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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS E URBANOS LARISSA SCARAVONATTI MORGANA SÁ PEREIRA HOSOI TAIANE RAMOS PEREIRA RELATÓRIO TÉCNICO DO GEORREFERENCIAMENTO DO IMÓVEL RURAL DENOMINADO FAZENDA APOLO NA LOCALIDADE DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU- PR, DE PROPRIEDADE DE ADALBERTO BOFF CARDOSO E OUTROS. CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS

RURAIS E URBANOS

LARISSA SCARAVONATTI

MORGANA SÁ PEREIRA HOSOI

TAIANE RAMOS PEREIRA

RELATÓRIO TÉCNICO DO GEORREFERENCIAMENTO DO

IMÓVEL RURAL DENOMINADO FAZENDA APOLO NA

LOCALIDADE DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU- PR, DE

PROPRIEDADE DE ADALBERTO BOFF CARDOSO E OUTROS.

CURITIBA

2015

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LARISSA SCARAVONATTI

MORGANA SÁ PEREIRA HOSOI

TAIANE RAMOS PEREIRA

RELATÓRIO TÉCNICO DO GEORREFERENCIAMENTO DO

IMÓVEL RURAL DENOMINADO FAZENDA APOLO NA

LOCALIDADE DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU- PR, DE

PROPRIEDADE DE ADALBERTO BOFF CARDOSO E OUTROS.

Levantamento técnico apresentado pelas alunas Larissa Scaravonatti, Morgana Sá Pereira Hosoi e

TaianeRamos Pereira, como requisito parcial para conclusão do curso de pós-graduação em

Georreferenciamento de Imóveis Rurais e Urbanos da Universidade Tuiuti do Paraná.

CURITIBA

2015

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SUMÁRIO 1 INFORMAÇÕES GERAIS ........................................................................................... 8

1.1 PROPRIEDADE ....................................................................................................... 8

1.2 PROPRIETÁRIO ...................................................................................................... 8

1.3 RESPONSÁVEIS TÉCNICOS ................................................................................. 8

1.4 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................................ 9

2 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................... 11

3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 13

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 13

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 13

4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 14

4.1 EQUIPAMENTOS E PROGRAMAS ....................................................................... 14

4.1.1 Receptor GNSS Trimble R4 RTK ............................................................... 15

4.1.2 Trimble Business Center (TBC) ................................................................ 15

4.1.3 Topcon Tools .............................................................................................. 16

4.1.4 Datageosis Office ....................................................................................... 17

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ............................................................................. 18

4.3 ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DO IMÓVEL ..................................................... 19

4.4 DETERMINAÇÃO DOS VÉRTICES ....................................................................... 21

4.4.1 Codificação dos Vértices ........................................................................... 23

4.5 FAIXAS DE DOMÍNIO ............................................................................................ 24

4.6 POSICIONAMENTO POR GNSS .......................................................................... 25

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4.6.1 Posicionamento Relativo Estático ............................................................ 26

4.6.2 Posicionamento Relativo Estático Rápido ............................................... 27

4.6.3 Posicionamento por RTK .......................................................................... 28

4.7 PROCESSAMENTO E AJUSTAMENTO DOS DADOS COLETADOS .................. 29

4.8 PRECISÃO E ACURÁCIA ...................................................................................... 31

4.9 MEMORIAL DESCRITIVO ..................................................................................... 32

4.10 PLANTA .............................................................................................................. 33

4.11 RELATÓRIO TÉCNICO – SIGEF ........................................................................ 34

4.12 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 36

4.13 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 37

5 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

6 ANEXOS ................................................................................................................... 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização do município de São Miguel do Iguaçu no estado do Paraná

Figura 02: Acurácia e Precisão

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Prazos para o Georreferenciamento conforme o tamanho do Imóvel

Tabela 2: Matrículas e áreas da Fazenda Apolo

Tabela 3: Sequência de pontos usados nesse projeto

Tabela 4: Características técnicas para o posicionamento relativo estático

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APP Área de Preservação Permanente

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

CCIR Certificado de Cadastro de Imóvel Rural

CNIR Cadastro Nacional de Imóveis Rurais

COMPASS Sistema Chinês de Posicionamento Global por Satélite

EUA Estados Unidos da América

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GLONASS Sistema Russo de Navegação Global por Satélite

GNSS Sistema Global ou Navegação Satélite

GPS Sistema de Posicionamento Global

HA Hectares

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

ITR Imposto Territorial Rural

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MMA Ministério do desenvolvimento Agrário

NAVSTAR-GPS NAVigation Satellite with Time And Ranging

NTGIR Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais

PP Posicionamento por ponto

RBMC Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS

RTK Real Time Kinematic

SAD Datum para o Sul da América

SGB Sistema Geodésico Brasileiro

SGL Sistema Geodésico Local

SIGEF Sistema de Gestão Fundiário

SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as América do Sul

SNCR Sistema Nacional de Cadastro Rural

UTM UniversalTransversadeMercato

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1 INFORMAÇÕES GERAIS

1.1 PROPRIEDADE

Imóvel: Fazenda Apolo

Município: São Miguel do Iguaçu

Comarca: São Miguel do Iguaçu

Estado: Paraná

Área total conforme matrículas: 1.941,4950 hectares

Área Objetivo do Georreferenciamento: 1.918,5254 hectares

Registro Imobiliário: A área é composta por matrículas registradas no

Registro de Imóveis do Município e Comarca de São Miguel do Iguaçu, sendo:

Matrícula n° 5318, Matrícula n° 5316, Matrícula n° 3429, Matrícula n° 2546, Matrícula

n° 5317, Matrícula n° 9885, Matrícula n° 15.285, Matrícula n° 388, Matrícula n° 7554

e Matrícula n° 15286.

Número de Cadastro do Imóvel no INCRA matrícula: A fazenda possui

mais que um Código de Cadastro de Imóvel Rural no Incra - CCIR/INCRA, sendo

eles: 72.117.404.180-72, 72.117.405.635-95, 72.117.405.646-48 e 84.418.001.492-

33.

1.2 PROPRIETÁRIO

Proprietário: Adalberto Boff Cardoso e Outros

Endereço: Linha Ipiranga KM18 – Itaipulândia - PR

Telefone: (45) 3565-1624

1.3 RESPONSÁVEIS TÉCNICOS

A equipe executora deste projeto foi composta por:

Larissa Scaravonatti:Tecnóloga em Gestão Ambiental

Morgana Sá Pereira Hosoi: Engenheira Florestal

Taiane Ramos Pereira: Engenheira Agrimensura

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1.4 LOCALIZAÇÃO

O imóvel do presente trabalho localiza-se no estado do Paraná na região

Sudoeste no município de São Miguel do Iguaçu, cerca de 590 quilômetros de

distância da capital Curitiba, tem como acesso a rodovia federal BR-277 e a rodovia

estadual PR-497pertencente à comarca de São Miguel do Iguaçu – PR, trazendo

como municípios limítrofes Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, Itaipulândia,

Medianeira e com a República Argentina, como mostra a figura abaixo:

Figura 01: Localização do município de São Miguel do Iguaçu no estado do Paraná

Fonte: Wikipédia – Cidade: São Miguel do Iguaçu

Segundo pesquisa do IBGE do ano de 2010 constatou que o município de

São Miguel do Iguaçu possui 25.769 habitantes, distribuídos em uma área total de

851.301 km2, sendo 63% de área urbana e 37% rural, com densidade demográfica

de 30,27 hab/km2. O PIB tem como variáveis a agropecuária, a indústria e serviços.

