Upload
others
View
3
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE PARANAENSE
CURSO SUPEROR DE ENFERMAGEM
JACKLINE BORGES DA SILVA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ATUAÇÃO DO
ENFERMEIRO
GUAÍRA, PR, BRASIL
2017
U
N
I
P
A
R
JACKLINE BORGES DA SILVA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
Projeto de Conclusão de curso
apresentado a banca examinadora -
UNIPAR Universidade Paranaense, como
exigência parcial para obtenção do título
enfermeiro, sobre a orientação do prof.
Me. Eduardo Henrique Sandim.
GUAIRA
2017
JACKLINE BORGES DA SILVA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em ___/___/___, como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem da Universidade Paranaense –
UNIPAR, pela seguinte banca examinadora:
________________________________________
Prof./ Enfermeiro Ms. Eduardo Henrique Sandim
Universidade Paranaense - UNIPAR
________________________________________
Prof./ Enfermeiro
Universidade Paranaense - UNIPAR
_________________________________________
Prof./ Enfermeiro
Universidade Paranaense - UNIPAR
Guaíra, ___de novembro de 2017.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, segundo ao
meu pai, mãe, e meu marido que estiveram ao meu lado e
me acompanharam todo este tempo de graduação.
AGRADECIMENTO
Agradeço por primeiro lugar a Deus por ter me sustentado do começo ao fim
deste curso, por ele sempre me reerguer quando eu precisava e por ainda o fazer.
Ao meus amados pais agradeço pelo tempo em que esteve presente em vida,
que pela sua presença permanente, amor e dedicação me mostrou com exemplos
no dia a dia, e em especial durante os quatro anos do meu curso, seus
ensinamentos me mantiveram forte e me deram forças para continuar.
Aos meus amigos, que me ajudaram e escutaram minhas reclamações,
amenizaram meu choro e me aconselharam nos momentos em que mais precisei.
Agradeço ao meu orientador pela paciência e pela colaboração em cada
orientação e correção do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Que sorte a minha
tê-lo na construção deste trabalho, me orientando e impondo desafios com
determinação e confiança no meu potencial.
A todos os meus professores sendo eles de sala de aula e os de estágio
supervisionado sem o conhecimento passado por cada um de vocês eu jamais
saberia ao menos aferir uma pressão ou escutar o relato de queixas de um paciente
ou até mesmo atender com carinho, com destreza e atenção pela qual aprendi, e
nunca vou me esquecer do olhar holístico que um enfermeiro precisa ter.
Enfim, agradeço a todo incentivo que recebi da parte de cada pessoa que
colaboraram para minha formação, minha gratidão será eterna.
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso, está sendo apresentado ao Colegiado do
Curso de Enfermagem do Campus de Guaíra da Universidade Paranaense –
UNIPAR na forma de Artigo Científico conforme regulamento específico. Este artigo
está adequado as instruções para autores da revista Arquivos de Ciências da Saúde
da Unipar (ISSN– 1415–076X) e baseado nas Normas ABNT–NBR-6023 as quais
encontram – se anexo.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
Acadêmica: Jackline Borges da Silva*
Orientador: Eduardo Henrique Sandim**
Como se percebe por vários anos a violência contra a mulher foi aceita pela
sociedade, impregnando as evoluções culturais, o que fez gerar um alto grau de
tolerância, fato é que a aceitação foi tão bem posta em meio as culturas que até hoje
mesmo a lei reconhecendo a mulher como vitima de violência, torna-se difícil
reconhecer crime nos casos reais, bem como punir seus agressores. O estudo terá
caráter reflexivo, discorrendo acerca da temática do papel da enfermagem na
violência contra a mulher. Assim o objetivo do presente estudo é demonstrar todos
os meios que a enfermagem pode utilizar para melhor cuidar de uma mulher vítima
de violência, para tanto, optou-se pelo método da revisão bibliográfica, utilizando-se
um levantamento bibliográfico em revistas, livros e periódicos. Conclui-se com este
trabalho que ao enfermeiro tem papel determinante no cuidado e restabelecimento
da mulher vitima de violência, estando presente, nas fases iniciais de seus
tratamento, tanto físico quanto mental e psicológico.
Palavra chave: violência, enfermeiro, lei, acompanhamento.
*Acadêmica – Orientanda do Curso de Graduação em Enfermagem – Unipar **Docente – Orientador do Curso de Garduação em Enfermagem – Unipar
VIOLENCE AGAINST WOMEN: THE NURSE'S PERFORMANCE
Academic: Jackline Borges da Silva * Advisor: Eduardo Henrique Sandim **
As it is perceived for several years the violence against the woman was accepted by
the society, impregnating the cultural evolutions, which caused to generate a high
degree of tolerance, fact is that the acceptance was so well put in the middle of the
cultures that to this day even the law recognizing the woman as a victim of violence,
it becomes difficult to recognize crime in real cases, as well as punish their
aggressors. The study will be reflective, discussing the theme of the role of nursing in
violence against women. Thus, the objective of the present study is to demonstrate
all the means that nursing can use to better care for a woman victim of violence.
Therefore, the literature review method was used, using a bibliographic survey in
magazines, books and periodicals . It is concluded with this work that the nurse plays
a decisive role in the care and restoration of the woman victim of violence, being
present, in the initial phases of their treatment, both physical, mental and
psychological.
Key words: violence, nurse, law, monitoring.
