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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FLÁVIA LAGHI CREDIDIO PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE IMUNOPRECIPITAÇÃO DA CROMATINA (ChIP) PARA ANÁLISE DA ATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DURANTE O PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DE iPSC EM CARDIOMIÓCITO São Paulo 2014

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE … · 2019-02-08 · universidade presbiteriana mackenzie centro de ciÊncias biolÓgicas e da saÚde curso de ciÊncias biolÓgicas

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FLÁVIA LAGHI CREDIDIO

PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE IMUNOPRECIPITAÇÃO DA CROMATINA

(ChIP) PARA ANÁLISE DA ATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DURANTE O

PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DE iPSC EM CARDIOMIÓCITO

São Paulo

2014

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

FLÁVIA LAGHI CREDIDIO

PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE IMUNOPRECIPITAÇÃO DA CROMATINA

(ChIP) PARA ANÁLISE DA ATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DURANTE O

PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DE iPSC EM CARDIOMIÓCITO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como requisito

parcial à obtenção do título de Bacharel em

Ciências Biológicas.

Orientador Externo: Dr Alexandre da Costa Pereira

Orientadora Interna: Drª Ana Paula Pimentel Costa

São Paulo

2014

FLÁVIA LAGHI CREDIDIO

PADRONIZAÇÃO DA TÉCNICA DE IMUNOPRECIPITAÇÃO DA CROMATINA

(ChIP) PARA ANÁLISE DA ATIVAÇÃO TRANSCRICIONAL DURANTE O

PROCESSO DE DIFERENCIAÇÃO DE iPSC EM CARDIOMIÓCITO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como requisito

parcial à obtenção do título de Bacharel em

Ciências Biológicas.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

.

Drª Ana Paula Pimentel Costa

.

Dr Alexandre da Costa Pereira

.

Drª Júlia Daher Carneiro Marsiglia

Aos meus pais e irmãos, por acreditarem na

minha capacidade; ao meu noivo, pelo

constante incentivo e apoio.

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de toda sabedoria, nos guiando para o caminho que nos foi confiado;

À Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde pela formação a mim oferecida;

Ao Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular pela possibilidade de desenvolver

este projeto;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela bolsa de

estudos durante este processo;

À minha tia, Drª. Ivani Credidio Trombetta, que acreditou no meu potencial desde o

início e me apresentou ao universo laboratorial;

Ao meu orientador, Dr. Alexandre da Costa Pereira, grande pessoa que me acolheu,

apoiou e incentivou durante todo o meu processo de formação;

Aos meus grandes amigos e colegas do LGCM pelo companheirismo e incentivo

sempre, em especial à microbióloga Graça Rosas, portuguesa que tanto admiro e

onde eu encontrei uma amizade verdadeira;

À Drª Júlia Marsiglia, um agradecimento muito especial, por ter aceitado pegar uma

IC tão nova, ensinando desde o “bê-á-bá” até o que sei hoje, com grande paciência e

maestria;

Ao biólogo Théo Gremen, grande amigo que não hesita em me ajudar e me incentivar

nos momentos mais difíceis, exemplo de amizade e simpatia;

Um agradecimento especial para a enfermeira Carolina Yae, minha grande “japa” que

me faz sorrir até das maiores tragédias. Grande irmã e companheira;

Aos meus grandes amigos do Departamento de Genética Humana da Universidade

de Chicago, Dr Marcelo Nóbrega, Drª Ivy Aneas, Dr Noboru Sakabe, Dr Scott Smemo

e Drª Kathleen Bailey, que me acolheram por maravilhosos 10 meses, me ajudando

nesta nova empreitada. Devo grande parte do meu desenvolvimento profissional e

pessoal a eles;

A todos os meus amigos, grande agradecimento por fazerem dos meus dias algo mais

descontraído;

Ao meu grande pop-pai, por acreditar sempre na minha capacidade. A você, todo o

meu respeito e admiração;

À minha super-mãe, exemplo de incentivo, sempre com um sorriso no rosto. A você

também, todo o meu respeito e admiração;

Aos meus abençoados irmãos, pela paciência, pelas risadas, pelas picuinhas e pelo

amor verdadeiro que temos uns pelos outros;

A toda a minha família, grande agradecimento pela torcida, incentivo e orações;

Ao meu noivo, Felipe Faria, que me apoiou em todos os momentos durante esta

caminhada, acreditando no meu potencial e me fazendo enxergar sempre o lado bom

da vida;

E por fim, um agradecimento mais que especial àqueles que não estão mais presentes

entre nós, mas que permanecem para sempre em meu coração, meu avô Olavo,

grande dentista, mas que sempre teve um “Q” de biólogo, meu tio Júlio, que desde

sempre foi meu ídolo e minha avó Elizabetha, mulher fantástica, exemplo de

perseverança e elegância.

Nossa maior fraqueza está em desistir. O

caminho mais certo de vencer é tentar mais

uma vez (Thomas Edison).

