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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL Rafael Gustavo Marson TÍTULO: Estrutura Metálica em Habitações Populares Itatiba SP, Brasil Dezembro de 2004

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

Rafael Gustavo Marson

TÍTULO: Estrutura Metálica em Habitações Populares

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2004

i

Rafael Gustavo Marson

TÍTULO: Estrutura Metálica em Habitações Populares

Monografia apresentada junto à Universidade São

Francisco – USF como parte dos requisitos para a

aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de

Curso.

Área de concentração: Habitação Popular

Orientador: Prof. Dr. André Bartholomeu

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2004

ii

Sumário

1. Introdução 1

2. O Difícil Habitacional 2

2.1 Habitação 1.0 4

2.2 Projeto Moradia 4

2.3 Sistema Brasileiro de Habitação 5

2.4 Programa de habitação Social (Prohab) 6

2.5 Dificuldades dos programas 6

3. Vantagens do aço 7

3.1 Alívio das Fundações 7

3.2 Redução do Tempo de Construção 7

3.3 Espaço útil 7

3.4 Canteiro de Obras 7

3.5 Racionalização de materiais e mão-de-obra 8

3.6 Adaptabilidade / Flexibilidade 8

3.7 Melhor custo benefício 8

3.8 Qualidade e Precisão Construtiva 8

3.9 Reciclabilidade 9

3.10 Preservação do meio ambiente 9

4. Desvantagens do aço

4.1 Custo

4.2 Acesso ao material

5. Radiografia do Setor Siderúrgico – o Aço no Brasil 9

6. Moradia popular em Kit Metálico 10

iii

6.1 Casa Fácil Gerdau 10

6.1.2 Ficha Técnica 11

6.1.3 Kit Básico Casa Fácil Gerdau montado 12

6.1.4 Medidas da casa 13

6.1.5 Peças – KIT Gerdau 14

6.1.6 Montagem da estrutura – Casa Fácil Gerdau 15

6.1.7 Montagem da cobertura – Casa Fácil Gerdau 16

6.1.8 Tirantes 17

6.1.9 Telhas

6.1.10 Algumas sugestões de planta e decoração, sem escala 19

6.2 Usiteto Usiminas 20

6.2.1 Ficha Técnica 20

6.2.2 Solução Predial 21

6.2.3 Opção A - Solução Semi-Industrializada 22

6.2.4 Características Técnicas/Estruturas 22

6.2.5 Cronograma de Execução 22

6.2.6 Opção B - Solução Industrializada 23

6.2.7 Características Técnicas/Estruturas 23

6.2.8 Cronograma de Execução 23

6.2.9 A casa 24

6.2.10 Algumas sugestões de planta e decoração, sem escala 24

6.3 Cosipa 25

6.3.1 Ficha Técnica 25

6.3.2 Custos de execução de um prédio de quatro pavimentos 27

6.3.3 Modelo de Planta e decoração, sem escala 27

6.3.4 Cosipa- Casa 28

iv

6.3.5 Planta e decoração, sem escala 29

7. Kit metálico x habitação convencional 30

7.1 Etapas que tiver consumo equivalente de materiais nos dois

sistemas

31

7.2 Comparativo de consumo e custo de materiais

empregados nos dois sistemas

32

7.3 Comparativo de custo de mão-de-obra empregada nos

dois sistemas

32

8. Considerações finais 33

9. Bibliografia 35

Lista de Figuras

Fig. I - Estrutura Montada Gerdau 10

Fig. II - Montagem da estrutura 11

Fig. III - Alvenaria 11

Fig. IV - Telhado 12

Fig. V - Kit montado 12

Fig. VI – Vista casa 13

Fig. VII - Peças 14

Fig. VIII - Estrutura e detalhe 15

Fig. IX - Peça cobertura 15

Fig. X - Kit montado 16

Fig. XI - Telhas 16

Fig. XII - Cobertura 17

Fig. XIII - Tirantes 17

v

Fig. XIV - Detalhes 18

Fig. XV - Telhado 18

Fig. XVI - Planta – Geminada 19

Fig. XVII - Planta – Geminada 19

Fig. XVIII - Planta 19

Fig. IXX - Planta 19

Fig. XX - Estrutura montada Usiteto Usiminas 20

Fig. XXI – Vista prédio 21

Fig. XXII - Estrutura completa 24

Fig. XXIII - Planta 24

Fig. XXIV - Planta 24

Fig. XXV - Planta 24

Fig. XXVI - Projeto Cosipa 25

Fig. XXVII - Planta 27

Fig. XXVIII - estrutura Cosipa 28

Fig. IXXX - Casa pronta 28

Fig. XXX - Planta 29

Fig. XXXI - Estrutura/ casa pronta/ projeto 31

vi

RESUMO

Palavras-chave:

1

1. Introdução

A atualidade brasileira retrata um país no qual o número de sem teto chega a

milhões. Em um país que o déficit habitacional, juntamente com um sistema de

saneamento precário, não só trazem problemas de saúde para sua população, mas

também, grande prejuízo a seus cofres. O problema é grave, e a solução deve ser

imediata.

Diversas propostas já foram estudadas para solucionar, ou pelo menos amenizar,

este grave problema (programas como: o Projeto Moradia, Prohab – Programa de

Habitação Social, Habitação 1.0, e outros), mas estes programas acabam se

enfraquecendo com a baixa eficiência produtiva. Essa baixa devido a uma falta de

integração na cadeia construtiva que em parte proporciona uma produção em escala

reduzida.

Esforços estão sendo feitos no sentido de se conseguir construir mais, a custos

menores e com maior velocidade, mas estes ainda são insuficientes.

Diversos projetos de habitações populares vêm sendo desenvolvidos pelas

principais usinas de aço do país, projetos estes visando o uso do aço em conjunto

com a alvenaria.

Analisando a cultura da construção civil no Brasil verifica-se que as construções em

aço são pouco usuais, são vários os motivos que levam as pessoas a optarem por

outros métodos de construção; começando pela formação dos alunos de Engenharia

Civil (onde a grade curricular é totalmente voltada para a construção em concreto

armado), passando pela própria cultura dos brasileiros que vivem no país do

concreto e desconhecem a aplicação direta do aço nas construções.