*Acadêmica – Orientanda do Curso de Graduação em Enfermagem – Unipar **Docente – Orientador do Curso de Garduação em Enfermagem – Unipar
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................9
2 DESENVOLVIMENTO .........................................................................................................10
2.1 VIOLENCIA CONTRA A MULHER .......................................................................................... 10
2.2 O CUIDADO DO ENFERMEIRO COM A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL ..... 11
2.3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO TÉCNICA ................................................. 12
3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO DO ACOLHIMENTO .................... 14
3.1 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA ................... 15
4. OS DESAFIOS DAS REDES DE ATENÇÃO A MULHER VITIMA DE VIOLÊNCIA
SEXUAL. ................................................................................................................................17
5. NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIAS.......................................................................................20
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................................23
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................25
6. ANEXOS.............................................................................................................................28
ANEXO 1 – REVISTA ARQUIVOS DE CIÊNCIAS DA UNIPAR. ................................................ 28
ANEXO 2 – FICHA CATALOGRÁFICA. ........................................................................................ 29
ANEXO 3 – INSTRUÇÕES PARA AUTORES. ............................................................................. 30
ANEXO 4 – FICHA CATALOGRÁFICA. ........................................................................................ 31
ANEXO 5 .......................................................................................................................................... 32
DECLARAÇÃO DE CORREÇÃO DE INGLÊS .............................................................................. 32
9
INTRODUÇÃO
São inúmeras as campanhas públicas a favor da igualdade de gêneros e a
importância de uma escuta e um acolhimento de qualidade a mulher vitima de
agressão. Toda essa repercussão da mídia mediante um assunto não se deu ao
acaso, mas sim por ser uma realidade diária na vida de muitas brasileiras, em
especial mulheres com índice social menos favorecidos. Em diferentes meios e
costumes sociais, o tratamento pessoal é diferenciado, diante disso diversas
"conceituações acerca desse tipo de violência são feitas por diferentes perspectivas
de estudos: sociais, antropológicos e econômicos."(THAISA, et. al. 2007, p. 25)
No Brasil, assim como em diversos países do mundo, a violência sexual
constitui um sério problema de saúde pública por ser uma das principais causas de
morbidade e mortalidade feminina(HEISE, 1994). A violência baseada em questões
de gênero é também uma violação dos direitos humanos. Acomete mulheres de
todas as idades, de diferentes níveis econômicos e sociais, em espaço público ou
privado e em qualquer fase de sua vida (BRASIL, 1999).
Nos serviços de saúde, a mulher violentada sexualmente necessita de
acolhimento(BRASIL, 1999), fator fundamental para a humanização da assistência à
saúde e essencial para que se estabeleça um relacionamento de forma adequada
entre o profissional e a cliente (HOGA, 2004).
Mesmo sendo um assunto muito pautado em diversos programas de
prevenção, comerciais na mídia, alerta em cartazes de campanha, a violência contra
mulher ainda é muito impune para os agressores " as diferenças de gênero que nos
são socialmente impostas propiciam situações para que ocorra a violência
doméstica" (THAISA, et. al. 2007, P.26)
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) 69% das
mulheres já foram agredidas ou violadas, "..a impotência da vítima, que não
consegue ver o agressor punido, gera nos filhos a consciência de que a violência é
um fato natural." (DIAS, 2007, p.16).
Deste modo o presente estudo tem como objetivo traçar os meios que a
enfermagem possui para ajudar a mulher que foi vitima de violência, o trabalho terá
como foco o desenvolvimento da enfermagem no contexto técnico, humano e de
acolhimento da vitima.
10
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1999), muitos serviços de saúde
têm oferecido atendimento multidisciplinar às mulheres vítimas de violência sexual,
no entanto, as atribuições da enfermeira parecem não estar bem estabelecidas, uma
vez que o Ministério da Saúde não definiu o papel da enfermeira nesta assistência
(Braga, 2004).
2 DESENVOLVIMENTO
2.1VIOLENCIA CONTRA A MULHER
Desde o início da civilização, a violência contra a mulher vem sendo
disseminada em quase todos os países. Sua prevalência é maior nos locais onde a
cultura masculina prevalece, e em consequência a mulher é tida como ser
subordinado e desvalorizado, mas ao longo dos tempos com muita luta ganhou
espaço significativo na sociedade, conquistaram o direito ao voto e a liberdade para
trabalhar fora de casa, ganhando sua independência financeira, mesmo com muitos
ideais machistas que ainda predominam em algumas sociedades provocando casos
de ira masculina (ANDRADE, 2009, p. 12).
A violência contra a mulher, também chamada violência de gênero é
qualquer atitude que venha causar sofrimento psicológico, físico ou sexual, ocorre
tanto no espaço privado quanto no espaço público e pode ser cometida por
familiares ou outras pessoas que vivem no mesmo domicílio, sendo como relação
interpessoal, em que o agressor conviva ou tenha convivido com a mesma, que
tenha sofrido entre outros, estupro, maus tratos, violação e abuso sexual
(ANDRADE, 2008).
A criação da lei nº10. 778 de 24 de Novembro de 2003 estabelecem a
notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher
que for atendida em serviços de saúde público ou privado, a lei obriga aos serviços
públicos e privados notificar sobre os atendimentos que fizeram a quem sofrer este
tipo de violência. Essa notificação pode ser realizada por pessoa física, entidades
11
públicas ou privadas, a exemplo de enfermeiros, assistentes sociais, médicos,
hospitais, unidades de saúde e instituto de medicina legal.( DESLANDES, 1999).
No Primeiro Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, a violência foi
definida como o uso intencional da força física, do poder real, ou em ameaça contra
si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte
ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação de liberdade (DESLANDES; MENDES, 2011).
A violência acontece no mundo todo e atinge pessoas de todas as idades;
independe de sexo, raça, religião, nacionalidade, escolaridade, opção sexual ou
condição social. No entanto, a violência apresenta-se nas classes menos
favorecidas com mais facilidade devido às condições precárias de sobrevivência. Ela
está presente na vida de todas as pessoas, sejam como vítimas sejam como
agressores. Reproduz-se nas estruturas e subjetividades em diferentes espaços,
como na família, escola, comunidade, trabalho e instituições (REIS, 2010).
Na perspectiva das enfermeiras, a violência contra a mulher foi
representada, majoritariamente, como uma ação de covardia associada à agressão
psicológica, agressão física, tristeza e maus-tratos (LEAL, 2009).
