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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO CURSO DE TURISMO MARINA ZANETTE SANDRINI POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS-RJ APÓS A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DO ANO DE 2008 UM RECORTE ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2012 NITERÓI 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO

CURSO DE TURISMO

MARINA ZANETTE SANDRINI

POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE RIO DAS

OSTRAS-RJ APÓS A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DO ANO DE

2008 – UM RECORTE ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2012

NITERÓI

2012

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MARINA ZANETTE SANDRINI

POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE RIO DAS

OSTRAS-RJ APÓS A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DO ANO DE

2008 – UM RECORTE ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2012

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial de avaliação para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientador - Prof. D. Sc. Aguinaldo César Fratucci

NITERÓI

2012

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS-RJ

APÓS A CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DO ANO DE 2008 – UM

RECORTE ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2012

POR

MARINA ZANETTE SANDRINI

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial de avaliação para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

_____________________________________________________________

Prof. D. Sc. Aguinaldo César Fratucci – Orientador

______________________________________________________________

Profª M.Sc. Manoela Carrillo Valduga – convidada UFF

__________________________________________________________

Profª M.Sc. Fátima Priscila Morela Edra

Niterói, 07 de março de 2013.

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À Meg, pelos 16 anos de companheirismo

e alegria.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Profº. Aguinaldo Fratucci, pelo conhecimento

disponibilizado, pelas palavras de incentivo e pela paciência durante a elaboração

dos projetos de pesquisa e durante toda a elaboração deste trabalho final.

A Profº. Erly pela eficiência e eficácia durante a elaboração do trabalho e por

todas as horas disponibilizadas para a análise cuidadosa de cada parágrafo.

A todo corpo docente da Universidade Federal Fluminense, que ajudou na

formação e no amadurecimento das minhas ideias e conhecimentos.

Aos amigos que fiz ao longo da faculdade, que partilharam os momentos de

alegria e os de dificuldade, e que tornaram esses quatro anos mais alegres e

prazerosos.

Ao meu namorado Carlos, que sempre apoiou minhas decisões acadêmicas,

sempre acreditou no meu potencial e esteve ao meu lado em todos os momentos

desde o início desta jornada.

A Malu e Pretinha, que fazem os meus dias sempre mais alegres.

A Meg (in memorian), que foi uma companheira fiel por 16 anos.

Aos meus pais que me ensinaram todos os valores e me proporcionaram tudo

para que esse momento acontecesse. Agradeço pelos conselhos, broncas, carinho e

amor. A eles devo tudo o que conquistei e pretendo conquistar.

A todos, muito obrigado.

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RESUMO

O presente trabalho analisa as políticas públicas e ações direcionadas para o setor de turismo no município de Rio das Ostras - RJ entre os anos de 2009 e 2012, após a realização da I Conferência Municipal de Turismo que objetivava a criação de um Conselho de Turismo. Buscou-se entender porque o Conselho Municipal de Turismo não estava atuando e quais as políticas públicas de turismo do município de Rio das Ostras foram efetivadas no período citado. Como metodologia para a construção deste trabalho foram utilizadas: revisão bibliográfica acerca dos conceitos de políticas públicas de turismo e gestão pública do turismo; pesquisa exploratória e documental; e pesquisa de campo com realização de entrevista semiestruturada com o Diretor do Departamento de Turismo da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio do município de Rio das Ostras. Foi observado que o município não avançou no desenvolvimento de ações destinadas ao turismo, o Conselho Municipal de Turismo não foi de fato promulgado e que a prioridade do poder público municipal no que diz respeito ao turismo é o investimento na realização de eventos. Houve, portanto, uma estagnação nas políticas e ações destinadas ao turismo. Após as pesquisas foi constatado que o município carece de políticas públicas destinadas especificamente para a atividade, necessita elaborar um plano diretor de turismo e estabelecer um processo de planejamento estratégico que atenda as suas especificidades e colabore no desenvolvimento do turismo incluindo seus eventos principais.

Palavras-Chaves: Turismo. Políticas públicas de turismo. Conselho Municipal de

Turismo. Rio das Ostras,RJ.

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ABSTRACT

This study analyzes the public policies and actions directed to the tourism sector in Rio das Ostras - RJ between the years 2009 and 2012, after the completion of the First Conference Municipal of Tourism which aimed to create a Tourism Council. We sought to understand why the Municipal Tourism Council was not acting and what public policies of tourism of Rio das Ostras were executed in the mentioned period. The methodology used for the construction of this study were: literature review about the concepts of public policy and public management of tourism; exploratory research and documentation, and field research with semistructured interview with the Director of the Department of Tourism from the Secretary of Tourism, Industry and Commerce of the municipality of Rio das Ostras. It was observed that the municipality did not advance in the development of actions aimed at tourism, the Municipal Tourism Council was not enacted and that the priority of municipal government with regard to tourism is invest in events. Therefore, there was a stagnation in the policies and actions aimed at tourism. After research it was found that the city lacks public policies designed specifically for the activity, is needed to draw up a master plan for tourism and establish a strategic planning process that meets their specific and collaborate in the development of tourism including its main events. Key-Words: Tourism, Public touristic policy, Municipal Tourism Council; Rio das

Ostras,RJ

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LISTA DE SIGLAS

ABAV Associação Brasileira de Agências de Viagens

ABCRO Associação de Blocos Carnavalescos de Rio das Ostras AESBCRO Associação de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de

Rio das Ostras

BRITE Brazil International Tourism Exchange

CNTur Conselho Nacional de Turism

EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de

Janeiro

PIB Produto Interno Bruto

PNMT Programa Nacional de Municipalização do Turismo

PNT Política Nacional de Turismo

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRT Programa de Regionalização do Turismo

SEMTIC Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 TURISMO: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO PÚBLICA E CONSELHOS

MUNICIPAIS ................................................................................................... 13

2.1 POLÍTICA PÚBLICA DE TURISMO .................................................................... 13

2.1.1 Políticas públicas de turismo no Brasil ....................................................... 16

2.2 GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO ..................................................................... 18

2.2.1 Conselhos municipais de turismo ............................................................... 20

3 RIO DAS OSTRAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO ...... 24

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ................................................................. 24

3.2 TURISMO EM RIO DAS OSTRAS: INVESTIMENTOS EM EVENTOS............... 27

3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO EM RIO DAS OSTRAS ENTRE OS ANOS

DE 2009 E 2012 ............................................................................................. 35

3.3.1 Aspectos legais ............................................................................................. 36

3.3.2 Planejamento Orçamentário ......................................................................... 40

3.3.3 Ações da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio - 2009 e 2012 ...... 42

3.3.4 I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras ............................. 44

3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 46

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52

APÊNDICE A - ENTREVISTA .................................................................................. 55

ANEXO A – REGIMENTO INTERNO DA I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE

TURISMO EM RIO DAS OSTRAS ................................................................. 63

ANEXO B – PROGRAMAÇÃO DA I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DE

RIO DAS OSTRAS ......................................................................................... 69

ANEXO C – PESQUISA DO PERFIL DO TURISTA ................................................. 70

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é internacionalmente reconhecido como um importante destino

turístico, o que, entretanto, não significa que o turismo no país seja gerido de

maneira eficiente. No que tange as políticas governamentais destinadas à

regulamentação da atividade turística e da gestão pública do turismo, seja no âmbito

federal, estadual ou municipal, o país ainda engatinha se comparado a diversos

outros.

Há muito pouco tempo, se comparado a outros países, o Brasil passou a criar

documentos que estabelecem diretrizes para a formulação de políticas públicas para

ordenar a atividade turística. Somente a partir da década de 1990 que, através do

modelo de gestão descentralizada, é permitido e incentivado aos municípios o

investimento no turismo.

O presente trabalho busca analisar as políticas públicas e ações de turismo a

nível municipal, esclarecendo a atuação do governo federal e a importância dos

programas de desenvolvimento do turismo. Para tanto, foi utilizado um destino

inserido na categoria de sol e praia, emblemática para Brasil, como objeto empírico

de análise e estudo.

O município de Rio das Ostras, escolhido para análise, não foi selecionado à

revelia ou de maneira aleatória. No final do ano de 2008 o município deu um

importante passo para o desenvolvimento do planejamento na localidade, realizando

a I Conferência Municipal de Turismo, com o objetivo maior de criar um Conselho de

Turismo.

Rio das Ostras é um município balneário, com alto índice de crescimento

populacional devido à sua proximidade das zonas produtoras de petróleo das

cidades de Macaé e Campos e, da capital fluminense, Rio de Janeiro. Localizado na

parte norte da Região dos Lagos, o município atrai um número expressivo de turistas

na época de alta temporada e tenta burlar a sazonalidade com investimentos em

eventos na baixa temporada.

Entretanto, após a realização da I Conferência Municipal de Turismo de 2008,

não foi documentada nenhuma ação que se referisse ao Conselho, gerando a

motivação para esta pesquisa.

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Este trabalho buscou, portanto, responder ao seguinte questionamento: por

que o Conselho Municipal de Turismo não estava atuando após o ano de 2008 e

quais as políticas públicas de turismo implementadas pelo município de Rio das

Ostras entre os anos de 2009 e 2012?

Para responder a tal questão foi traçado como objetivo geral: identificar e

analisar as políticas públicas de turismo em Rio das Ostras entre os anos de 2009 e

2012 e verificar a atuação do Conselho Municipal de Turismo neste período.

Para atender a esse objetivo foi preciso estabelecer objetivos específicos:

analisar a I Conferência Municipal de Turismo em Rio das Ostras; estudar o

processo de formação do Conselho Municipal de Turismo; identificar o motivo pelo

qual não foi encontrada nenhuma ação do Conselho; identificar as políticas públicas

de turismo do município entre os anos de 2009 e 2012; e, avaliar se as ações

realizadas pela prefeitura estão de acordo com as políticas públicas de turismo do

município.

A metodologia utilizada para a construção deste trabalho foi a revisão

bibliográfica acerca dos conceitos de políticas públicas de turismo em seu aspecto

geral e como se deram no Brasil, conceitos de gestão pública do turismo e a

importância da formação dos conselhos municipais de turismo; pesquisa exploratória

e documental; e, entrevista semiestruturada com o Diretor do Departamento de

Turismo da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio do município de Rio das

Ostras.

O recorte do período entre os anos de 2009 e 2012 se deu por ser

subsequente à realização da I Conferência Municipal de Turismo e por buscar os

impactos diretos da formação do conselho municipal de turismo.

A estruturação da análise e dos resultados desta pesquisa foi feita em quatro

capítulos. O primeiro capítulo compreende essa introdução que aborda a

problemática, sua relevância e a metodologia utilizada para a pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica desenvolvida. Nele são

expostos os conceitos de políticas públicas de turismo e um breve histórico de como

elas foram institucionalizadas no Brasil, a gestão pública do turismo e a importância

da formação dos conselhos municipais de turismo.

O terceiro capítulo apresenta e contextualiza o município de Rio das Ostras,

aborda seus principais atrativos e a atual estratégia de investimentos em eventos

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como forma de conter a sazonalidade, apresenta as políticas públicas de turismo

atuais e a análise dos resultados da pesquisa.

No quarto e último capítulo são apresentadas as considerações finais, em que

são analisadas as ações da prefeitura e sugeridas alterações para um

desenvolvimento mais eficaz do turismo no município.

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2 TURISMO: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO PÚBLICA E CONSELHOS MUNICIPAIS

A atividade turística tem grande importância para todo e qualquer local na

qual está inserida. Economicamente é capaz de modificar significativamente

municípios, estados e até países, como descreve Alexandre:

A atividade turística é entendida como um fator importante para qualquer economia local, regional ou nacional, pois o movimento constante de novas pessoas aumenta o consumo, incrementa as necessidades de maior produção de bens, serviços e empregos e consequentemente, a geração de maiores lucros, que levam o aumento de riquezas pela produção da terra, pela utilização dos equipamentos de hospedagem e transporte e pelo consumo ou aquisição de objetos diversos, de alimentação e de prestação dos mais variados serviços. (ALEXANDRE, 2003, p.6)

No entanto, o turismo pode apresentar também, efeitos negativos inerentes a

qualquer ação no qual esteja inserido. São esses efeitos negativos que geram os

problemas causados pela atividade turística não organizada e que mais afetam as

populações locais e um dos principais fatores que podem acarretar sua

deteriorização no município. De acordo com Cruz (2001) é essa falta de organização

e ordenamento do processo de desenvolvimento turístico que gera o caos urbano,

consequência da omissão histórica do ordenamento turístico no país, sobretudo nos

municípios litorâneos que sofrem nos períodos de alta temporada.

Desse modo, para que os referidos efeitos negativos sejam minimizados ou

anulados, se faz extremamente necessário o desenvolvimento de um planejamento

estratégico consistente e eficaz que possa alcançar todos os objetivos a que se

propõe. E, quando abordamos a temática do planejamento turístico e da evolução do

turismo em determinados municípios, é necessário que falemos primeiramente das

políticas públicas para o turismo a nível federal e municipal e como elas interferem

nas vidas dos cidadãos que vivem nos municípios.

2.1 POLÍTICA PÚBLICA DE TURISMO

É de conhecimento geral que o turismo possui um grande efeito multiplicador

de divisas, que é multifacetado e que agrega e movimenta diversos setores. Sabe-se

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também que, quando inserido em uma comunidade, esta se encontra diretamente

relacionada a ele.

Para que a interação entre a atividade turística e a comunidade local ocorra

de forma proveitosa e produtiva, é preciso que o governo assuma a efetivação de

algumas medidas técnicas e políticas que direcionem e organizem o processo de

desenvolvimento turístico local. Para tanto é preciso a instituição de políticas

públicas adequadas à situação.

Primeiramente, deve-se entender do que se trata uma política pública. De

uma forma mais simplista, Dias (2003, p. 121) a define “como o conjunto de ações

executadas pelo Estado, enquanto sujeito, dirigidas a atender às necessidades de

toda a sociedade”. O autor afirma ainda que “embora a política possa ser exercida

pelo conjunto da sociedade, não sendo uma ação exclusiva do Estado, a política

pública é um conjunto de ações exclusivas do Estado”.

Já Hall (2001, p. 26), citando Dye (1992, p.2), define política pública como

sendo “tudo o que o governo decide fazer ou não”. O autor ressalta que esta

afirmação é importante, visto que a inação do governo seria também uma política.

