Uva - Estudo Antioxidante

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  • 8/7/2019 Uva - Estudo Antioxidante

    1/14

    Quim. Nova, Vol. 32, No. 3, 689-702, 2009

    *e-mail: [email protected]

    Fontes vegetais naturais de antioxidantes

    al Cbl ol, i B vlm Ml ol Fc gl*Instituto de Qumica e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas, 57072-970 Macei - AL, BrasilCc al slCentro de Cincias Agrrias, Universidade Federal de Alagoas, 57100-000 Rio Largo - AL, Brasilel J Hq BchDepartamento de Bioqumica, Instituto de Qumica, Universidade de So Paulo, 05508-000 So Paulo - SP/Departamento de Cincias e daTerra, Universidade Federal de So Paulo, 09972-270 Diadema - SP, BrasilM t sll t

    Departamento de Qumica Orgnica e Inorgnica, Universidade Federal do Cear, 60451-970 Fortaleza - CE, Brasil

    Recebido em 19/1/09; aceito em 17/3/09; publicado na web em 2/4/09

    VEGETALS AS NATURAL SOURCES OF ANTIOXIDANTS. Growing knowledge on the health-promoting impact o antioxidantsin everyday oods, combined with the assumption that a number o common synthetic preservatives may have hazardous side eectshas led to increased investigations in the eld o natural antioxidants, principally those ound in plants. Food industries normally

    discard plant residues that could benet the human health and diminish undesirable environmental impact. Once estimated thecontent o antioxidants in these residues, advantageous economical and social alternatives to the discard are possible, or example,their use or preparation o nutraceuticals to be oered to low-income populations. We present here a broad, although not complete,account o the continuously growing knowledge on the antioxidant capacity o whole ruits, seeds and peels, cereals, vegetal oils andaromatic plants, at several physical orms, as well as a description o the usual methods or evaluating their antioxidant capacity andexamples o agroindustrial processes that could be harnessed or the production o antioxidant supplement ood, along with researchperspectives in the area.

    Keywords: oxidative stress; antioxidant capacity; agroindustrial wastes.

    introduo

    H atores de diversas ordens associados ao estresse redox, como:hbitos de vida considerados inapropriados (consumo de lcool,tabagismo, dieta inadequada, exerccio sico realizado de ormaextrema e exposio radiao no ionizante ultravioleta e outrasondas curtas); condies ambientais imprprias (temperatura elevadae poluio ambiental, domiciliar e ocupacional); envelhecimento eestados psicolgicos que provoquem estresse emocional. H tambmpatologias crnicas (diabetes mellitus, hipertenso arterial, cncer,entre outras) e patologias degenerativas (Mal de Alzheimer e Mal deParkinson) associadas ao estresse redox.1

    Estresse redox comumente denido como o desequilbrio entre aproduo de espcies reativas de oxignio, nitrognio e enxore, entreoutras, e a remoo destas pelos sistemas qumicos e enzimticos de

    deesa antioxidante e, tambm, pelo reparo enzimtico das biomo-lculas lesadas.2,3 As espcies reativas mais estudadas nos sistemasbiolgicos incluem as espcies reativas de oxignio, as espciesreativas de nitrognio, os radicais derivados de tiis (RS), as espciesreativas de cloro, as espcies reativas de carbono e complexos demetais de transio, principalmente Fe, Cu, Mn e Cr.1,3,4

    Outros ons metlicos, sem atividade redox direta, tambm podemaetar o balano oxidativo, como os ons de metais pesados (Pb, Cd)e trivalentes (Bi, Al), que so capazes de se ligar ortemente aos gru-pos osatos dos osolipdios de membranas celulares, diminuindosua fuidez e, consequentemente, aumentando sua peroxibilidade.Na medida em que ons divalentes (Mg, Ca, Zn) so coatores deprotenas e enzimas envolvidas na maquinaria redox celular, estestambm podem aetar o balano oxidativo.1

    Espcies reativas incluem, em cada grupo, no s os radicais(O

    2, OH, NO), mas tambm intermedirios neutros ou carregados

    (H2O2, ONOO

    ) e outras espcies capazes de ormar radicais livresno organismo humano (1O

    2*, O

    3, Fe, Cu).1,4

    Dentre os antioxidantes enzimticos mais estudados, destacam-seas superxido dismutases, consideradas como a linha de rente dedeesa antioxidante, embora possam exibir atividade peroxidsica,na presena de excesso de H

    2O

    2; destacam-se tambm a catalase e as

    glutationas peroxidases, encarregadas de reduzir perxidos geradoresde radicais OH e OR, respectivamente.3

    Quanto aos antioxidantes de baixo peso molecular (antioxidantesqumicos), devem-se incluir algumas vitaminas (C, E e A), outrosprodutos naturais (ex.: carotenoides, favonoides, outros polienois,uranoides e tiis) e produtos sintticos (ex.: Ebselen,N-acetilcistenae Trolox). interessante notar que espcies carbonlicas no estado

    triplete, produzidas na termlise de dioxetanos e dismutao deradicais alcoxilas e peroxilas, ormadas com altos rendimentosdurante a peroxidao lipdica e outras oxidaes biolgicas, tmsido negligenciadas na literatura apesar de, in vitro, terem exibidoreatividade similar de radicais alcoxila.5,6

    Espcies reativas so ormadas continuamente durante os pro-cessos metablicos normais ou patognicos ou so provenientesde ontes exgenas sicas e qumicas. Tais espcies atuam comomediadores da transerncia de eltrons e em vrios processos bio-qumicos,7 como a agocitose, enmeno em que espcies reativas deoxignio, H

    2O

    2,ClO e 1O

    2*, so produzidas para eliminar o agente

    agressor por oxidao. Porm, quando em concentrao excedenteao normal, essas espcies podem causar duas categorias de eeitospotencialmente importantes: a) danos celulares, ao atacar membra-

    nas, protenas, polissacardeos e cidos nucleicos, com consequentealterao uncional e prejuzo das unes vitais em diversos tecidos

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    de Oliveira et al.690 Quim. Nova

    - adiposo, vascular e cerebral, e rgos, como msculo e gado, 8ocasionando eventualmente algumas doenas,3,9-11 e b) ativao decaminhos de sinalizao especcos.4,12,13

    Estudos epidemiolgicos tm mostrado que dietas ricas em rutase verduras esto associadas a uma menor incidncia de doenas cr-nicas e degenerativas,14-18 embora prova denitiva de que suplementosantioxidantes possam prevenir doenas crnicas no tenha sido obtida

    ou consistentemente suportada pelos testes de interveno encon-trados na literatura. H muita controvrsia nessa rea de pesquisa,indicando a necessidade de obteno de evidncias inequvocas arespeito da eccia, segurana e dosagem apropriada de antioxidantesem relao a doenas crnicas.19 Assim, apesar de no haver compro-vao cientca denitiva, prudente e aconselhvel, em termos desade pblica, aumentar o consumo de alimentos vegetais 19 e seguiruma dieta similar denominada dieta do Mediterrneo.20

    Um dos principais aspectos relacionados ao eeito protetor dessesalimentos tem sido atribudo, em parte, presena de compostosantioxidantes, dentre os quais se destacam os compostos enlicos,alm dos bem conhecidos -caroteno, vitamina C e vitamina E.21-23

    O termo antioxidante tem natureza multiconceitual. No entanto,de maneira geral e no contexto deste trabalho, antioxidante pode

    ser denido como uma amlia heterognea de molculas naturais,que, presentes em baixas concentraes, comparativamente s bio-molculas que supostamente protegeriam, podem prevenir ou reduzira extenso do dano oxidativo.1,24

    Antioxidantes de baixo peso molecular podem ser sintetizadosno prprio organismo ou ser oriundos da dieta. Esto presentes emnmero e concentrao maiores que os antioxidantes enzimticose distribudos em ambientes lipolicos e hidrolicos. Nenhum an-tioxidante, isoladamente, rene todas as caractersticas de um bomantioxidante,25 assim descritas: deve ser um composto biolgiconaturalmente presente em tecidos animais; deve ser ativo na proteode molculas de protenas e lipdios; deve ter uma boa biodisponi-bilidade, aps administrao oral e parenteral; deve ter meia-vida

    longa; deve ser ativo no espao intra e extracelular e, deve ser capazde cruzar a membrana celular intacto.Mais especicamente, antioxidantes agem nos organismos vivos

    por meio de dierentes mecanismos. Dentre estes, podem ser citados:a complexao de ons metlicos, a captura de radicais livres, a de-composio de perxidos, a inibio de enzimas responsveis pelagerao de espcies reativas de oxignio e nitrognio e a modulaode vias sinalizadoras celulares.23