2.2 O CUIDADODO ENFERMEIRO COM A MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL
A enfermagem, como ciência do cuidar, vem, ao longo das últimas décadas,
buscando aprofundar discussões sobre sua prática, reconhecendo que o cuidar é
um processo e, dessa forma, em evolução e sujeito às mudanças que ocorrem no
sistema de saúde e no modo de significância para o ser cuidado. (Waldow, 20016).
A mulher, por ser alvo preferencial desse tipo de violência, tem merecido a
atenção por parte de profissionais, principalmente os de enfermagem que, na sua
trajetória prática e em qualquer ambiente de trabalho, podem defrontar-se com essa
situação, exigindo conhecimento específico e habilidade para realizar esse cuidar
como expressão humanizadora da enfermagem, com poder transformador, que deve
ser sentido e vivido por parte de quem cuida e de quem é cuidado. (Waldow, 20016).
12
Nessa concepção, o primeiro contato da mulher no serviço de saúde deve
acontecer com os profissionais de enfermagem, que farão um acolhimento
humanizado, a realização da anamnese, coleta de material para exames
laboratoriais, agendamento de retorno e administração de medicações. Esses são
passos que garantem a aderência ao seguimento ambulatorial.
Para o atendimento, a equipe de enfermagem recebe capacitação periódica
e participa de oficinas de apoio psicológico (realizado pela equipe responsável pelo
programa) para agir de forma imparcial, sem preconceitos, sem fazer julgamentos,
sem atuar de forma comiserativa e conhecer as implicações legais, somáticas,
psicológicas e sociais da violência sexual e colaborar para que a mulher não tenha
que repetir várias vezes a sua história. (BRASIL, 2005).
A enfermeira acolhe, realiza triagem e faz encaminhamentos de acordo com
a avaliação do tipo de violência: no caso de violência física e/ou psicológica em
mulher, criança e adolescente e/ou violência sexual em menor de 14 anos não
púbere, deve-se encaminhar ao pronto-socorro adulto ou pediátrico. É preciso
atentar para os casos em que a menor de 18 anos confirma o consentimento da
relação sexual, porém, se o responsável legal considerar que a menor não estava
apta para consentir o ato, deve-se realizar atendimento de violência sexual.
(BRASIL, 2005).
Portanto, o cuidar em enfermagem à mulher na situação de violência sexual
na dimensão técnica volta-se para uma ação que exige um domínio da habilidade do
profissional, ou seja, no saber-fazer. Entretanto, é nessa relação do ser cuidador e
do ser cuidado, que se incorpora a intersubjetividade, no momento em que é
estabelecida uma interação através da linguagem. Assim, esse cuidar técnico em
enfermagem também permite uma aproximação do ser na sua existência humana
(MORAES, 2010, p. 157).
2.3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO TÉCNICA
Na busca de apresentar o cuidar na dimensão técnica, deve se apoiar na
compreensão da habilidade técnica do profissional de enfermagem em saber-fazer
os cuidados à mulher vítima de violência sexual em conformidade com a Norma
13
Técnica (NT) do Ministério da Saúde (MS), sendo medidas preventivas que a mulher
dispõe para evitar uma gravidez indesejada e o aparecimento das doenças
sexualmente transmissíveis. (MORAES; MONTEIRO; ROCHA, 2010, p.156).
A mulher ao buscar o serviço de saúde, recebe uma assistência que envolve
outros profissionais, como médico legista e ginecologista, assistente social,
psicólogo, que em conjunto planejam o tratamento dos agravos que podem ser
imediatos ou a longo prazo, de ordem física e psicológica. Os agravos físicos são
decorrentes do trauma genital, evidenciado por lacerações, hematomas, equimoses
e edemas, principalmente nas mulheres de maior idade, e nos casos das crianças
vitimizadas, que podem ainda apresentar lesões na vagina, no períneo, no ânus e no
reto.(Bedone; Oshikata, 2005, p.21 Inoue; Ristum, 2008, p. 25).
Já nos casos de lesões extragenitais, encontram-se escoriações, equimoses
e fraturas da face. Além dessas lesões, as vítimas podem apresentar distúrbios
emocionais, como insônia, pesadelo, depressão, fobias, pânico, ansiedade, medo da
morte, sensação de solidão, cefaléia, fadiga, transtorno do apetite, risco para uso de
drogas ilícitas e suicídio, pois em algumas situações a severidade da agressão da
violência sexual é conjugada com relações anais e orais.(OLIVEIRA, 2006, p. 2).
Compreende-se que nessa ação do cuidar realizado pela enfermagem em
conformidade com a NT/MS, direciona-se para um saber técnico, em que suas
ações estão voltadas para o tratamento das lesões, prevenções das Doenças
Sexualmente Transmitidas e da hepatite B, bem como para a prevenção de uma
gravidez indesejada. (FAÚNDES, 2006, p.28).
Portanto, o cuidar em enfermagem à mulher na situação de violência sexual
na dimensão técnica volta-se para uma ação que exige um domínio da habilidade do
profissional, ou seja, no saber-fazer. Entretanto, é nessa relação do ser cuidador e
do ser cuidado, que se incorpora a intersubjetividade, no momento em que é
estabelecida uma interação através da linguagem. Assim, esse cuidar técnico em
enfermagem também permite uma aproximação do ser na sua existência humana.
(MORAES; MONTEIRO; ROCHA, 2010, p. 157).
14
3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO DO ACOLHIMENTO
O significado do cuidar em enfermagem como uma ação acolhedora se
refere à qualidade e humanização da atenção como um conjunto de medidas,
posturas e atitudes dos profissionais de saúde na sua relação com o cliente.
(TAKEMOTO; SILVA, 2007, p. 23).
No caso da enfermagem, significa compreender o indivíduo em sua
plenitude, ouvi-lo com sensibilidade, criatividade e solidariedade, o que caracteriza a
qualidade do cuidado. Sendo assim, a prática do acolhimento no trabalho de
enfermagem é no sentido de realizar atitudes humanizadoras que se revelam no ato
de receber, escutar e tratar. (SOBRAL; TAVARE; SILVEIRA, 2004, p.65).