Considerando-se então que políticas públicas seriam as ações do Estado,

exclusivas deste, aquelas destinadas especificamente ao ordenamento e a

regulação do setor turístico seriam as políticas públicas de turismo. Para Cruz (2001,

p.40)

Uma política pública de turismo pode ser entendida como um conjunto de intenções, diretrizes e estratégias estabelecidas e/ou ações deliberadas, no âmbito do poder público, em virtude do objetivo geral de alcançar e/ou dar continuidade ao pleno desenvolvimento da atividade turística num dado território.

Para a autora o objetivo das políticas públicas de turismo seria estabelecer

metas e diretrizes que orientem o desenvolvimento da atividade no local em que ela

está inserida, tanto no que tange a esfera pública quanto à iniciativa privada. “Na

ausência da política pública, o turismo se dá à revelia, ou seja, ao sabor de

iniciativas e interesses particulares” (CRUZ, 2001, p. 9).

Para Beni (2008), a noção de políticas públicas de turismo vai além das ações

do poder público para com o turismo. Seriam então, segundo o autor, diretrizes que

norteiam os caminhos para se alcançar um objetivo, incluindo neste pensamento

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não só o Estado, mas também a iniciativa privada com importante papel para o

sucesso da empreitada.

Beni inclui ainda em seu pensamento que a política é a sustentação do

planejamento, do plano, projetos e programas, estratégias e investimentos para o

desenvolvimento do turismo:

A política de turismo é a espinha dorsal do “fomentar” (planejamento), do “pensar” (plano), do “fazer” (projetos, programas), do “executar” (preservação, conservação, utilização e ressignificação dos patrimônios natural e cultural e sua sustentabilidade), do “reprogramar” (estratégia) e do “fomentar” (investimentos e vendas) o desenvolvimento turístico de um país ou de uma região e seus produtos finais. (BENI, 2008, p.177)

Seguindo o pensamento do autor, existiriam três condicionantes para que os

programas da política de turismo fossem bem aplicados: o fator cultural, o social e o

econômico. Deste modo, as políticas deveriam condicionar-se a: preservar o

patrimônio cultural, incluindo o patrimônio histórico, artístico e natural; incentivar as

relações sociais e suas manifestações; e dinamizar ações para investimentos no

setor (BENI, 2008, p.178).

Ainda que a construção de políticas seja condicionada a fatores estruturantes,

como sugere Beni, de acordo com Ferraz o governo pode vir a intervir para além da

formulação de bases para políticas eficientes no setor:

A intervenção estatal pode ocorrer sob modalidades diversas, passíveis de serem agrupadas como participação, indução e controle. Participação é a modalidade intervencionista em que o Estado exerce atividade econômica, explorando, por exemplo, uma companhia aérea ou um hotel; indução é a forma em que o Estado tenta orientar o comportamento dos agentes de mercado, criando, por exemplo, estímulos para certos investimentos; controle é a maneira em que o Estado regula a forma pela qual a iniciativa privada poderá explorar determinada atividade econômica, como a de agência de viagens. (FERRAZ, 2001, p.18)

No caso do Brasil, Ferraz (2001, p.18) afirma que as modalidades de indução

e controle são aquelas que vêm ocorrendo mais sistematicamente como forma de

intervenção estatal no turismo, enquanto a modalidade de participação vem

ocorrendo esporadicamente.

O Estado é, então, responsável por fornecer as diretrizes para a criação das

políticas que nortearão o planejamento, os planos, as ações e os programas, mas

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deve obedecer a condicionantes e oferecer estímulos para investimentos na

atividade.

2.1.1 Políticas públicas de turismo no Brasil

O surgimento de políticas públicas de turismo no Brasil se deu tardiamente.

Segundo Cruz (2001, p.40), foi somente a partir de 1966 que, através do Decreto-lei

55, houve a primeira instituição de uma política nacional de turismo no país.

No entanto, a autora afirma que outras políticas foram implementadas pelo

governo federal para a atividade no período que compreende os anos de 1938 a

1966. Ainda que se restringissem, basicamente, a regular a atividade de venda de

passagens aéreas, marítimas e terrestres, de acordo com a autora foram os

primeiros registro legais da atividade turística no país.

Este período compreende a primeira fase da divisão criada por Cruz para

podermos compreender o histórico das políticas de turismo no Brasil. Esta seria a

fase “pré-histórica jurídico institucional” (CRUZ, 2001, p.42). A segunda fase seria o

período compreendido entre os anos de 1966, a partir da promulgação do Decreto-

lei 55, até 1990, em sua revogação. A terceira e última fase se dá a partir de 1991

até dos dias atuais.

No ano de 1966 o Decreto-lei 55 de 18 de novembro é promulgado, alterando

a estrutura e as regulamentações para o setor turístico. É criado o Conselho

Nacional de Turismo – CNTur, a Empresa Brasileira de Turismo EMBRATUR e é

definida a política nacional de turismo. “É a partir do Decreto 55/66 que o turismo

começa a ser reconhecido como uma atividade, capaz de contribuir para a

atenuação dos desníveis regionais que caracterizavam a nação” (CRUZ, 2001,

p.49). É a partir deste momento também que o turismo é equiparado à indústria.

Segundo Fratucci (2006, p.3), a atividade turística passa então a ser

regulamentada por uma série de instrumentos legais até o ano de 1988:

Nesse período, é desenvolvido todo um sistema de instrumentos legais para regulamentação da atividade turística, representada por deliberações normativas editadas pela Embratur e por resoluções normativas do CNTur. Esse sistema de regulação do turismo no país será praticamente extinto pelo decreto-lei 2.892 de 1988, assinado pelo presidente José Sarney, que de maneira direta declarava livre a atividade turística no país, deixando sua

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regulação para o próprio mercado, conforme ditava o modelo neoliberal da época.

A terceira fase inicia-se com o governo Collor (1990-1992). O setor sofre

algumas modificações estruturais bastantes significativas: o CNTur é extinto e a

Embratur passa a ser denominada Instituto Brasileiro de Turismo. Esta passa a

assumir “a função de formular, coordenar e fazer executar a política nacional de

turismo” (FRATUCCI, 2006, p.4) e tem sua sede transferida da cidade do Rio de

Janeiro para o Distrito Federal.

A política nacional de turismo implementada no governo de Fernando

Henrique Cardoso (1995-1998) é considerada por Cruz (2001, p. 62) “o mais

completo e detalhado documento” proposto para a ordenação do setor. Esta política

é orientada por quatro macroestratégias:

Estrategicamente a Política Nacional de Turismo é orientada por quatro macro-estratégias: a primeira voltada para o ordenamento, desenvolvimento e promoção da atividade pela articulação entre o governo e a iniciativa privada; a segunda destinava-se à qualificação dos recursos humanos envolvidos no setor; a terceira compunha-se pela descentralização da gestão turística por intermédio do fortalecimento dos órgãos delegados estaduais, municipalização do turismo e terceirização de atividades para o setor privado; a quarta macro-estratégia previa a implantação de infra-estrutura básica e infra-estrutura turística adequada às potencialidades regionais. (FRATUCCI, 2006, p.4)

No ano de 1994 é criado o Programa Nacional de Municipalização do Turismo

(PNMT), destinado à consolidação do novo modelo de gestão descentralizada do

turismo, atendendo a terceira macroestratégia da Política Nacional de Turismo 1995-

1998. O programa possuía cinco princípios norteadores: descentralização,

sustentabilidade, parcerias, mobilização e capacitação (FRATUCCI, 2006).

No ano de 2003 foi criado o Ministério do Turismo e a Secretaria Nacional de

Políticas de Turismo, responsável pela elaboração do Plano Nacional de Turismo

2003-2007, que alterou a visão de municipalização do turismo e propôs um modelo

baseado em parcerias e gestão descentralizada baseado na escala regional. Deu-se

então o processo de regionalização do turismo, que mais tarde tornou-se um

programa, no qual os municípios eram agrupados por proximidade e similaridade.

A Embratur também sofreu alterações a partir de 2002, passando a ser

responsável exclusivamente pelas ações de promoção do Brasil no exterior e pela

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criação de novos produtos e roteiros turísticos. O Conselho Nacional de Turismo é

recriado no mesmo ano e passa a ser encarregado de “propor diretrizes, oferecer

subsídios e contribuir para a implementação do Plano Nacional de Turismo” (BENI,

2006, p. 29).

Em 2007 é lançado o Plano Nacional de Turismo 2007-2010, que mantém o

modelo de gestão descentralizada e aborda a atividade turística como indutora do

desenvolvimento e da geração de emprego e renda no país. Através de oito

macroprogramas, dentre os quais destacam-se o fomento à iniciativa privada, a

infraestrutura pública e a logística de transporte, o plano mantém a regionalização

do turismo e visa desenvolver e fortalecer o mercado interno turístico (MINISTÉRIO

DO TURISMO, 2007, p.58).

Após o ano de 2010 é apresentado pelo CNTur o Documento Referencial do

Turismo no Brasil 2011-2014, que fornece o diagnóstico do setor, cria possíveis

cenários e estabelece as diretrizes e bases para a formulação do novo plano

nacional de turismo. O documento mantém as propostas de macroprogramas

presentes no Plano 2007-2010, apresentando dados de significativa relevância de

acordo com as alterações após a implantação Plano. Até o momento atual o Plano

Nacional de Turismo 2011-2014 não foi sancionado pelo Ministério do Turismo.

2.2 GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO

As políticas públicas, como dito anteriormente, podem ser consideradas as

diretrizes para o estabelecimento de um planejamento estratégico e de um plano a

fim de atingir um objetivo. O planejamento estratégico, portanto, tem um papel

fundamental no desenvolvimento da atividade turística, visto que se ele for

inexistente as políticas públicas serão inúteis.

Para compreendermos como se dá a gestão pública do turismo no Brasil é

preciso compreender primeiramente o conceito de planejamento. Existem diversas

vertentes que descrevem o planejamento e seus desdobramentos práticos e

teóricos.

Petrocchi (2009, p.17) afirma que é o planejamento o responsável por

estabelecer diretrizes “para as demais funções do ciclo administrativo, que são

organizar, liderar e controlar”. Hall (2001, p.24) descreve o planejamento como

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sendo “um tipo de tomada de decisões e elaboração de políticas”. Mas ainda

segundo o autor, “ele lida, entretanto, com um conjunto de decisões

interdependentes ou sistematicamente relacionadas e não com decisões individuais.

Planejar é, portanto, apenas uma parte de um processo global de ‘planejamento-

decisão-ação’”.

Ao transportar esses conceitos para o setor turístico é possível cair em

contradição. Como sugere Hall (2001, p. 29), “as exigências de planejamento

turístico e de intervenção do governo no processo de desenvolvimento são

respostas típicas aos efeitos indesejados do desenvolvimento no setor”, dessa forma

a necessidade de planejamento só se daria após os impactos relativos à atividade, e

não antecedendo a ação.

Ainda segundo Hall, o planejamento turístico não é uma panaceia para todos

os males, mas pode minimizar impactos negativos e maximizar o retorno econômico.

Por isso, é preciso compreender como o Estado gere o desenvolvimento do turismo

e qual é o seu papel e atuação sobre o setor.

A partir de meados da década de 1980, o Brasil, passando pelo processo de

redemocratização, adotou um modelo de gestão neoliberal. O turismo também

passou por modificações institucionais e estruturais significativas neste período. Mas

foi no ano de 1994, com a instituição da Política Nacional de Turismo que se deu a

institucionalização do modelo de gestão descentralizada do turismo:

a Política Nacional de Turismo – PNT (1996 – 1999) foi regida tanto pela lógica neoliberal de atração de investimentos como pelo discurso da participação da sociedade. O Programa de Municipalização do Turismo - PNMT e a PNT apresentaram-se dentro de uma concepção de descentralização utilizando-se das formas de participação cidadã previstas na Constituição de 1988. (FRATUCCI ET TRENTIN, 2011, p. 840)

Como já citado neste trabalho, no ano de 1994 foi lançado o PNMT, que deu

início ao processo de descentralização do turismo. Aquele programa visava fomentar

o turismo sustentável nos municípios brasileiros. Para tanto era necessário

conscientizar e envolver a comunidade local e incentivar a gestão municipal a atuar

de modo mais eficiente em conjunto com representações dos segmentos que

estariam envolvidos diretamente com o turismo. Basicamente o programa visava dar

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20

condições para que os municípios se estruturassem turisticamente e alavancassem

parcerias público-privadas para investimentos no setor.

Mais tarde, no ano de 2003, o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva

implementou uma nova política para o turismo “com o intuito de promover o

desenvolvimento das regiões turísticas do Brasil” (MINISTÉRIO DO TURISMO,

2007, p.9). O Ministério do Turismo, criado naquele ano, elaborou documentos

técnico-operacionais que forneciam instruções para a implementação do Programa

de Regionalização do Turismo (PRT). A partir desses dados era possível que cada

região identificasse o seu estágio de desenvolvimento e iniciasse, através da criação

de diretrizes, o processo de regionalização.

Pelas suas características o PRT foi elevado à categoria de programa estruturante e transversal à todas as ações previstas pelo PNT. Sua proposta estabelecida pelas ações descentralizadas estava focada em parceiras, nas quais os municípios, os estados e a sociedade civil organizada assumiam o papel fundamental no desenvolvimento em suas etapas. Estrategicamente o programa foi estruturado a partir de três diretrizes políticas específicas: gestão coordenada, planejamento integrado e participativo e promoção e apoio à comercialização (BRASIL, 2004 apud FRATUCCI et TRENTIN, 2011, p.842)

As diretrizes para os planos nacionais de turismo que se seguiram, o Plano

Nacional de Turismo 2007-2010 e o Documento Referencial 2011-2014, mantiveram

o programa de regionalização como política de desenvolvimento do turismo interno e

externo, como meio de indução para o desenvolvimento econômico das regiões e

para a diminuição das desigualdades regionais.

O modelo de gestão descentralizada também permaneceu como “estratégia

necessária para implementar a Política e o Plano Nacional de Turismo”

(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 60) durante esse período. E de acordo com o

Documento Referencial 2011-20141, “a gestão descentralizada tem permitido somar

esforços, recursos e reunir talentos em favor da atividade turística, envolvendo,

direta e indiretamente, instituições públicas e privadas, vinculadas ao setor em todo

o País”.

No modelo neoliberal existente hoje no Brasil, a intervenção direta do Estado

é mínima e a descentralização permite aos municípios e regiões guiar suas ações e

1 Ibidem

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21

seus meios para gerir o turismo. O papel do Estado, através de seus órgãos

administrativos, é somente dar bases jurídicas e fomentar os investimentos no setor,

permitindo o desenvolvimento de planejamentos sustentáveis adequados e planos

condizentes com cada instância.