Os imóveis foram adquiridos pela família Cardoso no ano de 1980 que desde

então vem aproveitando seu potencial para agricultura, a área também conta com

áreas de reserva legal preservadas e preservação permanente no entorno das

nascentes e rios, plantação de eucaliptos, açudes, uma área de sede com escritório,

uma pista de pouso, pastagem e uma pequena área de confinamento, além das

estradas internas e estradas municipais que complementam a fazenda.

As divisas são bem identificadas por cercas, estradas e um rio que delimita a

propriedade, a área também faz confrontação com a área de preservação

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permanente localizada no entorno do lago de Itaipu e pertencente àUsina

Hidrelétrica Itaipu Binacional, dentro deste contexto, todos os marcos de divisas

existentes bem como as faixas de domínios das estradas, mesmo que ainda não

emancipadas pelo município, foram respeitados a fim de evitar qualquer litígio por

parte dos confrontantes.

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2 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Em outubro de 2002 foi assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso

o decreto que regulamenta a Lei nº 10.267/2001 que apresenta apenas seis artigos,

dos quais cinco fazem alterações em outras leis já criadas, (lei nº 4.947/1966 dispõe

sobre normas gerais dos direitos agrários; lei nº 5.868/1972 cria o Sistema Nacional

de Cadastro Rural; lei nº 6.015/1973 lei dos Registros Públicos; lei nº 6.739/1979

retificação de imóveis públicos e lei nº 9.393/1996 dispõe sobre o Imposto Territorial

Rural).

Mas foi a lei nº 6.015/1973 que impôs o georreferenciamento dos imóveis

rurais nos seus artigos 176 e 225.

Art. 176 parágrafos 3o e 4o: § 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou

remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais.

§ 4o A identificação de que trata o § 3o tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo.

Art. 225: § 3o Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais,

a localização, os limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais (BRASIL, 1973).

Esta lei exige que todo imóvel rural apresente as coordenadas dos vértices

definidores de seus limites georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro

(SGB). E, que para isto a identificação do imóvel deverá apresentar memorial

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descritivo dos limites da propriedade com a devida Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART) assinada por profissional habilitado e com precisão estipulada pelo

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

O decreto nº 4.449/2002 em seu artigo 10, com as alterações feitas pelos

decretos nº 5.570/2005 e nº 7.260/2011 estabelece prazos para a certificação dos

imóveis rurais segundo o tamanho da gleba, conforme tabela 1:

Tabela 1:Prazos para o Georreferenciamento conforme o tamanho do imóvel

Área do Imóvel Rural Prazo Carência

Igual ou acima de 5.000 ha 18/02/2004

Igual ou acima de 1.000 ha 20/11/2004

Igual ou acima de 500 ha 20/11/2008

Igual ou acima de 250 ha 20/11/2013

Igual ou acima de 100 ha 20/11/2016

Igual ou acima de 25 ha 20/11/2019

Abaixo de 25 ha 20/11/2023

Fonte: AUGUSTO E. A. A., 2013. p 323.

Deve-se destacar que o não cumprimento deste prazo não torna o proprietário

inadimplente com a legislação, apenas impossibilita a prática de alguns atos sobre o

imóvel como: desmembramento, remembramento, transferências e outros, e assim

que regularizada a situação (certificação do imóvel), o mesmo poderá ser objeto de

qualquer ato.

Para a padronização dos trabalhos de agrimensura o INCRA publicou a

NTGIR- Norma Técnica para o Georreferenciamento de Imóveis e que hoje se

encontra na sua 3a edição. Esta norma discrimina entre outras coisas, os métodos

de levantamentos empregando receptores GNSS, topografia clássica,

sensoriamento remoto, tipos de vértices, identificação de limites e aspectos jurídicos.

Desta forma pretende-se regularizar os imóveis rurais no Brasil, permitindo o

cruzamento de dados com os sistemas da Secretaria da Receita Federal, do IBAMA,

FUNAI e outros, e maior transparência nos registros cartoriais e imobiliários,

garantindo que o proprietário seja o legítimo detentor da terra.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Obter a certificação de um imóvel rural baseado na 3a Norma Técnica para o

Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar, avaliar, conhecer e solucionar por meio da topografia e

documentação existentes uma área de terra rural, a fim de determinar a precisão e

acurácia do trabalho de campo e garantir ao proprietário o certificado do imóvel pelo

INCRA de forma confiável e de qualidade.

Demonstrar como funciona na prática todo o processo para a obtenção do

certificado de um imóvel rural localizado no município de São Miguel do Iguaçu no

estado do Paraná. Conhecer, estudar e solucionar as principais dificuldades

encontradas em campo e escritório.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para elaboração do georreferenciamento de uma ocupação territorial, o

primeiro passo é fazer um cronograma de como será executado o levantamento.

Iniciando pela identificação da área e pesquisando documentos antigos, tais como:

croquis, plantas, memoriais, recibos; identificando os confrontantes e coletando as

matrículas dos mesmos; fazendo visita a campo para identificação e materialização

das divisas (sempre de acordo e com o acompanhamento dos confrontantes);

escolher os equipamentos necessários, assim como, os softwares a serem

utilizados.

A segunda etapa é a execução do trabalho buscando no site do IBGE os

vértices geodésicos que serão utilizados para o ajustamento do vértice de apoio

(base) no georreferenciamento; definição do melhor local para o levantamento da

base de apoio na propriedade; levantamento geodésico das divisas do imóvel (com

precisão de 0,50m) através dos melhores métodos de posicionamento; cálculo das

observações de campo; ajustamento dos resultados;elaboração da planilha

eletrônica pelo SIGEF; Preparação dos documentos que acompanham e auxiliam no

processo (mapas, memoriais, relatórios, declaração de reconhecimento de limite,

requerimento de certificação, cópias das ART., cópia do CCIR); Emissão da ART

(quando a área estiver 100% concluída).Os processos citados agora estão descritos

abaixo:

4.1 EQUIPAMENTOS E PROGRAMAS

Tão importante quanto o levantamento topográfico, a escolha dos

equipamentos e softwares que serão utilizados para a elaboração do serviço deve

ser feita com responsabilidade, adquirir produtos que garantem precisão ao trabalho

e não apenas produtividade, bem como assistência técnica sempre que houver

necessidade ou dúvida, torna a elaboração do processo mais segura. Neste intuito,

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buscamos escolher os equipamentos e programas que serão apresentados de forma

sucinta nos itens a seguir.

