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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária JOHANNA SCHMIDT RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: DIAGNÓSTICO DE NEOSPOROSE, CINOMOSE E TOXOPLASMOSE EM CÃO - RELATO DE CASO CURITIBA 2016

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências ...tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/DIAGNOSTICO-DE-NEOSPOROSE... · Este trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

JOHANNA SCHMIDT

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO:

DIAGNÓSTICO DE NEOSPOROSE, CINOMOSE E TOXOPLASMOSE EM CÃO -

RELATO DE CASO

CURITIBA

2016

JOHANNA SCHMIDT

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO:

DIAGNÓSTICO DE NEOSPOROSE, CINOMOSE E TOXOPLASMOSE EM CÃO -

RELATO DE CASO

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professora orientadora: Prof. Msc. Ana Laura D’Amico Fam. Orientadora Profissional: Rosangela L. Dittrich

CURITIBA

2016

Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitora Promoção Humana

Prof.ªAna Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitor

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Prof. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor de Graduação

Prof. João Henrique Faryniuk

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Campus Barigui

Rua Sydnei A Rangel Santos, 238.

CEP: 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7958

TERMO DE APROVAÇÃO

JOHANNA SCHMIDT

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO:

DIAGNÓSTICO DE NEOSPORA, CINOMOSE E TOXOPLASMOSE EM CÃO -

RELATO DE CASO.

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná.

Curitiba, ____ de _______ de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. Ana Laura D’Amico Fam

Presidente

__________________________________________

Prof. Milton Morishin Filho

__________________________________________

Prof. Vinicius Caron

AGRADECIMENTOS

Em especial aos meus pais e meu irmão, por me incentivarem a seguir meus

sonhos e me apoiarem em todos os momentos durante a graduação. Ao meu

pequeno Totti, que me dá muitas alegrias.

Aos amigos que fiz durante a graduação, aos antigos e ao meu namorado,

que me deram forças, alegrias e, em certos momentos foram pacientes com o

estresse e com a ausência.

À minha professora orientadora Ana Laura D’Amico, que me recebeu de

braços abertos desde a ida a Universidade Tuiuti, durante a monitoria e TCC.

Obrigada por todos os ensinamentos que contribuíram para a minha formação e

para seguir a área de Patologia Clínica.

À professora Rosangela L. Dittrich por me dar a oportunidade de realizar o

estágio no laboratório de Patologia Clínica do HV-UFPR e aos seus residentes,

Gabriela Maffezzolli, Reinaldo Regio e Morgana Kuteques, que sempre que possível

tiravam as duvidas e compartilhavam seus conhecimentos.

APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti

do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, é

composto pelo Relatório de Estágio, onde são descritas as atividades realizadas

durante o período de 1º de agosto a 27 de outubro de 2016, no laboratório de

patologia clínica veterinária do Hospital Veterinário UFPR, localizada em Curitiba-

PR, local de cumprimento do Estágio Curricular, e relato de caso sobre diagnóstico

de neosporose, cinomose e toxoplasmose em cão.

RESUMO

As doenças que acometem o sistema nervoso central (SNC) podem ter

origem por meio da contaminação com parasitas como Neospora sp e Toxoplasma

gondii normalmente é concomitante ou predispõe à infecção do vírus da cinomose,

devido à imunossupressão que o vírus causa. Como os sinais neurológicos destas

doenças são semelhantes, é importante realizar diferentes métodos para o

diagnóstico. O teste de Reação de Imunofluorecência Indireta (RIFI) é um deles,

onde os taquezoítos irão fluorescer em caso de identificação de anticorpos IgG para

neosporose e toxoplasmose e o teste de imunoensaio cromatográfico, que é rápido

e de fácil execução e tem por objetivo detectar o antígeno ou o anticorpo da

cinomose. O presente estudo tem como objetivo relatar o caso de um cão de 12

anos com diagnóstico positivo para Neosporose e Toxoplasmose através da RIFI e

para cinomose através do método de imunoensaio cromatográfico.

Palavras- chave: Imunoensaio Cromatográfico; Reação de Imunofluorescência

Indireta; Sinais neurológicos.

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS.

VCC – Vírus da Cinomose Canina

SNC – Sistema Nervoso Central

RIFI – Reação de Imunofluorescência Indireta

PCR- Reação da cadeia em polimerase

HD- Hospedeiro Definitivo

HI- Hospedeiro Intermediário

CK- Creatinoquinase

AST- Aspartato aminotransferase

ALT- Alanino amino transferase

FA- Fosfatase alcalina

ELISA- Ensaio Imunoenzimático

IgG- Imunoglobulina G

IgM- Imunoglobulina M

IgA- Imunoglobulina A

CDV- Vírus da Cinomose

DNNE- Desvio Neutrofílico Nuclear à Esquerda

DMSO- Dimetil-Sulfóxido

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Sala de hematologia do laboratório de Patologia Clínica do HV- UFPR,

2016........................................................................................................

15

FIGURA 2 Sala de bioquímica do Laboratório de Patologia Clínica do HV- UFPR,

2016........................................................................................................

15

FIGURA 3 Bancada para o processamento de amostras, divido em áreas de

hematologia e análises de líquidos cavitários e urina do HV- UFPR,

2016........................................................................................................

16

FIGURA 4 Equipamentos utilizados para processamento de amostras. Do

Laboratório de Patologia Clínica do HV-UFPR, 2016.............................

17

FIGURA 5 Bancada com microscópios do laboratório de Patologia Clínica do

Hospital Veterinário do HV-UFPR, 2016.................................................

18

FIGURA 6 Bioquímico automático MINDRAY B5200 laboratório de Patologia

Clínica do HV-UFPR, 2016.....................................................................

18

FIGURA 7 Corpúsculo de Lentz em Hemácias........................................................ 25

FIGURA 8 Fluorescência total do taquezoíto visto em microscópio de

imunoflorescência...................................................................................

32

FIGURA 9 Teste positivo para cinomose com alta concentração de anticorpo,

acima de 1:128........................................................................................

34

FIGURA 10 Teste positivo para cinomose com média concentração de anticorpo,

1:16- 1:64...............................................................................................

34

FIGURA 11 Teste positivo para cinomose com baixa concentração de anticorpo,

abaixo de 1:16.........................................................................................

34

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 A Exame laboratorial do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de

idade, com queixa de tetraparesia. HV-UFPR, 2016........................

36

QUADRO 1 B Exame bioquímico do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de

idade, com queixa de tetraparesia. HV-UFPR, 2016........................

37

QUADRO 2 A Análise do líquor - exame físico do paciente canino, SRD, macho,

12 anos de idade, com queixa de tetraparesia. HV- UFPR,

2016...................................................................................................

37

QUADRO 2 B Análise do líquor - exame químico do paciente canino, SRD,

macho, 12 anos de idade, com queixa de tetraparesia. HV-UFPR,

2016...................................................................................................