    A pesquisa de mtodos reveladores e conveis para detecoprecoce e preveno de alteraes no equilbrio redox celular e detecidos especcos, por meio da anlise de biomarcadores, reveste-se, atualmente, de orte interesse cientco e clnico.3 O desenvolvi-mento crescente de tcnicas de ressonncia magntica nuclear de altaresoluo, de ressonncia paramagntica de spin e da sntese de spin

    traps (capturadores de spin), das vrias modalidades instrumentais etcnicas de espectrometria de massas, de imageamento com sondasfuorescentes, associadas a tcnicas de separao com alta resolu-o (cromatograa lquida de alta ecincia e eletroorese capilar)tm crucial importncia na anlise destes parmetros.26 De possedesses dados, busca-se compreender os mecanismos molecularesque sublinham o estresse redox e propor medicamentos ou alterna-tivas nutricionais (alimentos ou nutrientes especcos) que possamdiminuir a ao deletria dessas espcies reativas sobre a sade dapopulao humana.27-30

    Em termos alimentares, a deteriorao de leos e gorduras responsvel pelos odores e sabores ranosos, com consequente decrs-cimo da qualidade e segurana nutricionais, causado pela ormao

    de produtos secundrios, potencialmente txicos. Assim, a adio deantioxidantes requerida para preservar sabor e odor, alm de evitar

    a destruio de vitaminas. Dentre os antioxidantes sintticos maisutilizados para preservar alimentos, constam o hidroxianisol butilado(BHA), o hidroxitolueno butilado (BHT), o galato de propila, a terc-butil-hidroquinona e os sorbatos (2,4-hexadienoatos).31 A substituiode antioxidantes sintticos por naturais pode apresentar vantagensdevido a implicaes na rea de sade e na uncionalidade. Nota-se,por exemplo, que a maior solubilidade dos antioxidantes naturais

    tanto em gua como em leo til na preparao de emulses e ou-tras ormulaes, como os hidrogis.31 Na utilizao de antioxidantesnaturais, h vantagem tambm no nvel preservacionista, na medidaem que as indstrias alimentcias produzem resduos que poderiamter um destino muito mais benco, avorecendo o homem e o meioambiente. Por exemplo, muitos rutos comestveis so processadospara abricao de sucos naturais, sucos concentrados, doces emconserva, polpas e extratos. Esses rutos possuem sementes e cascas,ontes naturais de antioxidantes, que so muitas vezes descartadas emvez de serem utilizadas, evitando o desperdcio de alimentos.

    Dessa orma, no presente artigo, apresenta-se ampla, emborano completa, reviso bibliogrca da capacidade antioxidante dedeterminados produtos de origem vegetal, como rutas, sementes,cereais, leos e plantas aromticas, em sua totalidade ou de partes

    dos mesmos, sob diversas ormas de processamento.Descrevem-se, tambm, os principais mtodos de anlise da

    capacidade antioxidante rente aos oxidantes biolgicos mais reativos,mostrando exemplos de aproveitamento de vegetais, como os resduosagroindustriais, e abordam-se questes dietticas da suplementaocom os antioxidantes.

    Fontes naturais de antioxidantes

    F

    Antioxidantes, como a vitamina C, a vitamina E, os carotenoidese favonoides, esto presentes como constituintes dietticos.23,32A Ta-

    bela 1 lista rutas e derivados como ontes naturais de antioxidantes.Vrios aspectos relativos aos antioxidantes naturais tm sido objetode investigao.33-42 Levando-se em considerao a intererncia deaspectos qumicos e sicos, estudos mostram a infuncia do processa-mento e do tempo de armazenamento sobre o contedo de polienisem morangos.39 Aps a colheita, muitas rutas e vegetais perdem seusantioxidantes e o modo de acondicionamento utilizando citocininasleva a mudanas, principalmente nos alimentos com alta capacidadeermentativa, como o brcolis.40 Klimczak e colaboradores41 avalia-ram o eeito da estocagem no contedo de polienis, vitamina C ea atividade antioxidante de sucos comerciais de laranja.

    v, hl mp

    Vrios estudos tm evidenciado o potencial antioxidante de umalarga variedade de vegetais (Tabela 2).43-45

    Bb

    Vinhos contm uma ampla variedade de compostos polienlicos,em especial resveratrol e seus derivados (Tabela 3).46,47 De Beer ecolaboradores47 avaliaram o contedo de enis e cido ascrbico,alm de pesquisarem a inibio da peroxidao lipdica in vitro devinhos tinto e branco produzidos no sul da rica. Alm de vinhos,estudos registram a atividade antioxidante em outros tipos de bebidasalcolicas, como licor e cerveja.48,49 Ch verde e ch preto tm sidoextensivamente estudados quanto s propriedades antioxidantes rente

    a uma variedade de espcies reativas.

    50,51

    Turkmen e colaboradores

    52

    estudaram o eeito do tipo de solvente utilizado no processo de

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    Fontes vegetais naturais de antioxidantes 691Vol. 32, No. 3

    tbl 1. Frutas e derivados como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Framboesa, amora preta, groselha vermelha,groselha espinhosa e cereja

    Dentre as rutas estudadas, a cereja considerada aquela com maior onte deantioxidantes, podendo ser empregada como suplemento alimentar.

    33

    Ameixa, morango, carambola, goiaba, uva,ma, manga, kiwi, melo, mamo, abacate,

    coco, melancia, banana, laranja, sapoti, rambu-tan, entre outras

    A capacidade antioxidante das rutas estudadas variou de acordo com a espcie,de 0,06% para sapoti at 70,2% para rambutan.

    34

    Baguau e jambolo O extrato metanlico do baguau apresentou elevado contedo de enis (896,7mg 100 g-1) quando comparado com outros rutos em bagas e, tambm, com ojambolo (229,6 mg 100 g-1).

    35

    Laranja, ma, abacaxi e uva A vitamina C oi responsvel por grande parte da capacidade antioxidante nosuco de laranja e menos que 5% no suco da ma e abacaxi. Nestes ltimos, amaior contribuio oi decorrente da quantidade de enis.

    36

    Polpa congelada de amora, uva, aa, goiaba,acerola, morango, abacaxi, manga, graviola,cupuau e maracuj

    As polpas congeladas de acerola, aa e morango oram as que apresentaram osmaiores valores de enis: 580,1; 136,8 e 132,1 mg 100 g-1, respectivamente.

    35

    Mangas Todos os extratos (casca, sementes, olhas e cascas de rutas) dos 16 cultivares

    oram analisados quanto sua alta capacidade antioxidativa, baseada no ensaioHX/XO. Os compostos enlicos: mangierina, penta-O-galoil-glicosdeo,cido glico e galato de metila oram tambm avaliados por DPPH, FRAPe ORAC. A mangierina apresentou-se em maior concentrao nas olhasjovens de Coit (172 g/kg), casca de Momika (107 g/kg) e em olhas velhasde Itamarak (94 g/kg).

    37

    Manga Doze favonoides e xantonas oram identicados em polpas, cascas e caroo.A polpa, casca e caroo da variedade Ub apresentaram elevada atividadeantioxidante.

    38

    Morangos Estocados entre 5 ou 10 C mostraram elevada capacidade antioxidante,contedo total de enis e antocianinas, quando comparados com aquelesestocados a 0 C.

    39

    Brcolis O modo de acondicionamento utilizando citocininas, leva a mudanas, princi-

    palmente, nos alimentos com alta capacidade ermentativa, como brcolis.

    40

    Sucos comerciais de laranja Observou-se diminuio no contedo de polienois e vitamina C aps estoca-gem, o que se refetiu na diminuio da capacidade antioxidante das amostrasestudadas.

    41

    Polpa e sementes de rom Os extratos aquosos, tanto da polpa quanto das sementes, apresentaram asmaiores porcentagens de inibio da oxidao: 87,31 e 93,08%, respectiva-mente.

    42

    tbl 2. Verduras e hortalias como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Couve, espinare, cenoura e cebola Cebola e espinare apresentaram a maior capacidade antioxidante quando

    comparados com os outros vegetais estudados.

    43

    Alace Demonstrou-se que a alace pode servir como onte diettica natural de anti-oxidantes de natureza enlica.

