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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(IZA) FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE URUAÇU/GO URGENTE PEDIDO DE LIMINAR IN AUDITA ALTERA PARS O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio da Procuradora da República que ao final subscreve, com fulcro nos artigos 37, § 4º, e 129, III, todos da Constituição Federal, art. 6º, XIV, “f”, da Lei Complementar nº 75/93, e na Lei nº 8.429/92, lastreado nas provas reunidas nos autos da Ação Penal nº 470-07.2012.4.01.3505, vem à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face de PAULO CÉSAR PEDROSO, brasileiro, casado, médico (qualificação suprimida para fins de publicação); e LUIZ CARLOS SILVEIRA, brasileiro, casado, médico, (qualificação suprimida para fins de publicação); pelas razões fáticas e jurídicas que passa a expor. I – DO OBJETO 1. Cuida-se de ação destinada a impor aos demandados acima qualificados as penalidades da Lei nº 8.429/92 (Art. 10, inciso XII), pela prática de atos de improbidade administrativa que causaram prejuízo ao erário, consistente na concessão e/ou Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO Rua Engenheiro Portela, nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro, Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065 Página 1 de 25 C:\Users\aldo\Documents\GroupWise\AIA - perícias INSS ( Paulo César Pedroso e Luiz Carlos Silveira).odt

URGENTE PEDIDO DE LIMINAR IN AUDITA ALTERA PARSmpf.mp.br/go/sala-de-imprensa/docs/not2077 - AIA.pdf · lastreado nas provas reunidas nos autos da Ação Penal nº 470-07.2012.4.01

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(IZA) FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DEURUAÇU/GO

URGENTE

PEDIDO DE LIMINAR IN AUDITA ALTERA PARS

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por meio da Procuradora da

República que ao final subscreve, com fulcro nos artigos 37, § 4º, e 129, III, todos da

Constituição Federal, art. 6º, XIV, “f”, da Lei Complementar nº 75/93, e na Lei nº 8.429/92,

lastreado nas provas reunidas nos autos da Ação Penal nº 470-07.2012.4.01.3505, vem à

presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em face de

PAULO CÉSAR PEDROSO, brasileiro, casado, médico (qualificação

suprimida para fins de publicação); e

LUIZ CARLOS SILVEIRA, brasileiro, casado, médico, (qualificação

suprimida para fins de publicação);

pelas razões fáticas e jurídicas que passa a expor.

I – DO OBJETO

1. Cuida-se de ação destinada a impor aos demandados acima

qualificados as penalidades da Lei nº 8.429/92 (Art. 10, inciso XII), pela prática de atos de

improbidade administrativa que causaram prejuízo ao erário, consistente na concessão e/ou

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela, nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 1 de 25

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manutenção de benefícios previdenciários sem que tais benefícios se enquadrassem nos

requisitos definidos em lei.

II - DOS FATOS

1. Conforme apurado no bojo da Ação Penal n° 470-07.2012.4.01.3505,

os requeridos PAULO CÉSAR PEDROSO e LUIZ CARLOS SILVEIRA, médicos peritos

credenciados junto ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, atestaram de maneira

fraudulenta a existência de doenças incapacitantes e/ou a invalidez de segurados do Regime

Geral de Previdência Social - RGPS, no período entre 2002 e 2006, no Município de

Minaçu/GO.

2. Consta nos autos que em 10 de julho de 2005 fora encaminhado ao

Departamento de Polícia Federal/DF escrito anônimo noticiando a ocorrência de inúmeras

fraudes no âmbito da Agência da Previdência Social em Minaçu/GO, supostamente

perpetradas por PAULO CÉSAR PEDROSO, médico perito credenciado ao INSS, José

Arimateia Guerra Lira, servidor público municipal cedido à autarquia previdenciária e ex-

vereador do Município de Minaçu/GO, Miguel Duque Barbosa, aposentado, Elias Alves de

Araújo, aposentado, e LUIZ CARLOS SILVEIRA, médico perito credenciado ao INSS (Doc. 1).

3. Segundo o documento, as fraudes teriam beneficiado diversos

segurados que, em troca, concederiam favores políticos ao então candidato às eleições

municipais de Minaçu/GO de 2004, Paulo César Pedroso.

4. Por força dos ofícios n° 4592/06 e n° 9339/06 – SR/DPF/GO (Doc. 2),

requisitou-se a análise dos benefícios previdenciários concedidos com indícios de

irregularidades. A partir das requisições policiais foi constituída força tarefa composta por

servidores do INSS que compareceram ao Município de Uruaçu/GO no período entre

18/08/2008 e 29/08/2008 (Doc. 3).

5. Consoante Relatório Conclusivo elaborado em 15/12/2006 (Doc. 4) pelo

médico perito do INSS Oney José Rossini, verificou-se diversas irregularidades nas perícias

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 2 de 25

realizadas pelos requeridos Paulo César Pedroso e Luiz Carlos Silveira.

6. O citado relatório demonstrou que os requeridos Paulo César Pedroso

e Luiz Carlos Silveira concederam benefícios previdenciários a partir de relatórios médicos

emitidos por especialistas de áreas que não guardavam qualquer relação com a suposta

patologia incapacitante atribuída aos segurados, havendo casos em que os relatórios foram

elaborados por obstetras e pediatras.

7. Observou-se que os relatórios médicos sempre eram emitidos pelos

mesmos profissionais e, em sua maioria, não continham subsídios suficientes para justificar a

concessão dos benefícios. Em geral, os exames complementares eram realizados nos mesmos

locais e apresentavam descrições superficiais das alterações clínicas (Doc. 4).

8. Conforme evidencia o Relatório n° 004/APGR/GO/SE/MPS elaborado

em 16 de outubro de 2009 (Doc. 5), foram constatadas irregularidades na concessão e/ou

manutenção de benefícios obtidos pelos segurados Nivaldo Coutinho Carvalho, Antônio de

Pádua da Silva, João Batista Duque Barbosa, Maria de Paula e Silva, Delcides Severino

Dorneles, Leuza Helena Palhares, Nilda Maria Guerra, Francisco Souza Camilo e Miguel

Duque Barbosa, todos avaliados pelos requeridos PAULO CÉSAR PEDROSO e LUIZ

CARLOS SILVEIRA.

