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1
Livro de Resumos
V Semana de Engenharia
Florestal
2
COORDENAÇÃO GERAL
DEOLINDA LUCIANNE RODRIGUES FERREIRA - UEA
COORDENAÇÃO EDITORIAL
FABIANA ROCHA PINTO
COORDENAÇÃO CIENTÍFICA
DEOLINDA LUCIANNE RODRIGUES FERREIRA
FABIANA ROCHA PINTO
MELISSA CHALCO FERNANDEZ
3
APRESENTAÇÃO
Este Livro contém trabalhos completos dos selecionados para apresentação, submetidos ao
evento:
V SEMANA DE ENGENHARIA FLORESTAL
Os trabalhos serão apresentados na linha temática:
Ciências Florestais e Agroecologia
Em nome da Comissão Organizadora, apresentamos os trabalhos a todos os participantes e
desejamos pleno êxito no enriquecimento do conhecimento sobre os aspectos das mudanças
climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos.
Boa leitura
4
NOTA
Os artigos contidos neste Livro são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. As
afirmações técnicas e cientificas, bem como opiniões e menções de qualquer metodologia, não
implicam sua aceitação e recomendação por parte da Comissão Organizadora ou das
instituições envolvidas neste evento. Os editores não se responsabilizam pela revisão
ortográfica e gramatical ou eventual erro de classificação dos resumos nas áreas temáticas
contempladas no evento.
Comissão Organizadora.
5
SUMÁRIO
CIÊNCIAS FLORESTAIS E AGROECOLOGIA .................................................................................. 6
ANÁLISE DOS IMPACTOS DO PRONAF SOBRE O DESENVOLVIMENTO
PRODUTIVO DA COMUNIDADE BOA ESPERANÇA ................................................ 7
ESTOQUE DE NPK NA SERAPILHEIRA ACUMULADA EM UM POVOAMENTO
DE Eucalyptus saligna (Smith.), SÃO GABRIEL - RS ................................................... 14
COLETA E HERBORIZAÇÃO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA LECYTHIDACEAE
LINDL. PARA A INCORPORACAO NO HERBARIO UEA/CESIT ......................... 19
MAPEAMENTO DAS COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE
ITACOATIARA – AM ....................................................................................................... 24
DESENVOLVIMENTO DE ESPÉCIES NATIVAS EM PLANTIOS DE
ENRIQUECIMENTO DE CAPOEIRA NA AMAZÔNIA CENTRAL ........................ 32
LEVANTAMENTO ARBÓREO DA FLORESTA DE VÁRZEA COM POTENCIAL
DE ALIMENTOS PARA PEIXES DO LAGO DO ARAÇÁ, ITACOATIARA-AM... 39
6
CIÊNCIAS FLORESTAIS E
AGROECOLOGIA
7
ANÁLISE DOS IMPACTOS DO PRONAF SOBRE O DESENVOLVIMENTO
PRODUTIVO DA COMUNIDADE BOA ESPERANÇA
Daniele Feitosa FRÓES1; Maria Ariádina Cidade ALMEIDA2
RESUMO
O Pronaf é uma das políticas públicas que vem ganhando bastante enfoque pelo poder público e pela mídia. É um
programa caracterizado por gerar financiamentos aos produtores rurais, afim de, desenvolver os sistemas
produtivos objetivando a sustentabilidade da agricultura familiar. A presente pesquisa teve como objetivo principal
analisar os impactos do Pronaf sobre a dimensão produtiva dos agricultores familiares do município de Itacoatiara.
Para tanto se realizou visita in loco na comunidade Boa Esperança e a na Feira do Produtor Rural com o intuito de
verificar de que forma o Pronaf interferiu no aumento da produtividade e quais as possíveis dificuldades
enfrentadas tanto com relação ao crédito, quanto organização dos sistemas produtivos destes agricultores
familiares. Como resultado pôde-se observar que os atores sociais apresentam composição familiar do tipo famílias
nucleares como forma predominante, esta se caracteriza por deter maior mão-de-obra facilitando na organização
dos trabalhos nos estabelecimentos. Todos os pronafianos participantes da referida pesquisa estão classificados no
grupo B (microcrédito rural) específico aos pequenos produtores, destacando o cultivo de mandioca (64%) como
principal produto financiado. Com relação aos impactos na produção para 48% aumentou relativamente, 24% não
viram diferença e 4% afirmaram que diminuiu.
Palavras-chaves: Agricultura Familiar – Crédito Rural – Sustentabilidade familiar.
ABSTRACT
Pronaf is a public policy that is gaining quite focus by the public and the media. It is characterized by a program
to generate funding to farmers, in order to develop production systems aiming at the sustainability of family farms.
This study aimed to analyze the impacts of Pronaf on productive dimension of family farmers Itacoatiara. For both
on-site visit was held in the community and at Fair Good Hope Rural Producer in order to verify how Pronaf
interfered in increasing productivity and what the possible difficulties both with regard to credit, the organization
of production systems of these family farmers. As a result it was observed that social actors have family
composition type nuclear families as the predominant form, is characterized by higher hand hold labor facilitating
the organization of work in the establishments. All of that research participants pronafianos are classified in group
B (rural microcredit) specific to small producers, especially the cultivation of cassava (64%) as the main product
funded. For impacts on production for 48% increased over 24% saw no difference and 4% said it decreased.
Keywords: Family Farming – Rural Credit – Sustainability family.
Introdução
Contando com mais de uma década de existência o Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar), surgiu num momento em que a principal dificuldade
encontrada pelos pequenos agricultores rurais era a falta de oportunidade de credito rural. Para
melhor atender esta demanda o Pronaf passou por várias reformulações ao longo desses anos,
ampliando, inclusive seu alcance a regiões de difícil acesso às politicas públicas.
Como parte desta ampliação, algumas comunidades de Itacoatiara/Am foram
contempladas com este crédito rural, tornando-se o principal interesse da presente pesquisa,
cuja delimitação enfoca duas distintas realidades como a Feira do Produtor e a Comunidade
1,2 Universidade do Estado do Amazonas - UEA . Centro de Estudo Superiores de Itacoatiara. 1 Engenheira Florestal - [email protected]; [email protected]
8
Boa Esperança. A escolha por esta área se deu em face da quantidade de beneficiários localizado
na região, pela acessibilidade e viabilidade para o cumprimento e desenvolvimento da pesquisa.
Como parte desse arranjo de desenvolvimento, a educação ambiental aparece como uma
prática viável e necessária para a disseminação de uma consciência ambiental, pois somente
com a educação é possível operar mudanças práticas. Neste sentido, essa pesquisa também
mostrará o nível de degradação ambiental existente na comunidade e quais os principais
problemas enfrentados pelos agricultores. Alguns problemas como o lixo, provocados inclusive
pela falta de consciência ambiental dessas populações.
Para tanto o objetivo principal dessa pesquisa é analisar de que forma o Pronaf enquanto
politica social para o campo tornou-se uma ferramenta eficaz para o aumento da produtividade
destes agricultores, e quais as principais dificuldades encontradas, seja para conseguir o crédito,
para implementar a produção ou comercializar o produto final.
Neste sentido, acredita-se na viabilidade desta pesquisa, que se constitui num pequeno,
porém, importante passo para a compreensão das politicas públicas e sua aplicabilidade para o
desenvolvimento rural sustentável dos agricultores familiares.
Metodologia
O município de Itacoatiara está localizado à margem direita do rio Amazonas, 175,5
Km distante da Capital do Estado (Manaus), possuindo uma área de unidade territorial de 8.892
km², com uma população de 84.676 habitantes (IBGE, 2007). O distrito onde o trabalho foi
realizado fica localizado na zona rural do município de Itacoatiara e as atividades foram
desenvolvidas junto às comunidades e famílias beneficiadas pelo PRONAF.
As entrevistas foram realizadas com 25 produtores rurais pertencentes a feira do
produtor envolvendo diversas comunidades (Boa Esperança, Nossa Senhora da Penha, Rio
Arari). Estas, no entanto, foram guiadas por um roteiro contendo 53 perguntas, este
procedimento possibilitou dá liberdade aos entrevistados para expressar-se livremente sem
limitações pré-estabelecidas. Nas entrevistas procurou-se dar ênfase aos objetivos do
beneficiário ao procurar o auxilio do Pronaf, a sua condição prévia, as mudanças que passaram
a fazer parte de sua vida, suas dificuldades e limitações e como se deu o processo de
beneficiamento. A partir destas questões norteadoras, formuladas por meio de uma linguagem
simples e acessível, foi possível fazer uma avaliação de uma das principais politicas públicas
para o campo.
Todos os participantes foram informados e esclarecidos quanto à liberdade de
participação na pesquisa e assegurado o anonimato, os objetivos da pesquisa e que sua
participação seria voluntária e sem ônus para os mesmos. Para tanto foi solicitada assinatura do
participante e dos responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em
cumprimento à Resolução número 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, antes de sua
execução, o Projeto de Pesquisa deste trabalho foi submetido e aprovado no Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas-UEA.
Resultados e Discussão
9
Entender os procedimentos do Pronaf é identificar de que forma o programa impacta
na agricultura familiar. A agricultura familiar, além de ser vista como um tipo de atividade
econômica tem sua especificidade marcada pela presença importante de uma estrutura social
que, em geral, fica invisível à avaliação econômica, que é a família. A pesquisa mostra que se
faz necessário analisar os estabelecimentos e composição familiar dos produtores, visando
observar sua sustentabilidade, como espaço de produção e reprodução da família (social), não
somente como unidade que se relaciona com o meio urbano meramente por fornecimento de
produtos primários. O estabelecimento familiar também é o espaço produtivo, econômico e
social que permite dar sustentação a possibilidades fora do trabalho rural.
A maior parte dos beneficiários possui composição familiar do tipo família nuclear,
onde gera grande força de trabalho aos produtores já que todo o serviço é distribuído entre os
membros da família. O nível de escolaridade entre os produtores é baixa se concentrando em
ensino fundamental e médio incompleto.
Em visitas in-loco pode-se verificar que os pronafianos realizam os sistemas de
produção divididos em componentes, sendo estes relacionados entre si pelas práticas e técnicas
de manejo dos solos, nos atos de cultivo da flora, criação de animais e dentre as diversas
atividades exercidas pelos agricultores familiares, de maneira a alcançar a sustentabilidade
familiar, entretanto, o ato de combinar diferentes componentes são denominadas de
multifuncões algo bem característico do povo Amazônico. Assim as atividades exercidas pelos
pronafianos podem ser apresentadas através dos seus componentes principais: roça ou cultivo
de roça, cultivo de árvores perene, extrativismo vegetal e animal, sítios ou quintais.
Os produtores entrevistados comercializam diferentes produtos tais como: abacaxi,
açaí, bacaba, banana, biribá, buriti, castanha, cacau, coco, cupuaçu, feijão, graviola, macaxeira,
milho, pupunha, ramutã, taperebá, tucumã, pescado e os produtos da mandioca (farinha, pé de
moleque, beijus, tucupi, goma, tapioca). Dentre os produtos vendidos em maior quantidade a
farinha é tida como um dos principais produtos rentáveis, isso ocorre devido ao produto ser
indispensável na mesa dos amazonenses tornando-o bastante procurado. Isso explica a grande
quantidade de beneficiários com financiamento de custeio para plantio de mandioca. Com
relação aos campos de venda eles comercializam na feira do produtor, empresa de
beneficiamento Itafrut, venda por encomenda e pequenos comércio do município.
