46
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA 2015

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PAMELA RAYANA BATISTA

CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO

CURITIBA

2015

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

PAMELA RAYANA BATISTA

CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de título de graduação. Orientadora: MsC. Jesséa de Fátima França

CURITIBA

2015

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

COORDENADOR DE ESTÁGIO CURRICULAR

Prof. Dr. Welington Hartmann

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

TERMO DE APROVAÇÃO

PAMELA RAYANA BATISTA

CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título

de Médica Veterinária pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 25 de novembro de 2015.

__________________________________________________________________

Profª. Orientadora Jesséa de Fátima França

UTP - Universidade Tuiuti do Paraná

___________________________________________________________________

Profª. Fabiana Monti

UTP - Universidade Tuiuti do Paraná

___________________________________________________________________

Prof. Vinicius Caron

UTP - Universidade Tuiuti do Paraná

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, que sempre esteve ao meu

lado, sem ele não chegaria onde estou.

Aos meus familiares que me incentivaram, ajudaram e apoiaram nesses

anos de graduação.

Aos meus professores da Faculdade Evangélica do Paraná que em quatro

anos de batalha me proporcionaram muito conhecimento e amor ao curso.

Aos professores da Universidade Tuiuti do Paraná que me acolheram tão

bem e dividiram os seus ensinamentos.

Ao meu noivo, que sempre esteve ao meu lado, me assegurando de que

tudo daria certo.

Aos meus colegas pelo companheirismo, principalmente a Danielle que

convivi a maior parte da graduação, dividindo alegrias e tristezas, e a Amabile, a

qual chegou depois, mas que seguiu até o final conosco, e fortaleceu ainda mais a

nossa amizade.

A professora Jesséa de Fátima França, pela dedicação, a calma e a

amizade, que possibilitou a finalização desse trabalho.

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

RESUMO

A celulite juvenil ou dermatite granulomatosa estéril juvenil é uma enfermidade de rara ocorrência que acomete principalmente os cães. Esta afecção é conhecida por agredir principalmente os filhotes e é caracterizada por dolorosa dermatite localizada principalmente em focinho, região periocular, cervical e linfonodomegalia submandibular, podendo o animal apresentar também otite bilateral. A etiologia e a patogenia são desconhecidas, mas acredita-se que hereditariedade, genética, agentes infecciosos, tais como o vírus da cinomose e herpesvírus, reação de hipersensibilidade e reação vacinal possuem influência sobre esta enfermidade. Tendo em vista que esta afecção tem resposta positiva aos glicocorticóides há provavelmente disfunção imune subjacente. Para o diagnóstico se faz necessária boa anamnese, exame físico, exames dermatológicos complementares e histopatologia para a exclusão de possíveis diagnósticos diferenciais. O início do tratamento deve ser o mais precoce possível e, caso não seja realizado de forma adequada, o paciente pode vir a óbito. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de celulite juvenil em um cão, demonstrando a importância do exame clínico dermatológico. Palavras chave: Dermatologia. Filhotes. Glicocorticóides. Imunidade.

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

ABSTRACT

Juvenile cellulitis or juvenile sterile granulomatous pyoderma is a rare occurrence disease that primarily affects dogs. This condition is known to attack mainly puppies and is characterized by painful dermatitis located mainly in muzzle, periocular region, cervical and submandibular lymphadenopathy, the animal may also have bilateral otitis. The etiology and pathogenesis are unknown but it is believed that heredity, genetics, infectious agents such as canine distemper virus and herpesvirus, hypersensitivity reactions and vaccine reaction have effect on this disease. Given that this disease has a significant positive response to glucocorticoids there are probably underlying immune dysfunction. For the diagnosis is necessary clinical history, physical examination, laboratory tests and dermatological histopathology to the exclusion of possible differential diagnoses. Initiation of treatment should be as early as possible and if not done properly the patient can come to death. This study aims to report a case of juvenile cellulitis in a dog aiming the importance of clinical dermatological examination. Keywords: Dermatology. Puppies. Glucocorticoids. Immunity.

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Consultórios para cães. ...................................................................... 13

FIGURA 2 - Sala de emergência............................................................................ 14

FIGURA 3 - Consultório e internamento para gatos............................................... 14

FIGURA 4 - Internamento para cães. ..................................................................... 15

FIGURA 5 - Farmácia. ........................................................................................... 15

FIGURA 6 - Sala de Procedimentos pré-operatórios. ............................................ 16

FIGURA 7 - Laboratório de patologia clínica. ......................................................... 16

FIGURA 8 - Sala de exames radiográficos. ........................................................... 17

FIGURA 9 - Sala de ultrassonografia. .................................................................... 17

FIGURA 10 - Centro cirúrgico. .............................................................................. 18

FIGURA 11 - Estrutura da pele. ............................................................................ 24

FIGURA 12 - FOTOMICROGRAFIA DE EXAME HISTOPATOLÓGICO, DE UM

CÃO, POODLE, 4 ANOS, DE UMA LESÃO COM CROSTA. NOTA-SE A

INFLAMAÇÃO NODULAR DIFUSA E PIOGRANULOMATOSA. .............................. 28

FIGURA 13 - CROSTAS EM REGIÃO PERIOCULAR E PERILABIAL................. 33

FIGURA 14 - LESÃO ULCERADA EM REGIÃO CERVICAL VENTRAL NOTA-SE

OS PELOS AO REDOR COM CROSTAS MELICÉRICAS. ...................................... 33

FIGURA 15 - MESMA LESÃO DESCRITA NA FIGURA 14 E EDEMA EM

REGIÃO PERINEAL DIREITA. .................................................................................. 34

FIGURA 16 - PIORA NO QUADRO CLÍNICO COM FORMAÇÃO DE NÓDULOS

SUBCUTÂNEOS ENCIMADOS POR CROSTAS EM REGIÃO TORÁCICA

LATERAL. 35

FIGURA 17 - ULCERAÇÕES PRESENTES EM REGIÃO CERVICAL. ................ 36

FIGURA 18 - EXAME DE CITOLOGIA ASPIRATIVA POR AGULHA FINA DE

LESÃO NODULAR. ................................................................................................... 36

FIGURA 19 - NÓDULOS E LESÕES ULCERADAS EM RESOLUÇÃO, APÓS

NOVE DIAS DE TRATAMENTO COM CORTICÓIDE. ............................................. 37

FIGURA 20 - LESÃO CERVICAL VENTRAL E PERIANAL EM RESOLUÇÃO. ... 38

FIGURA 21 - CONDUTO AUDITIVO DO ANIMAL APÓS QUINZE DIAS DE

TRATAMENTO COM A LOÇÃO AURICULAR ANTIBIÓTICA. ................................. 38

FIGURA 22 - CÃO, 76 DIAS, 3.8 KG, APÓS UM MÊS DE TRATAMENTO COM O

CORTICÓIDE ASSOCIADO AO ANTIBIÓTICO. ....................................................... 39

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PORCENTAGEM DA RELAÇÃO ENTRE CÃES E GATOS