4.1.1 Receptor GNSS Trimble R4 RTK

O Trimble R4, como é conhecido, é a solução para profissionais que

necessitam de uma tecnologia GNSS comprovada, simples de usar e que ofereça

bons resultados nas condições mais difíceis e exigentes. Baseado na avançada

tecnologia GNSS da Trimble, o sistema Trimble R4 RTK rastreia, em sua versão

padrão, os sinais L1 e L2 nas constelações GPS e Glonass, ou seja, é um sistema

GNSS para levantamentos Cinemáticos em Tempo Real (RTK) estáticos e

cinemáticos pós-processados que garante altas precisões (MundoGeo, 2010).

É composto por um rover que pode ser usado em modo estático ou RTK

(Tempo Real), um receptor base que acompanha rádio externo Trimble HPB 450 e

um coletor Recon que utiliza a tecnologia bluetooh para a comunicação entre os

receptores, além disso, conta com cabos, baterias, tripés e bastões para seu

completo funcionamento em campo.

Dentre seu desempenho e especificações, a fabricante informa que as

precisões deste sistema são de3mm + 0,1 ppm RMS na Horizontal 3,5 mm + 0,4

ppm RMS na vertical, sendo também resistente a prova d’água e poeira e a prova de

quedas de até 2 metros com o equipamento desligado (MundoGeo, 2010).

4.1.2 Trimble Business Center (TBC)

O Trimble Business Center é um pacote de software para computador para o

processamento e gerenciamento de dados e informações GNSS coletadas a campo

pelos aparelhos utilizados. Esta ferramenta permite uma avaliação precisa de

estimativas de erro das informações observadas. Ele cria projetos com uma ampla

seleção de sistemas de coordenadas e modelos geóides, faz o processamento de

dados GNSS para posições mais confiáveis, ajusta redes e gera relatórios, dentre

outras funcionalidades para garantir um resultado de qualidade para o levantamento

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realizado. Além disso, exporta os dados ajustados para o sistema CAD e

ferramentas de texto e tabelas, ferramentas utilizadas para e elaboração de plantas

e memoriais da propriedade levantada (Trimble Navigation Limited, 2006-2013).

Para a fazenda levantada, utilizamos este software para processamento e

ajustamento das observações coletadas com o método RTK, nas quais as

observações e precisões podem ser analisadas através de relatórios gerados pelo

software para posterior exportação dos resultados em formato de texto e assim

possibilitar sua utilização nos softwares de desenho e montagem de memoriais e

demais documentações necessárias à certificação.

4.1.3 Topcon Tools

O Topcon Tools é outro software de processamento e análise de dados e

observações coletadas em campo, ele suporta todos os instrumentos de pesquisa

Topcon e coletores de dados. É um software modular incluindo a Estação Total,

RTK, pós-processamento, GIS, projeto, e os módulos de imagem. Permite analisar

os dados em vários pontos de vista de seu trabalho, incluindo mapa, ocupação,

Google Earth, tabular, CAD e 3D.

Outra vantagem deste software, é que o pós-processamento utiliza os

arquivos de dados do processo RINEX de receptores de outros fabricantes, o qual

foi fundamental para processar e analisar os dados levantados com o método

estático, no caso do processamento e ajustamento da base de apoio, e pontos

levantados com o método estático rápido.

É compatível com os principais pontos de referência e projeções, as quais

podem ser definidas pelo usuário e os relatórios gerados podem ser predefinidos

para os pontos, observações GPS, Observações Estação Total, controle de

qualidade de ajuste, localização e de fechamento de circuito, além disso, possui

vários opções para exportação dos resultados, tais como formatos padrão da

indústria (ESRI shapefile, DXF, DWG, LandXML, e ASCII), formato de arquivo KML

do Google Earth e exportação diretamente para coletores de dados Topcon, neste

levantamento a exportação utilizada foi a extensão .xml que é reconhecida pelo

software de desenho.

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4.1.4 Datageosis Office

O Datageosis Office é um software de desenho voltado para a área de

topografia e geodésia, possui comunicação com diversas marcas e modelos de

estações totais existentes no mercado e sua principal vantagem é que além dos

dados das estações totais, a entrada de dados em um projeto do DataGeosis pode

ser manual, através da digitação dos dados levantados em campo, independente de

qual método de levantamento tenha sido utilizado, ou ainda através da importação

de arquivos textos, seja uma caderneta de campo, de coordenadas ou geodésia,

bem como permite a importação do relatório de processamento diretamente software

do GPSinclusive a extensão .xml originada do software Topcon Tools, permitindo

desta forma inserir todos os dados levantados em campo em apenas um programa,

independente do método ou software processado, facilitando a elaboração das

peças técnicas exigidas (DataGeosis, 2015).

Outra vantagem deste software, é que dentro de suas versões disponíveis no

mercado, ele possui o módulo de georreferenciamento, o qual foi fundamental para

dar continuidade ao trabalho desenvolvido, pois permite definir a escala do projeto,

dá a opção de escolher o tamanho da folha e inserir o carimbo com o formato

padrão INCRA. Também possibilita que o usuário insira a malha de coordenadas,

planta de situação e norte da quadrícula. O usuário também pode determinar os

confrontantes clicando nos pontos de cada vértice da propriedade e inserindo sua

respectiva matrícula, comarca e tipo de limite. Uma das novidades dessa ferramenta

é a integração com o Google Earth que permite visualizar a poligonal diretamente na

imagem devidamente posicionada. Os relatórios são gerados de acordo com a

norma técnica para georreferenciamento, entre eles Requerimento para Certificação,

Memorial Descritivo, Tabela de Dados Cartográficos, Solicitação de Anuência,

Declaração de Respeito de Limites e Planilha de Área, o que facilita bastante no que

diz respeito ao trabalho do profissional.

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4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

Para iniciar os serviços de topografia, o primeiro passo a ser dado é o

conhecimento da área a ser levantada, para isso foi necessário saber a sua

localização, seus limites físicos e quais características seriam relevantes ou

obstáculos antes de iniciar o trabalho de campo. Como se sabe, a Fazenda Apolo

está localizada na área rural do município de São Miguel do Iguaçu, oeste do estado

do Paraná, a região é tipicamente plana com solos do tipo latossolo roxo e

vegetação típica de floresta tropical, a principal utilização do imóvel é para a lavoura,

porém, possui também áreas cobertas por mata nativa e preservada, incluindo a

faixa de preservação permanente pertencente à Itaipu Binacional, a qual precisou

ser consultada referente às coordenadas georreferenciadas dos marcos que

delimitam a área de preservação. Outro limite natural que divide a propriedade é o

Rio Lajeado do Cedro, o qual precisou ser minuciosamente levantado para garantir a

realidade da fazenda. As estradas que cortam a propriedade determinam outra

característica importante a ser conhecida, neste caso, a área é cortada por duas

estradas relevantes, sendo uma municipal sem denominação e uma estadual, a PR-

497, ambas possuem faixa de domínio de 15 metros a ser respeitada e por este

motivo foi necessário dividir a fazenda em três glebas, mesmo sem estas estradas

possuírem matrículas próprias, sendo este um problema bem comum em relação às

estradas da região.