38

QUADRO 2 C Análise do líquor – contagem de células do paciente canino, SRD,

macho, 12 anos de idade, com queixa principal de tetraparesia.

HV-UFPR, 2016.................................................................................

38

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Exames realizados no laboratório de Patologia Clínica

Veterinária do HV-UFPR, 2016.................................................

20

Gráfico 2 Exames bioquímicos realizados no Laboratório de Patologia

Clínica Veterinária do HV-UFPR, 2016.....................................

21

Gráfico 3 Exames realizados pelo método de imunoensaio

cromatográfico no Laboratório de Patologia Clínica

Veterinária do HV-UFPR, 2016.................................................

21

Gráfico 4 Exames das principais espécies realizados no Laboratório de

Patologia Clínica do HV-UFPR, 2016.......................................

22

Gráfico 5 Exames realizados em animais selvagens no Laboratório de Patologia Clínica do HV-UFPR, 2016.......................................

22

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO .............................................................. 14

2.1 Instalações e Funcionamento .................................................................... 14

2.2 Atividades Desenvolvidas .......................................................................... 19

2.3 Casuística ................................................................................................. 20

3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 23

3.2 Cinomose .................................................................................................. 23

3.2 Neosporose .............................................................................................. 26

3.3 Toxoplasmose .......................................................................................... 27

3.4 Diagnóstico .............................................................................................. 29

3.4.1 Líquido Cefalorraquidiano (LCR) .................................................... 29

3.4.2 Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) ............................... 31

3.4.3 Imunoensaio Cromatográfico ...................................................................... 33

4. RELATO DE CASO .............................................................................................. 35

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 38

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

13

1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular obrigatório tem como objetivo contribuir com a formação

acadêmica, sendo possível aprender tanto na teoria quanto na prática,

desenvolvendo novas habilidades para o futuro.

A cinomose é uma doença infecciosa altamente contagiosa e sua transmissão

ocorre através de secreções e excreções. A cinomose é dividida em fase

respiratória, gastrointestinal, nervosa e cutânea. Devido à imunossupressão, outras

doenças podem ser intensificadas, como a toxoplasmose, neosporose, coccidiose,

enterite viral, criptosporidiose e giardíase. Doenças como toxoplasmose e

neosporose podem ser confundidas, pois seus sinais são semelhantes,

apresentando principalmente alterações neurológicas. A forma de diagnóstico de

neosporose e toxoplasmose podem ser por Reação de Imunofluorecência Indireta

(RIFI), onde os taquezoítos irão fluorescer em caso de identificação do anti- N.

caninum e anti- T. gondii. Para a cinomose testes de imunoensaio cromatográfico

podem auxiliar, detectando o antígeno ou o anticorpo da cinomose (WEHMUTH,

2012; NELSON & COUTO, 2010; PLUGGE, 2008).

O presente estudo tem como objetivo relatar o caso de um cão de 12 anos com

diagnóstico positivo para Neosporose e Toxoplasmose através da RIFI e para

Cinomose através do método de imunoensaio cromatográfico em busca de antígeno

e anticorpo.

14

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio curricular obrigatório foi realizado no laboratório de análises clínicas

do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, localizado na Rua dos

Funcionários, nº 1540, Curitiba – PR. Ocorreu entre os dias 1º de Agosto de 2016 e

27 de Outubro de 2016, com carga horária de 40 horas semanais, totalizando ao

final 480 horas de atividades supervisionadas pela professora Rosangela L. Dittrich

e pelos residentes Gabriela Maffezzolli, Reinaldo Regio e Morgana Kuteques.

O Hospital Veterinário da UFPR funciona de segunda à sexta- feira, das

07h30min às19h30min. Possui equipe composta por 54 veterinários residentes

divididos nas áreas de Clínica Médica de Pequenos Animais, Oftalmologia,

Cardiologia, Odontologia, Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais, Clínica Médica e

Cirúrgica de Grandes Animais, Clinica Médica e Cirúrgica de Animais Selvagens,

Anestesiologia, Diagnóstico por Imagem, Patologia Clínica e Patologia Animal.

2.1 Instalações e funcionamento

A equipe do laboratório de análises clínicas é composta por três médicos

veterinários residentes, uma biomédica técnica de laboratório, um farmacêutico-

bioquímico, duas alunas de mestrado e duas alunas do doutorado, além da

professora responsável pelo laboratório. A partir da rotina do Hospital Veterinário

UFPR as amostras são enviadas para o laboratório.

Para a realização dos exames o laboratório é dividido em duas salas sendo a

primeira utilizada para o processamento dos exames de hematologia, urinálise e

citologia (Figura 1) e a segunda sala para realização exames bioquímicos (Figura 2).

15

Figura 1 – Sala de hematologia do laboratório de Patologia Clínica do HV-

UFPR, 2016.

Figura 2- Sala de bioquímica do laboratório de Patologia Clínica do HV-

UFPR, 2016.

16

Na primeira sala existe uma bancada onde as amostras são processadas e

analisadas, sendo dividida em área de hematologia, análises de líquidos cavitários e

urina (Figura 3). Ainda, a sala possui os seguintes equipamentos: contador de

células automático (MINDRAY BC-2800Vet) (Figura 4 A) centrífuga de micro

hematócrito (INBRAS MH 11.5 i) (Figura 4 B), aparelho de coagulograma

(CLOTimer) (Figura 4 C), banho maria (INBRAS ALB 250 C) (Figura 4 D),

macrocentrífuga (LS-3 Plus) (Figura 4 E), citocentrífuga (TEKLAB CT14) (Figura 4

F), além de cinco microscópios (OLYMPUS BX 41) (Figura 5). A sala de bioquímicos

é composta por um aparelho bioquímico automático (MINDRAY B5200) (Figura 6),

microscópio (OLYMPUS BX 41) que possibilita fotografar as lâminas e computador

com impressora para a emissão de laudos.

Figura 3- Bancada para o processamento de amostras dividido em áreas

de hematologia e análises de líquidos cavitários e urina, do HV-UFPR,

2016.

17

Figura 4 – Equipamentos utilizados para processamento de amostras. Do laboratório de Patologia

Clínica do HV-UFPR, 2016.

18

Figura 5 – Bancada com microscópios OLYMPUS BX 41, utilizados pelos

residentes para contagem diferencial, do HV-UFPR, 2016.

Figura 6 - Bioquímico automático MINDRAY B5200 do laboratório de Patologia

Clínica veterinária do HV-UFPR, 2016.

19

2.2 Atividades Desenvolvidas

Receber amostras, avaliar a viabilidade das amostras para o processamento,

processar os exames, realizar contagem diferencial de animais domésticos e

silvestres, realizar a sedimentoscopia da urinálise e avaliar efusões e medula óssea,

além de manter a integridade do laboratório, foram as principais atividades

realizadas durante o estágio.