RESUMO

Para um bom funcionamento do organismo, é necessária uma regulação gênica

correta, na qual se refere ao controle da quantidade e do momento em que o produto

funcional de um gene é obtido. Para o entendimento dos processos moleculares que

governam os padrões de expressão gênica é importante identificar os elementos

regulatórios, como os enhancers. Os enhancers são elementos cis-regulatórios que

podem ativar a transcrição independentemente da sua localização, distância ou

orientação em relação ao gene que irão ativar. Para que ocorra a transcrição gênica

é necessário que haja a descompactação da cromatina e isso ocorre por meio de

modificações nas histonas (proteínas acopladas ao DNA). Tais modificações ajudam

a identificar as regiões que sofrem ação dos elementos cis- regulatórios. Uma técnica

que vem sendo muito utilizada para mapear a localização genômica de fatores de

transcrição e de modificações de histonas em células vivas é a imunoprecipitação da

cromatina (ChIP –Chromatin Immunoprecipitation). Uma aplicação direta para a

utilização de ChIP é o sequenciamento de nova geração (ChIP-Seq). Seguindo este

contexto, o objetivo do estudo é a padronização da técnica de ChIP para posterior

análise da ativação transcricional durante o processo de diferenciação de iPSCs em

cardiomiócitos.

Palavras-chaves: Regulação Gênica. Enhancers. Modificação de histonas. ChIP.

ABSTRACT

The well function of body is dependent of correct gene regulation which refers

to quantity and the correct time at the final product function is produced. To understand

the molecular process that governs the patterns of gene expression it is important to

identify the genome regulatory elements such as the enhancers. The enhancers are

cys-regulatory elements that can activate the transcription independently of their

location, distance and orientation in relation of the target gene. The gene transcription

occurs only when there are histones modifications and consequently the unpacked of

chromatin (DNA protein coupled). These chromatin modifications can identify specific

regions that suffer cys-regulatory elements actions. Recent technique which has been

widely used to map the genomic location of transcription factors and histones

modifications in vivo is called Chromatin Immunoprecipitation (ChIP). The next-

generation sequencing is a direct application of ChIP (ChIP-Seq). Following this

context, the main objective of this study is optimize ChIP technique for future analysis

of transcriptional activation during differentiation of iPS Cells into cardiomyocytes.

Keywords: Gene Regulation. Enhancers. Histone modifications. ChIP.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Ilustração esquemática de região regulatória do gene..............................2

Figura 2. Esquema dos elementos regulatórios distais.............................................3

Figura 3. Esquema exemplificando o looping do DNA para ativação da regulação

gênica.........................................................................................................................4

Figura 4. Mecanismo de acetilação das histonas......................................................5

Figura 5. Mecanismo de metilação das histonas.......................................................6

Figura 6. Amostra preparada com apenas uma lavagem de PBS

1X...............................................................................................................................14

Figura 7. Curva de tempo de fragmentação, em minutos, com 3x106

células........................................................................................................................15

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Tabela 1. Anticorpos e suas funções..........................................................................10

Tabela 2. Primers para qPCR.....................................................................................12

Gráfico 1. Validação da reação de ChIP por qPCR....................................................16

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Acetil-CoA- Acetilcoenzima A

ACTN2- alfa actinina 2

BSA- bovine serum albumin ou soro albumina bovina

ChIP- Chromatin Immunoprecipitation ou imunoprecipitação da cromatina

ChIP-Seq- Chromatin Immunoprecipitation Sequencing ou sequenciamento da

imunoprecipitação da cromatina

CpG- citosine-phosphate-guanine ou citosina-fosfato-guanina

Cr- controle

Ct- cycle threshold ou ciclo limiar

dsDNA- Double strand DNA ou DNA dupla fita

DNA- ácido desoxirribonucleico

DPPA4- proteína associada ao desenvolvimento de pluripotência

FT- fator de transcrição

GATA4- fator de transcrição da família GATA

GWAS- genome-wide association ou estudo de associação genômica

h- horas

H3K4me1- monometilação da lisina 4 da histona 3

H3K4me3- trimetilação da lisina 4 da histona 3

H3K27Ac- acetilação da lisina 27 da histona 3

H3K27me3- trimetilação da lisina 27 da histona 3

InCor- Instituto do Coração

IP- material imunoprecipitado

iPSC- induced pluripotent stem cells ou células tronco pluripotentes induzidas

L- ladder ou marcador de bases

M- molar

mL- mililitros

NaCl- cloreto de sódio

Nanog- fator de transcrição nanog

ng- nanogramas

OCT4- proteína POU5F1- POU classe 5 homeobox 1

bp- base pairs ou pares de base

PBS- phosphate buffered saline ou tampão fosfato salino

PMSF- phenylmethylsulfonyl fluoride ou fluoreto de fenilmetilsulfonilo

qPCR- real-time quantitative polymerase chain reaction ou reação quantitativa em

cadeia da polimerase em tempo real

RCLs- Região controladora do locus

RNA- ácido ribonucleico

W- watts

°C- graus Celsius

µg- micrograma

µg/µL- micrograma por microlitro

µL- microlitro

Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 Elementos Regulatórios do Genoma.............................................................. 1