9. Restou comprovado que os requeridos PAULO CÉSAR PEDROSO e

LUIZ CARLOS SILVEIRA concediam e/ou mantinham benefícios sem a observância do rodízio

de peritos disponibilizado pela Agência da Previdência Social de Minaçu/GO, chegando a

realizar 10 (dez) avaliações, fato que evidencia o seu objetivo fraudulento. Apenas para

exemplificar, João Batista Duque Barbosa foi periciado por Paulo César Pedroso em

18/09/2003, 18/12/2003, 18/03/2004, 18/06/2004 e em 18/10/2004. Em seguida, nas datas de

18/01/2005, 14/04/2005, 18/07/2005, 18/10/2005 e de 10/10/2007 foi avaliado por Luiz Carlos

Silveira.

10. Deve-se mencionar que as perícias revisionais realizadas em 24 de

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 3 de 25

outubro de 2008 pelo médico perito do INSS Paulo Roberto Taveira (Doc. 6) também

constataram irregularidades na concessão e/ou manutenção dos benefícios, posto que ou

teriam sido indevidamente concedidos ou mantidos por período superior ao necessário. A partir

da análise da história natural das doenças, o perito concluiu que parcela dos beneficiários

sequer apresentava incapacidades laborais no período em que os benefícios foram

concedidos.

11. Observa-se que as perícias médicas revisionais (Doc. 6) comprovaram

não haver incapacidade laboral que justificasse a concessão e/ou manutenção dos benefícios

previdenciários, nem no momento da avaliação revisional, nem ao tempo da concessão e/ou

manutenção.

12. Assim, os requeridos PAULO CÉSAR PEDROSO e LUIZ CARLOS

SILVEIRA, mediante a elaboração de laudos periciais que fraudulentamente atestaram a

existência de doenças incapacitantes e/ou invalidez de segurados do RGPS, concorreram para

que Nivaldo Coutinho Carvalho, Antônio de Pádua da Silva, João Batista Duque Barbosa, Maria

de Paula e Silva, Delcides Severino Dorneles, Leuza Helena Palhares, Nilda Maria Guerra,

Francisco Souza Camilo e Miguel Duque Barbosa se enriquecessem ilicitamente em prejuízo

ao erário federal, conforme adiante pormenorizado.

Nivaldo Coutinho Carvalho

13. Nivaldo Coutinho Carvalho foi periciado por PAULO CÉSAR

PEDROSO e LUIZ CARLOS DA SILVEIRA. Aquele realizou avaliações médicas em

15/07/2003, 15/10/2003, 15/01/2004, 15/05/2004 e 15/09/2004 e este periciou o segurado em

15/01/2005, 15/04/2005 e 15/07/2005. Em todos os exames periciais, os requeridos concluíram

pela existência da incapacidade, proferindo conclusão médico pericial Tipo 4.

14. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 121.668.157-8 pelo

período de 15/04/2003 a 15/10/2005, posteriormente o benefício foi convertido na

aposentadoria por invalidez n° 132.698.987-9 que teve início em 16/10/2005.

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

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15. Conforme mencionado no Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS

(Doc.5), o laudo pericial verificou a existência de capacidade laboral residual.

16. Corroborando com o mencionado laudo, a perícia médica revisional,

datada de 24 de outubro de 2008, manteve a DID – Data do início da Doença e DII – Data do

Início da Incapacidade por falta de condições e de informações para modificá-las. Entretanto,

não identificou incapacidade que impossibilitasse o desempenho de qualquer profissão, posto

que reconheceu “haver capacidade laborativa residual em segurado que apresenta cegueira

em um olho, d.m compensada e h.a. compensada. Há capacidade laborativa residual, não se

justificando o n.b. 32 (aposentadoria por invalidez) atual” (Doc. 5).

17. Desta forma, Nivaldo Coutinho Carvalho indevidamente auferiu as

quantias de R$ 105.532,01 (cento e cinco mil, quinhentos e trinta e dois reais e um centavo) a

título de auxílio-doença e de R$ 383.420,69 (trezentos e oitenta e três mil, quatrocentos e vinte

reais e sessenta e nove centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores

monetariamente corrigidos e atualizados até 02/06/2016 (Doc. 7).

Antônio de Pádua da Silva

18. As perícias médicas de Antônio de Pádua da Silva foram realizadas por

PAULO CÉSAR PEDROSO em 30/11/2000, 28/02/2001, 20/04/2001, 20/06/2001, 20/09/2001,

05/04/2002, 30/10/2002, 30/01/2003, 30/04/2003, 30/07/2003 e 30/10/2003 e por Luiz Carlos

Silveira em 30/11/2004 e 15/10/2005.

19. Verifica-se que em todas as avaliações médicas os requeridos

concluíram pela incapacidade laboral, proferindo conclusão médico pericial Tipo 4, sendo que

Luiz Carlos da Silveira sugeriu a conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria

por invalidez (Doc. 5).

20. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 109.590.988-3 pelo

período de 25/07/2000 a 20/02/2005. Logo após, o benefício foi convertido na aposentadoria

por invalidez n° 132.698.149-5 que teve início em 31/01/2005.Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO

Rua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065

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21. Consoante Laudo pericial de 25 de maio de 2009 (Doc. 6), observou-se

que as patologias que fundamentaram a concessão do benefício não eram aptas a gerar

incapacidade para o trabalho.

22. O Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5) concluiu que não

havia incapacidade laborativa que justificasse a concessão de aposentadoria por invalidez.

Asseverou, ainda, que a perícia médica revisional de 24/10/2008 não reconheceu a DII – Data

de Início da Incapacidade e concluiu que não havia incapacidade para o trabalho quando da

concessão do benefício.