Outro obstáculo são as imposições colocadas pelo mercado onde a única opção

oferecida é a construção em concreto armado, não oferecendo opções de novos

métodos construtivos, principalmente a maioria da população que são leigos e tem

poucas informações pela falta de divulgação do método construtivo tanto dos

profissionais da área quanto dos fornecedores e demais interessados em investir no

setor e até a falta de conhecimento do consumidor sobre o custo benefício.

Porém, o sistema construtivo em aço apresenta vantagens significativas sobre o

sistema construtivo convencional. Entre as características pode-se destacar:

2

Liberdade no projeto de arquitetura, maior área útil, flexibilidade, compatibilidade

com outros materiais, menor prazo de execução, racionalização de materiais e mão-

de-obra, alívio de carga nas fundações, garantia de qualidade, maior organização de

canteiro de obras, precisão construtiva, reciclabilidade e preservação do Meio

Ambiente, alívio das fundações, melhoras no canteiro de obras, maior custo

benefício.

Devido a todas essas vantagens, diversas empresas vêm, há algum tempo,

estudando e desenvolvendo projetos de habitações populares em aço.

Em alguns casos, empresas como a Gerdau, por exemplo, estão desenvolvendo um

“Kit metálico”, é um kit de montagem composto por diversas peças em aço laminado

que, quando parafusadas, montam uma estrutura metálica formada pelos pilares,

vigas de apoio para cobertura e tirantes .

A estrutura de cobertura é formada pelas multivigas e prolongadores de beiral

e não há necessidade de mão-de-obra especializada.

Projetos como esse, se estimulados e integrados a programas que visam acabar

com a falta de moradia no país podem resolver esse problema que não afeta só

aquele que não têm abrigo, mas sim à toda a população em geral.

2. O Déficit Habitacional

Com uma população de quase 170 milhões de habitantes, dos quais, 29 milhões

vivem abaixo da linha da miséria. Condições precárias de saneamento e higiene nas

favelas são comuns para 28% dos mais de 5000 municípios brasileiros. O número

de loteamentos irregulares é alto, mais de 60 mil casos. O número de domicílios em

condições precárias chega a um milhão.

Esse é o quadro do Perfil dos Municípios Brasileiros, levantamento preliminar

realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a partir do Senso

de 2000. O contínuo crescimento de moradores nas áreas urbanas, de forma

desordenada gera um grave problema de desequilíbrio.

Este problema fica claro ao ver-se que 75% dos municípios brasileiros compõem-se

de comunidades de até 20 mil habitantes, porém, em 11 municípios a população

ultrapassa o número de um milhão de moradores. (Em 1991 75,6% dos brasileiros

3

viviam em áreas urbanas; esse número aumentou para 81,2% de acordo com a

pesquisa do IBGE).

O problema se agrava devido à falta de regularização fundiária apenas 10% dos

1300 municípios criados desde 1998 possuem programas para a regularização. A

maior parte (46%) destes municípios se formou a partir de loteamentos irregulares; e

sua população devido a falta de cadastros das regiões ocupadas sofre com a falta

de serviços do município ou do Estado.

Sem contar que o déficit habitacional brasileiro é um dos principais fatores da dívida

social da nação. Seu enorme e crescente volume exige um complexo

equacionamento, para o qual deverão contribuir todas as forças pensantes e

atuantes do país.

“Seriam necessários ao menos R$ 5 bilhões para começar a amenizar o déficit

habitacional brasileiro. O direito à moradia, assegurado pela Constituição Federal,

deveria ter o mesmo volume dos recursos destinados à saúde e à educação. Há que

se aprovar uma emenda constitucional para solucionar essa disparidade”, opina

Roberto Lira, assessor legislativo do SINDUSCON-RIO (Sindicato da Indústria da

Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro)”.

As grandes metrópoles brasileiras pagam um alto preço pela degradação das

condições sócio-econômicas do País.

“As tentativas de estabilizar o mercado nas últimas décadas tem se dado por meio

de planos habitacionais elaborados pelo Sistema Financeiro da Habitação,

veiculados pelo BNH, no passado pelas Cohabs. Mas se caracterizam pela

alternância de picos produtivos e cortes drásticos de recursos”, diz o professor Hugo

Lucini (ele prepara um livro sobre a requalificação urbana e a habitação, estudando

a experiência da cidade italiana Bolonha). Segundo Lucini, os problemas

habitacionais não se restringem apenas à escassez de recursos, mas vinculam-se à

necessidade de um conceito de requalificação urbana e social.

“As soluções de mercado convencionais são inviáveis para os setores mais pobres.

E as soluções de expansão em torno das periferias vão de encontro a novos ciclos

de exclusão.”Lucini propõe uma nova visão para enfrentar o problema: “É preciso

promover a requalificação urbana e recuperar gradativamente as edificações,

4

integrando os novos assentamentos, para permitir uma reestruturação coerente da

cidade, com reflexo na redução do déficit habitacional e de serviços”.

Diversos programas, propostas que visam auxiliar família de baixo ou nenhum poder

aquisitivo, são desenvolvidos para resolver, ou amenizar, a situação de déficit

habitacional no país. Algumas destas propostas para viabilizar a construção de

casas populares:

2.1 Habitação 1.0

Autoria: Comissão da Indústria da Construção (CIC/Fiesp)

Proposta: Aperfeiçoamento de sistemas construtivos industrializados, para a

execução de unidades com maior velocidade e racionalidade, viabilizando a

construção de 800 mil unidades.

Recursos: É necessária uma nova composição de recursos e ampliação das linhas

de financiamento, contemplando recursos orçamentários, aumento das

contrapartidas dos Estados/Municípios, aumento dos fundos sociais e política de

incentivo integrada. Em combinação, considera a redução de custos e tributos

(riscos de crédito, taxas de administração e custos cartoriais), flexibilização do

Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e desoneração da cesta básica de

materiais.