1.2 Enhancers ...................................................................................................... 3

1.3 Modificação de histonas ................................................................................. 4

1.4 Enhancers e doenças cardíacas .................................................................... 6

1.5 ChIP- Chromatin Immunoprecipitation ........................................................... 7

2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 8

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 8

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 8

3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 9

3.1 Cultura de células .......................................................................................... 9

3.2 Preparação da cromatina para Imunoprecipitação ......................................... 9

3.2.1 Fixação das proteínas no DNA ................................................................ 9

3.2.2 Preparação do núcleo .............................................................................. 9

3.2.3 Fragmentação do DNA ............................................................................ 9

3.2.4 Confirmação da fragmentação no tamanho exato ................................... 9

3.3 Imunoprecipitação da cromatina ...................................................................... 10

3.3.1 Bloqueio dos grânulos (beads) magnéticos ........................................... 10

3.3.2 Incubação dos beads magnéticos com anticorpo .................................. 10

3.3.3 Imunoprecipitação da cromatina ............................................................ 10

3.3.4 Eluição ................................................................................................... 11

3.4 Quantificação e confirmação- Qubit e qPCR ................................................ 11

3.4.1 Desenho dos primers para qPCR .......................................................... 11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 13

4.1 Padronização da preparação e fragmentação da cromatina ........................ 13

4.2 Padronização da Imunoprecipitação da Cromatina ...................................... 15

4.3 qPCR ........................................................................................................ 16

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 17

6 PERSPECTIVAS FUTURAS .............................................................................. 18

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 19

Material suplementar..................................................................................................21

1

1. INTRODUÇÃO

Um organismo atravessa diversos processos biológicos, tais como

desenvolvimento, proliferação, apoptose, envelhecimento, diferenciação, entre tantos

outros. Para um bom funcionamento do organismo é necessária a regulação gênica

correta, pois caso contrário, diversas doenças podem ser desencadeadas. A

regulação gênica é um processo complexo no qual diversos elementos estão

envolvidos desempenhando diferentes funções que na maioria das vezes se

complementam. Sendo assim, a execução dos processos biológicos requer precisão

e cuidado de um conjunto de etapas que dependem da expressão espaço-temporal

adequada dos genes (MATSON et al., 2006).

A regulação da expressão gênica refere-se ao controle da quantidade e do

momento em que o produto funcional de um gene é obtido. O desenvolvimento e

função de um tecido é conduzido por um processo genético complexo que depende

tanto da expressão como da repressão de diversos genes. Essa regulação ocorre pela

ativação de muitos elementos, como potenciadores (enhancers) e fatores de

transcrição (FTs) (SAKABE et al., 2012a; SAKABE et al., 2012b).

As doenças cardíacas congênitas são mais comumente diagnosticadas no

nascimento exibindo prevalência de 4 a 50 por cada 1000 nascidos vivos e são as

principais causas de morbidade e mortalidade, as quais variam de acordo com a

severidade da doença, tanto em crianças como em adultos (BRUNEAU et al., 2008).

As doenças cardíacas congênitas ocorrem por alterações estruturais durante o

desenvolvimento embrionário, originando anormalidades na estrutura e na função do

coração. Estudos de associação genômica (GWAS) indicam que variações em

sequências não codificantes, como enhancers e FTs, influenciam na susceptibilidade

de variados tipos de doença humana (SAKABE et al., 2012b).

1.1 Elementos Regulatórios do Genoma

Para o entendimento dos processos moleculares que governam os padrões de

expressão gênica é importante identificar os elementos regulatórios do genoma.

Nos seres eucariotos, a transcrição de um gene codificante de proteína inicia-se

pela ação de uma enzima chamada RNA-polimerase II. Dentre os genes que essa

2

enzima codifica, há duas famílias de elementos cis-regulatórios do DNA: os

promotores e os elementos regulatórios distais (Figura 1) (MATSON et al., 2006).

Figura 1. Ilustração esquemática de uma região regulatória de gene, composta por elementos regulatórios

proximais e distais (Adaptado de MATSON et al., 2006).

A região promotora contém os elementos regulatórios proximais que são definidos

como regiões exatamente à jusante (upstream) do promotor nuclear dos genes que

irão regular.

Os elementos regulatórios distais são compostos por insuladores, silenciadores,

regiões controladoras do locus (RCLs) e enhancers.

Os insuladores são conhecidos como elementos de contorno e têm a função de

bloquear a transcrição dos genes vizinhos do gene que está sendo regulado. Os

insuladores possuem a capacidade de bloquear a comunicação entre o enhancer e a

região promotora e de evitar a repressão da cromatina (Figura 2a) (MATSON et al.,

2006).

