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1 SOFALA: DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS Yara Pedro Nova Nº 52 Junho 2017 Documento de Trabalho Observador Rural

ural - ULisboa · 1 Yara Pedro Nova é Monitora de investigação no Observatório do Meio Rural e licenciada em economia na Universidade Politécnica. 2 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento

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SOFALA: DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS

Yara Pedro Nova

Nº 52

Junho

2017

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O documento de trabalho (Working Paper) OBSERVADOR RURAL (OMR) é uma publicação do

Observatório do Meio Rural. É uma publicação não periódica de distribuição institucional e

individual. Também pode aceder-se ao OBSERVADOR RURAL no site do OMR

(www.omrmz.org).

Os objectivos do OBSERVADOR RURAL são:

Reflectir e promover a troca de opiniões sobre temas da actualidade moçambicana e

assuntos internacionais.

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, de pesquisas e reflexões sobre

temas relevantes do sector agrário e do meio rural.

O OBSERVADOR RURAL é um espaço de publicação destinado principalmente aos

investigadores e técnicos que pesquisam, trabalham ou que tenham algum interesse pela área

objecto do OMR. Podem ainda propor trabalhos para publicação outros cidadãos nacionais ou

estrangeiros.

Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade dos autores, não vinculando, para qualquer efeito

o Observatório do Meio Rural nem os seus parceiros ou patrocinadores.

Os textos publicados no OBSERVADOR RURAL estão em forma de draft. Os autores agradecem

contribuições para aprofundamento e correcções, para a melhoria do documento final.

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SOFALA: DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES TERRITORIAIS

Yara Pedro Nova1

Resumo:

A província de Sofala desde o período colonial até a actualidade apresenta grandes potencialidades

tanto no sector da agricultura, bem como no fornecimento de serviços de logística (caminhos-de-ferro

e porto). A sua localização num dos importantes corredores de desenvolvimento de Moçambique

representa uma estratégia de desenvolvimento de pólos de crescimento com a sua função privilegiada

de servir aos países do hinterland. No entanto, algumas regiões ou lugares muitas vezes o seu

desenvolvimento é impulsionado por diferentes factores, Sofala é o caso verídico onde o seu

desenvolvimento deu-se principalmente através das concessões dadas a Companhia de Moçambique

(principalmente a de infra-estrutura) que permitiu a construção dos caminhos-de-ferro da Beira e com

ele o seu porto. No entanto, o desenvolvimento não surge em todas as regiões ao mesmo tempo e a

mesma intensidade, facto esse que a longo prazo configuram-se as desigualdades entre as regiões.

O estudo foi realizado com base em comparações entre a província de Sofala, médias nacionais e

Maputo (cidade e província), dos principais indicadores económicos e sociais que permitiram analisar

os níveis de disparidades entre os territórios.

O trabalho tem como propósito procurar fornecer uma reflexão sobre as diferenças interprovinciais,

procurando através de abordagens históricas e económicas compreender os motivos que justificam as

evoluções diferenciadas entre os territórios do espaço nacional.

Palavras Chave: Desigualdades territoriais, desenvolvimento e crescimento económico, pólos de

crescimento.

1 Yara Pedro Nova é Monitora de investigação no Observatório do Meio Rural e licenciada em economia na

Universidade Politécnica.

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento só existe como tal na medida em que promove mudanças em determinada

colectividade humana. Tais mudanças dão-se graças a um conjunto de acções individuais e colectivas

que podem produzir impactos positivos nos seus meios de vida. Contudo, nem sempre as acções

promovem a melhoria do nível de vida de todos. Assim sendo, qualquer forma de aferição dos níveis

de desenvolvimento de determinado país ou região estará sujeita a críticas teóricas e metodológicas. As diferenças entre regiões podem ser analisadas a partir dum contexto histórico, cultural, social e

económico onde se analisam os motivos pelos quais surgem diferenças ou desigualdades entre as

regiões dentro de um Estado ao longo do tempo. Em Moçambique é possível verificar esse fenómeno

de desenvolvimento desigual entre as 11 províncias. Nhate e Smiler (2002) em Dadá (2014) exploraram

os dados do IAF 96/97 relativamente à medição das desigualdades. Calcularam o Índice de Theil2

(general entropy) e sugerem que todas as capitais provinciais de Moçambique apresentam um índice de

desigualdade no consumo acima de 46%. Em Moçambique, é possível verificar, com base no contexto histórico, que algumas províncias

anteciparam-se no seu desenvolvimento mas, depois, atrasaram-se relativamente às outras províncias.

É o caso da cidade da Beira (capital de ex-distrito de Manica e Sofala3) que, em muitos aspectos (porto,

caminhos-de-ferro), antecipou-se a Lourenço Marques, actual Maputo, que além de capital da colónia

de Moçambique era a maior cidade. Daí a necessidade de se identificar quais os factores determinantes

do desenvolvimento? Quais os factores de atractividade dos territórios ou regiões? E porque regiões se

antecipam no seu desenvolvimento e, depois, estagnam ou atrasam-se relativamente às outras? Como visto no estudo de Mosca e Nova (2016) sobre o caso paradigmático da Zambézia, a província

de Sofala fez também parte de uma das primeiras zonas de implantação colonial. Assim como a

Zambézia, Sofala também tem uma longa costa marítima, numa reentrância do canal de Moçambique,

o que lhe permitiu ter um grande potencial para a construção do corredor de desenvolvimento com o

término da linha férrea que recebe do hinterland grandes volumes de mercadorias (porto da Beira). E

indo mais para o centro da província encontra-se a vila de Gorongosa e seu parque, que segundo Mosca

(2011), foi um dos parques de caça mais famosos do mundo, um dos ícones de Moçambique, uma fonte

de receitas em divisas e um importante empregador na região. O texto, para além da introdução, apresenta a seguinte estrutura: (2) metodologia; (3) a contextualização

histórica da província no período colonial, desde a independência até actualidade; (4) enquadramento

teórico baseado em teorias de crescimento e desenvolvimento territorial desigual e não convergente

(pólos, sectores/indústrias motrizes e crescimento divergente e convergente); (5) apresentação da

informação estatística referente à província em estudo, onde se apresentam os resultados e a análise da

evolução em comparação com a província e cidade de Maputo.

2O índice de Theil (General Entropy) é um índice que mostra o nível de dispersão na distribuição numa

determinada variável dos agregados familiares ou indivíduos dum determinado local. Quanto maior for o valor

obtido para essa variável, maior é o nível de desigualdade nesse local. No estudo de Nhate e Smiler, a variável

considerada foi o consumo, onde se verificou que nas capitais provinciais o nível de desigualdade (acima dos

46%) é maior que o nível médio da desigualdade do país de 40%. 3 As actuais províncias de Sofala e Manica constituíam, no período colonial, um único distrito – Manica e Sofala

– zona de influência da Companhia de Moçambique. Moçambique era, então, uma província portuguesa e as

actuais províncias possuíam a designação de distritos.

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2. METODOLOGIA

O interesse pela análise da situação económica e social de Sofala deve-se a três razões. A primeira razão

deve-se ao estudo similar feito na província da Zambézia que despertou a curiosidade da autora em

analisar a província de Sofala, cuja capital é a segunda maior cidade de Moçambique (factor que

contribui para um rápido desenvolvimento devido aos fluxos comerciais, migratórios e de capital) e

procurar perceber o nível de desigualdade existente entre ela e a província e cidade de Maputo. A

segunda foi porque a província de Sofala tem potencial grande na área turística (Parque Nacional de

Gorongosa, além das praias da Beira), tendo sido, anteriormente, um destino de turismo a partir da

Rodésia do Sul, hoje Zimbabwe. Por isso poderia contribuir para a formação de um pólo de

desenvolvimento. E, finalmente, a terceira razão deve-se ao facto de procurar estudar as formas de

desenvolvimento e seus factores potenciais de Sofala que permitiram o seu desenvolvimento, bem como

tentar perceber o porquê de Sofala não ter sido a cidade capital de Moçambique, uma vez que ela faz

parte do corredor que liga a parte interior da SADC à costa Índica, por onde foram escoados grandes

volumes de mercadorias. Possui ainda uma variedade de recursos naturais e minerais que permitiria um

rápido crescimento e desenvolvimento económico.

Justificadas as razões de estudo da província de Sofala, importa apresentar as variáveis analisadas.

Foram seleccionadas e avaliadas variáveis que permitem compreender o estado de desenvolvimento

económico, como o PIB por habitante, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Gini, a

pobreza e o estado nutricional da população, a educação (medida através da percentagem da população

matriculada no ensino primário) e a saúde (avaliada pela relação entre a população e o número de

centros de saúde e camas hospitalares e tempo para percorrer a distância entre a residência e o centro

de saúde mais próximo). Para a análise dos indicadores económicos que influenciam o

desenvolvimento, analisou-se a evolução do investimento, a alocação de recursos pelo orçamento do

Estado. Considerou-se, também, o número de agências bancárias e a cobertura por habitante e por km²,

porque podem ser indicadores importantes tendo em conta os seguintes pressupostos: (1) as agências

bancárias localizam-se onde existe poupança e investimento, ou seja, ocorrem fluxos de capitais; (2) os

investimentos e os fluxos de capital existem onde há actividade económica; e, (3) a quantidade de

agências está influenciada pelo volume de recursos, diversidade dos fluxos e dimensão do território e

população.

As análises feitas basearam-se em comparações com as médias nacionais e Maputo (cidade e província).

As comparações com médias nacionais são práticas comuns em estudos comparativos entre regiões ou

territórios. A escolha da cidade de Maputo, e não uma outra província com características (económicas,

sociais, politicas, e ambientais) similares às de Sofala, justifica-se porque permite analisar o nível de

disparidades territoriais (desigualdades na distribuição de rendimentos, actividades económicas, e nível

de desenvolvimento) e a sua configuração e especialização produtiva ao longo dos anos.

O presente trabalho tem como limitações: (1) período limitado dos indicadores analisados; (2) escassez

de dados actualizados dos indicadores; (3) não-inclusão de outras variáveis e indicadores económicos,

sociais ou políticos que poderiam ser considerados importantes para o fortalecimento do estudo.