    44

    Alace crespa, lisa, batata inglesa, cebolabranca e roxa, cenoura e chuchu

    Ao antioxidante moderada (60-70%) oi exibida pelos extratos da alacelisa, cebola branca e couve-for, enquanto que os do chuchu, cenoura, pepino,tomate e vagem, com atividade inerior a 60%, oram considerados com racaao antioxidante.

    45

    extrao sobre o contedo de enis e a capacidade antioxidante dech preto e ch mate, na Turquia (Tabela 3).

    Pl mp

    A Tabela 4 lista vrios dos estudos eitos a partir de plantas e

    temperos. Muitos dos princpios ativos em plantas medicinais socompostos enlicos. Existe um grande nmero de trabalhos naliteratura que descrevem a atividade antioxidante de ervas, plantasmedicinais e temperos.54-66

    Em particular, o plen apcola um aglomerado de plen de foresde vrias ontes vegetais, que coletado pelas abelhas e misturado

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    com nctar e secrees das glndulas hipoaringeanas, que contm asenzimas e b-glicosidase. Este aglomerado contm nutrientes, comocarboidratos, protenas, aminocidos, lipdios, vitaminas e minerais,alm de carotenoides, favonoides e tosteris, o que justica a suautilizao como alimento alternativo e/ou suplemento alimentar.Plens apcolas mostraram-se altamente promissores, devido suaalta capacidade antioxidante.54

    No menos interessantes oram os achados do grupo de E. Car-

    lini60

    sobre a elevada proteo antioxidante cerebral de extratos daplanta n-de-cachorro (Hereropteris aphrodisiaca), administradosa ratos velhos e a ratos jovens, sendo ento comparados os resultadosde cada grupo de animais. Essa planta largamente empregada namedicina popular brasileira como tnico e contra debilidade geral dosistema motor e das capacidades mentais, e supostamente dotadade propriedades estimulantes e arodisacas.60

    As propriedades antioxidantes dos extratos de alecrim (Rosma-rinus ocinalis, Labiatae) tm recebido considervel ateno. Naindstria de alimentos, seus eeitos antioxidantes tm se mostradosuperiores aos do antioxidante sinttico BHA e semelhantes aos doBHT. Comercialmente, tem sido usado em combinao com toco-eris, observando-se sinergismo entre o alecrim e o -tocoerol (oextrato de alecrim regenera o tocoerol).62

    sm

    Sementes so ontes alternativas naturais de antioxidantes (Ta-bela 5).67-73

    F

    O grande interesse na substituio de antioxidantes alimentaressintticos por naturais despertou intensa procura por materiais vege-tais brutos para a identicao de novos antioxidantes. As reaes deoxidao no so de interesse exclusivo das indstrias alimentcias,na medida em que infuenciam a produo de outros bens oxidveis,

    como cosmticos, armacuticos e plsticos. Moure e colaborado-res32 publicaram uma reviso abordando a extrao de compostos

    antioxidantes (principalmente polienis) de resduos industriais e daagroindstria, nos quais identicaram importantes antioxidantes.

    A Tabela 6 rene resultados de ontes naturais atrativas de antioxi-dantes a partir de resduos da agricultura e da indstria alimentcia.74-93Algumas caractersticas especiais so especicadas, a seguir.

    interessante notar que o estado redox de cascas de ma variaconorme os dierentes gentipos, o tempo e o tipo de estocagem.85Ainda em relao a resduos de cascas de rutas, Ajila e colaboradores86

    estudaram compostos bioativos e o potencial antioxidante de extratosprovenientes da casca de manga, relatando uma alta atividade antio-xidante, segundo dierentes sistemas de medida. Eles sugeriram, emuno desta importante propriedade, o uso de casca de manga comonutracutico e para alimentos uncionais. Outro importante desdobra-mento desta utilizao o reaproveitamento da casca de manga, umdos mais artos resduos produzidos durante o processamento da rutae que, se no utilizado adequadamente, acaba contribuindo para apoluio ambiental. Somado a isso, Ajila e Prasada Rao87 avaliaram aproteo do extrato da casca de manga contra o estresse redox induzidopelo perxido de hidrognio em eritrcitos de ratos.

    Okonogi e colaboradores89 avaliaram a capacidade antioxidantee a citotoxicidade de resduos de cascas de dierentes rutas: Punicagranatum (rom), Nephelium lappaceum (rambutam) e Garcinia

    mangostana (mangosto), que poderiam ser aproveitados devido aogrande potencial antioxidante.

    Alternativas economicamente vantajosas, por meio da exploraocompleta do contedo antioxidante de resduos de rutas tropicais debricas de sucos, oram estudadas. Assim, extratos metanlicos dearinhas de resduos de acerola, maracuj e abacaxi oram avaliadosquanto sua capacidade antioxidante. Para isso, oram analisados ocontedo total de enis, a capacidade antioxidante rente aos radicaisDPPH e nion radical superxido, e o eeito de proteo peroxidaoda membrana lipdica, causada pelo radical peroxila dos extratos me-tanlicos das arinhas. Nesta ltima anlise, um modelo de membranabilamelar osolipdica com uma sonda fuorescente oi usado.

    Os resultados para o contedo total de enis dos extratos me-

    tanlicos das arinhas de resduos de acerola, maracuj e abacaxioram 94,6 7,4, 41,2 4,2 e 9,1 1,3 mg de equivalentes de cido

    tbl 3. Bebidas como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes naturais de antioxidantes Principais resultados Re.

    Vinhos tinto e branco Foi observado que o vinho tinto apresenta uma proteo maior quanto per-oxidao lipdica, e isto oi atribudo principalmente ao contedo de enisdas amostras analisadas.

    47

    Licor de noz verde A capacidade antioxidante do licor analisado apresentou correlao direta com

    o contedo total de enis, total de taninos e no taninos. O estudo mostrouainda no haver dierena signicativa entre licores com tempos de armaze-namento dierentes.

    48

    Cerveja Foi capaz de induzir aumento signicativo da capacidade antioxidante do plasma1 h aps ingesto, retornando aos nveis basais, 2 h depois.

    49

    Ch preto e ch verde Extratos aquosos de chs preto e verde mostraram ao capturadora de esp-cies reativas de oxignio, como o oxignio singleto, nion-radical superxidoe radical hidroxila.

    50

    Ch preto O ch preto mostra aes de inibio da gerao de espcies reativas, alm desequestro das mesmas e quelao de metais de transio, aes essas atribudas,em grande parte, ao contedo de catequinas.

    51

    Ch preto e ch mate Uma mistura contendo 15% do extrato etanlico do ch mate e 50% do ex-

    trato de ch preto em acetona apresentou grande atividade antioxidante. Osresultados mostraram que solventes com dierentes polaridades apresentameeito signicativo sobre o contedo de enis e a capacidade antioxidante dasamostras analisadas.

    52

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    Fontes vegetais naturais de antioxidantes 693Vol. 32, No. 3

    glico/g de extrato seco, respectivamente. A arinha de resduo deacerola mostrou o maior contedo de enis e capacidade antioxidanterente ao radical DPPH. A arinha de maracuj mostrou a melhorcapacidade antioxidante rente ao nion radical superxido. Respostasimilar oi observada em arinha de acerola e maracuj, quanto proteo rente peroxidao da membrana lipdica. De modo geral,

    estes dados sugerem que extratos metanlicos de arinhas de acerola emaracuj podem ser teis como suplementos antioxidantes ou aditivos

    alimentares, especialmente o extrato de acerola.93

    A importncia do processo de extrao na obteno da capacidadeantioxidante de resduos evidenciada em patente depositada porMallikarjunaradhya e colaboradores.94

    P lmc b

    A Tabela 7 lista alguns estudos que reportam a capacidade

    tbl 4. Plantas e temperos como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Prpolis brasileiro Relatou-se grande infuncia dos favonoides na atividade antioxidante dosextratos de prpolis estudados.

    53

    Polns apcolas do sul do Brasil O contedo total de enois, favonoides e a capacidade antioxidante de extratosetanlicos de plens apcolas do Rio Grande do Sul mostraram capacidade

    semelhante do -tocoerol e maior do que as de BHT e BHA. Foi obtidacorrelao positiva entre o contedo total de enois e de favonoides, sendo osprodutos majoritrios, a rutina e miricetina.

    54

    Quinze espcies de plantas da Amaznia Foi observada elevada correlao entre a capacidade antioxidante dos extratosdestas plantas com o contedo total de enois.

