257
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - UNIMEP FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROPOSTA DE UM MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO COM BASE NA INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E GESTÃO DA INOVAÇÃO INAYARA VALÉRIA DEFREITAS PEDROSO GONZALEZ ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO CELSO DE CAMPOS PPGEP - Área de concentração: Gestão e Estratégias Linha de pesquisa: Gestão Estratégica de Operações SANTA BÁRBARA D‟OESTE 2014

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

  • Upload
    vuduong

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

0

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - UNIMEP FACULDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E URBANISMO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PROPOSTA DE UM MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

COM BASE NA INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E

GESTÃO DA INOVAÇÃO

INAYARA VALÉRIA DEFREITAS PEDROSO GONZALEZ ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO CELSO DE CAMPOS

PPGEP - Área de concentração: Gestão e Estratégias Linha de pesquisa: Gestão Estratégica de Operações

SANTA BÁRBARA D‟OESTE 2014

Page 2: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

1

INAYARA VALÉRIA DEFREITAS PEDROSO GONZALEZ

PROPOSTA DE UM MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

COM BASE NA INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E

GESTÃO DA INOVAÇÃO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, como requisito para obtenção do título de Doutora em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Celso de Campos.

SANTA BÁRBARA D‟OESTE 2014

Page 3: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

2

Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UNIMEP Bibliotecária: Carolina Segatto Vianna CRB-8/7617

Gonzalez, Inayara Valéria Defreitas Pedroso G643p Proposta de um modelo de formação de estratégia de

negócio com base na integração entre aprendizagem organizacional e gestão da inovação / Inayara Valéria Defreitas Pedroso Gonzalez. – 2014.

256 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Fernando Celso de Campos. Tese (doutorado) – Universidade Metodista de Piracicaba,

Engenharia de Produção, 2014. 1. Estratégia de Negócio. 2. Aprendizagem

organizacional. 3. Gestão. 4. Inovação. 5. Gestão da Inovação. I. Campos, Fernando Celso de. II. Título.

CDU – 658.4

Page 4: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho àquelas pessoas muito

especiais: meu marido e companheiro Anderson Soncini Pelissari, meus pais Ademar e Flávia; aos meus cinco irmãos: Igor, Gustavo, Daianne, Karinne e Diego; às minhas tias Lucília e Joseline, e às minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês.

Page 5: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, A DEUS, pelo dom da vida e por me proporcionar saúde, tenacidade, sabedoria e esperança para dar continuidade ao meu crescimento profissional e pessoal. Agradeço A DEUS por permitir pessoas tão especiais em minha vida, pois embora o trabalho seja escrito por uma única pessoa, sempre há a cooperação de indivíduos e organizações.

Ao meu esposo, Anderson Soncini Pelissari, verdadeiro companheiro, um amigo, sempre pronto com palavras de motivação, energizando o caminho, compreensivo e paciente nos meus momentos de reflexão.

Ao Professor Dr. Fernando Celso de Campos, pela orientação, contribuições e incentivo para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos Professores Doutores Carlos Roberto Camello Lima, Alexandre Tadeu Simon, Íris Bento da Silva, Rosângela Maria Vanalle, Orlando Roque da Silva e Alceu Gomes Alves Filho pelas observações e contribuições para a melhoria do trabalho.

Aos especialistas que participaram do pré-teste do instrumento de coleta, pela pontualidade e contribuições.

Às empresas que proporcionaram as interações e comunicações necessárias para a realização deste trabalho. Agradeço, de coração, por toda atenção que as gestoras, que participaram desta pesquisa, me deram ao longo da etapa de coleta de dados.

Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP/SP, pela oportunidade de realização do doutorado. Aos Professores Doutores do Curso de Doutorado da UNIMEP, pelas aulas e pelos momentos agradáveis de aprendizado.

À minha mãezinha linda, Flávia Valéria Defreitas Pedroso Gonzalez, e ao meu paizinho lindo, Ademar Gonzalez, tão especiais, tão queridos, meus amores que me conceberam a vida e estão há muito tempo longe, fisicamente, de mim, mas totalmente presentes em minha vida. Obrigada porque vocês existem e porque sempre compreenderam as minhas ausências neste ciclo de minha vida.

Ao meu amigo Joel Batista, agradeço pelos vários momentos em que dividiu comigo a sua sabedoria, os seus conhecimentos e ensinamentos. Amigão, você é luz por onde passa. Muita Saúde e Muita Alegria, para você e a sua linda família. E a todos aqueles que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a realização deste trabalho: Muito Agradecida!

Page 6: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

5

RESUMO

GONZALEZ, Inayara Valéria Defreitas Pedroso. Proposta de Um Modelo de Formação de Estratégia de Negócio com base na Integração Entre a Aprendizagem Organizacional e Gestão da Inovação. 2014. 256 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Metodista de Piracicaba, Santa Bárbara d‟Oeste – SP, 2014. Neste trabalho formula-se uma proposta de um modelo de formação de estratégia de negócio, a partir da integração entre aprendizagem organizacional e gestão da inovação. Tomaram-se, como base teórica, para sustentar o modelo, os pressupostos teóricos que relacionam a aprendizagem organizacional e a gestão da inovação ao processo de formação de estratégia. A partir do procedimento técnico multicaso, buscou-se verificar, em três empresas industriais do setor de cosméticos, de distintos portes, sendo uma pequena, outra média e uma de grande porte, as condições ou características gerais para a aprendizagem e inovação que estão presentes no modelo proposto, assim como levantar outras características e práticas que pudessem trazer contribuições ao modelo. Com base na análise de conteúdo, chegou-se à verificação da aderência do modelo na prática das empresas. As análises foram facilitadas pelo uso da matriz e do mapa estratégico do modelo, e pela técnica de triangulação de dados. A partir da avaliação das cinco etapas do modelo com as suas interfaces, se chega à integração entre a aprendizagem organizacional e gestão da inovação. Essa integração ao processo de formação de estratégia colabora na conquista de vantagem competitiva, na medida em que a dificuldade de gestores, em geral, de coordenar e integrar conhecimentos passa a ser tratada pela orientação sobre quais requisitos de inovação com base na aprendizagem devem ser explorados nas rotinas da empresa. O modelo proposto revela a interação entre a aprendizagem e a inovação, e a definição de um conjunto de condições ou características gerais que as empresas que procuram inovar devem buscar no processo de formar a estratégia de negócio. O modelo possibilitou a identificação dos pares de requisitos de inovação com base na aprendizagem que foram expostos em um Mapa estratégico e que devem estar contidos no processo de formação de estratégia de negócio. Esses pares orientam a gestão, tanto de pequenas, quanto de médias ou de grandes empresas, com relação à administração do processo de formar a estratégia de negócio, numa visão participativa e integradora, para facilitar as adaptações da empresa em fase de mudança.

Palavras-chave: Estratégia de Negócio; Aprendizagem Organizacional;

Gestão; Inovação; Gestão da Inovação.

Page 7: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

6

ABSTRACT

GONZALEZ, Inayara Valéria Defreitas Pedroso. Proposal for a Business Strategy Formation Model based on the integration between Organizational Learning and Innovation Management, 2014. 256p. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Metodista de Piracicaba, Santa Bárbara D‟Oeste.

This work states a proposal for a business strategy formation model, from the integration of organizational learning and innovation management. To support the model, were taken as theoretical basis the theoretical assumptions that relate organizational learning and innovation management to the strategy formation process. From the multi cases technical procedure, were found in three cosmetics industry industrial companies, one small, one medium and one large, conditions or general characteristics for learning and innovation that are present in the proposed model, as well as raise other features and practices that could bring contributions to the model. Based on content analysis, came to the verification of the model's grip on business practice. Analysis was facilitated by the use of pattern, the model's strategy map, and the data triangulation. From the evaluation of the model's five steps with its interfaces, it comes to the integration of organizational learning with innovation management. This integration the strategy formation process assists in the achieve meant of competitive advantage, to the extent that the manager's difficulties to coordinate and integrate knowledge begins to be treated by guidance on which innovation requirements based on learning should be explored in the company's routines. The proposed model shows the interaction between learning and innovation, and the definition of a set of general conditions or characteristics that companies searching for innovation must seek in the process of forming the business strategy. The model enabled the identification of innovation requirements pairs, based on the learning that they were exposed in a strategic map and that should be contained in the process of business strategy formation. These pairs guide the management of small, medium or large companies, regarding the administration of the forming business strategy process, in a participatory and integrated view, to facilitate the company's adaptations in flux.

Keywords: Business Strategy; Organizational learning; management;

innovation; Innovation Management.

Page 8: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

7

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - DELIMITAÇÃO E ALCANCE DA TESE ...................................................... 26

FIGURA 2 - MÉTODO/CAMINHO PERCORRIDO PARA SE CHEGAR AO OBJETIVO GERAL DA

TESE. ................................................................................................................. 28

FIGURA 3 - VISÃO MACRO DA PESQUISA ............................................................... 29

FIGURA 4 - CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E

A CARACTERIZAÇÃO ESCOLHIDA ........................................................................... 30

FIGURA 5 - PROCESSO PRESCRITIVO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA ..................... 37

FIGURA 6 - O PROCESSO DICOTÔMICO DE CONCEBER A ESTRATÉGIA E O PARADIGMA DA

ESTABILIDADE ..................................................................................................... 37

FIGURA 7 - ESTRATÉGIAS DELIBERADAS E EMERGENTES ........................................ 43

FIGURA 8 - ESTRATÉGIA DELIBERADA E EMERGENTE .............................................. 44

FIGURA 9 - A ESPIRAL DO CONHECIMENTO ............................................................ 50

FIGURA 10 - PROCESSO EMERGENTE DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA ..................... 52

FIGURA 11 - ESTRUTURA UNIFICANTE ................................................................... 65

FIGURA 12 - DO PROCESSO INDIVIDUAL AO PROCESSO COLETIVO DE APRENDIZADO

ORGANIZACIONAL ............................................................................................... 66

FIGURA 13 - ARCABOUÇO CONCEITUAL PARA A GESTÃO DA APRENDIZAGEM

ORGANIZACIONAL ................................................................................................ 68

FIGURA 14 - CICLOS DE APRENDIZAGEM DE ARGYRIS E SCHÖN (1978) ................... 69

FIGURA 15 - TRAJETÓRIA DE ESTUDOS SOBRE INOVAÇÃO ....................................... 75

FIGURA 16 - A COMPLEXIDADE DA INOVAÇÃO NA TEORIA DA ECONOMIA DO

APRENDIZADO .................................................................................................... 76

FIGURA 17 - PROCESSO DE INOVAÇÃO .................................................................. 78

FIGURA 18 - LANÇAMENTO DA NOVA INOVAÇÃO NO MERCADO ................................. 80

FIGURA 19 - NÍVEIS DE EXPLICAÇÕES DOS COMPORTAMENTOS ............................... 87

Page 9: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

8

FIGURA 20 - MODO LINEAR DE AÇÃO RACIONAL ..................................................... 92

FIGURA 21 - MODO DE AÇÃO ADAPTATIVO DA VISÃO INCREMENTALISTA................... 93

FIGURA 22 - MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO DE CIRCUITO FECHADO ................... 96

FIGURA 23 - ETAPAS PERCORRIDAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA. ................. 115

FIGURA 24 - PROPOSTA DE MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO 131

FIGURA 25 - DETALHAMENTO DO MODELO – MISSÃO, VALORES E VISÃO ............... 133

FIGURA 26 - DETALHAMENTO DO MODELO – ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO ....... 136

FIGURA 27 - DETALHAMENTO DO MODELO – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ..... 140

FIGURA 28 - DETALHAMENTO DO MODELO – GESTÃO DA INOVAÇÃO ...................... 145

FIGURA 29 - INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM E INOVAÇÃO ............................. 148

FIGURA 30 - DETALHAMENTO DO MODELO – ALINHAMENTO DA ESTRATÉGIA .......... 151

FIGURA 31 - MAPA ESTRATÉGICO DO MODELO PROPOSTO .................................... 154

FIGURA 32 - CIRCUITO DE INTERAÇÃO DO MODELO PROPOSTO ............................ 156

FIGURA 33 - OS OBJETIVOS E AS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS ÀS ETAPAS 1-3

DO MODELO ..................................................................................................... 160

FIGURA 34 - ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A” E “B” À ETAPA 2 DO MODELO ............ 189

FIGURA 35 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À ETAPA 2 DO MODELO ....................... 190

FIGURA 36 - OS OBJETIVOS E AS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS ÀS ETAPAS 1-4

DO MODELO. ..................................................................................................... 193

FIGURA 37 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “A” À ETAPA 3 DO MODELO........................ 202

FIGURA 38 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “B” À ETAPA 3 DO MODELO ........................ 214

FIGURA 39 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À ETAPA 3 DO MODELO ........................ 214

FIGURA 40 - ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A” E “B” À ETAPA 4 DO MODELO. ........... 224

FIGURA 41 - AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA CULTURA DE

APRENDIZAGEM CONTÍNUA. ............................................................................... 224

FIGURA 42 - OS PARES DE REQUISITOS DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM

ORGANIZACIONAL NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO ..... 227

Page 10: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

9

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - ABORDAGENS SOBRE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA ............................... 33

QUADRO 2 - CONCEITOS E TIPOS DE ESTRATÉGIA A PARTIR DAS DEZ ESCOLAS DE

PENSAMENTO ESTRATÉGICO ................................................................................ 36

QUADRO 3 - DO PARADIGMA DA ESTABILIDADE PARA O PARADIGMA DA

TRANSFORMAÇÃO ............................................................................................... 38

QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO À LUZ DO PARADIGMA DA ESTABILIDADE . 39

QUADRO 5 - AS CINCO DEFINIÇÕES OU OS 5P‟S DA ESTRATÉGIA PARA MINTZBERG E

QUINN (2001) .................................................................................................... 41

QUADRO 6 - CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES ACERCA DO PROCESSO DE

FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIA ............................................................................. 47

QUADRO 7 – VERTENTES TEÓRICAS QUE SUSTENTAM OS PRINCIPAIS MODELOS DE

APRENDIZAGEM .................................................................................................. 54

QUADRO 8 – APRENDIZAGEM SISTEMÁTICA DA PRÓPRIA APRENDIZAGEM ................ 55

QUADRO 9 - ATITUDES INOVADORAS QUE FAZEM A DIFERENÇA NA AÇÃO CRIATIVA .... 71

QUADRO 10 - AS HABILIDADES COMPONENTES DAS COMPETÊNCIAS PESSOAIS EM

CRIATIVIDADE ..................................................................................................... 72

QUADRO 11 - ASSOCIAÇÃO ENTRE INOVAÇÃO E OUTROS FENÔMENOS DOS NÍVEIS

INDIVIDUAL, ORGANIZACIONAL E INDUSTRIAL .......................................................... 77

QUADRO 12 - ÁREAS DE IMPLICAÇÕES COM A INOVAÇÃO ........................................ 82

QUADRO 13 - FATORES RESPONSÁVEIS PELA SUSTENTAÇÃO DAS CAPACIDADES

DINÂMICAS ......................................................................................................... 84

QUADRO 14 - HABILIDADES FUNDAMENTAIS PARA A GERAÇÃO DE INOVAÇÃO QUE GERE

RESULTADO. ....................................................................................................... 86

QUADRO 15 - DEFICIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM. ................................................... 88

QUADRO 16 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE O TEMA ESTRATÉGIA, PARA INICIAR A

CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA ......................................... 98

Page 11: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

10

QUADRO 17 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE APRENDIZAGEM, PARA INICIAR A

CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA. ...................................... 100

QUADRO 18 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE INOVAÇÃO, PARA INICIAR A

CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA ....................................... 101

QUADRO 19 - O CONTEÚDO E O DOMÍNIO NECESSÁRIO SOBRE APRENDIZAGEM, PARA

INICIAR A CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA ......................... 102

QUADRO 20 - O CONTEÚDO E O DOMÍNIO NECESSÁRIO SOBRE INOVAÇÃO, PARA INICIAR

A CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA .................................... 103

QUADRO 21 - A EXPLICAÇÃO SOBRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NO PROCESSO

DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO

NESTA PESQUISA ............................................................................................... 104

QUADRO 22 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE

FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA E A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ......................... 105

QUADRO 23 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE

FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES ................. 106

QUADRO 24 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE

FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DE INOVAÇÃO

....................................................................................................................... 107

QUADRO 25 - OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

....................................................................................................................... 108

QUADRO 26 - DESCRIÇÃO GERAL DA ABORDAGEM METODOLÓGICA ADOTADA ....... 112

QUADRO 27 – BASE TEÓRICA QUE ALICERÇA O MODELO ....................................... 130

QUADRO 28 - MATRIZ PASSO-A-PASSO DO MODELO ............................................ 152

QUADRO 29 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS TRÊS EMPRESAS DO SETOR DE

COSMÉTICOS .................................................................................................... 158

QUADRO 30 - ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A”, “B” E “C” AOS REQUISITOS DA

PERSPECTIVA DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ............................................. 174

QUADRO 31 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” ÀS DISCIPLINAS DOMÍNIO PESSOAL E

MODELOS MENTAIS DE PETER SENGE ................................................................ 204

Page 12: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

11

QUADRO 32 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA VISÃO COMPARTILHADA DE

PETER SENGE .................................................................................................. 205

QUADRO 33 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA APRENDIZAGEM EM EQUIPE

DE PETER SENGE ............................................................................................. 206

QUADRO 34 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA PENSAMENTO SISTÊMICO DE

PETER SENGE .................................................................................................. 207

QUADRO 35 – SÍNTESE GERAL DAS ANÁLISES DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS ....... 216

QUADRO 36 – OS REQUISITOS DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM ......... 225

Page 13: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ....................................................................... 17

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 18

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................... 19

1.3.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 19

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 19

1.4 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ................................................ 19

1.5 LIMITES E ALCANCE DA PESQUISA .................................................................. 25

1.6 ETAPAS PERCORRIDAS NA REALIZAÇÃO DA TESE ............................................ 27

1.6.1 VISÃO MACRO DA PESQUISA ...................................................................... 29

1.6.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA: ABORDAGEM, MÉTODO, OBJETIVOS E OS

PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS ........................................................ 30

1.7 ESTRUTURA DA PESQUISA ............................................................................ 31

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 32

2.1 PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO ................................. 32

2.1.1 ESTRATÉGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS, TIPOS E ABORDAGENS .... 34

2.1.2 PARADIGMA DA ESTABILIDADE VERSUS O PARADIGMA DA TRANSFORMAÇÃO E O

PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA ........................................................... 38

2.1.3 A ESCOLA DE APRENDIZADO E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

EMPRESARIAIS.................................................................................................... 48

2.1.3.1 AS PREMISSAS DA ESCOLA DE APRENDIZADO ............................................ 49

2.2 AS DISCIPLINAS DE APRENDIZAGEM ................................................................ 57

2.2.1 DOMÍNIO PESSOAL .................................................................................... 57

2.2.2 MODELOS MENTAIS ................................................................................... 58

2.2.3 A CONSTRUÇÃO DE UMA VISÃO COMPARTILHADA .......................................... 59

2.2.4 APRENDIZAGEM EM EQUIPE ........................................................................ 59

Page 14: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

13

2.2.5 PENSAMENTO SISTÊMICO ........................................................................... 61

2.3 CICLOS DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE

FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA................................................................................. 63

2.4 INOVAÇÃO E GESTÃO DA INOVAÇÃO ............................................................... 73

2.4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS E OS TIPOS DE INOVAÇÃO ................. 73

2.4.2 GESTÃO DA INOVAÇÃO E ESTRATÉGIA ......................................................... 85

2.4.3 INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO .............. 89

2.5 GESTÃO DA INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

ESTRATÉGIA ....................................................................................................... 92

3 SÍNTESE CONCEITUAL DO REFERENCIAL TEÓRICO E AS RESPOSTAS PARA AS

QUESTÕES SECUNDÁRIAS DA PESQUISA .............................................................. 97

4 ABORDAGEM METODOLÓGICA E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ....................... 109

4.1 TIPO DA PESQUISA ...................................................................................... 109

4.1.1 QUANTO A ABORDAGEM GERAL DA PESQUISA ............................................ 110

4.1.2 QUANTO AOS OBJETIVOS DA PESQUISA ..................................................... 111

4.1.3 QUANTO AO MÉTODO DA PESQUISA ........................................................... 111

4.2 ETAPAS PERCORRIDAS ................................................................................ 112

4.3 PLANEJAMENTO DO ESTUDO MULTICASO ...................................................... 117

4.4 COLETA DE DADOS...................................................................................... 118

4.4.1 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA ............................................................... 120

4.4.2 DOCUMENTOS.......................................................................................... 122

4.4.3 OBSERVAÇÃO DIRETA .............................................................................. 122

4.5 PLANEJAMENTO DO PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE COLETA ...................... 123

4.5.1 PRÉ-TESTE DE VIABILIDADE DOS INSTRUMENTOS DE COLETA ....................... 124

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 125

5 PROPOSTA DE MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO ............... 129

5.1 BASE TEÓRICA QUE SERVIU DE ALICERCE AO MODELO .................................. 129

5.2 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO...... 131

Page 15: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

14

6 VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS AO MODELO PROPOSTO ............ 158

6.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 1: COMPARTILHAMENTO DA

MISSÃO, VALORES E VISÃO ............................................................................... 159

6.1.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 1 E 2 .... 166

6.2 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 2: ANÁLISE AMBIENTAL ....... 180

6.2.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 2 E 3 .... 191

6.3 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 3: APRENDIZAGEM

ORGANIZACIONAL ............................................................................................. 192

6.3.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 3 E 4 ..... 202

6.4 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 4: GESTÃO DA INOVAÇÃO ... 207

6.4.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 4 E 5 ..... 213

6.5 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 5: ALINHAMENTO ESTRATÉGICO

....................................................................................................................... 215

6.6 PARES DE REQUISITO DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM ................ 222

7 CONCLUSÃO .................................................................................................. 229

7.1 SUGESTÃO PARA PESQUISA FUTURA ............................................................ 231

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 233

APÊNDICES ...................................................................................................... 249

Page 16: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

15

1 INTRODUÇÃO

No cenário competitivo do século XXI, a formação de estratégia passou a ser

um ponto importante para empresas que desejam alterar e alavancar o

processo de obtenção de vantagem competitiva. Até meados dos anos 1970, o

tomador de decisão empresarial dedicava atenção ao seu processo de formar a

estratégia numa abordagem prescritiva e não àquele direcionado a formar

estratégia dentro de uma abordagem descritiva, pois havia o pleno domínio do

movimento top-down, com ênfase no controle dos desempenhos planejados,

por poucos, e não na aprendizagem organizacional.

Num contexto globalizado, sem fronteiras para a interação, novas

possibilidades e desafios vêm despontando nos espaços da competição. A

promoção da inovação é um desses desafios, para aquelas organizações que

buscam desenvolver tecnologias, e integrá-las em produtos ou serviços

ganhadores de pedido. Mas, para que essa integração aconteça, outros

processos anteriores devem ocorrer na empresa, e que, inevitavelmente,

envolvem recursos e capacidades organizacionais, como é o caso da gestão

do conhecimento, da aprendizagem organizacional e da gestão da inovação.

Por essa razão, e também pelo fato de haver muitas pesquisas sobre

estratégias e formas de competição, mas pouca explicação acerca da

estratégia como prática para criação de desempenho superior (melhoria

contínua e criação de valor), este estudo aborda o tema formação da estratégia

a partir da integração entre aprendizagem organizacional e gestão da inovação.

Merece atenção a falta de estudos sobre equipes de direção em estratégia de

pequenas e médias empresas (LIMA, 2010). Mas este tema é igualmente

relevante para as grandes empresas, já que elas possuem uma estrutura mais

alta (mais níveis hierárquicos), consomem maior tempo para medir e gerir os

seus desempenhos. Apesar do repertório de ferramentas de gestão que

facilitam a coordenação e integração de suas unidades e departamentos, como

é o caso da ferramenta de gestão Balanced Scorecard (BSC) e Mapa

Page 17: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

16

Estratégico, as grandes empresas também possuem necessidades de melhoria

contínua para lidar com o contexto global concorrencial.

Em um mercado globalizado, com elevada competição, em que cadeias de

suprimentos competem entre si, e estratégias de relacionamento precisam ser

aperfeiçoadas continuamente, capacidades de aprendizagens para a inovação

tornam-se essenciais no processo de formação de estratégias de negócios.

Teece, Pisano e Shuen (1997) explicam que o termo capacidade refere-se ao

papel da gerência em adaptar, integrar e reconfigurar apropriadamente

habilidades organizacionais internas e externas, recursos e competências para

que seja possível adaptar a organização ao ambiente altamente mutável.

A empresa do século XXI, que depende de conhecimentos e informações para

lidar com um mercado altamente competitivo, precisa desenvolver ciclos de

aprendizagens capazes de relacionar diferentes ideias, entre diferentes

pessoas, num processo contínuo e evolutivo, a fim de ser capaz de adaptar-se

e manter-se no mercado (FLEURY; FLEURY, 2011).

O resultado da integração de determinada tecnologia a um produto ou a um

serviço é fruto da capacidade de aprender e, para continuar inovando, há a

necessidade de aprender a aprender. Por isso, este estudo aborda o tema

formação de estratégia de negócio a partir da integração entre aprendizagem

organizacional e gestão da inovação.

O entendimento da proposta de um modelo de formação de estratégia de

negócio, criado a partir da integração entre aprendizagem organizacional e

gestão da inovação, inclui a compreensão da relação entre as variáveis

“aprendizagem organizacional” e “inovação” no processo de formação de

estratégia de negócio. Outros pontos também foram determinantes para se

chegar à proposta deste trabalho, que são: o conhecimento das abordagens

relativas ao tema, incluindo conceitos e premissas e, mais especialmente, o

entendimento da importância do estudo da integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação, na proposta de formação de uma

estratégia de negócio.

Page 18: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

17

Para melhor compreensão desta pesquisa, inicialmente apresenta-se a

contextualização do tema, a caracterização do problema, os objetivos, a

relevância, originalidade e contribuições da pesquisa, os limites e alcance do

estudo, as etapas percorridas, e a caracterização da pesquisa, com a sua

abordagem, método e os procedimentos metodológicos.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Diante de um cenário com novos competidores, com novos produtos e

serviços, e estratégias que se mostram não lineares e inovadoras, a prática de

analisar o mercado simplesmente não basta, é preciso que os gestores

mostrem adaptabilidade às contingências enfrentadas; que as estratégias

sejam adaptativas (ABBADE; ZAINI; SOUZA, 2012).

Sabe-se, ainda, que organizações que primam por inovações, a partir de

processos de aprendizagem, tendem a ser mais aptas a subsistir, e a inovação,

neste contexto, é mais do que simplesmente conceber uma nova ideia, é um

processo de desenvolver seu uso prático (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

O elemento central no processo de produção, competição e crescimento é o

desenvolvimento enraizado nas condições de aprendizado e na capacidade de

gerar novo conhecimento. Mas, lidar com um ambiente econômico de mercado

competitivo global exige que esse desenvolvimento não dependa apenas dos

produtos inovadores e das inteligências individuais das empresas, mas das

funções e talentos para criar um todo produtivo, chegando-se a um

pensamento sistêmico, visando ao desenvolvimento contínuo e adaptativo

(SENGE, 2002).

A esse respeito, Senge (2002) assume que falta nas empresas uma disciplina

capaz de traduzir a visão individual em uma visão compartilhada; não há um

livro de receitas, mas um conjunto de princípios e práticas orientadoras.

Chris Argyris (1977) foi um dos primeiros a defender que as organizações

deveriam estar em constante aprendizagem. Peter Senge foi aluno de Argyris

(1977) e, na mesma linha, trabalhou a conectividade entre o mundo individual

do trabalhador e o mundo da organização, mas com a diferença de que Senge

Page 19: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

18

passou a pensar em termos de sistemas e estruturas, e Argyris ficou focado

nas interações e defesas, entre indivíduos e grupos. “O desenvolvimento de

formas organizacionais que privilegiam a aprendizagem e a inovação só teve

seu início no oriente” (FLEURY; FLEURY, 1995, p. 17). Estudos ligados a

processos de aprendizagem só começaram a ser estruturados fortemente, na

literatura americana, no final dos anos 1970, com autores como Kauffman e

sua obra Systems One: An lntroduction to Systems Thinking; Checkland, e sua

obra Systems Thinking, Systems Pratice, Peter Senge, com o seu livro The

Fifth Disciplin de 1990, e David Garvin, com a obra Building a Learning

Organization.

Neste presente trabalho, reforça-se que a capacidade das empresas para

conseguir obter resultados superiores depende da capacidade de coordenação

e gerenciamento de recursos, tangíveis e intangíveis, por parte dos gestores,

visando ao aprimoramento e refinamento contínuo de seus processos (TEECE;

PISANO, SHUEN, 1997).

Kaplan e Norton (2000) constataram que as organizações, com frequência, não

estabelecem ligações entre os indicadores de processos internos e a

proposição de valor para os clientes. Além disso, não definem objetivos para a

inovação e apresentam objetivos vagos quanto às habilidades e à motivação

dos empregados. Diante deste contexto, chegou-se à questão de pesquisa

orientadora deste estudo, descrita na próxima seção.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

A partir da contextualização dos temas estratégia, aprendizagem

organizacional e gestão da inovação, definiu-se o seguinte problema de

pesquisa:

“De que maneira a integração da aprendizagem organizacional com a gestão

da inovação pode contribuir para a construção de um modelo de formação de

estratégia de negócio?”

Page 20: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

19

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

A partir da delimitação do tema e problema de pesquisa parte-se para a

definição dos objetivos do estudo, que são divididos em geral e específicos.

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Propor um Modelo de Formação de Estratégia de Negócio a partir da

integração entre aprendizagem organizacional e gestão da inovação.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Definir um conjunto de requisitos de inovação, com foco na aprendizagem;

- Demonstrar a interação entre aprendizagem organizacional e inovação;

- Determinar quais pares de requisitos inovação/processo devem estar

presentes na elaboração de uma estratégia, para que ela possa ser

considerada como sendo baseada na integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação;

- Construir um mapa estratégico a partir dessas premissas;

- Verificar a aderência do modelo na prática das empresas.

1.4 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

A resposta ao problema de pesquisa, isto é, possibilitar a compreensão da

maneira como a integração entre aprendizagem organizacional e gestão da

inovação pode contribuir para a criação de um modelo de formação de

estratégia de negócio, incluiu também a verificação do modelo proposto na

prática de empresas que possuem ou que buscam possuir uma cultura voltada

à aprendizagem e à inovação.

A relevância da pesquisa está presente na determinação que foi feita de um

conjunto de requisitos de inovação (processo interno da perspectiva de

Page 21: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

20

inovação do BSC) com base na aprendizagem organizacional (processo interno

da perspectiva de aprendizagem do BSC), que devem estar presentes na

elaboração de uma estratégia, para que ela possa ser considerada como

baseada na integração entre aprendizagem organizacional e gestão da

inovação. E, ainda, o fato de o modelo proposto poder ser utilizado tanto por

pequenas, quanto por médias ou grandes empresas que buscam inovação

constante.

Esta pesquisa é importante porque aborda o processo de formação de

estratégia de negócio a partir das contribuições teóricas que foram articuladas

da revisão da literatura, e das contribuições empíricas por meio da técnica

multicaso, em que se buscou analisar a aderência das empresas do ramo de

cosméticos ao modelo proposto. Assim como, obter novos conhecimentos

sobre as suas práticas, por meio da técnica de triangulação de dados e da

análise de conteúdo para se chegar ao modelo final.

A pertinência (e atualidade) na investigação do processo de formação de

estratégias em uma pequena empresa industrial de cosméticos possibilita

análises a respeito de como esta empresa enfrenta as adversidades próprias

do pequeno capital. De acordo com a Visão Baseada em Recursos - VBR,

determinados ativos possibilitam obter ou afastar esta capacidade de resposta

por parte das empresas. Diferentemente das grandes empresas, que realizam

altos investimentos em capital físico e humano, altamente específicos e

irreversíveis, as pequenas empresas, por possuírem uma estrutura de capital,

físico e humano, menos especializados, são capazes de minimizar a influência

da chamada inércia organizacional. Isso porque, na medida em que as

pequenas empresas possuem maior capacidade do que as grandes para

reestruturar rotinas e processos produtivos, possuem maior flexibilidade, e por

consequência, tendem a se adaptar melhor às necessidades de mudança.

Yu (2001) lembra que as pequenas empresas também contam com a maior

proximidade das relações patrão e empregado, o que reduz custos de

coordenação, facilita a comunicação e, por consequência, a aprendizagem e o

compartilhamento dos conhecimentos e valores. Os ativos considerados

distintivos das pequenas empresas, na visão de Yu (2001) são a simplicidade

Page 22: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

21

da estrutura organizacional e as relações entre o proprietário-empreendedor e

seus funcionários. Mas, para o autor, a maior flexibilidade das pequenas

empresas pode, ao final, significar menor produtividade. Isso porque, na

medida em que utilizam tecnologias “mais atrasadas”, tendem a buscar mão de

obra menos qualificada, cujo aprendizado se dá apenas dentro da própria

empresa (YU, 2001).

Nos países como Israel, Estados Unidos da América e boa parte dos países

europeus, as universidades são estimuladas, e até mesmo induzidas pelo

Estado, a interagir com as empresas. De acordo com Calmanovici (2011, p.

12):

[...] atendendo aos desafios impostos pelas suas respectivas políticas

industriais e disponibilizando tempo e dedicação de seus

pesquisadores para o apoio ao esforço da inovação.

Calmanovici (2011, p. 13) explica que, no Brasil:

Historicamente, a pesquisa acadêmica tem sido o principal foco de

atenção das políticas e dos recursos do Sistema Nacional de

Inovação (SNI). No entanto, fica cada vez mais claro que o

conhecimento gerado nas universidades ainda é pouco utilizado pela

sociedade de modo geral, e pelas empresas, em particular, de forma

natural e automática.

A proposta deste estudo, de um modelo de formação de estratégia de negócio,

constitui uma contribuição teórica, pois o modelo foi construído a partir do

entendimento, descrição e explicação das relações (articulações) entre os

elementos teóricos “Formação” e “Gestão de Estratégia”, “Aprendizagem

Organizacional” e “Gestão da Inovação” (WHETTEN, 2003). Considerando,

ainda, que a teoria da Aprendizagem Organizacional utilizada neste trabalho

está relacionada com outros campos, além do relacionado ao da Engenharia

de Produção e Operações, que são a “Administração Estratégica” e a

“Psicologia”, esse empréstimo de perspectivas tornou possível o surgimento de

novas metáforas e raciocínios suportados pela teoria de Estratégia.

O modelo deste trabalho demonstra como a integração entre aprendizagem

organizacional e gestão da inovação altera significativamente o entendimento

Page 23: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

22

do processo de formação de estratégia de negócio. A explicação de como se

dá essa integração, em que, além de uma matriz, também foi feito uso do Mapa

Estratégico com o Balanced Scorecard (BSC), é critério teórico importante para

o desenvolvimento da teoria (WHETTEN, 2003).

De acordo com Whetten (2003), teóricos devem aprender alguma coisa sobre a

teoria e trabalhá-la em diferentes condições, em que novas aplicações possam

melhorar a ferramenta (no caso, como formar a estratégia do negócio) e não

somente reafirmar sua utilidade. No caso deste trabalho, o uso do Mapa

Estratégico – ferramenta visual dinâmica que é utilizada para descrever e

comunicar dada estratégia – teve, conforme exposto, suas perspectivas de

processos internos e aprendizagem e crescimento, relacionadas e baseadas

em pressupostos teóricos advindos de outros campos, além da Gestão

Estratégica, que são: a Aprendizagem Organizacional e a Gestão da Inovação.

É possível verificar neste trabalho uma abordagem teórica alternativa,

ancorada nas disciplinas de aprendizagem de Senge (2002), nas relações

entre aprendizagem organizacional e inovação de Fleury e Fleury (1995) e nos

requisitos de inovação com base/foco na aprendizagem, encontrados no

manual de inovação (OCDE, 2005) e em Tidd, Bessant e Pavitt (2008), para a

formação da estratégia.

No estudo de estratégia existem duas amplas explicações sobre a sua

formação: a da visão racional-analítica e a visão da estratégia emergente. Este

trabalho integra o desenvolvimento da estratégia a partir de uma escolha

planejada/deliberada, pertencente à visão racional-analítica, num sistema de

planejamento estratégico formal, com o desenvolvimento da estratégia

emergente, em que se buscam oportunidades a partir das experiências práticas

e das ideias das várias pessoas envolvidas no processo de analisar e formular

a estratégia (MINTZBERG, 1987).

No processo estratégico de análise, formulação e implantação, a etapa de

formulação depende de conhecimento sistêmico para se diminuir as chances

de risco quando na execução do que foi planejado. Isso significa incluir o nível

operacional na construção da estratégia desde a sua fase de formulação, e não

Page 24: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

23

apenas incluir o nível estratégico e tático (SILVA; LEPSCH, 2011). Contudo,

“[...] a visão sob a perspectiva da participação do nível operacional no processo

de formulação das estratégias organizacionais é ainda muito pouco estudada

pela academia” (SILVA; LEPSCH, 2011, p.4). Ainda, há o desafio que consiste

em estabelecer processos, que permitam ampla participação dos níveis

organizacionais no processo de formular estratégias, sob uma forma aplicável

na prática, aproveitando ideias e gerando energia positiva para as mudanças

(SILVA; LEPSCH, 2011).

Diante desta perspectiva, este trabalho propõe um modelo de formação de

estratégia que integra os níveis hierárquicos num processo de troca de

conhecimentos, geração de ideias, trabalho em equipe, integrando análise,

formulação e experiências práticas para que este processo possa gerar

aprendizagens e, as aprendizagens gerarem inovações de forma contínua e

progressiva. A presente pesquisa indica a possibilidade de diferenciação de

empresas no mercado a partir da integração entre aprendizagem

organizacional e gestão da inovação. A adoção de uma política industrial de

longo prazo, na qual a inovação tenha destaque, é fundamental para garantir o

desenvolvimento econômico e social (CALMANOVICI, 2011). “A capacidade de

inovar é determinante para a competitividade das empresas e das nações em

um mundo cada vez mais globalizado” (CALMANOVICI, 2011, p. 4).

Por essa razão, o modelo de formação de estratégia proposto neste estudo,

busca contribuir com a forma prática das empresas para um caminho de

inovação, a partir da aprendizagem organizacional.

Para justificar a escolha do setor de cosméticos, foi realizada pesquisa em

fontes secundárias, com a intenção de verificar quais empresas industriais

contribuíram, nos últimos anos, para o crescimento econômico brasileiro. Entre

2001 e 2010, o PIB do Brasil apresentou crescimento real de 41%, enquanto o

setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) teve um

crescimento de 70%, contribuindo de forma expressiva para o crescimento

econômico brasileiro.

Ao se acompanhar a evolução de preços de uma cesta de produtos

típica do setor, percebe-se que o aumento de preços neste mesmo

Page 25: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

24

período foi significativamente menor que o índice geral de preços da

economia brasileira medido pelo IPCA (33,8% no setor de HHPC

versus 65,6% do IPCA, de 2001 a 2010) (ABIHPEC, 2012, p. 2).

Isso significa que o setor cresceu mais do que o Brasil, de forma geral, e

conseguiu fazê-lo por meio de um reajuste de preços inferior à média

(ABIHPEC, 2012). E ainda, (ABIHPEC, 2012, p. 2), “[...] com isto, o setor ficou

mais competitivo, mais acessível e conseguiu ampliar sua penetração nas

classes menos favorecidas”. A indústria de cosméticos tem apresentado

crescimento expressivo, em que a indústria brasileira de HPPC apresentou um

crescimento de 80,4% entre 2002 e 2006 (ABIHPEC, 2007), e que vem

exigindo das empresas o lançamento constante de novos produtos, bem como

reformulações de embalagens (AVELAR; SOUZA, 2006).

O setor de cosmético é um setor dinâmico que demanda inovação

contínua e investimentos constantes no desenvolvimento de novos

produtos capazes de atender a uma grande diversidade de

consumidores em função de faixa etária, sexo e etnias (FRITZ;

SOUZA, 2006, p. 66).

O fator considerado determinante para esse desempenho, do setor de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, diz respeito ao histórico de investimentos

em ativos, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e construção de marca feita

pelas empresas do setor. Uma análise deste histórico revela que o volume

investido em 2010 foi quase oito vezes maior do que o ano 2000. Esse histórico

está disponível na fonte secundária acessada nesta pesquisa, no relatório da

ABIHPEC (2012).

De forma objetiva, a ABIHPEC (2012) revela que, em termos de P&D, o

investimento triplicou e representou quase 2% da receita do setor em 2009,

porcentagem superior à média geral de outros setores econômicos em atuação

no Brasil, aproximadamente 0,7%. De acordo com a pesquisa, o investimento

em construção de marca aumentou dez vezes. A ABIHPEC (2012) identificou

que só em ativos, o setor de HPPC investiu em torno de R$3 bilhões/ano. “O

volume de exportações chegou a US$693 milhões em 2010, em comparação

com os US$192 milhões exportados em 2001” (ABIHPEC, 2012, p. 5).

Page 26: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

25

No mercado publicitário, quase um quinto do valor investido no Brasil em mídia

tradicional e 13% do varejo tradicional estão vinculados ao setor de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – HPPC (ABIHPEC, 2012). O crescimento

do setor de HPPC tem impactos econômicos que vão além da própria empresa

industrial, que a extrapolam, pois se estendem por outros vários setores

envolvidos. A esse respeito, a ABIHPEC (2012) cita exemplos de outros

setores envolvidos nas cadeias de produção, como é o caso de fornecedores

de embalagens plásticas, químicos e fragrâncias.

Além de aumentar o volume de negócios, o setor gera outros

benefícios a estes mercados, como a criação de empregos diretos e

indiretos e investimentos em desenvolvimento tecnológico e

capacitações necessárias ao avanço da competitividade local

(ABIHPEC, 2012, p. 2).

Neste sentido, para justificar a escolha das empresas, foram pesquisadas

fontes secundárias, a fim de verificar a localização geográfica onde mais se

concentram empresas industriais do ramo de cosméticos, e quais empresas.

Respectivamente, segundo a ABIHPEC(b) (2012) existem mais de 1,6 mil

indústrias de cosméticos no Brasil, sendo que a maioria concentra-se na região

sudeste. Conforme dados de 2012, divulgados pela ABIHPEC, as pequenas

empresas investem no setor de beleza por meio de novas tecnologias e

produtos diferenciados. No caso das médias e das grandes empresas, ambas

não possuem o mesmo histórico que as pequenas no que diz respeito a

inovações em bens e serviços. As pequenas vêm revolucionando seus

negócios e superando as demais do mesmo setor (HITT; IRELAND;

HOSKISSON, 2002). A principal causa de desempenhos distintos de empresas

de um setor pode estar relacionada com a natureza específica dos seus

recursos e capacidades, e da forma como são trabalhados (MEIRELLES;

BASSO; PACE, 2005).

1.5 LIMITES E ALCANCE DA PESQUISA

A fim de alcançar o objetivo deste trabalho de propor um Modelo de Formação

de Estratégia de Negócio a partir da integração da aprendizagem

Page 27: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

26

organizacional com a gestão da inovação, estabeleceu-se a combinação dos

fundamentos, perspectivas e autores expostos na Figura 1.

FIGURA 1 - DELIMITAÇÃO E ALCANCE DA TESE

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2013)

A partir de estudos voltados à aprendizagem organizacional, baseados nos

autores Peter Senge (A Quinta Disciplina) e Fleury e Fleury (Aprendizagem e

Inovação) (Figura 1), foi possível trabalhar a perspectiva de aprendizagem e

crescimento do Balanced Scorecard (BSC) com foco no capital humano

(habilidades, conhecimentos, valores), responsável principalmente pela

geração de ativos intangíveis na organização. Cada vez mais, o valor das

empresas vem se deslocando de seus ativos tangíveis para os ativos

intangíveis (STEWART, 1998) e as oportunidades para a criação de valor estão

Peter Senge e Fleury & Fleury

1. Aprendizagem Organizacional = Base para trabalhar a Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento

Aprendizagem e Crescimento com foco no Capital Humano (Habilidades, Conhecimentos e Valores).

Tidd, Bessant e Pavitt +

Davila, Epstein e Shelton + OCDE

2. A Inovação = um processo interno de

criação de valor

Processo de criação de valor em que a Inovação é tratada como processo, fazendo parte dos Processos

Internos.

Mapa Estratégico

Identificação de todos os objetivos de processos internos

(inovação) e de aprendizagem

Causas

Base para Autores-chave

Responsável

Principalmente pela geração de ativos intangíveis na organização

Fundamentos da Estratégia

Perspectivas

Financeiro

Cliente EFEITOS

A contribuição da Tese

Kaplan e Norton

Ambiente externo

Ambiente interno

Determinar quais serão os pares de requisitos de inovação/processo – com base na aprendizagem organizacional que devem estar presentes na elaboração de uma estratégia para que ela possa ser considerada como baseada na integração da aprendizagem organizacional com a gestão da inovação.

Page 28: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

27

migrando para a gestão de estratégias baseadas no conhecimento (KAPLAN;

NORTON, 2000). Para o desenvolvimento de capacidades de aprendizagem

organizacional e inovação, os recursos intangíveis, como o conhecimento, são

determinantes (TEECE, 1986). A inovação é assumida como um dos processos

de criação de valor, e sendo tratada como processo fez parte da perspectiva

interna do BSC no Mapa Estratégico.

Neste trabalho, a definição do conjunto de requisitos de inovação com foco na

aprendizagem entrou como parâmetro no modelo do BSC na perspectiva

interna. Os processos internos cumprem dois componentes vitais à estratégia:

produzem e fornecem a proposição de valor para os clientes e melhoram os

processos e reduzem os custos para a dimensão produtividade da perspectiva

financeira (KAPLAN, 2004).

Para se chegar ao conjunto de requisitos de inovação com foco na

aprendizagem, utilizou-se como base Nonaka e Takeuchi (1997); Fleury e

Fleury (2011); Stewart (1998); Senge (2000); Ayas (1999); Manual de Oslo

(OCDE, 2005); Davila, Epstein e Shelton (2006); Leite, Seidl e Antunes (2008);

Kaplan e Norton (2000); Isidro Filho e Guimarães (2010); Salim e Sulaiman

(2011), Caldeira e Godoy (2012) e Vilha (2013). Sabendo-se da contribuição

esperada desta pesquisa, de se buscar determinar os pares de requisitos de

inovação/processo com base na aprendizagem organizacional, que devem

estar presentes na elaboração de uma estratégia para que ela possa ser

considerada como baseada na aprendizagem e inovação, o modelo conceitual

foi comparado com a prática de três empresas (pequena, média e grande) do

setor de cosméticos.

1.6 ETAPAS PERCORRIDAS NA REALIZAÇÃO DA TESE

Tendo sido possível a criação do Mapa Estratégico do Modelo desta tese,

Mapa que teve como base os pressupostos teóricos apontados no Capítulo 3 e

5.1 (Capítulo 5), em seguida foi feita a verificação do modelo em três empresas

de portes diferentes do setor industrial. Todo o caminho que foi percorrido após

a construção do modelo é apresentado na Figura 2, em que foi feito uso do

Page 29: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

28

método de Miguel (2007) para estudo de caso na Engenharia de Produção. A

técnica de estudo multicaso foi escolhida para que se pudesse chegar a um

modelo de formação de estratégia de negócio.

FIGURA 2 - MÉTODO PERCORRIDO PARA SE CHEGAR AO OBJETIVO GERAL DA TESE. FONTE: ADAPTADO DE MIGUEL (2007).

A proposta deste trabalho, de incluir o método estudo de caso, em que se

partiu da técnica multicaso para a verificação da aderência do modelo proposto

em três empresas industriais, teve o objetivo de capturar o máximo possível de

informações que pudessem contribuir ainda mais com o modelo proposto a

partir da articulação feita de todo o referencial teórico ligado aos temas

“formação de estratégia”, “aprendizagem organizacional” e “gestão da

inovação”.

Criar um Modelo Preliminar de Formação de Estratégia de Negócio tendo como base a Integração entre Aprendizagem Organizacional e Gestão da Inovação.

Medir o Modelo em campo – na Pequena Empresa

Demarcar Aderência

Medir o Modelo em campo – na Média Empresa

Realizar/Capturar Ajustes ao Modelo

Demarcar Aderência

Realizar/Capturar Ajustes ao Modelo

Propor um Modelo de Formação de Estratégia de Negócio com base na Integração entre Aprendizagem Organizacional e Gestão da Inovação.

Realizar teste piloto da entrevista semiestruturada junto a Profissionais com Experiência no setor Industrial e Acadêmico

Medir o Modelo em campo – na Grande Empresa

Demarcar Aderência

Realizar/Capturar Ajustes ao Modelo

Page 30: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

29

1.6.1 VISÃO MACRO DA PESQUISA

A partir da definição do problema de pesquisa e dos objetivos, o método deverá

atingir os resultados, conforme é possível visualizar na Figura 3.

FIGURA 3 – VISÃO MACRO DA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA PESQUISADORA (2014)

Após a realização da varredura horizontal (revisão da literatura), em que foram

identificados os estudos que se ligam ao tema desta pesquisa, suas

motivações e cortes epistemológicos, foi possível identificar, em seguida, a

teoria para o estudo do fenômeno, estabelecer as relações entre os

conhecimentos existentes e gerar novos conhecimentos. A área de

Engenharia de Produção (EP) e Gestão de Operações é interdisciplinar,

trabalha a engenharia com assuntos de fronteira com outras disciplinas

Revisão da Literatura (Varredura Horizontal)

Problema de Pesquisa

Referencial Teórico (Varredura Vertical)

Abordagem Metodológica

Formação de Estratégia

Aprendizagem Organizacional

Gestão da Inovação

Modelos e Conceitos

Ciclos e Disciplinas de Aprendizagem

Gestão da Inovação

Propor Modelo Conceitual de Formação de Estratégia de

Negócio com base na integração entre

Aprendizagem organizacional e Gestão da Inovação

Realizar Pré-Teste de viabilidade do instrumento de coleta junto a profissionais com experiência no setor Industrial e/ou Acadêmico.

Realizar Estudo multicaso (medição do modelo em três empresas industriais de portes distintos)

Estabelecer as condições para a Inovação com

base na aprendizagem organizacional

Demarcar Aderência e Realizar Ajustes (Análise de Conteúdo e Discussões)

Conclusão

Formação de Estratégia de Negócio

Natureza Básica e Aplicada

Quanto aos objetivos: Exploratória

Combina os métodos: Teórico-Conceitual Lev. Bibliográfico Estudo de Caso

Abordagem Qualitativa

Síntese Conceitual

Estabelecer os Pares de Requisitos de Inovação com base na Aprendizagem.

Page 31: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

30

(FLEURY, 2010). Esta pesquisa se situa na área de Engenharia Organizacional

e nas subáreas: gestão do conhecimento, gestão da inovação e gestão

estratégica e organizacional (ABEPRO, 2014). Na classificação do PPGEP da

UNIMEP, se situa na área Gestão Estratégica de Operações, e nas subáreas

gestão do conhecimento e aprendizagem organizacional, ambas como sistema

de apoio às estratégias dos negócios.

1.6.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA: ABORDAGEM, MÉTODO, OBJETIVOS E OS

PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

A classificação de pesquisas científicas é um assunto considerado bastante

controverso, entretanto, para Turrioni e Mello (2012), quando pesquisas

científicas são feitas em EP, a forma clássica de classificá-las segue as

orientações da Figura 4.

FIGURA 4 - CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E A

CARACTERIZAÇÃO ESCOLHIDA

FONTE: ADAPTADO DE TURRIONI E MELLO (2012)

Portanto, quanto aos objetivos, esta pesquisa é exploratória, quanto a

abordagem, qualitativa. O Capítulo 4 desta pesquisa detalha as fontes

NATUREZA

OBJETIVOS

ABORDAGEM

Básica

Aplicada

Exploratória

Descritiva

Explicativa

Normativa

MÉTODO

Combinada

Quantitativa

Qualitativa

Experimento

Modelagem e Simulação

Survey

Estudo de Caso

Pesquisa-ação

Soft System Methodology

Caracterização da Pesquisa

Classificação da pesquisa científica em engenharia de produção

Page 32: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

31

metodológicas consultadas que direcionaram este estudo, e apresenta toda a

caracterização que foi escolhida para que fosse possível chegar à resposta ao

problema de pesquisa.

1.7 ESTRUTURA DA PESQUISA

Capítulo 1 – Introdução. Contextualização do Tema. Problema de Pesquisa.

Objetivos. Relevância, Originalidade, Contribuições e Justificativa da Pesquisa.

Visão Macro da Pesquisa. O Quadro Geral da Caracterização metodológica

adotada. Estrutura da Tese.

Capítulo 2 – Referencial teórico sobre o Processo de Formação de Estratégia

de Negócio. As disciplinas de Aprendizagem. Ciclos de Aprendizagem.

Inovação e Gestão da Inovação.

Capítulo 3 – Apresentação da Síntese Conceitual construída e adotada, com

conceitos e pressupostos teóricos assumidos do Referencial Teórico, e as

respostas das questões secundárias da pesquisa.

Capítulo 4 – Abordagem Metodológica e Procedimentos da Pesquisa: Tipo da

Pesquisa; Etapas percorridas; Planejamento do Estudo Multicaso; Coleta de

dados; Planejamento do Pré-teste do Instrumento de Coleta; Viabilidade do

instrumento na visão dos especialistas; Tratamento dos dados.

Capítulo 5 – Base teórica que alicerça o modelo. Proposta do Modelo de

Formação de Estratégia de Negócio. Apresentação do Modelo com seu Mapa

Estratégico e Matriz passo-a-passo, e a Justificativa do Modelo.

Capítulo 6 – Caracterização das empresas. Verificação do Modelo Proposto na

Prática de três Empresas Industriais de Cosméticos. Análise da Aderência de

cada empresa ao modelo. Diagnóstico das contribuições do procedimento

técnico multicaso. A apresentação dos Requisitos de Inovação com base na

Aprendizagem que devem estar presentes no processo de formação de

estratégia de negócio.

Capítulo 7 – Conclusão e Sugestões para pesquisa futura.

Page 33: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

32

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta o referencial teórico que alicerça a pesquisa. Como a

estratégia pode ser compreendida sob diferentes visões e o seu processo de

formação pode ser construído mediante diferentes abordagens, para o melhor

entendimento das premissas assumidas neste trabalho, seguem-se os

aspectos históricos, conceituais, tipos e abordagens de estratégia, processo de

formação de estratégia de negócios e a escola do aprendizado, aprendizagem,

aprendizagem organizacional e gestão da inovação. Na última seção,

apresenta-se a síntese conceitual e os pressupostos teóricos assumidos, que

servem de base a proposta deste trabalho.

2.1 PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

A estratégia pode ser formada em vários níveis da organização (HOFER,

SCHENDEL, 1978; JOHNSON, SCHOLES, 2002). Uma maneira de categorizá-

los é reconhecer que existem três níveis de tomada de decisão estratégica nas

organizações: corporativo, empresarial ou de negócio e operacional. Em nível

corporativo, a estratégia diz respeito à direção, composição e coordenação de

várias empresas e atividades dentro de uma organização grande e

diversificada. No nível de negócio, a estratégia diz respeito à criação de valor,

vantagem competitiva e como competir com sucesso em cada um dos

negócios em que a empresa atua. No nível operacional, a preocupação da

estratégia é com a forma como os componentes da organização em termos de

recursos, processos, pessoas, habilidades e competências são reunidos para

formar a combinação de recursos e colocar a estratégia em prática

(MINTZBERG, QUINN, 2001; MARTÍ, CABRITA, 2013).

A estratégia de negócio é uma parte importante do ambiente no qual as

estratégias funcionais operam, e se encaixa no ambiente da estratégia

corporativa. Esses três tipos de estratégia sobrepõem-se e influenciam-se

mutuamente e possuem níveis de decisões específicos (SLACK et. al., 2009).

Page 34: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

33

No caso deste trabalho há concentração no processo de formação da

estratégia de negócio, que foca em unidades específicas, com produtos e

serviços concebidos e vendidos para um grupo definido de clientes e com

concorrentes conhecidos. O nível de análise da estratégia de negócio encontra-

se nas chamadas unidades estratégicas (cada um dos negócios de uma

grande empresa), e o que se busca responder sempre no nível de negócio é

como se deve competir no setor ou no negócio escolhido (SLACK et. al., 2009).

De acordo com Fusco e Sacomano (2007), cada unidade de negócio deve

elaborar a sua própria estratégia de negócio e, para isto, deve estabelecer,

além da sua missão, também os objetivos individuais e o comportamento sobre

como irá competir na indústria. Nesta linha, o processo de formação da

estratégia de negócio é resultado da conjugação de fatores externos

(características e condições do meio ambiente) e de condições internas

(capacidades da organização) que configuram cada situação em particular

(PEREIRA; OENING, 2007). Todavia, o campo da formação de estratégia é

amplo e pode ser concebido sob diversos focos, mas com pontos

complementares. Neste sentido, o Quadro 1 apresenta a posição de alguns

pesquisadores sobre o processo de formação de estratégia:

AUTOR ABORDAGEM

Mintzberg e Waters (1985)

Agrupam oito tipos de estratégias que se aproximam ou se distanciam gradativamente das estratégias deliberadas e emergentes.

Porter (1980) A estratégia é um processo de escolha deliberado de uma posição competitiva no mercado. As estratégias são formadas como um processo formal de concepção. A implementação é considerada apenas um controle das ações previamente planejadas.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A estratégia é a vinculação entre pensamento e ação e pode ser formada pelos padrões em resposta a certas situações ou pode ser formulada e implementada por intermédio de um processo deliberado. Refletem as diferentes abordagens da administração estratégica, agrupadas em dez escolas do pensamento estratégico.

Mintzberg e Quinn (2001)

Concebem o processo de formação da estratégia inseparável da estrutura, do comportamento e da cultura da empresa em que é realizado. Portanto, nesta abordagem, formação e implementação interrelacionam-se na prática.

Whittington (2002)

Sugere quatro abordagens genéricas no processo de formação de estratégia – clássica, evolucionária, processual e sistêmica -, que se diferenciam em duas dimensões: os resultados da estratégia e os processos pelos quais ela acontece. A interação entre estes dois eixos define a base estratégica da organização.

QUADRO 1 - ABORDAGENS SOBRE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014).

Page 35: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

34

Com base na abordagem apresentada pelos autores no Quadro 1, nas

próximas seções discutem-se os principais elementos sobre estratégia e o

processo de formação de estratégias, provendo um arcabouço conceitual para

elaboração do modelo proposto neste trabalho.

2.1.1 ESTRATÉGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS, CONCEITUAIS, TIPOS E ABORDAGENS

Do grego strategos, que significa um general em comando de um exército

(TZU, 2002), o primeiro uso do termo estratégia ocorreu no meio militar, sendo

vista como uma grande tática centrada na força (CAVALCANTI, 2003).

No século XX, várias definições de estratégia apareceram sem conter o

significado de força, mas passando a ser a seleção de meios e objetivos que

privilegiam os fatores psicológicos dos envolvidos: a motivação, a

aprendizagem, as crenças e as atitudes (MAÑAS, 2003).

A partir dos anos 1960, o conceito de estratégia se caracterizou pela

composição de planos e objetivos traçados com uma finalidade

predeterminada, configurando-se aos diversos cenários possíveis, auferindo o

sentido sinérgico da organização (MAÑAS, 2003). A sinergia, que significa a

dependência das organizações do ambiente externo, as inseriu num processo

estratégico de analisar ambientes, planejar, formular e implantar a estratégia

(MAÑAS, 2003).

Na etapa de análise do processo estratégico, o ambiente externo à

organização reflete as ameaças e oportunidades. A sinergia entre o ambiente

interno da empresa e o externo é obtida por intermédio da gestão com

capacidade para acompanhar as necessidades de mudança. Contudo, a teoria

das organizações até a década de 1970 ofereceu pouco espaço ao tema

“mudanças organizacionais”, ressaltando mais os aspectos e os

desdobramentos negativos da mudança do que orientando o gestor sobre as

formas de lidar com esse fenômeno, que já se constituía parte inerente da

entidade organizacional (FISCHER, 2002).

Antes da década de 1970, houve preponderância do paradigma da

estabilidade, em que os gestores assumiam que qualquer mudança

Page 36: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

35

organizacional deveria ocorrer apenas em termos de crescimento do tamanho

da empresa, pois ao contrário disto, seria vista como crise. O que era planejado

deveria ser realizado/executado conforme o padrão estabelecido por poucos,

num sentido top-down. Não havia espaço para a troca de ideias entre os níveis

hierárquicos, tampouco junto a fornecedores e clientes (FISCHER, 2002).