23. Assim, Antônio de Pádua da Silva indevidamente recebeu as quantias

de R$ 132.187,33 (cento e trinta e dois mil, cento e oitenta e sete reais e trinta e três centavos)

a título de auxílio-doença e de R$ 363.900,93 (trezentos e sessenta e três mil, novecentos reais

e noventa e três centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores monetariamente

corrigidos e atualizados até 02/06/2016 (Doc. 8).

João Batista Duque Barbosa

24. PAULO CÉSAR PEDROSO avaliou João Batista Duque Barbosa nas

datas de 18/09/2003, 18/12/2003, 18/03/2004, 18/06/2004 e 18/10/2004. Após, em 18/01/2005,

14/04/2005, 18/07/2005, 18/10/2005 e em 10/10/2007 LUIZ CARLOS SILVEIRA periciou o

beneficiário. Em todas as avaliações os requeridos concluíram pela existência da incapacidade,

proferindo conclusão médico pericial Tipo 4.

25. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 121.668.322-8 pelo

período de 18/06/2003 a 11/10/2007.

26. Laudo pericial de 24 de outubro de 2008 (Doc. 6) constatou que João

Batista Duque Barbosa não apresentava incapacidade laboral. Na ocasião, verificou que o

segurado possivelmente teria simulado os sintomas clínicos da patologia para obter vantagem

pecuniária indevida.

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 6 de 25

27. O Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5) ratificou a perícia

médica revisional de 24/10/2008, a qual concluiu que “não há incapacidade laboral. Não houve

incapacidade laboral, conforme a história natural da doença deixa antever por tratar-se de

doença degenerativa evolutiva que não causa incapacidade hoje e, portanto, não pode causá-

la adredemente quando menos evoluída”.

28. Deste modo, João Batista Duque Barbosa injustificadamente auferiu a

quantia de R$ 53.002,31 (cinquenta e três mil, dois reais e trinta e um centavos) a título de

auxílio-doença, valor monetariamente corrigido e atualizado até 06/05/2016 (Doc. 9).

Maria de Paula e Silva

29. PAULO CÉSAR PEDROSO avaliou Maria de Paula e Silva em

30/10/2002, 30/03/2003, 30/06/2003, 30/09/2003, 30/12/2003, 30/05/2004 e 30/09/2004, em

todas as perícias o requerido concluiu pela existência da incapacidade, proferindo conclusão

médico pericial Tipo 4.

30. À segurada foi concedido o auxílio-doença n°116.016.350-0 pelo

período de 16/07/2002 a 30/09/2004. Posteriormente, o benefício foi convertido na

aposentadoria por invalidez n° 131.037.779-8 que teve início em 01/10/2004.

31. O Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5) ratificou a perícia

médica revisional de 24/10/2008, a qual ressaltou a ausência de elementos que justificassem a

concessão do benefício e concluiu que: “Não há incapacidade laboral. Não houve incapacidade

laboral”.

32. Desta forma, Maria de Paula e Silva injustificadamente auferiu as

quantias de R$ 14.319,21 (quatorze mil, trezentos e dezenove reais e vinte e um centavos) a

título de auxílio-doença e de R$ 110.826,37 (cento e dez mil, oitocentos e vinte e seis reais e

trinta e sete centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores monetariamente

corrigidos e atualizados até 02/06/2016 (Doc. 10).

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 7 de 25

Delcides Severino Dorneles

33. Delcides Severino Dorneles foi periciado por PAULO CÉSAR

PEDROSO em 14/04/2002, 30/01/2003, 30/04/2003, 30/07/2003, 30/10/2003, 30/01/2004,

30/05/2004 e 30/09/2004. Observa-se que em todas as perícias o requerido concluiu pela

existência da incapacidade, proferindo conclusão médico pericial Tipo 4.

34. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 116.016.044-6 pelo

período de 14/03/2002 a 30/07/2004, posteriormente o benefício foi convertido na

aposentadoria por invalidez n° 131.037.651-1 que teve início em 31/07/2004 e cessou em

20/10/2005.

35. O laudo pericial elaborado em 24 de outubro de 2008 (Doc. 6) verificou

que a fratura no fêmur que fundamentou a concessão dos benefícios ocorreu quando o

segurado possuía 17 (dezessete) anos e que tal lesão não gerou incapacidade laboral.

36. Conforme aponta o Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5), a

perícia médica revisional, datada de 24/10/2008, observou que o benefício foi indevidamente

concedido, posto que a patologia que supostamente teria ocasionado a incapacidade laboral

(lesão no fêmur) ocorrera antes de Delcides Severino Dorneles ser segurado do Regime Geral

de Previdência Social. Por fim, ressaltou que não houve incapacidade laboral.

37. Assim sendo, Delcides Severino Dorneles indevidamente auferiu as

quantias de R$ 26.051,02 (vinte e seis mil, cinquenta e um reais e dois centavos) a título de

auxílio-doença e de R$ 63.041,65 (sessenta e três mil, quarenta e um reais e sessenta e cinco

centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores monetariamente corrigidos e

atualizados até 06/05/2016 (Doc. 11).

Leuza Helena Palhares

38. Leuza Helena Palhares foi examinada em 30/06/2004, 30/10/2004 e em

30/11/2004 por PAULO CÉSAR PEDROSO e nas datas de 05/12/2005 e de 20/05/2006 por

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 8 de 25

LUIZ CARLOS SILVEIRA.

39. À segurada foi concedido o auxílio-doença n° 126.853.469-0 pelo

período de 31/03/2004 a 30/11/2004.

40. Em laudo pericial (Doc. 6) de 24 de outubro de 2008, observou-se não

haver incapacidade laboral, pois os resultados dos exames clínicos eram incompatíveis com a

presença das patologias que justificaram a concessão do benefício.