Os silenciadores são elementos de sequência específica que conferem um efeito

negativo à transcrição de um gene alvo, impedindo a sua expressão. Os sítios de

ligação para FTs negativos são conhecidos como repressores (Figura 2b) (MATSON

et al., 2006).

3

As RCLs são regiões que influenciam a regulação da expressão de um locus. A

deleção destas regiões pode interferir na expressão normal de um gene (Figura 2c).

Os enhancers são elementos que atuam na regulação da expressão gênica,

independente de sua localização, distância ou orientação em relação ao gene que irão

regular (Figura 2d).

Figura 2. Esquema dos elementos regulatórios distais. a) Mecanismo de ação dos insuladores; b) Mecanismo de

ação dos silenciadores; c) Mecanismo de ação dos RCLs; d) Mecanismo de ação dos enhancers (Adaptado de

MATSON et al., 2006).

Com isso, podemos observar que os elementos que fazem a regulação da

expressão gênica compreendem disposição espacial linearizada e apresentam

controle rigoroso para que haja uma regulação correta, em que os enhancers, assim

como os outros, são parte essencial do processo.

1.2 Enhancers

Os enhancers são essenciais para a compreensão dos padrões de expressão dos

genes durante o desenvolvimento. Estes são classificados como elementos cis-

regulatórios, ou seja, promovem a expressão de genes localizados na mesma fita de

DNA (SAKABE et al., 2012b). São regiões que podem ativar a transcrição

independentemente da sua localização, distância ou orientação em relação à região

4

promotora do gene (BANERJI et al., 1981). Estão geralmente localizadas distantes

dos genes que irão regular e, por isso, se aproximam fisicamente destes através da

formação de um looping no DNA feito entre o promotor e o enhancer. Ao fazer esse

looping, o enhancer estabiliza-se próximo do gene alvo permitindo a interação entre

as proteínas ativadoras, formando um complexo entre elas (Figura 3). Os enhancers

são compostos por um conjunto de sítios de ligação para FTs e são ativados pela

ligação destes, após a modificação da cromatina, pela maquinaria celular.

Figura 3. Esquema exemplificando o looping do DNA para ativação do sistema de regulação gênica (Adaptado de

http://genmol.blogspot.com.br/2011_09_01_archive.html> acessado em 15 de abril, 2014).

Para que ocorra a transcrição gênica é necessário que haja a descompactação

da cromatina, o que ajuda a identificar as regiões que sofrem ação dos elementos cis-

regulatórios, que contribuem para a ligação dos FTs aos enhancers. Essa

descompactação ocorre por meio de modificações em proteínas que estão acopladas

ao DNA, as histonas.

1.3 Modificação de histonas

As modificações das histonas ocorrem após a tradução, no entanto, a questão de

como essas modificações alteram a conformação da cromatina foi algo descoberto

recentemente, com a alta resolução dos raios-X (LUGER et al., 1997).

5

A estrutura da cromatina apresenta muitas histonas básicas com caudas N-

terminais que podem projetar-se de seus próprios nucleossomos e fazer contato com

nucleossomos adjacentes. A modificação dessas caudas afeta as interações

internucleossomais que, consequentemente, afetam a estrutura geral da cromatina

(BANNISTER & KOUZARIDES, 2011). As principais modificações das histonas são

as acetilações e metilações.

As acetilações das lisinas são altamente dinâmicas e controladas pela ação

antagônica de dois tipos de enzimas, as acetiltransferases e deacetilases. As

acetiltransferases utilizam a acetil-CoA como cofator para catalisar a transferência de

um grupo acetil para um grupo amino da cadeia lateral da lisina. Essa transferência

neutraliza a carga positiva da lisina e isso acaba enfraquecendo as interações entre

histonas e DNA, deixando a cromatina mais aberta, sujeita a ações dos FTs e RNA-

polimerase II. Já a deacetilase faz o caminho contrário, compactando a cromatina

(Figura 4). A descompactação e compactação da cromatina ocasionam,

respectivamente, a ativação e o silenciamento gênico.

Figura 4. Mecanismo de acetilação das histonas (Adaptado de http://www.lookfordiagnosis.com> acessado em 26

de setembro, 2014).

As metilações, ao contrário das acetilações, não alteram a carga da histona e

geralmente ocorrem na cadeia lateral das lisinas e argininas. São modificações mais

complexas pois apresentam níveis de metilação, podendo ser classificadas como

mono-, di- ou tri-metiladas. A metilação ocorre nas ilhas CpG por meio da DNA-

metiltransferase, recrutando proteínas específicas que, por sua vez, irão recrutar as

enzimas deacetilases, resultando na perda da acetilação da histona, compactando a

cromatina. Assim, a metilação das histonas ocasiona o silenciamento gênico por meio

da metilação das ilhas CpG e perda da acetilação (Figura 5).