Assim, o cuidar em enfermagem como uma ação na dimensão do
acolhimento pode ser vivenciado pelo profissional e pela vítima de violência sexual,
desde o momento da entrada no serviço de atendimento, percorrendo todo o
processo assistencial realizado. Nesse sentido, o cuidado de enfermagem e dos
demais profissionais a essa clientela é assegurado de forma que a vítima e a família
sintam-se protegidas e seguras no atendimento prestado, na garantia do sigilo e dos
encaminhamentos adequados. (BRASIL, 2005).
Por conseguinte, infere-se que o cuidar é indispensável para a existência
humana e que ele é desvelado no processo de viver e de sobreviver. Nessa
perspectiva, a enfermagem ao realizar o cuidado à mulher vítima de violência sexual,
tem a possibilidade de descortinar outros problemas que possam afetar a integridade
física e emocional dessa mulher. Assim, o profissional de enfermagem, ao adotar a
postura de ouvir a mulher que busca o serviço de saúde, com suas queixas variadas,
tem nesse momento, condições de rastrear situações de violência que estejam
contidas no silêncio, no medo e na vergonha. (MORAES; MONTEIRO; ROCHA,
2010, p. 158)
Portanto, esse cuidar acolhedor pela enfermagem permite um olhar sensível
e humano para a saúde da mulher vítima de violência sexual, com a finalidade de
recuperar sua autoestima, sua saúde mental e sua qualidade de vida. (MORAES;
MONTEIRO; ROCHA, 2010, p. 158).
15
3.1 O CUIDAR EM ENFERMAGEM NA DIMENSÃO DA EXISTÊNCIA HUMANA
O conceito apresentado sobre cuidar em enfermagem na perspectiva da
dimensão da existência humana, se processa no encontro entre o ser cuidador e o
ser cuidado, cujos objetivos envolvem o conforto, ajuda, promoção,
restabelecimento, no sentido de aliviar o sofrimento humano. (WALDOW, 2006).
Para o filosófico Leonardo Boff, o significado de cuidar implica em duas
definições, a primeira como gesto de desvelo, de solicitude e de atenção, e como
segunda, refere-se à preocupação e inquietação. Também traz para a reflexão que o
cuidado é mais do que um ato, é uma atitude. O filósofo recorre ao pensamento de
Martin Heidegger ao explanar a natureza do cuidado como o modo de ser e de
solicitude, por permitir uma relação de preocupação, guiada pela consideração e
pela tolerância. (Boff, 1999).
Na enfermagem, essa discussão tem também as contribuições valiosas das
teorias de Jean Watson e de Paterson e Zderad. Na perspectiva de Jean Watson, o
cuidado é entendido numa abordagem humanística e comportamental, na qual a
enfermagem consiste na ciência e na filosofia do cuidado e, para tal, precisa ter o
cultivo da sensibilidade, da autoconfiança, da promoção e aceitação de sentimentos
positivos e negativos, utilização de um processo de cuidar criativo de resolução de
problemas, assistir nas necessidades humanas e admitir forças existenciais,
fenômeno lógicas e espirituais nesse cuidar. Dessa forma, o fundamento sólido para
a ciência do cuidado está pautado na habilidade do pensamento crítico e da visão
expandida do mundo, por enfocar mais a promoção da saúde do que a cura.
(GEORGE, 2000).
Tomando por base a teoria de Jean Watson, o cuidar em enfermagem à
mulher vítima de violência sexual pode ser planejado a partir do momento em que se
estabelece um vínculo do ser cuidador com o ser cuidado numa perspectiva
humanística, que focalize a unicidade do ser na sua facticidade. (BOFF, 1999).
A teoria de Paterson e Zderad tem como foco central a Enfermagem
Humanística, pois se preocupa com as experiências fenomenológicas vividas pela
enfermeira e pela pessoa que recebe o cuidado. É uma metodologia para
compreender e descrever as situações de enfermagem, numa abordagem filosófica
da fenomenologia e do existencialismo. (PERSEGONA, ZAGONEL, 2008, p.12).
16
O cuidado a que Heidegger se refere se mostra, portanto, a partir do
relacionar-se com o outro e se manifesta na relação do ser-aí com o ser-no-mundo,
guiado pela consciência e pela paciência. Para Heidegger, o ser-aí significa Dasein,
que é o modo de existir do homem, que constrói o seu modo de ser, a sua existência
e historicidade a partir da presença. Assim, todo ser é sempre ser-com, pois o
mundo é sempre mundo compartilhado e de convivência, e é nas relações do
Dasein, com ser-no-mundo, que emerge o cuidado.(MORENO; JORGE; GARCIA,
2004, p. 8).
Nesse relacionar-se, a maneira de cuidar do outro é entendida como
solicitude, é ter consideração, paciência e preocupação com o outro, sob duas
formas básicas de cuidado, o dominador e o libertador. No pensamento
heideggeriano, o termo consideração é entendido como aceitação das tensões,
limites e as características diferenciais das situações e modos de ser, enquanto que
tolerância pressupõe uma expectativa de algo que possa vir a
acontecer.(HEIDEGGER, 2006)
Realizar o cuidar em enfermagem à mulher vítima de violência sexual, numa
abordagem heideggeriana, é resgatar um cuidado autêntico que se revela no
momento em que esse profissional interage com essa mulher e a ajuda a se ver
como ser de possibilidade e compreender que é possível ultrapassar essa
facticidade e dela retirar modos de superação para se compreender como além
daquilo que ela própria não se compreendia. (MORAES; et. all., 2010, p. 159).
Ainda segundo os autores (MORAES; et. al., 2010, p. 159), percebe-se
quena evolução da prática profissional da enfermagem – tem prevalecido o cuidado
técnico, resultando no distanciamento do cliente, o que remete à necessidade do
resgate desse cuidar na abrangência de sua dimensão que interagindo com essas
mulheres que passam por momentos de profunda angustia veem-se abusivamente
corrompidas naquilo que as machucam intimamente e sem autorização.
