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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Wendel Alessandro Ribeiro Silva CISTO DENTÍGERO-UMA REVISÃO DE LITERATURA CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Wendel Alessandro Ribeiro Silva

CISTO DENTÍGERO-UMA REVISÃO DE LITERATURA

CURITIBA

2010

CISTO DENTÍGERO- UMA REVISÃO DE LITERATURA

Curitiba

2010

Wendel Alessandro Ribeiro Silva

CISTO DENTÍGERO- UMA REVISÃO DE LITERATURA

Monografia apresentada ao Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Radiologia Odontológica e Imaginologia da faculdade de Ciências biológicas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia. Orientadora: Prof. Lígia Aracema Borsato

CURITIBA

2010

TERMO DE APROVAÇÃO

WENDEL ALESSANDRO RIBEIRO SILVA

CISTO DENTÍGERO- UMA REVISÃO DE LITERATURA

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia no Curso Latu Sensu em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 31 de Maio de 2010.

___________________________________________

Radiologia Odontológica e Imaginologia

Universidade Tuiutí do Paraná

Orientador: Prof. Msc. Lígia Aracema Borsato

Cescage – Departamento de Odontologia

Prof. Tatiana Maria Folador Mattioli

Universidade Tuiuti do Paraná – Departamento de Odontologia

Prof. Ana Claúdia Galvão de Aguiar Koubik

Universidade Tuiuti do Paraná - Departamento de Odontologia

RESUMO

O cisto dentígero é o segundo tipo mais comum dos cistos odontogênicos do

complexo maxilofacial, perdendo apenas para o radicular. Este trabalho tem por

objetivo realizar uma revisão de literatura sobre os conceitos atuais dos cistos

dentígeros, ressaltando suas principais características etiológicas, clínicas,

radiográficas, histopatológicas e formas de tratamento, de modo a auxiliar os

profissionais de Odontologia na resolução dessa patologia e com isso concluir qual o

melhor tratamento e tentar diferenciar o cisto dentígero de outras imagens

radiográficas semelhantes.

Palavras chaves: Cisto dentígero; cisto folicular; enucleação; marsupialização.

ABSTRACT

The dentigerous cyst is the second most common type of odontogenic cysts of

the maxillofacial region second only to the root.This paper aims to conduct a literature

review on current concepts of dentigerous cysts, emphasizing their main

characteristics etiological, clinical, radiographic, and histopathologic forms of

treatment in order to assist dental professionals in the resolution of this pathology and

thus conclude the best treatment and try to differentiate the dentigerous other similar

radiographic images.

Key words: Dentigerous cyst; follicular cyst; enucleation; marsupialization.

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................... iv

ABSTRACT ............................................................................................................... v

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................07

2 OBJETIVOS ..........................................................................................................09

3 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................10

3.1 ETIOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E FREQUÊNCIA ............................................10

3.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ......................................................................16

3.3 CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS .........................................................21

3.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL.........................................................................27

3.5 CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS .................................................29

3.6 TRATAMENTO E PROGNÓSTICO ..................................................................31

4 DISCUSSÃO ..........................................................................................................32

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................39

7

1- INTRODUÇÃO

O cisto dentígero é uma entidade patológica que se forma a partir de um dente

não erupcionado e origina-se por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte

(MONSERAT et al. 2002, FREITAS et al. 2004). Depois do radicular, os cistos

dentígeros são os mais frequentes cistos odontogênicos diagnosticados, perfazendo

20% de todos os cistos epiteliais dos maxilares (NEVILLE et al. 2004).

Usualmente, esta lesão esta associada a um terceiro molar impactado na

mandíbula e não apresenta sintomatologia, sendo geralmente encontrada nos exames

radiográficos de rotina. Em casos, em que o cisto atinge grandes dimensões, pode ser

observada expansão da cortical óssea e dor (ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et

al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004,

GODOY et al. 2005). Para Varoli et al. (2000), o cisto dentígero é capaz de tornar-se o

mais agressivo dos cistos odontogênicos, estando sempre associado à coroa de dentes

retidos ou impactados.

Radiograficamente, o cisto é caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem

delimitada por cortical óssea, envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da

porção cervical (FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004).

Neville et al. (2004) afirmaram que para se chegar ao real diagnóstico de cisto

dentígero, apenas aspectos radiográficos são inconclusivos, porque queratocistos

odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e

8

não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos idênticos àqueles do cisto

dentígero.

Os dois principais métodos de tratar o cisto dentígero são a enucleação

(NEVILLE et al. 2004) e a marsupialização (ZANIRATO et al. 1998, GONDIM et al.

2008).

9

2- OBJETIVOS

Objetivo Geral: Fazer uma revisão de literatura sobre cisto dentígero, analisar

sua etiologia, características clínicas e radiográficas, histopatológicas, diagnóstico

diferencial, tratamento.

Objetivo Específico: Fazer uma comparação entre os autores, concluindo em

qual seria o melhor tratamento e conseguir diferenciar o cisto dentígero de outras

imagens radiográficas semelhantes.

10

3- REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ETIOLOGIA, LOCALIZAÇÃO E FREQUÊNCIA

Zanirato et al., 1998 afirmaram que o cisto dentígero é um tipo de cisto

odontogênico que origina-se após a formação completa da coroa do dente, pelo

acúmulo de líquido entre esta e o epitélio reduzido do esmalte. As localizações mais

comuns deste cisto são as áreas de terceiros molares superiores e inferiores e caninos

superiores, a faixa etária de maior incidência do cisto dentígero está localizada entre

21 e 30 anos.

Varoli et al., 2000 relatam que o cisto dentígero, também conhecido como

folicular, é o segundo tipo mais comum entre os cistos odontogênicos. Na mandíbula,

sua localização mais freqüente é no terceiro molar, enquanto que, na maxila, os dentes

caninos são mais envolvidos. O cisto dentígero é capaz de tornar-se o mais agressivo

dos cistos odontogênicos, estando sempre associado à coroa de dentes retidos ou

impactados.