Porter (1996) conceitua estratégia como a criação de uma posição singular e

com grande valor em relação aos concorrentes. A geração desse valor

diferenciado frente ao mercado envolve a escolha de um conjunto diferente de

atividades por parte da empresa, que determina a capacidade de melhor

produzir produtos/serviços na busca da satisfação das necessidades dos

clientes. Da mesma forma que as atividades têm essa capacidade de atender o

mercado, ao mesmo tempo, a empresa que conseguir eficiência em suas

operações conquistará a liderança entre os competidores (PORTER, 1996).

Whittington (2002) considera a estratégia como uma prática cotidiana do

convívio social de agentes, em processo contínuo de formulação e

implementação de ajustes de condutas e recursos.

Nesse sentido, é possível refletir sobre a necessidade de o processo

estratégico envolver tanto controle como aprendizado, visto que na prática,

devem ser analisadas as oportunidades, definidas ações, buscando-se corrigir

rumos e reformulando-se objetivos (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL,

2000).

Mintzberg e Quinn (1992) sintetizam que as estratégias podem ser encaradas

como afirmações a priori para orientar providências ou resultados a posteriori

de um comportamento decisório real.

A partir de ampla pesquisa na literatura de Administração Estratégica na

década de 1950, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) identificaram

contribuições acerca do processo de estratégia e conseguiram chegar a dez

escolas, sintetizadas no Quadro 2.

Page 37: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

36

Escola (período de publicações)

Conceitos e Tipos de Estratégia no surgimento das escolas

1. Design – 1957

Estratégias são perspectivas planejadas e únicas, que envolve concepção criativa. (Obs.: Perspectiva liga-se à forma como o indivíduo lida com as informações vindas do ambiente).

2. Planejamento – 1965

Estratégia é resultado de uma ação consciente e controlada. São planos decompostos em subestratégias e programas.

3. Posicionamento – meados dos anos 1970, depois 1980 e 1985.

Estratégias são posições genéricas, especificamente comuns e identificáveis no mercado; o que para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) colabora para uma concepção não criativa acerca da estratégia, porque nesta escola ela não é uma perspectiva. A estratégia é o mesmo que posições genéricas planejadas (econômicas, competitivas) também manobras. O foco é a própria estratégia, e não mais o processo como ela é formada. As estratégias podem ser gerais.

4. Empreendedora -1950; 1959

Estratégia é o mesmo que perspectiva (visão) pessoal que existe na mente do líder, e por isso é emergente. E as estratégias deliberadas são aquelas relacionadas à visão geral, que não dependem apenas e simplesmente do líder. A estratégia empreendedora é aquela focada em algum mercado, isto é, pode ser chamada também de estratégia de nicho.

5. Cognitiva – 1947; 1957; 1958.

Na ala Objetiva ou positivista, a estratégia é o mesmo que um processo de captura por parte de cada indivíduo racionalmente limitado. Na ala Subjetiva, a estratégia é uma espécie de interpretação do mundo, em que a mente impõe alguma interpretação sobre o ambiente. A escola cognitiva dá ênfase à estratégia como sendo uma perspectiva mental (conceito individual).

6. Aprendizado – 1959; 1968; 1963; 1969; 1980; início dos anos 90.

A estratégia é um processo de aprendizagem individual e coletiva. Assume que a estratégia emergente foca o aprendizado, e reconhece a capacidade da organização para experimentar; e que o aprendizado estratégico deve combinar reflexão com resultado. A estratégia é vista como padrões. Seu processo básico é informal, emergente, confuso e descritivo.

7. Do Poder- 1971; 1978; 1984; 1986.

As estratégias são padrões e posições políticos e cooperativos, assim como maquinações abertas e ocultas. Seu processo básico é conflitivo, agressivo, confuso, emergente (micro), deliberado (macro) (descritivo).

8. Cultural – Final dos anos 60; A partir dos anos 80 na Administração Estratégica

A estratégia é uma perspectiva coletiva e única. A cultura influencia o modo de pensar e, portanto, influencia o processo de formação estratégica. A cultura age como lente perceptiva que estabelece as premissas das decisões das pessoas.

9. Ambiental – Final dos anos 60; 1977.

As estratégias são posições específicas (denominadas Nichos, em “ecologia popular”) genéricas.

10. Configuração – 1962; 1978.

Estratégia é qualquer uma acima.

QUADRO 2 - CONCEITOS E TIPOS DE ESTRATÉGIA A PARTIR DAS DEZ ESCOLAS DE PENSAMENTO

ESTRATÉGICO

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL (2000)

As escolas de pensamento estratégico despontaram na ordem apresentada no

Quadro 2 apesar de terem se desenvolvido em tempos entrelaçados. A escola

de posicionamento, por exemplo, despontou-se após as escolas de desing e

planejamento, mas ela é considerada a escola mais antiga, pelo fato de

Page 38: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

37

acessar estudos mais antigos a respeito da seleção de estratégias específicas

para condições específicas e/ou convenientes. As escolas de design e

planejamento abordam o tema estratégia como um processo formal e

deliberado, em que se vê suas etapas de análise, formulação e implantação, de

maneira prescritiva, onde na implementação tudo deve ocorrer conforme o que

foi planejado a priori. As etapas devem ser ligadas e sequenciadas (Figura 5).

FIGURA 5 - PROCESSO PRESCRITIVO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

FONTE: FERNANDES E BERTON (2009)

O que se percebeu, a partir desta visão ligada e sequenciada de conceber a

estratégia, foi à clássica divisão entre aqueles que “planejam” e os que

“executam”, além da postura dos planejadores de não assumir as iniciativas

como sendo próprias (FERNANDES; BERTON, 2009; MINTZBERG;

AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). Essas três primeiras escolas são consideradas

prescritivas, em que a estratégia é planejada por aqueles que não a executam

ou não a operacionalizam (Figura 6), assumindo-se que tudo deve ocorrer

conforme o que foi planejado.

FIGURA 6 - O PROCESSO DICOTÔMICO DE CONCEBER A ESTRATÉGIA E O PARADIGMA DA ESTABILIDADE

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL (2000) E FISCHER (2002)

Paradigma da Estabilidade

DICOTOMIA VISÃO Processo racional de concepção da

estratégia

Resultado

Incerto

Planejador

Pensar

Conceber Gerar a estratégia pretendida

Executores Agir Reproduzir Executar a estratégia

Mudanças no Macro Ambiente

Análise: Negócio

Ambiente Recursos

Formulação: Missão

Objetivos Estratégias

Implantação

Abordagem Prescritiva

Page 39: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

38

Sabe-se, contudo, que essa premissa onde se vê a separação entre aquele

que planeja e aquele que executa a estratégia, não conduz a resultados

afinados necessariamente ao que foi planejado. Soma-se ainda o fato de que o

paradigma vigente era o de não haver espaço para troca de ideias entre essas

pessoas e menos ainda para a mudança não planejada (FISCHER, 2002;

MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).

2.1.2 PARADIGMA DA ESTABILIDADE VERSUS O PARADIGMA DA TRANSFORMAÇÃO E O

PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

Ao longo do tempo, a forma como os gestores trataram a temática da mudança

no espaço organizacional foi se modificando. O Quadro 3 mostra que, até o

final da década de 1960, prevalecia o paradigma da estabilidade e, a partir da

década de 1970, o paradigma da transformação.

Período Paradigma Forma de tratar o tema mudança

1903-1914 Administração

Científica

Estabilidade

Se as peças não funcionam, elas são substituídas ou racionalmente alteradas.

1932-... Escola das Relações

Humanas

Estabilidade

Interesse pela prevenção e gerenciamento das situações de conflito.

1970 Desenvolvimento Organizacional

Início do Paradigma de Transformação

Associa o conceito de mudança com o de desenvolvimento, removendo em parte as características negativas de crise, conflito, caos inadmissíveis até então, no ambiente organizacional.

QUADRO 3 - DO PARADIGMA DA ESTABILIDADE PARA O PARADIGMA DA TRANSFORMAÇÃO

FONTE: ADAPTADO DE FISCHER (2002)

Seguindo-se o Quadro 3, observa-se que, no período da escola de

Administração Científica, ações de mudanças consistiam em alterar a

configuração dos processos de trabalho, com o objetivo de aumentar sua

racionalidade. As mudanças eram implementadas nos componentes formais da

organização: estrutura, funções, etapas do processo, e nos cargos. Mas, não

se gerenciavam os impactos sobre os componentes informais, tampouco os

desdobramentos e efeitos das alterações sobre etapas de trabalho, áreas e

pessoas (FISCHER, 2002).

A Escola das Relações Humanas considerava importante a participação dos

colaboradores de níveis da organização no processo da tomada de decisão

Page 40: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

39

(DONALDSON, 1987). No entanto, o que prevaleceu na teoria e prática nos

anos 1960 é mais bem detalhado no Quadro 4.

QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO À LUZ DO PARADIGMA DA ESTABILIDADE

FONTE: ADAPTADO DE FISCHER (2002, P. 149-150)

Todo esse tratamento dado à mudança organizacional (Quadro 4) até o final da

década de 1960 refletia uma visão de mundo para a qual o controle era a

função mais importante do gestor. No momento em que a organização

conseguia reproduzir rotinas e procedimentos, havia a interpretação de que a

organização era um “sucesso”. Já a inovação, mesmo quando valorizada como

expressão da modernidade, deveria ser temida e afastada naquela época

porque trazia a ideia de fragmentação da ordem vigente (FISCHER, 2002).

Até os anos 1970, houve a tendência de se considerar unicamente os quadros

de mudanças intencionais ou radicais, e subestimaram quanto aos processos

de mudança contínuos que constituem a dinâmica própria de cada organização

(FISCHER, 2002). Manter o status quo deveria ser o esforço dedicado pela alta

administração, em que o gestor deveria circunscrevê-la ao mínimo espaço

organizacional (FISCHER, 2002). Contudo, em virtude das profundas

mudanças na natureza social, econômica e política que ocorreram a partir dos

anos 1970, essa visão de mundo baseada no controle foi modificada, de tal

forma que pressionou as empresas a rever seus modelos de gestão,

entendendo-se que os paradigmas aceitos até então também deveriam ser

revistos (FISCHER, 2002).

A respeito desta transição de paradigma, Schon (1971) afirma que o fim do

estado estável denota que sociedade e todas suas instituições passam a

vivenciar um processo contínuo de transformação. Em face dessa realidade,

O papel mais importante do gestor é o controle para assegurar que procedimentos sejam realizados sempre conforme as rotinas-padrão;

Para desempenhar com eficiência esse tipo de controle, o gestor deve centralizar as informações, as decisões e o comando das ações;

Quando administra uma mudança, o gestor deve limitar sua abrangência ao espaço organizacional mínimo necessário;

O gestor deve conceber e implementar um projeto que permita implantar a mudança em prazo reduzido, com o mínimo de recursos e com o foco em metas estritamente controladas.

Page 41: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

40

torna-se imperativo às pessoas e organizações aprender sobre como aprender,

para conseguirem realizar continuamente sua própria transformação.

A partir dos anos 1970, a mudança organizacional começou a ser associada à

concepção do direcionamento estratégico das empresas [Ansoff (1990) e

Mintzberg (1987; 2000)] ao ficar evidente que os condicionantes do contexto

externo como competitividade, avanço tecnológico, comportamento dos

consumidores exerciam papéis determinantes na configuração a respeito do

que mudar e do por que mudar (FISCHER, 2002). Essa tendência de saber

sobre o que mudar e porque mudar, é que faz com que a própria mudança seja

concebida como uma estratégia de ação, e que consolida a passagem para o

conceito mais amplo e profundo de transformação organizacional (FISCHER,

2002).

Dos anos 1970 em diante, a teoria precisou ampliar seu espectro e aprofundar

sua abordagem, em especial porque as empresas estavam vivenciando

processos nos quais as mudanças não eram simplesmente lineares e

incrementais, mas organizacionais, que andavam por diferentes espaços,

atingindo, simultaneamente, diversos processos. As mudanças não estavam

focadas em apenas um elemento da organização, mas tinham caráter

multidimensional (FISCHER, 2002).

Diante de um ambiente em constante transformação, possuir planos não era

mais suficiente. O necessário era tornar toda a organização capaz de

desenvolver capacidade de pensamento, aprendendo e passando a viver

pensando por si e no lugar do outro. É quando, então, o tema estratégia passa

a ser vinculado ao pensamento coletivo, à gestão da mudança, à necessidade

de novas competências (CAVALCANTI, 2003).

Nos anos 1970, no âmbito organizacional, o tema estratégia surge não mais

como um processo de concepção ou analítico de um ou de poucos, mas passa

a ganhar um sentido mais amplo, na medida em que se assume o paradigma

da transformação (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000; FISCHER,

2002).

Page 42: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

41

A partir dos anos 1990, as organizações passaram a ter uma opção moderna

de gestão e planejamento voltada para a estratégia, o Balanced Scorecard –

BSC, proposto por Kaplan e Norton (1997). O BSC é um sistema de gestão

estratégica que equilibra medidas de desempenho financeiras e não

financeiras, focadas em quatro perspectivas: (1) Financeira; (2) Clientes; (3)

Processos internos; e (4) Aprendizagem e crescimento; auxiliando as empresas

na tradução da sua estratégia em ação (KAPLAN; NORTON, 1997).

Para demonstrar a dinâmica do BSC, Kaplan e Norton (1997) desenvolveram o

Mapa Estratégico, um modelo que evidencia as relações de causa e efeito

entre os componentes da estratégia nas quatro perspectivas propostas,

fornecendo a todos os colaboradores uma visão simples e clara da estratégia

da empresa. Segundo Kaplan e Norton (2000), a perspectiva de aprendizado e

crescimento, devidamente alinhada à estratégia da empresa é capaz de

mobilizar e apoiar o processo de mudança necessário à execução da

estratégia, promovendo melhoria nos processos internos da empresa, que, os

quais, por sua vez, criam valor aos clientes e acionistas, num efeito interativo

proposto pelo mapa. Ao longo do tempo, também, uma infinidade de conceitos

de estratégia surgiram. A partir do elevado repertório de conceitos, Mintzberg

(1987) propôs cinco definições de estratégia (Quadro 5):

Estratégia

Como Plano A estratégia é uma

intenção real (estratégia pretendida)

Como Pretexto ou

Manobra

Como Padrão Em um fluxo de

ação

Como Posição

Como Perspectiva

Mente Intenção e Ação

Comportamento Empresa no Ambiente externo

Mente

Curso de ação conscientemente engendrado ou

pretendido para lidar com uma

determinada situação. As

estratégias aqui podem ser genéricas

ou específicas.

Tem intenção de amedrontar ou enganar os competidores, e configura-se em situações específicas.

A estratégia é consistência no comportamento,

quer seja pretendida ou

não.

Identifica qual a situação da organização

no mercado e sua posição no ambiente

em que interage.

Pressupõe uma visão de mundo

que a organização

tem ou procura ter.

QUADRO 5 - AS CINCO DEFINIÇÕES OU OS 5P‟S DA ESTRATÉGIA PARA MINTZBERG E QUINN (2001)

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG E QUINN (2001)

Page 43: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

42

Para Mintzberg e Quinn (2001), quando a estratégia é definida como um plano

ela não se apresenta suficiente, visto que se faz necessário conhecer qual o

comportamento resultante desta estratégia, se consistente ou não. Como

padrão, a estratégia representa o próprio fluxo de ação; em outras palavras, é

consistência no comportamento, quer seja a estratégia pretendida ou não.

De acordo com Mintzberg e Quinn (2001), as definições sobre estratégia como

sendo um plano podem ser bem independentes uma da outra, pois os planos

podem não ser atingidos. Sendo um plano, a estratégia pode ser um pretexto e

realmente apenas uma manobra específica, ou seja, tem como finalidade

enganar o competidor [...] (MINTZBERG; QUINN, 2001).

Ao assumir a estratégia como uma posição (Quadro 5), Mintzberg e Quinn

(2001) passam a colocar a organização no ambiente externo. Como

perspectiva, a estratégia volta para as cabeças dos estrategistas,

coletivamente e com uma visão mais ampla, em que a estratégia não é apenas

uma posição escolhida, mas uma maneira de ver o mundo. Nessa definição, o

que é mais importante é que a perspectiva é compartilhada pelos membros da

empresa por meio de suas intenções e/ou suas ações (MINZTBERG; QUINN,

2001).

Além dos cinco tipos de estratégia, Mintzberg (1987) assume duas formas de

estratégia. Para esse autor, é possível identificar estratégias deliberadas e

emergentes. Uma estratégia deliberada é uma estratégia planejada. E quando

se diz que uma estratégia se desenvolve de forma emergente, é porque ela

surgiu de uma forma não planejada, sendo percebida na medida em que vai se

desenrolando, ou até mesmo depois que já ocorreu (MARRIOTO, 2003).

Observa-se que toda a análise sobre os diferentes conceitos de estratégia

levantados na literatura fornece uma série de tipos de estratégia. Um tipo

acentua traços específicos e fatores para caracterizar os fenômenos e

classificar a essência de um conceito (BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE,

1991).

A partir dos seus 5P‟s ou cinco tipos de estratégia, Mintzberg (1987) revela que

as estratégias têm duas características essenciais: são preparadas

Page 44: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

43

previamente às ações para as quais se aplicam e são desenvolvidas

consciente e deliberadamente. Em termos de tipologia, isto é, de uma estrutura

conceitual analítica (BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1991) é possível

compreender como Mintzberg (1987) define estratégia, os seus tipos e

diferentes processos (Figura 7).

FIGURA 7 - ESTRATÉGIAS DELIBERADAS E EMERGENTES

FONTE: MINTZBERG (1987)

Sabe-se que as estratégias podem ou não ser realizadas. Quando as

estratégias são realizadas, tanto podem ter surgido de estratégias deliberadas,

intencionalmente planejadas, como podem ter surgido de estratégias

emergentes, não planejadas (MINTZBERG, 1987). Seguindo a Figura 8, tem-se

que as estratégias emergentes não são pretendidas, mas podem se tornar

realizadas. Uma estratégia emergente é um padrão realizado que não era

expressamente pretendido. No caso de uma estratégia pretendida que nem

sempre é realizada, refere-se à estratégia que dá origem aos planos tidos

formais (explícitos) da organização. No caso das estratégias não realizadas

(Figura 7), são aquelas que foram deliberadas (depois de pretendidas) ou

emergentes, e resultam de objetivos não realizados (intencionalmente ou

objetivos nunca antes definidos).

Para Idenburg (1993), a abordagem da estratégia emergente sustenta que,

num ambiente imprevisível, é necessário reagir de maneira flexível, oportuna e

contingente às pressões do ambiente, pois não é possível desenvolver a

perspectiva do futuro e formular objetivos explicitamente. Mintzberg e Waters

Estratégia pretendida

Estratégia Deliberada

Estratégias

Realizadas

Estratégias Emergentes

Estratégias

Não-realizadas

Page 45: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

44

(1985) entendem que a diferença da estratégia deliberada e emergente é o

foco, a direção e o controle, conforme Figura 8.

FIGURA 8 - ESTRATÉGIA DELIBERADA E EMERGENTE

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG E WATERS (1985)

Por essas características, Mintzberg e Waters (1985) consideram que, na

prática, a estratégia deliberada é mais engessada, reduzindo a vantagem

estratégica; enquanto a estratégia emergente é mais flexível e participativa, e

que por isso é capaz de gerar um fluxo maior de ideias compartilhadas,

consequentemente, as chances de a estratégia acontecer.

Nos estudos de Mintzberg e Quinn (2001), a estratégia puramente deliberada

evita o aprendizado assim que é formulada, diferente da estratégia emergente

que o fomenta. Vale assinalar que a estratégia puramente emergente impede o

controle. No entanto, o aprendizado precisa ser acompanhado do controle, por

isso, é mais comum nas organizações um processo integrador, incluindo

estratégias deliberadas e emergentes. Nesta perspectiva, afirma Andersen

(2004) que formação da estratégia como um processo integrado equaciona a

estratégia deliberada e emergente. Para que se consolide na prática este

processo de formação da estratégia integrador, há necessidade de uma ação

estratégica planejada e descentralizada nas organizações. Importa destacar

DELIBERADA EMERGENTE

Focaliza o aprendizado

Associada a comportamentos

convergentes

Ênfase nas

ações coletivas

Focaliza o controle

Associado ao planejamento

estratégico formal

Ênfase está na direção central e

hierarquias

Page 46: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

45

que este processo integrador de formação da estratégia requer que o nível de

gerencia intermediário seja atuante na organização (FLOYD; LANE, 2000).

Assim como Mintzberg (1987), Whittington (2002) também assume que uma

estratégia é um processo laboral construtivista no tempo presente da ação, por

isso emergente. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) sugerem que não existe

uma estratégia que seja perfeitamente deliberada ou perfeitamente emergente,

sendo importante que a empresa tenha habilidade de antecipar-se a eventos

indesejáveis, e que seja hábil para reagir a eventos inesperados.

A estratégia engloba influências deliberadas e emergentes como um padrão

em um fluxo de decisões. Esta estratégia ressalta a importância da gestão de

nível médio da organização, a qual deve participar ativamente do "pensar",

bem como o "fazer" da estratégia. Pois, os gestores de nível médio podem

contribuir com iniciativas estratégicas, interpretar informações e canalizá-las à

gerência executiva, apoiar uma direção coerente da estratégia, facilitar a

capacidade de adaptação onde eles atuam, assim, ter uma influência

integradora sobre a estratégia da organização (CURRIE; PROCTER, 2005).

Mas, o que é interessante é a ideia de que todas as estratégias precisam

misturar controle e aprendizado. Enquanto as estratégias deliberadas têm

aprendizado zero, as estratégias emergentes têm controle zero, e o importante

é que as estratégias exerçam controle fomentando aprendizado (MINTZBERG,

AHLSTRAND, LAMPEL, 2000). As estratégias realizadas e não realizadas

consistem em fontes de aprendizagem estratégica, pois os estrategistas

constatam quais de suas pretensões foram ou não são viáveis, por serem

aceitas ou rejeitadas pela organização ou pelo ambiente de negócios em que

esta está introduzida.

De acordo com Mintzberg e Waters (1985), as estratégias emergentes

possibilitam o desenvolvimento da aprendizagem estratégica, uma vez que,

tendem a desbloquear informações ambientais e abrem espaços para novas

pretensões que irão compor, junto às estratégias deliberadas, a efetiva

realização das estratégias da organização.

Page 47: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

46

O que acontece em termos de estratégia é que as organizações desenvolvem

planos para seu futuro (estratégia pretendida) e também extraem padrões de

seu passado (estratégia realizada). Ao mesmo tempo em que se tem a

possibilidade de se formular estratégia buscando-se olhar para frente

(estratégia como um plano), também existe a possibilidade de se formular

estratégia observando o comportamento passado (estratégia como padrão)

(MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

A partir de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), é possível descrever aquilo

que é predominante em cada escola quanto ao processo estratégico (análise,

formulação, implantação).

Para melhor compreensão dos pontos mais enfatizados no período de cada

escola, investigaram-se as premissas assumidas em cada período e criou-se o

Quadro 6 e a legenda a seguir, em que são apresentadas as características

mais presentes no discurso de cada escola, além dos sujeitos dentro do

ambiente organizacional que estão envolvidos nos processos de formação das

estratégias.

Importa destacar que os espaços em branco no Quadro 6 não significam

ausência de determinada característica na escola em si, mas apenas que dada

característica não foi valorizada ou explicada aprofundadamente, e por

consequência, não foi determinante no processo de formação de estratégia.

Enquanto a escola de design promoveu a estratégia como perspectiva única,

concebida individualmente, no nível de direção ou gestão, a partir de uma

concepção criativa, as duas escolas seguintes não trataram ou não deram

continuidade às investigações sobre como se dá o pensamento estratégico

desta mesma maneira. Respectivamente, a escola de planejamento deu maior

atenção às formas de controlar os planos, enquanto a escola de

posicionamento valorizou as próprias estratégias, eliminando a atenção da

concepção criativa de conceber a estratégia.

Page 48: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

47

LEGENDA:

Característica predominante Sujeito envolvido com a característica x = significa que há o predomínio da característica; X = significa um maior predomínio da característica. [ ] [Espaço em branco] = significa que não enfatiza

àquela característica;

(EP) = Executivo Principal (L) = Líder

(E) = Estrategista (Es) = Estrategistas (IS) = Interação Social

(Pi) = Políticos Internos

(ASS) = Assessoria ou Planejadores

(ASS)* = Planejador ou Analista (G) = Gerente

(OP) = Operacional

Escolas

Características Presentes

Ên

fase

Estratégia é mais um processo

Pensam

en

to/f

orm

ula

ção

da

estr

até

gia

Conte

úd

o d

a e

str

até

gia

em

si

Pla

ne

jam

ento

da E

str

até

gia

Form

açã

o/

Criaçã

o d

a e

str

até

gia

Execução

e C

ontr

ole

da

Estr

até

gia

Não h

á s

ep

ara

ção

entr

e

form

ula

çã

o e

im

ple

men

taçã

o

Am

bie

nte

inte

rno

Am

bie

nte

Exte

rno

Delib

era

do

Em

erg

ente

Pre

scritivo

Descritivo

Design x

(EP)

x

(EP)

x

(EP)

OP=

Execução (EP) = Controle

X

X

X

Planeja-mento

(ASS)*

(G)

(ASS)* = Controla

estratégia (EP) =

Controla o

processo que gera estratégia

X X

X

Posiciona-mento

X Atenção

à

própria estraté-

gia

(ASS)* (EP) X x x X

Empreen-dedora

x (EP)

(L)

x (EP)

x X

Cognitiva x (Es)

x x

Aprendiza-do

x (Es) (G)

X X x X

X

Do Poder x (Pi)

x X

Cultural X

(IS)

x x x X

Ambiental X X X x X

Configura-ção

x x x x x x x x x x x x

QUADRO 6 - CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES ACERCA DO PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE

ESTRATÉGIAS.

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL (2000).

Page 49: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

48

Apesar de ser possuidora de uma visão prescritiva, a escola de posicionamento

enfatizou a importância das próprias estratégias e não apenas ao processo

pela qual elas são formadas. Nesta escola, Porter (1996) concebeu a estratégia

a partir de uma análise do ambiente e da indústria, e demonstrou que as

empresas obedecem a padrões definidos de comportamento que podem ser

resumidos em três estratégias genéricas, fontes de vantagem competitiva

sobre os concorrentes: liderança em custo, diferenciação e focalização. A

liderança em custo corresponde a possuir custos mais baixos que os rivais. A

diferenciação, em criar um produto ou serviço que é visto na indústria como

único. E a focalização, o saber combinar essas duas estratégias, direcionando-

as para um alvo (nicho) específico (PORTER, 1996).

Cada uma das dez escolas de pensamento estratégico surgiu de ampla revisão

da literatura, e apresenta um ponto de vista distinto sobre o processo

estratégico. Nesse sentido, o que é relevante para Mintzberg, Ahlstrand e

Lampel (2000) é a compreensão de que para a estratégia acontecer, é

necessário que haja coordenação interna, um entrelaçamento dos vários

esforços, eliminando-se a separação entre quem pensa e quem executa.

Esse caráter prescritivo na literatura de estratégia foi abandonado a partir da

escola empreendedora, que explorou os elementos intangíveis até então não

tratados pelas escolas, como, por exemplo: intuição, julgamento, sabedoria,

experiência e critério. Apesar de a escola empreendedora iniciar a descrição a

respeito do tema estratégia a partir de elementos intangíveis, foi somente a

escola de aprendizado que descreveu o processo de formação de estratégia

considerando-se a integração entre as pessoas dos diferentes níveis

hierárquicos.

2.1.3 A ESCOLA DE APRENDIZADO E O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIAS

EMPRESARIAIS

Ao longo do processo de formação de estratégia, a escola de aprendizado

focaliza a maneira como as estratégias se formam. Neste sentido, considera

tanto a influência individual, como a coletiva na formação da estratégia, que é

Page 50: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

49

vista como padrões do passado e, mais tarde, como planos para o futuro para

finalmente surgir como perspectiva e guiar o comportamento geral.

A premissa da escola de aprendizado é que a organização assume a forma de

aprendizado ao longo do tempo, não havendo, nesse processo, separação

entre a formulação e a implementação. As iniciativas estratégicas são tomadas

por quem quer que tenha capacidade e recursos para poder aprender. Além

disso, todas as iniciativas bem-sucedidas criam correntes de experiências que

podem convergir para padrões que se tornam estratégias emergentes

(MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

Diferentemente das demais escolas, com exceção da escola de configuração, a

estratégia é vista na escola de aprendizado não como um processo

compreensível, controlável, mas imprevisível e confuso, em que, iniciativas

bem sucedidas geram padrões que se tornam estratégias emergentes. O que

se percebe no processo de formação da estratégia é que ela se forma de

dentro para fora, a partir da ênfase na capacidade que uma organização tem

de aprender (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

Nesta escola, a formação de estratégia precisa assumir acima de tudo a forma

de um processo de aprendizado ao longo do tempo, na qual formulação e

implementação tornam-se indistinguíveis (MINTZBERG, AHLSTRAND,

LAMPEL, 2000).

2.1.3.1 AS PREMISSAS DA ESCOLA DE APRENDIZADO

Na literatura relacionada à escola de aprendizado, três impulsos relacionados

ao aprendizado organizacional contribuem para o entendimento da formação

de estratégia: I- o aprendizado como criação de conhecimento (NONAKA;

TAKEUCHI, 1997); II- a abordagem de capacidades dinâmicas de Hamel e

Prahalad e, III- a teoria do caos (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

No primeiro impulso encontram-se os autores Nonaka e Takeuchi (1997) que

articulam quatro processos que eles chamam de conversão do conhecimento,

em que o aprendizado deve ter lugar tanto com o corpo quanto com a mente, a

Page 51: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

50

partir da socialização, exteriorização, combinação e interiorização do

conhecimento (Figura 9).

FIGURA 9 - A ESPIRAL DO CONHECIMENTO

FONTE: NONAKA E TAKEUCHI (1997, P. 71-72)

A espiral do conhecimento (Figura 9) abrange o conhecimento tácito e o

conhecimento explícito. O primeiro diz respeito aos modelos mentais presentes

na cognição humana, além das percepções que moldam a forma como

percebemos o mundo à nossa volta; e o segundo, é formal, sistematizado,

àquele conhecimento que pode ser transferido (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Seguindo os autores Nonaka e Takeuchi (1997), o processo de socialização do

conhecimento descreve a partilha do conhecimento tácito que pode ocorrer

tanto pelo uso da linguagem como pela interpretação de dada experiência. A

exteriorização converte conhecimento tácito em explícito por intermédio de

usos especiais da linguagem, como metáforas e análise. A combinação

combina e transfere um conhecimento formalmente codificado de um indivíduo

para outro. Por fim, a interiorização conduz o conhecimento explícito de volta à

forma tácita, na medida em que as pessoas o interiorizam, como em “aprender

fazendo”.

No segundo impulso, dos três relacionados ao aprendizado organizacional,

dentre os que contribuem para o entendimento da formação de estratégia,

encontram-se as dinâmicas das capacidades organizacionais. Hamel e

Prahalad (1988) disseminaram três conceitos dentro desta abordagem:

competência essencial, intenção estratégica, e tensão e alavancagem.

Socialização Exteriorização

Interiorização Combinação

Page 52: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

51

Para Hamel e Prahalad (1988), existem três maneiras para saber se uma

organização possui alguma competência essencial: primeiro há de se investigar

se a possível competência essencial ou central provê acesso potencial a uma

ampla variedade de mercados; segundo, se ela faz uma contribuição

significativa para os benefícios percebidos pelo cliente acerca do produto final,

e em terceiro, se ela é difícil de ser copiada ou imitada por algum concorrente.

Quanto ao segundo conceito disseminado por esses autores (1988), a intenção

estratégica, diz respeito à direção geral que a empresa quer tomar; define as

oportunidades emergentes de mercado, e propicia um “grito” de união para os

funcionários. Um exemplo de uma intenção estratégica citado por Mintzberg,

Ahlstrand e Lampel (2000) é o da empresa Canon que tem como intenção

estratégica, por exemplo, “bater a Xerox”, ou A Komatsu que quer “bater a

Caterpilllar”.

O terceiro conceito, de tensão e alavancagem é explicado por Hamel e

Prahalad (1993, p. 78 apud MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000, p.

164) da seguinte forma: tensão representa “[...] um ajuste entre os recursos de

uma empresa e suas aspirações”; mas, apenas a tensão não é suficiente; as

empresas precisam saber como alavancar uma base limitada de recursos. As

maneiras para essa alavancagem variam desde concentrar recursos em torno

de um ponto focal estratégico, até a recuperação de recursos no mercado no

menor prazo possível.

A abordagem das capacidades dinâmicas de Prahalad e Hamel (1998) enfatiza

seu desenvolvimento, essencialmente, por meio de um processo de

aprendizado estratégico; em que a estratégia é vista de dentro para fora da

organização, a partir de uma ênfase na capacidade que a organização tem de

aprender (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000).

Por fim, o terceiro e último impulso sobre o aprendizado organizacional que

contribui para a compreensão acerca da formação da estratégia é a teoria do

caos, desenvolvida nas ciências físicas para melhor compreensão dos

sistemas dinâmicos complexos e não lineares, como, por exemplo, a

turbulência de líquidos e gases. Um preceito central da teoria do caos

Page 53: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

52

compreende que a ordem pode produzir o caos e o caos pode levar a uma

ordem (STACEY, 1992, citado por MINTZBERG AHSLTRAND, LAMPEL,

2000).

De forma comparativa a teoria do caos, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000,

p. 166) sugerem que:

A irregularidade é uma propriedade fundamental da organização, na

qual pequenas perturbações eventuais podem ter grandes efeitos.

Portanto, os gerentes não podem confiar em estruturas, sistemas,

regras e procedimentos, mas precisam, em vez disso, estar

preparados para a adaptação contínua.

As pesquisas realizadas na escola de aprendizado revelam que o que se pode

concluir acerca das contribuições desta escola é que a estratégia é um

processo de aprendizagem individual e coletivo, um processo que espelha a

intercorrelação (Figura 10) de suas etapas de análise, formulação e

implantação, envolvendo a interação dos níveis hierárquicos (MINTZBERG;

AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).

FIGURA 10 - PROCESSO EMERGENTE DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

FONTE: ADAPTADO DE FERNANDES E BERTON (2009)

O aprendizado procede de forma emergente, seja do ambiente interno ou

externo, seja de cima para baixo na hierarquia da estrutura organizacional ou

de baixo para cima (top down ou botton up). As iniciativas estratégicas são

tomadas por quem quer que tenha capacidade e recursos para poder aprender

e se sucedidas geram padrões que se tornam estratégias emergentes. E a

liderança gerencia o processo de aprendizagem. Estratégias emergem de

pequenos passos, na medida em que a organização se adapta ou aprende.

Assim, a escola de aprendizado assume que a estratégia é formada dentro de

Análise: Negócio

Ambiente Recursos

Formulação: Missão

Estratégias Objetivos

Implantação Implementação Aprendizagem

Feedback

Abordagem Emergente

Page 54: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

53

um processo que evolui e é incrementado ao longo do tempo; os objetivos

finais não são claros, mas vão sendo desenvolvidos à medida que a estratégia

é implantada (MINTZBERG; AHSLTRAND; LAMPEL, 2000). Neste sentido,

Andersen (2000) entende que, dependendo a necessidade da organização

frente ao ambiente, o processo de formação da estratégia pode ser tanto top-

down como bottom-up.

Soma-se ainda o fato de que esta escola possibilitou enxergar mais o que as

empresas fazem quando são confrontadas com condições complexas e

dinâmicas, do que as organizações deveriam fazer - como ocorreu com as

escolas prescritivas de desing, planejamento e posicionamento (MINTZBERG;

AHSLTRAND; LAMPEL, 2000).

Fiol e Lyles (1985) acreditam que, apesar de sua importância para o

desempenho estratégico das organizações, não há uma teoria ou um modelo

de Aprendizagem Organizacional que seja aceito de modo amplo por

acadêmicos e agentes organizacionais, mas há uma extensa literatura que

gerou a fragmentação do conceito de Aprendizagem Organizacional.

Fleury e Fleury (2011) afirmam que existem duas vertentes teóricas que

sustentam os principais modelos de aprendizagem: o modelo behaviorista e o

cognitivo. Dentre os principais traços de cada vertente estão (Quadro 7). O

modelo cognitivo de aprendizagem trabalha com representações e com o

processamento de informações pelo indivíduo, e tem como teoria precursora a

Gestalt, que pesquisa o processo de aprendizagem por insights, em que o

indivíduo, quando tem o processo de aprendizagem completado, passa a ter à

impressão de ter subitamente compreendido alguma coisa ou chegado à

solução de um problema (FLEURY; FLEURY, 2011).

O tema Aprendizagem Organizacional incorpora, mas não polariza o debate

entre os modelos behaviorista e cognitivista quanto ao fato do processo de

aprendizagem implicar ou não mudanças comportamentais visíveis,

mensuráveis (FLEURY; FLEURY, 2011). Assume-se que, o processo de

aprendizagem organizacional envolve tanto a elaboração de novos mapas

cognitivos que possibilitam uma melhor compreensão acerca do que está

Page 55: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

54

ocorrendo em seu ambiente interno e externo, quanto à definição de novos

comportamentos que comprovam a efetividade do aprendizado (FLEURY;

FLEURY, 2011).

QUADRO 7 - VERTENTES TEÓRICAS QUE SUSTENTAM OS PRINCIPAIS MODELOS DE APRENDIZAGEM

FONTE: ADAPTADO DE FLEURY E FLEURY (2011)

O tema aprendizagem organizacional é desenvolvido por acadêmicos de

disciplinas díspares, que envolve estrategistas de negócio, economistas,

sociólogos e educadores; além de ser assunto de interesse crescente de

administradores e consultores (SILVA et al., 2012).

No âmbito das organizações, esse interesse pelo tema voltado à aprendizagem

organizacional não acontecia na era industrial (HALLGREN, 1998; FLEURY;

FLEURY, 1995). O desenvolvimento de formas de organização que privilegiam

a aprendizagem começou a se estruturar como tal, e a se multiplicar, só a partir

dos anos 1980 (HALLGREN, 1998). No caso do desenvolvimento de formas

organizacionais que privilegiam a aprendizagem e a inovação, ele só teve seu

início no oriente. “A indústria japonesa como um todo representa um modelo de

aprendizagem e de inovação desenvolvido de forma integrada e sistêmica”

(FLEURY; FLEURY, 1995, p. 17).

O modelo behaviorista O modelo cognitivo

- Foco principal: comportamento. - Justificativa: é observável e mensurável. - Princípio: A análise do comportamento implica o estudo das relações entre eventos estimuladores, respostas, consequências, planejar o processo de aprendizagem implica definir todo o processo em termos passíveis de observação, mensuração e réplica científica.

- Foco principal: O estudo de fenômenos como a aprendizagem de conceitos e solução de problemas. - Justificativa: explicar fenômenos mais complexos, sendo um modelo mais abrangente que o behaviorista. - Princípio: Utilizar dados objetivos, comportamentais e subjetivos, levando em consideração as crenças e percepções dos indivíduos que influenciam seu processo de apreensão da realidade.

Aprendizagem representa um evento externo, observável.

Aprendizagem representa um evento interno, não observável, inferido por meio do desempenho das pessoas.

Page 56: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

55

Toda a dinâmica de interação entre o setor produtivo, as instituições de

fomento e as instituições de intermediação fez com que as empresas

japonesas desenvolvessem uma trajetória de aprendizagem e capacitação que

evoluiu por meio de diferentes estágios: aprender a produzir, aprender a

produzir com qualidade, aprender a inovar e, inovar de forma sistêmica. Toda

essa evolução ocorreu porque, o modelo japonês sempre questionou seus

próprios modelos de sucesso antes de qualquer concorrente (FLEURY;

FLEURY, 1995). Os japoneses revelaram um caminho de aprendizado

sistemático, como pode ser visto no Quadro 8.

1946 a 1964 Aprendendo a produzir (just-in-time)

1964 a 1973 Aprendendo a produzir com qualidade (o TQC)

1973 a 1985 Aprendendo a inovar (a fusão tecnológica)

1985 até hoje Perseguindo a inovação sistêmica

QUADRO 8 - APRENDIZADO SISTEMÁTICO DA PRÓPRIA APRENDIZAGEM.

FONTE: ADAPTADO DE FLEURY E FLEURY (1995).

Enquanto no ocidente o processo de produção sempre envolveu grandes

mudanças seguidas de períodos de deteriorização e queda de desempenho, o

que vai justificar depois uma nova grande mudança que deve resultar num

brusco aumento de desempenho, seguido de novo período de deteriorização, -

no ocidente, ao contrário, a orientação japonesa é para o Kaizen, isto é, o

contínuo melhoramento (FLEURY; FLEURY, 1987).

A melhoria contínua do Kaizen envolve a todos, inclusive os gerentes e os

operários. Desse modo, mesmo após uma grande mudança, segue-se o

trabalho meticuloso e detalhista de fazer o ajuste fino (fine tuning) do sistema

dentro das novas condições (FLEURY; FLEURY, 1987). Kaizen é um conceito

tão óbvio para os japoneses que as pessoas nem sabem que possuem. A

filosofia Kaizen afirma que o modo de vida, seja no trabalho, na sociedade ou

em casa, merece ser constantemente melhorado. Há a crença de melhoria

contínua profundamente entranhada nos japoneses (FLEURY; FLEURY, 1987).

Page 57: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

56

No século XXI, com tanta complexidade gerada a partir de um quadro muito

intenso de informações, o pensamento sistêmico é mais necessário do que

nunca. Apesar da inteligência individual, dos produtos inovadores, as empresas

ainda necessitam reunir suas funções e talentos para criar um todo produtivo

(SENGE, 2002).

Essa busca, no século XXI, pelo pensamento sistêmico, passou a ser

conhecida desde o caso de crise de mercado que a Volvo Sueca sofreu na

década de oitenta. No seu planejamento estratégico, a empresa não

contemplou o fato de que um processo de aprendizagem deveria ter um caráter

sistêmico, considerando-se toda a organização e o cenário mercadológico

mundial, e não apenas o seu setor de produção (FLEURY; FLEURY, 1987).

Para Hallgren (1998, p. 2), a percepção de que “[...] o aprender pode ser algo

rápido, pode ser a mais poderosa estratégia mercadológica, e talvez a única

que vá trazer às empresas uma vantagem competitiva real e sustentável no

tempo e no espaço mutantes em que vivemos”. Abbade, Zaini e Souza (2012)

alertam que o comprometimento com a aprendizagem, e ainda, com uma

“mente aberta”, impacta positivamente no desempenho das organizações, e

que as orientações estratégicas dependem simultaneamente de uma visão

para o mercado.

O pensamento sistêmico oferece uma linguagem que começa com a

reestruturação do modo como pensamos; e chegar ao pensamento sistêmico, à

quinta disciplina de Peter Senge, é chegar “[...] à pedra fundamental subjacente

a todas as outras quatro disciplinas [...]”(SENGE, 2002, p. 101). Senge (2002)

acredita em cinco tecnologias componentes que estão gradualmente

convergindo para inovar as organizações que aprendem: 1- Domínio Pessoal;

2- Modelos Mentais; 3- A construção de uma visão compartilhada; 4-

Aprendizagem em equipe e 5- Pensamento Sistêmico. Para que os gerentes

consigam tornar o pensamento sistêmico, ativo e diário, é necessário aprender

a ver as estruturas subjacentes em lugar dos eventos, compreender que

pequenas atitudes bem focalizadas podem produzir melhorias significativas e

duradouras, desde que atuem no lugar certo (SENGE, 2002).

Page 58: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

57

2.2 AS DISCIPLINAS DE APRENDIZAGEM

Simon (1991) afirma que a aprendizagem organizacional ocorre quando as

pessoas da organização aprendem e quando novos colaboradores trazem

novos conhecimentos à organização. Com isso, considera-se que as pessoas

são os elementos essenciais da aprendizagem organizacional, as quais criam

novos conhecimentos e geram aprendizagem.

Todavia, aprendizagem organizacional não é apenas a acumulação de

aquisição de conhecimentos isolados e atividades criativas de cada pessoa na

organização. Conhecimento individual precisa ser compartilhado entre

indivíduos para se tornar conhecimento organizacional. Além disso, a

aprendizagem organizacional é integrada e dirigida por metas coletivas,

levando à construção mútua de conhecimento e que visa melhorar o

desempenho e a capacidade de adaptação da organização como um todo

(MARSICK; WATKINS, 2003).

Por isso, Senge (2002) afirma que as organizações de aprendizagem são

aquelas em que as pessoas ampliam continuamente sua capacidade de criar

resultados, onde surgem novos e amplos padrões de raciocínio, em que os

desejos são coletivos e pessoas aprendem a aprender em grupo. Deste modo,

concebe que as organizações de aprendizagem são alicerçadas em cinco

disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada,

aprendizado em equipe e pensamento sistêmico.

Cada disciplina de aprendizagem é desenvolvida em separado, mas somente

em conjunto se é possível conquistar uma organização que aprende. Em

conjunto essas disciplinas possibilitam ampliar continuamente a capacidade de

realizar as mais altas aspirações (SENGE, 2002).

2.2.1 DOMÍNIO PESSOAL

Domínio pessoal representa o compromisso individual para desenvolver a sua

própria capacidade de aprendizagem. Cada pessoa deve continuamente

esclarecer e aprofundar a sua própria visão pessoal (NEMETH, 1997), pois

sem domínio pessoal não há aprendizagem organizacional (SENGE, 2002).

Page 59: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

58

Assim, a disciplina domínio pessoal começa esclarecendo as coisas que são

realmente importantes para nós, que na visão de Senge (2002) é buscar viver a

serviço de nossas mais altas aspirações. É uma disciplina que representa um

nível especial de proficiência, pois trata do comprometimento individual com

seu próprio aprendizado ao longo da vida.

Roberts, Smith e Ross (2005) indicam que uma pessoa com alto domínio

pessoal, caracteriza-se por estar bem consciente de seu domínio pessoal, ver a

realidade com maior clareza e compromete-se com a criação de maior

resultado organizacional. Por isso, as organizações de aprendizagem procuram

fomentar um ambiente que incentiva todos os seus membros a desenvolver o

domínio pessoal. A este respeito, Quintero, Valecillos e Hernández (2009)

afirmam que a essência do domínio pessoal é gerar e sustentar a articulação

criativa na vida. Neste sentido, a aprendizagem significa expandir a capacidade

de produzir os resultados aspirados, por isso, nas organizações a

aprendizagem deve estar presente em todos os níveis da empresa. Uma

organização comprometida com o domínio pessoal cultiva a mentalidade de

que cada dia leva a maior eficiência.

De acordo com Partin (1996), estas organizações permanecem eficientes ao

longo do tempo, corrigem-se, renovam-se e utilizam seus recursos de forma

eficaz, por intermédio de uma integração harmoniosa, entre as necessidades e

desejos de seu pessoal e sua missão.

2.2.2 MODELOS MENTAIS

Os modelos mentais representam o contexto em que cada pessoa observa e

decodifica os fatos e, a partir deles, opta pelas informações que lhes são

importantes para uma situação específica, descartando as demais. Por isso, as

pessoas devem estar cientes de seus modelos mentais, pois, são eles que

moldam suas ações e decisões (NEMETH, 1997).

De acordo com Senge (2002), a disciplina modelos mentais é capaz de

influenciar nossa forma de ver e de agir no mundo, pois são os pressupostos

arraigados, as generalizações ou mesmo as imagens que influenciam nossa

forma de ver o que está a nossa volta.

Page 60: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

59

Apesar de se referir à percepção e ao modo como agimos, muitas vezes não

estamos conscientes de nossos modelos mentais sobre o nosso

comportamento. Por essa razão, o trabalho com os modelos mentais começa

por virar o espelho para dentro, aprender a desenterrar as imagens internas do

mundo para levá-las à superfície e mantê-las sob-rigorosa análise (SENGE,

2002).

2.2.3 A CONSTRUÇÃO DE UMA VISÃO COMPARTILHADA

Ao dominar essa disciplina, os lideres aprendem como é impresumível tentar

ditar uma visão, por melhores que sejam as suas intenções. Isso porque

quando existe uma visão genuína (em oposição à famosa “declaração de

missão”), as pessoas dão tudo de si e aprendem, não porque são obrigadas,

mas porque elas querem (SENGE, 2002).

A organização deve ser capaz de construir coletiva e continuamente o

compromisso para com os objetivos. O pensamento e a ação de cada pessoa

devem estar alinhados com os objetivos estratégicos da organização

(NEMETH, 1997).

Muitas vezes, a visão compartilhada de uma empresa gira em torno do carisma

de um líder ou de uma crise que estimula temporariamente a todos. No

entanto, se tiverem escolha, a maioria das pessoas opta por perseguir um

objetivo nobre, não apenas em épocas de crise, mas o tempo todo (SENGE,

2002).

A prática da visão compartilhada envolve as habilidades de descobrir “imagens

de futuro” compartilhadas que estimulem o compromisso genuíno e o

envolvimento, em lugar da mera aceitação (SENGE, 2002). Para se chegar à

visão compartilhada, os indivíduos fazem uso de meios diversos para interagir

e um elemento básico utilizado é o diálogo, que também é básico para a

aprendizagem em equipe (SENGE, 2002).

2.2.4 APRENDIZAGEM EM EQUIPE

Um “elemento básico da aprendizagem em equipe é o diálogo” (SENGE, 2002,

p. 21), que do grego significa fluxo de significado; e há nas pessoas um

Page 61: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

60

profundo desejo de conversar (SENGE, 2002). “Diálogo é um processo pelo

qual o significado flui através” (SENGE, 2002, p. 22).

A necessidade de capacidades de aprendizagem por toda a organização é

crescente na arena dos negócios que estão em meio a turbulências

econômicas e políticas e, à crescente interdependência de mercados e

empresas globais que ainda mantêm uma estrutura autoritária e hierarquizada

(SENGE, 2002).

A disciplina da aprendizagem em equipe começa pelo diálogo, a capacidade

dos membros de deixarem de lado as ideias preconcebidas e participarem de

um verdadeiro “pensar em conjunto”. De acordo com Senge (2002, p. 44):

A disciplina do diálogo envolve o reconhecimento dos padrões de

interação que dificultam a aprendizagem nas equipes. Os padrões de

defesa frequentemente são profundamente enraizados na forma de

operação da equipe. Se não forem detectados, minam a

aprendizagem. Se percebidos e trazidos à tona de forma criativa,

podem realmente acelerar a aprendizagem.

A aprendizagem em equipe é vital, pois as equipes, e não os indivíduos são a

unidade de aprendizagem fundamental nas organizações modernas. Esse é

um ponto crucial: “[...] se as equipes não tiverem capacidade de aprender, a

organização não a terá” (SENGE, 2002, p. 44).

Porém, ainda mais vital para a aprendizagem organizacional, é desenvolver as

cinco disciplinas em conjunto, o que é desafiador, pois é muito mais difícil

integrar novas ferramentas do que simplesmente aplicá-las separadamente.

Conseguir reunir as quatro disciplinas depende de se dominar a quinta

disciplina (SENGE, 2002).

A quinta disciplina é o pensamento sistêmico, responsável por integrar as

outras disciplinas, fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática. É o

pensamento sistêmico que impede que as disciplinas sejam um truque

separado, ou o mais recente modismo para a mudança organizacional.

Somente com o pensamento sistêmico é possível analisar as inter-relações

Page 62: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

61

entre as disciplinas. É o pensamento sistêmico que nos lembra, sempre, que a

soma das partes pode exceder o todo (SENGE, 2002).

2.2.5 PENSAMENTO SISTÊMICO

O pensamento sistêmico é um quadro de referência conceitual, um conjunto de

conhecimentos e ferramentas desenvolvido ao longo dos últimos cinquenta

anos para esclarecer os padrões como um todo e ajudar-nos a ver como

modificá-los efetivamente (SENGE, 2002).

Para facilitar a explicação do conceito de pensamento sistêmico, Peter Senge

descreve um exemplo típico que é comum a todos, o processo de formação da

chuva (2002, p.45):

As nuvens ficam pesadas, o céu escurece, as folhas giram no chão:

sabemos que vai chover. Sabemos também que, depois da

tempestade, a água da chuva alimentará os lençóis d‟água, a

quilômetros de distância, e que pela manhã o céu estará claro outra

vez. Todos esses eventos estão distantes no tempo e no espaço,

mas estão conectados em um mesmo padrão. Um tem influência

sobre o outro, uma influência que, em geral, não é aparente. Só

poderemos entender o sistema de uma tempestade contemplando o

todo, não uma parte individual do padrão.

Embora as ferramentas sejam novas, “[...] a visão de mundo subjacente é

extremamente intuitiva [...]” e essa capacidade de enxergar as estruturas

sistêmicas, isto é, as inter-relações mais importantes que são capazes de

influenciar o comportamento ao longo do tempo, não é uma novidade, “[...]

experimentos realizados com crianças pequenas mostram que elas aprendem

o pensamento sistêmico com muita rapidez” (SENGE, 2002, p.45).

Silva et. al, (2012) assumem aprendizagem como um processo complexo, e

presente tanto nos indivíduos, como nas organizações. Chan (2003) explica

que a aprendizagem pode ocorrer nos níveis individuais, grupais e

organizacionais, e que compreender a dinâmica dos processos de

aprendizagem nesses níveis contribui para o melhor conhecimento da

aprendizagem.

Page 63: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

62

Embora intangível, o fenômeno aprendizagem organizacional contribui

sobremaneira para o prosseguimento da empresa, na medida em que os atores

que geram os seus processos, responsáveis por tornar a empresa ativa,

possuem capacidades e desenvolvem suas atividades nesse ambiente social,

contribuindo, ou não, para a vantagem competitiva da empresa. Essa

vantagem dependerá de muitas variáveis, dentre elas o modo como as

pessoas da empresa agem, se pouco ou muito focadas e dedicadas naquilo

que buscaram desempenhar (CALDAS; BOAS, 2006).

A capacidade de uma empresa em se manter no ambiente competitivo

depende da integração de suas equipes. Todavia, essa integração depende da

maneira como os gestores lideram suas equipes e tomam suas decisões. Para

Quinn et al. (2003, p.24), “[...] uma competência implica na detenção tanto de

um conhecimento quanto da capacidade comportamental de agir de maneira

adequada”.

O uso de equipes costuma acabar com a burocracia desnecessária e reduzir os

níveis hierárquicos nas grandes organizações. Os funcionários se sentem mais

próximos entre si e da alta administração, e por consequência desenvolvem

com mais facilidade processos de melhoria dentro da empresa (GRIFFIN;

MOORHEAD, 2006).

Contudo, o desenvolvimento de melhorias para ser sustentado ao longo do

tempo, não depende apenas da capacidade de adaptação das pessoas, esse é

o primeiro passo para a aprendizagem. Mas, sustentar criatividade e

produtividade requer o desejo de aprender continuadamente por parte de cada

indivíduo (SENGE, 2002).

A organização que visa conseguir desenvolver um processo permanente de

aprendizagem necessita acessar a disciplina do pensamento sistêmico e rever

os seus valores, princípios e modelos mentais; necessita estar preparado para

aprender a desaprender (SENGE, 2002). Numa perspectiva da estratégia

gerencial, a aprendizagem é mais do que aprender, é aprender mais

rapidamente que outras organizações (ANTONELLO; GODOY, 2010). A nova

era econômica baseada na sociedade do conhecimento, levanta questões

Page 64: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

63

sobre a nova função da gestão como lócus importante para o desenvolvimento

humano: refletir sobre si e seu lugar social; refletir sobre a autonomia, a

criatividade e a cooperatividade como patrimônio. O ambiente de negócios

exige das empresas uma enorme capacidade para reinventar-se

constantemente, para se adequar às novas exigências dos clientes, da

tecnologia e da voracidade dos concorrentes (FALCONI, 2004).

Pesquisas sugerem uma relação direta entre os resultados financeiros das

empresas e o ambiente saudável de trabalho. De acordo com Falconi (2004),

empresas que adotam boas práticas em relação à gestão de pessoas chegam

a apresentar resultados cerca de 40% superiores à média dos resultados

obtidos por empresas que não têm as mesmas políticas em relação às práticas

de recursos humanos.

A fim de ampliar o entendimento acerca dos diferentes processos gerenciais

com vistas a criar mudanças no ambiente organizacional, alguns modelos de

aprendizagem organizacional foram acessados.

2.3 CICLOS DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO

DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

“A Aprendizagem Organizacional tem suas raízes teóricas na Psicologia da

Aprendizagem” (FLEURY; FLEURY, 1995, p. 16). A literatura dos estudos

sobre as organizações possui o tema Aprendizagem Organizacional

amplamente difundido, entretanto, percebe-se que nesta vasta difusão não há

um consenso entre a maneira de se compreender e de se aplicar o conceito de

aprendizagem organizacional (SILVA et al., 2012).

De acordo com Bethlem (2001) aprender é internalizar e saber utilizar

conceitos, constructos, técnicas e processos pertinentes à ação que se vai

realizar. Sem se saber utilizar conceitos não há como aplicá-los. Para a

aprendizagem ser bem sucedida, antes é necessário que se tenha precisão

quanto a qualquer conceito.

Page 65: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

64

Dodgson (1996) descreve aprendizagem organizacional como as formas

utilizadas pelas empresas tanto para construir, organizar o conhecimento e as

rotinas ao redor das competências e cultura da empresa, como para adaptar e

desenvolver a eficiência organizacional por meio da melhoria do uso dessas

competências. Para Ross et al., (1997) aprender significa testar continuamente

nossa experiência, transformando-a em conhecimento que deve ser acessível

a todos, e pertinente ao propósito central da organização.

Uma organização aprende por intermédio de seus indivíduos. O conhecimento

é criado por indivíduos e, portanto, existe fora da organização. No entanto, se

o conhecimento só pertence a indivíduos, empresas só poderiam mudar com a

rotatividade de funcionários. Isso implica que, o conhecimento é transformado

por meio de sua passagem em uma organização. A aprendizagem

organizacional é mais do que a soma de aprendizagem individual dos membros

da organização (MCKEE, 1992).

A aprendizagem organizacional é um processo complexo que se refere ao

desenvolvimento de novos conhecimentos e tem o potencial de mudar

comportamentos. É, assim, um processo que envolve a mudança individual e

organizacional. As empresas que desenvolveram uma cultura de aprendizagem

são boas na criação, aquisição e transferência de conhecimento, bem como na

modificação de comportamento para gerar novos conhecimentos, insights e

inovação, otimizando o desempenho organizacional (ŠKERLAVAJ; SONG;

LEE, 2010).

Nesta perspectiva, Pérez López et al. (2006) ressaltam que a aprendizagem

organizacional é um processo para melhorar o desempenho da organização

por meio de novas iniciativas (tecnológicas, produtivas ou comerciais). Isto

requer um movimento de simplesmente colocar mais conhecimento em bases

de dados para alavancar as muitas maneiras que o conhecimento pode migrar

para uma organização e impactar o desempenho dos negócios. Para tanto, é

necessária uma gestão do conhecimento eficaz.

Dalkir (2011) propõe que a gestão do conhecimento eficaz existe quando uma

organização consegue continuamente criar e reter o conhecimento a ser

Page 66: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

65

aplicado para alcançar os objetivos organizacionais; compartilhar o

conhecimento entre as pessoas na organização em todos os níveis

organizacionais, e; aplicar o conhecimento para criar inovação, valor para a

empresa e seus clientes.

Os autores Crossan, Lane e White (1997) trataram de construir uma estrutura

unificante de aprendizado organizacional, em que quatro processos básicos

ligam os níveis: individual, coletivo e organizacional, que são: 1- a intuição; 2- a

interpretação; 3- a integração e 4- a institucionalização (Figura 11).

Kim (1993), que estudou o desenvolvimento da aprendizagem organizacional

(AO) a partir de uma perspectiva estrutural organizacional, explorando como

ela é desenvolvida dentro das organizações, entende que a AO é um processo

que cria novos conhecimentos e habilidades para indivíduos. Assim, uma

organização aprende por intermédio de seus membros individuais, portanto, a

aprendizagem organizacional é moldada pela aprendizagem individual.

Portanto, é importante que a emprese crie uma cultura de aprendizagem que

possibilite a aprendizagem continua de seus membros.

FIGURA 11 - ESTRUTURA UNIFICANTE

FONTE: CROSS, LANE, WHITE (1997)

A cultura de aprendizagem reforça positivamente a aprendizagem, a

transferência e compartilhamento de conhecimentos. Alguns fatores-chave que

Indivíduo Grupo Organização

Intuição

Experiências Imagens

Metáforas

Interpretação

Integração

Institucionalização

Compreensões Comuns Ajuste mútuo

Sistemas interativos

Planos, Rotinas, Normas Sistema de Diagnóstico Regras e Procedimentos

Linguagem Mapa Cognitivo Conversação/

Diálogo

Subprocessos de

aprendizagem Nível de

Aprendizagem Entradas e Saídas

Page 67: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

66

suportam o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem são: forte apoio

da alta administração; gerentes de nível intermediário que capacitam seus

funcionários e promovem aprendizagem; funcionários são pessoalmente

motivados a aprender em todos os tipos de configurações - formais e informais;

investimento contínuo e estratégico em recursos, treinamento e ferramentas de

aprendizagem; oportunidades para se colocar em prática o que se aprendeu; e,

ciclo de feedback contínuo / ajustamento em curso e treinamento, quando

necessário (BRITISH COLUMBIA, 2014).

