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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ENGENHARIA MECÂNICA – AUTOMAÇÃO E SISTEMAS Dimensionamento de relação de transmissão de caixa de mudanças, de veículo comercial leve, para aplicação específica. Alexandre Bevilaqua Canina ITATIBA 2005

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

ENGENHARIA MECÂNICA – AUTOMAÇÃO E SISTEMAS

Dimensionamento de relação de transmissão de caixa de mudanças, de

veículo comercial leve, para aplicação específica.

Alexandre Bevilaqua Canina

ITATIBA

2005

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

ENGENHARIA MECÂNICA – AUTOMAÇÃO E SISTEMAS

Dimensionamento de relação de transmissão de caixa de mudanças, de veículo comercial leve, para aplicação específica.

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Mecânica – Automação e Sistemas da Universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Dr. Fernando César Gentile, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação.

ITATIBA

2005

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Dimensionamento de relação de transmissão de caixa de mudanças, de veículo comercial leve, para aplicação específica.

Alexandre Bevilaqua Canina Monografia defendida e aprovada em 28 de Novembro de 2005 pela Banca Examinadora assim constituída:

Prof. Dr. Fernando César Gentile ( Orientador ) USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP. Prof. Ivo Giannini USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP. Prof. Mirian de Lourdes Noronha Motta Melo USF – Universidade São Francisco – Itatiba – SP.

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DEDICATÓRIA :

A meus pais Reinaldo Canina e Maria de

Fátima B. Canina, que tantos esforços

fizeram para que eu chegasse até aqui.

A todos os meus familiares que sempre

entenderam minha ausência nas reuniões

de família.

Serei eternamente grato a todos.

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SUMÁRIO

Lista de Siglas.................................... .........................................................................vii

Lista de Figuras................................... .........................................................................ix

Lista de Tabelas................................... .........................................................................x

Resumo............................................. ............................................................................xi

1) Introdução...................................... ..........................................................................01

2) Revisão Bibliográfica........................... ...................................................................02

2.1) Veículos Comerciais...........................................................................................02

2.2) Engrenagens .....................................................................................................02

2.2.1) Engrenagens helicoidais..........................................................................02

2.3) Cálculo do torque recebido pelas engrenagens..................................................06

2.4) Cálculo de velocidade do veículo........................................................................06

2.5) Câmbio ou caixa de mudanças..................................................................07

2.5.1) Câmbio automático......................................................................07

2.5.2) Câmbio semi-automático.............................................................08

2.5.3) Câmbio manual............................................................................08

3) Metodologia .................................... ........................................................................12

3.1) Especificações técnicas.................................................................................... 12

3.1.1) Motorização............................................................................................ 12

3.1.2) Eixo Traseiro............................................................................................13

3.1.3) Rodas e pneus....................................................................................... 14

3.2) Valores da caixa de mudanças.......................................................................... 14

3.3) Dados de desempenho do veículo..................................................................... 17

3.4) Definição das novas relações de engrenamento............................................... 18

3.4.1) Definição da nova velocidade máxima.....................................................18

3.4.2) Definição das relações intermediárias......................................................19

3.5) Gráficos dente-de-serra.......................................................................................22

3.6)Dimensionamento das engrenagens...................................................................23

3.7) Construção das engrenagens............................................................................26

3.8) Medições............................................................................................................26

3.8.1) Teste do consumo de combustível......................................................26

3.8.2) Medição da quantidade de mudanças de marchas.............................28

3.8.3) Conforto e segurança do veículo.........................................................28

3.8.4) Idoneidade das medições....................................................................29

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4) Resultados e discussões ........................ ..............................................................30

5) Conclusões...................................... ........................................................................32

6) Referências Bibliográficas...................... .............................................................. 34

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LISTA DE SIGLAS

ec: número de dentes da engrenagem constante [ Eq. 9]

Emot:: número de dentes da engrenagem movida [ Eq. 10]

Emov : número de dentes da engrenagem motora [ Eq. 10 ]

ep: número de dentes do entalhe do eixo intermediário [ Eq. 9]

F : Largura da face [Eq. 6]

i : relação de engrenamento [ Eq. 7]

ic: relação de engrenamento constante [ Eq. 9]

ifinal : relação de engrenamento final [ Eq. 11 ]

im: relação de engrenamento de cada marcha [ Eq. 10]

J : Fator geométrico de resistência de flexão. [ Eq. 6]

ka : Fator de aplicação [ Eq. 6]

kb : Fator de espessura de borda [ Eq. 6]

km: Fator de distribuição de cargas [ Eq. 6]

ks : Fator de tamanho [ Eq. 6]

kt : Fator de ciclo de carga [ Eq. 6]

kv : Fator dinâmico para cargas de vibrações [ Eq. 6]

m : Módulo métrico [ Eq. 6]

pn : Passo Normal [ Eq. 1]

pt : Passo Transversal [ Eq. 1]

px : Passo Axial [ Eq. 2]

rc : Relação de transmissão do câmbio [ Eq. 8]

rd : Raio dinâmico do pneu [ Eq. 8]

re : Raio na engrenagem [ Eq. 3]

rpm : Rotações por minuto [ Eq. 8]

rt : Relação de transmissão no eixo traseiro [ Eq. 8]

te : Torque na engrenagem [ Eq. 3]

tm : Torque produzido pelo motor [ Eq. 7]

tp : Torque no pinhão [ Eq. 7]

te: Torque na engrenagem [ Eq. 3]

Vel : Velocidade em Km/h [ Eq. 8]

w : Força total no dente da engrenagem [ Eq. 6]

wr : Força radial no dente da engrenagem [ Eq. 3]

wt : Força tangencial no dente [ Eq. 4]

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φ : Ângulo de pressão normal [Eq. 4]

σ b : Tensão de Flexão [ Eq. 6]

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Geometria de uma cremalheira helicoidal [1].............................................4

Figura 2.2 - O caminho percorrido pela força, do motor até as rodas..........................8

Figura 2.3 – Movimento de engate de uma marcha selecionada[2]..............................10

Figura 2.4 – Caminho da força percorrida na caixa de mudanças, de acordo com as

marchas selecionadas [3] .............................................................................................11

Figura 3.1 – Curva de desempenho motor OM 612 LA [6]............................................13

Figura 3.2 – A caixa de câmbio completa, representada com um corte transversal [3]15

Figura 3.3 – Diagrama de marchas original e modificado ............................................20

Figura 3.4 – Gráfico dente-de-serra com as relações originais.....................................22

Figura 3.5 – Gráfico dente-de-serra com as novas relações de marchas.....................23

Figura 3.6 – Mapa do trajeto a ser percorrido nos testes..............................................28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Principais medidas do motor ciclo Diesel OM 612 LA [6]...........................12

Tabela 2 – Opções de reduções do eixo traseiro [6].....................................................13

