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Resumo do Governo da URSS Governo Stalin (1922-1953) Josef Stalin foi um político soviético, responsável pelo Stalinismo. Nascido em uma pequena cabana na cidadezinha georgiana de Gori, filho de uma costureira e de um sapateiro alcoólatra que frequentemente o espancava, o jovem Stalin teve uma infância triste e violenta. Pode-se debitar a esse sofrimento grande parte da personalidade implacável e tirânica que revelaria no futuro. Chegou a estudar em um colégio religioso de Tbilisi, capital georgiana, para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista. Mas logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o regime tzarista. Passou anos na prisão e, quando libertado, aliou-se a Vladimir Lenin e camaradas, que planejavam a Revolução Russa. Stalin chegou ao posto de Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século, transformando o país numa superpotência. Antes da Revolução Russa de 1917, Stalin era uma figura menor no interior do partido - era conhecido como "Camarada Fichário", por seu apego ao trabalho burocrático-, mas teve uma ascensão rápida, tornando-se em Novembro de 1922 o Secretário-geral do Comitê Central, um cargo que lhe deu uma base de poder para vir a exercer um regime ditatorial. Após a morte de Lenin, em 1924, tornou-se a figura dominante da política soviética. Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura, impondo uma violenta reorganização social. Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de terror. Como arquiteto do sistema totalitário soviético, destruiu as liberdades individuais e criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender, deportar e executar opositores em massa, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica. A ação persecutória de Stalin estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que ordenou o assassinato de Trotsky, então exilado no México. Desconfiando que as reformas econômicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Stalin dedicou-se, nos anos 30, a consolidar seu poder pessoal. Cínico, voluntarioso e mentalmente estreito, tratou de eliminar ou expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de tramar contra o dissidente de diversas maneiras: difamando-o e desacreditando-o perante a opinião pública, ou simplesmente encobrindo seu assassinato com uma morte acidental. Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado (São Petersburgo), apareceu morto. Foi o início de uma série de assassinatos e prisões que passou para a história como o "Grande Expurgo". Este se deu no período entre 1934 e 1937 no qual Stalin concedeu tratamento por vezes brutal a todos que tivessem a menor discordância em relação às suas diretrizes de governo. Entre os alvos mais destacados dessa perseguição, estava o Exército Vermelho: metade de seus oficiais acima da patente de major foi eliminada, inclusive treze dos quinze generais-de- exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação - injusta e caluniosa, como soube-se por investigação feita após a morte de Stalin - de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos forjados por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Stalin executou Tukhachevsky, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso Stalin enfraqueceu o comando militar soviético e mordeu a isca de Heydrich, o qual desejava debilitar a estrutura militar russa com vistas a um futuro ataque das tropas de Hitler. Em 23 de agosto de 1939, assinou com Hitler um pacto de não-agressão, que recebeu o nome dos Ministros do Exterior alemão e soviético. Stalin esperava ganhar tempo e reorganizar a força industrial-militar da qual a União Soviética não poderia prescindir com vistas a um confronto com a Alemanha Nazista. E Hitler estava ansioso por evitar um confronto imediato com os soviéticos, pois naquele momento ocupar-se-ia de Grã-Bretanha e França. Mas a invasão da União Soviética pelas forças alemãs, em 1941, levou-o a aliar-se ao Reino Unido e aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Sob a sua ferrenha direção, o exército soviético conseguiu fazer recuar os invasores - não sem perdas humanas terríveis - e ocupar terras na Europa Oriental, contribuindo decisivamente para a derrota da Alemanha Nazista. Com a sua esfera de influência alargada à metade oriental da Europa, Stalin foi uma personagem-chave do pós-guerra. Dominando países como a República Democrática Alemã, a Tchecoslováquia e a Romênia, estabeleceu a hegemonia soviética no Bloco de Leste e rivalizou com os Estados Unidos na liderança do mundo. Em 5 de março de 1953, veio a falecer devido a uma hemorragia cerebral. Seu corpo ficaria exposto no mesmo salão que Lenin - até que Nikita Kruschev, revisionista das práticas stalinistas, enterrou-o fora dos muros do Kremlin. Governo de Nikita Kruschev (1953-1964) "Políticos são iguais em todo lugar. Eles prometem construir pontes mesmo onde não há rios." A observação sagaz é de Nikita Kruschev, que se tornou um dos homens mais poderosos do mundo. Kruschev liderou a União Soviética de 1953 a 1964. Filho de camponeses, Nikita Kruschev nasceu numa cidade próxima à Ucrânia. Começou a trabalhar na indústria de mineração em 1909. Envolveu-se em atividades sindicais e ingressou no Partido Bolchevique em 1918. Trabalhou em várias funções políticas em Donbass e Kiev, organizando o partido comunista na Ucrânia. Em 1931 transferiu-se para Moscou e, em 1935, tornou-se primeiro secretário do comitê do partido da cidade de Moscou. Três anos depois, tornou-se o primeiro secretário do partido na Ucrânia. Durante a Segunda Guerra Mundial, Nikita Kruschev participou da batalha de Stalingrado e da libertação de Kiev. Em 1949, retornou a Moscou e encarregou-se da planificação agrícola de toda a União Soviética. Em 1953, com a morte de Joseph Stalin, Kruschev participou e venceu a disputa

