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Niterói 1/2018 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO SARA FERNANDES LIMA OTIMIZAÇÃO DE UMA PLANTA GTL

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ... Sara Lima...ZHANG et al., 2015, 2016), com destaque para o uso de diferentes simuladores, dentre eles o Aspen Plus, HYSYS, Unisim e PRO/II

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Niterói

1/2018

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

SARA FERNANDES LIMA

OTIMIZAÇÃO DE UMA PLANTA GTL

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1/2018

SARA FERNANDES LIMA

OTIMIZAÇÃO DE UMA PLANTA GTL

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia

Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de

Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de

Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADORES

Profo Dr. Lizandro de Sousa Santos

Eng. Marcelo Vidal de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me ajudaram a chegar até aqui, me fazendo acreditar que era possível e

contribuíram para o que sou hoje, profissional e pessoalmente.

Em especial, aos meus pais, Margarete Lima e Jairo Lima, e à minha irmã, Elisa Lima.

Obrigada pelo suporte que me deram, por serem a minha base em todas as horas que precisei, por

serem aqueles que mais acreditaram no meu potencial e mostrarem que, com amor, tudo fica mais

fácil.

Aos amigos da UFF (também chamados de presentes que a UFF me deu) e aos da vida, que

me deram forças e fizeram cada desafio parecer pequeno em meio a tantas risadas que demos.

Vocês foram meus confidentes nos momentos de dúvida e meus dias foram mais leves em cada

momento que passamos juntos.

Aos meus familiares, que me mostraram que eu não estava sozinha nessa jornada (nem em

tantas outras) e que, sim, tudo passa. Em muitas vezes, era exatamente o que eu precisava ouvir.

Aos meus orientadores, professor Lizandro Santos e Marcelo Oliveira, pela paciência, pelo

conhecimento passado e pela confiança que tiveram em mim e no que esse trabalho poderia se

tornar.

À banca examinadora, por terem aceito o convite em fazer parte.

“você não precisa que ninguém te ensine a voar

está no seu espírito

mas é bom ter quem nos lembre

de que temos asas.”

In: LEÃO, R. Tudo nela brilha e queima. São Paulo: Planeta do Brasil, 2017. p. 110.

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RESUMO

É cada vez mais crescente a necessidade de desenvolvimento tecnológico no sentido de suprir

a demanda energética em escala mundial visando à redução da dependência energética do petróleo.

Devido às dificuldades associadas ao emprego de energias alternativas (como solar, hidráulica,

eólica e nuclear), tecnologias voltadas para a geração de combustíveis líquidos têm chamado a

atenção nesse processo. A geração desses compostos pode ser feita por meio de três matérias-

primas – carvão (coal-to-liquid, CTL), gás natural (gas-to-liquid, GTL) ou biomassa (biomass-to-

liquid, BTL) –, as quais são convertidas em gás de síntese (CO e H2, majoritariamente) por meio de

reações de reforma. O gás de síntese é transformado em hidrocarbonetos de cadeia longa no

processo Fischer-Tropsch e então os produtos gerados podem ser refinados. Neste trabalho,

objetivou-se o estudo de um processo de produção de combustíveis líquidos utilizando o gás natural

como matéria-prima por meio da simulação do processo em Unisim com base no trabalho de Panahi

e colaboradores (PANAHI et al., 2012). Foram selecionados parâmetros de otimização e a

influência destes foi avaliada, obtendo-se os valores ótimos de fração de CO2 removido (10 %), da

vazão da corrente 24 (10 % em relação à corrente 22) e a temperatura do reator (205 °C) para a

produção máxima de diesel. Para a produção máxima da nafta, os resultados não foram suficientes

e, portanto, estudos posteriores são necessários.

Palavras-Chave: Gás natural. Combustível. Simulação por computador. Otimização.

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ABSTRACT

There is an increasing need for technological development to supply energetic demand on a

global scale aiming the reduction energy dependence on petroleum. Due to the difficulties

associated with the use of alternative energies (such as solar, hydraulic, wind and nuclear), those

focusing on generating liquid fuels have gained attention in this process. The generation of these

compounds can be done by means of three raw materials – coal (coal-to-liquid, CTL), natural gas

(gas-to-liquid, GTL) or biomass (biomass-to-liquid, BTL) –, which are converted in synthesis gas

(mostly CO and H2) through reforming reactions. The syngas is then converted into long chain

hydrocarbons in Fischer-Tropsch process and the products generated can be refined. In this work,

the goal was the study of a process of production of liquid fuels with natural gas as raw material

through Unisim simulation based on the work of Panahi and colleagues (PANAHI et al., 2012).

Optimization parameters were selected and their influence were evaluated, getting optimal values

for removed CO2 (10%), stream 24 flow rate (10% of stream 22) and reactor temperature (205 °C)

aiming maximum diesel production. For maximum naphta production, results were unsatisfactory,

therefore, more studies are necessary.

Keywords: Natural gas. Fuel. Simulation through computer. Optimization.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1 CONTEXTO ............................................................................................................... 1

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 4

2.1 GÁS NATURAL .............................................................................................................. 4

2.2 O PROCESSO GTL .......................................................................................................... 5

2.2.1 ANÁLISE GERAL .................................................................................................... 5

2.2.2 TECNOLOGIA GTL ................................................................................................. 6

2.2.3 PRODUTOS GTL ...................................................................................................... 9

2.2.4 EVOLUÇÃO DE PLANTAS GTL EM LARGA ESCALA ................................... 10

2.2.5 TECNOLOGIAS DE CAPTURA DE CO2 DE PLANTAS INDUSTRIAIS .......... 11

2.2.6 TRABALHOS RECENTES .................................................................................... 13

3. DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO ...................................................................... 17

3.1 VISÃO GERAL .............................................................................................................. 17

3.1.1 GERAÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE ....................................................................... 18

3.1.2 SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH ...................................................................... 19

3.2 ESTUDOS DE CASO E DE OTIMIZAÇÃO ................................................................ 23

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 24

4.1 VALIDAÇÃO DA SIMULAÇÃO ................................................................................. 24

4.2 ESTUDOS DE CASO .................................................................................................... 29

4.3 ESTUDOS DE OTIMIZAÇÃO ...................................................................................... 33

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................ 36

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 37

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: A – produção mundial de gás natural, de 1971 a 2016, por região (CENTRAL

STATISTICS OFFICE, 2017); B – crescimento na demanda energética por tipo de combustível e

por região, entre 2014 e 2040 (OPEC, 2016). Adaptado. .................................................................... 5

Figura 2.2: Esquema simplificado de um processo GTL (autoria própria). .............................. 7

Figura 3.1: Fluxograma de processo da planta GTL simulada ................................................ 17

Figura 3.2: Fluxograma de processo da seção de geração do gás de síntese. .......................... 18

Figura 3.3: Fluxograma de processo da seção de Fischer-Tropsch. ........................................ 20

Figura 3.4: Produtos da tecnologia GTL. ................................................................................ 22

Figura 4.1: Fluxograma do processo-base com dados finais de otimização. .......................... 24

Figura 4.2: Perfil de α com variações na razão H2/CO............................................................ 25

Figura 4.3: Fluxograma de processo da planta-base sem reciclo. ........................................... 26

Figura 4.4: Dados inseridos na spreadsheet da planta-base. ................................................... 28

Figura 4.5: Fluxograma de processo da planta-base com reciclo. ........................................... 28

Figura 4.6: Distribuição de ASF, mostrando a correlação entre α e a fração mássica da cadeia

carbônica de comprimento n. ............................................................................................................. 29

Figura 4.7: Avaliação da influência de α e as vazões de hidrocarbonetos. ............................. 30

Figura 4.8: Relação entre as vazões molares de produtos GTL e a quantidade de CO2

removido. ............................................................................................................................................ 31

Figura 4.9: Relação entre a temperatura na entrada do reator de FT com os produtos GTL. . 32

Figura 4.10: Relação entre as vazões de produtos GTL com a razão da vazão da corrente 24.

............................................................................................................................................................ 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Linha do tempo da tecnologia GTL. ..................................................................... 10

Tabela 4.1: Resultados de vazão e composição para a planta-base sem reciclo. ..................... 26

Tabela 4.2: Relação entre as vazões na planta com reciclo. .................................................... 27

Tabela 4.3: Relação entre as vazões e composição da planta-base considerando reciclo. ...... 29

Tabela 4.4: Relação entre as vazões das correntes para obtenção de diesel e nafta-gasolina

após otimização da fração de CO2 removida. .................................................................................... 34

Tabela 4.5: Relação entre as vazões das correntes para obtenção de diesel e nafta-gasolina

após otimização da fração de CO2 removida, temperatura do reator e vazão do reciclo. .................. 35

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1. INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta a motivação para a escolha do tema abordado e sua importância

através da contextualização do mesmo no cenário mundial, bem como os objetivos deste trabalho.

1.1 CONTEXTO

O setor energético atualmente utiliza combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural,

sendo o petróleo a primária) para geração de energia a nível global, entretanto, a procura por fontes

de energia alternativas – como solar, eólica, hidráulica e nuclear – tem crescido, devido às variações

no mercado de óleo e gás e pressão para redução da emissão de gases do efeito estufa (FLOUDAS;

ELIA; BALIBAN, 2012). Em contrapartida, há a necessidade de desenvolvimento tecnológico para

que tais fontes de energia sejam capazes de suprir a demanda energética em escala mundial, cuja

dificuldade reside nas incertezas climáticas (SCHAEFFER et al., 2012). Nesse contexto,

tecnologias voltadas para a geração de combustíveis líquidos têm recebido crescente investimento e

apresentam potencial para levar a redução (ou eliminar) a dependência energética do petróleo nas

próximas décadas.

