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CAVALCANTE ASSOCIADOS & ® UP-TO-DATE® - N O 342 AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O LUCRO LÍQUIDO E O FLUXO DE CAIXA 1 AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O LUCRO LÍQUIDO E O FLUXO DE CAIXA Francisco Cavalcante ([email protected] ) Sócio-Diretor da Cavalcante & Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante & Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis , além de compra e venda de participações acionárias. Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. Desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. ! Principais diferenças ! Diferentes visões do lucro operacional ! Separação entre as operações o financiamento.

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    UP-TO-DATE - NO 342 AS PRINCIPAIS DIFERENAS ENTRFLUXO DE CAIXA

    AS PRINCIPAIS DIFERENAS ENTRE O LUCRO LQUIDO E O FLUXO DE CAIXA

    Francisco Cavalcante ([email protected]) Scio-Diretor da Cavalcante & Associados, empresa especializada na elaborao de sistemas

    financeiros nas reas de projees financeiras, preos, fluxo de caixa e avaliao de projetos. A Cavalcante & Associados tambm elabora projetos de capitalizao de empresas, assessora na obteno de recursos estveis , alm de compra e venda de participaes acionrias.

    Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV.

    Desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas reas de planejamento financeiro, formao do preo de venda, avaliao de empresas e consultoria financeira em geral.

    ! Principais diferenas ! Diferentes vises do lucro operacional ! Separao entre as operaes o

    financiamento.E O LUCRO LQUIDO E O 1

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    NDICE 1- APRESENTAO E DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 3

    2 SEPARAO ENTRE AS OPERAES E O FINANCIAMENTO ......................................................... 5

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    1- Apresentao e Desenvolvimento Empresas que possuem poltica de imobilizaes mais agressiva e

    elevada necessidade de investimento operacional em giro podero

    apresentar bons lucros e pssimos fluxos de caixa para os acionistas

    (at negativos). Como alguns modelos antigos de avaliao de

    empresas utilizavam o lucro lquido em vez do fluxo de caixa,

    importante salientar as principais diferenas entre ambos:

    Ativos diferidos

    Depreciao e itens monetrios e no financeiros

    Diferenas temporais entre a venda e o recebimento, o custo e o

    pagamento, a venda e o recebimento;

    Emisso ou recompra de aes

    Fundos de penso

    Inadimplncia

    Investimento em controladas e coligadas e participaes

    minoritrias

    Investimento em intangveis e outros ativos

    IR diferido

    Necessidade de investimentos em giro e em imobilizados

    Operaes de leasing

    Pagamento de juros e variaes nas dvidas financeiras

    Provises para devedores duvidosos e outras provises

    Receitas e despesas financeiras podem ser reconhecidos e no

    recebidos

    Receitas e despesas no operacionais

    Reverso de provises

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    Em termos gerais, h boas razes para se preferir o uso do fluxo de

    caixa sobre o lucro. Motivos como os da relao a seguir, justificam a

    preferncia dos investidores em analisar projees de fluxos de caixa,

    ao invs de fluxos de lucros. Todavia, fluxos de caixa e de lucro se

    "encontram" ao longo do tempo. Nenhum projeto ser excelente sob a

    perspectiva do caixa e muito ruim do ponto de vista de lucro. O inverso

    tambm verdadeiro.

    Em tese, o fluxo de caixa projetado sistematicamente positivo,

    considerando inclusive o pagamento do servio da dvida, poder

    ser pago para o acionista na forma de dividendos.

    Bons projetos tendem a mostrar excedentes de caixa

    sistematicamente positivos. Eventuais dficits so de valores

    tolerveis e freqncia baixa.

    Um fluxo de lucros projetados poderia esconder um dficit de

    caixa provocado pela necessidade de um reinvestimento e pela

    necessidade de investimento em capital de giro.

    Fluxos de caixa positivos indicam recursos disponibilizados para a

    empresa e para os acionistas. Inversamente, fluxos de caixa

    negativos apontam a necessidade de aporte de novos capitais.

    Na verdade, no importa se o caixa do projeto ser pago ou no

    para o acionista na forma de dividendos. O que importa que o

    caixa ficar disposio da empresa, ou seja, ela ter o poder de

    decidir o que fazer com o dinheiro, distribuir ou aplicar em

    projetos que teoricamente vo render mais para os scios do que

    se estes aplicarem seus recursos em outras alternativas.

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    2 Separao entre as Operaes e o Financiamento

    Se a separao entre o que operacional e financeiro na empresa

    to importante, alguma conceituao deve ser fornecida. Neste item,

    so apresentadas trs vises distintas do lucro operacional.

    Adicionalmente, h uma viso do fluxo de caixa operacional aps o

    efeito dos tributos.

