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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Índice de Qualidade da Dieta e Indicadores do Estado Nutricional de Adolescentes Assistidos no Programa Médico de Família em Niterói-RJ: Projeto CAMELIA Juliana Montesso Ramos Orientador: Prof. Dr. Maurício Cagy Co-orientadora: Profª. Drª Edna Massae Yokoo Niterói RJ 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

Índice de Qualidade da Dieta e Indicadores do Estado Nutricional de Adolescentes

Assistidos no Programa Médico de Família

em Niterói-RJ: Projeto CAMELIA

Juliana Montesso Ramos

Orientador: Prof. Dr. Maurício Cagy

Co-orientadora: Profª. Drª Edna Massae Yokoo

Niterói – RJ

2010

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Juliana Montesso Ramos

Índice de Qualidade da Dieta e Indicadores do Estado Nutricional de Adolescentes

Assistidos no Programa Médico de Família

em Niterói-RJ: Projeto CAMELIA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do grau de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Maurício Cagy

Co-orientadora: Profª. Drª Edna Massae Yokoo

Niterói, RJ

2010

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R175

Ramos, Juliana Montesso

Índice de qualidade da dieta e indicadores do estado nutricional de adolescentes assistidos no

programa médico de família em Niterói-RJ: Projeto

CAMELIA / Juliana Montesso Ramos. – Niterói: [s.n.],

2010.

101f., 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) –

Universidade Federal Fluminense, 2010.

1. Consumo de Alimentos. 2. Estado Nutricional. 3.

Indicadores de Qualidade na Assistência à Saúde. 4.

Nutrição do Adolescente. 5. Programa de Saúde da

Família. I. Título.

CDD 612.3

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Juliana Montesso Ramos

Índice da Qualidade da Dieta e Indicadores do Estado Nutricional de Adolescentes

Assistidos no Programa Médico de Família

em Niterói-RJ: Projeto CAMELIA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do grau de mestre.

BANCA EXAMINADORA

Prof Dr Maurício Cagy

Departamento de Epidemiologia e Bioestatística – Universidade Federal Fluminense

Orientador

Profª Drª Rosângela Alves Pereira

Departamento de Nutrição Social Aplicada – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Profª Drª Sandra Costa Fonseca

Departamento de Epidemiologia e Bioestatística – Universidade Federal Fluminense

Niterói, RJ

2010

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DEDICATÓRIA

A Deus, por ter me fortalecido em mais essa caminhada.

Aos meus pais, Neuza e José (in memorian), que sempre me apoiaram na busca dos meus

objetivos. A vocês o meu agradecimento e amor pela confiança, compreensão, palavras de

incentivo e carinho dispensados em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Maurício Cagy por seus ensinamentos e indispensáveis correções.

À Prof.ª co-orientadora Edna Massae Yokoo por sua confiança, apoio e fundamental

contribuição.

À Prof.ª Maria Luiza Garcia Rosa, pela oportunidade na participação da pesquisa, dedicação

incentivo, disponibilidade e conhecimentos transmitidos.

Às professoras Rosângela Alves Pereira e Sandra Costa Fonseca pela atenção e carinho na

correção da dissertação.

À Prof.ª Dirce Marchioni e à Agatha Previdelli pela atenção e valiosas orientações.

À Letícia, por sua amizade e precioso apoio na elaboração desta.

À amiga Michelle, pelo carinho e ajuda nos momentos difíceis.

À Omara, por seu companheirismo, incentivo e atenção dispensada. Obrigada amiga.

Aos amigos Luana e Paulo, pela disponibilidade, auxílio e contribuição. Vocês tornaram tudo

mais fácil.

À coordenação, aos docentes e aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva da Universidade Federal Fluminense, de forma especial pelo carinho e compreensão

nos momentos dolorosos.

A todos participantes, profissionais ou acadêmicos, do Projeto CAMELIA e aos assistidos

pelo Programa Médico de Família. Sem vocês seria impossível o desenvolvimento deste

trabalho.

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RESUMO

Introdução: O Índice de Qualidade da Dieta (IQD) é uma medida resumo das

principais características da alimentação, possibilitando a visualização de possíveis

deficiências ou excessos de nutrientes ou grupos de alimentos. Objetivo: Estimar a associação

entre a qualidade da dieta (exposição) e indicadores do estado nutricional (antropometria e

avaliação bioquímica – desfecho) nos adolescentes assistidos no Programa Médico de Família

(PMF) no Município de Niterói – Rio de Janeiro – Brasil, participantes do Projeto

CAMELIA. Métodos: Estudo transversal de 212 adolescentes vinculados ao PMF no período

de julho de 2006 a dezembro de 2007. Estimou-se a ingestão alimentar aplicando questionário

de freqüência de consumo alimentar semiquantitativo, e, para avaliação desta, utilizou-se o

Índice de Qualidade da Dieta Revisado, de acordo com as recomendações preconizadas no

Guia Alimentar para a População Brasileira de 2006. Foram também coletadas informações

sobre as variáveis sócio-demográficas, estilo de vida e estado nutricional. Na análise

estatística foram utilizados os testes T e de Mann-Whitney, e as associações (razão de

prevalência – RP) foram estimadas por meio de Equações de Estimação Generalizadas (GEE),

com modelo de regressão de Poisson. Resultados: Comparando-se as médias dos 12

componentes que formam o IQD-R entre meninos e meninas, observou-se que não houve

diferença estatística no consumo destes. Ressalta -se que, em ambos os sexos, o consumo de

cereais integrais e de leite e derivados encontra-se abaixo do recomendado pelo Guia

Alimentar 2006. Por outro lado, o consumo dos componentes sódio e do Gord_AA (gordura

saturada e trans, álcool e açúcar de adição) encontra-se elevado. Com base na RP bruta das

variáveis bioquímicas e do IMC, categorizadas em „adequadas‟ e „inadequadas‟ (desfecho),

com o IQD-R também categorizado (exposição), verificou-se que houve associação positiva

estatisticamente significativa com colesterol total (RP = 1,58; IC: 1,01-2,49), ou seja, a

prevalência de alteração no colesterol total elevado (inadequado) é 58% maior entre aqueles

que apresentam IQD-R abaixo do valor do 3º quartil. Conclusão: O aspecto bioquímico foi o

que obteve melhor associação com o IQD-R desta população. A dieta consumida pelos

adolescentes necessita de atenção, especialmente no que diz respeito ao consumo de alimentos

fontes de gordura, sejam saturadas ou trans, e insuficientes em fibras, já que são estes os

fatores nutricionais mais relacionados à dislipidemia. Os achados proporcionaram concluir

que os hábitos alimentares adotados neste estágio de vida exige o desenvolvimento de

programas de intervenção nutricional.

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Palavras-chave: consumo alimentar, índice de qualidade da dieta, estado nutricional,

adolescentes.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Freqüência diária correspondente a cada opção de freqüência presente no

QFCA .......................................................................................................................... 28

Quadro 2: Número de porções diárias recomendadas por 1000 kcal, valor energético

médio das porções segundo os grupos de alimentos do Guia Alimentar para a População

Brasileira e os componentes e número de porções diárias/1000 kcal do Índice

de Qualidade da Dieta Revisado (IQD-R) ....................................................................... 31

Quadro 3: Distribuição da pontuação e das porções dos componentes do IQD-R ......... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição dos adolescentes por sexo, de acordo com os indicadores

antropométricos, demográficos, de estilo de vida e bioquímicos. Niterói-RJ,

2006-2007..................................................................................................................... 36

Tabela 2: Pontuação média dos componentes do IQD-R, segundo o sexo ................. 37

Tabela 3: Razão de Prevalência (RP) bruta de parâmetros bioquímicos e IMC de

adolescentes assistidos pelo Programa Médico de Família de Niterói – RJ,

2006 – 2007. Projeto CAMELIA ................................................................................. 38

Tabela 4: Razão de Prevalência (RP) do colesterol total ajustada de adolescentes

assistidos pelo Programa Médico de Família de Niterói – RJ, 2006 – 2007.

Projeto CAMELIA ....................................................................................................... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAMELIA Projeto Cardio-metabólico-renal familiar

CDC Center for Disease Control and Prevention

CFS III Continuing Survey of Food Intakes by Individuals

CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar

CT Colesterol total

DAC Doença arterial coronariana

DM Diabetes mellitus

DCNT Doenças crônicas não-transmissíveis

GEE Equações de Estimação Generalizadas

EN Estado nutricional

ENDEF Estudo Nacional sobre Despesas Familiares

EUA Estados Unidos da América

FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

HAS Hipertensão arterial sistêmica

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina corpuscular média

Hct Hematócrito

HDL High density lipoprotein

He Hemácias

HEI Health Eating Index

HOMA-IR Homeostatic model assessment - insulin resistance

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Índice de Massa Corporal

IDF International Diabetes Federation

IDQ Índice de Qualidade da Dieta

IQD - R Índice de Qualidade da Dieta Revisado

INAD Instituto de Nutrição Annes Dias

IOTF International Obesity Task Force

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LDL Low density lipoprotein

MS Ministério da Saúde

NHANES National Health and Nutrition Examination Surveys

OMS Organização Mundial da Saúde

POF Pesquisa de Orçamentos Familiares

PNSN Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

PMF Programa Médico de Família

PSF Programa Saúde da Família

QFA Questionário de freqüência alimentar

QFCA Questionário de freqüência de consumo alimentar

R-24h Recordatório alimentar de 24 horas

RCQ Relação cintura-quadril

RDW Amplitude de distribuição dos eritrócitos

RCEst Relação cintura-estatura

SM Síndrome Metabólica

SUS Sistema Único de Saúde

NCEP-ATP III Third Report of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on

Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults

NCHS National Center for Health Statistics

TG Triglicerídeos

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

VCM Volume corpuscular médio

VLDL Very low density lipoprotein

WHO World Health Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 5

2.1. Adolescência ............................................................................................................... 5

2.2. Alimentação Saudável ................................................................................................ 6

2.3. Hábitos Alimentares na Adolescência ........................................................................ 8

2.4. Consumo Alimentar na Adolescência ...................................................................... 10

2.4.1. Reconhecimento de padrões de consumo alimentar com base em recomendações

definidas a priori ...................................................................................................................... 12

2.5. Índice de Qualidade de Dieta.................................................................................... 13

2.6. Estado Nutricional na Adolescência ......................................................................... 15

2.6.1. Antropometria na adolescência ........................................................................ 16

2.6.2. Parâmetros bioquímicos e doenças crônicas não transmissíveis na

adolescência............. ................................................................................. ................................19

3. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ............................................................................... 21

3.1. Objetivo Geral .......................................................................................................... 22

3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 22

4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 23

4.1. Projeto CAMELIA ................................................................................................... 23

4.1.1. Aspectos sócio-demográficos ........................................................................... 23

4.1.2. Antropometria e Avaliação do Estado Nutricional........................................... 24

4.1.3. Análises Bioquímicas ....................................................................................... 24

4.1.4. Consumo Alimentar .......................................................................................... 24

4.1.5. Considerações Éticas ........................................................................................ 25

4.1.6. Financiamento .................................................................................................. 25

4.2. Desenho do Estudo ................................................................................................... 25

4.3. Casuística do Presente Estudo .................................................................................. 26

4.3.1. Critérios de exclusão ........................................................................................ 26

4.4. Variáveis Estudadas .................................................................................................. 26

4.4.1. Variáveis de exposição ..................................................................................... 26

4.4.2. Variáveis de desfecho ....................................................................................... 26

4.4.3. Variáveis de ajuste ............................................................................................ 27

4.5. Dados antropométricos e bioquímicos ..................................................................... 27

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4.6. Consumo Alimentar e Índice de Qualidade da Dieta ............................................... 27

4.6.1. Freqüência do Consumo Alimentar .................................................................. 27

4.6.2. Índice de Qualidade da Dieta............................................................................ 28

4.7. Análise Estatística .................................................................................................... 34

5. RESULTADOS ............................................................................................................ 35

6. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 40

7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 44

8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 45

ANEXO I: Distribuição da pontuação e das porções do IQD adaptado (Godoy, 2006), HEI –

2005 e IQD-R. .......................................................................................................................... 58

ANEXO II: O Projeto CAMELIA ............................................................................................ 60

ANEXO III: Questionário de freqüência de consumo alimentar para adolescentes ................ 71

ANEXO IV – Aprovação do Comitê de Ética .......................................................................... 77

ANEXO V: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................................... 78

ANEXO VI: Componentes do IQD-R......................................................................................80

APÊNDICE I: Lista das preparações desmembradas relacionadas ao tipo de receita escolhida

ou a média das receitas ............................................................................................................. 83

APÊNDICE II: Equações de Estimação Generalizadas (GEE) ................................................ 84

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1. INTRODUÇÃO

A Saúde, o quadro de adoecimento e a mortalidade têm íntima relação com a

alimentação e nutrição, assim como com as condições e qualidade de vida. Existe uma estreita

relação entre desnutrição e processos infecciosos e parasitários, bem como entre a obesidade e

doenças crônicas degenerativas. Quando se compreende que a saúde está intimamente ligada

ao estilo de vida das pessoas, a construção da concepção de vida saudável é ampliada.1

Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes e a

hipertensão arterial, têm como característica comum serem inflamatórias e multifatoriais, cuja

fisiopatologia é regulada pela suscetibilidade genética, exposição a agentes e poluentes

ambientais e pela dieta, e exercem papel importante no perfil atual de saúde das populações

humanas.2

A escolha da alimentação pobre em nutrientes e antioxidantes, mas rica em calorias,

gorduras saturadas, gorduras trans, frituras, açúcares, corantes, edulcorantes artificiais, assim

como o abuso na ingestão de produtos industrializados somado ao sedentarismo resultam no

desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. Isto acarreta elevados custos para

os sistemas de saúde e previdência social devido ao grande número de mortes e invalidez

precoces e piora na qualidade de vida da população.3

Especialistas em dieta, nutrição e prevenção de doenças crônicas reconhecem que

pesquisas capazes de elucidar alguns mecanismos da relação entre componentes da dieta e

desenvolvimento dessas doenças são insuficientes e cada vez mais necessárias, contudo a

atual evidência científica disponível oferece forte comprovação do papel da dieta na

prevenção e controle da morbidade atribuída as DCNT. Comportamentos alimentares podem

não somente influenciar o estado de saúde presente, como também podem estar relacionados

com o surgimento ou não de doenças como câncer, doenças cardiovasculares e diabetes na

fase adulta.4 As DCNT tendem a aumentar nos próximos anos, não só pelo crescimento e

envelhecimento da população, mas, sobretudo, pela persistência de hábitos inadequados de

alimentação e atividade física.5

O diabetes mellitus (DM) é, atualmente, considerado como um dos principais

problemas de saúde pública no Brasil.6 A estimativa é de que, neste ano de 2010,

aproximadamente 285 milhões de pessoas no mundo tenham DM.7 Espera-se a duplicação do

número de indivíduos com esta enfermidade no decorrer dos próximos anos, podendo

alcançar 300 milhões em 2025.8

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Em relação à hipertensão, estima-se que o número aumente aproximadamente 60% em

relação ao observado no ano 2000, atingindo um total de 1,56 bilhões em 2025.9 Existe a

estimativa de 170 mil mortes por ano relacionadas a esta comorbidade, e cerca de 20% dos

pacientes internados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam a hipertensão como

causa direta ou indireta de internação.10

Segundo divulgação do Ministério da Saúde (MS)11

, em 2009 no Brasil, 43% da

população estava acima do peso, sendo que 13% são considerados obesos, ou seja, com índice

de massa corporal (IMC) acima de 30kg/m².

Estima-se que 10% dos jovens entre 5 e 17 anos de idade, em todo mundo, estejam

dentro dos índices de sobrepeso ou obesidade, com IMC acima do percentil de 85% e acima

do percentil de 90%, respectivamente.12

Em estudo realizado por Janssen et al.13

, com

137.593 jovens entre 10 a 16 anos, observou-se alta incidência de sobrepeso e obesidade nos

países da América do Norte, oeste europeu e Grã-Bretanha.

No Brasil, o índice de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de 6 a 18

anos de idade era de 4% na década de 1970, e de 13% em 1997.12

Segundo os dados da

Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003)14

, publicados em 2006, a prevalência

de sobrepeso foi de 12,3% e de obesidade 2,3% entre adolescentes de 10 a 19 anos de idade.

Nestes últimos anos, observa-se o consumo, cada vez mais cedo por parte das crianças

de gorduras, frituras e açúcares, em especial doces e refrigerantes. O excesso de carboidratos

aumenta a produção de insulina, contribuindo para o acúmulo de gordura, o que leva à

obesidade. Somados a estes fatores, a falta de atividade física faz com que as crianças gastem

cada vez menos energia.15,16,17

Os estudos apontam a alta prevalência de fatores de risco para o desenvolvimento de

DCNT em adolescentes, fatores esses que estão envolvidos, assim como em adultos, com

alterações no padrão de consumo alimentar e estilo de vida. O baixo consumo de frutas e

hortaliças, o consumo regular de doces e bebidas adicionadas de açúcar, longos períodos

assistindo TV, no computador e videogames, baixa freqüência de atividade física regular e

tabagismo chamam atenção para a projeção do perfil de saúde, quando adultos, dessa geração

de crianças e adolescentes.18

Daí a importância da educação nutricional na formação e

modificação dos hábitos alimentares de crianças e adolescentes.19

Vários fatores interferem no consumo alimentar neste período da vida, tais como

valores sócio-culturais, imagem corporal, convivências sociais, situação financeira familiar,

alimentos consumidos fora de casa, aumento do consumo de alimentos semipreparados,

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3

influência exercida pela mídia, hábitos alimentares, disponibilidade de alimentos, facilidade

de preparo.20

Segundo a WHO21

, aproximadamente 20% da população mundial total é composta por

adolescentes e, no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística em 2001, os adolescentes representavam 21% da população, perfazendo um total

de aproximadamente 35 milhões de habitantes.