Tabela 3 – Medidas de pneus usados e valores do raio dinâmico [6]...........................14

Tabela 4 – Valores das relações de marchas [6]..........................................................16

Tabela 5 – Número de dentes das engrenagens [6].....................................................16

Tabela 6 – Valores para pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7................................17

Tabela 7 - Valores para pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7................................17

Tabela 8 - Valores para pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7...............................17

Tabela 9 - Valores para pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7...............................18

Tabela 10 Valores de velocidade máxima.....................................................................18

Tabela 11 – Velocidade máxima do veículo quando equipado com o novo câmbio.....19

Tabela 12 – Novas relações teóricas para as marchas 2, 3 e 5...................................20

Tabela 13 – Número de dentes dos componentes da relação constante [6] ...............21

Tabela 14 - Número de dentes dos novos pares de engrenamento.............................21

Tabela 15 – Novas relações teóricas para as marchas 2, 3 e 5...................................21

Tabela 16 - Valores encontrados para a 2º marcha movida ........................................24

Tabela 17 - Valores encontrados para a 3º marcha motora ........................................24

Tabela 18 - Valores encontrados para a 3º marcha movida ........................................25

Tabela 19 - Valores encontrados para a 5º marcha motora ........................................25

Tabela 20 - Valores encontrados para a 5º marcha movida.........................................26

Tabela 21 – Valores obtidos nos testes........................................................................32

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RESUMO

Dimensionando de forma otimizada uma caixa de mudanças de um veículo

comercial, espera-se obter uma melhoria no consumo de combustível e menor

desgaste do motor do veículo, pois o mesmo irá sempre trabalhar em uma faixa de

torque mais adequada. Deseja-se também obter um maior conforto para o condutor do

veículo devido à otimização das relações de engrenamento da caixa de mudanças.

Com os cálculos dimensionais, foram feitos estudos para que chegasse à melhor

relação de marchas possível para a aplicação desejada. Gráficos demonstrativos dão

uma melhor idéia de como se comportou o câmbio do veículo e a que rotação ele esta

em uma determinada velocidade, verificando-se assim, como uma prévia da parte

dinâmica, se os resultados esperados foram comprovados na prática. A montagem do

câmbio em veículo para testes dinâmicos mostrou, na prática e de forma definitiva, os

resultados alcançados com este novo dimensionamento da caixa de mudanças. Os

resultados obtidos foram da ordem de 4,04 %, na redução de consumo de combustível

e aumento de 4,02 % na quantidade de mudanças de marchas. Este dois itens são os

únicos mensuráveis, pois os outros itens de avaliação são subjetivos.

Palavras Chaves : Câmbio, Caixa de Mudanças, Engrenagens, Dimensionamento

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1. INTRODUÇÃO

O cálculo de dimensionamento de engrenagens já é bem é conhecido, sendo

largamente utilizado para outras engrenagens, não somente para caixa de mudanças

automotivas, mas também para engrenagens de transmissões de máquinas em geral.

Sendo este projeto focado na indústria automobilística, foi feito algo semelhante ao já

conhecido pelas indústrias, porém foram usadas as informações que mais se

adequam à necessidade de cálculos e construções.

Este projeto tem como principal motivação a adequação de um veículo

comercial leve, para o uso tipicamente urbano. Aproveitando o conceito criado pela

prefeitura da cidade de São Paulo onde, somente os veículos leves poderão circular

em algumas ruas da cidade, criando assim o conceito chamado VUC – Veículo Urbano

de Carga, o qual, devido as suas características como peso, tamanho e nível de

emissões de poluentes, se torna mais adequado, tanto no aspecto ambiental, como no

sonoro e visual, melhorando assim, o trânsito, o ar, e a qualidade de vida, já bastante

crítica em São Paulo.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é readequar as transmissões do veículo para que o

mesmo trabalhe de forma otimizada ao trânsito da cidade, uma vez que, como os tipos

de utilização de um caminhão são os mais variados possíveis, a montadora precisa

definir uma relação de transmissão que atenda de forma satisfatória a todas as

aplicações, e com o trabalho a faixa de utilização do veículo ficará limitado à somente

o uso em cidades.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 VEÍCULOS COMERCIAIS

Por designação geral, um veículo é chamado de comercial quando ele é

utilizado com sua principal função a de gerar divisas, ou seja, quando um veículo gera

recursos para alguém. Um veículo pode ser igual à outro e ser destinado a uso

particular, designado de passeio. Um exemplo disso são os veículos tipo “Van”, que

podem ser adquiridos por uma família numerosa que precise de um veículo grande e

também pode ser adquirido por uma pessoa que vá utilizá-la no transporte

remunerado de passageiros.

2.2 ENGRENAGENS [1]

Acredita-se que o uso de engrenagens ou rodas dentadas seja tão antigo

quanto à roda, porém há muitas divergências quanto à precisão de quando isto

ocorreu. É creditado a Aristóteles (384-322 AC) e sua obra “Problemas Mecânicos”,

os primeiros registros escritos do uso de engrenagens para transmissão de forças.

Por volta de 60 DC, Hero, descreveu utilização de diversas rodas dentadas em sua

mais variadas apresentações.

Entretanto, acredita-se que o uso da engrenagem tenha tido seu “salto” de

desenvolvimento devido á sua utilização em relógios mecânicos por volta do século

XIII. Dos variados tipos de engrenagens conhecidos hoje, tem-se nesse trabalho

especial interesse no estudo das engrenagens do tipo helicoidal.

2.2.1 ENGRENAGENS HELICOIDAIS

As engrenagens helicoidais são engrenagens similares às engrenagens retas,

porém com seus dentes inclinados, de forma a transmitir maiores potências, forças e

gerar menores níveis de ruídos.

As engrenagens helicoidais podem ser de dois tipos :

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ENGRENAGENS HELICOIDAIS CRUZADAS :

No engrenamento os dentes de contato escorregam sem rolamento e estão, ao

menos em teoria, em contato pontual. Com isto sua capacidade de carregamento de

cargas fica seriamente prejudicada. As engrenagens helicoidais cruzadas não devem

ser usadas para transmitir altos índices de potência e torque, entretanto, elas são

altamente usadas em aplicações em que são carregadas com baixas cargas, como

por exemplo, velocímetro de automóveis. Não serão objeto de estudo nesse trabalho.

ENGRENAGENS HELICOIDAIS RETAS OU PARALELAS

O engrenamento se dá por uma combinação de deslizamento e rolamento, com

o contato entre os dentes começando na extremidade do mesmo e percorrendo toda a

extensão do dente de forma cruzada. Como conseqüência deste engrenamento tem-

se que engrenagens helicoidais são mais silenciosas e produzem menores valores de

ruídos quando comparadas com as engrenagens retas. Isto se dá por causa do

contato gradual dos dentes, que é uma características particular das engrenagens

helicoidais, enquanto que na engrenagem com dentes retos, o contato se dá de uma

só vez.

