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1 USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS NO BAIXO CURSO DO RIO PARANAPANEMA: conflitos e potencialidades da aplicação do Código Florestal Diogo Laercio Gonçalves Mestrando em Geografia- FCT/UNESP [email protected] Prof. Dr. Messias Modesto dos Passos Programa de Pós-Graduação em Geografia FCT/UNESP [email protected] 1. INTRODUÇÃO O presente estudo tem como o foco principal o uso e ocupação das terras ao longo do tempo, mais especificamente a partir da segunda metade do século XX até os dias atuais, na planície aluvial do baixo curso do rio Paranapanema, no trecho entre o reservatório da UHE Rosana, até a confluência com o rio Paraná. Ao longo do período citado, a área passou por diversas modificações principalmente após a construção da Usina Hidrelétrica de Rosana, sendo cenário de discussões sobre o uso e ocupação das terras e o cumprimento da legislação ambiental pertinente. Neste contexto a análise desta pesquisa traz à tona a gestão ambiental e o manejo sustentável da área em consonância com a população local e o Código Florestal Brasileiro. Como ponto de partida, teremos o município de Rosana além do distrito de Porto Primavera, construído como alojamento para os trabalhadores a UHE Eng.º Sérgio Motta no rio Paraná. Vamos diagnosticar-prognosticar as transformações históricas e a dinâmica atual da paisagem no período de 1950 até os dias atuais, notadamente as mudanças motivadas pela construção das usinas hidrelétricas além da criação do município de Rosana e distrito de Porto Primavera.

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USO E OCUPAÇÃO DAS TERRAS NO BAIXO CURSO DO RIO

PARANAPANEMA: conflitos e potencialidades da aplicação do Código Florestal

Diogo Laercio Gonçalves

Mestrando em Geografia- FCT/UNESP

[email protected]

Prof. Dr. Messias Modesto dos Passos

Programa de Pós-Graduação em Geografia FCT/UNESP

[email protected]

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como o foco principal o uso e ocupação das terras ao

longo do tempo, mais especificamente a partir da segunda metade do século XX até os

dias atuais, na planície aluvial do baixo curso do rio Paranapanema, no trecho entre o

reservatório da UHE Rosana, até a confluência com o rio Paraná.

Ao longo do período citado, a área passou por diversas modificações

principalmente após a construção da Usina Hidrelétrica de Rosana, sendo cenário de

discussões sobre o uso e ocupação das terras e o cumprimento da legislação ambiental

pertinente. Neste contexto a análise desta pesquisa traz à tona a gestão ambiental e o

manejo sustentável da área em consonância com a população local e o Código Florestal

Brasileiro.

Como ponto de partida, teremos o município de Rosana além do distrito de Porto

Primavera, construído como alojamento para os trabalhadores a UHE Eng.º Sérgio

Motta no rio Paraná. Vamos diagnosticar-prognosticar as transformações históricas e a

dinâmica atual da paisagem no período de 1950 até os dias atuais, notadamente as

mudanças motivadas pela construção das usinas hidrelétricas além da criação do

município de Rosana e distrito de Porto Primavera.

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Além disso, trataremos da questão dos conflitos e potencialidades da aplicação

do Código Florestal Brasileiro, tendo em consideração as mudanças ocorridas

recentemente. Pode-se afirmar que a crescente preocupação com o meio ambiente

alinhado às novas diretrizes legislativas vem motivando cada vez mais o debate em

relação à preservação da natureza através do ordenamento territorial e notadamente a

gestão ambiental. Mudanças recentes na legislação ambiental brasileira, trazem um

novo viés principalmente no que diz respeito à proteção e a conservação dos recursos

hídricos, através das Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais, como

forma de garantir a sustentabilidade.

A partir deste trabalho, busca-se o entendimento do uso e ocupação das terras

nesta importante porção do Estado de São Paulo, bem como a imprescindível análise e

planejamento ambiental, levando em consideração a proposta de implantação de um

corredor ecológico na várzea do rio Paranapanema, interligado a partir das Áreas de

Preservação Permanente, além das Reservas Legais ali existentes.

Neste contexto, a implantação de um corredor ecológico nesta área do rio

Paranapanema poderá interligar-se com o Corredor da Biodiversidade do rio Paraná, já

que a mesma área é definida como prioritária no projeto do corredor, principalmente por

contar com a Estação Ecológica do Caiuá no município de Diamante do Norte-PR (IAP-

DIBAP,2009) próximo a UHE Rosana, onde anteriormente funcionava o alojamento

dos trabalhadores da usina, na divisa entre os estados do Paraná e São Paulo.