2.2.1 Conselhos municipais de turismo

A partir de 1994, através da implantação do PNMT e do início da gestão

descentralizada do turismo, os municípios passaram a ter maior controle e maiores

responsabilidades sobre o desenvolvimento da atividade turística em seu território.

O programa sugeria que, na instância municipal, houvesse a criação do

conselho municipal de turismo como forma de integração da comunidade local e do

poder público em prol do sucesso da atividade:

A busca da articulação de uma visão sistêmica do setor, trazendo a iniciativa privada, as organizações civis e a própria comunidade para participar das discussões estratégicas do setor, através da implantação de conselhos municipais de turismo, pode ser entendida como uma mudança de rumo estrutural e processual, não pragmática, que inseriu novas posturas aos gestores públicos e privados do turismo brasileiro. (FRATUCCI, 2006, p. 4)

O PRT, criado posteriormente, considera ainda que a criação de um órgão

municipal de turismo, que poderia ser uma secretaria de turismo ou um

departamento, independente de sua configuração, estivesse vinculada a um

colegiado local (conselho). Seria, portanto, a permanência da necessidade de um

órgão que reúna, em uma rede de colaboração, um conjunto de atores municipais.

O Conselho Municipal de Turismo, segundo Ignarra (2003, p. 94), “tem como

responsabilidade acompanhar a execução do plano, resolvendo as pendências

existentes entre as tarefas de organismos diferentes, avaliando a eficácia dessas

ações em confronto com as demais necessárias e corrigindo seu rumo, quando

necessário”.

Segundo a descrição do Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros

do Brasil: Ação Municipal para a Regionalização do Turismo, o Conselho proposto

pelo Programa de Municipalização seria o

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22

órgão da Administração Municipal de caráter consultivo e deliberativo que conjuga esforços entre o poder público e a sociedade civil, para assessorar o município em questões referentes ao desenvolvimento do turismo. É por meio do Conselho Municipal de Turismo que a comunidade, representada por seus diversos segmentos, participa da elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007, p.19)

O Guia Prático para Dirigentes Públicos Municipais de Turismo do documento

de Orientação para Gestão Municipal do Turismo do estado do Paraná (PARANÁ,

2008, p.45 e 46) considera que algumas das atribuições de um conselho municipal

de turismo são: criar e estimular ações para o desenvolvimento sustentável do

turismo, estar presente no planejamento, administração e fiscalização da atividade

no município, deliberar sobre a importância das ações e suas prioridades, executar

as ações, acompanhar o desenvolvimento das ações, identificar e orientar os

investimentos na atividade, entre outros.

O documento supracitado descreve como importante a criação do conselho,

pois este pode estimular o desenvolvimento do turismo na localidade e incentivar a

participação da comunidade em sua organização; abarcar diferentes pontos de vista

e direcionar as ações pertinentes, compartilhar responsabilidades pelo

desenvolvimento do turismo, assegurar ações democráticas e participativas,

identificar as potencialidades, colaborar na elaboração do plano municipal, planejar,

ordenar e fomentar ações (PARANÁ, 2008, p.45 e 46).

De acordo com a descrição do material de regionalização que relata as ações

do PNMT, seus documentos sugerem que o Conselho seja de caráter consultivo ou

deliberativo. Entendemos que seja preciso esclarecer a diferença entre essas duas

formas de atuação, visto que são contrárias.

O conselho consultivo é aquele que apenas propõe ações de mudanças,

intervenções e programas para o poder público municipal e cabe a este acatar ou

não. O conselho deliberativo, como o próprio nome esclarece, tem poderes maiores,

pode deliberar sobre a criação de programas, ações e investimentos, ou seja, tem

autonomia decisória. É importante considerar estas diferenças, pois a forma de

constituição de um conselho ao ser elaborado pode fazer com que o poder público

não o legitime e impeça sua atuação posteriormente.

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23

A existência dos conselhos municipais, portanto, ainda se faz necessária.

Embora o programa que priorize a atuação exclusivamente municipal tenha sido

extinto, o processo de regionalização reconhece a importância do órgão tanto no

que se refere à representação comunitária local quanto na sua influência para o

desenvolvimento da atividade turística.

A elaboração de políticas destinadas ao turismo, o planejamento e a ação

descentralizada que permite ao município tomar decisões próprias são, dessa

maneira, condições essenciais para a execução da atividade turística com baixos

índices de efeitos negativos do turismo. O governo federal, através de seus

programas de desenvolvimento do turismo, cria bases para uma estruturação

eficiente a nível municipal.

Municípios como Rio das Ostras, localizados em região balneária, são

naturalmente turísticos e podem sofrer sequelas das quais jamais se recuperarão se

não houver um planejamento e a aplicação de intervenções do poder público para

que a atividade turística seja bem estruturada. Por isso, a importância do estudo que

estamos tratando no próximo capítulo.

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3 RIO DAS OSTRAS: ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO

Emancipado do município de Casimiro de Abreu em 1992, o município de Rio

das Ostras é uma das cidades do litoral fluminense com grande potencial para o

desenvolvimento do setor turístico. Sua localização estratégica entre a capital do

estado do Rio de Janeiro e a cidade de Macaé permite que, com o investimento

correto em políticas públicas eficientes e planejamento adequado, o turismo

encontre o caminho de um desenvolvimento eficaz.

Para compreendermos a atual situação em que se encontra o turismo no

município é preciso conhecer alguns dados significativos, sua história e seus

atrativos, bem como estar a par das leis em vigor, dos planos em andamento e o

planejamento orçamentário do período proposto.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Situado na região das Baixadas Litorâneas do estado do Rio de Janeiro, o

município de Rio das Ostras possui área de aproximadamente 229,044 km2.

Localiza-se a 22º31'37" de latitude sul e 41º56'42" de longitude oeste e tem sua sede

a uma altitude de quatro metros, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

Localizado no litoral norte do estado do Rio de Janeiro (Figura 1), Rio das

Ostras limita-se com os municípios de Macaé ao norte, Casimiro de Abreu a oeste,

Oceano Atlântico ao leste e com o distrito Barra de São João, de Casimiro de Abreu,

ao sul. Por sua circunscrição passa a rodovia RJ-106, que corta a área urbana no

sentido sul-norte.

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25

Figura 1: O município de Rio das Ostras no contexto do Estado do Rio de Janeiro Fonte: Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do

Rio de Janeiro, 2010.

De acordo com dados do IBGE, divulgados no ano de 2011, relativos ao

Censo 2010, o município possuía, no ano da contagem, população de 105.757

habitantes e estimativa para 01 de julho de 2012 de 116.134. Ainda de acordo com o

IBGE, a densidade demográfica é de 461,38 habitantes/km2 e o seu crescimento

populacional foi destacado em segundo lugar no ranking das cidades com maior

crescimento do Brasil, com 190,39% entre os anos de 2000 e 2010.

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) é de 0,775 (PNUD,

2000), fazendo o município ocupar a 34ª posição no ranking do Estado do Rio de

Janeiro que possui 92 municípios. O seu Produto Interno Bruto (PIB) é de R$

6.121.512 mil, e o seu PIB per capita é de R$ 57.882,81 (IBGE, 2010).

Em função da localização geográfica do município de Rio das Ostras, o clima

tropical é predominante. E, de acordo com dados coletados pela Comissão de

Estudos Ambientais da Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca da

Prefeitura Municipal de Rio das Ostras na Estação Experimental da PESAGRO em

Macaé, a temperatura média é de 22,6º C; a máxima é de 27,2º C e a mínima de

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26

18,6º C. As temperaturas máxima e mínima absolutas são respectivamente 38,2º C

e 6,4º C segundo dados daquela mesma Comissão.

O município tem no verão sua estação mais chuvosa e no inverno a mais

seca, estando inserido em uma região onde os índices de deficiência hídrica são os

mais elevados do Estado do Rio de Janeiro. Nesta localidade são encontradas duas

unidades geomorfológicas principais: os Maciços de Macaé e as Superfícies

Aplainadas do Litoral Leste Fluminense. Já na faixa costeira estão as planícies

costeiras.

O município apresenta tipos de solos distintos em seu território. Em suas

áreas de colinas solos dos tipos podzólicos e latossolos. Já entre as altitudes de 300

a 700 metros, encontramos o cambissolo, que pode ser indicado para o turismo por

possuir beleza cênica. O solo encontrado nas planícies costeiras é a areia

quartzosa, formada essencialmente por grãos de quartzo. O solo do tipo gley é

encontrado nas várzeas das planícies aluvionais (COMISSÃO DE ESTUDOS

AMBIENTAIS, 2003, p.22-24).

No tocante a hidrografia, Rio das Ostras faz parte de duas das sete

macrorregiões ambientais no qual está dividido o estado do Rio de Janeiro. A bacia

do Rio das Ostras é formada, prioritariamente, pelo rio Jundiaí que nasce na Serra

do Pote e se encontra com o rio Iriry para formar o Rio das Ostras que se localiza

totalmente na área urbana do município, até desembocar no mar, na Boca da Barra.

Três tipos de vegetação ocorrem na região: floresta ombrófila densa, floresta

estacional semidecidual e formações pioneiras.

Rio das Ostras foi emancipado político-administrativamente do município de

Casimiro de Abreu em 10 de abril de 1992, com base nos resultados obtidos no

plebiscito realizado. No entanto a sua história data de muito antes da sua

emancipação política, o que pode ser comprovado por relatos de navegadores que

passavam pela costa brasileira. A história do município data dos meados de 1575.

Antes denominada Rio Leripe (molusco), a área atual de Rio das Ostras era

habitada pelos índios Tamoios e Goitacazes. A ocupação da área teve grande

influência dos indígenas e dos jesuítas, sobretudo na construção da igreja, do poço

e do cemitério. Mais tarde, “por sua localização à beira-mar e a meio caminho entre

os engenhos de cana de açúcar do norte fluminense e a capital, Rio das Ostras

sempre foi uma das paradas obrigatórias dos viajantes.” (LIMA, 1998, p. 87).

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Foi a partir dos processos de doação de sesmarias que Rio das Ostras

passou a ter maior importância, uma vez que, no entender de Lima (1998, p.93) “as

sesmarias com suas fazendas e o comércio às margens do rio propiciaram a

formação da vila, que floresceu como cidade há pouco mais de um século,

resguardando-se do crescimento desenfreado e preservando assim sua maior

riqueza: a beleza natural.”.

Pode-se dizer que o período de maior desenvolvimento da localidade se deu

após os investimentos na produção do café no país, e, sobretudo, no momento de

produção da cana. Foram necessárias estradas e ferrovias para interligar

importantes pontos de produção e de distribuição para o mar. Rio das Ostras estava

em uma localização um tanto quanto privilegiada por situar-se entre os municípios

de Campos e o Rio de Janeiro, a antiga capital do Brasil.

Recentemente o município viu importantes fatos externos afetarem seu

desenvolvimento, como investimentos no turismo da Região dos Lagos, a

construção da Rodovia Amaral Peixoto e a instalação de diversas empresas do ramo

petrolífero em Macaé.

3.2 TURISMO EM RIO DAS OSTRAS: INVESTIMENTOS EM EVENTOS

Por se tratar de um município costeiro com considerável balneabilidade em

seu extenso litoral e que sempre teve como principal fonte de renda de seus

habitantes a pesca, Rio das Ostras não surpreende por ser um dos destinos mais

procurados para veraneio por moradores da baixada fluminense.

O município, no entanto, sofre, assim como a maioria dos destinos de sol e

praia, com o problema da sazonalidade. No período entre dezembro, janeiro e

fevereiro, a cidade possui altos índices de ocupação hoteleira e locação de imóveis

para férias, e nos demais meses do ano sofre com a baixa ocupação.

A solução encontrada pelo poder público municipal para suprir as

necessidades do setor turístico e aumentar a movimentação econômica no

município nos demais meses do ano foi implementar um calendário de eventos

permanentes. Nos dias atuais, o município conta com quatro grandes eventos que

mobilizam toda a cidade e chegam a atingir cem por cento da ocupação total das

unidades habitacionais oferecidas pelos meios de hospedagem locais.

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Esses eventos, de acordo com as informações obtidas no site da prefeitura,

são:

Ostras Cycle – Encontro Internacional de Motociclistas que ocorre há

17 anos no mês de março e está entre os três maiores eventos do

gênero no Brasil. Evento que reuniu no ano de 2012 cerca de 800

motoclubes do Brasil e teve a participação de 55mil pessoas.

Rio das Ostras Jazz & Blues Festival – Festival Internacional de Jazz e

Blues que ocorre há 10 anos sempre no feriado de Corpus Christi é

considerado pelos críticos da categoria um dos melhores festivais do

gênero no país. Faz parte do calendário oficial da Companhia de

Turismo do Estado do Rio de Janeiro – TURISRIO e tem como

principal apelo turístico o uso de espaços públicos para sua realização.

Festival de Frutos do Mar – Festival de gastronomia que ocorre no mês

de novembro há 16 anos. O evento conta com workshops e um

Concurso de Gastronomia.

Festival de Dança de Rio das Ostras – Festival que acontece há 11

anos no mês de outubro. O evento conta com a apresentação de

companhias de dança de todo o país, competição e apresentações de

artistas.

No entanto, de acordo com o estudo para identificação de setores e

segmentos econômicos com potencial de desenvolvimento realizado no município,

os eventos, ainda que exemplos de ações bem sucedidas e que podem atrair divisas

para o município, não refletem a real situação do município durante os demais

períodos do ano, tanto na questão do público atraído quanto no impacto para a

população local:

Por outro lado, os bons resultados do Festival não se reproduzem na maior parte do ano o que representa uma deficiência grave para um município que pretenda caracterizar-se como destino turístico. Na alta temporada, segundo informações colhidas junto ao CV&B, o perfil do turista é bastante distinto, sendo marcante a presença de público com baixo poder aquisitivo e que, por essa razão, não utiliza os meios de hospedagem, preferindo alugar por casas ou apartamentos por temporada para serem ocupados por grupos de pessoas. Esse mesmo público acaba por não estabelecer uma relação de consumo com os restaurantes locais ou mesmo com os quiosques, reduzindo os impactos econômicos positivos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2012)

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De acordo com pesquisas do perfil do turista realizadas durante o Rio das

Ostras Jazz & Blues Festival de 2011, cujos resultados foram divulgados no Estudo

de Potencial Econômico, 70,9% do público possuía escolaridade de nível superior,

dos quais 22,5% tinham pós-graduação, 79,1% do público possuía renda familiar

superior a R$ 1.801,00 (mil oitocentos e um reais), destes, 28,5% possuíam renda

acima de R$ 4.501,00 (quatro mil quinhentos e um reais), 23,1% dos presentes

pretendia gastar entre R$ 500,00 (quinhentos reais) e R$ 2.000,00 (dois mil reais) e

10,1% acima de R$ 2.000,00 (dois mil reais) (ANEXO C). Este seria, portanto, um

evento considerado emblemático para a prefeitura, visto que movimenta o município

de forma ímpar e possui um público diferenciado, dentro de um perfil ideal de

visitantes almejado para o município.