Combustíveis líquidos são gerados em três etapas básicas: conversão da matéria prima –

carvão (coal-to-liquid, CTL), gás natural (gas-to-liquid, GTL) ou biomassa (biomass-to-liquid,

BTL) – por meio de reações de reforma; transformação do gás de síntese em hidrocarbonetos de

cadeia longa a partir do processo Fischer-Tropsch na presença de catalisador de ferro ou cobalto; e

refino dos produtos para obtenção daqueles de interesse comercial através do hidrocraqueamento,

hidrotratamento, isomerização, hidrogenação, entre outros (ERTURK, 2011; RAMOS et al., 2011).

Dentre as matérias-primas empregadas, o gás natural corresponde à principal devido a descoberta de

reservas, que geralmente estão localizadas em regiões isoladas, necessidade de monetizar esse gás,

além de reduzir a quantidade que é queimada (flaring) (WOOD; NWAOHA; TOWLER, 2012;

BALIBAN 2013).

Dentre os produtos gerados, destacam-se o combustível de aviação, diesel, querosene,

gasolina, nafta e graxas, cuja quantidade gerada é ajustada alterando-se parâmetros operacionais no

processo Fischer-Tropsch. Tais produtos apresentam características desejáveis frente aos

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combustíveis fósseis, como baixa quantidade de enxofre, aromáticos e de heteroátomos como

nitrogênio, além do maior número cetônico, permitindo a redução da emissão de gases NOx e SOx e

da necessidade de dessulfurização em unidades de tratamento (SAJJAD et al., 2014).

Além da produção de combustíveis líquidos devido a necessidade de redução da emissão de

gases do efeito estufa, destaca-se a captura e armazenamento de CO2 (Carbon capture and storage,

CCS) como uma solução a médio prazo. Tem então surgido a associação entre essas duas

tecnologias, em que a principal vantagem é que a quantidade de CO2 capturada e/ou reinserida na

planta influencia diretamente na razão H2/CO, cujo controle é essencial no processo FT, alterando

diretamente a vazão de gás de síntese, bem como a vazão de produto no processo GTL (RAFIEE;

PANAHI; KHALILPOUR, 2017).

Diante desse cenário, a simulação computacional mostra-se como uma importante ferramenta

para estudos de viabilidade e otimização de processos, fornecendo a base para estudos de campo.

Segundo Al-Sobhi e Elkamel (AL-SOBHI; ELKAMEL, 2015), a simulação fornece dados de

rendimento acurados e permite a estimativa dos custos operacionais, além da avaliação do impacto

ambiental quantitativamente. Trabalhos diversos exemplificam a contribuição da simulação

computacional no estudo de captura de CO2 em integração com processos GTL (PANAHI;

YASARI; RAFIEE, 2018a; RAFIEE; PANAHI, 2016; RAFIEE; PANAHI; KHALILPOUR, 2017;

ZHANG et al., 2015, 2016), com destaque para o uso de diferentes simuladores, dentre eles o

Aspen Plus, HYSYS, Unisim e PRO/II.

Tendo em vista os fatos mencionados, este trabalho visa o estudo de um processo de produção

de combustíveis líquidos a partir do gás natural, selecionando-se parâmetros de otimização e a

influência desses no processo, utilizando de base o trabalho de Panahi e colaboradores (PANAHI et

al., 2012).

1.2 OBJETIVOS

Esse trabalho tem como objetivo geral estudar o processo GTL que utiliza gás natural como

matéria-prima e Fischer-Tropsch como rota de geração dos produtos desejados, através de um

simulador de processo computacional (software Unisim, versão 2006, da empresa Honeywell,

licenciado para a Universidade Federal Fluminense). Foi selecionada a planta apresentada por

Panahi e colaboradores (2012) para representação do processo.

Os objetivos específicos são:

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• Comparação dos resultados encontrados na simulação com aqueles apresentados por

Panahi et al. (2012);

• Desenvolver estudos de caso para computar diferentes pontos de otimização da planta

GTL.

Esse trabalho foi desenvolvido durante a graduação em Engenharia Química oferecida pelo

Departamento de Engenharia Química e de Petróleo da Universidade Federal Fluminense e está

inserido nas linhas gerais de simulação, otimização de processos e meio ambiente.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Essa seção apresenta um estudo da tecnologia GTL, enfatizando o uso do gás natural como

matéria-prima e dando destaque para a estrutura desse processo, além de destacar a evolução em

larga escala e abordar tecnologias para captura de CO2 associando ambos os processos em trabalhos

recentes.

2.1 GÁS NATURAL

Com o aumento progressivo populacional e desenvolvimento da economia mundial, a

demanda por energia também continua a crescer significativamente. Além disso, a demanda por

fontes de energia cada vez mais limpas tem estimulado a procura pelo gás natural sobre o petróleo,

devido a sua disponibilidade, acessibilidade, versatilidade e menor teor de emissão de CO2

(WOOD; NWAOHA; TOWLER, 2012).

Em termos econômicos, há um grande incentivo para transporte do gás na forma líquida, uma

vez que ocupa um volume menor em relação à fase gasosa. Nesse sentido, há duas abordagens para

tal: liquefação do gás, produzindo gás natural liquefeito (LNG) e conversão química do gás em

líquido (GTL, do inglês Gas to Liquids) (BAO, 2010). LNG é produzido pelo resfriamento do gás

natural em temperaturas próximas de 110 K após a remoção de impurezas e componentes ácidos.

Apesar da redução do volume em até 600 vezes e facilidade de distribuição do gás por mar ou terra,

diminuindo a dependência de gasodutos, esse processo leva ao consumo significativo de energia,

tanto para diminuir a temperatura quanto para a revaporização do LNG nos terminais de

gaseificação, sendo aplicável somente para produção em larga escala (KOORTZEN et al., 2014;

PFOSER; SCHAUER; COSTA, [s.d.]; SONG et al., 2004; THOMAS; K; THOMAS, 2015)

De acordo com os dados da Agência Internacional de Energia (IEA), a produção de gás

natural tem crescido cada vez mais (Figura 2.1, A), assim como é esperado um crescimento

acentuado de demanda energética do gás natural em relação às outras fontes (óleo, carvão, nuclear,

hidráulica, biomassa e outras renováveis) entre 2014 e 2040, baseando-se nas previsões da OPEC

(Organização de Países Exploradores de Petróleo) (Figura 2.1, B). A longo prazo, é esperado que a

demanda por óleo cru caia em função de alguns fatores, tais como: mudanças climáticas,

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crescimento de tecnologias que não utilizam óleo cru (biocombustível, LNG, GTL) e aumento da

demanda por combustível de melhor qualidade (gasolina e diesel, por exemplo).

Figura 2.1: A – produção mundial de gás natural, de 1971 a 2016, por região (CENTRAL

STATISTICS OFFICE, 2017); B – crescimento na demanda energética por tipo de combustível e

por região, entre 2014 e 2040 (OPEC, 2016). Adaptado.

Por sua vez, a tecnologia GTL promove uma alteração a nível molecular e do estado físico do

gás natural, resultante da combinação do processo Fischer-Tropsch com o craqueamento molecular

e tratamento dos produtos gerados. Em decorrência disso, tem-se a produção de combustíveis

líquidos de alto valor agregado, especialmente diesel e combustível de aviação, devido aos baixos

teores de enxofre e alto número cetônico (BROWN, 2013). Comparando-se os dois enfoques, a

planta GTL tem um custo associado mais alto, porém, tem maior capacidade de produção, e gera

produtos com maior eficiência energética e de carbonos, além do menor percentual de óxidos de

nitrogênio, aromáticos e particulados, permitindo a diversificação dos compostos produzidos (BAO,

2010).

2.2 O PROCESSO GTL

2.2.1 ANÁLISE GERAL

A tecnologia GTL tem atraído interesse significativo devido às oscilações no preço do óleo

cru na última década e queda no preço do gás natural, consistindo de um método eficiente para a

conversão de combustível gasoso em líquido (ELIA; LI; FLOUDAS, 2015). Grande parte dessa

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eficiência está associada à baixa emissão de monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio,

hidrocarbonetos e outros particulados na queima desse combustível, bem como a presença em

quantidades significativamente menores de compostos de enxofre e aromáticos se comparado ao

óleo cru, caracterizando o combustível advindo dessa tecnologia como combustível verde (LEE;

HONG; MOON, 2011). Além disso, o querosene produzido apresenta boas propriedades de

combustão e altos pontos de fuligem, bem como o diesel possui alto número cetônico, podendo ser

utilizado para melhorar a qualidade do óleo cru produzido (STEYNBERG, 2004).

A produção de combustíveis sintéticos envolve duas etapas principais: geração do gás de

síntese por meio de reações de reforma - como reforma a vapor, oxidação parcial ou reforma auto

térmica - e conversão do gás de síntese em combustível sintético por meio da reação de Fischer-

Tropsch, utilizando catalisador de ferro ou cobalto (LEE; HONG; MOON, 2011; SALVI;

SUBRAMANIAN; PANWAR, 2013). É importante frisar que os processos FT não são limitados ao

uso de gás natural como matéria prima, pois também podem ser empregados o gás associado,

carvão e biomassa caso o catalisador e as condições de temperatura e pressão sejam alteradas

(WOOD; NWAOHA; TOWLER, 2012).