Sendo assim, a proposta de um corredor ecológico nesta área, poderá ir de

acordo com os atuais proprietários das terras, bem como para outros proprietários que

em negociata adquiram estas terras a fim de averbar as reservas legais que não foram

possíveis alojá-las no interior de sua propriedade original.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o contexto histórico do processo de uso e ocupação das terras na

planície aluvial do rio Paranapanema em seu baixo curso entre o reservatório da UHE

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Rosana até a confluência com o rio Paraná, identificando as Áreas de Preservação

Permanente e Reserva Legal, com o intuito de formular uma proposta de instalação de

um corredor ecológico no local que possa ser interligando ao Corredor da

Biodiversidade do Rio Paraná.

2.2 Objetivos Específicos

• Identificar o processo de uso e ocupação das terras e a mudança da paisagem na

área de estudo fazendo um comparativo entre o antes e o depois da instalação da

UHE Rosana;

• Caracterização da planície aluvial do rio Paranapanema em seu baixo curso no

trecho entre o reservatório da UHE Rosana até sua confluência com o rio Paraná,

identificando e analisando as Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal

a partir das leis 12.651/2012 e 12.727/2012;

• Elaborar propostas para a instalação de um corredor ecológico na área de estudo,

como uma alternativa sustentável, englobando as áreas de APP e RL.

3. METODOLOGIA:

O presente estudo está sendo realizado a partir de uma ampla revisão

bibliográfica sobre temas como: Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal,

Corredores Ecológicos. Ambos de acordo com o Código Florestal Brasileiro, Conselho

Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) além do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC), além de outros autores que tratam do tema como Antunes (2004)

e Veronese (2009).

A caracterização da área de estudo está sendo feita a partir do uso das imagens

do satélite WorldView2 além do satélite ALOS, ambas disponíveis na UNESP, por

meio do Grupo de Pesquisa Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial (GADIS).

Também estão sendo utilizadas imagens históricas do satélite LANDSAT,

disponibilizadas a partir do site o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Além disso, dados e informações disponíveis em órgãos públicos, tais como o Instituto

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Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Geológico do Brasil (CPRM),

Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Florestal do Estado de São Paulo,

entre outros.

A sistematização dos dados cartográficos, está sendo realizada em escala

1:25.000 organizados em uma ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG),

através da utilização dos softwares SPRING, ArcGIS 10.1, dentre outros, permitindo a

análise da paisagem em estudo a partir dos produtos cartográficos, utilizando as

metodologias, tais como: Lang e Blaschke (2009), Silva e Zaidan (2004) e (2011),

Florenzano (2008), Passos (2006, 2007 e 2011), Bertrand e Bertrand (2009) e Rodriguez

e Silva (2010)

Para o levantamento histórico do uso e ocupação das terras na planície aluvial do

rio Paranapanema no trecho entre o reservatório da UHE Rosana, até sua confluência

com o rio Paraná, está sendo realizada uma pesquisa documental a partir de dados

disponibilizados pelas empresas: Companhia Energética de São Paulo, Duke Energy

Brasil, além da Imobiliária e Colonizadora Camargo Corrêa e Ribeiro S.A, responsável

pela divisão dos lotes para a construção do município de Rosana. Também servirão de

base para esta pesquisa, jornais, revistas dentre outros meios de comunicação estaduais

e regionais e municipais que abordaram a questão do uso e ocupação das terras na área

de estudo através da sua historicidade e também dados do Instituto de Pesquisas

Ecológicas (IPÊ)

Além disso, estão sendo realizados trabalhos de campo para a elaboração de

produtos cartográficos. Verifica-se assim, com a realização dos trabalhos de campo

buscar interpretar e analisar a paisagem local a partir das metodologias de Bertrand e

Bertrand (2009), compreendendo uso e ocupação das terras na área de estudo.

3.1 - Os levantamentos fitossociológicos

No estudo da paisagem, a vegetação torna-se indispensável, sendo um dos fatores

chaves para compreender a paisagem do ponto de vista da escala humana. Além disso,

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como apontam Piroli, Passos e Melo (2007), podemos também apurar quais foram os

passos do homem ao longo de sua História, tendo em vista que todas as atividades

produtivas geradas pelo homem inicia-se com ataque direto a vegetação.