Com relação específica ao programa todos os beneficiários estão inseridos no grupo B
o chamado microcrédito rural, que segundo o MCR (Manual do Crédito Rural) esse grupo foi
criado para atender aos agricultores familiares que detenham uma renda bruta familiar anual
não superior a R$10.000,00 (dez mil reais). No entanto, a maior insatisfação dos beneficiários
quanto ao PRONAF gira em torno do valor baixo do beneficio , pois a maioria acredita que
para o Pronaf ficar melhor deveria haver um aumento no valor do financiamento.
Os pronafianos aderem ao Pronaf por diferentes motivos, quando perguntados sobre
quais os objetivos iniciais para aquisição do financiamento 40% responderam que buscam
aumentar a produção, 32% melhores condições para o cultivo e criação de animais, 12% iniciar
uma atividade rentável e 16% agregar valor ao produto. Independente do objetivo inicial na
realidade o que os pronafianos procuram é poder garantir a sustentabilidade familiar e
financeira, melhores condições de vida, para que possam conviver com harmonia e conceder
10
um futuro melhor para seus filhos, para tanto, tem no Pronaf uma alternativa para a conquista
desses desejos.
Os dados da pesquisa de campo revelam aquilo que tem se tornado comum no Pronaf
nos últimos anos, ou seja, um programa de política pública fortemente concentrada em
disponibilizar recursos financeiros para as safras agrícolas. Dos beneficiários do programa,
nota-se que 64% buscaram crédito de custeio das safras anuais, enquanto apenas 36% tomaram
crédito de investimento nas safras dos últimos anos. De alguma forma, essas informações
demonstram os limites do programa no sentido de promover mudanças fundamentais na
estrutura produtiva, especialmente em termos dos sistemas de produção.
Em termos das atividades financiadas, observa-se que a mandioca (64%) apresenta a
mesma porcentagem dos recursos para custeio, isso demonstra que este é o único produto
buscado para custeio pelos agricultores familiares entrevistados, já com relação aos
investimentos os cultivos de cupuaçu (24%) e coco (12%) foram os únicos financiamentos
realizados. Todavia em se tratando do município, Itacoatiara financia outrosdiferentes produtos
tais como o abacaxi, maracujá, graviola, laranja, hortaliças, açaí, além dos financiamentos para
pecuária e piscicultura.
Quando questionados sobre a forma de utilização dos recursos adquiridos os
beneficiário responderam que 31% são com tratos culturais, 22% com mudas para os cultivos,
17% com aquisição de animais, 27% com materiais de trabalho e 3% compraram utensílios
domésticos. De acordo com os dados obtidos pelo BASA todo o dinheiro repassado pelo Pronaf
é gerenciado e fiscalizado pelo banco, onde os gastos são direcionados para serem realizados
apenas em lojas credenciadas pelo mesmo, ou seja, o produtor pode efetuar suas compras em
qualquer lugar desde que este esteja credenciado ao banco, já com relação dinheiro em espécie
repassado aos beneficiários era apenas para tratos culturais e mão-de-obra contratada. Mas a
realidade mostrada pelos beneficiários entrevistados é bem diferente da apresentada pelo banco,
pelo menos para o grupo B no qual fazem parte os indivíduos desta pesquisa. O valor repassado
é o montante total onde estes gerenciam da forma que acharem melhor. Por esse motivo alguns
beneficiários adquirem bens que fogem das estipuladas pelo programa, como aquisição de
utensílios domésticos, dentre outros. Outro caso curioso encontrado nesta pesquisa está
relacionado à falta de uma fiscalização mais profunda, onde alguns beneficiários utilizam o
dinheiro do beneficio para aderir outras atividades diferentes das estipuladas pelo programa
como compras de produtos para revenda, se tornando os chamados marreteiros.
Esses tipos de ações descaracterizam completamente o objetivo do programa. Pelo
visto, mesmo com todas as exigências estipuladas pelo programa e pelo banco financiador há
pessoas que conseguem se beneficiar do recurso desvinculando as características principais do
Pronaf. Especificamente em relação aos impactos do Pronaf sobre a produção, a pesquisa
procurou identificar possíveis impactos do programa após os agricultores terem recebido
financiamentos, considerando-se a percepção dos agricultores. Para tanto, foram apresentadas
as opções “aumentou”, “permaneceu igual” e “diminuiu”. Para o total 48% dos beneficiários, a
produção aumentou após o recebimento do crédito do programa, para 24% a produção
permaneceu igual e apenas 4% afirmaram que ela diminuiu.
11
Esses percentuais sofrem pequenas variações em cada grupo de entrevistados nos quais
não chegam a caracterizar grandes diferenças. Essa disposição pode ser observada na figura 1,
onde mostra o impacto na produção nos grupos entrevistados.
Quando solicitados a responder se as mudanças verificadas poderiam ser atribuídas ao
Pronaf, 51% dos beneficiários afirmaram que, em parte, as alterações decorriam do programa,
e 12% afirmaram categoricamente que as mudanças verificadas decorriam totalmente das ações
do Pronaf e 37% entenderam o contrário, ou seja, que o programa não era responsável pelas
mudanças na produção. Até porque 76% dos pronafianos possuem outros tipos de remuneração
(aposentadoria, bolsa família, trabalhos não agrícolas e etc.) que auxiliam na manutenção das
despesas. Com isso fica claro que os agricultores familiares não tem sua sustentabilidade gerada
pela produção dos estabelecimentos.
Posteriormente, os beneficiários foram solicitados a opinar sobre a existência ou não
de mudanças no município após a introdução do Pronaf. Para 66% deles, o programa foi
responsável pelas mudanças em curso. Qualificando um pouco as respostas, 53% entenderam
que a vida em família mudou para melhor após o início das ações do programa; 61% afirmaram
que a vida na comunidade mudou para melhor; e 82% destacaram que a produção agrícola
também mudou para melhor. No entanto, quando solicitados a opinar sobre a conservação do
meio ambiente, 38% afirmaram que não mudou, e 3% entenderam que mudou para pior. Nas
visitas in-loco pode-se observar que alguns beneficiários a priori não possuem nenhuma
conscientização com relação ao meio ambiente, seja nas unidades de produção ou nos arredores
das moradias.
Essas opiniões, na verdade, tendem a mostrar os possíveis impactos do Pronaf na
produção e na vida social. Por um lado, o programa tende a se transformar na principal força
de impulsão do crescimento da produção agrícola familiar, mas, ao mesmo tempo, não consegue
amenizar as falhas na organização e direcionamento dos recursos, além de não conter ou alterar
os danos ambientais provocados pelos sistemas de produção convencionais.
De um modo geral, é perfeitamente compreensível a existência de percepções um tanto
distintas sobre os quesitos considerados, tendo em vista que é difícil creditar exclusivamente
ao Pronaf os efeitos sobre o desenvolvimento de uma determinada comunidade. Assim, deve-
aumentou muito aumentou permaneceu igual diminuiu
Feira do Produtor Comunidade
20%
26,7%
50% 46,7%
30%
0%
6,6%
Figura 1– Impacto do financiamento sobre a produção
12
se reconhecer que, em termos de impactos, os efeitos do programa são bem mais visíveis apenas
nas variáveis relativas à produção agrícola, que, com o apoio recebido, respondeu
positivamente.
A análise de impactos de qualquer política pública enfrenta dificuldades derivadas de
diversos fatores, em virtude da falta de nitidez das diferenças entre os efeitos específicos
atribuíveis a cada uma das políticas e implementação em um mesmo espaço geográfico. Desse
modo, normalmente o que se tem são percepções de efeitos que dificilmente conseguem ser
precisamente mensurados.
Mesmo assim, por meio de pesquisas empíricas e percepções de atores sociais
envolvidos com uma determinada política pública, é possível aferir determinados impactos
dessa política, tanto no sentido de manter e consolidar uma trajetória em curso como no sentido
de interromper um processo que está ocorrendo e desenhar novos caminhos.
No entanto, parece que o programa com relação ao grupo B apenas limita-se a emprestar
dinheiro aos produtores, sem apresentar meios de desenvolver assistência técnica junto ao
beneficiário, onde há simplesmente um contato para elaboração do projeto sem observar as
condições de terreno e tratos com a cultura na qual o produtor pretende investir. Precisa-se ter
maior ligação entre governo federal, estadual e municipal para auxiliar o pequeno produtor com
relação aquisição a assistência técnica e não apenas facilitar as condições para os empréstimos.
Deve haver disponibilização de mão-de-obra especializada, pois, o pronaf é uma das politicas
publicas que vem crescendo bastante e de alguma forma deveria haver mais atuação dos órgãos
públicos.
Conclusões
Apesar de a pesquisa apresentar resultados positivos com relação à capacidade de
produtiva dos agricultores, cabe salientar que esta não teve aumento devido ao financiamento,
pois os valores aplicados são muito baixos, inviabilizando melhores investimentos para os
estabelecimentos e consequentemente torna-lo mais rentável.
Esses dados servirão para o conhecimento da realidade local, e principalmente para fins
avaliativos, pois, apenas com a pesquisa empírica pode-se obter uma avalição satisfatória. Além
do mais, sabe-se que atualmente a agricultura familiar representa um grande potencial para o
desenvolvimento sustentável, por representar a maior parte dos estabelecimentos agrícolas. Daí
também o interesse em enfocar, a questão da sustentabilidade familiar, ambiental e econômica,
pois, estes compõe a base para o desenvolvimento sustentável.
As informações aqui apresentadas servirão de base para futuros estudos nesta área, bem
como para trazer ao conhecimento de estudiosos e leigos os aspectos essenciais do Pronaf, que
consiste em fortalecer a agricultura familiar, e contribuir com o desenvolvimento rural
sustentável. Além dessa contribuição a comunidade acadêmica, existe também ao espaço
oferecido na pesquisa de os próprios pronafianos relatarem sua experiência, suas dificuldades
e limitações no âmbito da agricultura. Ademais, este trabalho não se restringe a dados
quantitativos e oficiais, mais do que isso, a preocupação sempre foi em desenvolver uma
pesquisa com caráter qualitativo que mostrasse não apenas o programa em seus aspectos gerais
e formais, mas, em seus aspectos centrais, ou seja, quando este deixa de ser apenas uma
aspiração política e passa a ser realidade concreta na vida da sociedade.
13
Agradecimentos
Aos agricultores familiares entrevistados pela paciência e disponibilidade em contribuir
com suas informações e experiência para a composição desse trabalho.
Referências
ABRAMOVAY, R. & DA VEIGA, J. E. Novas instituições para o desenvolvimento rural: o
caso do PRONAF. Brasília: IPEA, Texto para Discussão nº 641, 1998.
FRAXE, T. J. P. Cultura cabocla-ribeirinha: mitos, lendas e transculturalidade. São Paulo:
Amnablume, 2004.
GARCIA, R. C. Avaliação de ações governamentais: pontos para um começo de conversa.
Brasília: IPEA /CENDEC, 1997.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Manual do crédito rural PRONAF.
Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf>.
Acesso em: 15 de abril de 2013.
NODA, S.N. Agricultura Familiar na Amazônia das águas. Manaus, 2007. 208p.
PETRELLI C,V; Silva, F (2004): O novo desenho do Financiamento Agrícola e as
dificuldades para os produtores não integrados. Anais XVII Congresso da SOBER.
Julho 2004. Cuiabá MT.
SOUZA, M. L. de. Desenvolvimento de comunidade e participação. 7. ed. São Paulo: Cortez,
2000.