3. CONTEXTO HISTÓRICO

3.1 Período da colonização A província de Sofala já era visitada por estrangeiros há muitos séculos atrás. Comerciantes

muçulmanos estabeleceram-se nesta província por volta do século VIII, criando um importante posto

comercial do Sultão Kilwa durante os séculos XIV e XV. “No século X, Al-Masudi descreve as terras

de Sofala e aponta a sua importância na área de mineração e comércio entre o império dos

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Mwenemutapas, os árabes e os indianos que ali haviam estabelecido” explica o portal do governo

provincial4. O portal do governo acrescenta que os portugueses instalaram-se em Sofala em 1505 e, por essa data,

ergueram o forte de São Caetano, “Fortaleza de Sofala” (1505-1512), com pedras trazidas por um navio

da rota da Índia. O forte quadrado de quatro bastões foi o primeiro a ser construído pelos portugueses

em terras de África. Porém, o negócio foi menos lucrativo do que se esperava e Sofala perdeu

importância a favor da Ilha de Moçambique como posto administrativo. A povoação da Beira é elevada à categoria de cidade em 1907, embora o seu progresso urbanístico se

tenha iniciado, sobretudo, a partir dos anos 1920 com a actividade dos serviços municipais na

pavimentação dos arruamentos e sua electrificação. A Beira torna-se o segundo maior centro urbano da

colónia, prosperando devido ao papel do seu porto marítimo que assegurava a ligação directa às

Rodésias5 e à Niassalândia6, através do caminho-de-ferro da Beira e do TransZambeze Railway,

respectivamente, Loureiro (1999).

3.2 Companhia de Moçambique A Companhia de Moçambique foi constituída como Companhia Majestática em 1891, após ter tido

como suas predecessoras a Societé des Fondateurs de la Compagnie Génerale du Zambeze (1878/79) e

a Companhia de Ophir (1884). Instalou-se definitivamente nos territórios de Manica e Sofala, tendo a

sua sede na Beira, onde controlava a administração pública e os correios, tendo inclusivamente criado

um banco privado – o Banco da Beira – que emitia moeda, com a denominação de Libra. À Companhia

foi atribuída a concessão por 50 anos pelo decreto de 1897 (com término em 1942), cuja figura chave

no desenvolvimento desta companhia foi Paiva de Andrade7.

Paiva de Andrade conseguiu aliciar entidades financeiras, entre as quais o escritor português Oliveira

Martins, com quem formou a primeira Companhia de Moçambique, com um capital subscrito de 200

mil Libras. Em 1889, após ter recebido do governo português a concessão dos direitos, a Companhia

de Moçambique aumentou o seu capital para 400 mil Libras. Em 1891, iniciou-se o processo de

restruturação da primeira Companhia de Moçambique, elevando o seu capital para um milhão de

Libras8, Departamento de História (2000).

A exploração económica levada a cabo pela Companhia de Moçambique nos territórios de Manica e

Sofala (1892-1942) assentou nos seguintes aspectos fundamentais: (1) colecta de impostos (mussoco e

imposto de palhota9); (2) desenvolvimento de actividades baseadas na apropriação privada da terra

4 http://www.sofala.gov.mz/sofala. 5 Actualmente, Zimbabwe e Zâmbia. 6 Actualmente Malawi. 7Chilundo, Arlindo, et al. (1999). 8 Os trabalhos da primeira Companhia de Moçambique foram paralisados devido aos interesses da British South

Africa Company, dirigida por Cecil Rhodes, em anexar Manica no tratado das fronteiras de 20 de Agosto de 1890,

culminando com a prisão de Paiva de Andrade, libertado só em 1891. Após esta experiência, Paiva de Andrade

achou conveniente organizar uma nova sociedade, forte, com privilégios políticos e económicos, semelhantes aos

da British South Africa Company, e aumentou os capitais de investimento da primeira Companhia de Moçambique

voltando a operar em 1891. 9 Mussoco e o imposto de palhota eram mecanismos do colonial-capitalismo de dominação do capital sobre o

trabalho, como forma de angariação periódica de mão-de-obra. Não era um simples mecanismo de imposto sobre

os trabalhadores que estes pudessem remir com o produto de venda de mandioca, de coco ou de peixe; era também

obrigatoriedade de trabalho nas plantações.

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(concessão de terrenos para exploração agrícola, mineira, construções, etc.); (3) comercialização dos

excedentes agrícolas da produção camponesa; e, (4) trânsito de mercadorias de e para o hinterland.10

A política concessionária da Companhia de Moçambique baseava-se no direito de posse sobre a terra

conferido por uma Carta Concessionária. O arrendamento da terra às empresas subsidiárias ou aos

colonos constituía uma actividade especulativa muito rentável para a companhia. Existiam diferentes

tipos de concessões: (1) concessões mineiras; (2) concessões para infra-estrutura dos transportes; (3)

concessões agrícolas; e, (4) concessões para a construção.11

A concessão para infra-estrutura dos transportes foi uma das mais importantes que construiu o caminho-

de-ferro Beira-Macequece (actual posto fronteiriço de Manica), conforme o acordo de fronteiras de 11

de Junho de 1891. As obras da Beira a Untáli (actual Mutare) foram concluídas a 10 de Julho de 1900.

E, em 1925, um acordo celebrado entre a companhia e a The Port of Beira Devlopment Corporation

culminou com a construção do Porto da Beira, Pereira, José (2011).

Estes empreendimentos permitiram que a Companhia beneficiasse: (1) das receitas derivadas dos

direitos alfandegários (sobre as importações e exportações e o trânsito de mercadorias de e para a

Rodésia); (2) do incremento da agricultura colonial e das minas de Manica; (3) da facilitação do

escoamento dos excedentes da produção camponesa e (4) da integração económica de Moçambique no

espaço económico da África Austral, através de uma articulação directa com as necessidades de

acumulação de capital nas colónias vizinhas (Rodésia e África do Sul).

A política concessionária da Companhia de Moçambique atraiu capitais e colonos para o território,

criou condições para o desenvolvimento de uma agricultura capitalista de plantação e machambas

coloniais baseadas na exploração de força de trabalho barata, como, por exemplo, as indústrias de

açúcar, algodão, óleos e sabões, entre outras.

A construção das vias de comunicação (linhas férreas e portos) pela Companhia de Moçambique

contribuiu para a prestação de serviços aos países do hinterland. O sector de transportes constituiu um

factor importante para a ligação territorial; melhoria de infra-estruturas ao nível nacional; os serviços

logísticos operacionais e eficientes, quer para carga, quer para passageiros, vieram racionalizar os

custos, aumentar a acessibilidade e ampliar as opções dos cidadãos e dos investidores, essenciais para

uma maior competitividade.

3.3 Economia de plantação É um tipo de sistema agrícola baseado em explorações de monocultura para exportação mediante a

utilização de latifúndios e mão-de-obra contratada (trabalho obrigatório12). Esse sistema agrícola em

grande escala exigia grandes quantidades de capital e de mão-de-obra barata. Ele foi desenvolvido pela

Companhia de Moçambique e por algumas subconcessionárias (Companhia Colonial do Búzi,

Companhia de Açúcar de Moçambique, The Sena Sugar Factory) por explorações de colonos nas

margens do Zambeze e do Búzi. Este sector gerava uma grande parte das exportações do território.

10Pereira, José (2011). 11Pereira, José (2011). 12 Trabalho ou serviço imposto a uma pessoa, que incluía sanções e perda de direitos ou privilégios instituídos

pela administração colonial portuguesa para garantir mão-de-obra barata para as explorações agricolas, construção

de infra-estruturas, etc.

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3.3.1 Açucareira de Marromeu No centro do país, os complexos de açúcar surgiram em 1890 com a criação da Companhia de Açúcar

de Moçambique, fundada em Mopeia por Jonh Peter Hormung. Com a ampliação do território da

Companhia, em 1900, fundou-se a Sociedade Açucareira da África Oriental Portuguesa, empresa

constituída por capitais franceses, que contribuiu para a criação da fábrica em Marromeu, Departamento

de História (2000).

A Açucareira da África Oriental Portuguesa iniciou a laboração da fábrica de açúcar de Marromeu em

1902. De acordo com o Banco Nacional Ultramarino (1973), esta possuía uma capacidade de laboração

de açúcar de 80.000 toneladas por ano. Deste modo, o capital português começou a desempenhar um

papel importante na indústria do açúcar. Em 1910, Hormung formou a companhia açucareira Sena Sugar Factory Ltd em Caia. Devido à falta

de capital para fazer face às frequentes secas e inundações que prejudicavam as plantações, e para evitar

o desaparecimento da fábrica de Marromeu e as respectivas plantações, em 1920, todas essas

companhias foram integradas na Sena Sugar Estates Factory Ltd., pertencente à família Hormung, que

já tinha propriedades açucareiras na outra margem do Zambeze, nomeadamente em Luabo e Mopeia.

A Sena Sugar Estates iniciou as suas operações em 1924 com uma nova fábrica no Luabo.

Departamento de História (2000).

3.3.2 Açucareira de Mafambisse A Açucareira de Mafambisse (antes designada Açucareira de Moçambique) foi fundada em 1970, por

Miguel António de Paiva Couceiro, sendo, então, a maior fábrica de açúcar de cana da África Austral. A empresa Açucareira de Moçambique encontrava-se sediada no posto administrativo de Mafambisse,

no distrito do Dondo, em Sofala, nas margens do rio Pungué. A Açucareira de Mafambisse foi

remodelada no final da década de 1980 com um custo de cerca de 50 milhões de dólares. Em 1996, a

Tongaat Hulett assumiu a responsabilidade da gestão da fábrica de Mafambisse, tendo adquirido, em

1998, uma participação de 75% anteriormente detida pelo Estado moçambicano. Entretanto, em 2008,

aumentou-a para 85%. A capacidade de moagem instalada permite produzir cerca de 300 mil toneladas

por ano13.