6

Figura 5. Mecanismo de metilação das histonas (Adaptado de http://www.lookfordiagnosis.com> acessado em 26

de setembro, 2014).

As modificações das histonas estão inseridas num contexto complexo de

entendimento da regulação da expressão gênica e consequentemente de eventuais

doenças causadas pelas alterações contidas nos elementos que medeiam tal

regulação (BANNISTER & KOUZARIDES, 2011).

1.4 Enhancers e doenças cardíacas

Um estudo realizado por May e colaboradores, em 2005, identificou 5047

enhancers candidatos no coração fetal e 2233 enhancers candidatos no coração

adulto, sendo que 1082 enhancers candidatos são comuns, ou seja, se mantiveram

após o desenvolvimento. Para analisar a relevância desses enhancers cardíacos, o

estudo se concentrou nos que estão localizados perto de genes relacionados com

diferentes tipos de doenças cardíacas. Através deste estudo, acredita-se que

variações em enhancers que regulam a expressão gênica cardíaca durante o

desenvolvimento embrionário podem conduzir a diversas doenças.

Uma técnica que vem sendo muito utilizada para mapear a localização genômica

de FTs e de modificações de histonas em células vivas para o entendimento das vias

de transcrição é a imunoprecipitação da cromatina (ChIP – Chromatin

Immunoprecipitation).

7

1.5 ChIP- Chromatin Immunoprecipitation

Em ensaios de imunoprecipitação da cromatina (ChIP) fatores de transcrição,

cofatores e outras proteínas de interesse da cromatina são enriquecidas por meio da

imunoprecipitação (LANDTet al., 2012).

A técnica de ChIP consiste na fixação das proteínas, lise dos núcleos e isolamento

da cromatina para a liberação e fragmentação do DNA em segmentos de

aproximadamente 200-500 pares de base (bp). Os fragmentos de DNA são

imunoprecipitados utilizando anticorpos específicos de acordo com o objetivo do

estudo.

Uma aplicação direta para a utilização de ChIP é o sequenciamento de nova

geração (ChIP-Seq) que visa o mapeamento das regiões de interesse que foram

imunoprecipitadas. Seguindo este contexto, o objetivo do estudo é a padronização da

técnica de ChIP em células tronco pluripotentes induzidas (iPSC) para posterior

estudo transcricional através da aplicação de ChIP-Seq.

8

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é a padronização da técnica de imunoprecipitação da

cromatina (ChIP) para analisar a ativação transcricional durante a diferenciação de

iPSC em cardiomiócito.

2.2 Objetivos Específicos

- Estabelecer os buffers apropriados para cada etapa da técnica;

- Estabelecer a quantidade de material necessária para a reação de

imunoprecipitação;

- Determinar o tempo ideal de fragmentação do material;

- Identificar as regiões e desenhar primers específicos para cada uma delas para

validação da imunoprecipitação.

9

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Cultura de células

As células foram cultivadas e fornecidas pelo grupo de iPSC do Laboratório de

Genética e Cardiologia e Molecular do Instituto do Coração (InCor/HC-FMUSP). 3x106

células foram ressuspendidas em 1 mL de PBS 1x gelado + 1 M de PMSF (inibidor de

protease).

3.2 Preparação da cromatina para Imunoprecipitação

3.2.1 Fixação das proteínas no DNA

Para a reação de fixação, o pellet foi ressuspendido em solução de fixação (Fixing

Buffer) com 1 % de formaldeído a cada 3x106 células. O tubo foi mantido em um

oscilador (Rocker), à temperatura ambiente, por 8-10 minutos. Para interromper a

reação de fixação foram adicionados 0,125 M de glicina e as amostras foram

colocadas no Rocker por 5 minutos à temperatura ambiente.

3.2.2 Preparação do núcleo

O pellet de células já fixado foi ressuspendido em solução de lise (Lysis Buffer) e

o tubo foi colocado no Rocker por 10 minutos, à 4°C. Em seguida, o pellet foi lavado

com PBS 1x gelado.

Após preparação dos núcleos estes foram ressuspendidos em 160 µL de solução

específica para o processo de fragmentação (Shearing Buffer).

3.2.3 Fragmentação do DNA

A fragmentação do DNA foi realizada no equipamento Bioruptor® (Life

Technologies, USA) em aproximadamente 200-500 bp. Os parâmetros foram

ajustados de acordo com as células utilizadas.