14
ESTOQUE DE NPK NA SERAPILHEIRA ACUMULADA EM UM
POVOAMENTO DE Eucalyptus saligna (Smith.), SÃO GABRIEL - RS
Renata Reis de CARVALHO¹; Mauro Valdir SCHUMACHER²;Elias Frank ARAÚJO³
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo quantificar a biomassa e o estoque de nutrientes da serapilheira acumulada
sobre o solo em um povoamento de E. saligna, no município de São Gabriel – RS. Foram coletadas aleatoriamente
9 amostras de serapilheira em 4 parcelas. Com o auxílio de uma moldura quadrada e metálica com 25 cm de lado,
foram coletadas aleatoriamente 36 amostras distribuídas em 4 parcelas de 20,0 m x 20,0 m . O material amostrado
foi levado ao laboratório onde foi; fracionado, seco, pesado, moído e analisados os teores de N, P e K. A fração
com maior quantidade de serapilheira foi constituída por 51% de miscelânea seguindo 26% de folhas e 23% de
galhos. A magnitude total do conteúdo de macronutrientes na serapilheira acumulada foi de: N > K > P.
Palavra-chave: Ciclagem de nutrientes – Eucalipto – nutrição florestal.
ABSTRACT
This study aimed to quantify the biomass and nutrient stocks of litter accumulated on the ground in a stand of E.
saligna in the municipality of São Gabriel - RS. 9 samples were randomly collected litter in 4 installments. With
the aid of a square frame and metal with 25 cm side, 36 samples were collected randomly distributed in 4
installments of 20.0 mx 20.0 m. The sampled material was taken to the laboratory where it was; fractionated, dried,
weighed, ground and analyzed the contents of N, P and K. The fraction with the highest amount of litter was
composed of 51% to 26% following smorgasbord of 23% of leaves and twigs. The magnitude of the total content
of macronutrients in accumulated litter was: N> K> P.
Keywords: Nutrient cycling – eucalyptus – forest nutrition.
Introdução
A ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais, na forma de plantações ou nas
florestas naturais, tem sido extensamente estudada com o objetivo de se obter maior
conhecimento da dinâmica dos nutrientes nestes ambientes, não só para o entendimento do
funcionamento dos ecossistemas, mas também buscando informações para o estabelecimento
de práticas de manejo florestal para recuperação de áreas degradadas e manutenção da
produtividade do sítio degradado em recuperação (SOUZA; DAVIDE, 2001).
____________________
1,2 Universidade de Santa Maria – RS Mestranda do Programa de Pós graduação em Engenharia
Florestal – [email protected]; Doutor em Ecologia e Nutrição Florestal –
Departamento de Ciências Florestais – [email protected] 3Engenheiro Florestal - CMPC – Celulose Riograndense/RS – [email protected]
15
Para Vieira e Schumacher (2009) existem alterações na quantidade de nutrientes retidos
e devolvidos entre as espécies florestais. Ou seja, há espécies que retêm a maior parte dos
nutrientes absorvidos, enquanto outras devolvem a maior parte da quantidade de nutrientes que
absorvem.
Trabalhos associados com a quantificação de serapilheira acumulada fornecem
subsídios para um melhor entendimento da dinâmica dos nutrientes.
Além disso, possibilitará à geração de informações que ajudem na escolha de espécies
florestais para a formação de maciços, através da sazonalidade, da quantidade e da qualidade
da serapilheira produzida, quando suas características químicas e físicas forem relevantes para
a melhoria do solo e da cadeia alimentar resultante dos detritos por elas gerados (CALDEIRA
et al., 2008).
O monitoramento da distribuição de nutrientes em componentes do sistema é
indispensável, como na árvore e na serapilheira. Este controle irá possibilitar uma avaliação
mais abrangente das implicações e exportações de nutrientes na colheita florestal e da
manutenção do potencial produtivo do solo nas sucessivas rotações (ANDRADE et al., 2006).
Este trabalho objetivou avaliar o estoque de NPK na serapilheira acumulada sobre o
solo em um povoamento de Eucalyptus saligna (Smith.) no município de São Gabriel – RS.
Metodologia
Descrição do sítio
O presente de estudo foi realizado no Horto Florestal Ponta das Canas, localizado no
município de São Gabriel-RS.
De acordo com Köppen, o clima da região é classificado como Cfa, caracterizado como
subtropical, onde a temperatura média anual é de 18,6 ºC e a precipitação média anual são de
1.356 mm (MALUF, 2000).
O solo da região é classificado como Cambissolo Háplico distrófico que segundo
Dalmolin e Pedron (2007), tem como característica marcante a presença de um horizonte B
incipiente e baixo gradiente textural entre os horizontes.
Coleta de dados
Em um povoamento de Eucalyptus saligna, foram demarcadas quatro parcela de 20 m
x 20 m, cada uma destas foram coletadas com o auxilio de uma moldura de 25 cm x 25 cm,
com nove amostras coletadas aleatoriamente.
Todo o material resultante da amostragem de cada ponto foi armazenado em sacos
plásticos, identificados e levados ao laboratório.
Em laboratório, as amostras foram fracionadas (folhas, galhos e miscelânea), secas em
estufa de circulação e renovação de ar a 70oC, permanecendo por um período de 72 horas. Para
análise dos teores de nutrientes foram constituídas amostras compostas da seguinte maneira: de
cada três amostras simples, após homogeneização, foi retirada uma subamostra, totalizando três
subamostras de cada fração por parcela.
16
Posteriormente, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey com peneira de 20
mesh para a análise química.
A determinação dos teores dos macronutrientes (NPK) foi realizada a partir da
metodologia descrita por Tedesco et al. (1995).
O delineamento experimental considerado foi o inteiramente casualizado com três
tratamentos e doze repetições. A análise estatística foi realizada com o auxilio do programa
SAS ao nível de 5% de probabilidade de erro para a comparação das médias das frações,
utilizou-se o teste de Tukey (ZIMMERMANN, 2004).
Resultados e discussão
A quantidade de serapilheira acumulada encontrada nas amostras coletadas sobre o solo
(Tabela 1) foi de 19,75 Mg ha -¹, sendo constituída por 51% de miscelânea; 26% de folhas e
23% de galhos. A biomassa das frações folhas e galhos não diferiram significativamente entre
si, mas foram inferiores à fração miscelânea.
O valor do coeficiente de variação foi elevado nas frações galhos e miscelânea,
demonstrando a quantidade de material lenhoso disponível.
Tabela 1- Biomassa da serapilheira sobre o solo de um povoamento de Eucalyptus saligna, São Gabriel, RS.
Médias seguidas pela mesma letra na horizontal, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade
de erro.
Um estudo realizado por Kleinpaul et al. (2005) encontrou o menor coeficiente de
variação, para coletas de serapilheira de Eucalyptus sp., nas folhas (15,2%). O maior CV% foi
para fração casca (62,5%), pois esse material é encontrado em abundância nas proximidades
dos troncos, mas, devido à aleatoriedade das coletas, algumas amostras apresentaram grandes
e, outras, uma pequena quantidade de cascas, com essa variabilidade causando aumento do
coeficiente de variação.
Vieira et al. (2010) obteve 19,93 mg ha-¹ na quantidade de serapilheira acumulada sobre
o solo em um fragmento de Floresta Estacional Decidual, porém 55% foi constituído de folhas
e galhos.
Variáveis
Fração
Folhas Galhos Miscelânea Total
Biomassa (kg
ha -1) 5.122,8 b 4.461,11 b 10.174,93 a 19.758,8
% 26,0 23,0 51,0 100,0
Desvio-padrão 66,86 912,32 3474,24 -
CV(%) 1,31 20,45 34,15 -
17
Na Tabela 2, encontram-se os teores de macronutrientes presentes nas diferentes frações
da serapilheira acumulada. Verifica-se, nessa tabela, que o N foi o nutriente com maior teor nas
frações da serapilheira. Entretanto o teor de P não diferiu estatisticamente entre as frações.
A dinâmica dos nutrientes nas árvores varia conforme a espécie, a idade e as condições
edafoclimáticas do sítio e das práticas de manejo adotadas (VIERA; SCHUMACHER, 2009).
Alguns autores relatam que a concentração dos elementos nas folhas tende aumentar, enquanto
as de outros decresce, devido à translocação de nutrientes de órgãos senescentes para regiões
de crescimento da árvore. Todos esses aspectos evidenciam a grande importância da ciclagem
interna dos nutrientes para a manutenção do balanço nutricional das plantas (HAAG, 1985;
CALDEIRA et al., 1999; VIERA; SCHUMACHER, 2009).
Na fração miscelânea, a concentração de nitrogênio foi superior possivelmente por esse
componente conter detritos orgânicos. Segundo Haag (1985), a maior concentração de N esta
intimamente ligada ao material estrutural, representado pelo teor de lignina e celulose.
Tabela 2 - Teores de macronutrientes nas frações da serapilheira acumulada sobre o solo de um povoamento de
Eucalyptus saligna, São Gabriel, RS.
Frações N P K
Folhas 8,39 a 0,38 a 2,64 a
Galhos 4,71 c 0,28 a 2,57 a
Miscelânea 6,73 b 0,29 a 1,14 b
Médias seguidas pela mesma letra na vertical, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade de
erro.
Na tabela 3, verifica-se a quantidade de nutrientes armazenada nas diferentes frações de
serapilheira.
Tabela 3 - Quantidade (kg ha-1) de nutrientes nas diferentes frações de serapilheira sobre o solo, em São Gabriel,
RS.
Frações N P K
Folhas 43,0 (31,8) 2,0 (32,2) 13,5 (36,6)
Galhos 20,9 (15,5) 1,2 (19,4) 11,5 (31,2)
Miscelânea 71,2 (52,7) 2,9 (48,4) 12,0 (32,2)
Total 135,1 6,2 37,2
Valores entre parênteses referem-se à porcentagem de cada fração em relação ao total de nutrientes na serapilheira
sobre o solo.
O P foi o nutriente menos encontrado na serapilheira acumulada, com as seguintes
quantidades em cada fração; miscelânea (48%), folhas (32%) e galhos (19%). Segundo Bellote
18
(1979) estudos com o Eucalyptus grandis aos 6 anos de idade o fósforo foi o macronutriente
com menor quantidade acumulada. A magnitude dos macronutrientes obedeceu a seguinte
ordem: N > K > P. O conteúdo de fósforo foi cerca de 17 e 16 vezes menor que o nitrogênio,
respectivamente. O elemento fósforo é móvel nos tecidos. Ferri (1985) cita que a maioria dos
nutrientes possui mobilidade média/alta dentro de uma planta e, dessa forma, tendem a se
concentrar nos órgãos mais novos, como ocorre para o nitrogênio. Esse elemento participa da
maioria das reações de metabolismo de composto (proteínas, aminas, amidas, vitaminas, etc.).
Segundo Gonçalves et al. (2001), alguns solos sob povoamentos homogêneos de
Eucalyptus grandis no planalto ocidental paulista teriam reserva de N suficiente para atender
às necessidades das árvores por três a cinco rotações (sete anos cada), se tornando, a partir de
então, áreas potenciais de resposta à fertilização nitrogenada. Evidências desse efeito foram
constatadas em plantações no Congo, após 50 anos de cultivo em solos de textura arenosa
(LACLAU et al., 2004).
O acúmulo de nutrientes foi predominante na fração miscelânea apresentando 52% para
nitrogênio, 48% para fósforo.
Costa e Tonini (2011) em plantios de Eucalyptus camaldulensis, encontraram como
resultado o fósforo disponível foi muito baixo, este elemento é considerado como limitante ao
crescimento da maioria das espécies florestais (FISHER; BINKLEY, 2000).
Conclusões
O maior nutriente encontrado nos diferentes materiais depositados sobre o solo foi N,
isto corresponde a mais de 80% do total de macronutrientes contidos na serapilheira.
A magnitude total do conteúdo de macronutrientes na serapilheira foi de: N > K > P.