A adolescência é um período constituído por numerosas mudanças físicas,

psicológicas, emocionais e sociais, onde os moldes e padrões infantis são reelaborados,

permitindo que o jovem se insira no mundo adulto.22,23,24

A Organização Mundial de Saúde

compreende esta faixa etária como sendo de 10 a 19 anos25

, iniciando-se com o surgimento

dos caracteres sexuais secundários e terminando com o cessar do crescimento somático e

amadurecimento psicossocial.26

As necessidades nutricionais aumentam muito nesta fase; por

isso é considerada de grande vulnerabilidade e risco, pois uma série de circunstâncias

influencia nos requerimentos e no estado nutricional.23

A qualidade da dieta declina da infância para a adolescência: há evidências de um

consumo inadequado de frutas, vegetais, leite e sucos de frutas e um aumento no consumo de

refrigerantes, produtos com elevado conteúdo de sacarose, frutose, xarope de milho ou

edulcorantes e produtos que contêm pouco ou nenhum outro nutriente.27,28

Com o intuito de se obter uma medida resumo das principais características da dieta,

os índices de qualidade da dieta têm sido desenvolvidos a fim de facilitar a avaliação da

qualidade desta em populações ou grupos de indivíduos.29

Estes índices têm definido a

qualitativamente a dieta em termos de proporcionalidade (consumir mais porções de alguns

grupos de alimentos e menos de outros), moderação (limitação da ingestão de alimentos e

bebidas que contribuem para o consumo excessivo de gordura, colesterol, açúcares de adição,

sódio e álcool) e variedade (exposição a vários componentes alimentares), tendendo a

direcionar para recomendações de prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas não

transmissíveis.30

Desenvolvido por Kennedy et al.31

, o Índice de Qualidade da Dieta (IQD) estima a

adequação e variedade da dieta, possibilitando a avaliação de possíveis mudanças nos padrões

dietéticos. É constituído por um sistema de dez componentes que caracterizam diferentes

aspectos da dieta saudável: cinco grupos de alimentos (cereais, pães, tubérculos e raízes;

verduras e legumes; frutas; leite e produtos lácteos; carnes, ovos e leguminosas), quatro

nutrientes (níveis de ingestão de gordura total, gordura saturada, colesterol e sódio) e uma

medida da variedade da dieta.

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Periodicamente, o IQD é utilizado pelo Center for Nutrition Policy and Promotion do

United States Department of Agriculture com o objetivo de avaliar e monitorar a dieta dos

norte-americanos. Associando a qualidade da dieta e características sócio-econômicas,

demográficas e de estilo de vida, os segmentos da população que possuem risco de ter a dieta

deficiente em algum nutriente ou grupo de alimentos podem ser identificados, tornando-se

possível adaptar políticas e programas de nutrição para atingir as necessidades dos segmentos

da população realmente em risco.30

No Brasil, pesquisadores da USP com o objetivo de adaptarem este índice com as

novas recomendações dietéticas preconizadas no Guia Alimentar 2006 para a população

brasileira, desenvolveram o Índice de Qualidade de Dieta Revisado (IQD-R).32

Sabendo-se da importância de pesquisas relacionadas à alimentação dos adolescentes,

o presente estudo avaliou a qualidade da dieta nesta faixa etária, em indivíduos assistidos no

Programa Médico de Família no Município de Niterói –RJ, associando-a com o estado

nutricional dos mesmos. Para tal, utilizou-se como instrumento o Índice de Qualidade da

Dieta Revisado.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Adolescência

Considerada como o período de transição entre a infância e a vida adulta, a

adolescência é caracterizada por intensas mudanças somáticas, psicológicas e sociais,

compreendendo a faixa etária dos 10 aos 19 anos de idade.25

Na fase inicial, entre 10 a 14

anos, chamada de puberdade, ocorrem o estirão de crescimento, o aumento rápido das

secreções de diversos hormônios e o aparecimento dos caracteres sexuais secundários

(maturação sexual). Dos 15 aos 19 anos, fase final da adolescência, ocorre a desaceleração

destes processos.26

Os requerimentos nutricionais dos adolescentes dependem dos fenômenos

característicos da puberdade associados à maturação sexual e ao estirão do crescimento, que

influenciam diretamente na velocidade do ganho de peso e da altura.33

Neste período, o

adolescente adquire entre 40 a 50% de seu peso definitivo e 25% de sua altura na fase adulta.

Há um aumento de aproximadamente 50% de sua massa esquelética e a quase duplicação da

massa muscular, ocorrendo esta em menor proporção nas meninas. A distribuição e a

quantidade de tecido adiposo varia segundo o sexo, fazendo com que, por volta dos 20 anos,

as meninas tenham o dobro deste em relação aos meninos e 2/3 de sua massa muscular. Os

órgãos internos e o volume sanguíneo aumentam igualmente.23

As práticas alimentares inadequadas representam riscos imediatos para a saúde do

adolescente, tais como anemia ferropriva, transtornos alimentares como bulimia e anorexia,

subnutrição, sobrepeso e obesidade, baixa densidade óssea e cáries dentárias. O sobrepeso

durante a adolescência associa-se com sobrepeso e obesidade na fase adulta. Alterações

metabólicas, como o diabetes, são também conseqüências de dietas inadequadas mantidas na

adolescência; o consumo excessivo de gorduras potencializa o risco para enfermidades

cardíacas; a baixa ingestão de cálcio e minerais em geral, na adolescência, associa-se com

reduzida densidade óssea e aumento do risco de osteoporose na vida adulta.34

Refeições irregulares, mal balanceadas e/ou com excesso de calorias podem contribuir

para a má nutrição na adolescência, e por isso deve haver uma constante preocupação em

avaliar a ingestão alimentar de crianças e adolescentes, pois este período pode marcar o início

de hábitos alimentares inadequados e que se perpetuam durante a fase adulta.35

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2.2. Alimentação Saudável

Construir um estilo de vida saudável implica a adoção de certos hábitos que envolvem

uma alimentação saudável e a prática da atividade física. Quando se compreende que a saúde

está intimamente ligada ao estilo de vida das pessoas, a construção da concepção de vida

saudável é ampliada.1

A III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA36

,

realizada em Fortaleza - CE, Brasil, estabeleceu como definição para alimentação adequada e

saudável aquela que deve atender aos princípios da qualidade, variedade, equilíbrio,

moderação, prazer e sabor, além de ser livre de contaminantes físicos, químicos e biológicos e

de organismos geneticamente modificáveis.

A diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe

que nenhum alimento específico ou grupo deles isoladamente é suficiente para fornecer todos

os nutrientes necessários a uma boa nutrição e conseqüente manutenção da saúde.37

O Ministério da Saúde do Brasil37

preconiza alimentação saudável como uma dieta

que seja capaz de contemplar alguns atributos básicos, tais como:

Acessibilidade física e financeira: baseia-se em alimentos in natura

e produzidos regionalmente. O apoio e o fomento aos agricultores

familiares e às cooperativas para a produção e a comercialização

de produtos saudáveis, como grãos, leguminosas, frutas, legumes e

verduras, são importantes alternativas, não somente para a

melhoria da qualidade da alimentação, mas também para estimular

a geração de renda em pequenas comunidades, além de sinalizar

para a integração com as políticas públicas de produção de

alimentos;

Sabor: o argumento da ausência de sabor da alimentação saudável

é outro tabu a ser desmistificado, pois uma alimentação saudável é e

precisa ser pragmaticamente saborosa. O resgate do sabor como um

atributo fundamental é um investimento necessário à promoção da

alimentação saudável. As práticas de marketing muitas vezes

vinculam a alimentação saudável ao consumo de alimentos

industrializados especiais e não privilegiam os alimentos naturais e

menos refinados;

Variedade: o consumo de vários tipos de alimentos fornece os

diferentes nutrientes, evitando a monotonia alimentar, que limita a

disponibilidade de nutrientes necessários para atender às demandas

fisiológicas e garantir uma alimentação adequada;

Cor: a alimentação saudável contempla uma ampla variedade de

grupos de alimentos com múltiplas colorações. Sabe-se que quanto

mais colorida é a alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e

minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa, o

que agrada aos sentidos e estimula o consumo de alimentos

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saudáveis, como frutas, legumes e verduras, grãos e tubérculos em

geral;

Harmonia: esta característica da alimentação se refere

especificamente à garantia do equilíbrio em quantidade e em

qualidade dos alimentos consumidos para o alcance de uma

nutrição adequada, considerando que tais fatores variam de acordo

com a fase do curso da vida e outros fatores, como estado

nutricional, estado de saúde, idade, sexo, grau de atividade física,

estado fisiológico;

Segurança Sanitária: os alimentos devem ser seguros para o

consumo, ou seja, não devem apresentar contaminantes de natureza

biológica, física ou química ou outros perigos que comprometam a

saúde do indivíduo ou da população. Assim, com o objetivo de

redução dos riscos à saúde, medidas preventivas e de controle,

incluindo as boas práticas de higiene, devem ser adotadas em toda a

cadeia de alimentos, desde a sua origem até o preparo para o

consumo em domicílio, em restaurante e em outros locais que

comercializam alimentos (MS, 2006, p. 35 e 36).

Existem ferramentas, tais como os guias alimentares, que orientam a população,

visando à promoção da saúde por meio da formação de hábitos alimentares adequados e

adaptando conhecimentos científicos sobre recomendações nutricionais e composição de

alimentos. Estes guias veiculam mensagens práticas que facilitam a seleção e o consumo

adequados de alimentos, considerando os fatores antropológicos, culturais, educativos, sociais

e econômicos. Foram elaborados com o objetivo de prevenir excessos e carências

nutricionais, uma vez que a essencialidade de sua mensagem é a moderação e a

proporcionalidade.38

Em 2006, o Ministério da Saúde do Brasil37

criou um guia contendo as primeiras

diretrizes alimentares específicas para a realidade do nosso país levando-se em consideração

seus hábitos alimentares, fornecendo base para a promoção de sistemas alimentares saudáveis

e do consumo de alimentos saudáveis, com o objetivo de reduzir a ocorrência das DCNT na

população brasileira maior de dois anos.

Estas diretrizes enfatizam primeiramente as vantagens dos alimentos e refeições

saudáveis, estimulando o consumo de determinados alimentos, ressaltando o consumo de

forma benéfica dos alimentos que contêm amido, frutas, legumes, verduras e feijões, assim

como incentiva o consumo restrito de gorduras, gorduras saturadas, açúcar e sal relacionando

o consumo excessivo destes grupos de alimentos ao risco aumentado de desenvolvimento de

DCNT.37

Para se atingirem as recomendações nutricionais do adolescente, a dieta deve ser

planejada, respeitando-se o número de porções de acordo com a idade, gênero, atividade física

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e necessidades energéticas estimadas. Cabe ressaltar que os alimentos devem ser do hábito

alimentar, respeitando-se a individualidade e todos os aspectos ressaltados inerentes ao

adolescente.39

2.3. Hábitos Alimentares na Adolescência

Hábito pode ser definido como sendo um ato, uso e costume adquirido por freqüente

repetição da atividade (aprendizagem). Sendo assim, os alimentos consumidos rotineiramente

e repetidamente no cotidiano de um indivíduo caracterizam o seu hábito alimentar e,

conseqüentemente, seu comportamento alimentar.40

O comportamento alimentar pode ser alterado espontaneamente devido a mudanças no

ambiente relacionadas à: disponibilidade do alimento, aumento ou diminuição do poder

aquisitivo, modificação na importância social do alimento, exposição do alimento mediante os

meios de comunicação de massa; mudanças no nível de escolaridade do indivíduo ou

mudanças relacionadas às necessidades psicológicas dos indivíduos, tais como a auto-estima,

aprovação social e segurança.41

O hábito alimentar individual expressa a ligação cultural e social que este indivíduo

estabelece com o meio em que vive. A escolha dos alimentos, a forma como são preparados,

como são os momentos das refeições e onde são realizadas também são elementos

importantes na definição do comportamento alimentar das pessoas e sua relação com os

alimentos.42

Segundo Turano & Almeida41

, em relação aos fatores culturais, os hábitos alimentares

constituem um aspecto importante na vida de um povo, na qual a cultura é transmitida de

geração para geração, por meio das instituições como família, escolas e a Igreja.

As modificações no preparo de alimentos no âmbito domiciliar, no perfil de compra da

família e no consumo de refeições preparadas e/ou servidas fora do domicílio por toda a

família podem ser decorrentes da presença feminina no mercado de trabalho e conseqüente

ausência do lar. Sendo assim, no que diz respeito às práticas alimentares, se faz necessário

buscar uma maior compreensão, pelos vários segmentos da sociedade, da importância da

alimentação fora do domicílio e do consumo de produtos industrializados e pré-processados.43

Dietas ricas em alimentos ultraprocessados tendem a ser nutricionalmente

desequilibradas e desta forma prejudiciais à saúde. Estes alimentos, com o intuito de serem

comercializados prontos ou semi-prontos para consumo, são internacionalmente distribuídos e

o aumento da sua produção vem acentuando-se nas últimas décadas.44

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Segundo Bleil45

, o fast-food, hábito alimentar típico dos países desenvolvidos e agora

incorporados pela população dos grandes centros brasileiros, desponta como um dos

fenômenos de consumo, principalmente entre adolescentes de classe média, adquirindo

preferência os sanduíches e refrigerantes, quando o mais importante de ser obtido está na

praticidade e a rapidez. No entanto, para Spear46

, os alimentos vendidos nestes locais têm um

aporte calórico elevado, com excesso de gordura saturada, carboidratos refinados e sódio e

são mais pobres em alguns nutrientes como: ferro, cálcio, riboflavina, vitamina A e fibra.

Estudo realizado no Município de Florianópolis mostrou que os adolescentes não se

preocupam com a ingestão de alimentos que, por ventura, possam influenciar em sua saúde,

em seu estado nutricional e muito menos em seus hábitos alimentares. Os fast foods, por

serem bem difundidos entre eles e por serem da “moda”, atraem estes adolescentes,

promovendo uma alimentação rápida e monótona. Alguns deles aderem a dietas

desequilibradas, restritas e irregulares com uma preocupação estética excessiva.47

Gambardella48

e Ruffo49

alertam para a susceptibilidade dos adolescentes às

deficiências nutricionais específicas e para o comportamento displicente com relação às

conseqüências de suas práticas alimentares para a vida futura. Deve-se ressaltar, também, que

a adolescência consiste em um período em que ocorrem, com extrema facilidade, mudanças e

incorporação de novos hábitos na alimentação, sendo um momento decisivo na consolidação

do hábito alimentar. A influência dos amigos sobre os adolescentes pode fazer com que estes

adotem hábitos alimentares inadequados pela necessidade de serem aceitos nos grupos

sociais.

Devido à crescente e contínua comercialização de alimentos, em grandes

supermercados, adotada pelas empresas multinacionais e pela agroindústria, novos hábitos

alimentares estão sendo incorporados, também, por meio de propagandas maciças sobre os

alimentos industrializados, atingindo indivíduos de todas as faixas etárias.45

A ocorrência de sobrepeso e obesidade em crianças tem sido amplamente associada ao

hábito de assistir à TV, já que este promove o sedentarismo. Os anúncios de alimentos

veiculados na TV têm o poder de, efetivamente, promover seu consumo, influenciando

diretamente os hábitos alimentares desta faixa etária.50

Vale ressaltar ainda que, tanto na

infância quanto na adolescência, este hábito foi associado positivamente com a ocorrência de

hipercolesterolemia, baixo condicionamento físico e fumo na idade adulta.51

O tempo gasto pelos adolescentes durante o lazer poderia ser utilizado na prática de

atividades físicas que, além de trazerem benefícios à saúde, prevenindo diversas patologias,

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tais como diabetes, obesidade e hipertensão, proporcionam a integração social e o

desenvolvimento de aptidões que promovem o aumento da auto-estima e confiança.52

Para Nunes et al.52

os hábitos alimentares e a atividade física são adquiridos na

infância e adolescência, e tendem a permanecer na vida adulta. Portanto, é de grande

importância conhecer os hábitos alimentares dos grupos populacionais de risco, identificando

os hábitos saudáveis e não saudáveis e suas causas, para que sejam desenvolvidos programas

de saúde, visando a um melhor controle das doenças crônicas da vida adulta.

2.4. Consumo Alimentar na Adolescência

Conhecer o consumo alimentar é de suma importância já que existe correlação positiva

entre dieta e risco de morbi-mortalidade. Dietas inadequadas com elevado teor de lipídios,

energia e carboidratos simples podem ser consideradas fator de risco para doenças crônicas e

obesidade.53

Segundo Key54

, WHO55

e OH56

, estudos recentes mostram que dietas ricas em

fibra protegem contra obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer,

e estudos clínicos e epidemiológicos sugerem que a gordura dietética tem importante papel no

desenvolvimento de doença cardiovasculares. De acordo com Braga et al.57

, uma dieta

inadequada nos primeiros anos de vida pode influenciar no aparecimento da obesidade na

adolescência tornando-se um fator de risco para a vida adulta.

Tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento, o consumo de

dietas ricas em gordura e pobres em frutas, vegetais e cereais integrais ainda é elevado.55

São

poucos os estudos no Brasil de base populacional sobre hábitos alimentares, particularmente

com adolescentes, porém Levy – Costa et al.58

, em um estudo sobre distribuição e evolução

da disponibilidade domiciliar de alimentos no país entre os anos de 1974 e 2003, verificaram

o excesso de consumo de açúcar e a presença insuficiente de frutas e hortaliças na dieta,

correspondendo estas a apenas 2,3% das calorias totais da dieta, ou seja, aproximadamente

1/3 do que recomenda a OMS. Houve excesso também do consumo de gorduras em geral e de

gorduras saturadas nas regiões economicamente mais desenvolvidas, no meio urbano e entre

famílias com maior rendimento.

Em outro estudo realizado por Jaime & Monteiro59

, constatou-se que menos da metade

dos indivíduos no Brasil consome frutas diariamente e menos de um terço da população relata

o consumo diário de hortaliças.

Estudo transversal realizado por Andrade et al.60

na cidade do Rio de Janeiro com

adolescentes, mostrou que o consumo alimentar desse grupo em específico caracterizava-se

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por elevada ingestão de produtos de alta densidade energética (aproximadamente a quarta

parte do consumo energético total). Tais comportamentos alimentares, associados com a

diminuição do gasto energético, são fatores responsáveis pela crescente morbi-mortalidade

por doenças crônicas não-transmissíveis e com o aumento contínuo da prevalência de

obesidade no Brasil.