3.3.3 Açucareira de Búzi De acordo com Mandlate (2011), a Companhia do Búzi (originalmente Companhia Colonial do Búzi)

foi fundada em 1898, por contrato entre a firma portuguesa Arriaga em Comandita e a Companhia de

Moçambique, que na altura tinha poderes majestáticos sobre o território de Manica e Sofala. Para além

da agro-indústria do açúcar, a Companhia do Búzi tinha interesses nas áreas da agro-indústria do

algodão, da pecuária, da exploração madeireira, da construção naval e do fabrico de sal, como estipulado

no artigo 10 da sua carta constitutiva14. Entretanto, só a partir de 1927 é que a companhia começou a implementar as disposições do artigo 10.

O primeiro grupo de colonos, em número de seis, foi instalado em Grudja e em Estaquinha, e dedicava-

13http://www.macauhub.com.mo/pt/2014/07/10/agricultores-de-mocambique-vao-produzir-cana-de-acucar-para-

a-tongaat-hulett/ consultado em 13.08.16 14 O artigo 10 da carta obrigava a Companhia de Búzi a desenvolver os seus melhores esforços para promover,

por meio de medidas protectoras, a colonização de famílias portuguesas de raça branca. Até 1942, ano do término

da concessão majestática da Companhia de Moçambique, o número de portugueses instalados devia situar-se

acima de 60, Mandlate (2011).

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se à produção de milho, tabaco, rícino, batata e cana sacarina. Em 1930 a Companhia já tinha instalado

oito famílias, as quais exploravam uma área de 1.248 ha, 322 dos quais eram ocupados com cana

sacarina. O número de famílias portuguesas e a área por elas explorada continuou a crescer e em 1933

já havia 22 núcleos de colonização, os quais ocupavam uma área de mais de 6 000 ha de terra. Os

primeiros produtores de cana, os canavieiros, foram recrutados de entre os funcionários da Companhia

e beneficiavam de subvenções, como alocação de maquinaria agrícola e respectiva assistência técnica,

e pagamento dos salários dos seus trabalhadores. Em contrapartida, os canavieiros deviam vender toda

a produção à Companhia, Mandlate (2011). Durante a década de 1960, mais concretamente durante o triénio 1963/1965, o número de canavieiros

da Companhia do Búzi triplicou. O rápido crescimento não foi casual; resultou da combinação de vários

factores: (1) mudança da política africana de Portugal, adoptada no contexto da resposta ao movimento

anticolonial iniciado em 1961, com o banimento do trabalho forçado e do indigenato. Esta a mudança

provocou uma grande onda de migração de africanos para as cidades, as quais estavam, aliás, a conhecer

um franco desenvolvimento industrial, e agudizou a crónica crise de mão-de-obra agrícola da

Companhia do Búzi; (2) fracasso da resposta da Companhia à referida crise de mão-de-obra; (3) subida

dos custos de produção, Mandlate (2011).

3.4 Porto da Beira O Porto da Beira encontra-se a Norte do canal de Moçambique no Oceano Índico, onde desagua o Rio

Pungué, na cidade da Beira, fundada nos fins do século XIX. A área foi explorada por Paiva de Andrade

que identificou o local como um possível porto. Os portugueses agiram rapidamente para ganhar uma

vantagem sobre os ingleses para assegurar os direitos de terra na região e, depois de um levantamento

hidrográfico do Rio Pungué e da Barra, estabeleceu-se, em 1887, um posto militar português. Com este

posto a cidade da Beira desenvolveu-se, e com ela o porto, Amaral Ilídio (1969).

Segundo Chilundo, Arlindo et al. (1999), por volta de 1889 foram colocadas bóias no canal marcando

a entrada no estuário do Pungué e, em 1895, teve início a construção do primeiro cais. Em 1898 foi

também construído um cais de madeira para servir a linha férrea, que estava a ser construída como porta

de entrada na região das Rodésias e Niassalândia (actual Zimbabwé, Zâmbia e Malawi). Na década de

1920 deu-se início à construção de um cais de águas profundas e uma ancoragem melhorada na Beira,

sob o controlo da Companhia do Porto da Beira, que administrou o porto desde 1891 até 1949, quando

o controlo administrativo passou para a empresa Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM).

3.5 Caminhos-de-Ferro da Beira Os caminhos-de-ferro da Beira e consequentemente o seu porto foram construídos pela Companhia de

Moçambique, através da política concessionária para infra-estruturas dos transportes, feitas à The Beira

Railway, sociedade formada com capitais britânicos (British South Africa Company),) que construiu o

caminho-de-ferro Beira-Macequece, conforme o acordo de fronteiras de 11 de Junho de 1891. Chilundo,

Arlindo, et al. (1999).

Os Caminhos-de-Ferro de Moçambique Centro (CFM-C) exploravam o porto da Beira e as linhas

férreas15 de Machipanda e de Sena, ligando ao Zimbabwe e ao Malawi, respectivamente; os caminhos-

de-ferro de Moçambique Zambézia (CFM-Z) exploravam os portos de Quelimane, Chinde e Pemba na

15A rede ferroviária do Centro é composta pelas seguintes linhas: (1) a linha férrea de Machipanda, com 318km

que liga o porto da Beira à rede Nacional do Zimbabwe; (2) a linha de Sena, de 357km, que liga o porto da Beira

via Dondo, ao Malawi. Esta via tem 11 estações. Possui também o ramal de Inhamitanga- Marromeu (88 Km) e

o troço Dona Ana - Moatize (254 Km); (3) a linha de 247km de comprimento, ramal da linha de Sena para as

minas de carvão de Moatize.

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linha férrea de Quelimane a Mocuba no sentido Nordeste. Neste corredor, existe um total de 994km de

ferrovias das quais, 317km estão operacionais16. Contudo, apesar das potencialidades de Sofala (zona centro), como a existência de infra-estruturas

portuárias, caminhos-de-ferro, indústrias açucareiras, recursos florestais e faunísticos, entre outras, as

razões que levaram a que a província de Sofala perdesse importância a favor de Maputo tornando-se o

maior e importante centro urbano há pouco mais de um século, são um conjunto de factores relacionados

com: (1) a localização geográfica e a natureza portuária; (2) o desenvolvimento mineral no Transval;

(3) o ultimato inglês de 1890 e a persistente intensão dos ingleses de ocupação desta região. Estas razões

determinaram um maior interesse dos portugueses pela baía que, no último quartel do século XIX,

passou de uma simples feitoria a numa cidade portuária importante na África meridional, Rocha (2009).

3.6 Após a independência e actualidade

Em 1976 Moçambique encerra as suas fronteiras com a Rodésia, apoiando a luta de libertação do

Zimbabwé. Em resposta, a Rodésia apoiou o Movimento de Resistência Nacional (MNR), que havia

surgido no mesmo ano (Tembe, 2011).

Nesse contexto, a maioria das indústrias açucareiras de Sofala foram destruídas, as vias ferroviárias

paralisadas, a fauna e flora dizimada. Segundo Mosca (2011), após o Acordo Geral de Paz e o reinício

do crescimento económico, começaram a surgir investimentos no delta do rio Zambeze, do lado de

Sofala, por capitais mauricianos17 nas plantações de cana-de-açúcar registando uma recuperação da

produção, tendo mesmo ultrapassado os volumes históricos. Vários factores estiveram na fase da

reabilitação e investimentos nas indústrias açucareiras, nomeadamente: (1) vantagem comparativa em

termos dos baixos custos de produção em relação a outras indústrias regionais e algumas a nível

mundial; (2) a história e tradição do sector açucareiro em termos dos níveis de produção verificados no

período colonial, prejudicados, posteriormente, pela guerra; (3) factores climáticos e solos e água

apropriados; (4) acesso aos mercados da União Europeia no âmbito do acordo comercial da Iniciativa

EBA18 e como membro do Protocolo de Açúcar (ACP), beneficiando de acesso livre de taxas aduaneiras

ao mercado da UE; e, (5) o mercado doméstico, que é apoiado pelas medidas adoptadas pelo Governo

que incluem a sobretaxa sobre as importações de açúcar, que se destina a proteger os produtores contra

o baixo nível e a natureza volátil do preço no mercado mundial19.

Actualmente, a indústria de açúcar em Moçambique está quase completamente revitalizada, onde cinco

das seis fábricas foram privatizadas a favor de investidores da África do Sul, das Maurícias e de

Portugal, os quais se tornaram accionistas maioritários das fábricas e plantações. As estatísticas da

produção por fábrica demonstram que as fábricas de Xinavane e de Mafambisse nunca pararam de

funcionar. Marromeu esteve parada desde 1985 a 2001 devido à guerra civil, Pereira (2015).

Em 1998 criou-se um consórcio entre a Cornelder Holding, baseada em Roterdão, e os CFM para a

gestão do porto da Beira (terminais de contentores e carga geral) pela Cornelder de Moçambique (CdM).

16 www.cfm.co.mz. 17 Maurícias foi um dos destinos de escravos moçambicanos traficados para as plantações de cana-de-açúcar

naquela ilha. 18Everything But Arms (EBA) é um acordo que tem como principal objectivo tornar os produtos dos países de

África, Caraíbas e Pacífico (ACP) competitivos de forma a ampliar o acesso ao mercado externo. 19A fim de recuperar o sector, o Governo (GoM) promoveu uma campanha de reabilitação do sector, por via de

investimento privado estrangeiro, levada a cabo em duas fases: a primeira, que foi a privatização das fábricas

existentes e, a segunda, a reforma da política de preços através da cobrança de uma sobretaxa à importação

acrescida à tarifa de importação do açúcar em vigor, bem como a cobrança do IVA sobre a importação do mesmo.

A política proteccionista de preços adoptada pelo GoM contribuiu para o aumento de preços internos do açúcar

importado, o que conduziu ao aumento da produção e, consequentemente, ao aumento das vendas e do consumo

de açúcar doméstico, Pereira (2015).