Agradecimentos
Ao terceiro autor pela realização deste trabalho e à empresa CMPC – Celulose
Riograndense, pela disponibilização da área para estudo e pelo apoio logístico e financeiro.
Referências
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19
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COLETA E HERBORIZAÇÃO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA
LECYTHIDACEAE LINDL. PARA A INCORPORACAO NO
HERBARIO UEA/CESIT
20
Jaciara Lima de OLIVEIRA¹; Rejane Gomes FERREIRA2; Melissa CHALCO3
RESUMO
O estudo visa a coleta e herborização do material botânico da família Lecythidaceae, para a incorporação no
Herbário do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – UEA/CESIT, com o intuito de acrescentar informações
sobre o hábitat, distribuição geográfica, fenologia, dispersão de semente, contribuindo para pesquisas científicas e
atividades de educação ambiental. A família em estudo é importante e abundante na floresta Amazônica, fazendo-
se necessário a incorporação do material botânico da mesma, pois há poucas amostras na coleção do CESIT.
Durante a pesquisa foram encontradas vinte espécies pertencentes a cinco gêneros. O gênero mais abundante foi
Eschweilera com quatro espécies os demais gêneros encontrados foram Cariniana com duas espécies, Lecythis
com duas espécies, Bertholletia com uma espécie e Holopyscidium com uma espécie. Todas as vinte espécies
coletadas são de hábito arbóreo e se distribuem em florestas de terra firme. Durante a coleta foi constatado que
todas as espécies estavam em período de frutificação, portanto não foi coletado material botânico com flor. Durante
todas as coletas no campo foram registradas as características vegetativas como o tipo de tronco, a cor e o tipo da
casca externa, a cor da casca interna o tipo do fruto suas sementes e algumas características das folhas como
pilosidade e tamanho. Umas das espécies facilmente reconhecidas características é a Bertholletia excelsa H.B.K.,
por apresentar tronco reto permanecendo sem galhos por mais da metade do comprimento da árvore, com uma
grande coroa emergindo sobre a folhagem das árvores vizinhas. Sua casca é acinzentada e suave possui fissuras
profundas em sua casca externa e folhas grandes. O trabalho possibilitou a incorporação de novas amostras de
plantas da família Lecythidaceae.
Palavras-chave: Espécies vegetais – exsicata – botânica.
ABSTRACT
The study aims at collecting and botanical material herborization Lecythidaceae for incorporation in the Herbarium
of the Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara - UEA / CESIT, in order to add information about the habitat,
geographic distribution, phenology, seed dispersal, contributing to scientific research and environmental education
activities. The family under study is important and abundant in the Amazon rainforest, making it necessary to
incorporate the plant material of the same, as there are few specimens in the collection of CESIT. During the
survey found twenty species belonging to five genera. The most abundant genus was Eschweilera four species
with the other genera were found Cariniana with two species, Lecythis with two species, with one species and
Bertholletia Holopyscidium with a kind . All twenty of the collected species are arboreal and are distributed in
upland forests. During the collection was found that all species were fruiting period, so it was not collected
botanical material with flower. For all samples in the field were recorded vegetative characteristics as the trunk
type , color and type of the outer shell , the color of the inner bark of the type of fruit and its seeds some
characteristics of the leaves as hairiness and size . A species easily recognized features is Bertholletia excelsa HBK
, by presenting straight trunk with no branches remaining for more than half the length of the tree with a large
crown on the emerging foliage of the surrounding trees . Its bark is gray has deep cracks in its outer shell and large
leaves. The work enabled the incorporation of new samples of plants.
Keywords: Vegetable Species – voucher specimen – botanical _______________________________________________
1Universidade do Estado do Amazonas 1Graduanda em Engenharia Florestal – Jaciara-
[email protected]; 2Mestre em Ciências Florestais - [email protected]
Introdução
21
A família Lecythidaceae consiste em 20 gêneros e 400 espécies distribuídas nas regiões
tropicais, sendo que cerca de 200 espécies neotropicais de 10 gêneros ocorrem na América do
Sul, de México ao Sul do Brasil e alguns gêneros ocorrem na África e Ásia (HEYWOOD,
1993). Compreende árvores tipicamente do dossel, algumas emergentes e outras poucas no sub-
bosque (RIBEIRO et al. 1999) com folhas alternas ou espiraladas, geralmente aglomeradas na
planta dos ramos, sem estípulas.
Trata-se de uma família de interesse econômico: espécies comestíveis como a
Bertholletia excelsa (castanha do Brasil) que contribuiu bastante para a economia do Brasil,
especialmente no Pará e Acre, e Lecythis pisonis (castanha sapucaia) cujas amêndoas são
saborosas e contém cerca de 51% de óleo comestível (CAVALCANTE, 1988); espécies
produtoras de madeira tipicamente dura e resistente como Couroupita guianensis Pilg. e
Eichweilera matamata Huber (JOLY, 1991).
As Lecythidaceaes habitam principalmente as florestas tropicais úmidas, pois a maior
diversidade de espécies é muito grande em terras bem drenadas, com solos relativamente ricos,
porém algumas espécies crescem em áreas periodicamente inundadas (várzeas) tais como:
Allantana lineata, Couratari e Eschweilera tenuifolia. Poucas espécies são encontradas em
savanas como Caraniana rubra e Eichweilera nano, que ocorrem no Brasil Central, Lecythis
miersiano e L. schomburgkii em Roraima, e apenas 14 espécies de Eschweilera em altitudes
acima de 1.000 m (PRANCE & MORI, 1979).
Onde a floresta é cortada e queimada, as espécies de Lecythidaceae tornam-se
geralmente ausentes pela subseqüente vegetação secundária. As modificações em florestas
nativas podem resultar na perda de muitos indivíduos, provavelmente causando a extinção de
espécies desta família. Por esse motivo é importante a presença de exemplares dessa família em
um local (herbário) onde se possa manter preservado o material botânico coletado, para futuros
estudos da diversidade vegetal, pois possuem um papel vital que podem desempenhar nas
pesquisas, sendo cada vez mais reconhecidos por um maior número de investigadores
Os Herbários documentam a existência de espécies em um determinado tempo e espaço;
documentam elementos da flora de áreas preservadas e de áreas hoje perturbadas ou
empobrecidas; são indispensáveis em pesquisas taxonômicas e filogenéticas e essenciais na
identificação precisa das espécies (BARBOSA & PEIXOTO, 2003).
Sendo que este estudo visa a coleta e herborização de amostras das espécies da família
Lecythidaceae encontradas no município de Itacoatiara, para a incorporação no Herbário do
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – UEA/CESIT, com o intuito de acrescentar
informações sobre o hábitat, distribuição geográfica, fenologia, dispersão de semente, para que
este atue como importante suporte para pesquisas científicas e atividades de educação ambiental
com um acervo de qualidade, uma vez que a família em estudo é de suma importância e
abundante na floresta Amazônica, fazendo-se necessário a incorporação do material botânico
da mesma, pois possui poucas amostras na coleção do CESIT.
Metodologia
22
A princípio fez-se o levantamento bibliográfico específico das espécies da família
Lecythidaceae que predominam na região amazônica, servindo de base para o desenvolvimento
do projeto.
Foi realizada a coleta das amostras que estavam no seu estádio de desenvolvimento, pois
a planta deve estar fértil (floração ou frutificação), incluindo ramos e folhas. As ferramentas
utilizadas foram podão e tesoura de poda. Durante a coleta os exemplares foram prensados entre
folhas de jornais e papelão, em seguida colocados e amarrados em prensas (grades de madeira)
com cordões.
Foram anotadas e fotografadas todas as observações possíveis do indivíduo que foi
retirado o material botânico, como: hábitat da planta, porte, polinizadores, cor e tamanho de
flores e frutos, tipo de tronco, diâmetro, altura e outros. Em seguida, o material coletado foi
colocado imediatamente na estufa à temperatura média de 60°C no período de dois dias.
As amostras foram confeccionadas e etiquetadas, contendo informações sobre
classificação (família, gênero, espécie e nome popular), a procedência, data da coleta, nome do
coletor, do identificador, número da exsicata correspondente (registro do Herbário) e
observações sobre a planta (cor da flor, do fruto, estágio de desenvolvimento, odor).
Resultados e discussão
Foram coletadas 9 espécies pertencentes a 5 gêneros, totalizando 20 indivíduos. Os
gêneros mais abundantes foram Eschweilera com três espécies, Cariniana e Lecythis com duas
espécies cada (Tabela 1).
Tabela 1 – Lista de espécies coletadas e identificadas
ESPÉCIES N. INDIVÍDUO HABITAT
Bertholletia excelsa H.B.K. 01 terra-firme
Cariniana micrantha Ducke 02 terra-firme
Cariniana decandra Ducke 02 terra-firme
Lecythis sp. (Jarana-de-Paulo) 04 terra-firme
Eschweilera bracteosa (Poepp. ex O.Berg) Miers 02 terra-firme
Eschweilera wachinheimii Sandwith 01 terra-firme
Eschweilera coriacea Mori 05 terra-firme
Eschweilera coriacea Mori 05 terra-firme
Lecythis pisones Camp. 01 terra-firme
Holopyxidium lotifolium (Ducke) R.Knuth. 02 terra-firme
23
Todos os indivíduos coletados são de hábito arbóreo e se distribuem em florestas de
terra firme. Durante a coleta constatou-se que todas as espécies estavam em período de
frutificação, portanto não foi coletado material botânico com flor. Uma das espécies facilmente
reconhecida foi a Bertholletia excelsa, por apresentar tronco reto permanecendo sem galhos por
mais da metade do comprimento da árvore, com uma grande coroa emergindo sobre a folhagem
das árvores vizinhas. Sua casca é acinzentada e suave possui fissuras profundas em sua casca
externa e folhas grandes.
Os indivíduos estudados de Cariniana micrantha variam com altura de 28-30 m, DAP
70-90 cm, fuste cilíndrico, casca com ritidoma marrom-escuro a cinza, fissuras rasas de difícil
desprendimento, presença de lenticelas grandes espaçadas, aspecto rugoso, estriado, glabro com
lenticelas horizontais, minúsculas, dispersas; gema na axila do pecíolo com folhas alternas,
elíptica, ápice acuminado, base cuneada, glabra, margem crenulada, algumas vezes com dentes.
O fruto é um pixídio de coloração marrom avermelhada, possui formato turbinado o opérculo
é deiscente e a columela é longa e triangular. Sementes aladas (Figura 1). Esse esquema (anotar
e fotografas as observações marcantes) foi realizado para todas as espécies coletadas.
Figura 1 - A: Casca externa e interna: casca morta vermelha e casca viva amarela; B: Margens das folhas
serrilhadas; C: Domáceas nas axilas das veias secundárias; D: fruto pixídio de coloração marrom
avermelhada; E: Opérculo com columela longa e triangular; F: Sementes aladas.
O trabalho possibilitou a incorporação de vinte novas amostras de plantas da família
Lecythidacea ao herbário do CESIT. Sendo que as espécies Cariniana decandra, Eschweilera
wachinheimii e Holopyxidium lotifolium até então não faziam parte da coleção do herbário da
UEA (Figura 2).
A B
D
C
E F
24
Figura 2 – Incorporação das exsicatas no Herbário do CESIT.
Conclusões
As espécies incorporadas são de suma importância para o herbário e servirão de base
para estudos e pesquisas científicas, além de enriquecer o acervo, servirão de material de troca
com outros herbários.
Referências
BARBOSA, M.R.V. & PEIXOTO, A.L. Coleções botânicas brasileiras: situação atual e
perspectivas. In: Peixoto, A.L. (org.). Coleções biológicas de apoio ao inventário, uso
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1999.