O município conta com 15 praias (Abricó, Tartaruga, Bosque, Centro,

Cemitério, Boca da Barra, Joana, Virgem, Areias Negras, Remanso, Costazul,

Enseada das Gaivotas, Itapebussus, Mar do Norte e Pedrinhas) que podem agradar

a diversos tipos de visitantes, com águas calmas e ideiais para banho ou propícias

para a prática de atividades físicas como o surfe.

Rio das Ostras possui também outros atrativos turísticos, dentre os quais os

mais visitados, conforme dados obtidos no site da prefeitura, são:

Parque Natural Municipal dos Pássaros (Figura 2) – O parque tem o

objetivo de preservar um conjunto de áreas que servem de abrigo para

a reprodução de espécies de pássaros ameaçadas. Possui o maior

viveiro de aves do Brasil. Oferece informações de plantas e possui

grande variedade de mudas ornamentais, medicinais e silvestres.

Pequeno zoológico com animais domésticos e aves raras.

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Figura 2: Foto do acesso ao Parque dos Pássaros Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

Praça da Baleia (Figura 3) – Área de lazer que conta com uma

escultura de uma Baleia Jubarte com 20 metros de comprimento em

estrutura metálica.

Figura 3: Foto da Praça da Baleia Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

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Praça do Trem e Fábrica de Bonecas – A praça possui uma área de

aproximadamente 6.500m2, com 420m2 de área construída. Na

pequena estação localizada no meio da praça está a Fábrica de

Tapetes e Bonecas, criada pelo Programa de Geração de Renda da

Fundação Rio das Ostras de Cultura para que mulheres locais fossem

qualificadas e iniciassem a produção dos artefatos no local.

Píer de Costazul (Figura 4) – Construído sobre o emissário submarino

de Rio das Ostras, o píer avança 200 metros pela praia. Permite que

os visitantes observem a paisagem local e pratiquem saltos de mais de

40 metros de altura.

Figura 4: Foto do Píer da Costazul Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

Ponte Estaiada Sobre o Rio das Ostras – Ponte inaugurada no ano de

2007, sobre o Rio das Ostras, tornou-se um dos cartões postais da

cidade.

Orla de Costazul (Figura 5) – Orla com área de lazer à disposição da

comunidade local e visitantes e cerca de 15.000 m2 de área de restinga

preserva.

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Figura 5: Foto da Orla de Costazul Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

Lagoa do Iriry – Parte de unidade de conservação, conhecida por sua

água escura.

Monumento dos Costões Rochosos (Figura 6) – Extensa faixa de

rochas transformada em reserva ecológica por possuir riqueza de

fauna e flora.

Figura 6: Foto do Monumento dos Costões Rochosos Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

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Casa da Cultura Bento Costa Júnior – Inicialmente construída para

abrigar material de pesca, no século XIX, foi transformada na década

de 1940 em residência do médico Bento Costa Júnior. Considerado

pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) patrimônio

histórico e cultural da cidade, abriga hoje exposições de artistas

plásticos dos mais variados estilos.

Sítio Arqueológico Sambaqui da Tarioba (Figura 7) – Museu com

exposição permanente de peças catalogadas pelo Instituto de

Arqueologia Brasileira (IAB) como reconstituição da pré-história da

região.

Figura 7: Foto do Sítio Arqueológico Sambaqui da Tarioba Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

Poço de Pedras do Largo de Nossa Senhora da Conceição (Figura 8) –

Marco na construção do município de Rio das Ostras, o poço foi

construído no século XVIII e era utilizado pelos antigos navegadores.

Foi destruído na década de 1990 e reconstruído no ano 2000 através

de buscas em registros fotográficos.

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Figura 8: Foto do Poço de Pedras do Largo de Nossa Senhora da Conceição Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

Centro Ferroviário de Cultura Guilherme Nogueira – Construída entre

os anos de 1877 e 1887 por escravos, a antiga Estação Ferroviária de

Rocha leão abriga o museu que expõe peças pertencentes à antiga

Leopoldina Railway.

Rio das Ostras (Figura 9) – Rio que deu nome ao município é área de

preservação ambiental.

Figueira Centenária – A árvore centenária localizada à beira-mar serviu

de coadjuvante para a história do país ao abrigar viajantes e

Imperadores em suas paradas pela região. Revitalizada em 2000,

ganhou bancos para contemplação.

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Figura 9: Foto do Rio das Ostras Fonte: Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, 2012.

A falta de infraestrutura adequada ao número de visitantes nos períodos de

maior ocupação é outro problema que assola o município. O que ocorre com Rio das

Ostras entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro pode-se considerar como

um dos agravantes da sazonalidade. A população cresce a níveis exorbitantes e os

moradores e visitantes sofrem com as consequências da falta de planejamento.

De acordo com Cruz (2001), é preciso compreender que houve, por parte do

Estado, uma histórica omissão que acabou por delegar à iniciativa privada as

decisões sobre o ordenamento do território. E em decorrência dessa omissão

diversos municípios turísticos litorâneos se depararam com o caos urbano,

sobretudo em períodos de alta temporada. Segundo a autora, ocorrências como

congestionamentos, falta de água para abastecimento, acúmulo de lixo e

incapacidade de escoamento de esgoto são alguns dos problemas que esses

municípios enfrentam.

3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO EM RIO DAS OSTRAS ENTRE OS ANOS DE 2009 E 2012

No mês de novembro do ano de 2008 foi realizada a I Conferência Municipal

de Turismo de Rio das Ostras (ANEXO A), que objetivava a instalação de um

Conselho Municipal de Turismo para o município. Apesar de bastante participativa,

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os resultados da Conferência não foram implementados , tendo em vista que, no ano

seguinte, 2009, o município passou a ser gerido por um novo prefeito que não deu

continuidade ao que foi estabelecido naquele evento.

A busca por informações do resultado da Conferência nos levou a um recorte

temporal para analisar a criação do Conselho e as políticas públicas destinadas ao

turismo vigentes neste período, que se estende de 2009 a 2012.

Para compreendermos as políticas e as ações da Secretaria de Turismo,

Indústria e Comércio e seus resultados foi necessário analisar os aspectos legais

que regem as políticas do município e os planos orçamentários que viabilizam as

ações do poder público.

3.3.1 Aspectos legais

De acordo com a Constituição Brasileira, o poder executivo municipal é

exercido pelo prefeito (BRASIL, 1988). No entanto, para colaborar na gestão do

município ele conta com secretários municipais, incumbidos dos setores específicos

do município, pelo tempo que ele julgar conveniente. A prefeitura municipal de Rio

das Ostras é composta por um grupo de diversas secretarias, tais como Secretaria

Municipal de Planejamento, Secretaria Municipal de Fazenda, Secretaria Municipal

de Turismo, Indústria e Comércio, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e

Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Petróleo (PREFEITURA MUNICIPAL DE

RIO DAS OSTRAS, 2012).

Os municípios brasileiros gozam de certa autonomia legislativa, mas estão

submetidos à Constituição Federal e à Constituição Estadual na qual estiverem

inseridos. São regidos por Lei Orgânica e demais leis específicas criadas e

sancionadas pelo prefeito e pela câmara de vereadores (BRASIL, 1988, art. 29 e

30).

A política pública de turismo vigente no município de Rio das Ostras, entre os

anos de 2009 e 2012, seguiu as diretrizes da Lei Orgânica Municipal de 09 de junho

de 1994, do Plano Plurianual 2010-2013, das Leis de Diretrizes Orçamentárias para

o período, das Leis Orçamentárias Anuais e do Plano Diretor, sancionado no ano de

2006.

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Dentre os pontos referentes à política de turismo na lei máxima municipal, a

Lei Orgânica, destacam-se os representados na SEÇÃO VIII – POLÍTICA DE

TURISMO:

SEÇÃO VIII POLÍTICA DE TURISMO Art. 254 - O Município promoverá e incentivará o turismo, como fator de desenvolvimento econômico e social, bem como de divulgação, valorização e preservação do patrimônio cultural e natural, cuidando para que sejam respeitadas as peculiaridades locais, não permitindo efeitos desagregados sobre a vida das comunidades envolvidas, assegurando sempre o respeito ao meio ambiente e a cultura das localidades onde vier a ser explorado. § 1º - O Município definirá a política municipal do turismo, buscando proporcionar as condições necessárias para o pleno desenvolvimento da atividade. § 2º - O instrumento básico de atuação do Município no setor será o Plano Diretor de Turismo, que deverá estabelecer, com base no inventário do potencial turístico das diferentes regiões do Município, e com a participação dos administradores envolvidos nas ações de planejamento, promoção e execução da política de que trata este artigo. § 3º - Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, caberá ao Município, em ação conjunta com o Estado, promover especialmente: I - o inventário e a regulamentação do uso, ocupação e função dos bens naturais e culturais de interesse turístico; II - a infra-estrutura básica necessária à prática do turismo, apoiando e realizando investimentos na produção, criação, e qualificação dos empreendimentos, equipamentos e instalações ou serviços turísticos, através de linhas de créditos especiais e incentivos; III - o fomento do intercâmbio permanente com outros municípios da Federação e com o exterior, visando o fortalecimento de fraternidade e aumento do fluxo turístico nos dois sentidos, bem como a elevação da média permanência do turista em território do Município. Art. 255 - O planejamento do turismo municipal visará, sempre que possível, a participação e o patrocínio da iniciativa privada voltada para esse setor, e terá como objetivo a divulgação das potencialidade culturais, históricas e paisagísticas do Município de Rio das Ostras. Art. 256 - O Poder Público criará lei que disporá sobre a elaboração do calendário anual de eventos turísticos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 1994)

No Plano Plurianual 2010-2013, o turismo é contemplado através das ações

previstas para a Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio que estão incluídas no

Programa Desenvolvimento do Turismo. Seu macro objetivo é, de acordo com o

Plano, “turismo para o desenvolvimento”, e o objetivo:

Fomentar a economia do município através da promoção do turismo, divulgando as potencialidades locais, realizando e participando de eventos, atraindo investimentos para o segmento, estabelecendo mecanismos para melhorar as informações turísticas, participando da integração regional e estimulando a participação do empresariado e da comunidade local. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2010, p.39)

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O público-alvo deste programa, segundo o Plano Plurianual, é a população

em geral e as ações planejadas são: construção do centro de convenções e

eventos; campanhas, promoções, participação e realização de eventos turísticos e

institucionais; fomento ao turismo sustentável; subvenção social à Associação das

Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Rio das Ostras (AESBCRO) e à

Associação de Blocos Carnavalescos de Rio das Ostras (ABCRO); e melhoria da

informação turística.

Dentre as ações propostas no Plano Plurianual 2010-2013, a construção do

centro de convenções e eventos se repete enquanto planejamento, visto que esteve

também incluída no Plano de 2006-2009 e, no entanto, não foi realizada.

No que tange às Leis de Diretrizes Orçamentárias e à Lei Orçamentária

Anual, o montante destinado à Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio

aumentou entre os anos de 2008 e 2012. O percentual neste ano foi de

aproximadamente 2,3%, enquanto naquele foi de 1,69% (PREFEITURA DE RIO

DAS OSTRAS, 2007 apud MÜLLER, 2008).

O Plano Diretor, obrigatório para municípios com mais de 20mil habitantes e

áreas de interesse turístico, está definido como instrumento básico para orientar a

política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana pelo Estatuto

das Cidades (Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001) (BRASIL, 2001). Este Plano é

uma lei municipal que deve ser elaborada pela prefeitura com a participação da

Câmara Municipal e da sociedade civil e tem como objetivo organizar o crescimento,

o funcionamento e o planejamento territorial da cidade, orientando os investimentos.

No município de Rio das Ostras o Plano Diretor trata das estratégias para o

desenvolvimento do turismo, do licenciamento de empreendimentos e ações

voltados para o setor, da criação de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado

do Turismo e da elaboração de um selo de certificação da qualidade dos serviços e

produtos turísticos oferecidos no Município:

SEÇÃO II DO TURISMO Art. 52. São objetivos da Municipalidade quanto ao turismo colocá-la entre os principais destinos turísticos estaduais, nacionais e internacionais com vistas ao desenvolvimento do turismo de lazer, negócios e saúde e outras modalidades similares como eixo do desenvolvimento socioeconômico local. Art. 53. São diretrizes para o desenvolvimento do turismo: I – ampliar e valorizar o acervo ambiental, cultural e histórico local;

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II – articular o turismo rural com a atividade agropecuária com vistas ao desenvolvimento recíproco; III – desenvolver o turismo de negócios, para os idosos, o ecoturismo, o turismo rural, o turismo cultural, e o turismo associado a eventos esportivos; IV – fortalecer o turismo dentre as demais atividades econômicas existentes no Município. V – realizar campanhas periódicas de conscientização da população para a vocação turística do Município; VI – promover a capacitação da mão de obra local para as atividades turísticas e de apoio ao turismo; VII – promover e divulgar a cidade como produto turístico direcionado para segmentos específicos, vedada à exposição da cidade na mídia do turismo de massa; VIII – garantir a continuidade da prestação dos serviços públicos locais durante o período de alta temporada turística. Art. 54. O licenciamento de empreendimentos, projetos e atividades voltadas para o turismo, inclusive de edificações, como hotéis, bares e restaurantes fica condicionado ao parecer prévio do órgão municipal responsável pela execução das políticas municipais de turismo. Art. 55. O poder executivo promoverá a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo, observadas as diretrizes para o desenvolvimento sustentável local expressas nesta lei, até 31 de dezembro de 2005. Art. 56. O Governo Municipal instituirá, em parceria com as entidades do setor, um selo de certificação da qualidade dos serviços e produtos turísticos oferecidos no Município, a ser concedido aos estabelecimentos comerciais e/ou prestadores de serviços, dentre os quais, serão obrigatoriamente incluídos o respeito e a observância das normas sanitárias, ambientais, e de posturas municipais. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2006)

No entanto, o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo que

deveria ter sido elaborado até 31 de dezembro de 2005 com o intuito de criar ações

de planejamento turístico não foi realizado até o momento de nossa pesquisa. O

selo de certificação da qualidade dos serviços e produtos também não foi criado até

o final do ano de 2012.