41. No mesmo sentido concluiu a perícia médica revisional de 24/10/2008

(Doc. 6): “a perícia médica revisional mantém o DID – Data de Início da Doença do benefício,

porém não reconhece incapacidade laboral nem da época nem de agora. O exame neurológico

da requerente é normal e não demonstra repercussão clínica compatível com hérnia de disco

ou lesão de raiz lombo sacra. O periciado não apresenta no momento documento ou fatos que

permitam pelo livre convencimento do perito concluir pela incapacidade laboral pleiteada”.

42. Deste modo, Leuza Helena Palhares indevidamente auferiu a quantia

de R$ 22.867,71 (vinte e dois mil, oitocentos e sessenta e sete reais e setenta e um centavos)

a título de auxílio-doença, valor monetariamente corrigido e atualizado até 02/06/2016 (Doc.

12).

Nilda Maria Guerra

43. As avaliações periciais de Nilda Maria Guerra foram realizadas por

PAULO CÉSAR PEDROSO em 19/05/2003, 19/08/2003, 19/11/2003, 19/02/2004, 19/05/2004 e

19/09/2004 e nas datas de 19/02/2005 e 18/08/2005 por LUIZ CARLOS SILVEIRA. Em todas

as avaliações os requeridos concluíram pela existência da incapacidade, proferindo conclusão

médico pericial Tipo 4.

44. À segurada foi concedido o auxílio-doença n°118.474.483-9 pelo

período de 19/02/2003 a 25/08/2005. Em seguida, o benefício foi convertido na aposentadoria

por invalidez n° 132.698.891-0 que teve início em 26/08/2005 e cessou em 15/12/2010.

Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GORua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,

Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065Página 9 de 25

45. Em laudo pericial (Doc. 6), de 24 de outubro de 2008, não se constatou

incapacidade laboral. A perícia revisional de 25/05/2009, conforme aponta o Relatório n°

004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5) também não reconheceu incapacidade para o trabalho no

momento da concessão do benefício, visto que “por tratar-se de doença crônico degenerativa,

a história natural da doença autoriza concluir que se hoje não há incapacidade, em um estágio

evolutivo anterior, muito menos o haveria”.

46. Portanto, Nilda Maria Guerra injustificadamente recebeu as quantias de

R$ 17.050,26 (dezessete mil, cinquenta reais e vinte e seis centavos) a título de auxílio-doença

e de R$ 43.641,54 (quarenta e três mil, seiscentos e quarenta e um reais e cinquenta e quatro

centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores monetariamente corrigidos e

atualizados até 06/05/2016 (Doc. 13).

Francisco Souza Camilo

47. Francisco Souza Camilo foi periciado por PAULO CÉSAR PEDROSO

em 05/03/2000, 20/05/2000, 20/07/2000, 25/10/2000, 10/05/2001, 10/11/2001, 10/08/2002 e em

10/11/2002.

48. Em todas as avaliações periciais, o requerido concluiu pela existência

da incapacidade, proferindo conclusão médico pericial Tipo 4, tendo, inclusive, sugerido a

conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

49. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 113.537.707-50 pelo

período de 17/06/2001 a 26/08/2002, posteriormente o benefício foi convertido na

aposentadoria por invalidez n° 118.474.208-9 que teve início em 27/08/2002 e cessou em

01/11/2009.

50. O Relatório n° 004/APEGR/GO/SE/MPS (Doc. 5) informou que o

benefício foi mantido sem fundamentação legal e relatou que a perícia médica revisional,

elaborada em 24/10/2008 (Doc. 6), concluiu que “não se observa à luz do exame atual, bem

como dos exames complementares e das informações prestadas, incapacidade laboral. OMinistério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO

Rua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065

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periciado não apresenta no momento documentos ou fatos que permitam pelo livre

convencimento do perito concluir pela incapacidade laboral pleiteada”.

51. O citado Relatório menciona, ainda, avaliação médico pericial realizada

por Leonardo Gonçalves Montalvão, datada de 14/07/2009, na qual o perito, após avaliação

física e documental, concluiu pela ausência de elementos que justificassem a concessão da

aposentadoria por invalidez.

52. Deste modo, Francisco Souza Camilo indevidamente recebeu as

quantias de R$ 61.661,78 (sessenta e um mil, seiscentos e sessenta e um reais e setenta e

oito centavos) a título de auxílio-doença e de R$ 354.867,32 (trezentos e cinquenta e quatro

mil, oitocentos e sessenta e sete reais e trinta e dois centavos) a título de aposentadoria por

invalidez, valores monetariamente corrigidos e atualizados até 06/05/2016 (Doc. 14).

Miguel Duque Barbosa

53. Miguel Duque Barbosa foi examinado por PAULO CÉSAR PEDROSO

em 11/04/2003 e em 17/10/2003. Observa-se que nas duas perícias o requerido concluiu pela

existência da incapacidade, proferindo conclusão médico pericial Tipo 4. Posteriormente, foi

periciado por LUIZ CARLOS DA SILVEIRA, o qual sugeriu a conversão do benefício de auxílio-

doença em aposentadoria por invalidez.

54. Ao segurado foi concedido o auxílio-doença n° 118.474.468-5 pelo

período de 17/02/2003 a 17/03/2003. Em seguida, o benefício foi convertido na aposentadoria

por invalidez n° 132.698.893-7 que teve início em 18/09/2005 e cessou em 01/06/2010.

55. A perícia médico revisional de 24/10/2008 (Doc. 6) manteve a DID –

Data de Início da Doença e a DII – Data de Início da Incapacidade por ausência de dados que

possibilitassem modificá-las. No entanto, informou que a história natural das doenças

codificadas autoriza discordar com robusto embasamento médico das mesmas. Por fim,

concluiu que: “não se observa no momento incapacidade laboral para a função exercida. O

periciado não apresenta no momento documentos ou fatos que permitam pelo livreMinistério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO

Rua Engenheiro Portela nº 634, esquina com Rua Sócrates Diniz, Centro,Anápolis/GO – CEP: 75.023-085 – Fone: (62) 3311-2065

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convencimento do perito concluir pela incapacidade laboral pleiteada”.