Para registrar os exames que chegam, as amostras devem vir de requisição

assinada pelo médico veterinário responsável. Antes do processamento dos exames

é importante avaliar a amostra, caso tenha a presença de coágulo ou fibrina o

exame não será realizado, pois poderá entupir o contador hematológico, dessa

forma o médico veterinário requisitante deverá realizar uma nova coleta para o

processamento.

O hemograma é realizado utilizando, além do contador hematológico automático

em mamíferos, o esfregaço sanguíneo para a contagem diferencial e o

preenchimento do capilar com sangue que, após ser centrifugado, dará o valor de

hematócrito e proteína plasmática. Para animais silvestres a contagem de eritrócitos

e leucócitos é realizada com o auxilio da câmara de Neubauer e com um contador

semiautomático que dará o valor de hemoglobina. No hemograma de grandes

animais é também realizada a dosagem de fibrinogênio, obtido por desnaturação em

alta temperatura.

Para processar os exames bioquímicos é necessário realizar a centrifugação das

amostras e obtenção do soro. Caso esteja hemolisado, lipêmico ou ictérico, o exame

será realizado, porém irá constar no laudo uma observação sobre a possível

alteração do resultado do exame influenciado pela cor da amostra.

A análise de urina é dividida em três fases: exame físico, que avalia volume,

coloração, densidade e aspecto da urina; exame químico, realizado com uma fita

que avalia a presença de sangue, proteínas, glicose, corpos cetônicos e o pH; e a

sedimentoscopia, realizada após centrifugação da urina em microscópio óptico.

20

2.3 Casuística

Durante o estágio foram acompanhados 8.521 exames laboratoriais, sendo os

mais frequentes: bioquímicos, hemograma, urinálise, fibrinogênio, testes de

imunoensaio cromatográfico e análise de efusão. Exames como mielograma, análise

de líquor e análise de líquido sinovial, foram os menos requisitados (Gráfico1).

Gráfico 1- Exames realizados no laboratório de Patologia Clínica Veterinária do HV-

UFPR, entre os dias 1 º de agosto á 27 de outubro de 2016.

Dentre os exames bioquímicos realizados, os principais pedidos foram creatinina,

uréia, ALT e FA. Exames de proteína, globulina e albumina também estavam entre

os principais exames (Gráfico 2). Os exames de imunoensaio cromatográficos mais

requisitados foram teste de FIV/FELV, cinomose, parvovirose e lipase pancreática

(Gráfico 3).

6.914

1.280

120

93

75

20

12

3 2

2

19

Bioquímicos

Hemograma

Urinálise

Fibrinogênio

Imunologia

Efusão

Coagulograma

Mielograma

Líquor

Líquido Sinovial

21

Gráfico 2- Exames bioquímicos realizados no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do

HV-UFPR, entre os dias 1 º de agosto á 27 de outubro de 2016.

Gráfico 3- Exames realizados pelo método de imunoensaio cromatográfico no Laboratório de

Patologia Clínica Veterinária do HV-UFPR, 2016.

1.078 1.018 1.013

821

607 585 579

197 147 148 124 91 76 40 36 36 37 47

0

200

400

600

800

1.000

1.200

30

21

12

10

0 5 10 15 20 25 30 35

Teste de FIV/FELV

Cinomose

Parvovirose

Lipase Pancreática

22

Foram realizados exames em 1.374 animais, sendo a espécie canina com

maior predominância, seguido de felinos, equinos e ruminantes (Gráfico 4). Entres

os animais selvagens foram realizados exames de aves, répteis, roedores, macacos,

camelos, leões, tigres e pumas, porém em menor frequência (Gráfico 5).

Gráfico 4- Exames das principais espécies realizados no Laboratório de Patologia Clínica

Veterinária do HV-UFPR, entre os dias 1 º de agosto á 27 de outubro de 2016.

Gráfico 5- Exames realizados em animais selvagens no Laboratório de Patologia Clínica

Veterinária do HV-UFPR, entre os dias 1 º de agosto á 27 de outubro de 2016.

1.165

152

80

29

61

Cães

Felinos

Equinos

Ruminantes

Selvagens

0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400

36

13

4

3

2

2

1

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Roedores

Aves

Camelo

Macacos

Répteis

Felinos

Lhama

23

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Cinomose

A cinomose é uma doença infecciosa e altamente contagiosa que acomete cães,

que são os principais reservatórios da doença e os responsáveis pela transmissão

para animais selvagens. Outras espécies que também podem ser acometidas são:

focas, furões, gambás, texugos, botos e felinos exóticos. O vírus da cinomose

canina (VCC) é um RNA vírus de fita simples, polaridade negativa, envelopado e

pertencente ao gênero Morbilivírus da família Paramyxoviridae (NELSON & COUTO,

2010; NASCIMENTO, 2009; DEZENGRINI et al., 2007).

É uma enfermidade de distribuição mundial e acomete cães sem predileção

sexual, de raça e idade, porém afeta principalmente filhotes não vacinados com faixa

etária entre três a seis meses (SILVA et al., 2009).

Sua transmissão ocorre através da exposição ao ar, onde o vírus é liberado pelas

secreções e excreções do corpo de animais infectados. É comum a disseminação

através de animais que convivem em grupos, tornando o vírus livre no ambiente.

Após a infecção o vírus se replica em tecido linfóide, nervoso e epidérmico e é

eliminado através de exsudatos respiratórios e conjuntivais, fezes, urina e saliva em

um período de 60 à 90 dias após a infecção. O vírus será fagocitado por macrófagos

em um período de 24 horas, sendo carreado até linfonodos tonsilares, faríngeos e

bronquiais, onde irá ocorrer sua replicação. No sistema nervoso central (SNC) e

tecidos epiteliais, a infecção ocorre em aproximadamente oito à nove dias após a

exposição viral (NELSON & COUTO, 2010; NASCIMENTO, 2009).

A ocorrência simultânea de toxoplasmose, neosporose, coccidiose, enterite viral,

criptosporidiose e giardíase pode ser intensificada devido á imunossupressão que a

cinomose causa (WEHMUTH, 2012).

O período de incubação do vírus da cinomose irá variar entre três a sete dias e

os cães infectados apresentam dois picos febris, o primeiro pico pode estar

associado com leucopenia e linfopenia. A cinomose pode ser dividida em fase

respiratória, gastrointestinal, nervosa e cutânea, não necessariamente nessa ordem.

Na fase respiratória o animal poderá apresentar tosse seca ou produtiva,

24

pneumonia, secreção nasal, dificuldade respiratória, além de alterações oculares,

febre, inflamação de faringe, brônquios e aumento das tonsilas. Já na fase

gastrointestinal é comum ocorrer vômito, diarreia, anorexia, febre e essas alterações

podem predispor á futuras infecções secundárias. A fase cutânea pode apresentar

dermatites, hiperqueratose em coxins podais, além de conjuntivite e lesões na retina.

