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UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO CARLOS EDUARDO FELETTI ALVES INVESTIGAÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE VEÍCULO ALTERNATIVO NA CIDADE DE ITANHÉM/BA. MACEIÓ/AL 2013

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

CARLOS EDUARDO FELETTI ALVES

INVESTIGAÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE

VEÍCULO ALTERNATIVO NA CIDADE DE ITANHÉM/BA.

MACEIÓ/AL

2013

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CARLOS EDUARDO FELETTI ALVES

INVESTIGAÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE VEÍCULO

ALTERNATIVO NA CIDADE DE ITANHÉM/BA.

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís De Souza Riscado

MACEIÓ/AL

2013

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CARLOS EDUARDO FELETTI ALVES

INVESTIGAÇÃO DOS NÍVEIS DE ESTRESSE EM CONDUTORES DE VEÍCULO

ALTERNATIVO NA CIDADE DE ITANHÉM/BA.

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

____________________________________ PROF. DR. JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO

ORIENTADOR

____________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

A minha mãe

Rita de Fátima Feletti

A minha irmã

Amanda Roberta Feletti Moll

Ao meu irmão

Dyego Maycon Feletti

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que no calor do dia-a-dia transformam suas

angústias em atos de criatividade e sabedoria, trazendo inspiração e beleza a todo

território de subjetividade que permeia sua vizinhança.

Particularmente, aos meus sujeitos de pesquisa que contribuíram

sobremaneira para a existência desse trabalho.

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RESUMO

O fator humano é aspecto essencial para a dinâmica do trânsito, sendo primordial para o segurança do mesmo. Nesse sentido, o estresse apresenta-se como item de fundamental importância para a relação interpessoal nas vias públicas e na prevenção de acidentes. A pesquisa tem como objetivo identificar os índices de estresse em condutores de veículos alternativos não regulamentados da cidade de Itanhém/BA. A metodologia de pesquisa é descritiva, transversal, com perspectiva quantitativa, cujo instrumento de coleta de dados validado pelo Inventário de Stress LIPP padronizado para a população brasileira aplicado no momento de cada entrevista psicológica de cada condutor. Foram abordados 10 sujeitos da cidade de Itanhém/Ba. Os resultados apontam que o condutor de veículo alternativo não regulamentado da cidade de Itanhém/BA possui índice de estresse localizado principalmente na faze de resistência. Conclui-se que o perfil acomoda com a literatura levantada.

PALAVRAS-CHAVE: Psicologia. Trânsito. Estresse.

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ABSTRACT

The human factor is essential for dynamic traffic and are essential to the safety of the same. Thus, the stress appears as item of fundamental importance for the interpersonal and public roads in preventing accidents. The research aims to analyze the levels of stress in drivers of vehicles alternative unregulated city Itanhém / BA. The research methodology is a field, with qualitative and quantitative analysis of data collected by the Inventory of Stress LIPP applied at the time of each interview each driver's psychological. The data collected indicate that the driver of vehicle alternative unregulated city Itanhém / BA has significant stress index, which enables the analysis of possibilities of intervention and questioning of such reality. KEYWORDS: Psychology. Transit. Stress.

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LISTA DE SIGLAS

AGERBA - Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia,

Transportes e Comunicações da Bahia.

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários.

ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres.

CNT - Código Nacional de Trânsito

CNH - Carteira Nacional de Habilitação.

COFER - Comissão Federal de Transportes Ferroviários.

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

GEIPOT - Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.

OMS - Organização Mundial da Saúde.

PRF - Polícia Rodoviária Federal.

PRE - Polícia Rodoviária Estadual.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 01 – Presença de estresse em motoristas de transporte alternativo........ 34

GRÁFICO 02– Estágios de níveis de estresse em motoristas de transporte

alternativo. ................................................................................................................. 34

GRÁFICO 03– Níveis de estresse e ocupação em motoristas de transporte

alternativo. ................................................................................................................. 35

GRÁFICO 04– Níveis de estresse, situação sóciodemográfica e ocupação

profissional em motoristas de transporte alternativo. ................................................ 37

GRÁFICO 05– Níveis de estresse e escolaridade em motoristas de transporte

alternativo. ................................................................................................................. 38

GRÁFICO 06 – Níveis de estresse e faixa etária de motoristas de transporte

alternativo. ................................................................................................................. 39

GRÁFICO 07– Níveis de predominância de sintomatologia de estresse e co

fatores de exposição em motoristas de transporte alternativo .................................. 40

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................14

2.1 Trânsito e as Faces da Questão ....................................................................... 14

2.1.1 Trânsito ........................................................................................................... 14

2.1.2 Legislação ....................................................................................................... 15

2.1.3 Transporte Clandestino Intermunicipal de Passageiros.............................17

2.2 Psicologia no Trânsito.......................................................................................19

2.3 Estresse...............................................................................................................21

2.3.1 Estressores......................................................................................................23

2.3.2 Níveis de Estresse...........................................................................................29

3.0 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 31

3.1 – Ética ................................................................................................................. 31

3.2 – Tipo De Pesquisa ........................................................................................... 31

3.3 – População ....................................................................................................... 31

3.4 – Amostra ........................................................................................................... 31

3.5 – Instrumento de Coleta de Dados .................................................................. 31

3.6 – Plano para Coleta de Dados .......................................................................... 32

3.7 – Plano para Análise de Dados ........................................................................ 32

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 33

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 43

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 45

ANEXOS ................................................................................................................... 49

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1. INTRODUÇÃO

O estudo do trânsito torna-se de extrema relevância tendo em vista sua

importância para o cotidiano do sujeito na atualidade. O trânsito segundo o Código

Brasileiro de Trânsito - CTB configura-se como “a utilização das vias por pessoas,

veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fim de

circulação, parada, estacionamento, operação de carga ou descarga”, nesse

sentido, temos um espaço rico de relações interpessoais, onde a forma como as

relações sociais são estruturadas será transfigurada, incluindo suas características

mais básicas, como processos de relação de poder, e peculiares baseadas em

processos psicopatológicos.

Não obstante, no Brasil o trânsito é responsável segundo dados do DETRAN-

PR 2001 (PAGNO, 2004) pela segunda maior causa de problemas de saúde pública

no país, através de seus acidentes; só perdendo para a desnutrição, o que traz ao

assunto relevância significante. A Organização Mundial da Saúde – OMS (apud

BACCHIERI & BARROS, 2011) estima que as perdas anuais devido aos acidentes

de trânsito ultrapassem US$ 500 bilhões. No Brasil, o número de mortos e feridos

graves ultrapassa 150 mil pessoas e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(IPEA) estima que os custos totais dos acidentes sejam de R$ 28 bilhões ao ano

(BACCHIERI & BARROS, 2011).

Nessa perspectiva, estimativas da Organização Pan-Americana de Saúde

apontam que 6% das deficiências físicas são causadas por acidentes de trânsito

(MÂNICA, 2004). É fato ainda, que tal categoria de acidente, tem como

característica primordial (64%), a inteira responsabilidade do condutor (DETRAN-PR,

2006, apud SCHWARZER, 2006) contra 30 % de atribuição às falhas mecânicas do

automóvel e 6% às deficiências das vias de circulação.

Como afirma Hoffmann (2005), na circulação humana, o comportamento do

condutor é, sem dúvida, o mais importante fator contribuinte de acidentes, pois se

estima que 90% das ocorrências sejam causadas por erros ou infrações às leis de

trânsito. O perfil do motorista nesse aspecto torna-se item de extrema importância,

tendo em vista o papel do mesmo na segurança da via pública.

Exemplos de medidas tomadas na prevenção de acidentes têm sido tomadas

como introdução de barreiras de colisão nas rodovias, cintos de segurança e

veículos que não se deformam na colisão, conforme cita Hoffmann (2005); com

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considerável sucesso em países industrializados. Sendo observado, no entanto,

menor progresso alcançado em melhorias do potencial de segurança do próprio

condutor (HOFFMANN, 2005).

Como consequência, estudos vêm apontando correlação consistente entre

acidentes de trânsito e características de personalidade como irritabilidade,

agressividade, histórico de conflitos familiares, personalidade instável, descontrole

emocional, estresse, inteligência e percepção (SCHWARZER, 2006).

Nesse contexto, o estresse torna-se item importante a ser observado, tendo

em vista que está diretamente ligado ao surgimento de sintomas relacionados a

traços de personalidades como a agressividade e ao descontrole emocional, além

de influir em níveis de atenção e resposta (MARGIS, 2012). Estudos demonstram

ainda que altos níveis de estresse se correlacionam à inadequação de habilidades

sociais, podendo resultar em atitudes explosivas, tendo em vista dificuldades na

resolução de conflitos e negociação (FURTADO; FALCONI & CLARK, 2003).

Consequentemente, o uso abusivo de álcool, e outras substâncias, também são

citados como fator observado (FURTADO; FALCONI & CLARK, 2003).