Sistema construtivo: A redução de custos seria obtida a partir a adoção de sistemas

que permitiriam a produção em escala, com qualidade e facilidade de montagem. O

processo estaria vinculado ao treinamento da mão-de-obra e disseminação dos

programas do PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na

Habitação)

2.2 Projeto Moradia

Instituto cidadania, Projeto de Lei de Iniciativa Popular apresentado pelos

Movimentos de Moradia.

Proposta: Formação de fundos nacional, estaduais e municipais de moradia. Prevê a

articulação ministerial das ações de política urbana e habitacional, sob

responsabilidade direta da presidência da República.

Esse sistema seria composto por órgãos já existentes e outros a serem criados,

como o Ministério das Cidades e a Agência Nacional de Financiamento. As fontes e

5

os critérios de financiamento e concessão de subsídios seriam unificados. E os

recursos seriam aplicados de acordo com os critérios e diretrizes definidos por um

programa de ação.

Recursos: Os Estados destinariam 1% do ICMS ao fundo. A União destinaria cifra

igual, uma contrapartida ao volume de recursos aplicados pelos Estados em

moradia. Esses recursos seriam abatidos das prestações pagas pelo Estado, dentro

dos acordos de rolagem de dívidas firmados com a União. Os recursos do FGTS e

dos fundos seriam geridos pelo Ministério das cidades e a CEF teria o papel de

gestora operacional do sistema de financiamento, mas sob um modelo

descentralizado, com a participação de agentes e promotores no âmbito dos

Estados e Municípios.

2.3 Sistema Brasileiro de Habitação

Autoria: Deputado Flavio Arms, com apoio da CBIC e Sinduscon/ SP.

Característica: O SBH será composto por recursos provenientes de três fontes: O

Sistema de Aquisição da Habitação Social (SAHS), do lado governamental, o

Sistema Financeiro da Habitação e o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI),

formando um tripé para a captação e formação de um novo sistema de recursos. O

pagamento do imóvel aos empreendedores/ construtores seria realizado em três

parcelas, através de Certificados para Aquisição da Habitação (CAH), lastreados em

aportes públicos, poupança prévia da própria família e recursos do crédito

imobiliário, supridos pelo agente financeiro do SFH e do SFI. Para imóveis de menor

valor, a parcela correspondente ao certificado seria mais elevada. Para imóveis de

maior valor, a parcela do certificado se reduziria, chegando à zero para imóveis com

valor superior a 36 mil reais.

Recursos: O Estado reservará o valor correspondente à sua parte num fundo

especial de natureza financeira (FAHS).

Cada Estado ou Município arcará com quotas correspondentes, relativas aos

recursos orçamentários que disponibilizar para o fundo. Essas quotas terão

contrapartidas da União, na proporção dos saldos depositados pelo Estado ou

Município.

Parte dos recursos estaduais depositados no FAHS (50%) será redistribuída a seus

Municípios, tornando-se incentivos a novos aportes (princípio da indução).

6

2.4 Programa de habitação Social (Prohab)

Autoria: Anteprojeto do deputado Arnaldo Jardim, em tramitação na Assembléia

Legislativa do Estado de São Paulo

Proposta: Habitações populares (unidades urbanas ou rurais) de preço igual ou

inferior a 36 mil reais, destinadas à população cuja renda familiar seja igual ou

inferior a 20 salários mínimos. Prevê o livre acesso ao crédito, mediante subsídio

direto concedido pelo poder público; sistema de autofinanciamento mediante

depósito em conta corrente; financiamento parcial através de agente financeiro;

equilíbrio econômico-financeiro do contrato mútuo concedido pelo agente financeiro;

sistema adequado de amortização e garantia real da dívida, mediante hipoteca ou

alienação fiduciária.

Recursos: O Prohab seria composto, entre outros, por agentes financeiros e

empreendedores. Criação do Fundo Paulista de Desenvolvimento da Habitação

Social destinado a promover recursos para custear o subsídio direto, emitindo-se

Certificados de Direito à Habitação que seriam repassados às famílias

comprovadamente de baixa renda. Prevê operações de capitação de recursos

financeiros, intermediação de fundos e concessão de mútuos.

Poderão operar no Prohab as companhias hipotecárias e as companhias

securitizadoras.

2.5 Deficiências

Porém, além de encontrarem grandes dificuldades com o financiamento dos

recursos e devido, também ao grande número de pessoas que não têm capacidade

de conseguir financiamento ( 45% das pessoas que vivem em estado de miséria são

menores de 15 anos), outros problemas acabam desacelerando o andamento destes

e de outros diversos projetos habitacionais, criando uma baixa eficiência produtiva,

como:

� Escala produtiva reduzida

� Falta de integração na cadeia construtiva

� Baixa produtividade da mão de obra

� Índices insuficientes de conformidade de materiais e processos

7

� Níveis de capacitação tecnológica variados

Estes são apenas alguns dos inúmeros problemas que os programas sofrem. E a

resolução destes é o maior desafio para seus empreendedores. As melhorias dos

projetos (visando a qualidade de vida das populações), o estímulo de novas

tecnologias, a normalização de projetos, processos e produtos, são apenas algumas

das diversas atitudes a serem tomadas.

A busca pela solução ideal dos problemas, ou seja, atingir o baixo custo e a alta

produtividade (itens indispensáveis para se viabilizar um projeto de habitações

populares) levou à evolução das técnicas construtivas.

Com esses avanços, grandes grupos siderúrgicos passaram, nos últimos anos, a

desenvolver tecnologias que colocassem como alternativa de uso um material que

possue grande potencial, o aço.

3. Vantagens do aço

3.1 Alívio das Fundações

A maior resistência do aço permite a realização de um projeto mais leve, garantindo

uma grande redução nos custos com fundação.

3.2 Redução do Tempo de Construção

A redução do tempo de construção é conseguida pelo somatório de fatores, como

fabricação da estrutura em paralelo com a execução das obras de fundação,

montagem e concretagem de lajes em tempo reduzido e revestimento uniforme de

alvenarias.

3.3 Espaço útil

A estrutura metálica permite pilares de menores sessões e vigas vencendo maiores

vãos. A redução de pilares e a redução de vigas de menor altura em relação ao

concreto possibilitam o aumento de espaço útil da construção.