Monserat et al., 2002 relataram em seus estudos que o cisto dentígero deriva

do epitélio reduzido do esmalte que rodeia a coroa dental, sabe-se muito pouco sobre o

estímulo que separa o epitélio reduzido da superfície do esmalte, que pode ser de

origem química, física ou traumática, criando um espaço para acúmulo de líquido ao

redor da coroa dental. O órgão do esmalte residual e o epitélio reduzido do esmalte

formam uma das superfícies que limitam o cisto e a coroa do dente retido. Os cistos

dentígeros são os mais comuns na mandíbula, frequentemente associados a terceiros

11

molares não erupcionados. São os segundos cistos odontogênicos mais comuns depois

dos cistos radiculares, apresentando aproximadamente 24% de todos os cistos

verdadeiros da mandíbula.

Barroso et al., 2002 afirmaram que o cisto dentígero ou folicular é uma

cavidade revestida por epitélio que se desenvolve no espaço folicular de dentes não-

erupcionados, após a formação da coroa. Esta cavidade apresenta-se preenchida por

fluido, podendo apresentar tamanhos variados, localiza-se entre a coroa de um dente

impactado, incluso ou não-erupcionado e o epitélio que está revestindo o folículo

dental pericoronário. São observados com mais freqüência no gênero masculino e em

brancos. Estão localizados, na maioria das vezes, associados a terceiros molares

inferiores, caninos superiores, segundos pré-molares inferiores e terceiros molares

superiores mais raramente.

Malincônico et al., 2003 relataram que os cistos dentígeros ou foliculares são

originários de alteração do epitélio reduzido do esmalte dentário, após formação

completa da coroa do dente, com acúmulo de líquido entre o epitélio e a coroa do

dente. Representam cerca de 17,3% dos cistos maxilares, acometendo

predominantemente homens brancos, seguidos por mulheres de cor branca, sendo mais

freqüente na primeira e segunda década; em distribuição anatômica em ordem

decrescente, os terceiros molares inferiores e caninos superiores permanentes são os

elementos dentários mais frequentemente envolvidos por este tipo de cisto, seguidos

pelos pré-molares inferiores e o terceiros molares superiores.

12

O cisto dentígero tem sua origem associada a coroas de dentes retidos, na sua

porção cervical, por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte, encontrados

no esmalte mineralizado. A lesão é mais freqüente em dentes caninos da maxila e

dentes terceiros molares inferiores, dentes estes que com maior freqüência estão

retidos. (FREITAS et al., 2004)

Neville et al., 2004 afirmaram que o cisto dentígero se origina pela separação

do folículo da coroa de um dente incluso. É considerado o tipo mais comum de cisto

dentígero de desenvolvimento, compreendendo cerca de 20% de todos os cistos

epiteliais dos maxilares. O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e está

unido ao dente na junção esmalte-cemento. Embora possam estar associados com

qualquer dente incluso, envolvem mais frequentemente os terceiros molares inferiores.

Outros locais relativamente frequente são os caninos superiores, terceiros molares

superiores e segundos pré-molares inferiores. São mais frequentes em pacientes jovens

entre 10 e 30 anos, com uma leve predileção pelos homens.

Lima et al., 2005 relataram que o cisto dentígero constitui o segundo grupo

mais freqüente dos cistos odontogênicos do complexo maxilofacial, são resultantes de

uma alteração degenerativa do epitélio reduzido do órgão do esmalte, desenvolvem-se

associado à coroa de um dente retido ou impactado, caracterizando-se por acúmulo de

fluído entre a coroa dentária e o epitélio reduzido do órgão do esmalte. As localizações

mais frequentes desta alteração são as regiões dos terceiros molares inferiores e

caninos superiores, justificado em parte, pelo fato de estes serem os dentes que mais

13

comumente se apresentam inclusos, seguidos pelos pré-molares inferiores e terceiros

molares superiores.

O cisto dentígero é definido como um cisto que se origina pela separação do

folículo que envolve a coroa de um dente incluso e está unido a esse no limite da

junção esmalte-cemento, apresentando o termo “dentígero” o significado de “contendo

um dente”. Ocorre mais frequentemente em terceiros molares inferiores, seguido de

caninos superiores e terceiros molares superiores, sendo raros em dentes decíduos e,

consequentemente, em pacientes da primeira década de vida. (Godoy et al., 2005)

Santos et al., 2006 relataram que o cisto dentígero é uma entidade patológica

que se forma a partir de um dente não erupcionado. Origina-se da proliferação do

epitélio reduzido do esmalte. Na maioria dos casos, acomete adultos jovens, sendo raro

nos idosos. Depois do radicular, os cistos dentígeros são os mais frequentes cistos

odontogênicos diagnosticados, perfazendo 20% de todos os cistos mandibulares.

Usualmente esta lesão está associada a um terceiro molar impactado na mandíbula e

não apresenta sintomatologia, sendo geralmente encontrada nos exames radiográficos

de rotina. Em casos, em que o cisto atinge grandes dimensões, pode ser observada

expansão da cortical óssea e dor.

Silva Júnior et al., 2006 afirmaram que os cistos dentígeros são duas vezes

mais comuns em mandíbula (75%) que na maxila e são relacionados mais

frequentemente a dentes permanentes retidos ou àqueles que erupcionam mais

tardiamente (molares mandibulares e caninos da maxila). A frequência de formação

14

dos cistos dentígeros tem sido calculada como 1,44 em cada 100 dentes não

erupcionados.

White e Pharoah, 2007 concluiram que cisto dentígero é aquele que se forma

ao redor da coroa de um dente não erupcionado. Ele começa com o acúmulo de fluido

nas camadas do epitélio reduzido do esmalte ou entre o epitélio e a coroa do dente não

erupcionado.