ATENDIDOS ...................................................................................... 19

GRÁFICO 2 - PORCENTAGEM DA RELAÇÃO ENTRE FÊMEAS E MACHOS

ATENDIDOS ...................................................................................... 20

GRÁFICO 3 - NÚMERO DE CASOS ATENDIDOS NA CEMV-UTP POR

ESPECIALIDADES ............................................................................ 20

GRÁFICO 4 - CASOS DERMATOLÓGICOS ATENDIDOS NA CEMV-UTP. ........... 21

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - NÚMERO DE PACIENTES ATENDIDOS POR ESPÉCIE. .................. 19

TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DAS OUTRAS AFECÇÕES ENCONTRADAS ....... 20

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE ....... ............................... 12

3 CASUÍSTICA ...................................... ................................................................... 19

4 REVISÃO DE LITERATURA ........................... ...................................................... 22

4.1 A PELE ................................................................................................................ 22

4.2 O SISTEMA IMUNE CUTÂNEO .......................................................................... 24

4.3 CELULITE JUVENIL EM CÃES .......................................................................... 25

4.4 DIAGNÓSTICO ................................................................................................... 26

4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS ....................................................................... 28

4.6 TRATAMENTO .................................................................................................... 30

4.7 PROGNÓSTICO ................................................................................................. 31

5 RELATO DE CASO .................................. ............................................................. 32

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 40

7 CONCLUSÃO ....................................... ................................................................. 42

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

11

1 INTRODUÇÃO

A pele é uma barreira de proteção contra injúrias físicas, químicas e

microbiológicas e por ser um órgão tão exposto, pode sofrer inúmeras agressões as

quais são observadas nas casuísticas das clínicas e hospitais veterinários. Observa-

se que grande parte dos atendimentos é referente a processos dermatológicos

relatados como queixa principal ou de forma secundária (LUCAS, 2004).

A celulite é um quadro infeccioso que acomete a derme e o subcutâneo e a

pele afetada apresenta-se eritematosa e edemaciada. O exame histopatológico das

lesões mostra a inflamação piogranulomatosa com presença de microrganismos. A

celulite juvenil é uma enfermidade que acomete filhotes e manifesta-se como uma

dermatite pustular e nodular, edema de face e junções mucocutâneas.

Microscopicamente as lesões iniciais não envolvem os folículos adjacentes, mas

progridem para foliculite, furunculose, paniculite e linfadenite granulomatosa, porém

estéreis. As infecções bacterianas são secundárias e podem gerar sepse, se não

tratadas (HARGIS; GINN, 2013).

O presente trabalho é constituído por uma revisão de literatura sobre celulite

juvenil em cães e o relato de um caso acompanhado durante o estágio curricular.

Também tem como objetivo, apresentar as atividades desenvolvidas na Clínica

Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV- UTP), a

qual localiza-se no campus Barigui, na Rua Sidney Antonio Rangel Santos, 238,

Bairro Santo Inácio, Curitiba, Paraná.

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

12

2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DA UNIDADE CEDENTE

O estágio foi realizado na área de clínica médica de pequenos animais, no

período de 03 de agosto a 15 de outubro de 2015, totalizando 408 horas, de

segunda a sexta-feira, nos horários de 08h às 18h. Como orientadora acadêmica, a

Professora Jesséa de Fátima França e orientadora profissional a Professora Fabiana

Monti.

Quinzenalmente, nas quartas-feiras às 13h30 eram realizadas discussões de

casos clínicos com os professores e residentes, acompanhados pelos estagiários. E

nas sextas-feiras, às 08h, foram acompanhadas apresentações orais dos estagiários

sobre artigos científicos, incluindo diversos temas da medicina veterinária.

Nos acompanhamentos das consultas, era permitido ajudar na contenção

dos pacientes, realizar a pesagem, a anamnese e o exame físico dos animais,

separar o material necessário para a consulta, além de informar o caso ao médico

veterinário responsável para o término da avaliação e recomendação de exames

auxiliares. No internamento, era possível a execução de procedimentos como

colheita de sangue, aferição de glicemia e pressão, administração de medicamentos,

testes dermatológicos, limpeza de feridas, fluidoterapia e observação de

quimioterapias, sempre com a presença de um veterinário responsável.

A CEMV é formada por uma equipe de veterinários professores e residentes

e oferece serviços como: anestesiologia, cirurgias de coluna, cirurgias ortopédicas,

cirurgias de tecidos moles, dermatologia, exames laboratoriais, internamento,

odontologia, oftalmologia, oncologia, neurologia, radiologia, ultrassonografia e

videocirurgia. Os plantões são realizados pelos residentes nível 1 e 2.

A clínica é constituída de recepção; três consultórios para atendimento aos

cães (FIGURA 1); uma sala de emergência (FIGURA 2); um consultório juntamente

ao internamento, para gatos, composto por três baias (FIGURA 3); um internamento

para cães contendo 8 baias (FIGURA 4); uma farmácia (FIGURA 5); uma sala para

procedimentos pré-operatórios (FIGURA 6) e uma para o pós operatório; uma sala

de isolamento; um laboratório de patologia clínica (FIGURA 7); uma sala de exames

radiográficos (FIGURA 8) e outra para a ultrassonografia (FIGURA 9) e dois centros

cirúrgicos, sendo um para procedimentos gerais (FIGURA 10) e o outro específico

para procedimentos odontológicos.

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

13

FIGURA 1 - Consultórios para cães.

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

14

FIGURA 2 - Sala de emergência.

FIGURA 3 - Consultório e internamento para gatos.

.

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

15

FIGURA 4 - Internamento para cães.

FIGURA 5 - Farmácia.

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

16

FIGURA 6 - Sala de Procedimentos pré-operatórios.

FIGURA 7 - Laboratório de patologia clínica.

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

17

FIGURA 8 - Sala de exames radiográficos.

FIGURA 9 - Sala de ultrassonografia.

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

18

FIGURA 10 - Centro cirúrgico.

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

3 CASUÍSTICA

Durante o estágio curricular foi possível acompanhar 192 consultas. Os

gráficos e tabelas a seguir expõem os atendimentos acompanhados e a relação

entre espécies atendidas,

doenças dermatológicas de maior incidência na clínica

etiopatogenia.

TABELA 1

Espécie

Canina

Felina

Total

GRÁFICO 1 -

Durante o estágio curricular foi possível acompanhar 192 consultas. Os

gráficos e tabelas a seguir expõem os atendimentos acompanhados e a relação

entre espécies atendidas, gênero sexual, especialidades mais prevalen

doenças dermatológicas de maior incidência na clínica, de acordo com a

TABELA 1 - Número de pacientes atendidos por espécie.

Espécie Quantidade

Canina 168

Felina 24

Total 192.

- Porcentagem da relação entre cães e gatos atendidos

87%

13%

RELAÇÃO CÃES E GATOS

Cães Gatos

19

Durante o estágio curricular foi possível acompanhar 192 consultas. Os

gráficos e tabelas a seguir expõem os atendimentos acompanhados e a relação

, especialidades mais prevalentes e as

de acordo com a

Número de pacientes atendidos por espécie.

Quantidade

168

24

192

Porcentagem da relação entre cães e gatos atendidos.