Por fim, as divisas físicas são bem identificadas por marcos e cercas antigas,

respeitados pelos proprietários e seus confrontantes, porém, antes de iniciar os

levantamentos, foi realizada uma visita a todos os confrontantes presentes, a fim de

confirmar as divisas existentes e assim evitar possíveis conflitos futuros. Tais

características podem ser observadas no Anexo A – Planta geral da Fazenda Apolo.

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4.3 ANÁLISE DA DOCUMENTAÇÃO DO IMÓVEL

A análise da documentação do imóvel é fundamental para a elaboração deste

tipo de serviço. A matrícula, transcrição, título de posse ou aforamento, emitidos pelo

registro de imóveis são documentos que garantem a propriedade do imóvel ao

proprietário, nos quais constam a descrição do perímetro, confrontações e todos os

atos praticados sob o imóvel (alienação, desmembramento, penhora e outros)

permitindo ao profissional saber o histórico da área a ser levantada. Se mesmo

assim restar alguma dúvida para o profissional, este pode solicitar ao registro de

imóveis a certidão vintenária da área, que nada mais é do que o histórico da área de

20 anos atrás até a data do pedido da certidão.

A Fazenda Apolo possui documentação de toda a área sem nenhum aspecto

duvidoso nas várias matrículas que compõem sua área total. A área está registrada

no Registro de imóveis do município e comarca de São Miguel do Iguaçu-PR sob as

matrículas nº s 5.318, 5.316, 3.429, 2.546 e 5.317 as quais compõem a Gleba A

totalizando uma área matriculada de 134,7423 hectares, já a Gleba B é composta

pelas matrículas n° s 9.885 do livro n° 02, 15.285 do livro n° 02, 388 e 7.554 do livro

n° 02 que juntas totalizam uma área matriculada de 1.422,0918 hectares, e por fim,

a Gleba C é composta pela matrícula n° 15.286 do livro n° 02 com área matriculada

de 384,6609 hectares, todas de propriedade de Adalberto Boff Cardoso e Outros, o

que nos permitiu elaborar um processo apenas, incluindo todas as matrículas que

formam a propriedade. As matrículas também estão descritas na tabela a seguir e

podem ser consultadas no Anexo B.

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Tabela 2: Matrículas e áreas da Fazenda Apolo

FAZENDA APOLO

GLEBA MATRÍCULA ÁREA (ha)

A

2.546 3.429 5.316 5.317 5.318

10,0952 103,4768

10,0496 6,0788 5,0419

B

388 7.554 9.885

15.285 22.168

230,1108 323,5192

2,4200 866,4180 32,6668

C 15.286 384,6610

Fonte: Registro de Imóveis da Comarca de São Miguel do Iguaçu

Outra documentação importante é o cadastro da propriedade perante o

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Este cadastro

denominado Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) é feito por meio de três

formulários, e estão disponíveis nas prefeituras municipais para áreas de até 80

hectares,e no INCRA para áreas acima de 80 hectares, onde se faz referência sobre

uso da terra, estruturas e dados pessoais do proprietário. Por meio deste formulário

é avaliado se a propriedade será classificada como produtiva ou improdutiva nos

termos da Lei nº 8.629 de 25 de fevereiro de 1993, que dispõe sobre a

regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária.

Um único número de CCIR pode conter o código do imóvel, nome do

proprietário, nacionalidade do mesmo, denominação do imóvel, sua localização, uma

ou mais matrículas de propriedades contíguas, de mesmo proprietário ou não.

Dentre estes dados, a Fazenda Apolo está assim cadastrada: a Gleba A, possui ITR

(Imposto Territorial Rural) sob o n° 1.633.825-1 e seu Código de Cadastro de Imóvel

Rural no Incra - CCIR/INCRA sob o n° 72.117.404.180-72, contemplando todas as

matrículas que compõem a Gleba. A Gleba B, possui ITR (Imposto Territorial Rural)

sob o n° 1.633.823-55 e seu Código de Cadastro de Imóvel Rural no Incra -

CCIR/INCRA sob o n° 72.117.405.635-95 contemplando as matrículas n° s 9.885 e

7.554, possui também ITR (Imposto Territorial Rural) n° 1.449.837-5 e Código de

Cadastro de Imóvel Rural no Incra - CCIR/INCRA sob o n° 72.117.405.646-48 para a

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matrícula n° 15.285, enquanto a matrícula n° 388 não possui estas informações. Já a

Gleba C possui ITR (Imposto Territorial Rural) sob o n° 5.239.635-5 e seu Código de

Cadastro de Imóvel Rural no Incra - CCIR/INCRA sob o n° 84.418.001.492-33para a

matrícula n° 15.286.

4.4 DETERMINAÇÃO DOS VÉRTICES

Conforme definição da NTGIR 3a edição, vértice de limite é:

É o ponto onde a linha limítrofe do imóvel rural muda de direção ou onde existe intersecção desta linha com qualquer outra linha limítrofe de imóvel contíguo (NTGIR 3a edição, 2013).

Os vértices podem ser de três formas:

Vértice tipo M (marco);

Vértice tipo P (ponto);

Vértice tipo V (virtual);

O vértice tipo M é caracterizado por sua materialização física no terreno por

meio de marcos (concreto, granito ou ferro), com especificações de material e

tamanho de acordo com a NTGIR. Estes marcos são utilizados para a definição do

perímetro da fazenda separando imóveis lindeiros e no início e fim das faixas de

domínio de estradas, rios, linhas de transmissão e outros.

O vértice tipo P é caracterizado por ser um vértice ocupado em campo, mas

não materializado. São utilizados ao longo de cursos d’água, linhas de transmissão,

estradas e outros.

O vértice tipo V tem posicionamento determinado de forma indireta. É

utilizado para lugares inacessíveis e onde não é possível a colocação de marcos.

No caso da Fazenda Apolo, precisou-se determinar o melhor lugar para

instalar a base de apoio para o levantamento topográfico que seria o ponto mais alto

da fazenda, evitando obstruções no sinal do GPS que poderiam alterar a qualidade

do trabalho.

O vértice do tipo M foi utilizado para a base de apoio e demais vértices que

delimitam a propriedade e seus confrontantes, o vértice do tipo P foi ocupado ao

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longo das estradas e do rio que compõem a área (sem ser materializado como já foi

descrito anteriormente). No total foram implantados 59 marcos de concreto para os

vértices tipo M e 224 ocupações para os vértices do tipo P.

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4.4.1 Codificação dos Vértices

Cada vértice deve receber uma identificação com um número único, que não

pode ser repetido. Esta identificação será gravada na placa de metal que fica no

topo do marco. O código é composto por oito caracteres, os três primeiros com o

código do profissional junto ao INCRA, o quarto caractere é o tipo de ponto (M, P ou

V) e os quatros finais são uma sequência numérica de todos os pontos da

propriedade.