3.4Canteiro de Obras

A redução de escoramento, a realização simultânea de várias lajes e o pequeno

manuseio de materiais diversos, reduzem a área necessária ao canteiro de obras,

8

permitindo levar a construção em ambiente limpo, reduzindo a ocorrência de

entulhos e bota-fora.

3.5 Racionalização de materiais e mão-de-obra

Numa obra, através de processos convencionais, o desperdício de materiais pode

chegar a 25% em peso. A estrutura metálica possibilita a adoção de sistemas

industrializados, fazendo com que o desperdício seja sensivelmente reduzido.

3.6 Adaptabilidade / Flexibilidade

A adaptabilidade de uma construção depende da facilidade de expansão e

modificação para atender a novos requisitos. A construção metálica permite estas

adaptações sem maiores perdas, aliada a facilidade de trabalhar junto com outros

materiais em fechamento, coberturas e acabamento das obras.

3.7 Melhor custo benefício

O somatório destas séries de vantagens apresentadas, aliadas a um bom projeto,

com a melhor precisão orçamentária, torna o processo da construção metálica eficaz

e de boa economia. A escolha do aço adequado pode permitir uma maior vida útil da

edificação e eliminação da manutenção com pintura e limpeza futura, reduzindo

também os custos de manutenção da obra.

3.8 Qualidade e Precisão Construtiva

A condição industrializada de estruturas metálicas possibilita a inspeção sistemática

da estrutura, através do controle de qualidade dos componentes, conduzindo a uma

melhor segurança do trabalho. Favorece também um resultado perfeito no

alinhamento devido a precisão de medidas, o que permite a utilização mínima de

revestimentos nas paredes e a execução facilitada de esquadrias, armários e

acabamentos. Devido a todas essas vantagens, diversas empresas vêm, há algum

tempo, estudando e desenvolvendo projetos de habitações populares em aço.

3.9 Reciclabilidade

O aço é 100% reciclável e as estruturas podem ser desmontadas e reaproveitadas

com menor geração de rejeitos.

9

3.10 Preservação do meio ambiente

A estrutura metálica é menos agressiva ao meio ambiente. Além de reduzir o

consumo de madeira na obra, diminui a emissão de material particulado e a poluição

sonora geradas pelas serras e outros equipamentos destinados a trabalhar a

madeira.

4. Desvantagens do aço

4.1 Custo

Devido ao grande aumento no preço do aço no Brasil, hoje a maior desvantagem do

emprego deste na habitação popular é o custo elevado no preço do material,

(somente no ano de 2004 o aço teve um aumento de 50%) sendo assim deve-se

estudar minuciosamente um empreendimento em estrutura metálica.

4.2 Acesso ao material

Como o aço é um material industrializado a uma grande dificuldade em se produzir o

material em pequenas quantidades, assim ele deverá ser empregado em obras de

grande porte com uma produção em grande escala.

5. Radiografia do Setor Siderúrgico – o Aço no Brasil

O Brasil é um dos oito maiores produtores de aço do mundo. Em 2001, segundo

dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia, 26,7 milhões de toneladas de aço bruto

foram produzidos. Esse número subiu em 2002 para 29,6 milhões.

A expectativa de produção para 2003 foi de 31 milhões de toneladas, sendo a

capacidade instalada da siderurgia nacional de 32 milhões de toneladas/ano.

O país pode chegar a produzir, em 2007, um número aproximado de 37 bilhões de

toneladas; com a projeção de novos investimentos superiores a U$ 3 bilhões, até

2005. O total das exportações de produtos siderúrgicos em 2002 ultrapassou U$ 2,9

bilhões.

O Brasil, maior produtor da América latina, responde por 53% da produção da

região. Porém, esses números podem ser considerados pequenos, se comparados

aos dos líderes globais: China (148,9 milhões toneladas/ano) e Japão (103,9

milhões toneladas/ano).

10

A siderurgia brasileira está entre as melhores do mundo em competitividade. A

modernização das usinas brasileiras foi possibilitada pelos investimentos no setor

nos últimos 10 anos (U$ 10 bilhões); e como resultado o País tem o menor custo de

produção e placas.

Essa competitividade tem gerado atritos comerciais com os EUA, cujas siderúrgicas

tem um alto custo de proteção. O governo americano, ao sobretaxar produtos

brasileiros, acaba gerando um efeito dominó, já que outros países, preventivamente,

também adotam medidas protecionistas.

6. Moradia popular em Kit Metálico

As maiores empresas de aço do país lançaram sistemas de construção de casas

populares que visam economia e rapidez de montagem.

Os projetos são variados (casas térreas a edifícios de até 5 pavimentos), todos com

estrutura principal e de cobertura feitas em aço. No fechamento podem ser

utilizados: painéis pré-moldados, blocos de concreto, tijolos cerâmicos furados ou

maciços, assentados com argamassa tradicional (ou seja, depende da solução).

6.1 Casa Fácil Gerdau – residências de 48m² com planta livre

Fig. I Estrutura Montada

11

“ O custo final vai depender do acabamento utilizado” diz Carlos Johannpeter

Gerdau. Esse custo fica em torno de 125 por metro quadrado para uma casa de

acabamento simples, já uma casa com forro de gesso, piso cerâmico em todas as

dependências, azulejo na cozinha e banheiro e pintura látex fica em torna de 250

reais.

Casa Fácil Gerdau é um kit de montagem composto por diversas peças em aço

laminado que, quando parafusadas, montam uma estrutura metálica que será a base

para a construção de casas

com 48m².

6.1.2 Ficha Técnica:

Projeto: Dez diferentes

plantas ampliáveis, pois a

Gerdau permite que sejam

feitas inúmeras distribuições

internas, dando liberdade na

definição ou escolha da

planta da casa. Os próprios

pilares e travas do gabarito

servem de guia para o

levantamento das paredes

externas, facilitando seu

alinhamento.

Sistema: O kit inteiro têm

319 peças de aço laminado,

pesa 850 kg e é divido em

três partes: Gabarito,

estrutura principal e

estrutura de cobertura.

O gabarito serve para

Fig. II Montagem da estrutura

Fig. III Alvenaria

12

facilitar a locação da obra e como nivelador da parte superior da fundação.