2.2.2 TECNOLOGIA GTL

A tecnologia GTL surgiu na Alemanha, na década de 30, que faz uso do processo Fischer-

Tropsch (FT) para a conversão do gás natural em combustível líquido (WOOD; NWAOHA;

TOWLER, 2012). O país era responsável por 9 plantas, com uma capacidade combinada de 19.800

bbl/dia1, porém, após a Segunda Guerra Mundial, tais plantas deixaram de operar. Já na década de

50, algumas plantas se destacaram nesse ramo: Brownsville (Texas, EUA), com capacidade de

10.800 bbl/dia e baseada em metano (CH4); Sasolburg (África do Sul), baseada em gás derivado do

carvão (KOORTZEN et al., 2014).

Durante a crise do petróleo na década de 70, a Sasol construiu mais duas plantas utilizando o

processo FT em Secunda (África do Sul), com capacidade combinada de 180.000 bbl/dia. Já nos

anos 90, mais duas plantas baseadas em metano foram construídas: Mossgas (África do Sul) e Shell

(Bintulu, Malásia), com capacidades combinadas de 30.000 e 12.500 bbl/dia, respectivamente. Até

então, a tecnologia GTL é empregada comercialmente em mais duas plantas no Catar: planta Oryx,

da Sasol, com capacidade de 34.000 bbl/dia; e a planta Pearl, da Shell, com capacidade de 140.000

bbl/dia, ambas utilizando como fonte o gás natural (KOORTZEN et al., 2014).

1 Barris de petróleo por dia, equivalente a 6,2898 m³/dia,

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De acordo com Wood, Nwaoha e Towler (2012), um processo GTL utilizando FT requer três

etapas fundamentais, a serem descritos a seguir e exemplificado na figura 2.2:

• Produção do gás de síntese por: reforma a vapor (do inglês Steam Methane

Reforming, SMR), oxidação parcial (do inglês Partial Oxidation, POx) ou reforma

autotérmica (do inglês Autothermal Reforming, ATR), consistindo de, basicamente,

monóxido de carbono e hidrogênio;

• Síntese catalítica por FT, levando a produção de hidrocarbonetos parafínicos e

olefínicos;

• Craqueamento, onde o produto é refinado para gerar diesel, nafta e óleos

lubrificantes, ajustável de acordo com a demanda do mercado.

Figura 2.2: Esquema simplificado de um processo GTL (autoria própria).

Como descrito anteriormente, há três tecnologias de reforma empregadas atualmente em

escala comercial: Oxidação Parcial do Metano, Reforma a Vapor e Reforma Autotérmica, a serem

expostas a seguir e com base em Wood, Nwaoha e Towler (2012).

2.2.2.1 Oxidação Parcial Do Metano

Nessa reação, emprega-se uma unidade de separação de ar para remoção do nitrogênio, de

forma que a proporção de oxigênio disponível seja aumentada:

CH4 + ½ O2 → CO + 2H2

Geralmente, essa reação envolve três seções distintas:

• Uma câmara de combustão operando a altas temperaturas (1200 – 1500 °C) e sem

catalisador;

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• Uma seção de recuperação de calor;

• Uma seção de remoção de fuligem: primeiro por lavagem com água e depois por

extração com nafta.

2.2.2.2 Reforma a vapor

A produção de gás de síntese por reforma a vapor é largamente empregada em processos

petroquímicos e para a produção de hidrogênio, consistindo da seguinte reação:

CH4 + H2O → CO + 3H2 ΔH298 K = 206 kJ/mol

Essa reação ocorre na presença de um catalisador – podendo ser níquel suportado em alumina,

por exemplo – e em condições operacionais de 850-940 °C e pressão em torno de 3 MPa.

2.2.2.3 Reforma Auto-térmica

O gás de síntese também pode ser gerado por meio de Reformadores auto térmicos, em que o

calor produzido na oxidação parcial é empregado na reforma a vapor, de acordo com a reação a

seguir:

CH4 + ½ O2 ↔ CO + 2H2 ΔH298 K = -36 kJ/mol

Nesse caso, os gases provenientes da câmara de combustão da oxidação parcial são

misturados com vapor e enviados ao reformador para que a reação ocorra, de forma que o

aproveitamento energético dá nome ao processo e a temperatura então é mantida pelo calor de

reação liberado.

2.2.2.4 Síntese de FT

O processo FT consiste em uma das tecnologias utilizadas para a obtenção de longas cadeias

de hidrocarbonetos por meio da conversão do gás de síntese contendo hidrogênio e monóxido de

carbono. A maioria dos produtos são líquidos à temperatura ambiente, podendo alguns se

apresentarem na forma gasosa ou sólida, a depender do tamanho da cadeia carbônica.

n CO + 2n H2 → –(CH2)n– + n H2O ΔH = -167,4 kJ/mol

E que, na prática, ocorre da seguinte maneira:

2CO(g) + H2 (g) → (–CH2–)n (l) + CO2 (g) + H2O

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Ao mesmo tempo, reações de FT competem com a reação de metanação (reforma a vapor

inversa) e reações que levam à formação de propano e butano (LPG), uma vez que são igualmente

exotérmicas:

CO + 3H2 ↔ CH4 + H2O ΔH = -206 kJ/mol

A síntese de FT depende não só da pressão parcial do gás, como também do catalisador

utilizado (geralmente ferro ou cobalto) e da temperatura de operação do reator. Como exemplo,

tem-se que um aumento na temperatura pode aumentar a formação de metano, favorecer a

desativação do catalisador (especialmente os de ferro) e gerar produtos de cadeias carbônicas

menores. Ao mesmo tempo, a taxa de reação aumenta e há maior remoção de calor devido à

qualidade do vapor produzido (STEYNBERG, 2004). Como o catalisador de cobalto apresenta alta

atividade a baixas temperaturas e maior tempo de vida, este tem sido largamente empregado, porém

é necessário que seja mantida a relação H2/CO igual a dois (LEE; HONG; MOON, 2011).

O favorecimento da reação de FT em relação às citadas anteriormente se dá através dos

seguintes parâmetros: baixas temperaturas (220 – 350 °C), pressões entre 2 e 3 MPa com

catalisadores específicos (por exemplo, cobalto). A síntese de hidrocarbonetos líquidos ocorre de

forma seletiva, obedecendo a “probabilidade de crescimento da cadeia”, a qual é capaz de

determinar as chances de a cadeia continuar crescendo ao invés de ser truncada. (SALVI;

SUBRAMANIAN; PANWAR, 2013; WOOD; NWAOHA; TOWLER, 2012).

Apesar dos custos para plantas de GTL serem considerados altos, é esperado que estes

diminuam consideravelmente devido a investimentos no desempenho do catalisador e no reator

empregados na etapa de síntese por FT.

2.2.3 PRODUTOS GTL

Plantas que utilizam o processo GTL podem ser facilmente ajustadas para produzir uma

variedade maior de produtos, desde a base de óleos lubrificantes e graxas até químicos especiais e

naftas petroquímicas. A maioria das plantas em funcionamento e planejadas visa à produção de

combustíveis a diesel (C14 a C20), juntamente com a produção de querosene e combustível de

aviação (C10 a C13), nafta (C5 a C10), lubrificantes (> C50) e LPG (C3 e C4), o que pode ser alterado

ajustando-se as condições operacionais do reator de FT. Desta forma, os produtos da tecnologia

GTL podem ser originados em quantidades ajustáveis ao mercado, inclusive aqueles que

anteriormente só seriam produzidos em refinarias de óleo cru.

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Em termos qualitativos, os produtos da tecnologia GTL apresentam propriedades benéficas

que contribuem para menor emissão de gases NOx, CO, hidrocarbonetos e material particulado se

comparado aos originados de combustíveis fósseis, além de destacar-se o maior número cetônico

(SAJJAD et al., 2014). Ainda, podem promover a melhoria daqueles derivados tradicionalmente do

petróleo quando misturados.

2.2.4 EVOLUÇÃO DE PLANTAS GTL EM LARGA ESCALA

O conceito de conversão do gás em óleo sintético e então em hidrocarbonetos de maior valor

agregado surgiu em 1869 e foi modificado ao longo do tempo, conforme na tabela a seguir (Tabela

2.1):

Tabela 2.1: Linha do tempo da tecnologia GTL.

Ano Fato

1869 Químico e político francês Eugène Marcellin Berthelot descreveu a conversão do carvão em

produto oleoso por redução química

1913 Químico alemão Friedrich Karl Rudolf desenvolveu o processo de Hidrogenação Bergius

1920 Maior planta de produção de óleo sintético surge em Leuna, na Alemanha

1922 Desenvolvimento do processo FT por Franz Fischer e Hans Tropsch, capaz de converter CO

e H2 em combustíveis líquidos após reações em cadeia, rendendo o Prêmio Nobel em 1930

para ambos

1948 Surge no Texas uma planta de conversão do gás natural em combustível líquido, desativada

em 1953

1955 Inauguração da Sasolburg

1980 Desenvolvimento de três plantas na década de 80: em 1983, surge uma planta teste da Shel;

em 1985, planta Montunui, comissionada pela Mobil.

1992 Surgimento de uma refinaria GTL comissionada pela PetroSA

1993 Inauguração da primeira planta da Shell em Bintulu

2007 Inauguração da planta Oryx, no Catar (Sasol e Qatar Petroleum)

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2011 Inauguração da planta Pearl (Shell e Qatar Petroleum)

Dentre as plantas citadas anteriormente, aquelas que se destacam seguem descritas a seguir:

2.2.4.1 Plantas GTL da Sasol

A tecnologia utilizada na Sasol consiste da reforma autotérmica para a produção de gás de

síntese, utilizando catalisador de cobalto no reator FT, seguido do isocraqueamento dos produtos

pela Chevron. Desde 2001, a Sasol foi capaz de aumentar a escala de produção após a fusão com a

Qatar Petroleum (51% QP; 49% Sasol), gerando a planta Oryx, no Catar. Além disso, a Sasol tem

investido em mais três projetos utilizando tecnologia GTL: a planta Escravos GTL (EGTL), na

Nigéria, em colaboração com a Chevron e a Corporação Nacional de Petróleo da Nigéria; uma

planta de produção de gás combustível, no Uzbequistão, em parceria com o Uzbekneftegaz e

Petronas; e plantas de produção de combustível nos Estados Unidos e no Canadá a partir do gás de

xisto.