Os cistos dentígeros são o segundo cisto de origem odontogênica mais comum

sendo originados do epitélio reduzido do esmalte que envolve a coroa dos dentes

retidos é resultante de um distúrbio em algum estágio da odontogênese. A região mais

frequentemente afetada é a de terceiro molar inferior, apresentando-se principalmente

na segunda e terceira década de vida, raramente afeta os dentes decíduos. (Maurette et

al., 2007)

Marzola et al., 2007 definiram como cisto, uma cavidade patológica revestida

por epitélio que encerra em seu interior material fluido ou semi-fluido. Os cistos

originam-se de restos epiteliais que frente a um estímulo de origem química,

traumática ou infecciosa, passam a se proliferar. Como as células epiteliais se nutrem

através da difusão do líquido tissular a partir do tecido conjuntivo adjacente, aquelas

que se localizam centralmente, passam a sofrer deficiência de nutrição e terminam por

degenerar-se. Com a necrose, inicia-se o processo de cavitação central, onde se

acumulam os produtos de degradação do esqueleto lipo-protêico das células. Tais

produtos elevam a concentração do meio e, em decorrência do desequilíbrio de pressão

15

osmótica entre o meio interno e o externo, o líquido tissular passa a penetrar o interior

do cisto através do princípio de osmose. A pressão intracística vai aumentando e,

assim, o tecido ósseo adjacente vai sendo reabsorvido, possibilitando o aumento do

cisto. Esta lesão ocorre em qualquer região dos maxilares, sendo mais freqüente nas

proximidades dos terceiros molares inferiores, relacionado com um dente ausente ou

ainda com a degeneração do folículo de um germe supranumerário. Podem surgir entre

a segunda e terceira década da vida, produzindo um aumento de volume local, sendo

assintomático.

Sette-Dias et al., 2008 definiram o cisto dentígero como um cisto que se

origina pela separação do folículo pericoronário de um dente incluso devendo estar

associado à coroa do mesmo e unido à junção cemento-esmalte. Cisto dentígero é o

segundo cisto odontogênico mais comum, com freqüência variando entre 25 a 33%

dos cistos odontogênicos, sendo localizado mais freqüente na mandíbula. Nos

pacientes com cisto dentígero seqüencial ocorre o desenvolvimento de cisto dentígero

em diferentes momentos da vida do paciente em localização diferente.

Gondim et al., 2008 classificaram o cisto dentígero como uma lesão

odontogênica radiolúcida bem definida que envolve a coroa de um dente não

irrompido e que tem sua erupção interrompida. Existem várias teorias para explicar a

origem de um cisto dentígero, uma das hipóteses sugeridas é uma inflamação dos

tecidos periapicais originados a partir da polpa necrótica dos dentes decíduos, com isso

estimulando o acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do órgão do esmalte na

16

coroa do germe dental. Frequentemente são observadas polpa necrótica após trauma

em dentes decíduos. O cisto dentígero pode se desenvolver na segunda ou terceira

década da vida e raramente está associado a dentes decíduos, seu diagnóstico deve ser

baseado em exame clínico, radiográfico e criterioso exame histopatológico.

Os cistos odontogênicos se originam dos componentes epiteliais do aparato

odontogênico ou dos seus remanescentes, que são capturados dentro do osso ou dos

tecidos gengivais periféricos. A distribuição espacial mais freqüente dos cistos

dentígeros é na mandíbula. (POZZER et al., 2009)

3.2-CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Zanirato et al., 1998 descreveram o caso de um paciente de 50 anos de idade,

do gênero masculino, no qual apresentava um grande aumento de volume na hemiface

direita na região da maxila, causando um deslocamento considerável da asa do nariz,

sendo a tumefação indolor e de longa duração. Intra-oralmente observou mucosa com

coloração normal e flutuação da região, que estava elevada no vestíbulo e palato,

mostrando destruição óssea, tanto por vestibular como por palatino, demonstrando um

crescimento bastante acentuado da lesão. A paciente portava poucos dentes e em más

condições, mas a região da tumefação era edentada.

Varoli et al., 2000 relataram o caso de um paciente com 32 anos de idade,

leucoderma, do gênero masculino com queixa de sensibilidade dolorosa espontânea

nos dentes incisivos centrais superiores, ao exame clínico os dentes apresentavam-se

hígidos, com discreta mobilidade, sem ocorrência de doença periodontal ou história de

17

traumatismo. O paciente acusou dor a palpação na região apical, onde se observou

discreto edema sem crepitação.

Paciente do gênero feminino com 25 anos de idade apresentou-se ao serviço

de cirurgia estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Central da

Venezuela, por apresentar abaulamento em zona ântero superior do lado esquerdo. ao

exame clínico foi observada assimetria facial, por aumento de volume na região

nasogeniana, com perda do sulco nasogeniano do lado esquerdo. A paciente não

relatou dor à palpação. Ao exame intra-bucal houve expansão da tábua vestibular

desde o dente 11 até o 25, a mucosa apresentava-se sem sinais de inflamação e com

ausência clinica do elemento 23. (MONSERAT et al., 2002)

Barroso et al., 2002 descreveram o caso de uma paciente 7 anos de idade do

gênero feminino que apresentou-se à Clínica de Odontopediatria da Escola de

Farmácia e Odontologia de Alfenas/MG (Efoa/Ceufe), acompanhada de seus pais, para

a realização de tratamento odontológico restaurador. Foi solicitada uma radiografia

panorâmica, em que se detectou a presença de uma lesão radiolúcida localizada no

lado direito da_mandíbula. Tal lesão não apresentava sintomatologia dolorosa,

conforme relato da paciente. Com base nos aspectos clínicos, radiográficos e

histopatológicos, o diagnóstico foi de cisto dentígero.

Malincônico et al., 2003 descrevem o caso de um paciente do gênero

masculino, 17 anos de idade, leucoderma com tumoração no corpo da mandíbula. O

paciente relatou aumento de volume na face nos 3 últimos meses e ausência de

18

sintomatologia dolorosa. O exame clínico revelou aumento de volume localizado na

região do corpo mandibular esquerdo, sem a presença dos sinais flogísticos. Não foi

observada sintomatologia dolorosa à percussão dentária vertical e horizontal, tão

pouco mobilidade dentária.

Freitas et al., 2004 relataram que o cisto dentígero é o mais agressivo dos

cistos odontogênicos, podendo atingir grandes áreas, com abaulamentos das corticais

ósseas, necessitando diminuição da pressão interna ou marsupialização, pra evitar

fraturas na remoção cirúrgica.

Neville et al., 2004 descreveram que os cistos dentígeros pequenos são com

freqüência assintomáticos e descobertos apenas em exames radiográficos de rotina. Os

cistos podem aumentar consideravelmente de tamanho, podendo os maiores estarem

associados à expansão indolor do osso na região afetada. Nestes casos podem provocar

uma assimetria facial. Os cistos maiores são incomuns.