Cross, Lane e White (1997) assumem que a cultura da aprendizagem cria um

processo de mudança de pensamento e ação individual e coletiva. Os

processos da Figura 11 ligam os níveis individual, coletivo (grupo) e a

organização, envolvendo mudanças comportamentais e cognitivas. A intuição é

um processo subconsciente que ocorre no nível do indivíduo e representa o

início do aprendizado que precisa ocorrer numa mente isolada. A interpretação

seleciona os elementos conscientes deste aprendizado individual e os

comunica no nível do grupo. A partir daí, segue-se a integração para mudar a

compreensão coletiva no nível de grupo e ligá-la ao nível da organização como

um todo. Por fim, a institucionalização incorpora esse aprendizado por toda a

organização, em que é possível localizá-lo nas rotinas, estruturas e práticas.

Ao compararem esses processos sequenciados da aprendizagem: intuição,

interpretação, integração e institucionalização, com as escolas de pensamento

estratégico, os autores Mintzberg, Ahlstrand, Lampel (2000) chegaram ao

seguinte raciocínio e/ou contraponto (Figura 12).

FIGURA 12 - DO PROCESSO INDIVIDUAL AO PROCESSO COLETIVO DE APRENDIZADO ORGANIZACIONAL

FONTE: ADAPTADO DE MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL (2000)

Compreensão cognitiva

(nível individual)

Aprendizado (individual)

Estratégia Emergente

Empreendedorismo

Aspecto Cultural Formalização

Aprendizagem Coletiva

Estratégia Deliberada

Page 68: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

67

Simultaneamente ao processo deliberado de formar estratégias, há na

organização um processo individual e grupal de construção de conhecimento

que atinge um nível de aprendizagem individual e coletiva, em que, por meio de

ações empreendedoras, esse aprendizado individual pode ser transmitido e

institucionalizado, o que possibilitará a aprendizagem organizacional.

O autor Pawlowsky (2005) propôs um arcabouço conceitual para a

compreensão e a gestão do conceito de Aprendizagem Organizacional. A partir

do seu modelo (Figura 13), é possível delimitar o campo de análise a ser

investigado. Pawlowsky (2005) reuniu autores que buscam fornecer elementos

que auxiliem na compreensão da gestão da aprendizagem organizacional. De

acordo com seu modelo, a gestão deve levar em consideração a aprendizagem

que ocorre em diversos níveis, processos, tipos e modos que se integram e se

inter-relacionam.

A principal característica do modelo de Pawlowsky é que as quatro

perspectivas complementam-se. No nível do sistema (Figura 13), Pawlowsky

(2005) explica que os grupos são responsáveis por estabelecer os vínculos

entre os indivíduos e a organização, e também pela inclusão ou a exclusão

intencional das pessoas ao sistema social. Neste sistema estão à

aprendizagem individual, grupal, organizacional e àquela aprendizagem que

acontece entre as organizações.

No que tange aos quatro processos de aprendizagem, Pawlowsky (2005)

argumenta que eles não são sequenciais, isto é, não ocorrem necessariamente

na ordem apresentada na Figura 13, em que, primeiro acontece à identificação

das informações importantes ou relevantes à aprendizagem, seguida da

geração de novos conhecimentos; depois a difusão do conhecimento do

indivíduo para o coletivo, ou do coletivo para o organizacional, para daí então

ocorrer à integração do conhecimento aos sistemas de conhecimento do nível

coletivo, individual, e nos procedimentos organizacionais, no momento em que

se vê a institucionalização do aprendizado.

De acordo com Pawlowsky (2005), as rotinas têm efeito sobre o

comportamento organizacional. Assim, há também o processo de

Page 69: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

68

transformação dos novos conhecimentos em ação, além de sua aplicação nas

rotinas da organização esperando a mudança do comportamento

organizacional.

FIGURA 13 - ARCABOUÇO CONCEITUAL PARA A GESTÃO DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

FONTE: PAWLOWSKY (2005)

Acompanhando ainda a Figura 13, Pawlowsky (2005) apresenta uma terceira

perspectiva, a dos três Tipos de Aprendizagem que foram propostos por

Argyris e Schön (1978). O ciclo simples ou single-loop (ou single-loop learning

ou circuito simples de aprendizagem) equivale à aprendizagem obtida por

intermédio da detecção de desvios de desempenho em relação aos padrões

estabelecidos, seguido das ações empreendidas para a sua correção. Ou

ainda, na detecção do erro e sua correção posterior.

O segundo tipo de aprendizagem de Argyris e Schön (1978) é o ciclo duplo ou

double-loop (ou double-loop learning ou circuito duplo de aprendizagem), que

corresponde ao processo de questionamento e das alterações das variáveis

que governam esse processo. O ciclo duplo de aprendizagem corresponde à

base da inovação, a transformações radicais, com mudanças profundas nas

variáveis que dominam os processos, visando elevar os resultados da

Nível do Sistema - Individual

- Grupal - Organizacional

- Inter-Organizacional

- Aprendizagem de ciclo simples

- Aprendizagem de ciclo duplo

- Aprendizagem de ciclo triplo (Deutero)

Tipos de Aprendizagem

Modos de Aprendizagem

- Cognitivo - Cultural

- Aprendizado em Ação

Processos de Aprendizagem

- Identificação e criação - Difusão

- Integração - Ação

Arcabouço Conceitual para o Aprendizado

Organizacional

Page 70: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

69

organização. Além da detecção e correção, a aprendizagem de ciclo duplo

envolve a reflexão aprofundada sobre as causas e princípios, o que pode

resultar na modificação de normas, políticas e objetivos da organização. Os

ciclos de aprendizagem de Argyris e Schön (1978) podem ser vistos na Figura

14.

FIGURA 14 - CICLOS DE APRENDIZAGEM DE ARGYRIS E SCHÖN (1978)

FONTE: VALENÇA (1997)

O ciclo triplo (ou deutero) equivale ao processo de aprender a aprender, e

requer reflexão coletiva a respeito dos pressupostos básicos e regras

estabelecidas na organização. Esse ciclo admite uma visão holística da

organização. Sempre que os princípios essenciais da organização entram em

discussão, envolvendo questões relacionadas ao que a organização pretende

ser, ou dá maior valor, é que ocorre o ciclo triplo, em que a aprendizagem

resulta no desenvolvimento de novos princípios organizacionais.

De acordo com Argyris e Schön (1978), pelo fato de a aprendizagem de ciclo

simples considerar apenas a correção do erro, não priorizando a eliminação

das causas do problema, apenas conduz às organizações a reagirem aos

eventos.

Existem ainda, duas condições que estão relacionadas aos processos de

aprendizagem em si. Segundo Argyris e Schön (1978): a primeira é o modo

como os indivíduos lidam com a detecção e a correção do erro percebido; a

segunda, à habilidade demonstrada pelas pessoas a fim de criar as condições

que permitam ajustar as atividades a serem efetuadas na obtenção de

Variáveis Governantes

Consequências

Estratégias de ação

Aprendizagem de Ciclo Simples

A

pre

ndiz

agem

de C

iclo

Duplo

Page 71: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

70

resultados, a partir de uma ação eficaz, com a finalidade de resolver algum

problema.

Quanto aos modos de aprendizagem, Pawlowsky (2005) explicita três: o

cognitivo, o cultural e o aprendizado em ação. Para a gestão da aprendizagem

há a perspectiva cognitiva que tem como base teorias acerca da racionalidade

no processo decisório das organizações, e que privilegia ou dá maior atenção à

mudança de estruturas cognitivas dos sistemas de aprendizagem. A

perspectiva cultural tem a aprendizagem baseada em conceitos interpretativos

do comportamento humano e assume que a realidade é construída socialmente

por intermédio do compartilhamento de significados, especialmente em relação

a artefatos, símbolos, metáforas ou mitos.

Quanto à perspectiva do aprendizado em ação, Pawlowsky (2005) assume que

a gestão da aprendizagem deve considerar a complementaridade das

variáveis: conhecimento, sentimento e ação. Isso porque, segundo o autor, a

relação entre essas variáveis constitui agente importante para a mudança de

atitude; sem essa mudança, o processo de aprendizagem organizacional não

se efetiva.

Para Robbins, Judge e Sobral (2010), a atitude reflete como os indivíduos se

sentem em relação a alguma coisa. Por exemplo, uma pessoa pode afirmar:

“gosto do meu trabalho”, logo, ela está expressando sua atitude em relação ao

seu próprio trabalho. Contudo, se essa atitude será o seu comportamento,

dependerá de um conjunto de fatores.

A esse respeito, Robbins, Judge e Sobral (2010, p.68-69) explicam que:

As atitudes importantes são aquelas que refletem valores

fundamentais, interesse próprio ou identificação com indivíduos ou

grupos que valorizamos; [e que] [...] as atitudes mais acessíveis na

memória têm maior probabilidade de prever nosso comportamento do

que aquelas de difícil acesso. Temos mais probabilidade de lembrar

as atitudes que são frequentemente expressas. Assim, quanto mais

falamos sobre nossa atitude com relação a um dado assunto, mais

nos lembramos dela e maior é a probabilidade de que ela molde

nosso comportamento.

Page 72: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

71

Gramigna (2004) salienta que um dos indicadores que distingue um profissional

competente de outro é o conjunto de atitudes agregadas à sua ação cotidiana.

Inclusive afirma que esse conjunto de atitudes determina o comprometimento e

o envolvimento no processo criativo pessoal. Em um mercado que reforça

mudanças no comportamento, pessoas com atitudes inovadoras têm chances

de combinar eficiência com efetividade nos processos de trabalho

(GRAMIGNA, 2004).

Tais atitudes são reflexos dos valores e crenças que os indivíduos carregam

consigo e que, de acordo com Gramigna (2004) fazem diferença na ação

criativa (Quadro 9).

QUADRO 6 - ATITUDES INOVADORAS QUE FAZEM A DIFERENÇA NA AÇÃO CRIATIVA

FONTE: ADAPTADO DE GRAMIGNA (2004)

Os processos criativos são afetados pelo nível de conhecimentos essenciais,

ou seja, àqueles conhecimentos que fazem parte do rol de informações

necessárias ao desenvolvimento das habilidades. Quando se sabe fazer uso do

conhecimento de forma adequada há habilidade (GRAMIGNA, 2004).

As habilidades devem ser demonstradas na prática, e o profissional criativo,

além de possuir competências, precisa demonstrar suas habilidades por meio

das suas ações, caso contrário, o conhecimento adquirido não poderá

beneficiar a coletividade (GRAMIGNA, 2004). A partir do Quadro 10, é possível

conhecer as habilidades que Gramigna (2004) aponta como componentes das

competências pessoais em criatividade.

Ousadia: correr riscos calculados, inovar, sair do padrão, fazer acontecer, superar o medo de errar e aprender com os erros (próprios e dos outros).

Questionamento: capacidade de substituir a pergunta “por quê?” - pela indagação “por que não”?

Inconformismo: atitude constante de busca, certeza de que algo mais vai acontecer e de que nada é definitivo.

Persistência: capacidade de superar fracassos e começar de novo.

Imaginação: sonhar com o futuro, formar imagens mentais, perseguir os sonhos transformando-os em metas.

Curiosidade: cultivar o hábito de ler, viajar, estabelecer redes de contatos, utilizar as tecnologias disponíveis para pesquisa.

Ludicidade: cultivar o bom-humor, brincar e se divertir com ideias.

Page 73: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

72

QUADRO 7 - AS HABILIDADES COMPONENTES DAS COMPETÊNCIAS PESSOAIS EM CRIATIVIDADE

FONTE: ADAPTADO DE GRAMIGNA (2004)

Segundo Škerlavaj, Song e Lee (2010) se uma empresa quer aumentar sua

capacidade de inovação é importante alto nível de criatividade, pois esta é

necessária para resolução de problemas, geração de conhecimento e

capacidade de absorção destes.

Num contexto ambiental em que se veem rápidas transformações na

sociedade, causadas pela evolução das tecnologias digitais de informação e

comunicação, as pessoas têm modificado a forma como obtêm informações e

aprendem. Por conta dessas transformações, e também da saída de um

modelo de sociedade baseado em máquinas para um modelo baseado em bits

e bytes, fragmentado, hipertextual e não linear, as regras do jogo competitivo

foram alteradas (GABRIEL, 2013; CAVALCANTI, 2003).

Neste contexto, este trabalho assume a premissa de que a conquista de

resultados superiores e da manutenção da competitividade por parte das

empresas depende de um nível mais elevado de aprendizagem e, de uma

mudança organizacional significativa advinda de profundas transformações nas

formas de pensar e interagir das pessoas (SENGE, 2002).

Em relação à importância da aprendizagem organizacional para a inovação,

Salim e Sulaiman (2011) afirmam que uma organização comprometida com a

aprendizagem é capaz de compreender profundamente seu ambiente interno e

externo aumentando sua capacidade de inovação. Isso significa que um clima

positivo de aprendizagem é importante para as empresas que buscam superar

seus concorrentes por meio de vários processos de inovação. Os gestores

Usar ativadores de criatividade: adotar de forma sistematizada os principais ativadores da criatividade que são de seu conhecimento. Gerar ideias (fluidez) variadas (flexibilidade) frente a um desafio. Transformar ideias em ação: colocar em prática as ferramentas aprendidas, criando produtos e serviços inovadores. Apresentar, de forma convincente, as ideias geradas. Agir com flexibilidade para exercer papéis aparentemente opostos: liderar e ser liderado, ensinar e aprender com o outro, estar em constante processo de mudança. Capacidade para descortinar cenários e perceber tendências. Capacidade para enxergar o mundo com as lentes da visão sistêmica: facilidade para ver e compreender os fenômenos como um todo, porém, percebendo detalhes e partes.

Page 74: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

73

devem, portanto, criar e promover a vontade de aprender entre seus

colaboradores para que desenvolvam novas habilidades e compartilhem o

conhecimento existente visando assim inovar.

A condição de adaptar-se ao ambiente mutável depende da criação de

condições para o aprendizado contínuo e evolutivo (SENGE, 2002), e de quem

quer que tenha capacidade e recursos para poder aprender (premissa da

escola de aprendizado) (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).

Saber transformar conhecimentos e informações em novos produtos ou

serviços é uma competência valorizada nos tempos atuais. Nesse contexto, o

processo de inovação passa a ser um desafio para as empresas.

2.4 INOVAÇÃO E GESTÃO DA INOVAÇÃO

Inovação pode significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e

maduros, não apenas a abertura de novos mercados. Como também, pode

significar mudança, e essa mudança pode adquirir diferentes formas (TIDD;

BESSANT; PAVITT, 2008). Por isso, é importante abordar, inicialmente,

aspectos conceituais e históricos de inovação e gestão da inovação, para

depois discutir a integração deste tema com a aprendizagem e a contribuição

para a formação de estratégia de negócio.

2.4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS E OS TIPOS DE INOVAÇÃO

Sob um aspecto histórico, o processo de inovação sempre existiu. Primeiro

como um processo informal, tendo como base o empirismo (Século XVII);

depois, tendo o uso do conhecimento científico como fonte de resolução de

problemas e, com a evolução da indústria no século XVIII a inovação ganhou

autonomia e deixou de ser associada à atividade de execução (ZAWISLAK,

1995).

De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), as definições sobre inovação

podem variar em terminologia, mas todas enfatizam a necessidade de

completar os aspectos do desenvolvimento e da exploração de novo

conhecimento, e não apenas sua invenção. A inovação é mais do que

Page 75: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

74

simplesmente conceber uma nova ideia, mas um processo de desenvolver seu

uso prático (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

Nas duas últimas décadas, estudos sobre inovação ganharam forte impulso,

com pesquisas apontando muitas certezas acumuladas, e também muitas

dúvidas ainda a responder; por exemplo, quanto ao seu conceito (MOREIRA;

QUEIROZ, 2007). Mas, para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), inovação é um

processo de desenvolver o uso prático de uma nova ideia. Além disso, a

inovação envolve tanto a oferta tecnológica sistematizada em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D), quanto à necessidade de demanda (TIDD; BESSANT;

PAVITT, 2008).

Desde Schumpeter, as inovações são tratadas pelas empresas como uma

forma de obter lucros extras, por intermédio de vantagens competitivas

decorrentes da produção de novos produtos ou de novos processos que

agreguem valor para o cliente, tendo no centro das atividades o enfoque

econômico (DAROIT; NASCIMENTO, 1990).

Schumpeter (1985) conceitua inovação como sendo o mesmo que novas

combinações, assumindo-a como um fenômeno fundamental do

desenvolvimento econômico. Schumpeter (1985) argumenta que essas

combinações são feitas entre os recursos disponíveis à empresa, e que tanto

podem resultar em algo novo, como podem apenas modificar a forma original

de como fazê-lo.

Schumpeter (1997) caracterizava a inovação como sendo responsável pelo

impulso dinâmico da economia capitalista, em que as inovações refletem a

essência do capitalismo, fazendo parte de sua estrutura dinâmica interna. Uma

inovação pode, por exemplo, ser entendida como um novo produto, ou ainda,

como uma mudança na qualidade de um produto já existente, ou um novo

método de produção, pois inovação é criação, e uma vez inserida no mercado

é capaz de alterar a ordem existente (SCHUMPETER, 1997).

Dentro da perspectiva Schumpeteriana, as empresas estão constantemente

tentando ou melhorar suas competências ou imitar a competência de seu

concorrente mais qualificado. E é exatamente a rivalidade para desenvolver

Page 76: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

75

novas competências ou melhorar as existentes um ponto crítico no mundo

schumpeteriano. As empresas que não se adaptarem às inovações não

conseguirão se manter no mercado.

Conforme Schumpeter (1997), as inovações são decorrentes de combinações

de conhecimentos explícitos, diferente do que explicam os autores Nonaka e

Takeuchi (1997) de que as inovações decorrem da combinação de

conhecimentos explícitos e tácitos, que são convertidos em explícitos.

Ainda, a respeito da evolução histórica e conceituação sobre inovação, tem-se,

a partir de Isidro Filho e Guimarães (2010) que os estudos empreendidos sobre

esse tema podem ser entendidos em três vertentes (Figura 15).

FIGURA 15 - TRAJETÓRIA DE ESTUDOS SOBRE INOVAÇÃO

FONTE: ADAPTADO DE ISIDRO FILHO E GUIMARÃES (2010)

Isidro Filho e Guimarães (2010) descrevem que, na trajetória de estudos

empreendidos sobre inovação, como processo de difusão e adoção de novas

tecnologias (Figura 15), o foco concentra-se na descrição de características ou

padrões de adoção de inovações no tempo e no espaço.

Na segunda vertente (Figura 15), os estudos estão ligados a inovatividade e

descrevem antecedentes como: o número de inovações adotadas e a estrutura

utilizada. Na terceira vertente procura-se desenvolver uma teoria que descreve

a natureza do processo de inovação com ênfase no como e no por que elas

surgem, desenvolvem, crescem e terminam. Esta terceira vertente de pesquisa

sobre inovações (Figura 15) segue duas correntes: a primeira, o modelo de

estágios de inovação; e a segunda, estudos longitudinais e em profundidade

sobre inovação (ISIDRO FILHO; GUIMARÃES, 2010).

Inovação enquanto processo de

difusão e adoção de novas

tecnologias

Inovação na perspectiva de seus determinantes

organizacionais (atributos que favorecem ou inibem

seu desenvolvimento).

Inovação na perspectiva de processo, sobretudo suas fases ou estágios.

Inovação

1ª vertente 2ª vertente 3ª vertente

Page 77: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

76

Para Arrow (1962), Schumpeter (1985), Lundvall e Johnson (1994), a variável

„interação‟ explica as mudanças técnicas e econômicas significativas. A partir

desses autores, Isidro Filho e Guimarães (2010) buscaram entender a dinâmica

e a complexidade da inovação na perspectiva da Economia do Aprendizado e

obtiveram que (Figura 16). A conclusão da pesquisa foi que toda mudança

tecnológica depende de constantes trocas de informações e conhecimentos

(Figura 16).

FIGURA 16 - A COMPLEXIDADE DA INOVAÇÃO NA TEORIA DA ECONOMIA DO APRENDIZADO

FONTE: ADAPTADO DE ISIDRO FILHO E GUIMARÃES (2010)

Essa troca ocorre entre diferentes pessoas em diferentes unidades

organizacionais e, em diferentes níveis na perspectiva intra (o que se passa

dentro, ou no interior de uma organização) e interorganizacional (entre

empresas) (ISIDRO FILHO; GUIMARÃES, 2010).

De acordo com Isidro Filho e Guimarães (2010) pode-se afirmar que o conceito

de inovação se difundiu a partir das contribuições de Schumpeter, mas foi na

década de 1960 que o estudo sobre inovação emergiu como um campo próprio

da pesquisa, e comumente, tem sido associado a outros fenômenos, em

diferentes níveis (Quadro 11).

De acordo com Isidro Filho e Guimarães (2010), pelo fato de novas tecnologias

de informação e comunicação não reduzirem os custos de aquisição de

informações e conhecimentos, a inovação em organizações tem sido estudada,

nos últimos anos, na perspectiva de redes, e na perspectiva do conhecimento e

aprendizagem em organizações.

Organização A

Nível estratégico

Nível tático

Nível operacional

Organização B

Nível estratégico

Nível tático

Nível operacional

Teoria da Economia do Aprendizado

Comunicação interna

Page 78: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

77

A experiência e o processo de busca por tecnologias ou ações da

concorrência, por exemplo, são fontes de conhecimento, assim como àqueles

conhecimentos explícitos, em que todos podem acessá-lo, discuti-lo, transferi-

lo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

QUADRO 8 - ASSOCIAÇÃO ENTRE INOVAÇÃO E OUTROS FENÔMENOS DOS NÍVEIS INDIVIDUAL, ORGANIZACIONAL E INDUSTRIAL

FONTE: ADAPTADO DE ISIDRO FILHO; GUIMARÃES (2010)

Lemos (2001) assume que a inovação pode ser tanto algo inédito, resultante

apenas de pesquisa científica, como também, pode significar mudanças na

tecnologia utilizada por alguma empresa ou setor, enfim, mudanças

organizacionais, como, por exemplo, as formas de organização e gestão da

produção, o que depende, na visão deste autor (2001), da estrutura da

empresa, do setor, do país ou região em questão.

Nível

Individual

Fenômenos como Criatividade (AMABILE et al., 1996;

GURTEEN, 1998).

Fenômenos como Cognição e Decisão (MARCH; SIMON, 1981; DAFT; WEICK; 1984)

Fenômenos como Liderança e background acadêmico

(KIMBERLY; EVANISKO, 1981)

Fenômenos que estão

associados a uma perspectiva psicológica

da inovação.

Nível

Organizacional

A inovação é associada à capacidade de absorção de

conhecimentos (COHEN; LEVINTHAL, 1990; TSAI, 2001)

A inovação é associada à pesquisa e desenvolvimento (KIM,

2005; MOWERY; ROSENBERG; 2005)

A inovação é associada com conhecimento e aprendizagem (NELSON; WINTER, 2005; DAFT; WEICK, 1984; COHEN;

LEVINTHAL, 1990; LUNDVALL; JOHNSON, 1994)

A inovação é associada à adoção tecnológica (KIMBERLY; EVANISKO, 1981; DAMANPOUR, 1991; PÉREZ et al., 2004).

A inovação é associada às capacidades dinâmicas (TEECE;

PISANO; SHUEN, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000).

Nível Industrial

Associação entre Inovação e Outros Fenômenos

A inovação está relacionada com políticas científicas e tecnológicas e sistemas de inovação (MALERBA, 2003;

LUNDVALL; BORRÁS, 2005; DODGSON, 1996).

Page 79: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

78

Para Setyanti e Troena (2013), a inovação é a exploração com sucesso de uma

nova ideia, a mobilização de conhecimentos, habilidades tecnológicas e

experiência para criar produtos, processos e serviços. Neste sentido, a

inovação é a abertura e uso de novos conhecimentos, tecnologia e processo de

criatividade para criar um produto/serviço de acordo com os desejos dos

clientes.

Por inovação, Giroletti, Lima e Patah (2012, p. 617) compreendem como “[...] a

criação de um novo conhecimento ou a combinação de saberes existentes que

podem ser transformados em novos produtos ou processos que tenham valor

econômico”. Nesta linha, “A inovação é vista como um processo dinâmico em

que o conhecimento é acumulado por meio do aprendizado e da interação”

(OCDE, 2005, p. 96). Para Anjo et al., (2012), inovar é essencialmente

identificar as oportunidades que os outros não veem ou das quais não

percebem seu real potencial. A inovação pode ser também visualizada como a

busca de uma nova ideia que, por meio de ações selecionadas e

implementadas vá resultar em uma aprendizagem, gerando melhoria para a

organização ao longo do tempo, como mostra a Figura 17.

FIGURA 17 - PROCESSO DE INOVAÇÃO

FONTE: TIDD, BESSANT E PAVITT (2008, P. 368)

A partir do entendimento de que a inovação é um processo central dentro da

organização, onde se faz associação entre inovação e a ideia de renovação, a

empresa recicla sua oferta ao mercado e cria e disponibiliza tal oferta. Desse

modo, de acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), as empresas

desempenham fundamentalmente o processo exposto na Figura 17, em que,

primeiro realizam análises dos cenários internos e externos, a busca ou

APRENDER

Buscar Selecionar Implementar

(adquirir, executar, lançar, sustentar)

TEMPO

Page 80: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

79

procura de; e processam sinais relevantes a respeito de ameaças e

oportunidades para mudança.

Em seguida, fazem a seleção desses sinais e analisam e decidem sobre qual

deles deve responder, sempre considerando a visão estratégica de como a

empresa pode se desenvolver melhor; para então traduzir o potencial da ideia

inicial em algo novo e lançar em um mercado interno ou externo, onde se

implementa a ideia.

A implementação, contudo, não é um evento isolado, mas, considera: - a

aquisição de conhecimentos para possibilitar a inovação; - a execução de um

projeto sob condições de imprevisibilidade que exigem grande capacidade de

resolução de problemas; - o lançamento da inovação no mercado e o

gerenciamento inicial de sua adoção; e, - a revisitação da ideia inicial original,

modificando-a para sustentar a inovação em longo prazo. Por fim, a partir deste

ciclo, a empresa deve aproveitar a oportunidade de aprender com a

progressão, de maneira que possa construir sua base de conhecimento e

melhorar as formas em que o processo é gerido (TIDD; BESSANT; PAVITT,

2008).

O processo de inovação é completado somente depois que o mercado-alvo

toma a decisão de adotar a inovação (TIDD; PAVITT, BESSANT, 2008). O

processo consiste de uma sequência de coleta de informação, solução de

problemas e concentração de esforços com vistas ao lançamento final (TIDD;

PAVITT, BESSANT, 2008).

Portanto, o processo de inovação resume-se na construção e incorporação dos

elementos expressos na Figura 18, considerando a rotina da organização.

Assim, pode-se observar que é possível criar um ambiente estruturado em cujo

âmbito o processo pode operar como algo que se repete, pode-se construí-lo

em torno de rotinas comportamentais a serem aprendidas e refinadas com o

tempo, sempre a partir das interações dos ambientes: interno e externo.

O modo que uma inovação acontece, de acordo com Gramigna (2004), é

quando uma ideia, um método, uma novidade ou um mecanismo novo é

agregado ao contexto vigente, promovendo uma melhoria. Gramigna (2004)

Page 81: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

80

argumenta que o processo de inovação para ser efetivo, exige das pessoas

uma constante observação, análise e crítica do que já existe, além da crença

de que mesmo aquilo que é considerado bom pode ser melhorado.

FIGURA 18 - LANÇAMENTO DA NOVA INOVAÇÃO NO MERCADO

FONTE: ADAPTADO DE TIDD, BESSANT E PAVITT (2008)

De uma forma geral, a literatura relacionada à inovação distingue as inovações

radicais das inovações incrementais. As radicais são associadas a uma

inovação revolucionária, que representam um claro abandono das práticas

usuais; enquanto as incrementais estão situadas em um dado paradigma, e

implicam pequenas diferenças em relação às práticas rotineiras (MOREIRA;

QUEIROZ, 2007).

A inovação incremental pode ser vista como uma coisa a fazer melhor,

enquanto a inovação radical pode ser vista como fazer algo diferente. Enquanto

a primeira envolve estratégias para explorar, a segunda envolve

reenquadramento e reconcepção de estratégias. Tanto a inovação radical e

incremental tem diferentes consequências competitivas e requer diferentes

capacidades organizacionais, mas ambas trazem benefícios gerando vantagem

Marketing Design Fabricação Controle de qualidade

Mercado

Interação

Necessidades antecipadas

dos consumidores

Necessidades reais dos

consumidores

Preparação do mercado

Marketing do Novo produto

Recursos Recursos

Gestão

Lançamento da inovação

Desenvolvimento do produto

Page 82: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

81

competitiva (ARSHI; CHUGH, 2013). Para Dahlin e Behrens (2005), a inovação

radical deve cumprir três requisitos: novidade, singularidade e ter um impacto

em tecnologias futuras, em que se percebe o desenvolvimento da sociedade

em termos ou econômicos, ou tecnológicos, ou sociais.

Com relação aos tipos de inovação, alguns já se consolidaram. De acordo com

Moreira e Queiroz (2007), alguns tipos são considerados um marco

fundamental de estudo e pesquisa, e já se consolidaram: - inovações no

produto ou no serviço; - inovações no processo de produção; - inovações na

estrutura organizacional, com mudanças nas relações de autoridade, nos

sistemas de remuneração e comunicação; e, as - inovações nas pessoas, por

meio de educação e treinamento.

No caso da inovação de produtos, ela ocorre quando há a introdução de novos

produtos ou serviços para satisfazer usuários externos ou uma necessidade de

mercado; e, a inovação no processo, quando introduzidos novos elementos na

produção de uma organização ou na operação dos serviços-materiais,

especificações de tarefas ou mecanismos de trabalho (MOREIRA; QUEIROZ,

2007).

A inovação de processos desempenha um papel estratégico de ser capaz de

fazer algo que ninguém pode, ou fazê-lo melhor que outros - o que dá uma

vantagem significativa em relação aos concorrentes (TIDD; BESSANT.

PAVITT, 2008).

Um exemplo disto foi o domínio japonês no final do século XX em

diversos setores: automóveis, motocicletas, construção naval,

produtos eletroeletrônicos, devido, em grande parte, à sua

capacidade superior de fabricação, algo resultante de um padrão

consistente de processo de inovação (TIDD; BESSANT; PAVITT,

2008, p. 26).

Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação de produto envolve mudanças

nos produtos/serviços que uma empresa oferece, por exemplo, um novo

modelo de carro ou um novo sistema de entretenimento doméstico. Enquanto

inovação de processo corresponde a mudanças na forma em que os

produtos/serviços são criados e entregues, por exemplo, a mudança nos

Page 83: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

82

métodos de fabricação ou nos equipamentos para produzir o entretenimento

doméstico.

Existem ainda mais tipos de inovação: de posição, de paradigma,

administrativa e técnica. De acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (2008), quando

ocorrem mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos

está havendo uma inovação de posição; mas quando as mudanças são nos

modelos mentais subjacentes, que orientam o que empresa faz, há a inovação

de paradigma.

Para Damanpourt e Evans (1984), a inovação do tipo administrativa é aquela

que ocorre no sistema social da organização, podendo ser uma nova estrutura

organizacional ou novos processos administrativos, como, por exemplo:

programas e planos. A inovação do tipo técnica, àquela que ocorre no sistema

técnico de uma organização, corresponde à implementação de ideias ou

introdução de novas tecnologias de processamento e produção.

Diversos são os motivos pelos quais as organizações inovam; certamente, para

conquistar mercados ou garantir a liderança. Nesse sentido, mudanças

ocorrem dentro das organizações e, as quatro principais áreas verificadas nas

organizações em que ocorrem as mudanças, foram distribuídas de acordo com

Mañas (2001) conforme o Quadro 12:

ÁREA IMPLICAÇÕES

Empreendimento Mudanças no produto, serviço, mercado, negócios, outros.

Estrutura Realocação de pessoal, hierarquia, unidade de negócios, outros.

Tecnologia Mudanças de processos, equipamentos, relação homem-máquina, outros.

Comportamento Mudanças de atitudes e habilidades das pessoas.

QUADRO 9 - ÁREAS DE IMPLICAÇÕES COM A INOVAÇÃO

FONTE: MAÑAS (2001, P. 45)

Importante assinalar que as áreas acima apresentadas evoluem e, à medida

que isso ocorre, não é confortável para a organização permanecer no mesmo

estágio de evolução. Assim, as organizações também perseguirão a inovação

como alternativa de sobrevivência. O ato de inovar tornou-se força basilar da

Page 84: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

83

organização e do cotidiano de seus funcionários e gestores (MOTTA, 1999).

Contudo, para a inovação acontecer é preciso estrutura flexível na

organização, educação e aprendizagem dos seus membros. De acordo com

premissas do Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 87) “Uma forma de organização

mais livre e flexível, que permite aos trabalhadores maior autonomia para tomar

decisões e definir suas responsabilidades, pode ser mais efetiva na geração de

inovações [...]”.

As teorias políticas, educacionais e econômicas são unânimes em afirmar que,

sem saber separar o que faz sentido do que não faz sentido, não há

desenvolvimento, e por consequência não se consegue enxergar avanços em

termos de inovação e produtividade (GIROLETTI; LIMA; PATAH, 2012).

O aprendizado organizacional depende de práticas e de rotinas, de

padrões de interação dentro e fora da empresa, e da capacidade de

mobilizar conhecimento tácito individual e promover interações. Tal

aprendizado pode ser estimulado por meio de um cuidadoso arranjo

de práticas, rotinas e relacionamentos ou através de uma

organização mais fluida e flexível na qual os indivíduos são

incentivados a desenvolver novas ideias e formas de realizar as

tarefas (OCDE, 2005, p. 87).

Para que uma pessoa, organização, economia ou sociedade consiga inovar

requerem-se amplas competências, e o sistema educacional deve ser capaz de

desenvolver capacidades acadêmicas, técnicas, invenção, resolução de

problemas, criatividade, comunicação, interação, trabalho em equipe e

liderança, também, é relevante criar mecanismos capazes de conectar a

educação e a formação profissional para o mundo do trabalho (OECD, 2013).

No que diz respeito ao processo de aprendizagem e transferência dos

conhecimentos entre as diferentes áreas da empresa, a gestão tem papel

fundamental, na medida em que é responsável por coordenar e integrar os

esforços das equipes para um determinado foco que seja estratégico para a

organização. Contudo, é mínima a teoria destinada a explicar de que maneira

os gerentes transformam os recursos (SIRMON; HITT; IRELAND, 2007).

Page 85: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

84

Sabe-se que, segundo a Teoria da Visão Baseada em Recursos, os recursos

desenvolvidos e controlados pela empresa figuram como principal fonte de

vantagem competitiva quando se mostram valiosos, raros, inimitáveis e

insubstituíveis (BARNEY, 2001). Mas, apesar de Penrose (1959) ter destacado

esse papel gerencial de sair de um padrão de alocação de recursos para uma

rotina baseada na inovação dos ativos organizacionais, é recente o grupo de

artigos que se propõe a examinar a relação entre aspectos comportamentais e

atitudinais da gerência e a base de recursos (MACIEL; SATO; KATO, 2012).

A abordagem das capacidades dinâmicas (habilidade em alcançar novas fontes

de vantagens competitivas) considera que, em um ambiente turbulento,

vantagens competitivas não são sustentáveis, e o desempenho superior

decorre da soma de vantagens temporárias que são criadas continuamente

(EISENHARD; MARTIN, 2000).

Retornando ao Quadro 11, Teece, Pisano e Shuen (1997) explicam que o

termo capacidades refere-se ao papel da gerência em adaptar, integrar e

reconfigurar apropriadamente habilidades organizacionais internas e externas,

recursos e competências para que seja possível adaptar a organização ao

ambiente altamente mutável. Teece, Pisano e Shuen (1997) estabelecem um

total de três fatores (Quadro 13) que segundo eles são responsáveis pela

sustentação e evolução das capacidades dinâmicas: processos gerenciais e

organizacionais; posições ou qualidade dos ativos e trajetórias.

Fatores responsáveis pela sustentação das

Capacidades Dinâmicas

Processos gerenciais e organizacionais

Posições ou qualidade dos ativos

Trajetórias

Funções ou

Características básicas dos fatores

Coordenação/integração (conceito estático)

Aprendizagem (Conceito dinâmico)

Reconfiguração (conceito

transformacional)

Determinados atributos da empresa são responsáveis

por determinar a postura

estratégica dos ativos.

Toda posição atual dos ativos é resultado de sua trajetória passada. As rotinas condicionam seu comportamento futuro.

QUADRO 10 - FATORES RESPONSÁVEIS PELA SUSTENTAÇÃO DAS CAPACIDADES DINÂMICAS

FONTE: ADAPTADO DE TEECE, PISANO E SCHUEN (1997)

De acordo com Maciel, Sato e Kato (2012), a literatura ligada à inovação,

associada às capacidades dinâmicas, também negligencia as capacidades

Page 86: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

85

dinâmicas como atitudes e comportamentos gerenciais, enquanto elementos

recursivos que formam e são formados dos rituais de interação, como, por

exemplo: reuniões, workshops e conversas informais entre alta e média

gerência.

2.4.2 GESTÃO DA INOVAÇÃO E ESTRATÉGIA

A gestão da inovação envolve a introdução de novidade em uma organização

e, como tal, representa uma forma particular de mudança organizacional. Este

processo abrange o papel significativo de tomada de decisão (HAMEL; MOL,

2008). De acordo com Canongia, Santos e Zackiewicz (2004, p. 235) a tomada

de decisão na gestão de inovação não é um processo isolado e exclusivo dos

altos escalões da organização

A tomada de decisão na gestão de inovação [...] acontece em

diferentes níveis e acompanha de perto o desenvolvimento dos

ambientes interno e externo. A capacidade de resposta e a

capacidade de aproveitar oportunidades e inovar não podem estar

subordinadas a processos centralizados de decisão. É evidente que o

alto escalão não deixa de tomar decisões, [...] mas essas decisões

precisam estar em consonância com as decisões do dia-a-dia, que

podem gerar inovações importantes, e vice versa. Assim, a tomada

de decisão precisa ser trabalhada em sua base, ou seja, na melhoria

do conhecimento e sua disponibilização em todos os níveis, para

dotar o conjunto de decisões de uma direção comum, muitas vezes

até num consenso tácito.

Por isso, pode-se dizer que “a gestão da inovação é uma capacidade

aprendida” (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p. 89), e é preciso que gestores

desenvolvam habilidades para gerenciar os dois aspectos da inovação: o de

fazer melhor o que já se sabe fazer, e o de fazer, mas de um jeito diferente

(TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). O verdadeiro desafio da inovação não é a

invenção, mas é fazer funcionar técnica e comercialmente as invenções ou o

levantamento de novas ideias (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Mas, é por

isso que cada empresa precisa encontrar seu próprio jeito de fazer as coisas,

de desenvolver suas próprias rotinas específicas. As rotinas de gestão da

inovação eficazes não são facilmente obtidas porque representam o que a

Page 87: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

86

empresa aprendeu com o passar do tempo, por meio de um processo de erros

e acertos (TIDD, BESSANT, PAVITT, 2008).

As rotinas representam comportamentos associados repetidos a ponto a de se

tornarem quase internalizados – o jeito de fazer as coisas por aqui. Ao mesmo

tempo em que essa é a força da rotina, é também sua fraqueza, visto que se

torna resistente, e também podem se tornar uma barreira para pensar de

outras maneiras (TIDD, BESSANT, PAVITT, 2008). Por essa razão, a gestão

deve ter um conjunto de habilidades fundamentais (Quadro 14) para tornar

possível o surgimento de inovações que gerem resultado.

Habilidade básica Rotinas facilitadoras

Reconhecimento Vasculhar o cenário à procura de sinais tecnológicos e econômicos que iniciem o processo de mudança.

Alinhamento Garantir que haja coerência e adequação entre a estratégia comercial e a mudança proposta – não inovar porque é moda ou como resposta involuntária à atividade da concorrência.

Aquisição Reconhecer as limitações da base tecnológica da própria empresa e ser capaz de contatar fontes externas de conhecimento, informação, equipamento. Transferir tecnologia de várias fontes externas e conectá-las a pontos internos relevantes da empresa.

Geração Ter habilidade de criar algumas formas de tecnologia internamente – por meio de P&D, grupos de engenharia interna.

Escolha Explorar e selecionar a resposta mais adequada a estímulos ambientais que se ajuste à estratégia adotada e à base de recursos internos/rede tecnológica externa.

Execução Gerenciar projetos de desenvolvimento de novos produtos ou processos, desde a ideia inicial até o seu lançamento final. Monitorar e controlar tais projetos.

Implantação Gerenciar a introdução de mudança – técnica ou outra – na empresa para garantir a aceitação e o uso eficaz da inovação.

Aprendizagem Ter a habilidade de avaliar e refletir sobre o processo de inovação e identificar lições para melhoria de rotinas gerenciais.

Desenvolvimento da empresa

Implementar rotinas eficazes – em estruturas, processos, e em comportamentos básicos.

QUADRO 11 - HABILIDADES FUNDAMENTAIS PARA A GERAÇÃO DE INOVAÇÃO QUE GERE RESULTADO.

FONTE: TIDD, BESSANT, PAVITT (2008, P. 104).

Se a organização está comprometida demais para aceitar mudanças, ainda

torna-se necessário na empresa a gestão da inovação, não apenas para

construir rotinas, mas também para auxiliar as equipes a reconhecer quando e

como destruí-las, e permitir que novas sejam criadas (TIDD, BESSANT,

PAVITT, 2008).

Para que a organização consiga reconhecer a necessidade de mudança, cada

indivíduo deve dominar antes a disciplina do pensamento sistêmico, e isso

Page 88: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

87

significa entender como a sua posição interage com o sistema como um todo.

Sempre que problemas aparecem, há a tendência de os indivíduos culparem o

sistema, só que os mesmos esquecem que eles fazem parte deste sistema

(SENGE, 2002). Nesse sentido, a perspectiva sistêmica sugere que existem

diversos níveis de explicações em qualquer situação complexa, conforme é

possível perceber no diagrama a seguir (Figura 19).

FIGURA 19 - NÍVEIS DE EXPLICAÇÕES DOS COMPORTAMENTOS

FONTE: SENGE (2002, P.86)

As explicações baseadas em eventos (Figura 19), ou seja, quem fez o que com

quem - condenam as pessoas a uma conduta reativa. As explicações baseadas

em eventos são normalmente comuns nos espaços organizacionais, e é

exatamente esse o motivo da predominância da gerência reativa dentro das

organizações (SENGE, 2002).

Uma forma de diminuir comportamentos reativos no ambiente organizacional,

em qualquer nível hierárquico, é lidar com as deficiências de aprendizagem

propostas por Senge (2002). A partir do entendimento dessas deficiências

(Quadro 15), é possível desenvolver novos comportamentos, mais voltados à

criação de novos conhecimentos (SENGE, 2002).

Para a maioria dos participantes do sistema organizacional, a nova percepção

mais profunda normalmente surge quando eles percebem que seus problemas,

e suas esperanças de melhoria, estão intrinsecamente associados à sua forma

de pensar (SENGE, 2002).

Estrutura sistêmica (generativa)

Padrões de Comportamento (responsiva)

Eventos (reativa) – buscam um “culpado”

Page 89: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

88

De acordo com Senge (2002), o aprendizado generativo, aquele que amplia a

capacidade de criar, não se sustenta em uma organização onde predomina o

pensamento baseado em eventos. Ao contrário, faz-se necessário “[...] um

Quadro conceitual de pensamento estrutural ou sistêmico, a capacidade de

descobrir as causas estruturais do comportamento” (SENGE, 2002, p. 58).

Deficiências Como cada Deficiência se manifesta

Eu sou meu cargo Como as pessoas se tornam o cargo que ocupam, não veem como suas ações afetam as outras posições.

O inimigo está lá fora

Consequentemente, quando aparecem os problemas, as pessoas rapidamente culpam umas às outras, “o inimigo” vem a ser os jogadores nas outras posições, ou até mesmo os clientes.

A ilusão de assumir o controle

Quando se tornam “proativos” e fazem mais pedidos, pioram ainda mais as coisas, na medida em que se esquece do todo.

A fixação em eventos

Como o excesso de pedidos acumula-se gradativamente, as pessoas só percebem o perigo da situação quando já é tarde demais.

A parábola do sapo escaldado

Na maioria dos casos, as pessoas não aprendem com a própria experiência porque as consequências mais importantes das suas ações ocorrem em outras partes do sistema, e acabam voltando para criar os próprios problemas cuja culpa colocaram nos outros.

A ilusão de aprender com a

experiência

As equipes que assumem diferentes posições (normalmente, existem dois ou três indivíduos em cada posição) se desgastam ao culpar os outros jogadores pelos seus problemas, eliminando as oportunidades de aprender com a experiência uns dos outros.

O mito da equipe gerencial

A maioria das equipes está repleta de pessoas inacreditavelmente qualificadas em impedir a sua aprendizagem.

QUADRO 12 - DEFICIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM.

FONTE: ADAPTADO DE SENGE (2002, P. 53-58).

Para se conseguir pensar e desenvolver novos produtos, serviços ou

processos, é preciso mais do que criar, é preciso comercializar (TIDD;

BESSANT; PAVITT, 2008).

Devido à complexidade, à mudança contínua e à consequente incerteza, Tidd,

Bessant e Pavitt (2008) lembram que, a conhecida abordagem racional da

estratégia de inovação tem menos chance de sucesso do que a abordagem

incremental, centrada no ajuste contínuo à luz de novo conhecimento e

aprendizagem.

No início do século XX, a competição era baseada essencialmente nos baixos

custos produtivos. Contudo, com a evolução dos mercados, novas dimensões

competitivas passaram a ser exigidas. Dentre essas dimensões estão a

Page 90: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

89

flexibilidade, o desempenho das entregas, a qualidade e a inovação

(PACHECO et al., 2014).

Na medida em que os mercados estão conectados, que a realidade hoje se

organiza em rede, que o conhecimento é aberto e global, a gestão da inovação

depende de um olhar sistêmico e integrado. Nesse sentido, o pensamento

sistêmico, a maneira de perceber as relações entre os distintos elementos

formadores de um sistema, em que o todo é maior do que a soma das partes,

impacta nas ações no tempo e no espaço (SENGE, 2002).

Considerando que a gestão da inovação impacta na estratégia organizacional,

desde os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento até o retorno positivo

ou negativo das inovações colocadas no mercado, é relevante que a gestão da

inovação sob esse olhar sistêmico, seja considerado no processo de formação

de estratégia.

2.4.3 INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E INOVAÇÃO

Diversos autores convergem em considerar que o conceito de inovação está

associado ao conceito de aprendizagem organizacional, dentre eles, Nonaka e

Takeuchi (1997); Fleury e Fleury (2011); Stewart (1998); Senge (2000); Ayas

(1999); Manual de Oslo (OCDE, 2005); Leite, Seidl e Antunes (2008); Kaplan e

Norton (2000); Isidro Filho e Guimarães (2010); Salim e Sulaiman (2011),

Caldeira; Godoy (2012) e Vilha (2013).

Stewart (1998) ressalta que, cada vez mais, o valor das empresas vem se

deslocando de seus ativos tangíveis para os intangíveis. Na mesma direção,

ressaltam Kaplan e Norton (2000, p. 12) que “as oportunidades para a criação

de valor estão migrando da gestão de ativos tangíveis para a gestão de

estratégias baseadas no conhecimento, que exploram os ativos intangíveis da

organização [...]”. Como destacado por Teece (1986) os recursos intangíveis

são determinantes da capacidade de aprendizagem organizacional e inovação

das empresas.

Nonaka e Takeuchi (1997) explicam que a criação do conhecimento, que existe

a partir da aprendizagem organizacional, fomenta a inovação de modo contínuo

Page 91: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

90

nas organizações. Por isso, afirmam que a gestão da empresa deve ter

definido um objetivo e comunicar metas claras e realistas aos colaboradores,

instigando-os a se superarem, dando a eles a liberdade de criar e inovar.

Do mesmo modo, Vilha (2013) afirma que a inovação pode ser alavancada pela

presença de competências desenvolvidas por meio de processos de

aprendizagem individual e coletiva. Em um mercado cada vez mais

competitivo, o diferencial das empresas precisa estar ligado às possibilidades

de aprendizado, à criação de competências da organização e a gestão da

inovação como forma de alimentar as estratégias e possibilitar mudanças mais

rápidas em relação às ocorrências do ambiente.

Ayas (1999, p. 177) defende que a inovação pode ser percebida como

processo do aprendizado:

A inovação requer mais do que capacidade criativa para se inventar

novas ideias; requer habilidade administrativa e talento para

transformar boas ideias em prática [...] Dá início a um processo de

mudança. Quando o processo de inovação é percebido como uma

“atividade que produz mudança” “[...] há mais um desafio envolvido

no processo: o uso ótimo da oportunidade de aprender e se adaptar”.

A inovação em sua essência é um processo no qual são geradas ideias que

podem levar à criação do conhecimento (AYAS, 1999), portanto, todo projeto

de inovação tem potencial de aprendizagem.

Por outro lado, a aprendizagem organizacional aumenta a capacidade de

inovação da organização (SALIM; SULAIMAN, 2011), uma vez que, o

conhecimento é acumulado por meio do aprendizado, promove inovação

(OCDE, 2005) melhorando a competitividade e desempenho das empresas.

Para Isidro Filho e Guimarães (2010) a criação da dinâmica de aprendizagem

busca viabilizar a geração e a aplicação contínua do conhecimento, tornando-

se fator chave na inovação e melhoria dos processos estratégicos. Leite, Seidl

e Antunes (2008) entendem que o estimulo a aprendizagem individual e

coletiva também incita a busca da inovação.

Page 92: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

91

Assim, Senge (1998) ressalta a necessidade de encontrar um modo de

desenvolver nas pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em

todos os níveis da organização, em vez de deixar o aprendizado restrito a

determinadas áreas isoladas da empresa. As empresas que se voltam para a

aprendizagem coletiva proporcionam um ambiente propicio a ampliação da

capacidade de inovar para atingir os resultados desejados. A aprendizagem

promove novas ideias, que quando reproduzidas em escala significativa e

confiável são inovações capazes de promover transformações. Portanto,

aprendizagem e inovação estão associadas, e estão presente em todos os

níveis da empresa.

Para Fleury e Fleury (2011), a inovação é um conceito imbricado (entrelaçado)

na aprendizagem, que se autorrenova por meio da interação entre ambiente,

tecnologia, organização e aprendizagem. A aprendizagem decorrente da

análise do ambiente contribui para que o aprimoramento interno e a inovação

aconteçam melhorando o desempenho da empresa (CALDEIRA; GODOY

(2012). Assim, infere-se que a integração da aprendizagem organizacional e

inovação é capaz de conduzir as organizações a posições mais competitivas.

Neste sentido, é importante destacar que cabe ao proprietário-administrador,

no caso das pequenas empresas, e aos gerentes de nível médio, em se

tratando de médias e grandes empresas, o papel-chave para a efetivação

deste processo integrador, sendo responsáveis, estes últimos, pela criação do

elo entre os ideias visionários dos altos gerentes e a realidade dos funcionários

da linha de frente.

Neste sentindo lecionam Lavarda e Cardoso (2010, p. 5) que é o nível médio

da gerência que está em contato com a alta direção da organização, “[...]

retransmitindo o que foi planejado no topo para os atores da base”; do mesmo

modo “[...] está em contato com a base, onde é realizada a estratégia [...],

retransmitindo o aprendizado que surgiu com as atividades em grupo para o

topo da organização, e vice-versa”.

Page 93: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

92

2.5 GESTÃO DA INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

ESTRATÉGIA

Chandler (1990, p. 13) considera a estratégia como “[...] determinação das

metas e objetivos básicos e de longo prazo de uma empresa; e a adoção de

ações e alocação de recursos necessários para atingir esses objetivos”.

Como já discutido no presente estudo, as primeiras noções de estratégia

empresarial surgiram em 1960 (FARGERBERG, 2005), e, desde então, um

debate se mantêm entre as várias escolas ou teorias. As duas teorias mais

influentes sobre estratégia empresarial são: a racionalista e a incrementalista.

Os principais protagonistas são Ansoff (1977), da escola racionalista, e

Mintzberg, dos incrementalistas (TIDD, BESSANT, PAVITT, 2008). A estratégia

racionalista foi fortemente influenciada pela experiência militar, em que a

estratégia (em princípio) consiste nos seguintes passos: (1) Descrever,

compreender e analisar o cenário; (2) Determinar um plano de ação baseado

em análise e, (3) Executar um plano de ação escolhido (Figura 20).

FIGURA 20 - MODO LINEAR DE AÇÃO RACIONAL

FONTE: ADAPTADO DE TIDD, BESSANT E PAVITT (2008)

Devido às condições de incertezas do ambiente externo e a racionalidade

limitada dos indivíduos, os incrementalistas alegam que o total conhecimento

da complexidade e da mudança é impossível de ser alcançado (TIDD;

BESSANT; PAVITT, 2008).

Considerando as incertezas do ambiente e velocidade das mudanças impostas

às organizações, Einsenhardt (1999) visualiza a estratégia como um processo

de tomada de decisão, aludindo quatro técnicas que habilitam a organização a

realizá-lo de forma rápida e concisa: 1) A construção de uma intuição coletiva

por meio de reuniões frequentes, beneficiando a troca de informações entre as

equipes para conhecer as ameaças e oportunidades mais cedo e com mais

Avalie Determine Aja

Modo linear de Ação Racional de Ansoff

Equivalente Corporativo: SWOT

Page 94: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

93

precisão; 2) O estímulo de conflitos, reunindo diversas equipes, para melhorar

a qualidade do pensamento estratégico e tomada de decisão; 3) Manter o

enfoque no processo de decisão estratégica; 4) Enfatizar os objetivos comuns

e a colaboração para atingir os resultados, evitando jogos políticos. A decisão

coletiva concebida por estas técnicas suportam o processo de formação de

estratégia de forma eficaz, vez que as escolhas que moldam a estratégia

ocorrem de maneira constante.

As estratégias incrementais reconhecem que a empresa possui apenas um

conhecimento muito imperfeito de seu cenário, de suas próprias forças e

fraquezas e de possíveis índices e direções de mudanças futuros. Assim, a

empresa deve estar preparada para adaptar sua estratégia em face de nova

informação e conhecimento que ela deve conscientemente buscar obter. Sob

tais circunstâncias, o procedimento mais eficiente na visão de Tidd, Bessant e

Pavitt (2008) seria o exposto na Figura 21.

FIGURA 21 - MODO DE AÇÃO ADAPTATIVO DA VISÃO INCREMENTALISTA

FONTE: ADAPTADO DE TIDD, BESSANT E PAVITT (2008)

Os mesmos autores (2008) ressaltam, contudo, que os objetivos originais dos

racionalistas para o planejamento estratégico permanecem inteiramente

válidos, visto que as mentes são preparadas para as ações quando no

desenvolvimento de um pensamento racional, e porque, sob condições de

complexidade e mudança, as estratégias incrementalistas são mais racionais

(quer dizer, mais eficientes) do que as estratégias racionalistas (TIDD;

BESSANT; PAVITT, 2008). Esse debate mostra que a racionalidade no

gerenciamento da inovação é importante; que a estratégia empresarial deve

ser vista como uma forma de aprendizagem corporativa, de análise e

experiência, de como lidar de forma eficaz com complexidade e mudanças. A

capacidade da gestão em contribuir consistentemente para o processo de

Tomar medidas deliberadas (ou

mudanças) rumo ao objetivo proposto.

Medir e avaliar os efeitos de tais medidas (ou mudanças).

Ajustar (se necessário) o objetivo e decidir sobre o

próximo passo (mudança).

Incremento, Tentativa e Erro, ou Prove e Aprove, ou Vivendo e Aprendendo

Page 95: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

94

inovação a partir das trocas de experiências e de conhecimentos - pode

conduzir a empresa ao crescimento (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

Ferraresi et al. (2012) entendem que no cenário atual, como as organizações

se esforçam para melhorar a capacidade de inovação e competitividade, sua

atenção está cada vez mais focada em como gerenciar a aprendizagem

organizacional. O ponto de vista do conhecimento como um recurso que pode

ser usado para alavancagem de outros recursos organizacionais sugere que a

sua gestão é importante motor de inovação e desempenho da empresa. Do

mesmo modo, segundo Tidd, Bessant e Pavitt (2008), a inovação deve ser

desenvolvida estrategicamente, criando-se uma estrutura adequada à cultura

de inovar.

A inovação necessita ser gerenciada de forma integrada; não basta gerenciar e

desenvolver habilidades em apenas algumas dessas áreas, é preciso unir

inovação à sua estratégia gerencial. Não basta à gestão ter habilidade em

partes do processo de inovação, ela deve desenvolver habilidades para gerir

todo o processo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008; SENGE, 2002).

A inovação é uma competência que as empresas precisam adquirir para

alcançar vantagem competitiva sustentável. A chave está no desenvolvimento

e criação de novas competências por meio do compartilhamento de

conhecimentos e na elaboração de estratégias em consonância com o

processo de inovação (ARSHI; CHUGH, 2013).

Therin (2002) destaca que a aprendizagem bem sucedida conduz a novidade e

leva à capacidade de inovação. A aprendizagem organizacional deve ser

positivamente relacionada com a inovação. Lembrando que as inovações

podem vir de novos conhecimentos, bem como a partir da combinação do

conhecimento existente na organização. Se uma empresa é boa em adquirir

novos conhecimento e articular conhecimento existente com o novo

conhecimento ou conhecimento existente de uma maneira diferente, a empresa

deve ser boa em produzir inovações. Portanto, a inovação será o produto de

uma organização de aprendizagem.

Page 96: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

95

Todavia, Fleury e Fleury (2011) afirmam que a organização deve ter uma

estrutura adequada para a cultura de inovar, como também que o processo de

inovação depende de uma gestão com habilidade para gerir todo o processo.

Se a inovação não está alinhada com a estratégia e ambiente da empresa, a

inovação pode falhar e, portanto, o elo de aprendizagem para a inovação não

será relacionado com o desempenho (THERIN, 2002).

Portanto, não se pode continuar com o aprendizado e a inovação localizados

somente no sistema de produção, como ocorria na era industrial, mas a gestão,

de uma organização que aprende e inova, deve ter visão sistêmica. Mais do

que isto, o uso e o desenvolvimento de conhecimentos em todos os níveis

organizacionais devem ser objetivados e associados à estratégia (FLEURY;

FLEURY, 2011).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) apontam que o processo de formação de

estratégia é movido pela criatividade do estrategista. No entanto, segundo Rein

(2006) tanto o estrategista deve ser criativo, como toda a equipe deve ser

estimulada a ser criativa e inovadora, pois um ambiente que estimule a

inovação e a aprendizagem de todos os colaboradores contribui para que

novas ideias possam emergir com maior facilidade e haja maior adaptação às

condições de mudança.

Neste sentido, de acordo com Kaplan e Norton (2000), para que a vantagem

competitiva possa acontecer, é importante que as organizações possibilitem o

contexto para a formação de estratégias, dentro de uma perspectiva

participativa envolvendo todos os níveis organização e de integração entre a

aprendizagem organizacional e inovação, em relação ao ambiente no qual elas

estão inseridas. Segundo Kaplan (2008), um processo de formação de

estratégia que integra as pessoas dos diferentes níveis organizacionais pode

ajudar as empresas a superar as dificuldades que a maioria experimenta,

quando tentam implementar suas estratégias formadas.

Para executar qualquer nova estratégia da organização, precisam estar

alinhados, não só as suas diferentes unidades de negócio, mas também todos

os seus colaboradores. Neste sentido, os autores formularam uma arquitetura

Page 97: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

96

para um sistema integrado e abrangente, chamado Sistema de Gestão de

Circuito Fechado (SGCF), que alia a formação à execução da estratégia. O

modelo de SGCF possui seis estágios principais, como mostra a Figura 22.

O SGCF mostra que a formação e execução da estratégia é um processo

integrado que envolve as pessoas de todos os níveis da organização. A

concepção de sistema circuito fechado é convergente com o modelo proposto

neste trabalho, por destacar a integração das pessoas desde o processo de

formação da estratégia. A perspectiva integrada do processo de formação da

estratégia proposta nesta pesquisa dá margem à participação e envolvimento

das pessoas dos diferentes níveis da organização, pois, alude que, a estratégia

não é imposta do topo da organização para a base, mas é formada a partir da

interação da aprendizagem organizacional e inovação.