17
4. OS DESAFIOS DAS REDES DE ATENÇÃO A MULHER VITIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL.
Desde a origem da profissão do Serviço social se observa que tanto o
profissional quanto as conquistas dos movimentos feministas caminham juntos na
busca de melhorias para as condições de vidas das mulheres sempre priorizando
seu valor na sociedade, onde aos poucos foram conquistando seu espaço. É nesta
linha de pensamento que até hoje os Assistentes Sociais trilham sua atuação e cada
vez mais se atualizando frente às transformações da sociedade. (LOBO;
CARVALHO, 2007, p. 10).
A proteção social especial é a modalidade de média complexidade, que trata
de alta vulnerabilidade e risco pessoal e social. Estes, decorrentes do abandono,
privação, perda de vínculos, exploração, violência e etc. Para tanto o Serviço de
Atendimento Especializado à Famílias e Indivíduos realiza um trabalho de
atendimento qualificado através da: Acolhida; escuta; estudo social; diagnóstico
socioeconômico; monitoramento e avaliação do serviço; orientação e
encaminhamentos para a rede de serviços locais; construção de plano individual
e/ou familiar de atendimento; orientação sócio-familiar; atendimento psicossocial;
orientação jurídico-social; referência e contra-referência; informação, comunicação e
defesa de direitos; apoio à família na sua função protetiva; acesso à documentação
pessoal; mobilização, identificação da família extensa ou ampliada; articulação da
rede de serviços socioassistenciais; articulação com os serviços de outras políticas
públicas setoriais; articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema de
Garantia de Direitos; mobilização para o exercício da cidadania; trabalho
interdisciplinar; elaboração de relatórios e/ou prontuários; estímulo ao convívio
familiar, grupal e social; mobilização e fortalecimento do convívio e de redes sociais
de apoio. (PAULA; BICHARRA, 2014, p.14).
O assistente social utiliza alguns instrumentos técnicos para uma melhor
avaliação dos casos de violência contra a mulher. Pode-se citar a entrevista, que é
feita com a mulher vítima da violência, onde se desenvolve através do processo de
escuta e observação, sempre priorizando a atenção aos sentimentos expressos pela
mulher. Também a visita domiciliar é utilizada para conhecer a realidade da qual a
mulher vive. A reunião com grupos de mulheres que sofrem violência tem
contribuído muito para retirá-las do processo de angústia e baixa estima onde elas
18
acabam sendo inseridas depois da violência sofrida. (LOBO; CARVALHO, 2007, p.
10).
A afirmação da agressão é a imposição da vontade de uma pessoa sobre a
outra, sem, no entanto, respeitar os limites físicos e morais. Podendo existir na forma
física contra a pessoa e contra bens ou verbal, contra pessoa (Silva, 1992, p. 239).
Atualmente, e como consequência de diversas discussões tidas no interior
da profissão, entende-se que o profissional Assistente Social deve apresentar um
perfil voltado a atuação junto ao usuário. O assistente social através de seus
conhecimentos e habilidades profissional consegue intervir na questão social que
possa ser apresentada, desenvolvendo assim seu saber ser profissional, que é
desenvolvido com seu perfil de profissão e conhecimentos teóricos –práticos.
(PAULA; BICHARRA, 2014, p.14).
É importante destacar que as melhorias na qualidade dos serviços
oferecidos as mulheres em situação de violência bem como mudanças na legislação,
a criação de novas leis que atendam a essa dificuldade, as campanhas, eventos,
seminários e passeatas destinadas à defesa da mulher, tudo isso fez com que
sensibilizasse a sociedade nesta luta pelos direitos das mulheres, contribuindo muito
para as vitórias já alcançadas. (LOBO; CARVALHO, 2007, p. 12).
O Assistente Social diante a realidade de suas demandas cumpre suas
ações de acordo com o código de Ética profissional, realiza com competência e
responsabilidade suas ações profissionais em seu cotidiano. De acordo com o
Código de Ética o assistente social tem o compromisso de respeitar o usuário diante
dos seus valores conforme rege as leis determinada pela Ética do profissional.
(PAULA; BICHARRA, 2014, p.14).
O Assistente Social realiza participação na administração municipal, diante
de trabalhos de inclusão social, sendo estes, de desenvolvimento dos projetos de
participação e acessibilidade aos direitos concernentes ao cidadão, fatos estes
decorrentes da valorização do profissional, que busca assentar-se no âmbito
profissional da classe de maneira clara, transparente e objetiva, demonstrando
sempre a sua importância para o equilíbrio das relações usuário e Governo em prol
do bem estar social. (PAULA; BICHARRA, 2014, p.14).
19
A ação de intervenção é a visita domiciliar, atendimento, entrevista, nas
visitas a outras instituições, fazer pesquisas, aplicar questionário; desempenhar ação
de orientação, proteção e acompanhamento sócio-assistencial individualizado e
sistemático às mulheres e sua família em situações de risco ou violação de direitos.
Contribuir para a promoção, defesa e garantias de direito de cada cidadão vítima da
violação de direitos. (PAULA; BICHARRA, 2014, p.14).
A partir das buscas por essa rede, foram identificados os órgãos e serviços
que atuam no apoio às mulheres e suas famílias apresentados: O Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) foi criado em 1985, vinculado ao Ministério
da Justiça, para promover políticas que visassem eliminar a discriminação contra a
mulher e assegurar sua participação nas atividades políticas, econômicas e culturais
do país. No atual governo, passou a integrar a estrutura da Secretaria Especial de
Políticas para Mulheres da Presidência da República, contando em sua composição
com representantes da sociedade civil e do governo, o que amplia o processo de
controle social sobre as políticas públicas para as mulheres. É também atribuição do
CNDM apoiar a Secretaria na articulação com instituições da administração pública
federal e com a sociedade civil (SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS
MULHERES, 2009).