A Lei Orgânica de Rio das Ostras também prevê a criação de diversos

conselhos municipais:

TÍTULO XII DOS CONSELHOS MUNICIPAIS Art.265 Os Conselhos Municipais são órgãos de cooperação governamental que têm por finalidade auxiliar a Administração no planejamento, execução, fiscalização, controle e na decisão de matérias de sua competência. Art.266 Lei específica definirá as atribuições do Conselho, sua organização, composição, funcionamento e forma de eleição de seus titulares e suplentes, além do prazo de duração de seus mandatos, observados os seguintes princípios; I Os Conselhos Municipais devem ter sua Composição em número par, assegurada conforme Legislação Federal, a representatividade paritária entre a Administração Pública Municipal e as Organizações não Governamentais (ONGS), facultada ainda por decisão das respectivas

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conferências municipais para estes fins, a participação de pessoas de notório saber na matéria de competência dos Conselhos; II Dever, para os órgãos e entidades da Administração, de prestar as informações técnicas e fornecer os documentos que lhes foram solicitados. Art.267 A função de Conselheiro constitui serviço público relevante e será exercida gratuitamente. Art.268 A criação dos Conselhos Municipais é ilimitada, atendendo às necessidades do Município, ficando, desde já, estabelecido o seguinte: Parágrafo Único Ficam criados os seguintes Conselhos Municipais, que serão regulamentados por Lei Ordinária a) Conselho Municipal de Saúde ; b) Conselho Municipal da Criança e do Adolescente; c) Conselho Municipal de Educação; d) Conselho Municipal de Turismo e Esporte; e) Conselho Municipal de Meio Ambiente; f) Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Deficiente; g) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável; h) Conselho Municipal de Defesa do Consumidor; i) Conselho Municipal de Assistência Social; j) Conselho Municipal do Idoso; k) Conselho Municipal de Cultura; l) Conselho Municipal da Cultura Afrobrasileira; m) Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável; n) Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; o) Conselho Municipal de segurança e ordem pública; q) Conselho Municipal antidrogas (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 1994, grifo nosso)

O Conselho Municipal de Turismo e Esporte embora tenha sido criado

automaticamente pela Lei Orgânica, bastando apenas uma Lei Ordinária para sua

regulamentação, nunca foi instituído. A única iniciativa que se viu por parte do poder

público para por em prática tal ação foi a realização de uma Conferência Municipal

de Turismo (ANEXO A) no ano de 2008 que tinha como propósito, entre outras

coisas, eleger os membros para um Conselho de Turismo. Contudo, o resultado da

Conferência, segundo o Diretor do Departamento de Turismo da Secretaria de

Turismo, Indústria e Comércio, Sr. Paulo Roberto Sepulveda Vieira2, foi a criação de

um Conselho que nunca teve sequer a nomeação de seu presidente.

Em resumo, apesar de tanto a Lei Orgânica do Município como o seu Plano

Diretor do Município prever a criação do conselho municipal de turismo e a

elaboração de um plano de desenvolvimento turístico, até a conclusão de nossas

pesquisas nenhuma ação concreta para isso foi verificada.

2 Informação obtida em entrevista ocorrida em 20 de dezembro de 2012.

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3.3.2 Planejamento Orçamentário

Como dito anteriormente, verificou-se um aumento das verbas destinadas à

Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio nos últimos anos. No ano de 2008 a Lei

Orçamentária Anual (Lei 1219/2007) previa um repasse de R$ 9.277.000,00 (nove

milhões duzentos e setenta e sete mil reais) para aquela Secretaria dentro dos R$

574.677.183,21 (quinhentos e setenta e quatro milhões, seiscentos e setenta e sete

mil, cento e oitenta e três reais e vinte e um centavos) destinados ao município

(PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS apud MÜLLER, 2008).

Já para o ano de 2012, a Lei 1619/2011 destinava R$ 14.642.000,00

(quatorze milhões seiscentos e quarenta e dois mil reais) dos R$ 641.967.541,04

(Seiscentos e quarenta e um milhões, novecentos e sessenta e sete mil, quinhentos

e quarenta e um reais e quatro centavos) para turismo, indústria e comércio

(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2011). Um aumento de

aproximadamente 0.61%

O Plano Plurianual 2010-2013, Lei 1498/2010, também definiu metas

orçamentárias destinadas a todos os programas, inclusive o Programa de

Desenvolvimento do Turismo. Para o cálculo dos valores foram utilizados “como

parâmetro o acompanhamento da série histórica da arrecadação referente aos anos

de 2006 a 2009” (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2010, p.2).

Para o Programa de Desenvolvimento do Turismo foi destinado o valor de R$

19.693.513,06 (dezenove milhões seiscentos e noventa e três mil quinhentos e treze

reais e seis centavos). Esses recursos foram divididos pelas ações da seguinte

forma: R$ 2.048.000,00 (dois milhões e quarenta e oito mil reais) para a Construção

do Centro de Convenções e Eventos; R$ 16.556.981,16 (dezesseis milhões

quinhentos e cinquenta e seis mil novecentos e oitenta e um reais e dezesseis

centavos) para Eventos Turísticos e Institucionais; R$ 135.604,64 (cento e trinta e

cinco mil seiscentos e quatro reais e sessenta e quatro centavos) para Fomento ao

Turismo; R$ 61.401,16 (sessenta e um mil quatrocentos e um reais e dezesseis

centavos) para a Associação de Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Rio

das Ostras (AESBCRO); R$ 342.610,44 (trezentos e quarenta e dois mil seiscentos

e dez reais e quarenta e quatro centavos) para a Associação de Blocos

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Carnavalescos de Rio das Ostras (ABCRO); e R$ 548.915,66 (quinhentos e

quarenta e oito mil novecentos e quinze reais e sessenta e seis centavos) para

Melhoria da Informação Turística (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS

OSTRAS, 2010, p.39 e 40).

A verba estimada para os eventos turísticos no município corresponde a

aproximadamente 85% da verba total destinada ao desenvolvimento do turismo,

enquanto a verba para o fomento do turismo na região tem valor aproximado de 7%

do total. Através desta observação pode-se notar a importância que os eventos têm

para o município.

3.3.3 Ações da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio entre os anos

2009 e 2012

Atualmente, a prefeitura de Rio das Ostras conta com uma Secretaria de

Turismo, Indústria e Comércio, que é responsável, entre outras coisas, pelo

desenvolvimento do turismo no município. A secretaria se organiza conforme a

figura 10 e o Departamento de Turismo conforme a figura 11.

Figura 10: Organograma da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio (SEMTIC) do município de Rio das Ostras.

Fonte: Elaboração própria.

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Figura 11: Organograma do Departamento de Turismo da SEMTIC Fonte: Elaboração própria

Dentro do Departamento de Turismo, a Divisão de Eventos é responsável

pelo planejamento e organização especificamente dos eventos do município, desde

a elaboração até a execução, enquanto a Divisão de Turismo é incumbida de toda e

qualquer ação relativa ao turismo. O Diretor do Departamento tem a função de

coordenar essas duas seções.

Com base nas informações obtidas em entrevista concedida à autora do

presente trabalho, pelo Diretor do Departamento de Turismo (APÊNDICE A),

verifica-se que o Departamento possui como recursos humanos: quatro

turismólogos, quatro técnicos em turismo e um agente administrativo. É previsto que

esse quadro de funcionários aumente a partir do ano de 2013, visto que a prefeitura

do município realizou no ano de 2012 um concurso público em que foram aprovados

cinco turismólogos, quatro técnicos em turismo e nove monitores de turismo, de

acordo com o Diretor e a homologação que se deu em 10 de dezembro de 2012.

Dentre os nove monitores citados, há planos da secretaria para que eles

sejam treinados para dar informações aos visitantes nos principais atrativos

turísticos. Os treinamentos básicos serão oferecidos pela secretaria e cada atrativo

aplicará um treinamento específico próprio. Os monitores ficarão divididos por um

prazo de quatro a cinco meses em cada atrativo, alternando as localidades até que

tenham todos os treinamentos e saibam responder qualquer questionamento.

Questionado sobre as ações voltadas para o turismo realizadas pela

secretaria e pela prefeitura entre os anos de 2009 e 2012, o Diretor afirmou que, em

virtude da incerteza da manutenção do repasse dos royalties do petróleo para o

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município, optou-se por priorizar os investimentos em infraestrutura urbana,

atendendo às principais necessidades da população. Desta maneira, foi investida

grande parte dos recursos em obras para saneamento básico, como redes de

esgoto e de água e asfaltamento de algumas vias.

A construção de portais, que agregam unidades da guarda municipal e postos

de informações turísticas em cada acesso do município, ainda não foi realizada.

Conforme informações do Diretor, embora o projeto já estivesse pronto, não foi

possível colocá-lo em prática até o ano de 2012. Espera-se que logo no início do

ano de 2013, na nova gestão, o projeto seja executado.

Ainda que não tenha havido nenhum avanço no sentido de criar leis

específicas para o turismo e nem tenha sido desenvolvido o Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado do Turismo, como estabelece o Plano Diretor do

município, Rio das Ostras continuou investindo fortemente em eventos. Segundo o

Diretor, o investimento em eventos é uma política pública do município efetiva e já

consolidada. E, ainda segundo ele, é através deles que o município busca definir o

perfil de turista desejado.

A Secretaria participou, durante o período de recorte deste trabalho, com

material promocional e estandes, das principais feiras para divulgação do município

como: A Feira de Turismo das Américas, da Associação Brasileira das Agências de

Viagens (ABAV), o Salão de Turismo do Estado do Rio de Janeiro e o Brazil

International Tourism Exchange (BRITE).

Com relação às ações de divulgação e marketing turístico, o Diretor de

Turismo da Secretaria, afirmou que as decisões sobre a divulgação, tanto turística,

quanto institucional do município, cabem à Secretaria de Comunicação Social.

Segundo as informações passadas por ele, existe uma comunicação entre as duas

secretarias para que os materiais de divulgação e seus respectivos locais de

distribuição e exposição sejam discutidos e elaborados conjuntamente. No entanto,

nem sempre essa comunicação se dá de maneira eficiente.

3.3.4 I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras

A I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras, já citada neste

trabalho, foi realizada em novembro de 2008, e embora esteja fora do recorte

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temporal proposto, ela foi um marco no que diz respeito a investimentos em

planejamento e ordenação turística. No entanto, o fato de se ter proposto a criação

de um Conselho de Turismo já é de grande valia para um município que pouco tem

em relação a políticas públicas de turismo e a planejamento.

A Conferência supracitada foi organizada sob as justificativas não só de criar

o Conselho Municipal de Turismo, mas também de “disciplinar e desenvolver as

atribuições de responsabilidades do segmento de forma mais adequada e melhor

ordenada, para atender às suas potencialidades atuais e futuras com

sustentabilidade” (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2008 apud

MÜLLER, 2008)

De acordo com o Decreto Nº 141 de 2008, que dispõe sobre regimento da

Conferência, as finalidades desta seriam:

I – Estabelecer discussões e entendimentos sobre políticas e aspectos relacionados à atividade turística do Município de Rio das Ostras e seus desdobramentos, de forma a subsidiar as ações do Governo Municipal nas suas atribuições, objetivando a sua sustentabilidade em consonância com as instâncias regional, estadual e federal, a iniciativa privada e a sociedade. II – Subsidiar os conferencistas com informações profissionais e acadêmicas das mais atuais, relacionadas ao Turismo, para melhorar a compreensão e o desenvolvimento relacionado às políticas, planejamento, propostas, projetos, qualidades dos serviços e demandas para todo o universo do segmento. III – Desenvolver maior e melhor entendimento das funções Conselho e Conselheiros. IV – Eleger o Conselho Municipal de Turismo de Rio das Ostras – COMTUR. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2008 apud MÜLLER, 2008 apud MÜLLER, 2008)

Realizada no dia 24 de novembro de 2008, na Pousada Mar y Lago, em Rio

das Ostras, a Conferência se deu com a presença do então Prefeito do município, o

Secretário de Turismo, Indústria e Comércio e do Presidente da Câmara. Segundo

dados obtidos em notícias de jornais locais da época (ANEXO B), a programação

constava de palestras sobre o desenvolvimento do turismo sustentável e as

perspectivas para o setor, seção Plenária, discussão para levantamento de

propostas relacionadas ao turismo, criação de chapas para a formação do Conselho

e eleição do Conselho Municipal.

O Conselho seria formado por doze membros, dos quais seis integrantes

seriam indicados pelas representações da sociedade e os demais indicados pelo

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poder público municipal. Para cada indicação haveria ainda o seu respectivo

suplente.

Na entrevista concedida pelo Diretor do Departamento de Turismo, já citada

neste trabalho, obteve-se a informação de que o resultado da Conferência foi

divulgado e promulgado. No entanto, nas pesquisas realizadas não foi encontrado

nenhuma documentação que comprove esta informação. A Secretaria de Turismo,

Indústria e Comércio informou que todo o material relativo ao governo anterior

estava arquivado e que se prontificaria a buscar as informações necessárias, porém

até o momento de finalização deste trabalho nada foi entregue à autora.

A questão que nos aflige desde o início deste estudo é: se o Conselho

Municipal de Turismo foi formado na Conferência do ano de 2008, por que até o ano

de 2012 ele não realizou nenhum tipo de interferência no município? A resposta,

segundo o Diretor do Departamento de Turismo, é que os seis integrantes, e seus

suplentes, do Conselho que cabiam à Prefeitura indicar, jamais foram oficialmente

nomeados. Segundo ele, o poder público em momento algum designou os seus

membros para o Conselho.

A motivação que levou a Prefeitura a não nomear nenhum representante,

acredita o Diretor, teria sido o fato do Conselho de Turismo ter sido constituído no

formato deliberativo. Desta forma, o Conselho teria muito mais poder do que

simplesmente sugerir modificações ou planejamentos. Para o Diretor, se a decisão

tomada na Conferência tivesse criado um Conselho Consultivo ele poderia estar

atuando desde então.

3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

As pesquisas realizadas para a construção do presente trabalho relataram

que, durante o período de recorte, 2009 a 2012, não houve no município de Rio das

Ostras significativa alteração das políticas públicas destinadas ao turismo. Ao

contrário do que se imaginava para uma gestão posterior à realização de uma

Conferência para elaboração de um conselho municipal de turismo, foi constatado

que houve uma estagnação das políticas e do desenvolvimento turístico no local.