O consumo de frutas, legumes e verduras ocupa posição de destaque no campo das

políticas de alimentação e nutrição, especialmente nas diretrizes de promoção de alimentação

saudável. Elaborada pela OMS, a Estratégia Global sobre Alimentação Saudável, Atividade

Física e Saúde recomenda o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras para

prevenção de doenças crônicas. No cenário nacional, o Ministério da Saúde do Brasil

recomenda, em seu Guia Alimentar, o consumo diário de três porções de frutas e três porções

de legumes e verduras, enfatizando a importância de variar o consumo desses alimentos nas

refeições ao longo da semana.4

Esses alimentos, importantes na composição de uma dieta saudável, já que são fontes

de micronutrientes, fibras e de outros componentes com propriedades funcionais, quando

consumidos de forma insuficiente, fazem parte dos dez principais fatores de risco para a carga

global de doença em todo o mundo. Vale ressaltar ainda que as hortaliças e frutas possuem

baixa densidade energética, ou seja, poucas calorias em relação ao volume consumido,

favorecendo a manutenção do peso corporal de forma saudável.4

Segundo Neutzling et al.35

, estudos mostram que dietas ricas em fibras são protetoras

contra a obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer, já que atuam

retardando o esvaziamento gástrico e o trânsito no intestino delgado, aumentando a tolerância

à glicose, fator importante para evitar o desenvolvimento do diabetes mellitus, além de

reduzirem os níveis elevados de colesterol e LDL-C, independentemente do índice de massa

corporal.

Como método de análise da alimentação de indivíduos, o índice dietético consiste em

determinar a qualidade da dieta aplicando um ou mais parâmetros, tais como: ingestão

adequada de nutrientes, número de porções consumidas de cada grupo de alimentos (leite e

substitutos, carnes, cereais, frutas e hortaliças), quantidade de diferentes gêneros alimentícios

presentes na dieta com o intuito de refletir um gradiente de risco para muitas doenças crônicas

relacionadas com a alimentação.29

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2.4.1. Reconhecimento de padrões de consumo alimentar com base em

recomendações definidas a priori

Atualmente, verifica-se a necessidade de se desenvolverem ferramentas que permitam

relacionar o consumo dietético com o surgimento das DCNT e, conseqüentemente, aos

eventos de morbi-mortalidade.61

Segundo Cervato e Vieira29

, muitos estudos avaliavam a dieta apenas em relação à

adequação de nutrientes, ou seja, havia uma preocupação apenas em suprir as necessidades

energéticas e de nutrientes essenciais. Hoje, conhecendo-se a associação de fatores dietéticos

à prevenção e promoção de doenças crônicas, foram incluídas à qualidade da dieta

características dietéticas que sejam importantes para a prevenção e redução do risco dessas

doenças.

O estudo da dieta com suas inúmeras combinações de alimentos torna-se muito mais

útil do que apenas se analisar o consumo de itens alimentares individuais ou a ingestão de

nutrientes, já que os alimentos não são consumidos de forma isolada, refletindo também um

determinado estilo de vida. Desta forma, faz-se necessária a utilização de índices que avaliam

a ingestão de global de alimentos e nutrientes, incluindo simultaneamente vários aspectos da

dieta.61

Estes índices de qualidade de dieta têm sido desenvolvidos para facilitar a avaliação

da qualidade da dieta em populações ou em grupos de indivíduos, obtendo-se uma medida

resumo das principais características da alimentação.62

O reconhecimento de padrões alimentares com base no método a priori baseia-se em

recomendações previamente definidas. Esses índices são construídos com base em

recomendações dietéticas, geralmente envolvendo escores, cujos valores descrevem o grau de

aderência às recomendações dietéticas populacionais.63,64

Os padrões derivados teoricamente estão geralmente sob o domínio de um índice

criado por um grupo de pesquisa com o intuito de classificar o comportamento alimentar

como mais ou menos saudável. Esses construtos são estabelecidos a partir de conhecimentos

de nutrição atuais ou teóricos e geralmente inclui variáveis que representam orientações ou

recomendações nutricionais e/ou composição dietética específica, pensados como mais

saudáveis. Muitos desses construtos são gerados a partir de pesquisas empíricas.65

Para estudos epidemiológicos da relação entre alimentação e doenças, a medida da

qualidade global da dieta deve ser considerada uma alternativa que lida com a

multicolinearidade existente entre muitas variáveis dietéticas resultando em análises mais

completas.66

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Os índices utilizados para avaliar a qualidade da dieta estão baseados em termos de

proporcionalidade (de acordo com as porções estipuladas para grupos de alimentos),

moderação (limitação da ingestão de alimentos e bebidas que contribuem para o consumo

excessivo de nutrientes) e variedade (exposição a diversos componentes alimentares), tendo

como principal preocupação a prevenção de DCNT.67,68

Uma variedade de índices dietéticos têm sido proposta para avaliar a qualidade global

da dieta.66

Os índices que se destacam na literatura são: o Diet Quality Index – DQI69

, Diet

Quality Index Revised –DQIR67

e o Health Eating Index –HEI.31

A avaliação global da dieta, sendo resumida em uma única variável em substituição da

análise dietética decomposta em várias subunidades, surge como uma nova ferramenta para

proporcionar melhor avaliação da dieta em estudos epidemiológicos, já que esta terá maior

representatividade. A escolha de um índice, em particular, depende das características da

população a ser analisada, do método usado e dos recursos disponíveis para a análise dos

dados dietéticos.66

Para Cervato e Vieira29

o HEI baseia-se, principalmente, na avaliação através do

consumo de porções de grupos de alimentos. Tal fato coloca este índice em situação vantajosa

por fornecer resultados mais aplicáveis na avaliação dietética para alguns nutrientes.

2.5. Índice de Qualidade de Dieta

O Healthy Eating Index (HEI) ou Índice de Qualidade da Dieta (IQD), proposto por

Kennedy et al.31

em 1995, considerado pela American Dietetic Association adequado para

medir a qualidade global da alimentação da população americana, utiliza a estimativa

quantitativa da ingestão.70

O HEI possibilita análises sobre mudanças nos padrões dietéticos, através da avaliação

da adequação e variedade da dieta. Com objetivo de avaliar e monitorar a dieta da população,

o Center for Nutrition Policy and Promotion do U.S. Departament of Agriculture,

periodicamente aplica este índice. Ele é constituído por dez componentes que caracterizam

aspectos de uma alimentação saudável, de acordo com a Pirâmide Alimentar do Departamento

de Agricultura dos Estados Unidos de 1992, sendo distribuídos da seguinte forma: cinco

grupos de alimentos (cereais, pães e tubérculos; verduras e legumes; frutas; leite e derivados;

carnes, ovos e leguminosas), quatro nutrientes (gordura total; gordura saturada; colesterol

total; ingestão de sódio) e o décimo componente, variedade da dieta. Cada componente possui

uma variação de 0 a 10, assim, o índice varia de 0 a 100.31

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14

Dixon71

relata que, recentemente, novas adaptações foram feitas ao HEI com o

objetivo de atualizá-lo. O HEI-2005, modificado por Guenther et al.72

, difere do IQD original

em dois distintos aspectos: a pontuação é baseada na ingestão de novos padrões alimentares

desenvolvidos especificamente para o Dietary Guidelines de 2005, levando em consideração

que as necessidades energéticas dos indivíduos variam de acordo com o sexo, idade e nível de

atividade física. Outro aspecto abordado no HEI-2005 é a distinção da qualidade e da

quantidade da dieta, ou seja, os componentes dos grupos de alimentos são expressos por

1.000 kcal, e os nutrientes, como por exemplo, gordura total, gordura saturada e sódio, são

calculados em percentual da energia total. Os componentes desta nova adaptação do índice

são pouco correlacionados com a ingestão total de energia, demonstrando que este pode medir

a qualidade alimentar independente quantidade da dieta.71

Guenther et al.72

revisaram o HEI, aumentando o número de componentes avaliados

no Índice e dando nova pontuação aos mesmos, porém a pontuação final do Índice é a mesma

que a do original (de 0 a 100 pontos). Os componentes se dividem em: frutas totais, vegetais

totais; grãos totais; leite (incluindo bebidas à base de soja), carne e feijão (incluindo carnes,

aves, peixe, ovos, produtos de soja à exceção das bebidas), castanhas, sementes e legumes. Os

componentes adicionais são representados pelas frutas inteiras (ou seja, formas diferentes de

suco), verduras e legumes verde-escuro e alaranjados, grãos integrais (que deve incluir o grão

inteiro, farelo, gérmen e endosperma), óleos (monosaturados, óleos vegetais e óleos de peixe,

nozes e sementes); gordura saturada, sódio e as calorias das SoFAAS (gorduras sólidas,

calorias do álcool e da adição de açúcar).

No Brasil, Fisberg et al.61

adaptaram o IQD à realidade da nossa população mediante

haver diferenças entre as Pirâmides Alimentares Americana e Brasileira. Utilizou a Pirâmide

proposta no guia alimentar por Philippi et al.73

como parâmetro para os componentes do IQD,

com porcionamentos distintos da Pirâmide norte-americana. Em 2006, Godoy et al.62

,

modificaram o IQD adaptado por Fisberg em 2004, mediante a justificativa pelo fato do

hábito alimentar do brasileiro em consumir uma grande quantidade de feijão, sendo este então

separado do grupo das carnes e ovos, evitando-se desta forma uma superestimação desse

grupo. O grupo da gordura saturada foi então substituído pelo grupo das leguminosas.

Pesquisadores da USP, mediante a publicação do Guia Alimentar 2006 para a

população brasileira, desenvolveram o Índice de Qualidade de Dieta Revisado (IQD-R)

utilizando a mesma metodologia do HEI-2005, porém com pontuações específicas para os

componentes integrantes deste índice de acordo com as novas recomendações dietéticas

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propostas pelo Guia.32

As diferenças entre as distribuição da pontuação dos componentes do

IQD adaptado de Godoy62

, HEI-2005 e IQD-R podem ser observadas no anexo I.

Utilizando o IQD adaptado por Fisberg et al.61

, foi desenvolvido um estudo de

validação do mesmo na cidade de Botucatu, SP, avaliando a qualidade da dieta de 50

indivíduos, entre crianças (maiores de 01 ano), adolescentes e adultos. Dos indivíduos

avaliados, apenas 12% apresentaram dieta saudável, 74% necessitavam de modificações na

dieta e 14% apresentaram dieta inadequada. A análise do coeficiente de correlação entre os

escores do IQD demonstrou associação inversa estatisticamente significante (p < 0,05) com a

porcentagem de gordura total, a porcentagem de gordura saturada, o colesterol e o sódio. O

IQD foi descrito pelos autores como um instrumento de amplo potencial de uso, sendo útil

para a descrição e o monitoramento do padrão alimentar da população e para a avaliação das

intervenções realizadas.

Outro estudo de validação realizado com adolescentes (n = 437) no Distrito de

Butantã, SP, por Godoy et al.62

, utilizou o IQD modificado, onde o grupo da gordura saturada

foi substituído pelo das leguminosas. As médias de pontuação dos componentes do IQD

foram elevadas para cereais, pães e raízes; carnes e ovos, e colesterol, e baixas para hortaliças

e frutas de forma independente.

2.6. Estado Nutricional na Adolescência

Concomitante a análise do consumo alimentar, a avaliação do estado nutricional (EN)

é uma importante ferramenta na determinação das tendências e magnitudes dos distúrbios

nutricionais que acometem a população. O diagnóstico precoce de possíveis distúrbios,

especialmente em crianças e adolescentes, faz com que as intervenções sejam eficazes,

reduzindo desta forma o risco de complicações mais graves na fase adulta.74

Os métodos objetivos utilizados para avaliar o EN são: antropometria e parâmetros

bioquímicos. Como um parâmetro isolado não caracteriza a condição nutricional geral do

indivíduo, é necessário empregar uma associação de vários indicadores para melhorar a

precisão e a acurácia do diagnóstico.75

A antropometria é um importante método na avaliação do estado nutricional e

possibilita a detecção precoce de alterações no estado nutricional de indivíduos e

coletividades.76

Consiste na avaliação das dimensões físicas e da composição global do corpo

humano e tem-se revelado como o método isolado mais utilizado para realização da avaliação

do EN em nível populacional, pela facilidade de execução, baixo custo, inocuidade e por sua

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confiabilidade. Na adolescência, a antropometria é especialmente importante porque permite

monitorar a evolução das modificações do crescimento. Além disto, durante a fase de

crescimento, o indivíduo pode estar sujeito tanto aos déficits nutricionais quanto aos excessos,

e a análise antropométrica proporciona indicadores do EN e de risco para a saúde.25

A maior desvantagem da antropometria é que, isoladamente, não identifica

deficiências específicas, como hipovitaminoses e anemia77

, nem fatores de risco para doenças

cardiovasculares, como alterações no perfil lipídico e nos níveis de glicose plasmática.78

Desta forma, há necessidade de exames complementares para a conclusão diagnóstica.77

Os métodos bioquímicos utilizam geralmente amostras de sangue e de urina para

verificar as alterações nutricionais específicas.77

O interesse pelos marcadores bioquímicos

como auxiliares na avaliação do EN surge na medida em que se evidenciam alterações

bioquímicas precocemente, anteriores às lesões celulares e/ou orgânicas.78

2.6.1. Antropometria na adolescência

Alguns indicadores antropométricos, tais como peso/idade, altura/idade, peso/altura e

a massa corporal e a altura, que determinam o Índice de Massa Corporal (IMC) ou Índice de

Quetelet, são muito utilizados para avaliar o estado nutricional de crianças e adolescentes.79

O Center for Disease Control and Prevention (CDC)80

publicou um referencial em

2000, com curvas, do National Center for Health Statistics (NCHS), a fim de corrigir e/ou

minimizar falhas prévias que o caracterizavam como uma referência imperfeita do

crescimento. Tal referencial incluiu dois novos estudos do National Health and Nutrition

Examination Survey para a população americana, o NHANES II e III, importantes para o

aprimoramento de técnicas estatísticas, padronização dos métodos de coleta de dados e para a

extensão de todas as curvas até a faixa etária de 20 anos, tendo valores propostos para definir

baixo peso, sobrepeso e obesidade com o IMC abaixo do percentil de 10% (P10), IMC ≥ P85

e IMC ≥ P95, respectivamente.

Sob respaldo da International Obesity Task Force (IOTF), Cole et al.81

propuseram

curvas de percentis para obesidade e sobrepeso na infância e adolescência, analisando dados

de uma amostra de 192.727 crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos, representativas de

populações dos Estados Unidos, Brasil, Inglaterra, Holanda, China e Singapura. Os pontos de

corte sugeridos pelos autores para obesidade nestas faixas etárias estabelecem uma

correspondência com os valores de 25 a 29,9 kg/m² e acima de 30 kg/m², em crianças e

adolescentes, definidos pela curva de percentil do IMC recomendado pela OMS para

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17

sobrepeso e obesidade, respectivamente. Em 2007, Cole et al.82

estabelecerem pontos de corte

de IMC para crianças e adolescentes com base em idade e gênero para classificar baixo peso,

definindo-o com valores menores que 18,5 kg/m².

No Brasil, Conde e Monteiro83

, utilizando dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e

Nutrição (PNSN) de 1989, estabeleceram um sistema de referência, delineando a curva da

mesma e valores críticos para o diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade, indicando

pontos de corte para sobrepeso e obesidade similares ao de Cole et al.81

em 2000 e para baixo

peso valores inferiores a 17,5 kg/m².

Para Conde84

, o uso de curva de referência que adote definições da medida do IMC ao

longo de idade muito distintas daquelas da população local pode comprometer a precisão e a

acurácia no desempenho do diagnóstico, por isso faz-se necessário tomar decisões de caráter

clínico ou programático na avaliação nutricional. Porém, ressalta que o padrão internacional

permanece extremamente útil para estudos comparativos ou para subsidiar estudos

epidemiológicos de maior envergadura.

Pode-se verificar através dos dados do NHANES que as prevalências de crianças e

adolescentes acima do peso, acima do percentil de 95%, praticamente duplicaram no período

entre 1976 e 1980 (NHANES II) e 1988 e 1994 (NHANES III), passando de 6% para 11%,

sofrendo aumento de 45% entre os períodos de 1988-1994 e 1999-2002, alcançando 16%.85,86

Odgen et al.87

adotaram base de dados dos Estados Unidos de 2003 e 2004 e

verificaram que cerca de 17,1% das crianças e adolescentes entre 6 e 19 anos apresentavam

obesidade (acima do percentil de 95%), utilizando o critério do CDC.80

Avaliando o estado nutricional de 1701 escolares chilenos, com idade entre 8 e 13

anos, verificou-se que 3,3% foram classificados com baixo peso (IMC abaixo do percentil de

10%, segundo critério do CDC, 2000), 19,8% apresentavam sobrepeso (IMC entre os

percentis de 85% e 95%) e 15,2% encontravam-se obesos (IMC acima do percentil de 95%).19

Estas elevadas prevalências de excesso de peso foram observadas por Filosof et al.88

em

alguns países da América Latina que passavam pelo processo de transição nutricional, sendo

estas tão significativas quanto aquelas identificadas nos países desenvolvidos.

No período entre 1999 e 2006, Dommarco89

registrou que a prevalência de sobrepeso e

obesidade entre escolares mexicanos, utilizando os pontos de corte propostos por Cole et al.81

em 2000, aumentou 33%, passando de 20,2% para 26, 8%. Entre os adolescentes, o aumento

foi de 14%, passando de 28,5% para 32, 5%. Estas elevadas prevalências foram observadas

em crianças e adolescentes residentes em área urbana e pertencentes a níveis socioeconômicos

mais elevados.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE …‡ÃO -180.pdfde julho de 2006 a dezembro de 2007. Estimou-se a ingestão alimentar aplicando questionário de freqüência

18

Dados dos inquéritos nutricionais realizados no Brasil, tais como o Estudo Nacional de

Despesas Familiares (ENDEF) de 1974-75, Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

(PNSN) de 1989 e Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2002-2003, evidenciaram

que, nas últimas três décadas, o déficit estatural, representa o efeito acumulativo do estresse

nutricional sobre o crescimento esquelético (desnutrição crônica), entre crianças de até cinco

anos, houve uma redução na prevalência deste em 72%.90

Segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE91

, no período compreendido entre 1974-75 e 2002-03, houve

declínios freqüentes e contínuos no déficit de estatura, nos adolescentes com idade entre 10 e

19 anos, passando de uma prevalência média em torno de 30% na década de 70, para 10% no

período de 2002-03, destacando-se ainda que, nestes dois períodos observados, há duas vezes

menos adolescentes com déficits de altura nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste que nas

regiões Norte e Nordeste do país.

