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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ DEBORA CRISTINA CIPRIANI MAIA A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA: UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

DEBORA CRISTINA CIPRIANI MAIA

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

ESCRITA: UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

CURITIBA

2012

DEBORA CRISTINA CIPRIANI MAIA

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

ESCRITA: UMA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Trabalho de conclusão do curso, apresentado ao curso de Especialização em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à obtenção do titulo de especialista em Psicopedagogia. Professora Orientadora: Laura Bianca Monti

CURITIBA

2012

AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho com muito amor ao meu filho Yanni Maia que me deu

motivação e entusiasmo a prosseguir na busca de mais conhecimento e

aprimoramento no compromisso para com a educação.

Agradeço ao meu esposo pelo apoio e incentivo a prosseguir nos estudos.

Em especial renovo meus agradecimentos à professora Laura Bianca Monti

(Psicóloga – Psicopedagoga) pela paciência e auxílio na orientação e revisão deste

trabalho que me estimulou através da sua dedicação e respeito como profissional da

educação na escolha deste tema e aos demais professores do curso de

Psicopedagogia da turma 2010 da UTP pelo conhecimento e as experiências que

me proporcionaram das diversas formas no decorrer de todo o curso e sobre tudo

a Deus pela força e sabedoria que se fez presente em todos os momentos vividos

neste processo de conclusão do trabalho.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................1

2. A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO TRABALHO PSICOPEDAGOGICO...3

3. A ATUAÇÃO DO EDUCADOR/PSICOPEDAGOGO...............................6

4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEORICAS DE PIAGET E

VYGOSTSKY...........................................................................................8

4.1 JEAN PIAGET..........................................................................................8

4.2 LEV VYGOSTSKY.................................................................................16

5. O PROCESSO DA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA........18

5.1 ALGUNS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E

LINGUAGEM .........................................................................................23

6. ALGUNS JOGOS PARA DESENVOLVER A LINGUAGEM ESCRITA:

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA PSICOPEDAGOGIA.............................25

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................35

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................................37

.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

Paulo Freire.

RESUMO

Este trabalho é resultado de estudos realizados com referências bibliográficas, cujo título é A importância dos Jogos para o desenvolvimento da linguagem escrita: Uma intervenção psicopedagogica. Seu objetivo geral é mostrar a importância de educar-se através de jogos que tem uma significação muito importante para a criança porque o ato de brincar se faz presente em todas as fases da vida desde quando ainda bebê, investigar o quanto a criança ao interagir ludicamente aprende de forma natural, desenvolve suas potencialidades e supera suas dificuldades.E especificamente pretende-se analisar a influencia dos jogos no desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança, bem como a importância da intervenção na aprendizagem no processo da linguagem escrita, como também revisar os conceitos teóricos de Jean Piaget e Lev Vigotski sobre as fases do desenvolvimento cognitivo da criança com o meio social e suas influencias, bem como o papel de alguns jogos específicos que podem auxiliar no trabalho do desenvolvimento da leitura e escrita das crianças em fase de aprendizagem escolar. Após a realização da pesquisa, possibilitou a reflexão sobre o aprender de forma lúdica e dinâmica, pois não é somente um passatempo, jogando a criança tem a possibilidade de aprender, transformar e construir novos conhecimentos, pode-se considerar que este trabalho fornece informações e elementos que vem colaborar com o trabalho dos educadores e psicopedagogos.

Palavras-chave: jogo;psicopedagogia;educador;linguagem escrita.

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1. INTRODUÇÃO

Todos os anos, se recebe crianças no 6º ano do Ensino Fundamental que

apresentam alguma dificuldade de leitura e escrita que as impede de

acompanhar as demais no processo de ensino sistematizado . Estas crianças

são encaminhadas para sala de apoio no contra turno com a proposta de

resgatar o trabalho docente das séries iniciais do Ensino Fundamental.

Este trabalho, parte do interesse em demonstrar a importância de

atividades com jogos como um facilitador no processo de ensino aprendizagem

da criança com alguma dificuldade de leitura e escrita a importância que os

jogos exercem na aprendizagem, podendo auxiliar o educador em suas

atividades pedagogicamente. O jogo desperta emoções e gera necessidade de

competir, é a mola para ações que serão realizadas, buscando estratégias e

soluções para as diversas situações, ele tem o poder de motivar, é um

instrumento para estimular a construção do raciocínio e o desafio que

proporciona faz a criança ir em busca de respostas, conduz ao esforço

voluntario.

A atividade lúdica é um eficiente recurso para o desenvolvimento da

inteligência e mobiliza a ação intelectual. Produz como resposta o empenho de

forças, ação intencional em algum propósito. O papel do educador deve ser

daquele que gera a necessidade de ação na criança, objetivando a construção

da inteligência. As situações que os jogos criam devem permitir a possibilidade

de acerto, para que não se crie emoções negativas referente ao aprendizado.

O principal objetivo do jogo deve ser o de levar a criança a tomar decisões.

Quando ocorrem situações em que a criança demonstra dificuldade em

aprender, a utilização de jogos para diagnosticar o problema é comum e de

grande valia para o psicopedagogo que tem a principio o propósito de

investigar o que acontece com o desenvolvimento da criança no processo de

ensino aprendizagem, e posteriormente analisar o significado que a dificuldade

tem para a criança em questão, compreender como alguns processos podem

ter levado a essas patologias na aprendizagem da criança.

Os jogos podem ser utilizados como instrumentos para investigar e ,

diagnosticar as dificuldades cognitivas, psicomotoras e afetivas. É justamente

a possibilidade de analisar as jogadas, que fará com que a criança enriqueça

2

suas estruturas mentais e rompa com o sistema cognitivo que determinou os

meios inadequados ou insuficientes para a produção de determinado resultado.

Os jogos exercem realmente uma função facilitadora para a aquisição da

linguagem escrita nas crianças com dificuldades especificas? O jogo facilita o

desenvolvimento, pois a criança tem a possibilidade de aprender o que lhe é

passado com diversão, levando a analisar suas jogadas e identificar o sistema

cognitivo que determinou o rompimento do processo de aprendizagem. Sendo

assim o Objetivo Geral é: - Investigar o quanto a criança ao interagir

ludicamente aprende de forma natural, desenvolve suas potencialidades e

supera suas dificuldades. Os objetivos específicos são: - Analisar a influencia

dos jogos no desenvolvimento cognitivo da criança; verificar os conceitos de

dificuldades de aprendizagem que ocorrem no processo de leitura e escrita e

suas causas; Avaliar o papel de jogos específicos que podem auxiliar no

diagnostico psicopedagogico e no tratamento das dificuldades apontadas na

investigação.

O presente estudo trará os diferentes conceitos teóricos de pesquisadores

como Piaget e Vygostsky, procurando compreender suas reflexões sobre a

aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo da criança e sua relação com o

meio.

Portanto, buscará demonstrar que o jogo se faz necessário para o educador

como mediador no processo de ensino aprendizagem da criança, porque é um

momento em que ela pode expressar-se, descarregar toda a sua energia

interagindo com outras crianças e o mundo a sua volta, através de um contexto

lúdico que lhe possibilita desenvolver e aprender sempre.

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2. A IMPORTÂNCIA DO JOGO NO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO

O Jogo desempenha um papel importante como um facilitador no

desenvolvimento, um método natural e instrumento de ensino para o

psicopedagogo. Buscamos a origem da palavra Jogo e nos remete ao vocábulo

jocu termo de origem latina ( jocus ) usado como prefixo para designar gracejo.