A Promotoria de Justiça Especializada no Combate à Violência Doméstica e
Familiar Contra Mulher atende diariamente mulheres que a procuram tanto para
tomar conhecimento do andamento processual e das medidas protetivas, como para
dar início ao atendimento às vitimas de violência. O objetivo central dessa instância
é atender às vitimas que necessitam de amparo legal para garantia de sua
integridade física, moral, psicológica e patrimonial. A Promotoria conta com três
promotores de justiça (duas promotoras e um promotor), uma secretaria, um centro
de apoio técnico, um centro de atendimentos às vitimas, uma sala de reuniões e
uma sala de atendimento psicológico. (PASSOS, 2010, p. 16).
E a coordenação da Política Municipal de Enfrentamento à Violência
Doméstica e Intrafamiliar existente em alguns municípios que geralmente é feita pela
Secretaria Adjunta de Direitos de Cidadania, Coordenadoria de Direitos Humanos e
CAVIV (Centro de Atendimento às Vitimas de Violência).A formulação e a pactuação
das ações são construídas intersetorialmente por meio de um grupo de trabalho
20
indicado pelas secretarias de assistência social, saúde, direitos humanos e
educação. (PASSOS, 2010, p. 16).)
5. NOTIFICAÇÃO DE VIOLÊNCIAS
O Ministério da Saúde, reconhecendo que as violências e os acidentes se
tornaram um gravíssimo problema de saúde pública, que exercem grande peso
social e econômico, em especial, sobre o Sistema Único de Saúde – SUS, que as
intervenções pautadas na vigilância, prevenção e promoção da saúde são
fundamentais para o enfrentamento desse problema, implantou em 2001, a Política
Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Sendo que,
em 2006, as ações de prevenção de violências e acidentes e de promoção da saúde
e cultura de paz foram priorizadas na Política Nacional de Promoção da Saúde.
(BRASIL, 2016, p. 16).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) entende que um Sistema de
Informação é de suprema necessidade como um mecanismo de coleta,
processamento, análise e transmissão de informações necessárias para o
planejamento, a organização, operacionalização e a avaliação dos serviços em
saúde, e muito embora desde o ano de 1990, o Estatuto da Criança e do
Adolescente já no seu art. 13, sinalize a obrigatoriedade de realizar a comunicação
ao Conselho Tutelar, nos casos suspeitos ou confirmados de maus-tratos na
respectiva localidade, a institucionalização compulsória, ficou vulnerável as
realidades regionais. Somente no ano de 2001, o MS, institucionaliza a notificação
compulsória, declarando que as violências e os acidentes exercem efeitos danosos,
em especial, sobre o Sistema Único de Saúde – SUS, e observando os baixos níveis
dos registros do fenômeno da violência, e que as intervenções pautadas na
vigilância, prevenção e promoção da saúde são fundamentais para o enfrentamento
desse problema. (BRASIL, 2014).
A notificação da violência torna-se um importante instrumento para subsidiar
o planejamento e a execução de políticas públicas integradas e intersetoriais para a
redução da morbimortalidade decorrente das violências e, efetivamente, promover a
saúde, a cultura de paz, a equidade e a qualidade de vida. (BRASIL, 2016, p. 16).
21
Por meio da Portaria MS/GM nº 1.863, de 29 de setembro de 2003, o MS
pôs em vigor a Política Nacional de Atenção às Urgências, que orienta o
componente assistencial do plano de enfrentamento das causas externas, prevendo
o aprimoramento e a expansão dos atendimentos pré, intra e pós--hospitalares das
vítimas de acidentes e violências, dentre os outros eventos que requerem esse tipo
de atenção. (Instrutivo VIVA). (BRASIL, 2014).
A notificação das violências foi estabelecida como obrigatórias por vários
atos normativos: Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA, constituído pela Lei
8.069/1990; a Lei nº 10.778/2003, que institui a notificação compulsória de violência
contra a mulher; a Lei nº 10.741/2003, que institui o Estado do Idoso; a Lei nº
12.461, de 26 de julho de 2011, que altera a Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003,
que estabelece a notificação compulsória dos atos de violência praticados contra a
pessoa idosa atendida em serviço de saúde; O Decreto nº 5.099, de 03 de julho de
2004, que regulamenta em todo o território nacional, a notificação compulsória dos
casos de violência contra a mulher, atribuindo ao MS a coordenação do plano
estratégico de ação para a instalação dos serviços de referência sentinela.(BRASIL,
2016, p. 17).
Em 2006, o MS implantou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes
em Serviços Sentinela –Viva, por meioda Portaria MS/GM nº 1.356, de 23 de junho
de 2006, com base em dois componentes: vigilância contínua e vigilância por
inquérito. A vigilância contínua capta dados de violência de notificação compulsória
que são registrados no SINAN –Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
(BRASIL, 2016, p. 18).
Em 2011, com a publicação da Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, e
posteriormente da Portaria nº 1.271 de 06 de junho de 2014, a notificação de
violências passou a integrar a lista de notificação compulsória, universalizando a
notificação para todos os serviços de saúde. A notificação compulsória e universal
foi reiterada pela Portaria MS nº 204 de 17 de fevereiro de 2016. Deve ser notificado
pelos serviços de saúde qualquer caso suspeito ou confirmado de violência
interpessoal e autoprovocada. Esta notificação tem o objetivo de produzir
informações para gerar intervenções que protejam e garantam o cuidado às pessoas
que sofreram violências por meio de uma ação local intersetorial com o envolvimento
da saúde, da educação, da assistência social, da segurança pública, dos conselhos
22
tutelares e de defesa de direitos, das defensorias e ministério público, dentre outras.
(BRASIL, 2016, p. 18).
O fim precípuo é criar um banco de dados que possam subsidiar ações de
prevenção e combate a violência, fornecer elementos para que politicas públicas
sejam aperfeiçoadas e/ou criadas para evitar e erradicar esse problema. O Objetivo
da notificação é também fornecer informações para que os municípios possam
formular ações envolvendo uma rede de apoio, com a participação de outros órgãos
públicos além da saúde, a exemplo da assistência social, educação, Policia Militar,
Policia Rodoviária, Policia Civil entre outros. (BRASIL, 2014).