    55

    Plantas medicinais Os extratos Terminalia brasiliensis Camb., Terminalia agiolia Mart. & Zucc.,Copernicia ceriera (Miller) H.E. Moore, Cenostigma macrophyllum Tul. var.acuminata Teles Freire e Qualea grandifora Mart oram estudados. O extratodo caule de T. brasiliensis, o mais ativo, com valor de EC

    50de 27,59 0,82

    g/mL, oi comparado rutina (EC50

    = 27,80 1,38) e cido glico (EC50

    =24,27 0,31).

    56

    Bauhinia monandra Extratos em clorormio e acetato de etila apresentaram maior atividade anti-oxidante, atribuda presena de favonoides e esteroides.

    57

    Gro de pimenta, organo, noz-moscada,entre outros

    Muitas das espcies analisadas apresentam alto teor de compostos enlicos edemonstram boa capacidade antioxidante.

    58

    Dierentes tipos de temperos processados Anis, uncho, manjerico, hortel, estrago e manjerona oram os temperos queapresentaram elevada capacidade antioxidante de acordo com mtodo baseadoem biossensor para deteco de polienois.

    59

    Extratos da planta n-de-cachorro( Hereropteris aphrodisiaca)

    Observou-se elevada proteo antioxidante cerebral de extratos da plantan-de-cachorro ( Hereropteris aphrodisiaca), administrados a ratos velhos,comparados a ratos jovens.

    leos essenciais de espcies de Croton doBrasil

    Os leos essenciais de Croton zenhtneri e C. argyrophylloides apresentarammaior atividade antioxidante que o C. nepetaeolius.

    61

    Extratos de alecrim (Rosmarinus ocinalis

    Labiatae)

    O alecrim tem demonstrado eeito sinrgico com o cido ctrico e com o

    antioxidante BHA.

    62

    Extratos de gengibre e alecrim Foram obtidos por extrao em fuido supercrtico. Atividade antioxidantesignicativa para gengibre e alecrim, por teste ABTS (350 and 200 mmol L-1Trolox/g) e DPPH (145 and 80 mmol L-1 Trolox/g), respectivamente. Carac-terizao dos compostos mais ativos. Potenciais candidatos a substitutos deantioxidantes sintticos para indstrias alimentares e armacuticas.

    63

    leos essenciais de uma srie de plantas daamlia Ocimum

    Sugeriu-se que leos essenciais obtidos de vrias plantas e temperos podem serempregados na quimiopreveno do cncer e como alimentos uncionais.

    64

    Extratos de brotos de caju (Anarcadiumoccidentale)

    Foram utilizados os ensaios de Folin-Ciocalteau, de captura de ABTS+, DPPH,de O

    2, NO e de habilidade de reduo de ons rrico. Extrato metanlico

    apresentou 7 vezes o contedo total de enois, em relao ao extrato hexnicoe em acetato de etila.

    65

    Inga edulis A capacidade antioxidante do extrato e dos polienois puros oi medida peloteste ORAC e comparada com o teor em enlicos totais. O extrato bruto secoapresentou valores de ORAC (11,16 mmol TE perg) e CTP (496,5 mg EAGperg) muito altos. Os compostos identicados oram responsveis, respectiva-mente, por 9,53 e 12,10% dos valores ORAC e de CTP do extrato de olhasdeInga edulis.

    66

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    de Oliveira et al.694 Quim. Nova

    antioxidante de produtos alimentcios abricados a partir de re-sduos da agroindstria.95-98 Por exemplo, o estudo de Chantaro,Devahastin e Chiewchan95 que avaliaram a capacidade antioxidantede arinhas produzidas a partir de cascas de cenoura provenientesde uma indstria de alimentos. Benakmoum e colaboradores96 enri-queceram azeites de oliva renado e extravirgem e leo de girassolcom carotenoides provenientes de polpa e casca de tomates. Ajila,Leelavathi e Prasada Rao97 avaliaram a capacidade antioxidante e ocontedo de bras dietticas de biscoitos enriquecidos com arinhade casca de manga. Zia-ur-Rehman, Habib e Shah98 adicionaram

    extratos de casca de batata como antioxidante natural em leos desementes de soja.

    o f

    A capacidade antioxidante de outras ontes naturais tambm temsido investigada (Tabela 8).99-101 Recentemente, Ferreira e colabora-dores99 estudaram o poder redutor de duas espcies de cogumelos donordeste de Portugal. H uma prouso de estudos que deendem aproteo antioxidante provida por alguns tipos de dieta adotados pordeterminadas populaes. Esta proteo antioxidante envolveria ossistemas nervoso e cardiovascular, resultando em maior longevidadee reduo de cardiopatias e doenas neurodegenerativas.

    A capacidade antioxidante da dieta do Mediterrneo, marcada

    por uma alimentao rica em rutas, verduras, azeite de oliva, alhoe vinho, por exemplo, oi avaliada por muitos pesquisadores, comoSaura-Calixto e Goi.100 Nestes estudos, requente a estimativa deprodutos de Maillard,101 que so decorrentes da reao de Schi eposterior isomerizao portanto, no enzimtica entre acaresredutores (aldoses) e resduos de aminocidos bsicos (lisina, argi-nina) de protenas em alimentos, aps processo de aquecimento emaltas temperaturas.102

    Estes produtos de condensao entre aldedos derivados de pro-dutos de oxidao avanada de lipdios, acares e bases de DNA tmsido utilizados como marcadores de doenas e envelhecimento.103-105So denominados, respectivamente, de AGES (Advanced GlycationEnd-products) e ALES (Advanced Lipoperoxidation Products). O

    acmulo em algumas desordens do metabolismo humano (cncer,diabetes, dieta de Atkins, doena de Alzheimer, envelhecimento etc.)

    de compostos carbonlicos aldedos aliticos, alquenais, alcadie-nais, - e b-dialdedos e dicetonas, b-cetocidos, -aminocetonas,-hidroxialdedos e -hidroxicetonas etc derivados da oxidaoaerbica de carboidratos, lipdios, protenas, DNA e alguns me-tablitos, com subsequente ormao de produtos de conjugaocom biopolmeros, caracteriza um estado metablito recentementedenominado estresse carbonlico.106

    Neste contexto, tambm merece ateno a atividade antioxidantee antirradicalar daL-carnitina, transportador essencial de cidos gra-xos de cadeia longa para a matriz mitocondrial. Na medida em que

    undamental para a produo de ATP, aL-carnitina tema recorrentena rea de exerccio sico.107,108

    C qmc pcp, p pl

    Em muitos dos trabalhos relatados, identicou-se o princpioantioxidante principal, como no caso do azeite de oliva, o hidro-xitirosol,109 ou apenas isolaram-se raes detentoras de atividadeantioxidante. Deve-se ressaltar que a atribuio inequvoca de ativi-dade antioxidante biolgica, mesmo que in vitro ou ex vivo, a com-postos isolados e identicados de um extrato no tarea cil, poisvrios atores tm de ser avaliados. Dentre estes, a ao sinergsticados constituintes supostamente ativos, sua absoro pelo sistema

    gastrointestinal, possveis atividades txicas colaterais, velocidadede metabolizao e excreo, dose-resposta etc. Deve-se, tambm,considerar a necessidade de identicar marcadores de um extratoque atestem a reprodutibilidade de sua preparao e atividade, umavez que a composio qumica de qualquer espcie varia segundomuitos atores: variedade da planta, local de cultivo, estao e horade coleta, caractersticas da entomoauna etc.

    Outro problema a ser considerado relacionado presena deheterosdeos, de modo geral na orma de b-glicosdeos. Eles so di-cilmente computados no contedo total de enis, uma vez que noso acilmente extrados pelos solventes usuais, como acontece comos enis livres. No sistema gastrointestinal humano, os alimentos sodigeridos no estmago (ambiente cido, com enzimas), no intestino

    delgado (ambiente bsico, com enzimas) e no clon (pH neutro,presena de microfora intestinal). Os heterosdeos enlicos no so

    tbl 5. Sementes como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Sementes de uva Extratos de sementes de uva analisados apresentam bom poder redutor, avaliadocom errocianato de potssio. Potencial utilizao na preservao de produtosalimentcios.

    67

    Sementes de tamarindo Todos os extratos analisados apresentaram atividade antioxidante (64,5-71,1%)

    utilizando o sistema de emulso que envolve cido linoleico, maior que a dopadro BHA.

    68

    Sementes de abacate, manga, jaca etamarindo

    Exibem atividade antioxidante e contedo total de enis maior do que aporo comestvel das respectivas rutas. Esta contribuio oi sempre maiorque 70%.