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9

Possuindo 67% da parceria CdM, a Cornelder Holding obteve uma concessão inicial de 25 anos, depois

prorrogada por mais 15 anos, para operar os principais terminais de carga geral e de contentores do

porto, que processam cerca de 80% do comércio de mercadorias da Beira. Os CFM, com 33% do

empreendimento, são a autoridade portuária de uma porta marítima de crescente importância, não só

para Moçambique, mas também, através do corredor estratégico rodoviário e ferroviário da Beira, como

o ponto mais próximo e mais barato de e para os mercados mundiais para os estados vizinhos sem

acesso ao mar (Zâmbia, Zimbabwé, Malawi), Associação do Comércio e Indústria (2008). Em 2006 entrou em vigor o acordo para a gestão conjunta do Parque Nacional da Gorongosa entre o

Governo da República de Moçambique, representado pelo Ministério do Turismo, e a Gregory Carr

Foundation, por um período de 20 anos e com investimento anual mínimo de 1,2 milhões de dólares

americanos, cujos objectivos são: (1) recuperação dos efectivos animais e o controlo de queimadas; (2)

reabilitação e ampliação das infra-estruturas (estradas e caminhos, instalações turísticas – acomodação,

restaurantes, etc.); (3) implementação de um plano de desenvolvimento turístico, incluindo o

desenvolvimento do Plano de Zoneamento Turístico (PZT) e promoção da marca comercial do Parque;

(4) estabelecimento de relações com as comunidades locais (chamadas de «zonas tampão»20 do Parque),

com beneficiamento e construção de centros de saúde, escolas e outras infra-estruturas; (5)

desenvolvimento e implementação de programas de educação sobre conservação da natureza junto das

comunidades, implementação de programas de educação e formação para o desenvolvimento da

capacidade dos trabalhadores, em todos os departamentos do Parque; e (6) pesquisa no quadro de um

Plano de Gestão Ecológica do Parque e o Plano da Zona Tampão, monitorização do ecossistema, recolha

e avaliação de dados, desenvolvimento de relacionamento com instituições académicas de nível

mundial e outras instituições científicas, Mosca (2011). 3.7 Resumo

A economia de plantação na província de Sofala representou um papel fundamental no processo de

crescimento e desenvolvimento da mesma. O direito de exploração no distrito de Manica e Sofala

concedido à companhia majestática (Companhia de Moçambique), com direitos e concessões para a

exploração agrícola em latifúndios, permitiu o surgimento de agro-indústrias com investimento externo

para a produção de açúcar, impulsionando a criação de novas fábricas de açúcar constituindo um cluster,

cujas fábricas eram independentes mas estavam ligadas por meio de transacções comerciais e

beneficiavam das mesmas oportunidades (vias de transporte, mercados, etc.) e os mesmos problemas

(custos de produção e de transacção) contribuindo, assim, para a constituição de pólos de crescimento.

A mão-de-obra usada na produção e processamento do açúcar permitiu a extracção do excedente do

sector familiar, cujo rendimento proveniente do trabalho assalariado e da produção forçada de culturas

de rendimento tornou-se um elemento necessário para a reprodução da agricultura familiar, para a

compra de matéria-prima, animais e instrumentos de trabalho usados para a plantação bem como

compra de bens de consumo da população.

A exploração, produção e comercialização de produtos agrícolas e as concessões de infra-estruturas

dadas à Companhia de Moçambique contribuíram também para: (1) criação de portos e caminhos-de-

ferro, que facilitaram o escoamento da produção interna; (2) criação de relações económicas e sociais

com os países do hinterland; (3) a ligação do interior de África ao oceano Índico (que banha a cidade

da Beira); e (4) a agregação de valores com o fornecimento de serviços de transporte e portuários.

A construção do porto na capital de Sofala (Beira) impulsionou o surgimento de aglomerados urbanos

que, devido aos serviços portuários prestados, contribuíram para o surgimento de alfândegas, serviços

de correio, lojas, repartições públicas, postos de saúde, pequenos centros comerciais, hotéis, etc.,

20 Zona tampão refere-se à área estabelecida ao redor de uma unidade de conservação.

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10

transformando-se de vila em cidade. O porto foi um importante factor de referência para constituição

de um pólo de crescimento contribuindo, assim, para o desenvolvimento de Sofala, com a migração de

pequenas povoações ao redor dessas infra-estruturas, que vinham em busca de trabalho e melhores

condições de vida.

O Parque Nacional de Gorongosa (PNG), segundo Mosca (2011), foi uma fonte de receitas em divisas

e um dos importantes empregadores na região. Para além de contribuir para as receitas públicas, o PNG

contribui para a promoção do desenvolvimento intersectorial, devido ao seu efeito multiplicador através

de investimentos; permitiu a geração de renda para o sector público devido aos impostos, directos e

indirectos; estimulou o processo de abertura da economia e foi uma importante fonte de divisas;

contribuiu para um desenvolvimento sustentável ambientalmente e preservação da biodiversidade.

A localização geográfica de Sofala fez com que se desenvolvesse outros centros turísticos: as praias

localizadas ao longo da longa costa na reentrância do canal de Moçambique, que contribuíram para o

desenvolvimento de um complexo turístico (hotéis, restaurantes, locais de entretenimento e lazer)

gerador de rendimento, empreendedorismo e emprego.

A forma de desenvolvimento de Sofala foi à base de um crescimento endógeno21, onde os capitais

externos usados nos investimentos (infra-estruturas, agricultura e turismo) permitiram integrar o sector

da agricultura familiar nos mercados, primeiro através de imposições administrativas (imposto

mussoco, culturas obrigatórias e trabalho obrigatório na construção de infra-estruturas) e,

posteriormente, através da produção e comercialização de excedentes e de assalariamento barato. A

estruturação do Estado, para além da função da ocupação política e administrativa, desenvolveu a

função de legislador e regulador de políticas de fiscalização principalmente nos recursos naturais e

preservação ambiental. A economia de Sofala possuía como principal base os serviços de portos e

caminhos-de-ferro para o hinterland.

Em síntese, o capital não apenas português foi o que configurou a estrutura económica da província

assente nos sectores de serviços (portos, caminhos-de-ferro e administração pública) que se articulou

com o sector familiar agrícola integrando-o nos mercados e retirando recursos (mão-de-obra e

excedentes).

4. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

4.1 Crescimento económico e as desigualdades

A década de 1950 foi marcada pelo surgimento de teorias de crescimento, sendo um tema debatido por

vários autores que procuraram relacionar o crescimento económico e as desigualdades territoriais.

De acordo com Lamas (2005), cf. Ali, Rosimina (2009), a desigualdade é vista, não apenas como

diferença de renda, mas também diferença na qualidade e acessibilidade a serviços sociais básicos

(educação e saúde), oportunidade de emprego, protecção dos direitos humanos e acesso ao processo

decisório (poder político e de representação).

21 Desenvolvimento endógeno pode ser entendido como um processo de crescimento económico implicando em

uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor sobre a produção bem como da capacidade de

absorção da região, cujo objectivo é a retenção do excedente económico gerado na economia local e/ou a atracção

de excedentes provenientes de outras regiões. É o desenvolvimento feito com recursos endógenos, isto é; recursos

oriundos da própria região, Filho (2001).

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11

Um dos autores que procurou desenvolver essa relação foi Simon Kuznets, cuja teoria ficou conhecida

como a “hipótese de U invertido” entre a renda e desigualdade. Kuznets verificou essa relação após um

estudo empírico com base numa série temporal dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, na qual a

hipótese supõe que, durante o processo de crescimento económico de um país, há estágios iniciais de

crescimento, um período de concentração e, posteriormente, uma desconcentração da riqueza, Kuznets

(1955).

Kuznets (1955:71), cf. Dadá (2014), afirma que:

“(…) pode admitir-se que há uma longa oscilação da desigualdade na estrutura secular da

distribuição de renda: aumento nas fases iniciais do crescimento económico, quanto mais

rápida for a transição da civilização pré-industrial para a industrial; tornando-se estável

durante um período, e diminuindo nas fases posteriores”.

Kuznets explica que nos estágios primários de crescimento económico de uma região, quando o país

possui ainda uma estrutura não-industrial, a produtividade média ainda é baixa e detêm um baixo nível

de rendimento per capita, a concentração de renda tende a aumentar. Nos estágios mais avançados,

quando uma economia está a transitar para uma estrutura industrial, com maior produtividade e com

maiores níveis de rendimento per capita, o crescimento faz com que se reduza a concentração do

rendimento.

Taques e Mazzutti (s/data), cf. Mosca et al. 2013), explicaram essa hipótese através da transferência da

população do sector tradicional agrícola para o moderno industrializado, em que este último sector é

mais dinâmico, mas também é mais rico e mais desigual, pois, à medida que o desenvolvimento e a

população urbana aumentam, também as desigualdades do rendimento aumentam, devido à migração

da população rural para as regiões urbanas.

Este processo ocorre porque, segundo Kuznets (1955), a renda per capita média da população rural é

menor que a da população urbana. A proporção da renda do sector agrícola sobre a renda total do país

diminui ao longo do tempo e a desigualdade de renda na população rural é menor do que na população

urbana. Assim, quando a economia se industrializa, os trabalhadores deslocam-se para a indústria, cuja

produtividade é maior, originando um diferencial de rendimentos entre os sectores e dentro dos mesmos,

principalmente no urbano, aumentando a desigualdade no país.

O mesmo autor acrescenta que, a diferença relativa na renda per capita entre população urbana e a rural

tende a ser ampliada porque a produtividade urbana cresce mais rapidamente do que a agrícola e,

consequentemente, a desigualdade de renda aumenta.

Contudo, a teoria de Kuznets não se verifica em todos os países, principalmente nos subdesenvolvidos,

onde a distribuição dos rendimentos per capita parece ser mais concentrada do que nos países

desenvolvidos, Kuznets (1955:71), cf. Dadá (2014).

François Perroux também procurou estudar as desigualdades entre as regiões. Com base na observação

do desenvolvimento industrial desigual e concentrado francês e influenciado pela teoria

Schumpeteriana22 do progresso técnico, ele desenvolveu a noção de pólo de desenvolvimento.