Lima et al., 2005 estudaram um paciente que apresentava assimetria no 1/3

médio da hemi-face direita, indolor e segundo informações do paciente com história de

trauma na região ocorrido há quatro anos. Ao exame clínico constatou aumento de

volume estendendo-se desde a região do canino (53) até os molares decíduos.

Godoy et al., 2005 verificaram o caso de um paciente com cisto dentígero que

apresentava um discreto abaulamento ósseo no corpo mandibular esquerdo, na região

dos molares decíduos, o dente 75 apresentava uma extensa destruição coronária devido

à cárie dentária. O paciente não apresentava sintomatologia dolorosa, apenas referia

19

que este discreto aumento de volume já havia sido verificado há, aproximadamente,

dois anos.

Santos et al., 2006 relataram dois casos clínicos, o primeiro de um paciente de

67 anos de idade, gênero feminino, leucoderma, procurou a clínica de cirurgia oral e

maxilofacial da UFRJ, com queixa de dor e tumefação moderada no lado direito da

mandíbula. Exceto pela assimetria facial os demais exames, físico e laboratorial

estavam dentro dos limites de normalidade. O exame extra-oral revelou tumefação de

consistência amolecida na região do masseter. No exame intra-oral, foi observado uma

massa exofítica palpável, nas superfícies lateral e medial do ramo ascendente da

mandíbula. No segundo caso, um paciente de 62 anos de idade, do gênero masculino,

leucoderma, apresentou na radiografia panorâmica uma área radiolúcida associada à

coroa da unidade dentária 38. Os exames intra e extra-oral não evidenciaram

alterações relevantes associadas com a entidade patológica. As avaliações médica e

laboratorial estavam dentro dos padrões de normalidade.

Silva Júnior et al., 2006 relataram um caso clínico de um paciente de 35 anos

de idade, do gênero masculino, que apresentava expansão da cortical vestibular na

região dos molares inferiores do lado direito e ausência das unidades dentais nesta

área. A mucosa bucal apresentava-se com características de coloração e consistência

normais e ausência de sintomatologia.

White e Pharoah, 2007 descrevem em seu livro que os cistos dentígeros ao

exame clínico, revelam ausência de um ou mais dentes e, possivelmente, um aumento

20

de volume endurecido, ocasionalmente resultando em assimetria facial. O paciente

tipicamente não apresenta dor ou desconforto.

Maurette et al., 2007 relataram um caso clínico de um paciente com 65 anos

de idade, leucoderma, gênero masculino atendido na clínica de Cirurgia Bucal e

Maxilofacial da Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Ao exame clínico intrabucal

o paciente apresentava-se parcialmente edêntulo, com ausência clínica dos terceiros

molares inferiores, sem evidência de aumento de volume e expansão das tábuas ósseas

vestibulares e linguais, a lesão só foi detectada devido ao Rx panorâmico de rotina.

Marzola et al., 2007 descreveram dois casos clínicos. No caso 1, paciente de 5

anos de idade do gênero masculino, ao exame clínico apresentava edema destacado na

região mandibular esquerda, apontando para uma alteração óssea, pois apresentava-se

endurecida. No segundo caso, paciente com 11 anos de idade, ao exame clínico

apresentava grande expansão da cortical vestibular e através do exame radiográfico foi

observado o comprometimento do primeiro molar e dos molares decíduos, além dos

pré-molares permanentes e canino, que também se encontravam na massa cística.

Sette-Dias et al., 2008 relataram um caso clínico de um paciente de 16 anos de

idade, do gênero masculino, que compareceu a Clínica de Cirurgia da Faculdade de

Odontologia UFMG. Ao exame clínico foi observada a presença de assimetria facial,

com abaulamento do lado esquerdo. Paciente relatou crescimento lento com evolução

de quatro meses e assintomático. Após exame radiográfico foi sugerido como hipótese

21

diagnóstica de cisto dentígero, ceratocisto odontogênico, ameloblastoma e fibroma

ameloblástico.

Gondim et al., 2008 relataram um caso clínico de um paciente com 4 anos de

idade, do gênero masculino. Clinicamente, o paciente apresentava dentição decídua e

todos os dentes estavam presentes e em boas condições, exceto pelo incisivo decíduo

do lado direito que estava mal posicionado e com coloração acinzentada, o paciente

apresentava-se assintomático. Durante anamnese a mãe relatou ter ocorrido trauma na

região dos incisivos centrais superiores e região peribucal.

3.3. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS

Zanirato, 1998 após exame radiográfico de um paciente de 50 anos, gênero

masculino percebeu área radiolúcida ocupando seio maxilar, maxila e borda da

cavidade nasal. A lesão estendia-se 37 mm posteriormente, dentro do seio maxilar e o

dente canino, responsável pelo cisto, encontrava-se junto ao assoalho de órbita direita.

Viu-se ainda uma nítida delimitação da lesão, o que radiograficamente deu forte

sugestão do diagnóstico de cisto dentígero.

Varoli et al., 2000 inicialmente realizou uma radiografia periapical da região

dos dentes incisivos centrais superiores de um paciente com 32 anos de idade

leucoderma do gênero masculino que queixava-se de sensibilidade dolorosa

espontânea. O exame demonstrou uma imagem radiolúcida sobreposta ao terço apical

das raízes dos dentes incisivos centrais superiores, circunscrita e envolvida por um

halo radiopaco contendo em seu interior uma imagem sugestiva de dente

22

supranumerário (mesiodens). Foi também constatada reabsorção radicular externa em

ambos os incisivos. Devido à necessidade de se saber a real extensão da lesão,

solicitou-se uma radiografia oclusal total de maxila e uma radiografia panorâmica, que

confirmaram a imagem radiográfica sugestiva de cisto dentígero circunferencial na

região mediana da maxila, envolvendo totalmente o dente supranumerário, o qual foi

deslocado obliquamente pelo crescimento cístico.

Monserat et al., 2002 solicitaram Rx panorâmico e tomografia

computadorizada axial de um paciente com 25 anos de idade do gênero feminino, por

apresentar aumento de volume e assimetria facial. Ao exame radiográfico foi

evidenciada imagem radiolúcida entre os elementos 11 e 26 a lesão está em relação de

imagem com as paredes laterais das fossas nasais, também observou presença do

canino em posição vertical.