    69

    Produtos derivados da castanha de caju Observada correlao signicativa (p < 0,05) entre a capacidade antioxidantee a concentrao de alquilenois nos extratos estudados.

    70

    Sementes de nozes Sementes de nozes estudadas apresentam grande potencial antioxidante. 71

    Sementes de eijo-radinho Todos os extratos estudados apresentaram atividade antioxidante (74,3-84,6%)pelo sistema do cido linoleico, porm, usando o mtodo b-caroteno, os valoresencontrados oram menores do que os padres BHT, BHA e Trolox.

    72

    Cacau O consumo de chocolate aumenta o fuxo drmico de sangue e seu nvel de

    saturao com oxignio.

    73

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    Fontes vegetais naturais de antioxidantes 695Vol. 32, No. 3

    tbl 6. Resduos como ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Resduos da vinicultura O extrato etanlico dos resduos estudados exibiu elevada atividade antioxidante,quando comparado com os extratos em outros solventes, contra o antioxidantesinttico BHT, o palmitato de ascorbila e a vitamina E. No oi observada cor-relao positiva entre atividade antioxidante e contedo total de enois.

    74

    Resduos slidos de azeitona O extrato (1-20 g/mL) analisado oi pr-incubado em clulas endoteliais e

    preveniu a peroxidao lipdica e a morte celular. Os resultados indicam umagrande capacidade antioxidante dos extratos estudados.

    75

    Resduos de carambola A alta quantidade de enois e a elevada capacidade antioxidante dos resduosestudados indicam que poderiam ser empregados como aditivos alimentares.

    76

    Bagao de uva Encontraram-se 17 tipos de compostos polienlicos dierentes, entre eles,cido glico, catequina, epicatequina, quercetina.

    77

    Bagao de ma Todos os compostos antioxidantes encontrados apresentaram elevada atividadeantioxidante, sendo a atividade sequestradora de radicais DPPH 2 a 3 vezese a do anion radical superxido 10 a 30 vezes maior do que a das vitaminasC e E.

    78

    Resduos de ma, pra e alcachora Foram encontrados extratos com elevado contedo de enois e elevada capaci-dade antioxidante.

    79

    Folhas de ch velho e resduos de ch preto O resduo de ch preto apresentou maior capacidade antioxidante quando

    comparado com a olha de ch velho. Recomendam o uso destes chs comoontes naturais de antioxidantes.

    80

    Sementes (soja) e resduos agrcolas de soja Os extratos das sementes mostraram variaes no contedo de enois (6,4 a81,7 mg EAG/g), de favonoides (3,5 a 44,6 mg QE (quercetina)/g) e atividadeantioxidante (7,5 a 74,7%).

    81

    Resduos de sementes de groselha preta Fenois e os tocoerois oram os mais importantes constituintes do resduopressionado de semente de groselha preta estudado.

    82

    Sementes, casca de semente, casca eleo de abbora

    O cido p-hidroxibenzoico oi o composto enlico mais abundante nasamostras estudadas.

    83

    Resduos de cebola Resduos de cebola mostraram ser onte de antioxidantes e de compostos anti-escurecimento, podendo ser utilizados como ingredientes de alimentos.

    84

    Casca de ma A preservao dos compostos antioxidantes variou de acordo com o tempode estocagem. No perodo de 45 dias ocorreu um aumento na quantidade deantioxidantes. Na estocagem durante 90 dias, a quantidade de antioxidantes oimais preservada em atmosera controlada quando comparado com estocagemcomum a rio.

    85

    Casca de manga O extrato da casca de manga mostrou atividade antioxidante em dierentessistemas e poderia ser usado como nutracutico e alimento uncional. O ex-trato da casca de manga mostrou proteo contra modicaes morolgicase degradao da membrana proteica causada pelo perxido de hidrognio. Osresultados demonstram que o extrato estudado protege os eritrcitos contra oestresse oxidativo e poderia trazer benecios sade.

    86, 87

    Casca de manga A casca de manga apresenta grande potencial como onte de compostos ben-cos para a sade, onte de quercetina 3-O glicosilada e mangierina.

    88

    Cascas de oito dierentes rutas As cascas de rambutan podem ser consideradas uma onte natural de antioxi-dantes para alimentao ou ser adicionadas a produtos armacuticos, devidoa sua elevada capacidade antioxidante e propriedade no txica em clulas

    normais.

    89

    Resduos de limo Encontrou-se correlao entre teor de compostos enlicos e a atividade an-tioxidante total, sendo que tais compostos oram os antioxidantes que maiscontriburam para a atividade do produto.

    90

    Bagao e pednculo do caju Nas raes estudadas, oram identicados os cidos glico, erlico, caeico,protocatecico, qunico, cinmico, gentssico,p-cumrico e saliclico, os quaisconerem o potencial antioxidante. Estes resultados caracterizaram in vitroo potencial antioxidante do bagao e do extrato bruto do pednculo de cajuclone CCP-76.

    91

    Casca de batata Extrato da casca de batata oi capaz de proteger eritrcitos contra o estresseoxidativo, provavelmente por atuar como potente antioxidante.

    92

    Farinhas de resduos de acerola, maracuj eabacaxi

    Os extratos metanlicos de arinhas de resduos de acerola (FRAC), maracuj(FRMA) e abacaxi (FRAB) exibem capacidade antioxidante. FRAC e FRMApodem ser teis como suplementos antioxidantes ou aditivos alimentares, em

    especial, o extrato de acerola.

    93

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    de Oliveira et al.696 Quim. Nova

    digeridos no estmago e no intestino delgado, chegando intactos aoclon, onde so liberados, por hidrlise bsica e exibem bioatividades,com benecios sade. Como exemplos, podem ser citados o aba-caxi e a banana, que apresentam uma alta proporo de heterosdeose so digeridos pela fora intestinal.110 interessante ressaltar que,na medicina chinesa, a banana usada contra contispao intestinale esse eeito teraputico pode ser devido alta percentagem destesconstituintes.109 H, portanto, necessidade de ateno na preparaode produtos antioxidantes, pois processos adicionais de digesto combase e extrao em ase slida podem se azer necessrios.110,111

    Mtodos eMPregados na deterMinao daCaPaCidade antioxidante

    A ecincia antioxidante de compostos bioativos em alimentosde origem vegetal depende de sua estrutura e da sua concentrao noalimento. Por sua vez, a quantidade destas substncias em vegetais amplamente infuenciada por atores genticos e condies ambien-tais, alm do grau de maturao e variedade da planta, entre outrosaspectos. Sabe-se, ainda, que a capacidade antioxidante infuenciadapelo substrato utilizado no ensaio, pelo solvente e pela tcnica deextrao utilizada, bem como pelo binmio tempo-temperatura. Noque se reere aos solventes orgnicos, o metanol, por conseguir extrair

    elevada quantidade de compostos bioativos, tem sido apontado comoo mais eetivo.32,112

    Em decorrncia da grande diversidade qumica existente, emespecial entre os compostos enlicos, vrios ensaios tm sido de-senvolvidos para avaliao da capacidade antioxidante de amostras.Alguns deles determinam a habilidade dos antioxidantes em seques-trar espcies reativas geradas no meio reacional. Outros avaliam aecincia dos antioxidantes em inibir a peroxidao lipdica pormeio de: quanticao dos produtos da reao - dienos conjugadose hidroperxidos; quanticao dos produtos da decomposio daperoxidao lipdica, ou medio da inibio da oxidao do lipdiodo sistema pelo antioxidante a ser testado.

    Estes ensaios dierem em relao ao mecanismo de reao, sespcies-alvo, s condies reacionais e na orma com os resultadosso expressos. No obstante a diversidade de mtodos para avaliar acapacidade antioxidante, no existe um procedimento metodolgicouniversal.7,113,114 Este ato impe a necessidade de avaliar a capacidadeantioxidante por dierentes ensaios, com undamentos e mecanismosde ao dierentes.

    De antemo, necessrio risar que a comparao da capacida-de antioxidante entre os dierentes mtodos no eita em valoresabsolutos, pois cada mtodo tem sua prpria escala de valores. Umapadronizao urgentemente requerida e deve seguir os critriosestabelecidos por Huang e Prior:113utilizar molculas biologicamenterelevantes; ser tecnicamente simples; com ponto nal e mecanismo

    qumico bem denidos; com instrumentao acilmente disponvel;ter boa repetibilidade e reprodutibilidade; ser adaptvel para ensaios

    tbl 7. Alimentos produzidos a partir de resduos da agroindstria como onte de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Barras de cereais base de cascas de ce-noura

    O tratamento trmico, durante o branqueamento e secagem, causou diminuiono contedo de b-caroteno e compostos enlicos, diminuindo a atividadeantioxidante do produto nal.