22Shumpeter, no seu modelo, imaginava uma economia em situação de equilíbrio geral estacionário (quando todas

as variáveis “stocks de capital, produto, consumo, investimento e poupança) ”assumem um valor constante no

tempo, isto é, não existe crescimento positivo ou negativo, no qual se pressupunha que todos os fenómenos vitais

de uma economia industrial estão nitidamente relacionados com o crescimento económico. (Mosca et al., 2013).

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Perroux constatou que os pólos industriais de crescimento que surgiram, em França, em torno dos

aglomerados junto às grandes fontes de matéria-prima, bem como nos locais de grandes fluxos

comerciais, permitiu o desenvolvimento de complexos industriais que eram liderados pelas indústrias

motrizes, (Souza, 2005).

Entretanto, com a sua observação, Perroux (1955, p. 154) procurou demonstrar que um pólo industrial

complexo seria capaz de modificar o seu “meio geográfico imediato” e mesmo “a estrutura inteira da

economia nacional em que estiver situado”, uma vez que nele se registariam “efeitos de intensificação

das actividades económicas” devidos ao surgimento e encadeamento de novas necessidades colectivas,

(Cruz et al., 2011).

A indústria motriz a que se refere Perroux:

“é aquela indústria que, antes das demais, realiza a separação dos factores da produção,

provoca a concentração de capitais sob um mesmo poder e decompõe tecnicamente as tarefas

e a mecanização”, (Andrade, 1987:58).

Partindo do princípio que “o crescimento não surge em todos os lugares ao mesmo tempo, mas

manifesta-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de crescimento; propaga-se, segundo vias

diferentes e com efeitos finais variáveis, no conjunto da economia” (Perroux, 1967:164), Perroux

concluiu que, quando se inicia o desenvolvimento numa certa região, desencadeia-se uma série de forças

de atracção em quase todos os tipos de actividade económica de outras regiões, ocasionando

desigualdades regionais no interior de um país.

Assim, a teoria de pólos de crescimento era determinada pela existência de uma ou mais indústrias

motrizes que exercem o papel dominante e geram efeitos multiplicadores sobre outras actividades, com

efeitos em zonas delimitadas e constituindo clusters23. Perroux (1955), cf. Cruz et al. (2011), argumenta que haveria quatro formas de polarização por meio

das quais as indústrias motrizes impulsionariam o desenvolvimento regional: (1) técnica; (2)

económica; (3) psicológica; e (4) geográfica. A polarização técnica refere-se aos efeitos de

encadeamento entre a indústria motriz e outras empresas. Por sua vez, a geração de emprego e dos

rendimentos, decorrente da implantação da indústria motriz, seria incluída na polarização económica.

A polarização psicológica está associada aos investimentos decorrentes do clima de incentivo às

pequenas e médias empresas gerado pelo sucesso da indústria motriz. E, por fim, a polarização

geográfica, refere-se aos impactos gerados nos sistemas urbanos ou regionais onde se localiza a

indústria motriz que levariam à minimização dos custos de transporte e à criação de economias externas

e de aglomeração.

A principal função da indústria motriz é gerar ou produzir economias externas, quer sejam tecnológicas,

quer sejam pecuniárias. De acordo com Tolosa (1972), para Perroux, uma indústria motriz apresenta

três características principais: (1) possui grande porte e, deste modo, as suas decisões tendem a causar

um grande impacto na área; (2) possui uma taxa de crescimento superior à média regional; (3) uma forte

interdependência técnica, conhecida como ligações industriais ou relações intersectoriais, com uma

gama diferenciada de outras indústrias, de modo a formar um complexo industrial.

A indústria motriz funciona como agente de dinamização da vida regional, provocando a atracção de

outras indústrias, criando aglomeração populacional, o que estimula o desenvolvimento de actividades

23Segundo Rosenfeld (1996), cf. Amaral, Filho (2001) “uma aglomeração de empresas (cluster) é uma

concentração num território geográfico delimitado de empresas interdependentes, ligadas entre elas por meio de

transacções comerciais, de diálogo e de comunicações que beneficiam das mesmas oportunidades e enfrentam os

mesmos problemas”.

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13

primárias fornecedoras de alimentos e matérias-primas e desenvolvendo actividades terciárias

relacionadas com as necessidades da população que se instala em seu torno.

4.3 Crescimento divergente e convergente

Para Myrdal (1968), Kaldor (1978) e Dixon e Thirlwall (1975), a divergência de renda e

desenvolvimento entre as regiões é o caso mais provável. A explicação teórica baseia-se no princípio

da causação circular e acumulativa, em que as forças de mercado, ao actuarem livremente, conduzem

as regiões por caminhos divergentes.

As economias de escala e de aglomeração levam a uma concentração cumulativa de investimentos em

capital fixo, trabalho qualificado e alta produtividade em certas regiões pólo, em detrimento de outras

regiões menos desenvolvidas24. Mesmo com a acção política de governos no sentido da desconcentração

da produção e dos investimentos, a convergência é uma hipótese improvável de ocorrer, Marques e

Fochezatto (s/data).

Não muito diferente, Martin e Sunley (1998) também afirmaram que, teoricamente, não se pode esperar

que a convergência de renda e desenvolvimento entre regiões seja o caso mais provável, mesmo para

longos períodos de tempo, dentro de um mesmo país.

Quando se considera o modelo de Solow como base teórica para a hipótese da convergência, questões

metodológicas complicadas emergem, pois é necessário postular que os casos considerados já se

encontram em seu estado estacionário (Ferreira e Cruz, 2008). A suposição teórica que fundamenta a

hipótese de convergência é a de produtividade marginal decrescente do capital. De acordo com essa

suposição, regiões com reduzido stock de capital teriam altas taxas de retorno e, deste modo,

desenvolver-se-iam mais rapidamente que as regiões ricas, que têm um stock de capital mais elevado e

retorno mais baixo. A falácia do argumento consiste em supor que uma alta taxa de retorno

potencialmente considerada seja suficiente para efectivar uma alta taxa de acumulação de capital. De

facto, uma alta taxa de retorno só poderá ser obtida depois que uma alta taxa de acumulação for

concretizada pelo capital e/ou pelo Estado, Marques e Fochezatto (s/data).

A experiência tem mostrado que, em geral, as regiões mais desenvolvidas é que se tornam alvo dos

investimentos de empresas e acumulação de capital fixo, da mão-de-obra já qualificada, da infra-

estrutura de transporte e comunicações, facilidades locais, etc. Ao final, a acumulação de capital fixo

em certas áreas reforça os desequilíbrios regionais de uma forma acumulativa: quanto mais rica uma

região, mais desenvolvida tende a ser, e vice-versa, Marques e Fochezatto (s/data). Contudo, a aplicação do modelo conceitual de Myrdal pode ser feita ao se verificar um crescimento

repentino de uma determinada região por alguma razão. Após esse acontecimento, os seus recursos e

potencialidades seriam despertados e a região passaria a atrair factores produtivos (trabalho, capital e

espírito empreendedor) de outras regiões. Em consequência disso, a migração selectiva pode reforçar

ainda mais essa tendência uma vez que os imigrantes seriam os empreendedores e/ou investidores, ao

passo que as regiões perdedoras tenderiam a reter os trabalhadores menos produtivos. Também em

relação ao capital, o sistema bancário fará com que as regiões consideradas como estagnadas se tornem

regiões dinâmicas, ampliando a desigualdade regional, (Cruz et al., 2011).

24 Por exemplo, a migração é sempre selectiva no factor idade; os jovens, em geral, migram para regiões mais

desenvolvidas à custa de sua região de origem que perde capacidade de trabalho com a migração. Sobre esse

aspecto, Martin e Sunley (1998: 212) concluem: “These analyses suggest that the migration of better-educated,

highly skilled, and more enterprising workers is regionally disequilibrating, in that it benefits destination regions

at the expense of the areas of origin”, em Marques e Fochezatto (s/data).

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Myrdal (1968), em Aryeetey et al. (2009), utilizando o Gini da renda e três coeficientes de entropia

generalizada, analisa a existência de disparidades regionais no Gana. A base de dados leva em conta o

Gini da renda e vários indicadores de desenvolvimento, como o consumo de energia eléctrica, acesso à

escola, taxa de alfabetização, consumo de água potável, entre outros, para os períodos de 1991-2006 e

1970-2000.

O autor conclui que a persistente divergência entre as regiões do país (norte-sul; rural-urbano) tem

origem no processo de colonização, mas as condições foram reforçadas pelas estratégias de política que

se seguiram. Por exemplo, as disparidades entre as regiões, em especial nas zonas portuárias, em

detrimento de áreas menos desenvolvidas, em Marques e Fochezatto (s/data).

5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

Após a contextualização histórica e do enquadramento teórico, o presente capítulo apresenta a

informação estatística, resultados e análises da evolução referente à província em estudo em

comparação com a província e cidade de Maputo, com o objectivo de perceber o nível de

desenvolvimento, as disparidades existentes e as suas tendências.

Gráfico 1.

Evolução do PIB per capita

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE).

Observando o gráfico, nota-se que Sofala apresentou um desempenho positivo e acima da média

nacional do rendimento por habitante ao longo da série em análise. Contudo, Maputo Cidade e Província

possuem um rendimento maior em relação as demais províncias em análise.

Nota-se também que o crescimento de Sofala, embora apresente tendência crescente e positiva ao longo

da série em análise, tende a distanciar-se mais do rendimento per capita de Maputo Cidade e Maputo

Província.

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Me

tica

is

Sofala Maputo cidade

Maputo provincia Moçambique

Linear (Sofala) Linear (Maputo cidade)

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15

Gráfico 2.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Fonte: INE –UNDP.

