, leses sseas lticas, destruio ssea, exposio ssea, febre, hemorragia,

    manifestaes hemorrgicas, sangramento, anormalidade na coagulao, hipercalcemia,

    hipertenso arterial, hiperviscosidade, hiperproteinemia, hiperglicemia, hipotenso,

    hipovolemia, insuficincia cardaca, aumento do volume cardaco, hipertrofia ventricular,

    isolamento social, insuficincia da medula ssea, leucopenia, neutropenia,

    imunossupresso, letargia, magreza, mucosite, plaquetopenia, supresso da hematopoese,

  • 38

    trombocitopenia, infeces, infeces secundrias, infeces recorrentes, infeco fngica,

    processo infeccioso, suscetibilidade a infeco, sepse, bacteremia, onicomicose, paroquinia

    em pododctilo, pneumonia, descarga purulenta, celulite de face, discite, infeco do

    cateter venoso central da hemodilise, inflamao, incapacidade funcional motora,

    instabilidade mecnica, nusea, palidez, pele seca, frustrao, rash cutneo, rubor cutneo

    facial, risco de infeco, predisposio para infeco, risco para fratura ssea, lise ssea,

    alteraes sseas, osteolise proximal, necrose de mandbula, necrose vascular de cabea de

    fmur, osteopenia difusa, osteoporose, osteomielite, osteonecrose de mandbula, destruio

    esqueltica, destruio ssea, fraqueza ssea, sonolncia, taquicardia, taquisfigmia,

    vertigem, vmito.

    Neste estudo denominamos evidncias empricas as manifestaes clnicas

    encontradas na prtica clnica e/ou na literatura atual. As evidncias foram agrupadas a fim

    de promover uma reduo dos termos de mesmo significado ou equivalncia.

    Neste momento destacam-se os termos que foram agrupados por significado. So

    eles: alteraes da funo renal, que agrupou anria, oligria, falncia renal, leso renal,

    insuficincia renal e hiperuricemia; anemia agrupou pele hipocorada; anorexia agrupou

    perda gradativa da ingesto alimentar; caquexia agrupou emagrecimento, fraqueza,

    letargia, magreza e perda de peso; dispneia agrupou esforo respiratrio; dor

    musculoesqueltica agrupou dor em antebrao direito, dor de dente, dor mandibular,

    mialgia, mialgia generalizada e dor intensa em membros inferiores; dor neurognica

    agrupou dor neuroptica; dor ssea agrupou alteraes sseas; dor de artrite agrupou dor

    na coluna vertebral; exantema agrupou eroses corticais; fadiga agrupou astenia e

    fraqueza; fratura agrupou fratura patolgica, fratura compressiva das vrtebras, leses

    osteolticas em saca-bocado, leses osteolticas na calota craniana, leses sseas e leses

    sseas lticas, destruio ssea e exposio ssea; hemorragia agrupou anormalidade na

    coagulao, sangramento e manifestaes hemorrgicas; insuficincia cardaca agrupou

    aumento do volume cardaco e hipertrofia ventricular; insuficincia da medula ssea

    agrupou leucopenia, neutropenia, imunossupresso, plaquetopenia, supresso da

    hematopoese e trombocitopenia; infeces agrupou infeces secundrias, infeces

    recorrentes, infeco fngica, processo infeccioso, suscetibilidade a infeco, sepse,

    bacteremia, onicomicose, paroquinia em pododctilo, pneumonia, descarga purulenta,

    celulite de face, discite e infeco do cateter venoso central da hemodilise; membrana

  • 39

    mucosa oral comprometida agrupou candidase oral, mucosite, leses ulcerativas na

    gengiva, hiperemia da gengiva e necrose da mucosa bucal; rash cutneo agrupou rubor

    cutneo facial; risco de infeco agrupou predisposio para infeco; risco para fratura

    ssea agrupou fraqueza ssea, lise ssea, alteraes sseas, osteolise proximal, necrose de

    mandbula, necrose vascular de cabea de fmur, osteopenia difusa, osteoporose,

    osteomielite, osteonecrose de mandbula, destruio esqueltica e destruio ssea;

    taquicardia agrupou taquisfigmia.

    Em sntese, as evidncias empricas que foram utilizadas na construo de

    declaraes diagnsticas so: alteraes das funes renais, anemia, anorexia, azotemia,

    caquexia, constipao, depresso, desidratao, diarreia, dispneia, dor musculoesqueltica,

    dor neurognica, dor ssea, dor de artrite, edema, exantema, fadiga, fratura, febre,

    hemorragia, hipercalcemia, hipertenso arterial, hiperviscosidade, hiperproteinemia,

    hiperglicemia, hipovolemia, hipotenso, insuficincia cardaca, insuficincia da medula

    ssea, isolamento social, infeces, inflamao, incapacidade funcional motora,

    instabilidade mecnica, membrana mucosa oral comprometida, nuseas, palidez, pele seca,

    prostao, rash cutneo, risco de infeces, risco de fratura ssea, sonolncia, taquicardia,

    vertigem e vmitos. Tais evidncias e suas respectivas referncias encontram-se descritas

    no Quadro II.

    Quadro II: Evidncias empricas e respectivas referncias

    Evidncia emprica Referncia bibliogrfica

    Alteraes das funes

    renais

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    - AVANZI, Osmar et al. Mieloma mltiplo da coluna: avaliao do tratamento cirrgico.

    Rev. Coluna/Columna vol.8 n3 So Paulo Jun./Set. 2009(g)

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    em hospital de referncia no sul de Santa Catarina. Rev. Brs. Clin. Med. 2010; 8(3) 216-21

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  • 40

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    -HUNGRI