A fase nervosa é uma das principais alterações que se encontra na cinomose. Nesta

fase a taxa de mortalidade varia entre 30% a 80%, sendo possível observar

alterações comportamentais, convulsões, paresia ou paralisia, manifestações

cerebelares, como mioclonia e hipermetria, manifestações vestibulares como ataxia,

nistagmo, cabeça pendular, movimentos de andar em círculo e de pedalagem. Os

cães que sobrevivem a esta fase geralmente apresentam sequelas (NASCIMENTO,

2009).

O diagnóstico é realizado associando histórico, sinais clínicos e exames

laboratoriais. Os principais testes utilizados são a Reação de Imunofluorescência

Indireta (RIFI), a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e o imunoensaio

cromatográfico para a detecção qualitativa de antígeno ou anticorpo. Na

hematologia, é possível observar corpúsculos de Lentz (Figura 7), inclusão

patognomônica da cinomose, que aparece em eritrócitos e leucócitos na fase de

viremia da doença. Ainda, pode ser observado leucopenia, linfopenia, anemia e

trombocitopenia, a qual pode ocorrer por processo imunomediado, aumentando

assim a destruição plaquetária. Nos exames bioquímicos, pode se observar

hipoalbuminemia e hiperglobulinemia, com elevação da fração alfa 2 globulina

(PINHEIRO, 2014; VICENTE et al., 2010).

A anemia normalmente ocorre por aumento da destruição das hemácias induzida

pelo vírus, uma vez que ocorre reação imunomediada com deposição de

imunocomplexos na membrana dos eritrócitos, ou pela menor produção medular. As

alterações leucocitárias podem indicar replicação viral no tecido linfóide, causando

leucopenia, ou ainda infecção bacteriana secundária. O vírus da cinomose canina

tem tropismo por células linfóides, ocasionando a linfopenia. Após a infecção destes

linfócitos maduros o vírus irá promover a apoptose e imunossupressão, sendo a

alteração mais frequente na cinomose (PINHEIRO, 2014; VICENTE et al., 2010).

25

A análise de líquor pode ser realizada para pesquisa de anticorpos ou antígenos

contra agentes infecciosos. Esta análise pode contribuir para diagnosticar processo

inflamatório em sistema nervoso central (SNC). No caso de animais com cinomose

irá ocorrer pleocitose com aumento de proteínas ou apenas o aumento de proteínas

(PINHEIRO, 2014).

Como método de tratamento pode-se utilizar fármacos antivirais como a

Ribavirina, uma droga análoga à guanosina, que inibe a replicação do vírus in vitro e

associado à Dimetil-Sulfóxido (DMSO), pode torna-la permeável a substâncias

lipofílicas, indicando que este pode servir como veículo de transporte de fármacos

nucleotídeos por membranas celulares. O DMSO tem como mecanismo de ação

inibir a migração de células inflamatórias, modular resposta imuno-mediada, inibir a

produção de anticorpos e a proliferação de fibroblastos. Além disso, como

tratamento para cinomose, é indicado realizar tratamento suporte para as

manifestações clínicas ou para infecções secundárias (MANGIA et al., 2014;

WEHMUTH, 2012).

Figura 7- Corpúsculo de Lentz em hemácias.

Fonte: LACVET- UFGRS

26

3.2 Neosporose

Neospora é um parasita intracelular obrigatório pertencente ao filo Apicomplexa,

classe Sporozoea, ordem Eucoccidiida e família Sarcocystidae. O Neospora

caninum apresenta o cão como hospedeiro definitivo (HD) e o bovino, o ovino e o

caprino como hospedeiros intermediários (HI). O hospedeiro definitivo elimina

oocistos pelas fezes e pode se contaminar por via oral com cistos em carnes ou

vísceras de animais infectados (COIRO et al., 2011; PLUGGE, 2008).

Existem três formas de ciclo de vida do parasita, sendo elas taquizoítas,

bradizoítas e os oocistos. Os HI se infectam ingerindo água ou alimentos

contaminados com oocistos e desta forma inicia a multiplicação em taquizoítas,

sendo estes organismos proliferativos que se multiplicam de forma rápida por

endodiogenia e causam morte celular e disseminação da doença. Quando há

resposta imune do hospedeiro, os taquizoítas se disseminam em bradizoítas e

formam um cisto tecidual permanente. Os bradizoítos indicam a fase crônica e estão

presentes no tecido nervoso do HI. Já os oocistos estão presentes no trato

digestório do HD e podem ser observados em fezes de cães que se infectaram

ingerindo os cistos (PLUGGE, 2008; CUNHA, 2007).

Cães infectados com Neospora podem apresentar como sinais clínicos a

paresia de membros pélvicos, que evolui progressivamente para paralisia. Plugge

(2008) relata que os membros pélvicos são mais severamente afetados comparados

aos membros torácicos e normalmente apresentam hiperextensão rígida. Além

disso, os cães podem apresentar encefalomielite, paresia com ataxia, atrofia

muscular, mialgia, paralisia de nervos faciais, pancreatite, pneumonia e alterações

dermatológicas (MOTA, 2016; PLUGGE, 2008).

O diagnóstico é realizado associando anamnese, sinais clínicos e exames

laboratoriais, como testes sorológicos e parasitológicos. A avaliação hematólogica e

bioquímica não é suficiente para o diagnóstico de neosporose, porém pode ser

observado aumento sérico das enzimas creatinoquinase (CK) e aspartato

aminotransferase (AST), causado pela mialgia. Análise do líquido cefalorraquidiano

pode contribuir com o diagnóstico, uma vez que poderá apresentar pleocitose com o

27

aumento das células inflamatórias, indicando inflamação ou infecção (NELSON &

COUTO, 2010; PLUGGE, 2008; CUNHA, 2007).

As provas sorológicas para diagnóstico definitivo de neosporose a RIFI e o

ensaio imunoenzimático (ELISA) com a detecção de anticorpos IgG anti-N. caninum.

Coiro et al. (2011) citam que quando o título da RIFI apresentar valor igual ou

superior a 50 indica que houve a exposição do cão ao agente e, quando o titulo for

maior ou igual a 800, associados aos sinais clínicos, indica neoporose. O

diagnóstico parasitológico pode ser realizado pela detecção de DNA do N. caninum

pela PCR (CUNHA, 2007; JESUS et al., 2006).

Muitos cães acometidos com Neospora acabam evoluindo ao óbito. Animais

positivos para neosporose podem ser tratados com sulfonamida-trimetropim

associado com pirimetamina, ou clindamicina isolada. Porém, ainda não existe um

método efetivo para tratar a neosporose, pois a resposta irá depender da fase da

doença em que se inicia o tratamento. É indicado iniciar a terapia antes do

desenvolvimento da rigidez extensora. O prognóstico de cães que apresentem

envolvimento neurológico é grave (NELSON & COUTO, 2010; PLUGGE, 2008).