A estrutura principal é formada pelos pilares, vigas de apoio para cobertura e

tirantes. A estrutura de cobertura é formada pelas Multivigas e prolongadores de

beiral.

O kit também traz todos os parafusos necessários à montagem da estrutura.

Comprimento máximo de

peças: 8,40 m

Tempo de montagem: A

montagem do Kit gira em

torno de 2 horas. Após a

montagem já pode ser

executada a cobertura com

telhas de barro. Assim, já

no segundo dia de obra é

possível começar a erguer

as paredes.

Requisitos do terreno: nivelado

Fundação: recomenda-se radier, executado com o auxilio do gabarito

Cobertura: telhas cerâmicas ou outros materiais à critério do proprietário

Fechamento: alvenaria ou painéis,

à escolha do proprietário.

6.1.3 Kit Básico Casa Fácil

Gerdau montado

O Kit Básico Casa Fácil Gerdau

montado ficará com a seguinte

forma:

Fig. IV Telhado

Fig. V Kit montado

13

1 - M8B

2 - PFB

3 - PBL

4 - CAT

5 - CCC

6 - CLC

7 - TiY

8 - STY

9 - TPC

10 - TiC

11 - TiL

12 - PFT

13 - ViC

14 - GrC

15 - GrL

16 - GrA

17 - Tce

18 - TCn

19 - TFP

20 - TrL

21 - TCP

6.1.4 Medidas da casa

Com o Kit Básico Casa Fácil Gerdau a sua residência terá as seguintes dimensões

externas (volumetria) após totalmente construída:

A - 4 m (Altura)

B - 0,5 m (Projeção dos beirais)

C - 8 m (Comprimento)

L - 6 m (Largura)

Fig. VI Vista casa

14

6.1.5 Peças – KIT Gerdau

15

6.1.6 Montagem da estrutura – Casa Fácil Gerdau

Colunas

Após a secagem inicial do concreto do "radier" (24 horas),

parafusar os pilares nas peças verticais do gabarito que ficaram acima do nível da

concretagem.

Montar os pilares frontais e colocá-los no prumo. Repetir a operação para os pilares

posteriores.

Vigas

São 4 vigas "U" devidamente furadas e identificadas pelas etiquetas. Deverão ser

parafusadas entre os pilares das extremidades e os pilares centrais.

Fig. VIII

16

6.1.7 Montagem da cobertura – Casa Fácil Gerdau

Multivigas e Beirais

Antes de iniciar a montagem das Multivigas, as telhas deverão ter sido compradas e

com as galgas entre 33cm e 34cm. Deverão ser de primeira qualidade, ou seja, não

empenadas, lascadas ou trincadas e com encaixes perfeitos. Evita-se com isso

possíveis goteiras.

A metragem do telhado é de 61,5 m². Verifique com o fabricante a quantidade de

telhas necessária para a cobertura da Casa Fácil.

A inclinação do telhado do Kit Casa Fácil Gerdau é de 33,3%. As telhas deverão ser

do tipo capa e

canal, romana,

paulistinha ou

Fig. IX Peça cobertura

Fig. X Kit montado

Fig. XI Telhas

17

similar, e recomenda-se fazer um teste de encaixe antes da compra definitiva.

As Multivigas são as estruturas do telhado onde serão apoiadas as telhas Deve-se

iniciar a colocação pelas Multivigas dos beirais de cada um dos lados da cobertura.

Após a colocação de todas as Multivigas, acerta-se a galga das telhas da seguinte

forma: fixa-se a peça central de cada um dos lados da cobertura e distribui-se as

eventuais diferenças de medida para baixo e para cima, regulando-se as distâncias

entre as multivigas através dos furos alongados (oblongos) existentes.

No passo seguinte colocam-se os beirais laterais, nas pontas das Multivigas (topos).

Para instalação dos beirais frontais encaixar e parafusar todas as peças. Em

seguida parafusar a cantoneira onde serão apoiadas e fixadas as telhas do beiral.

6.1.8 Tirantes (parte da estrutura)

Os tirantes de contraventamento, que são provisórios, servem para dar estabilidade

provisória ao Kit Casa Fácil Gerdau até a colocação das alvenarias. São somente os

Fig. XII Cobertura

Fig. XIII Tirantes

18

tirantes em forma de "X" colocados entre os pilares. Os demais tirantes serão

permanentes e não deverão ser retirados. Colocar os tirantes provisórios com suas

respectivas peças próprias e parafusos nos pilares, conforme visto no detalhe E.

Os tirantes permanentes darão estabilidade à construção, juntamente com as

Multivigas. Deverão ser colocados sem o tensionamento final (pressão excessiva)

que deverá ser efetuado somente após a colocação de todos os tirantes e da

prumagem dos pilares.

Dê o aperto

final a todos os

parafusos do

Kit, tomando o

cuidado de

verificar todas

essas

ligações.

Antes da colocação definitiva das telhas deve-se prumar todos os pilares da Casa

Fácil Gerdau, isto é, deixar os pilares totalmente verticais. Para isso utiliza-se o fio

de prumo e faz-se a regulagem dos tirantes provisórios e definitivos. Neste momento

coloca-se também o tirante em Y. Todos os ângulos formados entre os pilares e o

piso concretado (radier) deverão estar a 90°. Este procedimento é de extrema

importância e irá preparar todo o Kit para a execução das alvenarias.

6.1.9 Telhas

A colocação das telhas

sobre as Multivigas é

convencional e deverá

ser iniciada do beiral

em direção à cumeeira.

Para acabamento,

colocar as cumeeiras,

compatíveis com as

telhas, de maneira

convencional com

Fig. XIV Detalhes

Fig. XV Telhado

19

argamassa de cimento e areia.

Ao subir as telhas para a cobertura, não concentrar as pilhas em uma única peça.

Procure distribuir as cargas uniformemente.

6.1.10 Algumas sugestões de planta e decoração, sem escala:

Fig. XVI Planta – Geminada

Fig. XVII Planta – Geminada

Fig. XVIII Planta

Fig. IXX Planta

20

6.2 Usiteto Usiminas – casas de até 45m² e edifícios com até cinco

pavimentos

A siderúrgica fornece as chapas e perfis para a construção das residências. “É

importante ficar claro que a empresa não vende os produtos prontos. A construtora

compra nosso aço e monta as habitações”, explica Marcelo dos Santos Mendonça

Figueiredo, engenheiro de desenvolvimento da Usiminas.