Não obstante a realidade do alto índice de gastos públicos voltados ao

tratamento de mortos e feridos, conforme se sabe “entre 1% a 2 % do PIB brasileiro,

é gasto em reparos a danos de propriedade, perda de produtividade no trabalho,

despesas médicas e perda de produtividade no Lar” (MARIN; QUEIRÓZ, 2000 apud

SCHWARZER, 2006), continua-se valorizando o transporte particular em detrimento

ao transporte de massas (VASCONCELOS, 1985 apud SCHWARZER, 2006).

O que indica que tal realidade se relaciona diretamente ao surgimento do

transporte alternativo, muitas vezes não regulamentado; e que, invariavelmente é

responsável por considerável número de acidentes, já que a própria condição na

ilegalidade dispensa a participação de órgão que promova a inserção de normas e

procedimentos técnicos no transporte de cargas e passageiros.

Além disso, a condição de tal condutor, a margem e em conflito com a lei, em

zona marginalizada, propicia o aparecimento de síndromes, como o Burnout, tendo

justamente eventos estressores como partida para seu desenvolvimento (TELLES,

2009).

Com base nesse contexto, objetivou-se identificar os níveis de estresse de

condutores de veículos alternativos de transporte de passageiros não

regulamentados na cidade de Itanhém/BA; além de buscar especificamente o estudo

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do perfil do condutor de transporte alternativo, o diagnóstico do estresse desse

sujeito e a compressão dos aspectos sociais que envolvem esse fator. Tendo em

vista o exposto, a partir dos dados encontrados foram traçadas possibilidades de

alternativas de intervenção e problematização de tal realidade.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Trânsito e as Faces da Questão

2.1.1 Trânsito

De acordo com Rozestraten (2003, apud PAGNO, 2004) a definição de

trânsito constitui-se como “o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas

vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim

assegurar a integridade de seus participantes”. O referido autor, seguindo a análise

dessa definição, segundo Pagno (2004), explica o uso de alguns termos: vias

públicas, pois o que ocorre em terreno particular não é trânsito oficial; sistema, pois

é um conjunto de elementos que cooperam na realização de uma função comum,

que é o deslocamento; sistema convencional em oposição a sistema natural, ou

seja, foi criado pelos homens e se trata de um convênio na sociedade; a finalidade é

assegurar a integridade de seus participantes, cada um deve atingir seu destino são

e salvo.

Segundo Ferreira (1993, apud MÂNICA, 2004) trânsito é o ato ou efeito de

caminhar; movimento, circulação, afluência de pessoas e/ou veículo; tráfego.

Rozestraten (2003, apud PAGNO, 2004), por sua vez, divide o trânsito em

três subsistemas: as vias, os veículos e o homem. Em uma definição mais específica

do autor, o conceito de trânsito está intimamente relacionado a integridade física de

cada um. De forma complementar, Bezerra (2003, apud, 2004) afirma que, além do

funcionamento e da estrutura física do trânsito, deve-se levar em consideração

quem participa dele, suas individualidades, seus interesses e sua postura perante o

mundo.

Em Vasconcelos (1985, apud MÂNICA, 2004) encontramos a informação de

que o trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma disputa pelo tempo

e pelo acesso aos equipamentos urbanos, é uma negociação permanente de

espaço, coletiva e conflituosa. Nesta definição identificam-se motivos pelos quais é

difícil assegurar a integridade das pessoas no trânsito, já que existe a dificuldade de

articular necessidades individuais e coletivas que compartilham o mesmo espaço

(MÂNICA, 2004).

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Programas e projetos do governo defendem a ideia, e conforme o exposto, de

que o bom andamento do trânsito depende da integração entre via, veículo e homem

(CHIARATO, 2000, apud LABIAK et al, 2008), tal desarmonia seria a causa de um

trânsito violento e propenso a acidentes. Nesse âmbito, há a necessidade constante

de estudos, além de implementação e revisão constante de normas e regras para o

pleno funcionamento desse território, a fim de garantir não só a eficiência do

deslocamento de cada ente, mas também a segurança de todos os elementos

envolvidos. Para Scaringella (2001) o maior desafio atual no trânsito, que transcende

a própria mobilidade, constitui-se na busca pela segurança, com consequente

redução do número e gravidade dos acidentes; entretanto, nesse contexto, afirma

que a cultura brasileira ainda deixa para o segundo plano a adoção de medidas

preventivas, e que para a redução dos resultados negativos desse comportamento é

primordial a identificação de riscos assim como o gerenciamento de cada

problemática com abordagem direta de fatores como o humano, o meio ambiente, a

via pública e o veículo. Nesse viés, Bacchieri & Barros (2011) chama a atenção para

o fato de que as novas leis, o controle municipal do trânsito, a melhoria da

segurança dos veículos e a fiscalização eletrônica por si só ainda não conseguiram

diminuir significativamente as mortes e incapacidades.

2.1.2 Legislação

Segundo o artigo XX da Constituição Federal de 1988, incisos IX ao XI, é

competência privativa da União a questão trânsito e transporte. Dispõe, no entanto,

em Parágrafo Único, que Lei Complementar autorizará os Estados a legislar sobre

questões específicas do referido artigo. Não obstante, de acordo com

esclarecimento por jurisprudência do Supremo Tribunal Federal compete ao Estado

Legislar sobre o assunto, impedindo os Estados-membros, a possibilidade de editar

normas referentes à mesma matéria, por não estar tal hipótese no rol das

competências comuns e concorrentes. A única possibilidade do Estado-membro

legislar sobre a matéria é através de delegação de lei complementar da própria

união (AMORIM, 2008). O art. 30, inciso V (1988, CF), outorga expressamente ao

município a competência para organizar e expressamente diretamente, ou sob

regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local,

incluindo o de transporte que tem o cunho da essencialidade (AMORIM, 2008).

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Conforme a Constituição de 1988 determina, é competência privativa da

União legislar sobre trânsito e transportes, invalidando o artigo 2º do Código

Nacional de Trânsito - CNT de 1966, (Lei nº 5.108/66), que cria a possibilidade de

leis estaduais complementares. Na prática, somente o Poder Legislativo da União,

representado pelo Congresso Nacional (sistema bicameral que engloba o Senado e

a Câmara dos Deputados) tem a legítima competência para legislar sobre trânsito

(ARAÚJO, 2008).

No Brasil o órgão responsável pela normatização, concessão de serviços, e

fiscalização nesse âmbito é a Agência Nacional de Transporte Terrestre – ANTT

vinculada ao Ministério dos Transportes. Segundo Lei 10.223/01 do Artigo 22 § 2o A

ANTT harmonizará sua esfera de atuação com a de órgãos dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios encarregados do gerenciamento de seus sistemas viários

e das operações de transporte intermunicipal e urbano. De acordo com o Artigo 102

– A da mesma Lei, com a criação da ANTT, a Agência Nacional de Transportes

Aquaviários ANTAQ e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

DNIT, ficam extintos a Comissão Federal de Transportes Ferroviários - COFER e o

Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER e dissolvida a Empresa

Brasileira de Planejamento de Transportes - GEIPOT.

No Estado da Bahia a AGERBA - Agência Estadual de Regulação de Serviços

Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia, autarquia, em regime

especial, vinculada à Secretaria de Infra-Estrutura do Estado da Bahia, criada em

19 de maio de 1998, pela Lei n.º 7.314, e regulamentada pelo Decreto n.º 7.426, de

31 de agosto de 1998, sob extinção do Departamento de Transportes e Terminais –

DTT, é a responsável por regulação, concessão, controle e fiscalização dos serviços

públicos de Transporte rodoviário intermunicipal de passageiros; Elaboração de

regulamento e normas, conforme Art. 1º, do Capítulo Finalidade e Competência, da

referida Lei, a AGERBA tem por finalidade regular, controlar e fiscalizar a qualidade

dos serviços públicos concedidos, permissionados e autorizados, nos segmentos de

energia, transportes e comunicações. A regulamentação do sistema de transporte

rodoviário intermunicipal de passageiros foi feita através da Resolução AGERBA n.º

27/01, de 27 de novembro de 2001; para tanto, a agência conta com 12 Pólos

Regionais e 14 Postos em todo o Estado, desenvolvendo atividades de regulação e

fiscalização do sistema de transporte intermunicipal de passageiros, atuando em

conjunto com a Polícia Rodoviária Estadual da Polícia Militar da Bahia - PRE/PM BA

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ou Polícia Rodoviária Federal - PRF. Mais especificamente, neste contexto planeja,

coordena e executa ações de combate ao transporte irregular de passageiros em

diversas regiões.

2.1.3 Transporte Clandestino Intermunicipal de Passageiros

Na Bahia o transporte intermunicipal tem sido foco de ampla discussão, tal

questão reflete-se recentemente na LEI Nº 11.378 DE 18 DE FEVEREIRO DE 2009

(BA) que dispõe sobre organização, planejamento, fiscalização e poder de polícia do

Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Estado da

Bahia – SRI, e dá outras providências. Além do DECRETO Nº 11.832 DE 09 DE

NOVEMBRO DE 2009 (BA) que institui a Política Estadual de Transporte Rodoviário

Intermunicipal de Passageiros - POTIP, regulamenta a Lei nº 11.378 , de 18 de

fevereiro de 2009.