56. Assim, Miguel Duque Barbosa indevidamente auferiu as quantias de R$

1.136,67 (um mil, cento e trinta e seis reais e sessenta e sete centavos) a título de auxílio-

doença e de R$ 102.142,40 (cento e dois mil, cento e quarenta e dois reais e quarenta

centavos) a título de aposentadoria por invalidez, valores monetariamente corrigidos e

atualizados até 06/05/2016 (Doc. 15).

Conclusão

57. Pelo exposto, resta claro que os segurados Nivaldo Coutinho Carvalho,

Antônio de Pádua da Silva, João Batista Duque Barbosa, Maria de Paula e Silva, Delcides

Severino Dorneles, Leuza Helena Palhares, Nilda Maria Guerra, Francisco Souza Camilo e

Miguel Duque Barbosa injustificadamente obtiveram benefícios do RGPS, consistentes em

auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez, conforme demonstram as perícias médicas

revisionais e os laudos periciais.

58. As tabelas a seguir indicam as perícias realizadas pelos requeridos,

assim como evidenciam o dano por estes causados.

PAULO CÉSAR PEDROSOSegurado Data das perícias benefício(s) Período de

Recebimento do(s)

benefício(s)

Total

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Nivaldo Coutinho

Carvalho

15/07/200315/10/200315/01/200415/05/200415/09/2004

Auxílio-doença 15/04/2003 a

15/10/2005

R$ 105.532,01

Antônio de Pádua da

Silva

30/11/200028/02/200120/04/200120/06/200120/09/200105/04/200230/10/200230/01/200330/04/200330/07/200330/10/2003

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

25/07/2000 a

20/02/2005

31/01/2005 a

05/05/2016 (ativo)

R$ 132.187,33

R$ 363.900,93

João Batista Duque

Barbosa

18/09/200318/12/200318/03/200418/06/200418/10/2004

Auxílio-doença 18/06/2003 a

11/10/2007

R$ 53.002,31

Leuza Helena

Palhares

30/06/200430/10/200430/11/2004

Auxílio-doença 31/03/2004 a

30/11/2004

R$ 22.867,71

Maria de Paula e

Silva

30/10/200230/03/200330/06/200330/09/200330/12/200330/05/200430/09/2004

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

16/07/2002 a

30/09/2004

01/10/2004 a

05/05/2016 (ativo)

R$ 14.319,21

R$ 110.826,37

Delcides Severino

Dorneles

14/04/200230/01/200330/04/200330/07/200330/10/200330/01/200430/05/200430/09/2004

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

14/03/2002 a

30/07/2004

31/07/2004 a

20/10/2005

R$ 26.051,02

R$ 63.041,65

Francisco Souza

Camilo

05/03/200020/05/200020/07/200025/10/200010/05/200110/11/200110/08/200210/11/2002

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

17/06/2001 a

26/08/2002

27/08/2002 a

01/11/2009

R$ 61.661,781

R$ 354.867,32

1. Considerando a prescrição, esse valor será exigido apenas a título de ressarcimento.Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO

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Nilda Maria Guerra 19/05/200319/08/200319/11/200319/02/200419/05/200419/09/2004

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

19/02/2003 a

25/08/2005

26/08/2005 a

15/12/2010

R$ 17.050,26

R$ 43.641,54

Miguel Duque

Barbosa

11/04/200317/10/2003

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

17/02/2003 a

17/03/2003

18/09/2005 a

01/06/2010

R$ 1.136,672

R$ 102.142,40

TOTAL DO PREJUÍZO CAUSADO AO ERÁRIO: R$ 1.472.228,51

LUIZ CARLOS SILVEIRASegurado Data das perícias benefício(s) Período de

Recebimento do(s)

benefício(s)

Total

Antônio de Pádua da

Silva

30/11/200415/10/2005

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

25/07/2000 a

20/02/2005

31/01/2005 a

05/05/2016 (ativo)

R$ 132.187,33

R$ 363.900,93

Nivaldo Coutinho

Carvalho

15/01/200515/04/200515/07/2005

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

15/04/2003 a

15/10/2005

16/10/2005 a

03/05/2016 (ativo)

R$ 105.532,01

R$ 383.420,69

Nilda Maria Guerra 19/02/200518/08/2005

Auxílio-doença

Aposentadoria por

invalidez

19/02/2003 a

25/08/2005

26/08/2005 a

15/12/2010

R$ 17.050,26

R$ 43.641,54

João Batista Duque

Barbosa

18/01/200514/04/200518/07/200518/10/2005

Auxílio-doença 18/06/2003 a

11/10/2007

R$ 53.002,31

2. Idem.Ministério Público Federal – Procuradoria da República em Anápolis/GO

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TOTAL DO PREJUÍZO CAUSADO AO ERÁRIO: R$ 1.098.735,07

III – DA NÃO OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO

59. As imputações contantes desta inicial dizem respeito a fatos

relacionados às condutas dos requeridos PAULO CÉSAR PEDROSO e LUIZ CARLOS

SILVEIRA no exercício de suas funções, como médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro

Social – INSS. Nos termos do artigo 327 do Código Penal3, ambos são considerados

funcionários públicos.

60. Deste modo, a prescrição será regida, no caso, pelo artigo 23, II, da Lei

8.429/92, o qual estabelece que o prazo prescricional para ação de improbidade administrativa

é aquele previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão.

61. Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, a Lei n° 8.112/90,

em seu artigo 142, §2°4, remete à legislação penal na hipótese de as infrações disciplinares

também constituírem crime.

62. Pois bem, a conduta dos requeridos amolda-se ao tipo penal descrito

no artigo 171, caput, c/c § 3°, do Código Penal5, visto que fraudulentamente emitiram laudos

que atestaram a incapacidade laboral e/ou a invalidez dos segurados do RGPS com o intuito

de obterem para outrem vantagem econômica ilícita, induzindo e mantendo em erro a

Administração Pública.