Barroso et al., 2002 ao analisarem radiografias panorâmica e periapical de um

paciente de 7 anos de idade gênero feminino, com cisto dentígero, observaram área

radiolúcida, unilocular, circundada por um halo ligeiramente radiopaco, envolvendo a

coroa do dente 45 e relacionada com o 85, que apresentava-se tratado

endodonticamente. A lesão estendia-se da face mesial do elemento 46 até a distal do

dente 43, atingindo a porção basilar da mandíbula, provocando expansão e

adelgaçamento da cortical vestibular, visíveis na radiografia oclusal.

Malincônico et al., 2003 solicitaram radiografia panorâmica dos maxilares de

um paciente com 17 anos de idade, gênero masculino, leucoderma, que evidenciou

23

extensa lesão osteolítica, multilocular, com aspecto de "bolhas de sabão", envolvendo

o dente 38 incluso deslocado para a basilar da mandíbula; comprometia apófise

coronóide, côndilo, toda a extensão do ramo ascendente, tendo como limite anterior o

corpo mandibular esquerdo ao nível do elemento 33. Muito embora o septo

interradicular dos 37 e 36 estivesse reabsorvido pela lesão, não foi evidenciada

reabsorção das raízes dos dentes da região. Foi solicitada uma tomografia

computadorizada contrastada para precisar os limites da lesão.

Freitas et al., 2004 descreveram que radiograficamente, o cisto dentígero é

caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem delimitada por cortical óssea,

envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da porção cervical. Esta imagem

radiográfica não deve ser inferior a 2,5 mm de extensão, para diferenciá-la da imagem

do saco dentário.

Nev

ille et al., 2004 afirmaram que o cisto dentígero apresenta-se como uma lesão

radiotransparente unilocular associada à coroa de um dente incluso. Comumente a área

radiotransparente apresenta uma margem bem definida e muitas vezes esclerótica,

porém um cisto infectado poderá mostrar limites maldefinidos. Um cisto dentígero

grande pode dar a impressão de um processo multilocular devido a persistência das

trabéculas ósseas na área radiotransparente. Entretanto, os cistos dentígeros constituem

macroscopicamente processos uniloculares e provavelmente nunca são lesões

multiloculares verdadeiras. A relação coroa-cisto pode apresentar três variantes:

24

central, lateral e circunferencial. A central é mais comum e o cisto circunda a coroa do

dente que está projetada para dentro do cisto. A lateral está geralmente associada a um

terceiro molar inferior com impactação mesio-angular e parcialmente erupcionado. O

cisto cresce lateralmente ao longo da superfície radicular e circunda parcialmente a

coroa. Na variante circunferencial, o cisto circunda a coroa e se estende por alguma

distância ao longo da raiz, de tal forma que parece estar dentro do cisto. Raramente

ocorre deslocamento de um terceiro molar para a borda inferior da mandíbula ou para

o ramo ascendente. Os cistos dentígeros podem deslocar o dente envolvido a distâncias

consideráveis. Pode ocorrer reabsorção radicular dos dentes adjacentes já

erupcionados.

Lima et al., 2005 relataram que a imagem radiográfica do cisto dentígero,

observado em uma radiografia panorâmica seria de uma área radiolúcida incomum,

com suspeita de ser um provável cisto, visto que, nesta idade, 7 anos, o seio maxilar

não se apresenta tão expandido. Foi solicitada também uma tomografia, onde se

evidenciou a caracterização de uma lesão cística, área radiolúcida com bordos bem

definidos envolvendo a coroa do elemento 13.

Godoy et al., 2005 inicialmente realizaram uma radiografia periapical do

elemento 75 e observaram que o referido dente já havia sido submetido a uma

pulpotomia. Adicionalmente, verificaram uma lesão radiolúcida unilocular envolvendo

a coroa do dente 35 sucessor. Solicitaram radiografia panorâmica, a qual mostrou mais

25

precisamente uma ampla lesão radiolúcida unilocular com margens bem delimitadas e

envolvendo o germe dentário em formação correspondente ao dente 35.

Santos et al., 2006 relataram caso clínico de paciente de 67 anos de idade,

gênero feminino leucoderma que ao exame radiográfico revelou a unidade dentária 48

impactada associada a uma área radiolúcida de aproximadamente 4 x 3 cm, localizada

no ramo ascendente da mandíbula direita e grande expansão das corticais medial e

lateral vista no exame postero-anterior. Caso 2. Um paciente 62 anos de idade, gênero

masculino, leucoderma apresentou ao exame radiográfico lesão osteolítica, medindo

cerca de 4,5 x 2,0 cm, na região de corpo e ramo ascendente da mandíbula esquerda,

associada à unidade 38 que se encontrava deslocada.

Silva Júnior et al., 2006 após a tomada de uma radiografia panorâmica de um

paciente de 35 anos de idade, gênero masculino, observaram uma lesão osteolítica,

circunscrita, unilocular na região de corpo mandibular do lado direito, envolvendo a

coroa das unidades 46 e 47 que permaneciam inclusas. Essa área radiolúcida

comprometia o corpo da mandíbula desde as raízes dos pré-molares até a região

retromolar.

O epicentro de um cisto dentígero é observado logo acima da coroa do dente

envolvido, que geralmente é o terceiro molar superior ou inferior ou o canino superior,

que são os dentes mais comumente afetados. Uma importante característica para o

diagnóstico é que o cisto se liga a junção cemento-esmalte. Periferia e forma dos cistos

dentígeros normalmente tem uma cortical bem definida com um contorno curvo ou

26

circular se houver infecção a cortical pode estar ausente, a estrutura interna é

completamente radiolúcido a não ser pela coroa do dente envolvido (WHITE e

PHAROAH, 2007).

A radiografia panorâmica mostra os terceiros molares inclusos. Ambos os

dentes se encontravam associados a uma lesão radiolúcida, unilocular, de bordas bem

definidas (MAURETTE et al., 2007).