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Resumo do Governo da URSS

Governo Stalin (1922-1953)

Josef Stalin foi um político soviético, responsável pelo Stalinismo. Nascido em uma pequena cabana na cidadezinha georgiana de Gori, filho de uma costureira e de um sapateiro alcoólatra que frequentemente o espancava, o jovem Stalin teve uma infância triste e violenta. Pode-se debitar a esse sofrimento grande parte da personalidade implacável e tirânica que revelaria no futuro. Chegou a estudar em um colégio religioso de Tbilisi, capital georgiana, para satisfazer os anseios de sua mãe, que queria vê-lo seminarista. Mas logo acabou enveredando pelas atividades revolucionárias contra o regime tzarista. Passou anos na prisão e, quando libertado, aliou-se a Vladimir Lenin e camaradas, que planejavam a Revolução Russa. Stalin chegou ao posto de Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética entre 1922 e 1953 e, por conseguinte, o chefe de Estado da URSS durante cerca de um quarto de século, transformando o país numa superpotência.

Antes da Revolução Russa de 1917, Stalin era uma figura menor no interior do partido - era conhecido como "Camarada Fichário", por seu apego ao trabalho burocrático-, mas teve uma ascensão rápida, tornando-se em Novembro de 1922 o Secretário-geral do Comitê Central, um cargo que lhe deu uma base de poder para vir a exercer um regime ditatorial.

Após a morte de Lenin, em 1924, tornou-se a figura dominante da política soviética. Em 1928 iniciou um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura, impondo uma violenta

reorganização social. Nos anos 30 consolidou a sua posição através de uma política de terror. Como arquiteto do sistema totalitário soviético, destruiu as liberdades individuais e criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender, deportar e executar opositores em massa, ao mesmo tempo que cultivava o culto da personalidade como arma ideológica. A ação persecutória de Stalin estendeu-se mesmo a território estrangeiro, uma vez que ordenou o assassinato de Trotsky, então exilado no México.

Desconfiando que as reformas econômicas que implantara produziam descontentamento entre a população, Stalin dedicou-se, nos anos 30, a consolidar seu poder pessoal. Cínico, voluntarioso e mentalmente estreito, tratou de eliminar ou expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável desse ponto de vista, ele se encarregava de tramar contra o dissidente de diversas maneiras: difamando-o e desacreditando-o perante a opinião pública, ou simplesmente encobrindo seu assassinato com uma morte acidental. Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado (São Petersburgo), apareceu morto. Foi o início de uma série de assassinatos e prisões que passou para a história como o "Grande Expurgo".

Este se deu no período entre 1934 e 1937 no qual Stalin concedeu tratamento por vezes brutal a todos que tivessem a menor discordância em relação às suas diretrizes de governo. Entre os alvos mais destacados dessa perseguição, estava o Exército Vermelho: metade de seus oficiais acima da patente de major foi eliminada, inclusive treze dos quinze generais-de-exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas. Sofreu a acusação - injusta e caluniosa, como soube-se por investigação feita após a morte de Stalin - de ser agente do serviço secreto alemão. Com base em documentos forjados por Reinhard Heydrich, chefe do Serviço de Segurança das SS, Stalin executou Tukhachevsky, além de deportar muitos outros para a Sibéria. Com isso Stalin enfraqueceu o comando militar soviético e mordeu a isca de Heydrich, o qual desejava debilitar a estrutura militar russa com vistas a um futuro ataque das tropas de Hitler.