3 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,exerce cargo, emprego ou função pública.4 Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:[…]§2° Os prazos de prescrição previstos na lei aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime.5 Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.[...]§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto deeconomia popular, assistência social ou beneficência.

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63. Deve-se salientar que, consoante entendimento do Superior Tribunal de

Justiça, para a incidência do artigo 142, § 2°, da Lei n° 8.112/90, não basta que o fato imputado

também seja capitulado como crime, mas é necessária a instauração de inquérito policial e,

principalmente, o ajuizamento da ação penal.

64. Ora, não só a ação penal foi ajuizada (denúncia – Doc. 16) como já

houve a prolação de sentença condenatória em primeiro grau. No bojo da ação penal n° 470-

07.2012.401.3505 este juízo federal concluiu pela prática do delito encartado no art. 171, caput,

c/c § 3°, do Código Penal, em continuidade delitiva (art. 71 do Estatuto Repressivo),

condenando cada um dos requeridos à pena de 05 (cinco) anos de reclusão, bem como ao

pagamento de 133 (cento e trinta e três) dias-multa – (Doc. 17).

65. Assim sendo, deve ser aplicado o prazo de prescrição da pretensão

punitiva calculado com base na pena máxima prevista em abstrato para o crime cometido pelos

requeridos.

66. Conforme visto acima, o fato enquadra-se no tipo penal previsto no art.

171, caput, c/c § 3º, do Código Penal, cujo preceito secundário estabelece pena privativa de

liberdade máxima de reclusão de 6 (seis) anos e 8 (oito) meses.

67. Segundo o disposto na literalidade do art. 109, III, do Código Penal, a

prescrição da pretensão punitiva verifica-se em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é

superior a 4 (quatro) anos e não excede a 8 (oito).

68. Nesse raciocínio, inexorável a conclusão de que não ocorreu a perda

da pretensão de levar a efeito as sanções cominadas na Lei de Improbidade Administrativa em

relação aos fatos praticados a partir de julho de 2004.

69. Outrossim, no que tange aos ilícitos cometidos em datas anteriores, é

de se ressaltar a imprescritibilidade do ressarcimento ao erário, nos termos do § 5º do art.

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37 da Constituição Federal:

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados porqualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadasas respectivas ações de ressarcimento.

IV – DA TIPICIDADE DAS CONDUTAS E DAS PENAS APLICÁVEIS

70. Diante do quadro delineado, infere-se que os requeridos PAULO

CÉSAR PEDROSO e LUIZ CARLOS SILVEIRA conscientemente concorreram para a

concessão e/ou manutenção irregular de benefícios previdenciários do RGPS, razão pela qual

incorreram na prática de atos de improbidade administrativa que causaram dano ao erário e

importaram o enriquecimento ilícito de terceiros, definido no art. 10, inciso XII, da Lei nº

8.429/1992, in verbis:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erárioqualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveresdas entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

[...]

XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

71. Além disso, as condutas dos requeridos também enquadram-se como

ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública,

definido no art. 11, caput e inciso I, da LIA, ora transcrito:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra osprincípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole osdeveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade àsinstituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daqueleprevisto, na regra de competência;

72. Destaque-se, por oportuno, que as modalidades de improbidade

administrativa elencadas nos incisos dos arts. 9º, 10 e 11, todos da Lei nº 8.429/92, são

condutas meramente exemplificativas, pois o que importa é a prática de ato que importe

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enriquecimento ilícito (art. 9º), cause prejuízo ao erário (art. 10) ou atente contra os princípios

da administração pública (art. 11).

73. Por consequência, os requeridos devem sujeitar-se, em proporção

equivalente ao grau de envolvimento nas práticas ilícitas e aos danos causados, às

penalidades do art. 12, II, da Lei nº 8.429/92 ou, subsidiariamente ao inciso III do mesmo artigo.

V - DA LESÃO AO ERÁRIO E DO PEDIDO DE INDISPONIBILIDADE DE BENS

74. A prática revela que nem sempre o erário consegue ver-se efetivamente

ressarcido dos danos que lhe foram infligidos pela prática de atos de improbidade

administrativa, considerando-se sua dimensão econômica, tudo indicando a situação de perigo

se não se der a salvaguarda, ainda que provisória, do objeto do processo.

75. Atenta a isso, a Constituição Federal estabelece em seu art. 37, § 4º,

como medida de segurança, a indisponibilidade dos bens dos agentes que, na prática de atos

de improbidade administrativa, causaram prejuízos ao erário:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dosdireitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens eo ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízoda ação penal cabível.

76. Densificando o mandamento constitucional, o art. 7º da Lei nº 8.429/92,

estabeleceu taxativamente que a indisponibilidade dos bens é medida que se impõe quando o

ato de improbidade causar lesão a patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, in

verbis:

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ouensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsávelpelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dosbens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigorecairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ousobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

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77. Com efeito, não se pode confundir indisponibilidade de bens com a

sanção de ressarcimento ao erário. A indisponibilidade dos bens constitui medida de cautela,

de garantia. A Constituição Federal presumiu o periculum in mora, demonstrando de forma

evidente a imprescindibilidade da medida assecuratória de indisponibilidade de bens quando o

ato de improbidade administrativa causar lesão ao patrimônio público ou ensejar

enriquecimento ilícito, configurando o que a jurisprudência denominou de tutela de evidência,

em oposição à conhecida tutela de urgência, que demanda a prova do requerente quanto ao

fumus boni juris (plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora (fundado receio de

que a outra parte, antes do julgamento da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil

reparação), ocorrendo esta última nas medidas cautelares, em regra.

78. Em outras palavras, pode-se dizer que na tutela de evidência o

periculum in mora não é oriundo da intenção do agente dilapidar seu patrimônio, visando

frustrar a reparação do dano, mas sim da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo

causado ao erário, o que atinge toda a coletividade.