Radiograficamente constitui-se de uma área radiolúcida associada a um dente

não irrompido ou retido, apresentando-se envolvida por uma linha esclerótica

demarcatória (MARZOLA et al., 2007).

Sette-Dias et al., 2008 observaram na radiografia panorâmica lesão

radiolúcida unilocular, bem delimitada, envolvendo o dente 37 e localizando-se do

dente 35 até o ramo ascendente esquerdo da mandíbula. Os autores constataram

também ausência do dente 38, reabsorção radicular dos dentes 36 e 37. O teste de

sensibilidade pulpar foi positivo nos dentes 34, 35 e 36.

Gondim et al., 2008 após análise radiográfica não observaram reabsorção

patológica. No entanto, uma lesão radiolúcida com margens bem definidas abrangendo

10 mm de diâmetro foi observada sobreposta ao ápice do elemento 51 e envolvendo a

coroa do incisivo permanente sucessor com discreto deslocamento.

Pozzer et al., 2009 na radiografia panorâmica, observaram uma região

radiolúcida bem delimitada ao redor da coroa do dente 45 de, aproximadamente, 1,5

27

cm de diâmetro. O dente encontrava-se deslocado apicalmente, em direção à base da

mandíbula.

3.4. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Monserat et al., 2002 afirmaram que o diagnóstico deferencial é de

ameloblastoma, carcinoma epidermóide e carcinoma mucoepidermóide.

Barroso et al., 2002 com base nos aspectos clínicos e radiográficos de um

paciente com 7 anos de idade, gênero feminino, sugeriram como hipótese diagnóstica

cisto dentígero e cisto periapical inflamatório, realizaram uma punção aspirativa na

lesão, sendo esta negativa para conteúdo Iíquido.

Malincônico et al., 2003 confrontando a anamnese, exame clínico e exames

radiográficos, formulou uma hipótese diagnóstica de ameloblastoma ou de cisto

dentígero. Propôs realizar uma biópsia do tipo incisional com fins de diagnose. Sob

anestesia geral, realizaram, inicialmente uma punção na região em que realizou

aspiração de grande quantidade de líquido sero-purulento. Diante de tal fato, sua

suspeita de cisto dentígero aumentou, optaram, então, por realizar uma biópsia

efetuando concomitantemente uma marsupialização.

Neville et al., 2004 relataram que a distinção do cisto dentígero com o

aumento do folículo dentário é difícil, para a lesão ser considerada um cisto dentígero,

alguns investigadores acreditam que o espaço radiotransparente que circunda a coroa

do dente deve ter pelo menos 3 a 4 mm de diâmetro. Contudo aspectos radiográficos

28

não são suficientes para o diagnóstico de cisto dentígero, porque os queratocistos

odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e

não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos essencialmente idênticos àqueles

do cisto dentígero.

Lima et al., 2005 realizaram punção, para se ter o diagnóstico diferencial com

o cisto ósseo aneurismático. Aspirou-se um líquido citrino onde realmente revelou a

característica cística da lesão.

Godoy et al., 2005 concluiram que a hipótese diagnóstica do cirurgião buco-

maxilo-facial foi de um cisto de natureza odontogênica a esclarecer.

Silva Júnior et al., 2006 após a realizarem anamnese, observaram ao exame

clínico e análise dos exames radiográficos, formularam uma possível hipótese

diagnóstica de cisto dentígero ou ameloblastoma pela aparência clínica e radiográfica

de ambas lesões.

White e Pharoah, 2007 descreveram que um dos diagnósticos diferenciais

mais difíceis é o que se dá entre um pequeno cisto dentígero e um folículo

hiperplásico. Deve ser considerado cisto se houver alguma evidência de deslocamento

dentário ou considerável expansão do osso envolvido. O tamanho normal do espaço do

folículo é 2 a 3 mm. Se o espaço do folículo exceder 5 mm, é mais provável que se

trate de um cisto dentígero. Os diagnósticos diferenciais também podem incluir um

ceratocisto odontogênico, um fibroma ameloblástico e um ameloblastoma cístico.

29

Gondim et al., 2008 relataram que o fibroma odontogênico pode apresentar

características similares ao cisto dentígero, entretanto análise histopatológica é

necessária na maioria dos casos para determinar o tipo de lesão e confirmar a hipótese

diagnóstica.

3.5. CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

Histologicamente, o cisto dentígero não possui características microscópicas

que possam, com segurança, distingüi-lo de outros tipos de cistos odontogênicos. É,

geralmente, composto por uma parede de tecido conjuntivo a qual, frequentemente,

está bastante espessada e composta de tecido conjuntivo fibroso, com a luz revestida

por uma camada fina de epitélio pavimentoso estratificado (ZANIRATO et al., 1998).

Varoli et al., 2000 devido às inúmeras hipóteses diagnósticas levantadas frente

à imagem radiográfica de cisto dentígero, afirmaram que torna-se imprescindível o

exame histopatológico de todo o cisto. Somente este exame confirma o diagnóstico e

revela possíveis alterações neoplásicas do epitélio de revestimento, lembrando que tais

lesões malignas podem ser semelhantes, tanto clínica como radiograficamente, aos

processos benignos.

Para o cisto dentígero não há características microscópicas típicas que possam

distinguir o cisto dentígero de qualquer outro cisto odontogênico. Em geral é

constituído por uma parede delgada de epitélio escamoso estratificado que recobre a

luz do cisto (MONSERAT et al., 2002).

30

Os aspectos histopatológicos variam dependendo de o cisto estar ou não

inflamado. No cisto não inflamado, a cápsula de tecido fibroso é arranjada

frouxamente e a substância fundamental contém quantidade considerável de

glicosaminoglicanos. Pequenas ilhas ou cordões de restos de epitélio odontogênico

aparentemente inativos podem estar presentes na cápsula fibrosa. O revestimento

epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não queratinizadas, e

a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo são planas. No cisto inflamado a

cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico de células inflamatórias é

variável (NEVILLE et al., 2004).

Godoy et al., 2005 verificaram lesão cística de natureza odontogênica

exibindo um limitante epitelial do tipo pavimentoso estratificado, o qual apresentava

áreas de hiperplasia, degeneração hidrópica, espongiose e exocitose, bem como

extensas áreas emitindo projeções arciformes. A cápsula cística era composta por

tecido conjuntivo fibroso ricamente vascularizado, com numerosos vasos congestos, e

intenso infiltrado inflamatório do tipo linfoplasmocitário disperso pelo espécime.