No estado da Bahia ações para solucionar tal questão em vista da legislação

estadual vigente têm sido tomadas. Umas delas se configura, por exemplo, na

viabilização de créditos para aquisição de veículos de médio porte através da

Desenbahia que tem disponibilizado crédito para transporte intermunicipal

complementar conforme novo regulamento de prestação de serviço de transporte

rodoviário intermunicipal de passageiros. A ação configura-se em esforço para

regularizar o transporte complementar através do financiamento da Agência de

Fomento do Estado da Bahia – Desenbahia, e iniciativa da Agência Estadual de

Regulação de Serviços Públicos – AGERBA que emite permissões para o transporte

complementar.

Nesse âmbito, a AGERBA conjuntamente com a Polícia Militar - PM/BA tem

realizado ações para conter veículos que não se enquadrarem nesses termos,

conforme publica a Assessoria de Comunicação da Ouvidoria Geral da Bahia (2012),

que torna pública ação, na data 21 de agosto de 2012, que promoveu apreensão de

vinte e oito veículos, entre vans e micro-ônibus, classificados como veículos

clandestinos, além de R$ 2.802,80 multa para transporte irregular de passageiros.

Ainda segundo o diretor executivo da AGERBA, Eduardo Pessôa, de janeiro a julho

deste ano, foram aplicadas em todo o estado 2.700 multas por transporte

clandestino.

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A problemática da questão estende-se também à utilização de veículos de

pequeno porte, como o caso de taxis no transporte intermunicipal de passageiros,

prática igualmente reprimida pela AGERBA em parceria com PM/BA. Longe de

configurar-se como cotidiano exclusivo do estado baiano, pode-se observar tal

realidade em âmbito nacional, exemplo tido na ação do deputado Paulo Guedes

(PT/MG) em Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), que visou apresentar projeto de

resolução na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para revogar o Decreto

44.035, de 2005, do Governo do Estado, que disciplina o transporte rodoviário e

impõe limites ao uso de táxis e vans no deslocamento entre municípios; refere-se

ainda ao decreto como "abusivo e inconstitucional" (JUSBRASIL, 2010). O vereador

de Teófilo Otoni João Bosco Jardim dos Santos disse acreditar que os órgãos

fiscalizadores estão multando com base em cadastros de motoristas. Ele apresentou

cópias de notificações enviadas a transportadores que, supostamente, não estariam

nos locais indicados pela fiscalização (JUSBRASIL, 2010).

O contexto da fiscalização e transportes clandestino também adentra o

Grosso do Sul – TJMS contra Agência Estadual de Gestão e Empreendimento –

AGESUL de Mato Grosso do Sul cita a apreensão de veículo, sob alegação de

suposto transporte clandestino, com resgate mediante pagamento de multa como

uma violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa

(JUSBRASIL, 2010). Ação semelhante é observada no Tribunal de Justiça do

Espírito Santo contra apreensão de veículo supostamente na clandestinidade do

transporte de passageiros, processo no qual o impetrante classifica o ato de

apreensão como violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla

defesa, além de afronta a propriedade privada (JUSBRASIL, 2006). Além disso, cita

na defesa o Código de Trânsito Brasileiro – CTB que prevê para essa infração

apenas a retenção do veículo, não devendo tal retenção ultrapassar a um limite de

tempo tal, em que se possa apurar, materialmente, se houve ou não a infração,

sendo ilegal condicionar a liberação do veículo apreendido ao pronto recolhimento

das multas impostas, uma vez que a administração dispõe de meios para cobrar

seus créditos (JUSBRASIL, 2006). Em todas as ações, o recurso do impetrante foi

negado em primeira instância.

Além das esferas estaduais, pode-se observar o desenrolar de processos

envolvendo o tema alcançar esferas superiores, como Recurso Extraordinário

impetrado ao Superior Tribunal Federal – STF, tendo como relator o Min. Ricardo

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Lewandowski, onde o Departamento de Estradas e Rodagem do Rio Grande do

Norte - DER/RN, recorrente, é condenado ao pagamento de indenização a

empresas de transporte rodoviário seja porque deferiu concessões provisórias a

terceiros, seja porque permitiu que transportes "clandestinos" utilizassem a linha de

transporte público de passageiros destinada ao recorrido por regular procedimento

licitatório. Cita ainda a ocorrência de responsabilidade civil subjetiva do recorrente,

quer por se tratar de supostos danos decorrente de relação contratual, quer por

cuidar a espécie dos autos de responsabilidade por ato omissivo, bem como a falta

da devida fiscalização pelo referido ente público (JUSBRASIl, 17/09/ 2010). Nesse

contexto, publicação de mídia eletrônica (TRIBUNA DO NORTE, 2011) relata

situação de abandono e precariedade do transporte público no estado do Rio

Grande do Norte sob denúncia da Federação das Empresas de Transportes de

Passageiros (FETRONOR/RN) e Sindicato das Empresas de Transporte de

Passageiros do Rio Grande do Norte (SETRANS/RN), nesse cenário, segundo

denunciante as linhas de ônibus nunca foram licitadas operando sob decreto desde

2002, em concorrência direta com transporte clandestinos sob concessão provisória.

Tal disputa reflete-se diretamente na média de idade da frota de veículos

ultrapassando doze anos o que alarma a categoria, não obstante critica-se decreto

de 2006 informado pelo DER/RN, que indica para a vida útil de veículo a idade de 18

anos.

2.2 Psicologia no Trânsito

A psicologia do trânsito inicia-se em 1910 com Hugo Munsterberg, aluno de

Wilhelm M. Wundt, tendo submetido motoristas de bonde em Nova York a baterias

de testes de habilidades e inteligência (ROZESTRATEN apud PAGNO, 2004). No

Brasil, no começo do século XX, a presença de veículos automotores começou a se

tornar constante, substituindo aos poucos a locomoção de massa em bondes e

trens, tendo em vista o apoio das elites da época que apoiavam a indústria

automobilística no país (LAGONEGRO apud SILVA, 2009). No entanto, tal

desenvolvimento industrial nesse setor, com o aumento cada vez maior na produção

de veículos automotores, acarretou números consideráveis de acidentes, o que

resultou em índices catastróficos de mortos e feridos nas estradas brasileiras nos

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anos 40 (ANTIPOFF, apud SILVA, 2009). Diante desse quadro, com tal demanda,

nasce a psicologia do trânsito no Brasil.

Buscando medidas preventivas para atender a demanda de acidentes no

trânsito, implementou-se a seleção médica e psicotécnica, discutindo-se ainda o

caráter permanente ou temporário para habilitação do condutor (SILVA, 2009).

Hoffmann (2005) lembra ainda que no primeiro instante, o território de avaliação de

condutores não foi foco de atuação de psicólogos, mas sim de engenheiros e

profissionais da ergonomia; nesse contexto, segundo Mange (1956, apud SILVA,

2009) tais engenheiros foram considerados os primeiros psicólogos do Brasil, e que

a partir disso, surge o campo de trabalho assim como a área de atuação profissional

que viria a chamar-se Psicologia do Trânsito. Logo a Psicologia se tornou mais

atuante neste campo de conhecimento, construindo nesse contexto suas próprias

características. Buscou-se assim embasamento para a avaliação psicológica no

exterior, principalmente a partir de trabalhos desenvolvidos por Tramm na

Alemamha, Lahy na França, Münsterberg e Viteless nos Estados Unidos da América

e Myra y López na Espanha, tendo em vista a não existência no Brasil de

instrumentos para tal intento (CAMPOS, 1951, apud SILVA, 2009).

Segundo Schwarzer (2006) a criação do primeiro Código Nacional de Trânsito

(CNT) de 1941, estabeleceu exames psicotécnicos para aspirantes à condutor

profissional e para motoristas envolvidos em acidentes, mas apenas em 1953 os

testes psicotécnicos se tornam obrigatórios a todos os candidatos à Carteira

Nacional de Habilitação (CNH). Nesse sentindo, Hoffmann (2003 apud

SCHWARZER, 2006) afirma que em 1966 um novo código de trânsito entra em

vigor, constituindo-se em importante marco, porque viria ratificar com mais força a

obrigatoriedade da introdução dos exames psicológicos para a obtenção da carteira

de habilitação em todos os Estados Brasileiros. Além disso, este Código foi

extremamente importante na medida em que proporcionou os conceitos de

unificação e uniformidade em relação à avaliação de condutores.

Seu pioneiro, Munsterberg, definiu o conceito da psicologia do trânsito como

uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os

comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos,

conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram Em síntese: “é o estudo

dos comportamentos-deslocamentos no trânsito e de suas causas”

(ROZESTRATEN, 2003, apud PAGNO 2004).