No gráfico acima observa-se que a província de Sofala apresentou uma melhoria significativa no

período em análise, tendo superado ligeiramente a média nacional. Contudo, Maputo Cidade e Província

apresentam melhor Índice de Desenvolvimento Humano e acima da média nacional. Embora o IDH

nacional apresente melhorias, Moçambique continua a fazer parte dos países com o IDH mais baixo do

mundo, tendo em 2011 ocupado a 184ª posição num universo de 187 países avaliados. Por outro lado,

quando se compara a província de Sofala com Maputo Província, esta última apresenta um melhor

desempenho, contudo com tendências de redução das disparidades. A melhoria deste indicador na

província de Sofala deve-se, principalmente, a melhorias significativas nas duas variáveis usadas no

cálculo do IDH (educação e saúde).

Gráfico 3.

Desigualdades provinciais (Coeficiente Gini25)

Fonte: Inquéritos ao Orçamento das Famílias (IOF).

A partir do gráfico nota-se que as maiores desigualdades na distribuição dos rendimentos verificam-se

em Maputo Cidade. Por outro lado, a província de Sofala apresentou no último período analisado um

25 Este coeficiente está limitado num intervalo de 0-1, onde zero representa a inexistência de desigualdade e, à

medida que a desigualdade entre as regiões aumenta, o coeficiente aproxima-se a um (1).

0,34

0,47

0,59

0,67

0,51

0,60

0,330,46

2000 2011

Sofala Maputo Cidade Maputo provincia Moçambique

0,43

0,52

0,430,40

0,43

0,52

0,43 0,420,46

0,51

0,390,42

0,47

Sofala Cidade de Maputo Maputo província Nacional

1996/97 2002/03 2008/09 2014/15

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16

aumento da desigualdade embora pouco significativo. Contudo, a nível nacional, verifica-se um

crescente aumento das desigualdades.

Gráfico 4.

Orçamento do Estado per capita

Fonte: OGE para o orçamento provincial e INE para a população.

Analisando o gráfico 3, observa-se que Sofala beneficiou menos do orçamento do Estado que Maputo

Cidade. Contudo, quando se compara Sofala com Maputo Província, esta última beneficiou menos.

Entretanto, ambas províncias têm apresentado um crescimento significativo ao longo da série e com

níveis superiores à média nacional. Por outro lado, observa-se um crescimento divergente ao longo da

série das províncias de Sofala e Maputo em relação ao orçamento por habitante de Maputo Cidade.

Gráfico 5.

Evolução do Investimento Directo Estrangeiro Aprovado

(Percentagem do IDE provincial/Total do IDE)

Fonte: Centro de Promoção do Investimento (CPI). A partir do gráfico acima, é possível verificar que a província de Sofala apresentou um alto volume de

investimento em 2009 e 2014 em relação as outras duas provincias em estudo. Sendo esses altos

-

5,00

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Mil

har

es d

e M

T

Orçamento Sofala/População de SofalaOrçamento cidade de Maputo/População de cidade de MaputoOrçamento Maputo/População de MaputoOrçamento (ambito provincial)/ População Total

7%4%

20%

14%

2%

29%

2%6%

30%

16%

20%

34%

19%

26%

3%

24%

35%

14%

8%5%

56%

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Mil

es d

e U

SD

Sofala Cidade de Maputo Maputo Total do IDE

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volumes justificados pelos projectos aprovados no sector de agricultura e agro-indústria em 2009 e

energia em 2014, referente à central termoeléctrica de Búzi26.

Todavia, a província de Maputo beneficiou de altos volumes de investimentos tendo, em 2015, obtido

a maior percentagem de investimentos devido aos projectos aprovados no sector de indústria e prestação

de serviços27.

Gráfico 6.

População por Agência Bancária

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE).

Quanto à população por agência bancária, observa-se que em Sofala existe um maior número da

população por cada agência bancária que em Maputo Província e na cidade capital. Observa-se também

que o número de população para cada agência bancária em Sofala tende a reduzir, tal como na província

de Maputo e de Maputo Cidade e a nível nacional.

26http://www.macauhub.com.mo/pt/2015/03/02/sector-de-energia-em-mocambique-com-investimentos-de-32-

mil-milhoes-de-dolares-em-2014/ acedido à 30.08.16 27De acordo com os dados fornecidos pelo CPI.

-

20.000

40.000

60.000

80.000

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

População de Sofala/Número de agências bancárias de Sofala

População de cidade de Maputo/Número de agências bancárias de cidade de Maputo

População da provincia Maputo/Número de agências bancárias de de Maputo

População total/Total de agências bancárias (nacionais)

Linear ( População de Sofala/Número de agências bancárias de Sofala)

Linear ( População de cidade de Maputo/Número de agências bancárias de cidade de Maputo)

Linear ( População da provincia Maputo/Número de agências bancárias de de Maputo)

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Gráfico 7.

Agência bancária por km²

Fonte: Instituto Nacional de Estatística INE – Banco de Moçambique (BdeM). Observando o gráfico acima, nota-se uma grande diferença de agências bancárias por km² entre a Cidade

de Maputo e as demais províncias analisadas. A província de Sofala possuía, em 2014, uma agência

bancária por aproximadamente 1.390 km², Maputo Província possuía uma em pouco menos de 400 km²,

enquanto que, Maputo Cidade dispunha de uma agência em menos de 2 km². Esse facto pode ser

justificado pela concentração de oferta e procura de serviços, infra-estruturas, consumo e investimento

na cidade capital.

Gráfico 8.

Evolução do Ensino Primário – graus EP1+EP2

(Número de alunos matriculados no ensino primário/população total)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE). Nota: Percentagem de alunos matriculados no ensino primário

Fazendo a análise do gráfico, verifica-se que a província de Sofala apresenta maior percentagem e igual

à média nacional, excepto nos primeiros períodos analisados, no que respeita a alunos matriculados no

primeiro e segundo graus de escolaridade. Enquanto Maputo Cidade apresenta percentagens inferiores,

2.616 2.194 2.061

1.744 1.582 1.479 1.447 1.388

2 2 2 2 2 2 2 1

1.002 869 814 636 532 511 501 383

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Território de Sofala/Número de agências bancárias de Sofala

Território da cidade de Maputo/Número de agências bancárias da cidade de Maputo

Território Maputo província/Número de agências bancárias de Maputo província

Território nacional/Total de agências bancárias (nacionais)

0%

5%

10%

15%

20%

25%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Total dos alunos Sofala (EP1+EP2)/População SofalaTotal dos alunos cidade de Maputo (EP1+EP2)/População cidade de MaputoTotal dos alunos Maputo província (EP1+EP2)/População Maputo provínciaTotal dos alunos (EP1+EP2)/ População Total

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19

abaixo da média nacional e com tendência a distanciar-se mais de Sofala e de Maputo Província. Esse

facto pode ser sujeito a novas pesquisas a fim de se perceber os motivos por trás desse facto.

Gráfico 9.

Evolução das Unidades Sanitárias

(População por Unidade Sanitária)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE). Examinando o gráfico, verifica-se que Sofala possui menor população por cada unidade sanitária em

relação a Maputo Cidade e província. Esta constatação pode ser justificada pelo facto da Cidade de

Maputo possuir um maior número de centros de saúde e de hospitais de maior dimensão e com mais

valências atendendo um maior número de pessoas por unidade sanitária, o que faz aumentar o afluxo

das pessoas incluindo de outros pontos do país.

Gráfico 10.

Unidades Sanitárias por km²

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE).

12.127 9.925 10.168 11.926 12.221 12.525 12.506 12.816

34.739

30.502 31.814 31.401

32.725 34.118 34.571 34.052

15.319 12.760 13.294 16.495 17.198 17.723 18.059

17.620

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

População Sofala/Unidades sanitárias de Sofala

População cidade de Maputo/Unidades sanitárias de cidade de Maputo

População Maputo província/Unidades sanitárias de Maputo província

População total/Unidades sanitárias totais

489 391 391

447 447 447 436 436

9 8 8 8 8 9 9 8

326 261 261

310 310 307 300 280

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Km

²

Unidades sanitárias (Área km²) SofalaUnidades sanitárias (Área km²) cidade de MaputoUnidades sanitárias (Área km²) Maputo provínciaUnidades sanitárias (Área km²) Área nacional

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20

Do indicador unidades sanitárias por km², pode-se notar que na província de Sofala, até 2014, existia,

em média, uma unidade sanitária em cada 436 km². Comparando a província de Sofala com Maputo

Província e cidade, observa-se que a mesma tende a distanciar-se, com destaque para a Cidade de

Maputo onde havia, em 2014, uma unidade sanitária por 8 km². Não obstante, as províncias em análise

apresentaram valores inferiores à média nacional.

Gráfico 11.

Tempo de Chegada à Unidade Sanitária

Fonte: INE-IOF. Pelo gráfico acima, observa-se que houve uma grande melhoria deste indicador (distância média em

minutos para alcançar uma unidade sanitária) nas três províncias. Em Sofala a percentagem da

população que levava até 30 minutos a chegar a uma unidade sanitária aumentou de 47% para

aproximadamente 66%. O mesmo indicador revelou, para a Cidade de Maputo, um aumento bastante

significativo passando de 59% da população para 96%. Em Sofala, aproximadamente 8% da população

demora mais de 60 minutos a chegar a uma unidade sanitária, enquanto se observa uma melhoria

bastante positiva na província e cidade de Maputo onde a população não demora mais de uma hora a

chegar nas unidades sanitárias.

46,7

27,2

5,1

21

65,8

15,7 11,0 7,5

58,5

27,3

8,6 5,5

96,0

4,0 0,0 0,0

50,9

28,3

4,5

16,4

87,1

9,13,9 0,0

Menos de

30 min

30-44 min 45-60 min Mais de 60

min

Menos de

30 min

30-44 min 45-60 min Mais de 60

min

2008/09 2014/15

Min

uto

s

Sofala cidade de Maputo Maputo província

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21

Gráfico 12.

População por Cama Hospitalar

Fonte: INE. No gráfico 11 observa-se que na província de Sofala existe um maior número de população por cama

hospitalar que nas outras duas províncias, mas abaixo da média nacional. A Cidade de Maputo possui

um maior número de pessoas por cama hospitalar, comparativamente com Sofala, Maputo Província e

acima da média nacional.

Gráfico 13.