MAPEAMENTO DAS COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE
ITACOATIARA – AM
Raimundo Lúcio Barros PINTO¹; Deolinda Ferreira GARCIA2; Melissa CHALCO3
25
RESUMO
O presente trabalho reúne, entre outros, elementos técnicos, tabelas e base cartográfica, que favorecem o
gerenciamento de dados e informações detalhadas das comunidades do município de Itacoatiara e, tem como
objetivo gerar um mapa com acessos rápidos a estas informações precisas, para que possam estar disponíveis ao
conhecimento dos órgãos públicos e, de toda sociedade de um modo geral. As informações necessárias para a
realização deste trabalho foram coletadas de um banco de dados existente na Secretaria Municipal de Interior e
Desenvolvimento Rural – SEMIN-DR. Existem 226 comunidades cadastradas no SEMIN-DR, que se encontram
distribuídas em 06 polos. Do total, apenas, 170 comunidades se encontram ativadas e registradas com dados atuais.
O desenvolvimento social registrado atualmente nessas comunidades encontra-se ainda em ascensão uma vez que
são existentes 103 escolas distribuídas nos polos. Apenas 23 postos de saúde atendem à população de 226
comunidades e, atualmente, são 99 comunidades atendidas com água potável, apesar dessa situação projetos e
investimentos do poder público são direcionados e podem alcançar um maior numero de comunidades. As
informações aqui registradas são de grande importância para este município, visto que ocultá-las inviabiliza ou
atrapalha ações, projetos, programas, que venham a ser empregados, contribuindo, assim, para a evolução sócio-
econômica da população e, consequentemente do Município e também do Estado.
Palavras-chave: georreferenciamento – comunidades rurais – SIG.
ABSTRACT
This work brings together, among other technical elements, tables and map base, which contribute to data
management and detailed information on communities in the municipality of Itacoatiara, and aims to generate a
map with quick access to this information accurate so that they can be available to the public and knowledge of
every society in general. The data needed in this work were collected from an existing database in the Municipal
Interior and Rural Development - SEMIN-DR. There are 226 registered communities in SEMIN-DR, which are
distributed in 06 clusters. Of the total, only 170 communities are enabled and recorded with current data. The
currently registered social development in these communities is still to be developed, since existing 103 schools
are distributed at the poles. Only 23 health centers serve the population of 226 communities, and today 99
communities are served by drinking water. The information recorded here are of great importance to this county,
since the hidden information or hinder desviabilizam actions, projects, programs, that may be employed, thus
contributing to the socio-economic population, and consequently the municipality and state.
Keywords: georeferencing – rural communities – SIG.
Introdução
A necessidade de um planejamento torna-se indispensável na medida em que a
sociedade, como um todo sofre um aumento populacional desordenado e constante, tornando-
se necessário repensar o modo de planejar. Neste sentido, faz-se necessário um planejamento
integrado englobando, tanto o ambiente urbano como o rural e ambiental, já que o espaço
geográfico é o meio no qual o homem realiza suas tarefas essenciais, e é função do planejador
utilizar os conhecimentos de maneira racional na utilização dos recursos naturais (MADRUGA
et al., 2007).
_____________________ 1Engenheiro Florestal - ; 2Doutoranda em Agronomia Tropical – UFAM –
[email protected]; 3Mestre em Ciências Florestais - [email protected].
Apesar das conquistas legais para educação, saúde e utilização dos recursos naturais no
campo, percebe-se ainda a falta de compromisso do governo com essa realidade, pois sabe-se
que o compromisso não corresponde somente a um fator, mas implica em problemas de
contexto político, social e econômico (PORTO, 2000).
26
O município de Itacoatiara possui 226 comunidades rurais cadastradas junto à Prefeitura
municipal e deste universo todas foram georreferenciadas e certificadas. Para uma maior
segurança, nos dados, é importante a adoção de novas técnicas de levantamento acompanhando
o avanço tecnológico nessa área do conhecimento, proporcionando a essas comunidades maior
facilidade na aquisição de benefícios oferecidos pelo governo, pois se observa que a ausência
desses benefícios se dá pela falta de regularização e atualização dos dados das mesmas junto
aos órgãos responsáveis.
O presente trabalho tem como objetivo geral propor uma metodologia para elaboração
de mapas base e temático como suporte ao poder público, utilizando imagens de satélite. Como
objetivos específicos: identificar a necessidade dos comunitários referentes à educação, saúde,
água e energia elétrica.
Metodologia
O trabalho foi desenvolvido nas 226 comunidades da zona rural do município de
Itacoatiara (AM), divididas em seis polos (Figura 1), sendo essa distribuição organizada de
acordo com meio de acesso, ou seja, calha de rio ou estrada e registradas junto à Secretaria
Municipal de Interior e Desenvolvimento Rural (SEMIN-DR).
Figura 1 - Imagem da distribuição dos polos na área do Município de Itacoatiara.
O município de Itacoatiara está localizado no extremo norte do Brasil à margem
esquerda do Rio Amazonas, latitude 12º44'26'' S e longitude 60º08'45" W, estando a uma
altitude de 38 metros acima do nível do mar. Possui uma área de 8.600 km² e seu território tem
como limite as cidades de: Manaus, Urucará, Rio Preto da Eva, Nova Olinda do Norte, Silves,
Itapiranga e São Sebastião do Uatumã. Sua população, de acordo com o IBGE/2010, é de
86.839 habitantes, sendo 28.682 pessoas vivendo na zona rural, fazendo com que o
conhecimento sobre as características da área e a tipologia seja fundamental para o
desenvolvimento das atividades da área e devida localização.
Foi realizada uma pesquisa sobre as comunidades rurais do município de Itacoatiara,
através de informações extraídas do banco de dados do município como: número de famílias,
fornecimento de energia elétrica, tipologia da área, educação, saúde e acesso à água potável,
todas essas informações foram disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Interior e
27
Desenvolvimento Rural – SEMIN – DR. Informações essas que são imprescindíveis para o
controle e distribuição de benefícios a nível federal, estadual e municipal.
Para realização da coleta de dados utilizados no georreferenciamento desses aspectos,
foram feitas visitas em todas as comunidades, com a finalidade de captação das coordenadas
geográficas individualmente, com o auxílio de GPS de navegação do modelo GPSmap 60CSx
(GARMIM). Com todas as coordenadas reunidas partiu-se para elaboração do mapa que consta
toda área do município, sendo divido em seis polos, identificados através da numeração, polo
1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Resultados e discussão
Localização das comunidades estudadas
Com a análise dos dados foi possível a elaboração de mapas georreferenciados onde são
evidenciados a localização das comunidades de acordo com o polo que cada uma pertence
(Figuras 2, 3, 4, 5, 6 e 7). A partir das visitas aos polos pode-se observar que partes dessas
comunidades situam-se às margens de rios ou afluentes, facilitando o meio de transporte, uma
vez que, o rio é a única forma de acesso a essas regiões.
Figura 2 - Visualização gráfica do polo 1 Figura 3 - Visualização gráfica do polo 2
Figura 4 - Visualização gráfica do polo 3 Figura 5 - Visualização gráfica do polo 4
28
Figura 6 - Visualização gráfica do polo 5 Figura 7 - Visualização gráfica do polo 6
O município possui uma distribuição das comunidades nas tipologias várzea (35,4%) e
terra firme (64.6%), ocorrendo situações de várzea alta que inundam apenas quando o nível do
rio se eleva é o caso de 100% dos polos, pois, apresentam comunidades que tem sua área
inundada sazonalmente em situações específicas é o caso da comunidade Ebenezer/Lago
Stanislau Rio Arari localizado no polo 4 dentre outras.
Acesso à água
De acordo com a análise dos dados referentes à hidrografia da região, pode-se observar
que o recurso é utilizado para necessidades básicas, tais como, captação de alimentos, utilização
para higiene e para o consumo. Do total 67,70% situam-se às margens de algum rio. O principal
rio da região é o Amazonas e seus afluentes: Rio Urubu, Rio Arari, Rio Preto da Eva, Rio Caru,
Paraná de Serpa, Paraná da Eva, Paraná da Simplícia, Paraná do Urariá, Paraná do Correnteza,
Paraná do Sucuriju, Paraná do Amatari, Paraná do Jacaré, Paraná do Limão e os 32,3% das
demais comunidades estão situadas ao longo da rodovia AM-010. As comunidades que estão
localizadas próximas das estradas utilizam para captação de água a estrutura de poços semi-
artesianos que beneficiam apenas 41,15% do total de comunidades. O polo 5 se mostrou melhor
estruturado com 46 poços perfurados, fato esse que se justifica pela localização do polo que se
encontra todo em área de terra firme, diferentemente do polo 6 que não possui estrutura de
poços, pois localiza-se em área de várzea (Tabela 1).
Tabela 1 - Serviço de água potável nas comunidades.
POLO P.ARTESIANO SAAE S/ATENDIMENTO TOTAL
1 7 2 25 34
2 6 2 10 18
3 3 0 16 19
4 31 0 22 53
5 46 2 27 75
6 0 0 27 27
TOTAL 93 6 127 226
Referene a tabela: S/A – Sem atendimento; P.ARTESIANO – Poço artesiano; SAAE – Serviço de abastecimento
de agua e esgoto.
29
O SAAE (Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto) atende somente duas
comunidades em cada um dos polos 1, 2 e 5, ou seja, 2,65% das comunidades. A maior parte
delas 56,19% não possui o serviço de abastecimento de água, sendo este suprido pelo
bombeamento da água do rio para utilização sem passar por nenhum tratamento.
O fornecimento de água para as comunidades é a necessidade básica para que a
população possa ter as mínimas condições de sobrevivência, uma vez que esse recurso é
necessário para atividades diárias como: higiene, manutenção de plantações e consumo. A falta
de tratamento da água destinada ao consumo coloca em risco essas pessoas no que se refere à
transmissão de doenças, principalmente diarreias e verminoses. O serviço de abastecimento de
água nas comunidades que compõe o município de Itacoatiara não acompanhou o
desenvolvimento e o aumento das áreas habitadas, o que caracteriza uma falta de estrutura
mínima para manutenção da qualidade de vida das pessoas que residem nessas áreas.
Necessidades na educação
Toda zona rural do município conta com 101 escolas municipais e 19 estaduais. O polo
5 apresenta 33 escolas municipais e 6 estaduais tornando-se o polo com maior quantidade de
escolas nas duas esferas e os polos 1,2 e 3 com 7 escolas municipais e 1 estadual cada. No que
se refere ao numero de alunos o polo 5 destaca-se com 3.389 alunos matriculados e o polo 3
com o menor numero 293 alunos, fator esse que se entende devido ao numero de famílias
presentes em cada polo como mostra a tabela 2.
Tabela 2 - Distribuição das escolas estaduais, municipais e número de alunos por polo.
Polo Nº de alunos Nº de escolas Municipais Nº de escolas Estaduais
1 1991 7 1
2 1551 7 1
3 293 7 1
4 2942 30 7
5 3389 33 6
6 650 17 3
Total 10816 101 19
Os comunitários necessitam se deslocar em muitos casos para outras comunidades com
intuito de matricular seus filhos, pois muitas comunidades não possuem quantidade suficiente
de famílias para implantação de uma escola em sua área. O ensino é praticado de forma
centralizada, ou seja, a calha de rio que possui pouca quantidade de alunos, desloca os
estudantes para outras comunidades, agregando assim um número maior de público para o
atendimento com o serviço, esse por sua vez oferecido pelas esferas estadual e municipal em
forma de parcerias onde a estrutura física e suporte com transporte e outros auxílios é municipal
e a estrutura pedagógica estadual, existindo exceções onde a prefeitura se encarrega de toda a
estrutura e em outro caso o estado que construiu uma escola no caso da Vila Novo Remanso.