3.3 Toxoplasmose

O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório de distribuição

mundial, pertencente ao Filo Apicomplexa, ordem Eucoccidiida e Família

Sarcocystidae e tem como hospedeiro definitivo os felídeos, onde ocorre o ciclo

sexuado do parasita. Os cães, aves, ovinos, bovinos, caprinos, equinos, suínos,

animais de sangue quente, são hospedeiros intermediários e a infecção tem

evolução crônica e assintomática. Porém, quando ocorre imunossupressão a doença

poderá se manifestar de forma grave (LEAL & COELHO, 2014; NEGRI et al., 2008;

PLUGGE, 2008).

A infecção pode ocorrer pela ingestão de alimentos ou água contaminada com

oocistos esporulados ou através da ingestão de carne crua ou mal cozida contendo

cistos teciduais do agente. O HD ingere tecido de animais infectados contendo o

taquizoíto ou bradizoíto e após a infecção, ocorre o ciclo esquizogônico no trato

gastrointestinal do felino, produzindo o oocisto em três a dez dias e sua eliminação

28

em até duas semanas. Os oocistos não esporulados serão eliminados pelas fezes e,

no meio ambiente, o oocisto se tornará esporulado. A infecção do HI ocorre com a

ingestão de oocistos esporulados presentes no alimento ou água contaminada. A

toxoplasmose clínica em cães normalmente está associada à cinomose, à agentes

infecciosos ou à alguma terapia imunossupressora (COIRO, 2011; NEGRI et al.,

2008).

As manifestações clínicas ocorrem à medida que ocorre a inflamação dos

órgãos, principalmente do sistema gastrointestinal, linfático, esplênico, hepático,

pulmonar, osteomuscular, cardíaco e nervoso. A toxoplasmose canina pode ocorrer

na forma multissistêmica, a qual apresenta uma maior taxa de mortalidade e pode

afetar o SNC. Os sinais nervosos irão depender da localização do parasita e incluem

ataxia, convulsões, tremores, déficit do nervo cranial, paresia e paralisia evoluindo

para tetraparesia. Em casos de miosite, observa-se fraqueza, marcha rígida e

desgaste muscular (NELSON & COUTO, 2010; PLUGGE, 2008; MORETTI et al.,

2002).

O diagnóstico sorológico pode ser realizado pelo método RIFI, ELISA e por

detecção de anticorpos para T. gondii em amostras de sangue ou líquor. Como

diagnóstico parasitológico, a PCR irá isolar ou detectar o DNA do protozoário em

tecidos, órgãos ou líquidos do animal infectado. Outro exame que pode ser realizado

é o coproparasitológico, sendo este realizado apenas para o HD. Análises

hematológicas e bioquímicas são realizadas, porém não fornecem o diagnóstico

definitivo. A toxoplasmose canina é de difícil diagnóstico, pois a enfermidade ocorre

de caráter crônico, com alta infectividade e baixa patogenicidade. Na sua forma

aguda, é possível observar anemia não regenerativa, leucocitose, neutrofilia,

linfocitose, monocitose e eosinofilia. Nos exames bioquímicos pode ocorrer

hipoproteinemia, hipoalbuminemia, aumento das enzimas alanino amino transferase

(ALT) e fosfatase alcalina (FA) causada pela necrose hepática e o aumento de

lipase e amilase. Analise de líquor pode apresentar hiperglicorraquia e predomínio

de linfócitos (FIALHO et al., 2009; PLUGGE, 2008; MORETTI et al., 2002).

A forma de tratamento indicada é o uso de clindamicina ou associação de

pirimetamina com sulfadiazina, e é descrito como eficaz para tratar contra os

29

taquezoítos. Ainda não foi identificado um tratamento satisfatório e o prognóstico é

reservado (BALDOTTO et al., 2014; NEGRI et al., 2008).

3.4 Diagnóstico

3.4.1 Líquido Cefalorraquidiano (LCR)

O líquido cefalorraquidiano, também conhecido como líquor é um líquido

produzido nos plexos coróides dos ventrículos laterais no sistema vestibular

cerebral, de onde circula para o espaço subaracnóideo e banha o SNC. Sua

principal função é a proteção, lubrificação, nutrição e transporte de células de

defesa, regulação da pressão intracraniana (PIC) e regulação do ambiente químico

do SNC. Sua análise é um dos principais métodos de diagnóstico de afecções em

encéfalo e medula espinhal (SÁNCHEZ & AMORIM, 2015; DIMAS & SOHLER, 2008;

GAMA et al., 2008).

A coleta é indicada para casos de encefalopatia e mielopatia e pode ser realizada

na região da cisterna cerebelo-medular (magna) ou no espaço sub-aracnóide da

região lombar de L4-L5 ou L5-L6. A colheita deve ocorrer com anestesia geral, de

forma asséptica e deve ter cuidado no momento da coleta, pois caso a agulha entre

em contato com o osso ou ocorra contaminação com sangue, é necessário realizar

uma nova coleta. A quantidade de líquor pode variar entre 0,5 a 3mL, conforme o

porte do animal. A colheita não é indicada em casos de traumatismo com aumento

da PIC, edema cerebral e hemorragia craniana (ALMEIDA, 2013; LUCAS et al.,

2008).

A análise do líquor é composta pelo exame físico, citometria, citologia,

determinação do valor protéico e de glicose. Em condições saudáveis, o líquor é

incolor, límpido e apresenta pequenas concentrações de proteína, glicose, lactato,

enzimas, potássio, magnésio e cloreto de sódio. Não apresenta eritrócitos e a

contagem de células nucleadas pode variar entre zero a cinco. Sua densidade varia

entre 1,003 á 1,012 e alterações podem ocorrer associadas à casos de pleocitose e

aumento do nível protéico (ALMEIDA, 2013; GAMA et al., 2008).

30

Em situações patológicas, o líquor pode estar turvo, indicando um aumento na

concentração de células e proteínas ou processo purulento. Quando o líquor

apresentar coloração amarela ou xantocrômica, indica hemorragia antiga, com

presença de bilirrubina e costuma estar associado à traumas, alterações vasculares

e infecções. Já a coloração rósea ou vermelha indica uma hemorragia recente ou

acidente no momento da punção, causando a contaminação por sangue do líquor

(SÁNCHEZ & AMORIM, 2015; ALMEIDA, 2013; DIMAS & SOHLER, 2008).

Para realizar a citometria é utilizada câmara de Neubauer ou de Fuchs-

Rosenthal. Já o exame citológico, onde se faz a contagem diferencial de células

nucleadas, necessita que seja realizada uma lâmina após concentração celular com

auxilio da centrífuga. O aumento das células nucleadas é denominado pleocitose. A

presença de linfócitos reativos pode sugerir estimulo antigênico, doenças

infecciosas, processo neoplásico e doenças imunomediadas. O predomínio de

neutrófilos sugere doenças inflamatórias e bacterianas, traumas, meningites sépticas

e assépticas. Caso os neutrófilos sejam degenerados, sugere infecção por

toxoplasma ou fungos. Os macrófagos representam reação inespecífica à

inflamação e hemorragia. A pleocitose eosinofílica é rara, sendo descrita em casos

de meningoencefalite, infecções protozoárias e fúngicas (SÁNCHEZ & AMORIM,

2015; ALMEIDA, 2013; LUCAS et al., 2008).