23
6 CONCLUSÃO
Sabemos que a maneira como somos educados influência diretamente no
nosso convívio social, seja para o bem ou para o mal. Ainda hoje muitas meninas
são ensinadas a viver de forma submissa aos seus companheiros, e este é um dos
motivos pelo qual são submetidas a determinadas situações, sejam elas de violência
psicológica, sexual ou física.
As obras utilizadas nesta pesquisa demonstram os motivos desse
problema social ainda existir em tão grande escala, em uma sociedade que luta e
demonstra tanta empatia pela causa feminina, o por que de muitas mulheres ainda
sentirem desamparo e insegurança em denunciar estes tipos de violência.
Nossa sociedade muitas vezes molda meninas a se tornarem mulheres
dependentes, obedientes, submissas e reservadas ao bem estar de seu lar. Esse
modo de pensar passa de geração a geração e coloca os homens em um papel
social de força e poder sobre a mulher, dando-lhe assim a liberdade de tratá-la como
menor, um ser inferior ao seu gênero, e muitas vezes sentir que sua esposa é uma
verdadeira propriedade sua. Diante desses problemas torna-se necessário
mecanismos que ajudem a vitima em sua recuperação, tanto física como mental e
emocional, nesse contexto surge as enfermeiras, que possuem papel importante na
recuperação das mulheres vitimas de violência domestica.
A violência contra as mulheres vem sendo abordada de maneira diferente na
saúde, e isso é visto em estudos escritos a anos atrás. Sendo tratada de maneira
diferente e com mais atenção e cuidado quando o ato violento se coloca sobre uma
criança ou uma mulher vítima de um homem por exemplo. Ainda podemos citar
fatores que associados a vulnerabilidade aumentam ainda mais o índice de
violência, são mais propensas a se tornarem vítimas pessoas com menores
condições socioeconômicas, menor escolaridade, uso de drogas ou antecedentes
familiares, analisando rapidamente vemos que estes fatores colocam a vítima em um
grau maior de dependência de seu companheiro, sendo esse o motivo que as leva
aguentar calada, já que não tem uma independência seja ela financeira ou até
mesmo não se vê vivendo sozinha, sem alguém em quem se apoiar.
Os serviços de saúde estão disponíveis para todo cidadão que necessita de
ajuda profissional, seja para um problema físico ou psicológico. Porém nesse
24
momento vivemos uma realidade que os problemas físicos são colocados à frente
dos psicológicos na maioria das vezes, e cabe a nós profissionais de saúde aguçar
nosso sentido de empatia, e enxergar uma paciente em crise por exemplo.
Ao contrário do que muitos pensam e justificam, a natureza humana não
vem carregada da violência, somos seres pensantes e com raciocínio, sendo esta
justamente a característica que nos difere de primatas ou outros animais presentes
na natureza. Carregamos conosco uma carga genética que interfere em nossos
comportamentos até certo ponto, mas nossa principal formação moral, virá de
convívio social, experiências em sociedade, exemplos dados por nossos genitores, e
assim segue a formação de caráter de cada indivíduo que o torna único na
sociedade.
25
7. REFERÊNCIAS
ANDRADE, Clara de Jesus. As equipes de Saúde da Família e a violência domesticam contra a mulher: um olhar de gênero.Revista escrita Enfermagem.
São Paulo 2009. ANDRADE, Clara de Jesus Marques andFONSECA, Rosa Maria Godoy Serpa da.Considerações sobre violência doméstica, gênero e o trabalho das equipes de saúde da família.Rev. escrita enfermagem da USP 2008. BOFF L. Saber cuidar. Ética do humano - compaixão pela terra. 9ª ed. Vozes,
Petrópolis, 1999.
BRASIL, Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde.Prevenção e
tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e
adolescentes: norma técnica.Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
Área Técnica de Saúde da Mulher. Brasília (DF): MS; 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Gestão de Política Estratégicas. Área Técnica Saúde da Mulher. Normas sobre a prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescente. Brasília; 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção integral a Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Secretaria de Atenção a Saúde. Primeira edição. Seg. reimpressão Brasília, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Nota Técnica sobre Notificação Compulsória pelo Sistema de Saúde dos Casos de violência praticada contra as mulheres.
Ministério Público do Estado da Bahia Centro de Apoio Operacional da Cidadania - CAOCI Grupo de Atuação Especial em Defesa das Mulheres – GEDEM. Salvador, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estupros em mulheres. Secretaria de Vigilância em
Saúde Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e
Promoção da Saúde Coordenação Geral de Doenças e Agravos não Transmissíveis
e Promoção da Saúde Brasília/DF, 08 de junho de 2016.
BRAGA MFC, MOURA MAV. A atuação da enfermeira no cuidado à mulher em situação de violência sexual. In: Livro-Temas do 55º Congresso Brasileiro de
Enfermagem; 2004 out. 24-29; Gramado, BR. [evento na Internet]. Gramado; 2004. [citado 2006 jan. 23]. Disponível em: http://www.bstorm.com.br/enfermagem/index-xp2. php?cod=61456&popup=1. Acesso em 21/10/2017. DESLANDES, Suely.O atendimento às vítimas de violência na emergência: “prevenção numa hora dessas. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 1999.
26
DESLANDES, Suely; MENDES, Colina Helena Figueredo;LIMA,Jeanne de Sousa; CAMPOS,Daniel de Sousa. Indicadores das ações municipais para a notificação e o registro de casos de violência intrafamiliar e exploração sexual de crianças e adolescentes.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,ago,
2011. DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça: A efetividade da lei 11.340/2006 de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. Barra Funda: Revista dos Tribunais Ltda, 2007. FAÚNDES A, ROSAS CF, BEDONE AJ, OROZCO LT. Violência sexual: procedimentos indicados e seus resultados no atendimento de urgência de mulheres vítimas de estupro.Revista Brasil Ginecol. 2006. GEORGE JB. Teorias de enfermagem: os fundamentos à prática profissional. 4ª ed. Revista Artes Médicas, Porto Alegre, 2000.