Estado de Subnutrição (crianças menores de cinco anos)

Fonte: INE- Inquérito Demográfico de Saúde (IDS) de 2003 e 2011. Analisando o gráfico acima, verifica-se que a província de Sofala registou maior percentagem de

crianças com problemas de subnutrição crónica28. Verificou-se uma melhoria na última avaliação, onde

aproximadamente 36% das crianças com menos de 5 anos de idade apresentam problemas relacionados

com o crescimento. Em Maputo Cidade o número de crianças com subnutrição crónica aumentou de

28Subnutrição crónica (Altura/Idade) – é definida como baixa altura para a idade no período entre a concepção e

os cinco anos. Os efeitos da subnutrição são de difícil recuperação, (INE, 2013).

919 917 933 903

625

996 958 983

480 481 437 454 453 451 466 392

1.504 1.536

1.211 1.246 1.291 1.263 1.344 1.390

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

População Sofala/Número de camas de Sofala

População cidade de Maputo/Número de camas da cidade de Maputo

População de Maputo província/Número de camas de Maputo

província

42,3

20,623,9

41,0

35,7

23,2 23,2

42,6

7,6

0,8 0,54,0

7,4

2,2 2,25,9

Sofala Maputo

Cidade

Maputo

província

Nacional Sofala Maputo

Cidade

Maputo

província

Nacional

IDS 2003 IDS 2011

Per

cen

tag

em

Subnutrição crónica Subnutrição aguda

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22

aproximadamente 21% para 23% no último IDS. Não menos importante, na Província de Maputo

observou-se uma ligeira melhoria deste indicador.

Quanto à subnutrição aguda29, verifica-se que em Sofala houve uma redução, embora não muito

significativa, da percentagem de crianças com o problema em causa. Na Cidade de Maputo o número

de crianças com subnutrição aguda aumentou, embora ainda abaixo da média nacional. Na Província

de Maputo a percentagem de crianças com esse problema aumentou.

A nível nacional a percentagem de crianças com subnutrição crónica e subnutrição aguda aumentou,

tendo no último IDS apresentado aproximadamente 43% e 6% respectivamente.

Gráfico 14.

Pobreza – Evolução percentual da população pobre

Fonte: IOF respeitantes aos quatro anos. Fazendo a análise do gráfico, nota-se que em 1996/97, Sofala apresentava o pior resultado neste

indicador, com aproximadamente 88% da população pobre. Entre o primeiro e o segundo IOF nota-se

que Sofala teve uma melhoria bastante significativa, com uma redução para 36% da população,

apresentando níveis percentuais mais baixos que na cidade capital, Província de Maputo e abaixo da

média nacional.

No último IOF os níveis de pobreza melhoraram significativamente em ambas províncias, com destaque

para a Província de Maputo que apresentou uma redução de 68% para 19% da população pobre.

6. ANÁLISE Os gráficos acima apresentados demonstram que a província de Sofala tem apresentado melhorias nos

indicadores socio-económicos, principalmente quando comparada com as médias nacionais. No

entanto, quando comparada com a cidade Maputo, Sofala apresenta em certos indicadores uma situação

desfavorável:

29Subnutrição aguda (Peso/Altura) – é definida como baixo peso para altura. A desnutrição aguda pode aparecer

em qualquer época de vida como resultado duma redução de consumo ou associada a infecções, (INE, 2013).

88%

48%

66%69%

36%

54%

69%

56%58%

36%

68%

52%

44%

12%

19%

46%

Sofala Cidade de Maputo Maputo província Nacional

1996/97 2002/03 2008/09 2014/15

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23

O PIB por habitante em Sofala, embora apresente tendência de crescimento, apresenta um

crescimento divergente em relação a Maputo Província e mais ainda à Cidade de Maputo.

O IDH de Sofala apresentou melhorias significativas e com um crescimento convergente com

a cidade de Maputo. Esse facto deve-se ao comportamento das variáveis utilizadas no cálculo

do IDH (melhorias significativas na saúde e educação e, menos significativas, no PIB per

capita);

No Índice de Gini, Sofala apresentou tendência de crescimento da desigualdade, embora menor

que o índice na Cidade de Maputo.

Quanto ao indicador das despesas públicas, verificou-se que Sofala tem maiores dotações do

orçamento per capita que Maputo Cidade e Província;

O IDE apresentou um comportamento bastante oscilante nos anos de 2004, 2013 e 2015, onde

Sofala apresentou percentagens mais baixas de investimento aprovado que Maputo Cidade e

Província, embora, em 2009, 2011 e 2014, tenha apresentado as percentagens mais altas e

superiores que a cidade de Maputo;

Considerando a população por agência bancária, Sofala apresentou uma tendência positiva,

tendo-se verificado uma redução do número de população por agência, embora com uma

tendência ligeiramente divergente das duas outras regiões;

O número de agências bancárias por km² na província de Sofala foi menor que na Maputo

Cidade e Província. A Cidade de Maputo apresentou maior número de agências bancárias onde

se verificou que, até 2014, existia uma agência por cada km². Em Sofala a percentagem de crianças com subnutrição apresentou uma tendência decrescente,

embora essa redução não seja muito significativa. Contudo, apresenta percentagens muito

elevadas comparativamente à cidade capital; Segundo os dados do Inquérito ao Orçamento das Famílias (IOF), a província de Sofala

apresentou uma melhoria bastante significativa em termos de percentagem de população pobre

entre 1996/97 e 2002/03. Na última avaliação, a percentagem aumentou, sendo superior à

verificada em Maputo Cidade e Província e também à média nacional.

7. CONCLUSÕES

Para compreender os motivos pela qual as diferenças territoriais existem, é necessário que se façam

estudos que envolvem contextos históricos, sociais, económicos e políticos. No caso de Sofala, é possível compreender a sua forma de desenvolvimento com base na forma de

penetração colonial e do capital e os fins para os quais foram destinados, a abundância dos recursos

naturais, o potencial agrário, principalmente para a produção do açúcar, as infra-estruturas de portos e

caminhos-de-ferro, que influenciaram alguns indicadores macroeconómicos (balança comercial do país,

PIB, etc.). Esses constituem factores importantes que contribuíram para o crescimento socioeconómico

de Sofala.

Apesar das potencialidades da província de Sofala, constataram-se, durante o período analisado,

comportamentos divergentes em alguns indicadores de desenvolvimento, relativamente à evolução da

Província de Maputo e da capital do país, aumentando assim as desigualdades entre estes territórios.

Ao se fazer relações de crescimento e divergência entre regiões é importante frisar que “o crescimento

não ocorre com a mesma intensidade e ao mesmo tempo em todas regiões” segundo Kuznets. Esse facto

é verificável nas três regiões analisadas.

Tendo em conta a teoria do Kuznets, verifica-se que, em Sofala, no seu estágio inicial de crescimento,

a economia era mais concentrada na agricultura (economia de plantação), com níveis baixos de

produção e de rendimento por habitante. A colonização e exploração pela Companhia de Moçambique

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24

permitiram o surgimento de infra-estruturas que levaram a uma desconcentração da economia de Sofala

que passou a uma economia próspera, embora não industrial, com tendências de crescimento do

rendimento per capita e melhores condições para população.

O surgimento das agro-indústrias de açúcar, portos e caminhos-de-ferro permitiu o desenvolvimento da

província de Sofala, que actuaram como empresas motrizes permitindo o surgimento de um pólo de

crescimento. Pelo seu efeito multiplicador, este pólo contribuiu para o surgimento de aglomerados

urbanos, com os frequentes fluxos de comércio que tiveram um papel importante no desenvolvimento

da África Austral com base nos serviços prestados de transporte de carga fornecidos aos países do

hinterland, investimentos na área turística e nos recursos faunísticos e naturais.

As potencialidades agrárias permitiram o desenvolvimento do sector familiar, a geração de emprego

nas zonas rurais e arrecadação do excedente, usado principalmente para a alimentação e,

posteriormente, para comercialização a fim de se obter rendimento.

Contudo, conforme os autores referenciados existe uma maior probabilidade de divergência entre as

regiões que convergência, facto que é verificável entre as três regiões analisadas com base nos

indicadores seleccionados. Contudo as desigualdades são maiores nas cidades, devido ao fluxo

migratório para as regiões de aglomerados urbanos surgidos com os factores impulsionadores dos pólos,

e pela fraca capacidade do crescimento desses aglomerados urbanos responder ao aumento das

necessidades derivadas dos imigrantes.

Sofala apresenta um grande potencial para ter melhores níveis de desenvolvimento, mas para tal é

necessário que se adoptem melhores políticas ou medidas que incentivem o investimento,

principalmente na área de transportes, do turismo e no sector agrário que foram os pilares do seu

desenvolvimento e motores para o surgimento do pólo, políticas para o melhoramento das instituições

públicas, de forma a serem mais eficientes e contribuírem para o bem-estar da população e para o

desenvolvimento e a minimização dessas diferenças bem como a erradicação da pobreza.

Considerando a experiência do processo de crescimento da província de Sofala, há necessidade de

priorizar outros sectores determinantes do crescimento do subconjunto do sistema económico de forma

a dinamizar o crescimento de modo a que seja um crescimento a longo prazo e sustentável,

sobrevalorizando a ética e racionalidade ambiental, política e económica.

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Título

Autor(es) Ano

51 Estratégia de produção camponesa em Moçambique:

estudo de caso no sul do Save - Chókwe, Guijá e

KaMavota

Yasser Arafat Dadá Maio de 2017

50 Género e relações de poder na região sul de

Moçambique – uma análise sobre a localidade de

Mucotuene na província de Gaza

Aleia Rachide Agy Abril de 2017

49 Criando capacidades para o desenvolvimento: o género

no acesso aos recursos produtivos no meio rural em

Moçambique

Nelson Capaina Março de 2017

48

Perfil socio-económico dos pequenos agricultores do

sul de Moçambique: realidades de Chókwe, Guijá e

KaMavota

Momade Ibraimo Março de 2017

47 Agricultura, diversificação e

Transformação estrutural da economia João Mosca Fevereiro de 2017

46 Processos e debates relacionados com DUATs.

Estudos de caso em Nampula e Zambézia.