FIGURA 22 - MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO DE CIRCUITO FECHADO

FONTE: KAPLAN E NORTON (2009)

E, conforme lembra Antonello (2005), são as pessoas que aprendem e

compartilham aprendizagem. São as pessoas que incentivam e movimentam a

inovação. E, também, são as pessoas que formam e executam a estratégia de

negócios em todas as organizações.

Missão, valores, visão

Análise estratégica

Formulação da estratégia

DESENVOLVER A ESTRATÉGIA

Mapa/temas da estratégia

Métricas/metas

Portfólios de iniciativas

Custeio/Stratex

PLANEJAR A ESTRATÉGIA

Unidades de Negócios

Unidade de apoio

Funcionários

ALINHAR A ORGANIZAÇÃO

Mapa da Estratégia

Balanced Scorecard

Stratex

PLANO ESTRATÉGICO

Melhorias de processos-chave

Planejamento de vendas

Plano de capacidade de recursos

Orçamentos

PLANEJAR A ORGANIZAÇÃO

Previsão de vendas

Requisitos de recursos

Dashboards

Orçamentos

PLANO OPERACIONAL

PROCESSO

INICIATIVA

Avaliações de estratégia

Avaliações operacionais

MONITORAR E APRENDER

Análise de rentabilidade

Correlações de estratégia

Estratégias emergentes

TESTAR E ADAPTAR

Resultados

Resultados

Métricas de desempenho

6

5

1 2

Métricas de desempenho

EXECUÇÃO

4

3

Page 98: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

97

3 SÍNTESE CONCEITUAL DO REFERENCIAL TEÓRICO E AS RESPOSTAS PARA AS

QUESTÕES SECUNDÁRIAS DA PESQUISA

Considerando-se o objetivo geral desta pesquisa de propor um modelo de

formação de estratégia de negócio, tendo por base a integração da

aprendizagem organizacional com a gestão da inovação, esta seção apresenta,

respectivamente:

I - A síntese conceitual do referencial teórico que foi capaz de responder aos

questionamentos associados à questão problema que norteou esta pesquisa, a

saber: De que maneira a integração da aprendizagem organizacional com a

gestão da inovação pode contribuir para a construção de um modelo de

formação de estratégia de negócio?

II – Os pressupostos teóricos que estão associados às respostas desses

questionamentos (I)

Para encontrar a síntese conceitual desta pesquisa seguiram-se as orientações

de Miguel (2009) e Dubin (1978, apud WHETTEN, 2003), de que, para se

chegar ao domínio e ao conteúdo da teoria, é preciso primeiro identificar o

conjunto de fatores, o “o que”.

No Quadro 16, são revelados os conceitos obtidos quando da varredura vertical

do referencial teórico, em que foram feitas a interpretação e a apropriação de

modelos e conceitos já desenvolvidos e publicados pelos autores base para o

desenvolvimento e conclusão desta pesquisa.

Este estudo assume que estratégia é um processo combinado de diversas

abordagens, de distintas escolas de pensamento estratégico (MINTZBERG;

AHLSTRAND; LAMPEL, 2000). Dentre as escolas de pensamento estratégico

que são base para o desenvolvimento desta pesquisa estão: a escola de

aprendizado e a escola de configuração, pois a primeira atenta-se quanto ao

processo emergente de formação de estratégia, baseada nos recursos da

empresa. A segunda assume o paradigma da transformação, em que o

processo pode ser ao mesmo tempo deliberado e emergente, com controle,

flexibilidade e aprendizado, e que pode surgir da capacidade de combinar

Page 99: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

98

análises acerca do ambiente interno e externo, por meio de uma pessoa ou de

várias pessoas.

E S T R A T É G I A /

A P R E N D I Z A D O

“O que?” Autores Conceitos assumidos

1- O que é estratégia?

Mintzberg,

Ahlstrand e Lampel (2000).

- A vinculação entre pensamento e ação (escola de aprendizado). - Um processo combinado de diversas abordagens, de distintas escolas de pensamento estratégico. - Um processo de transformação, que considera a configuração do ambiente interno e externo, que dá uma perspectiva dinâmica e integradora ao processo de formação de estratégia (escola de configuração).

2-O que é estratégia

de negócio?

Slack et. al. (2009).

- É uma parte importante do ambiente no qual as estratégias funcionais operam, e se encaixa no ambiente da estratégia corporativa. O nível de análise da estratégia de negócio encontra-se nas chamadas unidades estratégicas (cada um dos negócios de uma grande empresa), e o que se busca responder sempre no nível de negócio é como se deve competir no setor ou no negócio escolhido.

3- O que é

formação de estratégia?

Fusco e Sacomano

(2007)

- Diz respeito ao estabelecimento da missão, também dos objetivos individuais e o comportamento sobre como irá competir na indústria.

Slack et. al. (2009).

- Representa a ênfase nas unidades específicas, com produtos e serviços concebidos e vendidos para um grupo definido de clientes e com concorrentes conhecidos.

4- O que é preciso

aprender para que a função da estratégia de negócio

seja alcançada?

Senge (2000)

- É preciso aprender a disciplina do domínio pessoal por meio da busca por uma vivência em que se quer um nível elevado de proficiência, em que as pessoas se comprometam a buscar seu próprio aprendizado ao longo do tempo. - É preciso aprender que para se chegar ao pensamento sistêmico, é preciso aprender analisar continuamente os modelos mentais que se tem, ou seja, as imagens mentais que são carregadas e que influenciam a nossa forma de ver o mundo (Disciplina modelos mentais). - É preciso aprender que, para se chegar ao domínio da disciplina visão compartilhada, é preciso entender que o líder não é aquele que dita ou impõe qual deve ser o caminho para a ação, mas ao invés disso, busca a participação, a interação e o envolvimento das pessoas até se chegar à missão desejada (Disciplina construção da visão compartilhada) - É preciso aprender que o diálogo leva a interação, e que a interação conduz ao pensar em conjunto, à visão compartilhada e a consequente aprendizagem em equipe (Disciplina aprendizagem em equipe). - É preciso aprender que as disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, construção da visão compartilhada e aprendizagem em equipe são aprendidos a partir da capacidade de saber analisar as inter-relações entre as disciplinas. Essa capacidade é chamada de pensamento sistêmico. - É preciso aprender que a aprendizagem do pensamento sistêmico leva ao consequente esclarecimento dos padrões estabelecidos, e à capacidade de modificar esse padrão. Além disso, que se aprendida à disciplina do aprendizado sistêmico se chega à integração das pessoas.

QUADRO 13 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE O TEMA ESTRATÉGIA, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO DO

MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 100: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

99

Para a escola de configuração, a estratégia é formada a partir de um contexto

que irá necessitar de uma combinação de fatores para se adaptar a este. Por

essa razão, esta escola assume todas as premissas apresentadas pelas

escolas de pensamento estratégico, anteriores a ela.

Considerando-se o paradigma da transformação, surgido na segunda metade

do século passado, o crescimento do porte das organizações e o incremento

da sua complexidade estrutural associados à aceleração do ritmo das

mudanças ambientais, é preciso aprender a aprender para se conseguir chegar

à adaptação e manter-se no tempo.

O simples controle e monitoramento das medidas financeiras do desempenho

passado não garantem vantagem competitiva sustentável (KAPLAN; NORTON,

1997). Todo este contexto tem exigido uma maior capacidade de formular e

implementar estratégias, capazes de superar os crescentes desafios de

mercado e atingir os objetivos tanto de curto, quanto de longo prazo.

A era da informação exige funcionários que saibam agregar valor pelo que

sabem e pelas informações que podem fornecer. A capacidade de mobilização

dos ativos intangíveis ou invisíveis tornou-se muito mais decisiva do que

investir e gerenciar ativos físicos tangíveis (KAPLAN; NORTON, 1997).

Com base neste contexto é que este estudo assume a necessidade de

aprender a aprender, e que para ocorrer a aprendizagem contínua é preciso

haver a melhoria contínua que envolve a todos, inclusive gerentes e os

operários, a partir da prática de questionar o que se sabe continuamente

(FLEURY; FLEURY, 2011). O Quadro 17 mostra os conceitos assumidos nesta

pesquisa com relação ao tema aprendizagem.

Mais do que a gestão eficaz dos ativos e passivos financeiros e a rápida

alocação de novas tecnologias e ativos físicos, é preciso a capacidade de

mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis para se aproximar

de uma vantagem competitiva sustentável no tempo. A melhoria de

desempenho das empresas exige grandes mudanças, individuais e coletivas, e

as transformações trazidas pela era da informação exigem novos sistemas de

medição e gestão (KAPLAN; NORTON, 1997).

Page 101: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

100

A P R E N D I Z A G E M

“O que?”

Autores Conceitos assumidos

- O que é aprender?

Bethlem (2001)

- É saber utilizar os conceitos para, então, conseguir aplicá-los. É internalizar e saber utilizar conceitos, constructos, técnicas e processos pertinentes à ação que se vai realizar. Para a aprendizagem ser bem sucedida, antes é necessário que se tenha precisão quanto a qualquer conceito.

Ross et al. (1997)

Aprender também é saber testar continuadamente a experiência adquirida, transformando-a em conhecimento que deve ser acessível a todos, e pertinente ao propósito central da organização.

- O que é aprendizagem?

Dogson (1996).

Aprendizagem são formas de se construir, organizar o conhecimento e as rotinas ao redor das competências e da cultura da empresa, assim como as formas de adaptar e desenvolver a eficiência organizacional por meio da melhoria do uso dessas competências.

- O que é aprendizagem organizacional?

Cross, Lane, White

(1997).

Um processo de mudança de pensamento e ação individuais e comuns, o qual é afetado pelas instituições das organizações nas quais está embutido.

QUADRO 14 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE APRENDIZAGEM, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO DO

MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA.

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014).

Desta forma, esta pesquisa assume que uma organização que aprende

estrategicamente é aquela que busca um caminho de dentro para fora, a partir

da capacidade das pessoas de aprender. Que a estratégia é um processo de

aprendizado individual e coletivo que espelha a intercorrelação de suas etapas

de analise, formulação e implantação, envolvendo a interação dos níveis

hierárquicos (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).

Considerando-se que os processos de aprendizagem não são sequenciais,

mas se complementam, e que as rotinas da organização têm efeito sobre o

comportamento organizacional, é preciso que a gestão desenvolva a

capacidade de gerenciar as variáveis: conhecimento, sentimento e ação das

pessoas da organização, uma vez que a relação entre essas variáveis constitui

agente importante para o processo de mudança de atitude (PAWLOWSKY,

2005). Para que o conhecimento adquirido pelas pessoas que tomam decisões

possa beneficiar o coletivo e a organização, é preciso que ações gerenciais

consigam demonstrar a habilidade de tornar um desafio algo que possa gerar

ideias. Além disso, apresentar de forma convincente as ideias geradas; de

liderar e ser liderado, ensinar e aprender com o outro, estar em constante

processo de mudança (GRAMIGNA, 2004).

Page 102: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

101

Com base neste contexto, esta pesquisa assume a premissa de que a

conquista de resultados superiores e da manutenção da competitividade por

parte das empresas depende de um nível mais elevado de aprendizagem e, de

uma mudança organizacional significativa advinda de profundas

transformações nas formas de pensar e interagir das pessoas (SENGE, 2002).

Ainda, que é preciso haver atitude inovadora por parte das pessoas da

organização para que a estratégia possa ser criada e se manter mais tempo ao

longo dos anos. Isso inclui: curiosidade, ousadia, questionamento,

inconformismo, persistência, imaginação e ludicidade (GRAMIGNA, 2004).

Quando se tem na organização a crença de que mesmo aquilo que é bom pode

ser melhorado, em que as pessoas são capazes de questionar o que elas

sabem continuadamente, o processo de inovar passa a acontecer

(GRAMIGNA, 2004). O Quadro 18 mostra os conceitos assumidos nesta

pesquisa com relação ao tema inovação ou gestão da inovação:

I N

O V A

Ç Ã O

/

G

E S T

à O

D A I

N O V

A Ç Ã

O

O que é? Autores Conceitos assumidos

- O que é inovação?

Tidd; Bessant;

Pavitt (2008).

- Pode significar novas formas de servir a mercados já estabelecidos e maduros, não apenas a abertura de novos mercados. Como também pode significar mudança, e essa mudança pode adquirir diferentes formas. - A inovação é mais do que simplesmente conceber uma nova ideia, mas um processo de desenvolver seu uso prático. - Pode ser também visualizada como a busca de uma nova ideia, que por meio de ações selecionadas e implementadas vá resultar em uma aprendizagem, gerando melhoria para a organização ao longo do tempo.

Anjo et al., (2012)

- Inovar é essencialmente identificar as oportunidades que os outros não veem ou das quais não percebem seu real potencial.

- O que significa gerir a inovação?

Tidd; Bessant;

Pavitt (2008).

Capacidade de gerir ou fazer melhor o que já se sabe fazer e o de fazer, mas de um jeito diferente.

- O que é ou qual o conceito de integração que este estudo está assumindo?

Que os conceitos de aprendizagem e inovação são interdependentes.

QUADRO 15 - O CONTEÚDO NECESSÁRIO SOBRE INOVAÇÃO, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO DO MODELO

PROPOSTO NESTA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 103: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

102

Após a identificação do que é aprendizagem e inovação, na perspectiva

seguida por este estudo, parte-se para a identificação do „como‟ esses temas

estão relacionados. Neste sentido, o Quadro 19 mostra como é gerada a

aprendizagem e o aprendizado estratégico:

A P R E N D I Z A G E M

O R G A N I Z A C I O N A L

Como? Autores Conceitos assumidos

- Como sabemos que aprendemos alguma coisa?

Cross, Lane e White

(1997).

Quando ocorrer uma mudança de pensamento e de atitudes.

Aygyris e Schön (1978)

Quando houver o desenvolvimento de novos princípios, provenientes do questionamento do que se sabe ou da busca de aprender a aprender.

Senge (2000)

Quando houver profundas transformações nas formas de pensar e interagir das pessoas.

- Como é gerada ou como acontece a aprendizagem organizacional?

Cross, Lane e White (1997)

É gerada a partir de quatro processos: intuição, interpretação, integração e institucionalização. Respectivamente, o início do aprendizado começa no nível individual e é um processo subconsciente conhecido como intuição. Em seguida, o indivíduo faz a seleção dos elementos conscientes deste aprendizado individual, e os interpreta para comunicar no nível de grupo. A partir daí, segue-se para a integração, para que seja possível mudar a compreensão coletiva no nível do grupo e ligá-la ao nível da organização como um todo. Por fim, a institucionalização (criação de planos, rotinas, normas, sistema de diagnóstico, regras e regulamentos) em que a organização toda aprende a partir do aprender fazendo.

Mintzberg, Ahlstrand,

Lampel (2000)

Por meio de ações empreendedoras, o aprendizado individual pode ser transmitido e institucionalizado, possibilitando gerar a aprendizagem organizacional.

Fleury e Fleury (2011)

O processo de aprendizagem organizacional envolve tanto a elaboração de novos mapas cognitivos que possibilitam uma melhor compreensão acerca do que está ocorrendo em seu ambiente interno e externo, quanto à definição de novos comportamentos que comprovam a efetividade do aprendizado.

- Como é gerado o aprendizado estratégico?

Hamel e Prahalad (1988)

É preciso tensão e alavancagem para se conseguir chegar ao aprendizado estratégico. Isso porque é necessário, respectivamente, um ajuste entre os recursos humanos e suas aspirações, e a concentração dos recursos em torno de um foco estratégico (impulso das dinâmicas das capacidades organizacionais).

Como a aprendizagem pode contribuir para a inovação?

Nonaka e Takeuchi

(1997)

A aprendizagem fomenta a inovação, pois a inovação é alavancada pela presença de competências desenvolvidas por meio de processos de aprendizagem.

QUADRO 16 - O CONTEÚDO E O DOMÍNIO NECESSÁRIO SOBRE APRENDIZAGEM, PARA INICIAR A

CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 104: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

103

Do mesmo modo, o Quadro 20 mostra como a inovação se forma na

organização e de maneira continua:

I N O V A Ç Ã O

E

G E S T Ã O

D A I N O V A Ç Ã O

Como? Autores Conceitos assumidos

- Como a inovação se forma?

Tidd; Bessant;

Pavitt (2008).

O processo de formação da inovação consiste de uma sequência de coleta de informação, solução de problemas e concentração de esforços com vistas ao lançamento final e que só é completado quando o mercado-alvo toma a decisão de adotar a inovação.

- Como inovar continuadamente?

Tidd; Bessant;

Pavitt (2008).

A inovação necessita ser gerenciada de forma integrada; não basta gerenciar ou desenvolver habilidades em apenas algumas áreas, é preciso unir inovação à estratégia gerencial.

Senge (2000) Não basta à gestão ter habilidade em partes do processo de inovação, ela deve desenvolver habilidades para gerir todo o processo

- Como se é possível chegar a inovações?

Tidd; Bessant;

Pavitt (2008).

A inovação é resultado da aplicação de informações e habilidades dos indivíduos capazes de modificar o que existe, gerando melhorias.

- Como a prática da gestão da inovação pode contribuir para aprendizagem organizacional?

Ayas (1999) A inovação em sua essência é um processo no qual são geradas ideias que podem levar à criação do conhecimento, logo, todo projeto de inovação tem potencial de aprendizagem.

- Como a prática da gestão da inovação pode contribuir para a formação da estratégia de negócio?

Kaplan e Norton (2000)

A prática da gestão da inovação torna-se determinante na formação de estratégias, na medida em que, possibilita um contexto organizacional para a inovação ocorrer, com uma cultura voltada para o aprendizado constante e uma estrutura organizacional com mecanismos que integrem e facilitem a coordenação dos recursos tangíveis e intangíveis.

QUADRO 17 - O CONTEÚDO E O DOMÍNIO NECESSÁRIO SOBRE INOVAÇÃO, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO

DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Tendo como base o “o que” e o “como” descritos nos Quadros anteriores,

pode-se partir para explicar os “porquês” para que se forneçam justificativas

sobre os temas que alicerçam o modelo proposto neste trabalho.

Page 105: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

104

Neste sentido, o Quadro 21 evidencia a explicação sobre aprendizagem

organizacional no processo de formação de estratégia, para iniciar a

construção do modelo:

F O

R M A

Ç Ã O

D A

E S

T R A

T É G

I A

A P

R E N

D I Z

A G E

M

O

R G A

N I Z

A C I

O N A

L

Por quê? Autores Explicação

- Por que a aprendizagem organizacional é importante no processo de formação de estratégia?

Prahalad e Hamel (1990)

Se houver aprendizagem envolvendo toda a organização, será possível obter competências essenciais, coordenação das habilidades, e a integração das múltiplas tecnologias.

Tidd; Bessant e Pavitt (2008).

Porque a aprendizagem provoca mudanças organizacionais e inovações, promovendo melhorias e novas competências.

Por que a aprendizagem deve ser gerenciada?

Fleury e Fleury (2011)

Senge (2000)

Para formar uma cultura de aprendizagem. Por que é quando a organização consegue reunir pessoas em torno de uma identidade e um senso de destino comum.

QUADRO 18 - A EXPLICAÇÃO SOBRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NO PROCESSO DE FORMAÇÃO

DE ESTRATÉGIA, PARA INICIAR A CONSTRUÇÃO DO MODELO PROPOSTO NESTA PESQUISA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Feita a varredura horizontal (revisão da literatura), que contribuiu para

identificar os diferentes autores, correntes e abordagens, e que possibilitou

gerar a pergunta de pesquisa deste trabalho, nos Quadros a seguir são

apresentados os pressupostos teóricos advindos da revisão da literatura, que

contribuíram para gerar o modelo proposto no capítulo 5.

Assim, o Quadro 22 sintetiza os pressupostos teóricos ligados à relação entre o

processo de formação de estratégia e a aprendizagem organizacional.

Tema Autor Pressuposto teórico

F O R M A Ç Ã O

D E

N A

A P R E N D I Z A

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A formação de estratégia sustenta-se em dois pilares, deliberado e emergente.

Mintzberg e Waters (1985)

A estratégia deliberada (planejada) possibilita o controle e a estratégia emergente (que surge a partir da solução de problemas e é percebida conforme vai se desenvolvendo) possibilita o desenvolvimento da aprendizagem estratégica.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

Não deve haver separação entre aquele que pensa e formula a estratégia daquele que executa, assim, a estratégia deverá ser formada dentro de uma perspectiva integradora (escola de aprendizado).

Mintzberg, Se o líder aprende, o sistema coletivo também aprende

Page 106: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

105

E S T R A T É G I A

C O M

B A S E

G E M

O R G A N I Z A C I O N A L

Ahlstrand e Lampel (2000)

(escola de aprendizado). As estratégias precisam misturar controle e aprendizado.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

Não se pode formar uma estratégia sem referência a ação coletiva (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

O aprendizado procede de forma emergente (escola de aprendizado), seja do ambiente interno ou externo, seja cima para baixo na hierarquia da estrutura organizacional ou debaixo para cima (botton up ou top down) (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

As iniciativas estratégicas são tomadas por quem quer que tenha capacidade e recursos para poder aprender, e se sucedidas geram padrões que se tornam emergentes (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

As estratégias emergem de pequenos passos, na medida em que a organização se adapta ou aprende (escola de aprendizado). A organização assume a forma de aprendizado ao longo do tempo, não havendo nesse processo, separação entre a formulação e a implementação (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

O papel da liderança é de gerenciar o processo de aprendizagem e não mais o de conceber a estratégia.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A estratégia aparece primeiramente como padrões do passado, mais tarde como “planos” para o futuro e, finalmente, como perspectivas para guiar o plano gerencial (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A natureza do ambiente das organizações é complexa e imprevisível e, por isso, a estratégia precisa assumir a forma de um processo de aprendizado ao longo do tempo (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A estratégia é um processo de transformação (escola de configuração). Determinada configuração influencia a formação de estratégia, e a estratégia formada pode influenciar e modificar a configuração.

Mintzberg (1987) Os processos de formulação e implementação transformam-se em um processo contínuo de aprendizagem por meio do qual surgem estratégias criativas.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) Kaplan e Norton (2009)

Formação e execução da estratégia é um processo integrado que envolve as pessoas de todos os níveis da organização.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) Prahalad e Hamel (1988)

A estratégia é formada de dentro para fora, a partir da ênfase na capacidade que uma organização tem de aprender, sendo este o conceito de aprendizado estratégico. É preciso tensão e alavancagem para se conseguir chegar ao aprendizado estratégico, porque é necessário, respectivamente, um ajuste entre os recursos humanos e suas aspirações, e a concentração dos recursos em torno de um foco estratégico.

QUADRO 19 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

ESTRATÉGIA E A APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Assim, o Quadro 23 resume os pressupostos teóricos ligados à relação entre o

processo de formação de estratégia e o desenvolvimento das capacidades.

Page 107: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

106

Tema Autor Pressuposto teórico

C A P A C I D A D E S

D E

A P R E N D I Z A G E M

P E N S A M E N T O

S I S T Ê M I C O

Hamel e Prahalad (1988)

A direção geral que a empresa quer tomar depende da intenção estratégica de definir as oportunidades emergentes de mercado, pois a partir desta definição, os participantes poderão ter uma mesma direção a perseguir.

Prahalad e Hamel (1988)

A capacidade dinâmica é desenvolvida por meio desse aprendizado estratégico que surge de dentro para fora, da capacidade que uma organização tem para aprender.

Senge (2000)

Se aprendida à disciplina do aprendizado sistêmico se chega à integração das pessoas. Para se chegar ao pensamento sistêmico é preciso aprender analisar continuamente os modelos mentais que se tem, ou seja, as imagens mentais que são carregadas e que influenciam a nossa forma de ver o mundo. As disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, construção da visão compartilhada e aprendizagem em equipe são aprendidas a partir da capacidade de saber analisar as inter-relações entre as disciplinas. Essa capacidade é chamada de pensamento sistêmico.

Senge (2000)

A integração das pessoas depende da interação com trocas de conhecimentos. O diálogo leva a interação, e a interação conduz ao pensar em conjunto, à visão compartilhada e a consequente aprendizagem em equipe.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A estratégia é um processo de aprendizagem individual e coletivo, um processo que espelha a intercorrelação de suas etapas de análise, formulação e implantação, envolvendo a interação dos níveis hierárquicos.

Fleury e Fleury (2011)

O processo de aprendizagem organizacional envolve tanto a elaboração de novos mapas cognitivos que possibilitam uma melhor compreensão acerca do que está ocorrendo em seu ambiente interno e externo, quanto à definição de novos comportamentos que comprovam a efetividade do aprendizado.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

O que se quer enxergar dentro do processo de formação de estratégia é mais o que as pessoas fazem quando são confrontadas com condições complexas e dinâmicas, do que no quê as organizações (ou pessoas) deveriam fazer a partir do que alguns estrategistas estipularam para ser feito.

Senge (2000)

Pequenas atitudes bem focalizadas podem produzir melhorias significativas e duradouras, desde que atuem no lugar certo.

Senge (2000)

Chega-se à disciplina do domínio pessoal por meio da busca por uma vivência em que se que se quer um nível elevado de proficiência, em que as pessoas se comprometam a buscar seu próprio aprendizado ao longo do tempo.

Fleury e Fleury (2011); Senge (2000) e Prahalad e Hamel (1988)

O processo de aprendizagem deve possuir um caráter sistêmico e não focado apenas em uma unidade ou departamento da empresa, mas deve ir além das portas da empresa, a partir das interações com os stakholders. Assume-se que para se chegar a aprendizagem é preciso observar e gerenciar períodos de instabilidade e de estabilidade ou irregularidade e regularidade nos ambientes (impulso das capacidades dinâmicas).

Senge (2000)

A aprendizagem do pensamento sistêmico leva ao consequente esclarecimento dos padrões estabelecidos, e à capacidade de modificar esses padrões.

QUADRO 20 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

ESTRATÉGIA E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

O Quadro 24 elenca os pressupostos ligados à relação entre o processo de

formação de estratégia e o desenvolvimento das capacidades de inovação.

Page 108: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

107

Tema Autor Pressuposto teórico

C A P A C I D A D E S D E A P R E N D I Z A G E M

G E S T Ã O D A I N O V A Ç Ã O

Nonaka e Takeuchi (1997); Fleury e Fleury (2011); Stewart (1998); Senge (1998); Ayas (1999); Manual de Oslo (OCDE, 2005); Davila, Epstein e Shelton (2006); Leite, Seidl e Antunes (2008); Kaplan e Norton (2009); Isidro Filho e Guimarães (2010); Salim e Sulaiman (2011) e Caldeira; Godoy (2012).

O conceito de inovação está associado ao conceito de aprendizagem organizacional.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 89)

“A gestão da inovação é uma capacidade aprendida” (2008, p. 89), e é preciso que gestores desenvolvam habilidades para gerenciar os dois aspectos da inovação: o de fazer melhor o que já se sabe fazer, e o de fazer, mas só que de um jeito diferente.

Prahalad e Hamel (1988)

Há competência essencial por parte da empresa, quando essa competência é percebida pelo cliente nos benefícios do produto/serviço; quando a empresa consegue acessar uma ampla variedade de mercados e quando ela é difícil de ser copiada ou imitada por algum concorrente (impulso das dinâmicas das capacidades organizacionais).

Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

A capacidade da gestão em contribuir consistentemente para o processo de inovação a partir das trocas de experiências e de conhecimentos - pode conduzir a empresa ao crescimento.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Kaplan e Norton (1997, p. 2).

A inovação deve ser estrategicamente dirigida como parte integrante de um BSC na avaliação de resultados. A organização deve ter uma estrutura adequada a essa cultura de inovar. “O BSC permite que as empresas acompanhem o desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro”.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008)‟ e Senge (2000)*

A inovação necessita ser gerenciada de forma integrada‟; não basta gerenciar ou desenvolver habilidades em apenas algumas dessas áreas, é preciso unir inovação à sua estratégia gerencial. Não basta à gestão ter habilidade em partes do processo de inovação, ela deve desenvolver habilidades para gerir todo o processo*.

Fleury e Fleury (2011) Não se pode continuar com o aprendizado e a inovação localizados somente no sistema de produção, como ocorria na era industrial, mas a gestão de uma organização que aprende e inova, deve ter visão sistêmica. Mais do que isto, o uso e o desenvolvimento de conhecimentos devem ser objetivados e associados à estratégia competitiva.

Fleury e Fleury (2011) Mesmo após uma grande mudança, segue-se o trabalho meticuloso e detalhista de fazer o ajuste fino (fine tuning) do sistema, dentro das novas condições, num processo de aprender a aprender.

QUADRO 21 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS LIGADOS À RELAÇÃO ENTRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE

ESTRATÉGIA E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES DE INOVAÇÃO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 109: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

108

Posto isto, delimitou-se a partir do referencial teórico, quais os sujeitos que

devem estar envolvidos, “onde e quando” no processo de formação da

estratégia (Quadro 25).

Todas as pessoas da organização devem Adaptado de Autore(s)

Aprender a (o) Até chegar à Inovação:

Utilizar Conceitos Incremental e/ou radical Bethlem (2001); Senge (2000); Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Dialogar Incremental e/ou radical Senge (2000); Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Interagir de Produto; de Processo; de Marketing; Organizacional

Fleury e Fleury (2011); OCDE (2005)

Aprender Incremental e/ou radical Fleury e Fleury (2011); Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Aprendizado Sistêmico

de Produto; de Processo; de Marketing; Organizacional

Senge (2000); OCDE (2005)

Questionar o que se sabe continuadamente

de Produto; de Processo; de Marketing; Organizacional

Fleury e Fleury (2011); Senge (2000) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Gestores devem Adaptado de Autore(s)

Aprender a (o) Até chegar à Inovação:

Gerir a Inovação de forma sistêmica

Na Formação de novas estratégias

Senge (1998); Kaplan e Norton (2000)

QUADRO 22 - OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

A partir da análise feita do referencial teórico que trata dos três temas centrais

deste estudo, pode-se partir para a apresentação do modelo de formação da

estratégia de negócio, alicerçado na integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação.

Page 110: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

109

4 ABORDAGEM METODOLÓGICA E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Este capítulo apresenta a abordagem metodológica e procedimentos da

pesquisa, descrevendo tipo da pesquisa, etapas percorridas na pesquisa,

planejamento do estudo multicaso e do pré-teste do instrumento, coleta e

análise de dados.

4.1 TIPO DA PESQUISA

Para atingir os objetivos propostos, faz-se necessário indicar o tipo de estudo

desta pesquisa. Quanto a sua natureza, esta pesquisa é básica, porque

procura o progresso científico, a ampliação de conhecimentos teóricos

(TURRIONI; MELLO, 2012), na medida em que segue a seguinte ordem: a

articulação da síntese conceitual do referencial teórico (Capítulo 3), mais a

articulação da base teórica que serviu como alicerce do modelo proposto

(Capítulo 5); a ampliação da base teórica para uma proposta de um modelo

conceitual (Capítulo 5), e a adaptação desta proposta, após a verificação de

sua aderência na prática de duas empresas (Capítulo 6).

Ao mesmo tempo, também, possui natureza aplicada, pois visa a gerar

conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas

específicos e envolve verdades e interesses locais (SILVA; MENEZES, 2001).

A partir da proposta deste trabalho, a de um modelo conceitual de formação de

estratégia de negócio, com base na integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação, contribui-se para a prática dos

gestores no processo de formar suas estratégias, pois a proposta estabelece, a

partir do Mapa Estratégico do Modelo Proposto, os pares de requisitos de

inovação (processo interno do BSC) com base na aprendizagem organizacional

(processo aprendizagem do BSC).

Page 111: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

110

4.1.1 QUANTO À ABORDAGEM GERAL DA PESQUISA

“A escolha da abordagem da pesquisa precede a escolha do método da

pesquisa” (MIGUEL, 2010, p. 45). Tal argumento vai ao encontro do que

mostram Turrioni e Mello (2010), de que o método é determinado pela

abordagem da pesquisa científica.

Em pesquisas com abordagem qualitativa, a realidade subjetiva dos indivíduos

envolvidos na pesquisa é considerada relevante, e contribui para o seu

desenvolvimento. O foco de estudos com abordagem qualitativa está em

desvendar o desenrolar de eventos que culminam nos resultados que, neste

estudo, relacionam-se (os eventos) com o processo de formação da estratégia

de negócio, no âmbito de três empresas industriais, uma pequena, uma média

e outra de grande porte, todas do ramo de cosméticos, setor considerado

altamente competitivo e que se encontra em processo constante de inovação

(ABIHPEC, 2012). O interesse não é nos resultados, mas em como se chegou

até eles. Exatamente por isso é que é possível explicar o “como” e não

somente o “o que” (MIGUEL, 2010).

Conforme Dubin (1978, apud WHETTEN, 2003), uma teoria completa deve

possuir quatro elementos essenciais: 1-“o que”; 2-“como”, 3-“por que”; e, 4-

“quem, onde e quando”. Assim que identificado o conjunto de fatores (os “o

quês”), o pesquisador deve saber “como” eles estão relacionados, pois este

passo delineia padrões e introduz causalidade. Juntos, o “o que” e o “como”,

tem-se o domínio e o conteúdo da teoria (WHETTEN, 2003). O “quem, onde e

quando” são tipicamente descobertos por meio de testes subsequentes das

informações iniciais - “o quê”; o “como” e o “por que” (WHETTEN, 2003). A

partir do problema de pesquisa levantado neste trabalho, chegaram-se as

questões secundárias expostas na Síntese Conceitual, em que se veem esses

elementos essenciais da teoria.

Todas as questões secundárias foram formuladas a partir do problema de

pesquisa e guiaram todo o desenvolvimento deste estudo. Esta pesquisa tem

abordagem qualitativa, pois descreve os fatos e fenômenos referentes ao

Page 112: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

111

objeto de estudo (MARTINS, 2010). Por ser uma pesquisa com abordagem

qualitativa, utilizou-se, no momento da coleta de dados, mais de uma fonte de

evidência (detalhadas na seção Coleta de dados do Capítulo 4), para evitar que

opiniões pessoais e especulações fossem consideradas como verdades

(MIGUEL, 2010).

4.1.2 QUANTO AOS OBJETIVOS DA PESQUISA

Este trabalho adota o estudo de caso exploratório como tipo de pesquisa, pois

ele é convergente com a natureza do problema a ser investigado e com o

estado atual do desenvolvimento do conhecimento. Pesquisas exploratórias

buscam proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo

explícito (GIL, 2002; TURRIONI; MELLO, 2012; MIGUEL, 2010).

Objetivou-se com esta pesquisa, propor um modelo de formação de estratégia

de negócio a partir da integração da aprendizagem organizacional com a

gestão da inovação. Estudos sobre um problema ou uma questão de pesquisa

que são pouco estudados, constituem-se pesquisas exploratórias. Pesquisas

exploratórias têm como objetivo gerar ideias para o desenvolvimento e/ou

construção de modelos, propostas, teorias e/ou conceitos a respeito de

determinado assunto (GIL, 2002). Neste sentido, buscou-se a realidade prática

dos gestores das empresas industriais de cosméticos, para a verificação da

aderência prática do modelo, no intuito de levantar contribuições ao modelo

proposto.

4.1.3 QUANTO AO MÉTODO DA PESQUISA

O presente estudo reúne três tipos de método de pesquisa, conforme

destacado no Quadro 26. O primeiro método deste estudo é o teórico

conceitual, decorrente da análise da literatura, em que se busca realizar o

levantamento de pontos relevantes sobre determinado tema, conhecer e

acompanhar o desenvolvimento da pesquisa em determinada área do

conhecimento e identificar perspectivas para pesquisas futuras (MIGUEL,

2007).

Page 113: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

112

O método teórico-conceitual representa um estudo sobre o referencial

bibliográfico, entre diversos autores que escrevem sobre o tema (BERTO;

NANAKO, 1998), e visa aprofundar a análise do objeto de estudo (MIGUEL,

2007).

DEFINIÇÕES FONTE DESCRIÇÃO

Quanto à natureza Turrioni e Mello (2012); ABREPO Básica e Aplicada Abordagem Geral Martins (2010); Miguel (2010);

Turrioni e Mello (2012); ABREPO. Qualitativa

Quanto aos objetivos Gil (2002); Turrioni e Mello (2012); ABREPO

Exploratória

Quanto ao método da pesquisa

Berto e Nanako (1998); Miguel (2007); Lakatos e Marconi (1995);

Miguel (2010).

Teórico-Conceitual; Levantamento Bibliográfico Estudo de Caso

Quanto aos procedimentos técnicos

Gil (2002) Tipo Estudo Multicaso

QUADRO 23 - DESCRIÇÃO GERAL DA ABORDAGEM METODOLÓGICA ADOTADA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014).

Ao mesmo tempo, esta pesquisa faz uso dos métodos: levantamento

bibliográfico e o estudo de caso. O método levantamento bibliográfico foi feito

com base nas etapas propostas por Marconi e Lakatos (2003): identificação,

localização, obtenção e cadastramento que equivale a fichamentos das fontes

bibliográficas. Essas quatro etapas estão aprofundadas na seção a seguir.

4.2 ETAPAS PERCORRIDAS

A definição da abordagem metodológica e a seleção dos métodos e técnicas

para a pesquisa foram feitas após a formulação do problema de pesquisa,

construído a partir da revisão bibliográfica. A revisão bibliográfica possibilitou o

estudo da literatura sobre o assunto pesquisado e posterior localização ou

definição do referencial teórico do trabalho.

Com base na revisão bibliográfica, foi possível identificar as lacunas apontadas

pelos pesquisadores acerca da temática “strategy formation” (formação de

estratégia).

Para a revisão bibliográfica, seguiu-se as etapas descritas por Marconi e

Lakatos (2003): identificação, localização, obtenção e cadastramento

(fichamento) das fontes bibliográficas. Para a identificação e localização dos

estudos sobre “strategy formation ” (formação de estratégia), foi realizada

Page 114: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

113

busca na internet ao portal periódico CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) nas seguintes bases de dados:

SciELO, Emerald, Web of Science, Oxford University Press, ScienceDirect

(Elsevier B. V.), Sage Publications, Directory of Open Access Journals (DOAJ),

American Psychological Association, Academy of Management Review, MLA

(Modern Language Association) International Bibliography, Management

Learning, Journal of Management Studies, IEEE Journals Magazines,

Organization Science, Business and Management Horizons, dentre outras

fontes.

Em seguida, realizou-se fichamento bibliográfico dos artigos coletados. Na

análise dos artigos, utilizou-se um horizonte de 10 anos, devido à existência de

estudos relevantes e para verificar, de forma mais abrangente, as possíveis

tendências sobre o tema formação de estratégia de negócio.

Os dados dos fichamentos de artigos sobre formação de estratégia que

apresentaram ligação com aprendizagem organizacional e/ou gestão da

inovação foram organizados no Microsoft Excel® nos seguintes assuntos:

escopo do estudo e resultados encontrados.

A partir do mapeamento da literatura (primeira etapa da pesquisa – vide

Figura 23) identificou-se a abrangência e a influência das fontes bibliográficas

sobre o tema formação de estratégia, em que não se viu, durante a revisão das

fontes bibliográficas, qualquer articulação entre os requisitos de inovação com

base na aprendizagem, no processo de formação de estratégia.

Assim, foram identificadas as fronteiras (Seção 1.5) do que se propôs

investigar no processo de formação de estratégia de negócio. Chegou-se à

definição do problema de pesquisa e, a partir dele, foram estabelecidas as

etapas (Figura 23) com os objetivos da pesquisa, todas necessárias para se

chegar à contribuição do estudo (décima etapa), a de se estabelecer os pares

de requisitos de inovação com base na aprendizagem no processo de

formação de estratégia (seção 6.6, Capítulo 6).

Para maior compreensão das etapas percorridas nesta pesquisa, segue-se a

Figura 23 com todas as ações realizadas neste estudo (Etapas 1 a 10).

Page 115: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

114

A primeira etapa deste estudo envolveu a definição do referencial conceitual-

teórico, que possibilitou, na segunda etapa, a construção de uma Síntese

Conceitual (Capítulo 3). A Síntese Conceitual foi importante para gerar a base

teórica (Seção 5.1, Capítulo 5) que sustenta a proposta desta pesquisa, tendo-

se em vista a vasta gama de abordagens na literatura que envolve o campo

dos temas de estudo.

Tendo-se como base a Síntese Conceitual (Capítulo 3), com a apresentação

dos conceitos relacionados às questões secundárias desta pesquisa, mais as

bases teóricas expostas na Seção 5.1 no Capítulo 5, que alicerçaram o modelo

proposto, foi possível, durante a terceira etapa da pesquisa, construir e propor

o modelo (Capítulo 5) de formação de estratégia de negócio, com o seu Mapa

Estratégico (Capítulo 5) e, simultaneamente, determinar a interação necessária

entre aprendizagem e a inovação nas etapas do modelo proposto.

Para uma maior compreensão do modelo conceitual de formação de estratégia

de negócio proposto e do seu mapa estratégico, construiu-se uma matriz do

modelo, passo-a-passo. Essa matriz descreve, de forma objetiva, as cinco

etapas do modelo, os objetivos que se deseja alcançar em cada fase, a

maneira de realizar suas fases, o produto e as características presentes.

Chega-se à integração da aprendizagem organizacional com a gestão da

inovação somente a partir do atendimento de cada uma das características

apresentadas na matriz, num processo interativo, evolutivo e adaptativo.

Com base nas características que sustentam o processo de formação de

estratégia nas cinco etapas do modelo (Capítulo 5), sustentadas pela Síntese

Conceitual (Capítulo 3) e pelas bases teóricas relacionadas (Capítulo 5),

elaborou-se a entrevista semiestruturada, com questões abertas. Em seguida,

na quarta etapa da pesquisa, o instrumento de coleta foi avaliado por quatro

especialistas, conforme é descrito na seção do pré-teste do instrumento.

Page 116: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

115

FIGURA 23 - ETAPAS PERCORRIDAS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA.

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014).

Consulta da Literatura Proposta do Modelo Estudo Empírico

(1ª Etapa) Referencial teórico (RT) sobre os três temas centrais:

estratégia, inovação e aprendizagem.

(2ª Etapa) Definir um conjunto de condições ou características gerais das empresas no processo de formar estratégia de negócio, a partir de disciplinas de aprendizagem que levam à inovação

[Cap. 3 - Síntese Conceitual; Objetivo

Específico 1 da pesquisa; mais a

Matriz do Modelo – Cap. 5].

(3ª Etapa) Propor um Modelo Conceitual de Formação de

Estratégia de negócio a partir da integração da

aprendizagem organizacional com a gestão da inovação.

(Objetivo Geral)

(3ª Etapa) Demonstrar a interação entre aprendizagem e inovação no modelo proposto (Alcançado com a interface das etapas do Modelo)/(Objetivo Específico 2 da pesquisa), no Mapa Estratégico e na Matriz passo-a-passo do modelo.

(4ª Etapa) Fazer pré-teste, com os Especialistas, do instrumento de coleta de dados

(Entrevista)

(5ª Etapa) Fazer um estudo multicaso para verificar a

aderência do modelo e levantar, se

possível, contribuições ao

modelo. – [Objetivo Específico 5 da

pesquisa]

(6ª Etapa) Análise

dos Resultados

Análise dos Dados

(7ª Etapa) Realimentação do Modelo com dados

coletados (Se necessário)

(8ª Etapa)

MODELO FINAL (revisão do modelo, se necessário)

(9ª Etapa) – Revisão (se necessário) do Mapa estratégico do MODELO FINAL (Objetivo Específico 4 do trabalho)

(10ª Etapa) - Determinar os pares de requisitos inovação/processos (processo interno do BSC e de aprendizagem) que devem estar presentes na elaboração de uma estratégia, para que ela possa ser considerada como sendo baseada na integração da aprendizagem organizacional com a gestão da

inovação (Objetivo Específico 3 do trabalho).

Page 117: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

116

O instrumento de coleta surgiu da necessidade de se buscar conhecimentos

dos gestores (quinta etapa da pesquisa) sobre o quê as empresas industriais

do ramo de cosméticos utilizam em suas práticas e rotinas diárias para formar

suas estratégias de negócio. A maior intenção no uso deste instrumento, junto

aos gestores, liga-se à verificação da aderência do modelo conceitual proposto,

à prática de uma grande, de uma média e de uma pequena empresa do setor

industrial do ramo de cosméticos. O termo aderência é assumido nesta

pesquisa como sendo a análise comparativa da matriz passo-a-passo do

modelo proposto com aquilo que é realizado pelas empresas investigadas. A

partir desta análise (sexta etapa da pesquisa), seguiu-se para a verificação da

necessidade, se necessário, de realimentação do modelo e da matriz (sétima

etapa), chegando-se ao modelo final (oitava etapa).

Nas análises, foi feita verificação também da prática das empresas com relação

ao Mapa estratégico do modelo conceitual, para diagnosticar (nona etapa) se

ajustes seriam necessários ao modelo, para que fosse possível, na décima

etapa, serem expostos os requisitos que devem estar presentes no processo

de formação de uma estratégia de negócio (Capítulo 6) para que ela possa ser

considerada como baseada na integração entre aprendizagem e gestão da

inovação.

Com o Mapa Estratégico do Modelo Conceitual – ou seja, com a representação

visual prática da estratégia – foi possível a exposição dos objetivos

pretendidos, presentes nas quatro perspectivas do Balanced Scorecard (BSC)

e das relações de causa e efeito entre as perspectivas. Na sexta etapa, o

Mapa Estratégico do modelo proposto também facilitou a análise comparativa

entre os objetivos do modelo com os objetivos perseguidos pelas empresas

pesquisadas.

Os requisitos que devem estar presentes no processo de formação de uma

estratégia de negócio, para que ela possa ser considerada formada com base

na integração entre aprendizagem organizacional e gestão da inovação, foram

identificados (décima etapa) após a realização do estudo multicaso.

Page 118: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

117

4.3 PLANEJAMENTO DO ESTUDO MULTICASO

O planejamento de estudos exploratórios normalmente assume a forma de

pesquisa bibliográfica/revisão da literatura ou de estudo de caso (MIGUEL,

2007). Do ponto de vista dos seus objetivos, esta pesquisa é do tipo

exploratória, pois, visa proporcionar maior familiaridade com o problema de

pesquisa investigado e torná-lo explícito, a partir da aplicação de entrevista

semiestruturada, junto a gestores de empresas (GIL, 2002).

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, esta pesquisa é do tipo estudo

multicaso, visto que envolve um estudo aprofundado e exaustivo acerca do

processo de formação de estratégia, de maneira que se permita o seu amplo e

detalhado conhecimento (GIL, 2002).

O uso do método de estudo de caso justifica-se, pois de acordo com Miguel

(2010, p. 129) o estudo de caso:

[...] é um trabalho de caráter empírico que investiga um dado

fenômeno dentro de um contexto real contemporâneo por meio de

análise aprofundada de um ou mais objetos de análises (casos). Essa

análise possibilita um amplo e detalhado conhecimento sobre o

fenômeno, permitindo inclusive a geração de teoria.

Dentre os benefícios do método estudo de caso para a engenharia de

produção, encontra-se a possibilidade do desenvolvimento de uma nova teoria

e de aumentar o entendimento sobre eventos reais e contemporâneos

(MIGUEL, 2007; MIGUEL et. al., 2010).

A condução adequada de um estudo de caso não é trivial, pois depende da

escolha do(s) caso(s), da análise dos dados e da geração de conclusões

suportadas por evidências. Para que esse processo de condução do estudo de

caso ocorra, de maneira adequada, há a necessidade de embasamento

científico adequado, e a abordagem deve conseguir endereçar as questões da

pesquisa (MIGUEL, 2007).

Page 119: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

118

Nesse sentido, a escolha deste método de pesquisa se justifica, pois as

pesquisas que se desenvolvem nos estágios iniciais do desenvolvimento da

teoria ou quando eventos de investigação ou fenômenos possuem pouco ou

nenhum conhecimento catalogado deve-se optar pelo uso da pesquisa de

estudo de caso, pois detalha e se aprofunda sobre o fenômeno e colocam os

eventos em uma cronologia, de forma a determinar suas ligações causais

(MIGUEL, 2010; YIN, 2001). Quando a pesquisa é conduzida desta forma, o

método de estudo de caso se torna a base inicial para tais referências causais

(YIN, 2001).

A abordagem qualitativa, adotada nesta pesquisa, faz uso do procedimento

técnico do tipo estudo multicaso, junto a três empresas industriais do setor de

cosméticos. Este procedimento é capaz de gerar descobertas acerca do

fenômeno investigado, e de contribuir com conhecimentos da realidade prática

dos gestores que participam do processo de formação de estratégias.

4.4 COLETA DE DADOS

Para a realização de um estudo de caso, Yin (2005, p. 109) relata que a coleta

de dados pode ocorrer a partir de “[...] seis fontes distintas: documentos,

registro de arquivos, entrevistas, observação participante, observação direta e

artefatos físicos”.

Nesta pesquisa, fez-se uso de três fontes: (1) entrevista semiestruturada com

questões abertas; (2) documentos secundários (como relatórios gerenciais

mensais e anuais, pesquisas realizadas pela empresa internamente ou por

meio de empresas contratadas e, revistas assinadas pelos gestores, além de

materiais sobre feiras industriais e comerciais, e de dados disponíveis na

internet sobre a empresa); e (3) observação direta. De acordo com Miguel

(2010), os documentos ou as observações podem ser reforçados com as

perspectivas das pessoas envolvidas. “Essa multiplicidade de fontes de

evidências é vital para a confiabilidade dos dados coletados, pois as diversas

Page 120: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

119

fontes se reforçam ou não, aumentando assim a validade interna da pesquisa”

(MIGUEL, 2010, p. 52).

Para que o instrumento de coleta, entrevista semiestruturada, fosse

direcionado aos gestores, optou-se, antes, pelo uso do pré-teste deste

instrumento. Assim, foi necessário elaborar um protocolo (Apêndice A) do

estudo de caso, para apresentar aos seis especialistas selecionados para o

pré-teste do instrumento (entrevista), para que tivessem uma visão geral da

pesquisa, contendo os seus objetivos.

De acordo com Yin (2005), o protocolo de estudo de caso inclui, além do

instrumento de coleta (entrevista), também a explicação sobre os

procedimentos gerais a respeito do uso deste instrumento. Neste sentido, foi

elaborado um texto intitulado “informações gerais” (Apêndice B) (que seguiu

junto com o protocolo e o instrumento) contendo o problema de pesquisa, o

objetivo geral da tese, e a metodologia que os especialistas deveriam seguir

para a realização do teste do instrumento (entrevista).

Para que os especialistas tivessem maior clareza dos procedimentos a serem

seguidos, também foi encaminhada, no mesmo e único arquivo, uma Figura do

modelo proposto e a sua matriz passo-a-passo, que detalha o modelo.

Todo o planejamento (incluindo o contato com os especialistas) e a execução

das etapas de coleta, nas empresas investigadas, ocorreram entre os meses

de setembro e outubro de 2014. A partir do retorno dos especialistas, a

entrevista semiestruturada foi revisada e posteriormente aplicada junto às

gestoras das empresas. Como o nome das empresas não pode ser divulgado,

a pedido das gestoras entrevistadas, aqui as empresas são chamadas,

respectivamente, de empresa “A” (pequeno porte), “B” (médio porte) e “C”

(grande porte). A técnica de entrevista, pessoalmente, após visita nas

empresas, foi realizada nas empresas “A” e “B”, que também forneceram

informações via documentos. No caso da empresa “C” (grande porte), a

entrevista foi obtida por meio de retorno de e-mail, por parte da gestora de rede

de inovação e tecnologia de produtos, e também foi feito uso de fontes

Page 121: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

120

secundárias sobre a empresa e contato telefônico, para que alguns

entendimentos adicionais fossem obtidos com a gestora, a título de

confirmação de entendimento de alguns conteúdos que foram por ela

preenchidos no instrumento.

4.4.1 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Para Yin (2001), o método de estudo de caso, além de ser uma estratégia de

pesquisa que se baseia em várias fontes de evidências, é um método que visa

a se beneficiar do desenvolvimento prévio de proposições teóricas com o

objetivo de se conseguir conduzir a coleta e análise de dados. Para a

realização do estudo de caso, Yin (2005) relata que as entrevistas representam

uma das fontes mais importantes de coleta. Neste sentido, esta pesquisa fez

uso da entrevista semiestruturada, pois sendo um estudo qualitativo, visa

capturar a perspectiva dos indivíduos (gestores) com relação ao processo de

formação de estratégia.

Dentre as razões do por que não se deve utilizar na pesquisa qualitativa a

entrevista estruturada, na visão de Miguel (2010, p. 52) estão:

[...] a entrevista estruturada não é adequada a essa abordagem

porque, ao se estruturar a entrevista, o pesquisador acaba por impor

sua visão do problema de pesquisa ao entrevistado. Isso dificulta a

captura da perspectiva dos indivíduos – uma característica marcante

da abordagem qualitativa.

Segundo Miguel (2010), no estudo de caso, o pesquisador tem baixo grau de

envolvimento com os indivíduos e a organização pesquisada. A interação

ocorre nas visitas em que são feitas as entrevistas, as observações e a

consulta de documentos (MIGUEL, 2010).

Para a realização das entrevistas, optou-se pela escolha racional dos sujeitos

participantes, em que foram escolhidas pessoas de forma intencional,

selecionadas por representarem as melhores fontes de informação para a

solução do problema da pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 2003). Na fase de

Page 122: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

121

coleta, foram entrevistados gestores que trabalham cotidianamente no

processo de formação de estratégia de negócio nas empresas pesquisadas.

Com relação aos sujeitos da pesquisa, tanto na pequena empresa, quanto na

média empresa, a gestora administrativa geral foi quem participou da

entrevista. No caso da grande empresa, a entrevista foi realizada com a

gestora de rede de inovação e tecnologia de produtos. Todas as entrevistas

foram agendadas previamente, conforme a disponibilidade das entrevistadas e,

tanto na pequena, quanto na média empresa, a entrevista foi realizada dentro

do ambiente empresarial das entrevistadas. No caso da pequena empresa,

primeiro foi realizada visita em cada departamento, e depois foi realizada a

entrevista. A visita foi realizada da seguinte forma: teve início na área de

estocagem, armazenagem, expedição, em seguida, nas áreas de produção,

passando para o departamento administrativo-contábil, fiscal e, de recursos

humanos, e por último, a área de marketing.

Após acordo com a gestora administrativa geral da pequena empresa, para a

realização das entrevistas foi possível fazer uso do gravador de áudio, por meio

de um gravador profissional.

Na média empresa de cosméticos, a entrevista realizada com a gestora

administrativa geral ocorreu também após visita na empresa e também foi

autorizado uso de gravador. O tempo de duração das entrevistas foi de

aproximadamente 2 horas com cada uma das participantes.

No caso da grande empresa, por motivo de agenda de projetos muito apertada,

envolvendo inclusive viagens por parte da gestora, não foi possível que a

entrevista fosse realizada na grande empresa, então foi sugerido à gestora o

uso do e-mail e do telefone para a realização da coleta de dados, o que foi

aceito e agendado com antecedência junto à gestora e sua secretária.

Com a aplicação da entrevista, buscou-se obter conhecimentos acerca dos

requisitos que devem estar presentes no processo de formação de estratégia

Page 123: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

122

do negócio para que ela possa ser considerada como baseada na

aprendizagem e inovação.

4.4.2 DOCUMENTOS

O uso de documentos como fonte alternativa de dados foi importante para

diagnosticar informações-chave que pudessem complementar e/ou completar

e/ou confirmar os dados coletados por meio da entrevista semiestruturada e da

observação direta. De acordo com Yin (2005), para os estudos de caso, os

documentos corroboram com as evidências coletadas em outras fontes.

Nos documentos, foram analisadas informações, tais como: políticas de

treinamento e desenvolvimento de pessoas; formas de comunicação e

interação entre os diferentes níveis hierárquicos; tipos de tecnologias capazes

de integrar as comunicações e/ou de aproveitar dos conhecimentos individuais;

histórico de inovações, e relatórios de desempenho.

Por questão de sigilo das informações, todos os dados coletados em

documentos não foram divulgados em forma de Anexo neste estudo.

4.4.3 OBSERVAÇÃO DIRETA

A realização de visitas ao local escolhido para o estudo de caso cria a

oportunidade para se fazer observações diretas (YIN, 2005). Neste sentido,

buscou-se aproveitar da observação feita, diretamente nos ambientes das

empresas investigadas (pequena e média), a respeito dos seguintes itens:

I- Formas de organização de trabalho (individuais, e em grupo);

II- Formas de comunicação (informais e formais);

III- Tipos de layout;

IV- Tipos de sistemas de informação (avisos, Quadros, painéis, iluminação);

V- Tipos de tecnologias (máquinas, equipamentos, softwares),

Page 124: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

123

VI.-.Aspectos estruturais formais, como, por exemplo:

centralização/descentralização; amplitude de controle; ambiente de descanso

(se houver); processos; cargos e funções (crachás); tarefas; normas,

procedimentos e rotinas; além de Quadros de avisos e alertas informativos.

VII - Aspectos estruturais informais, como, por exemplo: lideranças, linguagens

(exemplo: códigos); interações entre as pessoas que trabalham num mesmo

setor; valores e clima organizacional.

Na observação direta, procurou-se observar, desde as falas dos participantes

organizacionais (diretores e gestores) durante a entrevista e a visita nos

departamentos, até mesmo os tipos de layout e as formas de organização de

materiais, e dos trabalhos em equipe. O foco foi identificar os objetivos de

desempenho arraigados e compartilhados durante a rotina dos funcionários

(por exemplo: sobre a segurança, a qualidade ou o ritmo do fluxo dos

processos) e, a unidade de direção.

4.5 PLANEJAMENTO DO PRÉ-TESTE DO INSTRUMENTO DE COLETA

Antes da realização da coleta de dados junto às gestoras das empresas,

direcionou-se o instrumento de coleta de dados a um grupo de seis

especialistas, o instrumento, com perguntas abertas, para pré-teste ou análise

de viabilidade, com um roteiro de tópicos, contendo os conteúdos

(“informações gerais”) que deveriam ser avaliados (Apêndice B). Ao todo,

foram nove tópicos, os primeiros, relativos ao modelo conceitual proposto e, o

último, dedicado a qualquer informação relevante na visão dos próprios

especialistas, ao lerem e analisarem a entrevista semiestruturada.

Esta etapa da pesquisa junto aos especialistas é fundamental, pois o

instrumento de coleta pode sofrer avaliações e revisões a partir das

contribuições apontadas sobre o instrumento.

Cada especialista teve um período de até quinze dias para a realização do pré-

teste do instrumento de coleta. Dos seis profissionais, quatro deram retorno.

Page 125: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

124

4.5.1 PRÉ-TESTE DE VIABILIDADE DOS INSTRUMENTOS DE COLETA

A fase de pré-teste teve como finalidade avaliar a viabilidade e a confiabilidade

de todo o conteúdo do instrumento de coleta. Para a realização do pré-teste, os

quatro especialistas, que retornaram neste processo, fizeram uso de (9) nove

temas centrais de análise (Apêndice B), sendo oito deles vinculados ao modelo

de formação de estratégia de negócio, e o último tema, livre para os

especialistas sugerirem ou realizarem considerações à vontade.

A esse respeito, obteve-se que, dos quatro especialistas que deram retorno,

apenas um manifestou que sentia a necessidade de conhecer os conceitos

assumidos sobre as cinco etapas do modelo proposto (explicitados na Figura e

na matriz que seguiram juntamente com o instrumento de coleta para

avaliação). Os outros três consideraram o instrumento viável, de forma geral,

para a verificação da aderência prática do modelo nas empresas.

O segundo ponto, solicitado aos especialistas para a avaliação, diz respeito ao

alinhamento das questões ao modelo proposto. A esse respeito obteve-se

novamente, que três especialistas consideraram as questões alinhadas, e um

afirmou que necessitava conhecer os conceitos assumidos no modelo proposto

para que fosse possível responder.

O terceiro ponto aborda a adequação da linguagem aos gestores. Três, dos

quatro especialistas, consideraram a linguagem adequada, ou boa, ou que

entendeu perfeitamente. Um especialista apontou duas dúvidas com relação a

dois termos e fez sugestão, mas no geral entendeu que a linguagem está

acessível aos gestores.

O quarto ponto aborda se há ou não a possibilidade de obtenção, a partir do

instrumento, das informações sobre o processo de formação de estratégia de

negócio das organizações. Todos especialistas afirmaram que está adequado.

O quinto ponto de análise refere-se ao levantamento de informações, a partir

do instrumento, sobre a relação da empresa com o ambiente externo e a

competição no mercado. Todos afirmaram estar adequado, sendo que um

Page 126: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

125

propôs que seja feita a aplicação do instrumento nas empresas, pessoalmente,

por parte da pesquisadora.

O sexto ponto de análise diz respeito ao alcance de informações a partir do

instrumento, no que diz respeito à cultura de aprendizagem organizacional e de

inovação das empresas pesquisadas. Todos concordaram de que o

instrumento está adequado com relação a este ponto, sendo que novamente foi

reforçado que o ideal é a pesquisadora realizar a coleta pessoalmente.