Em 23 de agosto de 1939, assinou com Hitler um pacto de não-agressão, que recebeu o nome dos Ministros do Exterior alemão e soviético. Stalin esperava ganhar tempo e reorganizar a força industrial-militar da qual a União Soviética não poderia prescindir com vistas a um confronto com a Alemanha Nazista. E Hitler estava ansioso por evitar um confronto imediato com os soviéticos, pois naquele momento ocupar-se-ia de Grã-Bretanha e França. Mas a invasão da União Soviética pelas forças alemãs, em 1941, levou-o a aliar-se ao Reino Unido e aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Sob a sua ferrenha direção, o exército soviético conseguiu fazer recuar os invasores - não sem perdas humanas terríveis - e ocupar terras na Europa Oriental, contribuindo decisivamente para a derrota da Alemanha Nazista.

Com a sua esfera de influência alargada à metade oriental da Europa, Stalin foi uma personagem-chave do pós-guerra. Dominando países como a República Democrática Alemã, a Tchecoslováquia e a Romênia, estabeleceu a hegemonia soviética no Bloco de Leste e rivalizou com os Estados Unidos na liderança do mundo. Em 5 de março de 1953, veio a falecer devido a uma hemorragia cerebral. Seu corpo ficaria exposto no mesmo salão que Lenin - até que Nikita Kruschev, revisionista das práticas stalinistas, enterrou-o fora dos muros do Kremlin.

Governo de Nikita Kruschev (1953-1964)

"Políticos são iguais em todo lugar. Eles prometem construir pontes mesmo onde não há rios." A observação sagaz é de Nikita Kruschev, que se tornou um dos homens mais poderosos do mundo. Kruschev liderou a União Soviética de 1953 a 1964.

Filho de camponeses, Nikita Kruschev nasceu numa cidade próxima à Ucrânia. Começou a trabalhar na indústria de mineração em 1909. Envolveu-se em atividades sindicais e ingressou no Partido Bolchevique em 1918. Trabalhou em várias funções políticas em Donbass e Kiev, organizando o partido comunista na Ucrânia.

Em 1931 transferiu-se para Moscou e, em 1935, tornou-se primeiro secretário do comitê do partido da cidade de Moscou. Três anos depois, tornou-se o primeiro secretário do partido na Ucrânia. Durante a Segunda Guerra Mundial, Nikita Kruschev participou da batalha de Stalingrado e da libertação de Kiev. Em 1949, retornou a Moscou e encarregou-se da planificação agrícola de toda a União Soviética. Em 1953, com a morte de Joseph Stalin, Kruschev participou e venceu a disputa

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interna pela sucessão do ditador, tornando-se líder do Partido Comunista. Tomou algumas medidas que desagradaram o partido. Denunciou o culto à personalidade no governo de Stalin e os crimes cometidos durante os expurgos.

A partir de 1956, Kruschev passou a ser o líder supremo da União Soviética. Seu governo caracterizou-se por uma relativa liberalização e pela tentativa de melhorar o nível econômico da população. Na política externa, Kruschev enfrentou momentos de tensão em encontros com o presidente norte-americano Eisenhower, em 1959, e no ano seguinte quando se reuniu com John F. Kennedy. A política de distensão sofreu impacto quando Kruschev ordenou a construção do Muro de Berlim, para impedir a evasão de pessoas para a parte ocidental da cidade alemã, sob influência soviética.

Em 1962 Kruschev tentou instalar mísseis em Cuba, sob o pretexto de conter uma eventual ofensiva norte-americana. O fato causou pânico na opinião pública mundial, e ficou conhecido como "Crise dos Mísseis". Dois anos mais tarde, Nikita Kruschev foi afastado do poder e substituído por Leonid Brejnev. Passou os últimos anos de vida distante da política, isolado em prisão domiciliar.