Então podemos confirmar que o sentido etimológico da palavra expressa um

passa tempo.

A expressão, portanto, significa entretenimento ou diversão, também se

emprega no sentido figurativo de manejar com habilidade. Antes da revolução

romântica, três concepções estabeleciam as relações entre o jogo infantil e a

educação. A primeira recreação, segunda o uso do jogo para favorecer o

ensino de conteúdos escolares e a terceira, como diagnóstico da personalidade

infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis.

Consideramos que o jogo tem um sentido dentro de um contexto social e

está veiculado diretamente a língua enquanto instrumento de cultura na

sociedade, podemos presumir que o jogo assume a imagem, o sentido que

cada sociedade lhe atribui. Assim dependendo do lugar e da época, os jogos

assumem diferentes significações distintas. Conhecemos o arco e a flecha

hoje, como brinquedos para as crianças de culturas diferentes dos povos

indígenas, que para eles representam instrumento à atividade de caçar e

pescar como um meio de sustento de suas famílias, que até os dias atuais são

preservadas em suas culturas no Brasil.

Segundo Tizuko Morchida kishomoto, 2005, p.17:

“... cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus

valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem.”

O jogo, desde a Idade Média, aparece como uma descontração

necessária as atividades que exigiam esforço físico e mental, com isso por um

longo tempo ficou considerado “não-sério”, devido a sua associação ao jogo de

azar, bastante praticado na época greco-romana.

O Jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de

história, geografia e outros, a partir do Renascimento o jogo é visto como uma

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conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o

estudo. Ao favorecer necessidades infantis, o jogo infantil passa a ser

adequado para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Contudo, para se

contrapor aos processos verbalistas de ensino, a forma lúdica de ensinar

trouxe perspectivas positivas para o trabalho psicopedagógico. Hoje podemos

dizer que a criança é vista positivamente, atribuímos capacidades a ela de se

expressar através do jogo suas idéias de modo espontâneo e real.

Para Montaigne, o jogo é um instrumento de desenvolvimento da

linguagem do imaginário, o escritor privilegia jogos que valorizam a escrita.

Mas é Vives (Traité de Lénseignement, 1612, apud Brougère, 1993; 108) que

completa o sentido do jogo, veiculado nos tempos atuais, como um meio de

expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, como recriação,

momento adequado para observar a criança, que expressa através dele sua

natureza psicológica e inclinações.” ( Tizuko Mochida Kishimoto, 2005, p.29 )

Influenciados pelo Romantismo o pensamento da época trouxe um novo

olhar para a criança e o jogo, tendo como representantes filósofos e

educadores renomados como Jean-Paul Richter, Hoffmann e Froebel, que

consideram o jogo como conduta espontânea e livre, e também como um

instrumento de educação da pequena infância. Hoje podemos considerar o

jogo dentro do trabalho psicopedagógico como uma conduta prazerosa e

espontânea em atividades que tenham o objetivo de preparar a criança para o

mundo real e significativo.

No trabalho psicopedagógico as atividades lúdicas com jogos diversos

tem a intenção de buscar formas de atrair a atenção da criança. As emoções

que o jogo pode proporcionar a criança geram necessidades de ordem afetiva

e é a afetividade que alimenta essa atenção. O jogo mobiliza a criança em uma

determinada direção com o objetivo de obter o prazer.

Segundo Gilda Rizzo, p.40:

“ A ação humana é sempre fruto de uma motivação que organiza as

forças do individuo em direção a um determinado fim. O jogo motiva e

por isso é um instrumento muito poderoso na estimulação da

construção de esquemas de raciocínio, através de sua ativação. O

desafio por ele proporcionado mobiliza o individuo na busca de

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soluções ou de formas de adaptação a situações problemáticas e,

gradativamente, o conduz ao esforço voluntário. A atividade lúdica

pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador,

interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos,

quando mobiliza sua ação intelectual”

O interesse uma vez despertado na criança produz como resposta o

empenho em realizar as atividades propostas com êxito, fato essencial para

conduzir a construção do conhecimento e a superação da dificuldade acontece

gradativamente.

O trabalho psicopedagógico deve ser aquele que gera necessidades de

ação na criança, deve a todo custo incentivar a criança positivamente de modo

que ela supere as suas dificuldades. O objetivo de aplicar os jogos no trabalho

psicopedagógico é construir e desenvolver sua capacidade de raciocínio e

inteligência com o propósito de que, sobretudo a solução possa ser alcançada.

Então, as diversas situações que os jogos podem trazer permite, e favorece a

dinâmica do trabalho psicopedagógico possibilitando o desenvolvimento da

criança.

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3. A ATUAÇÃO DO EDUCADOR/PSICOPEDAGOGO

Educar ou ensinar podemos dizer que é uma verdadeira arte, ter a

disponibilidade de promover a construção de um ambiente rico em experiências

estimulantes, físicas, pessoais e interpessoais é realmente uma ação que só o

educador comprometido é capaz de proporcionar, essa rede de conexões entre

o conhecimento físico que envolve emoções que os próprios conceitos

representam para cada individuo que aprende. Esse poder que o homem tem

de explorar é que constrói o conhecimento humano e cabe a cada educador

saber estimular esse poder na medida certa para que a aprendizagem

aconteça. As crianças principalmente as mais jovens estão abertas ao novo,

são movidas por uma grande curiosidade, que necessariamente, precisam ser

seguras e confiantes em si próprias para aprender. O psicopedagogo é o

profissional capaz de aliar competência e conhecimento teórico e prático, a

forte empatia e disponibilidade afetiva para trabalhar de forma cooperativa com

a criança que não esta bem e que se encontra com alguma dificuldade em

determinado aspecto da sua vida.

Segundo Bossa (2000, p. 95) nesse trabalho clínico, que o

psicopedagogo faz com a criança, que se dá em consultórios ou em hospitais,

o psicopedagogo busca não só compreender o porquê de o sujeito não

aprender algumas coisas, mas o que ele pode aprender e como. A busca

desse conhecimento inicia-se no processo diagnóstico, momento em que a

ênfase é a leitura da realidade daquele sujeito, para então proceder a

investigação, que é o próprio tratamento ou o encaminhamento.”

A relação que o Psicopedagogo estabelece com a criança é cuidadosa,

permitindo levantar uma série de hipóteses indicadoras das estratégias

capazes de criar uma situação que facilite uma vinculação satisfatória mais

adequada para a aprendizagem. O Psicopedagogo também trabalha a postura,

a disponibilidade e a relação com a aprendizagem, com o objetivo de que a

criança torne-se o agente de seu processo, aproprie-se do seu saber,

alcançando autonomia e independência para construir seu conhecimento e

exercitar-se na tarefa de uma correta auto-valorização. Enfim, o psicopedagogo

procura compreender de forma global e integrada os processos cognitivos,

emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos que interferem na

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aprendizagem dessa criança, afim de, possibilitar situações que resgatem o

prazer na criança de aprender em sua totalidade, independente de sua idade,

incluindo também a integração dessa criança com todos aqueles que

contribuem com sua aprendizagem, estabelecendo uma integração maior entre

pais, professores, pedagogos e demais especialistas que transitam de alguma

forma, no universo da aprendizagem da criança.

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4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS DE PIAGET E VYGOSTSKY

4.1 JEAN PIAGET

Jean Piaget (1967) considerou que a criança possui uma lógica de

funcionamento mental que difere qualitativamente da lógica do funcionamento

mental de um adulto. Na sua investigação, ele partiu de uma concepção de

desenvolvimento envolvendo um processo contínuo de trocas entre o

organismo vivo e o meio.