2.2.4.2 Plantas GTL da Shell

A Shell iniciou a primeira planta comercial de GTL na Malásia, em parceria com a

Mitsubishi, Petronas e a Companhia Nacional de Óleo da Malásia, com capacidade inicial de

12.500 barris/dia. Em 2007, foi iniciada a construção da planta Pearl, no Catar, em parceria com a

Qatar Petroleum, tornando-se operacional em 2011. Tal planta consiste no maior investimento da

Shell, com capacidade de processar em torno de 1,6 bilhões de pés cúbicos de gás por dia (bcfd),

levando à produção de 120.000 bpd de condensado, LPG, etano e 140.000 bpd de produtos GTL.

2.2.5 TECNOLOGIAS DE CAPTURA DE CO2 DE PLANTAS INDUSTRIAIS

Um tópico bastante comum no que diz respeito ao estudo da tecnologia GTL é a captura e

armazenamento de CO2 para posterior reutilização no processo FT ou para outros fins, devido à

crescente demanda por redução das emissões desse gás. No trabalho de Rochedo e colaboradores

(2016), são apresentados métodos de captura e armazenamento de carbono de acordo com o setor

no Brasil: em campos de produção Offshore em reservatórios de bacias do pré-sal, em unidades de

craqueamento catalítico e geradoras de hidrogênio em refinarias, em unidades de destilação de

etanol e em unidades geradoras de energia elétrica a partir do carvão e do gás natural.

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No primeiro caso, a proposta de captura de CO2 é necessária devido à maior concentração

desse composto no gás associado, chegando a até 40% em mol, sendo a concentração máxima

permitida de 3% em mol. Para plataformas brasileiras do tipo FPSO (Floating Production, Storage

and Offloading) que exploram o pré-sal, o método mais adequado para captura de CO2 consiste no

uso de membranas, previamente à combustão em um módulo compacto.

Em refinarias, a captura de dióxido de carbono é concentrada em unidades de craqueamento

catalítico (FCC, do inglês Fluid Catalytic Unit), uma vez que o coque depositado no catalisador é

queimado com ar e gera uma corrente gasosa rica em CO2, ou em unidades geradoras de hidrogênio

(ROCHEDO et al., 2016). Com base nas características da unidade de FCC, o gás pode ser

capturado por absorção após a combustão com ar ou com oxigênio isoladamente (MELLO, DE et

al., 2009). No segundo método, apesar do maior custo de instalação, o custo operacional é menor, o

que contribui significativamente para o custo final do processo. Majoritariamente, o dióxido de

carbono é capturado por absorção em unidades geradoras de hidrogênio (LINDSAY et al., 2009).

Em processos de produção do etanol a partir da cana de açúcar, CO2 é emitido em grande

quantidade durante o processo de fermentação e, devido à pureza da corrente gasosa e das

condições em que o produto é gerado (em temperatura ambiente), a captura é simplificada e

altamente eficaz. Nesta, ocorrem etapas de desidratação e compressão, o que reduz os custos

associados à captura de CO2 (ROCHEDO et al., 2016). No trabalho de Laude e coparticipantes

(LAUDE et al., 2011), é destacada o aumento da produção de bioetanol em 60% através da captura

de carbono e realimentação durante a fermentação, além da redução em 115% da emissão de CO2

(aproximadamente 80.000 ton CO2/ano). Tais resultados são importantes se considerado que esse

gás pode ser armazenado em campos de produção de petróleo offshore e então enviado para

unidades de destilação.

Em unidades geradoras de energia elétrica a partir da combustão do carvão pulverizado, com

captura de carbono pós combustão, é possibilitada o emprego de diferentes caldeiras, unidades de

resfriamento e de limpeza de gás pela redução do CO2 no processo.

Trabalhos recentes (DINCA et al., 2018; NOURI et al., 2018) também abordam diferentes

métodos de captura de CO2 na indústria. Segundo Dinca e colaboradores (2018), o CO2 pode ser

capturado pós-combustão por absorção química com uma solução aquosa de monoetanolamina em

uma planta de geração de energia por gasificação da biomassa. De forma similar, CO2 pode ser

removido utilizando sólidos de carbonato de potássio em um reator de carbonatação de leito

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fluidizado, que é tão mais eficiente quanto maior o fluxo do solvente sólido e maior a remoção do

vapor gerado no processo segundo Nouri e coautores (2018).

2.2.6 TRABALHOS RECENTES

Tendo em vista que a queima de gás no flare também contribui para mudanças climáticas pela

liberação de gases do efeito estufa e outros poluentes, como H2S, sulfetos, NOx e metais, trabalhos

recentes (DONG et al., 2017; MA et al., 2016; RAFIEE; PANAHI; KHALILPOUR, 2017; ZHANG

et al., 2016) têm tido como foco principal a redução da emissão de CO2 no processo de geração de

combustível ou energia em conjunto às tecnologias GTL, CTL ou BTL.

No trabalho de Rafiee e colaboradores (2017), é estudada a captura de carbono em meio ao

crescimento da demanda por energias mais limpas. Por meio de simulação no Aspen Hysys, é

considerada existência de uma planta de GTL utilizando o processo de FT na vizinhança de uma

planta que gera 300 MW de energia à base de carvão, de modo que o CO2 é capturado e purificado

após a combustão (PCC, Post-combustion Carbon Capture), para então ser alimentado no

reformador da planta GTL. Os autores verificaram o impacto da reinjeção de fração ou de todo o

CO2 capturado, de modo que a alimentação de gás natural na planta GTL foi de 8195 kmol/h,

equivalente a um trem de produção da planta Oryx da Sasol no Catar. Os resultados mostraram que

o reformador auto térmico (ATR) não necessita da adição de CO2, uma vez que o fator de

crescimento da cadeia (α) no reator de FT foi equivalente a 0,966. De forma inversa, observou-se

um ganho significativo com a exclusão da unidade de remoção de CO2 antes do reator FT. Ainda,

os resultados mostram que todo o CO2 capturado pode ser alimentado na entrada do reator de

reforma para ajustar a razão de H2/CO na saída, antes da etapa de FT, constituindo um

procedimento adequado para aproveitamento total do CO2 produzido.

De forma similar, Fazeli e colaboradores (FAZELI; PANAHI; RAFIEE, 2018) simularam e

otimizaram uma planta de produção de combustível via tecnologia GTL por duas vias diferentes

(reforma a vapor do metano (SMR) e reforma auto-térmica (ATR)), empregando a correlação de

Wang (WANG et al., 2003) para o cálculo a probabilidade de crescimento da cadeia (α) e

catalisador de ferro. Nesse estudo, supõe-se a presença de uma unidade de captura de CO2 após a

combustão (PCC) próxima à unidade GTL, de modo que todo o CO2 capturado é alimentado no

processo GTL, e foi empregado o software Aspen Hysys para as análises feitas. Para uma vazão de

aproximadamente 17000 bbl/dia – correspondente a um dos trens de produção da planta Oryx –, os

resultados da otimização sugerem uma produção de pesados correspondente a 68,17 e 101,4 ton/h,

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via ATR e SMR, respectivamente, além da inserção de 166,4 ton/h de CO2 na planta utilizando

SMR para geração do gás de síntese. Para Zhang e coautores (2016), a redução da queima de gás no

flare impacta positivamente no processo de geração de combustíveis líquidos tanto a nível técnico

quanto econômico. Esses autores estudaram a tecnologia GTL de forma modular, em que se tem

dois tipos de tecnologia de reforma do metano para cada módulo, sendo selecionado um reator com

microcanais contendo catalisador à base de cobalto para a síntese de FT e utilizando gás natural

associado como fonte. As análises técnicas e econômicas foram avaliadas quanto à eficiência

energética, emissão de CO2 e a viabilidade dos dois módulos, bem como os efeitos do reciclo e das

razões de vazões em algumas partes da planta. Os resultados das análises técnicas mostraram que a

eficiência energética para as duas opções foi aumentada, além de que o reciclo de uma porção não

reagida do gás de síntese para a unidade de reforma reduz a emissão de CO2. Além disso, a análise

econômica de sensibilidade mostra que o CAPEX2 e o preço do óleo produzido via GTL, e que

ambas as propostas são economicamente adequadas para uma planta de produção em torno de 2500

BPD3.

Ma e colaboradores (2016) apresentam uma unidade de micro-refinaria (micro refinary unit,

MRU) capaz de converter gás natural e aqueles emitidos durante a produção de petróleo em diesel

com alto valor agregado por meio da tecnologia GTL, de forma aumentar as receitas e diminuir os

custos operacionais, levando ainda à produção sustentável de petróleo e gás. Nesse estudo, foi

avaliada a integração do gás de síntese sob alta pressão por meio da oxidação parcial na síntese de

FT, empregando um único vaso, de forma a reduzir os custos. Dessa maneira, foi relatada a

produção de compostos C7+ na forma líquida, em um processo com conversão de 96% em relação

ao metano e uma razão H2/CO igual a 2, o que é ideal para o reator de FT a 900 °C. Trata-se de uma

MRU capaz de processar 100 MCF/d de gás natural que poderia ser liberado para atmosfera ou

queimado no flare, levando à redução de 1,2 kt de CO2/ano por unidade.