No líquor é possível detectar a presença de imunoglobulinas como IgG, IgM e

IgA e, através da sua mensuração, faz-se a identificação de doenças infecciosas.

Acredita-se que dosagem de anticorpos no LCR é mais confiável quando comparada

à avaliação realizada no soro. Vários testes podem ser realizados para a

mensuração de anticorpo, sendo um deles a RIFI (SÁNCHEZ & AMORIM, 2015;

ALMEIDA, 2013).

Casos de doenças parasitológicas como Neosporose e Toxoplasmose na

análise do LCR podem estar associados com leve à moderada pleocitose com

presença de neutrófilos, linfócitos, monócitos e eosinófilos, porém em alguns casos

a contagem de células pode estar dentro da normalidade e a presença do IgG no

líquor pode estar aumentada. Já em doenças virais, como a cinomose a pleocitose

pode ser leve e os índices de IgG, IgM e IgA aumentados (SÁNCHEZ & AMORIM,

2015).

31

3.4.2 Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI)

O método de reação de imunofluorescência indireta foi o primeiro teste

empregado para diagnóstico de neosporose e atualmente continua sendo um dos

principais testes utilizados tanto para Neospora sp quanto para toxoplasmose, por

meio de pesquisa de anticorpos N. caninum e T. gondii respectivamente (PLUGGE,

2008).

O método da RIFI tem como finalidade realizar a fixação de anticorpos aos

antígenos da membrana dos taquezoítas, ocorrendo reação de gamaglobulina de

soro imune com T. gondii ou N. caninum e a gamaglobulina fluorescente de soro

anti-espécie, as amostras são utilizadas para a detecção de anticorpo IgG o que

torna o diagnóstico mais eficiente (LEAL & COELHO, 2014; PLUGGE, 2008).

Para diagnóstico da neosporose e toxoplasmose, a análise do soro ou do líquor é

utilizada para detectar anticorpos IgG circulantes, espécie específicos, para os

antígenos de Neospora e T. gondii. As lâminas são preparadas com os taquezoítas

e o soro ou líquor separado em 1:50. É colocado o padrão soro positivo e negativo

como forma de controle. Logo após, acrescenta-se 20 microlitros de soro ou líquor

nas lâminas com taquezoítos e, levam à incubação a 37º por um período de 30

minutos. Após este período, as lâminas são lavadas em PBS durante dez minutos,

enxaguadas com água destilada e deixadas para secar, após secagem é

acrescentado conjugado marcado com fluoresceína. As lâminas são novamente

encubadas a 37º por 30 minutos, após secagem é realizada a montagem das

lâminas com lamínula utilizando glicerina. Para diagnóstico positivo, deve ser

observada a fluorescência total do taquezoíto em microscópio de imunofluorescência

(Figura 7). Cães que apresentem sintomatologia de neosporose normalmente

apresentam título maior ou igual à 1:400 de IgG. Quando há o aumento progressivo

do titulo de anticorpos de IgG por um período de tempo, normalmente indica uma

infecção aguda (LEAL & COELHO, 2014; PLUGGE, 2008; CUNHA, 2007;

LOCATELLI-DITTRICH et al., 2006; FERNANDES et al., 2004).

Anticorpos antitoxoplasma surgem na primeira semana após infecção com o IgM

em título máximo em 15 dias e mantendo esses níveis residuais por 12 a 18 meses.

Já a IgG irá surgir entre duas a quatro semanas, com nível máximo em dois a três

32

meses, permanecendo com níveis baixos por toda a vida. Infecção aguda pode ser

diagnosticada comparando duas amostras de títulos de IgG com intervalo de três

semanas, sendo que, o seu titulo crescente indica doença recente ou ativa

(BALDOTTO et al., 2014).

A RIFI é um teste de boa especificidade e sensibilidade, tendo como vantagem a

utilização do parasita fixado na lâmina de microscópio, sendo uma forma mais

segura e pratica para o laboratório, porém é necessário obter um microscópio de

fluorescência (LEAL & COELHO, 2014; PLUGGE, 2008).

Figura 8- Fluorescência total do taquezoíto visto em microscópio de

imunofluorescência.

Fonte: Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do HV- UFPR.

33

3.4.3 Imunoensaio Cromatográfico

O método de imunoensaio cromatográfico é utilizado para a detecção qualitativa

de antígenos do vírus da cinomose ou anticorpos presentes. É um teste rápido,

econômico e de fácil interpretação. Indica-se utilizar amostras de mucosa

conjuntival, soro, plasma, sangue total, urina ou fezes do animal. Para detecção de

anticorpos, também pode ser utilizado o líquor ou soro em casos de sinais

neurológicos. É indicado associar a imunocromatografia com exames de

hematologia e bioquímica (SANTOS et al., 2012).

O teste de imunoensaio cromatográfico para detecção de antígeno (Ag) da

Cinomose visa encontrar a presença de proteína F do envelope do vírus. O teste

possui uma linha T como teste e C como controle, esta linha deve estar presente

para o procedimento estar correto e com os reagentes da linha funcionando. A linha

roxa será visível no resultado T caso tenha a presença do antígeno da cinomose na

amostra. Os anticorpos selecionados para o exame são utilizados na banda do teste

como material de captura e detecção. O teste de diagnóstico para a detecção de

antígeno da cinomose tem alto grau de precisão, com 98,8% de sensibilidade e

97,7% de especificidade, além disso, não possui influencia sobre a vacina DHPPL

de um á 14 dias após vacinação, uma vez que a titulação da vacina é baixa (ALERE,

2014; CURTI et al., 2012).

O método de diagnóstico de imunoensaio cromatográfico realizado com a

detecção de anticorpo (Ac) IgG do vírus. Diferente do método de detecção do

antígeno, o teste de anticorpo é composto por três linhas sendo a C1 como linha de

controle um, T como o teste e C2 como linha de controle dois. As linhas C1 e C2

sempre devem aparecer no teste, como forma de controle, quando aparece uma

linha roxa na janela de resultado T, indica a presença de anticorpo presente na

amostra. Este teste tem 100% de sensibilidade e especificidade. A interpretação do

teste em caso positivo pode ser avaliada conforme a concentração. Quando a

concentração é alta, com intensidade mais forte, indica alta concentração de

anticorpo para CDV, estando acima de 1:128 (Figura 8). Concentração média

apresenta intensidade de linha T entre a C1 e C2, indicando que a concentração de

anticorpo para CDV média, em 1:16 a 1:64 (Figura 9). Baixa concentração indica

intensidade leve, menor que a linha C1, significando baixa concentração de

34

anticorpo para CDV, abaixo de 1:16 (Figura 10). Resultados falso-positivos podem

ocorrer em animais recém-vacinados, pois pode apresentar uma alta titulação de

anticorpos anti-CDV, casos falso-negativos podem ocorrer em animais

imunossuprimidos (ALERE, 2016).