    95

    leos e azeites enriquecidos com carote-

    noides

    A incorporao da casca do tomate provocou um aumento na concentrao

    de b-caroteno e licopeno quando comparado com a polpa do tomate puro.Entretanto, a incorporao do tomate completo (polpa e casca) induziu mel-hor estabilidade trmica dos leos renados quando comparados com o leoextravirgem e leo de girassol.

    96

    Biscoitos enriquecidos com casca de manga O contedo de polienois aumentou de 0,54 para 4,50 mg/g e o de carotenoidede 17 para 247 g/g de biscoito com 20% de adio de arinha de casca demanga. Biscoitos com boa aceitabilidade oram obtidos aps adio de 10%de arinha de casca de manga.

    97

    leo de soja enriquecido com casca debatata

    Extrato de casca de batata mostrou elevada capacidade antioxidante, igualando-se dos padres BHA e BHT. Portanto, esse extrato poderia ser utilizado comoantioxidante natural, podendo ser adicionado em leos, gorduras ou outrosprodutos alimentcios.

    98

    tbl 8. Outras ontes naturais de antioxidantes

    Fontes Principais resultados Re.

    Cogumelos As duas espcies estudadas (Lactarius deliciosus (L) Gray e Tricholomaportentosum (Fr.)) apresentaram potencial antioxidante, mas a L. deliciosusmostrou-se mais ativa.

    99

    Dieta do Mediterrneo Uma quantidade de vitaminas C e E que corresponde a 10% das recomendaesdirias de consumo oi encontrada. O contedo total de enis oi estimado em1171 mg EAG/pessoa/ dia.

    100

    Extratos volteis de produtos da reao deMaillard

    A atividade antioxidante de cada composto presente no extrato analisado nooi elevada. O alto poder antioxidante mostrado pelo extrato oi decorrente daao sinrgica destes compostos da reao de Maillard.

    101

    L-carnitina AL-carnitina apresentou alta atividade antioxidante rente aos radicais livresDPPH, nion radical superxido e perxido de hidrognio.

    108

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    Fontes vegetais naturais de antioxidantes 697Vol. 32, No. 3

    de antioxidantes hidrolicos e lipolicos e, para high-throughputanlises.

    Vrias revises da literatura reerem-se a ensaios antioxidantes,23,113,115 em dierentes matrizes, com avaliao comparativa e crticaentre eles. Um dos mais atuais e abrangentes artigos oi publicadorecentemente116 e os princpios qumicos dos mtodos baseados emoxidantes biolgicos ou em ensaios no biolgicos so ali listados e

    discutidos criticamente.Alguns autores deendem o estudo da capacidade antioxidantetotal, em vez da anlise de antioxidantes isolados, uma vez que hdiculdade em medir cada antioxidante e, principalmente, devido interao que existe entre eles. Nesta tcnica, leva-se em contaa ao acumulativa de todos os antioxidantes presentes; obtm-se,assim, um parmetro integrado, capaz de revelar nuanas acerca dodelicado equilbrio redox existente in vivo.3 No entanto, em artigorecente, Sies116 questiona o conceito de capacidade antioxidantetotal avaliada em plasma humano, alegando que sua deesa antioxi-dante principal so as enzimas. Ele alega que produtos toqumicosdietrios sorem dierentes processos de absoro e metabolizaoe, por isso, uma extrapolao de seus eeitos para a sade humanarequer conhecer, a nvel molecular, como o composto atua, ou seja, os

    eeitos de um composto no podem ser avaliados por um parmetrogenrico como a capacidade antioxidante total.

    Os mtodos disponveis para medida de atividade antioxidanteso vrios e no sero todos aqui apontados, pois h muitas revi-ses recentes reerentes a este tema.3,113,115,117 Tampouco sero aquiabordados os mtodos de avaliao de atividade antioxidante renteao oxignio excitado ao estado singlete (1O

    2*), uma espcie menos

    requente em sistemas descritos de estresse redox, embora tenha papelreconhecido na lipoperoxidao e na agocitose.1 Sua determinaopor mtodo sico exige otmetros de alta sensibilidade no vermelhoe inravermelho prximo, no disponveis na maioria dos laboratrios;sua dosagem por via qumica requer sondas doadoras e aceptorasde oxignio singlete solveis em gua (derivados natalnicos e

    antracnicos), muitas delas no disponveis comercialmente. Serodescritos os mtodos mais utilizados, vantajosos pela sua simplicidademetodolgica, tempo de anlise, custo e relativa especicidade, sendocada um deles direcionado a um mecanismo antioxidante particular.So mtodos que utilizam equipamentos disponveis na maioria doslaboratrios de pesquisa em Qumica, Bioqumica e Farmcia e emlaboratrios de anlises clnicas e indstrias.

    C l f

    Mtodo de Folin-Ciocaulteau

    Compostos polienlicos so importantes constituintes dietticos,em virtude da sua elevada capacidade antioxidante, atribuda suahabilidade em complexar ons metlicos, inativar reaes radicalares

    em sistemas deslipidados, e prevenir converso de hidroperxido emoxirradicais reativos.118

    A quanticao de compostos enlicos realizada por meio deuma variedade de mtodos; todavia, o que utiliza o reagente de Folin-Ciocalteau (RFC) o mais extensivamente empregado.119-122

    O RFC consiste de mistura dos cidos osomolibdico e osotun-gstico, na qual o molibdnio se encontra no estado de oxidao (VI)(cor amarela no complexo Na

    2MoO

    4.2H

    2O); porm, em presena de

    certos agentes redutores, como os compostos enlicos, ormam-se oschamados complexos molibdnio-tungstnio azuis [(PMoW

    11O

    4)4-],

    nos quais a mdia do estado de oxidao dos metais est entre 5 (V)e 6 (VI) e cuja colorao permite a determinao da concentraodas substncias redutoras que, no necessariamente, precisam ter

    natureza enlica.

    113,123

    A Figura 1 mostra a desprotonao dos compostos enlicos (no

    exemplo, o padro cido glico) em meio bsico, gerando os nionsenolatos. A partir da, ocorre uma reao de oxirreduo entre onion enolato e o reagente de Folin, na qual, segundo Singleton,Orthoer e Lamuela-Ravents,123 o molibdnio, componente do rea-gente de Folin, sore reduo e o meio reacional muda de coloraoamarela para azul.

    Na realidade, o RFC, popularmente reconhecido como o testepara medir o contedo total de enois, mede a capacidade redutora

    das amostras, mas isto no expresso no nome. Outro ponto racodo mtodo que ocorre superestimao do contedo enlico, emlarga extenso.93,124Vrios intererentes no enlicos so conhecidos,entre eles, a vitamina C. Em trabalho recente,93 oi vericado que aadio de cido ascrbico a cido glico em dierentes propores(0,1:1,0; 0,5:1,0; 1,0:1,0; 2,0:1,0) provocou o aumento de absorbn-cia, revelando intererncia de cerca de 20%, mas, somente quandoa razo ascorbato/galato 1. Por outro lado, em vista de processosde extrao no ecientes, heterosdeos (teres ou steres) podemno ser avaliados, levando a valores subestimados de contedo totalde enis.109 Em vista disto, recomenda-se a determinao de cidoascrbico e outros possveis intererentes e a anlise das raesinsolveis dos vrios extratos, aps etapa de digesto bsica.109,110

    Cpc

    Frente ao radical DPPHUm dos mtodos mais usados para vericar a capacidade an-

    tioxidante consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical2,2-dienil-1-picril-hidrazila (DPPH), de colorao prpura, queabsorve em um comprimento de onda de 516 nm. Por ao de umantioxidante ou uma espcie radicalar (R), o DPPH reduzido or-mando 2,2-dienilpicril-hidrazina (DPPH-H) (Figura 2), de coloraoamarela, com consequente desaparecimento da banda de absoro,sendo a mesma monitorada pelo decrscimo da absorbncia. A partirdos resultados obtidos, determina-se a porcentagem de atividadeantioxidante (quantidade de DPPH consumida pelo antioxidante) ou

    sequestradora de radicais e/ou a porcentagem de DPPH

    remanescenteno meio reacional.113

    O mecanismo de reao baseado em transerncia de eltrons,

    enquanto a abstrao de tomo de hidrognio uma reao marginal,pois a mesma acontece lentamente em solventes que estabelecem

    Figura 1.Reao do cido glico com molibdnio, componente do reagente

    de Folin-Ciocaulteau

    Figura 2.Reao qumica entre o BHT e o radical DPPH

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    de Oliveira et al.698 Quim. Nova

    Figura 3.Representao esquemtica da gerao do nion radical superxido e ao de um antioxidante presente no meio. NBT = azul de nitrotetrazlio;

    PMS: enazina metassulato; NADH = nicotinamida adenina dinucleotdio

    ortes ligaes de hidrognio. O mtodo infuenciado pelo solvente epelo pH das reaes. O mtodo considerado cil e til para anlisede substncias puras e amostras complexas.