Ao analisar o ordenamento jurídico que trata das leis e ações relativas ao

turismo, foi observado que a lei orgânica que rege o município não foi cumprida em

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alguns quesitos, assim como não foram cumpridas determinadas resoluções

relativas à atividade turística dispostas no Plano Diretor do município.

Inicialmente pode-se abordar a questão da elaboração de um Plano Diretor de

Turismo, que, de acordo com a lei orgânica municipal em seu artigo 254, parágrafo

segundo, estabelece que o plano deveria ser o instrumento básico de atuação do

município no setor turístico (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS,

1994). O Plano Diretor de Rio das Ostras, criado no ano de 2006, também previa a

criação de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Turismo, que deveria

ter sido elaborado até a data de 31 de dezembro de 2005 (PREFEITURA

MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2006).

Conforme citado no Capítulo 2 deste trabalho, é somente com políticas

públicas eficazes que um destino turístico pode se desenvolver de forma eficiente e

causar poucos danos para a comunidade local. Como já explicitado, as políticas

públicas, ou seja, as ações do poder público são as bases e diretrizes para alcançar

o objetivo proposto. Quando não há políticas não há planejamento, e, portanto, não

há direcionamento nem para a atuação dos órgãos relacionados ao turismo nem

para a comunidade.

Posteriormente a lei orgânica municipal aborda a questão da criação de um

calendário de eventos oficial para o município. Tal calendário jamais foi formalmente

executado, ainda que o planejamento orçamentário no Plano Plurianual 2010-2013

forneça informações de que o maior investimento dentro do Programa de

Desenvolvimento do Turismo seja destinado aos eventos (PREFEITURA

MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS, 2010).

No que concerne à execução dos eventos, Rio das Ostras soube em todo

esse período aproveitar este recurso para contornar os problemas de sazonalidade

existentes no município. A realização de eventos nacionalmente e

internacionalmente reconhecidos auxilia não somente a comunidade diretamente

relacionada ao turismo, como também movimenta a economia da cidade como um

todo. No entanto, não foi encontrado nenhum documento de estudo de capacidade

de carga para o município, o que pode ser preocupante tanto no que tange a

sociedade local quanto ao meio ambiente em que se insere.

A lei orgânica de Rio das Ostras estabelece, em seu artigo 268, a criação

imediata de um Conselho Municipal de Turismo e Esporte. Este conselho jamais

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teve qualquer tipo de atuação, não constando seus dados em nenhum tipo de

documento. Quatorze anos após a promulgação da lei orgânica, no ano de 2008, foi

realizada na I Conferência Municipal de Turismo em Rio das Ostras, a elaboração de

um conselho municipal de turismo. No entanto, nas pesquisas realizadas e após a

entrevista concedida pelo Diretor do Departamento de turismo da Secretaria de

Turismo, Indústria e Comércio, foi constatado que este conselho nunca existiu de

fato.

Na seção 2.2.1 deste trabalho é descrita a importância da criação de um

órgão colegiado que permita a inserção e a colaboração da comunidade local

através de seus representantes para o desenvolvimento da atividade turística nos

municípios. O atual modelo de gestão descentralizada permite que o município

tenha autonomia para deliberar sobre as questões relativas ao turismo, mas sugere

desde a formulação do Programa Nacional de Municipalização do Turismo, em

1994, que sejam criados conselhos de turismo para melhor gerir a atividade no local.

De acordo com informações obtidas na Secretaria de Turismo, Indústria e

Comércio de Rio das Ostras, foram os investimentos em infraestrutura do município

as ações do poder público que tiveram maior interferência na atividade turística no

período de 2009 a 2012. Esses investimentos são essenciais para qualquer

comunidade e estão de fato diretamente ligados ao turismo, visto que uma

sociedade para poder receber bem um turista, deve ser uma sociedade bem

estruturada e com recursos para sustentar a atividade turística em bom

funcionamento.

Sabe-se que o turismo pode ser uma ferramenta extremamente favorável aos

gestores, principalmente no tocante à alavancagem econômica. Mas para tanto é

preciso políticas eficazes, planejamento e investimentos que permitam o

desenvolvimento da atividade com baixos níveis de interferência para a sociedade

no qual ele estiver inserido.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que o turismo pode ser uma grande alavanca econômica, pode atrair

investimentos e alterar profundamente as características de um município.

Sobretudo em municípios litorâneos que têm as praias por si só como atrativos

naturais.

O município de Rio das Ostras, como detalhado neste trabalho, possui plenas

condições de desenvolver projetos e ações que incentivem a atividade turística

como uma das principais atividades econômicas do local. Para tanto é preciso

inicialmente fornecer as bases políticas e jurídicas necessárias para o planejamento.

É visível que o processo de desenvolvimento do turismo em Rio das Ostras

vem ocorrendo sem nenhum tipo de ordenamento por parte do poder público. E

apesar de estar por diversas vezes contemplado em documentos a necessidade de

criação de leis, planos e bases jurídicas para a atividade, até o ano de 2012 nada foi

feito.

A motivação para a realização deste trabalho foi o movimento verificado para

a criação de um conselho municipal de turismo no ano de 2008. Esperava-se

encontrar um maior desenvolvimento no setor turístico pós-formação do conselho.

No entanto, foi descoberto que, provavelmente por motivos políticos, o conselho

jamais teve sua formação totalmente composta. De acordo com informações

concedidas pela Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio o fato do conselho ter

sido criado com caráter deliberativo impediu que o prefeito à época nomeasse os

representantes oriundos do poder público. Segundo o Diretor do departamento de

turismo, a possibilidade de haver um conselho que deliberasse sem o conhecimento

prévio sobre assuntos ligados ao turismo, incentivou o prefeito que assumiu o

mandato no ano seguinte, a deixar o conselho literalmente “na gaveta”.

O fato de um conselho ser deliberativo dá a ele capacidade de propor

investimentos e gastos do orçamento público o que, segundo o Diretor, nenhum

prefeito iria permitir. O que acontece, na verdade, é que, infelizmente, os municípios

brasileiros como um todo passam por situações como essa em que as decisões são

tomadas não por um coletivo visando o bem de todos, mas por decisões

centralizadas que visam priorizar e manter os interesses do grupo hegemônico que

está no poder.

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A criação de um conselho municipal de turismo em Rio das Ostras não iria

sanar todos os problemas do município, mas definitivamente contribuiria para uma

participação maior da sociedade e permitiria que questionamentos e sugestões

fossem aceitas pelo poder público.

Após a descoberta do não funcionamento do conselho desde o ano de sua

criação, em 2008, foi preciso pesquisar o que havia sido feito desde então como

políticas públicas de turismo no município. Conforme as informações obtidas na

Secretaria, houve uma estagnação praticamente total dos investimentos em

planejamento da atividade turística. Segundo o Diretor, o que havia de programas,

ações e políticas antes do ano de 2009 se repetiu até o final do ano de 2012. Nada

foi feito para desenvolver o setor no município.

Durante entrevista, foi dito que a principal ação de investimento para o

município que abrange o turismo, no período abordado, foi o investimento em

infraestrutura. A construção de redes de esgoto, de água, de asfaltamento de ruas

foi a prioridade do governo municipal. Investimentos como esses são de extrema

importância, não apenas para os moradores, mas também para os turistas e

visitantes que necessitam de uma estrutura básica para a estadia e para que o lugar

seja agradável a eles. Municípios litorâneos, principalmente, têm grande demanda

por estruturação de serviços básicos, visto que em períodos de alta temporada o

número de pessoas na cidade é elevado e o uso da infraestrutura cresce

proporcionalmente ao número de pessoas.

Outro importante investimento destacado com ênfase pela Secretaria de

Turismo, Indústria e Comércio é o investimento em eventos. Em Rio das Ostras,

particularmente, em grandes eventos. O município conta com pelo menos quatro

grande eventos anuais que fazem parte do seu calendário extra oficial, visto que não

existe até o momento o calendário oficial do município. Eventos esses que chegam a

ocupar toda a oferta de hospedagem disponível e que alteram completamente o

ritmo da cidade.

A criação de um evento como alternativa para o problema da sazonalidade é

louvável, sobretudo se ele é bem executado, tem boa repercussão e consegue

atingir o público alvo desejado. Mas a criação de vários eventos ao longo do ano

para suprir uma necessidade que é latente não é a solução para o município, é

apenas uma medida paliativa.

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Ao que parece, a parcela do poder público, destinada a cuidar das questões

do turismo hoje em Rio das Ostras preocupa-se muito com a questão dos eventos e

sua realização e esquece-se de que até mesmo para o bom desenvolvimento dos

eventos é preciso um processo de planejamento estratégico para o setor como um

todo. Pelas informações obtidas na Secretaria, que conta em seu quadro de pessoal

com diversos profissionais com formação adequada ao planejamento turístico, o

problema do “descaso” com o aspecto jurídico e formal da criação de um plano de

desenvolvimento se dá muito mais por problemas de ordem política e eleitoreira do

que por falta de conhecimento e competência dos profissionais.

A burocratização excessiva dentro do ambiente da prefeitura impede que

planejamentos simples e que deveriam integrar diversos setores aconteçam, da

mesma forma impossibilitam ações isoladas das secretarias. Por outro lado, a falta

de ordenamento para a elaboração de projetos faz com que as decisões tomadas e

o planejamento sejam feitos sem nenhum tipo de critério.

De acordo com o que foi observado, entende-se ser necessária a criação de

um plano diretor de turismo que estabeleça as normas, as bases e as diretrizes para

um planejamento e um desenvolvimento sustentável do turismo no município. É

preciso que a Prefeitura, instância maior de governo do município, dê a possibilidade

para que a atividade turística em Rio das Ostras se torne muito mais do que eventos

distribuídos ao longo do ano.

Após a definição de políticas bem estruturadas, com base nas diretrizes

fornecidas pelo atual Programa de Regionalização do Governo Federal, instituir o

Conselho Municipal de Turismo e desenvolver um plano estratégico para o setor

turístico local, estabelecido e implementado a partir de um processo participativo

abrangente e articulado seria o caminho mais natural a se seguir.

A sugestão, portanto, para um desenvolvimento turístico adequado ao

município é apenas seguir o que sugere a Lei Orgânica municipal, o Plano Diretor do

município e o Plano Plurianual. Cumpridas as indicações daqueles instrumentos

legais, o município deve passar a aplicar estudos e pesquisas frequentes para

manter o setor turístico local em bom funcionamento e “atualizado”. Essas seriam

medidas consideradas naturais para a manutenção da atividade turística estruturada

no município.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - ENTREVISTA

Gravação realizada em 20/12/2012

Horário: 14h 30

Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio do município de Rio das Ostras

Entrevistado: Paulo Roberto Sepulveda Vieira

Cargo: Diretor do Departamento de Turismo

Entrevistadora: 1

Entrevistado: 2

1-Se incomoda se eu gravar?

2-Não

1-Pra depois eu não perder nada

2-A voz já é ruim, no gravador vai ficar pior ainda

1-Não. É só para eu não perder nada.

1-Na verdade, algumas coisas que eu não perguntei, é só como é que é a

estrutura administrativa aqui da secretaria no todo e do departamento. Como é que

funciona.

2-Tá. na secretaria nós temos o secretário, o subsecretário. Vamos separar

assim: o gabinete que é o secretário, o subsecretário e a secretaria executiva. Aí

temos: o departamento de turismo, o departamento administrativo e o departamento

de indústria e comércio. Já que nossa secretaria é secretaria de turismo, indústria e

comércio. O departamento em si, o departamento de turismo tem uma divisão, que

é divisão de eventos, tem um diretor do departamento, tem o chefe do setor, da

divisão de eventos, temos agora aqui quatro turismólogos, temos quatro técnicos

de turismo e um agente administrativo. Nesse concurso que foi feito agora e que vai

começar, foi homologado agora, abriu mais 6 vagas, mais 5 vagas de turismólogo,

mais quatro de técnicos e nove monitores de turismo. Esses monitores são para

trabalhar nos pontos turísticos. No museu arqueológico, no Parque dos Pássaros, no

Parque Municipal, pra eles trabalharem em grupo. E aí nós vamos ter servidor do

turismo trabalhando sábado, domingo, feriado, dia santo, todos os dias de segunda

a segunda. Só fechamos dia primeiro de janeiro, porque aí também, primeiro de

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janeiro ninguém vai.. quem tinha que chegar na cidade já chegou, quem tinha que

sair só vai sair mais tarde, então, a gente fecha dia primeiro.

1-E os novos monitores eles também vão ser turismólogos ou técnicos ou

não?

2-Não. Eles são.. não precisa de formação superior nem técnica. Ele tem que

ter um curso de monitor, que normalmente quem não tem de monitor aproveita o de

guia de turismo. Quem tem o guia.. o curso de guia aí acabou fazendo também. Mas

não é.. aí assim eles vão ser treinados por nós pra poder dar informações, nós

vamos usar o treinamento básico, aquele né?!, e cada, né?1 o museu dá o

treinamento do museu, o parque dos pássaros dá o treinamento do parque dos

pássaros, depois a gente tem quatro ou cinco meses trabalhando alí a gente inverte

pra poder eles aprenderem a fazer, a dar informações de todos , todos os pontos

turísticos.

1-Aí eu volto então pra aquela parte das políticas públicas. Seriam as ações.

Eu me detive ao período de 2009-2012, que foi o último mandato até né?! Aí quais

seriam as ações da prefeitura e as políticas públicas? Eu dividi porque a ação não

necessariamente tem a ver direto com a política né?!

2-Certo. Ô Marina, é o seguinte: nossa, esse último mandato, nós já.. é..

pressionados por esse negócio de, essa lei de vai dividir os royalties, os royalties

vão ser divididos e vai acabar, vai diminuir, vai não sei o quê, o que é que nós

preferimos fazer: fazer a estrutura, a infra estrutura básica do município.

Abastecimento de água, tratamento de esgoto, a estrutura em si da cidade. Ficou

faltando ainda uma coisa porque nós não conseguimos fazer que eram os portais. Já

tinha o projeto e tudo, mas nós não conseguimos fazer esses portais. Provavelmente

agora logo no início do mandato do novo prefeito ele deve fazer os portais que... é..