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

GRÁFICO 2 - Porcentagem da relação entre fêmeas e machos atendidos

O gráfico 3 demonstra o número de casos atendidos

acordo com os sistemas acometidos.

GRÁFICO 3 - Número de casos atendidos na CEMV

A Tabela 2 demonstra

afecções encontradas.

TABELA 2

40%

RELAÇAO MACHOS E FÊMEAS

Neurologia 2

Endocrinologia 4

Odontologia 6

Oftalmologia 8

Urologia 9

Cardiologia 10

Gastroenterologia 14

Musculoesquelético 22

Outros 31

Oncologia 41

Dermatologia 45

NÚMERO DE CASOS POR ESPECIALIDADES

Porcentagem da relação entre fêmeas e machos atendidos

.

O gráfico 3 demonstra o número de casos atendidos, por especialidades

acordo com os sistemas acometidos.

Número de casos atendidos na CEMV-UTP por especialidades

A Tabela 2 demonstra os casos atendidos que foram classificados em outras

TABELA 2 - Classificação das outras afecções encontradas

60%

RELAÇAO MACHOS E FÊMEAS

Fêmeas Machos

0 10 20 30 40 50

Neurologia 2

Endocrinologia 4

Odontologia 6

Oftalmologia 8

Urologia 9

Cardiologia 10

Gastroenterologia 14

Musculoesquelético 22

Outros 31

Oncologia 41

Dermatologia 45

NÚMERO DE CASOS POR ESPECIALIDADES

NÚMERO DE CASOS POR ESPECIALIDADES

20

Porcentagem da relação entre fêmeas e machos atendidos.

por especialidades, de

UTP por especialidades.

os casos atendidos que foram classificados em outras

Classificação das outras afecções encontradas.

NÚMERO DE CASOS POR ESPECIALIDADES

NÚMERO DE CASOS POR ESPECIALIDADES

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

Alterações

Avaliação para Castração

Doenças Reprodutivas

Intoxicação

Doenças Respiratórias

Doenças Infecciosas

TOTAL

GRÁFICO 4

Com relação aos casos dermatológicos atendidos, as otites eram as

alterações mais vistas, seguida de

demodicose. Os casos inconclusivos referem

os quais não foram diagnosticados de forma precisa. As feridas por mordedura, a

dermatite atópica, a dermatofitose, piodermites ba

autoimune (celulite juvenil) e outro de miíase também foram relatados.

No atendimento geral do hospital, a especialidade mais solicitada foi a

dermatologia, representada por vários casos de otite fúngica e de DASP. A segunda

especialidade mais procurada foi a oncologia, sendo as neoplasias mamárias as

mais visualizadas nos pacientes levados à consulta. Em terceiro lugar,

especialidades, que se dividem em: avaliação para castração, doenças reprodutivas,

como a piometra, intoxicação, doenças respiratórias e infecciosas.

dentro de doenças musculoesqueléticas notaram

fraturas. No período de estágio foram vistos apenas dois casos de doenças

infecciosas, como a parvovirose.

Otite 12

DASP 8

Demodiciose 6

Inconclusivo 5

Mordedura 4

Dermatite atópica 3

Piodermite 3

Dermatofitose 2

Doença autoimune 1

Miíase 1

Alterações Quantidade

Avaliação para Castração 12

Doenças Reprodutivas 10

Intoxicação 4

Doenças Respiratórias 3

Doenças Infecciosas 2

TOTAL 31

GRÁFICO 4 - Casos dermatológicos atendidos na CEMV-UTP.

Com relação aos casos dermatológicos atendidos, as otites eram as

alterações mais vistas, seguida de dermatite alérgica a saliva da pulga (DASP) e

demodicose. Os casos inconclusivos referem-se aos pacientes com lesões de pele,

os quais não foram diagnosticados de forma precisa. As feridas por mordedura, a

dermatite atópica, a dermatofitose, piodermites bacterianas, um caso de doença

autoimune (celulite juvenil) e outro de miíase também foram relatados.

No atendimento geral do hospital, a especialidade mais solicitada foi a

dermatologia, representada por vários casos de otite fúngica e de DASP. A segunda

pecialidade mais procurada foi a oncologia, sendo as neoplasias mamárias as

mais visualizadas nos pacientes levados à consulta. Em terceiro lugar,

especialidades, que se dividem em: avaliação para castração, doenças reprodutivas,

toxicação, doenças respiratórias e infecciosas.

dentro de doenças musculoesqueléticas notaram-se displasias, hérnias de disco e

fraturas. No período de estágio foram vistos apenas dois casos de doenças

infecciosas, como a parvovirose.

0 5 10 15

Otite 12

DASP 8

Demodiciose 6

Inconclusivo 5

Mordedura 4

Dermatite atópica 3

Piodermite 3

Dermatofitose 2

Doença autoimune 1

Miíase 1

Tipos de alterações dermatológicas

21

Quantidade

12

10

31

UTP.

Com relação aos casos dermatológicos atendidos, as otites eram as

dermatite alérgica a saliva da pulga (DASP) e

se aos pacientes com lesões de pele,

os quais não foram diagnosticados de forma precisa. As feridas por mordedura, a

cterianas, um caso de doença

autoimune (celulite juvenil) e outro de miíase também foram relatados.

No atendimento geral do hospital, a especialidade mais solicitada foi a

dermatologia, representada por vários casos de otite fúngica e de DASP. A segunda

pecialidade mais procurada foi a oncologia, sendo as neoplasias mamárias as

mais visualizadas nos pacientes levados à consulta. Em terceiro lugar, outras

especialidades, que se dividem em: avaliação para castração, doenças reprodutivas,

toxicação, doenças respiratórias e infecciosas. Em quarto lugar,

se displasias, hérnias de disco e

fraturas. No período de estágio foram vistos apenas dois casos de doenças

Tipos de alterações dermatológicas

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

22

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 A PELE

É o maior órgão do corpo, e se divide em epiderme, derme, tecido

subcutâneo, e seus anexos (folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas)

(HARGIS; GINN, 2013).

A epiderme é formada por quatro camadas (estrato córneo, estrato

granuloso, estranho espinhoso e estrato basal). O estrato córneo é a camada mais

externa da epiderme, e consiste de várias células ceratinizadas responsáveis pela

resistência da epiderme e que atuam como barreira protetora. A camada granular é

composta por lipídeos e proteínas e é caracterizada por células achatadas. Logo

abaixo do estrato granuloso está o espinhoso, que é formado por células poliédricas.

A camada mais interna da epiderme é a camada basal, também conhecida como

germinativa, pois apresenta células cúbicas que têm capacidade proliferativa na

epiderme. Os melanócitos estão presentes no estrato basal e são responsáveis pela

produção da melanina, que confere a coloração da pele e do pelo dos animais. As

células de Merkel, encontradas no estrato basal, se ligam nos ceratinócitos através

das junções desmossomais e apresentam grânulos que liberam mediadores

químicos, mas esse mecanismo de liberação ainda não é entendido. As células de

Langerhans promovem a modulação da resposta imunológica da pele e estão

presentes nas camadas basal, espinhosa e granular da epiderme (FIGURA 11)

(HARGIS; GINN, 2013).