A noção de equilíbrio é a base do pensamento da sua teoria. Para ele,

todo organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação

com seu meio, agindo de forma a superar perturbações na relação que

estabelece com o meio. Então, o desenvolvimento cognitivo se dá através de

sucessivos desequilíbrios e equilibrações. Para alcançar o equilíbrio são

necessários dois outros mecanismos que ele denomina de assimilação e

acomodação. Entende-se por assimilação o processo através do qual o

organismo desenvolve ações destinadas a atribuir significações aos elementos

de seu meio partindo de experiências anteriores já a acomodação é a

transformação necessária para que este organismo se ajuste ás demandas do

ambiente como, quando a criança ao pegar uma bola ocorre a assimilação na

medida que ela faz uso do esquema de pegar que já lhe é conhecido,

atribuindo à bola a função de objeto de pegar. E a acomodação acontece no

momento que se troca a bola de tamanho conhecido por outra maior ou menor.

A criança pequena deverá adaptar-se a essa modificação.

Segundo Piaget,1972,p.12:

“O desenvolvimento mental é a construção contínua, comparável à

edificação de um grande prédio que, à medida que se acrescenta algo,

ficará mais sólido.”

Portanto, Piaget verificou que esse processo é contínuo e também

caracterizado por fases distintas no desenvolvimento humano como no período

sensório- motor (0 – 18/24meses) onde podemos observar mecanismos

sensórios e motores, no contato com a realidade, e, no qual não há ainda

manipulações simbólicas como:

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Exercício dos reflexos;

Reações Circulares;Primeiros hábitos;

Reações circulares secundárias;

Coordenação dos esquemas secundários;

Reações circulares terciárias; Descobrimento de novos meios por

experimentação ativa;

Invenção de meios novos por combinação mental podendo ser dividido

em seis estágios conforme o desenvolvimento do bebê.

Estágio I é observado reflexos adquiridos (0 – 1 mês);

Estágio II é observado adaptações adquiridas como sugar a mão/

hábitos( 1 a 4 meses);

Estagio III é observado reações circulares o bebê já se familiariza com

seu próprio corpo ( 4 a 8 meses);

Estagio IV é observado o comportamento intencional quando o bebê usa

a mão do pai para alcançar um determinado objeto ( 8 a 12 meses);

Estágio V é observado o tateamento orientado quando a criança começa

a experimentar para ver o que acontece (12 a 18 meses);

Estágio VI é observado a inversão de novos meios quando a ação

motora passa a ser interiorizada – representação simbólica ( 18 a 24

meses)

Segundo Piaget (1967) os vários padrões do comportamento são

repetidos vezes sem conta, até serem dominados e são em seguida

impulsionados pelo movimento hierárquico do crescimento, esses padrões

ocorrem novamente em novas e mais complicadas formas; a criança em seus

dois primeiros anos de vida assimila boa dose de conhecimentos práticos sobre

o mundo que o rodeia, constrói imagens mentais de suas experiências

externas. Ao antecipar acontecimentos futuros, a criança alcança o nível de

desenvolvimento conseguido pelos animais superiores e acaba por percorrer

em dois anos um longo caminho na construção do seu conhecimento.

Nesta fase o jogo não recebe uma conceituação específica, entendida

como ação assimiladora, o jogo propõe maneiras diversificadas em que a

criança se envolve de uma forma mais espontânea e prazerosa. Ele coloca o

brincar dentro do conteúdo da inteligência do ser humano e não na estrutura

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cognitiva, Piaget distingue a construção de estruturas mentais na aquisição de

conhecimentos. Então o jogo, enquanto processo de aprendizagem manifesta

uma conduta lúdica, fazendo com que a criança demonstre o nível de seus

estágios cognitivos e através deles construa seu conhecimento.

Segundo PIAGET apud.( Tizuko Mochida Kishimoto.2005, pg 51 )

“Obrigado a adaptar-se sem cessar a um mundo social dos mais

velhos, cujos interesses e cujas regas lhe permanecem exteriores, e

a um mundo físico, que ela ainda mal compreende, a criança para

seu equilíbrio afetivo e intelectual precisa dispor de um setor de

atividade cuja motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo

contrário, a assimilação do real ao eu sem coações nem sanções: tal

é o jogo, que transforma o real por assimilação mais ou menos pura

às necessidades do eu, ao passo que a imitação é acomodação mais

ou menos pura aos modelos exteriores e a inteligência é o equilíbrio

entre assimilação e acomodação.”

Cada ato de inteligência é definido pelo equilíbrio entre assimilação e

acomodação. Na assimilação, o sujeito incorpora eventos, objetos ou situações

dentro de formas de pensamentos, que constituem as estruturas mentais

organizadas. Na acomodação, as estruturas mentais já existentes reorganizam-

se para incorporar novos aspectos do ambiente externo. Quando a

acomodação predomina sobre a assimilação pode ocorrer a imitação. O jogo, o

brincar acontece quando a assimilação supera a acomodação.

Os jogos de exercícios no período sensório-motor são atividades lúdicas

que acontecem do nascimento ao surgimento da linguagem e constantemente

reaparecem durante toda a infância até a idade adulta. Constituem-se de

exercícios simples cujo objetivo é promover o prazer do funcionamento.

Caracterizam-se pela repetição de gestos e de movimentos simples e tem valor

exploratório, desenvolvendo assim a percepção da criança através de jogos

motores e de manipulação, sonoros, visuais, táteis, olfativos e até gustativos.

No início desse período sensório-motor existe a preparação reflexa, onde não

há imitação e, portanto o jogo não faz parte do processo.

Posteriormente surge a imitação sistemática, onde a criança imita

movimentos voluntariamente e a ação passa a se transformar em jogo. Na

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imitação de movimentos já executados a criança passa para a imitação de

novos modelos sonoros e visuais, o jogo, nesta fase caracteriza-se pelo

surgimento de estratégias adquiridas a situações novas formando combinações

lúdicas sem esforço, portanto, passa a existir prazer na ação de atuar para

alcançar um fim determinado. A criança passa a atingir, então, a capacidade de

imitar sistematicamente novos modelos, uma vez que as atividades

estabelecem uma ordem.

Para Piaget, 1971 apud (Tizuko Mochida kishimoto, 2005. pg.59)

“quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira,

sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto

não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe

atribui. É o que se chama de jogo simbólico, o qual se apresenta

inicialmente solitário, evoluindo para o estágio de jogo

sociodramático, isto é, para a representação de papeis, como brincar

de médico, de casinha, de mãe ...”

Nessa fase ocorre o aparecimento acentuado das representações

mentais, desenvolvendo as funções simbólicas (capacidade de simbolizar um

fato real (faz de conta). No período pré-operatório de 1 ano e meio até os 8

anos de idade o aparecimento da função semiótica e início da interiorização

dos esquemas de ação em representações dos 2 anos ate 4 anos e também as

organizações representativas fundadas sobre configurações estáticas ou sobre

assimilação à ação própria dos 4 ate os 5 anos e meio, quanto as regulações

representativas articuladas surgem depois dos 5 anos de idade até por volta

dos 8 anos.

Os jogos simbólicos manifestam-se entre dois até aos seis anos.