Em suma, a dinâmica da paisagem não deve ser compreendida sem a evolução

histórica das formações vegetais, onde ambas devem ser analisadas e estudadas

concomitantemente para que assim a durante o processo de organização do espaço

obtenha-se o máximo de rendimento e o mínimo de exploração, da paisagem e

vegetação atual (PIROLI, PASSOS E MELO,2007).

A avaliação da vegetação é feita em etapas: na primeira a partir de imagens de

satélite georreferenciadas, e em seguida por meio da confirmação das informações a

campo. O procedimento consiste da obtenção das coordenadas de cada local com ou

sem vegetação e da conferência no campo para avaliação da qualidade da informação

obtida da imagem e para criação de modelos que possibilitem a interpretação automática

das imagens de satélite. Na mesma verificação a campo é observada a situação das

matas ciliares e do corpo d´água, levando-se em consideração a qualidade da vegetação

(espécies presentes e variedade), o estágio sucessional da mesma, o acesso de animais, a

existência de plantações nas áreas de preservação permanente (APP), a presença de

erosões próximas ou no barranco e o grau de assoreamento dos corpos d´água.

A consequência prática deste trabalho será o desenvolvimento de instrumentos

para o embasamento e viabilização de um futuro programa de recuperação de matas

ciliares de abrangência regional e de longo prazo. A estratégia para a viabilização deste

programa deverá contemplar atividades de capacitação, educação ambiental e

treinamento dos agentes envolvidos no processo.

A partir das informações históricas é possível traçar os comparativos,

confrontando os dados da área de estudo antes e depois do enchimento do lago para a

construção da Usina Hidrelétrica de Rosana, na década de 1980, levando também em

consideração os dados da década de 1950 que demonstram como tal área foi ocupada.

Os dados deste levantamento estão sendo sistematizados em tabelas, gráficos,

mapas dentre outros visando elaborar propostas de gestão ambiental e desenvolvimento

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sustentável para a área de estudo, a fim de despertar um olhar mais atento dos gestores e

da população em relação à questão ambiental.

4. RESULTADOS PRELIMINARES:

As áreas de várzea ou planícies de inundação, constituem a forma mais comum

de sedimentação fluvial sendo encontrada em rios de todas as grandezas. Sua formação

é dada basicamente por aluviões e depósitos sedimentares provenientes do canal fluvial.

É nessas áreas onde em épocas de cheia a elevação do nível da água é atingida,

inundando as áreas baixas marginais (CHRISTOFOLETTI,1980).

De fato, os ecossistemas de várzea apresentam características fundamentais para

a manutenção de várias espécies, tanto que exigem legislações específicas para sua

proteção. Neste contexto, as áreas de várzeas de rios de maiores grandezas como no

caso do Paraná e Paranapanema, apresentam inúmeras espécies muitas delas ameaçadas

de extinção, como a ariranha e o jacaré-de-papo-amarelo e etc.

De acordo com Boin (2005) apud Jardim (2009), a várzea constitui uma faixa de

largura variável ao longo dos rios o que forma a planície de inundação. É nesta área que

está envolvida dois períodos distintos, a vazante (período de menor volume d’água) e a

enchente, período onde as águas transbordam para a planície de inundação (Figura 1). A

partir desta característica natural entre enchente e vazante que o ecossistema de várzea

apresenta sua unicidade.

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Sobre as características geográficas específicas da várzea do rio Paranapanema,

Leite (1998) discorre:

As colinas areníticas perdem sua altitude, em direção sul, onde aparece o “varjão do rio Paranapanema”, cuja largura varia, alcançando cinco quilômetros, pouco antes do encontro com o rio Paraná. São várzeas planas e inundáveis durante os meses chuvosos de verão. Constituem-nas solos hidromórficos, aluvionais, apresentando características de melhor qualidade, porém ainda subaproveitados no que respeita à agricultura (LEITE, 1998).

A partir das informações coletadas, tendo como base os trabalhos realizados pela

Promotoria de Justiça Regional do Meio Ambiente do Pontal do Paranapanema do

Ministério Público Estadual, foi realizado até o momento uma avaliação preliminar da

área de várzea tendo como base a imagem do satélite WordView2 de 2012, com

resolução de 50 cm, identificando e caracterizando o ecossistema de várzea.