Figura 9- Teste positivo para cinomose com alta

concentração de anticorpo, acima de 1:128

Fonte: epimed.com.br

Figura 10- Teste positivo para cinomose com média

concentração de anticorpo, 1:16- 1:64.

Fonte: epimed.com.br

Figura 11- Teste positivo para cinomose com leve

concentração de anticorpo, abaixo de 1:16.

Fonte: epimed.com.br

35

4. RELATO DE CASO

Um cão, macho, de 12 anos, sem raça definida (SRD), foi admitido no Hospital

Veterinário da UFPR, com queixa principal de tetraparesia há 60 dias. Na anamnese

o tutor relatou que há dois meses o animal começou a arrastar os membros pélvicos

até parar de andar e, em seguida, iniciou paresia dos membros torácicos. O tutor

relatou que há 30 dias o animal foi encaminhado à outra clinica veterinária, onde

ficou internado por uma semana, porém não concluiu diagnóstico e não notou

melhora após o tratamento instituído. O paciente urina normalmente, porém no local

onde estiver. A dieta é realizada com carne desfiada. Foi relatada hiporexia há sete

dias e água é dada direto na boca do animal.

No exame físico foi possível notar o animal caquético, deprimido, com

desidratação de 9%. As mucosas estavam hipocoradas, temperatura retal de 36,7ºC,

frequência cardíaca de 190 bpm, frequência respiratória de 40 mrm. No mesmo dia

foram colhidas amostras de sangue para realizar o exame hematológico e

bioquímico (Tabela 1).

Quadro 1 A- Exame laboratorial do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de idade, com queixa de

tetraparesia. HV-UFPR, 2016.

Hemograma Resultado Valor de Referência Cão

Eritrócitos (x106cels/µL) 5,4 5,5 a 8,5

Hematócrito (%) 34% 37 a 55 Hemoglobina (g/dL) 10,6 12 a 18 VGM (μm³) 63 60 a 77

CHGM (%) 31 31 a 36 Leucócitos totais (/µL) 30.500 6.000 a 17.000

Neutrófilos segmentados (/µL) 28.365 3.000 a 11.500 Neutrófilos bastonetes (/µL) 305 0 a 300 Metamielócitos (/µL) 0 0

Linfócitos (/µL) 305 1.000 a 4.800 Monócitos (/µL) 1.525 0 a 1.350

Eosinófilos (/µL) 0 100 a 1.250

Estimativa de Plaquetas (/µL) 724.000 200.000 a 500.000

Proteína Plasmática Total (g/dL) 7,0 6,0 a 8,0

Observação: hemácias levemente hipocrômicas.

36

Quadro 1 B- Exame bioquímico do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de idade, com queixa de

tetrapareseia. HV-UFPR, 2016.

Bioquímica Sérica Resultado Valor de Referência Cão

ALT (UI/L) 51 21 a 102 Creatinina (mg/dL) 0,20 0,5 a 1,5 Ureia (mg/dL) 27,9 21 a 60

Fosfatase Alcalina (UI/L) 251 20 a 156 Proteína Total (g/dL) 6,7 5,4 a 7,1

Globulina (g/dL) 4,5 2,7 a 4,4

Albumina (g/dL) 2,2 2,6 a 3,3

No exame hematológico foi constatada leve anemia normocítica

normocrômica, leucocitose, neutrofilia com desvio à esquerda (DNNE), linfopenia,

monocitose e trombocitose. Na análise bioquímica constatou-se aumento de FA,

diminuição sérica de creatinina, hipoalbuminemia e leve hiperglobulinemia.

No mesmo dia o paciente foi internado e três dias depois, devido aos sinais

neurológicos apresentados, optou-se pela realização da coleta do líquor, feita em

região de cisterna magna, e sua análise (Tabela 2). O teste de cinomose (Ac) foi

realizado com o líquor, apresentando resultado positivo e o teste de cinomose (Ag)

foi realizado com o soro, porém o resultado foi negativo. Como havia o projeto de

reação de imunofluorescência indireta (RIFI) sendo realizado no HV-UFPR, foi

requisitada a sua realização para pesquisa de toxoplasmose e neosporose, ambos

realizados com o líquor e soro.

No exame ultrassonográfico, foi observada colestase discreta à moderada,

fígado com ecogenicidade reduzida, parênquima homogêneo e o baço reduzido de

tamanho, forma, contorno e ecogenicidade de maneira difusa. O animal apresentava

sedimentos na vesícula urinária, com parede vesical espessada, sugestivo de cistite,

além disso, o cão estava com sonda intravesical.

Quadro 2 A- Análise do líquor - exame físico, do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de idade,

com queixa de tetraparesia. HV-UFPR, 2016.

Exame Físico Resultado Valor de Referência

Volume (mL) 1,0 - Cor Incolor Incolor Aspecto Límpido Límpido

Densidade 1,006 1,004-1,006 Proteína (g/dL) 0 0,15- 0,45 g/dL

37

Quadro 2 B- Análise do líquor – exame químico. do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de idade,

com queixa de tetraparesia. HV-UFPR, 2016.

Exame Químico Resultado

pH 8,0 Proteína Negativo Sangue 3+ (300)

Glicose 2+ (250) Bilirrubina Negativo

Quadro 2 C- Análise do líquor- Contagem de Células, do paciente canino, SRD, macho, 12 anos de

idade, com queixa de tetraparesia. HV-UFPR, 2016.

Contagem de células Resultado Valor de Referência

Nucleadas (/µL) 54 0-5 Eritrócitos (/µL) 17 0

No exame citopatológico do líquor, houve predomínio de macrófagos (49%),

seguido de linfócitos (30%), neutrófilos segmentados (20%) e neutrófilos bastonetes

(1%). Presença de raras hemácias, células binucleadas ou multinucleadas (com até

três núcleos), além de vacuolização citoplasmática.

Na reação de imunofluorescência indireta (RIFI), o teste para toxoplasmose

apresentou resultado positivo para o soro (1:50) e negativo para o líquor e para

neosporose o resultado foi positivo para o soro e para o líquor (1:600).

Depois de realizado o diagnóstico destas doenças, o tutor optou por realizar a

eutanásia do animal.