Outra abordagem que tem se destacado no que diz respeito à redução de gases do efeito estufa

é a produção de biocombustíveis líquidos diretamente do metano ou do biogás, como sugerido por

Dong e coautores (2017). Neste trabalho, uma biorefinaria é proposta pela conversão biológica do

CH4 em lipídios, que sofrem uma extração lipídica e, cataliticamente, são convertidos em

hidrocarbonetos. Essa reação microbiológica ocorre por meio da bactéria aeróbica metanotrófica

Methylomicrobium buryatense, a qual é capaz de utilizar o metano como única fonte de carbono. A

mesma foi cultivada em CSTR com inserção constante de ar e CH4, levando ao aumento da

2 CAPEX (do inglês Capital Expenditure, correspondente às despesas ou investimentos em bens de capital. 3 BPD corresponde a barris por dia (igualmente a bbl/d = 6,2898 m³/d).

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biomassa com alto teor de lipídios na membrana. Em seguida, tais lipídios foram convertidos em

ácidos graxos livres e depois tratados com hexano, levando à produção de um extrato oleoso que

posteriormente seria convertido a n-alcanos com eficiência de 99%. Tal abordagem se mostra

vantajosa por permitir o trabalho em escalas variadas e em condições reacionais mais brandas de

comparado à síntese de FT tradicional.

No trabalho de Panahi e co-autores (PANAHI; YASARI; RAFIEE, 2018b), foi utilizada a

otimização multi-objetivo (do inglês multi-objective optimization) em um processo GTL, com

capacidade de um trem de produção da planta Oryx, que utiliza a reforma a vapor do gás natural e

reatores de FT em múltiplos estágios. Os objetivos foram a redução da emissão de CO2, a

maximização de eficiência de carbono e o fluxo mássico de pesados, utilizando o Aspen Hysys

(8.4) na simulação do processo. Com os graus de liberdade definidos (taxa de leves produzidos,

taxa de reciclo na saída do reator FT e a distribuição do gás de síntese gerado no processo), a

otimização do processo foi facilitada e observou-se que um conjunto de reatores menores são mais

favoráveis em relação a um único estágio de produção, resultando em uma menor quantidade de

CO2 emitido na planta, além da maior eficiência em carbono e maior produção de pesados.

Campanario e Ortiz (CAMPANARIO; GUTIÉRREZ ORTIZ, 2017) estudaram a formação de

produtos de FT à baixas temperaturas utilizando gás de síntese gerado a partir da reforma da água e

Aspen Plus para a simulação de processo, com o objetivo de produzir o máximo de biocombustível

e suficiência energética. Nesse estudo, o processo é dividido em quatro seções distintas (produção

do gás de síntese a partir da reforma supercrítica da água, melhoria e secagem dos produtos, síntese

de FT e refino dos produtos em colunas de destilação), além de envolver o sequestro de CO2 e

analisar o efeito dos parâmetros operacionais que influenciam na performance do processo. Por

meio da simulação de processos, é possível avaliar alternativas viáveis para a maximização da

produção de biocombustível e eletricidade em termos de eficiência de carbono, uma vez que a

vazão mássica, a composição e concentração da matéria-prima (óleo da madeira do pinho), bem

como as condições do reator são variadas em diferentes estudos de caso. Nesse trabalho, destaca-se

a máxima produção de diesel (2804 kg/h), combustível de aviação (1491 kg/h) e gasolina (301

kg/h) para uma concentração mássica de 35% em peso, a 220 °C, 40 bar e razão molar H2/CO

equivalente a 1,70, a partir de uma vazão mássica de 60 t/h.

No trabalho de Cruz e co-autores (CRUZ; IRIBARREN; DUFOUR, 2017), plantas de

conversão de biomassa em biocombustível foram simuladas em Aspen Plus, de modo que a

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performance termodinâmica foi avaliada por análise de exergia4. O processo é baseado na

gasificação da biomassa e síntese de FT, além de considerar a reforma auto-térmica para aumentar o

rendimento do produto gerado através do reaproveitamento do gás de purga do reator FT e a

combustão de uma fração do biogás para aumentar o suprimento energético.

4 Exergia corresponde ao trabalho máximo que pode ser obtido em um sistema ao sair do estado inicial para o

final, em que há o equilíbrio termodinâmico com o ambiente.

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3. DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO

3.1 VISÃO GERAL

A proposta deste trabalho é estudar o processo GTL que utiliza gás natural como matéria-

prima e Fischer-Tropsch como rota de geração dos produtos desejados, a partir da seleção da planta

apresentada por Panahi e colaboradores (2012) para representação do processo e os estudos de

otimização através de um simulador de processo computacional (UNISIM®). Primeiramente,

comparou-se os resultados obtidos com os apresentados por Panahi e colaboradores (2012) e,

posteriormente, foram feitos estudos de pontos de otimização da planta.

A planta estudada é ilustrada a seguir (Figura 3.1) e nota-se que esta é dividida em três

seções principais: geração do gás de síntese (do inglês, syngas), síntese de Fischer-Tropsch e

acabamento dos produtos.

Figura 3.1: Fluxograma de processo da planta GTL simulada

Para a construção de toda a planta, foi escolhido o pacote termodinâmico SRK, conforme

descrito no trabalho de Panahi e co-aturores (2012). Os componentes envolvidos no processo e

adicionados ao pacote foram: alcanos (n-C1 a C20 e C25), alcenos (n- C2 a C20 e C25), hidrogênio,

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oxigênio, monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). A seguir, são

descritas cada uma das seções citadas anteriormente.

3.1.1 GERAÇÃO DO GÁS DE SÍNTESE

A seção onde ocorre a geração do gás de síntese está destacada na Figura 3.2, e é composta do

pré-reformador, trocadores de calor e o reformador auto térmico. Nessa seção, a corrente

NaturalGas alimenta a planta a 455 °C e 3000 kPa, e com frações molares de 0,9550 CH4, 0,0300

C2H6, 0,0050 C3H8, 0,0040 n-C4H10 e 0,0060 N2, com uma vazão de 8195 kgmol/h. À essa corrente,

é misturada a corrente 25 de reciclo, comprimida para 3000 kPa. A corrente resultante (1) alimenta

o trocador de calor E1, de modo que a temperatura é levada a 455 °C para entrada no pré-

reformador, caracterizado pelo reator de Gibbs. Nesse, também é alimentada uma corrente de vapor

de água (corrente Steam), com vazão de 5204 kgmol/h, a 3000 kPa e 455 °C. A corrente de topo do

pré-reformador (corrente 4) é aquecida a 675°C após passar pelo trocador E2, resultando na

corrente 5 que irá alimentar o reformador auto térmico (ATR).

Figura 3.2: Fluxograma de processo da seção de geração do gás de síntese.

O reformador é representado por um reator de equilíbrio, o qual também é alimentado pela

corrente constituída de O2 puro, a uma vazão de 5236 kgmol/h, 3000 kPa e 200 °C. É importante

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frisar que ambas as correntes de fundo do pré-reformador e do reformador auto térmico (correntes 3

e 6) não contêm fluido, nas condições analisadas. Além disso, são esperadas as seguintes reações

para o pré-reformador (Equações 3.1, 3.2 e 3.3) e para o reformador auto térmico (Equações 3.4, 3.5

e 3.6):

Pré-reformador:

CnHm + nH2O → (n +m

2) H2 + nCO (3.1)

CO + 3H2 ↔ CH4 + H2O (3.2)

CO + H2O ↔ CO2 + H2 (3.3)

ATR:

CH4 +

3

2O2 ↔ CO + 2H2O (3.4)

CH4 + H2O ↔ CO + 3H2 (3.5)

CO + H2O ↔ CO2 + H2 (3.6)

No reformador auto térmico, o calor produzido na oxidação parcial (equação 3.4) é

empregado na reforma a vapor do metano (equação 3.5), conforme já citado anteriormente. A

corrente de topo desse vaso (corrente 7) passa então por um trocador de calor E3, reduzindo a

temperatura da mesma para 38 °C. A corrente 8 sai do trocador e chega ao separador, em que duas

correntes saem desse vaso: a corrente de fundo, a qual é constituída majoritariamente de água

(corrente H2O) e a corrente de topo (corrente 9), que segue para o vaso de remoção de CO2. O CO2

é retirado no topo do vaso e a corrente 10, de fundo, corresponde ao gás de síntese, rico em CO e

H2. Essa corrente passa por uma válvula, com perda de carga correspondente a 1000 kPa, de modo

que a pressão resultante na corrente 11 equivale a 2000 kPa. Deste ponto em diante, segue-se para a

seção de Síntese de Fischer-Tropsch a ser descrita posteriormente.

3.1.2 SÍNTESE DE FISCHER-TROPSCH

A seção de Fischer-Tropsch está destacada na Figura 3.3, e é composta de trocadores de calor

e do reator de Fischer-Tropsch, em que ambas as correntes de saída do reator (14 e 16) seguirão

para o separador trifásico.

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Figura 3.3: Fluxograma de processo da seção de Fischer-Tropsch.