A prevalência de baixo peso permaneceu relativamente reduzida entre os adolescentes

brasileiros, com idade entre 10 e 19 anos, no período de 1974-75 a 2002-03, quando analisado

o IMC destes, passando de cerca de 4,8% no primeiro período, para 3,8% no período seguinte.

A freqüência de excesso de peso aumentou em todas as regiões do país, passando de 5,7% em

1974-75 para 16,7% em 2002-03. A menor freqüência do excesso de peso, tanto para os

meninos quanto para as meninas ocorreu no Nordeste rural (6,8% e 9,4% respectivamente) e a

maior freqüência deste problema no sexo masculino ocorreu no Sul urbano (23,6%) e no sexo

feminino no Sudeste urbano (18,2%).91

Estudo realizado em 2003 com adolescentes apontou prevalência de 9,3% para

obesidade e de 3,0% para sobrepeso, tanto na região Nordeste como Sudeste.92

Silva et al 93

,

estudando o perfil de adolescentes em Recife, encontraram inversão nos índices de

prevalência de sobrepeso e obesidade, com valores de 8,8% e 4,9%, respectivamente. Em

outro estudo realizado por Ozelane e Silva94

na cidade de Goiânia - GO, com 42 adolescentes

obesos, indicou que aproximadamente 21% dos adolescentes eram hipertensos e 37%

apresentavam valores classificados como limítrofes. Quanto à adequação das porções

consumidas de alimentos de cada grupo da pirâmide alimentar, mais de 78% dos adolescentes

consumiam porções de doces muito superiores às recomendadas. Entre os alimentos menos

consumidos destacaram-se as hortaliças, frutas e carnes.

Santos et al.95

avaliaram o estado nutricional de adolescentes, com idade entre 17 e 19

anos, matriculados em 23 escolas públicas municipais de Teixeira de Freitas - BA, verificando

maiores prevalências de excesso de peso no sexo feminino e de baixo peso no sexo masculino

(5,1% e 6,4%, respectivamente). Observaram ainda a prevalência de déficit de altura em torno

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE …‡ÃO -180.pdfde julho de 2006 a dezembro de 2007. Estimou-se a ingestão alimentar aplicando questionário de freqüência

19

de 25% entre os jovens, sendo em 10% considerada como grave. Vale ressaltar que 90% dos

adolescentes deste referido estudo pertenciam às classes socioeconômicas menos favorecidas.

As diferenciações geográficas expressam as diferenças sociais na distribuição dos distúrbios

nutricionais.90

2.6.2. Parâmetros bioquímicos e doenças crônicas não transmissíveis na

adolescência

A obesidade representa um grave risco à saúde. Ela é a alteração do estado nutricional

por excesso na ingestão alimentar, aumentando progressivamente com o ganho de peso.96

Entretanto, cabe salientar que a obesidade por ser uma doença multifatorial, a sua etiologia

pode estar relacionada não apenas aos fatores ambientais, mas também aos fatores genéticos

e/ou fisiológicos, ou a associação destes.97

Sinha et al.98

encontraram uma alta prevalência de intolerância à glicose em crianças

obesas: 25% de 55 crianças obesas entre 4 e 10 anos de idade e em 21% de 112 adolescentes

obesos entre 11 e 18 anos.

Com o objetivo de correlacionar os percentis do índice de massa corporal com a

pressão arterial, índice de resistência à insulina (HOMA-IR) e perfis lipídicos em 118 crianças

e adolescentes, Costa et al.99

concluíram que a pressão arterial aumentou progressivamente

com o aumento do percentil do IMC, reforçando a importância da relação da obesidade ou

aumento do IMC com a hipertensão.

Pode-se dizer que há associação positiva entre o aumento da gordura abdominal com

aumento dos níveis de insulina no plasma (hiperinsulinemia), sendo esse aumento preditivo

de hipertensão e dislipidemia futuras. Do mesmo modo, a gordura abdominal é um importante

preditor de aumento dos níveis de triglicérides e diminuição nos níveis de HDL-colesterol em

crianças e adolescentes.99

Estudos realizados no Brasil por Coronelli e Moura100

e Guiliano et al.101

com crianças

e adolescentes mostram que a obesidade foi o fator de risco de maior associação com a

dislipidemia. Manios et al.102

realizaram um trabalho entre os anos de 1982 e 2002 com

jovens na Grécia mostrando alteração do perfil lipídico, ocorrendo alteração patológica dos

níveis lipídicos mais acentuada nos pacientes obesos e com sobrepeso do que em outros

jovens.

Silva et al.103

realizaram estudo com 787 crianças e adolescentes atendidos no

ambulatório do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Niterói – RJ, Brasil,

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE …‡ÃO -180.pdfde julho de 2006 a dezembro de 2007. Estimou-se a ingestão alimentar aplicando questionário de freqüência

20

observando que os níveis médios de colesterol total, LDL-C e triglicerídeo de pacientes

obesos apresentam-se superiores aos dos pacientes sem doença de base, estando estes também

elevados em pacientes diabéticos e com síndrome nefrótica comparando-se com aqueles sem

doença de base e com os pacientes obesos.

A principal implicação patológica das dislipidemias são a aterosclerose e a doença

arterial coronariana (DAC), a qual constitui, atualmente, uma das principais causas de morte

nos países desenvolvidos.104

Um dos principais fatores de risco para a DAC é a

hipercolesterolemia, uma vez que aproximadamente 96% do material lipídico do ateroma

correspondem a colesterol.105

Muitas evidências sugerem que o processo de formação da

placa aterosclerótica inicia-se na infância e progride lentamente até a vida adulta, quando

ocorrerão as manifestações clínicas da doença, verificando-se um longo período

assintomático.106

Os mais freqüentes fatores de risco para a ateroesclerose são a hipercolesterolemia, o

tabagismo, a hipertensão arterial, a obesidade, o diabetes mellito, o sedentarismo e a história

familiar de DAC precoce.107

Barter e Rye108

demonstraram que o HDL-colesterol é um fator de proteção e

apresenta uma relação inversa com risco cardiovascular, pois há o aumento de 2 a 3% no risco

cardiovascular para cada 1% de redução nos níveis de HDL-colesterol. Mostraram ainda que

o baixo nível de HDL-colesterol está freqüentemente associado com a hipertrigliceridemia e o

aumento das partículas de lipoproteína de baixa densidade (consideradas aterogênicas). De

acordo com Weiss et al.109

, há uma associação positiva entre a obesidade e a dislipidemia em

crianças e adolescentes.

Em estudo realizado por Tavares44

com 247 adolescentes adscritos ao Programa

Médico de Família de Niterói – RJ, Brasil, observou-se que o consumo elevado de alimentos

ultraprocessados associou-se à presença da SM (RP = 1,23; valor-p = 0,031), encontrando-se

redução do HDL-colesterol (46,6%) seguida por elevação do IMC (30,8%) e circunferência

da cintura (17,2%), da glicose plasmática (16,7%), da pressão arterial (15,4%) e de

triglicerídeos (12,2%). Apenas 1,3% dos adolescentes com peso adequado apresentam SM,

contra 20,6% dos com excesso de peso.

O aumento contínuo da massa gorda em adolescentes pode ser explicado pelas

mudanças nos padrões alimentares, ou seja, observa-se o consumo reduzido de frutas,

hortaliças e leite e o aumento da ingestão de biscoitos recheados, salgadinhos fritos, doces,

refrigerantes, além da omissão por parte dos adolescentes de uma das refeições mais

importantes, o desjejum.110

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21

3. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A alimentação é um dos principais fatores modificáveis para a promoção da saúde e

prevenção do desenvolvimento de DCNT. O conceito de qualidade da dieta evoluiu com o

tempo. A importância que se era dada para a prevenção da deficiência de nutrientes e de

dietas que fossem capazes de suprir as recomendações para energia e nutrientes isolados,

considerados como adequados, foram agora incorporadas à qualidade da dieta, após o

reconhecimento da associação de fatores dietéticos à prevenção e promoção de doenças

crônicas, observando-se as características dietéticas associadas à redução do risco dessas

doenças.

Considerando a importância de estudos que envolvem o consumo alimentar e sua

associação com o estado nutricional, e em especial deste tipo de pesquisa no Brasil, foi

realizado estudo em adolescentes assistidos no Programa Médico de Família, de Niterói – RJ.

Em 1991, O Programa Médico de Família (PMF) foi criado em Niterói com objetivo

de complementar a rede de saúde existente no município. O PMF atua como uma porta de

entrada ao sistema, enfatiza atividades preventivas e de promoção à saúde. Entre as principais

atividades desenvolvidas pelo PMF estão: atenção à criança (puericultura, cobertura vacinal,

avaliação de crescimento, desenvolvimento, vigilância nutricional), atenção ao adolescente

(avaliação periódica e educação em saúde), atenção ao adulto (acompanhamento periódico,

controle da hipertensão arterial e da diabetes, cobertura vacinal) e atenção ao idoso (projetos

na área de reabilitação, cuidadores domiciliares e reintegração social). Inspirado no modelo

do PMF de Niterói, o Ministério da Saúde lançou, em 1995, o Programa Saúde da Família

(PSF) em âmbito nacional como estratégia reorientadora da atenção básica brasileira.111

Segundo Hübner e Franco112

, para implantação do PMF, são considerados alguns

requisitos básicos como a necessidade dos bairros ou aglomerações populacionais serem de

baixa renda, não contemplados pelo poder público local com equipamentos sociais.

Em 2010, o PMF de Niterói está instalado em 31 módulos por toda a cidade, com 180

equipes trabalhando e 131 mil pessoas cadastradas. As equipes são formadas por médicos,

enfermeiros e auxiliares que atendem às famílias cadastradas nos consultórios (módulos) ou

nas próprias casas.111

Considerando o cenário social em que se encontra a população atendida pelo Programa

Médico de Família de Niterói – RJ e reconhecida a importância da alimentação saudável para

o estado de saúde dos adolescentes e do aumento progressivo dos distúrbios de saúde

relacionadas às mudanças no hábito alimentar desta população, o presente estudo irá analisar

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22

a relação à qualidade da dieta com o estado nutricional de adolescentes assistidos no PMF de

Niterói – RJ.

3.1. Objetivo Geral

Estimar a associação entre a qualidade da dieta (exposição) e indicadores do estado

nutricional (antropometria e avaliação bioquímica – desfecho) nos adolescentes

assistidos no Programa Médico de Família no Município de Niterói - Rio de Janeiro -

Brasil, participantes do Projeto CAMELIA.

3.2. Objetivos Específicos

Caracterizar a qualidade da dieta dos adolescentes;

Avaliar o estado nutricional dos adolescentes utilizando indicadores antropométricos e

bioquímicos;

Estimar a magnitude da associação entre qualidade da dieta (exposição) e indicadores

do estado nutricional (antropometria e avaliação bioquímica – desfecho) nos

adolescentes.

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23

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Projeto CAMELIA

A presente dissertação utilizou dados do Projeto CAMÉLIA (Estudo Cardio-

Metabólico-Renal Familiar), que tem por objetivo investigar a existência de agregação

familiar de componentes da síndrome metabólica em população adscrita ao Programa Médico

de Família (PMF) de Niterói, RJ - Brasil (ANEXO II). A seleção aleatória dos participantes

de cada módulo do PMF e as entrevistas ocorreram de junho de 2006 a dezembro de 2007.

A escolha dos módulos do PMF foi feita por conveniência e procurou incluir todas as

regiões político-administrativas do Município. A coleta de dados foi realizada aos sábados nos

módulos do PMF. Realizou-se avaliação antropométrica, análise bioquímica e consulta

médica com registro de história patológica pregressa, história familiar (pai, mãe, irmãos e

filhos) e exame físico. Foi aplicado um questionário sobre condições sócio-demográficas,

comportamentais e hábitos de vida. Este questionário continha questões comuns para toda

família além de perguntas específicas de acordo com a posição familiar (pai, mãe ou filho).

Os indivíduos selecionados para serem casos índices deveriam ser hipertensos,

hipertensos e diabéticos, diabéticos e controles (não hipertensos e não diabéticos), ter pelo

menos um filho biológico vivo maior de 12 e menor de 30 anos, cônjuges vivos e todos

deveriam morar na mesma comunidade ou serem acessíveis. Todos os filhos naturais do casal

foram convocados para pesquisa. De 362 famílias, 1099 indivíduos participaram do estudo

realizado em 13 módulos do PMF do Município.

Foram excluídos da amostra gestantes, portadores de necessidades especiais que

impedissem sua presença no ambulatório, a realização da avaliação antropométrica ou a

compreensão sobre a pesquisa, indivíduos que apresentassem doenças associadas à baixa

imunidade ou que fizessem uso de medicamentos que pudessem interferir nos resultados dos

exames (corticóides ou citostáticos).

4.1.1. Aspectos sócio-demográficos

A idade foi coletada em anos completos no momento da entrevista. A cor da pele

(branca, parda ou negra) foi auto-referida pelo participante. A escolaridade referiu-se à última

série ou ano cursados, completos ou não. A renda familiar, baseada na informação da renda,

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24

em reais, de todos os componentes da família no último mês, foi convertida em renda per

capita.

Para avaliação de atividade física foi utilizado um questionário com perguntas sobre as

atividades físicas realizadas nos últimos 15 dias, discriminando a atividade, o número de

vezes praticado por semana e o tempo gasto em cada vez.113

Foram considerados fisicamente

ativos os indivíduos apresentaram no mínimo 300 minutos de atividade física acumulados por

semana.114

Considerou-se adequado não ficar mais de duas horas assistindo televisão, vídeo,

video game ou em atividades em computador por diariamente.115,116

4.1.2. Antropometria e Avaliação do Estado Nutricional

As medidas antropométricas foram realizadas seguindo padronização de Lohman et

al..117

A massa corporal (kg) foi obtida uma única vez com os indivíduos utilizando o mínimo

de roupa possível em balança digital modelo PL18 (Indústria Filizola S/A, Brasil) com

capacidade de 150 kg e precisão de 100 g.

Para a medição da estatura, foi utilizado estadiômetro digital portátil da marca

Shoenle®, com precisão de 1,0 cm. A aferição foi realizada uma única vez, com os

participantes descalços, calcanhares juntos, cabeça no plano horizontal e em apnéia no

momento.

4.1.3. Análises Bioquímicas

Para a avaliação bioquímica, foi colhida amostra de, aproximadamente, 10 ml de

sangue dos adolescentes em jejum de no mínimo 12 horas. As dosagens bioquímicas foram

realizados na Unidade Básica João Vizella – laboratório de análises clínicas, Niterói-RJ. Os

exames glicose sérica, colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos foram realizados no

equipamento Selecra da marca Wiener®.

4.1.4. Consumo Alimentar

Para determinar o consumo alimentar habitual dos adolescentes, utilizou-se um

questionário semiquantitativo de freqüência de consumo de alimentos (QFCA) elaborado para

adolescentes da região metropolitana do Rio de Janeiro com 90 itens e 17 perguntas sobre

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hábitos alimentares, de caráter qualitativo, elaborado pela coordenadora do Projeto Prato

Virtual, Rosângela Alves Pereira (ANEXO III).

O estudo sobre a reprodutibilidade deste QFCA demonstrou confiabilidade aceitável

para as estimativas do consumo de alimentos e nutrientes de adolescentes da região

metropolitana do Rio de Janeiro.118

O mesmo demonstrou validade relativa moderada para

estimativas do consumo de energia e nutrientes dos adolescentes e a calibração permitiu

estimar melhor as médias do consumo de energia e nutrientes.119

4.1.5. Considerações Éticas

O estudo CAMELIA foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal Fluminense / Hospital Universitário Antônio Pedro (CEP

CMM/HUAP nº 220/05) (ANEXO IV). Os procedimentos para levantamento dos dados

respeitaram a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, segundo os princípios da autonomia,

privacidade e da não maleficência. Antes da realização da entrevista e coleta de dados, cada

indivíduo foi informado sobre o objetivo da pesquisa e os procedimentos a serem realizados, e

foi reafirmada a garantia de sigilo e anonimato dos participantes. A participação na pesquisa

foi condicionada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por

responsável ou pelo indivíduo com idade igual ou superior a 18 anos (ANEXO V).

4.1.6. Financiamento

O projeto recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio

de Janeiro (FAPERJ) para compra de kits para os exames bioquímicos, da Fundação

Municipal de Saúde para realização de exames de sangue e urina, e foram concedidas bolsas

de estudo pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e FAPERJ.

4.2. Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo de desenho transversal, inserido no Projeto CAMELIA.

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4.3. Casuística do Presente Estudo

Dos 247 adolescentes que participaram do projeto, 232 (94,0%) apresentaram dados

sobre consumo alimentar e 223 (90,3%) apresentaram avaliação bioquímica. Desta forma,

foram incluídos nas análises do presente estudo 212 adolescentes que apresentam dados tanto

de consumo alimentar quanto bioquímicos, podendo ser irmãos ou não, de ambos os sexos,

com idade entre 12 e 19 anos, assistidos pelo Programa Médico de Família do Município de

Niterói – RJ, participantes do Projeto CAMELIA.

A OMS compreende a faixa etária dos 10 aos 19 anos como adolescência, porém este

estudo utilizará apenas os dados de adolescentes a partir dos 12 anos, já que alguns autores,

dentre eles Baxter et al.120

, reconhecem que nesta idade eles são capazes de responder

individualmente, sem o auxílio de um adulto, questionários referentes ao consumo alimentar.