Nas transmissões automotivas, o uso deste tipo de engrenagem chega a

praticamente 100%, sendo que, fazem parte dessas exceções os veículos para

competições e as engrenagens da marcha à ré, onde nestes casos são utilizadas

engrenagens, com dentes retos.

GEOMETRIA DA ENGRENAGEM HELICOIDAL

A figura 2.1, mostra a geometria de uma cremalheira helicoidal. Nela os dentes

formam um ângulo de hélice (ψ ), com o eixo reto da cremalheira. O corte dos dentes

se dá neste ângulo e a forma do dente está mostrada no plano normal. Neste plano

se medem, o passo normal ( pn) e o ângulo de pressão normal ( nφ ), já o passo

transversal (pt ) e o ângulo de pressão transversal ( tφ ), como o nome já diz, são

medidos no plano transversal. A hipotenusa do triângulo reto ABC, fornece o passo

transversal, como visto na equação 1.

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Figura 2.1 : Geometria de uma cremalheira helicoidal [1]

ψcos

PnPt = [Eq. 1]

Pt : Passo Transversal

Pn: Passo Normal

Com a hipotenusa do triângulo reto BCD, podemos definir o passo axial Px, como

segue na equação 2.

ψsen

PnPx= [Eq. 2]

Onde :

Px: Passo Axial

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FORÇAS EM ENGRENAGENS HELICOIDAIS

Na figura 2.1, vemos uma ilustração esquemática das forças que existem em

uma engrenagem helicoidal, agindo sobre um dente. Esta força chamada na figura de

W, é definida pelo ângulo de pressão e também pelo ângulo de hélice. A força Wt,

pode ser definida pelo torque aplicado na engrenagem, como mostra a equação 3.

[Eq. 3]

Onde :

te : Torque na Engrenagem

re : Raio Engrenagem

Devido ao ângulo de pressão surge uma componente de força W, que age

separando as engrenagens de forma axial. Para tanto devem ser usados mancais que

suportem cargas axiais quando se lança mão do uso de engrenagens deste tipo. Se

as engrenagens forem montadas com a inclinação dos dentes em direções opostas

este tipo de mancal não se faz necessário, pois neste casos as forças se anulam.

As componentes de força em um engrenamento helicoidal é dada pelas equações 4 e

5 conforme segue abaixo :

φtan.WtWr = [Eq. 4]

ψcos

WtW = [Eq. 5]

TENSÕES EM ENGRENAGENS HELICOIDAIS

TENSÃO DE FLEXÃO

KsKbKiKv

KaKm

FmJ

Wtb .=σ [Eq. 6]

re

teWt =

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Onde :

Wt : Força Tangencial no dente

F : Largura da Face

J : Fator geométrico de resistência de flexão

m : módulo métrico

Kv : Fator dinâmico para cargas de vibrações, que é gerada internamente pelo

impacto de dente contra dente. A isso se dá o nome de “erros de transmissão” e

quanto menor a precisão de engrenagem pior será o erro de transmissão.

Km : Fator de distribuição de carga. Quando há um desalinhamento axial, ou um

desvio na forma dos dentes, isso fará com que a carga a ser transmitida por Wt, fique

desbalanceada quanto a forma de transmissão sobre a largura da face das

engrenagens.

Ka : Fator de aplicação.

Ks : Fator de tamanho . Normalmente utiliza-se fator igual a 1, salvo se os dentes da

engrenagem forem muito grandes.

Kt : Fator de ciclo de carga. Se a engrenagem fica livre, como por exemplo um

intermediária, ela está propensa a ter mais ciclo de tensão em cada unidade de tempo

e também a maiores cargas alternantes. Por isso este fator Kt é definida como sendo

igual a 1,42 para as engrenagens soltas e igual a 1,0 para engrenagens não-soltas.

Kb : Fator de espessura de borda.

2.3 CÁLCULO DO TORQUE RECEBIDO PELAS ENGRENAGENS

tp = i . tm [Eq. 7]

onde:

tp : Torque no pinhão

i : relação de engrenamento

tm : Torque produzido pelo motor

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2.4 CÁLCULO DE VELOCIDADE DO VEÍCULO

rcrt

rdrpmVel

.

3768,0... = [Eq. 8]

onde :

Vel. : Velocidade do veículo em km/h.

rpm : Rotações por minuto do motor.

rd : Raio dinâmico do pneu, ver tabela 3.

rt : Relação de transmissão do eixo traseiro ( diferencial).

rc : Relação de transmissão do câmbio

2.5 CÂMBIO OU CAIXA DE MUDANÇAS

2.5.1 CÂMBIO AUTOMÁTICO

O câmbio automático tem inicio na década de 30, quando um brasileiro

desenvolveu o primeiro câmbio automático, na época chamado de hidramático.

Durante muito tempo os câmbios automáticos foram sendo aperfeiçoados a partir da

idéia do brasileiro, principalmente nos EUA, onde este tipo de transmissão chega a

equipar 95% dos carros produzidos, valor este que se mantém constante desde a

década de 60. No Brasil, os câmbio automáticos, até a metade dos anos 90

equipavam somente os carros importados, sendo no Brasil até chamado

preconceituosamente de carros “adaptados” para deficientes físicos, devido a

ausência de troca de marchas manuais.

Somente na segunda metade dos anos 90 que começou a se popularizar nos

automóveis fabricados no Brasil. Hoje existem diversos tipos de transmissões

automáticas, a maioria delas com controle eletrônico de mudança de marchas,

controle estes que reconhecem a maneira de dirigir do motorista e acompanha as

trocas de marchas de acordo com o “gosto” do motorista. Outros modelos de

transmissão automática, possuem os controles localizados no volante ou atras dele,

fazendo a troca de marchas somente por botões ou borboletas.

Em veículos comerciais, no Brasil rarissímos são os casos em que existem a

opção de se equipar um modelo com câmbio automático, mais raros ainda, são os

casos em que o cliente realmente compra um veículo equipado com este tipo de

transmissão. Em alguns ônibus novos existe a opção de se equipar o veículo com

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transmissão automática, porém, devido ao alto custo deste sistema, pouco se

emprega em ônibus.

Em países europeus, como por exemplo a Alemanha, a situação é inversa, ou seja,

quase que a totalidade dos veículos são equipadas com câmbio automático, devido a

principalmente uma cultura diferente da nossa, além de várias outras situações que

diferem muito da nossa realidade aqui, tais como : clima, relevo, condições de

trabalho, condições da estrada, entre outras.

O veículo Sprinter, oferece este sistema de câmbio com o nome de Sprintshift,

sendo possível utilizar a transmissão totalmente automática ou a mudança de marchas

por meio de toques seqüenciais para cima e para baixo, para ascender ou reduzir as

marchas, respectivamente.