30
Energia elétrica
Determinou-se a quantidade de comunidades que são atendidas pelo Programa Luz Para
Todos, sendo que o polo 5 com o maior número 56 comunidades atendidas e o polo 6 sem
nenhum atendimento. As demais suprem essa necessidade com o fornecimento sazonal de
grupos geradores com 41 comunidades no polo 4 e 7 comunidades nos polos 1 e 2 (Tabela 3).
A ausência do Programa Luz Para Todos no polo 6 se deve ao fato de estar numa várzea
dificultando disponibilização do serviço.
Tabela 3 - Distribuição do fornecimento de energia em todas as comunidades rurais.
POLO PROG. LUZ P/
TODOS
GRUPO
GERADOR
NENHUM
ATEND.
TOTAL
1 23 7 4 34
2 10 7 1 18
3 3 10 6 19
4 6 41 6 53
5 56 15 4 75
6 0 24 3 27
TOTAL 84 104 24 226
A oferta de energia elétrica na zona rural ainda deixa muito a desejar, sendo poucas as
comunidades atendidas pelo serviço 24 horas/dia, as demais são atendidas apenas 4 horas/dia
através do auxilio de grupo gerador, o que não é suficiente, pois, é impossível o armazenamento
de alimentos por um maior espaço de tempo. Apesar de esforços para implementar programas
de ampliação da rede de distribuição de energia, encontra-se como impecílio a geografia do
Estado, que diferentemente dos demais, apresenta uma ampla e distribuída rede hidrográfica, o
que dificulta a elaboração de projetos destinados à área.
Serviço de saúde
O serviço de saúde na área rural não é bem distribuído, apesar de possuir unidades de
S.O.S. em todos os polos, porem a quantidade não é suficiente para demanda, pois uma unidade
atende em média 6 comunidades. O polo com maior número de atendimentos com unidades de
S.O.S. é o polo 4 com 15 unidades, seguido pelo polo 6 com 7. Quanto aos postos de saúde, o
polo 5 se destaca com 10 postos e o polo 3 sem cobertura por postos (Tabela 4). Essa situação
justifica-se pelo fato de que o polo 3 encontra-se próximo à sede do município.
Cabe ressaltar que apesar do serviço S.O.S. estar presente em 16,81% das comunidades com
estrutura física, mas o contingente atual realiza o atendimento em 100% delas, através de
solicitação através de telefone, via rádio e até o próprio deslocamento para onde se encontra o
serviço.
Tabela 4 - Distribuição do serviço atendimento à saúde em todas as comunidades rurais.
31
POLO POSTO DE SAÚDE SERVIÇO DE S.O.S TOTAL DE
COMUNIDADES
1 4 6 34
2 3 4 18
3 0 4 19
4 5 15 53
5 10 2 75
6 1 7 27
TOTAL 23 38 226
A questão de atendimento na área da saúde é uma problemática que deve ser melhor
trabalhada, pois a situação das unidades de S.O.S. e de postos de saúde na área rural ainda é
muito insuficiente e deixa muito a desejar, tendo os comunitários que se deslocar para
comunidades bases onde se encontram os postos de saúde e as unidades de S.O.S., assim como
para os centros urbanos a fim de tratar de questões simples como a aquisição de medicamentos
e outro serviços hospitalares.
Conclusões
A utilização de novas tecnologias como suporte à administração pública se mostra muito
favorável principalmente quando se trata de povos que vivem em regiões isoladas, como é o
caso das comunidades rurais do município de Itacoatiara. O georreferenciamento se apresenta
como uma forma de otimização no planejamento das comunidades, no sentido de informar com
precisão a localidade e com isso torna-se mais eficaz o controle da distribuição da renda
destinada a cada uma delas, como educação, saúde e outros, para isso é necessário o
conhecimento de informações referentes às comunidades como, o número de famílias, acesso
à água potável, energia elétrica, assim, podendo verificar as particularidades de cada
comunidade e definir o potencial da área. Com isso este trabalho mostrou-se muito necessário
para o gerenciamento e planejamento das ações destinadas ao setor.
Referências
MADRUGA, P. R. A. de; Rocha R. S. R. da;, Madruga, R. A.; SALBEGO, A. G. Uso de
imagens de alta resolução como suporte ao planejamento. Revista Educação Agrícola
Superior, Rio Grande do Sul, R.S, v. 22, n. 2, p. 36-41, 2007.
PORTO, Tânia Maria Esperon. A organização do trabalho na escola: Pedagogia da
comunicação. Presença pedagógica. V. 6 nº. 35. Setembro/outubro, 2000.
32
DESENVOLVIMENTO DE ESPÉCIES NATIVAS EM PLANTIOS DE
ENRIQUECIMENTO DE CAPOEIRA NA AMAZÔNIA CENTRAL
Jussara Góes da FONSECA1; Fábio BASSINI2.
RESUMO
A pesquisa justificou-se pelo estudo do desenvolvimento de espécies arbóreas nativas sob condição de
sombreamento de capoeira, gerando informações úteis sobre seu manejo na Amazônia Central. Seu objetivo foi
acompanhar o desenvolvimento de quatro espécies nativas em plantios de enriquecimento de capoeira no
município de Itacoatiara/AM. As espécies foram cacau (Theobroma cacao L.), ingá-cipó (Inga edulis Martius),
castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.&B.) e andiroba (Carapa guianensis Aubl.). A área utilizada foi uma
capoeira da UEA/CESIT. Foram implantadas três parcelas experimentais distintas, contendo 40 plantas ao total,
sendo 10 de cada espécie. Avaliou-se, durante sete meses, a sobrevivência; altura total e diâmetro do colo das
mudas. A análise estatística dos dados foi realizada por Regressão Linear das médias dos parâmetros. Observou-
se que a andiroba obteve altura entre 31 e 40 cm, seu diâmetro variou entre 6 e 7,1 mm e sua sobrevivência era
100%, terminando o experimento com 40%. O cacau teve altura entre 60 e 67 cm durante o experimento; seu
diâmetro ficou entre 9 e 12,1mm; sua sobrevivência passou de 100% para 97% aos 210 dias. A castanha teve um
decréscimo de 24 para 20 cm de altura; seu diâmetro oscilou entre 3,1 e 3,0 mm e sua sobrevivência passou de
100% para 1% após o plantio. O ingá decresceu de 13 cm para 9 cm de altura; seu diâmetro oscilou entre 3,4 e 3,2
mm; a sobrevivência passou de 100% para 50%. As espécies que melhor se desenvolveram foram a andiroba e o
cacau, sendo este o que apresentou melhores resultados. Quanto ao ingá e a castanha, estes não obtiveram bom
desenvolvimento quanto às demais espécies, por conterem reservas de nutrientes nas sementes aderidas as mudas,
o que resultou ao ataque de predadores, levando a mortalidade da maioria das plantas na capoeira.
Palavras-chave: Áreas degradadas – Predação – Sobrevivência.
ABSTRACT
The research was justified for the study of the development of native arboreal species under condition of scrub
shadowed, generating useful information on handling in the Amazonian Central. The objective was to accompany
the development of four native species in plantings of scrub enrichment in the municipal of Itacoatiara/AM. The
species were cocoa (Theobroma cacao L.), ingá-liana (Inga edulis Martius), chestnut-pity-Brazil
(Bertholletiaexcelsa H. & B.) and andiroba (Carapa guianensis Aubl.). The used area was a scrub of UEA/CESIT.
3 different experimental portions, containing 40 plants, being 10 of each species. It was evaluated, during seven
months, the survival; total height and diameter of the lap of the seedlings. The statistic was accomplished by Lineal
Regression of the averages of the parameters. It was observed that the andiroba obtained height between 31 and
40 cm, the diameter varied between 6 and 7,1 mm and his/her survival was 100%, finishing the experiment with
40%. The cocoa had height between 60 and 67 cm during the experiment; with diameter was between 9 and
12,1mm; his/her survival passed from 100% to 97% to the 210 days. The chestnut had a decrease of 24 cm for 20
cm of height; the diameter oscillated among 3,1 and 3,0 mm and the survival passed from 100% to 1% after the
planting. The ingá decreased of 13 for 9 cm of height; the diameter oscillated between 3,4 mm and 3,2 mm; the
survival passed from 100% to 50%. The species that better she developed were the andiroba and the cocoa, being
this that presented better results. As for the ingá and the chestnut, these didn't obtain good development as for the
other species, for they contain reservations of nutrients in the adhered seeds the seedlings, what resulted to the
attack of predators, taking the mortality of most of the plants in the scrub.
Keywords: Degraded areas – Predation – Survival.
_____________________________________
1Bolsista do PAIC/UEA;. 2Orientador da bolsista PAIC/UEA. Centro de Estudos Superiores de
Itacoatiara. Av. Mario Andreazza s/n, São Francisco. 69101-420. Itacoatiara-AM
33
Introdução
De acordo com Alencar (2008), a floresta amazônica possui uma área de
aproximadamente 6,3 milhões de km² dos quais 5 milhões encontram-se em território brasileiro
e o restante dividido entre Bolívia, Peru, Colômbia, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No
Brasil a floresta não é somente ocupada pela rica vegetação, mas também por populações que
se encontram até mesmo em locais de difícil acesso, transformando a floresta primária, rica em
diversidade de espécies, em áreas de pastagens e de cultivo para sua sobrevivência. No entanto,
para esses dois meios de produção o agricultor vem utilizando, durante muito tempo, a prática
de corte e queima.
Essa prática é caracterizada pelo corte da vegetação, muitas vezes de florestas primárias,
e em seguida feito a queima do que resta no local desmatado, em seguida a área é utilizada por
no máximo três anos, pois a partir desse período o solo começa a enfraquecer e a produção
torna-se insuficiente para o agricultor, já que muitos dos nutrientes que ficaram retidos no solo
são perdidos, ou por lixiviação, ou absorvidos pelas plantas. Deste modo, o produtor deixa a
área em pousio, que seria um descanso para o solo, podendo este se recuperar do longo período
de cultivo. Surgindo nesse período, a capoeira, a qual, de acordo com Pontes (2009), esta
representa o tipo mais comum de ecossistema na Amazônia e, felizmente, o mais fácil de
recuperar, pois à medida que se desenvolvem elas recuperam o potencial de produtividade
agrícola, acumulando nutrientes na biomassa e restaurando propriedades físico-químicas do
solo, podendo este, depois de alguns anos ser utilizado novamente para o cultivo vegetal ou
para pastagem. No entanto, cada vez mais vem aumentando a população de agricultores por
toda a Amazônia, deste modo, à medida que aumenta o número de agricultores familiares
utilizando a prática de corte e queima, aumenta também o número de áreas desmatadas na
floresta, tornando-se, mais frequente ver extensões de terras desmatadas.
Uma das alternativas de recuperar essas áreas degradadas e torná-las mais produtivas
seria o enriquecimento das capoeiras por meio da implantação do Sistema Agroflorestal,
utilizando espécies nativas do ecossistema desmatado. Assim, o Sistema Agroflorestal deve ser
implantado, na Amazônia ou em outras áreas tropicais, por não mais visar, nem aceitar a
derrubada de novas áreas de florestas, numa agricultura itinerante para cultivar a terra, mas
buscar pelo manejo florestal o aproveitamento de áreas de florestas naturais, transformando-as
em áreas altamente heterogêneas de baixo valor econômico (ARAÚJO, 2005).