A derme é rica em fibras colágenas e se divide em superficial e profunda. A

derme superficial sustenta a porção superior do folículo piloso e glândulas sebáceas

que são responsáveis pela manutenção, lubrificação e termorregulação, já a derme

profunda sustenta a porção inferior do folículo e as glândulas apócrinas, e é onde se

encontram os vasos sanguíneos, os nervos, vasos linfáticos e o músculo liso.

Células como mastócitos, linfócitos, plasmócitos e macrófagos, originados na

medula óssea, são encaminhadas à derme pelo sangue. O tecido subcutâneo

baseia-se em tecido adiposo, fibras colágenas e elásticas que promovem

flexibilidade. A gordura armazenada no subcutâneo atua como isolante térmico e

reserva a energia. Essa camada faz também a ligação da derme ao músculo ou

osso adjacente (HARGIS; GINN, 2013).

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

23

O pH cutâneo do cão e do gato varia entre 5,5 a 7,5 conforme a região

anatômica, o status sexual, a raça e o manto piloso (LUCAS, 2004). A pele hígida é

composta por algumas espécies bacterianas e fúngicas, que vivem em relação

simbiótica, graças ao pH, aos graus de salinidade e de umidade, e aos níveis

protéicos e lipídicos da pele (LUCAS, 2004). A microflora da pele canina é composta

tanto de bactérias residentes como transitórias e fungos como a Malassezia

pachydermatis. Entende-se por bactérias residentes aquelas que se multiplicam na

superfície da pele e nos folículos pilosos onde a população é constante, portanto,

comensais. Nos cães, as bactérias residentes encontradas são: Micrococcus spp.,

Staphylococos coagulase positiva (especialmente Staphylococcus intermedius e

Staphylococcus epidermitis), Staphylococos coagulase negativa, Streptococcus

hemolítico, Clostridium sp., e o Propionibacterium acnes. Nos gatos: Micrococcus

sp., Staphylococos coagulase negativo, (especialmente Staphylococcus simulans),

Estreptococos alpha hemolítico e Acinetobacter sp. (SCOTT et al., 1996).

Os microorganismos transitórios não se multiplicam na pele normal da

maioria dos animais. Segundo Lucas et al. (2005, p.5-6)

Nos cães, as bactérias transitórias são: Escherichia coli, Proteus mirabilis, Corynebacterium sp., Bacillus sp., Pseudomonas sp., Streptococcus, Alcaligenes sp e Staphylococcus spp. e nos gatos: Estreptococos B. Hemolítico, Eschericia coli, Proteus mirabilis, Pseudomonas sp., Alcaligenes sp., Bacillus sp., Staphylococcus sp (coagulase positivo), Staphylococcus spp. (coagulase-negativo).

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

24

FIGURA 11 - Estrutura da pele.

FONTE: HARGIS; GINN, 2013, p.977.

4.2 O SISTEMA IMUNE CUTÂNEO

A função do sistema imunológico é proteger o indivíduo contra agentes

infecciosos, substâncias protéicas e evitar a formação exacerbada de células

alteradas que poderiam se formar em neoplasias. A primeira defesa que o

organismo usa para proteção é a física, como exemplo a pele intacta que possui

eficiente barreira contra infecção microbiana. A imunidade é outra barreira capaz de

resistir à invasão e a proliferação de patógenos. Existem dois tipos de imunidade, a

inata e a adquirida.

A imunidade inata é exercida pelos mecanismos de defesa que nascem com

o indivíduo, como exemplo as células fagocíticas (neutrófilos, monócitos e

macrófagos teciduais), que fazem parte da reação de inflamação e são atraídas no

foco de infecção onde ingerem e destroem os agentes invasores e impedem que

estes se espalhem para áreas não infectadas. O organismo também utiliza o sistema

complemento, que são enzimas que tem capacidade de revestir as bactérias e

destruí-las.

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

25

A imunidade adquirida é um mecanismo dirigido contra antígenos

específicos os quais o organismo havia sido exposto anteriormente, permitindo

reagir de maneira mais rápida e eficiente frente a um antígeno, desenvolvendo

memória imunológica (WERNER, 2011). O sistema imune adquirido possui duas

linhas de defesa, a resposta imune humoral e celular. Na resposta imune humoral

anticorpos são produzidos por linfócitos B e serão responsáveis pela eliminação de

microrganismos invasores extracelulares ou exógenos. Já a resposta imune celular é

direcionada contra antígenos intracelulares ou endógenos, e células especializadas

(linfócitos T) destroem as anormais, sejam elas, neoplásicas ou infectadas. As

doenças cutâneas inflamatórias são originadas por alterações dos componentes

desses sistemas de defesa (TIZARD, 2008).

4.3 CELULITE JUVENIL EM CÃES

A celulite juvenil ou também conhecida por linfadenite granulomatosa estéril

ou pioderma juvenil, é um distúrbio incomum, encontrado em cães filhotes, de causa

desconhecida, sem predisposição sexual, que pode afetar qualquer raça, mas

elevada incidência tem sido descrita em Gordon Setters (LIU et al., 2008; TOOPS et

al., 2008).

Acredita-se que esta doença tenha relação com o sistema imune, onde este

deixa de reconhecer células ou componentes teciduais normais e passa a considerá-

los como estranho, conseqüentemente reagindo contra os tecidos e células do

próprio indivíduo ou contra células alteradas por infecções virais ou neoplasias

(WERNER, 2011).

As reações de hipersensibilidade são consideradas na origem da celulite

juvenil, principalmente as de tipo II e III que são resultantes de respostas

imunológicas exacerbadas direcionadas a antígenos (VAL, 2006). Estas reações são

divididas em afecções primárias ou autoimunes ou afecções secundárias,

imunomediadas (THOMPSON, 1997). Na doença primária, ou autoimune, uma

resposta imunológica exagerada é desenvolvida, por meio de anticorpos e linfócitos,

contra a própria pele. Fatores de fundo genético e anormalidades imunológicas são

contributivos para ocorrência desta afecção (THOMPSON, 1997). Na doença

cutânea imunomediada, ou secundária, a lesão tecidual é resultado de um evento

imunológico. É observada em processos patológicos, como neoplasias, infecções

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

26

virais, fúngicas, bacterianas, parasitoses e na administração de alguns fármacos. O

tratamento para as doenças dermatológicas de caráter imunológico é a

imunossupressão (THOMPSON, 1997). Os agentes imunossupressores irão

controlar a resposta imunológica exagerada, diminuindo a formação de anticorpos

ou células que agridem o próprio animal.