2.5.2 CÂMBIO SEMI-AUTOMATICO

O câmbio semi-automático, é um avanço recente da industria automobilista

mundial, surgindo no final da década de 90. No Brasil este tipo de transmissão foi

introduzida pela montadora Mercedes-Benz, em 1999, no modelo Classe A, com o

sistema sendo denominado de AKS, depois do Classe A, vieram Palio e Corsa.

Este sistema de transmissão utiliza uma caixa de mudanças mecânica, igual a

manual, sendo que o que diferencia uma da outra é o sistema de embreagem do

veículo.

Como o câmbio automático a sua aplicação para veículos comerciais é ínfima,

sendo igualmente desconsiderada nesse trabalho.

2.5.3 CÂMBIO MANUAL

Usando a definição mais simples possível, um câmbio ou caixa de mudanças, é

um dispositivo mecânico que tem como principal função, dividir ou multiplicar as

rotações de um motor até o seu uso final. Assim, o câmbio fica situado entre o motor e

a aplicação final, no caso, as rodas. Em veículos comerciais e também no veículo de

estudo, o câmbio fica situado acoplado ao motor, sendo separado deste apenas pela

embreagem. O destino final ou utilização final é o eixo motriz, no caso o eixo traseiro,

onde fica o diferencial e por sua vez as rodas traseiras que são as motrizes do veículo.

Vê-se portanto que, como dito anteriormente, o câmbio sempre estará entre o motor e

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o uso final, no caso o veículo Accelo 715 C, a transmissão de força segue pelo

caminho da figura 2.2.

Figura 2.2 – O caminho percorrido pela força, do motor até as rodas.

O câmbio trabalha recebendo a força do motor através do conjunto de

embreagem (composto por platô e disco), que por sua vez recebe a força do volante

do motor. Ao receber a força do motor em forma de rotação o câmbio modifica a

quantidade de rotação a ser transmitida através da marcha selecionada pelo condutor

na alavanca de câmbio.

O câmbio recebe o torque do motor no chamado eixo primário que está com a

engrenagem correspondente a marcha desejada a ser engatada a uma segunda

engrenagem que faz par com esta. Esta segunda engrenagem fica presa ao eixo

secundário. Através da relação de números de dentes que existem nas duas

engrenagens que se dá a diferença das relações de marchas e que modifica a

velocidade desenvolvida pelo carro, apesar de se ter a mesma rotação do motor.

O câmbio sempre está com todas as marchas constantemente engrenadas, sendo que

as que não estão em uso estão virando em falso, ou seja não recebem nem

transmitem torque ao eixo.

Quem faz este selecionamento das marchas no câmbio é uma peça conhecida

como “garfo” ou luva de engate, que acopla os anéis sincronizadores nas engrenagens

fazendo com que elas passem a receber e transmitir força modificando assim a

quantidade de rotações do eixo. Podemos ver este movimento pela figura 2.3.

As marchas dos veículos são calculadas para que o veículo atenda todas as

necessidades de todos os consumidores, estando ele carregado ou não. Portanto ao

se pensar em adequar um veículo para um único tipo de aplicação pode se conseguir

bons resultados, pois está se fechando a faixa de aplicação.

As marchas de um veículo são dimensionadas para serem usadas de acordo

com a seqüência de números das marchas, parece obvio falar isso, mas muitos

condutores tem o hábito de “pular” uma marcha, saindo em segunda marcha ou

mesmo pulando de segunda para quarta, de terceira para quinta, etc. Este tipo de

utilização principalmente quando o veículo está vazio, é muito comum. Por mais

Motor Câmbio Eixo Cardan Diferencial Semi-eixos Rodas

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potência e torque que o motor tenha, nunca se recomenda que se coloque o veículo

em movimento em segunda marcha, pois com essa prática se prejudica de

sobremaneira o sistema de embreagem e a transmissão.

Figura 2.3 – Movimento de engate de uma marcha selecionada [2]

O caminho da força no câmbio é modificado através das mudanças das

marchas, multiplicando ou dividindo a força através das relações de marchas.

Observa-se na figura 2.4 como esse caminho é modificado de acordo com a marcha

selecionada. Note-se que visualmente o câmbio não se modifica em grandes

proporções, pois os engrenamentos das marchas se dão, como já dito anteriormente,

pelo engate da luva que percorre um deslocamento pequeno, cerca de 15 mm para

cada lado, contando a partir da posição neutra da mesma, ou seja da posição em que

ela não é selecionada.

Nota-se que quando se seleciona a quarta marcha o caminho percorrido pela

força não sofre modificação, isso se dá porque, neste câmbio, a quarta marcha é uma

marcha chamada de “marcha direta”, ou seja, ela não sofre nem ampliação, nem

redução, portanto ela transmite a rotação do motor de forma direta para o diferencial.

As marchas de número, um , dois e três sofrem divisão, ou seja, a rotação do motor é

dividida e transmitida às rodas com menores rotações do que o motor produz, nesses

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casos o motor está com mais revoluções que o câmbio, motivo esse que, essas

marchas produzem mais força para o veículo do que se não tivesse câmbio.

Figura 2.4 – Caminho da força percorrida na caixa de mudanças, de acordo com as

marchas selecionadas. [3]

Já a marcha de número cinco sofre uma multiplicação, ou seja, o câmbio faz

com que a rotação do motor seja ampliada até que atinja o diferencial, por isso o motor

produz menos revoluções que o câmbio e essa marcha é usada para atingir maiores

velocidades, portanto ela transmite menos forças às rodas porém mais velocidade.

No caso da marcha à ré, ela normalmente tem uma relação parecida com a da

primeira marcha, porém para que o movimento das rodas sejam invertidos é

necessário que seja acoplada mais uma engrenagem ao câmbio, pois sempre que o

número de engrenagens, incluindo a motora, é impar o sentido do movimento é

mantido, e quando o número de engrenagens, incluindo a motor, é par o sentido é

diferente. Por isso no caso da marcha à ré é necessário que se tenha mais uma

engrenagem.

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3. METODOLOGIA

3.1 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

3.1.1 MOTORIZAÇÃO [6]

O motor utilizado no veículos Accelo 715 C é denominado de OM 612 LA, e é

do tipo ciclo Diesel, com fabricação pela DaimlerChrysler do Brasil, com 5 cilindros,

dispostos em linha, turboalimentado com intercooler, de 4 tempos com quatro válvulas

por cilindro ( duas de admissão e duas de escapamento ), duplo comando de válvulas

no cabeçote com abertura por correntes. Injeção direta com gerenciamento eletrônico (

Common Rail Direct Injection – CDI). O propulsor tem como principais medidas as

descriminadas na tabela 1.