Governo de Leonid Brejnev (1953-1982)

A Doutrina Brejnev, chamada também de Teoria da Soberania Limitada, ou simplesmente Brejnevismo foi um conjunto de teorias socialistas criado por Leonid Ilitch Brejnev (1906-1982), em adaptação, revisionismo, e modernização do Marxismo-leninismo, para governar a União Soviética, tanto na política externa quanto internamente, durante a segunda metade do século, uma vez que a Rússia havia mudado muito desde as teorias de Lênin, e muito mais ainda desde as teorias de Marx e Engels. Esta doutrina também é considerada "neo-stalinista", por ser expansionista, agressiva, defender o culto da personalidade e a burocracia no estado. A doutrina fora primeiramente utilizada em 1968, durante as manifestações democráticas e libertárias na Tchecoslováquia, durante a chamada "Primavera de Praga", pois entre outras coisas, defende a hegemonia soviética no mundo comunista. Na prática, a doutrina limitou a independência de partidos comunistas em todo o mundo, não permitiu a saída de qualquer estado do Pacto de Varsóvia, estabeleceu o monopólio político do Partido Comunista, elevou o nível econômico das massas, a população inteira se encontrava no patamar da classe média americana, em exceção de 2,5% do povo, que estava abaixo deste nível; apenas 1,5% da população estava abaixo do nível de pobreza. Esta doutrina, apesar de envocar a paz, causou diversas guerras em nome da hegemonia soviética, entre elas se encontram as bem sucedidas revoluções socialistasem Angola e Moçambique, a invasão do Afeganistão a pedido do governo, a Guerra do Vietnã, o apoio à Indira Gandhi na Guerra do Paquistão, contra os Estados Unidos e China, e outros golpes fracassados em demais localidades (Belize, Guatemala, Congo, Benim e outros).

Diante do movimento Primavera de Praga, Leonid Brejnev criou a doutrina, na qual defendia principalmente, entre outras coisas, que um Estado socialista poderia interferir nos assuntos de outro Estado, com a finalidade de preservar o socialismo. Ele acreditava, que o país deveria intervir nos assuntos internos de seus aliados, acabar com a corrupção e privilégios de membros do partido, bloquear correntes ideológicas contrárias ao comunismo, e invadir os inimigos se necessário. Com esta doutrina, Brejnev transformou a URSS em uma das maiores potências militares do mundo, com o maior grau de poder e influência, além de ter levado seu povo à um alto grau de bem-estar socialista jamais visto em seu país, mas ao mesmo tempo, ao fim de seu mandato, e já com a saúde debilitada, mergulhou em uma crise tão profunda e sem precedentes, que acabou deixando aos seus sucessores uma verdadeira bomba na economia, Iuri Andropov e Konstantin Chernenko fizeram uma boa administração em relação a crise econômica no país, que se recuperava bem, mas a posse do poder soviético nas mãos do revisionista e ainda jovem e inexperiente Mikhail Gorbachov, que quando ministro da agricultura durante o governo Brejnev percebeu que era necessária uma mudança profunda na economia, representou um perigo na gestão do país, que apenas se endividou ainda mais e que em meio a revoltas e manifestações populares, precisou usar do capitalismo para se salvar.

Na década de 70, devido ao alto custo dos armamentos e de um atraso tecnológico crescente, enfrentou uma paralisação no crescimento econômico da URSS; mesmo assim, em 1979, ordenou a invasão do Afeganistão, numa primeira investida fora dos países do Pacto de Varsóvia, que se transformou numa espécie de Vietnã soviético, durando os combates até 1989, em plena Era Gorbatchev. Ela foi usada pelos dois sucessores de Brejnev em seus breves governos, o de Andropov e de Thernenko, e mais tarde substituída por uma doutrina extremamente contraria e infiel ao pensamento de Brejnev, a Doutrina Sinatra, derivada da canção do artista "My Way" (Meu Rumo), enfatizando que cada país deveria seguir seu próprio rumo.

Governo de Mikhail Gorbatchev (1985-1991) Eleito secretário-geral do Partido Comunista em março de 1985, Mikhail Gorbatchev, preocupado com a desaceleração

do crescimento econômico e com o atraso tecnológico da URSS, desencadeia, em 1986, a glasnost e a perestroika, que, como ele próprio reconhece depois, definem o que deve ser destruído e mudado, mas não o que deve ser construído no lugar das estruturas antigas.