Com relação ao sétimo ponto de análise, que trata das informações sobre os

perfis gerenciais (nível intermediário), um especialista afirmou que deveriam

ser feitas perguntas mais diretas e assertivas, e os outros três de que o

instrumento está adequado.

O oitavo ponto está ligado às formas de comunicação e interação existentes na

organização, e todos afirmaram que o instrumento permite avaliar tal processo.

No nono ponto, de caráter livre, dois dos especialistas fizeram sugestões e dois

afirmaram que o instrumento mostra-se adequado para a verificação prática ou

que não identificou qualquer outro ponto a ser acrescentado ou revisto.

No geral, o instrumento de coleta apresentou-se alinhado ao modelo na visão

dos especialistas. Mas, uma questão foi inserida a mais no roteiro, sobre as

formas de relacionamento com clientes por parte das empresas, que não foi

bem explorado no instrumento e percebido pela pesquisadora quando na fase

de avaliação das perguntas em relação ao modelo proposto.

4.6 ANÁLISE DOS DADOS

A fim de ampliar a legitimidade dos dados coletados, esta pesquisa fez uso da

estratégia de triangulação de dados para que fosse possível a emergência de

novas perspectivas relacionadas ao objeto de estudo. A estratégia de

triangulação de dados abrange o mínimo de três fontes para o levantamento e

o cruzamento dos dados (VERGARA, 2006). Aquelas escolhidas para a

realização desta pesquisa foram à observação direta, a entrevista e a coleta de

Page 127: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

126

documentos nas empresas A (pequena porte) e B (médio porte), e a entrevista,

por telefone e documentos, no caso da empresa C (grande porte).

Dentre as vantagens da estratégia de triangulação de dados, para Vergara

(2006) é uma estratégia de pesquisa denominada multimétodos, que possibilita

explorar ou obter novas perspectivas ou novos conhecimentos.

As informações que foram obtidas por meio da entrevista semiestruturada, da

observação direta e dos documentos, foram analisadas por meio da técnica de

análise de conteúdo, conforme Bardin (1977), que compreende três etapas: a

pré-análise, a exploração do material e o tratamento e a interpretação. Trata-

se, segundo Bardin (1977), de uma técnica que utiliza dados em unidades que

podem ser manipuladas, por exemplo, fazendo-se uso de temas, que são

recortes baseados no referencial teórico.

A análise de conteúdo é uma técnica aplicada em transcrições de entrevistas e

em documentos institucionais, e implica na categorização, seja em uma análise

qualitativa ou quantitativa (BARDIN, 1977).

Seguindo-se as orientações de Bardin (1977), primeiro foi feita a seleção do

material (dados e informações coletadas). Em seguida, foi realizada a

exploração do material e a identificação dos temas de análise. Por fim, partiu-

se para o tratamento dos dados e a interpretação, fase em que são geradas as

inferências e os resultados, em que pode ou não haver confirmação de

suposições (BARDIN, 1977).

De acordo com Bardin (1997), a análise de conteúdo visa compreender o

ambiente do jogo num determinado momento e é uma técnica que (1977, p.

38), “[...] procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais

se debruça”, o que possibilita concluir sobre a importância dos critérios

adotados para a escolha dos sujeitos da pesquisa. As pessoas entrevistadas

devem ser aquelas que se encontram diretamente ligadas ao foco de análise

ou que sejam capazes de fornecer informações a respeito dele (BARDIN,

1977).

Page 128: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

127

Para chegar à fase de interpretação dos resultados, este estudo optou por duas

técnicas: a de emparelhamento que, de acordo com Laville e Dione (1999),

associa os resultados ao referencial teórico que foi utilizado, realizando-se a

comparação e, também, a técnica de construção interativa, que possibilita,

conforme Laville e Dione (1999), a construção de uma explicação com base

nas relações entre as categorias de análise.

Em síntese, após a construção do modelo de formação de estratégia de

negócio, do mapa estratégico do modelo e da matriz passo-a-passo do modelo,

elaborou-se a entrevista semiestruturada com base nas características do

modelo proposto, a fim de que as gestoras entrevistadas pudessem responder

as questões abertas, elaboradas no intuito de levantar o máximo possível de

informações sobre as práticas da empresa em termos de formação de

estratégias.

Após toda a revisão da literatura e a transcrição dos dados coletados, iniciou-

se a categorização, ou seja, foram construídas as classes que reúnem

(agrupam) um grupo de elementos sob um título genérico, agrupamento feito a

partir dos caracteres comuns aos elementos (BARDIN, 1977).

Seguindo-se as orientações de Bardin (1977), explorou-se o máximo possível

os elementos presentes nos materiais, e cada um deles foi colocado em

apenas uma categoria de análise. A autora recomenda objetividade na escolha

dos elementos, buscando-se aquilo que é significativo a partir da análise da

frequência dos elementos comentados, até se chegar à escolha das palavras-

chave ou dos termos.

Tendo-se em vista o objetivo desta pesquisa, o de propor um modelo de

formação de estratégia de negócio, a partir da integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação, optou-se em verificar, na prática das

empresas industriais de cosméticos, o “como” as estratégias se formam. Isso

exigiu verificar o máximo possível de informações a respeito do ambiente

interno das empresas, para se chegar à captura de conhecimentos relevantes

Page 129: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

128

sobre as interações entre as pessoas dos diferentes departamentos, assim

como, a interação dessas pessoas com seus fornecedores e clientes.

Além do ambiente interno e das formas de interação, foi feita a investigação a

respeito dos seguintes conteúdos nos documentos: missão, valores, visão,

objetivos, metas, estratégias funcionais, desenvolvimento de novos

produtos/serviços; práticas de gestão de recursos humanos,

operações/produção, marketing e finanças, logística, além das formas de

controle das informações advindas de clientes e parceiros do negócio, e de

feedback ao mercado. A consulta em sites de fontes secundárias sobre as

empresas foi realizada para obter conhecimentos gerais de cada empresa.

Page 130: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

129

5 PROPOSTA DE MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

Nos capítulos anteriores, foram apresentados a abordagem do problema, os

objetivos, o referencial teórico e metodológico da pesquisa. O foco deste

capítulo é a proposta de um modelo de formação de estratégia de negócio.

5.1 BASE TEÓRICA QUE SERVIU DE ALICERCE AO MODELO

De acordo com os referenciais teóricos citados até agora, pode-se considerar

que a formação de estratégia de negócio está diretamente relacionada à

aprendizagem organizacional e à capacidade de inovação da empresa. Para

que se chegue a um modelo conceitual que agregue as temáticas da

aprendizagem organizacional e da gestão da inovação ao processo de

formação de estratégica de negócio, são utilizadas algumas bases teóricas

sintetizadas no Quadro 27:

REFERÊNCIAIS TEÓRICOS Autores

A estratégia é um processo de aprendizagem individual e coletivo, um processo que espelha a intercorrelação de suas etapas de análise, formulação e implantação, envolvendo a interação dos níveis hierárquicos.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A formação de estratégia sustenta-se em dois pilares, deliberado e emergente. A estratégia deliberada (planejada) possibilita o controle e a estratégia emergente (que surge a partir da solução de problemas e é percebida conforme vai se desenvolvendo) possibilita o desenvolvimento da aprendizagem estratégica.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000); Mintzberg e Waters (1985)

A estratégia é formada de dentro para fora, a partir da ênfase na capacidade que uma organização tem de aprender, sendo este o conceito de aprendizado estratégico. Para se conseguir chegar ao aprendizado estratégico é necessário, um ajuste entre os recursos humanos e suas aspirações, e a concentração dos recursos em torno de um foco estratégico.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000); Prahalad e Hamel (1988)

Não deve haver separação entre aquele que pensa e formula a estratégia daquele que executa, assim, a estratégia deverá ser formada dentro de uma perspectiva integradora (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

O aprendizado procede de forma emergente (escola de aprendizado), seja do ambiente interno ou externo, seja de cima para baixo na hierarquia da estrutura organizacional ou debaixo para cima (top down ou botton up) (escola de aprendizado).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

A estratégia é um processo de transformação (escola de configuração). Determinada configuração influencia a formação

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

Page 131: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

130

de estratégia, e a estratégia formada pode influenciar e modificar a configuração.

O processo de aprendizagem organizacional envolve tanto a elaboração de novos mapas cognitivos que possibilitam uma melhor compreensão acerca do que está ocorrendo em seu ambiente interno e externo, quanto à definição de novos comportamentos que comprovam a efetividade do aprendizado.

Fleury e Fleury (2011)

A capacidade dinâmica é desenvolvida por meio do aprendizado estratégico que surge de dentro para fora, da capacidade que uma organização tem para aprender.

Prahalad e Hamel (1988)

A integração das pessoas depende da interação com trocas de conhecimentos. O diálogo leva a interação, e a interação conduz ao pensar em conjunto, à visão compartilhada e a consequente aprendizagem em equipe.

Senge (2000)

O processo de aprendizagem deve possuir um caráter sistêmico e não focado apenas em uma unidade ou departamento da empresa, mas deve ir além das portas da empresa, a partir das interações com os stakholders. Assume-se que para se chegar a aprendizagem é preciso observar e gerenciar períodos de instabilidade e de estabilidade ou irregularidade e regularidade nos ambientes (impulso das capacidades dinâmicas).

Fleury e Fleury (2011); Senge (2000); Prahalad e Hamel (1988)

A aprendizagem do pensamento sistêmico leva ao consequente esclarecimento dos padrões estabelecidos, e à capacidade de modificar esses padrões.

Senge (2000)

O conceito de inovação está vinculado ao conceito de aprendizagem organizacional.

Nonaka e Takeuchi (1997); Fleury e Fleury (2011); Senge (1998); OCDE (2005); Kaplan e Norton (2009); Isidro Filho e Guimarães (2010); Caldeira; Godoy (2012).

A inovação necessita ser gerenciada de forma integrada; não basta gerenciar ou desenvolver habilidades em apenas algumas dessas áreas, é preciso unir inovação à sua estratégia gerencial.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Senge (2000)

A gestão de uma organização que aprende e inova, deve ter visão sistêmica e o uso e o desenvolvimento de conhecimentos devem ser objetivados e associados à estratégia competitiva.

Fleury e Fleury (2011)

A organização deve ter uma estrutura adequada à cultura de inovação

Tidd, Bessant e Pavitt (2008) Kaplan e Norton (1997)

O papel da liderança é de gerenciar o processo de aprendizagem e não mais o de conceber a estratégia.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000)

Formação e execução da estratégia é um processo integrado que envolve as pessoas de todos os níveis da organização.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) Kaplan e Norton (2009)

Os processos de formulação e implementação transformam-se em um processo contínuo de aprendizagem por meio do qual surgem estratégias criativas.

Mintzberg (1987)

QUADRO 24 – BASE TEÓRICA QUE ALICERÇA O MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Estas bases teóricas, amplamente abordadas no referencial teórico, são

destacadas na síntese conceitual (Capítulo 3), e confirmam que a formação de

Page 132: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

131

estratégia de negócio engloba/abarca a aprendizagem organizacional e a

gestão da inovação, e é resultado de um processo coletivo de interação das

capacidades organizacionais e o ambiente. O modelo de formação de

estratégia de negócio, que é apresentado a seguir, baseia-se na integração da

aprendizagem organizacional com a gestão da inovação.

5.2 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

Das bases teóricas desta tese, constituídas ou edificadas nas temáticas da

estratégia, formação de estratégia, aprendizagem organizacional e gestão da

inovação, formata-se a proposta de modelo de formação de estratégia de

negócio com base na integração da aprendizagem organizacional com a

gestão da inovação. Este modelo é formado por 5 (cinco) etapas encadeadas

de acordo com a Figura 24.

FIGURA 24 – PROPOSTA DE MODELO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

ES

TR

AT

ÉG

IA D

E N

EG

ÓC

IOS

AL

INH

AM

EN

TO

DA

ES

TR

AT

ÉG

IA

GE

ST

ÃO

DA

INO

VA

ÇÃ

O

AP

RE

ND

IZA

GE

M O

RG

AN

IZA

CIO

NA

L

AN

ÁL

ISE

DO

AM

BIE

NT

E E

XT

ER

NO

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

Testar e adaptar a estratégia

Page 133: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

132

Este modelo propõe que a estratégia de negócio se forma artesanalmente em

decorrência das ações que se vão desencadeando no dia a dia da

organização, com base na interação das capacidades organizacionais com o

ambiente externo, em um fluxo contínuo, facilitado pelos gerentes de nível

intermediário, no caso das médias e grandes empresas e os empresários, nas

pequenas empresas.

De acordo com Kaplan e Norton (2000), a prática da gestão da inovação torna-

se determinante na formação de estratégias, na medida em que possibilita um

contexto organizacional para a inovação ocorrer, com uma cultura voltada para

o aprendizado constante e uma estrutura organizacional com mecanismos que

integrem e facilitem a coordenação dos recursos tangíveis e intangíveis.

Kaplan e Norton (2009) reafirmaram 5 princípios direcionadores de um sistema

eficiente de gestão estratégica, na avaliação deles, destacando-se um deles

que envolve a motivação e o alinhamento dos funcionários, reformulando

alguns sistemas-chave de recursos humanos, o que leva a um indício de se

buscar uma estrutura que gere competências, participação, capacitação,

aprendizado continuado. Isto é reforçado por outro princípio no qual Kaplan e

Norton (2009) afirmam que é preciso tornar a estratégia um processo contínuo.

Importa destacar que o modelo conceitual deste estudo é integrado com etapas

que interagem entre si e que, de acordo com o desenvolvimento de uma etapa

pode haver a necessidade de se retornar às anteriores, ao mesmo tempo em

que uma etapa influencia e é influenciada pelas demais.

As etapas deste modelo possuem vários elementos, que envolvem os temas

que alicerçam a tese (estratégia, formação de estratégia, aprendizagem

organizacional e gestão da inovação); assim, para compreensão de cada etapa

a seguir, mostra-se o detalhamento interno de cada uma e a interação entre

elas.

1ª Etapa – Compartilhamento da missão, valores e visão

Page 134: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

133

A Figura 25 mostra que o compartilhamento da missão, valores e visão (MVV)

da empresa é a primeira etapa do processo de formação de estratégia de

negócio, pois são eles que orientam toda a organização.

FIGURA 25 – DETALHAMENTO DO MODELO – MISSÃO, VALORES E VISÃO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Além de orientar toda a organização, o compartilhamento da missão, valores e

visão (MVV) também orienta as estratégias de negócio. Por isso precisam ser

compreendidos para gerar unicidade e comprometimento dos colaboradores.

A primeira etapa do modelo é a fase descritiva do direcionamento institucional

da empresa visando à compreensão e compartilhamento da missão, valores e

visão por todas as pessoas na empresa, uma vez que são as pessoas que

formam, implementam e executam a estratégia de negócio.

De acordo com a Figura 25, a declaração de missão informa aos gestores e

colaboradores o sentido geral da empresa no mercado (KAPLAN, NORTON,

2009). A declaração dos valores, que são o alicerce da cultura da empresa, é o

Sustentam e orientam o processo de formação de estratégia

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

MISSÃO

Informa os gestores e colaboradores sobre a meta geral a a se perseguir

VALORESFormam o alicerce da cultura da empresa

VISÃODefine as metas que a empresa quer perseguir

Testar e adaptar a estratégia

E

ST

RA

GIA

DE

NE

CIO

S

Page 135: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

134

que torna possível orientar as atitudes e os comportamentos que a empresa

quer seguir; e a declaração da visão define as metas que a empresa quer

perseguir no médio e no longo prazo. Por isso, MVV devem ser conhecidos e

compartilhados de forma integrada pelos colaboradores de todos os níveis da

organização, de maneira que sejam tão sólidos e eficazes quanto a estratégia

do negócio que está sendo formada.

Nesta linha, afirmam Piovezan, Laurindo e Carvalho (2008) que, no processo

de formação da estratégia, é importante que exista unicidade de conhecimento

e compreensão da missão, valores e visão da organização, e que os objetivos

sejam claramente definidos, para que todos os colaboradores da organização

estejam integrados.

O compartilhamento da missão, valores e visão reúne as pessoas em torno de

uma identidade e um senso de destino comum na organização. Quando existe

missão, valores e visão compartilhados, as pessoas dão tudo de si e

aprendem, não porque são obrigadas, mas porque querem, impulsionando a

organização (SENGE, 1998). Neste sentido, Kaplan e Norton (2009, p. 110)

afirmam que, antes de formar uma estratégia,

[...] é fundamental que os gestores concordem quanto à finalidade

(missão) da empresa, a bússola interna que guiará suas ações

(valores) e sua aspiração para resultados futuros (visão). A missão e

os valores da organização normalmente permanecem estáveis ao

longo do tempo. A visão, embora não tão estável quanto à missão e

os valores, frequentemente é constante durante o plano estratégico

[...] na empresa.

Portanto, fica claro que, na etapa inicial do processo de formação de estratégia

de negócio, o compartilhamento da missão, valores e visão da organização é

fundamental. Isso, porque, é preciso que os colaboradores, em todos os níveis

da organização, tomem conhecimento do negócio, cultura, objetivos, produtos

e serviços que a empresa oferece aos clientes, bem como da filosofia e

particularidades que a empresa valoriza e defende.

Page 136: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

135

A visão compartilhada da missão, visão e valores resulta em maior unicidade

de direção estratégica e comprometimento dos colaboradores com a

organização e suas estratégias.

Neste sentido, vale mencionar que o gestor no nível médio, nas grandes e nas

médias empresas, e o empresário, nas pequenas, exercem o papel de

facilitador da construção da visão compartilhada do direcionamento institucional

que orienta a formação de estratégia de negócio.

Embora não exista consenso sobre a melhor forma de compartilhamento da

MVV em uma organização, é certo que, para ocorrer unicidade no

direcionamento institucional entre todos os níveis, é fundamental existir um

desenho organizacional flexível na empresa, interação entre os níveis e

sistemas de comunicação com linguagem comum entre as pessoas que atuam

na organização.

Estas características também são condições para ocorrer a conexão com a

segunda etapa do modelo proposto neste trabalho – a análise do ambiente

externo – pois, para a formação de uma estratégia de negócio, além de

compartilhar o direcionamento institucional da empresa, é importante buscar

informações do ambiente externo em que ela compete, e compartilhar tais

informações com as pessoas que formam a estratégia, para que haja

alinhamento entre as capacidades internas da organização, que, neste estudo,

compreendem a aprendizagem organizacional e a gestão da inovação.

2ª Etapa - Análise do ambiente externo

A segunda etapa no modelo é a análise do ambiente externo, pois, se entende

que para formar uma estratégia de negócio competitiva a empresa deve buscar

no ambiente, informações sobre o mercado, concorrência, fornecedores,

clientes, identificando oportunidades e ameaças que poderão afetar a

estratégia e alinhar às suas capacidades internas. Portanto, é num processo de

continua interação entre ambiente, aprendizagem organizacional e gestão da

inovação que a estratégia de negócio se forma (Figura 26).

Page 137: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

136

„‟

FIGURA 26 – DETALHAMENTO DO MODELO – ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Segundo Piovezan, Laurindo e Carvalho (2008), o que se busca com a

formação da estratégia de negócios é a adequação das capacidades da

empresa ao ambiente em que ela está inserida, de forma que a empresa seja

mais competitiva perante seus concorrentes. Por isso, a importância de se

encadear a análise do ambiente externo como segunda etapa do modelo de

formação de estratégia de negócio proposto neste estudo.

Neste sentindo, afirma Silveira (2006) que organizações estão em contínua

interação com seu ambiente, de onde importam os recursos para suas

atividades e exportam os seus produtos. Uma vez que as características do

ambiente de atuação dessas organizações mudam de forma rápida e

continuamente, é fundamental que sejam monitoradas de forma contínua.

Cap

acid

ad

es d

a o

rga

niz

ação

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

Testar e adaptar a estratégia

Conhecimento do ambiente externo

Posicionamento, concorrência,

oportunidades, ameaças

Onde estamos? Quem são os

concorrentes? O que estão fazendo? O que

estamos fazendo?

Quais os fornecedores?

Quem são os clientes potenciais? Quais

suas necessidades e exigências?

Ino

va

çã

o A

pre

nd

izag

e

m

E

ST

RA

GIA

DE

NE

CIO

S

AN

ÁL

ISE

DO

AM

BIE

NT

E E

XT

ER

NO

Fraquezas Forças

Fraquezas Forças

Page 138: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

137

De acordo com Vilha (2013), a análise do ambiente externo é relevante em

todo o processo de formação de estratégia, uma vez que se vive uma era de

incertezas e de mudanças rápidas dos agentes e dos mercados. Esta dinâmica

do ambiente e velocidade das informações exige das empresas monitoramento

contínuo do ambiente externo. Conhecer, avaliar e responder rapidamente ao

mercado é questão de sobrevivência, determinante para qualquer tipo de

empresa, independente da sua dimensão.

Também, destacam Mintzberg e Quinn (2001) que, como a formação de

estratégia é realizada com foco no futuro, é importante estar a par dos

aspectos relativos ao ambiente, que são suscetíveis ao tipo de mudanças que

afetará as empresas no futuro.

Por meio da análise do ambiente externo é que a empresa conhece seus

concorrentes, fornecedores, clientes identificando as oportunidades e ameaças,

sendo estes aspectos importantes no processo de formação de estratégia de

negócio competitiva e alinhada ao mercado em que a empresa se insere.

Nesse sentido, afirma Vilha (2013) que é fundamental intensificar a troca de

informações e parcerias com os diversos atores que interagem com a empresa

no ambiente, como é o caso dos fornecedores, de modo a intensificar as

relações de troca, a aprendizagem e as especializações existentes.

Hoje, os fornecedores se apresentam como aliados da organização que

atendem. Contudo, este comportamento a montante da rede de operações da

empresa depende de saber buscar interagir com fornecedores a partir de uma

perspectiva focada naquilo que se pretende atingir no médio e no longo prazo.

Dessa maneira, a empresa deve ter uma política de fornecedores clara, capaz

de atrair e reter aqueles que agreguem valor ao negócio. Ao mesmo tempo, de

forma recíproca, buscar agregar valor junto aos fornecedores. Toda essa

interação com fornecedores possibilita o surgimento de estratégias criativas,

visto que o relacionamento com foco claro naquilo que se deseja alcançar,

desenvolve valor de forma recíproca, possibilita espaço para maior criatividade

e inovação, sem perder o controle das ações.

Page 139: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

138

Além disso, a empresa deve fazer valer um sistema de Customer Relationship

Management (CRM) ou Gestão de Relacionamento com o Cliente, com

atenção especial ao: perfil do cliente atual, contatos, hábitos de compra, quais

as necessidades, preferências, o quê valorizam, nível de satisfação, quais suas

expectativas, identificar novos clientes e como a empresa poderá atendê-los de

tal forma que passem a realizar pedidos com a empresa e não com os

concorrentes.

Segundo Thompson (2001), a utilização do CRM possibilita a gestão da relação

com o cliente, o mapeamento dos clientes de maior valor para a empresa, a

identificação dos clientes com maior potencial de investimento e construção de

relacionamentos bem sucedidos em longo prazo. Para isso, é preciso

aproveitar todas as interações que a empresa tem com o seu cliente para

captar dados e transformá-los em informações que possam ser disseminadas

pela empresa, permitindo que todos os setores vejam o cliente da mesma

forma construindo uma cultura organizacional centrada no cliente, atingindo

todos os níveis da organização (CARLZON, 1994).

Ainda, em toda a etapa de análise do ambiente, é importante sistemas de

comunicação eficientes e envolvimento de colaboradores de todos os níveis

organizacionais, o que assegura o alinhamento interno das informações e

facilita a sua utilização de processo de formação da estratégia. E ainda, a

participação dos gestores de nível médio da organização, uma vez que, eles

são facilitadores de informações na área que atuam, com foco na estratégia

que se forma.

A compreensão e o engajamento de todos são fundamentais, haja vista que a

formação de estratégia não pode ser um processo mecânico, em que se vê

ausência de conexão íntima entre pensamento e ação por parte de cada

pessoa dentro da empresa com cada atividade desenvolvida. Ao contrário,

deve existir envolvimento e sentimento de intimidade com cada operação e

rotina na empresa, por isso a importância da interação e comunicação entre os

colaboradores de todos os setores e níveis. Mas, para que o processo

mecânico dê lugar ao processo artesanal de formar a estratégia de negócio,

Page 140: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

139

destaca-se a necessidade de saber aprender e aprender a aprender, em um

espaço empresarial de inovação, com troca de ideias junto a fornecedores e

clientes e entre os diferentes tomadores de decisão e suas equipes de

trabalho.

Assim, o modelo proposto neste trabalho considera que, além de analisar as

oportunidades e ameaças do ambiente externo, a empresa precisa conhecer

suas capacidades internas, identificando suas principais forças e fraquezas

para formar uma estratégia de negócio realista e em sintonia com a missão,

visão, valores e o mercado em que a empresa atua. Neste sentido, é que a

terceira e a quarta etapa deste modelo consideram o ambiente interno da

empresa, compreendendo respectivamente, que a aprendizagem

organizacional e a gestão da inovação são consideradas aqui como as

capacidades internas da empresa essenciais à formação de estratégia de

negócio.

Vale mencionar que, para analisar o ambiente externo e as capacidades

internas, a empresa pode usar variadas ferramentas, como a Análise SWOT1,

que ajuda a dar clareza ao negócio, possibilitando a identificação dos pontos

fortes a explorar e dos pontos fracos a trabalhar na gestão da empresa, bem

como das oportunidades e ameaças do cenário em que a empresa está

inserida, ajudando a orientar organização no processo de formação da

estratégia. Também são relevantes pesquisas, análises do setor que a

empresa está inserida e brainstorming entre os gestores e colaboradores.

3ª Etapa – Aprendizagem Organizacional

Após alcançar unicidade em torno da missão, valores e visão por todos os

colaboradores e compreensão do ambiente no qual está inserida, a empresa

deve olhar suas capacidades organizacionais, ingressando na terceira etapa do

modelo de formação de estratégia, que é a aprendizagem organizacional.

Como propõe a Figura 27, a ideia de aprendizagem organizacional é creditada

1 SWOT: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e

Threats (Ameaças).

Page 141: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

140

a um processo interativo, em que a aprendizagem individual é transferida à

equipe, e vice-versa, os conhecimentos individuais e da equipe são

compartilhados criando aprendizagem organizacional de forma integrada aos

processos do negócio. Assim, aprendizagem organizacional é gerada a partir

da interação entre os componentes da organização, provocando mudanças

organizacionais e inovações, promovendo melhorias e novas competências. E,

como é um processo que está sempre em movimento, novas aprendizagens

individual e coletiva surgem a todo momento, e resultante da própria inovação.

Para Antonello (2005), a aprendizagem organizacional facilita as mudanças a

fim de permitir que as organizações obtenham posição de liderança no cenário

competitivo. A aprendizagem organizacional resulta nas competências

essenciais da organização, especialmente coordenação das diversas

habilidades de produção e na integração de múltiplas tecnologias (PRAHALAD;

HAMEL, 1990).

FIGURA 27 – DETALHAMENTO DO MODELO – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Testar e adaptar a estratégia

ES

TR

AT

ÉG

IA D

E N

EG

ÓC

IOS

AP

RE

ND

IZA

GE

M O

RG

AN

IZA

CIO

NA

L

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

AN

ÁLIS

E D

O A

MB

IEN

TE

EX

TE

RN

O

COMPETÊNCIAS

DA EMPRESA

Aprendizagem individual

Aprendizagem em equipe

Aprendizagem organizacional

Inovações

Transferência

Compartilhamento

Conhecimentos

Mudanças

Melhorias

Page 142: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

141

Crossan, Lane e White (1999) entendem que a aprendizagem organizacional é

um processo dinâmico, que ocorre ao longo do tempo e entre os fluxos de

ações do indivíduo ao grupo e vice versa, nos diferentes níveis de organização.

Vale lembrar que a aprendizagem individual é um processo cognitivo mental, e

a aprendizagem organizacional um processo social (LIPSHITZ; FRIEDMAN;

POPPER, 2007), que se movimenta com a interação das aprendizagens

individuais e das equipes, visto que a organização, para aprender, tem de criar

um ambiente que facilite o desenvolvimento da aprendizagem, com uma

cultura, valores, visão, políticas e rotinas sensíveis à mudança e à interação de

seus colaboradores.

Conforme a Figura 27, aprendizagem organizacional resulta de um processo

interativo das pessoas e equipes. Ao mesmo tempo, o que já foi aprendido

volta do nível organizacional para os níveis individual e grupal, e gera

inovações, à medida que a aprendizagem modifica a maneira como as pessoas

pensam e agem. Neste sentido, Edquist (2001) afirma que a aprendizagem é

pré-requisito para os processos de inovação. Mas, para que ocorra a

aprendizagem organizacional, é necessário que a organização apresente “[...] a

capacidade de disseminar e favorecer o compartilhamento de estruturas

cognitivas e de modelos interpretativos e, por conseguinte, seja capaz de criar

uma unidade de significado mais ou menos comum dos eventos”. Neste

contexto, ressalta-se “[...] a relevância da criação de mecanismos que

favoreçam as trocas entre pessoas e grupos, pois somente desse modo a

aprendizagem individual poderá ser compartilhada coletivamente” (NUNES;

ELLER; BISPO, 2013, p.475).

Senge (1998) concebe a aprendizagem organizacional como um processo

contínuo que promove melhorias organizacionais e é alicerçado em cinco

disciplinas:

1) Domínio pessoal - representa um nível especial de proficiência dos

colaboradores da organização; são as pessoas que conseguem concretizar os

resultados mais importantes para a organização e fazem isso se

comprometendo com seu próprio aprendizado;

Page 143: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

142

2) Modelos mentais – que concebe os pressupostos profundamente arraigados

que influenciam a forma das pessoas verem o mundo e de agirem;

3) Visão compartilhada - destaca a necessidade de a organização conseguir

reunir as pessoas em torno de uma identidade e de um senso de destino

comuns;

4) Aprendizagem em equipe – começa pelo diálogo a capacidade dos membros

de deixarem de lado as ideias preconcebidas e participarem de um verdadeiro

pensar coletivo. Esta disciplina é vital, pois as equipes são a unidade de

aprendizagem fundamental nas organizações modernas e, se as equipes não

tiverem capacidade de aprender, a organização não a terá.

5) Pensamento sistêmico - é responsável por integrar as outras disciplinas,

fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática.

A respeito dessa visão, Idenburg (1993) afirma que, na prática organizacional,

os modelos mentais dos gestores, os quais gerem os processos de formação

de estratégia, geralmente não refletem a complexidade do cenário atual. Por

isso, o processo orientado de aprendizado organizacional busca introduzir a

estes modelos mentais a realidade em um processo aquisição conjunta de

novos "insights" gerando domínio pessoal e a visão compartilhada de novos

conhecimentos. Para se chegar ao pensamento sistêmico, é preciso aprender a

analisar continuamente os modelos mentais que se tem, ou seja, as imagens

mentais que são carregadas e que influenciam a forma das pessoas verem o

mundo. As disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, construção da visão

compartilhada e aprendizagem em equipe são aprendidas a partir da

capacidade de saber analisar as inter-relações entre as disciplinas. Essa

capacidade é chamada de pensamento sistêmico. Se aprendida a disciplina do

aprendizado sistêmico, se chega à integração das pessoas.

Assim, as organizações que aprendem são aquelas que expandem

continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam,

nas quais se estimulam padrões de pensamento novos e abrangentes,

Page 144: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

143

proporcionam um ambiente propício à ampliação da capacidade de inovar para

atingir os resultados desejados, a aspiração coletiva ganha liberdade e as

pessoas aprendem continuamente a aprender juntas (SENGE, 1998).

Do mesmo modo, afirmam Dutra e Oliveira (2007) que as organizações, de um

modo geral, aprendem quando descobrem novas maneiras de fazer as coisas

que já praticavam tendo como base as experiências cotidianas realizadas,

elaboram treinamentos, seminários e palestras em prol das mudanças e,

sobretudo, por meio da aprendizagem de seus membros.

Nesta linha, consideram-se necessárias algumas características para que a

aprendizagem organizacional se consolide como prática do dia a dia da

empresa; são elas: compartilhamento da missão, visão, valores da empresa;

desenho organizacional flexível possibilitando a interação entre as áreas;

comunicação aberta; abertura à troca de ideias; programas de treinamentos;

acesso às informações internas e externas em todos os níveis e

comprometimento da liderança.

Neste último aspecto, vale ressaltar o papel dos gerentes de nível

intermediário, que podem estimular a aprendizagem e a inovação com postura

ativa às novas ideias e encorajamento aos questionamentos. Para estimular à

aprendizagem organizacional a empresa pode instituir mecanismos para

divulgar as informações, como reuniões periódicas; realização da adequação

do layout para facilitar a interação dos colaboradores e equipes; brainstorming

para discutir projetos e problemas coletivamente; criar espaços para bate-papo

das equipes e gestores, dentre outras ações.

Importante assinalar que os processos de aprendizagem e inovação

organizacional caminham juntos. Segundo Antonello (2005), em sua essência,

a inovação é um processo no qual são geradas ideias, as quais podem levar à

criação de conhecimento; ao mesmo tempo, o desenvolvimento e aplicação de

conhecimentos constituem aprendizagem.

Page 145: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

144

Para Garvin et al. (1998), um dos focos da aprendizagem organizacional é a

criação de um novo conhecimento e inovação que pode promover mudanças e

melhorias na organização. No mesmo sentido, Pereira e Dathein (2012)

afirmam que o processo de aprendizado organizacional sustenta as inovações,

promovendo o desenvolvimento de competências e capacitações individuais e

coletivas na empresa.

Assim, infere-se que, a partir do momento em que a organização deixa

expressa sua cultura de aprendizagem, amplia, também, a criação de

competências e o compartilhamento de conhecimentos, gerando inovações

capazes de promover mudanças e melhorias organizacionais. A aprendizagem

organizacional facilita o processo criativo para gerar inovação, do mesmo

modo, a inovação gera nova aprendizagem. A formação de estratégia

configura-se, então, como um processo permanente de melhorias contínuas

(IDENBURG, 1993).

Neste sentido, é que a quarta etapa do modelo proposto neste trabalho (Figura

28) coloca a inovação de forma interativa com a aprendizagem, no processo de

formação de estratégia.

A aprendizagem organizacional promove a inovação, ao mesmo tempo em que

a inovação gera nova aprendizagem e, neste processo de interação das

capacidades da empresa com o ambiente em que ela se insere, a estratégia se

forma.

4ª Etapa – Gestão da Inovação

A quarta etapa do modelo, evidenciada na Figura 28 mostra que o start para as

inovações está repleto de conjecturas, podendo surgir a partir de novas ideias

que emergem por meio de insights criativos, transferência de conhecimento de

outro contexto, relações com o ambiente, combinação de ideias existentes

gerando a inovação que pode se tornar um produto, serviço ou processo

acabado, resultando em melhorias e aprendizagens de forma sistêmica.

Page 146: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

145

FIGURA 28 – DETALHAMENTO DO MODELO – GESTÃO DA INOVAÇÃO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Ao mesmo tempo, o que foi aprendido com a inovação afeta a forma como as

pessoas agem, pensam e realimentam o fluxo de inovação da organização. A

inovação apresenta uma oportunidade para as pessoas aprenderem, se

adaptarem e cooperarem para enfrentar as mudanças.

No contexto deste trabalho, a inovação é compreendida como a busca de

novas ideias e práticas que, por meio de ações selecionadas e implementadas,

resultando em processos, produtos, serviços ou uma aprendizagem, geram

Testar e adaptar a estratégia continuamente

E

ST

RA

GIA

DE

NE

CIO

S

GE

ST

ÃO

DA

INO

VA

ÇÃ

O

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

AN

ÁLIS

E D

O A

MB

IEN

TE

EX

TE

RN

O

AP

RE

ND

IZA

GE

M O

RG

AN

IZA

CIO

NA

L

Novas ideias

emergem

Insights

Criativos

Transferência de

conhecimento

Combinação de ideias

existentes

df

df

df

df

Ino

v

ç

õI

n

o

v

a

ç

õ

Inovações

Aprendizagem

Pro

duto

s M

ark

etin

g Processos

Organizacionais

Melhorias

Am

bie

nte

exte

rno

Inte

raçã

o

Page 147: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

146

melhoria para a organização ao longo do tempo. Este conceito está associado

à mudança, resulta da aplicação de informações e habilidades das pessoas

capazes de modificar o que existe, gerando melhorias. Portanto, a partir da

aprendizagem dos colaboradores da empresa, estimula-se a criatividade e

surgem novas ideias que resultam em inovações, e estas, também, conforme

vão sendo criadas e implementadas, geram nova aprendizagem (TIDD;

BESSANT; PAVITT, 2008). Assim, observa-se a estreita relação entre inovação

e aprendizagem no contexto das organizações, à medida que a aprendizagem

organizacional gera inovação e, ao mesmo tempo, a inovação realimenta a

aprendizagem.

Tidd, Bessant e Pavitt (2008) lembram, ainda, que o processo de inovação é

um ciclo contínuo de construção e incorporação de conhecimentos e envolve

busca, seleção e implementação de ideias, numa progressão constante de

aprendizado. Para os autores, processo de inovação nas organizações contém

quatro requisitos principais: estratégia de inovação, estrutura que viabilize o

processo inovativo, contexto organizacional de facilitação à inovação, e

realização e manutenção de parcerias duradouras. Segundo Cabral (2000), a

aprendizagem organizacional, por sua vez, também apoia-se em quatro

requisitos, análogos aos que suportam o processo de inovação: cultura,

estratégia, estrutura e ambiente. Percebe-se, portanto, a relação de interação e

interdependência entre inovação e aprendizagem, assim como propõe este

trabalho.

Neste sentido, vale mencionar que vários autores corroboram que há relação

entre inovação e aprendizagem organizacional, entre eles, Nonaka e Takeuchi

(1997); Senge (1998); OCDE (2005); Tidd, Bessant e Pavitt (2008); Kaplan e

Norton (2009); Isidro Filho e Guimarães (2010); Fleury e Fleury (2011); Salim e

Sulaiman (2011).

Fleury e Fleury (2011) destacam os relatos sobre as experiências do Japão,

Coréia e Brasil no tocante à aprendizagem e inovação organizacional, abordam

as vertentes teóricas que sustentam os principais modelos de aprendizagem

(behaviorista e cognitivo), destacam que o modelo cognitivo lida com

Page 148: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

147

representações e com processamento de informações pelas pessoas,

porquanto tem forte ligação com o processo de formação de estratégia de

negócios.

Nonaka e Takeuchi (1997) explicam que a criação do conhecimento, que existe

a partir da aprendizagem organizacional, fomenta a inovação de modo contínuo

nas organizações. Senge (1998) ressalta que a aprendizagem promove novas

ideias, que quando reproduzidas em escala significativa e confiável são

inovações capazes de promover transformações. Portanto, aprendizagem e

inovação são inter-relacionadas e estão presentes em todos os níveis da

empresa.

Para Fleury e Fleury (2011), a inovação é um conceito entrelaçado na

aprendizagem, é um processo que envolve aprendizagem organizacional à

medida que se auto renova diante da interação entre mercado, tecnologia e

organização. Também, a criatividade e a inovação são centrais ao processo de

aprendizagem. E a aprendizagem organizacional e a inovação podem conduzir

as organizações a posições mais competitivas. A capacidade para inovar

denota em que medida a organização é capaz de criar e adotar novos

conhecimentos de forma contínua.

Salim e Sulaiman (2011) entendem que os novos conhecimentos e habilidades

obtidas pela aprendizagem organizacional aumentam a capacidade de

inovação, melhorando, assim, o nível de competitividade e desempenho das

empresas. Também, a inovação é vista como um processo dinâmico em que o

conhecimento é acumulado por meio do aprendizado (OCDE, 2005).

De acordo com Isidro Filho e Guimarães (2010), conhecimento e aprendizagem

são condições indispensáveis à inovação. A inovação é resultante de

processos de aprendizagem em que conhecimentos relevantes são gerados,

combinados e estruturados em novas soluções, rotinas, processos e

procedimentos organizacionais.

Page 149: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

148

A natureza interativa da aprendizagem e inovação condiciona o desenho das

estratégias de negócio de uma organização (OCDE, 2005). As organizações

sinergizam-se a partir da interação com o ambiente, aprendendo, ensinando e

promovendo inovação, em uma relação de mútua dependência (DIAS JR;

POSSAMAI, 2004). Nesta perspectiva, Pereira e Oening (2007) afirmam que a

estratégia é um processo que vai se formando pela aprendizagem sobre o

ambiente, inovação, capacidades internas da organização e pela forma como

se estabelece a relação entre esses eixos, assim, como pode ser percebido na

Figura 29.

FIGURA 29 - INTEGRAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM E INOVAÇÃO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Ambiente

Individual

Coletiva

Mudança do modelo mental

Entrada da

Informação

Criatividade

Mudanças

Gestã

o d

a In

ovação

Ap

ren

diz

ag

em

Org

an

izacio

nal Novas Ideias Organizacional

Inovação de Processos

Inovação de Marketing

Inovação Organizacional

Inovação de Proddutos

ESTRATÉGIA

DE NEGÓCIO

Vantagem competitiva

Interação entre as capacidades

Page 150: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

149

A Figura 29 mostra que aprendizagem organizacional e a gestão da inovação

estão conjugadas, interagindo entre si no processo de formação da estratégia

de negócio. Em relação à aprendizagem, a figura explicita que a informação do

ambiente é processada pelo indivíduo, suscitando mudança em seu modelo

mental. A aprendizagem individual, compartilhada coletivamente gera

aprendizagem organizacional, a qual produz mudança no plano individual e

organizacional, incitando a criatividade, que marca o momento de interseção da

aprendizagem e inovação. A criatividade faz emergir novas ideias que

promovem inovação (processos, produtos, organizacional ou marketing) e a

aprendizagem se renova com as inovações num processo continuo. É neste

contexto de interação entre o ambiente, aprendizagem organizacional e

inovação que a estratégia de negócio se forma.

A aprendizagem exige adaptação ao modelo de mercado e capacidade de

inovação da empresa para gerar estratégias mais competitivas. A

aprendizagem tem foco na inovação, não somente para adaptar a empresa ao

ambiente, mas inovar para gerar vantagem competitiva. Ao mesmo tempo, a

inovação acelera a aprendizagem porque para inovar é preciso aprender. Se

não tiver aprendizagem não há inovação.

Edquist (2001) explica que as empresas inovam a partir das suas relações com

o ambiente e colaboradores quando há estrutura favorável. A inovação é

resultado do aprendizado individual e organizacional, no qual a interação

desempenha papel fundamental. É no contexto de interação do ambiente,

organizações e indivíduos que o processo de aprendizagem promove as

inovações, as inovações geram aprendizagem e a estratégia de negócio se

forma.

Ainda, segundo Mintzberg e Quinn (2001), as estratégias se formam por meio

de um processo de aprendizado e, quanto mais se conhece os pontos fortes e

os fracos da empresa e se tem integração dos colaboradores, em todos os

níveis de negócio, mais condições terá a estratégia de ser bem sucedida.

Page 151: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

150

Para Prahalad e Krishnan (2008, p.2), “[...] as inovações bem-sucedidas

integram sem descontinuidades os conceitos e ideias, de um lado, e suas

manifestações operacionais de outro [...]”, mas, para que a integração ocorra

efetivamente, depende-se das pessoas de todos os níveis organizacionais, as

quais geram e gerem as inovações, aprendem e promovem a aprendizagem,

formam e executam a estratégia.

Portanto, o processo de formação de estratégia de negócio integra a

aprendizagem organizacional, a gestão da inovação e a análise do ambiente

externo e a unicidade em torno da missão, valores e visão da empresa gera

comprometimento dos colaboradores com a estratégia que está sendo

formada.

Assim, a quinta etapa do modelo de formação de estratégia de negócio

proposto neste trabalho apresenta o alinhamento da estratégia, representando

a integração das etapas anteriores.

5ª Etapa – Alinhamento da estratégia

Esta etapa representa a amarração das quatro anteriores, consistindo na

conversão da declaração de direção estratégica (missão, valores e visão), a

análise do ambiente, as capacidades organizacionais (aprendizagem

organizacional e inovação) em planos com tradução e simplificação da

estratégia visando à integração e o comprometimento de todos na organização

(Figura 30).

Page 152: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

151

FIGURA 30 – DETALHAMENTO DO MODELO – ALINHAMENTO DA ESTRATÉGIA

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Esta etapa de alinhamento da estratégia possibilita a integração de todas as

etapas apresentadas anteriormente, direcionando e simplificando estratégia em

ações factíveis para que haja unicidade na compreensão e comprometimento

com a estratégia de negócio formada. Neste sentido, estratégia se forma

progressivamente a partir da interação entre a aprendizagem organizacional,

gestão da inovação e ambiente externo, alinhando MVV da organização. Dessa

forma, há uma integração entre as capacidades internas da empresa e seu

ambiente. O resultado da soma das etapas anteriores é uma estratégia de

negócio adequada à empresa e seu posicionamento no ambiente.

Ambiente

Testar e adaptar a estratégia continuamente

MIS

O, V

AL

OR

ES

E V

ISÃ

O

AN

ÁLIS

E D

O A

MB

IEN

TE

EX

TE

RN

O

AP

RE

ND

IZA

GE

M O

RG

AN

IZA

CIO

NA

L

GE

ST

ÃO

DA

INO

VA

ÇÃ

O

AL

INA

HM

EN

TO

DA

ES

TR

AT

ÉG

IA

Aprendizagem organizacional

Individual Coletiva

Gestão da inovação Produtos

Processos Organizacional

Marketing

Estratégia de Negócio

Traduzir a estratégia

Compartilhamento da missão,

valores e visão

Novas estratégias

Simplificar em tarefas cotidianas

Aprendizagem

Page 153: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

152

Para facilitar a compreensão do modelo proposto, criou-se o Quadro 28.

Etapa

Detalhamento

1ª Missão, Valores

e Visão

2ª Análise do Ambiente externo

3ª Aprendizagem Organizacional

4ª Gestão de inovação

5ª Alinhamento da Estratégia

Descrição Etapa de

conhecimento do direcionamento estratégico da

empresa

Etapa

exploratória do ambiente em que a empresa

se insere

Etapa exploratória dos

pontos fortes e fracos da empresa em relação à

aprendizagem organizacional

Etapa

exploratória dos pontos fortes e fracos da

empresa em relação à gestão da inovação

Alinhamento

das etapas anteriores

Objetivo (s) Compartilhar a missão, valores e visão da empresa

com todos os colaboradores

Identificar oportunidades e ameaças que

determinam a ação da empresa

Identificar as capacidades empresa em relação à

aprendizagem organizacional Direcionar

aprendizagem em prol da capacidade de inovação

Adequar a capacidade de inovação às

exigências do ambiente em que a empresa

esta inserida

Formar estratégias de negócios com

base na integração da aprendizagem

organizacional e a gestão da inovação

Maneira de Realizar

Comunicação formal e informal

Reuniões periódicas Eventos

Pesquisas Análises Brainstorming

entre gestores e colaboradores

Programas de treinamentos

Reuniões periódicas Adequação de layout para troca de

aprendizagens Incorporar o produto da aprendizagem no

cotidiano Dar tempo para aprendizagem

Sistema de estimulo e

recompensa às ideias e a criatividade

Resolução de problemas em grupos Brainstorming

entre gestores e colaboradores

Colocar em prática as ideias criativas dos

colaboradores Criar espaços de bate-papo entre

colaboradores/gestores

Levantamento das

informações essenciais das etapas

anteriores A soma das etapas

anteriores resulta na escolha da

melhor ação estratégica Descrever a

estratégia de forma detalhada

Produto Compreensão, unicidade e comprometimento

com missão, valores e visão da empresa

Compreensão do ambiente no qual a empresa

está inserida

Criação de uma cultura de aprendizagem que

favorece o desenvolvimento das 5 disciplinas de Senge

e contribui para a inovação

Formação de uma cultura de inovação na

prática cotidiana Inovações alinhadas ao

ambiente e integradas às competências

da empresa

Formação de boas estratégias para

posicionamento da empresa no ambiente

Estratégias que geram valor

Características + Desenho organizacional

flexível +. Interação entre os colaboradores de

todos os níveis + Sistemas de comunicação

abertos

Etapa 1 Maior interação

com fornecedores e clientes

Cultura organizacional centrada no

cliente Parcerias estratégicas

com fornecedores

Etapa 1 e 2 Programas de

treinamentos + Comprometimento da liderança

Tempo para os colaboradores dedicarem-se à

aprendizagem

Etapa 1 a 3 Estrutura que

viabilize inovações Cultura de

incentivo às novas ideias e criatividade

Parcerias duradouras

Etapa 1 a 3 Orientação da

gerência de nível médio na escolha e

formação da estratégia

+ Característica comum a todas as etapas

QUADRO 25 - MATRIZ PASSO-A-PASSO DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 154: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

153

O Quadro 28 sintetiza as etapas do modelo, com a descrição da etapa,

objetivo, maneira de realizar, produto e características. Neste último aspecto,

vale mencionar que se definiram três por etapa, limitando-se àquelas mais

relevantes; todavia, algumas podem ser são comuns a todas as etapas do

modelo.

Portanto, o modelo propõe que a estratégia se forma artesanalmente em

decorrência das ações que se vão desencadeando no dia-a-dia da

organização, com base na interação das capacidades organizacionais com o

ambiente externo, em um fluxo continuo, facilitado pelos gerentes de nível

intermediário, no caso das médias e grandes empresas e os empresários, nas

pequenas empresas.

Como explicam Canongia et al. (2004, p. 235), “[...] a tomada de decisão na

gestão de inovação não é um evento isolado e tampouco exclusivo dos altos

escalões. Ela acontece em diferentes níveis e acompanha de perto o

desenvolvimento dos ambientes interno e externo”. A capacidade de resposta e

a capacidade de aproveitar oportunidades e inovar não podem estar

subordinadas a processos centralizados de decisão. As decisões do alto

escalão precisam estar em consonância com as decisões do dia-a-dia, que

podem gerar inovações importantes, e vice versa. Portanto, a tomada de

decisão precisa ser trabalhada em sua base, ou seja, na melhoria do

conhecimento, aprendizagem e sua disponibilização em todos os níveis da

organização, para dotar o conjunto de decisões de alinhamento comum.

Portanto, pode-se afirmar que a flexibilidade da estrutura organizacional da

empresa e a interação dos colaboradores de todos os níveis são condições

para que haja inovação.

Mas a estratégia formada precisa ser descrita em uma linguagem de fácil

entendimento a fim de estimular a troca de ideias e o envolvimento de todos os

colaboradores. Buscando traduzir a estratégia em ações factíveis e resultados

efetivos, a Figura 31 propõe o mapa estratégico do modelo proposto,

mostrando o processo de formação da estratégia de negócio por meio de

vínculos de causa e efeito das perspectivas do BSC:

Page 155: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

154

FIGURA 31 - MAPA ESTRATÉGICO DO MODELO PROPOSTO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Como mostra o mapa estratégico (Figura 31), na perspectiva do modelo

proposto, a estratégia de negócio não é formada de maneira mecânica; é um

processo artesanal, progressivo, se forma com a interação continua das

capacidades da empresa (aprendizagem organizacional e inovação) e o

Aprendizagem

Organizacional

PROCESSO DE FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA

Crescimento de receita e mercado

Pers

pectiva

Fin

anceir

a

Opções de negócios para crescimento

futuro

Consolidação de parcerias

estratégicas

Vantagem competitiva em

relação a concorrência

Criar

relacionamentos duradouros

Conhecer a base de clientes e clientes

potenciais

Desenvolver produtos e soluções

inovadoras

Conquistar e

reter clientes

Pers

pectiva

Clie

nte

Compreender as das necessidades dos

clientes, identificando oportunidade de novos produtos

Pers

pectiva

Inte

rna

Gerenciar o portfólio de

pesquisa e

desenvolvimento

Criar inovações em

projetos de novos produtos/ serviços

Obter melhorias

organizacionais

continuamente

Pers

pectiva d

o

apre

ndiz

ado

|

Apre

nd

iza

gem

Org

aniz

acio

nal

Geração de novos conhecimentos competências e

habilidades

Promover a Aprendizagem

Individual e Equipe

Analisar ambiente externo

Gera impacto em todos os objetivos da perspectiva seguinte Gera impacto somente no objetivo conectado

Interação e comunicação

entre os níveis organizacionais

Criação de consciência estratégica

Valor ao longo prazo

para os sócios e acionistas da

empresa

Satisfação e fidelização de

clientes

Compartilhar missão, visão

e valores

Lançar novos

produtos no mercado

Page 156: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

155

ambiente externo, tendo a missão, valores e visão como linha diretiva. O

processo de formação da estratégia de negócio é uma ação contínua e coletiva

das pessoas da organização.

Considerando que são as pessoas que executam todas as tarefas no cotidiano

das empresas, segundo Angeloni (2008, p. 48) as organizações devem formar

estratégias “[...] com todos aqueles que participam da organização e investir no

desenvolvimento de pessoas, considerando-as como seres integrais, únicos,

criativos e flexíveis às turbulências externas do mundo complexo e dinâmico”.

O comportamento das pessoas, que é resultado de um processo de

aprendizagem interativo, sofre influências do contexto em que estão inseridas.

A natureza da aprendizagem e sua contribuição à inovação são influenciadas

pela estrutura da organização, pelas práticas de comunicação e pelo contexto

ambiental, pois todos estes fatores desempenham um papel relevante na

efetividade do processamento da informação. Por isso, no modelo proposto

neste trabalho, o processo de formação da estratégia de negócio é integrado

ao fluxo continuo de atividades da organização e a estratégia se forma

progressivamente por um processo de aprendizado interativo que gera

inovação e, no qual, o estrategista e colaboradores formam e adaptam a

estratégia continuamente, conforme Figura 32.

A Figura 32 mostra o modelo de formação de estratégia, no qual a missão,

valores e visão da organização representam a base que o alicerça, pois toda

estratégia deve estar alinhada a estes. A partir deste alinhamento, parte-se

para a leitura do ambiente externo, a qual é relevante, visto que, as fontes

externas de informação evidenciam a posição dos concorrentes, parceiros e

clientes da organização, fornecendo, assim, subsídios para a criação de

inovação e desenvolvimento da aprendizagem organizacional. A aprendizagem

ocorre a nível individual e coletivo, no nível operacional e gerencial incitando a

criatividade e gerando inovação em termos de produtos, processos, marketing

e organizacional. O processo de inovação provoca novas aprendizagens,

formando-se com a interação destas capacidades organizacionais – inovação e

aprendizagem – a estratégia de negócio. Neste processo interativo, novas

Page 157: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

156

estratégias são criadas e aprendizagens e inovações emergem na

organização, numa perspectiva que leva em conta a dinâmica do ambiente, o

compartilhamento de conhecimentos, valorizando a integração das pessoas de

todos os níveis da organização no processo estratégico.

FIGURA 32 – CIRCUITO DE INTERAÇÃO DO MODELO PROPOSTO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

No centro deste processo está a aprendizagem organizacional, porque ela

promove maior conexão das áreas da empresa. Com a consolidação de uma

cultura de aprendizagem, obtêm-se a integração que conduz a ciclos de

Missão Valores Visão

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

GESTÃO DA INOVAÇÃO

Leitura do ambiente externo

Inovação s

Criatividade

Individual

Coletiva

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS

Gerência

Operacional

Novas e

str

até

gia

s

Equipes

Conhecimento Produtos Processos Marketing

Organizacional

Page 158: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

157

aprendizagens mais acelerados, gera-se inovação e a capacidade de

adaptação às mudanças do ambiente competitivo. É neste processo de

integração, que a estratégia é formada, resultante da interação entre

aprendizagem organizacional com a gestão da inovação.

Vale salientar que os gerentes de nível médio, no caso das grandes e médias

empresas, e os empresários, nas pequenas empresas, desempenham um

papel importante no processo de formação da estratégia de negócio, na

medida em que são responsáveis pela criação de um clima favorável à

interação das capacidades organizacionais (aprendizagem organizacional e

inovação).

A partir da cultura da integração da aprendizagem organizacional com a gestão

da inovação, é tomada a ação de alinhamento da estratégia. Portanto, na

perspectiva do modelo proposto neste trabalho, o papel do gestor é de

facilitação da aprendizagem individual e coletiva e de integração das

capacidades da empresa, gerindo a transformação dos recursos para a

inovação, possibilitando a formação da estratégia.

Como afirma Mintzberg (2004), os gestores precisam saber quando se opor às

mudanças em nome da eficiência interna da organização e quando promovê-

las em nome da adaptação externa. Por isso, os gestores devem

continuamente aprender a aprender e estimular a aprendizagem de suas

equipes.

Este modelo de formação de estratégia se ajusta tanto às pequenas, como às

médias e às grandes empresas. Desta forma, o estrategista poderá aplicar o

modelo conforme proposto, adequando-o às particularidades de cada

organização.

Page 159: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

158

6 VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS AO MODELO PROPOSTO

A estratégia empresarial ou de negócio descreve como a empresa pretende

criar valor para os seus acionistas, clientes e cidadãos (KAPLAN, 2004). Para a

verificação da aderência das empresas ao modelo de formação de estratégia

de negócio, foi feita análise dos temas centrais (os requisitos para o

atendimento dos objetivos de cada etapa do modelo) expostos nas etapas do

modelo e nas características dentro da matriz do modelo, comparando-se com

os conteúdos das entrevistas, dos documentos e da observação direta nas

empresas. A verificação da aderência foi importante para analisar possíveis

contribuições empíricas para o modelo proposto.

Pelo fato de o setor de cosméticos ser considerado dinâmico, que demanda

inovação contínua (FRITZ; SOUZA, 2006), e por haver o interesse por verificar

a aderência do modelo proposto em empresas que buscam por inovação, fez-

se uso do procedimento técnico multicaso em uma pequena, uma média e em

uma grande empresa do setor de cosméticos. Para melhor conhecimento das

características gerais das empresas, apresenta-se o Quadro 29:

CARACTERÍSTICAS EMPRESA A EMPRESA B EMPRESA C

DATA DE FUNDAÇÃO 2004 1998 1969

RAMO DE ATIVIDADE SETOR

INDUSTRIAL DE

PRODUTOS DE

COSMÉTICOS

SETOR

INDUSTRIAL DE

PRODUTOS DE

COSMÉTICOS

SETOR IND. DE

HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E

COSMÉTICOS

Nº DE PRODUTOS 250 126 + DE 1000 ITENS

Nº DE FUNCIONÁRIOS 26 40 7000

STAFF DE ESTRATÉGIA INTERNO CONSULTORES

EXTERNOS INTERNA E REDE DE

INOVAÇÃO ABERTA

SISTEMAS OU FERRAMENTAS

GERENCIAIS QUE USA EXCEL E PÁGINA

DE INTERNET ERP ERP/SAP/CRM/

BSC/MAPA

ESTRATÉGICO

QUADRO 269 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS TRÊS EMPRESAS DO SETOR DE COSMÉTICOS

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

As empresas investigadas estão situadas respectivamente: na cidade de Serra

(Pequena Empresa ou Empresa A), na cidade de Vila Velha (Média Empresa

Page 160: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

159

ou Empresa B), ambas no Espírito Santo e, a Grande Empresa ou Empresa C

no Estado de São Paulo.

6.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 1: COMPARTILHAMENTO DA

MISSÃO, VALORES E VISÃO

A primeira etapa do modelo tem como objetivo conseguir que a missão, valores

e a visão (MVV) da empresa sejam compartilhados entre todos os

colaboradores, tendo o gestor, a responsabilidade de conduzir e facilitar esse

compartilhamento com liderança. Assume-se que a unicidade e o

comprometimento de todos com a MVV é que conduzirá a empresa ao

conhecimento do direcionamento estratégico.

Para que a empresa conquiste um ambiente em que esteja clara a MVV, é

preciso fazer uso de uma linguagem comum, em que todos compreendam os

objetivos que devem ser alcançados. A aceitação de que o BSC é uma

ferramenta capaz não apenas de descrever, mas também implementar a

estratégia se dá devido a sua capacidade de oferecer uma linguagem comum

para a discussão da trajetória e das prioridades de seus empreendimentos.

Mas, é com o mapa estratégico, que é possível mostrar como a organização

busca criar valor, na medida em que se vêem as relações de causa e efeito

(KAPLAN; NORTON, 2004).

Conforme é possível encontrar no mapa estratégico do modelo conceitual

proposto, os objetivos que estão dentro da perspectiva de aprendizagem e

crescimento (aprendizagem organizacional) (Figura 33) devem ser atendidos

para se conseguir obter a criação de consciência estratégica, que é requisito

importante para a obtenção de melhorias organizacionais continuadamente;

este último revela-se na perspectiva interna do mapa estratégico do modelo.

Assume-se no modelo que deve existir interação entre os colaboradores de

todos os níveis hierárquicos, pois este é um requisito para a geração de novos

conhecimentos, competências e habilidades.