    O Objeto 1 mostra uma viso do conceito de lucro operacional segundo

    a legislao societria. Deve-se notar que, no conceito da legislao

    societria brasileira, os juros pagos pela empresa so descontados

    quando do clculo do lucro operacional, ou seja, so considerados de

    natureza operacional. Desta forma, perde-se a distino entre os

    componentes operacionais e financeiros do resultado da empresa.

    Uma explicao de por que tal procedimento mantido pode residir na

    dificuldade de classificar a conta de correo monetria, que contm

    componentes tanto operacionais, associados eroso das contas

    monetrias do capital de giro operacional, quanto financeiros,

    provenientes da reduo dos juros nominais sobre aplicaes e

    emprstimos financeiros.

    Como, pela legislao societria, difcil separar estes componentes,

    lcito manter a conta de correo monetria entre as operacionais. Por

    coerncia, e para evitar induzir sua super-avaliao, torna-se

    defensvel apor, entre as contas operacionais, a despesa com juros.

    Para simplificar, consideramos que a alquota de IR de 30%.

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    Objeto 1 Lucro Operacional segundo a Legislao Brasileira

    CONTA VALORVendas 1.000Custos (500)Depreciao (50)Despesas Operacionais (250)Juros (100)Lucro Operacional (LAIR) 100Imposto de Renda (30%) (30)Lucro Lquido 70

    J na prtica norte-americana, mostrada no Objeto 2, o lucro

    operacional calculado antes do efeito dos juros. Com isto, tenta-se

    obter uma separao entre efeitos operacionais, do investimento

    realizado, e financeiros, da escolha de financiamento da empresa. Esta

    segregao coerente com o pensamento predominante na teoria de

    estrutura de capital, que preconiza a separao entre as decises de

    investimento e financiamento da empresa.

    Objeto 2 Lucro Operacional segundo a Prtica Norte-americana

    CONTA VALORVendas 1.000Custos (500)Depreciao (50)Despesas Operacionais (250)Lucro Operacional (LAJIR) 200Juros (100)Lucro antes de IR (LAIR) 100Imposto de Renda (%) (30)Lucro Lquido 70

    Entretanto, esta segregao de resultados operacionais e financeiros

    no completa, pois ignora a natureza dupla do imposto de renda. Uma

    viso do lucro operacional que reflete esta segregao de operaes e

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    financiamento, inclusive quanto ao imposto de renda, apresentada no

    Objeto 3.

    Objeto 3 Lucro Operacional com Segregao Completa entre Operaes e Financiamento

    CONTA VALORVendas 1.000Custos (500)Depreciao (50)Despesas Operacionais (250)IR s/ Operaes (60)Lucro Operacional aps IR (NOPLAT) 140Juros (100)IR s/ Juros (Benefcio Fiscal) 30Lucro Lquido 70

    Caso a empresa no tivesse qualquer dvida, o imposto de renda recairia

    sobre a diferena entre as vendas e os gastos operacionais,

    especialmente os custos, a depreciao e as despesas operacionais. Este

    valor o imposto de renda sobre as operaes, ajustado para uma

    empresa sem dvidas.

    Sendo despesas, os juros reduzem o imposto de renda a pagar, em um

    efeito de benefcio fiscal. Este benefcio fiscal reduz o custo dos juros

    para os scios da empresa. Deve-se notar que o imposto de renda sobre

    as operaes, descontado do benefcio fiscal dos juros, o prprio

    imposto de renda calculado nas duas verses anteriores.

    Um conceito complementar o de fluxo de caixa livre para a empresa

    (FCLE), exemplificado na Objeto 4. O conceito por trs dos clculos o

    do fluxo de caixa que a empresa fornece aos seus investidores,

    independentemente ou antes dos efeitos financeiros. Para tal, toma-se

    como ponto de partida o lucro operacional, com segregao completa

    entre operaes e financiamento, adicionando-se e deduzindo-se a

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    depreciao e efeitos operacionais de caixa no incorporados no clculo

    do lucro, como novos investimentos e acrscimos / redues no capital

    de giro operacional da empresa.

    Objeto 4 Fluxo de Caixa Livre para a Empresa e para os Scios

    CONTA VALORVendas 1.000Custos (500)Depreciao (50)Despesas Operacionais (250)IR s/ Operaes (60)Lucro Operacional (aps IR ajustado) 140Depreciao 50Imobilizaes (40)Aumento do Capital de Giro (20)Fluxo de Caixa Livre para a Empresa 130Juros (100)IR s/ Juros (Benefcio Fiscal) 30Amortizaes de Emprstimos (70)Novos Emprstimos 20Fluxo de Caixa Livre para os Acionistas 10

    Esta a verso que incorpora os conceitos de lucro operacional e de

    fluxo de caixa operacional. importante ser notado que tanto o lucro

    operacional quanto o fluxo de caixa operacional j vm descontados dos

    efeitos tributrios decorrentes das operaes.