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Para o autor, o objetivo da Psicologia do Trânsito é estudar e analisar todos

os comportamentos relacionados com o mesmo; e em sentido restrito, o

comportamento dos usuários: o pedestre, o motorista, o ciclista e o motociclista.

Todas as pessoas são alvo e poderão ter seus comportamentos estudados pela

psicologia do trânsito já que todos são sujeitos, ativos ou passivos, deste (PAGNO,

2004).

Para Hoffmann (2006), a Psicologia do Trânsito constitui-se em um “campo

extremamente surpreendente no microcosmo do comportamento humano e na

circulação viária, onde Psicologia Social e Psicologia Experimental se encontram”

porque os problemas, variáveis e pautas de pesquisa podem englobar, por exemplo,

desde a pesquisa sobre a acuidade visual mínima indispensável a um motorista até

a pesquisa sobre a representação social do automóvel feita por determinado grupo.

Afirma ainda que o conceito é amplo, pois o comportamento do condutor tem sido

estudado em relação a uma diversidade de questões.

2.3 Estresse

O Estresse tem sido alvo de grande atenção na atualidade por parte

principalmente da Organização Mundial da Saúde - OMS (MALAGARIS, 2006),

tendo em vista sua relevância para a qualidade de vida de cada pessoa, podendo

influenciar, inclusive, no padrão de conduta destas em diversos fatores como

interação social, familiar e motivação para atividades em geral, além de patologias

físicas e psicológicas (LIPP, 2005).

Os estudos do Estresse foram iniciados primeiramente por Hans Selye, na

década de 1930, onde definiu-se o conceito como “síndrome geral da adaptação”, na

qual o organismo visa adquirir a homeostase perdida (MALAGRIS, 2006). Sendo

redefinido por Selye em 1974 como “resposta não específica do corpo a qualquer

exigência” (MALAGRIS, 2006).

O termo estresse denota o estado gerado pela percepção de estímulos que

provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia, disparam um

processo de adaptação caracterizado, entre outras alterações, pelo aumento de

secreção de adrenalina produzindo diversas manifestações sistêmicas, com

distúrbios fisiológico e psicológico (MARGIS et al., 2012). Logo, o estresse em si, em

um primeiro momento, é positivo tendo em vista que se apresenta como um

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adaptador geral do organismo ao meio; torna-se negativo, porém, quando em

excesso levando o individuo a um processo de risco (MALAGRIS et al., 2006).

O processo de adaptação do sujeito ao meio compreende aspectos

cognitivos, comportamentais e fisiológicos, visando propiciar uma melhor percepção

da situação e de suas demandas, assim como um processamento mais rápido da

informação disponível, possibilitando uma busca de soluções, selecionando

condutas adequadas e preparando o organismo para agir de maneira rápida e

vigorosa. Conforme visto, quando ultrapassado o ponto limite de adaptação, ou

quando a carga de estresse tona-se persistente e alta, onde as ferramentas

adaptativas não agem com a mesma eficácia, desencadeia-se um efeito

desorganizador. Que pode levar a manifestações psicopatológicas diversas como

sintomas inespecíficos de depressão ou ansiedade, ou transtornos psiquiátricos

definidos, como por exemplo, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (MARGIS et

al., 2003).

Margis et al. (2003) define em três momentos a resposta dada pelo organismo

do ser humano ao estresse, sendo elas o nível cognitivo, que expressa a forma

como o indivíduo filtra e processa a informação, e sua avaliação sobre as situações

ou estímulos a serem considerados como relevantes, agradáveis, aterrorizantes, etc.

O nível comportamental que compreende três respostas comportamentais básicas

diante de um estressor, que são: enfrentamento (ataque), evitação (fuga) e

passividade (colapso). E por último o nível fisiológico, onde primeiramente são

abordados aspectos neuroanatômicos considerando-se que diversas estruturas

cerebrais podem estar envolvidas em diferentes estratégias de defesa dependendo

dos níveis de ameaça presentes ao organismo; em segundo momento, no aspecto

fisiológico, referente aos neurotransmissores, aborda-se o fato de diferentes

substâncias estarem sendo estudadas visando a compreensão da neurofisiologia

que envolve a ansiedade e o estresse. Entre elas as aminas biogênicas, como a

noradrenalina, a dopamina e a serotonina; aminoácidos, como o ácido gama-

aminobutírico (GABA), a glicina e o glutamato; peptídeos, como o fator de liberação

de corticotropina (CRF), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e a colecisticinina

(CCK) e esteróides, como a corticosterona.

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2.3.1 Estressores

Estressores são identificados como aquilo que provoca estresse, segundo

Lipp e Malagris (1995, apud MALAGRIS & FIORITO, 2006). Sendo ainda tudo aquilo

que faz parte do mundo interno, das cognições do indivíduo, seu modo de ver o

mundo, seu nível de assertividade, suas crenças, seus valores, suas características

pessoais, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades, sua ansiedade e

seu esquema de reação à vida. Furtado (2003) reforça o conceito afirmando que é

tudo o que cause a quebra da homeostase interna, que exija alguma adaptação,

pode ser chamado de um estressor. Podendo ainda ser de origem interna ou externa

(MALAGRIS, 2006).

Os primeiros são eventos externos ou condições externas que afetam o

organismo. Eles ocorrem muitas vezes de modo independente do mundo interno da

pessoa, como por exemplo: alteração de chefia, transformações políticas no país,

acidentes e qualquer outra situação que aconteça fora do corpo e da mente da

pessoa. Já os estressores internos são determinados completamente pelo próprio

indivíduo, constituem-se do modo de ser da pessoa, se é ansiosa, tímida, depressiva

ou se tem uma neurose. Outros estressores internos são: crenças irracionais,

padrão tipo “A” de comportamento, falta de assertividade e dificuldade de expressão

de sentimentos, entre outros (LIPP, 1996, apud FURTADO; FALCONI & CLARK,

2003).

Margis et al. (2003) ao estudar o estresse, traz uma visão diferenciada, ao

agrupar situações causadoras do mesmo em eventos estressores, acontecimentos

diários menores e situações de tensão crônica. Nessa nomenclatura os eventos

estressores, são divididos em dependentes, ou independentes; onde o primeiro

refere-se a ação do próprio sujeito como causador de estresse, tendo como exemplo

relações interpessoais ou como se posiciona em alguma situação. O segundo se

relacionaria a situações que independem da vontade do sujeito, como falecimento

de um ente querido, ou saída de um filho de casa. Os acontecimentos diários

menores são classificados como eventos cotidianos como a espera em longas filas,

barulho provocados por vizinhos, e perder coisas. Tais eventos podem ser mais

negativos quando persistentes do que eventos estressores de menor frequência.

Quanto ao terceiro grupo, refere-se a situações de tensão crônica vivenciadas por

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longos períodos como conflitos familiares com agressões físicas ou verbais, gerando

grandes efeitos psicopatológicos.

Riscos psicossociais no trabalho podem levar ao estresse, é o que afirma o

estudo de Camelo (2009) onde o trabalho é o principal fator gerador de estresse no

homem atual, sendo o fator mencionado um dos maiores problemas que agem sobre

o sujeito e interfere em sua homeostase.

Define o estresse como “estado geral de tensão fisiológica” e que “mantém

relação direta com as demandas do ambiente”; Assim, relata o estresse ocupacional

“como mais frequente quando há muitas responsabilidades significativas, mas

poucas possibilidades de tomada de decisão e de controle”.

Definindo o estresse ocupacional como uma experiência “associada a

sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade, frustração e depressão

desencadeados por estressores localizados no ambiente de trabalho”.

Além do exposto, esse estado de tensão quando vivenciado de forma

contínua e severa reduz sensivelmente o senso de perspectiva e habilidade para

resolução de problemas. O que necessariamente acarretará “um alto risco de

doenças e absenteísmo devido doença”. Nesse sentindo, com o episódio de

estresse de longa duração, ocorre necessariamente o esgotamento do trabalhador,

com consequente queda de rendimento no trabalho, aspeto já citado por Selye

(1936) e Wolf (1952). Tal desequilíbrio é experimentado quando há uma escassez

de recursos ambientais e pessoais para lidar com as exigências do trabalho.

Estressores ocupacionais estão frequentemente ligados a organização do

trabalho como carga excessiva de trabalho, condições insalubres, falta de

treinamento e relação abusiva com outros atores do contexto. Destacando não

obstante os riscos psicossociais.

Além da organização do trabalho, o contexto social e ambiental podem definir

os riscos psicossociais, tendo inclusive potencial para causar prejuízos físicos e

psicológicos.

Além do ambiente laboral, as percepções e experiências do trabalhador, suas

necessidades, cultura, expectativas econômicas e aspectos emocionais constituem

em fatores psicossoais observáveis. Segundo o Guia da Comissão Europeia há

necessidade de se identificarem as causas de estresse relacionadas ao trabalho.