A corrente 11, resultante da seção de gás de síntese, é misturada à corrente 23, que é parte do

reciclo da planta, originando a corrente 12. Esta passa pelo trocador de calor E4 para ser aquecida a

210 °C (483 K) e originar a corrente 13, que alimenta o reator de FT. No reator de Fischer-Tropsch,

reações altamente exotérmicas ocorrem e este foi inicialmente simulado como, cuja temperatura

corresponde à da corrente de alimentação. As reações que ocorrem são descritas por meio da

Equação 3.7:

nCO + 2nH2 → (−CH2 −)n + nH2O (3.7)

Dentre os produtos, além da formação de olefinas e parafinas, há também a formação de

metano, conforme a Equação 3.8 a seguir:

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CO + 3H2 → CH4 + H2O (3.8)

A fração mássica de Cn (wn) obedece ao modelo de distribuição de Anderson-Schulz-Flory

(ASF), de acordo com a equação 3.9. Tal equação é válida para n > 1 e α corresponde à

probabilidade de crescimento da cadeia:

wn = n(1 − α)2αn−1 (3.9)

Na equação 3.10 a seguir, ilustra-se o método de cálculo do termo α. Nessa equação, 𝑦𝐶𝑂 e

𝑦𝐻2equivalem às frações molares de CO e H2 na corrente de alimentação do reator de FT, e T à

temperatura do reator (em Kelvin). Tal método de cálculo pode ser empregado para condições

operacionais variadas, como a razão H2/CO entre 0,5 e 4 e temperatura do reator entre 423 e 803 K.

Inicialmente, o valor de α foi calculado com a temperatura do reator fixa e equivalente a 210 °C

(483 K).

α = (0,2332yCO

yCO + yH2

+ 0,633) [1 − 0,0039(T − 533)] (3.10)

O reator de FT foi simulado como um reator do tipo CSTR, isotérmico (210 ºC), pressão de

2000 kPa e volume equivalente a 2000 m³. As taxas de reação do CO e do CH4 empregadas são

descritas nas Equações 3.11 e 3.12:

rCO = 1,331 × 10−9PH2

0,6PCO0,65

1 + (3,3 × 10−5)PCO (

kmolCO

mreator3 . s

) (3.11)

rCH4=

7,334 × 10−10PH2PCO

0,05

1 + (3,3 × 10−5)PCO (

kmolCH4

mreator3 . s

) (3.12)

Já a taxa de formação dos produtos é descrita a seguir (Equações 3.13 a 3.16):

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22

rC2H6=

w2

30 × [w116

+ 2w2 (1

1 + γ1

30+

γ1 + γ

128

) + ⋯ + 25w25 (1

1 + γ1

352+

γ1 + γ

1350

)]×

1

1 + γ× rCO × 2000 (3.13)

rC2H4=

w2

28 × [w116

+ 2w2 (1

1 + γ1

30+

γ1 + γ

128

) + ⋯ + 25w25 (1

1 + γ1

352+

γ1 + γ

1350

)]×

1

1 + γ× rCO × 2000 (3.14)

Até

rC25H52=

1 − 𝑤1 − w2 − ⋯ − 𝑤20

352 × [w116

+ 2w2 (1

1 + γ1

30+

γ1 + γ

128

) + ⋯ + 25w25 (1

1 + γ1

352+

γ1 + γ

1350

)]×

1

1 + γ× rCO × 2000 (3.15)

rC25H50=

1 − 𝑤1 − w2 − ⋯ − 𝑤20

350 × [w116

+ 2w2 (1

1 + γ1

30+

γ1 + γ

128

) + ⋯ + 25w25 (1

1 + γ1

352+

γ1 + γ

1350

)]×

1

1 + γ× rCO × 2000 (3.16)

Assumiu-se que γ, correspondente a razão entre olefinas e parafinas, é fixada 0,35. Ambas as

correntes que saem do reator de FT seguem para o separador trifásico, entretanto, a corrente de topo

(corrente 14) é resfriada a 38 °C. Do separador, saem três correntes: 17, 18 e 19. A corrente 19 é

composta majoritariamente de água e, por isso, caracteriza-se por ser a corrente de fundo do

separador. A corrente intermediária (18) segue para um vaso em que cada um os produtos

resultantes da reação de FT são selecionados em cada uma das correntes correspondentes, conforme

mostrado na Figura 3.4 a seguir. Cada uma das correntes tem a seguinte composição: Gás – C1 e C2;

GLP – C3 e C4; Nafta-Gasolina – C5 a C11; Diesel – C12 a C20; Cera – C21+.

Figura 3.4: Produtos da tecnologia GTL.

18

Gás

GLP

Nafta-Gasolina

Diesel

Cera

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23

Já a corrente 17 é dividida em duas: uma de purga (corrente 21) e outra de reciclo (corrente

20), as quais tiveram suas proporções ajustadas na etapa de otimização. A corrente de reciclo é

reinserida na planta em dois pontos distintos: um após a geração do gás de síntese (corrente 22),

com maior vazão, e outro em conjunto com a corrente de alimentação da planta (corrente 25 após

passar pelo compressor, resultando numa pressão de 3000 kPa).

3.2 ESTUDOS DE CASO E DE OTIMIZAÇÃO

Após a validação da planta, foram feitos estudos de caso para analisar a sensibilidade da

simulação quanto às variações no valor da probabilidade de crescimento da cadeia (α), quanto à

retirada do CO2 na unidade de remoção, quanto às variações na temperatura do reator FT e quanto à

vazão da corrente 24 (ajustada através do divisor T-2). Em todos os estudos de caso, foi verificada a

influência desses fatores selecionados na vazão de Diesel e de Nafta-Gasolina após o separador

trifásico.

A otimização da planta foi feita em duas plantas-base distintas: uma com otimização somente

da fração de CO2 removida, visando a maximização da produção de Diesel ou Nafta, e outra

otimizando a temperatura da entrada do reator (Treator), a vazão de reciclo (corrente 24) e a fração de

CO2 removida simultaneamente, também visando a maximização do Diesel ou da Nafta. Em todos

os estudos de otimização, foi adicionado como restrição a vazão da corrente 20 para menor que

22.000 khmol/h. Os resultados os estudos de caso e de otimização são apresentados na seção a

seguir.

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24

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, os resultados obtidos na simulação e nos casos de otimização são apresentados

e discutidos, confrontando com aqueles obtidos no artigo base (PANAHI et al., 2012). Além disso,

os resultados dos estudos de otimização da planta são mostrados e discutidos.

4.1 VALIDAÇÃO DA SIMULAÇÃO

A validação da simulação foi feita por meio da comparação entre os resultados obtidos com

pontos específicos apresentados no trabalho de Panahi et al (2012), o que foi feito por meio da

avaliação das vazões molares e composição dos gases nas correntes Tail gas, Purge to fired heater

(as fuel), To Upgrading Unit e Water, todas na saída do separador trifásico e destacadas na figura a

seguir adaptada do trabalho original (Figura 4.1).

Figura 4.1: Fluxograma do processo-base com dados finais de otimização.

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25

Inicialmente, a planta foi simulada com reator de conversão fixa para o reator de Fischer-

Tropsch, reator de Equilíbrio para o pré-reformador e sem a vazão de reciclo (correspondente à

corrente 17 que sai do separador trifásico no esquematizado anteriormente. Entretanto, devido à

quantidade e à natureza das reações inseridas para o pré-reformador (algumas de conversão e outras

de equilíbrio), foi escolhida a troca deste por um reator de Gibbs. Há então a possibilidade de que

diferentes tipos de reações ocorram ao mesmo tempo, supondo que o mesmo esteja em equilíbrio. O

valor de α foi calculado por meio da Equação 3.10, mantendo a temperatura em 210 °C, uma vez

que o reator de FT é isotérmico, e variando as frações de CO e H2 entre 0,01 e 1. O perfil

encontrado está representado na Figura 4.2 a seguir:

Figura 4.2: Perfil de α com variações na razão H2/CO.

Devido à estrutura da simulação, o valor para as frações de H2 e CO na entrada do reator eram

fixas, resultando num valor de 2,014 para a razão H2/CO. Desta forma, o valor de α foi obtido

através do ajuste polinomial, equivalente à 0,70163. O valor das frações molares para cada um dos

componentes foi calculado e as seguintes reações foram inseridas no reator de FT:

CO + 2,014H2 → 0,06880C2H6 + 0,04827C3H8 + 0,03387C4H10 + 0,02376C5H12 +

0,01667C6H14 + 0,01170C7H16 + 0,00821C8H18 + 0,00576C9H20 +

0,00404C10H22 + 0,00284C11H24 + 0,00199C12H26 + 0,00140C13H28 +

(3.17)

y = 0,003x5 - 0,036x4 + 0,1807x3 - 0,4982x2 + 0,8322x + 0,0631

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75 3,00

α

H2/CO

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26

0,00098C14H30 + 0,00069C15H32 + 0,00048C16H34 + 0,00034C17H36 +

0,00024C18H38 + 0,00017C19H40 + 0,00012C20H42 + 0,00008C21H44 +

0,00006C22H46 + 0,976H2O

CO + 3H2 → CH4 + H2O (3.18)

Os resultados das vazões para essa planta encontram-se na tabela a seguir (Tabela 4.1):

Tabela 4.1: Resultados de vazão e composição para a planta de conversão fixa sem reciclo.

Vazões (kgmol/h)

Syngas Water5 Light Ends To Upgrading Unit Water

35096,75 5113,14 13479,17 640,63 8559,87

Composição - Tail Gas

CH4 CO H2 CO2 H2O

0,3277 0,1084 0,2261 0,0598 0,0041

Bem como o diagrama de fluxo de processo (do inglês PFD Process Flow Diagram) da planta

(Figura 4.3):

Figura 4.3: Fluxograma de processo da planta com conversão fixa no reator FT e sem reciclo.