é.. o portal tem turismo e guarda municipal. Então se você fecha a cidade nas três

principais, nas três únicas entradas... que tem entrada e saída da cidade a pessoa

que vai chegar aqui vai ver... po.. o negócio aqui tá ... se eu fizer alguma coisa

errada aí eu não tenho pra onde sair, comunicô fechô...a cidade. Então isso

aumenta a segurança... Então isso tudo foram feitos.. tentamos fazer todos mas não

deu. Fazer a infra estrutura, essas foram as ações públicas que é pra cidade e

voltada pro turismo. Porque.. é..é.. primeiro que se eu não tiver a população não

querendo o turismo, não gostando do turismo, não gostando da cidade não adianta

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nada. Isso é alguma coisa. Segunda, o turista... nosso seguimento é sol e praia..

então se ele vai na praia e a praia está imprópria por esgoto jogado na praia...isso é

a pior coisa que pode acontecer numa cidade turística de sol e praia...todas essas

açoes foram feitas para.. é .. é... estruturar a cidade. As políticas públicas, nós

ficamos praticamente estagnados, ou seja, o que nós tínhamos, nós tínhamos, o

que não tínhamos nós não fizemos mais nada. Ou seja, os eventos, né?! Um dos

eventos, que é o festivla de Jazz, que é o maior da américa latina, ele já é uma

política pública, ele em si, o evento em si. Nós temos, os eventos são políticas

públicas, só que independente disso o Jazz já passou a ser uma política exclusiva,

dentro dos eventos ele é uma política, porque ele lota a cidade, ele lota o entorno

todo, é.. traz gente que interessa pra cidade né?! O admirador de jazz não é o

mesmo admirador de funk, de, né?! Então quer dizer.. é um público diferenciado..

Então a política ficou nos eventos e participação nas principais feiras de divulgação.

Como a ABAV, o Salão de Turismo, a BRITE, então essas foram nossas ações.

Isso não quer dizer que por exemplo eu não ter um.. que não tivéssemos feito

outras, mesmo pra divulgação. Eu fui passear e aproveitei levei material e acabei

visitando agências e divulgando município, quer dizer, automaticamente a gente já

faz políticas mesmo, políticas públicas. Então as políticas e ações foram essas.

1-Com relação aos eventos, a gente daquela vez conversou né?! como é o

procedimento pra realização de cada evento agora que principalmente que tá

incluindo mais eventos no calendário da cidade. Como que é o procedimento desde

a preparação até a ocorrência mesmo do evento?

2-A execução. Tá.. é... Marina, nós temos então nossa divisão aqui dentro,

essa divisão ela.. a gente faz uma reunião, por exemplo o reveillon, foi feita, já a

segunda foi feita agora segunda feira, fizemos a primeira envolvendo só a secretaria

pra ver o que que nós podíamos fazer e a segunda agora já foi com o comando da

polícia militar, o corpo de bombeiros, outras secretarias pra divulgação, por exemplo

da comunicação, meio ambiente.. já que é o evento que envolve também quase

todas as secretarias.. porque o meio ambiente, quando chega dia primeiro já tá

replantando bromélias, já tá ajeitando as praças, porque eles arrebentam tudo. A

população, que nós hoje temos cento, oficialmente, cento e doze mil habitantes

chega a duzentos e cinquenta mil. Então quer dizer.. é..é... isso é um impacto muito

grande na cidade. Então a.. nós fazemos reuniões pra traçar o evento, depois

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fazemos então a segunda reunião com os envolvidos na história, em março tem o

encontro dos motociclistas então tem dois motoclubes de Rio das Ostras são os

principais articuladores do evento junto com a gente, então eles participam da

reunião e assim a gente vai fazendo as reuniões. Aí a divisão de eventos executa,

estrutura, legalização, toda a documentação necessária, tudo, a gente faz as plantas

pra poder ver o que acomoda, toda a preparação mesmo. E a secretaria então

chega no evento e trabalha firme alí até o fechar da cortina.

1-Eu não tinha nem pensado nisso, mas com relação aos eventos, eu vi que

pelo menos nos eventos que se repetem ha muitos anos, isso eu digo assim,

eventos que já são do calendário oficial da cidade podem ser considerados três que

são o evento de motociclismo, o de jazz e o festival de frutos do mar né?!

2-É.. tem o de dança também. E o festival de teatro.

1-Eles ocorrem há mais de..

2-Sim bastante tempo. Há mais de dez anos. Inclusive em todos os quatro o

de teatro, o de dança, o de motociclista, o ostra cycle, o jazz e o de frutos do mar

fazem parte do calendário estadual também.Não é só o municpal não. Eles já fazem

parte do calendário oficial do estado do Rio de Janeiro.

1-E com relação às ações de marketing. Pra divulgação, como é que é feito o

planejamento, a divulgação?

2-Quando a gente faz a reunião de estruturação do iníio da preparação do

evento, nós determinamos o que nós precisamos. Então nós precisamos de

frontlight, propaganda em rádio, propaganda em televisão, e tal e jornais, revistas,

Então a gente traça o que a secretaria quer. Aí a secretaria de comunicação social,

a gente passa isso pra ela, pra eles.. e eles então colocam em prática. Claro que às

vezes colocam até mais do que a gente precisa, do que a gente idealizou. Porque,

Marina, um problema muito grande nas cidades balneárias, cidades que vivem do

turismo, é a capacidade de carga. Então nós não podemos fazer uma divulgação

estupenda, de arrebentar, porque depois chega na hora não tem como acomodar

todo mundo, como dar uma boa hospitalidade pro turista. Tanto que até no reveillon

o pessoal reclama. "Ah, porque que não vem um show maravilhoso de artista

famoso?" Se eu já tenho duzentas mil pessoas na cidade com um show regional, um

show menor.. imagina se eu colocar um show de Zeca Pagodinho na virada do ano?

Eu não vou ter como colocar todo mundo na cidade, o transito vai virar um inferno..

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Então quer dizer.. o nosso maior problema na hora da divulgação, nosso problema

não, nossa preocupação é com a capacidade da cidade. Não adianta eu querer

fazer, por exemplo, agora nós conseguimos para o jazz uma grande operadora

lançar um tour pra cá, pro festival. Eu falei com ele ó.. ótimo, eu tento isso com você

há cinco anos, mas eu não quero que você coloque hospedagem em Rio das

Ostras. Você coloca um carro, um ônibus. Ele vai divulgar no Brasil inteiro. Na nossa

pesquisa do perfil do turista que nós fazemos aqui, no jazz, nós temos turistas do

Brasil inteiro, do exterior também, Argentina, Chile, tem muito da América do Sul,

dos outros países latinos que... hispânico.. Aí então, eu falei assim, olha lança um

carro com hospedagem aqui. Você pode lotar Macaé, lá tem o Sheraton, e final de

semana, no feriado você vai conseguir um preço bom e você vai conseguir vender

muita gente pro Jazz. Isso também é uma estratégia, porque o turista que vem ficou

em Macaé, não que Macaé seja longe, Macaé é pertinho, tem hotéis excelentes,

grandes, que acomodam muita gente... Só que ele vai ver que ele pode ficar

hospedado aqui. No ano seguinte o que que ele vai fazer? Tentar procurar as

pousadas aqui. Os meios de hospedagem daqui. Então é uma estratégia. Eu não

posso divulgar demais. Porque se eu divulgar "festival com hospegadem em Rio

das Ostras" eu vou me danar, que eu não vou ter lugar pra colocar todo mundo.

Essa divulgação é feita de acordo com a capacidade da cidade. O ano passado nós

fizemos uma inovação no Festival de frutos do mar, começou no festival de frutos do

mar, que foi a chamada no sistema interno das Barcas SA. O que apareceu de gente

aqui "poxa eu vi lá nas Barcas festival de frutos do mar de rio das ostras e tal, nunca

tinha vindo aqui, e tal, adorei.. to adorando o festival" quer dizer, pro festival de

frutos do mar ele cabe, porque? porque ele não tem a explosão que tem um jazz.

que tem um carnaval, então.. eu posso ainda divulgar mais. Agora esses que já

estão com a capacidade no limite, então ele é feito, a divulgação é feita muito

consciente do que a gente pode fazer. E claro que a Secretaria de Comunicação

Social, nós, a prefeitura tem um contrato com uma empresa de publicidade que faz

esse trabalho pra gente. A gente solicita pra eles, eles fazem, passam pra gente, a

gente aprova aí sim é divulgado.

1-E foi dito também que a execução dos eventos era feita por uma empresa,

já que demanda toda uma especialização...

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2- Só a parte de artistas do jazz. Essa parte de produção do artista por uma

produtora. Ou seja, essa produtora ela vai ver o cast, vai passar pra gente, a gente

aprova, ele cuida de camarim, a gente terceiriza tudo, não adianta também a gente

querer abraçar o mundo com as pernas. Então.. ele tem que cuidar das duzentas

toalhas que o artista pede, do camarim, do doce, a fruta que eles pedem, isso pra

gente já alivia muito. Nós ficamos com a parte de cadastro, de pesquisa, de

organização fora do palco.

1- E com relação às açòes de marketing do município? Como é que é feito o

planejamento para a divulgação de Rio das Ostras pra fora?

2-Você tá falando a Secretaria de Turismo ou a prefeitura?

1-Eu digo a secretaria porque parte-se do princípio que a secretaria cuidaria

da divulgação ou pelo menos

2-Não, a nossa secretaria de comunicação social ela é muito atuante e é ela

que comanda tudo isso. Então se o prefeito quer fazer uma propaganda na

televisão... é a secretria de comunicação social que faz. Nós não temos esse ... claro

que façam pra gente pra gente aprovar. Mas essa parte institucional da prefeitura é

toda a comunicação social. Nós fazemos através deles também, a nossa também é

feita através deles, mas no serviço público, Marina, é muito diferente do privado. Eu

sou diretor de turismo, eu tenho que pensar turismo, eu penso político? Penso. Eu

tenho pensamento político. Mas o meu turismo tem que ser maior que o meu

político. Eu não posso fazer uma ação política, turística, pensando político. Eu tenho

que pensar no turismo. Já outras secretarias já pensam politicamente. A secretaria

de meio ambiente, ela trabalha para que o município tenha Unidades de

conservação bem cuidada, jardins bem cuidados, etc e tal pra poder a administração

ficar bem. A secretaria de comunicação trabalha para que a divulgação do

município, o institucional do município esteja sendo bem feita. A secretaria de

educação a mesma coisa, trabalha para que a população tenha educação. E assim

vai. Só que o turismo é diferente, o turismo.. eu brigo a beça por isso.. eu não posso

pensar que o turismo.. eu tenho que fazer o turismo assim porque o prefeito se

comprometeu com aquele tipo de público local, o comércio e tal.. então, é mais

complicado. A gente tenta e cutuca.. E fala "isso aqui tá uma porcaria", "não quero

isso", como eu já fiz várias vezes, eu pedi uma coisa, vem aprovo, quando vem o

material não é nada do que eu pedi, eu enrolo e deixo num canto, eu não uso. E aí

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quando chega lá, "e cadê o outro?".. "cadê? Onde está? Eu pedi A, tu me mandou B

pra aprovar, eu mandei o A de volta pra você, você me falou que ia fazer o A e me

manda o C?! Não uso!"

1-É que nem sempre o que traz dinheiro faz bem pra população também né?!

2- Eu tenho que pensar turismo. Isso eu falo sempre com eles "Vocês todos

podem pensar político, porque vocês fazem para o município, eu faço para o turista

que vem visitar o município." É diferente. Eu não faço para o morador. O turismo não

faz para o morador, ele faz para o turista, que ele tenha uma boa impressão da

cidade. Então eu tenho que ver a parte turística. É mais complicado. Mesmo assim a

gente tenta. O institucional então é a secretaria de comunicação social, a parte de

turismo a gente é que faz junto.

1-Com relação à Conferencial Municipal, que não andou, eu tenho que falar

porque foi tudo o que motivou a fazer o trabalho e bem ou mal e eu até pesquisando

acabei abrindo um precedente pra falar muito mais do que eu inicialmente até

pensava. o que aconteceu, qual foi o resultado afinal da Conferência de 2008? O

conselho chegou a ser institucionalizado?

2-O resultado da Conferência foi publicado, foi publicado os eleitos, vou

colocar assim, porque são eleitos mesmo. As entidades, as pessoas foram eleitas,

foi publicado. Mas eles não fizeram nenhuma reunião. Porque? Porque faltavam os

cinco do poder público. Os cinco do poder público não foram nomeados. Já tinha um

presidente interino que ia fazer a primeira reunião pra poder ter a eleição pra saber

quem ia ser o presidente, tava tudo marcadinho, só que por causa de uma palavra

que saiu na conferência, no resultado da conferência saiu uma palavra. Que essa

palavra eu falei "gente você colocar essa palavra vai ficar parado, não vai andar".

1-Que era o Conselho Deliberativo?

2-Foi o que nós conversamos.

1-No caso ele saiu como deliberativo?

2-Eu falei, falei, falei.. não adiantou, ninguém entendeu. "Gente, consultivo"

1-E o Conselho deliberativo, pelo menos em pesquisas eu tava vendo o

Conselho deliberativo ele só consegue existir se o grupo inteiro for muito

2-Mas o poder público não quer que o conselho seja deliberativo. Nenhum

deles vai querer. Os únicos que são deliberativos é da saúde e educação. Porque o

governo federal já determinou que os conselhos têm que sem deliberativos. Cê

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imagina: eu prefeito, e eu quero fazer essa caixinha de caneta, de óculos, aí o

conselho da caixinha de óculos fala assim "não, nós não queremos que faça isso" e

eu tenho que guardar o meu projeto. Nenhum político vai aceitar isso. Nenhum

político. Então, por isso não foi pra frente, infelizmente.

1-E hoje em dia existe alguma participação da sociedade, digo de entidades

aqui, tanto dos comerciantes, atuando de alguma forma no turismo? No turismo que

eu digo assim, influenciando também as decisões do turismo ou não?

2-Temos o Convention. Temos o Rio das Ostras Convention and Visitors

Bureau que a presidente é uma hoteleira e ela tem bastante contato com a gente.

Então é uma parceira, e nós somos parceiros deles. O convention acho que não

viveria sem o poder público. Então esse convívio do convention nós temos, nós...

deixa eu ver qual outra entidade nós temos assim... uma aproximação maior com.. O

SEBRAE nem se fala né?! O SEBRAE é parceiro mesmo dos municípios, aqui nós

não temos o SEBRAE, nosso SEBRAE é Cabo Frio. Mas.... a coordenadora é muito

boa, bem atuante. E assim, sempre que tem alguma necessidade a gente

normalmente pergunta. Então a gente vai.. chega junto, oh isso assim assim.. você

acha que é uma boa? Eu então sou muito disso, tem uma hoteleira aqui que eu

converso muito com ela quando tem alguma coisa assim que, alguma ideia que as

pessoas tem pra fazer e tal. Eu vou lá e "e aí o que você acha?" "acho uma boa, não

acho bom" Os hoteleiros nós temos essa.. Nós não temos aqui uma associação de

hoteleiros, mas nós temos hoteleiros que são muito participativos, tanto pra malhar

quanto pra elogiar e pra dar ideias. Então, assim... seria bom um conselho, mas já

que não tem pelo menos a gente tem um bom convívio com as empresas que fazem

turismo.