38

5. DISCUSSÃO

A neosporose é uma doença que pode ser confundida com a toxoplasmose,

pois ambas apresentam características semelhantes entre os parasitas e os sinais

clínicos, como ataxia, convulsões, tremores, paresia e paralisia evoluindo para

tetraparesia. Na fase neurológica da cinomose também é possível observar

sintomatologia semelhante às doenças parasitárias, além de nistagmo, cabeça

pendular e movimentos de andar em círculo e de pedalagem (NELSON & COUTO,

2010; PLUGGE, 2008). No relato de caso, o cão iniciou sinais clínicos de paresia de

membros pélvicos evoluindo progressivamente para paralisia e paresia de membros

torácicos, corroborando com Plugge (2008) que relata que os membros pélvicos são

mais severamente afetados comparados aos membros torácicos em cães com

neosporose (NELSON & COUTO, 2010; PLUGGE, 2008).

No relato, a causa da anemia normocítica normocrômica pode ser

decorrente de doença inflamatória, pois normalmente é discreta, estando associada

com infecções, leucocitose e diminuição na concentração sérica de ferro. Caso a

anemia fosse regenerativa, seria sugestivo de aumento da destruição das hemácias

induzida pelo vírus da cinomose, uma vez que ocorre reação imunomediada com

deposição de imunocomplexos na membrana dos eritrócitos e pela menor produção

medular (THRALL et al., 2015; PINHEIRO, 2014).

A presença de leucocitose com neutrofilia e DNNE indica ocorrência de

processo inflamatório, ocorrendo de forma aguda ou crônica e pode ser justificada

por uma infecção bacteriana oportunista ou pela presença de protozoários. Em caso

de dor crônica, a leucocitose estaria presente, porém não causaria o desvio a

esquerda. A monocitose que acompanha a resposta inflamatória pode ser

interpretada como o aumento de células mononucleares nos tecidos e acompanha à

inflamação na forma aguda ou crônica. A linfopenia pode estar associada com a dor

crônica, onde ocorre o sequestro destas células para órgãos linfoides. Em fase de

viremia de cinomose, a linfopenia poderia estar associada, pois o vírus da cinomose

canina tem tropismo por células linfóides, sendo uma alteração comum na cinomose.

A causa de eosinopenia é inespecífica (THRALL et al., 2015; VICENTE et al., 2010;

SILVA et al., 2005).

39

A diminuição da creatinina sérica era esperada, visto que o paciente

encontrava-se caquético e, segundo Thrall et al. (2015), a produção de creatinina é

relativamente proporcional a massa muscular.

Alterações em fígado e baço vistos na ultrassonografia são sugestivos de

processo infeccioso, inflamatório ou toxêmico, as doenças presentes, cinomose,

neosporose e toxoplasmose podem ser responsáveis neste caso.

O aumento de FA sérico explica a colestase encontrada na ultrassonografia,

entre as suas causas, as infecções presentes podem ser responsáveis por esta

alteração. Onde também ocorre o aumento da produção de globulinas, sendo o

fígado responsável pela sua produção. Além disso, o aumento sérico de FA pode ser

causado por necrose hepática, uma alteração que pode ser ocasionada em

toxoplasmose, porém este aumento estaria associado com o aumento de ALT, o que

não é observado neste caso (THRALL et al., 2015; OLIVEIRA, 2011; NELSON &

COUTO, 2010; PLUEGGE 2008).

A hipoalbuminemia é uma alteração sugestiva de subnutrição ou inanição,

onde há menor produção hepática pela deficiência de aminoácidos, levando à perda

de gordura e massa muscular, como na caquexia apresentada no caso.

Hipoalbuminemia também pode estar presente em infecções crônicas associadas à

caquexia, em um período de equilíbrio protéico negativo, induzindo maior

catabolismo de proteínas corporais, superior à produção de proteínas. Já a

hiperglobulinemia está associada com a inflamação crônica, pois a fração de

gamaglobulina inclui todos os tipos de imunoglobulina, e assim, ocorre o aumento da

produção de imunoglobulinas e proteínas do sistema complemento. Pinheiro (2014)

relata que a associação de hipoalbuminemia e hiperglobulinemia é observada na

cinomose, contribuindo para o diagnóstico (THRALL et al., 2015).

O líquor apresentava-se límpido, incolor, com pleocitose e presença de raras

hemácias, o que pode ser ocasionado por uma leve contaminação com sangue no

momento da coleta. Na análise citológica observou-se o predomínio de macrófagos,

seguido de linfócitos. A cinomose e a neosporose podem ser responsáveis pela

pleocitose mononuclear, pois na cinomose crônica é possível ocorrer pleocitose

mononuclear com predomínio de macrófagos e linfócitos e em doenças parasitárias

normalmente ocorre o predomínio de pleocitose neutrofílica ou pleocitose mista

40

neutrofílica/mononuclear, porém essas alterações ainda são inespecíficas para o

diagnóstico destas doenças (COWEEL et al., 2009).

O método de imunoensaio cromatográfico para a detecção de antígeno do

vírus da cinomose, realizado no soro, teve resultado negativo, o que pode ser

explicado pela cronicidade e interrupção da replicação viral. O teste de cinomose

realizado pelo método de imunoensaio cromatográfico com a detecção do anticorpo

IgG do vírus foi realizado com o líquor e apresentou resultado positivo para

cinomose. Estes resultados indicam que possivelmente a doença apresenta a fase

crônica, não havendo mais viremia e que o vírus já atingiu o SNC, o que é

comprovado pelos sinais clínicos (ALERE, 2016; MANGIA & PAES, 2008).

Na reação de imunofluorescência indireta para a pesquisa de anticorpo N.

caninum, observou-se a fluorescência do taquezoíto tanto para o soro como para o

líquor, apresentando resultado positivo para neosporose. Na RIFI para a pesquisa

de anticorpo de T. gondii, houve a fluorescência do taquezoíto apenas para o soro,

sugerindo que o animal teve contato com o protozoário, porém, supõe-se que neste

caso o protozoário da toxoplasmose ainda não afetou o SNC do animal (PLUEGGE,

2008).

41

6. CONCLUSÃO

A cinomose, neosporose e toxoplasmose, são doenças que acometem o

sistema nervoso central e muitas vezes podem ser confundidas devido à

similaridade dos sinais clínicos neurológicos, porém elas também podem estar

associadas, o que é ocasionado pela imunossupressão da cinomose. Em estudos

realizados observou-se associação entre toxoplasmose e cinomose em

aproximadamente 5,9%, 40% e 54% dos casos, já a associação com de cinomose

neosporose não foi tão observada devido a esta doença ocorrer principalmente em

áreas rurais, sendo mais associada com toxoplasmose (MANGIA & PAES, 2008;

GIRARDI et al., 2002). Já a associação entre neosporose, cinomose e toxoplasmose

foi relatada por Tipold et al (1992). Em casos de alterações neurológicas é

importante realizar testes de diagnóstico diferenciais, além de cinomose, pois

doenças parasitárias são comuns de se encontrar e podem apresentar

manifestações clínicas semelhantes à cinomose. Um método confiável que pode ser

realizado é a RIFI, onde detecta a presença de anticorpos IgG contra a doença. As

doenças que acometem o SNC apresentam prognóstico ruim.

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