Tabela 1 – Principais medidas do Motor ciclo Diesel OM 612 LA [6]

Medição Unidades Valores

Potência efetiva líquida máx./rot. 115 kW (156 cv) @ 3800 / min

Rotação máxima rpm 3800

Momento de força máx./rotação Nm 330 (34 mkgf) @ 1400-2600 / min

Diâmetro x curso : cilindrada mm : cm³ 88,0 x 88,4 : 2687

Relação de compressão 18 : 1

Este propulsor é homologado pelas normas de ensaio de potência efetiva

liquida máxima e momento de força máximo, de acordo com a norma NBR ISO 1585

[4], e homologado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Fase V [5]

que é equivalente à norma européia Euro III. O desempenho do motor pode ser visto

com sua curva de potência e torque, conforme mostra a Figura 3.1

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Figura 3.1 – Curva de Desempenho motor OM 612 LA – [6]

3.1.2 EIXO TRASEIRO [6]

O eixo traseiro também é do mesmo fabricante e sua denominação de modelo

é HL 1 / 10 C – 4,7, com 4,7 Ton. de capacidade de carga e duas opções de redução

do diferencial, conforme mostrado na tabela 2, os valores entre parênteses são

referentes ao número de dentes da coroa e do pinhão, nesta ordem.

Tabela 2 – Opções de reduções do eixo traseiro. [6]

Faixa de menor consumo

Faixa de maior torque consumo

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14

Opção Valores

1 6,143 ( 43:7)

2 5,714 ( 40:7)

3.1.3 RODAS E PNEUS [6]

Os pneus são fornecidos por vários fabricantes e as medidas usadas no veículo

são apresentadas na tabela 3, bem como o raio dinâmico do mesmo.

Raio dinâmico, é o comprimento da linha de rodagem do pneu. Exemplificando

seria como se pudéssemos cortar o pneu na transversal e medir o seu comprimento

total.

Tabela 3 – Medidas de pneus usados e valores do raio dinâmico. [6]

Opção Medida Raio Dinâmico (m)

1 205/75 R17,5 0,365

2 215/75 R 17,5. 0,372

3.2 VALORES DA CAIXA DE MUDANÇAS [3]

A caixa de mudança do veículo em estudo, possui acionamento por meio de cabos

para maior suavidade nas trocas de marchas. As relações das marchas podem ser

vista na tabela 4. A figura 3.2 apresenta um desenho da caixa de câmbio completa

representada com um corte transversal.

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Figura 3.2 – A caixa de câmbio completa, representada com um corte transversal [3]

Todo câmbio possui dois tipos de reduções ou ampliações. A primeira redução é

chamada de redução constante, ou seja, não importa qual marcha esteja engatada ela

sempre será a mesma. No caso desta caixa ela é formada pela engrenagem do eixo

primário e pelo entalhe do eixo intermediário.

O segundo tipo de redução que pode haver em uma caixa de câmbio são as próprias

marchas que reduzem ou ampliam as rotações do motor.

Sendo que, para o cálculo das relações de engrenamento usam-se as equações

abaixo:

Relação de engrenamento constante :

Esse valor é obtido a partir do número de dentes da engrenagens que compõem o

par constante do câmbio, e é dado pela Eq. 9.

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ep

ecic = [Eq. 9]

Onde :

ic : Relação de Engrenamento Constante

ec : Número de dentes da engrenagem constante

ep : Número de dentes do entalhe do eixo intermediário

Relação de engrenamento para cada marcha :

Este valor é obtido através da divisão do número de dentes da engrenagem

movida pela engrenagem motora, e pode ser calculado pela Eq. 10.

Emot

Emovim = [Eq. 10]

Onde :

im : Relação de Engrenamento de cada marcha.

Emov : Número de dentes da engrenagem movida.

Emot : Número de dentes da engrenagem motora.

Relação de engrenamento final :

Este valor representa a redução ou ampliação total que o número de rotações

do motor sofre até chegar ao diferencial traseiro. Calcula-se pela Eq. 11.

imicifinal .= [Eq. 11]

Onde :

ifinal : Relação de engrenamento final.

ic : Relação de Engrenamento Constante.

im : Relação de Engrenamento de cada marcha.

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Na tabela 4 pode se ver os valores das relações de marchas.

Tabela 4 – Valores das relações de marchas. [6]

Marcha Relação

1º 5,053

2º 2,601

3º 1,521

4º 1,000

5º 0,784

O número de dentes dos pares de engrenagem de cada uma das marchas é dado pela

tabela 5.

Tabela 5 – Número de dentes das engrenagens [6]

Marcha Engrenagem Motora Engrenagem Movida

1 14 51

2 24 45

3 34 34

4* 0 0

5 46 26

* = Para a marcha de número 4, por ser uma marcha com relação direta (1:1), não são

utilizadas engrenagens em sua relação.

3.3 DADOS DE DESEMPENHO DO VEÍCULO [6]

Os dados de desempenho do veículo, como : velocidade máxima por marcha e

total, podem ser vistos nas tabelas como segue. Os valores de velocidades máximas

são obtidos com o motor em rotação máxima ( 3800 RPM).

Tabela 6 : Valores para Pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7

Tabela 7 : Valores para Pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7

Tabela 8 : Valores para Pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7

Tabela 9 : Valores para Pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7

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Tabela 6 : Valores para Pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

1º 17

2º 33

3º 56

4º 85

205/75 R 17,5 43:7

5º 109

Tabela 7 : Valores para Pneu 205/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

1º 18

2º 35

3º 60

4º 91

205/75 R 17,5 40:7

5º 117

Tabela 8 : Valores para Pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 43:7

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

1º 17

2º 33

3º 57

4º 87

215/75 R 17,5 43:7

5º 111

Tabela 9 : Valores para Pneu 215/75 R 17,5 e Eixo traseiro 40:7

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

1º 18

2º 36

3º 61

4º 93

215/75 R 17,5 40:7

5º 119

O item velocidade máxima com o motor na rotação máxima ( 3800 RPM) e o câmbio

em 5º marcha pode ser visto de forma resumida na tabela 10.

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Tabela 10 : Valores de velocidade máxima

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

205/75 R 17,5 43:7 109

205/75 R 17,5 40:7 117

215/75 R 17,5 43:7 111

215/75 R 17,5 40:7

119

3.4 DEFINIÇÃO DAS NOVAS RELAÇÕES DE ENGRENAMENTO

3.4.1 DEFINIÇÃO DA NOVA VELOCIDADE MÁXIMA

Como visto na tabela 10, a velocidade máxima do veículo varia de 109 Km/h até

119 Km/h. Como serão redimensionados as relações de engrenamento para uso em

trânsito urbano, a velocidade máxima pode cair em torno de 85 à 95 Km/h, já que o

veículo irá trafegar em trânsito urbano provavelmente será o máximo que o veículo

deverá atingir.

Se forem observados os valores obtidos em quarta marcha pode-se ver que esta

atinge a velocidade máxima na faixa de 85 à 93 Km/h. Como esta velocidade fica

dentro da faixa que presume-se ser suficiente para a definição de velocidade máxima,

passa-se então a utilizar a quarta marcha como sendo a quinta marcha e, portanto, a

mais veloz.