3.2.4 Confirmação da fragmentação no tamanho exato

Para confirmar se o material foi fragmentado corretamente foram coletados 10 µL

de cada amostra e submetidos à reversão da fixação (uncrosslink) (adição de 85 µL

10

de água e 4 µL de NaCl 5 M, por 16h à 65 °C). Após o tratamento com 2 µL de RNase

A (10 µg/µL) e 4 µL de proteinase K (20 µg/µL), as amostras foram purificadas com o

kit de purificação de PCR (Qiagen, Germany) e quantificadas no equipamento

NanoDrop 1000 (Thermo Scientific, USA). Cerca de 200 ng de cada amostra foram

submetidas a uma eletroforese em gel de agarose 1,5 %, por 45 minutos, à 90 W, e

através do fotodocumentador QUANTUM ST5 (Fisher Biotec, Australia), o padrão de

bandas pode ser observado, confirmando a fragmentação (Figura 6).

3.3 Imunoprecipitação da cromatina

3.3.1 Bloqueio dos grânulos (beads) magnéticos

Para realizarmos a imunoprecipitação da cromatina foram utilizados beads

magnéticos (Dynabeads® Protein G, Life Technologies, USA) previamente

bloqueados com BSA 0,5 %, por três incubações de 5 minutos no misturador (shaker).

3.3.2 Incubação dos beads magnéticos com anticorpo

Nesta etapa, 8 µL de anticorpo específico para a região de interesse foi adicionado

aos beads magnéticos, em shaker, à 4 ºC por 16h, para a formação de um complexo

bead + anticorpo, para posterior reação com DNA. Foram utilizados os anticorpos

H3K4me1, H3K27Ac, H3K27me3e H3K4me3 (Tabela 1) que têm como objetivo a

identificação da ativação e repressão de diversos elementos no momento em que se

encontra a célula.

Tabela 1. Anticorpos e suas funções.

Anticorpo Função

H3K4me1 Identificação da presença de enhancer ativo ou inativo

H3K4me3 Identificação de regiões promotoras de genes ativos

H2K27me3 Identificação de enhancers inativos

H3K27Ac Identificação de enhancers ativos

3.3.3 Imunoprecipitação da cromatina

A cromatina fragmentada foi diluída 10x com solução de diluição (ChIP dilution

buffer). Foram coletados 100 µL da cromatina diluída para controle do experimento

(armazenada em freezer -20 ºC até o momento do uso).

11

O restante da cromatina diluída foi adicionada ao complexo beads + anticorpo

para que ocorresse a imunoprecipitação das regiões específicas do DNA. Estes foram

mantidos por 16h no shaker, à 4 ºC.

Os beads foram precipitados utilizando uma estante magnética, o sobrenadante

foi descartado e os mesmos foram submetidos a uma série de lavagens para eliminar

as regiões que não foram imunoprecipitadas.

3.3.4 Eluição

As amostras imunoprecipitadas passaram por um processo de eluição com um

tampão específico (ChIP elution buffer). O processo consiste em ressuspender os

beads em 100 µL de tampão e incubar 3 vezes, por 5 minutos cada, à 65 ºC,

ressuspendendo os beads em cada intervalo. Após a incubação, salvar o

sobrenadante, pois nele estão contidas as regiões de interesse para o estudo. Esse

passo de eluição com ChIP elution buffer foi realizado duas vezes tendo como volume

final da amostra, 200 µL.

As amostras eluídas, juntamente com a amostra controle, foram submetidas ao

processo de uncrosslink e, ao final da purificação, foram eluídas em 20 µL de água

livre de DNase.

3.4 Quantificação e confirmação- Qubit e qPCR

3.4.1 Desenho dos primers para qPCR

Nesta etapa, as amostras foram quantificadas através do aparelho Qubit com o kit

Qubit® dsDNA BR Assay (Life Technologies, USA). Em seguida, foram congeladas à

-20 ºC para futura reação de qPCR como validação do experimento de

imunoprecipitação. O desenho dos primers foi realizado pelo software Primer 3

(http://bioinfo.ut.ee/primer3-0.4.0/> acessado em 10 de julho, 2014). Para a

localização das regiões promotoras em células iPS utilizamos o banco de dados

UCSC Genome Browser (https://genome.ucsc.edu/> acessado em 10 de julho, 2014)

(NANOG e DPPA4). Para a localização das regiões de enhancer inativo em iPSC,

utilizamos o banco de dados VISTA Enhancer Browser (http://enhancer.lbl.gov/>

acessado em 10 de julho, 2014) (ACTN2 e GATA4, genes ativos em cardiomiócito), e

para os enhancers ativos em iPSC e regiões intergênicas (Inter 1 e 2) utilizamos as

12

regiões citadas em um recente trabalho de Iglesias e colaboradores, 2011 (NAG e

OCT).