Page 161: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

160

FIGURA 33 - OS OBJETIVOS E AS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS ÀS ETAPAS 1-3 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Neste sentido, durante a análise de conteúdo das informações coletadas na

empresa “A”, obteve-se que há elevada interação entre o diretor geral da

empresa e o nível operacional, porém essa interação está mais relacionada

com a verificação daquilo que está acontecendo na empresa em termos de

eficiência interna, e menos relacionada com a busca de novas ideias, novos

conhecimentos e do compartilhamento da missão, valores e visão (MVV). Os

gestores realizam suas comunicações a respeito da MVV da empresa, apenas

com o diretor geral, transmitindo essas informações somente para alguns

poucos funcionários do nível operacional, “[...] que são àqueles, que mostram

interesse em crescer junto com a empresa”, conforme relatou a gestora.

Diferentemente da empresa “A”, a empresa “B” possui, desde 2010, um

planejamento estratégico que é seguido ano a ano e, neste plano estratégico,

existe a MVV da empresa que é, conforme a gestora, transmitida para todos os

funcionários da empresa, em diferentes práticas. Conforme a gestora da

empresa “B”,

Compartilhar missão, visão

e valores

Analisar ambiente externo

Promover a Aprendizagem

Individual e

Equipe

Geração de novos

conhecimentos, competências e

habilidades

Aprendizagem Organizacional

Interação e comunicação

entre os níveis organizacionais

Gera impacto em todos os níveis da perspectiva seguinte

Requisito ou condição necessária para.

Pers

pectiva

AP

RE

ND

IZA

GE

M

OR

GA

NIZ

AC

ION

AL

Criação de consciência estratégica

Obter melhorias organizacionais continuamente

Pers

pectiva

Inte

rna =

IN

OV

ÃO

Page 162: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

161

A missão, a visão e os valores são compartilhados entre todos os

colaboradores, do diretor ao operacional, através de reuniões

periódicas, porque até mesmo é uma oportunidade para eles

passarem conhecimentos [no momento das reuniões]. Até os nossos

distribuidores conhecem nossa missão, visão e valores, a gente

também tem um regulamento interno que é uma norma de conduta,

que todo funcionário deve estudar esse documento, levar para casa,

estudar a missão e os valores da empresa. Existe a „MVV‟, e toda vez

que a gente pensa a nossa „MVV‟, a gente questiona [direção e

gestores]: será que isso realmente faz parte da nossa MVV? A gente

pensa e questiona „né‟, porque a gente acompanha ano a ano e não é

para ficar na parede.

A gestora da empresa “B” complementou que, com relação “[...] aos nossos

valores, a gente prima muito mesmo, por manter sempre a nossa credibilidade,

a gente paga os nossos fornecedores sempre, nós nunca pagamos nada

atrasado, queremos e valorizamos a construção da imagem de uma empresa

séria [...]”. Quando perguntado à gestora da empresa “B” sobre por que ela

considera importante compartilhar na empresa a MVV, ela respondeu:

É importante compartilhar a MVV, porque eu não posso me perder,

porque nesse mundo todo, aparece um montão de oportunidades tá!

Já me pediram para eu produzir perfume, mas hoje eu preciso ser

referência em salão de beleza, depois que eu for referência no

Estado „e tal‟, aí vou saber para onde vou.

Como exemplos de práticas adotadas pela empresa “B”, no compartilhamento

da MVV entre os colaboradores, a gestora afirmou que a missão, os valores e a

visão “[...] são compartilhados nas reuniões periódicas, além das palestras da

Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), nas reuniões trimestrais

em que são feitas as comemorações, dos aniversariantes, em que

aproveitamos para reforçar nossos valores”.

Na empresa “A”, foi possível constatar que a comunicação entre os gestores e

o diretor geral acontece no dia a dia, a partir das rotinas da empresa, e por

meio de pequenas reuniões que são agendadas quando surge a necessidade

de se resolver qualquer tipo de situação na organização. Não existe a prática

Page 163: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

162

de planejar datas para reuniões, para a construção de um propósito voltado a

repensar a maneira de agir de cada departamento, tampouco para

compartilhar, e se necessário, redefinir a MVV do negócio, a partir das

informações obtidas por meio da interação com os demais colaboradores.

No caso da empresa “C”, a gestora, da rede de inovação e tecnologia de

produtos, que foi quem transmitiu as respostas das questões da entrevista,

direcionada por e-mail, e quem alinhou algumas dessas informações por meio

de contato telefônico, afirmou que a MVV é compartilhada entre todos os

colaboradores, do diretor ao operacional, pois “[...] eles refletem a essência da

empresa, que deve estar presente em tudo que fazemos”.

Dentre as práticas adotadas pela empresa “C” para compartilhar a MVV entre

os colaboradores, a gestora respondeu: “[...] Na chegada de todos os novos

colaboradores, há o programa de integração que compartilha esta essência.

Além disto, em diferentes ocasiões, volta-se a resgatá-los, além de estarem

expostos por diferentes locais da empresa e seus materiais de comunicação”.

No intuito de compreender até que ponto a empresa valoriza a disseminação

frequente e com foco planejado da MVV entre os colaboradores, foi perguntado

se são incentivadas as relações informais entre os colaboradores para a troca

de experiências, e de que forma acontece. Nesse sentido, obteve-se com a

gestora da empresa “C” que, “sim, em locais como cafés e reuniões como

Cocriando [...]”. Existe na empresa “C”, conforme descrito pela gestora, o

incentivo da comunicação formal e informal entre colaboradores e níveis

organizacionais, práticas de diálogos estratégicos e reflexões coletivas,

principalmente entre gestores, mas que, também são feitas dentro das áreas,

em que os gestores fazem com suas próprias equipes.

Sabe-se que o processo de formação de estratégia depende da interação das

pessoas, a partir de trocas constantes de informações e conhecimentos a

respeito do ambiente interno e externo.

Page 164: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

163

Contudo, obteve-se, por intermédio da visita e da entrevista com a gestora da

empresa “A”, que é o diretor geral o maior responsável por gerar na empresa

qualquer mudança, tanto a partir do seu conhecimento e experiência, quanto a

partir das suas interações com algum fornecedor ou distribuidor. É o diretor

geral quem cria e expõe o maior número de ideias, testa e redefine produtos e

processos na empresa.

Apesar de a empresa “A” possuir um desenho organizacional flexível, no

sentido de buscar que todos os colaboradores do nível operacional aprendam e

façam de tudo no setor de produção, com exceção da manipulação dos

produtos químicos e, apesar de existir receptividade por parte da gestão em

ouvir os colaboradores que queiram passar alguma idéia ou propor sugestões,

não há uma política da empresa de tornar essas interações uma prática, com

vistas à melhoria contínua. A estrutura formal da empresa “A” é do tipo

hierárquica, em que as linhas de comunicação seguem as linhas de comando,

e utiliza de fluxos de comunicação mais verticais, ou seja, entre os diferentes

níveis, mas da mesma área de atuação. As linhas de comunicação diagonais,

entre unidades e diferentes níveis, acontecem, porém mais pela iniciativa do

diretor geral, que frequenta todas as áreas da empresa nas rotinas do dia a dia

da empresa. Chegou-se à verificação de que os fluxos horizontais, entre

unidades diferentes, mas do mesmo nível hierárquico, acontecem em menor

intensidade, no que diz respeito à troca de ideias. Somente de um ano para cá

que foi evidenciado pela gestora estar havendo maior interação, pois o diretor

geral sempre está à frente de tudo.

Na empresa “B”, as trocas de informações e conhecimentos sobre os

resultados das operações em termos de qualidade acontecem diariamente, por

meio dos briefings. A respeito da estrutura organizacional da empresa “B”,

obteve-se que, ao mesmo tempo em que os gestores têm espaços e

oportunidades para comunicações, discussões e interações, também há

demora nos processos de tomada de decisão, “[...] devido ao cuidado em não

sair do foco [...]”, comentou a gestora.

Page 165: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

164

Quando perguntado à gestora sobre como ela descreve o arranjo

organizacional da empresa “B”, ela respondeu que considera ser conservadora,

no sentido de pensar muito antes de tomar uma decisão, mas que sempre

estão abertos para discussões com qualquer colaborador da empresa. E sobre

o porquê a gestora da empresa “B” acredita que o arranjo da indústria possui

essa característica, a gestora respondeu:

A gente não perde o foco. Eles [o marketing, o comercial e a área

técnica] estão criando conteúdo para o treinamento. Esse material é

construído a partir dos valores contidos no plano, a partir do que a

gente quer, e é para trabalhar como atingir o cliente de casa, o home

care [o cliente do salão de beleza, o atual projeto da empresa B]. E

nós, „sabe‟, nós não vamos ficar fora da educação, nós não podemos.

Desde o início da entrevista, a gestora da empresa “B” revelou-se preocupada

com o aspecto da educação, no sentido de buscar novas formas de lidar com

os problemas ou ameaças do negócio a partir da busca de consultores

externos, cursos fora do Estado e parcerias com órgãos como o Instituto

Euvaldo Lodi (IEL) e a Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES).

Para a gestora da empresa “B”, educação é o valor forte da empresa.

No que se relaciona aos incentivos da gestão para as relações informais entre

os colaboradores para trocas de experiências, e de que forma elas acontecem,

a gestora [da empresa B] lembrou que os funcionários “[...] se reúnem depois

dos cursos, depois do trabalho, tomam açaí aqui no ambiente do café [...]”; e

complementou: “[...] a gente busca ser muito criterioso [no sentido de atentos

aos comportamentos], mas somos muito informais [no sentido de próximos dos

funcionários] [...]”.

A gestora da empresa “B” acrescentou, também, que os gestores são abertos

para as mudanças e inovações, mas denunciou:

[...] Eu acho difícil isso aí sabe, dizer sobre isso [porque nós somos

muito conservadores, pela própria maneira de a gente ser], mas a

gente está aberto para a inovação porque a gente escuta, atende,

mas, é difícil dizer; o que sei é que em todas as palestras a gente

Page 166: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

165

sempre enfatiza que um departamento é cliente um do outro [...] e

que temos de saber lidar um com o outro, nos tratando da forma

como gostaríamos de ser tratados.

Pelo fato de a gestora da empresa “B” ter feito um planejamento estratégico do

negócio em 2010, com a parceria de um consultor externo, e desde então ela

realizar a leitura, ano a ano, do plano, para verificar tudo que foi alcançado e

tudo que não foi devidamente alcançado, além de verificar a necessidade de

atualização do plano, a gestora revelou muita preocupação com o foco que foi

planejado, apesar de também ter demonstrado abertura para com os

funcionários, no sentido de qualquer mudança nas rotinas ou ações da

empresa.

No caso da empresa “B, chegou-se ao entendimento de que a unicidade, com

relação aos objetivos da empresa, acontece entre os colaboradores, do nível

operacional ao gerencial, e que os valores da empresa estão presentes por

meio dos próprios gestores e coordenadores, nos seus comportamentos e

atitudes, pois pregam a educação continuada. Além disso, pagam três cursos

relativos a própria área do funcionário para que ele faça o curso e depois

divulgue em Power point aos demais colaboradores e gestores, por meio de

seminário. Ainda, devido à existência de rotinas na empresa, com cronogramas

para reuniões e interações, percebe-se que há espaço para o surgimento de

aprendizagem, a partir da troca de experiências, conhecimentos e informações.

Contudo, há elevada preocupação em cumprir o que foi planejado em termos

de resultado, mais do que espaços para criar novas ideias, comentou a

gestora, que se diz muitas vezes “[...] ansiosa em querer resolver as coisas”.

A descrição feita pela gestora da empresa “C” sobre o arranjo organizacional

foi a de que “[...] a estrutura é hierárquica, mas sofre constantes mudanças”. A

gestora explicou melhor por telefone que, os cargos possuem diferentes

acessos e privilégios explícitos, para todos, para contatar as demais áreas.

Afirmou que a empresa é conhecida por rearranjos constantes de sua

estrutura, justamente por ter a prática de projetos visando constantes

inovações. “[...] A estrutura formal é hierárquica, mas, na prática, ela se

Page 167: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

166

modifica de acordo com a necessidade dos projetos, envolvendo pessoas de

variadas áreas e funções”.

A fim de melhor entender as práticas de interação entre os níveis hierárquicos,

obteve-se conhecimento, também por telefone com a gestora da empresa “C”,

sobre o esforço da equipe de inovação em buscar ideias no nível operacional.

A esse respeito, a gestora afirmou que é uma opção da empresa não voltar-se

muito para o nível operacional para capturar ideias, a partir de controles

planejados e de práticas como uma simples caixa de sugestões, pois a

empresa além de já ter um departamento que foca seus esforços para

inovações incrementais, ela tem maior foco na inovação de produto, por meio

do desenvolvimento de novas tecnologias, e sempre integrada com a área de

marketing para a inovação de conceito.

6.1.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 1 E 2

A rotina da empresa “A”, no que se refere à busca de informações do ambiente

externo, de um modo geral, acontece a partir dos vendedores da empresa, dos

distribuidores que compram e revendem os seus produtos, do fale conosco do

site, e do conhecimento dos gestores e diretor geral em relação ao setor. No

caso da empresa “B”, a busca de informações do ambiente externo sobre

clientes, parceiros, concorrentes, acontece no nível da direção, chegam aos

gestores nas reuniões trimestrais, porém não é foco de discussão no nível

operacional. No caso da empresa “C”, essa busca de informações no ambiente

externo acontece “[...] por meio de diferentes acessos, por diferentes formas,

desde consultorias, buscas em internet e atuação em redes”. A gestora

descreveu que elas “[...] são disseminadas entre os níveis da empresa, de

acordo com a função das pessoas”; o que quer dizer que, dependendo do

projeto que esteja sendo discutido, pessoas de diferentes áreas e níveis

hierárquicos podem estar envolvidas.

A partir da entrevista feita na empresa, constatou-se que a empresa “A” é

dependente do conhecimento dos seus vendedores que vão a campo promover

e vender os produtos para os distribuidores, principais clientes da empresa “A”.

Page 168: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

167

Obteve-se ainda, durante a visita e conversações com a gestora, que não há

uma expectativa por parte de os gestores, de ocorrer à interação para a

captura de informações ou de novos conhecimentos junto aos seus próprios

vendedores. Na empresa “A”, os vendedores são as principais fontes de

informações e depende deles a ocorrência da interação com os gestores e o

diretor geral, sobre novas informações, a respeito do ambiente externo, por

exemplo: necessidades dos clientes, mudanças nos produtos dos

concorrentes, dentre outras.

Na entrevista com a gestora da empresa “B”, obteve-se que além do Espírito

Santo, os produtos da empresa são encontrados nos salões de beleza dos

Estados de Pernambuco, Ceará, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São

Paulo, Brasília, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Rondônia, Bahia,

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os produtos chegam aos Estados

por meio de empresas distribuidoras terceirizadas, sendo que no Estado do

Espírito Santo, a empresa utiliza distribuidor próprio. A gestora revelou que

existe grande preocupação da empresa em aproximar-se das necessidades

dos profissionais dos salões de beleza, e de criar com eles parcerias

estratégicas. Contudo, ainda está construindo processos voltados à melhoria

das interações junto a esses clientes finais, que não são tidos como fáceis de

lidar.

[...] o contato direto com esses profissionais, eliminando os

distribuidores terceiros, ainda é um processo a ser mais bem

trabalhado, e estamos buscando isto [...] como oportunizar

treinamentos e eventos que possam aproximá-los mais da empresa

[...]. O que fazemos são excursões, em que as cabeleireiras realizam

cursos e participam de eventos da empresa, ideia de um distribuidor

de Rondônia [...].

Esses eventos, conforme explicou a gestora da empresa “B”, “[...] ajudam a

gente a entender melhor sobre os problemas que elas têm com determinados

produtos, e sobre as necessidades vindas dos clientes finais, que vão ao salão

fazer o cabelo [...]”.

Page 169: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

168

Na empresa “A”, a entrevista possibilitou perceber que os vendedores da

empresa, que fazem contatos com as empresas distribuidoras terceirizadas,

não possuem comunicações formais ou agendadas para discutir a respeito de

novas informações sobre os distribuidores e os salões de beleza, e que não

existe, por parte da gestão da empresa “A”, uma rotina com um cronograma

planejado, para a captura de dados e informações junto aos vendedores da

própria empresa sobre informações relativas aos clientes.

Outra fonte de informações, além do vendedor, utilizada pela gestão da

empresa “A”, para a busca de conhecimentos ligados aos clientes da camada

secundária da cadeia, os cabeleireiros dos salões de beleza, são os

distribuidores, que compram e revendem os produtos da empresa “A” para os

salões de beleza. Os distribuidores têm contato direto com as informações

sobre as necessidades dos cabeleireiros, assim como, sobre os produtos que

são concorrentes aos da empresa “A”, utilizados nos salões de beleza. A esse

respeito, analisou-se que existe controle ou preocupação por parte do

vendedor da empresa “A”, que vai até o distribuidor, em obter informações

sobre quais produtos são mais pedidos pelo distribuidor, este que reconhece as

necessidades do cliente final (salões de beleza). Porém, não há a prática de

discutir dentro de um cronograma, com os gestores da empresa “A”, qualquer

informação sobre as informações transmitidas pelos distribuidores, tampouco

sobre o que eles recolhem de informações sobre os salões de beleza, e menos

ainda sobre os clientes dos salões de beleza.

Com relação ao “Fale Conosco” no site da empresa “A”, obteve-se, com a

gestora geral, que o controle dessas informações é gerenciado pela técnica de

desenvolvimento do produto, que trabalha ao lado da engenheira química da

empresa. Isso porque de todo o volume de informações que chega ao “Fale

Conosco”, “[...] o histórico dos registros e comunicações com esses clientes é

quase que 100% relativo a dúvidas sobre o modo de usar os produtos, ou

sobre o passo a passo da aplicação do produto”, comentou a gestora. Para

facilitar o trabalho da técnica e da engenheira química, o gestor de marketing

da empresa “A”, num trabalho conjunto com essas profissionais, inseriu no site,

Page 170: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

169

o passo a passo sobre como aplicar cada produto, às dúvidas frequentes

respondidas, e até mesmo uma lista com conceitos de cada vocabulário que é

usado nas embalagens dos produtos da empresa.

Percebe-se, aqui, que as interações com os clientes acontecem, e que existe

um histórico de informações no site da empresa “A” que facilitam as

comunicações junto a clientes. Contudo, soube-se, durante a entrevista, que a

empresa ainda não faz uso do banco de dados de seus clientes para obter e

estudar informações e, a partir delas, discutir novas ideias. O banco de dados é

utilizado unicamente para controlar os tipos e as frequências dos pedidos.

Informações sobre possíveis sugestões, gostos, interesses e reclamações, não

são utilizadas na busca de obter novas ideias ou realizar adaptações. Além

disso, a empresa, conforme relatou a gestora, possui muitos problemas com os

clientes que não sabem organizar os códigos dos pedidos, dos produtos,

seguindo a tabela de códigos da empresa “A”; o que faz, segundo ela explicou,

com que os funcionários do setor de pedidos percam muito tempo tentando

alinhar informações sobre os pedidos.

Na empresa “B”, a gestora informou que é feito uso do sistema Enterprise

Resource Planning (ERP), que facilita sobremaneira os contatos junto aos

parceiros da cadeia de suprimentos e entre os departamentos da empresa. De

acordo com a gestora, ainda existem problemas com o sistema no sentido de

aprender como melhor explorá-lo a favor da empresa, mas é “[...] que ainda

estamos nos organizando [...], com cautela [...] a respeito de outras decisões

dentro da empresa [...] e não está sobrando tanto tempo para tratarmos ainda

deste ponto [...]”. Explicou que “[...] apesar disto, nós já temos um programador

que vem desenvolvendo um projeto conosco para explorarmos melhor os

dados do ERP, de forma mais estratégica, sobre os nossos clientes”.

A respeito das estratégias da empresa “B”, para aproximar a demanda

potencial e a demanda atual aos produtos da empresa, a equipe de marketing

está em fase de estruturar o setor, mas já desenvolve ações como, por

exemplo, divulgação nas redes sociais da marca, produtos e novos

lançamentos da empresa; gestão do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC)

Page 171: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

170

e aprimoramentos no site da empresa, que está passando por uma

reestruturação. Devido à equipe de marketing da empresa “B” estar muito

focada no uso de Blog, Fan Page e Instagram, “o site da empresa ficou um

pouco deixado de lado durante um período”, comentou a gestora.

Quanto às informações mais estratégicas sobre os diferentes mercados

atendidos, por região, o sistema da empresa “B” ainda não fornece dados de

mercado, como por exemplo, quantos salões, de cada região, compram os

produtos fornecidos pela empresa, tampouco a quantidade vendida dos

produtos da empresa pelos salões de beleza. Esse é um projeto que está em

fase de desenvolvimento.

A respeito de práticas desenvolvidas pela empresa “B” para conhecer mais de

perto os gostos e, principalmente as necessidades dos cabeleireiros dos salões

de beleza, a gestora afirmou que, na verdade, ainda tem que aprimorar esse

processo, mas que a empresa já realizou, por exemplo, ações que

aproximaram a empresa dos cabeleireiros, como:

Criamos um quite para os salões de beleza, mas primeiro

identificamos quais eram os clientes (cabeleireiros) que tinham

condições de analisar (o quite) mesmo né, e aí criamos o

questionário, e isso foi antes, tem que ser antes né (do lançamento) e

eles nos ajudaram a fazer o resultado (do quite) e sabemos então do

que eles esperavam de melhoria naqueles produtos „né‟; foi até com a

coloração que nós fizemos isto, e em seguida, nós convidamos eles

para o lançamento do quite, e a gente fez um sorteio para quem seria

aquele cabeleireiro que viria aqui no centro de convenções, no

lançamento. Isso foi feito mais na coloração (tipo de produto). Aí a

gente teve um relacionamento mais de perto com eles [...].

A gestora da empresa “B” explicou que essa prática ocorreu antes do

lançamento de um novo produto no mercado, mas que essa prática aconteceu

apenas uma vez. A gestora também descreveu o procedimento realizado na

empresa que se chama cosmética vigilância, que até agora, há pouco tempo

passou a ser cobrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

Page 172: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

171

mas que antes deste órgão cobrar, a empresa “B” já fazia esse procedimento

que, segundo ela

[...] é um relatório [formulário] que a gente criou de tudo que vem,

desde reclamação até elogio, por telefone, e que funciona assim:

cada mesa tem um formulário que se alguém no dia a dia, até, por

exemplo, a menina no contas a pagar, se ela receber uma ligação, e

o telefonema for relativo a elogio, reclamação, crítica, vinda de

qualquer cliente, todos são treinados a preencher formulário e

entregar e discutir depois como foi a ligação com o cliente, e a gente

monitora se todos estão preenchendo [...] para virar um relatório

depois e a gente discutir melhorias.

Esse procedimento visa a monitorar a satisfação dos clientes que ligam para a

empresa e, em seguida, serve para discutir entre os funcionários (àquele que

atendeu a ligação e os coordenadores), qual deve ser a estratégia para cada

fato novo. Existe outro procedimento da empresa, que é a participação nas

feiras de cosméticos e, nestas feiras, a gestora afirmou que foi elaborado um

roteiro para cadastramento dos clientes que frequentam a feira, o que, segundo

ela não é nada fácil, “[...] tem que ter toda uma estratégia para fazer com que

as pessoas preencham, porque a gente depois envia um „torpedinho‟ via SMS

para eles, sobre os nossos produtos [...]”. A gestora também informou que a

estratégia de relacionamento é feita apenas com a distribuidora do Espírito

Santo, adquirida recentemente, com o objetivo de fidelizar os salões:

[...] os outros distribuidores, a estratégia é eles terem o modelinho

sobre como fazer, mas a gente também busca saber o quê eles

fazem para fidelizar os salões das outras regiões e daí a gente poder

informar as melhores práticas para os outros [...].

A empresa “C”, conforme a gestora, procura levantar as necessidades e

expectativas dos clientes por meio de pesquisas de mercado, e por intermédio

de interação em rede. As informações acessadas pela empresa, do ambiente

externo, dizem respeito a todos os itens expostos na questão semi-aberta,

além de outro item acrescentado pela gestora, que é o Sistema Nacional de

Inovação (SNI), acessado pela empresa. As informações expostas no

Page 173: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

172

instrumento de coleta foram: mercado, tecnologias, produtos, concorrência,

clientes atuais, clientes potenciais e fornecedores.

O acesso às informações do ambiente externo é feito pela empresa “C”, “[...] a

partir de diferentes acessos, por diferentes formas, desde consultorias, buscas

ativas em internet, atuação em redes”. De acordo com a gestora, informações

do ambiente externo são disseminadas entre os níveis da empresa “[...] Sim, de

acordo com a função das pessoas”.

Uma questão do instrumento visa saber se, em reuniões, ou em apresentações

de produtos junto a funcionários, acontece busca de informações durante

esses encontros, sobre alguma possível ideia, e a gestora da empresa “C”

respondeu: “[...] apenas em reuniões com este objetivo, mas as pessoas

podem colocar suas ideias em forma de projetos em suas áreas, a qualquer

momento”.

Dentre os conteúdos que a empresa “C” acessa do ambiente externo, a gestora

respondeu: “[...] Todos os mencionados [mercado, tecnologias, produtos,

concorrência, clientes atuais, clientes potenciais, fornecedores e o Sistema

Nacional de Inovação – SNI] para análise de saúde de marca, posicionamento

da marca e produtos, tendências, tecnologias emergentes, potenciais

parceiros”.

A gestora da empresa “C” descreveu que, dentre as três principais políticas de

relacionamento com o cliente, praticadas pela empresa estão: a gestão do

relacionamento com cliente (CRM), o monitoramento da satisfação dos

clientes, e os serviços de atendimento ao cliente, das sugestões e reclamações

que são transmitidas por cada um deles. A respeito da prática da empresa “C”

de criar parcerias com fornecedores e/ou centros de pesquisas e por que, a

gestora informou que é realizada a prática de inovação aberta, em que se

busca não apenas ideias e conhecimentos de dentro da empresa, mas também

no ambiente externo, principalmente junto as revendedoras e consumidoras. A

gestora informou que a equipe de inovação é cobrada a inovar o jeito de inovar,

e que existem espaços, como, por exemplo, em reuniões de gestão da

Page 174: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

173

estratégia, em que são feitos apontamentos e discussões sobre a maneira

como as práticas da empresa estão e como poderiam estar se, novas ideias

fossem exploradas, descreveu a gestora.

Diante deste contexto, e somando-se as explicações fornecidas, também, logo

após o quadro a seguir, chegou-se à seguinte análise acerca da aderência das

empresas “A”, “B” e “C”, aos requisitos da perspectiva da aprendizagem

organizacional visando a obter melhorias organizacionais continuadamente

(Quadro 30).

Requisitos

Empresa

+

Desen

ho

Org

an

izacio

nal F

lexív

el

+

In

tera

ção

en

tre o

s

co

lab

ora

do

res d

e t

od

os

os n

íveis

+ S

iste

mas d

e

co

mu

nic

ação

ab

ert

os

M

aio

r in

tera

ção

co

m

forn

eced

ore

s e

cli

en

tes

C

ult

ura

org

an

izacio

nal

cen

trad

a n

o c

lien

te

Parc

eri

as e

str

até

gic

as

co

m f

orn

eced

ore

s

A

Baixa

flexibilidade no sentido de não

sofrer adaptações, e ter maior

controle do que espaço para interações

Foco no

Controle e manutenção do status

quo; há

reatividade, no sentido

de se esperar o surgimento de algo ou

de alguém de fora, para daí buscar

analisar o que deve ser feito.

Também há reatividade quanto a

troca de ideias e busca de

aprendizagem

Abertos, mas

com foco na execução, e não na criação

de ideias visando mudanças e

aprendiza-gens

Baixa

interação com fornecedores e

distribuidores (no sentido de direcionament

o estratégico), e muito baixa interação com salões de

beleza

Muito baixa por

problemas de pouco planejamento e

organização sem foco nas necessidades

dos clientes

Relacionamento

de longo prazo. Elevada

Confiança Baixa

exclusividade Fabrica seu próprio molde,

embalagens e matérias-primas

B

Baixa flexibi-lidade

Planejada, com Controle e

Aprendizado

Abertos, construindo a direção (há

ação gerencial proativa neste sentido).

Fase de aprendiza-gem da

tecnologia ERP

Receptiva com fornecedores, no sentido de

ouvir suas ideias, e Proativa no

contato com clientes.

Proativa, busca soluções

Envolvimento do nível gerencial para cima

Criação de projetos para estreitar

relacionamentos junto aos clientes

Proativa Relacionamento

de longo prazo. Elevada

Confiança Baixa exclusividade

Estratégia de fabricar suas

próprias

Page 175: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

174

matérias-primas Projeto de

fabricar seu próprio molde e sua própria

embalagem

C Estrutura Organizacio

nal muito flexível no que diz

respeito a organização de equipes

de projetos, e com Flexibilidade

controlada (planejada, emergente e

que avalia e questiona se a gestão da

estratégia deve seguir o mesmo

rumo)

Planejada, com controle

e Aprendizado em equipe,

visto as reuniões, metas,

cursos e treinamentos voltados

para a busca de inovar o jeito

de se inovar.

Proativa

Sistemas integrados, em redes de

comunicação entre níveis hierárquicos e

ambiente externo, com clientes e

fornecedores.

Elevada interação com

os clientes, inclusive as revendedoras

individuais e, prática da inovação

aberta.

Proativa, busca soluções

Envolvimento do nível gerencial

para cima, e do nível gerencial para baixo.

Criação de projetos para

estreitar relacionamentos junto aos

clientes.

Proativa

Relacionamento firmado com fornecedores

que tenham passado na avaliação da

empresa que segue uma série de

requisitos e condições. Elevada

Confiança Não há exclusividade,

mas existem alguns que possuem

contratos maiores, com mais cláusulas.

Estratégia de fabricar suas próprias

matérias-primas Fabrica seu

próprio molde e sua própria embalagem

Prática da inovação aberta

envolvendo inclusive fornecedores.

QUADRO 27 - ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A”, “B” E “C” AOS REQUISITOS DA PERSPECTIVA DA

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Apesar de as gestoras das empresas “A” e “B” entrevistadas terem afirmado

que a estrutura organizacional apresenta-se flexível e aberta a mudanças e

inovações, a empresa “A” apresenta um desenho organizacional com baixa

flexibilidade, na medida em que as interações, com foco na captura de novas

idéias, e no compartilhamento da MVV só acontecem no nível da direção com

os gestores, não fazendo parte da política da empresa a criação de rotinas

Page 176: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

175

para o planejamento de todos os colaboradores na busca de novos

conhecimentos. A empresa “B” também se mostra com baixa flexibilidade, mas

no sentido de possuírem tomadores de decisão mais conservadores, no

sentido de participarem de conversações mais demoradas até tomarem uma

decisão final, pois também preferem seguir a risca o planejamento estratégico

que foi criado, mais do que oportunizar espaços para interações de todos os

colaboradores, visando necessariamente a captura de ideias. Contudo, na

empresa “B”, todo final de ano, o plano é revisto e sofre ajustes, a partir de

práticas entre os diretores, que visam às interações das pessoas tomadoras de

decisão. Ambas as empresas, “A” e “B”, não envolvem todos os colaboradores

em processos contínuos de buscas de novas ideias, a partir da leitura de todos

com relação ao ambiente interno e externo. Essa interação envolvendo todos

os níveis hierárquicos na busca de novas ideias é cultura da empresa “C”, que

tem como uma de suas políticas de gestão com pessoas, a busca por melhoria

contínua, prática que é mais bem detalhada na próxima seção.

A interação intraorganizacional, na empresa “A”, está com foco mais na

eficiência e no controle, e mostra-se com baixa interação entre todos os níveis,

no processo de busca de troca de ideias. As ações do nível gerencial e

operacional são mais reativas do que proativas, pois seguem as orientações do

diretor geral, mais do que agem na busca de propor mudanças a partir da

interação entre todos os colaboradores, num processo de melhoria contínua.

No caso da empresa “B”, a interação intraorganizacional ocorre fortemente

entre os diretores e gestores no que diz respeito aos processos de tomadas de

decisão final, mas todos os níveis hierárquicos se envolvem no dia a dia,

especialmente nas reuniões trimestrais, planejadas com antecedência, dentro

do calendário de eventos da empresa que é divulgado sempre no início do ano

e nas comemorações dos aniversariantes, na troca de conhecimentos entre os

que participaram de cursos e têm o compromisso com a empresa que paga os

cursos, de trocar os conhecimentos aprendidos com todos da empresa.

Os sistemas de comunicação da empresa “A” são abertos, mas não estão

voltados para o direcionamento estratégico, em que as pessoas trocam

Page 177: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

176

informações visando monitorar as informações do ambiente externo, de forma

participativa, com foco em resultados. Os sistemas de comunicação da

empresa “A” e da empresa “B” são mais formais entre os diretores e gestores

quando na prática da tomada de decisão. Ambas apresentam elevada

proximidade com seus colaboradores em momentos de confraternização, e

mantêm cautela nas relações informais no dia a dia, dentro da empresa. O

contato direto é frequente em ambas as empresas, e as interações informais no

ambiente do café, acontecem em ambas. Mas há uma diferença importante

entre as duas: enquanto a empresa “A” não possui políticas para as interações

com foco no aprendizado, a partir de planejamentos com cronogramas que

visem ao desenvolvimento das pessoas de forma contínua, a empresa “B” paga

aos funcionários cursos e exige em troca que eles troquem as lições

aprendidas para todos os demais funcionários, em salas de reuniões da

empresa.

A interação interorganizacional da empresa “A” com fornecedores e clientes é

mais focada na eficiência, agilidade da entrega e no controle sobre os

processos burocráticos, do que na leitura das necessidades do mercado para a

criação de mudanças ou adaptações ou inovações. Ambas as empresas são

proativas no que se refere a fabricar sua própria matéria-prima. A interação

interorganizacional da empresa “B” é proativa, também junto aos seus clientes,

distribuidores, salões de beleza e cliente do salão de beleza, na medida em

que busca parcerias estratégicas junto aos dois primeiros, e desenvolve

projetos dentro da empresa com seus funcionários (em fase de implantação

dos planos criados pelos diretores) sobre como se aproximar do cliente final,

que frequenta o salão de beleza.

A cultura organizacional da empresa “A” é centrada nos valores: qualidade,

eficiência, reputação da marca e confiabilidade dos produtos. As suas rotinas

são voltadas para a execução das tarefas, com controle e supervisão do diretor

geral que está presente diariamente em todas as áreas da empresa. Os

funcionários não se envolvem com as questões ligadas aos clientes, apenas o

diretor e alguns gestores, mas sem uma política de organizar informações

Page 178: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

177

estratégicas sobre clientes visando inovações. Não há projetos visando a

aproximação com clientes.

No caso da empresa “B”, a cultura organizacional possui foco nos valores:

credibilidade/boa reputação junto aos parceiros, inclusive com os clientes,

seriedade no que diz respeito ao cumprimento dos acordos, respeito e

educação continuada dos colaboradores, por meio de cursos, palestras,

treinamentos, seguindo um cronograma anual da empresa. Contudo, a leitura

das necessidades dos clientes é feita mais pela gestora financeira e de

recursos humanos, que foi entrevistada, e do diretor comercial em parceria com

distribuidores.

A empresa “C” assume quatro grandes valores em sua cultura organizacional:

humanismo, criatividade (ousar e inovar), equilíbrio e transparência (claro,

evidente, que se deixa conhecer). Os conteúdos valorizados pelos gestores, de

acordo com o que é divulgado entre os níveis hierárquicos e que estão no site

da empresa e foram confirmados pela gestora, dizem respeito,

respectivamente: à valorização das relações e do potencial humano; o respeito

e estímulo a individualidade que enriquece a diversidade; à busca de soluções

inovadoras, com alegria, ousadia, determinação e paixão; o aperfeiçoamento

contínuo com intuição, sensibilidade e conhecimento; o (...) equilíbrio e a

dinâmica da natureza; a valorização da interação com a natureza, com

consciência e competência, discurso e prática, saber e fazer, ética e estética;

além de (...) ser contra ambiguidades, manipulações e discriminação em todas

as relações; e buscar (...) com determinação a qualidade e reconhecimento de

suas imperfeições; compartilhando dúvidas e buscando respostas.

A respeito das parcerias estratégicas com fornecedores, a empresa “A” possui

contratos informais de exclusividade com fornecedores, que não garantem

diferencial competitivo em termos de matérias-primas. Fabrica seu próprio

molde e embalagens para os seus produtos, visando diminuir custos. A

empresa “B” conta com o tempo de parceria junto dos fornecedores, assim

como a empresa “A”, mas não possui contratos de exclusividade, e assim como

a empresa “A”, fabrica parte de sua matéria-prima. A empresa “B” está

Page 179: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

178

expandindo suas instalações e está implantando o projeto de fabricar seu

molde e embalagens para diminuir custos e melhor o seu preço. No caso da

empresa “C” há acordos de parceira estratégica com fornecedores e/ou centros

de pesquisa, em que, a empresa, “[...] tem como estratégia de inovação, a

inovação do tipo aberta, numa busca constante de conhecimentos de dentro e

de fora da organização”.

Diante destas análises, pode-se chegar ao entendimento de que não há, na

empresa “A”, a criação de uma consciência estratégica no sentido amplo

trazido no modelo proposto, envolvendo troca de ideias para o surgimento de

aprendizagens e melhorias organizacionais. Os requisitos para o

compartilhamento da missão, visão e valores (MVV), envolvendo todos os

colaboradores, não são plenamente atendidos pela empresa, que possui uma

cultura organizacional mais reativa do que proativa, apesar de o diretor geral

ser empreendedor, criar soluções a partir do seu conhecimento e experiências,

dividir ideias entre os gestores, e saber criar relacionamentos de longo prazo

com as empresas fornecedoras e distribuidoras. A empresa “B” é aderente ao

modelo proposto, na medida em que valoriza a educação continuada e

desenvolve projetos e parcerias visando aprendizagens dentro da empresa,

“[...] apesar de hoje existir esforço muito maior por parte da empresa em

acompanhar os projetos de aquisição e de ampliação de instalações”, relatou a

gestora.

A prática da empresa “B” de ter seu corpo de gestores participando de grupos

estratégicos junto ao Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e a Federação das Indústrias

do Espírito Santo (FINDES) acaba equilibrando o foco da gestão que, “[...] na

prática e mentalmente, está mais dedicada a pensar sobre os andamentos dos

projetos que foram planejados na última revisão do plano estratégico”.

Conforme afirmou a gestora, “[...] estão consumindo muito mais dos diretores e

gestores”.

A empresa que se mostrou mais aderente ao modelo, no que diz respeito a

criar um ambiente propício para a criação de uma consciência estratégica,

visando à unidade de direção a partir do envolvimento dos colaboradores,

Page 180: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

179

clientes e fornecedores e, ainda, voltada para a melhoria contínua, com planos

de inovação atrelados a metas de desempenho, foi a empresa “C”. Isso porque

ela atende aos requisitos necessários para o atendimento dos objetivos das

etapas iniciais do modelo proposto, etapas até aqui discutidas, em confronto

com a prática das empresas.

A prática gerencial de buscar interagir com os colaboradores de todos os níveis

é requisito para a geração e ampliação de novos conhecimentos. O ambiente

voltado à aprendizagem organizacional depende da visão compartilhada da

MVV. Ao mesmo tempo, a ampliação de novos conhecimentos, conduz a

empresa a melhorias contínuas. Neste sentido, a empresa “C” pratica a

aproximação constante junto a clientes e fornecedores, busca por fontes de

informações e conhecimentos diversos e continuadamente a fim de criar novos

produtos (tecnologias para o produto), faz benchmarking e realiza parcerias

estratégicas (com empresas de pesquisa de mercado e com fornecedores)

para que sua estratégia de inovação aconteça.

A partir da visão compartilhada da MVV, chega-se a uma maior unicidade, ao

comprometimento de todos, ao conhecimento do direcionamento estratégico

por parte da empresa. Mas, a unicidade e o comprometimento de todos só

podem surgir em um ambiente em que os sistemas de comunicação são

abertos, voltados à interação entre os diferentes níveis hierárquicos, e às

comunicações com fornecedores e clientes. A unicidade e o comprometimento

dependem também de uma linguagem comum em termos de direcionamento

estratégico, por isso, a importância da gestão, no processo de coordenar e

integrar as pessoas. A empresa “C” demonstra aderência com o modelo

nesses aspectos, tendo-se em vista que pratica diálogos estratégicos e

reflexões coletivas entre gestores, e gestores e suas equipes; e esses diálogos

são conduzidos, conforme explicou a gestora, com base naquilo que a empresa

tem em sua essência, que é a missão, valores e visão, com seus objetivos

expostos em conversações a partir do uso de ferramentas como BSC e Mapa

Estratégico, nas reuniões junto às diversas equipes.

Page 181: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

180

As condições necessárias para a visão compartilhada da MVV, seguindo-se o

modelo proposto neste trabalho, incluem: desenho organizacional flexível,

interação entre todos os colaboradores de todos os níveis e sistemas de

comunicação abertos. Atendendo a esses requisitos, chega-se à capacitação

(aprendizagem) que conduz aos atendimentos dos objetivos presentes na

perspectiva interna do Balanced Scorecard.

6.2 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 2: ANÁLISE AMBIENTAL

A segunda etapa do modelo tem como objetivo identificar as oportunidades e

as ameaças que determinam a ação da empresa. Assume-se no modelo, que o

gestor conseguiu, nesta etapa 2, a unicidade e o comprometimento de todos

com a MVV, por meio de reuniões, formais e informais, periódicas, e eventos; e

que, na empresa, há a cultura de voltar-se ao cliente, além da prática de

realizar parcerias estratégicas com fornecedores. Nesta segunda etapa, do

modelo proposto, o gestor deve conseguir que a empresa tenha compreensão

do ambiente no qual ela está inserida.

Nesse sentido, obteve-se com a gestora da empresa “A”, com a gestora da

empresa “B”, e com a gestora da empresa “C”, que existe a preocupação de

ser feita a busca de informações no ambiente externo, e que elas estão

relacionadas a todas as opções que foram apresentadas na entrevista, ou seja:

mercado, tecnologias, produtos, concorrência, clientes atuais, clientes

potenciais e fornecedores. Ambas as gestoras dão grau de importância

máxima, numa escala de 1 a 10, à leitura do ambiente externo. Porém, “A” e

“B” possuem estratégias diferentes no dia a dia de cada uma, neste sentido, a

empresa “A” mostrou-se mais do tipo reativa (que espera as informações

chegarem por parte de clientes ou fornecedores) e a empresa “B” mais proativa

(que busca estar em contato com diferentes clientes). No caso da “C”, não só

existe a proatividade na busca de informações junto a fornecedores e clientes,

como também, o uso de tecnologias, como banco de dados de clientes, CRM e

ERP para facilitar o processo de geração de novas ideias.

Page 182: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

181

Foi perguntado às gestoras das empresas (A, B e C), sobre os conteúdos e/ou

informações que são mais acessados pela empresa, e sobre o quê dizem

respeito e a quem do ambiente externo. A gestora da empresa “A” afirmou que

“[...] esta busca também é feita nas feiras industriais e comerciais, e nos canais

de marketing, no atacado (empresas distribuidores clientes) sobre os produtos

dos concorrentes e sobre novas tecnologias [...]”. A empresa “B” considera

importante a busca de informações ligadas à formação de preços das

empresas distribuidoras. A gestora da empresa “B” faz uso da técnica de

comprador oculto também para entrar nos salões de beleza, e chegar pedindo

a marca da empresa como forma de divulgar e posicionar a sua marca e as

linhas de produtos da empresa nos salões de beleza.

A empresa “B” tem um projeto pronto que já está em fase de implementação,

na busca de se aproximar do cliente final, que frequenta o salão de beleza. No

caso da empresa “A”, contudo, após análise dos conteúdos da entrevista,

chegou-se à verificação de que existe baixo relacionamento da empresa

industrial com os clientes dos seus principais clientes, e que, não existem

parcerias formais junto a distribuidores e fornecedores, apenas informalmente.

A respeito do propósito e das pessoas da empresa “A”, envolvidas no processo

de busca de informações sobre o ambiente externo, a gestora respondeu que

ela e o diretor geral vão “[...] para as feiras para conhecer os novos

lançamentos, e para saber até que ponto está ocorrendo muita mudança nos

produtos e nas tecnologias [...]”; que “[...] o gestor de marketing estuda os

canais de comunicação sobre os produtos dos concorrentes, desde

embalagens e preços, até as características gerais dos produtos [...]”; que “[...]

o diretor geral é quem investiga informações sobre os clientes e fornecedores

[...], respectivamente, sobre as novas necessidades e problemas e, novas

matérias-primas [...]”.

Chegou-se a análise de que essa busca de informações da empresa “A”, sobre

os novos lançamentos e tecnologias acontece, existe a preocupação por parte

dos gestores e do diretor geral, em explorar informações no ambiente externo.

Soma-se ainda, a fala da gestora que acrescentou “[...] que todo mês a

Page 183: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

182

empresa recebe revistas pelo correio, especializadas do setor químico e do

setor de cosméticos, e que é feito estudo sobre as novas tendências por parte

do gestor de marketing [...], e por ela, administradora geral, e o diretor geral e a

engenheira química [...]”.

Mas, chegou-se também à verificação de que essa leitura do ambiente externo,

feita pela empresa “A”, ou acontece quando “sobra tempo” aos gestores, ou

quando já se tem conhecimento das datas e locais das feiras ao longo do ano.

A gestora afirmou que quando é possível “[...] nós vamos (os gestores e o

diretor geral) para as feiras, mas não „dá‟ para irmos (ela e o diretor) sempre,

porque não „dá‟ para acompanhar todas (as feiras) até porque „você‟ não

consegue acompanhar tantas mudanças, pois são muitas [...]”.

No caso da empresa “B”, a leitura do ambiente externo acontece por meio de

práticas constantes dos gestores e diretores envolvendo reuniões com a

Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES) e consultores

externos. “[...] A gente tem sentado muito com o segmento de cosméticos e

discutido muito essas questões lá na FINDES [...]”. Essas questões explicadas

pela gestora passam pelos seguintes pontos:

[...] O segmento tem sido ascendente já tem alguns anos; [...] como o

segmento está sempre crescendo e com forte tendência para

continuar forte, o governo tem que passar a olhar porque uma coisa é

que o Brasil, segundo órgãos de pesquisa, está com uma tendência

de chegar até 2016 ou 2017, como o segundo maior consumidor de

cosmético do mundo; [...] O que levou este consumo? O brasileiro é

extremamente vaidoso e tem toda uma questão ascendente da classe

C, em que o poder de compra tem melhorado, enfim, uma infinidade

de fatores que tem feito com que isso favoreça as empresas

brasileiras; [...] Mas tudo isso vem chamando atenção de outras

empresas, de outros países, em que, de acordo com uma amiga

minha que trabalha com exportação, estão entrando marcas

israelenses aqui no Brasil; até mesmo a Coréia do Norte que é

fechada está entrando aqui; [...] então, o mundo já enxergou e, é

lógico, que tem todas as questões estruturais do país que preocupa,

mas que eu não acredito que é esse monstro, porque o que acontece,

Page 184: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

183

o empresário brasileiro tem medo de investir no próprio país, porque

existe insegurança jurídica, tudo isso existe mesmo, mas lá fora eles

já estão, sei lá, tarimbados, talvez, e que conseguem perceber maior

oportunidade no Brasil. E eles estão vindo. Então o que nós

precisamos fazer para que a gente possa cuidar melhor do nosso

„quintal‟, não é? É algo que a gente tem discutido muito lá na

FINDES. Hoje mesmo eu e o grupo estávamos falando sobre como

fortalecer o setor, a ideia são três anos de projeto, e um consultor de

mercado veio aqui fazer um diagnostico com cada empresa

individualmente, ele já visitou 20 indústrias aqui no estado. No final,

foi feito um relatório para identificar o que realmente era o problema

da maioria das indústrias de cosméticos, depois dessa segunda

reunião, fizemos a divisão de grupos: gestão, produção (questões

técnicas e normatização) e marketing e comercial. Das vinte

empresas, o nosso técnico foi para o grupo técnico, eu fiquei com o

grupo de gestão. As pessoas estratégicas da empresa é que foram

para os grupos, para cada grupo vai uma pessoa estratégica [...]

(Gestora da empresa B).

No caso da empresa “C”, a leitura do ambiente externo acontece de forma

contínua, por meio de interações em rede junto a clientes e fornecedores. A

empresa explora diariamente as diferentes mídias, seu banco de dados junto

às revendedoras, e faz uso das tecnologias ERP e SAP.

Quando perguntado se existe a prática de benchmarking nas empresas, todas

as gestoras afirmaram que sim. No caso da empresa “A” afirmou que sim, e

serve para aprimorar os produtos; “[...] é o gestor de marketing quem faz essa

leitura do mercado a respeito das melhores práticas, em seguida transmite aos

gestores e ao diretor geral, para que, ao final, após a discussão entre os

gestores e o diretor, seja feita a escolha por parte do diretor geral a respeito do

que a empresa (“A”) deverá ou não fazer em termos de inovação de produto ou

processo ou organizacional [...]”.

A respeito das informações que são divulgadas na empresa sobre o ambiente

externo, a gestora da empresa “A” afirmou que

Page 185: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

184

[...] o gestor de marketing está na empresa há aproximadamente um

ano [...] agora ele está arrumando muita coisa em termos de

divulgação do nosso produto [...]; que através de apresentação, em

slide, numa sala, ele passa para todos os funcionários, área por área,

sobre como o produto da nossa empresa deve ser entendido [...];

inclusive, a gente fez recentemente uma apresentação das novas

linhas, para que todos participassem das mudanças que ele fez na

divulgação dos nossos produtos [...].

Quando perguntado se existe algum tipo de parceria da empresa com

fornecedores, e como acontece, e se não fazem e por que não fazem, a

gestora da empresa “A” respondeu que “[...] a única parceria que existe é com

um rapaz que possui um ativo que ele desenvolveu, [...] e que ele só vende

para nós [...]”. A gestora explicou que há um acordo de exclusividade entre

eles, informal, nada formalizado em contrato, “[...] mas existe (acordo informal),

e ele só vende para nós; [...] o rapaz que criou o ativo, quando em contato num

determinado dia em que eles se encontraram (ele e o diretor) falou desse ativo

para o diretor e daí surgiu a ideia da parceria [...]; [...] mas nós, realmente,

precisamos nos organizar melhor para isto acontecer (parcerias com

fornecedores)”.

No caso da gestora da empresa “B”, ela afirmou que a relação com os

fornecedores na busca de informações é bastante cautelosa, e que

normalmente parte do fornecedor a aproximação para oferta de novas

matérias-primas:

[...] tomamos muito cuidado, temos muita cautela; [...] porque é assim,

„sabe‟, muitos fornecedores nos procuram querendo que insiramos

em nossos produtos, os produtos deles [...], mas só que não somos

de entrar no que é moda, e tomamos muito cuidado em analisar cada

produto de cada fornecedor [...]. E também o nosso foco tem sido os

produtos orgânicos, naturais [...]; estamos com um sonho meu, um

projeto antigo de abrir outra área para a produção apenas de

produtos orgânicos [...] (Gestora da empresa B).

Page 186: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

185

De acordo com a gestora da empresa “B”, a empresa está nas mãos de um

fornecedor que fabrica os moldes e as embalagens dos seus produtos, e que é

onde o preço do produto final acaba sendo afetado, comentou.

Foi perguntado à gestora da empresa “A”, se a empresa procura levantar as

necessidades e expectativas dos clientes, e como e com que frequência isso

acontece. A gestora da empresa “A” respondeu que

Sim. Mensalmente temos sugestões vindas dos nossos vendedores.

Quando o mercado está aquecido, se faz semanalmente para não

perder o time. Existem produtos que são lançados e são apenas

moda. Esse produto moda nós não trabalhamos, porque empresas

que trabalham com loja de cosméticos, elas trabalham com moda.

Nós não mudamos por mudar, mas trabalhamos a mudança da

embalagem, da cara do produto.

Outra maneira que a empresa poderia utilizar para levantar informações sobre

os clientes “[...] seria pela própria página, na internet, [...]”, mas, neste sentido,

verificou-se que a empresa “A” não busca informações de clientes transmitidas

no site para realizar qualquer adaptação no produto. A gestora afirmou que o

gestor de marketing está no processo de melhoria nesse sentido, “[...] de

buscar integrar os dados dos pedidos dos diferentes clientes e de toda e

qualquer informação que, o cliente, de repente, queira nos posicionar no

próprio site, mas ainda não acontece [...]”, conforme explicou a gestora.

Verificou-se que a empresa “A” não integra os departamentos a um único

sistema de informação, o que não facilita as interações e a criação de foco

estratégico. Apesar disto, a gestora recordou-se que num determinado período,

a empresa fez alteração no tamanho da embalagem do produto porque o

distribuidor (cliente principal da empresa “A”) apontou para um vendedor (da

empresa “A”), que alguns salões de beleza começaram a questionar ao

distribuidor, sobre o porquê determinado produto não era fornecido em

tamanho maior, já que o mercado de cabelo cacheado havia crescido tanto e

muitos salões estão fortemente voltados para este público. A gestora lembrou

que a empresa nunca tinha dado atenção ao mercado de cabelos cacheados, e

Page 187: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

186

de que não era e que nunca foi o foco da empresa. Mas, que após o

crescimento deste público, nos salões de beleza, percebido pelo distribuidor, o

produto que existia e era vendido para os distribuidores em tamanho muito

menor, passou então a ser vendido em tamanho muito superior.

Essa leitura do vendedor da empresa “A”, acerca da leitura do seu cliente

principal (distribuidor), sobre as necessidades do cliente final (salões de

beleza) para atender as mulheres de cabelos cacheados que passaram a

frequentar fortemente os salões de beleza, revela uma postura atenta para a

captura de informações do ambiente externo, porém, que não há investimento

em tecnologias de informação para que venha integrar todas as informações

sobre os pedidos e sobre potenciais clientes, tampouco a cultura de voltar-se

proativamente na busca de informações de forma continuada.

Chegou-se à verificação de que a empresa “A” adota uma cultura de interação

interorganizacional centrada no principal cliente, o distribuidor, e de que é feita

a identificação de oportunidades a partir do conhecimento do distribuidor sobre

quem experiência o produto, isto é, os salões de beleza com os seus clientes.

De acordo com a gestora, é o diretor geral o maior responsável pela criação de

ideias e de mudanças na empresa “A”. “[...] O diretor geral possui muita

experiência no ramo de cosméticos, e conhece muitos distribuidores,

fornecedores [...]” e é ele quem, segundo a gestora, cria e testa novos aromas

e propõe caminhos para o surgimento de novas ideias e mudanças, fazendo

isto a partir da interação com a engenheira química, e a partir do teste dos

novos produtos nos colaboradores da empresa, homens e mulheres.

O acesso às feiras industriais e comerciais é importante, segundo a gestora da

empresa “A”, “[...] para conhecer o que está sendo ofertado de novo no

mercado, tanto em termos de tecnologia, quanto de produto e concorrentes

[...]”. Ao mesmo tempo, ela também afirmou que servem para comparar com o

que a empresa está fazendo em termos de desenvolvimento de produto com

àquilo que está chegando de novo nas feiras. Esta prática, de levantar

Page 188: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

187

informações no mercado, colabora para a atualização da empresa com relação

à evolução tecnológica, a inovação de produto, comentou a gestora.

A empresa “A” realiza interações entre gestores e colaboradores a respeito

daquilo que o diretor geral e a engenheira química estão desenvolvendo em

termos de novos produtos, o que colabora para o surgimento de novas

opiniões, na medida em que abre espaço para os colaboradores opinarem

sobre os novos produtos quando estão fazendo o teste. Contudo, como esta

ação parte do diretor geral para que essa interação aconteça, e ele auxilia

todos os departamentos diariamente, o tempo dedicado para o teste de

produtos fica nas mãos do diretor geral e sem uma rotina planejada para que

isto aconteça.

A empresa “B” vem estudando os clientes há bastante tempo, e desde o

planejamento estratégico feito pela empresa, percebeu a necessidade de

treinar os profissionais de salão de beleza, a fim dele melhor utilizar o produto

em suas clientes, garantindo não apenas a divulgação da marca, como

também garantindo que toda a prestação de serviço feita pelo salão de beleza

não prejudique a imagem da marca, apesar de muitos salões não revelarem a

marca para não correrem o risco de suas clientes irem direto ao fabricante.

[...] a empresa tem uma linha para o salão vender. A natureza do

salão é prestar serviço, não ser vendedor. Ele não é um „cara‟ que

sabe vender. Nós queremos chegar até esse cliente final; [...]

estamos observando todos os canais; construindo ações, para fazer

com que os que têm perfil (distribuidores) (dentro da fatia que

queremos), porque a gente está construindo projeto para chegar na

cliente final.

Sabe-se que o modelo conceitual de formação de estratégia de negócio

proposto tem a análise do ambiente externo presente na perspectiva de

aprendizagem organizacional do mapa estratégico do modelo, que possibilita

gerar impacto em todos os objetivos internos da perspectiva do processo

interno inovação, ou seja, colabora para compreensão das necessidades dos

clientes, para ampliação da capacidade de inovação, para a criação de

Page 189: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

188

inovações em processos, produtos/serviços e organizacional, e obtenção de

melhorias organizacionais continuamente.

Nesse sentido, chegou-se a verificação de que a empresa “C” possui projetos

voltados a inovar o jeito de inovar, para que os objetivos de crescimento de

receita e mercado possam ser atingidos. A gestora da empresa “C” afirmou, em

conversa por telefone, que “[...] os projetos de inovação caminham juntos com

as metas de crescimento, visto que a inovação é motor de crescimento”,

afirmou a gestora.

A percepção da gestora (empresa “C”) acerca do conceito de formação de

estratégia de negócio é de que existe um caminho que vem da direção, aos

gestores, de que o negócio deve aumentar a sua receita e o gestor de inovação

deve promover esse crescimento por meio de inovação; e existe o caminho em

que os gestores buscam conhecimentos e novos insights para a inovação a

partir da cultura de voltar-se para o movimento de aprender continuadamente e

que, por conseqüência, chega ao crescimento da receita. Diante deste

contexto, chegou-se à seguinte análise acerca da aderência da empresa “A” e

“B” à etapa 2 do modelo (Figura 34).

Sabe-se que a ampliação de novos conhecimentos, conduz a empresa a

melhorias contínuas, e que a base para novos conhecimentos é a interação

entre os diversos stakeholders, internos e externos. Obteve-se que, apesar de

haver trocas constantes de informações entre os gestores, o diretor geral e os

vendedores da empresa no que diz respeito aos clientes principais

(distribuidores), a empresa “A” necessita aprimorar, de uma forma geral, os

canais de comunicação junto aos seus clientes internos (funcionários) e

externos (distribuidores), e aproveitar melhor do banco de dados e do site da

empresa, para fazer uso de análises a respeito dos diferentes clientes, perfis,

necessidades e desejos.

Page 190: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

189

FIGURA 34 - ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A” E “B” À ETAPA 2 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Não há criação de consciência estratégica porque os requisitos para a identificação das oportunidades e ameaças que determinam a ação da empresa não são plenamente atendidos

Interação interorganizacional reativa, que reage às informações obtidas do ambiente externo. Ao mesmo tempo, dependente do conhecimento do principal cliente (distribuidor) acerca do consumidor final (salões de beleza) e do diretor geral (experiência, ideias e tomada de decisão sobre o que deverá ser feito).

Cultura da empresa mais voltada para a aprendizagem de poucos, sobre as necessidades dos clientes.

As práticas (rotinas) da

Empresa A

Desenho Organizacional com baixa flexibilidade, na medida em que as interações, com foco na captura de novas idéias, e no compartilhamento das informações sobre clientes e fornecedores, ainda está em fase de desenvolvimento por meio do gestor de marketing.

Sistemas de comunicação abertos, porém sem explorar informações sobre os clientes, as suas necessidades e novos interesses, a fim de se desenvolver novas ações na empresa.

Ausência de um plano para o desenvolvimento de parcerias estratégicas junto a fornecedores.

Interação interorganizacional proativa, que busca informações no ambiente externo e ainda desenvolve treinamentos para os clientes. Ao mesmo tempo em que a empresa dependente do conhecimento do principal cliente (distribuidores) acerca do consumidor final (salões de beleza), também busca se aproximar deles, obter informações, oferecendo treinamentos, e também dos salões de beleza, independentemente dos distribuidores, inclusive por meio do distribuidor próprio, no caso do ES.

Cultura da empresa mais voltada para a aprendizagem dos tomadores de decisão, sobre as necessidades dos clientes, mas já presente no nível operacional, por meio do roteiro de atendimento ao cliente, localizado ao lado de cada telefone dentro da empresa, e a partir da cultura de concursos para obtenção de novas ideias. Há a prática de todos os diretores concordarem com a posição da diretora, para a tomada de decisão final acerca de qualquer área.