79. O próprio legislador dispensa a demonstração do perigo de dano, em

vista da redação imperativa da Constituição Federal (art. 37, § 4º) e da própria Lei de

Improbidade (art. 7º).

80. Verifica-se no comando do art. 7º da Lei 8.429/1992 que a

indisponibilidade dos bens é cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios de

responsabilidade na prática de ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o

periculum in mora implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37,

§ 4º, da Constituição Federal.

81. O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade,

representada pelo requerente da medida de bloqueio de bens, porquanto o Superior Tribunal

de Justiça já pacificou o entendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade

patrimonial por imputação de conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito

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ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92.

82. Lapidar nesse sentido a elucidativa ementa abaixo reproduzida:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIALREPETITIVO. APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 543-CDO CPC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO.DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE DO ART. 7º DA LEI N. 8.429/1992,QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. MATÉRIA PACIFICADAPELA COLENDA PRIMEIRA SEÇÃO. 1. Tratam os autos de ação civil públicapromovida pelo Ministério Público Federal contra o ora recorrido, em virtude deimputação de atos de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/1992). 2. Emquestão está a exegese do art. 7º da Lei n. 8.429/1992 e a possibilidade de ojuízo decretar, cautelarmente, a indisponibilidade de bens do demandadoquando presentes fortes indícios de responsabilidade pela prática de atoímprobo que cause dano ao Erário. 3. A respeito do tema, a Colenda PrimeiraSeção deste Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial1.319.515/ES, de relatoria do em. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Relatorpara acórdão Ministro Mauro Campbell Marques (DJe 21/9/2012), reafirmou oentendimento consagrado em diversos precedentes (Recurso Especial1.256.232/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em19/9/2013, DJe 26/9/2013; Recurso Especial 1.343.371/AM, Rel. MinistroHerman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/4/2013, DJe 10/5/2013;Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 197.901/DF, Rel. MinistroTeori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 28/8/2012, DJe 6/9/2012;Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 20.853/SP, Rel. MinistroBenedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 21/6/2012, DJe 29/6/2012; eRecurso Especial 1.190.846/PI, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,julgado em 16/12/2010, DJe 10/2/2011) de que, "(...) no comando do art. 7º daLei 8.429/1992, verifica-se que a indisponibilidade dos bens é cabível quando ojulgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática deato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in moraimplícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37, §4º, da Constituição, segundo a qual 'os atos de improbidade administrativaimportarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, aindisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradaçãoprevistas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível'. O periculum in mora, emverdade, milita em favor da sociedade, representada pelo requerente da medidade bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou peloentendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial porimputação de conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito aocomando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92. Assim, a Lei de ImprobidadeAdministrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou dilapidaçãopatrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação dedados que tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução doproduto do enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo, buscou darefetividade à norma afastando o requisito da demonstração do periculum inmora (art. 823 do CPC), este, intrínseco a toda medida cautelar sumária (art.789 do CPC), admitindo que tal requisito seja presumido a preambular garantia

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de recuperação do patrimônio do público, da coletividade, bem assim doacréscimo patrimonial ilegalmente auferido". 4. Note-se que a compreensãoacima foi confirmada pela referida Seção, por ocasião do julgamento do AgravoRegimental nos Embargos de Divergência no Recurso Especial 1.315.092/RJ,Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 7/6/2013. 5. Portanto, a medidacautelar em exame, própria das ações regidas pela Lei de ImprobidadeAdministrativa, não está condicionada à comprovação de que o réu estejadilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que opericulum in mora encontra-se implícito no comando legal que rege, de formapeculiar, o sistema de cautelaridade na ação de improbidade administrativa,sendo possível ao juízo que preside a referida ação, fundamentadamente,decretar a indisponibilidade de bens do demandado, quando presentes fortesindícios da prática de atos de improbidade administrativa. 6. Recursos especiaisprovidos, a que restabelecida a decisão de primeiro grau, que determinou aindisponibilidade dos bens dos promovidos. 7. Acórdão sujeito ao regime do art.543-C do CPC e do art. 8º da Resolução n. 8/2008/STJ. (STJ, REsp1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ AcórdãoMinistro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe19/09/2014)

83. Destaque-se, ainda, que a indisponibilidade dos bens deve abranger

não só a estimativa do prejuízo ao erário, mas também o valor da multa passível de ser

fixada nos termos do art. 12 da Lei de Improbidade Administrativa, consoante orientação

definida pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento a seguir transcrito:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DOSPRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INDISPONIBILIDADE DEBENS. POSSIBILIDADE. DILAPIDAÇÃO PATRIMONIAL. PERICULUM INMORA PRESUMIDO NO ART. 7º DA LEI N. 8.429/92. INDIVIDUALIZAÇÃO DEBENS. DESNECESSIDADE. 1. O art. 7º da Lei n. 8.429/92 estabelece que"quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejarenriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável peloinquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bensdo indiciado. Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput desteartigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ousobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito". […] 4. EstaCorte Superior tem entendimento pacífico no sentido de que aindisponibilidade de bens deve recair sobre o patrimônio dos réus emação de improbidade administrativa, de modo suficiente a garantir ointegral ressarcimento de eventual prejuízo ao erário, levando-se emconsideração, ainda, o valor de possível multa civil como sançãoautônoma. […] 6. Em relação aos requisitos para a decretação da medidacautelar, é pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual opericulum in mora, em casos de indisponibilidade patrimonial porimputação ato de improbidade administrativa, é implícito ao comandonormativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92, ficando limitado o deferimentodesta medida acautelatória à verificação da verossimilhança dasalegações formuladas na inicial. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no

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REsp 1311013/RO. 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins. DJe 13/12/2012).

84. É oportuno repisar que a decretação da indisponibilidade dos bens não

ostenta qualquer caráter sancionatório, tampouco antecipa a culpabilidade do agente, pois,

como já dito, além da perene reversibilidade do provimento judicial que a deferir, o que se

busca com essa medida é assegurar a futura reparação dos danos.