4.3.1. Critérios de exclusão

Os critérios de exclusão adotados foram: gestantes, portadores de doenças que

impedissem a presença no ambulatório ou a compreensão da pesquisa, indivíduos com

doenças associadas à baixa imunidade e/ou utilização de medicamentos que pudessem

interferir nos resultados dos exames. Além disso, foram excluídos os adolescentes que não

preencheram questionário de freqüência alimentar e/ou sem avaliação antropométrica ou

bioquímica.

4.4. Variáveis Estudadas

4.4.1. Variáveis de exposição

Componentes da dieta: grupos alimentares, nutrientes.

Índice da qualidade da dieta: contínuo (pontuação de 0 a 100), analisado em quartil.

4.4.2. Variáveis de desfecho

Antropometria: IMC categorizado em baixo peso e peso adequado e sobrepeso e

obesidade.

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Dados bioquímicos: lipidograma e glicose plasmática.

4.4.3. Variáveis de ajuste

Sexo: feminino e masculino.

Idade (em anos, categorizada em duas faixas etárias: de 12 até 14,9, fase inicial da

puberdade e de 15 até 19 anos e 11 meses, final da puberdade);

Sociodemográficos: cor da pele e renda.

Comportamentais: atividade física e horas de uso de TV, videogame e computador.

4.5. Dados antropométricos e bioquímicos

Realizou-se avaliação antropométrica e análise bioquímica nos adolescentes, conforme

descrito anteriormente. O estado nutricional foi classificado segundo o índice de massa

corporal (IMC) como baixo peso, peso adequado, excesso de peso e obesidade de acordo com

as distribuições propostas pela OMS em 2007.82

Para avaliação bioquímica foram utilizados os pontos de corte adotados para definir o

perfil aterogênico de acordo com a proposta apresentada para crianças e adolescentes na I

Diretriz de Prevenção de Ateroesclerose na Infância e Adolescência121

: colesterol total (CT) –

limítrofes 150 a 169 mg/dl, aumentados ≥ 170 mg/dl; colesterol HDL-C – diminuídos

< 45 mg/dl; colesterol LDL-C: limítrofes 100-129 mg/dl; aumentados ≥ 130 mg/dl;

triglicerídeos (TG): 100 a 129 mg/dl; aumentados ≥ 130 mg/dl. Para glicose plasmática foi

utilizado como ponto de corte o valor 100mg/dl.

Na avaliação dos dados, foram incluídos os valores limítrofes, considerando-os como

alterações, a fim de criar variáveis dicotômicas.

4.6. Consumo Alimentar e Índice de Qualidade da Dieta

4.6.1. Freqüência do Consumo Alimentar

Para a análise dos pesos da freqüência de consumo, o peso 1,0 foi atribuído ao

consumo de uma vez por dia e foram considerados pesos proporcionais às demais respostas de

freqüência. Assim, a freqüência de consumo relatada para cada um dos itens alimentares

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incluídos no QFCA foi transformada em freqüência diária. As demais opções foram

relacionadas proporcionalmente com a unidade. Assim, para os itens referidos como

consumidos duas a três vezes ao dia, a freqüência diária era 2,5 ([2+3]/2); para itens

consumidos duas a quatro vezes por semana a freqüência diária era 0,43 ([2+4]/2/7). Para

evitar superestimativas no relato dos itens com opção de freqüência diária “2 ou mais vezes

por dia” e “5 ou mais vezes por semana”, o cálculo da freqüência diária foi diferenciado,

sendo considerada a menor freqüência diária possível (Quadro 3).

Quadro 1: Freqüência diária correspondente a cada opção de freqüência presente no QFCA.

Opção de freqüência no QFCA Cálculo Correspondente em freqüência diária

Menos de uma vez por mês ou nunca - 0,00

1 - 3 vezes por mês 2,0 ÷ 30 0,07

1 vez por semana 1,0 ÷ 7 0,14

2 - 4 vezes por semana 3,0 ÷ 7 0,43

5 - 6 vezes por semana 5,5 ÷ 7 0,79

5 ou mais vezes por semana 5,0 ÷ 7 0,71

1 vez por dia 1,0 x 1 1,00

2 - 3 vezes por dia 2,5 x 1 2,50

2 ou mais vezes por dia 2,0 x 1 2,00

4 ou mais vezes por dia 4,0 x 1 4,00

Para as estimativas de consumo diário dos componentes do IQD- R utilizou-se o

Programa Nutrition Data System for Research (NDSR) de 2008, da Universidade de

Minnesota – EUA.122

4.6.2. Índice de Qualidade da Dieta

Para avaliação da qualidade da dieta consumida pelos adolescentes do presente estudo

será utilizado o IQD- R, adaptado para a população brasileira por Previdelli.32

A distribuição

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da pontuação deste índice é obtida através da avaliação de 12 componentes, dos quais nove

são grupos alimentares (cereais totais; cereais integrais; carnes, ovos e leguminosas; frutas

totais; frutas integrais; vegetais totais; vegetais verde-escuros e alaranjados e leguminosas;

leite e derivados; óleos, oleaginosas e gordura de peixe), dois são nutrientes (gordura saturada

e sódio) e o último representa a soma do valor energético proveniente da ingestão de gordura

sólida, álcool e açúcar de adição (componente Gord_AA).

O valor máximo que o IQD -R pode atingir é de 100 pontos. A definição dos pontos de

corte referentes às pontuações máxima, intermediária e mínima dos componentes do IQD-R

foi baseada nas recomendações do Guia Alimentar 2006, da Organização Mundial de

Saúde123

, do Institute of Medicine124

e do Healthy Eating Index 2005 (HEI-2005).72

Para

gordura saturada, o ponto máximo foi definido de acordo com a Diretriz Brasileira sobre

dislipidemias e prevenção da aterosclerose.125

No desenvolvimento do IQD-R, foram

considerados dados de ingestão de gordura saturada, trans, monoinsaturada, poliinsaturada e

de peixe; sódio; álcool e açúcar de adição. A descrição dos componentes e a classificação de

alguns alimentos que pontuam o IQD-R encontram-se no anexo VI.

Sendo assim, escores altos significam que a ingestão está próxima aos intervalos ou

quantidades recomendadas e os escores mais baixos indicam menor conformidade com a

recomendação.

Para uma melhor classificação dos componentes do IQD-R segundo o Guia Alimentar

2006, optou-se por desmembrar as preparações, como por exemplo: mingau, lasanha, pizza

em seus respectivos ingredientes e fazer a média dos mesmos quando estas preparações

estavam agrupadas (APÊNDICE I). Para esse procedimento foram utilizadas as receitas

propostas por Araújo e Guerra126

, Fisberg e Villar127

, Novaes128

e Zuccollo e Moreira.129

Grupos alimentares

O número de porções diárias dos grupos de alimentos recomendadas para 1000 kcal

foi definido de forma que mantivesse a correspondência com o preconizado no Guia

Alimentar 200637

(Quadro 1). Para a ingestão maior ou igual às porções recomendadas dos

grupos de alimentos por 1000 kcal atribui-se pontuação máxima (5 ou 10 pontos), zero para

ausência do consumo e valores intermediários são calculados proporcionalmente à quantidade

consumida.

Como não constam no Guia Alimentar 2006, as recomendações para o consumo dos

componentes “Fruta Integral”, “Vegetais Verdes Escuros e Alaranjados e Leguminosas” e

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30

“Cereais Integrais” tiveram seus números de porções calculados proporcionalmente aos

componentes “Fruta Total”, “Vegetais Totais” e “Cereais, Raízes e Tubérculos”,

respectivamente.

Para 1000 kcal o Guia recomenda o consumo de 3 porções de “Cereais, Raízes e

Tubérculos”, porém, na composição do IQD-R, estas porções são distribuídas entre “Cereais,

Raízes e Tubérculos” (2,0 porções) e “Cereais Integrais” (1,0 porção). Destaca-se que,

segundo o mesmo, o grupo “Cereais, Raízes e Tubérculos” refere-se não apenas ao consumo

de grãos, mas também de alimentos ricos em carboidratos tais como, biscoitos, massas, batata

e outros, considerados a base energética do consumo alimentar da população brasileira.37

O

porcionamento de frutas, sucos, legumes, verduras, leguminosas, leite e derivados do IQD-R

segue o Guia Alimentar 2006 (Quadro 2).

Considerando que as leguminosas têm participação importante no hábito alimentar dos

brasileiros, sendo importante fonte de proteína, mas também de fibras e minerais, assim como

no HEI-2005, o IQD-R as trata de forma diferenciada. A pontuação do componente “Carnes,

Ovos e Leguminosas” é estimada somando-se, inicialmente, o valor energético do grupo

“Carnes e Ovos”. Em seguida, adiciona-se o valor calórico das “Leguminosas” até completar

a pontuação máxima do componente “Carnes, Ovos e Leguminosas” (190 kcal = 1 porção =

10 pontos). Caso haja excedentes, o valor energético proveniente de “Leguminosas” é

computado, simultaneamente, nos grupos “Vegetais Verdes Escuros e Alaranjados e

Leguminosas” e “Vegetais Totais”.

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31

Quadro 2: Número de porções diárias recomendadas por 1000 kcal, valor energético médio das porções segundo os grupos de alimentos do Guia Alimentar para

a População Brasileira e os componentes e número de porções diárias/1000 kcal do Índice de Qualidade da Dieta Revisado (IQD-R).

Guia Alimentar para a população Brasileira (2006) Componentes do Índice de Qualidade da Dieta - Revisado (IQD-R). São Paulo, 2003.

Grupo de Alimentos Nº de porções

diárias/1000 kcal

Valor energético médio

por porção (kcal)

Componentes baseados nos grupos de alimentos do Guia

Alimentar para a população Brasileira (2006)

Nº de porções

diárias/1000 kcal

Cereais, tubérculos, raízes e derivados 3 150 Cereais totais 2.0

Cereais integrais 1.0

Leguminosas 0,5 55 Carnes, Ovos e Leguminosas 1.0

Carnes e Ovos 0,5 190

Frutas e Sucos de frutas naturais 1,5 70 Frutas totais 1.0

Frutas integrais 0,5

Legumes e Verduras 1,5 15 Vegetais totais 1.0

Vegetais verdes-escuros e alaranjados e Leguminosas 0,5

Leite e derivados 1,5 120 Leite e derivados 1,5

Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 0,5 73 Óleos, Oleaginosas e Gordura de peixe 0,5

Açúcares e doces 0,5 110 - -

Componentes baseados em nutrientesa

Limite superior

Gordura saturada 7% do VET

Sódio 0,75 g/ 1000 kcal

Componentes baseados e nutrientes e itens dietéticosb

Gord_AA 10% do VET

aOs componentes são obtidos em valor energético dos alimentos ou nutrientes. Sendo que no componente "Óleos, oleaginosas e gorduras de peixe" foram excluídas gorduras saturadas e trans e

incluídas a gordura de peixe e as insaturadas (mono e poli) convertidas em energia. bComponentes baseados no consumo de nutrientes e que não apresentavam um grupo correspondente no Guia Alimentar-2006

Nº = número

VET = Valor Energético total

Gord_AA = Calorias provenientes de gordura sólida (saturada e trans), álcool e açúcar de adição

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32

Nutrientes

Utilizou-se uma abordagem semelhante à usada para definir a ingestão adequada diária

nas DRIs para o componente “Sódio”, expresso no IQD-R em densidade energética, as quais

são estabelecidas por estágios de vida e calculadas de acordo com a mediana do consumo

energético de cada grupo-etário.124

Para população de jovens e adultos a ingestão adequada de

sódio é 1,5 g e a mediana de consumo energético é 2150 kcal, ou seja, 0,7 g/1000 kcal. Optou-

se por calcular os pontos de corte de sódio com base no consumo energético de 2000 kcal, de

acordo com o Guia Alimentar 200637

. Assim, a pontuação máxima é conferida para o

consumo de 1,5 g/2000 kcal, ou seja, 0,75 g/1000 kcal. A pontuação intermediária foi baseada

no valor máximo estipulado pelo Guia Alimentar 2006 (2,0 g/2000 kcal), ou seja,

1,0 g/1000 kcal (percentil 5 da curva de distribuição). A pontuação mínima foi definida como

sendo o dobro do recomendado pelo Guia Alimentar 2006, ou seja, 2,0 g/1000 kcal (percentil

82).

Para a definição da pontuação mínima de “Gordura Saturada” utilizou a mesma

metodologia do HEI-2005. O ponto de corte mínimo foi determinado pelo percentil 85 da

curva de distribuição de seu consumo pela população do estudo ISA-Capital 2003130

,

realizado em São Paulo, 15% do valor energético total da dieta (VET). A pontuação máxima

7% do VET foi baseada nas diretrizes sobre dislipidemias e prevenção da aterosclerose da

Sociedade Brasileira de Cardiologia125

, que limita a ingestão de gordura saturada em 7% do

VET. O ponto de corte intermediário 10% do VET, seguiu as recomendações da OMS.123

Nutrientes e itens dietéticos

A pontuação máxima do componente “Óleo, Oleaginosas e Gordura de peixe” é

baseada no grupo “Óleos, Gorduras e Sementes oleaginosas” do Guia Alimentar 2006, ou

seja, 0,5 porção/1000 kcal.37

No Brasil não há recomendações para a ingestão do componente Gord_AA (valor

energético proveniente da ingestão de gordura sólida, saturada e trans, álcool e açúcar de

adição). Dessa forma, o ponto mínimo e máximo (0 ou 20 pontos) correspondem,

respectivamente, ao consumo de 35% e 10% do VET nos constituintes do componente

Gord_AA. Estes pontos foram baseados nos percentis 16 e 85, respectivamente, da curva de

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33

distribuição da ingestão deste pela população do ISA-Capital 2003130

, a semelhança da

metodologia utilizada no HEI-2005.72

Os componentes do IDQ-R e os critérios definidos para a atribuição da pontuação

máxima, mínima e intermediária estão resumidos no Quadro 3.

Quadro 3: Distribuição da pontuação e das porções dos componentes do IQD-R.

Componentes

Pontuação (pontos)

0 5 8 10 20

Frutas totaisd

0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Frutas integraise

0 ___ 0,5 porção/1000 kcal

Vegetais totaisf

0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Vevealf

0 ___ 0,5 porção/1000 kcal

Cereais totaisb

0 ___ 2,0 porções/1000 kcal

Cereais intregrais 0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Leite e derivadosg

0 ______________________________ 1,5 porção/1000 kcal

Carnes, ovos e

leguminosas 0 _____________________________ 1,0 porção/1000 kcal

Óleosh

0 ______________________________ 0,5 porção/1000 kcal

Gordura Saturada ≥ 15 ____________________ 10 __ ≤7% do VET

Sódio ≥ 2,0 ____________________ 1,0 __ ≤0,75g/1000 kcal

Gord_AA ≥ 35 ____________________________________________ ≤10% do VET

bAlimentos que contribuam com, pelo menos, metade da porção do grupo alimentar correspondente

dInclui frutas e sucos de frutas naturais

eExclui frutas de sucos

fInclui leguminosas apenas depois que a pontuação máxima de Carnes, ovos e leguminosas for atingida

gInclui leite e derivados e bebidas à base de soja

hInclui gorduras mono e poliinsaturadas, óleos das oleaginosas e gordura de peixe

VeveaL = Vegetais verde-escuros e alaranjados e Leguminosas

Gord_AA = Calorias provenientes da gordura sólida, álcool e açúcar de adição

VET = Valor Energético Total

Para se obter a pontuação dos componentes do índice, divide-se a energia fornecida

em cada grupo de alimentos ou nutrientes pelo total de energia consumida no período. Através

da soma de todos os pontos dos componentes, obtêm-se a pontuação final do IQD-R.

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34

4.7. Análise Estatística

Foi utilizado o pacote estatístico SPSS para Windows (Statistical Package for the

Social Sciences, 2008 – v. 17.0)131

para a análise dos dados.

As variáveis contínuas foram descritas por média e desvio-padrão, e as variáveis

categóricas, como proporção (%). As variáveis contínuas foram testadas através do teste de

Kolgomorov-Smirnov para verificar o tipo de distribuição; as com distribuição normal foram

comparadas através do teste t de Student, e as com distribuição não paramétrica, através do

teste de Mann-Whitney. Para as variáveis categóricas utilizou-se o teste do qui-quadrado.

Já que aproximadamente 25% da amostra são constituídos por adolescentes irmãos e o

consumo alimentar e o estado nutricional podem estar correlacionados em função de serem da

mesma família, foi utilizado o modelo de Equações de Estimação Generalizadas (GEE) para

estudar as medidas de associações (APÊNCICE II).

O GEE produz estimativas eficientes para parâmetros do modelo de regressão quando

se lida com dados correlacionados ou não independentes, pois considera a estrutura de

correlação entre as observações.132,133

O IQD foi categorizado de acordo com os quartis de distribuição, sendo considerado

como IQD elevado (acima do 3° quartil) e o IQD inferior (abaixo do 3° quartil). Através do

GEE foi estimada a associação bruta e ajustada entre o EN (avaliação antropométrica e

bioquímica) e o IQD, com controle das co-variáveis relacionadas às características sócio-

demográficas e comportamentais. A medida de associação utilizada foi a razão de

prevalências (RP) estimada com o modelo de regressão de Poisson.

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35

5. RESULTADOS

As características sócio-demográficas, comportamentais, antropométricas e bioquímicas

dos indivíduos examinados segundo sexo são demonstradas na Tabela 1. Foram avaliados 212

adolescentes, sendo 52,4% meninas. Em relação ao sexo não houve diferença significativa

entre as idades. Do total de participantes, 76% são considerados sedentários, sendo maior a

proporção de meninos que praticam alguma atividade física (p < 0,001). Os meninos

apresentaram ainda maior prevalência nas taxas de HDL adequado (p = 0,025) e glicose

inadequada (p = 0,004), ambas com significância estatística. As meninas apresentaram

prevalências maiores de colesterol total inadequado, com significância estatística (p = 0,03),

bem como de LDL inadequado, de triglicerídeos inadequado, IMC para sobrepeso/obesidade,

embora não alcançando significância estatística. Em relação ao sexo, não houve diferença

estatística quando analisado o tempo de TV, vídeo game ou computador.