As informações geradas pelo SIG remetem a área em períodos de vazante onde é

possível investigar melhor a várzea observando a faixa da planície de inundação pelas

cores mais escuras, devido à presença de solos hidromórficos e/ou aluviais. A

topografia plana, também permite uma melhor análise da paisagem, identificando os

Figura 1 - Esquema geral de um ecossistema de várzea Fonte: Boin (2004)

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Figura 2 - Caracterização Ambiental Preliminar do "Varjão" do Rio Paranapanema.

pontos de fragmentos de mata, além de alguns pontos de pastagem, áreas alagadas e de

vegetação característica de várzea, como podemos ver no mapa a seguir:

As áreas de fragmento de matas, apresentam espécies nativas da área, algumas

remanescentes e outras de reflorestamento feitos ela Companhia Energética de São

Paulo (CESP) como compensação ambiental pela construção das hidrelétricas de

Rosana e Porto Primavera (Eng.º Sérgio Motta).

Já nas áreas alagadas, apresentam espelhos d’água, e áreas de brejos com

vegetação aquática tais como taboa, brachiaria, sesbania sp, subquadripara, aguapé,

junco-manso, baceiro, escalracho, canarana-rasteira, entre outras. (PITELLI et. al, 2012)

As características é sempre herbáceo-arbustivas, com folhagem pequena, e algumas com

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pequenas flores como no caso da sesbania sp, muito encontrada no local pela

característica de suas flores amarelas, indicando a presença de áreas úmidas, alagáveis

que formam os espelhos d’água, apresentando também a presença de solos

hidromórficos.

Com relação as áreas de vegetação de várzea, estas são caracterizadas como

vegetação campestre, com espécies herbáceo- arbustiva atingindo porte variado sendo

vegetações típicas de solos hidromórficos. Nas áreas de campo sujo, são encontradas

vegetações de solos rasos, como o predomínio de gramíneas e espécies arbóreas de

pequeno porte e de madeira mole.

Ainda nas áreas de campo sujo, é notório a presença de gado nas épocas de

vazante, além disso, nas áreas mais próximas do urbano na faixa marginal entre o

distrito de Porto Primavera e a cidade de Rosana, onde se encontra o bairro Campinho,

são encontradas algumas áreas de pastagem. Outra porção territorial de pastagem é

encontrada na área do “Pontalzinho” próximo ao encontro dos rios, onde é encontrada

algumas pousadas, ranchos e chácaras.

Ao longo do tempo, inúmeras foram as atividades econômicas desenvolvidas

neste trecho, tais como: criação de búfalos, plantio de arroz, entre outras atividades

propícias às terras alagadas. Entretanto, a retirada da cobertura vegetal para estas

atividades econômicas prejudicaram a biodiversidade presente na área.

A exuberância da natureza é uma das principais características do município de

Rosana, visão esta que levou muitos geógrafos a pesquisar a área considerando um polo

turístico no estado de São Paulo, devido suas semelhanças com o Pantanal (LEITE,

1998). Esse fator se deve principalmente pela espécies encontradas nas várzeas dos dois

grandes rios como aponta Jardim (2009):

Nas planícies de inundação dos rios Paraná e Paranapanema podem ser encontradas diversas espécies típicas desse ecossistema como o cervo-do-pantanal, capivaras, jacaré-do-papo-amarelo, tuiuiús, cabeças secas, graças e colhereiros. Também podemos encontrar cobras-d’água, sucuris e jibóias e um grande número de aves migratórias como os maçaricos e garças. (JARDIM, 2009)

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Como podemos observar, muitas dessas espécies apresentam características

típicas do pantanal, a proximidade com o pantanal sul-mato-grossense pode ser um dos

fatores responsáveis por esse feito. Muitas espécies também foram extintas no local

devido a construção das hidrelétricas, com o alagamento dos rios para a construção das

represas para a geração de energia.

Em suma, os resultados apontados até aqui, demonstram uma caracterização

ambiental preliminar da área de estudo da pesquisa em andamento sendo que a mesma

está sendo servida de base para a elaboração de propostas de ordenamento territorial e

de planejamento e gestão ambiental por meio da recomposição das Áreas de

Preservação Permanentes, além da instalação de Reservas Legais, juntamente com o

apoio da população local, tendo em vista a instalação de um Corredor Ecológico que

interligue as APP e as RL com o corredor da Biodiversidade do rio Paraná, aumentando

o fluxo da fauna e flora local, além de contribuir para os recursos hídricos e a ictiofauna.

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