Tendo em vista a necessidade crescente de intervenção. A demanda em questão

tem levado inúmeros a desenvolverem ferramentas de avaliação dos riscos

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psicossociais no trabalho que podem levar ao estresse ocupacional (CAMELO;

ANGERAMI, 2013).

A cultura e a função organizacional tem como categoria associada

principalmente à deficiência na comunicação, suporte precário para resolução de

problemas e para o desenvolvimento pessoal e indefinição de objetivos

organizacionais. O que pode provocar na equipe desenvolvimento das atividades

com ineficiência, comunicação deficitária, desorganização do trabalho, insatisfação e

diminuição da produtividade.

A função ou papel na organização tem sido categorias de estudos. Pesquisas

que enfocam riscos psicossociais relacionados ao estresse no trabalho têm se

apoiado na “teoria de papéis”. Papel é toda função acompanhada de um conjunto

mais ou menos característico de condutas próprias para uma função que se

desempenha em um momento da vida. O conflito de papéis ocorre quando um

indivíduo é solicitado a fazer uma atividade que não está de acordo com os seus

valores, ou quando várias funções a serem realizadas são incompatíveis. A

"ambiguidade de papéis" ocorre quando há falta de clareza das expectativas do

trabalho e de certeza sobre suas responsabilidades. Dessa forma, o ambiente de

trabalho pode gerar falta de confiança, insegurança, irritação, pouca tolerância e até

mesmo rejeição, tornando-se fator gerador de estresse (CAMELO; ANGERAMI,

2013).

A categoria de Desenvolvimento de carreira traz como fatores de risco as

questões relativas à estagnação e incerteza na carreira, baixo salário, insegurança e

pouco valor social do trabalho. Outra categoria semelhante de estressores

psicossociais foi identificada por outros autores, que a denominou de desempenho

profissional e nela incluiu riscos psicossociais como: trabalho com alto grau de

dificuldade; trabalho com grande demanda de atenção; atividades de grande

responsabilidade; funções contraditórias; criatividade e iniciativa restringidas;

exigência de decisões complexas; mudanças tecnológicas intempestivas; ausência

de plano de vida laboral e ameaça de demandas laborais (CAMELO; ANGERAMI,

2013).

Quanto à decisão e controle, a pouca participação do trabalhador nas

decisões e a falta de controle sobre o trabalho constitui-se em condições de risco

psicossocial evidenciada no contexto do trabalho.

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Alguns pesquisadores consideram que, quanto menor a autonomia ou

controle do trabalhador na organização de sua atividade, maior a possibilidade de

que a atividade gere transtorno à sua saúde mental.

A Interface trabalho-família é considerada de grande importância como risco

psicossocial no trabalho, pois a esta categoria estão relacionadas questões como

conflitos nas exigências do trabalho e do lar e pouco suporte no lar.

Longas jornadas, ou atuação em dois ou mais empregos, provocam um

distanciamento do trabalhador em relação a sua família, tornando-o alienado, irritado

e estressado. Podendo apresentar tais características: sentir-se culpado por não

estar em casa para cuidar das crianças; ressentimento por não ficar tempo suficiente

com a família; ausência de vida social em virtude de horas de trabalho

extremamente longas; exigências dos parentes dependentes em conflito com as

responsabilidades do trabalho; remuneração insuficiente para cobrir os gastos

pessoais ou para satisfazer o estilo de vida desejado (CAMELO; ANGERAMI, 2013).

Os resultados de uma pesquisa relacionando à influência da interferência

família/trabalho sobre o estresse ocupacional revelaram que esta pode favorecer o

aparecimento de estressores organizacionais e influenciar afetos e cognições, que

por sua vez, levam à percepção de demandas do trabalho como estressores

(CAMELO; ANGERAMI, 2013).

As categorias de riscos psicossociais relacionadas ao conteúdo do trabalho -

ambiente e equipamento de trabalho – podem ser consideradas riscos psicossociais

- os problemas relativos à confiabilidade, à disponibilidade, à conveniência, à

manutenção e reparo de equipamentos e a facilidades. Condições físicas laborais

inadequadas, espaço físico restrito, exposição a risco físico constante, ambiente

laboral conflituoso, trabalho não solidário, menosprezo ou desprezo ao trabalhador,

são considerados riscos psicossociais do ambiente de trabalho.

O ambiente de trabalho e os equipamentos irão repercutir diretamente na

qualidade da assistência prestada, levando à insatisfação do trabalhador, a qual, por

sua vez, é causa de tensão e irritabilidade, tendo como consequência o estresse.

Assim como planejamento das tarefas, esta categoria inclui pouco valor no

trabalho, monotonia nas tarefas, pouca oportunidade de aprendizado, recursos

insuficientes e incerteza na realização das tarefas.

A diversidade de tarefas tem uma relação significativa com a satisfação no

trabalho. Quanto maior o número de estímulos novos, mais estressante a situação.

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Por outro lado a pouca variedade das tarefas pode estar associada a ansiedade e

depressão, e o trabalho rotineiro e contínuo durante anos torna o trabalhador

estagnado.

Ao considerarmos carga e ritmo trabalho, a sobrecarga ou a baixa carga de

trabalho, a falta de controle sobre as atividades laborais e altos níveis de pressão

são riscos psicossociais relacionados ao trabalho, incluídos nesta categoria, que

podem levar ao estresse.

Existem duas questões relacionadas aos efeitos do esquema de trabalho na

saúde: mudança no esquema ou função no trabalho, e longas horas de trabalho.

O excesso de horas trabalhadas reduz a oportunidade de apoio social ao

indivíduo, causando insatisfação, tensão e outros problemas de saúde. O fato de um

indivíduo ser geralmente capaz de lidar com determinada carga de trabalho, por si

só, não significa que ele possa sempre caminhar naquele ritmo sem períodos de

restabelecimento.

Além destas categorias levantadas pelo estudo sistematizado de uma análise

da literatura realizada por Camelo e Angerami (2013), para os autores outros riscos

psicossociais podem ser identificados no contexto laboral e social, tais como:

políticas instáveis da empresa; ausência de corporativismo; falta de suporte jurídico

por parte da empresa; intervenção e ação sindical; salário insuficiente; falta de

segurança no emprego; subemprego ou desemprego na comunidade; opções de

emprego e mercado laboral.

A capacidade para o trabalho e estresse em uma empresa de transporte

coletivo de Belo Horizonte foi motivo de investigação por parte de Sampaio (2013),

que de acordo com os autores o trabalho construído, características demografias,

profissionais e psicossociais afetam a saúde e do desempenho dos trabalhadores.

Nesse âmbito, a pesquisa desenvolvida mostrou que fatores psicossociais

apresentaram maior associação com a capacidade para o trabalho e medidas

preventivas e/ou corretivas que deverão ser implementadas.

Segundo o estudo acima referendado, a operação de transporte de ônibus em

Belo Horizonte tem ficado sob responsabilidade de empresas privadas, enquanto a

responsabilidade de planejamento e monitoramento do sistema sob o pode público

(Transportes e Companhia de Trânsito de Belo Horizonte S / A-BHTrans)

(SAMPAIO, 2013).

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Apesar da grande necessidade de transporte de qualidade, atualmente o

transporte de ônibus apresenta graves necessidades materiais, profissionais e de

segurança. Tais problemas geram dificuldades para “as atividades profissionais

nesta área”, reduzindo “a identificação dos funcionários com seu trabalho”, e

intensificando “a sensação de perda de controle sobre suas funções, sujeitando-os a

condições de trabalho muito árduo que afetam a saúde e geram estresse”

(SAMPAIO, 2013).

Estresse ocupacional pode ser definido como "prejudiciais respostas físicas e

emocionais que ocorrem quando as exigências do trabalho não corresponder às

capacidades, recursos ou necessidades do trabalhador”. Se sua causa é contínua

produz efeitos patológicos, com efeitos “físicos - doenças cardiovasculares,

obesidade, asma, úlceras pépticas, artrite reumatóide - e os efeitos psicológicos - os

sintomas cognitivos (insatisfação com o trabalho, dificuldade de concentração),

sintomas emocionais (ansiedade, raiva, depressão) e sintomas somáticos (dores de

cabeça, transpiração, tonturas) e sintomas comportamentais (uso de álcool e

drogas, a redução no desempenho do trabalho, aumento dos níveis de absentismo

ou licença médica, o aumento no número de on-the-job acidentes e rotatividade de

pessoal de alta)” (SAMPAIO, 2013).

“Fatores de estresse durante o trabalho pode provocar um envelhecimento

funcional do trabalhador, isto é, eles podem gerar uma perda precoce de capacidade

de trabalho”. “Esses fatores, juntamente com as características pessoais e

profissionais podem influenciar a saúde, a capacidade de trabalho, eficiência e

produtividade do trabalhador”. “Boas condições de trabalho e um estilo de vida

saudável permitem a manutenção da saúde e capacidade para o trabalho ao longo

da idade avançada”. “Portanto, uma avaliação sistematizada da capacidade para o

trabalho é necessária para identificar possíveis agentes associados a sintomas de

trabalho, lesões, doenças e estresse para que medidas preventivas e / ou corretivas

possam ser implementadas” (SAMPAIO, 2013).