    Frente ao nion radical superxido

    A enzima antioxidante superxido dismutase catalisa a ani-quilao do nion radical superxido em perxido de hidrognioe gua.125 Tcnicas que utilizam a superxido dismutase no sosimples e, alm disso, apresentam custo elevado relativo enzima

    padro. Diante disto, Ewing e Janero126

    desenvolveram um mtodoenzimtico indireto de gerao de superxido em microplacas, quese mostra rpido e econmico. A reao que ocorre nesse mtodoest representada na Figura 3. Esta reao tem incio com a adiode NADH (nicotinamida adenina dinucleotdeo) mistura de PMS(enazina metassulato) e NBT (azul de nitrotetrazlio), com ormaodo nion radical superxido. Em seguida, dois radicais superxidoso capazes de doar, cada um, um eltron para o NBT, que se reduza ormazana, ento monitorada em um comprimento de onda de 560nm, em espectrootmetro UV-Vis. Quando algum antioxidante adicionado no meio, ele capaz de competir com o NBT pelo nionradical superxido gerado, diminuindo, dessa orma, a reduo doNBT e, consequentemente, a ormao de ormazana.

    Inibio da lipoperoxidaoUm bom antioxidante qumico pode ser um antioxidante biol-

    gico menos ecaz. Em uno disso, muitos pesquisadores utilizammtodos de avaliao in vitro, na presena de lipossomos sintticossimuladores das membranas biolgicas.127 Tcnicas fuorimtricas sorequentemente utilizadas na medida da lipoperoxidao. O mtodoundamenta-se no decaimento da fuorescncia emitida por uma sondaacoplada ao lipossomo, atravs do ataque de uma espcie reativa.Aps a adio de uma espcie redutora, ou seja, o antioxidante,observa-se um menor decaimento da fuorescncia. Isto signica quea membrana oi protegida e o antioxidante oi atacado pelas espciesreativas presentes no meio.128

    Todos os componentes celulares so suscetveis ao das esp-

    cies reativas de oxignio. Entretanto, a membrana um dos compo-nentes mais atingidos, o que acarreta alteraes na sua estrutura e na

    sua permeabilidade. Consequentemente, h perda da seletividade natroca inica e liberao do contedo de organelas, como as enzimashidrolticas dos lisossomas, e ormao de produtos citotxicos (comoo malonaldedo), culminando com a morte celular. A lipoperoxidaotambm pode estar associada aos mecanismos de envelhecimento, decncer e exacerbao da toxicidade de xenobiticos.10

    sm hp/ (Hx/xo) m cl hl

    A metodologia desenvolvida por Owen e colaboradores 129-131consiste em um sistema enzimtico contendo a hipoxantina comosubstrato e uma enzima, a xantina oxidase (Figura 4). Esta enzimacatalisa a oxidao de hipoxantina a xantina, a qual , ento, oxidadaa cido rico. Em ambas as etapas da oxidao da hipoxantina a cidorico, h produo de nion radical superxido, que reduz FeIII aFeII, cuja reao com H

    2O

    2gera radical hidroxila (reao de Haber-

    Weiss catalisada por erro). Este radical reage com o cido saliclico,presente no meio, ormando os cidos benzoicos di-hidroxilados[cido 2,3-di-hidroxibenzoico (2,3-DHBA) e cido 2,5-di-hidroxi-benzoico (2,5- DHBA)]. A hipoxantina e o cido saliclico, incluindoos produtos de oxidao de ambos, so previamente quanticadospor um experimento padro utilizando cromatograa lquida de alta

    ecincia. Portanto, possvel adicionar ao sistema uma amostra quetenha capacidade antioxidante para ser avaliada. Assim, se a reeridaamostra conseguir competir com o cido saliclico na captura dosradicais hidroxila, menores quantidades de 2,3-DHBA e 2,5-DHBAsero ormadas, indicando ento a capacidade antioxidante para aamostra analisada. Se ocorrer diminuio da concentrao de cidorico, signicar que houve a inibio da enzima xantina oxidase,onte indireta de radical hidroxila.

    antioxidantes na rea nutriCionaL

    O interesse crescente no emprego de nutrientes antioxidantesvisando, por exemplo, a melhoria geral da sade e o retardo no

    processo de envelhecimento tem atrado a ateno da populao emgeral, que deseja saber quais so os benecios da ingesto de suple-

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    Fontes vegetais naturais de antioxidantes 699Vol. 32, No. 3

    Figura 4. Esquema representativo do ensaio antioxidante hipoxantina/

    xantina oxidase

    mentos antioxidantes. Vrios estudos na literatura descrevem o usode suplementos antioxidantes no tratamento de diversas patologias:alguns deles, com atividade direta sobre espcies reativas, e outroscomo quelantes de metais indutores de estresse oxidativo, como o

    Succimer

    (2,3-dimercaptosuccinatos) e orto-dienis.9,30,132-134

    Quanto ao uso de vitaminas antioxidantes, h um vasto e contro-verso campo de descobertas. As vitaminas C, E e o b-caroteno tmsido apontados como atuantes na preveno de doenas crnicas,em especial doenas cardiovasculares (DCV) e cncer.135,136 Porm,a literatura nessa rea se destaca por resultados controversos emexperimentos semelhantes; talvez, em alguns casos, a urgncia emobter resultados positivos comprometa o necessrio rigor cientcodas investigaes.137

    Embora haja muitos trabalhos assegurando a atividade antioxi-dante da vitamina E, in vitro e in vivo, Azzi13 alerta para alguns atos:muitos antioxidantes no so capazes de substituir o -tocoerol (Vit.E) em vrias reaes celulares; no existe resposta de expresso g-nica compensatria decincia de Vit. E; a absoro de Vit. E pelo

    sistema gastrointestinal muito singular; o processo de degradaooxidativa desta vitamina lento e, h dierenas biouncionais im-portantes entre os vrios tocoerois e tocotrienois no relacionveisas suas estrutura e atividade. O autor, por meio desta lista, argumentaortemente a avor de um papel no-antioxidante desta vitamina,possivelmente naquele de intererir nas vias de sinalizao celular.Por outro lado, deve-se considerar que o prprio sistema enzimticoantioxidante de um organismo pode responder majoritariamente pelasua proteo contra espcies reativas, dando pouco espao para aatuao suplementar de vitaminas administradas.

    Dentre todas as doenas em que o estresse oxidativo causa compli-caes, as doenas cardiovasculares so as que contam com maioresevidncias. Supe-se que as vitaminas E e o b-caroteno possam inibir

    a oxidao das LDLs (low-density lipoprotein ou lipoprotenas debaixa densidade) para a sua orma mais aterognica e, assim, preservar

    o endotlio.135Contudo, altam estudos conclusivos que substanciem anoo de que consumindo mais vitamina C, vitamina E ou b-caroteno(ou outros carotenoides) se reduza o risco destas doenas.

    A avaliao segura de terapia antioxidante no absolutamentetrivial em vista destas consideraes e pelo ato de uma atividadeantioxidante vericada in vitro com sistemas-modelo ser incapazde mimetizar a realidade da clula, com suas especiicidades:

    vrios compartimentos, membranas com permeabilidade seletiva,concentraes dierentes de espcies reativas e alvos molecularese microambientes com dierentes pHs, polaridades, capacidade desolubilizar perxidos (H

    2O

    2, ROOH, HOONO) e gases (NO e O

    2).114

    Ou seja, um bom antioxidante qumico pode ser um antioxidantebiolgico menos ecaz.