As práticas (rotinas) da

Empresa B

Desenho Organizacional ainda muito voltado para o nível da cúpula, apesar das práticas da empresa que colaboram para as interações, como: cursos, palestras, comemorações.

Sistemas de comunicação abertos, com cronograma de reuniões mensais, trimestrais, além de briefing, mas ainda em fase de implantação do processo de voltar-se aos clientes e investigar as suas necessidades mais de perto, ou novos interesses.

Não há interesse por parte da empresa em criar parcerias junto a fornecedores, mas há interesse em fabricar a maior parte das matérias-primas e em não seguir modismos. Ao mesmo tempo de realizar benchmarking entre os diretores e gestores.

Há preocupação em se ter

consciência estratégica por

parte da empresa como um todo, e os

requisitos para a identificação

das oportunidades e

ameaças que determinam a

ação da empresa visando a melhoria

contínua, são atendidos e

estão em fase de

desenvolvimento/ aperfeiçoamento

Page 191: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

190

No caso da empresa “C”, chegou-se à seguinte análise acerca de sua

aderência à etapa 2 do modelo (Figura 35):

FIGURA 35 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À ETAPA 2 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

A empresa “B” revelou possuir uma equipe gerencial voltada para a melhoria

contínua, e a partir da análise de conteúdo da entrevista, chegou-se à

verificação de que suas ações vêm sendo realizadas à luz de um planejamento

estratégico que vem sendo atualizado. Contudo, no aprofundamento das

comparações feitas dos conteúdos das falas da entrevistada, percebe-se que o

nível gerencial e o operacional, na medida em que a empresa está tomando

Há preocupação em se ter

consciência estratégica por

parte da empresa como um todo, e

os requisitos para a

identificação das oportunidades e

ameaças que determinam a

ação da empresa visando a melhoria

contínua, são atendidos por

meio da cultura organizacional de

equipes de trabalho focadas

na política de melhoria contínua,

inovação aberta e de produto

Interação interorganizacional proativa, com trocas de informações contínuas, e monitoradas, informações integradas em redes, abertas, em constante contato com fornecedores e clientes, por meio de tecnologias como CRM, SAP, ERP.

Cultura da empresa voltada para a melhoria contínua, criatividade, inovação, contudo sem controles ou busca de ideias junto ao nível operacional, sendo que tal ação é justificada pela existência de um departamento apenas voltado para inovações incrementais. Existem treinamentos e desenvolvimentos de gestores. Não foi comentado nada a respeito da política de gestão com pessoas junto ao nível operacional.

As práticas (rotinas) da

Empresa C

Desenho Organizacional flexível na prática, a partir de estrutura matricial (projetos e funções), com foco no crescimento da receita e de mercados, por meio da estratégia de inovação em produto (tecnologias), com práticas da empresa que colaboram para as interações formais, como: palestras, workshops, treinamentos, cursos, palestras; e informações: momento criar, em espaços como cafés.

Sistemas de comunicação abertos, integrados, monitorados e avaliados continuamente por equipe de projetos. Clientes internos e externos participam de reuniões para troca de conhecimentos e informações.

Existe uma cultura totalmente voltada para a interação junto a fornecedores na busca de novas ideias. A empresa desenvolve, mas não produz matéria-prima, pois não visa aumentar instalações e faz uso de um criterioso processo de seleção junto a fornecedores para que eles fabriquem as matérias-primas que são desenvolvidas pela empresa. A empresa sempre realiza benchmarking principalmente entre os gestores.

Page 192: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

191

maiores proporções, deve ser preparado para lidar com maior complexidade do

número de informações sobre pedidos, e obter além do aprendizado operante,

também um aprendizado focado na criação de novas soluções, a partir de

dinâmicas voltadas para a solução de problemas. A prática de realizar

concurso, por exemplo, envolvendo todos os colaboradores na criação de um

novo nome de produto, deve ser repassada para outros processos da empresa,

pois estimula os funcionários a se envolverem mais com os objetivos da

empresa.

No modelo conceitual de formação de estratégia proposto, assume-se que a

compreensão do ambiente do qual a empresa está inserida, depende de

práticas continuadas de brainstorming entre gestores e colaboradores, e não

apenas daqueles que tomam a decisão final. As interações entre os níveis

hierárquicos e entre as empresas à montante e à jusante da cadeia, colaboram

para o surgimento de novas ideias e parcerias estratégicas. Por essa razão,

chega-se à verificação de que os sistemas de informação devem ser capazes

de integrar as áreas da empresa, para ampliar o número de dados e

informações no processo de tomada de decisão. Neste sentido, ambas as

empresas, A e B, precisam melhor desenvolver suas equipes para o uso de

tecnologias capazes de contribuir com informações estratégicas.

No caso da empresa “C”, o modelo mostrou-se aderente, pois a sua prática

gerencial colabora para o atendimento dos requisitos expostos na perspectiva

de aprendizagem organizacional visando melhorias continuas.

6.2.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 2 E 3

Na medida em que há na empresa, visão compartilhada da missão, valores e

visão (MVV) e rotinas que apresentam uma cultura de trocar conhecimentos

dentro da empresa e entre a empresa e os seus parceiros, os colaboradores,

não só encontram unidade de direção estratégica, mas ampliam seus

conhecimentos acerca das ameaças e oportunidades, forças e fraquezas.

Page 193: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

192

Assume-se, no modelo proposto, que as pessoas na empresa, com uma

liderança comprometida, num trabalho em equipe com unidade de direção, e a

partir de programas de treinamento, tornam possível o atendimento do objetivo

de identificar as ameaças e as oportunidades, ao mesmo tempo em que são

orientadas a buscar e a construir novas aprendizagens.

Assim, para a análise da aderência das empresas com relação à interface das

etapas 2 e 3, buscou-se investigar nas empresas a maneira como elas

propiciam espaço para o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem.

6.3 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 3: APRENDIZAGEM

ORGANIZACIONAL

A terceira etapa do modelo tem como objetivo identificar as capacidades

essenciais da empresa em relação à aprendizagem organizacional, além de

direcionar a aprendizagem em prol da capacidade de inovação. Mas, para que

esse objetivo seja atingido, antes é preciso que a empresa tenha desenvolvido

programas de treinamento para o desenvolvimento de novas aprendizagens

individuais e de suas equipes.

A partir do comprometimento da liderança em possibilitar espaços e tempo

para as interações, com trocas de conhecimentos, sempre com foco na

inovação de seus produtos/serviços, processos e organizacional, a etapa 3 do

modelo de formação de estratégia deve possibilitar a criação de uma cultura de

aprendizagem que favoreça o desenvolvimento das cinco disciplinas de

aprendizagem de Peter Senge: domínio pessoal, modelos mentais, visão

compartilhada, aprendizagem em equipe e pensamento sistêmico, a fim de

contribuir para o surgimento de inovações (Figura 36).

Page 194: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

193

FIGURA 36 – OS OBJETIVOS E AS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS ÀS ETAPAS 1-4 DO MODELO.

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

A fim de descobrir a maneira como as empresas possibilitam um ambiente

empresarial para aprendizagens e inovações, foi feita a verificação das

políticas de treinamento e obteve-se, por meio da entrevista, que na empresa

“A” há a prática de treinamento dos funcionários, a partir daquele colaborador

que possui maior conhecimento e experiência sobre àquilo que deve ser

aprendido de novo. No demais, a gestora da empresa afirmou que “[...] Os

colaboradores que pretendem ter treinamento específico são liberados e a

empresa indica treinamentos específicos para funcionários específicos”.

No caso da empresa “B”, é feito o levantamento das necessidades de

treinamento no início de cada ano, pois segundo a gestora “[...] no final de cada

ano fazemos primeiro a verificação do plano estratégico, e a necessidade de

ajustes [...]. A gestora da empresa “B” afirmou que a política de treinamento

dos colaboradores envolve, para o nível operacional: treinamento técnico e as

reuniões para troca de informações sobre os cursos que são realizados.

Compartilhar missão, visão

e valores

Analisar ambiente externo

Promover a Aprendizagem

Individual e

Equipe

Geração de novos

conhecimentos, competências e

habilidades

Aprendizagem

Organizacional

Interação e comunicação

entre os níveis organizacionais

Gera impacto em todos os níveis da perspectiva seguinte

Gera impacto somente no objetivo conectado

Requisito ou condição necessária para.

Pers

pectiva

Apre

ndiz

agem

Criação de consciência

estratégica

Compreensão das necessidades dos

clientes

Ampliação da capacidade de inovação

Criar inovações em processos, produtos /

serviços e organizacional

Obter melhorias organizacionais continuamente

Pers

pectiva

inte

rna

Page 195: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

194

No caso da empresa “C”, não foi disponibilizada nenhuma informação a

respeito da política de treinamento dos colaboradores adotada pela área de

gestão com pessoas da empresa. Mas a gestora informou que a empresa faz

levantamentos das necessidades de treinamento, por meio de pesquisa de

desenvolvimento individual, e de levantamento de conhecimentos e

competências necessárias a cada função. Isso é feito anualmente, com

revisões pelo menos semestral.

Na empresa “A”, a gestora afirmou que “[...] os gestores das diferentes áreas

supervisionam os seus departamentos e, a partir de qualquer tipo de

acontecimento que venha trazer algum problema posterior, inicia-se o processo

(por parte dos que supervisionam) de elaborar estratégias para eliminar

qualquer tipo de problema”. De acordo com a gestora, a periodicidade dos

treinamentos depende de cada supervisor. No caso da empresa “B”, após o

levantamento das necessidades de treinamento feito com base no plano

estratégico revisado, é iniciado o processo de análise dos diferentes cursos

oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), e pela

FINDES, comparado com o que cada colaborador na empresa precisa

desenvolver em termos de aprendizado sobre o seu próprio setor, e organizado

cronograma dos cursos ao longo do ano. Conforme a gestora explicou, na

empresa “B”, cada funcionário da empresa tem direito de realizar, por meio da

empresa, um total de 3 cursos, sempre com o compromisso de trazer o que foi

aprendido, repassando estes conhecimentos, por meio de seminários, com o

uso até de Power point, para os demais funcionários, também de outros

setores. A empresa “B” tem parceria com esses órgãos e consegue descontos

no preço de cada curso.

Foi perguntado à gestora da empresa “A”, se a política da empresa favorece a

reserva de tempo para a aprendizagem (gerentes e colaboradores), e conforme

a gestora,

Sim. Para os que mostram interesse em crescer junto com a

empresa. A nossa intenção é que todos tenham oportunidades, de

verdade. Temos uma estudante de contabilidade que vai para cursos

Page 196: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

195

e que se mostra interessada. Mas, mesmo assim, estou pensando em

projetos que ajudem a trazer os menos interessados para mudar e

transformar de mentalidade. Existem muitos cursos ligados a

regulação de produtos, na parte química. Temos uma funcionária

formada em química e que trabalha no setor de regulatório. Não é

porque ela não é farmacêutica que ela não vai (fazer cursos voltados

para área dela), ela vai; a gente libera se ela quiser (Gestora da

Empresa “A”).

A gestora da empresa “B” respondeu “[...] nosso dia a dia é muito puxado. Tem

direito a três cursos para cada área. Palestras na empresa. A gente incentiva a

leitura. A gente tem a nossa biblioteca; [...] em que cada funcionário doa

também os livros para a empresa e muitos também são doados para outras

entidades. O espaço para leitura, com a biblioteca própria, [...] passa a ser não

apenas um lugar em que as pessoas diversificam os horários de folga, mas

também um modo de incentivar a leitura; [...] é difícil o chão de fabricar se

preocupar em fazer um curso, com a questão da própria empregabilidade,

estudar, às vezes eles nem querem, mas a gente mostra que é importante para

eles. A gente incentiva as doações no projeto Instituto Eu Tenho um Sonho

(IETUS), eles participam [...].

Foi perguntado à gestora da empresa “C”, se a política da empresa favorece a

reserva de tempo para a aprendizagem (gerentes e colaboradores), e ela

respondeu que “Sim, há meta de reservar tempo para

aprendizagem/capacitação”.

Para saber mais, sobre a forma como as empresas estimulam os seus

colaboradores para aprendizagem, foi perguntado à gestora da empresa “A” se,

na visão dela, o ambiente organizacional estimula os colaboradores a

buscarem, por iniciativa própria, estratégias de autodesenvolvimento e

aprendizagem, e de que maneira isso acontece. A esse respeito, a gestora da

empresa “A” respondeu:

Sim. Por meio de palestras, treinamentos, cursos e simpósios. Na

verdade, às vezes, dependendo da função não tem como dar

treinamento, mas tem funcionário que recebe muitos treinamentos e

Page 197: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

196

depois a gente tem que tirar da empresa porque se percebe que não

atende a empresa. Na rotina, é acompanhada a rotina na empresa e

agente sente o que deve ser feito em termos de melhorias e vamos

acompanhando e desenvolvendo projetos. Nós temos procedimentos

padrão que são formalizados e devem ser seguidos (Gestora da

Empresa “A”).

A gestora da empresa “A” explicou que os cursos, palestras e seminários são

feitos fora da empresa e são os funcionários que procuram os gestores para

informar sobre esses eventos e saber da possibilidade deles participarem. A

empresa libera, mas não paga os cursos.

Durante a entrevista, com a gestora da empresa “A”, surgiu o interesse em

perguntar se a empresa incentiva ou mesmo libera os colaboradores para a

realização de cursos fora da empresa, ou mesmo palestras. Conforme relato da

gestora, “[...] se o funcionário revelar que tem interesse em realizar algum

curso, a empresa sempre libera, e que àqueles que os gestores percebem que

querem crescer com a empresa, há o incentivo de ele buscar fazer cursos”. De

acordo com a gestora da empresa “A”, existe o incentivo, mas que ele acontece

a partir do perfil do funcionário:

Sim, mas, claro, nós analisamos que sempre são os mesmos

funcionários, àqueles que mais se dedicam e, que querem o

crescimento da empresa, porque querem crescer com ela. Esses „a

gente‟ incentiva sim, e libera para realização de cursos. Existe

funcionária na linha de produção que cursa graduação em logística e

sempre demonstra querer crescer com a empresa (Gestora da

Empresa “A”).

Sabe-se, que a aprendizagem organizacional para a inovação, acontece por

meio de um processo contínuo de análise e questionamento, e do

comprometimento da liderança em possibilitar e promover um ambiente

organizacional propício à ampliação da capacidade de inovar (SENGE, 1998).

A promoção de treinamentos, seminários, palestras em prol de mudanças e,

sobretudo, por meio da aprendizagem das equipes de trabalho, possibilita

novas maneiras de se fazer as coisas (DUTRA; OLIVEIRA, 2007).

Page 198: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

197

Quando perguntado qual o objetivo da gestora na empresa “A”, se reciclagem,

renovação ou transformação, ela respondeu que “[...] Depende do funcionário;

pois existem alguns que precisam transformar uma série de comportamentos;

outros apenas reciclar, e outros precisam estar em constante renovação”.

A gestora da empresa “B” respondeu que o objetivo, observando as rotinas da

empresa, é mais voltado para reciclagem, e mais ainda para renovação. E que

a questão da transformação está mais voltada a essas questões de cidadania,

projetos sociais que são divulgados nos nossos eventos, e mudança de

comportamento com relação à preservação do meio ambiente, além da troca

de livros, em que muitos lêem e trocam ideias sobre o que leram, mas tudo de

forma espontânea.

De acordo com a gestora da empresa “C”, o que ela conhece a respeito da

política de treinamento dos colaboradores é de que ela é voltada para os três

objetivos: reciclagem, renovação e transformação, e que depende da função do

colaborador para saber qual deve ser o tipo de treinamento, mas que todos são

comuns, especialmente os que ela prepara para a área de inovação.

Obteve-se também que, a respeito de as empresas promoverem a interação

dos colaboradores que participam de treinamentos com os demais

colaboradores/equipes e por que, a gestora da empresa “A” explicou

Sim. A gente busca que, por meio dos próprios colaboradores, para

sugerir as melhorias, eles troquem informações entre eles, porque é

como eu falei, o que sabe mais é quem passa para os demais, mas

no caso de treinamentos, a mesma coisa, quem tem um treinamento

é quem passa para os outros que não tiveram (Gestora da Empresa

“A”).

Sobre a empresa ter um programa de incentivo à aprendizagem individual e em

equipe, e como funciona, a gestora da empresa “A” respondeu:

Sim. Como demos uma crescida rápida, estamos fazendo mais

individualmente, até porque hoje estamos com uma carga de trabalho

que não dá para tirar todos. Existem pessoas na empresa que

Page 199: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

198

passam para os outros funcionários. São os funcionários antigos que

têm mais conhecimento ou os que estão mais bem envolvidos com o

trabalho e com o que deve ser feito, este é sempre quem ensina,

quem “passa” para os demais àquilo que deve ser feito, como deve

ser feito. E sim, acontece individualmente e também em grupo.

Exemplo: um curso que foi feito sobre o uso de máquinas novas, um

faz e depois passa para os outros (Gestora da Empresa “A”).

A gestora da empresa “B” respondeu, sobre o programa de incentivo, que por

meio dos cursos que eles devem fazer ao longo do ano, pagos pela empresa,

além da elaboração dos materiais de treinamentos, e as trocas de informações

sobre o que eles aprenderam. A gestora da empresa “C” respondeu que “a

empresa tem programa de incentivo à aprendizagem individual e em equipe,

(...) todo ano, de desenvolvimento individual, que depois é agregado para

planejar capacitações”.

A respeito do envolvimento, da gestora da empresa “A”, na política de

treinamento que é feita na empresa, a gestora reforçou que “[...] Depende do

funcionário. Eu costumo dar maior atenção àquele funcionário que é mais

dedicado e mostra interesse, preocupação com a empresa. Existe muito

diálogo comigo e o funcionário. Quem não se expressa, eu vou atrás, mas não

me envolvo demais”. No caso da gestora “B”, afirmou que o papel dela é

incentivar que eles ajudem a propor melhorias para a empresa. E a gestora da

empresa “C” que “apenas no que for específico da inovação”. Quando

perguntado às gestoras se a empresa incentiva a incorporação de práticas

geradas no processo de aprendizagem aos processos internos, por que, e de

que maneira isso é feito, obteve-se com a gestora da “A” que

Sim. Porque eles acabam, os próprios funcionários, realizando

alterações no setor, passando sempre para o diretor qualquer

mudança que eles queiram fazer, mas, eles têm iniciativa e

conversam muito com a gente, e isso é bom para a empresa, porque

eles se sentem mais parte do processo, num clima mais favorável

para eles trabalharem. Os próprios funcionários, inclusive, me

procuram, me falam de idéias de melhoria, eles testam os produtos,

dão opiniões (Gestora da Empresa “A”).

Page 200: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

199

A gestora da empresa “B” afirmou que os funcionários têm obrigação de

compartilhar com a empresa o que aprenderam. Foi também perguntado qual o

papel das gestoras neste processo de incentivo à incorporação de práticas

geradas no processo de aprendizagem, aos processos internos da empresa, e

de acordo com a gestora da empresa “A”

Depende do funcionário também. Eu costumo dar maior atenção

àquele funcionário que é mais dedicado e mostra interesse,

preocupação com a empresa. Os funcionários me procuram, mas

quem fala mais com eles é o diretor. Foi feito também por uma de

nossas gestoras, um questionário, e ela aplicou na empresa, para

todos, visando saber quais os pontos que a empresa tem que

melhorar. Em cima disso eu busquei sugestões, um a um, e estou

agora adequando gradativamente. Foi uma ótima oportunidade para

eles falarem e conversar, mas só que alguns não aproveitaram a

chance e não disseram nada. Foi perguntado se eles se sentem

responsáveis pelas atividades, visto que todos aprendem todas elas

na operação, e na produção existem os processos de manipulação,

silque, sopro, envase e embalagem „né‟, e eles afirmaram que não se

sentem responsáveis por nenhum, mas por todos.

A gestora da empresa “B” afirmou que “[...] o papel dela no incentivo a

incorporar as práticas geradas no processo de aprendizagem aos processos

internos, é a de informar sobre a importância da capacitação para eles

manterem a empregabilidade, que muitos do nível operacional não se

preocupam muito”. A gestora da empresa “C” afirmou: “[...] Sim, porque isso

leva à evolução contínua. Principalmente por meio de compartilhamento em

workshops e bases de documentos”. Afirmou que, o seu papel, nesta prática de

incentivo à incorporação de práticas geradas no processo de aprendizagem

aos processos internos, é a de organizar este tipo de workshops, dentro de sua

área de atuação. E acrescentou que a empresa promove a interação dos

colaboradores que participaram de treinamentos com os demais

colaboradores/equipes “[...] porque seria inviável enviar todos aos eventos, e

proporciona a possibilidade de colaboração”, afirmou. Ao mesmo tempo, “[...] a

empresa estimula os colaboradores a buscarem por iniciativa própria

Page 201: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

200

estratégias de autodesenvolvimento e aprendizagem a partir do Programa de

Engajamento (PE) onde se busca levar à reflexão individual sobre o propósito e

desenvolvimento individual”. Diante deste contexto, chegou-se à seguinte

análise acerca da aderência da empresa “A” à etapa 3 do modelo (Figura 37):

FIGURA 37 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “A” À ETAPA 3 DO MODELO.

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

O modelo proposto para a formação da estratégia do negócio tem, em sua

etapa 3, o objetivo de identificar as capacidades internas em relação à

aprendizagem organizacional. A ideia de aprendizagem organizacional na

etapa 3 é creditada a um processo interativo, em que a aprendizagem

individual é transferida à equipe, e vice-versa, e os conhecimentos individuais e

da equipe são compartilhados criando aprendizagem organizacional de forma

integrada aos processos do negócio.

Desta forma, a aprendizagem organizacional é gerada a partir da interação

entre os componentes da organização, provocando mudanças organizacionais

e inovações, promovendo melhorias e novas competências. Tendo-se em vista

que, este é um processo que está em contínuo movimento, novas

aprendizagens surgem, resultando em inovação. No caso da empresa “B”,

chegou-se à verificação de que, a respeito de se criar na empresa a unicidade

Não há criação de consciência estratégica porque os requisitos para a identificação das capacidades essenciais da empresa à aprendizagem e o direcionamento da aprendizagem em prol da capacidade de inovação, não são plenamente atendidos.

Os programas de treinamento ocorrem quando os colaboradores precisam aprender a utilizar novas máquinas.

A gestão é comprometida a ajudar os funcionários que demonstram

interesse em crescer na empresa.

As práticas (rotinas)

Empresa A

Não há adequação de layouts na empresa para a troca de aprendizagens. A troca de aprendizagens ocorre entre o funcionário mais experiente e que mais sabe sobre determinada mudança na empresa, e os demais funcionários que são do mesmo departamento.

Não há a prática de reuniões periódicas, mas esporádicas, visando à criação de novos produtos/serviços, processos ou de novas práticas organizacionais.

Não existe um programa de treinamento voltado à melhoria contínua e aprendizagem organizacional.

A discussão de problemas e projetos é feita somente entre os gestores e entre os gestores e o diretor geral. Não existem salas ou espaços na empresa para interações visando a troca de ideias, para bate-papo. O foco está apenas na produção.

Page 202: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

201

da direção, com vistas à melhoria das equipes de trabalho, a empresa

apresenta-se em processo de desenvolvimento (Figura 38).

FIGURA 38 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “B” À ETAPA 3 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

No caso da empresa “C”, chegou-se à verificação de que, a respeito de se criar

na empresa a unicidade da direção, com vistas à melhoria das equipes de

trabalho, a empresa apresenta-se totalmente voltada para as interações intra e

interorganizacional, na busca de conhecimentos, aprendizagem e inovações

(Figura 39).

Para que esse processo contínuo de aprendizagem e inovação possa ocorrer

na empresa, é necessário o atendimento de alguns requisitos, caso contrário,

não será possível para a gestão, a identificação das capacidades essenciais

(capacidade de aprendizagem e de inovação) na empresa.

Os objetivos presentes no processo interno do modelo proposto, não são plenamente alcançados, em virtude de a empresa estar em fase de crescimento, ampliação, ao mesmo tempo mais focada em desenvolver parcerias com os seus clientes por meio de ações de parcerias com consultores externos e gestores da empresa, e menos ao desenvolvimento da aprendizagem organizacional visando inovações. A empresa ainda depende de lidar melhor com os requisitos que facilitam o surgimento de aprendizagens visando a inovação.

Os programas de treinamento ocorrem porque a empresa faz levantamento das necessidades de treinamento a partir do plano estratégico da empresa revisado. Os programas valorizam a visão compartilhada dos conhecimentos adquiridos para a criação de uma cultura organizacional em que as pessoas são capazes de trocar ideias e buscar soluções, além da valorização dos próprios funcionários.

A direção e a gestão da empresa são fortemente comprometidas em trazer a educação na empresa.

As práticas (rotinas) Empresa B

A troca de aprendizagens ocorre entre todos os funcionários da empresa nas datas agendadas para a ocorrência dos eventos na empresa desde o início do ano.

Existe a prática de reuniões periódicas, para troca de informações e conhecimentos.

Não existe um programa de treinamento voltado especificamente para o desenvolvimento de novas ideias e a empresa está estruturando agora a implantação de uma política de carreira e remuneração variável atrelada a metas.

A discussão de problemas e projetos é feita somente entre os gestores e entre os gestores e os diretores. Mas, existem salas ou espaços na empresa para interações visando a troca de ideias, para bate-papo, mas não com foco na solução de problemas, ou no questionamento do que se sabe por parte dos colaboradores do nível operacional, mais para descanso e relaxamento.

Page 203: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

202

FIGURA 39 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À ETAPA 3 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Esses requisitos ligam-se ao cumprimento das etapas 1 e 2, sempre contando

com um desenho organizacional flexível, interação entre todos os

colaboradores de todos os níveis hierárquicos, sistemas de comunicação

abertos e o comprometimento da liderança.

6.3.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 3 E 4

Assumindo-se que os requisitos descritos nas etapas 1, 2 e 3 foram atendidos,

a gestão terá desenvolvido uma cultura de aprendizagem que favoreça o

desenvolvimento das cinco disciplinas de Peter Senge, que contribuem para o

surgimento de inovações. São elas: domínio pessoal, modelos mentais, visão

compartilhada, aprendizagem em equipe e pensamento sistêmico.

Os objetivos presentes no processo interno do modelo proposto são alcançados pela empresa. Houve aderência da empresa “C” quanto aos requisitos necessários para o atendimento dos objetivos das etapas 1, 2 e 3 do modelo.

Os programas de treinamento vão além da reciclagem e renovação, eles também chegam à transformação.

A direção da empresa visa o crescimento da receita e de mercado, e a gestão da empresa trabalha com a estratégia de reciclagem, renovação e transformação.

As práticas (rotinas) da Empresa C

Existem programas de engajamento com o objetivo de levar à reflexão individual sobre o propósito e desenvolvimento individual.

Existe a prática de reuniões periódicas, para troca de informações e conhecimentos.

Existem Programas de Incentivo para o surgimento de colaboração, para troca de ideias, além de metas de reservar tempo para aprendizagem/capacitação.

A discussão na empresa sobre MVV, metas, problemas e projetos é feita entre os diretores e gestores, entre os gestores e equipes de trabalho. Há a incorporação do produto da aprendizagem no cotidiano. Há a prática de constantes projetos, unindo pessoas de diferentes áreas da empresa para a busca de novas ideias e de inovar o jeito de inovar. As comunicações informais são valorizadas no departamento de inovação, entre a gestora e suas equipes de trabalho.

Page 204: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

203

Quando se aprende a analisar continuamente os modelos mentais que se tem,

é possível chegar ao pensamento sistêmico que é a capacidade de saber

analisar as inter-relações entre todas essas disciplinas. Se aprendida a

disciplina do aprendizado sistêmico, se chega à integração das pessoas.

Assim, as organizações necessitam que os gestores estimulem a

aprendizagem e a inovação com postura ativa às novas ideias, e encoraje os

colaboradores a realizar questionamentos, o que não foi visto na empresa “A”,

nem na empresa “B” de forma proativa, mas, respectivamente, mais reativa

(que reage aos acontecimentos que surgem), e que está em um ciclo de

reestruturação da empresa, com objetivos mais voltados a concluir projetos já

planejados, não tendo tempo para desenvolver a cultura de aprendizagem

organizacional com foco em inovações, a partir da interação de todos os

colaboradores da empresa.

No caso da empresa “C”, obteve-se que as características necessárias para o

atendimento do objetivo de compartilhar a MVV, com todos os colaboradores,

foram atendidos, assim como as características para identificar as

oportunidades e ameaças que determinam a ação da empresa. Com relação

aos objetivos relacionados à etapa 3 do modelo, voltado à aprendizagem

organizacional, obteve-se que as condições da empresa favorecem a criação

de uma cultura de aprendizagem e que a empresa persegue a criatividade, a

criação e implantação de ideias visando chegar a inovações. Considerando-se

as rotinas da empresa “C” e o modo como acontecem às interações,

comunicações, programas, políticas, treinamento, pesquisas e parcerias,

percebe-se que a MVV está presente, e que a empresa está constantemente

monitorando sua estratégia de inovação. A partir da análise comparativa das

práticas, políticas e procedimentos da empresa “C”, com as disciplinas de Peter

Senge, que estão presentes no processo de formação de estratégia de negócio

do modelo proposto, tem-se que, com relação às disciplinas (Quadro 31):

Page 205: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

204

Dis

cip

lin

a

O quê se deve buscar?

Descrição/ Significado

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se a maneira de realizar (vide matriz do modelo) cada etapa do meu modelo?

Relação com o modelo de formação de estratégia. Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se as características (vide matriz do modelo) de cada etapa do modelo?

1-D

om

ínio

Pesso

al

O que é realmente importante para cada indivíduo?

Trata do comprometi-mento individual com seu próprio aprendizado ao longo da vida.

Nas duas primeiras etapas do modelo cada indivíduo deve buscar expor suas aspirações, idéias, pensamentos, a fim de colaborar com o processo criativo de inovação. Mas essa disciplina está presente em todas as etapas do modelo.

ETAPA 3 – característica: Tempo para os colaboradores dedicarem-se à aprendizagem.

2-M

od

elo

s M

en

tais

Aprender a desenterrar as imagens internas do mundo para levá-las à superfície e mantê-las sob rigorosa análise, pois o trabalho com os modelos mentais começa com o virar o espelho para dentro.

São os pressupostos arraigados, as generaliza-ções ou mesmo as imagens que influenciam nossa forma de ver o que está a nossa volta.

Presente em todas as etapas.

ETAPA 5 – característica: Orientação da gerência de nível médio na escolha e formação da estratégia.

Ro

tin

a/C

ult

ura

d

a E

mp

resa “

C”

Programa de Engajamento

“Esse programa visa à reflexão individual sobre o propósito e desenvolvi-mento individual”.

Estrutura de projetos, com equipes multidisciplinares, e a estratégia de inovação aberta.

Há a meta de reservar tempo para a aprendizagem/ capacitação.

QUADRO 28 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” ÀS DISCIPLINAS DOMÍNIO PESSOAL E MODELOS MENTAIS

DE PETER SENGE

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

No caso da análise das rotinas da empresa “C” no que diz respeito à Visão

Compartilhada, a empresa “C” mostra-se (Quadro 32):

Page 206: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

205

Disciplina O quê se deve buscar?

Descrição/ Significado

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se a maneira de realizar (vide matriz do modelo) cada etapa do modelo?

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se as características (vide matriz do modelo) de cada etapa do modelo?

3- A Construção de

uma visão compartilhada

(depende de um líder que dialoga que

possibilita que as pessoas

participem do processo de

construção de algo)

Descobrir “imagens de futuro” compartilhadas que estimulem o compromisso genuíno e o envolvimento, em lugar da mera aceitação.

Quando existe uma visão genuína (em oposição à famosa “declaração de missão”), as pessoas dão tudo de si e aprendem, não porque são obrigadas, mas porque elas querem.

Predominante na ETAPA 1 – Compartilhamento da Missão, Valores e Visão, mas presente em todas as etapas.

ETAPAS 1-5 + Desenho organizacional flexível + Interação entre os colaboradores de todos os níveis + Sistemas de comunicação abertos + Comprometimento da Liderança

Rotina/ Cultura

da Empresa “C”

Existe troca de conhecimentos e a implantação do produto advindo das aprendizagens obtidas em cursos, workshops, palestras.

Busca esse equilíbrio a partir da cultura ligada ao respeito à hierarquia, ao mesmo tempo em que realiza constantes trabalhos envolvendo pessoas de diferentes funções na busca por inovar o jeito de inovar.

É considerada essência da empresa e a partir da MVV é que os projetos para a melhoria contínua são criados e implantados.

+ Desenho organizacional flexível + Interação entre os colaboradores de todos os níveis + Sistemas de comunicação abertos + Comprometimento da Liderança

QUADRO 29 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA VISÃO COMPARTILHADA DE PETER SENGE

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

A disciplina aprendizagem em equipe na empresa “C” é tratada da seguinte

forma (Quadro 33):

Page 207: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

206

Disciplina O quê se deve buscar?

Descrição/ Significado

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se a maneira de realizar (vide matriz do modelo) cada etapa do modelo?

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se as características (vide matriz do modelo) de cada etapa do modelo?

4 – Aprendizagem

em equipe

Primeiramente o diálogo, ou seja, a capacidade dos membros de deixarem de lado as idéias preconcebidas e participarem de um verdadeiro “pensar em conjunto”.

As equipes representam a unidade de aprendizagem fundamental nas organizações modernas.

ETAPA 2 – Análise do ambiente externo (são feitas análises e pesquisas em conjunto, Brainstorming entre gestores e colaboradores)

ETAPAS 1-5 +Desenho organizacional flexível + Interação entre os colaboradores de todos os níveis + Sistemas de comunicação abertos + Comprometimento da Liderança Rotina/

Cultura da Empresa “C”

Equipes de projetos

multidisciplinares

Melhoria contínua

Inovação aberta CRM Banco de dados Parcerias estratégicas com revendedoras Reuniões de brainstorming

QUADRO 303 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA APRENDIZAGEM EM EQUIPE DE PETER

SENGE

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

A disciplina pensamento sistêmico e sua relação com a empresa “C” (Quadro

34):

Page 208: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

207

Disciplina O quê se deve buscar?

Descrição/ Significado

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se a maneira de realizar (vide matriz do modelo) cada etapa do modelo?

Relação com o modelo de formação de estratégia – Qual disciplina é predominante em cada etapa, considerando-se as características (vide matriz do modelo) de cada etapa do modelo?

5- Pensamento sistêmico - Responsável por integrar as outras disciplinas, fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática

Capacidade de enxergar as estruturas sistêmicas, isto é, as inter-relações mais importantes que são capazes de influenciar o comportamento ao longo do tempo. Capacidade para acessar as estruturas subjacentes.

ETAPA 3 – Aprendizagem Organizacional – seu produto é a Criação de uma cultura de aprendizagem que favorece o desenvolvimento das 5 disciplinas de Senge e contribui para a inovação

ETAPA 5 – característica: Orientação da gerência de nível médio na escolha e formação da estratégia.

Rotina/ Cultura

da Empresa “C”

+ Desenho organizacional flexível + Interação entre os colaboradores de todos os níveis + Sistemas de comunicação abertos + Comprometimento da Liderança Interação com fornecedores e clientes Cultura organizacional centrada no cliente Parcerias estratégicas com fornecedores Programas de treinamentos Tempo para os colaboradores dedicarem-se à aprendizagem Estrutura que viabilize inovações Cultura de incentivo às novas ideias e criatividade Parcerias duradouras Orientação da gerência de nível médio na escolha e formação da estratégia

QUADRO 314 - ADERÊNCIA DA EMPRESA “C” À DISCIPLINA PENSAMENTO SISTÊMICO DE PETER SENGE

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

6.4 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 4: GESTÃO DA INOVAÇÃO

A quarta etapa do modelo tem como objetivo adequar a capacidade de

inovação às exigências do ambiente em que a empresa está inserida. Mas,

para que a capacidade de inovar aconteça e se mantenha, antes há a

necessidade de uma cultura organizacional onde a gestão esteja comprometida

a incentivar as novas ideias e criatividades, uma estrutura organizacional que

Page 209: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

208

viabilize as inovações e, parcerias estratégicas que sejam duradouras,

considerando-se que os objetivos das etapas anteriores foram atendidos.

Neste sentido, além das afirmações da gestora da empresa “A”, que foram até

aqui evidenciadas, obteve-se informações sobre como a empresa busca formar

uma cultura de inovação na prática cotidiana, além das inovações da empresa;

sobre como as inovações estão alinhadas ao ambiente onde a empresa está

inserida, e como elas estão integradas às competências da empresa.

Assim, respectivamente, foi perguntado às gestoras das empresas industriais

se a empresa lançou novos produtos/serviços, criou novos processos internos

ou adotou novas práticas organizacionais ou de marketing no último ano, e se

elas poderiam citar exemplos. A gestora da empresa “A” respondeu:

Sim. Nós estamos com 250 linhas de produtos. Nós criamos

processos de atendimento do pedido, expedição, separação de

pedidos. Realizamos novos procedimentos no setor de expedição e

transporte e armazenagem, e criamos embalagens para todos os

nossos produtos. Nós criamos e reformulamos a nossa marca, nossa

identidade, estamos nos adequando para conseguirmos exportar os

nossos produtos. Nós mexemos bastante no preço também dos

nossos produtos a partir não apenas de pesquisa de mercado, por

meio do conhecimento do preço médio de mercado, mas também a

partir do nosso sistema de gestão de custos de cada produto, e para

diferenciação da demanda em relação a dado produto. Nós

desenvolvemos o nosso composto promocional. O anuário é novo, a

marca hoje era a nossa logo, e hoje a marca é nova. Nós integramos

as linhas de produtos.

A gestora da empresa “B” respondeu:

Sim. Nós automatizamos parte da produção ligada a todo o processo

produtivo; [...] foram feitas adaptações na área, automatizou a linha;

[...] uma pessoa já do ramo industrial acostumada a fazer isto, e nós

contratamos, e [...]. Mudamos o layout, nós criamos uma mesa de

acúmulo, que não tinha, que foi para o estoque, e com isto não

precisei nem colocar mais funcionário. Otimizou o tempo sabe [...]. No

marketing, as mídias sociais; [...] vamos lançar em maio outro produto

Page 210: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

209

na feira. Tem outras linhas que terão de ser reformuladas. O nosso

mercado é de novidade, mas não entramos em coisas perigosas, pois

pode queimar a marca. Entramos naquilo que pode alavancar vendas

sem prejudicar a imagem. A nova linha de colorações surgiu a partir

de muitas coisas ao mesmo tempo, porque uma coisa leva a outra né,

veja [...] nós não fomos para a escova progressiva porque nós não

vamos para o que é proibido, crime, e não vamos para o que é

modismo.

A gestora da empresa “C” respondeu “(...) Sim, lançamos diversos produtos,

implementados com nossos processos e conceito de MKT [...]”. A gestora citou

exemplos de nome, marca e linha de produtos, mas como não foi permitida a

divulgação do nome da empresa, não serão citados exemplos, para não

ocorrer associações. Por telefone, a gestora esclareceu que os processos da

empresa que estão sempre muito bem integrados em diferentes ações e

projetos são: de marketing, inovação e operações.

A respeito das áreas da empresa, qual ou quais são aquelas que mais sofrem

adaptações, mudanças ou alterações, e por que. A gestora da empresa “A”

respondeu:

A área de desenvolvimento de produtos, a área de marketing e

embalagem, e os processos regulatórios que são cobrados pela

ANVISA quando a empresa quer alterar algum produto no sentido de

reformulá-lo, alterá-lo, são as que mais sofrem alteração. Não existe,

por exemplo, na empresa uma ISO que a gente siga, mas nós temos

as nossas marcas e patentes, de todos os nossos produtos.

No caso da empresa “B”, a gestora afirmou que:

Não se muda muito o produto, sai caro. Exemplo: lá trás nós

tínhamos galão de cinco litros. E aí aquilo estava nos trazendo mais

prejuízo do que benefício. E aí as empresas maiores não têm, tem no

máximo 2 litros. E daí nós fomos trabalhando para sair de linha.

Então assim, tem uma média de produto, que sai e que entra. Tem

um percentual que eu acompanho. É uma média em que para tirar é

mais complicado. Quando a gente lança, lançamos mais commodities

que vai ficar. É necessário mais a educação com os salões para o

Page 211: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

210

produto ficar mais no mercado. A gente precisa comunicar de forma

diferente. Por isso nosso foco em treinar os clientes que atendem o

cliente final, que frequenta o salão.

No caso da empresa “C”, dentre as áreas da empresa, aquelas que mais

sofrem adaptações, mudanças ou alterações são “(...) As áreas mais próximas

ao negócio, provavelmente são as que mais sofrem, pela proximidade ao

mercado, que muda sem controle da própria empresa, e deve reagir a estas

mudanças”. Por telefone, a gestora esclareceu que as áreas mais próximas ao

negócio são aquelas relacionadas aos processos de marketing e inovação. E

que as mudanças ligam-se ao conceito de marketing e ao desenvolvimento de

novas tecnologias para os produtos da empresa; por isso a necessidade de

trabalhos em equipe, envolvendo diferentes profissionais, a partir dos

conhecimentos obtidos por cada um, afirmou.

Quando perguntado às gestoras, se existe na empresa a prática de premiação

à produção individual e/ou em equipe, as gestoras das empresas A e B

responderam que não existe ainda. A gestora da empresa “A” afirmou que não

existe, mas que já estão planejando como farão com que isto aconteça:

Penso em começar com 300 pontos, por exemplo, e para cada erro

do funcionário, penso em descontar pontos desses 300 pontos.

Assim, apontam-se os erros, ao mesmo tempo em que se estimula a

trabalhar com mais atenção e mais motivação para a falha não

ocorrer. O setor de maior falha é o de expedição, onde são feitos os

pedidos, e por isso também estamos pensando num plano de metas

diferente de um setor e outro, mas ainda estamos estudando.

Durante a entrevista, foi possível verificar que esta afirmação da gestora, surgiu

quando ela comentou sobre as falhas do setor de expedição que diminuíram

muito por conta da nova gestora, que realizou uma série de ajustes no setor. A

gestora geral lembrou o exemplo desta gestora que havia já pensado na ideia

de criar um plano como este de 300 pontos, até por conta do volume elevado

de erros que ela encontrou dentro do setor de expedição.

Page 212: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

211

Pode-se inferir que a grande preocupação em eliminar os erros faz com que a

empresa inicie um processo de planejamento mais voltado inicialmente para o

controle e punição, para que depois, com o tempo, o setor se ajuste em termos

de erros. Não se vê aqui uma política de treinamento em que todos sejam

desafiados a pensar em novas ideias a partir dos problemas.

No caso da empresa “B”, a gestora afirmou que a respeito da prática de

premiação, existe a política de cargos e salários, informal na empresa, porque

“[...] a gestora de produção irá desenvolver agora uma estratégia comigo de

atrelar metas e remuneração variável, e eu o plano de cargos e salários ao

mesmo tempo [...]”. A gestora afirmou que ainda não existe, pois “[...] a

empresa está focada em outros objetivos de ampliação, e porque tem que se

pensar muito antes de se criar esse plano e acabar gerando conflitos [...]”. A

prática de premiação na empresa “C” acontece por meio de metas

compartilhadas, em que todos devem mostrar envolvimento e capacidade de

trabalhar em equipe.

Foi perguntado às gestoras das empresas, se na prática de gestão, incentivam

o comportamento criativo dos colaboradores individualmente e em equipe, e

como e por que isso acontece. Nesse sentido, obteve-se que a gestora da

empresa “A” busca estimular as funcionárias que estão mais próximas a ela.

No caso da Gestora da empresa “B”, esse é um ponto que deve ser

aperfeiçoado. No caso da empresa “C”, a gestora descreveu “(...) Sim, pois

minha área tem como missão inovar a forma como inovamos”. Lembrando que

a área da gestora é a área de inovação.

Quando perguntado se a empresa estimula a discussão e dá oportunidades

para a construção coletiva de novas soluções, por que e como isso acontece, a

gestora da empresa “A” respondeu que

Sim, mas acontece, muito mais assim, individualmente. Hoje estamos

ainda com problemas de relacionamento interpessoal entre alguns

funcionários, por questão de personalidade com cultura diferente, e

falta de maturidade com muito desejo de melhoria por parte de alguns

Page 213: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

212

e mais especialmente de uma nova funcionária que anda sendo

taxada de arrogante, enfim, [...].

Sobre a discussão e oportunidades para a construção coletiva de novas

soluções, a gestora da empresa “B” afirmou:

Totalmente isso. Olha só. O menino lá que é o encarregado na

produção [...] nós estamos com um problema lá na produção de fazer

certa higienização nas embalagens por conta até do próprio espaço.

E aí ele falou assim: e se a gente cortasse umas barricas dessas que

a gente tem aqui e fizesse dessa maneira e mudasse essas caixas?

O gestor gostou e começou a fazer o que ele sugeriu e daí ele ficou

muito mais envolvido, feliz.

Na empresa “C” existe o estímulo a discussão e oportunidades para a

construção coletiva de novas soluções, e isso acontece segundo a gestora,

“Sim, por acreditar na inteligência coletiva, em reuniões de brainstorming, por

exemplo [...]”.

Com relação as formas de incentivo e recompensa à criatividade e novas ideias

e como acontece na organização, a gestora da empresa “A” respondeu que

“[...] Não, isso nós temos que melhorar, porque ainda há comportamentos não

desejados. Temos que mudar muito a mentalidade de alguns”. A gestora da

empresa “B” lembrou novamente da prática de concurso que foi feita uma vez e

que eles estão pensando em aprimorar: “[...] o concurso para escolher o nome

e ele ganhou uma cesta lá cheia de chocolate que é o que ele gostava. Foi

para definir o nome de uma linha”. A gestora da empresa “C” afirmou “(...)

Temos o prêmio de inovação de produtos e tecnologia, para reconhecer os

projetos mais diferenciadores, mas apenas ideias não. Acreditamos em

incentivar a inovação, que vai além da ideia”.

Foi perguntado se a gestora da empresa “A” valoriza as ideias dos

colaboradores sobre novos produtos, processos ou práticas, e de que maneira

isto acontece, e ela respondeu que “[...] Sim, a gente mostra as oportunidades

de crescimento dentro da empresa. Tem que haver faturamento para investir

em mais práticas que visem à valorização ainda maior do funcionário, por

Page 214: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

213

exemplo, pagando um curso superior”. A gestora da empresa “B” afirmou “[...]

ouvindo e quando dá, colocando em prática”. A gestora da empresa “C” afirmou

“[...] Sim, na avaliação individual as pessoas são avaliadas pela sua

capacidade em inovar por seus pares, gestores e equipe”.

Assim, a etapa exploratória dos pontos fortes e fracos da empresa em relação

à gestão da inovação, não é uma etapa conquistada pela empresa “A”, pelo

fato de a empresa não criar uma cultura de aprendizagem que favoreça o

surgimento de novas ideias, e pelas razões apresentadas nesta seção no que

diz respeito às práticas da empresa ligadas a sistemas de estímulo e

recompensa para novas ideias e solução de problemas. Já a empresa “B”,

apesar de ter um ambiente em que o valor educação está presente, as rotinas

não estão alinhadas a uma educação continuada, visando o surgimento de

aprendizagens que levem a inovações. E a empresa “C”, mostrou-se aderente

ao modelo como um todo, na medida em que os objetivos presentes na

perspectiva interna do BSC do Mapa Estratégico do modelo proposto são alvo

da cultura organizacional da empresa, e os objetivos contidos na perspectiva

de aprendizagem organizacional, que possibilitam os objetivos da perspectiva

de inovação, fazem parte da rotina dos membros da organização.

6.4.1 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À INTERFACE DAS ETAPAS 4 E 5

Pelas razões apresentadas até a presente seção, o objetivo da etapa 4, de

adequar a capacidade de inovação às exigências do ambiente em que a

empresa está inserida, não acontece na empresa “A” e também não acontece

na empresa “B”, apesar desta última oferecer espaço propício para o início de

uma nova política voltada para aprendizagem e inovações.

Para que a etapa 5, do modelo proposto, possa ser desenvolvida com o maior

êxito possível, é preciso que os requisitos das etapas anteriores tenham sido

atendidos. A respeito dos requisitos capazes de possibilitar à gestão adequar a

capacidade de inovação às exigências do ambiente em que a empresa está

inserida, as empresas “A” e “B” revelaram as seguintes características (Figura

40):

Page 215: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

214

FIGURA 40- ADERÊNCIA DAS EMPRESAS “A” E “B” À ETAPA 4 DO MODELO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

De acordo com a gestora da empresa “C”, são valorizadas as ideias dos

colaboradores sobre novos produtos, processos ou práticas; “(...) Sim, na

Não há criação de consciência estratégica voltada para a inovação, porque os requisitos para a aprendizagem organizacional expostos nas etapas 1, 2, 3 e 4 não foram plenamente atendidos.

A estrutura organizacional apresenta sistemas de comunicação voltados para as funções e menos para a geração de ideias; os objetivos organizacionais mais voltados para o controle dos desempenhos do que para a melhoria contínua; a leitura do ambiente externo dependente do conhecimento de poucos e sem planejamento para geração de novas ideias; não existem parcerias com fornecedores visando o desenvolvimento contínuo de novas ideias e melhorias organizacionais, de processos, de produto ou marketing.

As práticas (rotinas) da

Empresa A

Os valores da empresa estão mais ligados a eficiência e qualidade, e menos à aprendizagem, inovação e o pensamento sistêmico.

As práticas (rotinas) da

Empresa B

A estrutura organizacional apresenta sistemas de comunicação voltados para as funções, e em fase de aperfeiçoamento para a geração de ideias; os objetivos organizacionais estão mais voltados para o desenvolvimento de parcerias e desenvolvimentos dos clientes, do que para o desenvolvimento interno visando aprendizagens que levam a melhorias contínuas ou inovações; a leitura do ambiente externo dependente do conhecimento de poucos (gestores e diretores) e sem planejamento para a captura e geração de novas ideias além dos tomadores de decisão; não existem parcerias com fornecedores visando o desenvolvimento contínuo de novas ideias e melhorias organizacionais, de processos, de produto ou marketing.

Os valores da empresa, como: educação continuada, visão compartilhada da MVV contribuem para o desenvolvimento de equipes que visam um ambiente de interação e aprendizagem. Mas deve existir, ainda, por parte da gestão, o comprometimento em desenvolver as capacidades internas para inovações, de maneira proativa e sistêmica.

Page 216: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

215

avaliação individual as pessoas são avaliadas pela sua capacidade em inovar

por seus pares, gestores e equipe”. No caso da empresa “C”, sua estrutura

organizacional é flexível e é capaz, a partir das suas praticas, até aqui

expostas, de permitir a integração da aprendizagem organizacional com a

gestão da inovação, no processo de formação de estratégia de negócio

6.5 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS À ETAPA 5: ALINHAMENTO

ESTRATÉGICO

A quinta etapa do modelo tem como objetivo formar estratégias de negócios

com base na integração da aprendizagem organizacional e a gestão da

inovação. Esta etapa representa a amarração das quatro etapas anteriores.

Isso significa que a estratégia se forma progressivamente, a partir da interação

entre a aprendizagem organizacional, gestão da inovação e ambiente externo,

alinhando missão, valores e visão da organização.

Dessa forma, há uma integração entre as capacidades internas da empresa e

seu ambiente. O resultado da soma das etapas anteriores é uma estratégia de

negócio adequada à empresa e seu posicionamento no ambiente. Neste

sentido, podem-se sintetizar as análises feitas, neste capítulo, acerca da

aderência das três empresas, conforme é exposto no Quadro 35.

A quinta etapa consiste na conversão da declaração da direção estratégica

(missão, valores e visão), na análise dos ambientes, das capacidades

organizacionais (aprendizagem organizacional e gestão da inovação) com o

surgimento de planos com tradução e simplificação da estratégia visando à

integração e, o comprometimento de todos os colaboradores da empresa.

Somente a partir da cultura da integração da aprendizagem organizacional com

a gestão da inovação é tomada a ação de alinhamento da estratégia.

Page 217: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

216

Síntese Geral Empresa A Empresa B Empresa C

Etapa 1 – CMVV* Baixa Aderência Moderada Aderência Aderente Condições para a Etapa 2 +Interação intraorganizacional sobre a MVV

Baixa à Moderada Moderada Elevada

+Desenho Organizacional Baixa flexibilidade Baixa flexibilidade Flexível + Sistemas de Comunicação Abertos

Abertos, mas sem direção estratégica

Abertos, construindo a direção

Interna e Externamente

integrados Etapa 2 – AA* Baixa Aderência Moderada Aderência Aderente Condições para a Etapa 3 - Maior interação com fornecedores e clientes

Baixa Interação Elevada Interação Elevada Interação

- Cultura Organizacional centrada no cliente

Pouco centrada

Muito Centrada Fortemente Centrada

- Parcerias Estratégicas com fornecedores

Baixa para Moderada

Baixa

Elevada

Etapa 3 – AO* Baixa Aderência Moderada Aderência Aderente Condições para a Etapa 4 - Programas de Treinamento

Existe, mas visando a AI*

Existe, visando a AI e AO

Existe, e visam a Inovação

+ Comprometimento da Liderança

Há, mas sem foco estratégico

Há, com foco estratégico

Há, com foco estratégico

- Tempo para os colaboradores dedicarem-se a aprendizagem

Sim.

Sim.

Sim.

Etapa 4 – GI* Baixa Aderência Moderada Aderência Aderente

- Estrutura que viabilize inovações

Baixa flexibilidade Baixa flexibilidade Flexível

-Cultura de incentivo a novas ideias e criatividade

Baixo incentivo Há incentivo Mais do que isto, inovar o jeito de

inovar

- Parcerias Duradouras Sim Sim Sim Etapa 5 – AE* Baixa Aderência Aderente Aderente Orientação da gerência de nível médio na escolha e formação da estratégia

Forte Centralização Há Descentralização

Há Descentralização

Legenda: *CMVV= Compartilhamento da Missão, Valores e Visão; AA* = Análise do Ambiente; AI* = Aprendizagem individual; AO* = Aprendizagem Organizacional; GI*=Gestão da Inovação; AE* = Alinhamento da Estratégia.

QUADRO 325 – SÍNTESE GERAL DAS ANÁLISES DA ADERÊNCIA DAS EMPRESAS

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Durante a entrevista, realizada nas empresas, foi perguntado se a tomada de

decisão sobre ações estratégicas de médio e longo prazo na empresa são mais

concentradas na alta administração, ou se na gerência de nível médio, ou se

centrada no gestor de nível médio e sua equipe, ou se é feita pelas equipes, ou

se feitas pelos colaboradores, ou qualquer outra situação. Obteve-se,

Page 218: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

217

respectivamente, que na empresa “A” a tomada de decisão é concentrada no

diretor geral, na alta administração. Neste sentido, quando perguntado como as

estratégias de negócio são formadas na empresa “A”, a gestora respondeu que

“[...] O diretor é quem centraliza as estratégias porque ele tem maior

conhecimento do negócio, desde a química até a construção civil [...].

Já na empresa “B”, os diretores tomam suas próprias decisões, mas quando

existem impasses, todos procuram a diretora administrativa e financeira da

empresa, pois são impasses sempre ligados à área de investimentos.

Na empresa “C”, a estratégia de negócio é formada “[...] através de reuniões, a

partir de metas estabelecidas pela alta direção [...]. A gestora descreveu que

toda a tomada de decisão sobre as ações estratégicas de médio e longo prazo

são concentradas na alta administração, mas os objetivos de médio e longo

prazo são compartilhados na empresa entre gestores e colaboradores,

inclusive as metas formalizadas. A empresa “C” opta por esse tipo de

compartilhamento com gestores e colaboradores, porque, segundo a gestora, é

“[...] para dar direção à empresa”.

A respeito dos fatores que são considerados importantes pelas empresas na

formação de estratégia, em que foram dadas as opções ambiente externo,

competências internas, gerência e colaboradores, a gestora da empresa “A”

respondeu que todos eles são importantes, e que na reunião que existe na

empresa, feita entre os gestores, cada um expõe todos esses assuntos e

propõem melhorias. No caso da empresa “B”, a pergunta que sempre surge no

âmbito da diretoria é “[...] Como vou fazer para vender mais?” De acordo com a

gestora é o que ela afirma ser a estratégia de negócio. No caso da gestora da

empresa “C”, ela descreveu no roteiro da entrevista que são considerados o

“[...] ambiente externo e competências internas”.

Foi perguntado sobre qual o papel dos gestores e colaboradores neste

processo de formação de estratégias, e a gestora da empresa “A” respondeu

que tudo que surge de informação e de proposta por parte dos gestores é

repassado ao diretor para saber o que deverá ser feito. De acordo com a

Page 219: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

218

gestora, a empresa “B” está tomando ações para exportar, e que existe sempre

muito diálogo entre os diretores da empresa para tomar qualquer decisão sobre

como se posicionar e competir no mercado, inclusive com consultores

externos. A gestora da empresa “C” descreveu que o papel dos gerentes e

colaboradores neste processo é o de “[...] elaborar propostas de estratégias em

suas áreas de atuação”.

Verificou-se também que, com relação ao tipo de interação existente na

empresa, entre as pessoas de todos os níveis hierárquicos, neste processo de

criação de novas estratégias, a gestora da empresa “A” afirmou que este

processo parte do diretor geral que acessa as áreas, e a partir do que ele

sugere a cada área deve ser iniciado testes para a verificação da viabilidade do

que ele pensou, em fazer na empresa. A gestora da empresa “A” explicou que,

sobre considerar ou não que na empresa há comprometimento consensual dos

colaboradores/equipes em relação à formação de estratégia de negócio, ela

respondeu que, “[...] No que está ligada a embalagem, os gestores conversam

tudo. Já a essência (aroma) dos produtos, eles são aprovados por todos, desde

o colaborador da limpeza até o diretor, mas que geralmente é o diretor quem

toma a iniciativa de tudo”.

No caso da empresa “B”, os diretores tomam suas próprias decisões, mas

quando existem impasses ligados à área de investimentos, sempre é a gestora

administrativa e financeira quem toma a decisão final. A gestora da empresa

“B” afirmou que os gestores não participam da decisão final.

A gestora da empresa “C” descreveu que há comprometimento consensual dos

colaboradores/equipes em relação à formação de estratégia de negócio, e isso

acontece no momento dos trabalhos em conjunto, nos workshops, nos projetos.

Ela complementou por telefone: “(...) então, existem as interações entre os

gestores, diretores, mas o que acontece é que os gestores formam propostas

de estratégias nas suas áreas funcionais, e é o diretor, da alta administração

quem forma a estratégia de negócio, quando ela aponta as metas de

crescimento”. Posto isto, foi perguntado se existe o predomínio de a alta

direção estipular como as áreas devem buscar criar valor e o quê ela entendia

Page 220: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

219

como sendo estratégia de negócio. Neste sentido, a gestora da empresa “C”

respondeu por telefone: “(...) a minha área é inovação, mola de crescimento e

crescimento é o que a direção sempre aponta nas reuniões de planejamento

estratégico”.

Foi perguntado se, na empresa, uma estratégia formada sofre ajustes e

complementações para alcance de seus objetivos, e qual o caminho seguido

pela empresa neste caso. A gestora da empresa “A” respondeu que

Sempre. A gente vai sempre executando os planos que foram

aprovados em conversas e reuniões, e vamos testando as nossas

ações sempre. Exemplos: ajustamos o preço do produto para mais,

quando ele tem baixa concorrência, para ajustar as margens de lucro;

ajustamos a expedição por conta do número de erros e por conta do

espaço desfavorável; e há prática de votação quando estão testando

os produtos, tanto com funcionários como também com as pessoas

que junto com o cabeleireiro da empresa vão testar o produto. A área

de publicidade também sofre muitas mudanças.

A gestora da empresa “B” afirmou que existe muito diálogo, muito “pensar

junto” antes de ser tomada qualquer decisão. Os ajustes são feitos sempre com

muita cautela. No mais, este processo normalmente acontece por meio do uso

de uma planilha disponível em nossa rede, entre os tomadores de decisão

[direção], em que todos, como se fosse num fórum, discutem, postam opiniões

sobre os temas, e depois tomam as decisões finais.

A gestora da empresa “C” descreveu que na empresa “(...) são feitas reuniões

de gestão da estratégia, onde as alterações são discutidas”. Diante desta

afirmação, viu-se a necessidade de obter por telefone com a gestora se as

alterações que surgem são feitas sempre pelas mesmas pessoas, de que tipos

são, e sobre quem são as pessoas que participam das reuniões de gestão de

estratégia, de quais posições elas são na empresa. A gestora respondeu: “(...)

operações, com inovação e marketing, sempre. O core da empresa são as

novas tecnologias, inovação de produto e conceito de marketing [...]; [...] então,

existem os trabalhos de equipe, com as demais pessoas na empresa,

Page 221: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

220

envolvidas nos projetos; e é assim, logo que todo o corpo gerencial envolvido

„no pensar‟ as metas e no pensar workshops [...] elaboram determinados

planos para o desenvolvimento das ações de inovação, as pessoas que são

acionadas para esses eventos depois devem compartilhar com os demais, mas

com a preocupação de preservar a confidencialidade também da estratégia”.