O estresse e fatores psicossociais foram motivos de pesquisa de Reis (2010),

apontando que, com as inovações tecnológicas, econômicas e sociais tem havido

um grande impacto na vida das organizações – com impactos diretos na integridade

e saúde do trabalhador. Para atender tal mudança em um cenário cada vez mais

instável e imprevisível, os grupos gerenciais tem desenvolvido uma estrutura que

privilegie o dinamismo, flexibilidade, a participação do trabalhador, além do

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incremento da velocidade, da polivalência e rotação de tarefas e rotação de tarefas

em busca da constante superação.

Essa busca inflexível por espaço no mercado tem levado a um descompasso

entre os modelos de gestão e a saúde do trabalhador. Estudos mencionam aspectos

psicossociais relativos à investigação de várias causas de insatisfação, identificando

fatores como baixo controle sobre o trabalho, tensão causada pelo ritmo acelerado,

grande demanda quantitativa e qualitativa, impedimento de contatos e conflitos

interpessoais, ausência de apoio social, baixa possibilidade de desenvolvimento,

pressão ocasionada pelo controle automatizado, tarefas rotineiras e fragmentadas,

monotonia e tédio (REIS, 2010).

Deve-se ressaltar a importância da análise sobre estresse ocupacional e

fatores psicossociais uma vez que esses elementos poderão subsidiar programas de

intervenção nos ambientes de trabalho visando à promoção de saúde do

trabalhador.

2.3.2 Níveis de Estresse

A reação do estresse pode ser dividida em fases, de acordo com Selye (1965,

apud MARGIS, 2003): alerta, resistência e exaustão. Lipp (2000), no entanto,

acrescentou uma nova fase – quase–exaustão, que seria a fase intermediária entre

a resistência e a exaustão. As fases estão descritas a seguir:

1) Fase de alerta: quando o organismo é exposto a uma situação produtora

de tensão, ele se prepara para a ação, através da mobilização de alterações

bioquímicas, compreendendo as reações de "luta e fuga" definidas por Cannon

(1953). Algumas reações presentes são taquicardia, tensão muscular e sudorese.

Quando o agente estressor – o que está gerando o stress – não é eliminado, o

organismo passa ao estágio de resistência (LIPP & MALAGRIS, 1995).

2) Fase de resistência: nessa fase, o indivíduo, automaticamente, utiliza

energia adaptativa para se reequilibrar. Quando consegue, os sinais iniciais (das

reações bioquímicas) desaparecem e o indivíduo tem a impressão de que melhorou.

A sensação de desgaste generalizado, sem causa aparente, e as dificuldades com a

memória ocorrem nesse estágio, mas, muitas vezes, não são identificadas pelo

indivíduo em situações de stress excessivo (LIPP & MALAGRIS, 1995).

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3) Fase de quase–exaustão: o organismo está enfraquecido e não consegue

se adaptar ou resistir ao estressor. As doenças começam a aparecer, tais como

herpes simples, psoríase, picos de hipertensão e diabete, nos indivíduos

geneticamente predispostos (LIPP, 2000). Quando o estressor permanece atuante

por muito tempo, ou quando muitas fontes de stress ocorrem simultaneamente, a

reação do organismo progride para a fase de exaustão (LIPP & MALAGRIS, 1995).

4) Fase de exaustão: observa–se nessa fase que há um aumento das

estruturas linfáticas, a exaustão psicológica e a física se manifestam e em alguns

casos a morte pode ocorrer. As doenças aparecem com muita frequência tanto em

nível psicológico, em forma de depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar

decisões, vontade de fugir de tudo, como também em nível físico, com alterações

orgânicas, hipertensão arterial essencial, úlcera gástrica, psoríase, vitiligo e diabete.

Convém observar que o stress não é o elemento patogênico das doenças, ele

conduz a um enfraquecimento do somático e do psicológico de tal modo que

aquelas patologias programadas geneticamente se manifestam devido ao estado de

exaustão presente (LIPP & MALAGRIS, 1995).

O fator estresse pode ser observado no indivíduo tanto em situações

consideradas positivas, quanto negativas, e sua reação dependerá de como foi

afetado. Além disso, de uma forma geral, dentro de um contexto de situações

negativas, a cronicidade do estímulo estressante é o que determinará as

consequências danosas para o organismo.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 – Ética

O presente estudo procurou atender o que apregoa a Resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. Os quatro princípios básicos

da bio-ética – voluntariado, beneficência, não maleficência e justiça – nortearam

toda a abordagem aos sujeitos. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) foi lido e teve a anuência assinada dos sujeitos da pesquisa.

3.2 – Tipo de Pesquisa

Descritiva, transversal, com abordagem quantitativa.

3.3 – População

Condutores de veículos de transporte coletivo e alternativo não

regulamentado, residentes no município de Itanhém/BA.

3.4 – Amostra

Por conveniência abordou-se 10 sujeitos.

3.5 – Instrumento De Coleta De Dados

Lançou-se mão de um instrumento estandardizado e validado para a

população brasileira; Inventário de Stress Lipp da Vetor Editora – ISSL (2011). O

Inventário de Sintomas de Stress Adulto - ISSL (LIPP, 2011) identifica o nível de

estresse e sua sintomatologia, avaliando se a pessoa possui sintomas de estresse, a

natureza dos mesmos – somáticos ou psicológicos - e a fase de estresse em que se

encontra.

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3.6 – Plano para Coleta de Dados

As informações foram coletadas entres os meses entre Abril e Julho de 2012.

O local de coleta foi escolhido de acordo com o ponto referencial de embarque e

desembarque de passageiros, próximo à rodoviária da cidade.

3.7 – Plano para Análise de Dados

Com organização dos dados realizada a partir da utilização do Microsoft

Office Excel 2007.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 – Á Guisa de Informação

A pesquisa em questão foi realizada no município de Itanhém localizada no

extremo sul do Estado da Bahia. A População Total do Município é de 20.216

habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2010), havendo um

decréscimo populacional observado entre os anos de 2000 e 2012 de 0,55%. Possui

área de 1.445 km². Seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0.673

segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD, e apresenta PIB per capta é

de 3.531,01 reais. A participação dos 20% mais pobres da população na renda

passou de 3,7%, em 1991, para 2,2%, em 2000, aumentando ainda mais os níveis

de desigualdade. Em 2000, a participação dos 20% mais ricos era de 60,0%, ou 28

vezes superior à dos 20% mais pobres (IBGE, 2000). Este município está na 4.268.ª

posição, entre os 5.564 do Brasil, quando avaliados os alunos da 4.ª série, e na

3.375.ª, no caso dos alunos da 8.ª série.

Sua principal atividade econômica é a bovinocultura, com um rebanho de

147.196 cabeças (IBGE, 2010), focada principalmente na produção de carne. A

pecuária leiteira conta com a produção diária de 22.100 litros, sendo uma das

principais bacias da Bahia. Também é significativo os rebanhos de suínos e aves

utilizados como estratégia de subsistência. O comércio é a principal atividade

econômica na cidade, respondendo junto com as ocupações no poder público

municipal pela maioria dos empregos gerados.

4.2 Características Gerais

Após aplicação do Inventário de Sintomas de Stress Adulto - ISSL (LIPP,

2011) nos sujeitos da pesquisa, obteve-se diversos dados segmentados, que

organizados possibilitaram interessante leitura e análise. Em relação à idade dos

entrevistados, verificou–se que a mesma variou de 28 a 75 anos, sendo a média da

amostra de 49 anos de idade. Quanto ao gênero dos participantes, 100% eram do

sexo masculino.

A escolaridade dos entrevistados distribuiu–se da seguinte forma: 20% com

ensino fundamental incompleto, 40% com ensino fundamental completo, 10% com

ensino médio incompleto, 30% ensino médio completo.

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Gráfico 01 – Presença de estresse em motoristas de transporte alternativo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Possui estresse

Não possui

estresse

PRESENÇA DE ESTRESSE 60% 40%

PRESENÇA DE ESTRESSE

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

De forma geral podemos observar que, de acordo com a figura 01, 60% do

total de entrevistados foram considerados com quadro de estresse, enquanto que

40% não apresentou estresse. O que sugere uma ligeira predominância do fator

estresse nos sujeitos, sem grandes disparidades.

Gráfico 02 – Estágios de níveis de estresse em motoristas de transporte alternativo.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

FASE ALERTA FASEREISTÊNCIA

FASE QUASEEXAUSTÃO

FASEEXAUSTÃO

NÃO POSSUIESTRESSE

ESTRESSE 0% 40% 20% 0% 40%

ESTRESSE

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

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Segundo os dados coletados e sua amostra no gráfico 02, podemos observar

que 40% do total dos sujeitos entrevistados mostrou-se estar em fase de resistência,

20% na fase de quase exaustão, enquanto que 40% dos entrevistados não

apresentou sinais consistentes de estresse. Interessante notar que nesse gráfico é

possível visualizar de forma mais consistente a ausência do estresse na amostra.