Adicionalmente, observou-se extensas áreas de extravasamento hemorrágico. Diante

deste quadro o diagnóstico foi cisto dentígero inflamatório.

Microscopicamente a membrana cística é revestida inteiramente por um

epitélio plano estratificado e raramente por um epitélio colunar. A membrana

conjuntiva é bem fibrosa, podendo apresentar um infiltrado inflamatório. Um dado

microscópico importante é a presença ou não de ninhos de células ameloblásticas na

31

parede cística, células estas que poderão evoluir para um ameloblastoma, carcinoma in

situ ou ainda um carcinoma plano celular (MARZOLA et al., 2007).

3.6. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

Zanirato et al., 1998 afirmaram que a enucleação é a melhor forma de tratar os

cistos dentígeros, mas em casos bem selecionados a técnica de marsupialização pode

ser realizada, mostrando-se efetiva. Técnica essa comprovada por estudos realizados

por Silva Júnior et al. (2006).

Neville et al., 2004 asseguraram que o tratamento usual para o cisto dentígero

é a cuidadosa enucleação do cisto e a remoção do dente incluso associado. Quando a

erupção do dente envolvido é considerada viável, o dente pode ser mantido no local

após a remoção parcial da parede do cisto. O prognóstico para a maioria dos cistos

dentígeros é excelente e raramente ocorre recorrência após a remoção completa do

cisto. Tratamentos estes confirmados por Lima et al.( 2005), Godoy et al. (2005),

Maurette et al. (2007) e Marzola et al.( 2007).

Cistos dentígeros são tratados por remoção cirúrgica, que pode, também,

incluir o dente. Cistos grandes podem ser tratados por marsupialização antes da

remoção. O revestimento cístico deve ser enviado para exame histológico, pois há

relatos da ocorrência de ameloblastomas no revestimento cístico (WHITE e

PHAROAH, 2007).

32

4- DISCUSSÃO

Existem várias teorias para explicar a origem de um cisto dentígero, a mais

aceita é de que o cisto dentígero tem sua origem associada a coroas de dentes retidos,

na sua porção cervical, por alterações no epitélio reduzido do órgão do esmalte

(MONSERAT et al. 2002, FREITAS et al. 2004), outra hipótese sugere que após a

formação completa da coroa do dente, há um acúmulo de líquido entre esta e o epitélio

reduzido do esmalte (ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et al. 2002, BARROSO et

al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003), ou ainda de uma inflamação dos tecidos

periapicais originados a partir da polpa necrótica dos dentes decíduos (GONDIM et al.

2008, MARZOLA et al. 2007).

Os cistos dentígeros são observados com mais frequência no gênero masculino

e em brancos (BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003), seguido por

mulheres brancas (MALINCÔNICO et al. 2003), acometendo, na maioria dos casos,

adultos jovens na segunda e terceira década de vida (ZANIRATO et al.1998,

NEVILLE et al. 2004, GODOY et al. 2005, MARZOLA et al. 2007, GONDIM et al.

2008), sendo raro nos idosos (SANTOS et al. 2006) e raros em dentes decíduos

(GODOY et al. 2005, MAURETTE et al. 2007, GONDIM et al. 2008).

De acordo com Neville et al. (2002), o cisto dentígero é considerado o tipo

mais comum dos cistos odontogênicos, compreendendo cerca de 20% de todos os

cistos epiteliais dos maxilares. Varoli et al. (2000), Lima et al. (2005) e Sette-Dias et

al. (2008) relatam que o cisto dentígero é o segundo tipo de cisto mais comum entre

33

os cistos odontogênicos e correspondem, segundo Monserat et al. (2002), a

aproximadamente 24% de todos os cistos verdadeiros da mandíbula, por outro lado,

Sette-Dias et al. (2008) relata que essa freqüência varia entre 25 a 33%.

Localizados, na maioria das vezes, em região de terceiros molares inferiores

(ZANIRATO et al.1998, VAROLI et al. 2000, BARROSO et al. 2002,

MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004, NEVILLE et al. 2004, LIMA et

al. 2005, GODOY et al. 2005, SANTOS et al. 2006, MAURETTE et al. 2007,

MARZOLA et al. 2007) e caninos superiores (ZANIRATO et al.1998, VAROLI et al.

2000, BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003, FREITAS et al. 2004,

NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005, SILVA JÚNIOR et al.

2006), podendo ser encontrados também em áreas de terceiros molares superiores

(ZANIRATO et al.1998, BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003,

NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005) e mais raramente em

segundos pré-molares inferiores (BARROSO et al. 2002, MALINCÔNICO et al.

2003, NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005). Para Varoli et al. (2000), o cisto

dentígero é capaz de tornar-se o mais agressivo dos cistos odontogênicos, estando

sempre associado à coroa de dentes retidos ou impactados.

Para Freitas et al. (2004) o cisto dentígero é o mais agressivo dos cistos

odontogênicos, podendo atingir grandes volumes, com abaulamentos das corticais

ósseas, o que é reafirmado por Neville et al. (2004), que em seu trabalho relata a

possibilidade de ocasionar expansão indolor do osso na região afetada, provocando

34

uma assimetria facial. O aumento de volume indolor é relatado por diversos autores

(ZANIRATO et al.1998, MONSERAT et al. 2002, MALINCÔNICO et al. 2003,

GODOY et al. 2005, SANTOS et al. 2006, SILVA JÚNIOR et al. 2006, WHITE e

PHAROAH, 2007, MAURETTE et al. 2007, MARZOLA et al. 2007, SETTE-DIAS et

al. 2008).

Varoli et al., 2000, num relato de caso descreveram a queixa de sensibilidade

dolorosa espontânea nos dentes incisivos centrais superiores, os quais apresentavam-se

hígidos e com discreta mobilidade, sem ocorrência de doença periodontal ou história

de traumatismo. Santos et al., 2006 relataram em seu trabalho um caso em que houve

tumefação moderada no lado direito da mandíbula com moderada tumefação e queixa

de dor.