A perestroika, ou reestruturação econômica, consiste num projeto ambicioso de reintrodução dos mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade privada em diferentes setores e retomada do crescimento. A perestroika visa liquidar os monopólios estatais, descentralizar as decisões empresariais e criar setores industriais, comerciais e de serviços em mãos de proprietários privados nacionais e estrangeiros.

O Estado continua como principal proprietário, mas é permitida a propriedade privada em setores secundários da produção de bens de consumo, comércio varejista e serviços não-essenciais. Na agricultura é permitido o arrendamento de

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terras estatais e cooperativas por grupos familiares e indivíduos. A retomada do crescimento é projetada por meio da conversão de indústrias militares em civis, voltadas para a produção de bens de consumo, e de investimentos estrangeiros.

A glasnost, ou transparência política, desencadeada paralelamente ao anúncio da perestroika, é considerada essencial para mudar a mentalidade social, liquidar a burocracia e criar uma vontade política nacional de realizar as reformas. Abrange o fim da perseguição aos dissidentes políticos, marcada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Andrei Sakharov, em 1986, e inclui campanhas contra a corrupção e a ineficiência administrativa, realizadas com a intervenção ativa dos meios de comunicação e a crescente participação da população. Avança ainda na liberalização cultural, com a liberação de obras proibidas, a permissão para a publicação de uma nova safra de obras literárias críticas ao regime e a liberdade de imprensa, caracterizada pelo número crescente de jornais e programas de rádio e TV que abrem espaço às críticas. Com essas reformas ocorrem movimentos que Gorbatchov não consegue controlar, conduzindo de uma grave crise econômica, social e política, à sua própria queda, em 1991, e à desintegração da União Soviética.

Na política externa, Gorbatchev, inaugurou um estilo dinâmico e comunicativo, multiplicando os apelos ao desarmamento. Não se opõe às mudanças que afetaram a Europa do Leste a partir do final de 1989 e aceitou a unificação da Alemanha, assinando o tratado de Moscou em setembro de 1990.

Em dezembro de 1990, Gorbatchev reforça seus poderes presidências e se aproxima a uma nova equipe conservadora que tentou derrubá-lo através de um golpe de Estado em agosto de 1991. O fracasso dessa tentativa provocou o desmantelamento da URSS. Os reformistas, liderados por Yeltsin, passaram a representar a principal força política. Restabelecido em suas funções, Gorbatchev se demitiu da secretaria do Partido Comunista, que foi suspensa dois dias depois. Reivindicando a instituição de uma nova União de Estados Independentes que garantisse a manutenção de um sistema comum de defesa e de trocas econômicas, Gorbatchev abandonou seus poderes em favor dos presidentes das repúblicas, que decidiram pela extinção da URSS e pela formação de uma Comunidade de Estados Independentes em dezembro de 1991. As mudanças do Leste Europeu

A "era Gorbatchev" logo provocou um novo comportamento político nos países do Leste Europeu. Multiplicaram-se os movimentos democráticos na Hungria e na Tchecoslováquia. Na Polônia, o Solidariedade passou à ofensiva e reconquistou a legalidade. Mas foi na Alemanha, em 1989, que aconteceram as transformações mais expressivas. Aproveitando o clima de abertura, milhares de alemães-orientais começaram a deixar o país, a partir de agosto de 1989. Na Alemanha Oriental, o dirigente Erick Honecker ainda tentou conter o ímpeto de mudanças no país. Mandou reprimir algumas manifestações mas foi desencorajado por Gorbatchev durante os festejos, em Berlim, do 40° aniversário de fundação da República Democrática Alemã, em outubro de 1989.