Entretanto, como pode ser constado, 40% do total dos sujeitos entrevistados

mostrou-se estar em fase de resistência que, apesar de localizar-se como segunda

fase na escala de LIPP, já é suficiente para causar fadiga, cansaço e consequente

redução da atenção e redução das respostas reflexos; fator de causa em

considerável número de acidentes.

4.3 Relação Estresse e Ocupação

Em relação à ocupação no que concerne a dedicação integral, foi constatado

em relação ao grupo estudado, que muitos condutores exercem atividade

complementar paralelamente a atividade em questão. Quanto a isso, decidiu-se

estabelecer dois grupos caracterizados por ocupação integral, ou seja, dedicação

exclusiva à atividade; e um segundo grupo com dedicação parcial, conforme

demonstra o gráfico 03 abaixo:

Gráfico 03 – Níveis de estresse e ocupação em motoristas de transporte alternativo.

DEDICAÇÃOEXCLUSIVA

ATIVIDADECOMPLEMENTAR

SEM ESTRESSE 42% 33%

QUASE EXAUSTÃO 0% 66%

RESISTÊNCIA 58% 0%

58%

0%

0%

66%

42% 33%

RESISTÊNCIA QUASE EXAUSTÃO SEM ESTRESSE

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

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Em relação a ocupação, podemos observar que 70% dos entrevistados

possuem dedicação exclusiva à atividade; e 30% apresentam ocupação paralela,

entres elas, 20% como condutor de veículo de emergência, e 10% como membro de

corporação militar. Em relação a estes dados constatou-se que no primeiro grupo o

estresse situa-se em 57% no nível da resistência, enquanto que 43% não

apresentou sinais significativos de estresse. No segundo grupo, 66% encontra-se na

faixa de estresse de quase exaustão, enquanto que 33% não apresentou sinais

significativos de estresse. De forma direta, esses dados indicam uma predominância

de alto índice de estresse nos condutores com ocupação paralela, o que pode

influenciar de forma preocupante na atuação do profissional em ambas as atividades

exercidas, tendo em vista o perigo de esgotamento tanto físico quanto psicológico

para o mesmo, o que produz consequentemente comportamento de risco no trânsito

de forma agravante. No contexto geral observado a presença relevante do estresse

é observada de forma latente.

4.4 Relação Estresse e Renda

Buscando uma maior segmentação dos dados colhidos foi analisado o critério

de renda, dividindo a amostra em grupos de acordo com sua atividade

remuneratória.

Gráfico 04 – Níveis de estresse, situação sóciodemográfica e ocupação profissional em motoristas de transporte alternativo.

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

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Na análise da forma de renda, conforme demonstra o gráfico 04, os

entrevistados foram divididos em quatro grupos para análise, sendo o primeiro

correspondente aos entrevistados com atividade remuneratória de origem exclusiva

na atividade como condutor de veiculo coletivo não regulamentado com 40% total da

amostra; no segundo grupo, temos os trabalhadores que além de condutores, estão

sob condição de aposentadoria; no terceiro, aqueles com dedicação parcial à outra

atividade complementar, no caso, condutores de veículos de urgência; e no quarto,

aqueles com atividade complementar como membros de corporação militar.

Observa-se no primeiro grupo níveis de estresse com 75% dos condutores dessa

faixa na fase de resistência, e 25% não apresentando sintomatologia que indique

presença de estresse. No segundo, 66% não apresenta estresse, e 33% na fase de

resistência. Temos no terceiro grupo, 50% na fase de quase exaustão, e 50% não

possuindo estresse. Observa-se, portanto, presença de estresse em todos os

grupos, apresentando-se de forma mais severa em sujeitos com dedicação parcial a

alguma outra atividade, sendo estes condutores de veículos de emergência, e

militares. Tal constatação aponta preocupação e falha especialmente em serviços do

setor de emergência, onde a dedicação destes deveria, por protocolo, ser exclusiva;

o que sugere ainda uma fiscalização precária nos referidos setores, incluindo os

próprios órgãos de regulação do trânsito, e uma automática queda da qualidade do

próprio serviço fornecido pelas instituições responsáveis pelas referidas atividades

mencionadas.

4.5 Relação Estresse e Escolaridade

O gráfico 05 descreve a relação entre estresse e escolaridade, apresentando

ainda tabela para visualização, como nos demais gráficos. Interessante mencionar

que a região geográfica de realização da pesquisa caracteriza-se por baixo índice de

escolaridade, onde a taxa de analfabetismo na população com 15 anos ou mais

chega a exorbitantes 24,8 % de acordo com IBGE (2010). Nesse âmbito foram

analisados

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Gráfico 05 – Níveis de estresse e escolaridade em motoristas de transporte alternativo.

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

Ao analisarmos a escolaridade, gráfico 05, temos que nos 30% dos que

possuem ensino médio completo, 33% encontra-se na fase de resistência, 33%

quase exaustão e 33% não possui estresse. Dos 10% com ensino médio incompleto,

100% está na fase de quase exaustão. Nos 40% com ensino fundamental completo,

20% está na fase de resistência, 10% na fase de quase exaustão, e 10% na fase de

quase exaustão. Por fim, temos que nos 20% com ensino fundamental incompleto,

todos apresentam sinais de ausência de estresse. É possível observar, de forma

geral na amostra, presença de estresse significativo, e que, além disso, é

interessante notar ainda de forma complementar baixo índice de escolaridade dos

condutores que caracteriza a própria região demográfica da pesquisa em questão.

4.6 Relação Estresse e Faixa Etária

Para melhor visualização da amostra em relação ao estudo do estresse, os

indivíduos estudados foram segmentados através da faixa etária, sendo divididos em

grupos, conforme apresenta o gráfico 05 logo abaixo..

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Gráfico 06 – Níveis de estresse e faixa etária de motoristas de transporte alternativo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

28 - 38 anos 38 - 48 anos acima de 48 anos

SEM ESTRESSE 0% 66% 50%

RESISTENCIA 33% 33% 50%

QUASE EXAUSTÃO 66% 0% 0%

SEM ESTRESSE RESISTENCIA QUASE EXAUSTÃO

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

Quanto à faixa etária, a amostra foi dividida em três grupos, o primeiro com

idade entre 28 e 38 anos; no segundo, idade entre 38 e 48 anos, e no terceiro grupo

com todos aqueles acima de 48 anos. No primeiro grupo observa-se 66% encontra-

se na fase de quase exaustão, e 33% na fase de resistência; no segundo grupo 66%

não possui estresse, e 33% encontra-se na fase de resistência; por último, no grupo

de 50% não possui estresse, e 50% está na fase de resistência. Observou-se nesse

caso leve predominância de estresse em idades entre 38 e 48 anos.

4.7 Predominância Sintomatológica

O gráfico 07 abaixo apresenta os resultados referentes a origem

sintomatológica mensurada no Sintomas de Stress Adulto - ISSL (LIPP, 2011)

utilizado, onde os grandes grupos de sintomas trabalhados pela ferramenta de

coleta de dados são divididos em duas categorias: psicológicos ou físicos.

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Gráfico 07 – Níveis de predominância de sintomatologia de estresse e co-fatores de exposição em motoristas de transporte alternativo.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

FATORES PSICOLÓGICOS

FATORES FÍSICOS

PREDOMINÂNCIA DE SINTOMATOLOGIA

10 0

PREDOMINÂNCIA DE SINTOMATOLOGIA

Fonte: Dados da Pesquisa. Itanhem/BA. 2012

Os sujeitos estudados apresentaram fatores classificados como psicológicos

como predominantes na ordem da totalidade dos casos. Em outras palavras, apesar

de sintomas físicos do estresse terem sido encontrados, os psicológicos foram

predominantes em todos os sujeitos. Tal mensuração torna-se importante tendo em

vista que a maior incidência de estresse em uma determinada área, psicológica ou

física, significa que a pessoa é mais vulnerável nessa área. Há casos em que

pessoas com níveis consideráveis de estresse desenvolvem ansiedade ou

depressão, e outras que desenvolvem gastrite ou outro sintoma físico.

Quanto ao gênero pode-se observar que a totalidade dos entrevistados

pertence ao gênero masculino. Em relação a isso, merece destacar que em

pesquisa Lipp (1996, apud MARTINEZ, 2005) constatou menor índice de estresse

no gênero masculino, quando comparado ao feminino, e de que estes já teriam

naturalmente agentes estressores.