O valor (preço levantado no mercado) da casa acabada de 36m² é de 8,5 mil reais;

para o apartamento o preço é de 12 mi reais.

O preço isolado do kit metálico (casa térrea) é de 1,45 mil reais.

“As ligações são todas parafusadas e padronizadas, e o próprio proprietário pode

efetuar a montagem”, afirma Marcelo Figueiredo, o kit acompanha manual de

montagem e as peças podem ser repostas (em caso de danos).

6.2.1 Ficha Técnica

Projeto: Apresentar soluções construtivas para edifícios residenciais populares de

quatro ou cinco pavimentos (com três a quatro unidades de dois ou três dormitórios

por andar) e casas térreas com 36, 42 e 45m², de dois a três quartos com

possibilidades de ampliação.

Sistemas: Fornecimento de pilares e vigas, engradamento metálico para cobertura

de casas e edifícios em aço USI-SAC ou COSAR-COR, protegido com pintura contra

a corrosão.

Fig. XX Estrutura montada

21

O kit da casa de 36 m² possui 540 kg de aço, em chapas dobradas a fio de 2mm de

espessura.

Terreno para implantação: nivelado

Fundação: radier ou vigas baldrame

Fechamento: podem ser utilizados painéis e alvenarias de blocos ou tijolos.

Cobertura: telhas cerâmicas

Fundação e engradamento metálico – módulo 1 1,707 mil reais

Acabamento e instalações 4,047 mil reais

Subtotal 5,754 mil reais

BDI 1,351 mil reais

Total 7,105 mil reais

Custo/ m² 197,38 reais

Custo unitário 1ª expansão – módulo 2 848,93 reais

Custo/ m² 23,58 reais

Custo unitário 2ª expansão – módulo 3 670,56 reais

Custo/ m² 18,63 reais

Custo total casa de 36 m² 8,625 mil reais

6.2.2 Solução Predial

Trata-se de um projeto de quatro pavimentos, com dezesseis unidades por

edificação. Cada unidade possui área total de 46,69m2 (42,54m2 de área útil),

divididos entre

sala, dois

quartos, uma

pequena

circulação, um

banheiro,

cozinha e área.

ço. Fig. XXI Vista

prédio

22

6.2.3 Opção A - Solução Semi-Industrializada

Estrutura perfis dobrados (vãos menores)

Lajes maciças

Fechamento externo alvenaria cerâmica

Divisórias Internas alvenaria cerâmica

6.2.4 Características Técnicas/Estruturas

Tipo de Aço USI-SAC 300

Peso 22,5 toneladas

Taxa 30,12 Kg/m2

Lajes Maciças - Espessura - 8cm

Colunas Quantidade - 34

Tipo - perfil duplo cartola

Dimensões - 140x70mm

Vigas Quantidade - 212

Tipo - perfil U enrijecido

Dimensões - 175x300mm

Sistema de Estabilização Pórticos rígidos e contraventamentos

6.2.5 Cronograma de Execução

Fundação 16 dias

Estrutura 17 dias

Acabamentos e instalações 90 dias

Horas totais trabalhadas no canteiro de obras: 19.864,43 horas

Horas trabalhadas por m2 de construção: 26,59 horas/m2

23

Horas trabalhadas por unidade de apartamento: 1.241,53 horas/apartamento

Custo unitário por hora trabalhada: R$ 9,72/hora (Fonte: Murba Engenharia S/A)

6.2.6 Opção B - Solução Industrializada

Estrutura perfis soldados (vãos maiores)

Lajes steel-deck

Fechamento externo painéis de concreto celular autoclavado

Divisórias Internas painéis em gesso acartonado

6.2.7 Características Técnicas/Estruturas

Tipo de Aço ASTM A-36 E

Peso 20 toneladas

Taxa 26,77 Kg/m2

Lajes Steel-deck - Espessura - 140mm

Colunas Quantidade - 12 - Tipo - Perfil H

Dimensões - 220x180mm

Vigas Quantidade - 84 - Tipo - Perfil I

Dimensões-350x130mm- 300x130mm-

250x150mm-250x130mm

Sistema de Estabilização Pórticos rígidos e colunas mistas (aço +

concreto)

6.2.8 Cronograma de Execução

Fundação 16 dias

Estrutura 17 dias

Acabamentos e instalações 74 dias

Horas totais trabalhadas no canteiro de obras: 17.633,98 horas

Horas trabalhadas por m2 de construção: 23,60 horas/m2

24

Horas trabalhadas por unidade de apartamento: 1.102,12 horas/apartamento. Custo

unitário por hora trabalhada: R$ 13,34/hora

(Fonte: Murba Engenharia S/A)

6.9 Casas

6.2.9 A casa

A casa é composta por engradamento metálico e

por colunas, que servem de guias para o

alinhamento das alvenarias. Tudo feito em perfis

de aço resistentes à corrosão atmosférica.

A casa pode ser construída em módulos. Assim,

o núcleo inicial é formado por um quarto, cozinha

e banheiro. A primeira expansão acrescenta uma sala e, a segunda, um outro

quarto.

Ao final das expansões, temos pronta e acabada uma residência de 36m².

6.2.10 Algumas sugestões de planta e decoração, sem escala:

Fig. XXII Estrutura completa

Fig. XXIII Planta

Fig. XXIV Planta

Fig. XXV Planta

25

6.3 Cosipa – prédios de quatro pavimentos com quatro unidades de

40m² por andar

A Cosipa desenvolveu dois projetos de edifícios de 827 m² para habitação popular,

com estrutura e escadas em aço e tipos variados de fechamento, lajes e divisórias

internas. Cada edifício possui quatro/ cinco/ ou sete pavimentos com quatro

unidades de 40m² por andar. Cada unidade é composta de dois dormitórios.