Surgem com o aparecimento da representação e da linguagem. Atribui-se a

representação de um objeto ou situação, ausente. Inicialmente o “faz-de-conta”

da criança é uma atividade solitária envolvendo o uso ideossincrático de

símbolos. As brincadeiras sociodramáticas usando símbolos coletivos

aparecerão somente no terceiro ano de vida na teoria piagetiana, o “faz-de-

conta” precoce envolve elementos cujas combinações variam com o tempo

aparecendo na seguinte seqüência:

Comportamento descontextualizado: dormir, comer;

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Realizações com os outros: dar de comer a uma boneca, faze- la

dormir;

Objetos substitutos: como blocos no lugar da boneca;

Combinações seqüenciais: imitando ações que desenvolvem o

“faz-de-conta”.

Com o jogo simbólico a criança supera a simples satisfação pela

manipulação de objetos. O símbolo substitui o exercício. A criança assimila a

realidade externa ao seu eu e através do “faz-de-conta”, ela realiza sonhos e

fantasias, revela seus conflitos interiores,medos e angustias, aliviando tensões

e frustrações. Com o avanço da idade a criança procura cada vez mais imitar a

realidade de forma precisa.

Os jogos com regras pré estabelecidas começam a aparecer a partir dos

4 anos e são predominantemente no período entre 7 aos 12 anos. É nessa

etapa que a criança passa da atividade individual para a socializada.

Os símbolos disponíveis para a manipulação mental e expressados em

linguagem têm a propriedade de um preconceito. Preconceito é o intermediário

entre o símbolo imaginário e o conceito propriamente dito. A criança é

egocêntrica nas representações mentais, desenvolvendo a percepção

centrada, sem considerar o ponto de vista do outro.Pouco esforço faz em

adaptar a sua linguagem às necessidades do ouvinte. Não consegue pensar

sobre o seu próprio pensamento. A criança concentra-se num único aspecto do

objeto, o que produz a distorção do raciocínio; é incapaz de considerar vários

aspectos do elemento. Assimila os aspectos aparentes que mais chamam a

sua atenção. O pensamento é estático e imóvel.

Entre 6 e 7 anos assiste-se a uma estruturação dos esquemas

cognitivos. Esta fase intermediária se caracteriza por um esforço considerável

de adaptação à idéia de uma forma semi-simbólica de pensamento que é o

raciocínio intuitivo. Já há uma exploração de vários traços do objeto, na busca

de um todo, mas ainda não há uma conservação de um todo. O erro é de

ordem perceptiva, há uma construção intelectual incompleta. Entretanto ocorre

o progresso na medida em que o sujeito examina as configurações do

conjunto, de maneira a relacionar duas dimenções do objeto mas não amplia

as suas conclusões sobre compensações e conservações porque ainda está

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muito presa às imagens perceptivas. A descentração progride, identificando

vários traços de uma realidade e na tentativa de buscar relações. As regras

mantém maior constância e organizações, mas carecem de reversibilidade e de

conservações e relatividade, já começam as tentativas de agrupamento ( por

um traço apenas, sem inclusões de classe) e ordenações por um traço

perceptivo, ainda apoiado em pareamentos ) sem inclusão de séries.

Piaget (1967) atribui um valor fundamental aos processos imitativos

para a constituição da representação mental da criança. Se a representação

nasce da imitação, o aparecimento da brincadeira e dos jogos simbólicos

depende de processos imitativos, vinculados ao meio sócio-afetivo infantil. E,

portanto a função do psicopedagogo é fazer do jogo uma oportunidade para

que a aprendizagem aconteça efetivamente nesta fase.

O nível de acabamento das operações concretas acontece dos 9 anos

até os 12 anos de idade, durante este período, as deficiências do período

anterior são, em grande parte superadas. A criança adquire o conceito de

conservação ou o princípio de invariância. A quantidade de água um vidros

diferentes não mudam simplesmente porque a forma mudou. Se pegar uma

mesma massa e transforma-la ora numa bola, ora numa salsicha, a quantidade

não varia, simplesmente por ter mudado a forma. Além disso, a criança adquire

o conceito de reversibilidade, no pensamento, as idéias podem ser retomadas,

a situação original pode ser restaurada, as coisas transformadas podem voltar

às suas origens. A criança tem mais capacidade de descentração, buscando as

identidades e diferenças, além do percebido.Derivado desta capacidade, a

criança pode classificar objetos sob um aspecto e desclassifica-lo sobre um

outro ( em um aspecto pertence a um conjunto, num outro aspecto pertence a

outro grupo). A criança possui a capacidade de ordernar os objetos tendo em

vista uma qualidade padrão ( ordernar varas de tamanhos diversos). Isto se dá

porque consegue estabelecer relações. Estabelecer relação, classificando e

seriando, faz com que o mediador deduza das ações percebidas, operações

implícitas, porém estas operações são feitas tendo em vista objetos concretos.

A simples verbalização para expressar relações não são compreendidas

nesta fase. O mesmo processo se dá em relação à percepção espacial-

temporal, isto é, todas as características de flexibilidade(reversibilidade) e

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constância de elementos aparecem na percepção de causa e efeito.

Igualmente na avaliação ( julgamento ético e estético) todas as características

citadas acima entram no processo.

“Em síntese, para Piaget, o desenvolvimento mental da criança surge... “ como

sucessão de três grandes construções, cada uma das quais prolonga a

anterior, reconstruindo-a primeiro num plano novo para ultrapassa-la em

seguida, cada vez mais amplamente. Isto já é verdadeiro em relação à

primeira, pois a construção dos esquemas sensórios-motores prolonga e

ultrapassa a das estruturas orgânicas no curso da embriogenia. Depois a

construção das relações semióticas, do pensamento e das conexões

interindividuais interioriza os esquemas de ação, reconstruindo-os no novo

plano de representação e das estruturas de cooperação. Enfim, desde o nível

de 11 – 12 anos, o pensamento formal nascente reestrutura as operações

concretas, subordinando-as as estruturas novas, cujo desdobramento se

prolongará durante a adolescência e toda a vida ulterior( com muitas outras

transformações ainda)” (Piaget,1986,pg.129).

O estágio das operações formais começa no inicio da adolescência (11 –

12 anos) até as operações formais avançadas (13 – a 15-16 anos). O

adolescente pode raciocinar dedutivamente, fazer hipóteses a respeito de

soluções para o problema, pensar simultaneamente em varias hipóteses. È

capaz de raciocínio científico e de lógica formal e pode aceitar a forma de um

argumento, embora deixe de lado seu conteúdo concreto, de onde se origina o

termo “operações formais”. O adolescente parece preocupado com o

pensamento. Considera leis gerais e se preocupa com o hipoteticamente

possível e também com a realidade, ele já não precisa limitar sua percepção a

situações imediatas e ao concreto. O individuo que atingiu as operações

formais tenta pôr a prova suas hipóteses, seja mentalmente ou através de

experimentos reais. Finalmente, o adolescente perceberá o outro, entrará no

processo afetivo ou imaginativo de forma mais flexível que anteriormente,

usando nas suas interpretações a avaliações hipóteses mentais elaboradas ou

mesmo criadas, tendo a capacidade de confronta-las com a realidade em

relação ao demais estágios na teoria piagetana. Isto acontece porque as

imagens são elaboradas, reelaboradas e combinadas mentalmente, sem deixar

de serem confrontadas com uma realidade objetiva, claramente delineada pelo

adolescente, há diferenciação nítida entre o Eu e o objeto.

