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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NA BAHIA EXCELENTÍSSIMO JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DA BAHIA: Pedido de Providências URGENTE O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL vem, perante a respeitável presença de Vossa Excelência, por meio do Procurador Regional Eleitoral Auxiliar subscrito, no regular exercício de suas atribuições institucionais, pelo Procurador Regional Eleitoral que esta subscreve, vem, perante V. Exa., com fulcro no art. 41, §§ 1º e 2º, da Lei 9.504/97, formular o presente PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS com fundamento no exercício do PODER DE POLÍCIA em desfavor dos responsáveis – ainda não identificados – pela organização e promoção de propaganda eleitoral antecipada, a ser realizada em 24 de maio de 2018, a partir das 10:00h, no aeroporto Luís Eduardo Magalhães, Município de Salvador-BA, por meio de ato típico de campanha eleitoral, consistente na concentração de eleitores e realização de passeata em favor do pretenso candidato ao cargo de Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: 1 - DOS FATOS E DO DIREITO Rua Ivonne Silveira, 243, PR-BA - Doron CEP 41.194-015 - Salvador/BA – Tel. (71) 3373-7015

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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORALPROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL NA BAHIA

EXCELENTÍSSIMO JUIZ AUXILIAR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DABAHIA:

Pedido de Providências

URGENTE

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL vem, perante a

respeitável presença de Vossa Excelência, por meio do Procurador

Regional Eleitoral Auxiliar subscrito, no regular exercício de suas

atribuições institucionais, pelo Procurador Regional Eleitoral que

esta subscreve, vem, perante V. Exa., com fulcro no art. 41, §§ 1º e

2º, da Lei 9.504/97, formular o presente

PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS com fundamento no

exercício do PODER DE POLÍCIA

em desfavor dos responsáveis – ainda não identificados – pela

organização e promoção de propaganda eleitoral antecipada, a ser

realizada em 24 de maio de 2018, a partir das 10:00h, no aeroporto

Luís Eduardo Magalhães, Município de Salvador-BA, por meio de ato

típico de campanha eleitoral, consistente na concentração de

eleitores e realização de passeata em favor do pretenso candidato ao

cargo de Presidente da República Jair Messias Bolsonaro, pelas

razões de fato e de direito a seguir expostas:

1 - DOS FATOS E DO DIREITO

Rua Ivonne Silveira, 243, PR-BA - DoronCEP 41.194-015 - Salvador/BA – Tel. (71) 3373-7015

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Na data de hoje, 23/05/2018, esta Procuradoria Regional

Eleitoral tomou conhecimento, via aplicativo de mensagem eletrônica

(WhatsApp), de convocação de ato típico de campanha eleitoral, a ser

deflagrado no dia 24/05/2018, no município de Salvador, mediante

concentração de eleitores e realização de passeata em favor do

pretenso candidato ao cargo de Presidente da República Jair Messias

Bolsonaro – iniciativa que configura manifesta propaganda eleitoral

antecipada. Eis o arquivo digital divulgado:

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Registre-se que, nos termos do art. 36 da Lei

Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 (Lei das Eleições), “a

propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do

ano da eleição”, sendo, portanto, considerada ilícita a divulgação

de candidatura extemporânea.

Por seu turno, na pré-campanha de 2016, o TRE-BA

fixou o entendimento de que carreata com aglomeração de

eleitores caracteriza propaganda eleitoral antecipada, eis que

não se encontra prevista em nenhuma das hipóteses do artigo 36-

A da Lei das Eleições. Esse posicionamento, advirta-se, está

respaldado em diversos acórdãos desse Tribunal, tais como os de

nº 926 de 13/09/2017, nº 894 de 24/08/2017, nº 856 de 21/08/2017

e nº 285 de 10/04/2017.

No caso dos autos, a publicação indica que amanhã

– dia 24/05/2018 - será promovida a concentração de eleitores

para a recepcionar o anunciado pré-candidato ao cargo de

Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO, estando

subentendido a realização de carreata em favor do mesmo, o que

afronta as normas eleitorais anteriormente reproduzidas.

Muito embora o art. 36-A da Lei 9.504/97 tenha

admitido uma maior liberdade de expressão em prol do debate

público e das matérias de interesse da sociedade durante a

chamada pré-campanha, o fato é que nesta não pode o postulante à

candidatura valer-se de iniciativa que denota explícita

propaganda eleitoral. A passeata, em si, é ato próprio do

período regular de disputa eleitoral, e o que se pretende, no

caso, é evidenciar a grande “força eleitoral” do pretenso

candidato, constituindo-se, pois, em relevante instrumento de

captação de votos.

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Considerando a urgência que o caso reclama, ante a

potencialidade de ofensa à legislação eleitoral, torna-se

indispensável a adoção de medidas voltadas à provocação do

exercício do poder de polícia.

A legislação eleitoral confere poder de polícia aos

juízes e Tribunais eleitorais, permitindo a adoção imediata das

providências necessárias para a suspensão da conduta regular.

Nesse sentido, a previsão dos §§ 1º e 2º do art. 41 da Lei das

Eleições, in verbis:

“Art. 41. A propaganda exercida nos termos da

legislação eleitoral não poderá ser objeto de multa nem

cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia

ou de violação de postura municipal, casos em que se

deve proceder na forma prevista no art. 40. (Redação

dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral

será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes

designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais.

(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 2º O poder de polícia se restringe às providências

necessárias para inibir práticas ilegais, vedada a

censura prévia sobre o teor dos programas a serem

exibidos na televisão, no rádio ou na internet”.

(Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

O ordenamento jurídico confere, destarte, efetivos

poderes e competência plena à Justiça Eleitoral para determinar

a imediata cessação do ilícito, mesmo não sendo sua a

competência para o processo e julgamento de eventual

representação por propaganda irregular.

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Desse modo, a anunciada realização de ato típico de

campanha, por meio de passeata em favor do notório pré-candidato

JAIR MESSIAS BOLSONARO, caracteriza propaganda eleitoral

antecipada irregular, a ser coibida pelo Tribunal Regional

Eleitoral no regular exercício do poder de polícia.

2. - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a Procuradoria Regional Eleitoral requer

que esse Juízo Auxiliar:

I) no exercício do poder de polícia, determine as

providências necessárias para inibir a realização do evento,

previsto para ocorrer em 24 de maio de 2018, a partir das 10h,

no aeroporto Luis Eduardo Magalhães, município de Salvador/BA –

requisitando-se, inclusive, se necessário, o emprego de força

policial;

II) uma vez implementadas as medidas pertinentes, requer

sejam os autos remetidos ao TSE, a fim de que, naquele âmbito, a

Procuradoria-Geral Eleitoral patrocine a eventual ação cabível,

para fins de aplicação das penalidades eleitorais incidentes na

espécie.

Salvador-BA, 23 de maio de 2018.

SAMIR CABUS NACHEF JÚNIOR

Procurador Regional Eleitoral AuxiliarProcurador Regional Eleitoral Auxiliar

Rua Ivonne Silveira, 243, PR-BA - DoronCEP 41.194-015 - Salvador/BA – Tel. (71) 3373-7015