Romero et al. (2010) observaram o desenvolvimento dessa doença seis dias

após a administração de uma vacina polivalente composta por vírus e bactérias

atenuados de leptospiras, cinomose, hepatite, parvovirose, adenovírus tipo 2,

parainfluenza, coronavirose em um cão de 50 dias de vida. O que explica o

desenvolvimento da doença nesse caso, é que o vírus atenuado contido nas vacinas

modificadas promove intensa resposta imune celular e humoral, lembrando que

estes têm disfunção imunológica e irão desencadear inflamação intensa após

ativação exacerbada dos componentes de resposta imune. Mas em vacinas

recombinantes, nas quais são utilizados vírus similares ou porções do material

genético de outro indivíduo biológico que não é o mesmo a ser combatido, isso não

acontece, tornando-a menos perigosa para animais imunocomprometidos ou

desnutrido (SCHULTZ, 2004).

As lesões cutâneas observadas nessa enfermidade incluem edema facial,

principalmente nas margens palpebrais, lábios, focinhos e pinas, que progridem

dentro de 24 a 48 horas, para uma dermatite vesiculopustular com exsudação de

conteúdo seroso e/ou purulento, crostas e alopecia (TOOPS, 2008), devido à reação

inflamatória local e infecção bacteriana secundária. Eventualmente, as lesões

cutâneas podem aparecer nos pés, abdome, tórax, vulva, prepúcio e ânus

(JEFFERS et al., 1995). Os sinais clínicos verificados são otite externa não

pruriginosa, nódulos subcutâneos, que afetam os troncos, proeminente

linfoadenomegalia submandibular, e em casos mais graves, é notado anorexia,

pirexia, letargia e dor articular (LIU et al., 2008). Pode estar associado à

sintomatologia gastroentérica e musculoesquelética (BASSET, 2005).

4.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico dessa enfermidade baseia-se no histórico, achados clínicos,

exames de base e histopatologia. O exame citopatológico de exsudatos ou de

aspirado pode ser realizada, se ocorrer infecção secundária, bactérias serão

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

27

identificadas. Na citologia aspirativa de linfonodos, pústulas e nódulos, há uma

inflamação granulomatosa ou piogranulomatosa estéril, ou seja, não há

microrganismos (SCOTT et al., 2001).

De acordo com Hutchings (2003), o exame histopatológico das lesões

precoces, evidencia uma dermatite piogranulomatosa e paniculite, composta por

macrófagos epitelióides, com vários tamanhos de núcleos de neutrófilos e não há

agentes infecciosos (FIGURA 12). Alves et al., (2012) também descreveu no exame

de biópsia de pele a acantose multifocal e dilatação de vasos linfáticos da derme. A

cultura bacteriana pode ser realizada, normalmente é estéril, mas pode ser positiva

se infecções secundárias estiverem presentes, entretanto, o tratamento com

antibióticos não irá resultar melhora significativa (TOOPS, 2008).

A avaliação hematológica revela leucocitose, neutrofilia e leve monocitose, e

as análises bioquímicas mostram hipoalbuminemia, ácidos biliares e fosfatase

alcalina elevadas (NEUBER et al., 2004). De acordo com Wentzell (2011), a

presença de uma anemia normocítica normocrômica já foi relatada.

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

28

FIGURA 12 - FOTOMICROGRAFIA DE EXAME HISTOPATOLÓGICO, DE UM CÃO, POODLE, 4 ANOS, DE UMA LESÃO COM CROSTA. NOTA-SE A INFLAMAÇÃO NODULAR DIFUSA E

PIOGRANULOMATOSA.

FONTE: NEUBER et al., 2004, p.255.

4.5 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

A piodermite bacteriana é uma das infecções dermatológicas mais comuns

entre os cães, sendo o agente etiológico, o Staphylococcus pseudintermedius. As

infecções ocorrem quando a integridade da superfície da pele é rompida, e fica

exposta à umidade, quando a microbiota normal é excessiva, quando a circulação é

prejudicada ou quando a imunidade do animal estiver comprometida (LUCAS, 2004;

ROSSER, 1998). As piodermites são classificadas em da superfície, superficiais e

profundas. A invasão dos microrganismos no estrato córneo (camada epidérmica

mais externa) resulta na formação de pústulas, que se rompem, dando origem aos

colarinhos epidérmicos e crostas. Já quando a piodermite é superficial, há invasão

da epiderme com comprometimento superficial do folículo piloso, como na foliculite,

e encontram-se pápulas e pústulas foliculares, que também se rompem (ROSSER,

2004; SCOTT et al., 1995).

A piodermite profunda é uma evolução das infecções superficiais, acomete

as camadas mais profundas do folículo piloso, que se rompe e forma-se a

furunculose. Invade a derme e o subcutâneo, causando celulite (ROSSER, 2004;

SCOTT et al., 1995). Apresenta-se como lesões cutâneas focais, multifocais e

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

29

generalizadas, fistulas com drenagem purulenta e serossanguinolenta. A

linfonodomegalia é comum. A citologia é o diagnóstico mais preciso para

diagnosticar a piodermite, bactérias fagocitadas e neutrófilos degenerados são

observados, apontando o quadro infeccioso (NOBRE, 1998; ROCHA, 2008).

A demodicose que é outro diagnóstico diferencial para esta enfermidade, é

causada pelo ácaro Demodex canis, que são parasitas que colonizam os folículos

pilosos. A manifestação clínica de alopecia, pápulas ao redor dos olhos, áreas

eritematosas e de prurido intenso podem ser confundidos com a CJ. O diagnóstico é

realizado através de raspados cutâneos em lâmina de microscopia com aumento de

40X e 100X, onde é possível observar ovos, larva, ninfas e adultos (CONTE, 2008).

A farmacodermia (reação medicamentosa) é dividida de acordo com a

etiopatogenia como alérgica e não alérgica relacionada com ações farmacológicas

de algumas drogas (independente da dose), e com a resposta imunológica do

indivíduo. Diversos fármacos podem resultar em reação cutânea nos pacientes com

hipersensibilidade, mas de acordo com Ensina et al. 2008, os principais são os

antibióticos e os anti-inflamatórios não esteroides. As sulfonamidas, principalmente

aquelas potencializadas por trimetoprim, são relatadas por produzirem reações de

hipersensibilidade em cães (SCOTT; MILLER; GRIFFIN, 2001). Os sinais clínicos

podem incluir pápulas, placas, vesículas, bolhas, eritema, urticária, angioedema,

alopecia, ulcerações e otite externa. O diagnóstico dessa doença conclui-se por

meio do histórico, que inclui a investigação sobre administração recente de

medicamentos, o exame histopatológico revela necrose da epiderme e derme e

pode apresentar células inflamatórias ou não (TRAPP; HADDAD et al, 2005).

A cinomose, causada por um morbilivírus, é uma doença com incidência

elevada em filhotes não vacinados. Na pele, cães acometidos pelo vírus, podem

desenvolver hiperqueratose de coxins e dermatite pustular, semelhante aos casos

de celulite juvenil. Portanto, o teste de imunofluorescência direta a partir de

conjuntiva, deve ser realizado juntamente com a biópsia de pele, onde os

corpúsculos de inclusão (lentz) serão evidentes (MEDLEAU; HNILICA, 2003).

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

30

4.6 TRATAMENTO

A terapia baseia-se no uso de glicocorticóides, e deve ser de forma mais

rápida possível, para a resolução da doença.