15

O adolescente que aprende é, portanto, um ser inteiro e ao mesmo

tempo em que possui aspectos comuns a todos os outras crianças , tem uma

particularidade que está ligada às interações que estabelece com o meio e com

a ênfase dada à dimensão do sujeito e ao elemento do meio, no momento da

interação com o seu mediador e o jogo.

“Ao defendermos que o homem pluridimensional é o sujeito na construção do

conhecimento e de sua própria autonomia não estamos nos colocando dentro

de uma concepção idealista, individualista e subjetivista que vê o homem como

sujeito absoluto do conhecimento e construtor único do objeto contra uma

comecanicista e objetivista que vê o homem como sujeito passivo, recipiente,

contemplativo, cuja função é registrar o objeto. Estamos, sim, adotando a

posição de Schaff (1987), que se opõe a estas duas concepções propondo um

terceiro modelo, baseado no princípio da interação sujeito-objeto, na qual tanto

sujeito como objeto atuam um sobre o outro.(Silva, Maria Cecília

Almeida,1998,p.30)

Para o adolescente o jogo deve ser utilizado somente quando a

programação possibilitar e somente quando se constituir em um auxílio

eficiente ao alcance de um objetivo que o educador pretende alcançar. O jogo,

antes de tudo deve ser uma atividade preparatória, desenvolvendo as

percepções do adolescente, a inteligência e seus instintos. O educador precisa

medir com precisão para trabalhar de forma segura não podendo aplicar um

jogo muito fácil nem muito difícil para não desestimular por outro lado temos

que ter muito cuidado ao escolher jogos como técnica de aprendizagem, para

que o adolescente nesta fase não se distancie do objetivo do jogo em estudo.

16

4.2 LEV VYGOTSKY

Para Vygosky,(1984) o primeiro contato da criança com novas

atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um mediador.

Ao internalizar um procedimento, a criança se apropria dele, tornando-o

voluntário e independente. Assim o aprendizado não se subordina totalmente

ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta

do outro, provocando saltos de nível de conhecimento.

O ensino, para Vygosky, deve se antecipar ao que a criança ainda não

sabe nem é capaz de aprender sozinha, porque, na relação entre aprendizado

e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus

principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a

distancia entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o

potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de

desenvolver uma competência com a ajuda de um mediador. Portanto, a zona

de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue

fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Então, saber

identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada criança

entre ambas são as duas principais habilidades importantes que um

psicopedagogo precisa ter no caso como de ser o mediador da criança.

Para Vygotsky, apud (Tizuko Mochida Kishimoto, 2005. Pg 32,33):

“os processos psicológicos são constituídos a partir de injunções do

contexto sócio-cultural. Seus paradigmas para explicitar o jogo infantil

localizam-se na filosofia marxista-leninista, que conhece o mundo

como resultado de processos histórico-sociais que alteram não só o

modo de vida da sociedade, mas inclusive as formas de pensamento

do ser humano. São os sistemas produtivos geradores de novos

modos de vida, fatores que modificam o modo de pensar do homem.

Dessa forma, toda conduta do ser humano, incluindo suas

brincadeiras, é construída como resultado de processos sociais.

Considerada situação imaginária, a brincadeira de desempenho de

papeis é conduta predominante a partir de 3 anos e resulta de

influências sociais recebidas ao longo dos anos anteriores.”

17

A atividade lúdica inicia-se aos três anos com o jogo de papéis, no qual

a criança cria uma situação imaginária, incorporando elementos do contexto

cultural adquiridos por meio da interação e da comunicação.

Na concepção de Vygotsky, o nascimento da atividade simbólica é

marcado pela existência do gesto de apontar, entretanto, para os

vigotskinianos colocam o nascimento do símbolo a partir do processo de

interiorização. Os jogos são condutas que imitam ações reais e não apenas

ações sobre objetos ou uso de objetos substitutos. Não há atividade

propriamente simbólica se os objetos não ficam no plano imaginário e são

evocados mais por palavras que por gestos. Os pesquisadores russos

concluem que a atividade simbólica aparece em torno dos três anos.

Segundo Vygostky, apud ( Tizuko Mochida Kishimoto,2005. pg 61 ):

“só brincando é que ela vai começar a perceber o objeto não da

maneira que ele é, mas como desejaria que fosse. Na aprendizagem

formal isso não é possível, mas no brinquedo isso acontece, porque é

onde os objetos perdem a sua força determinadora. A criança não vê

o objeto como é, mas lhe confere um novo significado.”

Há articulação entre o real e o imaginário. Através das situações

imaginárias, ao brincar a criança satisfaz necessidades e desejos que não

podem ser satisfeitos.

A ação dentro de uma situação imaginária possibilita a criança resgatar

a percepção imediata das coisas e objetos dirigindo seu comportamento pelo

significado da situação, sua ação passa a ser regida pelas idéias e não pelos

objetos, o brinquedo propicia a ação na esfera do intelecto, portanto o jogo é

considerado fator básico no desenvolvimento infantil. O jogo é capaz de

promover a relação da criança com o mundo e com a linguagem e transformar

seus conceitos consolidados da cultura à qual ela pertence.

18

5. O PROCESSO DA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA

Conhecer o processo de construção da linguagem escrita auxilia o

educador psicopedagogo a estabelecer diferenciações importantes entre falhas

de escrita e leitura decorrentes do processo de aprender e as possíveis

dificuldades específicas de linguagem que a criança pode apresentar.

A linguagem é um instrumento simbólico construído pela humanidade,

durante milhares de anos.segundo Vygotsky e Luria,1988.pg 182 os homens

primitivos utilizavam uma linguagem bastante concreta composta pela fala e

por gestos, com o desenvolvimento da culturas, a linguagem passa a ser

caracterizada por um vocabulário mais generalizante, o que tem uma estreita

conexão com o desenvolvimento do pensamento humano. Na linguagem

escrita sua origem tem nos primeiros signos artificiais utilizados por alguns

povos primitivos com a intenção de auxiliar a memória.

Na história da escrita está intimamente ligada à historia de como o homem

desenvolve-se para controlar sua memória, passando da linguagem oral para a

utilização de instrumentos que faziam os registros através de nós, dados em

espécies de cordas, para a escrita pictográfica, que utilizava imagens visuais

para transmitir pensamentos e conceitos, até a escrita ideográfica ou

hieroglífica, que utilizava símbolos que se distanciavam do o0bjeto.

Estes instrumentos tinham como finalidade informar o outro, portanto,

guardando em si uma função social.

John Lyons.1987,pg 17

“A linguagem é um método puramente humano e não

Instintivo de se comunicarem idéias,emoções e desejos

Por meio de símbolos voluntariamente produzidos”.

Para reduzir os sinais a serem utilizados na escrita surgem os sistemas

alfabéticos, nos quais as letras constituem a representação de unidades

mínimas da palavra, que são os fonemas. Estes sistemas possibilitaram o

aparecimento das leis de combinação, que permitem com poucos signos

representar a linguagem oral.

No seu desenvolvimento, o homem primitivo que, segundo VYGOTSKY 1987,

pg 183.” Utilizava a inteligência pratica e a linguagem pré-intelectual,

19

transformou-as em linguagem intelectual e pensamento verbal, capazes de

serem registrados como instrumentos auxiliares de memória e, posteriormente,

como linguagem escrita. Além de auxiliar da memória, a escrita tem o objetivo

de comunicar pensamentos, sentimentos e idéias, tornando-se um instrumento

simbólico complexo, utilizado na mediação entre o homem e sua cultura.