Deste modo, para que possamos utilizar as espécies nativas no enriquecimento de
capoeiras necessitamos conhecer o comportamento das mesmas nesses ambientes. Assim, essa
proposta de estudo justificou-se pelo estudo do desenvolvimento de espécies arbóreas nativas
sob condição de sombreamento de capoeira, gerando informações úteis para o manejo das
mesmas na região da Amazônia Central.
O trabalho teve como objetivos acompanhar o desenvolvimento de quatro espécies
nativas em plantios de enriquecimento de capoeira no município de Itacoatiara/AM. Avaliar o
crescimento, em ambiente de capoeira, das espécies Theobroma cacao L. (cacau), Inga edulis
Martius (ingá-cipó), Bertholletia excelsa H.&B. (castanha-do-brasil), Carapa guianensis Aubl.
(andiroba) a partir do monitoramento dos parâmetros altura e diâmetro do colo; Avaliar a
34
sobrevivência de mudas das espécies nativas plantadas em área de capoeira; Comparar o
desenvolvimento das diferentes espécies.
Metodologia
O município de Itacoatiara está localizado a 175 km de Manaus em linha reta, com
coordenadas geográficas 3°8’54” Sul e a 58°25’00” Oeste, possuindo uma área territorial de
8.891.993km². O clima do município é classificado, segundo Köppen, como grupo climático A
(clima tropical chuvoso), abrangendo o tipo e variedade climática Amw (chuvas do tipo
monções), representando uma variedade do tipo Am. A precipitação pluviométrica anual é de
cerca de 2.200mm e a temperatura média é de 26 °C, com umidade relativa do ar, em média,
de 80% (RADAMBRASIL. 1978).
A produção de mudas de ingá-cipó foi realizada no viveiro da UEA/ CESIT. Para isso,
foram coletadas sementes de ingá, após a maturação fisiológica do fruto, em plantas localizadas
na AM 010, no município de Itacoatiara. As sementes foram beneficiadas e colocadas para
germinar em substrato composto por uma mistura de terra preta e esterco bovino, na proporção
de 1:1, em sacos de polietileno, próprios para produção de mudas, com capacidade para um
quilograma, em um total de 40 sacos. Em cada embalagem foi semeada uma semente.
Para as demais espécies foram adquiridas mudas já formadas, através de compra e
doação, tendo em vista que o período de produção de frutos das mesmas não coincidiu com o
do experimento. A doação da castanha foi feita pela Fazenda Aruanã (zona rural de Itacoatiara)
em um total de 30 mudas com aproximadamente 30 cm. A andiroba foi doada pelo Horto
Municipal de Itacoatiara (zona urbana do município), totalizando 35 mudas com
aproximadamente 35 cm. Apenas o cacau foi adquirido por compra em uma propriedade
particular no município, em um total de 35 mudas, com aproximadamente 45 cm.
A área utilizada para o plantio das mudas foi em uma área de capoeira localizada no
terreno da UEA/CESIT. O plantio das mudas na área foi realizado em Dezembro de 2012, no
início do período chuvoso. Foram implantadas 3 parcelas experimentais distintas, contendo 40
plantas ao total, sendo 10 de cada espécie. As mudas foram plantadas ao longo de 5 linhas, com
8 indivíduos das diferentes espécies em cada uma, distribuídas em cada linha aleatoriamente,
através de sorteio. As mudas foram plantadas em covas com 20 centímetros de diâmetro e 30
centímetros de profundidade, espaçadas 1 metro entre si.
O acompanhamento mensal dos dados iniciou 30 dias após o plantio e se estendeu até
junho de 2013. Nos dois primeiros meses foi avaliada somente a sobrevivência das espécies.
Nos meses seguintes continuou-se avaliando a sobrevivência mais a altura total e diâmetro do
colo ao nível do solo. A sobrevivência foi obtida a partir de senso periódico, observada uma
vez por mês analisando as espécies vivas, a altura total por medição utilizando trena métrica e
o diâmetro do colo obtido com auxilio de paquímetro.
A análise dos dados foi realizada por Análise de Regressão Linear das médias dos
parâmetros obtidos.
Resultados e Discussão
35
A pesquisa mostrou diferenças significativas nos três parâmetros avaliados. Assim, no
que diz respeito ao parâmetro altura, a andiroba obteve uma variação entre 31 cm e 40 cm, em
média, nos 210 dias após o plantio; o cacau apresentou altura média de 60 cm aos 90 dias e 67
cm aos 210 dias após o plantio, sendo que o auge de seu crescimento ocorreu nos 180 dias de
plantio; a castanha-do-Brasil teve um decréscimo em todos os parâmetros, apresentando aos 90
dias uma média de 24 cm de altura e aos 210 dias oscilou bastante até 150 dias, tendo a partir
desse ponto estabilizando até o final das observações em 20 cm, a redução da altura das plantas
foi causada pela predação das mesmas. Assim como a castanha, o ingá também teve variações
nos três parâmetros, sendo que sua altura, em média, era de aproximadamente 13 cm aos 90
dias de plantio, decrescendo para 9 cm aos 210 dias, com oscilação de tamanho ao longo do
período (Figura 1).
Figura 1- Média das alturas: A) Andiroba; B) Cacau; C) Castanha-do-Brasil; D) Ingá-cipó
Quanto ao diâmetro a andiroba iniciou com uma média de 6 mm, terminando com 7,1
mm, sofrendo oscilações durante os 210 dias de estudo; o diâmetro do cacau era em média 9
mm aos 90 dias e 12,1mm, aproximadamente, aos 210 dias, sendo que não houve nenhum
decréscimo desse parâmetro para a espécie. O tamanho médio do diâmetro das castanhas aos
90 dias foi de 3,1mm, oscilando até o final das observações, atingindo um tamanho médio de
3,0 mm de diâmetro. O ingá também apresentou várias oscilações em seu diâmetro, de 3,4 mm
y = 2,04x + 29,2R² = 0,8827
Alt
ura
Dias
Andiroba
altura
Linear(altura)
Alt
ura
Dias
Cacau
altura
Previsto(a)altura
Alt
ura
Dias
Castanha
altura
Previsto(a)altura
Alt
ura
Dias
Ingá
altura
Previsto(a)altura
A B
C D
36
aos 90 dias a 3,2 mm aos 210 dias, sendo que houve forte decréscimo entre os 90 e 120 dias
(Figura 2).
Figura 2- Média dos diâmetros: A) Andiroba; B) Cacau; C) Castanha-do-Brasil; D) Ingá-cipó
Em relação a sobrevivência (Figura 3), a andiroba após 15 dias do plantio possuía 100%
de mudas vivas, sofrendo decréscimo até atingir 40% de sobrevivência das mudas ao final das
observações. O período de maior mortalidade ocorreu entre os 90 e 120 dias. A sobrevivência
do cacau era de 100% de mudas vivas até os 90 dias, percentual que caiu para aproximadamente
97% aos 120 dias permanecendo assim até o final do experimento. Em relação a castanha, a
espécie possuía 100% de mudas vivas até os 15 dias de plantio tendo reduzido para 1% ao final
do acompanhamento. Quanto ao ingá, a espécie apresentou 100% de sobrevivência de mudas
aos 15 dias, sofrendo decréscimo de até 50% ao final das observações.
Diante dos dados, observou-se que as espécies que melhor se desenvolveram foram a
andiroba e o cacau, sendo este último o que apresentou melhores resultados em todos os
parâmetros observados. Quanto às espécies ingá e a castanha-do-Brasil, considerou-se que não
obtiveram êxito em seu desenvolvimento como as demais espécies, devido ao seu alto índice
de predação.
A presença de reservas de nutrientes nas sementes aderidas às mudas de castanha pode
ter contribuído para o ataque de predadores, levando a mortalidade da maioria das plantas na
área de capoeira. Pois quanto a mortalidade por deficiência, foram poucas plantas que não se
desenvolveram na capoeira.
Diâ
me
tro
Dias
Andirobadiâmetro
Previsto(a)diâmetro
Diâ
me
tro
Dias
Cacaudiâmetro
Previsto(a)diâmetro
Diâ
me
tro
Dias
Castanha
diâmetro
Previsto(a)diâmetro
Diâ
me
tro
Dias
Ingá
diâmetro
Previsto(a)diâmetro
A B
C D
37
Figura 3- Sobrevivência das espécies: A) Andiroba; B) Cacau; C) Castanha-do-Brasil; D) Ingá-cipó
Conclusões
As espécies nativas andiroba e cacau são adequadas para enriquecimento de capoeiras,
através dos Sistemas Agroflorestais, levando em consideração que as mesmas adaptaram-se ao
novo ambiente, apresentando maior sobrevivência e melhor desenvolvimento. Já as espécies
castanha-do-Brasil e ingá-cipó não tiveram tanto sucesso no novo ambiente.
Agradecimentos
À FAPEAM, pela bolsa de iniciação científica.
Ao Horto Municipal de Itacoatiara e a Fazenda Aruanã pela doação das mudas para o
trabalho.
Aos amigos do curso de Tecnologia em Agroecologia pela ajuda no momento de
execução da pesquisa.
Aos funcionários da UEA, em especial aos vigilantes e ao motorista, que pacientemente
estiveram prontos a me ajudar na etapa prática do trabalho.
Referências
ALENCAR, J. da C. Amazônia: Manejo de florestas naturais em regime de rendimento
sustentado. Manaus: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas, 2008. p. 29.
ARAÚJO, V. C. de. Roçados ecológicos: sistemas de plantios baseados na fenologia das
espécies para um rendimento sustentado. Manaus: Gráfica Silva, 2005. p. 26-27.
Sob
revi
vên
cia
Dias
Andiroba sobrevivência
Previsto(a)sobrevivência
Sob
revi
vên
cia
Dias
Cacau sobrevivência
Previsto(a)sobrevivência
Sob
revi
vên
cia
Dias
Castanha
sobrevivência
Previsto(a)sobrevivência
Sob
revi
vên
cia
Dias
Ingá
sobrevivência
Previsto(a)sobrevivência
C D
A B
38
PONTES, T. M. Estoques de biomassa e de nutrientes de pousios enriquecidos com Inga
edulis Martius em áreas com histórico de agricultura e de pecuária no Assentamento
Tarumã-Mirim, Manaus-AM. 2009. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia).
Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Manaus.
39
LEVANTAMENTO ARBÓREO DA FLORESTA DE VÁRZEA COM
POTENCIAL DE ALIMENTOS PARA PEIXES DO LAGO DO ARAÇÁ,
ITACOATIARA-AM
Jussara Góes da FONSECA1; Franmir Rodrigues BRANDÃO²
Resumo
A negligência no uso dos recursos oferecidos pelos lagos eme Itacoatiara vem sendo alvo de pesquisas que visam
à sustentabilidade da fauna aquática. Deste modo, essa investigação cientifica surgiu da necessidade de se fazer o
inventário das espécies arbóreas com potencial para alimentos de peixes do lago do Araçá. O objetivo da pesquisa
foi construir o inventário das espécies arbóreas com potencial para alimentos de peixes do Lago do Araçá,
identificando as espécies em áreas de várzea e o período de frutificação dessas espécies, no Município de
Itacoatiara. Para isso foram delimitadas cinco parcelas medindo 50 x100 m ao redor do lago, onde foram
amostradas as espécies arbóreas com DAP acima de 10 cm. As árvores foram identificadas a partir do
conhecimento dos moradores da comunidade e catalogadas. Os dados foram submetidos a análise florística para
determinação do índice de diversidade de Shannon-Weanere, utilizado para comparar a diversidade nas diferentes
áreas. Ao longo do levantamento foram coletados 268 espécie, sendo 12 espécies arbóreas:
Anacardiumnanum,Astronotusocellatus, Tabebuia barbata, Cecropia glaziovi, Cistusmons peliensis, Astrocaryum
jauari, Bactris maraja, Hancornia speciosa var.pubescens, Byrsonima verbascifolia, Alibertia edulis, Vitex
cymosa, Mabea caudata. Deste modo pode-se perceber que as espécies que mais se destacaram foramo
Astrocaryum jauari; Alibertia edulis eMabea caudata. Para as espécies inventariadas o período de frutificação
variou de fevereiro a setembro, com maior concentração entre março e abril.