Tabela 2: Primers para qPCR

Forward Reverse

NANOG 5´-GTCCAGCCTGTTCCAAAAA-3´ 5´-TCCCTGTCCCATTGTGTCT-3´

DPPA4 5´-CCCTTCACACATCCTGCTC-3´ 5´-ATTCCTGGCCCTTTTCTGT-3´

ACTN2 5´-AAAATCCGTCCCAGACCTC-3´ 5´-TTCCAACCTCAACAAAACCA-3´

GATA4 5´-CCCCACCATCCTCTTCTCT-3´ 5´-AGAGGCAAGGGCAGATTTT-3´

NAG 5´-CCCAGGTTCAAGGGATTCT-3´ 5´-GCGAAACCCCCTCTCTACT-3´

OCT 5´-CCTCGGAAGTACCCAGTGA-3´ 5´-CCTTGGCAGTGGACCTTAG-3´

Inter 1 5'-CTCCCAAATTGCTGGGATTA-3' 5'-ATTCCAGGCACCACAAAAAG-3'

Inter 2 5'-AAAGCTGGACTGGTGAATGC-3' 5'-TCAAAGGCTCATCTTTGCAG-3'

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Padronização da preparação e fragmentação da cromatina

Para a padronização da fase inicial da técnica de ChIP, nós avaliamos a

quantidade necessária de células para a preparação e fragmentação da cromatina.

Iniciamos o processo com cerca de 1x106 células para realizarmos a preparação

e fragmentação da cromatina e concluímos, pela quantificação após o uncrosslink,

que havia perda total de material. Desta forma, optamos por alterar o protocolo padrão

na fase anterior à fragmentação, substituindo as duas lavagens com solução de

lavagem (Wash Buffer) por apenas uma lavagem com PBS 1x gelado, sem

homogeneizar. Esta substituição permitiu a diminuição da degradação e consequente

perda do material durante a preparação do mesmo para fragmentação. Isso nos fez

concluir que o reagente responsável por tal acontecimento é o Tris-HCl por apresentar

capacidade de permeabilizar a membrana celular, servindo como um emulsificante já

que nossa membrana é composta por uma bicamada lipídica. O problema que nós

encontramos não foi somente atribuído à degradação que este buffer gera na

membrana celular, mas também por sua manipulação durante o processo, pela

formação excessiva de bolhas. Com a substituição, a quantidade de material obtido

aumentou cerca de 10x (~45 ng/µL).

Para determinarmos o melhor tempo de fragmentação do material, nós fizemos

uma curva para obtenção de fragmentos de 200-500 bp. No entanto, a partir da

observação da eletroforese em gel de agarose 1,5%, observamos que a amostra

coletada no tempo 0’ (sem passar pelo processo de fragmentação) estava degradada

(Figura 6a). Com isso, refizemos as soluções do processo de preparação da cromatina

com maior precisão na concentração, utilizamos um kit novo de purificação das

amostras e concluímos que o DNA estava totalmente íntegro (Figura 6b). Sem

degradação do material, prosseguimos com a curva de fragmentação, no qual o

melhor tempo observado para fragmentar o DNA de 1x106 células no tamanho

pretendido foi de 12’ (Figura 6c).

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Figura 6. Amostra preparada com apenas uma lavagem de PBS 1x; L (ladder- 100 bp). a) Amostra 0´

degradada. b) Amostra 0´ sem degradação. c) Curva tempo de fragmentação.

No entanto, após a quantificação, nós obtivemos uma média de 45 ng/uL para

1x106 células, o que corresponde a, aproximadamente, 15 µg de material total

(Material Suplementar). Assumindo que começaríamos a padronização de reação de

imunoprecipitação com 10 µg de material para cada anticorpo, concluímos que 1x106

células não eram suficientes para a reação com os 4 anticorpos.

Sendo assim, utilizamos 3x106 células para realizarmos uma nova curva de tempo

de fragmentação, pois a quantidade de células é diretamente proporcional à

quantidade de ondas sonoras necessárias para a fragmentação do DNA, ou seja,

quanto maior o número de células, maior o tempo de fragmentação (Figura 7).

Observamos, através de eletroforese em gel de agarose 1,5 %, que o melhor tempo

obtido foi de 18 minutos uma vez que a maioria do material estava entre 200-500 bp.

Esse tempo foi escolhido, pois as amostras com o tempo de 20 minutos parecem estar

hiperfragmentadas, ou seja, por um excesso de exposição das amostras às ondas

sonoras houve a perda do epítopo da proteína o que prejudica a reação de

imunoprecipitação, já que uma vez perdido o epítopo, o anticorpo não tem local para

se ligar. A quantidade de material final aumentou para aproximadamente 100 µg, o

que nos possibilitou utilizar 20 µg de material para cada anticorpo na reação de

imunoprecipitação, nos deixando ainda uma sobra de material caso fosse necessário

repetir alguma reação.

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Figura 7. Curva de tempo de fragmentação, em minutos, com 3x106 células. L (ladder- 100 bp).

4.2 Padronização da Imunoprecipitação da Cromatina

Para a padronização da imunoprecipitação da cromatina utilizamos cerca de 20

µg de material fragmentado para cada anticorpo.

Utilizamos os quatro anticorpos previstos para imunoprecipitação, sendo que, tal

como a literatura sugere, o anticorpo H3K4me3 serviu como controle (SCHMIDT et

al., 2009). A dosagem destas amostras foi feita por fluorescência captando apenas

sinal de dsDNA.