Então, o veículo quando equipado com o novo câmbio ficará com velocidade

máxima, conforme tabela 11.

Tabela 11 – Velocidade Máxima do veículo quando equipado com o novo câmbio

Pneu Eixo traseiro Marcha Velocidade Máxima

205/75 R 17,5 43:7 85 205/75 R 17,5 40:7 91

215/75 R 17,5 43:7 87

215/75 R 17,5 40:7

93

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3.4.2 DEFINIÇÃO DAS RELAÇÕES INTERMEDIÁRIAS

A definição de novas relações das marchas intermediárias, foram definidas

com base em um melhor aproveitamento da curva de desempenho de motor, que

pode ser observada em destaque na figura 3.1, os melhores valores de torque e

consumo. Esse melhor aproveitamento pode ser traduzido em melhor consumo de

combustível e maior segurança do veículo, pois como o motor ficará um tempo maior

na região de máximo torque, a agilidade do veículo no trânsito, aumentará de

sobremaneira o que gera maior segurança.

Com base nessas premissas e de forma empírica e teórica foram pré-definidas as

novas relações de engrenamento das marchas intermediárias ( 2,3 e 5), pois como já

dito antes, para as marchas de número 1 e 4 serão mantidos as relações originais.

Essa pré-definição foi feito usando-se as fórmulas matemáticas apresentadas no

trabalho e posterior aos cálculos foi plotado no gráficos dente-de-serra as pré-

definições, o qual possibilitou definir as novas relações, com base nas relações que

apresentaram melhores resultados no gráfico.

Por se tratar de uma montagem experimental , e como iremos utilizar a marcha de

número 4 como sendo a de número 5 , para evitar uma mudança na trambulação do

câmbio, o engate das marchas ficará como visto na figura 3.3. Essa mudança é

necessária devido a marcha de número 4 ser uma marcha direta, ou seja não há um

par de engrenagens que transmite o movimento por ela, como é feito para as outras

marchas, no caso dessa marcha o movimento do motor entra pelo eixo piloto do

câmbio e saí direto pelo eixo secundário, sem passar pelo eixo intermediário. Devido a

essa característica, se fossemos manter na montagem experimental o diagrama de

marchas original seria necessário que houvesse uma mudança também nos garfos de

engate das marchas e por conseguinte no sistema de trambulação, o que se resulta

em bastante modificações na caixa de câmbio e, por se tratar de uma montagem

experimental e devido a não ser este o objetivo do trabalho, não foi feito.

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Figura 3.3 - Diagrama de marchas original e modificado

As novas relações das marchas 2,3 e 5, definidas de forma teórica, são vistas na

tabela 12. Essas relações ainda não são as definitivas, pois, em uma relação de

dentes nem sempre se é possível fazer com que a relação seja a mesma da calculada

teoricamente. Com base nos cálculos teóricos, muitas vezes o que se tem é a relação

bastante aproximada daquela calculada teoricamente.

Tabela 12 – Novas relações teóricas para as marchas 2,3 e 5.

Marcha Relação Original Nova Relação Teórica

2 2,601 3,200

3 1,521 2,150

5 1,000 1,450

Para o cálculo do número de dentes das engrenagens é usada a eq. 12. No

caso da caixa de câmbio em estudo, o número de dentes do entalhe do eixo piloto e o

número de dentes da engrenagem constante pode ser visto na tabela 13.

Tabela 13 – Número de dentes dos componentes da relação constante [6]

Entalhe Eixo Piloto ( dentes) Engrenagem Constante ( dentes)

31 43

Portanto:

387,131

43 ===Ep

Ecic

Desta forma, tem-se a relação constante como sendo : i= 1,387

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Utilizando a eq. 13 e, conhecendo-se a relação constante, e utilizando as

relações de transmissões que já foram definidas no item 4.4.2, podemos definir as

novas quantidades de dentes que irão compor as novas engrenagens.

As quantidades de dentes dos novos pares de engrenagens podem ser vista na

tabela 14.

Tabela 14 – Número de dentes dos novos pares de engrenamento.

Marcha Engrenagem Motora Engrenagem Movida

2 24 55

3 27 42

5 32 34

Definidos os números de dentes das engrenagens motoras e movidas, então

podemos então, definir os valores reais das novas relações de engrenamento, que

segue na tabela 15.

Tabela 15 – Novas relações reais para as marchas 2,3 e 5.

Marcha Relação Original Nova Relação Teórica Nova Relação Real

2 2,601 3,200 3,179

3 1,521 2,150 2,158

5 1,000 1,450 1,474

Como pode ser observado, a engrenagem motora da marcha número 2, não foi

modificada em relação à original, isto se deve a esta engrenagem fazer parte do eixo

primário da caixa de mudanças e, se mudássemos sua relação seria necessário a

construção de um novo eixo primário, o que acarreta em um aumento significativo de

custos para o projeto, além do tempo necessário para a construção do mesmo.

3.5 GRÁFICOS DENTE-DE-SERRA

Os gráficos tipo dente-de-serra, são utilizados para verificação da curva de

aproveitamento do motor em função da relação da marcha dimensionada. Analisando

os gráficos, pode-se observar o comportamento do veículo, quando em uma

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determinada marcha e rotação a qual velocidade estará, e também pode-se verificar

que para a mesma velocidade quais rotações o veículo estará, variando-se as

marchas. Também se tem dimensão da utilização da faixa de torque máximo do motor,

e como ela está sendo utilizada, e por fim, pode ser constatada a relação da

velocidade e marcha utilizada com relação ao consumo de combustível.

Na figuras 3.4 pode-se ver as curvas do gráfico do câmbio original e na figura 3.5,

pode-se ver as curvas com as novas relações de engrenamento.

Figura 3.4 – Gráfico dente-de-serra com as relações originais

Figura 3.5 – Gráfico dente-de-serra com as novas relações de marchas

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3.6 DIMENSIONAMENTO DAS ENGRENAGENS

As engrenagens serão construídas de acordo com as já existentes na caixa de

mudanças atual. Somente serão redimensionadas, quanto aos valores de número de

dentes. Serão mantidos os valores dos módulos dos pares de engrenamento. Serão

feitos os cálculos apresentados, para a verificação da eficácia dos valores utilizados

na construção das engrenagens protótipo.

Se os valores utilizados para as engrenagens atuais não forem suficientes para

as novas engrenagens, estas deverão ser recalculadas, o que não será feito neste

trabalho, pois o enfoque do trabalho não está direcionado para a durabilidade que uma

engrenagem de caixa de mudanças precisa.