Os glicocorticóides são as drogas mais frequentemente utilizadas como

agentes imunossupressores e anti-inflamatórios. Agem sobre a circulação linfocitária

diminuindo as respostas das células T e sua produção de citocinas, minimiza a

atividade bactericida em neutrófilos e a quimiotaxia em macrófagos, além de evitar

edema e deposição de fibrina. Uma vez induzida a resposta clínica, a dose deve ser

reduzida, pelo aumento no intervalo entre as doses. Por suprimir a inflamação e a

fagocitose, esses fármacos podem tornar os animais susceptíveis a infecções

(TIZARD, 2008).

Recomenda-se iniciar com administração de prednisona ou prednisolona na

dose de 2mg/kg a cada 24 horas por via oral, até que a doença seja inativada

(geralmente em 14-28 dias), variando para cada animal (SCOTT; MILLER; GRIFFIN,

2001). Após isso, 2mg/kg, a cada 48 horas, durante duas a três semanas, reduzindo

gradativamente a dose e a frequência para evitar recidivas (WENTZELL, 2011).

Scott e Miller (2007) relataram em estudos que cinco cães com a CJ não

responderam ao tratamento com a prednisona, apenas à dexametasona 0,2 mg/kg.

Park et al., (2010) fez o uso da ciclosporina na dose de 5mg/kg, a cada 24

horas, em associação à prednisona, em três filhotes de Cocker Spaniel com CJ e

paresia de membros, e não houve toxicidade nesses animais. A ciclosporina, além

de agir no sistema neurológico, é imunossupressora.

Se houver infecção bacteriana secundária, antibióticos bactericidas como

cefalexina, amoxicilina com clavulanato devem ser administrados durante três a

quatro semanas, até a resolução clínica e citológica completa (SCOTT; MILLER;

GRIFFIN, 2001).

A lavagem com água morna tópica diária deve ser feita para remoção de

crostas e exsudatos. O xampu que contém 2% de clorexidine é indicado no

tratamento auxiliar das grandes afecções bacterianas da pele, tanto as superficiais

ou profundas, tem rápida ação bactericida e efeito contra uma variedade de

bactérias gram positivas e negativas, é usado duas a três vezes por semana, para

melhorar a condição da pele desses animais (LIU et al., 2008).

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

31

Shibata e Nagata (2004), em uma investigação com seis cães, comprovaram

a eficácia da griseofulvina no tratamento para CJ. Estes cães foram submetidos à

dose de 14 a 34 mg/kg, a cada 12 horas, e em três semanas houve a resolução

completa dos casos. A griseofulvina é um antibiótico fungistático que também

apresenta propriedades imunomoduladoras, e em humanos, é utilizada em

desordens inflamatórias idiopáticas da pele.

4.7 PROGNÓSTICO

O prognóstico é reservado. Em casos que o diagnóstico é feito

precocemente a cura pode ocorrer entre uma a quatro semanas. As recidivas são

incomuns, mas podem ocorrer (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU; HNILICA, 2003).

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

32

5 RELATO DE CASO

Um cão, macho, sem raça definida, 45 dias, 2 Kg, foi atendido na Clínica

Escola de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV), com

histórico de dor, ulcerações e prurido na pele e condutos auditivos. O proprietário

relatou que anteriormente, o animal havia sido atendido em outra clínica veterinária,

na qual realizou radiografia, pois suspeitava de fratura, após episódio de

atropelamento em casa, uma semana antes desses sinais. O animal foi vermifugado

nessa consulta e a vacinação não foi realizada. Foram administradas também duas

medicações injetáveis no animal, mas o responsável não soube quais foram os

fármacos usados.

Ao exame físico, a temperatura corporal encontrava-se dentro dos

parâmetros de normalidade, assim como a frequência respiratória e cardíaca. As

mucosas apresentavam-se normocoradas e o paciente encontrava-se hidratado;

constatou-se aumento dos linfonodos submandibulares e poplíteos, otite bilateral

com evidente dor à palpação, crostas em região periocular e perilabial (FIGURA 13);

edema e ulcerações, com exsudato purulento, em região cervical ventral (FIGURA

14), torácica lateral esquerda, direita e ventral; e em região perianal direita (FIGURA

15).

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

33

FIGURA 13 - CROSTAS EM REGIÃO PERIOCULAR E PERILABIAL.

FIGURA 14 - LESÃO ULCERADA EM REGIÃO CERVICAL VENTRAL NOTA-SE OS PELOS AO REDOR COM CROSTAS MELICÉRICAS.

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

34

FIGURA 15 - MESMA LESÃO DESCRITA NA FIGURA 14 E EDEMA EM REGIÃO PERINEAL DIREITA.

.

Foi realizado o teste rápido da cinomose (AG TESTE), a partir de esfregaço

de conjuntiva, o qual foi negativo. Após a limpeza das lesões com o soro fisiológico,

o exame citológico das lesões exsudativas e do cerúmen foram realizados. Os

resultados observados foram cocos em ambos os condutos, e uma colonização

bacteriana na pele por cocos e presença de neutrófilos. Os diagnósticos diferenciais

neste momento sugeriam farmacodermia e a piodermite. Então, instituiu-se o

tratamento com amoxicilina potencializada com clavulanato de potássio, 1

comprimido na dose de 20mg, VO, a cada 12 horas, durante 15 dias, e para

analgesia, a Dipirona monoidratada, 2 gotas VO, a cada 8 horas, durante 5 dias.

Para tratamento da otite, foi recomendada a limpeza com solução de ph neutro, a

cada 12 horas, durante 5 dias e o uso tópico a cada 12 horas, durante 15 dias, do

composto de Diazinon, piramicina, neomicina e dexametasona, utilizados nos

pavilhões auriculares para tratamento de infecções micóticas, parasitárias e

bacterianas. Recomendou-se reavaliação quatro dias após o início do tratamento,

para antissepsia das lesões.

No retorno, o animal voltou mais alerta, porém as ulcerações na pele

persistiam e a otite também.

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

35

Após quinze dias da primeira consulta, o animal encontrava-se apático e

com piora no quadro dermatológico, notavam-se nódulos subcutâneos firmes

encimados por crostas (FIGURA 16), além das ulcerações que ainda estavam

presentes (FIGURA 17). Exames de raspado de pele e citologia aspirativa por

agulha fina foram realizados. O raspado cutâneo foi negativo excluindo a presença

do ácaro Demodex canis. A citologia aspirativa do nódulo demonstrou neutrófilos

íntegros e macrófagos, sem presença de microrganismos, caracterizando um

processo inflamatório (FIGURA 18). Foi solicitada a internação do animal para a

realização de biópsia, mas no dia seguinte foi decidido iniciar o tratamento com a

Prednisona, pois a celulite juvenil era um diagnóstico presuntivo. O tratamento

iniciado com a Prednisona VO, foi de 2mg/kg, a cada 24 horas durante 15 dias,

juntamente com o mesmo antibiótico, um comprimido de 20mg, VO, a cada 12 horas

durante mais 15 dias, e o composto de Diazinon, piramicina, neomicina e

dexametasona utilizados nos pavilhões auriculares.