Comparando-se as médias dos 12 componentes que formam o IQD-R entre meninos e

meninas (Tabela 2), observa-se que não houve diferença estatisticamente significativa no

consumo destes. Ressalta-se que, em ambos os sexos, o consumo de cereais integrais

encontra-se bem abaixo do recomendado, levando-se em consideração que a pontuação

máxima deste componente no índice é de 5 pontos. A média de consumo dos meninos foi de

0,05 pontos e das meninas de 0,06 pontos. Observa-se também que o consumo de leite é

baixo; sabendo-se que o máximo de pontos que o indivíduo pode ganhar são 10, as meninas

obtiveram 4,82 pontos e os meninos, uma pontuação discretamente maior de 5,47 pontos. No

que diz respeito ao consumo dos componentes sódio (recebendo a pontuação mínima = 0

aquele indivíduo que tiver o consumo de sódio acima do recomendado) e do Gord_AA

(pontuação variando de 0 a 20), podemos dizer que se encontram elevados, já que a média do

consumo foi de 4,15 pontos e 14,41 pontos respectivamente.

A Tabela 3 apresenta a razão de prevalência (RP) bruta das variáveis bioquímicas e do

IMC, categorizadas em adequadas e inadequadas (desfecho), com o IQD-R categorizado

como abaixo (exposição) e acima do valor do 3º quartil da distribuição. Verificou-se que

houve associação positiva estatisticamente significativa apenas com colesterol total

(RP = 1,58; IC: 1,01-2,49), ou seja, a prevalência estimada de alteração no colesterol total

elevado (inadequado) é 58% maior entre aqueles que apresentam IQD-R abaixo do valor do

3º quartil.

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36

Tabela 1: Distribuição dos adolescentes por sexo, de acordo com os indicadores

antropométricos, demográficos, de estilo de vida e bioquímicos. Niterói-RJ, 2006-2007.

Variável Total

(n=212) Meninas (n=111)

Meninos (n=101) Valor-p*

Idade (ano) 0,848

≤ 15 anos 93 (43,9) 48 (43,2) 45 (44,6)

> 15 anos 119 (56,1) 63 (56,8) 56 (55,4)

Atividade Física 0,001

Ativo 51 (24,1) 16 (14,4) 35 (34,7)

Sedentário 161 (75,9) 95 (85,6) 66 (65,3)

TV/ vídeo game/ computador 0,755

< 2 horas/dia 29 (14,5) 16 (15,2) 13 (13,7)

≥ 2 horas/dia 171 (85,5) 89 (84,8) 82 (86,3)

IMC 0,414

< 25kg/m² 144 (68,6) 72 (66,1) 72 (71,3)

≥ 25kg/m² 66 (31,4) 37 (33,9) 29 (28,7)

Glicose 0,004

≤ 100mg/dl 176 (83,0) 100 (90,1) 76 (75,2)

>100mg/dl 36 (17,0) 11 (9,9) 25 (24,8)

Triglicerídeos 0,380

100 – 129mg/dl 203 (95,8) 105 (94,6) 98 (97,0)

≥ 130mg/dl 9 (4,2) 6 (5,4) 3 (3,0)

Colesterol Total 0,03

150 – 169mg/dl 120 (56,6) 55 (49,5) 65 (64,4)

≥ 170mg/dl 92 (43,4) 56 (50,5) 36 (35,6)

HDL 0,025

≥ 45mg/dl 70 (33,0) 29 (26,1) 41 (40,6)

< 45mg/dl 142 (67,0) 82 (73,9) 60 (59,4)

LDL 0,421

100 – 129mg/dl 191 (93,2) 100 (91,7) 91 (94,8)

≥ 130mg/dl 14 (6,8) 9 (8,3) 5 (5,2)

Variáveis categóricas n (%) * Qui-quadrado.

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37

Tabela 2: Pontuação média dos componentes do IQD-R, segundo o sexo.

Variável Total (212)* Meninas (n=111)*

Meninos (n=101)* Valor- p**

Cereai To ais 4,84 (0,41) 4,84 (0,43) 4,84 (0,39) 0,97

Cereais Integrais 0,06 (0,10) 0,06(0,09) 0,05 (0,11) 0,82

Carnes, Ovos e Leguminosas 9,99 (0,11) 9,98 (0,15) 10,00 (0,00) 0,15

Frutas Totais 3,44 (1,63) 3,45 (1,68) 3,43 (1,57) 0,95

Frutas Inteiras 3,04 (1,59) 2,99 (1,69) 3,10 (1,48) 0,63

Vegetais Totais 4,93 (0,50) 4,97 (0,33) 4,89 (0,64) 0,25 Vegetais verde-escuros e alaranjados e leguminosas 4,28 (1,56) 4,11 (1,67) 4,46 (1,42) 0,10

Leite e derivados 5,13 (2,51) 4,82 (2,37) 5,47 (2,62) 0,05

Óleos, oleaginosas e gorduras de peixe 8,56 (1,95) 8,41 (1,95) 8,73 (1,94) 0,23

Gordura Saturada 8,56 (0,89) 9,06 (0,85) 8,88 (0,93) 0,13

Sódio 4,15 (2,15) 4,08 (2,28) 4,23 (2,01) 0,61

Gord_AA 14,41 (3,94) 14,25 (4,08) 14,59 (3,79) 0,53

IQD-R 71,81 (6,89) 71,02 (6,28) 72,67 (7,44) 0,08

*Média (D.P.) ** Teste t.

Após o ajuste (Tabela 4), o valor da associação do IQD-R com o colesterol foi pouco

alterado, passando a RP bruta de 1,58 para a RP ajustada de 1,57; no entanto, perdeu-se a

significância estatística devido ao aumento do número de parâmetros na equação.

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Tabela 3: Razão de Prevalência (RP) bruta* de parâmetros bioquímicos e IMC de adolescentes assistidos pelo Programa Médico de Família de

Niterói-RJ, 2006-2007.

Características Bioquímicas e IMC

↑ Colesterol Total ↑ Glicose ↓ HDL-colesterol ↑ LDL colesterol ↑ Triglicerídeos ↑ IMC

RP (IC 95%) RP (IC 95%) RP (IC 95%) RP (IC 95%) RP (IC 95%) RP (IC 95%)

IQD-R ** Adequado 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0

Inadequado 1,58 (1,01-2,49) 0,59 (0,31-1,10) 0,73 (0,49-1,07) 1,25 (0,34-4,55) 1,17 (0,30-4,58) 0,81 (0,53-1,24)

Sexo Feminino 1,0

Masculino 0,71 (0,51-0,98)

Idade ≤ 14 anos 1,0

> 14 anos 1,02 (0,76-1,36)

Cor da Pele Branca 1,0

Negra ou

parda 0,71 (0,51-0,99)

Fumo Não 1,0

Sim 1,722 (0,95-3,10)

TV/videogame/Computador < 2horas/dia 1,0

≥ 2horas/dia 0,774 (0,54-1,11)

Renda per capita ≥ R$200 1,0

< R$200 1,342 (0,95-1,89)

*GEE

**IQD-R adequado: ≥3º quartil (77, 23)

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Tabela 4: Razão de Prevalência (RP) de colesterol total ajustada de adolescentes assistidos pelo

Programa Médico de Família de Niterói-RJ, 2006-2007. *

↑ Colesterol Total

RP (IC 95%)

IQD-R ** Adequado 1,0

Inadequado 1,57 (0,98 - 2,51)

Sexo Feminino 1,0

Masculino 0,73 (0,52 - 1,01)

Cor da Pele Branca 1,0

Negra ou parda 0,691 (0,50 - 0,95)

*GEE

**IQD-R adequado: ≥3º quartil (77, 23)

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40

6. DISCUSSÃO

O presente estudo visou analisar a relação entre o IQD-R e o estado nutricional

dos adolescentes assistidos pelo Programa Médico de Família de Niterói – RJ, diante do

pressuposto da existência de associação entre o consumo alimentar nesta faixa etária e a

crescente prevalência de doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta.

A média do IQD-R neste estudo foi de 71,8 pontos, sem diferença significativa

entre os sexos, sendo esta pontuação maior do que outros resultados observados na

literatura, em estudos realizados com adolescentes. Kennedy et al.31

aplicaram o HEI

utilizando os dados de 1989 e 1990 do Continuing Survey of Food Intake by Individuals,

em uma amostra representativa da população norte-americana acima de dois anos de

idade, e obtiveram uma média de 63,9 pontos. Feskanich et al.134

encontraram resultado

de pontuação final semelhante ao estudo de Kennedy et al.31

ao avaliar a dieta de 851

adolescentes (62,8 pontos), com faixa etária de 11 a 14 anos, participantes do estudo

populacional CSFII de 1994 a 1996.

Goodwin et al.135

, nos Estados Unidos (EUA), utilizando dados do Continuing

Survey of Food Intakes by Individuals, observaram, em uma amostra de 1.504

adolescentes, o valor médio de 61,9 pontos. Ainda nos EUA, Hurley et al.136

adaptaram

o IQD às necessidades nutricionais de crianças e adolescentes, e, em estudo realizado

com 317 adolescentes, compararam o HEI e o YHEI (Youth-HEI – IQD-Jovem),

obtendo médias mais altas para o IQD (62,2 pontos). O IQD-Jovem apresentou média

de 48 pontos aproximadamente.

No Chile, Pinheiro e Atalah137

, também adaptando o IQD à sua realidade (o

IAS), avaliaram consumo alimentar de 263 adolescentes, e obtiveram uma média de

58,4 pontos. No Brasil, Godoy et al.62

encontraram média semelhante ao estudo chileno,

em uma amostra de 437 adolescentes residentes no Distrito do Butantã – SP. Andrade138

aplicou o IQD em uma amostra de 1626 adolescentes do Estado de São Paulo, e obteve

uma pontuação de 59,7.

O presente estudo pode ter apresentado média mais alta do IQD-R devido ao fato

de estes adolescentes, assim como seus pais, serem assistidos pelo PMF e receberem

atenção à saúde, interferindo de certa forma nos hábitos alimentares da família, o que

justifica uma alimentação mais próxima do recomendado pelo Guia Alimentar 2006.

O consumo de dietas ricas em gordura e pobres em frutas, vegetais e cereais

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41

integrais ainda é elevado tanto nos países desenvolvidos quanto em países em

desenvolvimento.55

Castro et al.18

realizaram estudo com 1.684 adolescentes,

verificando o elevado consumo de alimentos não saudáveis tais como doces,

refrigerantes, frituras e salgados, e baixo consumo de frutas e hortaliças. Em estudo

realizado com 390 adolescentes da rede pública de ensino de Piracicaba – SP,

utilizando-se um QFA, foi observado um expressivo consumo de doces, bebidas

adicionadas de açúcar e refrigerantes.139

No presente estudo, observou-se uma realidade

diferente da literatura no que diz respeito ao consumo de legumes e verduras,

encontrando-se este adequado, e havendo apenas o consumo diminuído de leite e

derivados assim como de cereais integrais. Cabe ressaltar que os componentes

Gord_AA (gordura sólida, saturada e trans, álcool e açúcar de adição) e sódio também

apresentaram médias mais elevadas de consumo nesta faixa etária.

Com esta mesma população de adolescentes do PMF em Niterói – RJ, em 2006-

2007, Tavares44

encontrou o consumo elevado de alimentos ultraprocessados, prontos

ou semi-prontos para o consumo.

O baixo consumo de leite e de cereais integrais é um achado comum em estudos

brasileiros. Na Pesquisa Nacional de Saúde de Escolares (PeNSE)140

, em 2009,

realizada em vários Estados brasileiros, com 618.555 adolescentes, a média do consumo

de leite por estes foi de 53,5%, similar ao deste estudo (51,3%). Estudo realizado na

cidade de Pelotas com 4.452 adolescentes, utilizando QFA, identificou elevada

freqüência de consumo de dietas pobres em fibras nesta faixa etária, destacando o

consumo de cereais integrais, frutas e verduras, mostrando uma proporção de

inadequação de 84,4% para os meninos e 83,5% para as meninas.35

O excesso de ingestão de sódio foi também observado por Fisberg et al.61

em

estudo realizado com moradores de Botucatu-SP. Chaves et al.141

, em estudo transversal

realizado com 141crianças e adolescentes atendidos pelo Programa Saúde da Família do

município de Fortaleza – Ceará, verificou que o consumo de sal por 97,5% dos

adolescentes foi fator predominante de risco para a HAS.

Tanto o presente estudo quanto o de Andrade138

, realizado no Estado de São

Paulo utilizando dados do “Inquérito domiciliar, de Saúde, de Base Populacional, em

Municípios de Estado de São Paulo, 1999-2000 (ISA-SP)”, entre os anos de 2001 e

2002, são estudos transversais, e, em ambos, o estado nutricional, avaliado pelo IMC,

não apresentou correlação com o IQD. Esta falta de associação pode estar relacionada

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42

ao delineamento do estudo, que não permite a comprovação de temporalidade relativa

entre as variáveis estudadas, o que impede inferir de forma segura sobre relações de

causalidade. Isto é, talvez a falta de associação se deva a mudanças no comportamento

alimentar dos adolescentes estudados. Não obstante, Pinheiro e Atalah137

, mesmo em

estudo transversal, encontraram resultados diferentes na população chilena, onde os

menores escores do IQD estavam associados ao sobrepeso.

No presente estudo, buscou-se associar o IQD-R aos desfechos bioquímicos.

Associaram-se de forma inversa a glicose, o IMC e o HDL, de maneira que quem

possuía uma melhor média do IQD-R apresentava valores mais altos de glicose e IMC,

e mais baixos de HDL. Verificou-se associação positiva com o LDL, triglicerídeos e

colesterol total, ou seja, quem apresentava menor média na pontuação do IQD-R

também tinha valores inadequados destes parâmetros bioquímicos, porém somente a

associação com o colesterol apresentou significância estatística.

Em estudo com 127 homens com idades entre 40 e 75 anos, verificou-se que o

IQD adaptado para o mesmo foi capaz de associar a qualidade da dieta com

reprodutibilidade e com validade em comparação com os resultados bioquímicos.142

Assim como no presente estudo, os indivíduos com menores pontuações do índice

apresentaram taxas mais elevadas de colesterol total.

Os níveis de colesterol aumentados podem estar intimamente relacionados aos

hábitos alimentares errôneos.143

A relação entre o consumo de alimentos ricos em fibras

solúveis e insolúveis – como grãos integrais, frutas e vegetais – e a redução do

colesterol plasmático vem-se confirmando cada vez mais, assim como na prevenção

primária para da DCV.144

Doenças crônicas degenerativas, tais como a obesidade, o diabetes e a

hipertensão, aumentam a cada dia em adultos, em função de mudanças no consumo

alimentar, principalmente durante a infância e adolescência. Tendo conhecimento dos

vários fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis que se iniciam logo nos

primeiros anos de vida, ressalta-se, o quanto antes, a importância do processo educativo

na formação e modificação dos hábitos alimentares de crianças e adolescentes.19

Como principais limitações do estudo, está o desenho transversal, que, em geral,

pode não permitir inferir relações de causalidade, e a possibilidade de viés de aferição.

O QFA pode ter sua acurácia diminuída, pois, além de possuírem itens alimentares

limitados, os indivíduos, principalmente os adolescentes, podem ter dificuldade em

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43

lembrar e estimar as medidas caseiras, assim como as porções dos alimentos ingeridos.

Entretanto, semelhante ao estudo norte americano de Feskanick et al.134

, com 16.452

adolescentes, e de Hurley et al.136

, com 317 adolescentes americanos de descendência

africana, o presente estudo avaliou a qualidade da dieta utilizando QFA elaborados para

adolescentes. Embora o HEY proposto por Kennedy et al.31

tenha sido desenhado para

avaliar a qualidade da dieta através do recordatório de 24h (R24h), resultados obtidos

nos estudos citados acima, onde valores mais elevados de IMC estavam associados à

qualidade da dieta mais baixa, foram consistentes com os dados da dieta de adolescentes

de uma amostra norte-americana obtidos por Basiotis et al.145

, o que sugere a utilidade

do uso do QFA para avaliar o IQD. No presente estudo, como já descrito, a

temporalidade do estudo transversal pode ter influenciado a não associação desta

variável com o IQD.

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44

7. CONCLUSÃO

Considerando-se que o presente estudo buscou verificar a associação entre a

qualidade da dieta consumida pelos adolescentes assistidos pelo Programa Médico de

Família de Niterói-RJ, medida através do IQD-R, com o estado nutricional, os

resultados demonstraram que o aspecto bioquímico foi o que obteve melhor associação

com o consumo alimentar desta população.

A dieta consumida pelos adolescentes necessita de atenção, especialmente no

que diz respeito ao consumo de alimentos fontes de gordura, sejam saturadas ou trans, e

insuficientes em fibras, já que são estes os fatores nutricionais mais relacionados à

dislipidemia. Os hábitos alimentares adotados neste estágio de vida exige o

desenvolvimento de programas de intervenção nutricional.

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57

ANEXOS

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58

ANEXO I: Distribuição da pontuação e das porções do IQD adaptado (Godoy,

2006), HEI – 2005 e IQD-R.