Para estes quatro últimos números, é importante o profissional ter uma

planilha para organizar a numeração de cada imóvel que for medido para não gerar

confusão e para que o levantamento não seja indeferido pelo INCRA por duplicidade

de pontos. Além de que, esta numeração começa em 0001 e vai até 9999. Depois

deste último número o profissional deverá começar a nova sequência com uma letra

na frente Ex: A001 até A999, até chegar a letra Z.

Para o levantamento da Fazenda Apolo foram utilizadas as seqüencias

alfanuméricas de um profissional técnico já devidamente cadastrado e habilitado

junto ao INCRA para o serviço de georreferenciamento, e ainda os códigos dos

marcos já existentes junto a Itaipu Binacional, os quais são apresentados na tabela

abaixo:

Tabela 3: Sequência de pontos usados nesse projeto

CÓD. DO PROFISSIONAL TIPO DO VÉRTICE SEQUÊNCIA No

CGJ M 0093ao 0152 CGJ P 0859 ao 1083

PEO (Itaipu Binacional) M 0954 ao 1002 Fonte: dados de campo do próprio autor.

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4.5 FAIXAS DE DOMÍNIO

As faixas de domínios apresentadas neste trabalho constituem elementos

importantes para a realização do serviço, pois são elas que delimitam a metragem a

ser respeitada entre o eixo de determinado elemento físico e definem em campo o

limite do imóvel. Estas áreas não devem fazer parte da área total do imóvel, bem

como os proprietários devem respeitar seus limites evitando construções e/ou outras

intervenções relevantes. A metragem a ser respeitada deve ser levantada junto aos

órgãos competentes e responsáveis pela manutenção destas áreas, bem como a

sua documentação.

No caso da Fazenda Apolo, foram constatadas duas estradas, sendo uma a

Rodovia Estadual PR 497 e a outra uma Estrada Municipal sem denominação, as

quais em contato com os órgãos responsáveis possuem uma faixa de domínio de 15

metros para cada lado, a partir do eixo das mesmas. A estrada municipal é de

responsabilidade da Prefeitura de São do Iguaçu, enquanto a PR 497 é de

responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná - DER,

ambas não possuem cadastrado imobiliário em seus nomes, ou seja, estes órgãos

fazem a manutenção destas estradas, porém ainda não regularizaram suas

responsabilidades junto ao registro de imóveis, o que é muito comum na região.

Dentro deste contexto, optamos junto aos proprietários, fazer a delimitação da

Fazenda Apolo já respeitando essas faixas de domínios, a fim de obter a certificação

fiel da área pertencente à ela, o que resultou em uma área a menor em relação às

matrículas da fazenda e a sua subdivisão em três novas glebas.

Além das estradas e como já foi mencionado, a propriedade é composta por

um rio, que não possui faixa de domínio a ser respeitada e uma área de preservação

permanente de propriedade da Itaipu Binacional, a qual possui uma faixa de domínio

já delimitada e demarcada por marcos de concreto implantados nos limites da

fazenda.

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4.6 POSICIONAMENTO POR GNSS

A partir do momento em que se reconheceu a documentação, os possíveis

obstáculos ou conflitos e os limites físicos da área de interesse, chega-se a etapa do

trabalho de campo com o auxílio e técnica da topografia, para isto é necessário levar

em consideração os equipamentos disponíveis para a realização desta etapa, a fim

de determinar qual o melhor método de posicionamento e rastreio dos dados que

futuramente serão utilizados para certificar a fazenda junto ao INCRA.

Ao optarmos por utilizar o equipamentoGNSS Trimble R4 RTK, no qual, a

sigla GNSS (Global NavigationSatellite System) engloba os sistemas de navegação

por GPS (Global Positioning System), satélites e suas redes terrestres e que hoje

conta com o apoio de outros sistemas, tais como o GLONASS (Russo), Galileu

(Europeu) e COMPASS/BEIDOU (Chinês), os quais permitem uma melhor precisão

e confiabilidade na localização de um ponto, devemos considerar que este sistema,

em relação aos métodos de levantamento geodésicos, podem ser classificados em

absoluto (ou PP- posicionamento por ponto) ou relativo.

O primeiro é utilizado quando as coordenadas de um ponto estão

relacionadas a um geocentro, como o WGS-84 (World geodetic System de 1984),

por exemplo. Já o segundo, se refere às coordenadas que são determinadas em

relação a um referencial materializado de posição conhecida, com valores de DX,

DY e DZ que acrescidos às coordenadas do ponto base proporcionam a posição do

ponto desejado. Pode-se dizer ainda que em ambos os métodos o objeto a ser

posicionado pode estar parado ou em movimento, sendo classificados como

posicionamento estático ou cinemático (MONICO, 2000).

As diferenças entre estes dois métodos são que para o posicionamento

absoluto é necessário apenas um aparelho receptor de sinal GPS e a observável

utilizada é a pseudodistância derivada do código C/A, o que mesmo permanecendo

um longo período posicionado sobre um ponto não permitirá que a determinação de

sua posição seja confiável e por isso não é aplicado para o georreferenciamento de

imóveis. Já no posicionamento relativo, são utilizados dois ou mais receptores GPS

que rastreiam os satélites simultaneamente. Sendo que a fase da onda da portadora

é a observável aceita para a determinação das coordenadas dos vértices de apoio e

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limites artificiais, e a pseudodistância é utilizada para determinação das

coordenadas em vértices de limites naturais.

O Global NavigationSatellite System – GNSS engloba o Sistema de

Posicionameno Global – GPS e os demais istemas do mesmo gênero. O

posicionamento por GNSS permite a determinação de coordenadas a partir de

vértices do Sistema Geodésico Brasileiro ao vértice de referência do

georreferenciamento (base), determinação de coordenadas dos vértices de

poligonais de apoio e a determinação de coordenadas dos vértices que definem o

perímetro do imóvel rural (2ª NTGIR).

O posicionamento relativo pode receber outras denominações, que são

diferentes para cada autor, mas algumas delas são: posicionamento estático,

estático rápido, semicinemático (stop andgo) e cinemático contínuo.

Dentro destes conceitos e para a realização deste trabalho, foram utilizados

os métodos relativo estático para o rastreamento dos dados do vértice de apoio

(base) e estático rápido para determinaçãodos vértices limites da propriedade, além

do método RTK, os quais veremos em maiores detalhes nos itens que se seguem.

4.6.1 Posicionamento Relativo Estático

No método de posicionamento relativo estático, dois ou mais receptores

rastreiam simultaneamente os satélites visíveis, por um período de tempo que varia

de acordo com o comprimento da linha de base e a precisão requerida. Na tabela 2

abaixo são apresentadas as características técnicas para o posicionamento relativo

estático, variando o tempo de permanência no ponto conforme a distância da linha

de base.