HEIDEGGER M. Ser e Tempo. 12ª ed. Universitária São Francisco,Petropólis (RJ):
Vozes; 2006. HEISE L. Gender-based abuse: the global epidemic. Cad Saúde Pública. 1994. HOGA LAK. A dimensão subjetiva do profissional na humanização da assistência a saúde: uma reflexão. Revista Escrita EnfermagemdaUSP. 2004.
INOUE SRV, RISTUM M. Violência sexual: caracterização e análise de casos revelados na escola. Revista Estudo depsicologia.2008 LEAL, Sandra Maria Cezar; LOPES, Marta Julia Marques;GASPAR, Maria Filomena Mendes. Representações sociais da violência contra a mulher na perspectiva da enfermagem. 2011. LOBO, Nilra de Souza Pinheiro; CARVALHO, Elizangela da Silva. A intervenção do
assistente social nas questões da violência doméstica contra mulher. Revista
saberes da Unijipa. Revista Online. Ano 2007. Disponível no site
http://unijipa.edu.br/media/files/54/54_221.pdf. Acesso em 29/11/2017.
MATTAR R, ABRAHÃO AR, ANDALAFT NETO J, COLAS OR, SCHROEDER I, MACHADO SJR, et al. Assistência multiprofissional à vítima de violência sexual: a experiência da Universidade Federal de São Paulo. Cad Saúde Pública. 2007
MORAES, Sheila Coelho Ramalho Vasconcelos; MONTEIRO, Claudete Ferreira de
Sousa; ROCHA, Silvana Santiago da. O cuidar em enfermagem à mulher vítima
de violência sexual.Dissertação para o programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI), 2010.
27
MORENO RL, JORGE MSB, GARCIA MLP. Fenomenologia: fenômeno situado: opção metodológica para investigar o humano na área da saúde.Esc Anna Nery RevEnferm.2004 OLIVEIRA PM, CARVALHO MLO. Perfil das mulheres atendidas no programa municipal de atendimento à mulher vítima de violência sexual em Londrina- PR e as circunstâncias da violência sexual sofrida: período de outubro de 2001 a agosto de 2004.Semina. 2006
OSHIKATA CT, BEDONE AJ, FAÚNDES A. Atendimento de emergência a mulheres que sofreram violência sexual: características das mulheres e resultados até seis meses pós-agressão. Cad Saúde Pública.2005
PASSOS, Hozana Reis. Conhecendo a rede de apoio a mulher vítima de
violência do municipio de belo horizonte. Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família,
Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do certificado de especialista.
Orientadora: Profa. Maria José Cabral Grillo. Belo Horizonte, 2010.
PAULA, Leda Santana Elias de; BICHARRA, Bruna Micheli Cardoso. O trabalho do
assistente social frente à violência doméstica e familiar no creas/paefi de
jiparana/RO. Revista saberes da Unijipa. Revista Online. Ano 2014. Disponível no
site http://unijipa.edu.br/uploads/files/. Acesso em 29/11/2017.
PERSEGONA KR; ZAGONEL IPS. A relação intersubjetiva entre o enfermeiro e a criança com dor na fase pós-operatória no ato de cuidar. Esc Anna Nery RevEnferm. 2008 REIS, Maria José dos; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes; HIGA,Rosângela; BEDONE,Aloisio José. Atendimento de enfermagem às mulheres que sofrem violência sexual.RevistaLatino-Am. Enfermagem, 2010. SILVA, Lidia M. M. R. Serviço Social e Família: a legitimação de uma ideologia. São Paulo: Cortez, 1992. SOBRAL V, TAVARES CMM, SILVEIRA MF. Acolhimento como instrumento terapêutico. In: Santos I, Figueiredo NMA, Padilha MICS, Souza SROS, Machado WCA, Cupello AJ. Enfermagem assistencial no ambiente hospitalar. realidade, questões, soluções. São Paulo (SP): Atheneu; 2004. TAKEMOTO MLS, SILVA EM. Acolhimento e transformações no processo de trabalho em enfermagem em unidades básicas de saúde de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2007.
Waldow, VR. Cuidar. Expressão humanizadora da enfermagem. Petrópolis (RJ):
Vozes, 2006.
28
6. ANEXOS
ANEXO 1 – REVISTA ARQUIVOS DE CIÊNCIAS DA UNIPAR.
29
ANEXO 2 – FICHA CATALOGRÁFICA.
30
ANEXO 3 – INSTRUÇÕES PARA AUTORES.
31
ANEXO 4 – FICHA CATALOGRÁFICA.
G322mGemelli, Inês
Manual de normas e padrões para elaboração de documentos científicos da
UNIPAR / Inês Gemelli. – Umuarama : Universidade Paranaense, 2016.
89 f.
ISBN 1. Metodologia científica. 2. Pesquisa científica - metodologia. 3.
Trabalho científico - metodologia. I. Universidade Paranaense. II. Título.
(21 ed.) CDD: 001.42
Obs: Imprimir a ficha catalográfica sempre no verso da folha de rosto.
O Texto poderá ser impresso para uso individual.
Fica vetado sua reprodução e distribuição.
32
ANEXO 5
DECLARAÇÃO DE CORREÇÃO DE INGLÊS
Declaro, para os devidos fins, que procedi à verificação do Abstract do Artigo
Científico, referente ao Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório da
acadêmico: Jackline Borges da Silva, RA: 0014, graduando do curso de
Enfermagem junto à Unipar – Universidade Paranaense – Campus Guaíra,
com o título: TCC APRESENTADO NO CURSO DE ENFERMAGEM COM O
TÍTULO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
Atesto que o Abstract encontra-se bem redigido, em inglês conciso e
adequado, gramaticalmente correto, estando apto para o uso que a referida
instituição julgue conveniente.
Guaíra, 31 de outubro de 2017.