Na noite de 9 de novembro de 1989, depois de crescentes manifestações que obrigaram o regime da RDA (Alemanha Oriental) a capitular, milhares de alemães começaram a demolir o Muro de Berlim que separava a ex-capital da Alemanha desde 1961. Enquanto isto se sucediam as transições, ora pacíficas (como na Tchecoslováquia e Hungria) ora violentas (como na Romênia e na Iugoslávia) dos regimes comunistas para os democráticos. O desmoronamento da parte ocidental do Bloco Soviético, os então chamados países-satélites, deu o fim ao Pacto de Varsóvia e ao seu sistema defensivo, corroendo, dois anos depois, a própria estrutura interna da URSS.Hungria e Polônia se tornam livres em 1990, a Tchecoslováquia divide-se em duas: República Tcheca e Eslováquia em 1991, através da Revolução de Veludo. Em 1980, com a morte de Josef Broz Tito, na Iugoslávia, esta começa a se desintegrar devido a rivalidades étnicas, religiosas, históricas, culturais e territoriais, coisas estas que Tito soube contornar dando ao poder central o rodízio entre as etnias diferentes e que com sua morte veio à tona, explodindo em separações e guerras civis étnicas violentas , assim surgem a Croácia, Eslovênia, Bósnia –Herzegovina e Macedônia (Sérvia, Montenegro e as regiões de Vojvodina e Kosovo constituem o que sobrou da Iugoslávia), porém o conflito ainda não acabou e poderá explodir novamente.

Salazarismo

Entre os anos de 1926 e 1928, o povo português chegou ao limite de suas insatisfações sociais, e foi o que fez com que a elite apoiasse uma estruturalização ditatorial. O que facilitou para que Antônio de Oliveira Salazar chegasse ao poder e implantasse o que se chamou de Estado Novo.

O Salazarismo e Salazar

Uma guerra mundial (a Segunda) projetou-o; uma guerra regional (a africana) esfacelou-o Entre as duas jogou, esgotou (perspicaz na política externa, redutor na interna) a existência. Quando morreu, a 27 de Julho de 1970, era um dos homens mais sós, mais áridos que o Estado português gerou em toda a sua história. Uma das realizações mais intrigantes que ele nos deixou, foi a do seu mito. Personagem de ficção (odiosa para uns, fascinante para outros) foi-a construindo, deixou-a construir com vagar e habilidade, através de encenações progressivas de sombras e luzes, excessos e despojamentos, inocências e perversidades invulgares. Tudo imaginou, arquitetou, dirigiu: gestos, palavras, marcações, adereços, sombras, marketing, comportamentos, austeridades, inacessibilidades. O seu não era um teatro de palco, mas de bastidores, não de tribunas, mas de cortinas.

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Salazar fez da intolerância anticomunista uma obsessão. A estratégia por si delineada a partir da guerra de Espanha alargou, no entanto, a influência de Portugal, e evitou que a Península entrasse (ao convencer Franco a apoiá-lo) no conflito mundial subsequente. Distanciando-se das grandes potências da época, seguiu uma política própria, aos ziguezagues, entre os interesses, as pressões dos beligerantes. Não gosta de nenhum dos líderes que, de um lado e do outro, se combatem. Hitler e Mussolini eram-lhe, pela extravagância das suas imagens, desagradáveis; Chruchill e Roosevelt eram-lhe, pelo excesso do seu poder, insuportável. Nos apóia, no entanto, sem grandes disfarces, pelo anticomunismo que assumem. Distribui ajudas (a preservação do império exigia-o) aos dois lados. A ambos vende volfrâmio, cordialidades e distanciamentos. Jura fidelidade aos ingleses, mas adia-lhes os Açores; manifesta simpatias a Hitler, mas recebe judeus perseguidos por ele.

Desenvolvendo uma «neutralidade colaborante com ambos, Salazar procurou que a Península fosse uma reserva na balança do conflito. Só assim os seus regimes poderiam sobreviver-lhe. Pessimista como todos os totalitários, não confia na bondade natural do ser humano, nem na sua evolução. Acha mesmo que os sistemas permissivos (as democracias) fazem emergir, com tempo, o lado mais egoísta e nefasto do indivíduo. A sua filosofia governativa assenta num pressuposto básico: as massas não gostam de mudanças. Desenvolvendo-o, imobiliza o país, imobiliza-se no país. Deixa, no entanto, alguns colaboradores terem a ilusão de que inovam, de que modernizam. Quando tem de enfrentar o público amedronta-se, sente vertigens, dores de cabeça, a voz e as pernas – um defeito num pé obriga-o, aliás, a usar botas confeccionadas propositadamente para si. Distanciou-se por igual, serviu-se por igual de todos: católicos, ateus, intelectuais, artistas, militares, democratas.