Radiograficamente, o cisto é caracterizado por uma imagem radiolúcida, bem

delimitada por cortical óssea, envolvendo a coroa de um dente retido, a partir da

porção cervical (FREITAS et al. 2004, VAROLI et al. 2000, BARROSO et al. 2002,

NEVILLE et al. 2004, LIMA et al. 2005, GODOY et al. 2005, SILVA JÚNIOR et

al. 2006, WHITE e PHAROAH, 2007, MAURETTE et al. 2007, MARZOLA et al.

2007, SETTE-DIAS et al. 2008, GONDIM et al. 2008, POZZER et al. 2009). Esta

imagem radiográfica não deve ser inferior a 2,5 mm de extensão, para diferenciá-la da

imagem do saco dentário (FREITAS et al. 2004). Malincônico et al. (2003)

evidenciou extensa lesão osteolítica, multilocular, com aspectos de “bolhas de sabão”,

35

envolvendo o 38 incluso deslocado para basilar da mandíbula, demonstrando dessa

forma que os cistos dentígeros podem assumir vários aspectos radiográficos.

O cisto dentígero pode deslocar o dente envolvido à distâncias consideráveis e

também promover a reabsorção radicular dos dentes adjacentes já erupcionados

(NEVILLE et al. 2004, VAROLI et al. 2000, SETTE-DIAS et al. 2008).

Neville et al. (2004) afirmaram que para se chegar ao real diagnóstico de cisto

dentígero, apenas aspectos radiográficos são inconclusivos, porque queratocistos

odontogênicos, ameloblastomas uniloculares e muitos outros tumores odontogênicos e

não odontogênicos podem ter aspectos radiográficos idênticos àqueles do cisto

dentígero.

Um diagnóstico diferencial de cisto dentígero é o de ameloblastoma, pela

aparência clínica e radiográfica semelhantes de ambas as lesões (MONSERAT et al.

2002, MALINCÔNICO et al. 2003, NEVILLE et al. 2004, SILVA JÚNIOR et al.

2006). Outras patologias citadas são: cisto periapical inflamatório (BARROSO et al.,

2002), cisto ósseo aneurismático (LIMA et al., 2005), White e Pharoah, 2007,

relataram a dificuldade em diagnosticar um pequeno cisto dentígero de um folículo

hiperplásico, ceratocisto odontogênico, fibroma ameloblástico ou um ameloblastoma

cístico, devido ao seu pequeno tamanho, neste caso, considerar para o diagnóstico, o

tamanho normal do folículo (2 a 3 mm), se este exceder 5 mm, mais provável que se

trate de um cisto. Gondim et al. (2008) sugeriram em seu relato de caso como

36

diagnóstico diferencial o fibroma odontogênico, sendo necessária a análise

histopatológica para confirmar a hipótese diagnóstica.

Devido às inúmeras hipóteses diagnósticas levantadas frente a uma imagem

radiográfica de cisto dentígero, torna-se imprescindível o exame histopatológico de

todo o cisto (VAROLI et al. 2000). No entanto, o cisto dentígero não possui

características microscópicas que possam, com segurança, distinguí-lo de outros cistos

odontogênicos (ZANIRATO et al. 1998, MONSERAT et al. 2002).

Neville et al., 2004 relataram que os aspectos histopatológicos variam

dependendo de o cisto estar ou não inflamado. No cisto não inflamado, a cápsula de

tecido fibroso é arranjada frouxamente e a substância fundamental contém quantidade

considerável glicosaminoglicanos. Microscopicamente a membrana cística é revestida

inteiramente por um epitélio plano estratificado (MARZOLA et al. 2007) não

queratinizado que consiste de duas a quatro camadas de células (NEVILLE et al.

2004).

No cisto inflamado a cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico

de células inflamatórias é variável (NEVILLE et al., 2004). GODOY et al., 2005

verificaram em seu relato de caso que, a cápsula cística era composta por tecido

conjuntivo fibroso ricamente vascularizado, com numerosos vasos congestos e um

intenso infiltrado inflamatório do tipo linfoplasmocitário disperso pelo espécime com

adicional extravasamento hemorrágico, diagnosticado como cisto dentígero

inflamatório.

37

Outro dado microscópico importante é a presença ou não de ninhos de células

ameloblásticas na parede cística, células estas que poderão evoluir para um

ameloblastoma, carcinoma in situ ou ainda um carcinoma plano celular (MARZOLA

et al. 2007).

O tratamento pode incluir enucleação total e remoção do dente retido

associado (VAROLI et al. 2000, MONSERAT et al. 2002, NEVILLE et al. 2004,

LIMA et al. 2005, MAURETE et al. 2007, MARZOLA et al. 2007), porém, se a

erupção do dente envolvido é viável, apenas a enucleação é realizada (GONDIM et al.

2008). Outra opção é o tratamento conservador, por marsuapialização, seguido de

acompanhamento radiográfico (ZANIRATO et al.1998, GONDIM et al. 2008,

POZZER et al. 2009).

38

5- CONCLUSÃO

Com base na revisão de literatura, pode-se concluir que para se chegar ao real

diagnóstico de cisto dentígero, não se deve apenas avaliar os aspectos radiográficos,

porque existem outras entidades patológicas que se assemelham e, portanto, exames

histopatológicos são indispensáveis. Os cistos dentígeros são o segundo tipo de cisto

mais comum entre os cistos odontogênicos sendo que sua localização mais freqüente é

na região de terceiros molares inferiores e caninos superiores retidos. O tratamento

pode ser feito por marsupialização e é realizado quando a lesão é muito extensa e há

risco de fraturas ósseas ou somente enucleação do cisto quando existe espaço viável

para erupção dentária ou então enucleação total com exodontia do dente envolvido.

Geralmente a lesão é descoberta em exames radiográficos de rotina, no qual é

observada uma imagem radiolúcida, bem delimitada por cortical óssea, envolvendo a

coroa de um dente retido, a partir da porção cervical. Clinicamente só é observado

quando já existe algum sinal de expansão óssea e com assimetria facial, quanto à

sintomatologia dolorosa alguns autores relatam sua existência, porém não é tão

freqüente e se dá quando o cisto torna-se infectado.

39

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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