Portanto a seguir veremos uma comparação entre as etapas de

desenvolvimento da escrita na humanidade comparadas ao desenvolvimento

da criança pesquisadas por Emilia Ferreiro ( 2006 ) pg 184 como um

desenvolvimento em espiral, para as estruturas cognitivas.

Escrita Pictográfica – desenhando o objeto, a criança inicia sua

construção gráfica representativa.

Escrita ideográfica – distinguindo a diferença entre desenho e letra, a

criança faz sua primeira grande descoberta ( descobre a convenção).

Escrita Logográfica – descobrindo que a palavra é o desenho do som e

não do objeto.

Escrita Silábica – descobrindo que o som pode corresponder ao sinal

gráfico( hipótese silábica ).

Escrita Alfabética – descobrindo as leis de combinação uma importante

descoberta.

VYGOTSKY, 1989, pg 126

“Na nossa opinião, essa é uma conclusão

extraordinariamente importante: ela indica que a

representação simbólica no brinquedo é

essencialmente, uma forma particular de linguagem

num estágio precoce, atividade essa que leva,

diretamente, á linguagem escrita.

Portanto a Psicogênese da criança refaz a Sociogênese de escrita da

humanidade. A alfabetização é identificar a construção de hipóteses e os

conflitos. Segundo Emilia Ferreiro e colaboradores, em pesquisas realizadas no

México de 1979 a 1981 e em outros paises, puderam estabelecer uma

evolução de níveis no processo da aquisição da escrita, são eles:

Pré-silábico – a criança não estabelece uma relação necessária entre

linguagem falada e as diferentes formas de sua representação. A

20

palavra e a escrita na se vinculam com a fala, só há interesse gráfico.

Acredita que se escreve com desenho: é a tese da escrita figurativa.

Pré-silábico I – PS1 – a criança escreve só com desenhos. A grafia

contem traços figurativos daquilo que se escreve. A criança só entende

a leitura de desenhos ou de desenhos com letras próximas a eles. Os

aspectos figurativos são essenciais.

Pré-silábico II – PS2 – a criança mescla entre desenho e sinal gráfico.

Comportamento intermediário: recusa-se a escrever porque não sabe a

afirma que com desenho não se escreve. Usam sinais gráficos

abandonando aspectos figurativos que ainda permanecem

presentes.Começa a compreender que so com letras é possível

escrever. Na medida que a criança vai escrevendo com letras, números

ou assemelhados começa a condicionar a quantidade deles, seu

tamanho e posição.

Silábico – a criança percebe as incoerências com as hipóteses do

estágio anterior. Surge uma nova teoria de que para cada sílaba é

necessário ter pelo menos uma letra( geralmente uma vogal). Ocorre o

inicio de vinculação da fala com a escrita: vinculações sonoras> Divisão

das palavras em tantas letras quantas sílabas orais elas possuem, sem

introduzir sílabas escritas.

Intermediário III - a criança passa do silábico ao alfabético, o que leva a

criança a abandonar a hipótese de que cada sílaba oral corresponde a

uma letra. Impossibilidade de ler o que se escreve no dia seguinte não

lembra o que escreveu B E A ( boneca ) e a impossibilidade dos outros

lerem o que a criança escreveu. Impossibilidade de ler o que os já

alfabetizados escrevem ( o que é escrito convencionalmente).

Albabético – a criança reformula a hipótese anterior. Agora existe a

hipótese de uma correspondência relativa entre fonema e letra.

Introdução de sílabas escritas. Acontece a fonetização das sílabas. A

criança percebe que as sílabas geralmente possuem mais de uma letra,

mas nem sempre a criança reconhece o valor convencional do som das

letras escritas, é necessário trabalhar este reconhecimento.

Didática do pré-silábico:

21

Letras – análise gráfica: aspectos topológicos, de forma,de posição com

o objetivo de atingir a invariância.Introdução dos aspectos sonoros

através das iniciais de palavras significativas e distinção entre letras e

números.

Palavras – associação palavra x objeto ( imagem). Memorização global

de palavras significativas. Análise da constituição das palavras quanto á

sua inicial, letra final, número de letras e ordem das letras.

Frases (textos) – aspectos semânticos, vinculação discurso oral com

texto escrito; distinção entre imagem e escrita.Aspectos gráficos,

orientação espacial da frase; reconhecimento das letras como

constituintes do texto; analise da distribuição espacial do texto.

Didática do nível silábico:

Letras – reconhecimento do som das letras pela análise da primeira

sílaba de palavras. Estudo das formas e da posição das letras, cursiva e

maiúscula de imprensa.

Palavras – ênfase na analise da primeira letra da primeira sílaba.

Contraste entre palavras memorizadas globalmente e a hipótese

silábica,contagem do número de letras, desmembramento oral de

sílabas e hipóteses de repartição de palavras escritas.

Textos – usar textos com conteúdo já memorizado( letras de

músicas).Pesquisar de qualquer palavra no texto como verbos, artigos

etc...

Didática do nível Alfabético :

Produção de textos: individual ou coletivamente.

Organização de livros de história

Atividades a partir de um texto: leituras parciais ou globais

Reconhecimento de palavras, frases ou letras.

Analise quanto ao número de letras ou de sílabas, quanto á letra inicial

ou final.

Ditado de palavras ou frases do texto.

Copiar palavras no interior de desenhos.

Remontar o texto com suas frases em ordem diferente da original.

Ilustração do texto com desenho

22

Contagem de frases, espaços e palavras

Cópia com espaços marcados.

Completar lacunas de palavras.

23

5.1 ALGUNS ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E

LINGUAGEM

Por volta dos 7 anos a criança inicia-se o processo de alfabetização, um

longo processo de formação de conceitos e conhecimentos adquiridos. Se

espera que nessa fase a criança já tenha superado as principais dificuldades

consideradas como obstáculo para seu desenvolvimento escolar: articulação

de fonemas, estruturação de frases, organização e expressão de pensamentos

e formação de palavras.

É nessa idade que a criança inicia o chamado período operatório

concreto, que se trata de uma fase transitória entre a ação e as estruturas

lógicas, que implicam uma combinatória e uma estrutura de “grupo” assentadas

nas operações básicas de classes e relações. Nessa fase, não possui mais o

pensamento dominado pela percepção, embora ainda esteja vinculado a ela, já

se domina os problemas de classificação e seriação, percebe as

transformações e as correspondências entre elas. A criança atingirá nessa fase

graças à construção de noções de permanência do objeto, tempo, espaço,

causa construídas corretamente através da experimentação. É a partir desse

momento que o período operatório concreto estará se construindo. A

linguagem então caminhará de forma a permitir que até o final desse período

haja total independência com a relação à ação favoreça a antecipação e

finalmente a hipotetização.

Durante o período operatório concreto é observada à evolução da

expressão oral e escrita, no inicio as sentenças escritas estarão diretamente

relacionadas à expressão oral, isto é, ela irá escrever exatamente o que falará.

Com as habilidades desenvolvidas e trabalhadas com relação à leitura, à

aquisição de regras gramaticais, estilo narrativo, a criança terá condição de

constituir sua linguagem escrita, traduzindo para essa forma de comunicação o

que seria a expressão oral.

Há um ponto em comum muito importante com relação à aprendizagem

na linguagem oral e escrita, a criança expressará oralmente aquilo que tiver

significado para ela, da mesma forma, leitura e escrita devem ser significativas

para que haja compreensão, e isso ocorrerá a partir das situações vivenciadas

e do vocabulário de seu cotidiano. (autor)

24

Segundo Wandsworth, 1989, a validade de se ensinar, apenas, regras

verbais deve ser questionada. O conhecimento, a aprendizagem tem sua

gênese na ação. É com a compreensão que se justifica o ensino formal de

sentenças que definam situações. Dessa forma a criança terá condições de,

com a linguagem que possui construir suas próprias definições. É importante

que a criança siga seu pensamento ate o fim para então falar sobre ele.