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Tabela 4: Características técnicas para o posicionamento relativo estático

Linha de base (Km)

Tempo mínimo

(minutos) Observáveis

Solução das ambigüidades

Efemérides

0-10 20 L1 ou L1/L2 Fixa transmitidas

ou precisas

10-20 30 L1/L2 Fixa transmitidas

ou precisas

10-20 60 L1 Fixa transmitidas

ou precisas

20-10 120 L1/L2 fixa ou flutuante transmitidas

ou precisas

100-500 240 L1/L2 fixa ou flutuante precisas

500-1000 480 L1/L2 fixa ou flutuante precisas

Fonte: adaptado da 3a NTGIR.

Para o rastreio de dados do vértice de apoio da Fazenda Apolo, este método

foi utilizado durante um período superior a 240 minutos, visto que as linhas de base

utilizadas no ajustamento deste vértice foram superior a 100 km, neste caso, as

bases da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo – RBMC, utilizadas para fazer

o cálculo de ajustamento e chegar às precisões necessárias foram Maringá e

Chapecó.

4.6.2 Posicionamento Relativo Estático Rápido

É uma técnica de posicionamento onde o tempo de permanência em cada

ponto geralmente não ultrapassa 20 minutos, e que permite uma alta produtividade

em campo. Para este levantamento é necessário que o aparelho base fique ligado

em um mesmo ponto durante todo o levantamento, enquanto o rover (móvel) faz os

deslocamentos percorrendo os pontos desejados. Os dados coletados pela base e

pelo rover serão processados por software adequado a fim de que as ambigüidades

obtidas sejam solucionadas e se consiga uma melhor precisão na coordenada dos

pontos locados.

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4.6.3 Posicionamento por RTK

Posicionamento RTK (Real Time Kinematic), como o próprio nome diz é a

transmissão em tempo real dos dados de correções dos sinais de satélites, do

receptor instalado no vértice de referência ao receptor que percorre os vértices de

interesse (podendo ser mais de um receptor). O RTK pode ser convencional ou em

rede, o que difere é que o convencional tem como solução apenas uma linha de

base transmitida por meio de um link de radio do receptor instalado no vértice de

referência ao receptor usado nos vértices de interesse. Em rede existem varias

estações de monitoramento contínuo conectadas a um servidor central, onde os

dados de correção dos receptores móveis são distribuídos via internet.

Outra diferença entre esse posicionamento refere à limitação da área de

abrangência, onde o RTK convencional tem um alcance menor, depende da função

de potência do rádio e condições locais em termos de obstáculos físicos. O RTK em

rede é possível obter mais de um vetor, e com isso efetuar o ajustamento das

observações, proporcionando maior precisão e controle, porém necessita de

disponibilidade de telefonia celular, a qual na área rural gera uma grande limitação.

Este método de posicionamento está baseado no posicionamento relativo cinemático, com solução em tempo real, processada nos receptores móveis, em função de dados transmitidos por telemetria a partir de receptor estacionado sobre uma estação base, cujas coordenadas são conhecidas. (Revista A Mira, 2009, Ed. 150, p. 26)

Para o trabalho realizado, foi utilizado o método RTK convencional, onde

através de um link de radio entre a base e o rover é possível saber a precisão da

coordenada de um ponto ainda em campo e se esta precisa ser melhorada.

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4.7 PROCESSAMENTO E AJUSTAMENTO DOS DADOS COLETADOS

Após o reconhecimento da fazenda através da análise de sua documentação

e o levantamento topográfico realizado através dos métodos de posicionamento

mais eficazes em relação aos equipamentos utilizados, devem-se analisar os dados

rastreados e suas precisões, a fim de garantir a qualidade do trabalho. Para isto, é

preciso ter sempre em mãos os parâmetros definidos pelo INCRA, ao quais constam

na 3ª Edição da Norma de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e seus anexos.

Dentre os dados a serem analisados, temos o ajustamento da base de apoio,

a qual foi levantada pelo método relativo estático, os pontos de limites levantados

pelo método RTK e os pontos de limites levantados através do método relativo

estático rápido, os quais, a norma determina:

Os valores de precisão posicional a serem observados para vértices definidores de limites de imóveis são: a) Para vértices situados em limites artificiais: melhor ou igual a 0,50m; b) Para vértices situados em limites natrurais: melhor ou igual a 3,00 m; e c) Para vértices situados em limites inacessíveis: melhor ou igual a 7,50 m (NTGIR 3a edição, 2013).

Dentro destes valores, podemos observar nos relatórios de ajustamento

gerados pelos softwares utilizados que, as precisões determinadas foram

alcançadas, sem ter-se constatado nenhum erro grosseiro.

Para isto, foi preciso realizar o levantamento de forma responsável, atentando

sempre para o bom funcionamento, instalação e utilização dos equipamentos, as

condições do terreno, os elementos físicos que poderiam afetar a observação e

coleta dos dados e ate mesmo as condições climáticas, a fim de garantir sempre a

maior quantidade e qualidade dos satélites disponíveis durante os dias de

levantamento.

Os dados levantados a campo pelo método estático, no caso do vértice de

apoio, foram processados no software Topcon Tools, neste software foi possível

analisar o tempo de rastreio e fazer o ajustamento do vértice baseado na RBMC, a

fim de atender a Norma Técnica para Georreferenciamento disponibilizada pelo

INCRA e alcançar as precisões exigidas, este processamento e seus resultados

podem ser observados no relatório de ajustamento do vértice de apoio no Anexo C.

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Os dados levantados através do método relativo estático rápido, que são

aqueles rastreados por um período que varia de 5 a 30 minutos, e onde o método

RTK não tem alcançabilidade, também foram processados no software Topcon

Tools. Para este processamento, o ajustamento se dá através do vértice de apoio

implantado e ajustado e a norma de georreferenciamento exige que os resultados

apresentem razoável nível de precisão, onde o valor das ambiguidades envolvido

em cada linha de base deve ser solucionado, ou seja, fixado como inteiro. Estes

resultados podem ser observados nos relatórios de ajustamento dos pontos pós

processados (PP) no Anexo D.

Já os dados levantados pela metodologia RTK foram processados e

ajustados novamente através do software Trimble Business Center – TBC, eles

também são corrigidos em função dos dados transmitidos por telemetria a partir do

receptor estacionado sobre a estação base, cujas coordenadas devem ser

conhecidas e ajustadas. O processamento destes dados e seus resultados podem

ser observados na lista de vetores e na lista de pontos disponibilizados no Anexo E.

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4.8 PRECISÃO E ACURÁCIA

O desvio padrão (σ) mostra o quanto de variação existe em relação ao valor

desejado. Menor for o desvio mais próximo do valor esperado, quanto maior significa

que os valores estão dispersos. Precisão é o grau de repetição das medições com

sua média e é vinculada apenas a erros aleatórios, enquanto acurácia é o grau de

proximidade da série de dados ao valor verdadeiro, envolve tanto erros sistemáticos

como aleatórios. O correto é ter acurácia e precisão no mesmo vértice.