Resultado semelhante encontrado em Areias e Guimarães (2004, apud

MARTINEZ, 2005) quanto a diferença entre gêneros, desta vez na correlação entre

estresse e trabalho; Lipp (2005) por sua vez levanta a hipótese de que fatores

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culturais possam influenciar significativamente para a diferença encontrada entre

gêneros, o que concretamente significaria também, dizer que o formato de tutela

comportamental entre meninas e meninos condiciona os primeiros a apresentarem

maiores dificuldades em lidar com frustrações, e os segundos a um maior

direcionamento à ênfase na competência e eficácia. É necessário considerar e

ponderar, entretanto que, segundo Burnout (apud TELLES, 2009), existe uma

tendência de negação de riscos e perigos por parte do trabalhador. Segundo dados

de serviço de atendimento psicológico oferecidos pelo Município de Itanhém/BA, de

um total de 2500 atendimentos, no decorrer de 03 anos no período entre 2009 e

2012, cerca de 83% dos pacientes eram do sexo feminino. O que pode significar que

realmente o gênero masculino não possui tendência significativa para desenvolver

patologias psíquicas, ou que este possui um aparato maior que o leva a negação do

próprio sofrimento mental, sendo este último a possibilidade mais aceitável, o que

não o afasta de possibilidades de adoecimento em detrimento do estresse. Na

amostra da pesquisa em questão não se pôde estabelecer um diferencial entre

gêneros, porém, os estudos apresentados podem direcionar para explicações dos

dados apresentados, de uma severidade menor nos índices de estresse observados

do que o esperado nos resultados.

É interessante notar que os dados apresentados apontaram para um

diferencial nas características da amostra geral e estresse. Pode-se dizer que nesta

amostra, o índice de estresse foi menor em condutores com dedicação exclusiva,

com menor escolaridade, e de idade mais avançada. Por outro lado condutores com

maior índice de escolaridade e idade na faixa entre 38 – 48 anos apresentaram

níveis de estresse maior. Temos, porém, que o resultado indicativo de que 40% do

total de entrevistados apresentou resultado positivo para índice de estresse na fase

de resistência o que indica a necessidade de atenção para tais dados, tendo em

vista que a fase referida indica fadiga, tensão muscular, entre outros elementos que

podem influenciar na atenção, concentração e reflexos do condutor, e

consequentemente, provocar acidentes. Não menos importante é constatar ainda

que 60% do total de entrevistados estavam localizados em faixas consideráveis de

estresse o que pode trazer consequências negativas à qualidade de vida do

indivíduo assim como prejuízos ao seu comportamento no trânsito. De forma geral

os dados apresentados informam a presença real de estresse negativo nos

condutores de veículos alternativos, e que sua condição de pendência normativa da

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categoria junto a órgãos oficiais, somado a situação de repressão e pressões de

órgãos de regulação e repressão, podem determinar comportamentos de risco

considerados determinantes para a elevação do número de mortos e feridos já

constatados em dados estatísticos.

Pode-se afirmar que o presente trabalho trouxe dados interessantes sobre o

fator estresse no trânsito, e que podem indicar a necessidade de implementação de

políticas públicas educativas voltadas não só para o condutor, mas também para o

estudante em ambiente escolar, além de cursos de formação constante e

permanente para o primeiro, tendo em vista que o comportamento humano no

trânsito é tido tanto como agente, quanto receptor, de situações de estresse.

Situações de risco no trânsito são consequências não apenas da figura do condutor

em si, mas também do próprio cidadão em sua formação, nesse âmbito, a educação

no trânsito torna-se fator essencial a ser observado na construção subjetiva desse

ator social. A questão da condução de veículos alternativos requer um olhar e

discussão mais aprofundados entre governo e entidades civis interessadas. Nesse

contexto, a problemática em questão envolve fatores intersetoriais de

governabilidade, dependendo conjuntamente de ações ativas da sociedade civil

organizada para a concretização de espaços de diálogo e discussão como fóruns e

conferências em níveis regionais, estaduais e federais. É preciso, no entanto, que se

realizem estudos permanentes na área a fim de que se viabilize maior material para

proposição de políticas públicas direcionadas ao condutor de trânsito, e à própria

regulamentação do transporte de passageiros realizada por veículos alternativos.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se a questão do sistema de transporte de pessoas atrelada

diretamente ao contexto sócio-histórico da consolidação do estado nação brasileiro,

tendo em vista o surgimento da indústria automobilística em substituição à malha

ferroviária, o que coincidiu com o processo de industrialização no território nacional e

guerras na Europa. Esse período é marcado pela Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT, mas concomitantemente depara-se com significativa parte da

população brasileira no trabalho informal, o que ainda persiste nos dias de hoje,

refletindo-se inclusive no transporte clandestino de passageiros.

A Constituição Federal de 1988 relega ao Senado e a Câmara de Deputados

o direito exclusivo de legislar a cerca de trânsito e transporte, permitindo aos

Estados normatizar o assunto através de Leis Complementares e portarias. Tal

realidade beneficia o regionalismo, porém cria número exorbitantemente alto de

normatização, e pouca integração de temas comuns em território nacional.

A realidade do trânsito, com significativo índice de acidentes com mortos e

mutilados por falha humana abre a discussão sobre possibilidades de intervenções e

medidas de prevenção acerca de tal quadro. Nesse contexto a identificação de perfis

apresenta-se como mais umas das ferramentas no controle da seleção de

condutores. Entretanto, no contexto do transporte irregular de passageiros a

fiscalização, pela própria natureza do trabalho, não se apropria de tal condição como

ação integradora, somada a repressão de órgãos normatizadores, constitui-se como

base potencial de acidentes.

O estudo do estresse nesse âmbito permite a mensuração de um território

pouco explorado, e tem como objetivo integrar aos saberes da psicologia tal

realidade, assim como subsidiar políticas públicas nesse âmbito.

Nesse estudo não se encontrou informações suficientes que indicasse relação

específica e consistente entre condução de transporte clandestino de passageiros e

o estresse.

Confirmou-se, no entanto, a presença mais expressiva do estresse entre

condutores mais jovens.

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Nesse quesito, a parcela mais jovem da população sedimenta sua presença

na zona potencial de acidentes, tendo em vista a presença do estresse aliado a co-

fatores abrigados no contexto cultural da jovialidade.

Por tratar-se de homens jovens é possível que a questão da masculinidade

hegemônica, de que ser homem é incorrer na adrenalina máxima, expor-se ao risco,

não demonstrar medo, impor-se ao grupo de pertença e outras (Riscado, 2012),

contribui sobremaneira para o estado apresentado. Portanto, em outros estudos os

aspectos culturais devem ser levados em conta, para melhor entendimento do lugar

que esses sujeitos ocupam na sociedade.

Considere que houve reconhecimento do fator estresse negativo dentro do

universo de condutores de veículos alternativos, e que tais dados apontam para uma

necessidade na sociedade em discutir de forma ampla a questão do transporte

público alternativo, assim como a saúde do trabalhador de forma mais aprofundada,

expandindo inclusive o debate para os setores menos privilegiados.

Recomenda-se nesse âmbito tornar-se igualmente importante o fator

educação no trânsito, tendo em vista sua importância como instrumento de

socialização, enquanto promoção de cidadania e prevenção de comportamentos de

risco no contexto geral em que se insere esse condutor.

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ANEXOI

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pesquisador:

Carlos Eduardo Feletti Alves

Título da pesquisa: Investigação dos níveis de Stress em condutores de veículos

alternativos não regulamentados na cidade de Itanhém/BA.

Nome do Participante: _________________________________________________

Caro participante,

Gostaríamos de convidá-lo a participar como voluntário da pesquisa intitulada

Investigação dos níveis de Stress em condutores de veículos alternativos não

regulamentados na cidade de Itanhém/BA, que se refere a um Ensaio Monográfico do curso

de Pós-graduação em Psicologia do Trânsito, o qual pertence à Universidade Paulista -

UNIP. O objetivo deste estudo é Investigar os níveis de estresse em condutores de

transporte alternativo não regulamentado na cidade de Itanhém/BA. Sua forma de

participação consiste em responder ao questionário.

Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa o que garante seu

anonimato.

Não será cobrado nada; não haverá gastos nem riscos na sua participação neste

estudo; não estão previstos ressarcimentos ou indenizações; não haverá benefícios

imediatos na sua participação. Os resultados contribuirão para criar subsídios para discutir

políticas públicas nesse âmbito.

Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá recusar-se

a participar ou retirar seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação se assim o

preferir.

Desde já agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à disposição para

maiores informações.

Em caso de dúvida(s) e outros esclarecimentos sobre esta pesquisa você poderá

entrar em contato com o responsável principal Carlos Eduardo Feletti Alves.

Eu confirmo que Carlos Eduardo Feletti Alves explicou-me os objetivos desta

pesquisa, bem como, a forma de participação. As alternativas para minha participação

também foram discutidas. Eu li e compreendi este termo de consentimento, portanto, eu

concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta pesquisa.

Itanhém/BA, 2012

Assinatura do participante

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Trecho da Rodovia Estadual BA – 290 Itanhém/BA - Teixeira de

Freitas/BA, 93,8 Km de extensão, em azul, principal via utilizada por

condutores de veículo alternativo não regulamentado de transporte

de passageiros.

Dados cartográficos 2012 Google Maplink