Temos também o elemento “surpresa”, que pode ser a chave no

desenvolvimento cognitivo, uma vez que contem um elemento cognitivo de

expectativa que não é confirmado a respeito de coisas “conhecidas”. De acordo

com a espitemologia genética pode ser definida como parte de um

acontecimento desequilibrador que leva a tentativas de assimilação e

acomodação no acontecimento. Inhelder, Sinclair e Bovet (1974) enfatizam o

uso do elemento surpresa afirmando que “pode ser introduzido nos

procedimentos de treinamento em situações mais variadas e em sucessões

mais rápidas do que a criança tende a encontrar nas suas ocupações mais

usuais” (p. 267).

É importante que todo processo a construção da linguagem oral pelo

qual a criança passa desde o nascimento, seja considerado da mesma forma

que sua relação à linguagem escrita. A partir dos 7 anos há uma grande

preocupação com a educação formal, cabe ao professor a tarefa de construir o

conhecimento a nível operatório concreto, de maneira a preparar a criança a

iniciar suas operações formais. É a criança que constrói seu conhecimento, de

acordo com as oportunidades que lhe são oferecidas.

25

6. ALGUNS JOGOS PARA DESENVOLVER A LINGUAGEM ESCRITA: UMA

CONTRIBUIÇÃO PARA A PSICOPEDAGOGIA.

O conhecimento, no sentido geral, não é uma coleção de fatos isolados,

mas uma estrutura organizada que permite à criança relacionar as informações

obtidas em cada momento da vida e assim acontece com a sua aprendizagem

também. As crianças aprendem através de seus sentidos,de seus movimentos

e de suas ações.Cada dia na vida da criança é um dia cheio de novidades,

novas situações e desafios e ela aprende vivendo,experimentando,refazendo

suas descobertas e transformando conforme suas necessidades.

Assim também é a sua interação com o jogo, ele possibilita uma relação

de prazer e interação com outras crianças, adultos e o ambiente em sua volta.A

criança é capaz de construir o conhecimento a partir da leitura que faz do seu

mundo, ou seja, da sua realidade, e ela é capaz de extravasar toda sua

emoção quando esta jogando, portanto, torna-se uma situação ideal de

aprendizagem aquela em que a atividade é de tal modo agradável,que a

criança encontra desafios e obstáculos para superar, isso é atrativo para

criança quando joga, é diferente de uma aprendizagem formal, e isso o jogo

pode proporcionar.

Para Piaget (1967), o jogo é o mais importante e adequado meio para a

construção do conhecimento nos primeiros anos de vida.Uma atividade rica em

estimulação, pode conter o desafio necessário para provocar uma determinada

aprendizagem ao liberar um potencial existente e como conseqüência, uma

situação de descoberta. A emoção da descoberta se torna, então, o motivo

principal de aprendizagem.

As atividades com jogos podem acontecer individualmente ou em grupo.

Essas atividades contribuem para a autovalorização da criança, permitindo que

ela se auto-avalie de acordo com as situações, constatando o seu progresso.

Dentre os inúmeros tipos de jogos que existem no mercado a venda em lojas

de brinquedos, papelaria e no comercio em geral, pesquisei alguns que podem

ser utilizados em sala de aula com pequenos grupos ou em atendimento

psicopedagogico individual em que poderá atender os diferentes objetivos em

que o educador possa adequar a sua realidade e a necessidade da sua criança

26

modificando as regras do jogo e criando novas maneiras de trabalhar com ele

de acordo com o seu planejamento.

A seguir algumas sugestões de jogos pesquisados para trabalhar o

desenvolvimento da linguagem escrita no atendimento psicopedagogico:

PALAVRAS CRUZADAS – PAIS & FILHOS INDL.E COML.LTDA.

Idade: a partir dos 7 anos

De 2 a 4 jogadores

Objetivos: Estimula à formação de palavras; trabalha a atenção;

concentração; disciplina; desenvolve o raciocínio lógico; lingüístico;

Trabalha a memória e discriminação visual.

O JOGO DA ENCICLOPÉDIA – GROW JOGOS E BRINQUEDOS S.A

Idade: a partir dos 10 anos

Para 3 ou mais jogadores

Objetivos: Trabalha escrita, leitura, produção textual, concentração e

atenção; disciplina; desenvolve o raciocínio lingüístico,espacial; corporal

cinestésica; Trabalha a memória e a discriminação visual e auditiva.

DETETIVE DE PALAVRAS – ALGAZARRA IND .E.COM.DE

BRINQUEDOS LTDA.

Idade: a partir dos 7 anos

Para 2 jogadores

Objetivo: Estimula a leitura; trabalhar conceitos gramaticais como

substantivo, adjetivo, acentuação gráfica, encontro vocálico e outros;

desenvolve a habilidade perceptivo-motora, discriminação visual e

auditiva; memória; desenvolve o raciocínio lógico e lingüístico.

PINGO NO I - COPAG IND.E.COM.LTDA

Idade: Para todas as idades

De 2 a 8 jogadores

Objetivo: Desenvolve o raciocínio abstrato, lógico e lingüístico; trabalha

vários aspectos da língua portuguesa como: ortografia; formação e

derivação de palavras; trabalha a concentração e atenção; disciplina;

desenvolve a memória e discriminação visual e auditiva.

27

FIGURA 1 – JOGO CARA A CARA

CARA A CARA – BRINQUEDOS ESTRELA IND.E.COM.LTDA

Idade: a partir dos 6 anos

Para 2 jogadores

Objetivos: Trabalha a atenção; concentração; percepção; trabalha a

idéia de classificação; trabalha o raciocínio lógico; lingüístico; espacial e

corporal sinestésico; trabalha a memória e a discriminação visual e

auditiva.

28

FIGURA 2 – JOGO VIRA LETRAS

JOGO VIRA LETRAS – BRINQUEDOS ESTRELA IND.E.COM.LTDA

Idade: a partir dos 6 anos

De 2 a 4 jogadores.

Objetivo: Estimula a formação de palavras; trabalha leitura e escrita;

atenção e concentração; disciplina; desenvolve a habilidade perceptivo-

motora; Trabalha a memória e discriminação visual e auditiva.

29

FIGURA 3 - FANTOCHE

FANTOCHE - PERSONEGENS LITERÁRIOS – SALA DE RECURSO –

C.EST. EUZEBIO DA MOTA – CTBA - PR

Idade: a partir dos 4 anos

De 2 ate 7 participantes

Objetivo: Trabalha a atenção, concentração e disciplina; trabalha a

oralidade e comunicação; estimula o raciocínio lingüístico, espacial,

corporal-cinestésico; Trabalha a leitura e ritmo; memória e discriminação

visual e auditiva.

30

FIGURA 4 – JOGO SEQUÊNCIA LÓGICAS TRÂNSITO

JOGO DE SEQUENCIAS LÓGICAS TRANSITO – 16 PEÇAS – SALA

DE RECURSO – C.EST.EUZEBIO DA MOTA – CTBA- PR

Idade: a partir de 8 anos.

Individual ou em pequenos grupos.