Adequado aos padrões da CDHU, o projeto foi concebido como um “Sistema

Construtivo Aberto” permitindo a adoção de diferentes materiais de acabamento e

complementos, tanto convencionais como industrializados. A solução semi-

industrializada apresenta fechamento e divisórias em blocos e lajes de concreto. A

solução industrializada mostra fechamento em painéis de concreto pré-moldado,

divisórias internas em gesso acartonado e lajes steel deck.

Fig. XXVI Projeto Cosipa

26

Modelo semi-industrializado

6.3.1 Ficha Técnica

Fundações: varia de acordo com o terreno. O levantamento de custos sugere como

parâmetro um modelo executado com estacas pré-moldadas, blocos e baldrames

em concreto armado.

Estrutura: pilares e vigas em perfis de chapas dobradas tipo caixão.

Contraventamento em perfis tubulares. A estrutura utiliza o aço COS CIVIL 300 ou a

aço COS AR COR 400E.

Escadas: escadas estruturadas em aço, com acabamentos em pintura. Os degraus

e patamares são preenchidos com concreto.

Lajes: concreto moldado in loco, com fôrmas metálicas reaproveitáveis.

Paredes: blocos de concreto nas paredes externas e internas

Aparelhos e metais sanitários: São especificados tanque de concreto, bacia com

descarga acoplada e tampos das pias em granilite.

Esquadrias: As esquadrias das janelas e portas externas são de aço. Nas portas

internas, de madeira.

Cobertura: Telhas de aço apoiadas sobre perfis de aço.

Pisos: No pavimento térreo será feito um contrapiso de concreto, sobre lastro de

brita apoiado diretamente no terreno. A área de serviço e a cozinha recebem um

cimentado liso, desempenado, com impermeabilização. O piso do banheiro é em

cerâmica, com rodapé. A área externa (calçadas) receberá um piso de concreto.

Revestimentos: Os revestimentos externos são executados com chapisco e emboço.

Os internos (área de serviço, banheiro e cozinha) recebem apenas emboço. As

demais áreas são entregues na alvenaria aparente.

Pintura: As paredes da cozinha, banheiro e área de serviço, recebem pintura a óleo.

As partes externas látex acrílico. As esquadrias, tanto de aço como de madeira,

assim como toda a estrutura metálica externa, são pintadas com esmalte sintético.

27

Instalações: Toda a instalação elétrica e hidráulica é embutida e as respectivas

prumadas estão concentradas num shaft. Todos os apartamentos possuem pontos

para instalações de telefone, antena coletiva e gás combustível.

Tempo estimado de execução: 120 dias

Modelo industrializado

Estrutura: perfis soldados. Para vencer vão maiores.

Lajes: steel deck

Fechamento externo: painéis pré-moldados de concreto

Divisórias internas: gesso acartonado

Tempo estimado de execução: 100 dias

6.3.2 Custos

Custos de execução de um prédio de quatro pavimentos pelo sistema de mutirão

com instalações elétricas/ hidráulicas e acabamentos contratados (sistema semi-

industrializado)

Serviços diversos 15 mil reais

Fundações 23 mil reais

Estrutura Metálica principal/ escada 52 mil reais

Lajes/ contrapiso térreo 30 mil reais

Instalações/ acabamento 131,20 mil reais

Total para um edifício 251,20 mil reais

Custo por apartamento 15,7 mil reais

Valores apurados em agosto de 1998

28

6.3.3 Modelo de

Planta e decoração,

sem escala

6.3.4 Cosipa- Casa

A Casa Cosipa foi desenvolvida inicialmente para atender ao padrão da CDHU

(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo):

dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro. No total são 36m² de área útil com

possibilidade de ampliação para três dormitórios através da utilização de um “kit” de

expansão com 18m².

Fig. XXVII Planta

29

É possível a

adequação a outros tipos de plantas e soluções arquitetônicas, sendo admitido

qualquer padrão de acabamento, do mais simples ao mais sofisticado. O projeto foi

concebido com um “Sistema Construtivo Aberto”, permitindo a adoção de diferentes

soluções.

É possível montar a casa em cinco horas, em média, e a casa fica pronta no prazo

de 6 a10 dias (em uma casa convencional são necessários cerca de 40 dias) e a

montagem não demanda muitas pessoas ou ferramentas.

A estrutura metálica, feita com aço COS AR COR 400E ( apresenta maior resistência

à corrosão atmosférica) é embutida nas paredes.

O kit é composto por apenas quatro tipos diferentes de perfis, o maior pesando

apenas 23 kg, e todas as ligações são parafusadas.

6.3.5 Planta e decoração, sem escala

Fig. IXXX Casa Pronta

30

7. Kit metálico x habitação convencional

Sistema industrializado é mais caro mas diminui tempo de execução

A PINI WEB ( Revista Construção Mercado 38 - setembro de 2004) realizou uma

pesquisa para comparar os custos dos dois sistemas construtivos, e este foi um

trabalho conjunto do arquiteto Mário Barreiros, uma empresa de consultoria em

engenharia e uma fornecedora de estruturas metálicas resultou na construção de

duas casas populares idênticas, de 40 m2, com sistemas construtivos diferentes. As

obras, realizadas em um mesmo terreno de Osasco (SP) no ano de 2001,

procuraram demonstrar a rapidez de montagem do kit metálico CM-05, projetado

Fig. XXX Planta

31

pelo arquiteto, frente à casa construída sob o sistema tradicional.

A casa CM-05 levou 28 dias para ser construída. Depois da execução do radier,

Barreiros conta que a estrutura foi montada em pouco mais de duas horas. A partir

de então, já puderam ser erguidas as paredes de fechamento do imóvel. A casa

convencional, construída com concreto armado, levou pouco mais de dois meses

para ser finalizada. As necessidades de espera pela cura do concreto e os trabalhos

foram os principais fatores para aumentar prazo de execução do sistema

convencional.