Nota-se que os valores de vazões para as correntes avaliadas são relativamente próximas da

planta original, o que foi um indicativo que tal simulação poderia ser usada como base para a

inserção do reciclo na planta. Os resultados encontrados são disponibilizados na tabela a seguir

(Tabela 4.2):

5 Corrente de saída do separador, após o trocador E-3.

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27

Tabela 4.2: Relação entre as vazões na planta de conversão fixa com reciclo.

Vazões (kgmol/h)

Syngas Water Light Ends To Upgrading Unit Water

33143,84 5797,16 9894,91 901,90 7791,85

Composição - Tail Gas

CH4 CO H2 CO2 H2O

0,6120 0,0000 0,0479 0,0469 0,0026

Um parâmetro importante que deve ser observado nos resultados apresentados anteriormente

é a diferença entre as vazões e composição da corrente de reciclo (Tail Gas). O uso de um reator de

conversão impacta diretamente nesse resultado, principalmente pois as taxas de conversão foram

inseridas de maneira a obter resultados mais próximos ao do trabalho de referência, mas com foco

em obter uma maior quantidade de Diesel e Nafta-gasolina. Todavia, a reação de formação de

metano tem maior taxa de conversão, o que resulta no valor de composição obtido. Além disso,

nota-se um aumento da vazão da corrente To Upgrading Unit, indicando a maior conversão do CO

e H2 nos produtos de interesse.

Além disso, deve-se frisar que a pressão ao longo do processo também influencia diretamente

nas reações anteriores ao reator de FT. Entretanto, nos dados divulgados por Panahi et al (2012),

tem-se conhecimento da pressão na corrente de alimentação (corrente Natural Gas), equivalente a

3000 kPa, e na corrente de entrada do reator de FT, equivalente a 2000 kPa. Desta maneira, foram

determinados pontos de perdas de carga ao longo do processo de forma a resultar no valor

necessitado na entrada do reator de FT. Contudo, optou-se pela inserção de uma válvula para

promover uma perda de carga de 1000 kPa no ponto anterior à mistura da corrente que sai do

removedor de CO2 (corrente 10) e de parte do reciclo (corrente 23) de forma a ser aproximar do que

é descrito no trabalho-base. Tal ponto foi o escolhido pois a corrente 23 já tem a pressão em 2000

kPa necessária para a entrada do reator.

Além dessa mudança, o reator de FT foi alterado para um do tipo CSTR, de modo que foi

possível inserir a cinética da reação de FT conforme descrito no item 3.2 e as equações expostas

nessa seção. Essa modificação foi feita por meio da inserção do Spreadsheet, uma planilha dentro

do ambiente do simulador que permite a escrita de relações matemáticas cujos resultados podem ser

utilizados diretamente na simulação. Nesse caso, foram inseridos os dados de massa molar de

parafinas e olefinas, as relações envolvendo γ, as frações mássicas de cada um dos componentes

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28

(wn), as porções do denominador das Equações 3.12 a 3.16 e os dados das constantes das reações

(de CO, parafinas e olefinas), conforme ilustrado na Figura 4.4.

Figura 4.4: Dados inseridos na spreadsheet da planta com a cinética do reator FT.

Os dados correspondentes às colunas L e M da spreadsheet foram utilizadas nas reações

correspondentes do reator de FT. Deve-se notar também que foi encontrado um valor de α

equivalente a 0,8462, resultante da dependência desse com as frações de H2 e CO na corrente de

entrada do reator e FT (corrente 13). O PFD dessa planta é disponibilizado na figura a seguir

(Figura 4.5), bem como a tabela com as vazões encontradas. Na seção seguinte, são descritos os

estudos de caso feitos anteriormente à etapa de otimização da planta utilizando aquela da Figura 4.5

de base. Comparando os valores apresentados nas tabelas 4.2 e 4.3, nota-se que a segunda se

aproxima mais dos valores apresentados por Panahi e colaboradores (2012), indicando que a

inserção dos dados de cinética para o reator de FT estão condizentes com o artigo.

Figura 4.5: Fluxograma de processo da planta-base com reciclo.

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Tabela 4.3: Relação entre as vazões e composição da planta-base considerando reciclo.

Vazões das correntes (kgmol/h)

8

(Syngas)

Água

(Water)

17

(Light Ends)

18

(To Upgrading Unit)

19

(Water)

32665,25 5559,16 14318,04 835,84 7944,82

Composição - Corrente 20

CH4 CO H2 CO2 H2O

0,725514 0,000027 0,000157 0,000000 0,003307

4.2 ESTUDOS DE CASO

4.2.1 AVALIAÇÃO DO EFEITO DE α

Um dos fatores determinantes na reação de FT é o valor da probabilidade de crescimento da

cadeia. Segundo (DORNER et al., 2010), para uma mistura com diminuição da fração de H2 e,

consequentemente, aproximação de α da unidade, observa-se uma tendência de formação de

compostos C18+, enquanto outras faixas de hidrocarbonetos são formados majoritariamente em

valores específicos de α. Esse perfil é ilustrado na figura a seguir (Figura 4.6), extraída do trabalho

de Dorner e colaboradores (2010) e que descreve a distribuição de Anderson-Schulz-Flory (ASF):

Figura 4.6: Distribuição de ASF, mostrando a correlação entre α e a fração mássica da cadeia

carbônica de comprimento n.

Fonte: DORNER, R. W. et al. Heterogeneous catalytic CO2 conversion to value-added hydrocarbons. [s.l.],

p. 887, 2010. DOI: 10.1039/c001514h.

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30

Nota-se que para valores de α próximos de 0,85, tem-se a quantidade máxima de diesel,

enquanto que para valores próximos de 0,75, há o favorecimento da Nafta-gasolina, além de que

compostos C18+ aumentam em proporção considerável a partir deste ponto. Desta forma, entende-se

que para análise de sensibilidade da simulação, também é necessário averiguar o comportamento da

mesma perante variações no valor da probabilidade de crescimento da cadeia. Essa verificação foi

feita variando valores de α entre 0,86 e 0,95 e o resultado obtido são mostrados na Figura 4.7:

Figura 4.7: Avaliação da influência de α e as vazões de hidrocarbonetos.

Observa-se a tendência de crescimento de frações mais pesadas de hidrocarbonetos, bem

como a maior quantidade de Nafta-Gasolina em relação às outras frações, como proposto por

Dorner et al. (2010). Entretanto, observa-se que em alguns pontos as vazões chegam a zero de

forma abrupta e que o perfil das outras frações com exceção da de hidrocarbonetos mais pesados

têm o mesmo comportamento para os mesmos valores de α, o que pode demonstrar problemas de

convergência da simulação para esses valores de α e uma melhor investigação quanto ao algoritmo

empregado deve ser feita.

4.2.2 AVALIAÇÃO DO EFEITO DO CO2

Conforme sugerido no trabalho de Rafiee e colaboradores (2017), o ajuste da fração de CO2

removido influencia diretamente nas vazões de produtos obtidos, mediante o aumento da vazão de

gás de síntese e, consequentemente, alteração no valor de α. Por conta disso, foi avaliada a

0

100

200

300

400

500

600

0,860 0,865 0,870 0,875 0,880 0,885 0,890 0,895 0,900 0,905 0,910 0,915 0,920 0,925 0,930 0,935 0,940 0,945 0,950

Vaz

ão M

ola

r (k

gmo

l/h

)

α

α: 0,75 a 0,95

Nafta-Gasolina Diesel Gás GLP Cera

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influência da remoção do CO2 na planta por meio da avaliação da quantidade de produto obtido,

cujo resultado é ilustrado na figura a seguir (Figura 4.8):

Figura 4.8: Relação entre as vazões molares de produtos GTL e a quantidade de CO2

removido.

Como observado, a fração de CO2 removida foi variada entre 0,800 e 1,000, podendo-se notar

um aumento nas vazões de LPG e GAS, e diminuição para Diesel, Nafta-Gasolina e C21+. Esse

perfil pode ser considerado como outro ponto de validação da planta, uma vez que confirma o que

foi ressaltado no trabalho de Panahi et al. (2012): a remoção desse componente leva a um pequeno

aumento na razão H2/CO (em valores próximos de 2,00), por deslocamento no equilíbrio da reação

3.3 e para o valor de α vigente, o que favorece a formação de leves.

4.2.3 AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DO REATOR

Após a inserção da dependência de α com a temperatura na entrada do reator de FT conforme

descrito na equação 3.10, as vazões dos produtos finais foram avaliadas a partir de variações dessa

temperatura. Esta variou entre 190 e 260 °C, visando a melhor avaliação do comportamento da

simulação, e os resultados são apresentados na figura a seguir (Figura 4.9).

100

150

200

250

300

350

400

20

30

40

50

60

70

80

Vaz

ão m

ola

r d

e N

afta

-Gas

olin

a e

Die

sel

(kgm

ol/

h)

Vaz

ão

Mo

lar

de

s, G

LP e

Cer

as

kgm

ol/

h)

Razão de CO2

Razão de CO2: 0,80 a 1,00

Gás GLP Cera Nafta-Gasolina Diesel

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Figura 4.9: Relação entre a temperatura na entrada do reator de FT com os produtos GTL.

Nota-se que a partir de 236 °C, todas as vazões são zeradas. Isso pode estar associado a

problemas de convergência da planta, que sofre grande influência devido à corrente de reciclo.

Além disso, o perfil obtido para os componentes mostrou-se similar ao esperado, uma vez que, para

temperaturas maiores, o valor de α tende a diminuir, desfavorecendo a formação de pesados e

levando à formação de leves, conforme demonstrado na equação 3.10.