FIGURA 16 - PIORA NO QUADRO CLÍNICO COM FORMAÇÃO DE NÓDULOS SUBCUTÂNEOS ENCIMADOS POR CROSTAS EM REGIÃO TORÁCICA LATERAL.

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

36

FIGURA 17 - ULCERAÇÕES PRESENTES EM REGIÃO CERVICAL.

FIGURA 18 - EXAME DE CITOLOGIA ASPIRATIVA POR AGULHA FINA DE LESÃO NODULAR.

NOTA: Neutrófilos Íntegros (A), macrófagos (B) e material gorduroso, indicando tecido adiposo

envolvido (C). Ausência de microrganismos.

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

37

Após nove dias de tratamento com o corticóide, houve melhora no quadro

dermatológico, regressão de alguns nódulos, resolução de áreas de alopecia

(FIGURA 19), e ulceras (FIGURA 20) e melhora na otite (FIGURA 21). Foi realizada

então a redução da dose do fármaco, para 1 mg/kg, VO, a cada 24 horas durante

sete dias, limpeza tópica da pele utilizando solução de clorexidine a 1%, e o

antibiótico foi suspenso após 25 dias de terapia.

FIGURA 19 - NÓDULOS E LESÕES ULCERADAS EM RESOLUÇÃO, APÓS NOVE DIAS DE TRATAMENTO COM CORTICÓIDE.

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

38

FIGURA 20 - LESÃO CERVICAL VENTRAL E PERIANAL EM RESOLUÇÃO.

.

FIGURA 21 - CONDUTO AUDITIVO DO ANIMAL APÓS QUINZE DIAS DE TRATAMENTO COM A LOÇÃO AURICULAR ANTIBIÓTICA.

Após nove dias, houve a diminuição da dose de Prednisona para ½ mg/kg,

VO, a cada 48 horas, durante uma semana. No retorno, após 11 dias, reduziu-se ½

mg/kg, VO, a cada dois dias por mais uma semana . Então foi solicitado aumentar o

intervalo de administração da Prednisona, para duas vezes por semana, durante

sete dias e encerrar o tratamento.

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

39

Até a presente data, após um mês de tratamento, o paciente encontra-se

ativo e saudável, com resolução das lesões, crescimento de pelos nas regiões

afetadas e ganho de peso (FIGURA 22).

FIGURA 22 - CÃO, 76 DIAS, 3.8 KG, APÓS UM MÊS DE TRATAMENTO COM O CORTICÓIDE ASSOCIADO AO ANTIBIÓTICO.

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

40

6 DISCUSSÃO

No período de estágio obrigatório, realizado na Clínica Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná, dentre os casos de dermatologia, apenas um tratou-

se de celulite juvenil.

A celulite juvenil é uma dermatite granulomatosa ou piogranulomatosa estéril

que acomete filhotes entre três semanas e seis meses, fato visto no presente relato.

O Dachshund, Golden retriever, Labrador retriever, Gordon setter, Beagle e Pointer

são consideradas as raças predispostas (SCOTT et al., 2001; MEDLEAU, HNILICA

2003). A bibliografia consultada não relatou nenhum caso em cães sem raça

definida predispostos a essa enfermidade.

Sua etiologia é incerta, estando relacionada à reação de hipersensibilidade

e/ou doença viral (CARLOTTI, 2003). No relato de caso apresentado, o paciente foi

submetido a algumas medicações, mas a proprietária não soube nos dizer quais

fármacos foram usados. O animal também não era portador de doença viral. E ainda

não havia sido vacinado. ALVES et al., (2012), relatou três cães que desenvolveram

a CJ após a primeira dose da vacina óctupla.

O quadro clínico iniciou com blefarite bilateral; crostas em região perilabial;

lesões ulceradas em região cervical ventral, torácica lateral esquerda, direita e

ventral e lombo sacra direita (ao redor da cauda); otite bilateral e linfonodomegalia. E

após 15 dias, o animal voltou para retorno com formações de nódulos subcutâneos

no tronco, alguns encimados por úlceras com exsudação purulenta e áreas de

alopecia. O quadro foi compatível com os achados descritos por Medleau e Hnilica

(2003).

A citologia das lesões ulceradas inicialmente revelou infecção bacteriana

secundária. Assim como descrito por Neuber et al., (2004). Porém a citologia

aspirativa dos nódulos em um retorno posterior mostrou grande quantidade de

neutrófilos íntegros, e macrófagos, o que caracterizou um quadro estéril. Segundo

Pasa e Voyvoda (2003), o exame citológico de aspirados de linfonodos afetados,

pústulas e abscessos raramente revelam bactérias na CJ, sugerindo uma etiologia

não bacteriana. Os casos relatados por White et al. (1989), demonstraram a CJC

precedida por envolvimento ósseo. Neste caso, o cão sofreu um trauma, mas não foi

verificada fratura óssea.

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

41

O tratamento utilizado, conforme o descrito na literatura deve ser precoce e

agressivo, caso contrário as cicatrizes podem ser graves (SCOTT et al., 2001). Por

isto não se optou por aguardar a realização de biópsia para iniciar o tratamento. O

cão relatado não apresentou cicatrizes, pois o tratamento foi instituído rapidamente.

Optou-se primeiramente por tratamento com a amoxicilina com clavulanato de

potássio devido à infecção bacteriana secundária e o analgésico e antitérmico, mas

após, o uso as lesões progrediram, fato este controlado após o início da terapia

imunossupressora com corticóide. Com base no histórico agudo, sinais clínicos,

achados laboratoriais e resposta positiva após nove dias do uso da Prednisolona,

definiu-se o diagnóstico definitivo de celulite juvenil canina.

Devido à resposta positiva ao glicocorticoide, a reação de hipersensibilidade

imunomediada após a administração dos fármacos é uma explicação para o

desenvolvimento da celulite juvenil neste caso, uma vez que a lesão tecidual

acontece por um distúrbio imunológico frente a um alérgeno, e isso foi controlado

com o tratamento imunossupressor, que minimizou os efeitos causados pela

resposta às medicações que o animal foi submetido.

De acordo com a literatura, podem ocorrer recidivas (JEFFERS; DUCLOS;

GOLDSHMIDT, 1995). Entretanto, o tempo de acompanhamento do caso não

permitiu que esta avaliação fosse conduzida.

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

42

7 CONCLUSÃO

A celulite juvenil é uma enfermidade grave relatada em filhotes, que

necessita de um diagnóstico precoce para o sucesso terapêutico e prognóstico.

Estudos devem ser realizados para que possamos obter maior conhecimento da

etiopatogenia da doença, pois a literatura existente não nos confirma uma origem, só

aponta possíveis circunstâncias para o surgimento da doença.

Com relação ao caso apresentado, a citologia aspirativa por agulha fina foi

eficaz para o diagnóstico da enfermidade.

O animal respondeu rapidamente à terapia imunossupressora, o que prova a

existência do fator imunológico.

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

43

REFERÊNCIAS

ALVES, C.E.F.; CORREA, A.G.; COSTA, H.X. et al. Celulite juvenile canina - relato de casos. Semina Ciências Agrárias , Londrina, v.33, n.4, p.1539-1542, 2012.