O kit CM-05 evoluiu de um projeto mais simples, elaborado por Barreiros em 2000,

constituído de um cômodo e um banheiro. A intenção era desenvolver alternativas

de abrigos emergenciais de baixo custo para famílias desalojadas. Desde então,

surgiram projetos de casas maiores, de até três quartos e uma varanda. Uma

parceria entre o arquiteto, a Flektor Engenharia e a Aga Engenharia possibilitou o

detalhamento dos projetos e a construção comparativa. Barreiros conta que, apesar

de saberem desde o início que a casa convencional seria mais barata, o que

pretendiam era demonstrar a rapidez de execução da casa metálica. “De antemão

sabíamos que a unidade convencional seria um pouco mais barata. Porém, também

sabíamos que a unidade executada com o kit de estrutura metálica seria realizada

mais rapidamente. Essa era a nossa proposta”, conta.

Na época, a diferença de preços era de 5%. No entanto, o aumento do preço do aço

nos últimos anos afetou a competitividade da construção metálica. “Mas ainda é uma

alternativa a ser considerada, uma vez que é construída na metade do tempo da

casa convencional”, lembra Barreiros. Ele acredita que a fabricação em grande

escala dos kits metálicos possibilitaria a redução do preço atual e o aumento da

competitividade.

7.1 Etapas que tiveram consumo equivalente de materiais nos dois sistemas

Descrição das etapas Un. Quantidade Custo Unitário Total (R$)

Fundação: radier m² 40 R$15,00 600,00

Alvenaria m² 92 R$8,92 820,64

Piso cerâmico (banh) m² 1,8 R$5,70 10,26

Telhado m² 50 R$12,60 630,00

32

Revestimentos -azulejo m² 7,65 R$11,20 85,68

Instalações hidráulicas vb - - 557,00

Instalações elétricas vb - - 630,00

Caixilhos vb - - 929,00

Pintura vb - - 170,00

Forro do banheiro m² 2 R$50,00 100,00

Total de matérias: R$ 4.532,58

7.2 Comparativo de consumo e custo de materiais empregados nos dois

sistemas

CM-05

Descrição dos materiais Un. Quantidade Custo unitário (R$) Custo Total

(R$)

Estrutura metálica (kit) un 1,00 2.760,00 2.760,00

Cimento sc 5,00 12,00 60,00

Areia m³ 3,00 27,00 81,00

Fig. XXXI Estrutura/ casa pronta/ projeto

33

Concreto, pilares e vigas m³ - - -

Aço 10 mm m³ - - -

Argamassa p/

assentamento

sc 5,00 10,00 50,00

Materiais diversos vb 1,00 400,00 400,00

Desperdício de materiais vb - - -

Total de matérias: R$ 3351,00

Convencional

Descrição dos materiais Un. Quantidade Custo unitário (R$) Custo Total

(R$)

Estrutura metálica (kit) un - - -

Cimento sc 10 12,00 120,00

Areia m³ 3 27,00 81,00

Concreto, pilares e vigas m³ 1,8 117,00 210,60

Aço 10 mm m³ 270 1,00 270,00

Argamassa p/ assentamento sc 10 10,00 100,00

Materiais diversos vb 1 400,00 400,00

Desperdício de materiais vb - - 400,00

Total de matérias: R$ 1581,00

7.3 Comparativo de custo de mão-de-obra empregada nos dois sistemas

Preço fechado por empreitada CM-05 Convencional

R$ 2.400,00 R$ 3.600,00

Total geral dos sistemas R$ 10.283,58 R$ 9.714.18

Estudo realizado em julho/2001

34

8. Considerações finais

A história da humanidade nos remete à idéia de que as técnicas construtivas estão

em constante mutação e desenvolvimento.

De acordo com cada época, necessidades sociais, descobertas de novos materiais e

suas formas de uso, surgem criando novas tendências.

Na atualidade há a necessidade de construções rápidas e eficientes, principalmente

para a construção de habitações populares, cuja demanda é constante e crescente e

o aço vem formando um novo conceito de construção nesse setor.

Em um primeiro momento pode-se questionar a eficiência do aço, em conjunto com

a alvenaria, devido ao custo superior ao sistema tradicional, porém ao analisar a

rapidez e o mínimo índice de desperdício do sistema conclui-se que seu custo

benefício é grande e as vantagens são diversas.

A construção em aço admite um sistema construtivo aberto que permite a adoção de

diferentes materiais de acabamento e complementos, desde os mais convencionais

até soluções construtivas industrializadas. Assim, o projeto pode se adequar às

características e peculiaridades da região onde for implantado. Ou seja, dentro das

construções populares esse sistema pode se adaptar às diferentes necessidades.

Em visita a Casas 20ª edição da FEHAB - Feira Internacional da Indústria da

Construção, que em 2004 foi inteiramente dedicada ao tema Habitação, pode-se ver

a força deste tema, que foi explorado por diversos stands (Usiminas e Cosipa, por

exemplo, apresentaram seus projetos de “casas rápidas”) Além de mostrar vários

sistemas construtivos racionais e de qualidade, a feira abriu espaço para a

discussão dos problemas e soluções para a resolução do déficit habitacional

brasileiro. Mostrando que o aço ainda pode ser mais explorado e com essa

popularização do uso o custo pode vir a se tornar menor e mais atraente.

35

9. Bibliografia

Revistas:

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Novembro/ Dezembro 99

nº43 Ano 8.

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Novembro/ Dezembro 99

nº43 Ano 8.

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Maio/ Junho 2000 nº46

Ano9

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Setembro 2001 nº54 Ano

10

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Dezembro 2002 nº69 Ano11

Revista de Tecnologia da Construção Téchne (PINI), Outubro 2003 nº79 Ano12

Sedimentação à Metalúrgica e materiais, Revista Construção Téchne – edição

especial, Setembro 2001 nº513 Vol. 57

Jornais:

Jornal da Construção (caderno do Jornal da Tarde- São Paulo), 27 de setembro

de 2004

Sites:

E-Civil: http://www.ecivilnet.com

Usiminas Mecânica: http://www.usiminasmecanica.com.br

Mepe- Estruturas Metálicas: http://www.mepe.com.br/

Construtora Mestra: http://www.construtoramestra.com

CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço: http://www.cbca-ibs.org.br

Metálica: http://www.estruturametalica.com.br

Cosipa: http://www.cosipa.com.br/

Usiminas: http://www.usiminas.com.br

Gerdau: http://www.casafacilgerdau.com.br/

36