    Apesar das controvrsias, para as vitaminas C e E, oram estabele-cidas as recomendaes nutricionais dirias considerando a atividadeantioxidante alm da atividade nutricional 90 mg para homens e 75mg para mulheres de vitamina C e 15 mg para homens e mulheresde vitamina E.138 Em relao aos carotenoides, os estudos existentesainda no oram sucientemente conclusivos para o estabelecimentode recomendaes nutricionais, apesar de se saber que tais substnciasinfuenciam as reaes bioqumicas do sistema oxidativo. 23,138

    Para os favonoides, discute-se, ainda, se os mesmos so nu-trientes, uma vez que eles so metabolizados, em grande extensono organismo, de tal orma a no alcanarem concentrao idealpara agirem como antioxidantes.139 Isto, porm, no implica emdesconsiderar a relevncia de tais substncias na dieta, bem como suaatividade antioxidante.23,138 Em trabalho recente, Spencer139 atribuiuaos favonoides importante atividade em processos cerebrais ligados memria, exercendo eeitos neuroprotetores, devido a interaescom macromolculas responsveis por caminhos de sinalizaesem neurnios, undamentais para a sobrevivncia e dierenciaocelulares e para a memria. H impacto de favonoides na arquiteturacelular do crebro. Como essa sore deteriorao com a idade, umadieta rica em favonoides poderia, eventualmente, reverter o processo

    de deteriorao. Essa rea de grande interesse cientco necessitaestudos adicionais, no entanto, h orte possibilidade de que essesagentes venham a constituir os primeiros candidatos para uma novagerao de rmacos com ao em memria.139

    De acordo com a American Dietetic Association (AssociaoDiettica Americana),140 a melhor estratgia nutricional para pro-mover a sade e reduzir o risco de doenas crnicas a obteno denutrientes de uma grande variedade de alimentos. Os suplementosvitamnicos e de minerais s seriam apropriados quando bem aceitospelo paciente, e prescritos somente aps comprovao cientca desua eccia e segurana.

    Consideraes Finais e PersPeCtivas

    Nesta reviso, enatizou-se a possibilidade de muitas plantas innatura, processadas ou seus resduos agroindustriais serem ontesde antioxidantes. Assim, procurou-se estudar rutas, tubrculos, cas-cas, sementes, leos, entre outros componentes das plantas, visandovericar o seu potencial antioxidante. Os mais promissores so osprodutos de processamento de uvas, acerola e alguns temperos, comogengibre e alecrim. Alguns alimentos (assim como cosmticos) joram enriquecidos com estes resduos, com alto grau de sucesso.

    O gentipo,37 o modo de plantio e atores ambientais (local,perodo de coleta, tipo de solo e composio mineral, ps-colheitae os dierentes processamentos) podem aetar a biossntese dosantioxidantes produzidos, azendo-se necessria, portanto, umacolaborao multidisciplinar.141 Estudos genticos, para obter uma

    maior produo de agentes antioxidantes e o desenvolvimento detecnologias como o nanoencapsulamento, que controlaria a incor-

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    de Oliveira et al.700 Quim. Nova

    porao ou a perda de antioxidantes e vitaminas,142 so perspectivasde grande interesse na rea.

    Antioxidantes naturais, na maioria das vezes, apresentam capa-cidades antioxidantes menores do que as dos compostos sintticos,mas a legislao mais fexvel em relao a estes. Em todo caso, necessrio um estudo econmico detalhado, com ateno cuidadosaem relao toxicidade potencial. Estudos nessa linha devem ser

    realizados antes da possvel aplicao em escala.32

    A discusso detestes toxicolgicos e antimicrobianos oge do escopo do presentetrabalho, porm os mesmos so undamentais para a liberao parauso industrial ou artesanal dos vrios produtos, em alimentao hu-mana. Soni e colaboradores publicaram uma reviso recente sobremedidas de segurana alimentar em relao ao extrato de polpa deazeitona,109 com exemplos tambm de rutos comestveis (Punicagranatum, rom),143 que devem ser seguidos.

    Em termos experimentais, o processo de extrao uma etapachave na obteno de antioxidantes em rendimento aceitvel. Paraselecionar um solvente, estudos comparativos so necessrios paracada substrato. Alm das extraes convencionais com etanol,metanol e acetato de etila, outros mtodos, como extrao em asesupercrtica, so teis, uma vez que ornecem bons rendimentos e

    preservam as propriedades antioxidantes. Alguns tratamentos, comodigesto bsica seguida do adequado tratamento dos resduos,109,110mostram-se necessrios em alguns alimentos, com alta porcentagemde heterosdeos enlicos insolveis.

    Em termos de avaliao da capacidade antioxidante, existemmuitos mtodos, com undamentos, mecanismos de reao e maneirasde expressar resultados muito dierentes. Alm do mais, em vista dasdiversas aplicaes (siologia, armacologia, nutrio, agroqumica,cosmtica e outras) torna-se dicil escolher os mtodos mais apro-priados, de modo a evitar a interpretao errnea dos resultados. Acomparao de dados a partir de dierentes estudos tambm dicil.No momento, preervel realizar uma bateria de ensaios, com medidade dierentes aspectos qumicos dos antioxidantes, compar-los com

    compostos sintticos consagrados como antioxidantes como BHT,Trolox eN-acetilcistena (NAC) gerando, assim, um perl antioxi-dante completo, sem perder de vista a relao com a potencial apli-cao do produto. Devem-se escolher mtodos comumente aceitos,validados e padronizados, com inormaes acumuladas na literatura.Esoros tm sido consistentemente envidados, especialmente nosltimos anos, para organizar essa rea de pesquisa, ampla e em cres-cimento exponencial. Outros mtodos analticos in vitro devem serdesenvolvidos, obrigatoriamente levando-se em considerao o usode oxidantes e alvos de signicncia biolgica (protenas, triacilgli-cerois e modelos celulares), em condies reacionais (concentrao,tempo de reao, pH) as mais prximas possveis daquelas in vivo(na presena de lipossomos, por exemplo). O uso de dispositivosmicrofudicos, a anlise em fuxo, a quanticao de vrias espcies

    antioxidantes simultaneamente, a miniaturizao, a estabilidade, aportabilidade devem ser tambm considerados.

    Nesse sentido, esta linha de investigao desponta como rea deinteresse imediato para os mais diversos setores do conhecimento,uma vez que envolve aspectos da qumica, nutrio, agronomia,biologia, estatstica e medicina, entre outras, no sentido de encontrarrespostas para promoo da sade das pessoas e do meio ambiente;portanto, para a melhoria da qualidade de vida. Embora sem a devidacomprovao cientca da relao direta antioxidante-melhoria dascondies de sade, prudente e sbio, em termos de sade pblica,aumentar o consumo de alimentos vegetais.

    agradeCiMentos

    Aos rgos nanciadores CNPq, CAPES, CNPq/PADCT, PRO-

    CAD/NF/CAPES, FAPESP, Projeto do Milnio Redoxoma, Projetodo Milnio Inovao em Frmacos, FAPEAL e ao RENORBIO, pelosauxlios e bolsas concedidos. Agradecem tambm a inestimvel cola-borao de M. Z. C. Martins, pela edio do texto em portugus.

    Lista de aBreviaturas

    ABTS = 2,2-Azinobis-(3-etilbenzotiazolina-6-sulonato), sal dediamnioAGES =Advanced Glycation End-productsALES =Advanced Lipoperoxidation ProductsBHA = Hidroxianisol butiladoBHT = Hidroxitolueno butiladoCTP = Contedo Total de Fens2,3-DHBA = cido 2,3-di-hidroxibenzoico2,5- DHBA = cido 2,5-di-hidroxibenzoicoDPPH = Radical 2,2-dienil-1-picril-hidrazilaDPPH-H = 2,2-dienilpicril-hidrazinaEAG = Equivalentes de cido GlicoFRAB = Farinha de resduos de abacaxiFRAC = Farinha de resduos de acerola

    FRMA = Farinha de resduos de maracujHX/XO = Hipoxantina/Xantina OxidaseNAC = N-acetilcistenaNADH = Nicotinamida adenina dinucleotdeoNBT = Azul de nitrotetrazlioORAC = Oxygen-Radical Absorbancy Capacity Capacidade deabsorvncia do radical oxignioPMS = Fenazina metassulatoRFC = Reagente de Folin-CiocalteauTRAP = Total Radical-Trapping Antioxidant Parameter. Parmetroantioxidante relacionado captura total de radicaisTROLOX = cido 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcroman-2-carbox-lico

    reFernCias

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