BASSETT, R.; BURTON, G.; ROBSON, D. Juvenile cellulitis in an 8 month old dog. Australian Veterinary Journal , v.83, p. 280-282, 2005.

CARLOTTI, D. N. Clinical aspects, diagnosis and therapy of canine pyoderma. In: Congress of the world small animal veterinary assoc iation. Bangkok: Blackwell, 2003.

CONTE, A.P. Demodicose generalizada : relato de caso. 22 f. Monografia (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais) - Universidade Castelo Branco, Braço do norte, 2008.

GORMAN, N. T. Imunologia. In: Ettinger. S. J.; Feldman, E. C.Tratado de medicina interna veterinária . 4.ed. São Paulo: Manole Ltda, 1997.

HARGIS, A.M.; GINN, E. O Tegumento. In: ZACHARY, J.F.; MCGAVIN, M.D. Bases da patologia veterinária . 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

HORVATH, C.; NEUBER, A.; LITSCHAUER, B. Pemphigus foliaceus like drug reaction in a 3 month old cross breed dog treated for juvenile cellulitis. Journal Compilation , Vienna, v.18, p. 353-359, 2007.

HUTCHINGS, S. M. Juvenile cellulitis in a puppy. Canadian Veterinary Journal , Ottawa, v. 44, n. 5, p. 418-419, 2003.

JEFFERS, J.G.; DUCLOS, D.D.; GOLDSHMIDT, M.H. A dermatosis resembling juvenile cellulitis in an adult dog. Journal of the American Animal Hospital Association , v.31, n.3, p. 204-8, 1995.

LIU, P.C.; LIN, C.C.; LIN, S.L. et al. Case report: Canine Juvenile Cellulitis in Labrador Retriever Puppies, Taiwan, v.34, n.4, p.192-197, 2008.

LUCAS, R. Semiologia da pele. In: FEITOSA, F. L. F. Semiologia veterinária : A arte do diagnóstico. São Paulo: Roca, 2004.

LUCAS, R.; BEVIANI, D.; CLEEF. V. M. et al. A. Manejo terapêutico das piodermites- aspectos clínicos, etiológicos e terap êuticos . Shering- Plough Coopers, 2005.

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

44

MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais : atlas colorido e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003.

NEUBER, A. E.; VAN DENBROEK, A. H.; BROWNSTEIN, D. et al. Dermatitis and lymphadenitis resembling juvenile cellulitis in a four-year-old dog. Journal of Small Animal Practice , Gloucester, v. 45, n. 5, p. 254-258, 2004.

NOBRE, M.; MEIRELLES, M.; GASPAR, L.F.; PEREIRA, D.; SCHRAMM, R.; SCHUCH, L.; SOUZA, L.; SOUZA, L. Malassezia pachydermatis e outros agentes infecciosos nas otites externas e dermatites em cães. Ciência Rural , v.28, Santa Maria. Set, 1998. Disponível em:<www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103 84781998000300016&script=sci_arttext&tlng=pt> Acesso em 10 out. 2015.

PARK, C.; YOO, H.J.; KIM, J.H. et al. Combination of cyclosporin A and prednisolone for juvenile cellulitis concurrent with hind limb paresis in 3 English cocker spaniel puppies. Journal CanVet J. ,Toquio, n.51, p.1265- 1268, 2010.

PASA, S.; VOYVODA, H. A case of juvenile cellulitis in a dog. The Journal of the faculty of Veterinary Medicine Kafkas University , Turkey, v. 9, n. 2, p. 211-213, 2003.

REIMANN, K.A.; EVANS, M.G.; CHALIFOUX, L.V. Clinicopathologic characterization of canine juvenile cellulitis. Veterinary Pathology , v.26, p.499-504, 1989.

ROCHA, N.S. Exame citológico no diagnostico de lesões da pele e subcutâneo. Revista Clinica Veterinária , São Paulo, n.76, p. 76-80, Out. 2008.

ROMERO, N.V.; FIOR, B.; ISHIY, T.M. et al. Celulite juvenil associada ao uso de vacina polivalente em filhote de cão. In: ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTIFICA 19, 2010, Guarapuava. Anais... Guarapuava:Eaic, 2010.

ROSSER JR, E. J. Piodermite. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders : Clinica de pequenos animais. São Paulo: Rocca, p.309-316, 1998.

SCHULTZ, R.D. Cinomose canina e vacinação : vantagens do uso das vacinas recombinantes em comparação às convencionais. 2004. Disponível em: <http://www.webvet.com.br/artigos-tecnicos/Artigos/cinomose-canina-e-vacinacao.pdf>Acesso em: 1 nov. 2015.

SCOTT, D. W.; MILLER, W. H. Juvenile cellulitis in dogs: a retrospective study of 18 cases (1976-2005). The Japanese Journal of Veterinary Dermatology , Toquio, v.13, n. 2, p. 71-79, 2007.

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PAMELA RAYANA …tcconline.utp.br/media/tcc/2016/09/CELULITE-JUVENIL-EM-CAO.pdf · PAMELA RAYANA BATISTA CELULITE JUVENIL EM CÃO: RELATO DE CASO CURITIBA

45

SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Immune-mediated disorders. In: Muller &Kirk´ssmall animal dermatology . 6. ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2001. p. 667-779.

SHIBATA, K.;NAGATA, M. Efficacy of griseofulvin for juvenile cellulitis in dogs. Veterinary Dermatology , Oxford, v. 15, n. 1, p. 20-40, 2004.

THOMPSON, J. P. Moléstias Imunológicas. In: ETTINGER. S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária . 4.ed. São Paulo: Manole Ltda. 1997. p.2766-2804.

TIZARD, I. R. Imnunologia veterinária uma introdução . 8.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

TOOPS, E.; KENNIS, R.; MACINTIRE, D.K. Juvenile cellulitis. Department of Clinical Sciences Auburn University , Estados Unidos, v. 10, p.6-9, 2008.

TRAPP, S.M.; HADDAD, N.J.; OKANO, W.; JULIANI, L.C.; STURION, D.J. Farmacodermia associada a reações sistêmicas em um cão Pinscher Miniatura medicado com a associação de trimetoprim e sulfadiazina. Arq. ciên. vet. Zool ., Umuarama, v.8, p.79-85, 2005.

VAL, A. P. C. Doenças cutâneas auto-imunes e imunomediadas de maior ocorrência em cães e gatos: revisão de literatura. Clínica Veterinária , n.60, p. 68-74, 2006.

WENTZELL, M.L. Hypertrophic osteodystrophy preceding canine juvenile cellulitis in an Australian shepherd puppy. The Canadian Veterinary Journal , v.52, p.431-434, 2011.

WERNER, P.R. Doenças Imunológicas. In: Patologia geral veterinária aplicada . São Paulo: Roca, 2011. p. 337-338.

WHITE S.D.; ROSYCHUK R.; STEWART U. Juvenile cellulitis in dogs: 15 cases (1979-1988), J. Am. Vet. Med. Assoc ., v.195, p.1609-1611, 1989.