85. Assim, com base no art. 7º e parágrafo único da lei nº 8.429/92, o MPF

requer a Vossa Excelência se digne, sem a oitiva da parte e liminarmente, determinar a

indisponibilidade dos bens dos requeridos Paulo César Pedroso e Luiz Carlos Silveira

prevista no art. 12, da Lei nº 8.429/92, prioritariamente mediante bloqueio pelo sistema

BacenJud e bloqueio de veículos pelo sistema RenaJud, até o julgamento definitivo do mérito

da causa, com o objetivo de assegurar o integral ressarcimento do dano causado ao patrimônio

público, bem como a quitação da provável multa a ser imposta quando da prolação da

sentença.

VI - DOS PEDIDOS

86. Ante a prática dos atos de improbidade narrados, postula o M INISTÉRIO

PÚBLICO FEDERAL:

1. com fundamento nos arts. 37, § 4º, da Constituição Federal de

1988 e 7º da Lei nº 8.429/92, a decretação da indisponibilidade

liminar dos bens dos requeridos, antes da notificação, mediante

bloqueio pelo sistema BacenJud, segundo os valores a seguir

individualizados:

1.1) PAULO CÉSAR PEDROSO, CPF n° (número suprimido para

fins de publicação), importância de R$ 4.291.088,63 (quatro

milhões, duzentos e noventa e um mil, oitenta e oito reais e

sessenta e três centavos), que diz respeito ao ressarcimento

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integral do dano R$ 1.472.228,511.472.228,51 (um milhão, quatrocentos e

setenta e dois mil, duzentos e vinte e oito reais e cinquenta e um

centavos), acrescido do valor de R$ 2.818.860,126 (dois milhões,

oitocentos e dezoito mil, oitocentos e sessenta reais e doze

centavos) que é a multa passível de ser estipulada nos termos do

art. 12, II, da Lei de Improbidade Administrativa (ATÉ DUAS

VEZES O VALOR DO DANO CAUSADO);

1.2) LUIZ CARLOS SILVEIRA, CPF n° (número suprimido para

fins de publicação), importância de R$ 3.296.205,21 (três

milhões, duzentos e noventa e seis mil, duzentos e cinco reais

e vinte e um centavos), que diz respeito ao ressarcimento integral

do dano R$ 1.098.735,07 (um milhão, noventa e oito mil,

setecentos e trinta e cinco reais e sete centavos), acrescido do

valor de R$ 2.197.470,14 (dois milhões, cento e noventa e sete mil,

quatrocentos e setenta reais e quatorze centavos) que é a multa

passível de ser estipulada nos termos do art. 12, II, da Lei de

Improbidade Administrativa (ATÉ DUAS VEZES O VALOR DO

DANO CAUSADO);

2. a decretação da indisponibilidade liminar dos veículos dos

REQUERIDOS, antes da notificação, mediante bloqueio pelo

sistema RENAJUD;

3. sejam expedidos ofícios ao Cartório de Registro de Imóveis de

Minaçu/GO e de Palmas/TO, local de residência dos requeridos;

4. Requer ainda que Vossa Excelência se digne a determinar a

indisponibilidade de bens imóveis em nome dos requeridos, com

6. Para cálculo do valor da multa, foram excluídos os valores dos benefícios já totalmente prescritos, mantendo-os apenasno pedido referente ao ressarcimento do dano, conforme indicação de notas 1 e 2 da tabela referente a Paulo CesarPedroso.

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comunicação aos cartórios através do sistema da Central Nacional

de Indisponibilidades do Conselho Nacional de Justiça;

5. que seja oficiada a Agência Goiana de Defesa Agropecuária

(AGRODEFESA) a fim de que seja informada da decretação de

indisponibilidade, bem como para que informe sobre a existência

de semoventes em nome dos requeridos e proíba a emissão de

autorizações de transporte de animais em seus nomes;

6. sejam oficiadas as Juntas Comerciais dos Estados de Goiás e

do Tocantins a fim de que anotem a indisponibilidade da cessão

das quotas de participação societárias de titularidade dos

requeridos;

7. a notificação dos requeridos, para, querendo, ofertar defesa

prévia, nos termos do § 7º do art. 17 da LIA;

8. o recebimento da inicial e o processamento do feito nos moldes

estabelecidos na Lei n. 8.429/92;

9. a citação dos demandados para apresentar(em) defesa, sob

pena do reconhecimento da revelia e confissão quanto à matéria

de fato;

10. não designação de audiência de conciliação, haja vista a

impossibilidade de se celebrar acordo, transação ou conciliação

em matéria de improbidade administrativa, conforme vedação

talhada no § 1º do art. 17 da Lei nº 8.429/92;

11. a intimação do INSS, por meio da Procuradoria Geral Federal

em Goiás7, para o fim disposto na redação do art. 17, § 3°, da Lei7 Escritório de Representação da PGF em Goiânia/GO - Rua 10, 718, Setor Oeste, Goiânia - GO - CEP 74120-020,telefone: (62) 3257-5100

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8.429/92;

12. a procedência dos pedidos, com a condenação dos réus nas

cominações do art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92, que se

mostrarem cabíveis;

13. a condenação dos réus no ônus da sucumbência;

14. a utilização, como prova emprestada, de todas as provas

produzidas na ação penal, especialmente a oitiva de testemunhas e

interrogatórios (CD com depoimentos de Oney José Rossini e Paulo

Roberto Taveira – Doc. 18).

87. O Ministério Público Federal indica como meios de prova todas aquelas

admitidas em direito e que se mostrarem necessárias ao pleno esclarecimento desse Juízo.

88. Atribui-se à causa o valor de R$ 7.587.293,84 (sete milhões, quinhentos

e oitenta e sete mil, duzentos e noventa e três reais e oitenta e quatro centavos).

Anápolis/GO, 12 julho de 2016.

RAFAEL PAULA PARREIRA COSTAP R O C U R A D O R D A R E P Ú B L I C A

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