Figura 02: Acurácia e Precisão

Fonte: (http://www.arthur.bio.br)

Estes dados também podem ser observados nos relatórios mencionados e

em anexo referentes aos vértices levantados pelos métodos de posicionamento

utilizados e já explicados anteriormente durante a execução do trabalho, garantindo

ambas características ao levantamento.

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4.9 MEMORIAL DESCRITIVO

Após o processamento dos dados, é necessário iniciar a elaboração das

peças técnicas que irão auxiliar no fechamento da área do imóvel e um destes

elementos é o memorial descritivo, o qual, após a determinação dos vértices e o

fechamento da poligonal da área do imóvel, foi gerado pelo software Datageosis

automaticamente e pode ser observado no anexo F.

O Memorial Descritivo de uma área é indispensável para seu registro em

cartório. Esse documento apresenta à descrição geométrica da ocupação do

território rural, de acordo com os dados técnicos determinados em campo. O número

de Memorial Descritivo varia conforme o número de parcelas de uma mesma área.

Os itens que devem conter no cabeçalho são: Imóvel; Detentor; Município; União

Federativa; Comarca; Matrícula(s); Código do Imóvel no INCRA; Área (ha);

Perímetro (m), ART e o projeto desenvolvido por um técnico credenciado do INCRA.

Memorial Descritivo: Documento pelo qual se obtém informações sobre o imóvel de forma a se conhecer sua descrição geométrica, seus confrontantes, dados de seu registro imobiliário, do proprietário e do responsável técnico. (Revista A Mira, 2009, Ed. 150, p. 26)

O perímetro da ocupação territorial deve ser descrito em forma de tabela

contendo: as distâncias, os azimutes, as coordenadas calculadas no plano de

projeção UTM (Universal Transversa de Mercator) vinculadas ao sistema de

referência SIRGAS 2000 de cada um dos vértices, e as respectivas confrontações.

O trabalho tem que ser detalhado e minucioso para que o seu desenvolvimento fique

perfeitamente caracterizado.

Atualmente, com a ferramenta disponibilizada pelo Sigef, não é mais

necessário montar o memorial descritivo conforme exigia a 2ª NTGIR – INCRA, pois

o próprio sistema a partir dos dados informados gera o memorial.

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4.10 PLANTA

A planta da área é outra ferramenta que auxilia bastante na hora de elaborar

as peças técnicas para o georreferenciamento da área, e o Sigef também gera

automaticamente a planta, é através dela que: podemos observar à localização

correta dos confrontantes, o fechamento da área total, a posição dos vértices

conforme o levantamento, determinar a faixa de domínio e outros elementos

fundamentais que devem ser observados antes do fechamento final da área da

fazenda, além de sanar possíveis dúvidas que tenham sido levantadas durante o

trabalho de campo até mesmo junto aos proprietários. As plantas geradas para a

Fazenda Apolo, através do software Datageosis, podem ser observadas no anexo G.

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4.11 RELATÓRIO TÉCNICO – SIGEF

A grande mudança que a terceira edição da norma técnica foi o recebimento

dos dados, chamado relatório técnico, passou a ser digital basta acessar a

plataforma Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) e cadastrar o georreferenciamento.

O SIGEF tem como objetivo efetuar verificação, validação, organização,

regularização e disponibilidade das informações georreferenciadas de limites de

imóveis rurais, públicos e privados. Com a automatização facilita a análise de dados,

maior exatidão e constatar inconsistência ou sobreposição. Se houver sobreposição

de um polígono ainda não certificado o profissional poderá requerer análise do

mesmo, caso contrário poderá pedir o cancelamento da certificação originária,

comprovando o erro na geometria da parcela.

O SIGEF (https://sigef.incra.gov.br) é que uma plataforma digital desenvolvida

pelo INCRA e MDA para subsidiar a questão fundiária no Brasil que geral

automaticamente a planta e o memorial descritivo. Neste portal o profissional

credenciado faz acertificação de todo o processo para o georreferenciamento de um

imóvel e em pouco tempo já recebe sua validação, ou não, de acordo com a análise

feita pelo próprio programa. Por ele ainda é possível verificar a listagem dos imóveis

já certificados e ter acesso a informações sobre os mesmos. Cabe a esse sistema o

processamento de requerimentos de desmembramento, remembramento,

parcelamento, refitificação e cancelamento de parcelas. Lembrando que não cabe

ao INCRA certificar o domínio sobre um imóvel, este é apenas responsável pela

sobreposição ou não do seu polígono. Cabendo, portanto ao registro de imóveis

reconhecer se este domínio é verdadeiro.

Segundo Ribas (2014, p.61) os processos mais relevantes do SIGEF estão

descritos abaixo:

Não pode haver sobreposição;

Definição na planilha de vante e ré dos confrontantes;

Dados numéricos utilizar vírgula como separador decimal;

Entrar com UTM (vírgula) ou geográfica (espaço e três casas decimais);

Preencher coordenadas no sentido horário, sempre iniciando do mais ao

norte e mais ao oeste;

Na planilha não são permitidos valores nulos;

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Se não houver matricula é necessário pelo menos o Descritivo;

Um vértice não pode se repetir na planilha;

Se o código de vértice já existir na base de dados deve ser apresentado com

as mesmas coordenadas já certificadas;

Mesmo vértice, mas com coordenadas diferentes o sistema informa erro;

O numero de matricula e o CNS confrontantes devem ser coincidentes;

A referência de áreas municipais é a malha digital disponibilizada pelo IBGE;

Validar a planilha através do F3;

Quando houver mais de uma parcela para certificar em mais de uma aba,

cada parcela receberá um código independente;

Sendo efetivada a certificação, cada uma das parcelas receberá um código

independente. As peças técnicas (planta e memorial descritivo) serão geradas

com a indicação de que a parcela corresponde a um grupo de uma mesma

propriedade imobiliária (matrícula/transcrição). Quando extrapolar o fuso

utilizar coordenada geodésica;

Enfim, este sistema facilitou bastante o serviço dos profissionais, porém, deve

haver consciência de que os dados informados são de responsabilidade técnica do

credenciado, o qual deve ter o máximo cuidado ao transferir os dados levantados

para a planilha que posteriormente será enviada por download no site do Sigef, pois

é através dela e dos dados mencionados que a área será certificada e só poderá ser

cancelada perante avaliação dos técnicos do Incra.

Por este motivo, a elaboração da planta, do memorial e demais peças

técnicas que o profissional achar necessário gerar antes de preenchê-la, é

importante para avaliar a qualidade do serviço e garantir um resultado de qualidade

para a área e seus proprietários.

As planilhas da Fazenda Apolo foram elaboradas manualmente, através de

uma tabela de dados cartográficos gerada no software DataGeosis, a qual se refere

a todos os vértices utilizados para fechar o polígono de cada gleba criada. As

planilhas elaboradas para o envio dos dados da Fazenda Apolo através do Sigef,

podem ser observadas no Anexo H.