Trabalhou com maçons, mas ilegalizou-lhes o Grande Oriente Lusitano; defendeu espírita, mas interditou-lhes a Federação; homenageou monárquico, mas impediu-lhes a restauração do trono; conviveu com homossexuais, mas deixou-os serem perseguidos; apoiou republicano, mas sonegou-lhes a democracia. A intriga da política, a manipulação das pessoas, estimulam-no. Salazar não nutre ilusões: o verdadeiro conhecimento é iniciado pelas elites, não de massas. Às massas basta ler, escrever, contar; basta o folclore, as procissões, o futebol, as viagens, as romarias, os cafés, a rádio e, síntese suprema, a televisão – os concursos, as revistas, as marchas, os desportos, os exotismos, os sentimentalismos da televisão.

Em vida semivegetativa, após sofrer um hematoma que o leva a ser substituído por Marcello Caetano, Salazar protagoniza uma das encenações mais espantosas da nossa história: durante meses, repete o papel de presidente do Conselho, faz reuniões de Governo, dá entrevistas, concede audiências. Os seus antigos colaboradores, a ir a despacho, a mostrar-lhe projetos, a pedir-lhe conselhos. Há, no entanto, quem afirme que ele fingia: impotente para mudar a situação, simulava que não a percebia – alimentando um dos mistérios mais surpreendentes dos seus muitos mistérios. Ele foi o estadista que mais poder deteve, por mais tempo, nos últimos séculos em Portugal.

Salazar e a Igreja Católica

A Igreja e os católicos em geral acolheram o advento do Estado Novo com uma benevolente e confiante expectativa, quando não mesmo com entusiasmo declarado. Ambos se haviam batido de forma bem organizada durante toda a 1ª República, pela liberdade religiosa, melhor, pela sua liberdade religiosa, e pelo reconhecimento da igreja e das suas atividades, tanto na metrópole como no ultramar. Salazar oferecia à maioria dos católicos, pela posição que detinha no governo e pelo ascendente que tinha no regime, garantias de vir a resolver as pretensões católicas quer em matéria de política religiosa quer em matéria de política social, se bem que nem todos os católicos pareciam avaliar uniformemente essa garantia.

No entanto, Salazar vai querer ter um certo domínio sobre a Instituição Católica, tanto que na imprensa da época, vão saindo artigos que denotam aceitação dessas diretrizes ideológicas de Salazar. Ou seja, começa a poder observar-se que Salazar irá fazer tudo para poder dominar a Igreja Católica, tendo consciência, contudo, que necessita das Elites Católicas, para manter o seu poder no tempo. A resposta que anteriormente citamos, dada a Cerejeira, não é de fato um afastamento institucional em relação à Igreja por parte do Estado, mas sim uma forma de publicamente Salazar dizer às Elites, através do seu futuro líder nacional, que Salazar é que dispunha do poder de elaborar diretrizes e suas execuções.

Note-se que enquanto dispositivo tático, a moral católica funciona no discurso salazarista como a instância disciplinar perfeita, mecanismo este que Salazar utilizará com perícia única, tocando de forma psicológica profunda as características de uma Sociedade tendencialmente rural, onde os valores como Família e a obediência da Família a um discurso moralizador católico se sobrepunham de forma perfeita. É aqui que Salazar vai manobrar de forma excepcional, utilizando os elementos da religião católica, em primeira instância, como algo parecido a "comissários políticos". Por todo o país, e praticamente todos os padres do interior de Portugal eram informadores da PIDE/DGS, até à utilização da própria moral Católica como sustentáculo de uma política num sentido de fechado nacionalismo e imobilismo cultural, ou seja: Deus, Pátria, Família. E nos anos quarenta pode ler-se na Imprensa Católica: "Pretende-se tornar cristão o corporativismo português, para que dure e seja justo".Isto não passa da oficialização pública do catolicismo como forma ou mecanismo auxiliar de Salazar para se manter no poder, através da manutenção da instituição mais importante do Salazarismo, o Sistema Corporativo. E é evidente que isto teria obrigatoriamente um preço para Salazar. É bom realçar que Salazar detém um mecanismo de poder sobre a Igreja católica, extremamente poderosa, se bem que por vezes minimizado por muitos. O direito de objeção à nomeação de Bispos, foi sem dúvida um discreto, mas eficaz instrumento de influência sobre a hierarquia da Igreja.