4.2.4 AVALIAÇÃO DA VAZÃO DE RECICLO

Outro ponto de avaliação do comportamento da planta foi o ajuste da razão entre as vazões

das correntes 23 e 24, a partir de variações do split do divisor T-2, cujos resultados encontram-se na

Figura 4.10 a seguir. Nota-se que para todas os produtos, a partir de 12,6 % da corrente de reciclo,

as vazões são reduzidas e o perfil das correntes assume um padrão linear. É possível que neste

ponto tenha tido algum problema de convergência e as reações passaram a não ocorrer da forma

esperada, o que é algo comum quando o componente de reciclo é presente na simulação. Observa-se

um acúmulo e, geralmente, este tem que ser desconectado e conectado novamente para que novos

resultados sejam obtidos e possam ser avaliados da forma correta. Por resultar da corrente de topo

do separador trifásico, sua composição é majoritariamente de leves, o que justifica o fato de que,

associado a esse acúmulo inerente ao uso do reciclo, há o aumento na produção de C1 a C4.

0

100

200

300

400

500

600

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

19

0

19

2

19

4

19

6

19

8

20

0

20

2

20

4

20

6

20

8

21

0

21

2

21

4

21

6

21

8

22

0

22

2

22

4

22

6

22

8

23

0

23

2

23

4

23

6

23

8

24

0

24

2

24

4

24

6

24

8

25

0

25

2

25

4

25

6

25

8

26

0

Vaz

ão

Mo

lar

de

Naf

ta-G

aso

lina

(kgm

ol/

h)

Vaz

ão

Mo

lar

de

Die

sel,

s, G

LP e

Cer

a(k

gmo

l/h

)

TREATOR (°C)

Diesel Gás GLP Cera Nafta-Gasolina

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33

Figura 4.10: Relação entre as vazões de produtos GTL com a razão da vazão da corrente 24.

4.3 ESTUDOS DE OTIMIZAÇÃO

4.3.1 EFEITO DO CO2

A partir dos resultados obtidos nos estudos de caso para a planta com o valor de α dependente

apenas da razão H2/CO, selecionou-se a fração de remoção do CO2 como um ponto de otimização.

Para isso, foi utilizada a ferramenta Optimizer, cujos valores de mínimo e máximo da variável a ser

otimizada compreenderam entre 0,9000 e 1,0000, respectivamente. Além disso, a vazão da corrente

de reciclo (corrente 20) foi inserida como um fator limitante, cujo valor não deveria ultrapassar

22000 kgmol/h. Essa escolha foi necessária pois, a partir desse ponto, a simulação tende a sair do

ponto de convergência e as reações de FT não ocorrem, além de que também há a dificuldade de

convergir em valores menores que esse.

Foram feitos dois estudos de otimização: um para o valor máximo da vazão molar de Diesel e

outro para vazão molar máxima de Nafta-gasolina. Ambos os resultados encontram-se na tabela a

seguir (Tabela 4.4) e, como se pode observar, foi possível encontrar um valor máximo de 154,5

kgmol/h de diesel, enquanto que para a Nafta-gasolina o valor encontrado não é o valor máximo

possível (399,0 kgmol/h). A fração de CO2 removida foi de 0,91744.

Esses resultados para a vazão máxima de diesel como função objetivo refletem o que era

esperado: para menor quantidade de CO2 removido, havendo, consequentemente, maior fração de

CO2 residual na planta, há um decréscimo na razão H2/CO, de acordo com a equação 3.6, levando a

um maior valor de α, favorecendo então a formação de diesel. De forma oposta, quanto menos CO2

0

100

200

300

400

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0,0

00

0,0

06

0,0

12

0,0

18

0,0

24

0,0

30

0,0

36

0,0

42

0,0

48

0,0

54

0,0

60

0,0

66

0,0

72

0,0

78

0,0

84

0,0

90

0,0

96

0,1

02

0,1

08

0,1

14

0,1

20

0,1

26

0,1

32

0,1

38

0,1

44

0,1

50

0,1

56

0,1

62

0,1

68

0,1

74

0,1

80

0,1

86

0,1

92

0,1

98

Vaz

ão

Mo

lar

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(kgm

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h)

Vaz

ão

Mo

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C

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ol/

h)

Razão do fluxoDiesel Gás GLP Cera Nafta-Gasolina

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é mantido na planta, maior a razão H2/CO e então menor é o valor de α, o que poderia levar a maior

formação de Nafta. É possível que a simulação não esteja corretamente ajustada para essa função

objetivo e, por problemas de convergência, não foi possível chegar a um valor máximo de formação

de Nafta.

Tabela 4.4: Relação entre as vazões das correntes para obtenção de diesel e nafta-gasolina

após otimização da fração de CO2 removida.

Corrente Vazões das correntes (kgmol/h)

Dieselmáxima Naftamáxima Sem otimização

8 (Syngas) 34206,48 34100,10 32665,25

Água (Water) 5144,90 5124,13 5559,16

17 (Light Ends) 21835,46 21340,65 14318,04

18 (To Upgrading Unit) 806,96 768,22 835,84

19 (Water) 8342,48 8275,23 7944,82

Gás 71,11 70,14 76,37

GLP 80,05 73,86 97,49

Nafta-Gasolina 415,14 399,00 419,73

Diesel 154,49 149,78 153,44

Cera 86,16 75,43 88,81

Ao comparar-se os resultados da otimização com aqueles sem, observa-se a maior formação

de gás de síntese após otimizar os parâmetros selecionados, o que levou à maior formação dos

produtos de FT, evidenciado pelos valores de vazão (correntes 17 e 19) e dos componentes

individualmente – há um aumento da quantidade de diesel e nafta em relação à vazão da corrente

18. Nota-se um menor valor da vazão de água após o separador bifásico (antes do removedor de

CO2) água e os valores para as demais correntes se aproximam daqueles apresentados por Panahi e

colaboradores (2012).

4.3.2 EFEITO DO CO2, RECICLO E TEMPERATURA DO REATOR

Conforme descrito no item 3.2, foram selecionados a retirada de CO2 antes do reator de FT, a

razão da vazão da corrente 24 e a temperatura do reator de FT como pontos de otimização na planta

com α dependente também da temperatura. Após os estudos de caso que foram feitos de cada um

desses pontos, o intervalo de otimização pôde ser melhor selecionado e então foi avaliada a

influência desses fatores – isolados ou em combinações entre os três – tanto para uma vazão

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máxima de diesel como também para de nafta. Os resultados dessas simulações encontram-se na

tabela a seguir (Tabela 4.5):

Tabela 4.5: Relação entre as vazões das correntes para obtenção de diesel e nafta-gasolina

após otimização da fração de CO2 removida, temperatura do reator e vazão do reciclo.

Corrente Vazões das correntes (kgmol/h)

Dieselmáxima Naftamáxima Sem otimização

8 (Syngas) 32657,28 0,00 32665,25

Água (Water) 5579,46 0,00 5559,16

17 (Light Ends) 14599,14 0,00 14318,04

18 (To Upgrading Unit) 733,32 0,00 835,84

19 (Water) 7922,96 0,00 7944,82

Gás 60,40 0,00 76,37

GLP 64,74 0,00 97,49

Nafta-Gasolina 363,33 0,00 419,73

Diesel 156,58 0,00 153,44

Cera 88,28 0,00 88,81

Como pode ser observado, não há referência quanto a máxima produção de Nafta-gasolina

otimizando a fração de CO2 removida e a temperatura na entrada do reator, e em associação com a

vazão de reciclo, bem como a otimização da temperatura visando a máxima produção de diesel,

uma vez que a planta não foi capaz de convergir. Os valores obtidos visando a produção máxima de

diesel se aproximam daqueles apresentados pelo artigo-base, o que era esperado, visto que foram

selecionados mais pontos de otimização em relação ao apresentado na seção 4.3.1, em que foi

verificado apenas o efeito da remoção do CO2 na planta.

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5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O trabalho aqui exposto teve como objetivos a exposição da tecnologia GTL, descrição do

processo Fischer-Tropsch e apresentar os resultados obtidos para a simulação do processo. A partir

dos estudos de caso propostos, foi possível selecionar intervalos dos pontos de otimização mais

adequados para que a planta convergisse e, dessa forma, os resultados pudessem ser avaliados de

forma apropriada.

Nota-se que os resultados obtidos foram considerados satisfatórios de acordo com a proposta

deste trabalho, uma vez que se atingiu o objetivo de selecionar e avaliar pontos de otimização,

através de estudos de caso, analisando-se a proximidade da planta simulada com a proposta por

Panahi et al 2012. Com os resultados obtidos, foi possível selecionar os valores ótimos de fração de

CO2 removido (10 %), da vazão da corrente 24 (10 % em relação à corrente 22) e a temperatura do

reator (205 °C) para a produção máxima de diesel. Para a produção máxima da nafta, os resultados

não foram suficientes e, portanto, estudos posteriores são necessários.

Destaca-se, portanto, a necessidade de que mais estudos de simulação sejam feitos, visando

melhorar os resultados, sobretudo sob o ponto de vista da cinética de reação. Além disso, isso

também permite que novos pontos de otimização sejam selecionados e, então, seja verificada a

dependência destes com os produtos de interesse da tecnologia GTL – dentre estes pontos, destaca-

se a possibilidade de reinjeção do CO2 na planta (como sugerido em alguns trabalhos na seção 2.2.6

e ajuste direto na relação H2/CO. Ainda, é válido fazer uma avaliação aprofundada em termos de

eficiência energética da planta, verificando a possibilidade de integração energética entre os

trocadores de calor, e também análises de sensibilidade da planta quanto à formação de nafta e de

outros produtos de interesse da indústria, como querosene e combustível de aviação.

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