Não será escopo deste trabalho o estudo sobre vibrações e ruídos que por

ventura possa vir a acontecer quando da montagem da nova caixa de mudanças no

veículo, este trabalho não será realizado devido ao tempo que demandaria os cálculos

e estudos desta natureza, e também porque seria custoso demais um projeto desse

porte sem algum patrocínio, apesar de ser um projeto que, se for corretamente

dimensionado e testado, pode ser de grande utilidade para as empresas fabricantes

de veículos comerciais, bem como empresas que produzem implementos para esses

veículos.

De acordo com as fórmulas apresentadas nos capítulos 2 e 3, nas tabelas a

seguir pode-se ver os valores calculados.

Para a marcha de número 2, que foi construída somente a nova engrenagem

movida, os valores encontrados foram:

Tabela 16 – Valores encontrados para a 2º marcha movida

Incógnitas Valores

pt 7,16

pn 6,49

px 15,35

wt 14995,57 N

wr 4282,82 N

w 13590,6 N

bσ 156,9 MPa

tp 1049 N.m

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Para a marcha de número 3, foram calculados os valores das engrenagens motoras e

movidas como segue abaixo.

Tabela 17 – Valores encontrados para a 3º marcha motora

Incógnitas Valores

pt 7,54

pn 6,53

px 13,06

wt 11023,8N

wr 3475,8 N

w 12584,6 N

bσ 117,47 MPa

tp 712,14 N.m

Tabela 18 – Valores encontrados para a 3º marcha movida

Incógnitas Valores

pt 7,51

pn 6,51

px 13,02

wt 10050,5 N

wr 3168,9 N

w 11605,3 N

bσ 112,2 MPa

tp 712,14 N.m

E por fim, foi calculado os valores para a marcha de número 5, tanto para a

engrenagem motora, como para a engrenagem movida, como segue:

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Tabela 19 – Valores encontrados para a 5º marcha motora

Incógnitas Valores

pt 6,82

pn 5,79

px 19,25

wt 7810,75 N

wr 2462,7 N

w 9210,26 N

bσ 108,9 MPa

tp 486,42 N.m

Tabela 20 – Valores encontrados para a 5º marcha movida

Incógnitas Valores

pt 6,77

pn 5,74

px 22,51

wt 13114,9 N

wr 4135,11 N

w 15464 N

bσ 183 MPa ( N/mm2)

tp 486,42 N.m

3.7 CONSTRUÇÃO DAS ENGRENAGENS

As engrenagens redimensionadas, serão construídas de modo prototipal, ou seja,

não foram construídas com os mesmos métodos e processos que as engrenagens

originais utilizam. Foi usado material idêntico ao que foi utilizado pelas engrenagens

originais, no caso aço 20 Mo Cr 4 E. Neste material usado para a construção da

engrenagem, a resistência mecânica varia de 480 à 800 N/mm2

MEDIÇÕES

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Para sabermos se o que foi projetado e construído é realmente eficaz e, atinge os

resultados esperados, foram feitos os seguintes testes e medições, que seguem:

3.8.1 TESTE DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL

Este teste consiste em verificar qual a quantidade de combustível ( no caso

Óleo Diesel), foi consumido durante o trajeto que o veículo fará. Primeiro o veículo irá

rodar com a caixa de mudanças original e depois será repetido o mesmo teste com a

caixa de mudanças modificada.

Este teste tem grande importância para o trabalho, uma vez que, o consumo de

combustível é um dos principais fatores que determinam a escolha de um proprietário

por adquirir um veículo ou outro, pois representa uma grande parcela dos custos

operacionais de uma empresa de transporte.

Como se espera uma melhora - ainda que pequena - no consumo de combustível,

este teste foi importante para as conclusões finais.

O teste foi feito da seguinte maneira: foi escolhido um trajeto para a realização

do teste. Este trajeto perfaz uma distância de 48 Km, e foi escolhido levando em conta

vários fatores entre eles: controle correto da medição de combustível, simulação de

um trajeto urbano que é o motivo de estudo do trabalho.

O percurso à ser percorrido é :

Saída : Rod. Santos Dumont, esquina com Av. Mercedes-Benz, depois Rod.

Santos Dumont sentido Indaiatuba-Campinas, Av. Prestes Maia, Av. João Jorge, Av.

Expedicionários, Av. Andrade Neves, Av. Barão de Itapura, Av. Brasil, Av. Orosimbo

Maia, Av. Francisco Glicério, Av. General Osório, Av. Senador Saraiva e retornando

Av. João Jorge, Av. Prestes Maia e Rod. Santos Dumont encerrando o percurso no

mesmo local onde foi iniciado. Este percurso pode ser visto no mapa da figura 3.6.

A medição do consumo de combustível foi feito da seguinte maneira:

No posto de combustível que é o ponto de início do teste, o veículo teve o seu

reservatório de combustível completo, foi zerado o hodômetro parcial do veículo e foi

feito o percurso determinado, ao término do percurso o veículo teve seu reservatório

de combustível novamente abastecido, e a quantidade de combustível consumido pelo

veículo no percurso foi anotado.

A quantidade de quilômetros percorrido, dividido pela quantidade de litros de

combustível utilizado nos deu a média de consumo do veículo. O mesmo teste foi

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repetido após a troca da caixa de mudanças, para que seja feito o comparativo. Foi

realizado o percurso uma vez com cada caixa de mudanças.

Figura 3.6 : Mapa do trajeto percorrido nos testes.

3.8.2 MEDIÇÃO DA QUANTIDADE DE MUDANÇAS DE MARCHAS

Por se tratar de um item de conforto, e, também fazer parte dos itens em que

se deseja melhorar, iremos fazer um teste em que se mensure e compare a

quantidade da troca de marchas que o veículo faz durante o mesmo trajeto percorrido

para o teste de consumo de combustível.

Início/ Fim

Rod. Santos

Dumont

Av. Prestes Maia

Av. João Jorge

Av. Barão de Itapura

Av. Andrade Neves

Av. Brasil

Av. Orosimbo Maia

Av. Francisco Glicério

Av. Expedicionários

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3.8.3 CONFORTO E SEGURANÇA DO VEÍCULO

Um item importante nesta mudança diz respeito à segurança e conforto ao

dirigir que este veículo deverá proporcionar após à mudança da caixa de mudanças.

Este item, mesmo sendo um item importante não é passivo de ser mensurado, pois

conforto e segurança do veículo, bem como agilidade e desempenho no trânsito, não

podem ser mensuráveis sendo sempre itens subjetivos e ficou, neste teste, a cargo

das impressões obtidas pelo autor que acompanhou todos os testes do veículo, para

que se tivesse as conclusões mais fidedignas possível.

3.8.4 CONDIÇÕES DE ENSAIO

As medições de consumo de combustível, quantidade de mudança de

marchas, bem como dos itens subjetivos que foram medidos, como segurança e

conforto, foram a mais fiel possível, respeitando no caso das medições de combustível

e mudanças de marchas, o mesmo motorista, o mesmo trajeto e procurando minimizar

os efeitos externos, tais como, pressão atmosférica, vento, temperatura. Alguns

fatores como trânsito não é possível controlar, mas foi observado se as condições

foram, se não iguais, pelo menos a mais parecida possível.