Componentes

Pontuação (pontos)

0 5 8 10 20

IQD (Godoy, 2006)

Fruta total 0 ____________ 3 a 5 porções

Verduras e Legumes 0 ____________ 4 a 5 porções

Cereais totaisa

0 ____________ 5 a 9 porções

Leite e derivados 0 ____________ 3 porções

Carnes e ovos 0 ____________ 1 a 2 porções

Leguminosas 0 ____________ 1 porção

Gordura total ≥ 45 ____________ ≤ 30% do VET

Sódio ≥ 4,8 ____________ ≤ 2,4 g

Colesterol ≥0,45 ____________ ≤ 0,3 g

Variedade da dietab

≤ 3,0 ____________ ≥ 8,0 tipos de alimentos

HEI-2005c

Fruta total 0 ____ ≥ 0,8 copo eq/1000 kcal

Fruta inteira 0 ____ ≥ 0,4 copo eq/1000 kcal

Vegetais totais 0 ____ ≥ 1,1 copo eq/1000 kcal

VeveaL 0 ____ ≥ 0,4 copo eq/1000 kcal

Cereais totais 0 ____ ≥ 3,0 un eq/1000 kcal

Cereais integrais 0 ____ ≥ 1,5 un eq/1000 kcal

Leite e derivados 0 ____________ ≥ 1,3 copo eq/1000 kcal

Carnes, ovos e

leguminosas 0 ____________ ≥ 2,5 un eq/1000 kcal

Óleos 0 ____________ ≥ 12 g/1000 kcal

Gordura saturada ≥ 15 ____________ 10 ___ 7% do VET

Sódio ≥ 2,0 ____________ 1,1 ___ ≤ 0,7 g/1000 kcal

Gord_AA ≥ 50 ____________________________________________

≤ 20% do

VET

IQD_Revisado

Frutas totaisd

0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Frutas integraise

0 ___ 0,5 porção/1000 kcal

Vegetais totaisf

0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Vevealf

0 ___ 0,5 porção/1000 kcal

Cereais totaisb

0 ___ 2,0 porções/1000 kcal

Cereais intregrais 0 ___ 1,0 porção/1000 kcal

Leite e derivadosg

0 _______________________________ 1,5 porção/1000 kcal

Carnes, ovos e

leguminosas 0 _______________________________ 1,0 porção/1000 kcal

Óleosh

0 _______________________________ 0,5 porção/1000 kcal

Gordura Saturada ≥ 15 ________________________ 10 ___ ≤7% do VET

Sódio ≥ 2,0 ________________________ 1.0 ___ ≤0,75g/1000 kcal

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59

Gord_AA ≥ 35 _____________________________________________________ ≤10% do VET

aCereais totais = representa o grupo dos Cereais, raízes e tubérculos

bAlimentos que contribuam com, pelo menos, metade da porção do grupo alimentar correspondente

cAs unidades são reportadas em medidas americanas, uma vez que, este índice não foi aplicado no Brasil

dInclui frutas e sucos de frutas naturais

eExclui frutas de sucos

fInclui leguminosas apenas depois que a pontuação máxima de Carnes, ovos e leguminosas for atingida

gInclui leite e derivados e bebidas à base de soja

hInclui gorduras mono e poliinsaturadas, óleos das oleaginosas e gordura de peixe

VeveaL = Vegetais verde-escuros e alaranjados e Leguminosas

Gord_AA = Calorias provenientes da gordura sólida, álcool e açúcar de adição

Un = Unidade

VET = Valor Energético Total

eq = equivalente

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ANEXO II: O Projeto CAMELIA

O Projeto CAMELIA (Projeto cardio-neuro-metabólico-renal familiar: uma

abordagem integrada e prospectiva da população adscrita ao PMF de Niterói), visou

investigar a existência de agregação familiar de componentes da síndrome metabólica

em população adscrita ao Projeto do Médico de Família de Niterói e a evolução da

agregação no tempo, a correlação de marcadores inflamatórios, cardíacos, renais e

hepáticos nos diferentes grupos populacionais estudados, assim como a presença de

polimorfismos específicos.

O CAMELIA, especificamente, objetivou investigar a existência de agregação

familiar na hipertensão, diabetes, obesidade, dislipidemia, obesidade e síndrome

metabólica, considerando o número e tipo de familiares afetados; criar modelagem

matemática de análise dos diferentes projetos, envolvendo doutorandos, mestrandos e

estudantes de graduação; investigar a presença de polimorfismos da ECA, do AT1R e

de AGTII em famílias dos casos índices hipertensos e dos casos índices hipertensos e

diabéticos; a associação de marcadores inflamatórios e de disfunção endotelial e da

hemostasia com: alteração da pressão arterial; alterações da insulina e glicose séricas;

alterações no metabolismo de lípides séricos; alterações da composição corporal;

hábitos de vida: atividade física, consumo de álcool, tabagismo e consumo alimentar;

investigar a influência da dieta e da prática de exercícios físicos na prevalência

individual e familiar de componentes da síndrome metabólica; a associação de

transtornos do humor com componentes da síndrome metabólica, a nível individual e

familiar; as alterações cardíacas (fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, processos

isquêmicos) e seus marcadores laboratoriais em pacientes portadores da síndrome

metabólica; e a associação entre alterações renais e: alteração da pressão arterial;

alterações da insulina e glicose séricas; alterações no metabolismo de lípides séricos; e

alterações da composição corporal.

MÉTODO

Desenho do estudo

Trata-se de um caso-controle familiar, também chamado por Susser (1987) de

coorte reconstruída.

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População

Critérios de inclusão

Foram convidados a participar índices, vinculados ao Programa Médico de

Família, que tivessem pelo menos um filho biológico vivo, de 12 anos a 30 anos no

momento da pesquisa, com “cônjuges” vivos, todos morando na mesma comunidade, ou

acessíveis com as seguintes características:

a) índices hipertensos não diabéticos, diabéticos não hipertensos, diabéticos e

hipertensos, controles (não diabéticos e não hipertensos);

b) filhos naturais dos índices, de 12 anos a 30 anos, no momento do inquérito;

c) cônjuges: parceiro do índice, pai/mãe natural de pelo menos um filho incluído na

pesquisa; somente os cônjuges dos controles tiveram sua condição pré-estabelecida: não

ser hipertenso ou diabético.

Critérios de exclusão

Foram excluídos os parentes de primeiro grau de um índice já selecionado,

gestantes e participantes portadores de doença que impedisse sua presença no

ambulatório para a visita, ou a compreensão sobre a pesquisa, e doenças associadas à

baixa imunidade, ou que estejam em uso de medicamentos que possam interferir nos

resultados dos exames (corticóides, citostáticos) e todas as famílias que tiverem um dos

membros que não concordem em participar da pesquisa.

Procedimentos

Seleção dos índices

Selecionamos inicialmente um módulo, de um setor, de cada Grupo Básico de

Trabalho (GBT), para avaliarmos a prevalência de casos índices dos quatro grupos a

serem estudados. Estimamos ser necessário envolver na pesquisa 14 módulos (16

setores), para chegarmos à amostra necessária de casos índices diabéticos/não

hipertensos, a condição menos prevalente. A escolha dos módulos foi por conveniência,

buscando-se incluir todas as regiões político-administrativas da cidade.

Nos três primeiros módulos visitados (do total de 13, ver anexo A), foi feita a

seleção aleatória dos casos índices (tabela de números aleatórios) a partir das fichas de

gerência dos programas de hipertensão e diabetes de cada módulo/setor. Em cada

módulo/setor, sorteamos os sete índices que satisfaziam os critérios de inclusão,

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62

totalizando 28 índices e cônjuges em cada módulo/setor. Selecionamos, também de

forma aleatória, 14 filhos por cada condição, num total de 56 filhos por módulo/setor.

Ao fecharmos as visitas do terceiro módulo, observamos que teríamos dificuldade para

atingirmos a meta de 7 índices por condição, seja por haver um percentual considerável

de não participação, seja pela existência de um menor número de diabéticos que

satisfizessem os critérios de inclusão. Assim, a partir do 4º módulo, solicitamos que

fossem chamadas todas as famílias que atendessem aos critérios de inclusão,

independentemente da condição do índice, assim como todos os filhos do casal que

tivessem entre 12 e 30 anos no momento do inquérito.

Procedimentos nas visitas aos módulos

Todas as visitas foram realizadas na comunidade. Pais, cônjuges e filhos

incluídos foram convidados para uma primeira visita, com data e hora marcadas, através

de um convite por escrito, padronizado, que esclarecia o objetivo da visita e dava

orientações quanto ao jejum. Inicialmente, todos os participantes assinavam o termo de

consentimento livre e esclarecido (se menores, assinado pelo pai ou pela mãe – anexo

B) e a seguir faziam a coleta de sangue e entregavam a urina coletada pela manhã, em

pote previamente distribuído. A seguir, foi realizada avaliação antropométrica, consulta

médica com registro de história patológica pregressa, história familiar (pai, mãe, irmãos

e filhos) e exame físico, medida a pressão arterial, eletrocardiograma e aplicação de um

questionário de auto-preenchimento (com apoio de pesquisadores) sobre condições

sócio-demográficas, hábitos de vida e estado de humor (anexo C). O sangue e a urina

foram centrifugados local, segundo a necessidade. No momento da entrega dos

resultados dos exames, foi realizada a 2ª medida da pressão para os que responderam

negativamente à pergunta “algum médico já lhe disse que o senhor(a) é hipertenso?” e

que tiveram pressões artérias iguais ou superiores a 140/90 mmHg.

As dosagens bioquímicas foram feitas no Laboratório Vizela da Fundação

Municipal de Saúde e no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP). Amostras de

urina e alícotas de soro foram armazenados em freezer a -80 graus, no serviço de

Hematologia do HUAP.

Classificação das variáveis

Variáveis do Questionário

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63

As perguntas sobre a morbidade referida, auto-avaliação do estado de saúde,

necessidade sentida, demanda, acesso e utilização basearam-se nas perguntas do

questionário da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) sobre acesso e

utilização de serviços de saúde (IBGE, 1998). Optamos por manter o intervalo de três

meses entre o evento relatado e a data do preenchimento do questionário para todas as

questões sobre a relação dos adolescentes com os serviços de saúde, porque eles

adoecem pouco. Tal período é inferior ao adotado no inquérito National Health

Interview Survey Items in the Adult and Child, que é de 12 meses, e superior ao

utilizado pela PNAD, que é de 15 dias (IBGE, 1998; NHIS, 2004). Quanto à

idade, embora existam estudos mostrando que a confiabilidade é menor quando o

respondente é menor de 14 anos, o estudo de Horiwtz et al. (2001) apóia a decisão de

incluir na pesquisa indivíduos de 12 e mais anos. Os autores, analisando a validade e a

confiabilidade do instrumento Services Assessment for Children and Adolecents

(SACA), para usuários de serviços de saúde mental, encontraram confiabilidade boa a

excelente quando o instrumento foi administrado em crianças de 11 anos e mais, para

uso durante toda a vida e nos últimos 12 meses. Para avaliação de atividades físicas foi

utilizado o questionário sobre atividade física de lazer que contém perguntas sobre as

atividades físicas realizadas nos últimos 15 dias, discriminando a atividade, o número

de vezes praticado por semana e o tempo gasto em cada vez (Salles-Costa et al., 2003).

Foi utilizado o questionário sobre freqüência alimentar (QFA) proposto e testado por

Schieri et al. (1998). Para avaliação do consumo de álcool e tabagismo serão utilizadas

as perguntas propostas por Chor (1997). Para avaliação da depressão, qualidade de vida

e saúde sexual, foram utilizadas quatro escalas descritas a seguir. BDI (Beck Depression

Inventory) – é a medida de auto-avaliação da depressão mais amplamente utilizada tanto

em pesquisa quanto em clínica. A adequação das propriedades psicométricas da versão

em português do BDI foi demonstrada em diversos estudos (Gorenstein, 2000). O SF-36

(Short Form Health Survey) – é um questionário geral, auto-aplicável, de qualidade de

vida, com 36 itens que avaliam as seguintes dimensões: vitalidade, saúde mental,

aspectos sociais e emocionais, dor, aspectos físicos, capacidade funcional e estado geral

de saúde. Uma versão em português está disponível tendo sido validada por Cicconelli

(1997) (em uma amostra de pacientes com artrite reumatóide). Foi encontrada

reprodutibilidade - coeficiente de correlação de Pearson = 0,44 a 0,84 (intra-observador)

e 0,55 a 0,81 (inter-observador). A Arizona Sexual Experience Scale (ASEX) foi criada

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para aferir disfunção sexual (McGahuey et al., 2000). Com cinco perguntas que

abordam aspectos relevantes da disfunção sexual (desejo, excitação, lubrificação

vaginal, habilidade de chegar ao orgasmo e satisfação com o orgasmo), ela é uma escala

curta e fácil de ser respondida. A ASEX afere disfunção sexual de uma maneira bimodal

utilizando uma escala do tipo Likert de seis pontos, variando de um (hiperfunção) a seis

(hipofunção). O escore final é obtido somando-se as pontuações obtidas em cada

questão e comparando-se o resultado com os escores que indicam disfunção sexual.

Esse instrumento foi validado, no ano de 2000, para a língua inglesa. Nesse estudo de

validação realizado entre portadores de depressão em tratamento, observou-se que a

ASEX possuía consistência interna, sendo método válido, confiável e sensível para

aferir disfunção sexual. Um estudo recente demonstrou que a versão brasileira da a

ASEX é um instrumento bastante sensível para a detecção de disfunção sexual na

população estudada.

Medidas antropométricas

Foram medidos peso, altura, circunferência abdominal e circunferência de

cintura, prega tricptal, medida da massa corporal por bioimpedância, com instrumento

validado (Lintsi et al., 2004). O peso foi medido utilizando-se balança eletrônica da

marca Filizola (modelo PL18), com os participantes sem calçados, usando roupas leves

e sem portar objetos pesados. Para a aferição da estatura foi utilizado o estadiômetro

digital portátil da marca Shoenle®, com precisão de 0,1 cm, onde os participantes

permaneceram descalços, a cabeça livre de adereços, no centro do equipamento, sendo

mantidos em pé, eretos, com os braços estendidos ao logo do corpo, com os calcanhares

juntos, com a cabeça no plano horizontal olhando para um ponto fixo na altura dos

olhos e em apnéia no momento da aferição. As medidas de circunferência da abdominal

e cintura foram tomadas ao nível da crista ilíaca esquerda e no ponto médio da distância

entre a crista ilíaca e o último rebordo costal, respectivamente, com fita métrica

inextensível com o participante em expiração. Para estatura e cintura foram realizadas

três mensurações, tomando-se a média como estimativa. A prega cutânea tricipital

(PCT) foi verificada 3 vezes, não consecutivamente e do lado do corpo não dominante,

com um adipômetro da marca (Cescorf®) validado. O valor utilizado de cada prega foi

aquele obtido através da média das 3 medidas. A prega cutânea tricipital (PCT) foi

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65

localizada no ponto médio entre o acrômio e o olecrânio com o braço direito flexionado

junto ao corpo, formando um ângulo de 90º.

Medida da pressão arterial

A pressão arterial foi medida com o aparelho oscilométrico Omron (validado por

O‟Brien, 2001), segundo o proposto pela IV Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial.

A pressão arterial para os adolescentes foi classificada segundo os critérios da Task

Force de 2004 (National High Blood Pressure Education Program Working Group on

Children and Adolescents, 2004) e para adultos, segundo o VII Joint (Chobanian, 2003).

Eletrocardiograma

O ECG padrão de 12 derivações será realizado em todos os indivíduos de acordo

com procedimento padronizado de aquisição de ECG e controle de qualidade

(Rautaharju, 1998). Especial atenção será para a posição dos eletrodos no tórax. Todos

os eletrocardiogramas serão avaliados pelo laboratório central da Disciplina de

Cardiologia da UFF e será interpretado por dois cardiologistas independentes. Uma

ficha padrão será utilizada para avaliar as variáveis eletrocardiográficas – ritmo

cardíaco, freqüência cardíaca, intervalo PR, duração do QRS, presença de área inativa,

presença de bloqueio de Ramo Esquerdo ou Direito de terceiro grau, QTc e análise de

repolarização ventricular. Nos eletrocardiogramas anormais, serão avaliadas variáveis

no ritmo (FA ou Flutter atrial), distúrbios de condução (bloqueio atrioventriculares –

BAV - de 1ºgrau, BAV de 2º grau Mobitz I, BAV de 2º grau Mobitz II, BAV de 3º grau,

bloqueio do ramo esquerdo – BRE - de 3ºgrau, bloqueio do ramo direito – BRD – de

3ºgrau, hemibloqueio anterior esquerdo – HBAE -, defeitos da condução

intraventricular), áreas inativas (presença de ondas Q patológicas, progressão pobre da

onda R nas derivações precordiais), alterações na repolarização ventricular (alterações

inespecíficas, isquemia sub-endocárdica, isquemia sub-epicárdica, strain, sobrecarga

diastólica) ou hipertrofia ventricular esquerda (utilizando o critério de Cornell

modificado, segundo Budhwani et al., 2005).

Medidas laboratoriais

Para a caracterização das alterações da glicemia, insulina, pressão arterial, peso,

massa corporal, colesterol e frações, triglicerídeos e da classificação de síndrome

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metabólica seguiremos o proposto pela I Diretriz de síndrome metabólica (2004) para

adultos e pela I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência

(2005) para crianças e adolescentes.

Métodos Estatísticos para Análise Descritiva

Os dados referentes às variáveis contínuas com distribuição normal serão

expressos em médias e desvio padrão comparados com o teste t de Student e, quando

possível, será estimada a correlação de Pearson. No caso de distribuições não

gaussianas, serão usados os testes de Mann-Whitney ou Kruskal-Wallis e o coeficiente

de correlação de Spearman. Para as variáveis dicotômicas será usado o teste do 2 com

teste exato de Fisher, quando necessário e o teste do 2 para tendência.

CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

Um estudo familiar com hipóteses genéticas geralmente se inicia com a

identificação de um grupo de casos índices (probandos) com a desordem, e a

comparação daqueles sem a desordem. Aplicando a lógica usual de um desenho caso-

controle, cada caso-índice é um caso ou controle. Aplicando a lógica usual de um

desenho de coorte, cada caso-índice define uma exposição. As coortes são compostas

dos familiares expostos a genes e ao ambiente familiar das pessoas afetadas e não

afetadas, compondo os expostos e não expostos, respectivamente. Assim o mesmo

conjunto de dados pode ser analisado como um estudo caso-controle ou um estudo de

coorte. É interessante notar que, a antecedência da exposição, quando se pretende isolar

o componente genético, está sempre garantida. Para as hipóteses relacionadas à

influencia de fatores ambientais e à interação entre fatores genéticos e familiares,

inferências causais fortes há necessidade que a antecedência da exposição em relação

ao início da doença seja claramente estabelecida no estudo (Susser et al., 1989).