1-O conselho de uma forma ou de outra ele agrega vários setores, então

ajuda bastante né?!

2-Com certeza.

1-Bom, é basicamente isso.

2-Ninguém falou pra mim, Marina, é essa palavra. Mas eu tenho certeza, se

eu fosse prefeito, eu fosse a autoridade eu nunca deixaria essa palavra passar.

POdia ter feito um conselho consultivo, depois que estivesse bem estruturado, bem..

já dentro com o poder público dentro e tal "gente vamos mudar? consultivo

deliberativo? moderado.. deliberativo moderado? com certas limitações... a gente vai

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aos pouquinhos, a gente vai conseguindo ganhar o espaço que o conselho precisa"

Mas, fui voto vencido.

1-Você me autoriza a usar as informações que você me deu no meu trabalho?

2-Por mim sem problema nenhum. Não vou cobrar direitos autorais não.

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ANEXO A – REGIMENTO INTERNO DA I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE

TURISMO EM RIO DAS OSTRAS

DECRETO Nº 141/2008

Aprova o regimento interno da 1ª Conferência Municipal de Turismo em Rio das

Ostras.

O Prefeito do Município de Rio das Ostras, Estado do Rio de Janeiro, no uso de

suas atribuições legais,

DECRETA:

Art. 1º - Fica aprovado o regimento interno da 1ª Conferência Municipal de Turismo

de Rio das Ostras.

Art. 2º - Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Gabinete do Prefeito, 07 de novembro de 2008.

CARLOS AUGUSTO CARVALHO BALTHAZAR

Prefeito do Município de Rio das Ostras

I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DE RIO DAS OSTRAS

REGIMENTO INTERNO

Capítulo I

Da Sede e Duração

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Art. 1º - A I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras será realizada no

dia 24 de novembro de 2008, das 13h às 20h, na Pousada Mar y Lago, sito à

Avenida Amazonas nº. 403 Terra Firme, Rio das Ostras - RJ.

Capítulo II

Da Justificativa

Art. 2º - A cidade de Rio das Ostras é privilegiada de população participativa, belas

praias, lagoas, costões rochosos, rios, canais, pradarias, montanhas, potencial

agropecuário e pesqueiro, acervo histórico cultural e relevante potencial na área de

negócios; vem realizar a sua I Conferência Municipal de Turismo, visando disciplinar

e desenvolver as atribuições de responsabilidades do segmento de forma mais

adequada e melhor ordenada, para atender às suas potencialidades atuais e futuras

com sustentabilidade, bem como criar o seu Conselho Municipal de Turismo que

terá atribuições de ajudar a qualificar esses novos caminhos.

Capítulo III

Das Finalidades

Art. 3º - São finalidades da I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras: I

– Estabelecer discussões e entendimentos sobre políticas e aspectos relacionados à

atividade turística do Município de Rio das Ostras e seus desdobramentos, de forma

a subsidiar as ações do Governo Municipal nas suas atribuições, objetivando a sua

sustentabilidade em consonância com as instâncias regional, estadual e federal, a

iniciativa privada e a sociedade.

II – Subsidiar os conferencistas com informações profissionais e acadêmicas das

mais atuais, relacionadas ao Turismo, para melhorar a compreensão e o

desenvolvimento relacionado às políticas, planejamento, propostas, projetos,

qualidades dos serviços e demandas para todo o universo do segmento.

III – Desenvolver maior e melhor entendimento das funções Conselho e

Conselheiros.

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IV – Eleger o Conselho Municipal de Turismo de Rio das Ostras – COMTUR.

Capítulo IV

Da Organização

Art. 4º - A I Conferência Municipal de Turismo, acontecerá sob os auspícios da

Prefeitura Municipal de Rio das Ostras e sob a Presidência do Secretário Municipal

de Turismo, Indústria e Comércio, sendo aberta à participação de toda a sociedade

rio ostrense.

Parágrafo Único: O Secretário Municipal de Turismo, Indústria e Comércio poderá

designar, em caso excepcional, um substituto para presidir a I Conferência Municipal

de Turismo.

Art. 5º - O Regimento Interno da Conferência foi estabelecido em consenso da

Comissão Organizadora, tendo em vista a necessidade de objetivar, de maneira

mais eficaz, o tempo da Conferência.

Art. 6º - O Presidente da Conferência conduzirá a mesma e fará cumprir o seu

Regimento Interno, e se necessário for, consultará os membros da Comissão

Organizadora, e Secretário Geral, que terão decisão soberana em caso de impasse.

Art. 7º - Poderá ser credenciado como DELEGADO, com direito a VOZ e VOTO,

todo munícipe que com mais de 18 anos, exibir a sua identificação por Documento

Legal de Identidade e que se credenciará conforme Art. 8º.

Parágrafo Único: A qualquer munícipe que não tenha se credenciado como

DELEGADO, será assegurada a participação apenas com VOZ, porém, sem direito a

VOTO.

Art. 8º - O credenciamento se realizará das 13h às 14h, impreterivelmente, na data e

local do evento.

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Art. 9º - A Comissão Organizadora da Conferência coordenará e dinamizará os

trabalhos da Conferência e da eleição para Conselheiros de Turismo.

Art. 10 – Será indicado pela Presidência da Conferência 1 (um) Secretário Geral.

Art. 11 – O Secretário Geral dará apoio itinerante à Comissão Organizadora no que

for necessário.

Art. 12 – É de competência da Comissão Organizadora auxiliar, orientar, tomar

medidas para o bom andamento, dos trabalhos eleitorais de sua responsabilidade,

resolver questões de ordem, apurar e registrar a votação junto à presidência da

Conferência, consultar, se necessário, o Secretário Geral, para fazer cumprir este

Regimento.

Art. 13 – O Secretário Geral receberá as propostas de cada Grupo de Trabalho (GT)

e lerá as mesmas propostas para toda a plenária. Estes trabalhos serão

encaminhados, na íntegra, ao CONTUR, como orientação da I Conferência

Municipal de Turismo de Rio das Ostras.

Capítulo V

Da Organização do Conselho Municipal de Turismo

Art. 14 – O Conselho Municipal de Turismo será composto por 12 (doze) membros

titulares, sendo 6 (seis) indicados pelas representações da sociedade, cada

segmento de grupo de classe e ou categoria agregada pela Comissão Organizadora

e 6 (seis) indicados pelo Poder Público Municipal, dentre as Secretarias de

Educação; Esporte e Lazer; Guarda e Trânsito; Agricultura e Pesca; Turismo,

Indústria e Comércio e a Fundação Rio das Ostras de Cultura. Além dos 12 titulares,

serão eleitos 12 (doze) suplentes, sendo 6 (seis) indicados pelas representações da

sociedade e 6 (seis) indicados pelo Poder Público Municipal.

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Art. 15 – Cada segmento de grupo de classe e ou categoria agregada pela

Comissão Organizadora, deverá eleger e indicar por consenso, ou outra forma que

achar eficaz dentre seus DELEGADOS , até 2 (dois) Conselheiros. Serão indicados

1 (um) titular e 1(um) suplente, para compor uma CHAPA para concorrer para o

COMTUR, disponibilizando a relação dos demais DELEGADOS, para que em caso

de VACÂNCIA venha o Conselho convocar como seu substituto.

Art. 16 – Todos os DELEGADOS de cada grupo de classe ou categoria agregada

pela Comissão Organizadora, impreterivelmente, terão exatos 30 minutos para

indicarem seus candidatos à Conselheiros, em forma de CHAPA à Comissão

Organizadora através de até 2 (dois) representantes para obterem o registro da

mesma.

Parágrafo Único: A comissão organizadora orienta e solicita que haja critério bem

rígido para a indicação de membros para comporem o COMTUR, ou seja,

caracterizando-se: ENVOLVIMENTO E COMPROMETIMENTO, VISÃO

CONTEXTUALIZADA DA FUNÇÃO, OBJETIVIDADE E DISPONIBILIDADE.

Art. 17 – Caso haja mais de um grupo de 6 (seis) titulares (mais 6 suplentes)

postulantes a membros do COMTUR, a Comissão Organizadora acatará cada grupo

identificando-os de forma numérica para que com esta identificação como CHAPA

venha a concorrer e ser votado o grupo.

Art. 18 – Somente DELEGADO identificado por crachá da Conferência poderá ser

Eleitor e Candidato à função de Conselheiro do Turismo.

Art. 19 – Todo munícipe não credenciado tem direito apenas a VOZ e NÃO ao

VOTO.

Capítulo VI

Da Eleição do Conselho Municipal de Turismo

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Art. 20 – Ao Secretário Geral caberá receber as propostas de CHAPAS postulantes

ao COMTUR, que deverá ser composta prioritariamente, conforme Capítulo V, e

encaminha-las à Presidência e a Comissão Organizadora da Conferência para

homologá-la (s) ou não.

Art. 21 – A Presidência da Conferência, tão logo receba o mapa com as inscrições

de CHAPAS do Secretário Geral, apresentará para a plenária e iniciará o processo

da eleição para o COMTUR.

Art. 22 – Cada CHAPA terá até 3 (três) minutos para defender suas idéias de

postulantes a função de Conselheiros do Turismo.

Art. 23 – O processo eleitoral para CHAPA vencedora se dará pela entrega do

crachá por cada DELAGADO presente na Conferência e será vencedora a que

obtiver maior número de votos por maioria simples.

Art. 24 – Em caso de empate os postulantes das CHAPAS eliminadas votarão e

decidirão entre as CHAPAS classificadas, qual das duas finalistas será vencedora

por maioria simples.

§ 1 – Havendo apenas uma CHAPA homologada, esta será reconhecida vencedora

por aclamação.

§ 2 – Havendo 02 Chapas e empatadas, falir-se-á nova eleição oferecendo mais 03

minutos para defesa.

Art. 25 – Procedida a eleição e definida a vitória de uma CHAPA, esta será

proclamada pelo Presidente da Conferência como o COMTUR de Rio das Ostras,

para o biênio 2009/210.

Capítulo VII

Dos Trabalhos da Conferência

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Art. 26 – A I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras constará de:

Dia 24/11/2008 – 13h Abertura Solene na Pousada MAR Y LAGO, com a presença

do EXMO. Sr. Prefeito, do Secretário de Turismo, indústria e Comércio e do

Presidente da Câmara. A apresentação do Regimento Interno, Palestras Temáticas,

Esclarecedoras, Grupos de Trabalhos, Coffee Break, Eleição do COMTUR,

Reconhecimento e Apresentação do COMTUR, Agradecimentos e Confraternização.

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ANEXO B – PROGRAMAÇÃO DA I CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE TURISMO DE

RIO DAS OSTRAS3

Programação da I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras realizada em

24 de novembro de 2008

Fonte: Jornal Primeira Hora

Data da publicação: 22 de novembro de 2008

I Conferência Municipal de Turismo de Rio das Ostras

Horário: 13h às 20h

Local: Pousada Mar y Lago (Av. Amazonas, 403, Terra Firme, Rio das Ostras – RJ)

Programação:

13h - Credenciamento

14h 30m - Palestra "O turismo para a cidade: caminhos para o seu desenvolvimento

sustentável", ministrada pelo professor Eduardo Vilela

15h - Palestra "O turismo atual e as perspectivas para o futuro: propostas para o

desenvolvimento do turismo com responsabilidade", ministrada pelo professor

Aguinaldo Fratucci

15h às 16h - Plenária

16h 30m - Discussão temática para levantar propostas relacionadas ao turismo

18h - Criação e registro de chapas para a formação do Conselho

18h 40m - Eleição do Conselho Municipal

3 Disponível em: www.jornalprimeirahora.com.br/noticia/42421/Conferencia-de-Turismo-de-Rio-das-Ostras-

acontece-na-proxima-segunda-feira. Acesso em:

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ANEXO C – PESQUISA DO PERFIL DO TURISTA4

Pesquisa realizada em 2011, durante o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival.

Dados extraídos do Estudo para identificação de setores e segmentos econômicos

com potencial de desenvolvimento no município de Rio das Ostras.

• 72,9% do público eram da faixa etária entre 21 e 50 anos, sendo que 56,2% entre

21 e 40 anos de idade;

• 70,9% do público com escolaridade de nível superior, dos quais 22,5% com pós-

graduação;

• 79,1% do público com renda familiar superior a R$ 1.801,00 e, destes, 28,5%

acima de R$ 4.501,00;

• 91,2% do público veio acompanhado, em sua maioria com mais 3 pessoas;

• 62,6% do público oriundo do Estado do Rio, sendo 32,9% da Capital;

• 23,1% do público pretendia gastar entre R$ 500,00 e R$ 2.000,00 e 10,1% acima

de R$ 2.000,00;

• 59,3% do público souberam por amigos e 32,1% pela internet;

• 93,6% do público vieram por organização própria e apenas 1% utilizou serviços de

agência de viagem;

• 97,3% do público consideraram o evento excelente ou bom e 96,6% pretendiam

retornar;

• 91,4% consideram o espaço comercial do evento como excelente ou bom;

• 84,1% já conheciam Rio das Ostras, sendo que 26,9% visitam o município apenas

1 vez por ano;

• 68,7% pretendiam ficar de 3 a 5 dias no município;

4 Disponível em: http://www.riodasostras.rj.gov.br/dados-do-municipio.html Acesso em: 04 jan. 2013

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• 28,1% hospedados em hotéis ou pousadas e 36,1% em casas de amigos;

• 78,7% consideraram a qualidade dos hotéis e pousadas de nível excelente ou bom;

• 81,5% consideraram que os atrativos turísticos eram de nível excelente ou bom;

• 82,9% consideraram que o comércio local era de nível excelente ou bom;

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S219 Sandrini, Marina Zanette Políticas públicas de turismo do município de Rio das Ostras-RJ após a Conferência Municipal do ano de 2008 – um recorte entre os anos de 2009 e 2012 / Marina Zanette Sandrini – Niterói: UFF, 2013. 73p. Monografia ( Graduação em Turismo ) Orientador : Aguinaldo César Fratucci, D.Sc. 1.Turismo 2. Políticas públicas de turismo 3. Conselho Municipal de Turismo 4. Rio das Ostras,RJ

CDD. 338.4791