Foram mantidas as características do veículo, tais como:

Os valores apresentados se referem ao veiculo carregado com sua carga nominal, ou

seja, o peso total, entre o caminhão em si e a carga é de 7000 Kg, de acordo com o

especificado pela montadora do veículo. [6]

Os Valores de relação final e pneus foram de 40:7 e 215/75 R 17,5 respectivamente.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização de todos os testes descritos no item 3.8, e feitos os cálculos dos

itens 2.2.1.3, 2.2.1.4, 2.2.1.5 e 2.2.1.6, os resultados obtidos foram :

Item 3.8.1 - Teste do consumo de combustível

No item do teste de consumo obtivemos os seguintes resultados:

O veículo equipado com a caixa de mudanças original, para percorrer o trajeto

estipulado no item 3.8 ( Fig. 10), foram gastos 8,09 l de Óleo Diesel, sendo que foi

obtido desta forma o valor de 5,93 Km/l de média de consumo, enquanto que, quando

feito o mesmo trajeto com o veículo equipado com a caixa de mudanças modificada,

foram gastos 7,77 l de Óleo Combustível, e obtivemos com isso o valor de 6,18 Km/l,

de média de consumo, o que representa um valor de 4,04 % de melhoria ( economia)

em relação ao valor apresentado com a caixa de mudanças original.

Item 3.8.2 - Medição da quantidade de mudanças de marchas

No item de medição de quantidade de mudanças de marchas, foram efetuadas,

com o veículo original um total de 143 mudanças de marchas, e quando feito o teste

com o veículo equipado com a transmissão definida neste projeto foi realizado um total

de 149 mudanças de marchas, o que representa um aumento de 4,02 % no número de

troca de marchas efetuado pelo condutor do veículo.

Item 3.8.3 conforto e segurança do veículo

Neste item por se tratar de um item subjetivo deixaremos para analisar seus

resultados junto ao item 6 ( Resultados esperados), pois como não há métodos para

se realizar medições neste itens, cabe somente comentários a serem feitos pelo autor.

A velocidade média no trajeto quando feito com o veículo original foi de 38,1

Km/h, sendo que o percurso de 48 km/h ( ida e volta), foi percorrido em 1 h e 16 min.

e quando equipado com a transmissão modificada o valor obtido foi de 42,35 Km/h,

sendo que neste caso o tempo gasto para percorre a mesma distância foi de 1 h 8

min., esta diferença não tem relação significativa com relação ao projeto porém

representa um valor que deve constar nos resultados apresentados, caso queiram ser

feitas conferências dos valores apresentados. Esses valores foram modificados devido

principalmente à fatores externo ao projeto, como o trânsito nos logradouros utilizados

pelo teste, bem como na combinação de abertura e fechamento dos semáforos que

estão espalhados pelas ruas e avenidas do teste.

Na tabela 21, pode ser visto os valores que foram obtidos nos testes.

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Tabela 21 – Valores obtidos nos testes

Original Modificado

Óleo Diesel [ l ] 8,09 7,77

Média de consumo [ Km/l ] 5,93 6,18

Economia [ % ] 4,04

Quantidade de mudança de marchas 143 149

Diferença [ % ] - 4,02

Tempo [ h ] 1h 16 min 1 h 8 min.

Velocidade média [ km/h ] 38,1 42,35

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5. CONCLUSÕES

Após a realização dos testes descritos no item 3.8, e colhidos os dados obtidos nos

testes e, após a compilação dos valores encontrados nos testes pudemos obter as

seguintes conclusões:

� Consumo de Combustível

O consumo de combustível no veículo original foi de: 5,93 Km/l enquanto que,

quando equipado com a nova caixa de mudanças o consumo passou para 6,18 Km/l,

o que representa uma melhoria de 4,04 % em relação ao consumo original, sendo que

como esperávamos 5% de melhoria pode-se dizer que o resultado esperado

inicialmente no projeto foi alcançado de forma satisfatória neste item.

� Quantidade de mudança de marchas

Com relação ao item quantidade de mudanças de trocas de marchas, houve um

aumento desse número, pois, no veículo original durante o trajeto de teste foram

realizadas 143 mudanças de marchas, enquanto que após a instalação da nova caixa

de mudanças o número subiu para 149 mudanças, o que mostra um aumento de

4,02% em relação ao veículo quando equipado com a caixa original. Este valor obtido

mostra, que não aconteceu o que se era esperado. Isto aconteceu devido ao fato de,

como a caixa de mudanças sofreu uma redução nas relações de engrenamento, o

motor do veículo “enche” mais rapidamente, ou seja, ele atinge a rotação com a qual

se efetua a troca de marcha mais rápido do que quando equipado com o câmbio

original, devido a isso a necessidade de troca de marchas aumenta, pois, para

percorrer a mesma distância usa-se mais marchas. Por isso o valor que foi encontrado

aumentou ao invés de diminuir, como era esperado no inicio do projeto.

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� Dinâmica do veículo

No item relacionado à dinâmica do veículo, ou seja, na agilidade dele junto ao

tráfego, na segurança que o motorista sente ao transitar com o veículo e no bem-estar

que o veículo deveria proporcionar, pôde-se notar uma melhora significativa em

relação ao veículo original, pois como a maior parte do tempo em que se trafega na

cidade o veículo está com a faixa de rotação de torque máximo, o caminhão fica mais

ágil, o que melhora e muito o transitar com ele no trânsito caótico das grandes

cidades.

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6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1]- Norton, Robert L., An Integrated Approach.

[2]- Manual de Serviço ZF, Caixa de Câmbio ZF-16S-1650, 1997.

[3]- Manual de Cursos Caixas de mudanças leves Mercedes-Benz, 2003.

[4] - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Veículos Rodoviários – Código de

Ensaio de motores, potência líquida efetiva, NBR ISO 1585, ABNT, Rio de Janeiro,

Junho de 1996.

[5]- Resolução número 008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, Brasília, 31 de

Agosto de 1993

[6]- Http://www.daimlerchysler.com.br, DaimlerChrysler, 05 de Novembro de 2004.

[7]- Gonçalves, L. A ., Árvores de Transmissão, capitulo 1 e 2, Faculdade de

Engenharia Industrial (FEI) , 2003.

[8]- Salamania, J. C., Embreagem – Transmissão Manual e automática, Faculdade de

Engenharia Industrial (FEI) , 2004

[9]- Gieck, K. Manual de Fórmulas Técnicas, 29º ed., Hemus editora, PR, 2001.

[10]- Http://www2.uol.com.br/bestcars , Best Cars Web Site, 25 de Outubro de 2004.

[11]-Stipkovic F, Marco, Engrenagens, Ed. McGraw-Hill do Brasil, 1975