Objetivos: Trabalha escrita, leitura e produção textual; atenção,

concentração; trabalha a idéia de classificação; seriação; desenvolve o

raciocínio lógico, espacial, corporal-cinestésico e lingüístico, trabalha a

memória a discriminação visual e auditiva.

31

FIGURA 5 – JOGO VAMOS FORMAR PALAVRAS

JOGO VAMOS FORMAR PALAVRAS – 60 PEÇAS – SALA DE

RECURSO – C. EST. EUZEBIO DA MOTA – CTBA -PR

Idade: a partir de 7 anos.

Individual ou em pequenos grupos.

Objetivo: trabalha a formação de palavras, leitura e escrita; atenção

concentração e ritmo; desenvolve a habilidade perceptivo-motora,

desenvolve o raciocínio lógico, lingüístico; trabalha a memória a

discriminação visual e auditiva.

32

FIGURA 6 – JOGO DE ALFABETO SILÁBICO

JOGO DE ALFABETO SILÁBICO – 372 PEÇAS – SALA DE RECURSO

– C.EST.EUZEBIO DA MOTA – CTBA - PR

Idade: a partir dos 7 anos.

Individual ou em pequenos grupos.

Objetivo: Trabalha leitura e escrita. Produção de palavras, concentração

e atenção; trabalha conceitos gramaticais como substantivo, verbo,

adjetivo, acentuação gráfica, palavras grandes e pequenas, dissílabas,

trissílabas, encontro vocálicos e outros; desenvolve a habilidade

preceptivo-motora; desenvolve o raciocínio lingüístico; lógico; espacial;

trabalha a memória a discriminação visual e auditiva.

33

FIGURA 7 – JOGO DOMINÓ ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS

JOGO DOMINÓ ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS – 28 PEÇAS – SALA DE

RECURSO – C.EST.EUZEBIO DA MOTA – CTBA - PR

Idade: a partir dos 4 anos

Individual ou em pequenos grupos

Objetivo: trabalha leitura, escrita, produção textual; concentração e

atenção; estimula a formação de palavras e letras; desenvolve o

raciocínio lingüístico, lógico, espacial, trabalha a percepção, memória e

a discriminação visual e auditiva.

34

FIGURA 8 – JOGO DA MEMÓRIA ANTÔNIMOS

JOGO DA MEMÓRIA ANTÔNIMOS – 24 PEÇAS – SALA DE RECURSO

– C.EST.EUZEBIO DA MOTA – CTBA – PR

Idade: a partir dos 6 anos

Individual ou em pequenos grupos

Objetivo: Estimula a produção textual, leitura e escrita; trabalha a

concentração, atenção e memória; desenvolve o raciocínio lógico;

lingüístico, espacial; trabalha conceitos gramaticais antônimos;

desenvolve a habilidade perceptivo-motora; trabalha a discriminação

visual e auditiva.

35

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Jogo é um recurso importante para o trabalho do psicopedagogo

educador que o utiliza. O jogo utilizado como conteúdo para desenvolver a

linguagem escrita tem seus objetivos educacionais como qualquer outra

atividade, no jogo o educador deve saber onde chegar, o que desenvolver,

deve criar atividades que facilite a compreensão da criança.

Jogar é uma atividade indispensável à criança, uma vez que favorece o

seu desenvolvimento cognitivo, estimula a competição e fortalece os laços

sócio- afetivos, como também é um ótimo auxilio no processo de ensino da

linguagem escrita.

Nesse contexto, as atividades escritas com jogos são fundamentais para

a criança desenvolver níveis cada vez mais avançados de leitura e escrita, pois

no que se refere à linguagem gráfica precisa ser interpretada pelo outro e por

isso a legibilidade da escrita precisa existir, neste trabalho o psicopedagogo

resgata a importância da coordenação motora fina dos movimentos e assim da

caligrafia; a inteligência lingüística se revela na facilidade do uso da linguagem

oral e escrita; a inteligência social, pessoal ou interpessoal potencializa a

criança em habilidades na identificação e no trato dos problemas dela e de

outros.

Jogar com a criança é um dos caminhos mais seguros para se obter a

uma aprendizagem efetiva. Interagir ativamente proporciona a sensibilidade do

educador e torna-o mais ágil e seguro no trabalho das competências

desenvolvidas pelas crianças no processo do aprender.

Jogar é também, criar desafios, pois é a necessidade a mãe de todas as

soluções. Estimular a criança na construção do conhecimento a partir das

motivações naturais de cada uma delas, criando desafios adequados, passa

ser mais uma entre as muitas responsabilidades do bom educador.

Certamente, os jogos e dinâmicas parecem ter cada vez mais, o seu lugar,

defendido pelo conhecimento científico, entre os educadores e especialistas da

educação, pois são essas atividades que estimulam todas as zonas cerebrais

de acordo com os teóricos Piaget e Vygotski e outros.

Portanto, considerando o jogo como um recurso pedagógico:

- o jogo desenvolve o cognitivo e afetivo da criança.

36

- o jogo torna-se um recurso de intervenção na aprendizagem da

linguagem escrita.

- jogos específicos podem auxiliar no trabalho psicopedagogico como

meio de investigação.

- o jogos específicos podem ter características de ordem, movimento

,transformação, persistência, espontaneidade, criatividade, entusiasmo tudo

que contribui para a formação da criança.

Concluindo, é importante que o educador e todos os envolvidos com a

educação tire proveito deste interesse mágico que as crianças tem pelos jogos,

pela competição, pelo imaginário e a fantasia e faça disso uma oportunidade de

ensinar e explorar ao máximo a capacidade que as crianças tem em aprender e

vivenciar o mundo, que esse trabalho sirva de reflexão e analise constante nas

praticas pedagógicas em sua caminhada, oportunizando o crescer da criança

e consequentemente o futuro de uma sociedade mais humana e feliz.

37

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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psicopedagogia e a educação.2.ed.Curitiba:Editora Bolsa Nacional do

livro,2006.

BOSSA, Nadia Aparecida. Avaliação Psicopedagogica Da Criança De

Sete A Onze Anos.Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes,1996.

CHATEAU,Jean.O Jogo e a Criança.São Paulo: Summus,1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à

prática educativa. 31.ed.São Paulo:Paz e Terra,1996.

KISHIMOTO, Tizuko Mochida.Jogo,Brinquedo,Brincadeira e a

Educação.8.ed.Perdizes.São Paulo: Cortez,1996.

MONTI, Laura Bianca. O Jogo E O Brinquedo Na Terapia

Psicopedagógica: a importância do elemento lúdico na relação da

criança com o processo ensino-aprendizagem.Apostila.Curitiba,2010.

PALAGANA, Isilda Campaner.Desenvolvimento n& Aprendizagem Em

Piaget e Vygotsky: a relevância do social. 2.ed.São Paulo: Plexus,1998.

PIAGET,Jean. A Construção Do Real Na Criança.Rio de

Janeiro:Ática,1970.

RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: A construção do raciocínio na Escola

Natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2001.

CHATEAU,Jean.O Jogo e a Criança.Sãao Paulo: Summus,1987.

VIGOTSKI, Lev Semenovich. A Formação Social Da Mente.7.ed.São

Paulo:Martins Fontes,2007.

VYGOTSKY,Lev Semenovich. A Construção Do Pensamento E Da

Linguagem.7.ed.São Paulo:Martins Fontes,1996.

WEISS, Maria Lúcia Lemme.Psicopedagogia Clínica: uma visão

diagnostica dos problemas de aprendizagem escolar.12.ed.Rio de

Janeiro:Lamparina,2008.