Uacitissa Mandamule Novembro de 2016

45 Tete e Cateme: entre a implosão do el dorado e a

contínua degradação das condições de vida dos

reassentados

Thomas Selemane Outubro de 2016

44 Investimentos, assimetrias e movimentos de protesto

na província de Tete

João Feijó Setembro de 2016

43 Motivações migratórias rural-urbanas e perspectivas de

regresso ao campo – uma análise do desenvolvimento rural

em moçambique a partir de Maputo

João Feijó e Aleia Rachide Agy e

Momade Ibraimo Agosto de 2016

42 Políticas públicas e desigualdades socias e territoriais

em moçambique João Mosca e Máriam Abbas Julho de 2016

41 Metodologia de estudo dos impactos dos megaprojectos

João Mosca e Natacha Bruna Junho de 2016

40 Cadeias de valor e ambiente de negócios na

agricultura em Moçambique

Mota Lopes Maio de 2016

39 Zambézia: Rica e Empobrecida João Mosca e Yara Nova Abril de 2016

38 Exploração artesanal de ouro em Manica

António Júnior, Momade

Ibraimo e João Mosca Março de 2016

37 Tipologia dos conflitos sobre ocupação da terra em

Moçambique

Uacitissa Mandamule Fevereiro de 2016

36 Políticas públicas e agricultura

João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2016

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Título

Autor(es) Ano

35

Pardais da china, jatrofa e tractores de Moçambique:

remédios que não prestam para o desenvolvimento rural

Luis Artur Dezembro de 2015

34 A política monetária e a agricultura em

Moçambique

Máriam Abbas Novembro de 2015

33 A influência do estado de saúde da população na produção

agrícola em Moçambique

Luís Artur e Arsénio Jorge

Outubro de 2015

32 Discursos à volta do regime de propriedade da terra

em Moçambique

Uacitissa Mandamule Setembro de 2015

31 Prosavana: discursos, práticas e realidades João Mosca e Natacha Bruna Agosto de 2015

30

Do modo de vida camponês à pluriactividade impacto

do assalariamento urbano na economia familiar rural João Feijó e Aleia Rachide

Agy

Julho de 2015

29 Educação e produção agrícola em Moçambique: o caso do

milho

Natacha Bruna Junho de 2015

28 Legislação sobre os recursos naturais em Moçambique:

convergências e conflitos na relação com a terra Eduardo Chiziane Maio de 2015

27 Relações Transfronteiriças de Moçambique António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e Momade Ibraimo Abril de 2015

26 Macroeconomia e a produção agrícola em Moçambique

Máriam Abbas Abril de 2015

25 Entre discurso e prática: dinâmicas locais no acesso aos

fundos de desenvolvimento distrital em Memba

Nelson Capaina

Março de 2015

24 Agricultura familiar em Moçambique: Ideologias e

Políticas

João Mosca Fevereiro de 2015

23 Transportes públicos rodoviários na cidade de Maputo:

entre os TPM e os My Love Kayola da Barca Vieira, Yasser

Arafat Dadá e Margarida Martins Dezembro de 2014

22 Lei de Terras: Entre a Lei e as Práticas na defesa de

Direitos sobre a terra Eduardo Chiziane Novembro 2014

21 Associações de pequenos produtores do sul de

Moçambique: constrangimentos e desafios António Júnior, Yasser Arafat

Dadá e João Mosca Outubro de 2014

20

Influência das taxas de câmbio na agricultura

João Mosca, Yasser Arafat

Dadá e Kátia Amreén Pereira Setembro de 2014

19

Competitividade do Algodão Em Moçambique

Natacha Bruna

Agosto de 2014

18 O Impacto da Exploração Florestal no

Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas

de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província

de Nampula

Carlos Manuel Serra, António

Cuna, Assane Amade e Félix

Goia

Julho de 2014

Page 32: ural - ULisboa · 1 Yara Pedro Nova é Monitora de investigação no Observatório do Meio Rural e licenciada em economia na Universidade Politécnica. 2 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento

Título

Autor(es) Ano

17 Competitividade do subsector do caju em Moçambique

Máriam Abbas Junho de 2014

16

Mercantilização do gado bovino no distrito de

Chicualacuala

António Manuel Júnior Maio de 2014

15

Os efeitos do HIV e SIDA no sector agrário e no

bem-estar nas províncias de Tete e Niassa

Luís Artur, Ussene Buleza,

Mateus Marassiro, Garcia Júnior

Abril de 2014

14 Investimento no sector agrário João Mosca e Yasser Arafat

Dadá

Março de 2014

13 Subsídios à Agricultura João Mosca, Kátia Amreén

Pereira e Yasser Arafat Dadá Fevereiro de 2014

12 Anatomia Pós-Fukushima dos Estudos sobre o

ProSAVANA:

Focalizando no “Os mitos por trás do ProSavana” de

Natalia Fingermann

Sayaka Funada-Classen Dezembro de 2013

11

Crédito Agrário

João Mosca, Natacha Bruna,

Katia Amreén Pereira e

Yasser Arafat Dadá

Novembro de 2013

10 Shallow roots of local development or branching out for

new opportunities: how local communities in

Mozambique may benefit from investments in land

and forestry exploitation

Emelie Blomgren & Jessica

Lindkvist Outubro de 2013

9 Orçamento do estado para a agricultura Américo Izaltino Casamo, João

Mosca e Yasser Arafat Setembro de 2013

8 Agricultural Intensification in Mozambique.

Opportunities and Obstacles—Lessons from

Ten Villages

Peter E. Coughlin

Nícia Givá Julho de 2013

7 Agro-Negócio em Nampula: casos e expectativas do

ProSAVANA

Dipac Jaiantilal Junho de 2013

6 Estrangeirização da terra, agronegócio e campesinato

no Brasil e em Moçambique

Elizabeth Alice Clements e

Bernardo Mançano Fernandes Maio de 2013

5 Contributo para o estudo dos determinantes

da produção agrícola João Mosca e

Yasser Arafat Dadá Abril de 2013

4

Algumas dinâmicas estruturais do sector agrário. João Mosca, Vitor Matavel e

Yasser Arafat Dadá Março de 2013

3

Preços e mercados de produtos agrícolas alimentares. João Mosca e Máriam Abbas Janeiro de 2013

2

Balança Comercial Agrícola.

Para uma estratégia de substituição de importações?

João Mosca e Natacha Bruna Novembro de 2012

1

Porque é que a produção alimentar não é prioritária? João Mosca Setembro de 2012

Page 33: ural - ULisboa · 1 Yara Pedro Nova é Monitora de investigação no Observatório do Meio Rural e licenciada em economia na Universidade Politécnica. 2 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento

Como publicar

Os autores deverão endereçar as propostas de textos para publicação em formato digital para o

e-mail do OMR ([email protected]) que responderá com um e-mail de aviso de recepção da

proposta.

Não existe por parte do Observatório do Meio Rural qualquer responsabilidade em publicar os

trabalhos recebidos.

Após o envio, os autores proponentes receberão informação por e-mail, num prazo de 90 dias,

sobre a aceitação do trabalho para publicação.

O autor tem o direito a 10 exemplares do número do OBSERVADOR RURAL que contiver o

artigo por ele escrito.

Regras de publicação:

Apresentação da proposta de um tema que se enquadre no objecto de trabalho do OMR.

Aprovação pelo Conselho Técnico.

Submissão a uma revisão redactorial num prazo de sessenta dias, a partir da entrega da proposta

de artigo pelo autor.

Informação aos autores por parte do OMR acerca da decisão da publicação, por e-mail, com

solicitação de aviso de recepção, num prazo de 90 dias após a apresentação da proposta.

Caso exista um parecer negativo de um ou mais revisores, o autor tem a oportunidade de voltar

uma vez mais a propor a edição do texto, desde que introduzidas as alterações e observações

sugeridas pelo(s) revisore(s).

Uma segunda proposta do mesmo texto para edição procede-se nos mesmos moldes e prazos.

Um segundo parecer negativo tem carácter definitivo.

O proponente do texto para publicação não tem acesso aos nomes dos revisores e estes

receberão os textos para revisão sem indicação dos nomes dos autores.

A responsabilidade de publicação é da Direcção do Observatório do Meio Rural sob proposta

do Conselho Técnico, independentemente dos pareceres dos revisores.

O texto não pode ter mais que 40 páginas em letra 11, espaço simples entre linhas, e 3 cm em

todas as margens da página (cima, baixo lado e esquerdo e direito).

A formatação do texto para publicação é da responsabilidade do OMR.

Page 34: ural - ULisboa · 1 Yara Pedro Nova é Monitora de investigação no Observatório do Meio Rural e licenciada em economia na Universidade Politécnica. 2 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento

O OMR centra as suas acções na prossecução dos seguintes objectivos específicos:

Promover e realizar estudos e pesquisas sobre políticas e outras temáticas relativas ao

desenvolvimento rural;

Divulgar resultados de pesquisas e reflexões;

Dar a conhecer à sociedade os resultados dos debates, seja através de comunicados de imprensa

como pela publicação de textos;

Constituir uma base de dados bibliográfica actualizada, em forma digitalizada;

Estabelecer relações com instituições nacionais e internacionais de pesquisa para intercâmbio

de informação e parcerias em trabalhos específicos de investigação sobre temáticas agrárias e

de desenvolvimento rural em Moçambique;

Desenvolver parcerias com instituições de ensino superior para envolvimento de estudantes em

pesquisas de acordo com os temas de análise e discussão agendados;

Criar condições para a edição dos textos apresentados para análise e debate do OMR.

Patrocinadores:

Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 879

Maputo – Moçambique

www.omrmz.org

O OMR é uma Associação da sociedade

civil que tem por objectivo geral contribuir

para o desenvolvimento agrário e rural

numa perspectiva integrada e

interdisciplinar, através de investigação,

estudos e debates acerca das políticas e

outras temáticas agrárias e de

desenvolvimento rural.