Dentre as principais inovações verificadas na empresa “A” observaram-se,

conforme exposto pela gestora, melhorias na área de produção (novos

produtos), no marketing (a marca foi integrada, em que as diferentes linhas

utilizam a mesma marca), e na área de expedição (novos layouts e nova

estrutura para armazenamento dos produtos). Os responsáveis pelas

mudanças foram, respectivamente, o diretor geral, o gestor de marketing, e a

gestora de expedição.

Dentre as principais inovações verificadas na empresa “B”, a gestora

apresentou algumas realizadas e outras em fase de implantação:

1- [...] lançamos uma linha posicionada, chamada greeline linha mais

top que surgiu da necessidade de posicionar com um produto melhor,

com uma linha dentro da marca, posicionada.

2- [...] tem 7 anos que a gente tem uma agência (terceirizada) de

publicidade, que é fixa, a gente paga por mês, mais é também ruim

porque eles acabam se acostumando, porque parece que não criam

novas ideias, mas por outro lado, é bom tê-los, porque eles entendem

a linguagem da empresa.

3- [...] a gente automatizou a produção. A gente colocou em linha;

(acaba que a legislação do Brasil ela te empurra às vezes para você

automatizar, apesar de que, nós somos apaixonados por pessoas, eu

acho que pessoas é mais importante do que coisas).

4- [...] adquirimos equipamentos novos.

5- [...] modificamos o layout da produção.

Page 222: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

221

6- [...] Precisamos trazer gente capacitada, e precisa de tempo para

isso, porque o ERP ainda não está sendo bem explorado em termos

de informações;

7- [...] Precisamos de gente, pois estamos num momento da

empresa, de ampliação da sede; nós adquirimos uma área, o projeto

arquitetônico está aprovado e nós planejamos construir uma fábrica

sustentável;

8- [...] Os nossos produtos que não tinham válvula, ouvindo as

pessoas nos fóruns e perguntamos: por que não?!

9- [...] A embalagem é o mais caro e nós terceirizamos. Vamos

começar a fabricar nossas embalagens. Nós vamos fazer o nosso

molde. Aí vai entrar a inovação. Porque hoje a empresa compra com

um fornecedor só, porque é caro um molde. Agora com a China ficou

mais barato, só que com a China você tem o risco muito alto de vir

uma remessa e depois não vir mais, e não dá para ficar nesta

situação. Não se muda uma embalagem da noite para o dia, porque

você trabalha tudo naquele produto, sai caro e mudar é sofrido neste

sentido. Sai caro. Mas nós vamos fazer o nosso molde. Inclusive a

gente tem um consultor de viabilidade técnica e econômica para

ampliação e esta envolvendo isto, sabe. Só o lucro que eu vou ter

tendo o meu molde e não comprar embalagem em São Paulo, só o

frete quase já paga o investimento.

10- [...] Nós estamos trabalhando um fornecedor daqui do Estado,

mas isso eu estou fazendo assim, qualificando ele, levamos ele para

São Paulo.

No caso da empresa “C”, as inovações são voltadas ao desenvolvimento de

novas tecnologias, para a melhoria do produto, integrada sempre com as áreas

de marketing e operações. Foram percebidas nas respostas da gestora da

empresa “C” que a empresa dá maior ênfase nas inovações de

produto/tecnologias; marketing e estrutura organizacional voltada para equipes

multidisciplinares. Ao mesmo tempo, as inovações ligadas às alterações de

equipes de trabalho, de produto/tecnologias e marketing, surgem porque há

constante acompanhamento e interação com o ambiente externo.

Page 223: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

222

Diante deste contexto, chegou-se à conclusão de que a empresa “A” não

colaborou no sentido de revelar contribuições ao modelo conceitual de

formação de estratégia proposto, pois as condições necessárias para o

ambiente de aprendizagem ainda não estão entrelaçadas em sua cultura.

A empresa “B” confirmou aderência ao modelo proposto no que se refere aos

requisitos para o desenvolvimento de aprendizagens, porém, ainda está em

fase de estruturação e implantação de projetos que ainda não estão voltados

para a criação de uma cultura de aprendizagem organizacional que leve a

inovação contínua.

A empresa “C” se encontra com uma cultura voltada à melhoria contínua,

aprendizagens e inovação, e colaborou para confirmar a aderência das

características necessárias no ambiente organizacional para o surgimento de

aprendizagens individuais e organizacional, visando às colaborações, trabalho

em equipe, com a gestão da inovação de forma contínua. A análise da

aderência do modelo proposto, no caso da grande empresa, foi realizada a

partir das ações de uma de suas unidades estratégicas do negócio, àquela

ligada ao setor de redes de inovação e tecnologia de produtos, o que de forma

comparativa, pode representar uma pequena empresa, ou mesmo uma média

empresa. Isso significa que a cultura voltada para aprendizagem organizacional

é requisito fundamental para a formação de estratégia que vise à diferenciação

do negócio, a partir de esforços da gestão para a inovação.

6.6 PARES DE REQUISITOS DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM

O modelo de formação da estratégia de negócio, proposto no Capítulo 5,

assume que a estratégia de negócio se forma artesanalmente, em decorrência

das ações que vão se desencadeando no dia-a-dia da organização, com base

na interação das capacidades organizacionais (aprendizagem e inovação) com

o ambiente externo, em um fluxo contínuo que é facilitado pelos gerentes de

Page 224: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

223

nível intermediário, no caso das médias e grandes empresas, e por

empresários, nas pequenas empresas.

Da primeira até a última etapa do modelo conceitual proposto, assume-se que

o comprometimento da gestão é fundamental para que todos os objetivos, das

etapas do modelo, sejam atendidos, o que foi possível confirmar no

procedimento técnico multicaso. Além disso, é necessário que a empresa tenha

um desenho organizacional flexível para facilitar as interações entre as

pessoas de todos os níveis hierárquicos, com sistemas de comunicação

abertos para alcançar a unicidade de direção, por meio do compartilhamento

da Missão, Valores e Visão.

Todas as condições necessárias ao ambiente organizacional para se promover

uma cultura de aprendizagem contínua são apresentadas na Figura 41:

Page 225: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

224

FIGURA 41- AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA CULTURA DE APRENDIZAGEM CONTÍNUA.

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Condições para um Ambiente de Aprendizagem

+ Desenho Organizacional Flexível

+ Interação entre os colaboradores de todos os níveis

Pensamento Sistêmico

+ Sistemas de Comunicação abertos

Maior interação com fornecedores e clientes

Inovação

Cultura Organizacional centrada no cliente

Parcerias Estratégicas com Fornecedores

Programas de Treinamentos

+ Comprometimento da Liderança

Tempo para os colaboradores dedicarem-se a aprendizagem

Estrutura que viabilize inovações

Cultura de incentivo a novas ideias e criatividade

Parcerias duradouras

Orientação da gestão na escolha e formação da estratégia.

Alinhamento

Estratégia de negócio

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Etapa 4

Etapa 5

Modelos Mentais

5 Disciplinas de Senge

Construção da Visão

Compartilhada

Aprendizagem em Equipe

Domínio Pessoal

Page 226: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

225

Neste sentido, esta seção apresenta os requisitos de inovação com base na

aprendizagem (Quadro 36), e em seguida, os pares de requisitos de

inovação/processo com base na aprendizagem organizacional, que devem

estar presentes na elaboração/formação de uma estratégia (Figura 42), para

que ela possa ser considerada baseada na integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação.

REQUISITOS DE INOVAÇÃO Aprender a (o) Para chegar à

(ao) Visando a (o) Até chegar à

Inovação: Adaptado de Autore(s)

Utilizar Conceitos

Saber a aplicá-los Aprendizagem individual

Incremental Senge (2000); Bethlem (2001) Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Dialogar Interação Aprendizagem Individual

Incremental Senge (2000); Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Interagir Aprendizagem Organizacional

Mudança de comportamento, a partir do processo dinâmico gerado pela aprendizagem organizacional

de Produto de Processo de Marketing Organizacional

Fleury e Fleury (1997); Cruzam, Lane e White (1999) OCDE (2005).

Aprender Melhoria Contínua

Adaptação Incremental e/ou radical

Fleury e Fleury (1997); Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Aprendizado Sistêmico

Integração das pessoas (competências essenciais) e Integração das Tecnologias

Cultura de Aprendizagem contínua

de Produto de Processo de Marketing Organizacional

Senge (2000); OCDE (2005) Fleury e Fleury (2011) Prahalad e Hamel (1990)

Questionar o que se sabe continuadamente

Novas crenças, valores e princípios

Cultura do Aprender a Aprender, do Inovar, e consequentemente, de Adaptação contínua

de Produto de Processo de Marketing Organizacional

Fleury e Fleury (1997); Senge (2000) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008)

Gerir a Inovação de forma sistêmica

As disciplinas de aprendizagem: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada, trabalho em equipe e pensamento sistêmico.

Adaptação contínua; Vantagem Competitiva

Na Formação de novas estratégias

Senge (1998) Kaplan e Norton (2009)

QUADRO 336 – OS REQUISITOS DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Page 227: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

226

Para que os objetivos que estão expostos na perspectiva interna,

inovação/processo, do mapa estratégico do modelo, sejam alcançados, é

preciso entender os relacionamentos entre esses objetivos e os objetivos da

perspectiva da aprendizagem organizacional. Neste sentido, a Figura 43

reforça a necessidade de a gestão desenvolver na empresa, espaços para

interações visando à troca de conhecimentos e aprendizagens para se

conquistar a cultura de melhoria contínua, necessária para inovações.

Para se chegar ao atendimento dos objetivos da perspectiva aprendizagem

organizacional, que é condição para o atendimento dos processos de inovação

nas empresas, algumas condições devem ser atendidas no ambiente

empresarial em termos de: estrutura, liderança, cultura organizacional, trabalho

em equipe e sistemas de comunicação. Os pares de requisitos de inovação

com base na aprendizagem organizacional dependem do desenvolvimento dos

ativos intangíveis e de esforços da gestão (Figura 42).

Page 228: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

227

FIGURA 42- OS PARES DE REQUISITOS DE INOVAÇÃO COM BASE NA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA DE

NEGÓCIO

FONTE: ELABORAÇÃO DA AUTORA (2014)

Perspectiva interna =

INOVAÇÃO

Processos de inovação

Perspectiva de APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

+ Desenho Organizacional Flexível

Compartilhar missão, visão

e valores

Analisar ambiente externo

Promover a Aprendizagem

Individual e

Equipe

Geração de novos

conhecimentos, competências e

habilidades

Aprendizagem

Organizacional

Interação e comunicação

entre os níveis organizacionais

Gera impacto em todos os níveis da perspectiva seguinte

Gera impacto somente no objetivo conectado

Requisito ou condição necessária para.

Criação de consciência

estratégica

Compreensão das necessidades dos

clientes

Ampliação da capacidade de inovação

Criar inovações em processos, produtos /

serviços e organizacional

Obter melhorias organizacionais continuamente

Condições para um ambiente de

aprendizagem

+ Interação entre os colaboradores de todos os níveis

+ Sistemas de Comunicação abertos

Maior interação com fornecedores e clientes

Cultura Organizacional centrada no cliente Parcerias Estratégicas com

Fornecedores

Programas de Treinamentos

+ Comprometimento da Liderança Tempo para os colaboradores dedicarem-se a aprendizagem

Estrutura que viabilize inovações Cultura de incentivo a novas ideias e criatividade

Parcerias duradouras

Orientação da gestão na escolha e formação da estratégia

Page 229: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

228

O processo de inovação é um ciclo contínuo de construção e incorporação de

conhecimentos e envolve busca, seleção e implementação de ideias numa

progressão constante (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008), o que foi perseguido e

proposto nesta pesquisa.

A partir do estudo multicaso, confirmou-se que, por meio da aprendizagem dos

colaboradores da empresa, a criatividade é estimulada e surgem novas ideias

que podem resultar em inovações incrementais (nível operacional), como:

modificações nas embalagens, nas formas de organização e interação das

equipes e, estas inovações, também, conforme vão sendo criadas e

implementadas geram novas aprendizagens no ambiente da empresa, o que

propicia o surgimento de novos conhecimentos e novas competências.

Observou-se a estreita relação entre a inovação e a aprendizagem no contexto

da grande empresa que, diferentemente das demais, atende a todos os

requisitos de inovação com base na aprendizagem organizacional, expostos no

modelo. A empresa de grande porte possui equipes multidisciplinares em

constante interação, inclusive integradas em redes de comunicação, junto a

clientes e fornecedores.

Ao mesmo tempo, a gestão que é responsável pela inovação na grande

empresa, desenvolve novas aprendizagens, por meio de programas de

treinamentos, reuniões periódicas e workshops, junto às equipes dos projetos

de inovação. Assim, foi possível analisar que os pares de requisitos de

inovação com base na aprendizagem, colaboram com a gestão das empresas

que buscam a cultura de melhoria contínua, e que, o modelo – que propõe que

a aprendizagem organizacional gera inovação e, ao mesmo tempo, a inovação

realimenta a aprendizagem – é possível de ser desenvolvido nas rotinas das

empresas, a partir do processo de formação de estratégia de negócio.

Page 230: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

229

7 CONCLUSÃO

O objetivo geral deste trabalho, de propor um modelo de formação de

estratégia de negócio a partir da integração da aprendizagem organizacional

com a gestão da inovação, foi atingido a partir da articulação teórica entre os

temas: formação de estratégia, aprendizagem organizacional e gestão da

inovação e, posterior identificação da base teórica que serviu de alicerce para o

modelo.

A base teórica, utilizada para alicerçar o modelo, confirma que a formação de

estratégia de negócio abarca a aprendizagem organizacional e a gestão da

inovação, e que essa formação é resultado de um processo coletivo de

interação das capacidades organizacionais (aprendizagem organizacional e

inovação) e o ambiente.

A proposta do modelo oferece entendimento de como integrar a aprendizagem

organizacional e a gestão da inovação ao processo de formação de estratégia

de negócio.

As análises dos resultados da pesquisa multicaso confirmaram a aderência do

modelo, contribuindo para a manutenção de suas etapas e de suas interfaces.

Chegou-se à conclusão de que, apesar de a unidade estratégica de negócio

(UEN) estar situada na grande empresa, que possui uma estrutura formal

hierárquica com foco nas funções e na unidade de comando (alta direção), -

assim como acontece na pequena e na média empresa -, em sua prática, a

UEN possui uma estrutura flexível e que combina aprendizado com controle, na

medida em que apresenta, em seu DNA, a cultura de interação constante entre

os seus gestores, colaboradores e parceiros, por meio de equipes de projetos,

visando a novas ideias, criatividade e inovações, com o compartilhamento

constante da missão, valores e visão, diferentemente da pequena empresa,

que centraliza as tomadas de decisão, e tem na figura do diretor geral, o

responsável pelas mudanças na empresa.

Page 231: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

230

No caso da média empresa, apesar de sua cultura voltada à aprendizagem, de

sua estrutura, na prática, apresentar-se descentralizada no que diz respeito à

tomada de decisões, da independência dos seus gestores, além da prática de

reuniões envolvendo todas as pessoas na empresa com foco na missão,

valores e visão, a atenção maior é dada ao cumprimento dos planos que foram

determinados pelos diretores e gestores e, executados pela operação, não

havendo ainda a cultura de consenso, com trocas de ideias constantes entre

todos os colaboradores na busca de inovações. A média empresa interage com

frequência com o ambiente externo, especialmente com distribuidores e

consultores externos no intuito de se aproximar, não apenas dos salões de

beleza, mas inclusive e especialmente dos clientes que frequentam os salões.

A média empresa concentra o aprendizado estratégico mais no nível gerencial

e da cúpula, mas investe na aprendizagem individual e coletiva de suas

operações.

A grande empresa não investe em instalações e utiliza da prática de

terceirização, de fornecedores, para a fabricação dos produtos que desenvolve.

Além disso, utiliza da estratégia de relacionamento constante com suas

revendedoras, explorando o mercado consumidor por meio da venda direta. A

equipe de redes de inovação e desenvolvimento de produtos, da grande

empresa, desenvolve projetos e está em constante contato com fornecedores e

revendedoras, na busca de conhecimentos e informações sobre as

necessidades e desejos, assim como em projetos envolvendo as operações e o

marketing da empresa.

Chegar à integração da aprendizagem organizacional com a gestão da

inovação depende da capacidade de analisar as inter-relações entre os

requisitos de inovação com base na aprendizagem, de forma contínua, por

parte da liderança da gestão. Para que essa integração, entre a aprendizagem

organizacional e a gestão da inovação, no processo de formação de estratégia

de negócio se consolide como prática nas empresas é preciso postura ativa da

gestão para estimular questionamentos, discutindo projetos e problemas

coletivamente, favorecendo a unidade de direção e o compromisso por parte

Page 232: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

231

das pessoas. A esse respeito, não basta existir a cultura da aprendizagem

individual, faz-se necessário a disciplina da visão compartilhada para buscar a

unidade de direção.

Para que as empresas possam conseguir se adaptar, torna-se necessário

estabelecer ligações entre os indicadores de processos internos/inovação, e a

proposição de valor para os clientes. Mas, antes, torna-se pertinente atender as

condições necessárias para se criar uma cultura de aprendizagem

organizacional, todas elas expostas na matriz do modelo proposto.

A partir do atendimento dessas condições, chega-se a conquista das

competências necessárias para uma melhor interação com o ambiente externo,

e na definição de objetivos para inovação. A aprendizagem em equipe, o tempo

para os colaboradores dedicarem-se a aprendizagem, somados à orientação e

o comprometimento da gerência, contribuem para a cultura de inovações.

Importa destacar que, o modelo de formação de estratégia proposto, se ajusta

tanto às pequenas, como às médias e às grandes empresas. Assim, o

estrategista poderá aplicar o modelo, adequando-o às particularidades de cada

organização e simplificá-lo, se necessário, quando se tratar de pequenas

empresas.

7.1 SUGESTÃO PARA PESQUISA FUTURA

Não há aqui a pretensão de esgotar o assunto tratado. Posto isto, propõe-se

uma nova perspectiva do modelo a ser pesquisada, a saber:

Investigar e propor a melhoria dos requisitos de inovação com base na

aprendizagem organizacional, a partir de um estudo de caso, buscando-

se aprofundar nas análises a respeito desses requisitos, a fim de facilitar

ainda mais a aplicação deste modelo em pequenas, médias e grandes

empresas, tendo-se em vista a dificuldade das primeiras em realizar

Page 233: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

232

esforços de cooperação, e a falta de estudos sobre equipes de direção

em estratégia de pequenas e médias empresas (LIMA, 2010).

Verificar o modelo proposto em outros segmentos que necessitam de

aprendizagens e inovações, como, por exemplo: o segmento de

tecnologia; telefonia; confecções; educacional; de móveis; e de

embalagens.

Realizar um estudo de caso ilustrativo aplicando o modelo proposto ao

longo de um prazo médio, checando a sua contribuição na formulação

de estratégia do negócio.

Verificar a aderência de outras ferramentas gerenciais dando suporte ao

modelo proposto.

Page 234: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

233

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBADE, E. B.; ZANINI, R. R.; SOUZA, A. M. Orientação para Aprendizagem, Orientação para Mercado e Desempenho Organizacional: Evidências Empíricas. RAC, Rio de Janeiro, v.16, n.1, art. 7, pp.118-136, Jan./Fev. 2012.

ABEPRO. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Áreas e Sub-áreas de Engenharia de Produção. Disponível em:

<http://www.abepro.org.br/interna.asp?p=399&m=424&ss=1&c=362>. Acesso em: 19 maio 2014.

ABIHPEC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. Por um Brasil com Saúde e mais Bonito – a contribuição do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos para o desenvolvimento do país. Booz & Company, ABIHPEC, 2012. Disponível em

<http://www.abihpec.org.br/wp-content/uploads/2012/01/Por-um-Brasil-mais-Bonito_vf.pdf> Acesso em: 12 maio 2014.

ABIHPEC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. Pequenas e Médias Empresas investem e inovam no setor de beleza. G1 Economia. 08 abr. 2012. Disponível em <http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/04/pequenas-empresas-investem-e-inovam-no-setor-de-beleza.html> Acesso em: 08 maio 2014b.

ABIHPEC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. Pesquisa feita no site. Disponível em <http://www.abihpec.com.br>. Acesso em: 07 março 2014.

AGCT&I. AGÊNCIA GESTÃO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Setor de cosméticos cresce e tem faturamento de 37 bilhões em 2012.

Publicação feita em 2013. Disponível em<http://agenciacti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4585:setor-de-cosmeticos-cresce-e-tem-faturamento-de-37-bilhoes-em-2012&catid=92:br&Itemid=187>. Acesso em: 07 março 2014.

ANDERSEN, T. J. Strategic Planning, Autonomous Actions and Corporate Performance, Long Range Planning, 33, pp. 184-200. 2000.

______Integrating the Strategy Formation Process: An International Perspective”, European Management Journal, 22, 3, pp. 263-272. 2004.

Page 235: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

234

AMABILE, T. M.; CONTI, R.; COON, H.; LAZENBY, J.; HERRON, M. Assessing the work environment for creativity. Academy of Management Journal, vol.

39, n. 5, p. 1154-1184, 1996.

ANGELONI, M. T. Organizações do conhecimento: Infraestrutura, pessoas e

tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2008.

ANJO, C. E. S.; BARBOSA, J. G. P.; BOUZADA, M. A. C.; NETO, C. G.. Inovação e Formação de Estratégias Empresariais: Um estudo de caso no setor de material de defesa. Revista Gestão Industrial, v.08, n.1; p.116-144,

2012.

ANSOFF, H. I. Estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 1977.

_______. A nova estratégia empresarial; tradução Antonio Zoratto

Sanvicente – São Paulo: Atlas, 1990.

ANTONELLO, C. S. A metamorfose da aprendizagem organizacional: uma revisão crítica. In: RUAS, Roberto L.; ANTONELLO, Claudia S.; BOFF, Luiz H. (org.) Os novos horizontes da gestão: aprendizagem organizacional e

competências. Porto Alegre: Editora Bookman, 2005.

ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. A encruzilhada da Aprendizagem Organizacional: uma Visão Multiparadigmática. RAC, Curitiba, v. 14, n. 2, art. 7, pp. 310-332, Mar./Abr., 2010.

ARGYRIS, C. Double Loop learning in organizations. Harward Business Review. Boston: Harvard University, spt/oct 1977.

___________. Double Loop learning in organizations. Harward Business Review. Boston: Harvard University, spt/oct 1977.

ARGYRIS, C., SCHON, D. Organization Learning: A Theory of Action Perspective. Reading/Massachusetts: Addison-Wesley, 1978.

ARROW, K. The economic implementations of learning by doing. Review of Economics Studies, v.29, p. 155-173, 1962.

ARSHI, T.; CHUGH, G. Strategizing for Innovation: An Empirical Investigation on Strategic Orientation and Innovation. Business and Management Horizons, Vol. 1, n. 1,p. 138-152, 2013.

AVELAR, A. C.; SOUZA, C. G. de. Inovação e Desenvolvimento de Produtos na Indústria de Cosméticos: Um estudo de caso. Revista Gestão Industrial. v.02, n.02:p. 87-97, 2006.

Page 236: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

235

AYAS, K. Project design for learning and innovation: lessons learned from action research in an aircraft manufacturing company. In: EASTERBY-SMITH, M.; ARAÚJO, L.; BURCOYNE, J. (Org.). Organizational learning and the learning organization: developments in theory practice. London: Sage, 1999.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BARNEY, J. B. Is the resource-based “view” a useful perspective for strategic management research?: perspective for strategic?:yes. The Academy of Management Review, Briarcliff Manor, v. 26, n. 1, p.41-56, Jan. 2001.

BERTO, R. M. V. S; NAKANO, D. N. Metodologia da Pesquisa e a Engenharia de Produção. ABEPRO, São Paulo: 1998.

BETHLEM, A. D. S. Estratégia empresarial: conceitos, processo e

administração estratégica/Agrícola Bethlem. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BRITISH COLUMBIA. Developing the Best. A Corporate Learning Strategy

for the BC Public Service. BC Public Service Agency. Bringing out the best, 2014. Disponível em: < http://www2.gov.bc.ca/>. Acesso em: 20 mar. 2014.

BRUYNE, P.de; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. de. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro Editora:

Francisco Alves Editora, 1991.

CABRAL, A. C. A. Aprendizagem organizacional como estratégia de competitividade: Uma revisão da literatura. In: RODRIGUES, S.B.; CUNHA, M.P. (org.) Estudos organizacionais: novas perspectivas na administração de

empresas: uma coletânea luso-brasileira. São Paulo: Iglu, 2000, p. 227-247

CALDAS, M. A.; BOAS, A. A. V. Aprendizagem Organizacional e as Transformações Constantes: Considerações Teóricas. Revista de Administração da UNIMEP, v.4, n. 2, maio/ago., 2006.

CALDEIRA, A.; GODOY, A. S. O processo de análise do ambiente e sua relação com a aprendizagem organizacional: um estudo de caso. REAd, Porto

Alegre, Edição 73, nº 3, p. 779-812, set./dez, 2012.

CALMANOVICI, C. E. A inovação, a competitividade e a projeção mundial das empresas brasileiras. Rev. USP. n.89, p. 190-203, 2011.

CAVALCANTI, M. (org.). Gestão Estratégica de Negócios: Evolução,

Cenários, Diagnóstico e Ação.. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003.

CARLZON, Jan. A Hora da Verdade. 10. ed. Rio de Janeiro: COP, 1994.

Page 237: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

236

CANONGIA, C.; SANTOS, D. M.; SANTOS, M. M.; ZACKIEWICZ, M. Foresight, inteligência competitiva e gestão do conhecimento: instrumentos para a gestão da inovação. Gestão & Produção, v.11, n.2, p.231-238, mai.-ago. 2004.

CHAN, C. C. A. Examining the relationship between individual, team and organizational learning in an Australian hospital. Learning in health and social care. v. 2, nº 4, p. 223-235, Blackwell Publishing Ldta., 2003.

CHANDLER, A. D. Jr. Strategy and structure: chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge: MIT Press, 1990.

COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. A. Absorptive capacity: a new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, vol. 35, n. 1, p.128-152, 1990.

CROSSAN, M.; LANE, H.; WHITE, R. Organization Learning: Toward Theory. Working Paper, 1997.

CURRIE, Gr.; PROCTER, S. J. The Antecedents of Middle Managers‟ Strategic Contribution: The Case of a Professional Bureaucracy. Journal of Management Studies 42:7 November 2005, p. 1325-1356.

DAFT, R. L.; WEICK, K. E. Toward a model of organizations as interpretation systems. Academy of Management Review, vol. 9, n. 2, p. 284-295, 1984.

DAHLIN, K. B.; BEHRENS, D. M. When is an invention really radical? Defining and measuring technological radicalness. Research Policy. v.4, 2005, p.717-737.

DALKIR, K. Knowledge management in theory and practice. 2. ed. Cambridge, London: The MIT Press, 2011.

DAMANPOUR, F. Organizational innovation: a meta-analysis of effects of determinants and moderators. Academy of Management Journal, vol. 34, n.

3, p. 555-590, 1991.

DAMANPOURT, F.; EVANS, W. M. Organizational Innovation and Performance: The Problem of “Organizational Lag”. Administrative Science Quarterly, v.29, p.392-409, 1984.

DAROIT, D.; NASCIMENTO, L. F. Dimensões da Inovação sob o Paradigma do Desenvolvimento Sustentável. In: DOSI, Giovanni; PAVITT, Keith; SOETE, Luc. Encontro da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração - The Economics of Technical Change and International Trade. New York: Harvester Wheatsheaf, 1990.

Page 238: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

237

DAVILA, T.; EPSTEIN, M.; SHELTON, R. Making innovation work, how to manage it, measure it, and profit from it. Upper Saddle River: Wharton

School Publishing, 2006.

DIAS JR. C. M.; POSSAMAI, O. A importância dos ativos intangíveis na concepção de organizações orientadas pelo conhecimento. Rev. FAE, Curitiba, v.7, n.2, p.1-8, jul./dez. 2004.

DONALDSON, L. Strategy and Structural Adjustment to Regain Fit and Performance in Defence of Contingency Theory, Journal of Management Studies, n. 24, p. 1-24, 1987.

DODGSON, M. Learning trust and inter-firm technological linkages: some theoretical associations. In: COOMB, R. et al. Technological collaboration:

the dynamics of cooperation in industrial innovation. Cheltenham: Edward Elgar, p. 54-75, 1996.

DUTRA, K. E.; OLIVEIRA, A; R. R. Aprendizagem organizacional como ferramenta em prol da integração coletiva nas organizações. Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery. n. 3, jul./dez. 2007.

EDQUIST, C. The systems of innovation approach and innovation policy: an account of the state of the art. DRUID Conference, Aalborg University, June 12-15, 2001.

EISENHARDT, Kathleen. Strategy as Strategic Decision Making. Sloan Management Review, v. 40, n. 3, p. 65-72, 1999.

EISENHARDT, K. M.; MARTIN, J. A. Dynamic capabilities: what are they? Strategic Management Journal, vol. 21, n. 10/11, p. 1105-1121, 2000.

FALCONI, V. Um negócio bom para os dois. Exame, 15 jul. 2004.

FARGERBERG, J. Innovation: a guide to the literature. In: Jan Fagerberg, David C. Mowery e Richard R. Nelson (Eds.). The Oxford Handbook of Innovation. Oxford: Oxford University Press, p. 1-27, 2005.

FERNANDES, B. H. R.; BERTON, L. H. Administração Estratégica – da

competência empreendedora à avaliação de desempenho. Editora Saraiva; 2ª edição, 2009.

FERRARESI, A.; QUANDT, C O ; SANTOS, S. A. ; FREGA, J. R. . Knowledge management and strategic orientation: leveraging innovativeness and performance. Journal of Knowledge Management, v. 16, p. 688-701, 2012.

Page 239: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

238

FIOL, M. C.; LYLES, M. A.; Organizational learning. The Academy of Management Review, 1985.

FISCHER, R. M. Mudança e Transformação Organizacional. In: As pessoas na Organização. 6. ed. Editora Gente: São Paulo, p.147-164, 2002.

FLEURY, A. Planejamento do Projeto de Pesquisa e Definição do Modelo Teórico, Capítulo 2, In: MIGUEL, P. A. C. (coordenador); FLEURY, A.; MELLO, C. H. P.; NAKANO, D. N.; TURRIONI, J. B.; HO, L. L.; MORABITO, R.; MARTINS, R. A.; PUREZA, V. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. ABEPRO, Campus, Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Os desafios da Aprendizagem e Inovação Organizacional. RAE Light, v. 2, n.5, p. 14-20, 1995.

______. Estratégias Empresariais e Formação de Competências. Um

quebra-cabeça Caleidoscópico da Indústria Brasileira. 2. ed. PROGEP. São Paulo: Atlas, 2001.

______. Aprendizagem e inovação organizacional: as experiências de Japão, Coréia e Brasil. 2. ed.. São Paulo: Atlas, 2011.

FLOYD, S. W.; LANE, P. J. Strategizing Throughout the Organization: Managing Role Conflict in Strategic Renewal, Academy of Management Review, 25, 1, pp.154-77. 2000.

FRITZ, M.; SOUZA, C. G. de. Inovação na Indústria de Cosméticos- Casos de empresas do setor. COBENGE, Anais do XXXIV COBENGE. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, Setembro de 2006.

FUSCO, J.P.A; SACOMANO, J.B. Operações e gestão estratégica das operações. São Paulo: Arte e Ciência, 2007.

GABRIEL, M. Educ@ar a (r) evolução digital na educação. Editora Saraiva.

São Paulo: Saraiva, 2013.

GARVIN, D. A; NAYAK, P. R.; MAIRA, A. N.; BRAGAR, J. L.. Aprender a aprender. Revista HSM Management, São Paulo, Savana, ano 2, n.9, p.58-64, 1998.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Page 240: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

239

GIROLETTI, A. D.; LIMA, R. de J. C.; PATAH, L. A.. Educação para a Inovação. Rev. ADM. UFSM, Santa Maria, v.5, n. 3, p.607-624, set./dez., 2012.

GRAMIGNA, M. R.. Líderes Inovadores: ferramentas de criatividade que fazem a diferença. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda., 2004.

GRIFFIN, R. W.; MOORHEAD, G. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Ática, 2006.

GURTEEN, D. Knowledge, creativity and innovation. Journal of Knowledge Management, vol. 2, n. 1, p. 5-13, 1998.

HALLGREN, N. A estratégia é aprender. Gazeta Mercantil, ano XX – no. 21.326, 05 de maio de 1998, p. A2.

HAMEL, G.; MOL, M. J. Management innovation Julian Birkinshaw. Academy of Management Review, Vol. 33, No. 4, 825–845, 2008.

HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. A competência essencial da corporação. In. MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M. E. (Orgs.) Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Tradução de Bazán Tecnologia e Lingüística. Rio de Janeiro: Campus, 1988, p. 293-316.

HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R.E. Administração estratégica:

competitividade e globalização. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002.

HOFER, C. W.; SCHENDEL, D. Strategy formulation: analytical concepts. St.

Paul, Minnesota: West Publishing Co., 1978.

IDENBURG, P. J. Four styles of strategy development. Long Range

Planning, vol. 26, dec. 1993.

ISIDRO FILHO, A.; GUIMARÃES, T. de A. Conhecimento, Aprendizagem e Inovação em Organizações: uma proposta de articulação conceitual. Revista de Administração e Inovação – RAI, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 127-149, abr./jun.,

2010.

JOHNSON, G.; SCHOLES, K. Exploring Corporate Strategy. Prentice Hall.

6th ed., 2002.

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard

Tradução Luiz Euclydes Trindade Frazão Filho. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.

Page 241: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

240

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização Orientada para a Estratégia - como as empresas que adotam o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

KAPLAN, R. Mapas Estratégicos – Balanced Scorecard: convertendo ativos

intangíveis em resultados tangíveis. 11. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

_______. A execução Premium: A obtenção de vantagem competitiva através do vínculo da estratégia com as operações do negócio. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

KAPLAN, R.; NORTON, D. EXECUÇÃO PREMIUM: Unindo os pontos – O sistema de gestão de Circuito Fechado. Pode ser o futuro da estratégia. HSM Management 74, maio-junho 2009.

KIM, L. Da imitação à inovação: a dinâmica do aprendizado tecnológico da

Coréia. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2005.

KIM, D. H. The link between individual and organizational learning. Sloan Management Review, 35(1), 37-50, 1993.

KIMBERLY, J. R.; EVANISKO, M. J. Organizational innovation: the influence of individual, organizational, and contextual factors on hospital adoption of technological and administrative innovations. Academy of Management Journal, vol. 24, n. 4, p. 689-713, 1981.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica.

3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

LAVARDA, Rosalia A. B.; CARDOSO, Fernando E. Processo de formação da estratégia deliberado e o strategizing: Considerando a perspectiva da estratégia como prática. In: XIII SEMEAD - SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO, São Paulo, Anais,..., 2010.

LAVILLE, Cristian. DIONE, Jean. A Construção do Saber: Manual de

Metodologia da Pesquisa em Ciências Humanas. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

LEITE, L. F.; SEIDL, P.; ANTUNES, A. M. de S. Análise do Desenvolvimento da Tecnologia de FCC sob a Ótica das Teorias de Aprendizagem Organizacional e Dinâmica da Inovação. Revista Brasileira de Inovação, Rio de Janeiro (RJ), 7 (1), p. 25-62, janeiro/junho, 2008.

Page 242: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

241

LEMOS, C. Inovação em arranjos e sistemas de MPME. In: Lastres et. al. (orgs). Proposição de políticas para a promoção de sistemas produtivos locais de micro, pequenas e médias empresas. Nota Técnica 1.3. Instituto de Economia. UFRJ: Rio de Janeiro, 2001.

LIMA, Edmilson. Estratégia de Pequenas e Médias Empresas: Uma revisão. REGE, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 169-187, abr./jun., 2010.

LIPSHITZ, R.; FRIEDMAN, V. J.; POPPER, M. Demystifying organizational learning. Thousand Oaks, California: Sage, 2007.

LUNDVALL, B; JOHNSON, B. The Learning Economy. Journal of Industry Studies, vol. 1, n. 2, p. 23-42, 1994.

LUNDVALL, Beng-Ake; BORRÁS, S. Science, techonology, and innovation policy. In: JAN FAGERBERG, David C. Mowery e Richard R. Nelson (Eds.). The Oxford Handbook of Innovation. Oxford: Oxford University Press, p. 599-

631, 2005.

MACIEL, Cristiano de Oliveira; SATO, Kawana Harue and KATO, Heitor Takashi. Capacidades dinâmicas e rituais de interação entre alta e média gerência: proposta de um framework. Rev. Adm. Pública [online]. 2012,

vol.46, n.2, pp. 599-618. ISSN 0034-7612.

MALERBA, F. Sectoral systems and innovation and technology policy. Revista Brasileira de Inovação, vol. 2, n. 2, p. 329-375, 2003.

MAÑAS, A. V. Estratégia nos negócios: conceitos, alternativas e casos. In: CAVALCANTE, Marly (org.). Gestão Estratégica de Negócios: evolução,

cenários, diagnóstico e ação. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003.

___________. Gestão de Tecnologia e Inovação. São Paulo: Érica, 2001.

MARCH, J. G.; SIMON, H. A. Teoria das organizações. Rio de Janeiro: FGV, 1981.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARRIOTO, F. L. Mobilizando estratégias emergentes, RAE, v.43, n.2, p.73-98, 2003.

Page 243: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

242

MARSICK, V. J.,; WATKINS, K. E. Demonstrating the value of an organization‟s learning culture: the dimensions of the learning organization questionnaire. Advances in Developing Human Resources, 5(2), 132-151, 2003.

MARTÍ, J. M. V; CABRITA, M. R. Formulating business strategy in the knowledge economy context: theoretical foundations and principles. ICBS - Intellectual Capital Benchmarking System. 2013. Disponível em: <http://icbsmonitor.com/Files/Viedma_CabritaICBS.pdfAcesso em: 20 nov. 2013.

MARTINS, A. R. Abordagens Quantitativa e Qualitativa. Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção e Gestão de Operações. Rio de Janeiro: Elsevier, ABREPO, 2010.

MCKEE, D. An Organizational Learning Approach to Product Innovation, Journal of Product Innovation Management, 9, p.232-245, 1992.

MEIRELLES, Dimaria S.; BASSO, Leonardo F. C.; PACE, Eduardo S. U. As contribuicoes dos recursos especificos da firma no seu desempenho competitivo: uma abordagem de resource-based view no setor de software. In: ENCONTRO DE ESTUDOS EM ESTRATEGIA, 2., 2005, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Anpad, 2005.

MIGUEL, P. A. C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua condução. Produção, v.17, n. 1, p. 216-229, jan./Abr, 2007.

MIGUEL, P. A. C. (coord.); FLEURY, A.; MELLO, C. H. P.; NAKANO, D. N.; TURRIONI, J. B.; HO, L. L.; MORABITO, R.; MARTINS, R. A.; PUREZA, V. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. ABEPRO, Campus, Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MINTZBERG, H. The strategy concept: five Ps for strategy. California Management Review - v. 30, n. 1, p. 11-32, 1987.

_______. Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2004.

MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safari de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000.

MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2001.

MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. The Strategy Process: concepts, contexts, Englewood Cliffs. New Jersey: Prentice Hall International, pp. 12-79, 1992.

Page 244: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

243

MINTZBERG, H.; WATERS, J. Of strategies, deliberate and emergent. Strategic Management Journal v. 6, n. 3, p. 257-272, 1985.

MOREIRA, D. A.; QUEIROZ, A. C. S.. Inovação: Conceitos Fundamentais. In: Daniel Augusto Moreira; Ana Carolina Queiroz Spolidoro. (Org.). Inovação Organizacional e Tecnológica. 01 ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007, v. 01, p. 01-22.

MOTTA, P. R. Transformação organizacional: a teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 1999.

MOWERY, D. C.; ROSENBERG, N. Trajetórias da Inovação: a mudança tecnológica dos Estados Unidos da América no século XX. Campinas-SP: Editora UNICAMP, 2005.

NELSON, R. R.; WINTER, S. G. Uma teoria evolucionária da mudança econômica. Campinas-SP: Editora UNICAMP, 2005.

NEMETH, L. S. Measuring Organizational Learning. Muster of Education Faculty of Graduat Studies. The University of Western Ontario, London, Ontario, mar. 1997.

NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as

empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 14 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

NUNES, I. M. ELLER, A. M.; BISPO, M. S. Aprendizagem organizacional, organização de aprendizagem e gestão do conhecimento: entre laços e nós. Rev. Elet. Gestão e Serviços v.3 n.2/v.4 n.1, jan./jun. 2013, p. 472-488.

OECD. Innovation and Knowledge Management. In Education Today 2013: The OECD Perspective, OECD Publishing, 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1787/edu_today-2013-12-en>. Acesso em: 20 jan. 2014..

OCDE. Manual de Oslo. Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. OCDE | Eurostat | Financiadora de Estudos e Projetos . Disponível em : <www.mct.gov.br/index.php/content/view/44912.html >. Acesso em: 12 set. 2013.

OCDE. Oslo Manual: Guidelines for Collecting and Interpreting Innovation Data. OCDE publishing, 3rd Edition, Paris, 2005.

OCDE. Science, Technology and Industry: Outlook 2008. OCDE Publishing, Paris, 2008.

Page 245: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

244

OCDE. Science, Technology and Industry Scoreboard. OCDE Publishing, Paris, 2009.

PACHECO, D. A. de J.; LACERDA, D. P.; CORCINI NETO, S. L.; JUNG, C.; ANTUNES JR, J. A. V. Balanceamento de fluxo ou balanceamento de capacidade? Análises e proposições sistêmicas. Gest. Prod. (G&P), 2014.

PARTIN, J. Perspectiva del desarrollo organizacional. Cidad do México ,

Editorial Fondo Educativo Interamericano, 1996.

PAWLOWSKY, Peter. The treatment of organizational learning in management science. In: DIERKES, Meinolf; ANTAL, A. Bertoihn; CHILD, John; NONAKA, Ikujiro (Eds.). Handbook of organizational learning and knowledge. Oxford: Oxford University Press, p.86-114, 2005.

PEREIRA, A. J.; DATHEIN,R. Processo de aprendizado, acumulação de conhecimento e sistemas de inovação: a “co-evolução das tecnologias físicas e sociais” como fonte de desenvolvimento econômico.Revista Brasileira de Inovação, Campinas (SP), 11 (1), p.137-166, jan./jun. 2012.

PEREIRA, M. F.; OENING, K. S. Formação da estratégia em condições de elevada influência governamental: uma análise longitudinal da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC. Revista de Negócios, Blumenau, v. 12, n. 2, p. 103 - 119, abr./jun.

2007.

PÉREZ LÓPEZ, S., Peón, J. M. M., & Ordás, C. J. V.. Human resource management as a determining factor in organizational learning. Management Learning, 37(2), 215-239, 2006.

PÉREZ, M. P.; SÁNCHEZ, A. M.; CARNICER, P. de L.; JIMÉNEZ, M. J. V. A technology acceptance model of innovation adoption: the case of teleworking. European Journal of Innovation Management, vol. 7, n. 4, p. 280-291, 2004.

PENROSE, E. T. The Theory of the Growth of the Firm, New York: Wiley,

1959.

PIOVEZAN, L. H.; LAURINDO, F. J. B.; CARVALHO, M. M. Proposta de método para a formulação de estratégia em pequenas e médias empresas. Revista Produção. On-Line. Associação Brasileira de Engenharia de Produção – ABEPRO; Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. v. 8. n. 2, p. 1-27, jul. 2008.

Page 246: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

245

POPPER, M.; LIPSHITZ, T. Organizational learning mechanism: a structural and cultural approach to organizational learning. The Journal of Applied Behavioral Science, Arlington, v.34, n.2, p.161-179, 1998.

PORTER, M. What is Strategy? Harvard Business Review, 1996.

_______. Competitive Strategy: Techniques for Analyzing Industries and Competitors, New York: Free Press, 1980.

PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. The core competence of the corporation. Harvard Business Review, may/june, 68, 79-91, 1990.

PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. A competência essencial da corporação. In: MONTGOMERY, C.; PORTER, M. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. 3. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998, p. 293-316.

PRAHALAD, C.K; KRISHNAN, M. S. A nova era da inovação: impulsionando a co-criação de valor ao longo das redes globais. Tradução Afonso Celso da Cunha Cerra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

QUINN, R. E.; THOMPSON, M. P.; FAERMAN, S. R.; McGRATH, M; Competências Gerenciais: Princípios e aplicações. Editora Campus; Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

QUINTERO, N.; VALECILLOS, C.; HERNÁNDEZ, G. Estrategias para fortalecer el dominio personal basado en el enfoque de las organizaciones inteligentes, en las corporaciones locales, de la costa oriental del lago de Maracaibo. Revista Científica Electrónica Ciencias Gerenciales. 14 (5) 32-48, 2009.

REIN, R. 10 Ways to Spark Creativity at Leadership Retreats. Successful Meeting. 55, 11 p. 26, 2006.

ROBBINS, S. P.; JUDGE, T.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional:

teoria e prática no contexto brasileiro. 14 ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

ROBERTS, C., SMITH, B.; ROSS, R. Cómo construir una organización Inteligente. Argentina. Buenos Aires, Editorial Granica, 2005.

ROSS, Rick; SMITH, B.; ROBERTS, C.; KLEINER, A. Conceitos Centrais sobre aprendizado nas organizações. In: SENGE, Peter et al. A Quinta Disciplina:

Caderno de Campo - estratégias e ferramentas para construir uma organização que aprende, Rio de Janeiro – Qualitymark Ed., 1997.

Page 247: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

246

SALIM, I. M.; SULAIMAN, M. Organizational Learning, Innovation and Performance: A Study of Malaysian Small and Medium Sized Enterprises. International Journal of Business and Management. v. 6, No. 12; dec., 2011.

SCHON, D. Beyond the stable state. NewYork: The Norton Library, 1971.

SCHUMPETER, J. A. A Instabilidade do Capitalismo (1928). In: Artigo publicado na Coletânea: Os Clássicos da Economia. Organizador: Ricardo Carneiro. Série Fundamentos, Editora Ática, 1997.

_______. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina: Arte e prática da organização que

aprende. 10. ed. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., 2002.

______. A quinta disciplina: Caderno de campo. Estratégias e ferramentas

para construir uma organização que aprende. Rio de Janeiro: Qualyty Mark, 2000.

SETYANTI, S. W. L. H; TROENA, E. A. Innovation Role in Mediating the Effect of Entrepreneurship Orientation, Management Capabilities and Knowledge Sharing Toward Business Performance: Study at Batik SMEs in East Java Indonesia . IOSR Journal of Business and Management (IOSR-JBM). v.8, p.

16-27, mar.abr. 2013.

SILVEIRA, M. A. Gestão da inovação em sistemas organizacionais In: BALLONI, A. J. (Org.). Por que gestão em sistemas e tecnologias de informação? Campinas: Komedi, 2006, p. 103-160.

SILVA, A. A. da.; LEPSCH, S. L. A participação do nível operacional no processo de formulação de estratégias. Revista Ibero-Americana de Estratégia RIAE, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 170-194, jan./abr. 2011.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração da dissertação. 3. ed., Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de pós-graduação em engenharia de produção, laboratório de ensino à distância, Florianópolis, 2001.

SILVA, F. M. da; CARVALHO, M. C. dos S.; COSTA, C. F.da.; RHODEN, M. I. dos S. Aprendizagem Organizacional a partir das práticas de educação a distância da escola de Administração/UFRGS. Revista Eletrônica de Administração, 2012. ISSN 1413-2311 (versão on-line).

Page 248: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

247

SIMON, H. A. Bounded rationality and organizational learning. Organization Science, 2(1), 125-134. doi: 10.1287/orsc.2.1.125, 1991.

SIRMON, D. G.; HITT, M. A.; IRELAND, R. D. Managing firm resources in dynamic environments to create value: looking inside the black box. Academy of Management Review, v. 32, n. 1, p. 273- 292, 2007.

ŠKERLAVAJ, M.; SONG, J. H.; LEE, Y.Organizational learning culture, innovative culture and innovations in South Korean firms. M. Expert Systems with Applications 37 (2010) 6390–6403, 2010.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A.; JOHNSTON, R. Administração da Produção e Operações, Editora Atlas, São Paulo, 2009.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.; Administração da Produção. 3.

Ed; São Paulo: Editora Atlas, 2009.

SOUZA, M. C. A. F. de.; MAZZALI, L. Conceito e espaço da pequena empresa na estrutura industrial: heterogeneidade e formas de inserção.Gestão da Produção. São Carlos, v.15, n.3, p.591-603, set.-dez., 2008.

STEWART, T. Capital Intelectual. Rio de Janeiro: Campus. 1998.

TEECE, D. J.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dymamic Capabilities and Strategic Management, Vol. 18, No.7, 1997, pp. 509-533.

TEECE, D. Profiting from technological innovation: implications for integration, collaboration, licensing an public policy. Research Policy, v. 15, n. 6, p. 285-305, 1986.

TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. 3. ed. São Paulo: Bookman, 2008.

_____. Managing innovation. Integrating technological, market, and organizational change. Chichester : John Wiley & Sons Ltd, 1999.

THERIN, F. Organizational Learning and Innovation in High-Tech Small Firms. IEEE. Computer Society. Proceedings of the 36th Hawaii International

Conference on System Sciences, 2002.

THOMPSON, R. Os “pesos-pesados” definem CRM: Definição. In: GREENBERG, P. CRM, Customer Relationship Management na velocidade da luz: conquista e lealdade de clientes em tempo real na Internet. Rio de

Janeiro: Campus, 2001, p. 61-65.

Page 249: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

248

TSAI, W.. Knowledge Transfer in Intraorganizational Networks: effects of network position and absorptive capacity on business unit innovation and performance. Academy of Management Journal, vol. 44, n. 5, p. 996-1004, 2001.

TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção: Estratégias, métodos e técnicas para condução de pesquisas

quantitativas e qualitativas. UNIFEI, 2012.

TZU, S. A Arte da Guerra. Tradução de Sueli Barros Cassal – Porto Alegre:

L&PM, 2002.

VALENÇA, A.C. Eficácia Profissional. Rio de Janeiro. Qualitymark, 1997.

VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 2006.

VILHA, A. M. Práticas de gestão de inovação tecnológica: proposição de um modelo para pequenas e médias empresas brasileiras. Revista Gestão & Conexões - Management and Connections, Vitória (ES), v. 2, n. 1, p. 116-

146, jan./jun. 2013.

WHETTEN, D. A. O que constitui uma contribuição teórica? Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo: Eaesp/FGV, 69-73, 2003.

WHITTINGTON, R. O que é estratégia. São Paulo: Pioneira, 2002.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

______. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

YU, T. F. Toward a capabilities perspective of the small firm. International Journal of Management Reviews, v. 3, n. 3, p. 185-197, set, 2001.

ZAWISLAK, P. A. A relação entre o conhecimento e desenvolvimento: essência do progresso técnico. Análise. V. 6., n.1, p.125-149, 1995.

Page 250: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

249

APÊNDICES

Page 251: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

250

APÊNDICE A - PROTOCOLO | GESTORES

Prezado Gestor

Sou aluna do Curso de Doutorado Engenharia de Produção do Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Faculdade de Engenharia,

Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP e estou

desenvolvendo uma pesquisa de doutorado. A tese tem como título “Proposta de

Modelo de Formação de Estratégia de Negócio” e objetivo “Propor Modelo de

Formação de Estratégia de Negócio a partir da integração da aprendizagem

organizacional com a gestão da inovação”. Meu orientador de tese é o Prof.

Dr. Fernando Celso de Campos.

O presente estudo encontra-se na fase de verificação da aderência prática do

Modelo Proposto. Nesta etapa, serão pesquisados gestores que trabalham

cotidianamente no processo de formação de estratégia de negócio. Estou convidando

V.Sa. a participar da minha pesquisa, participando desta entrevista, e ajudar a definir

os requisitos que devem estar presentes no processo de formação de uma estratégia

de negócio para que ela possa ser considerada como baseada na aprendizagem e

inovação.

Desde já agradeço a sua inestimável colaboração e colocando-me à disposição

para qualquer esclarecimento.

Conto com sua participação!

Atenciosamente,

Inayara Valéria Defreitas Pedroso Gonzalez

Aluna-orientanda

Email: [email protected]

Fernando Celso de Campos Professor – orientador

E-mail: [email protected]

Mantida pelo Instituto Educacional Piracicabano “CAMPUS” CENTRO “CAMPUS TAQUARAL” “CAMPUS” SANTA BÁRBARA D’OESTE “CAMPUS “ LINS Rua Rangel Pestana, 762 Rodovia do Açúcar, Km 156 – Caixa Postal 68 Rod. SBO/Iracemápolis , Km 1 Rua Tenente Florêncio Pupo Neto, 300 CEP: 13400-901-Piracicaba,SP CEP: 13400-911-Piracicaba,SP CEP: 13450-000-Sta. Bárbara D’Oeste,SP CEP: 16400-000-Lins,SP Tel. (19) 3124-1855 Tel. (19) 3124-1515 Tel. (19) 3455-2311 Tel. (14) 3533.6000 Fax: (19) 3124-1850 Fax: (19) 3124-1500 Fax: (19) 3455-1361 Fax: (14) 3533.6100

Page 252: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

251

APÊNDICE B - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

INFORMAÇÕES SOBRE EMPRESA E RESPONDENTE

1. EMPRESA

1 Setor:

2 Área de atuação:

3 Breve histórico:

2. RESPONDENTE

1 Cargo/função:

2 Escolaridade:

3 Tempo de atuação na empresa:

4 Tempo na Função Gerencial:

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

1. A empresa tem formalizada sua missão, valores e visão? Comente e cite esses conteúdos, em caso positivo. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 2. Assinale o que você considerar compatível com o que acontece na empresa. Missão, valores e visão da empresa são compartilhados: ( ) Entre a alta administração ( ) Pela alta administração junto aos gerentes de nível médio ( ) Entre os gerentes de nível médio ( ) Pelos gerentes de nível médio junto à suas equipes de trabalho ( ) Entre todos os colaboradores, do diretor ao operacional 2.1 A empresa considera importante compartilhar missão, valores e visão entre os colaboradores? Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 2.2 Cite exemplos de práticas adotadas pela empresa para compartilhar missão, valores e visão entre os colaboradores? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Como você descreve a estrutura organizacional da empresa?

( ) Mais rígida com ênfase nos níveis hierárquicos (naquele que possui o poder formal, de cargo)

Page 253: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

252

( ) Mais rígida e menos favorável às mudanças

( ) Mais flexível e aberta às mudanças e inovação

( ) Mais flexível e favorável a aprendizagem e à mudanças transformadoras

( ) Outro – Qual?___________________________________________________

3.1 Por que você acredita que a estrutura da empresa possui essa característica? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4. Sobre quais pontos abaixo a empresa busca informações no ambiente externo? ( ) Mercado ( ) Tecnologias ( ) Produtos ( ) Concorrência ( ) Clientes atuais ( ) Clientes potenciais ( ) Fornecedores ( ) Outro(s). Quais? 4.1 Como é realizado este processo? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 4.2 As informações do ambiente externo são disseminadas entre os níveis da empresa? Explique. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 4.3 Quais os conteúdos e/ou informações e/ou dados do ambiente externo são acessados pela empresa? Eles dizem respeito a quê e a quem do ambiente externo? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4.4 De 1 a 10 indique o grau de importância da análise do ambiente externo no processo de formação de estratégias de negócio da empresa. Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

5 Assinale os 3 principais pontos da política de relacionamento com o cliente adotada pela empresa:

( ) Banco de dados dos clientes

( ) Gestão de Relacionamento com o Cliente - CRM

( ) Pesquisa para lançamento de novos produtos

( ) Projetos com times virtuais (empresa x cliente)

( ) Monitoramento da Satisfação dos clientes

( ) Serviço de atendimento ao cliente – Sugestões/Reclamações

( ) Canais de relacionamento interativos ( ) telefone ( ) web ( ) rede social ( ) SMS

( ) Programa de fidelização

( ) Interação pós-venda

Page 254: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

253

( ) Marketing customizado com clientes (por exemplo produtos diferenciados para clientes)

( ) Outro(s). Qual(is)? 5.1 Procura levantar as necessidades e expectativas dos clientes? Como? Com que frequência? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. A empresa adota a prática de benchmarking? Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Realiza parcerias estratégicas com fornecedores e/ou centros de pesquisa? Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. A empresa tem programa de incentivo à aprendizagem individual e em equipe? Como funciona? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 9. A política da empresa favorece a reserva de tempo para a aprendizagem (gerentes e colaboradores)? Explique. ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O ambiente organizacional estimula os colaboradores a buscarem, por iniciativa própria, estratégias de autodesenvolvimento e aprendizagem? De que maneira? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Descreva a política de treinamento dos colaboradores adotada pela empresa? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11.1 A empresa faz levantamento das necessidades de treinamento? De que maneira? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11.2 Qual a periodicidade? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11.3 Qual seu objetivo (reciclagem, renovação ou transformação)? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11.4 Qual seu envolvimento nesta política de treinamento(s)?

Page 255: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

254

__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12. A empresa incentiva a incorporação de práticas geradas no processo de aprendizagem aos processos internos? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12.1 De que maneira isso é feito? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12.2 Qual seu papel nesta prática de incentivo? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13. A empresa promove a interação dos colaboradores que participaram de treinamentos com os demais colaboradores/equipes? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14. São incentivadas as relações informais entre os colaboradores para troca de experiências? De que forma? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. Existe na empresa a prática de premiação à produção individual? E em equipe? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16. Na sua prática de gestão você incentiva o comportamento criativo dos colaboradores individualmente e em equipe? Como? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17. A empresa estimula a discussão e dá oportunidades para a construção coletiva de novas soluções? Por quê? Como? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18. A organização incentiva e recompensa a criatividade e novas ideias de colaboradores? De que forma? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19. Valoriza as ideias dos colaboradores sobre novos produtos, processos ou práticas? De que maneira? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20. A empresa lançou novos produtos/serviços, criou novos processos internos ou adotou novas práticas organizacionais ou de marketing no último ano? Cite exemplos.

Page 256: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

255

__________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21. A organização incentiva a comunicação formal e informal entre colaboradores e níveis organizacionais? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Adota práticas de diálogos estratégicos e reflexões coletivas entre os gestores de nível médio (como encontro de gestores, reuniões de planejamento, de discussão, de reavaliação etc.)? E entre os colaboradores? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

23. Assinale uma ou mais opções, respeitando a prática da empresa. A empresa tem definido e compartilhado com gerentes e colaboradores:

( ) Objetivos de médio e longo prazo

( ) Planos estratégicos de médio longo prazo formalizados

( ) Metas formalizadas

( ) Todos acima

( ) Nenhuma opção acima

23.1 Por que a empresa opta por essa forma de definição e compartilhamento entre os gerentes e colaboradores? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

24. A tomada de decisão sobre ações estratégicas de médio e longo prazo na empresa é:

( ) Concentrada na alta administração

( ) Concentrada na gerência de nível médio

( ) Centrada pelo gestor de nível médio e sua equipe

( ) Pelas equipes

( ) Pelos colaboradores de toda a empresa

( ) Outro – Qual?

25. Como são definidas as metas/objetivos de médio e longo prazo da empresa?

( ) Pelo proprietário-gestor / alta administração

( ) Reunião formal dos gerentes tomadores de decisão

( ) Reunião formal com todos os colaboradores

( ) Reunião informal com todos os colaboradores

( ) Em dois momentos, primeiro reunião informal de cada equipe, em seguida reunião informal com os gestores de cada equipe

( ) Outra. Qual? 26. Como as estratégias de negócio são formadas na empresa? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 257: UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA - …€¦ · 2 Ficha Catalográfica ... minhas sobrinhas Meuma Aymara, Amarillis, Anna Bheatriz e Sâmia. Amo Muito Vocês. 4 ... Aos Professores

256

26.1 Que fatores são considerados importantes para formação da estratégia? (ambiente externo, competências internas, gerência, colaboradores) __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26.2 Qual o papel dos gerentes e colaboradores neste processo? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26.3 Há interação entre as equipes neste processo? Por quê? De que maneira? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26.4 Você considera que na empresa há comprometimento consensual dos colaboradores/equipes em relação à formação de estratégia de negócio? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26.5 Na empresa, uma estratégia formada sofre ajustes e complementações para alcance de seus objetivos? Qual o caminho seguido pela empresa neste caso? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26.6 Dentre as áreas da empresa, qual ou quais são aquelas que mais sofrem adaptações, mudanças ou alterações? Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________________________