A revisão da Constituição de 1951 é de fato o ato marcante, e aquele que mais objetivamente podemos assinalar como um compromisso jurídico entre o Estado Novo e a Igreja Católica Portuguesa, pois se trata do reconhecimento do confessionalismo da nação, com o reconhecimento civil e jurídico das associações religiosas, até aí, incondicional, condicionando-o à prática dentro de território nacional. Foi assim limitada em princípio à liberdade religiosa para as confissões não católicas. Sendo este um dos fatos que mais marcará a sociedade portuguesa pós-salazarismo.

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Independência e guerra civil da Angola

Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de abril de 1974), abriram-se perspectivas imediatas para a independência de Angola. O novo governo revolucionário português abriu negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, janeiro de 1975).

A independência de Angola não foi o início da paz, mas o início de uma nova guerra aberta. Muito antes do Dia da Independência, a 11 de novembro de 1975, já os três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.

A União Soviética e principalmente Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e algumas outras regiões da costa, nomeadamente o Lobito e Benguela. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de outubro de 1975).

A África do Sul apoiava a UNITA e invadiu Angola (9 de agosto de 1975). O Zaire, que apoiava a FNLA, invadiu também este país, em Julho de 1975. A FNLA contava também com o apoio da China, mercenários portugueses e ingleses mas também com o apoio da África do Sul.

Os EUA, que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardaram a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola. Em outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se e o MPLA conseguiu formar um governo socialista uni-partidário.

O Brasil rapidamente estabeleceu relações diplomáticas com a nova República que se instalara. Fez isso antes mesmo de qualquer país do bloco comunista. Nenhum país ocidental ou mesmo africano seguiu o seu exemplo. A decisão de reconhecer como legítimo o governo de Agostinho Neto foi tomada pelo então presidente Ernesto Geisel ainda em 6 de novembro, antes da data oficial de Independência de Angola.

Já em 1976, as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legítimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul. No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 800 mil portugueses abandonaram este país entre 1974 e 1976, o que agravou de forma dramática a situação econômica. A 27 Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeou um golpe de Estado que ficou conhecido como Fraccionismo, terminando num banho de sangue que se prolongou por dois anos. Em dezembro, no rescaldo do golpe, o MPLA realizou o seu 1º Congresso, onde se proclamou como sendo um partido Marxista-Leninista, adoptando o nome de MPLA-Partido do Trabalho.

A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo antimarxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.

No início da década de 1980, o número de mortos e refugiados não parou de aumentar. As infraestruturas do país eram consecutivamente destruídas. Os ataques da África do Sul não paravam. Em agosto de 1981, lançaram a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O governo da África do Sul justificou a sua ação afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma ação de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi assinado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.

A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucederam-se em Angola os acordos de paz entre a UNITA e o MPLA, seguidos do recomeço das hostilidades. Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabeleceram uma nova trégua. A paz apenas durou dois meses.

Em fins de predefinição o governo de Angola anunciou o reinício das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o Chefe de Estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelerou o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução de reformas democráticas no país. A 11 de maio de 1991, o governo publicou uma lei que autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de maio os últimos cubanos saíram de Angola.

Em 31 de maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebraram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminando com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte. As eleições de setembro de 1992, deram a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos) não reconheceu os resultados eleitorais. Quase de imediato sucedeu-se um banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado, primeiro em Luanda, mas alastrando-se rapidamente ao restante território.

A UNITA restabeleceu primeiramente a sua capital no Planalto Central com sede no Huambo (antiga Nova Lisboa), no leste e norte diamantífero. Em 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas embargou as transferências de armas e

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petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras.

Em novembro de 1994, celebrou-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A paz parecia mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.

Entretanto o Ocidente passara a apoiar o governo do MPLA, o que marcou o declínio militar e político da UNITA, com este movimento a ter cada vez mais dificuldades em financiar as suas compras militares, perante o avanço no terreno das FAA, e dado o embargo internacional e diplomático a que se viu votada.

Em dezembro de 1998, Angola retornou ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

Com a morte do líder histórico da UNITA, este movimento iniciou negociações com o Governo de Angola com vista à deposição das armas, deixando de ser um movimento armado, e assumindo-se como mera força política