Um do limites do desenho aqui adotado é que os casos são identificados em

locais onde estão sendo tratados, não representando, portando, a totalidade os casos

(Susser et al., 1989). Tal limite é minimizado com o desenho aqui proposto. No

Programa Médico de Família é feito cadastro dos moradores adscritos com coleta de

rápida história patológica pregressa. Para aqueles moradores que não são encontrados,

há o relato do familiar. A condição de hipertensão ou diabetes é identificada no

cadastro, mesmo que este morador não compareça à consulta agendada para

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confirmação do diagnóstico. Esse cadastro é que originou o “censo” a partir do qual

foram selecionados aleatoriamente os casos e controles (moradores não incluídos nos

cadastros de hipertensos e/ou diabéticos) da presente pesquisa, nos três primeiros

módulos e nos demais módulos, foram convidados todas as famílias que atendiam aos

critérios de seleção.

Esse desenho de estudo está sujeito a um viés de identificação (ascertainment

bias) pois há maior probabilidade de inclusão de índices com agregação familiar. Esse

viés deverá ser considerado na discussão dos dados pois leva à superestimação do

efeito da agregação familiar.

Outro viés a ser considerado é o de classificação, pois os atributos dependem de

fatores familiares: tamanho da família, relações biológicas com o caso índice,

distribuição das idades dos familiares, assim como a prevalência da desordem (Khoury,

1993). Para tentar minimizar esse viés, estabelecemos que seriam incluídos de um a três

filhos de cada família.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O Projeto foi submetido à comissão de Ética do Hospital Universitário Antonio

Pedro, tendo sido aprovado (CEP CMM/HUAP no 220/05) (Anexo 5).

FINANCIAMENTO E RECURSOS

O estudo recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

do Rio de Janeiro (FAPERJ) para compra de Kits para os exames bioquímicos, da

Fundação Municipal de Saúde para realização de exames de sangue e urina e foram

concedidas bolsas de estudo pela Universidade Federal Fluminense, Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e FAPERJ.

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ANEXO III: Questionário de freqüência de consumo alimentar para adolescentes

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ANEXO IV – Aprovação do Comitê de Ética

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ANEXO V: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Autorização para pesquisa

Responsável pela pesquisa: Maria Luiza Garcia Rosa

Departamento de Epidemiologia e Bioestatística Tel: 26299342

Nome do responsável:

Idade: Número da identidade:

Nome do adolescente:

Idade: Número da identidade:

Você autoriza seu filho a participar de uma pesquisa? Queremos saber se seu filho (a) tem risco de ter

algum problema cardíaco, no futuro, relacionados aos hábitos de vida e talvez, a uma herança genética

(tendência na família, que passa dos pais para os filhos).

Durante toda pesquisa, tudo vai ser explicado a você e ao seu filho. Você pode decidir se quer deixar que

ele continue ou não, em qualquer momento.

Se ele entrar na pesquisa, ele vai ter que responder a um questionário com perguntas sobre o nascimento,

a família e os hábitos de vida. Vai ter sua pressão, peso e altura medidos e vamos coletar amostras de

urina de sangue, e fazer um eletrocardiograma. A amostra de urina será utilizada para fazer exames

ligados à diabetes, hipertensão e doenças nos rins. O sangue será utilizado para medir a glicemia (açúcar

no sangue), colesterol total e frações, triglicerídeos (gorduras no sangue), insulina de jejum, teste da

tireóide, ácido úrico e outros exames, e material genético. O material genético isolado do sangue pode

indicar uma tendência a diabetes, hipertensão e problemas de coração e renais futuros. Esse sangue ficará

armazenado, sob a guarda do Laboratório do Hospital Universitário Antônio Pedro, para estudos

relacionados à diabetes, hipertensão, doenças do coração e dos rins.

Tudo que você responder pelo seu filho será mantido em segredo. As informações obtidas serão utilizadas

exclusivamente neste projeto de pesquisa sem que seu nome seja revelado e estarão disponíveis para o

participante, mesmo para aqueles que, em algum momento, decidirem sair da pesquisa. As amostras de

sangue serão codificadas para garantir o sigilo e a confidencialidade dos resultados. Após 2 anos da 1ª

visita, faremos uma 2ª visita quando todos os procedimentos serão repetidos.

O benefício esperado com este trabalho será entender melhor algumas causas da diabetes e da

hipertensão, e de algumas doenças dos rins e do coração interligadas, possibilitando a prevenção precoce

e tratamento mais eficaz.

Se você tiver alguma dúvida pode nos perguntar.

Se você, depois de ler todo esse documento, permitir que seu filho participe, por favor, assine esta folha

logo abaixo.

Sim, eu concordo que meu filho participe.

Data: ___________________________________

Assinatura ___________________________________________________

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Autorização para pesquisa

Responsável pela pesquisa: Maria Luiza Garcia Rosa

Departamento de Epidemiologia e Bioestatística Tel: 26299342

Nome:

Idade: Número da identidade:

Você quer participar de uma pesquisa? Queremos saber se você tem risco de ter algum problema cardíaco

no futuro, relacionado aos hábitos de vida e talvez, a uma herança genética (tendência na família, que

passa dos pais para os filhos).

Durante toda pesquisa, tudo vai ser explicado a você. Você pode decidir se quer continuar ou não em

qualquer momento.

Se você entrar na pesquisa, vai ter que responder a um questionário com perguntas sobre nascimento, a

família e hábitos de vida. Vai ter sua pressão, peso e altura medidos e vamos coletar amostras de urina, de

sangue, e realizar um eletrocardiograma. A amostra de urina será utilizada para fazer exames ligados à

diabetes, hipertensão e doenças nos rins. O sangue será utilizado para medir a glicemia (açúcar no

sangue), colesterol total e frações, triglicerídeos (gorduras no sangue), insulina de jejum, teste da tireóide,

ácido úrico e outros exames, e material genético. O material genético isolado do sangue pode indicar uma

tendência a diabetes, hipertensão e problemas de coração e renais futuros. Esse sangue ficará armazenado,

sob a guarda do Laboratório do Hospital Universitário Antônio Pedro, para estudos relacionados à

diabetes, hipertensão, doenças do coração e dos rins.

Tudo que você responder será mantido em segredo. As informações obtidas serão utilizadas

exclusivamente neste projeto de pesquisa sem que seu nome seja revelado e estarão disponíveis para o

participante, mesmo para aqueles que, em algum momento, decidirem sair da pesquisa. As amostras de

sangue serão codificadas para garantir o sigilo e a confidencialidade dos resultados. Após 2 anos da 1ª

visita, faremos uma 2ª visita quando todos os procedimentos serão repetidos.

O benefício esperado com este trabalho será entender melhor algumas causas da diabetes e da

hipertensão, e de algumas doenças dos rins e do coração interligadas, possibilitando a prevenção precoce

e tratamento mais eficaz.

Se você tiver alguma dúvida pode nos perguntar.

Se você, depois de ler todo esse documento, concordar em participar, por favor, assine esta folha logo

abaixo.

Sim, eu concordo em participar.

Data: ___________________________________

Assinatura ___________________________________________________

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ANEXO VI: Componentes do IQD-R

FRUTAS TOTAIS: pertencem a este grupo todas as frutas, com ou sem casca e sucos

de frutas.

FRUTAS INTEIRAS: Excluem-se os sucos das frutas. Quando o alimento tiver suco de

fruta e fruta inteira deve ser considerada a maior porção. Este componente está presente

no HEI 2005 e foi adicionado em razão do guia alimentar para os norte-americanos de

2005 sugerir que menos da metade da ingestão de frutas seja na forma de sucos.

VEGETAIS TOTAIS E LEGUMINOSAS: Pertencem a este grupo todas as verduras e

legumes além das leguminosas. As leguminosas entram neste grupo apenas quando o

grupo “carnes e leguminosas” atingir a recomendação.

VEGETAIS VERDES ESCUROS, ALARANJADOS E LEGUMINOSAS: Este

componente também está presente no HEI 2005 e foi adicionado por ser composto por

3 subgrupos de vegetais em que o consumo é mais evidenciado nos guias alimentares.

Entram nos Verdes escuros vegetais como a rúcula, beterraba, brócolis, agrião, e nos

alaranjados a abóbora, cenoura, e nas leguminosas: todos os tipos de feijões, ervilhas,

grão de bico, fava e lentilhas. As leguminosas entram neste grupo apenas quando o

grupo “carnes e leguminosas” atingir a recomendação.

CEREAIS, RAÍZES E TUBÉRCULOS: Este grupo Inclui as preparações feitas com

farinha como os pães, massas, bolos, panquecas, biscoitos,tapioca e roscas. As

principais fontes de carboidrato na alimentação do brasileiro são os grãos, como o arroz,

o trigo e o milho; os tubérculos, como as batatas; e as raízes, principalmente a

mandioca. Por esta razão, este componente se diferencia do HEI 2005, incluindo as

raízes e tubérculos no grupo dos cereais.

CEREAIS INTEGRAIS: Contam apenas aqueles que contêm o grão inteiro (farelo,

gérmen e endosperma). Exemplos incluem a farinha de trigo integral, fubá, arroz

integral, aveia, linhaça. Pães e bolos com farinha integral também são considerados.

Este componente foi mantido, como no HEI 2005, pelo guia alimentar norte-americano

especificar que mais da metade dos grãos ingeridos devem ser integrais e pela

justificativa do Guia alimentar para População Brasileira dar preferência as formas

integrais dos alimentos pela justificativa de que a manutenção do teor de vitaminas e

minerais do produto original depende do grau de processamento a que o alimento é

submetido.

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LEITE E DERIVADOS: Inclui todos os produtos derivados de leite, cabra ou búfala e

bebidas à base de soja (tais como sucos). São excluídos deste grupo as fórmulas infantis

e todos os produtos derivados de leite com alto teor de lipídios, tais como creme de leite

e manteiga.

CARNES E LEGUMINOSAS: Inclui todos os tipos de carne bovina, suína, de ovino,

de caça, aves, peixes, ovos, sementes e produtos à base de soja como tofu . As

leguminosas fazem parte deste grupo até que seja atingido o número de porções para

pontuação máxima. Quando atingido, as leguminosas passam para o grupo de vegetais

totais e vegetais verde-escuros e laranjas.

A soja é uma leguminosa que, diferentemente das demais, é composta por proteínas de

alto valor biológico, ou seja, se assemelha às proteínas de origem animal.

ÓLEOS: são incluídas as gorduras líquidas à temperatura ambiente, como os óleos

vegetais usados na culinária. Alimentos que são essencialmente óleo como maionese,

alguns molhos de salada, e alguns tipos de margarina, incluindo a margarina líquida. Se

não houver o tipo de margarina ela deverá entrar neste grupo apenas se o componente

“gordura” for menor que 80% do total de calorias. Molhos para salada entram no

componente do óleo se tiverem origem vegetal e não forem descritos como

"hidrogenados". Coberturas e molhos à base de creme de leite ou similares não entram

neste grupo. Da mesma forma, são incluídos neste grupo os óleos de peixes, de nozes e

sementes, como as gorduras do salmão e da sardinha, de amêndoas e nozes ou linhaça,

entre outros.

SoFAAS (gorduras sólidas , álcool e açúcar de adição): este grupo foi adicionado para

capturar um mix de alimentos consumidos com baixo valor nutricional, portanto, entram

todas as gorduras sólidas (tais como manteiga, banha, gorduras vegetais hidrogenadas,

molhos tipo “hidrogenado”); o álcool (calorias oriundas do álcool e do açúcar em

bebidas alcoólicas) e o açúcar adicionado em sucos, cafés, chás, etc, em refrigerantes,

sucos prontos, geléias, gelatina, alimentos prontos e processados.

Para o cálculo dos SoFAAS foram utilizadas as seguintes regras:

1. Gorduras saturadas(g) X 9 kcal/g

2. Álcool X 7 kcal/g

3. Açúcar/carboidrato de bebidas alcoólicas (cerveja e vinho) X 4 kcal/g

4. Açúcar adicionado X 4 kcal/g

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APÊNDICES

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APÊNDICE I: Lista das preparações desmembradas relacionadas ao tipo de

receita escolhida ou a média das receitas

PREPARAÇÕES DESMEMBRADAS RECEITA OU MÉDIA DAS

RECEITAS

Leite puro, com café, chocolate ou similares Média*

Lasanha Lasanha de carne

Mingau ou canjica (de maisena, milho, aveia,

cremogema, etc) Média*

Bolo simples (sem cobertura ou recheio) Bolo simples

Bolo com cobertura e/ou recheio (bolo de festa, torta de

confeitaria, bolo caseiro com cobertura) Média*

Pão doce (ou similares, como sonho, bolinho de chuva,

etc) Média*

Salgados (coxinha, esfiha, pastel, empada, quibe,

italiano, etc.) Média*

Panqueca, nhoque, torta salgada, empadão e outras

massas Média*

Macarrão cozido (com molho de tomate, alho e óleo) Média*

Pizza Pizza de mussarela

Sanduíche (como: queijo quente, misto, natural) Média*

Polenta, angu ou cuscuz salgado Média*

Farinha de mandioca ou farofa Média*

Vinho (doce e seco) Média*

*Calculada a média entre as receitas dos alimentos similares

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APÊNDICE II: Equações de Estimação Generalizadas (GEE)

O modelo de Equações de Estimação Generalizadas (Generalized Estimating

Equations – GEE) foi proposto por Liang e Zeger em 1986 visando considerar o fato

das respostas individuais não serem independentes1. O modelo leva em consideração a

natureza da correlação das respostas para corrigir as inferências. Nesse modelo, o

número de observações de cada cluster não precisa ser igual2.

Estruturas de correlação de trabalho no GEE

É necessário que se especifique a estrutura de correlação de trabalho (working

correlation), para descrever como as respostas dentro de cada cluster estão

relacionadas. Entre clusters, há o pressuposto de independência2. Há várias estruturas de

correlação e sua escolha, quando as amostras são grandes, afetam, mais as estimativas

dos erros padrões dos parâmetros do que os parâmetros propriamente ditos. Se houver

mais parâmetros a estimar que observações no conjunto de dados, o modelo fica super-

parametrizado e não há informação suficiente (estimativas válidas de parâmetros) para

serem geradas. Para evitar esse problema, a abordagem da GEE requer que cada sujeito

tenha um conjunto comum de parâmetros de correlação, o que reduz o número de

parâmetros de correlação substancialmente. Em princípio, optamos pela estrutura de

correlação não estruturada (unstructured correlation structure), em que há menos

limites nos parâmetros da correlação. Há um parâmetro de correlação para cada par de

observações dentro do cluster. A correlação entre um determinado par de membros de

uma família, por exemplo (irmão 1 e irmão 2) não é presumidamente igual à correlação

entre outro par de membros (irmão 1 e irmão 3). Ou seja, a ordem dos indivíduos na

família não é arbitrária. Como em outras estruturas de correlação, o mesmo conjunto de

parâmetros de correlação é usado para cada cluster. O número de parâmetros na

estrutura de correlação não estruturada é igual a n(n-1)/2 2.

Componentes do GEE

O GEE é uma extensão dos modelos lineares generalizados, para dados

correlacionados. As estimativas no GEE têm propriedades assintóticas: quando o

número de clusters é grande, as estimativas dos parâmetros sã consistentes e têm

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distribuição normal. No GLM e, por extensão no GEE, há três tipos de componentes: a)

componente aleatório, que é a variável resposta; b) o componente sistemático, que é

combinação das variáveis explicativas incluídas no modelo como uma função linear dos

parâmetros (0 + h + X h) e 3); c) a função de ligação que é a função da média da

resposta g(µ), modelada linearmente em relação aos parâmetros da regressão – serve

para ligar a média da resposta aleatória e o conjunto de parâmetros lineares fixos 2.

Função de ligação no GEE

A escolha da função de ligação depende função de distribuição. Quando esta

apresenta distribuição normal, a variância é constante e a função de ligação é a

identidade; quando é binomial ou polinomial, é o logito. Para se chegar a estimativas

consistentes dos parâmetros, é necessário se especificar corretamente o modelo GEE: a

correta especificação da função de ligação e o uso das corretas co-variáveis, além da

correta estrutura de correlações de trabalho. Quanto menor a variância – cuja variação

depende da especificação da estrutura de correlação – mais eficientes serão os

estimadores. Os intervalos de confiança da estimativa dos parâmetros são

assintoticamente normais 2.

Estimadores da variância das estimativas dos parâmetros no GEE

Para a construção dos intervalos de confiança é necessário estimar a variância da

estimativa dos parâmetros (não confundir com a estimativa do variável resposta). No

caso do GEE, há dois tipos de estimadores de variância: a) baseados no modelo e b)

empíricos. A escolha irá interferir basicamente na variância dos parâmetros estimados.

Os estimadores empíricos da variância fazem uso da estrutura de correlação de trabalho,

assim como os estimadores baseados no modelo, mas também usam as correlações

observadas entre as respostas nos dados. Provêem uma estimativa consistente da

variância mesmo se a estrutura de correlação de trabalho não for bem especificada. Por

essas duas últimas características descritas, optamos pelos estimadores empíricos da

variância nesse trabalho 2.

Testes estatísticos no GEE

Para os modelos GEE, a significância estatística dos modelos é testada através

do Score Test especificamente desenhado (Score like equations) e do teste Wald, que

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pode ser usado uma vez que as estimativas dos parâmetros são assintoticamente normais

2.

Parâmetros estimados no GEE

No GEE, estimam-se três tipos de parâmetreos: a) os parâmetros de regressão

(), que expressam a relação entre os preditores e os resultado; b) os parâmetros de

correlação (), que expressam as correlações dentro do cluster e c) o fator de escala

(), que considera a superdispersão ou subdispersão da resposta. A superdispersão

indica que os dados estão mostrando mais variação na variável resposta que a assumida

pelo modelo da relação média-variância 2.

Interpretando os resultados do GEE

O método GEE não explicita o modelo de variação entre clusters. Ele enfoca e

estima a similaridade dos resíduos intra-cluster e utiliza essa correlação estimada, para

reestimar os parâmetros de regressão e para calcular os erros padrão. Uma vez que o

GEE não contém termos explícitos para a variação entre clusters, os parâmetros

estimados referem-se ao intra-cluster, e não permitem a interpretação “mantendo os

outros fatores constantes” 3.

Diversos autores têm utilizado esta técnica em estudos familiares para observar o

efeito relações entre indivíduos, considerando o efeito das correlações inter-cluster, ou

familiares 4-9

. É preciso relembrar que esta técnica corrige a variância da estimativa

pontual na presença de cluster familiar.

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