H3K4me3 IP- 1,23 ng/µL x 20 µL finais de amostra= 24,6 ng totais

H3K27me3 IP- 1,12 ng/µL x 2 0µL finais de amostra= 22,4 ng totais

H3K4me1 IP- 0,74 ng/µL x 20 µL finais de amostra= 14,8 ng totais

H3K27Ac IP- 1,12 ng/µL x 20 µL finais de amostra= 22,4 ng totais

Com este resultado, levando em consideração a comparação do valor obtido com

o anticorpo considerado controle positivo da reação (H3K4me3), podemos concluir

que o material foi imunoprecipitado, embora não possamos excluir a hipótese de

termos imunoprecipitado regiões do DNA que não são do nosso interesse, por meio

de ligações inespecíficas do anticorpo. Sendo assim, prosseguiremos com o teste de

qPCR para validação da reação.

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4.3 qPCR

A análise por qPCR permite elucidar a especificidade dos anticorpos e validar a

reação de imunoprecipitação. Ao observar os gráficos a seguir, onde fez-se uma

comparação da amostra imunoprecipitada sobre a amostra controle com cada um dos

genes, podemos concluir que apenas duas amostras apresentaram enriquecimento:

H3K27ac – OCT (Gráfico 1c) e H3K27me3 – ACT2 (Gráfico 1d).

Gráfico 1. Validação da reação de ChIP por qPCR. a) H3K4me3; b) H3K4me1; c) H3K27ac; d) H3K27me3.

a) b)

c) d)

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5 CONCLUSÃO

A padronização de ChIP em células tronco pluripotentes induzidas (iPSC)

apresentou diversas limitações, pela inexistência de estudos que relatou a aplicação

desta técnica neste tipo celular. Desta forma, o processo foi repetido diversas vezes,

variando a quantidade de material e os buffers a serem utilizados em cada etapa.

Concluímos que a substituição da lavagem com Wash Buffer por PBS 1x gelado

foi essencial para evitar perdas ou degradação do material e que a utilização de 3x106

células fornece a quantidade ideal para obter 20 µg de material fragmentado para

cada anticorpo, o que permite realizar a reação de imunoprecipitação e montagem da

biblioteca para sequenciamento de nova geração (ChIP-Seq).

Os resultados obtidos por qPCR podem ser explicados por uma possível

hiperfragmentação do material no qual provocou a perda do epítopo e consequente

falha na reação de imunoprecipitação, pela inespecificidade dos primers desenhados

para a validação da mesma ou por uma variação nos lotes dos anticorpos utilizados.

A padronização desta técnica é fundamental para a futura investigação da

atividade transcricional da iPSC e da sua diferenciação, proporcionando o

entendimento de mecanismos naturais de doenças congênitas.

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6 PERSPECTIVAS FUTURAS

Realizar uma nova curva de tempo de fragmentação e seguir com um Westernblot

para ver se epítopo se mantém na amostra;

Pegar novas referências de lotes dos anticorpos para a reação de

imunoprecipitação;

Verificar a especificidade dos primers utilizados para a validação e redesenhar

aqueles utilizados para controle da reação de qPCR (regiões intergênicas);

Terminar a padronização da técnica.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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451, p. 943-948, 2008

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Material Suplementar

Fixing Buffer

50 mM HEPES, 100 mM NaCl, 1 mM EDTA, 0.5 mM EGTA, 1% formaldeído.

Lysis Buffer

50 mM HEPES, 140 mM NaCl, 1 mM EDTA, 10 % glicerol, 0.5 % NP-40, 0.25 %

TRITON X-100, inibidor de proteína.

PBS 1x

8 g NaCl, 0,2 g KCl, 1,44 g Na2HPO4, 0,24 g KH2PO4.

Wash Buffer

10 mM Tris-HCl, 200 mM NaCl, 1 mM EDTA, 0,5 mM EGTA, inibidor de proteína.

Shearing Buffer

1 mM EDTA, 10 mM Tris-HCl, 0.1 % SDS, inibidor de proteína.

ChIP dilution Buffer

Basic Lysis Buffer, TRITON X-100, dTT

Basic Lysis Buffer

140 mM NaCl, 15 mM HEPES, 1 mM EDTA, 0,5 mM EGTA, 0,1 % deoxicolato de

sódio

ChIP elution Buffer

1 % SDS, 0,1 M NaHCO3, água livre de DNase e RNase.

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Cálculo quantidade final de material após quantificação no NanoDrop

45 ng---------------- 1 µL

X ---------------- 20 µL (eluição pós-purificação)= 10 µL de amostra pós-fragmentação

X= 0,9 µg de material em 10 µL de amostra

0,9 µg ---------------- 10 µL

X’ ---------------- 160 µL

X’= 14,4 µg de material total (~15 µg)