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4.12 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para fazer o levantamento de uma área grande, como essa, é fundamental

conhecer bem o que será levantado e área em questão, pedir acompanhamento dos

confrontantes no levantamento das divisas, pois somente a documentação das

áreas nem sempre ajuda neste levantamento, podendo acarretar erros.Tanto a

equipe de campo quanto a equipe de escritório, precisa ter o conhecimento

necessário para reconhecer as precisões levantadas e garantir a qualidade do

trabalho.

As estradas da região são uma das limitações neste caso, pois ainda não são

regularizadas pelo município, porém são respeitadas e não devem fazer parte da

área total, por este motivo, quando estradas deste porte cortam as fazendas,

optamos por fazer a separação em glebas, a fim de regularizar a fazenda quanto a

este ponto.

Todos os vértices levantados obtiveram as precisões exigidas, como pode ser

averiguada no apêndice, temos a certeza de que a área certificada é de qualidade,

todas as divisas foram respeitadas, e, portanto não haverá nenhum problema em

relação a sobreposições. Todos os pontos possuem seus arquivos brutos (rinex) a

fim de comprovar o levantamento feito in loco e as precisões alcançadas.

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4.13 CONCLUSÃO

O objetivo do trabalho foi descrever teoricamente os procedimentos práticos

para o georreferenciamento da Fazenda Apolo, localizado no município de São

Miguel do Iguaçu no estado do Paraná. A descrição dessa ocupação territorial foi

realizada para obtenção do certificado de um imóvel rural,baseado na 3a Norma

Técnica para o Georreferenciamento de Imóveis Rurais do INCRA.

A Fazenda Apolo possui 25 confrontantes e está inscrita por 10 matriculas, 2

estradas cortam a área divididas a fazenda em 3 glebas. Esses números tornaram o

trabalho mais demorado e minucioso, porém com o levantamento feito por técnicos

especializados e com ajuda do teórico, todos os vértices foram identificados

obtendo-se as precisões exigidas e recomendadas, garantindo um levantamento de

qualidade.

Cada área possui suas particularidades, sempre vamos encontrar alguma

dificuldade que deverá ser solucionada com a experiência dos profissionais

envolvidos, a teoria nos ajuda a entender como o trabalho deve ser feito e

apresentado, porém cabe sempre aos profissionais encontrar as melhores

alternativas para representar a área com a melhor qualidade possível.

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5 REFERÊNCIAS

AUGUSTO, E. A. A., 2013. Registro de Imóveis, Retificação de Registro e Georreferenciamento: Fundamento e Prática. São Paulo: Ed.: Saraiva, 2013.p 323. BRASIL. Decreto n. 4.449, de 30 de outubro de 2002. Regulamenta a Lei no 10.267, de 28 de agosto de 2001, que altera dispositivos das Leis nos. 4.947, de 6 de abril de 1966; 5.868, de 12 de dezembro de 1972; 6.015, de 31 de dezembro de 1973; 6.739, de 5 de dezembro de 1979; e 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d44 49.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Decreto n. 5.570, de 31 de outubro de 2005. Dá nova redação a dispositivos do Decreto no 4.449, de 30 de outubro de 2002, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/20 05/Decreto/D5570.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Lei n. 4.947, de 06 de abril de 1966, Fixa Normas de Direito Agrário, Dispõe sobre o Sistema de Organização e Funcionamento do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, e dá outras Providências.Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/L4947.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/leis/l601 5.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Lei n. 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/leis/l8629.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Lei n. 10.267, de 28 de agosto de 2001, Altera dispositivos das Leis nos 4.947, de 6 de abril de 1966, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.739, de 5 de dezembro de 1979, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e dá outras providências.Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/leis_2001/l10267.htm>. Acesso em: 31/09/2014. BRASIL. Norma de Execução n. 105, de 26 de novembro de 2012. Regulamenta o procedimento de certificação da poligonal objeto de memorial descritivo de imóveis rurais a que se refere o § 5º do art. 176 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e a norma técnica para georreferenciamento de imóveis rurais.Disponível em: <http://www.lex.com.br/legis_23999823_NORMA_DE_EXECUCAO_N_105_DE_26_DE_NOVEMBRO_DE_2012.aspx>. Acesso em: 31/09/2014. CIDADES@ - Paraná: São Miguel do Iguaçu. IBGE, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/234BT>. Acesso em: 22/10/ 2014.

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LUCAS, Arthur Golgo. Como ensinar matemática, física e estatística para crianças e adolescentes. Arthur Bio, nov. 2012. Disponível em: <http://www.arthur.bio.br/2012/ 11/20/educacao/como-ensinar-matematica-fisica-e-estatistica-para-criancas-e-adoles centes#.VFolTDTF-Js>. Acesso em: 22/10/2014. MANUAL Técnico de Posicionamento: Georreferenciamento de Imóveis Rurais. 1ª ed. Brasília: INCRA/MMA, 2013.p 34. MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: Descrição, Fundamentos e Aplicações. 1ª ed. São Paulo: UNESP, 2000. P 287. MundoGeo, 2010. Disponível em: http://mundogeo.com/blog/2010/05/05/conheca-os-novos receptores-gnss-rtk-r4-e-r5-da-trimble). Acesso em: 08/09/2014. MundoGeo, 2010. Disponível em: http://mundogeo.com/blog/2010/05/05/conheca-os-novos-receptores-gnss-rtk-r4-e-r5-da-trimble. Acesso em: 08/09/2014. NORMA Técnica para Georreferenciamento em Ações de Regularização Fundiária Aplicada à Amazônia Legal. Revista A Mira, mai/jun. 2009. 150 a ed., p 05-42. NORMA Técnica para o Georreferenciamento de Imóveis Rurais. 3a ed. Brasília: INCRA/MMA, 2013. P 04. RIBAS, Wanderley Kampa. Montagem de Processo para Georreferenciamento. Curitiba, 2014. P 65. SÃO Miguel do Iguaçu. Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3 %A3o_Miguel_do_Igua%C3%A7u>. Acesso em: 22/10/2014. SINÓPSE do Censo Demográfico 2010. IBGE. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=41&dados=0>. Acesso em: 22 out. 2014. Trimble Navigation Limited – 2006-2013. Disponível em: http://www.eacampos.pt/fotos/editor2/topografia/software_gabinete/trimbuscenter_tn_3pnl_0513_lr_port.pdf). Acesso em: 08/09/2014 VEIGA, Luiz Augusto Koenig; ZANETTI, Maria Aparecida Zehnpfennig; FAGGION, Pedro Luis. Fundamentos de Topografia. Curitiba: UFPR, 2012. 274 p.

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6 ANEXOS

ANEXO A – Planta Geral da Fazenda Apolo

ANEXO B – Matrículas da Fazenda Apolo

ANEXO C – Relatório de ajustamento do vértice de apoio (base) e descritivos dos

vértices da RBMC

ANEXO D – Relatório de ajustamento dos pontos pós-processados (PP)

ANEXO E – Lista de vetores do levantamento por RTK e Lista de pontos do

levantamento por RTK

ANEXO F – Memorial descritivo tabular das Glebas A, B e C

ANEXO G – Planta das Glebas A, B e C

ANEXO H – Relatório SIGEF