Palavras-chave: Alimentação – Diversidade – Preservação
ABSTRACT
The negligence in the use of the resources offered by the lakes in the Itacoatiara being white of researches that the
seek to the sustainability of the aquatic fauna comes. This investigation informs appeared of the need of doing the
inventory of the arboreal species with potential for foods of fish of the lake of Araçá. The objective was to build
the inventory of the arboreal species with potential for foods of fish of the Lake of Araçá, Itacoatiara, identifying
the species in the meadow forest and the period of fructification of the arboreal species. For that 5 portions were
delimited measuring 50 x100 around m of the lake. In the portions they were shown the arboreal species with DAP
above 10 cm. The trees were identified starting from the community's knowledge and classified in spreadsheets.
The data were submitted the analysis flower for the index of diversity of Shannon-Weaner, which it was used to
compare the diversity in the different areas along the rising 268 species were collected distributed in 12 arboreal
species: Anacardium nanum, Astronotus ocellatus, Tabebuia barbata, Cecropia glaziovi, Cistusmon speliensis,
Astrocaryum jauari, Bactris maharaja, Hancornia speciosa var. pubescens, Byrsonima verbascifolia, Alibertia
edulis, Vitex cymosa, Mabea caudata. This way it can be noticed that the species that more she highlighted were
the Astrocaryum jauari; Alibertia edulis and Mabea caudata. The fructification period from February to September,
with larger concentration between March and April.
Keywords: Feeding - Diversity - Preservation ______________________________________
1Bolsista do Programa de Apoio a Iniciação Científica - PAIC. Universidade do Estado do Amazonas - Centro de
Estudos Superiores de Itacoatiara – UEA/CESIT. Av. Mario Andreazza s/n,São Francisco. 69101-420. Itacoatiara-
AM; 2Orientador da bolsista PAIC/UEA. Rua A, conj. Jardim de Versalles II n. 14, CEP:69044-603..
40
Introdução
A floresta amazônica é o maior reservatório natural da diversidade vegetal do planeta,
onde cada um de seus diferentes ambientes florestais possui uma flora rica e variada, muitas
vezes endêmicas (OLIVEIRA; AMARAL, 2004). Essa floresta abriga uma flora que possui
uma grande diversidade de plantas, com frutificação distribuída durante todo o ano, fornecendo
assim alimento de forma continua e equilibrada e, proteção à fauna, contribuindo ainda para
seu desenvolvimento (LORENZI, 2009). Nesta imensa floresta são encontrados diferentes
ecossistemas, entre os quaisencontra-se a várzea, florestas sujeitas a inundações periódicas
pelos rios de água branca, caracterizadas pela maior riqueza em nutrientes. (PIRES-O’BRIEN;
O’BRIEN, 1995).
Segundo Maia (1997), estas florestas são muito importantes para a dieta alimentar de
muitas espécies de peixes, que durante a cheia penetram nesses ambientes, onde se alimentam
de muitas folhas jovens, frutose sementes que caem na água. A bioprodutividade desse
ecossistema, em especial a produção de frutos, é item importante na cadeia alimentar e na
manutenção da ictiofauna (MAIA; CHALCO, 2002). A derrubada dessa floresta para formação
de pastos e para a prática da agricultura, muitas vezes ocasiona a redução de frutos, sementes e
outras formas de matéria orgânica originada da floresta e que servem de alimentos para os
vários peixes que migram para esse local.
A inundação periódica, que em alguns locais podem atingir até 12 metros de altura, é
considerada a principal característica que afeta a estrutura das comunidades de várzea (JUNK,
1997). Os valores de riqueza e diversidade calculados para assembleias de peixes da várzea
podem ser menores do que em ambientes de águas pretas, enquanto que os valores de captura
por unidade de esforço (em números de indivíduos e biomassa) são, via de regra, maiores na
várzea (SAINT-PAUL et al.,2000).
As planícies inundáveis e as grandes intenções de vegetação alagada, incluindo florestas
e pradarias de capins flutuantes, funcionam como locais de alimentação, reprodução e berçário
para numerosas espécies, incluindo boa parte dos principais interesses comerciais da região
(GOULDING, 1980; JUNK, 1997).
Um dos ambientes encontrados na floresta amazônica é o Lago do Araçá, o qual está
inserido no acordo de pesca, que são contratos consensuais entre os diversos usuários dos
recursos pesqueiros, os quais dividem direitos e responsabilidades, regulamentado pelo Ibama
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (GAMA, 2013).
O lago apresenta 67 ambientes aquáticos. A negligência no uso dos recursos oferecidos pelos
lagos no município de Itacoatiara vem sendo alvo de pesquisas que visam à sustentabilidade da
fauna aquática. Porém, quando em andamento, os projetos se deparam com a falta de
conhecimento e pela escassez de pesquisas mais profundas sobre o tipo arbóreo natural da
região e espécies que ajudaram nesse processo.
Portanto, essa investigação cientifica surgiu da necessidade de se fazer o inventário das
espécies arbóreas com potencial para alimentos de peixes do lago do Araçá. Assim, o objetivo
da pesquisa foi construir o inventário das espécies arbóreas com potencial para alimentos de
peixes do Lago do Araçá; identificando as espécies com maior incidência na floresta de várzea
e o período de frutificação das espécies arbóreas.
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Metodologia
O lago do Araçá está localizado no município de Itacoatiara, às margens do rio
Amazonas, na porção centro-leste do Estado do Amazonas, na microrregião do Centro
Amazonense, numa área de baixo planalto, com uma pequena inclinação em direção aos cursos
de água. O trabalho foi realizado no período de agosto de 2010 a junho de 2011, onde foi feito
o levantamento arbóreo de espécies com potencial para alimentação de peixes. Para isso foram
delimitadas cinco parcelas medindo 50x100m ao redor do lago. Nas parcelas foram amostradas
todas as espécies arbóreas com diâmetro à altura do peito (DAP) acima de 10 cm. As árvores
foram identificadas a partir do conhecimento dos moradores da própria comunidade e
catalogadas em planilhas. Os dados foram submetidos a análise florística para determinação do
índice de diversidade de Shannon-Weanere seu respectivo intervalo de confiança, o qual foi
utilizado para comparar a diversidade nas diferentes áreas. Além deste também foram
determinados para cada área a dominância, abundância e frequência.
Resultados e Discussão
Ao longo do levantamento foram catalogadas 268 espécimes de 12 espécies arbóreas:
cajurãna (Anacardium nanum), carauaçú (Astronotus ocellatus), capitarí (Tabebuia barbata),
embaúba (Cecropia glaziovi), jará (Cistusmons peliensis), jauarí (Astrocaryum jauari), marajá
(Bactris maraja), manguba (Hancornia speciosavar pubescens), murucí (Byrsonima
verbascifolia), puruí (Aliberti aedulis), tarumã (Vitex cymosa), taquari (Mabea caudata).
A parcela 1 apresentou a maior diversidade de espécies, com índice H igual a 2,05
(Figura 1), seguida das parcelas 2 e 4 (H = 1,87 para ambas). A parcela 5 apresentou diversidade
(H) de 1,58 e a parcela 3 teve a menor diversidade entre as áreas estudadas (H = 0,81).
Figura 1 - Índice de diversidade de Shannon-Weaner (H’) por parcela e seu respectivo intervalo
de confiança a 95% de probabilidade. Colunas que apresentam a mesma letra não diferem entre
si de acordo com o intervalo de confiança.
Na parcela 1 três espécies foram dominantes, cajurãna, muruci e taquarí (Tabela 1). Com
relação a abundância nesta parcela, muruci e taquari foram consideradas as espécies mais
índ
ice
de
div
ersi
dad
e d
e Sh
ann
on
-W
ean
er
Área de estudo
A B B
D
C
42
abundantes, sendo o jará considerado raro nesta área. Com relação a distribuição das espécies
na parcela 2, a embaúba, o puruí e o taquarí foram considerados dominantes. Em termos de
abundância nesta parcela o puruí e o taquarí foram muito abundantes e o jauarí raro. Na parcela
três as espécies jauarí e puruí foram dominantes e todas as espécies foram consideradas muito
abundantes na área. Para a parcela 4 as espécies jauarí, muruci, puruí e taquarí foram
dominantes na área de estudo, destas o puruí e o taquarí foram muito abundantes, não havendo
espécies raras. Na última parcela todas as espécies foram consideradas dominantes não havendo
muita abundância de nenhuma delas.
O taquarí foi a única espécie que, quando presente, sempre figurou como dominante no
ambiente. Nestas áreas, a exceção da parcela 5, o taquarí também foi considerado muito
abundante. O período de frutificação para as diferentes espécies catalogadas varia de fevereiro
a setembro, concentrando-se, de forma geral, de março a abril, para a maioria das espécies
(Tabela 1). A grande diversidade de frutificação que essas espécies oferecem a floresta de
várzea contribui muito na alimentação dos peixes encontrados neste ambiente.
Tabela 1- Indicadores florísticos e período de frutificação para espécies arbóreas catalogadas
nas parcelas adjacentes ao Lago do Araçá, Itacoatiara, AM.
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Par
cela
Índice Florístico
Caj
urã
na
Car
auaç
ú
Cap
itar
í
Em
baú
ba
Jará
Jauar
í
Mar
ajá
Man
guba
Muru
cí
Puru
í
Tar
um
ã
Taq
uar
i
1 E1 6 4 4 0 1 3 2 0 15 4 3 10
D2 d nd nd -- nd nd nd -- d nd nd d
A3 c c c -- r c d -- ma c c ma
F4 f f f -- pf f pf -- mf f f mf
2 E 3 0 0 6 0 2 0 4 4 14 5 14
D nd -- -- d -- nd -- nd nd d nd d
A d -- -- c -- r -- c c ma c ma
F pf -- -- f -- pf -- f f mf f mf
3 E 0 0 0 0 0 44 0 0 3 16 1 0
D -- -- -- -- -- d -- -- nd d nd --
A -- -- -- -- -- ma -- -- ma ma ma --
F -- -- -- -- -- mf -- -- f f f --
4 E 5 0 4 0 0 6 0 0 7 11 4 11
D nd -- nd -- -- d -- -- d d nd d
A c -- d -- -- c -- -- c ma d ma
F f -- pf -- -- f -- -- f mf pf mf
5 E 0 0 0 0 0 6 0 0 11 11 12 12
D -- -- -- -- -- d -- -- d d d d
A -- -- -- -- -- r -- -- c c c c
F -- -- -- -- -- pf -- -- f f f f
Frutificação Início Ma
r.
Ma
r.
Ma
r.
Jun
.
Ma
i.
Ab
r.
Ma
r.
Jul. Fe
v.
Ma
i.
Jul. Ma
r.
Término Ab
r.
Ab
r.
Ma
i.
Jul. Ma
i.
Jul. Ag
o.
Set
.
Ma
i.
Ag
o.
Set
.
Ma
i.
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1E= espécimes. 2 D = dominância: d = dominante e nd = não dominante. 3A = abundância: c =
comum, d = dispersa, r = raro e ma = muito abundante. 4F = frequência: f = frequente, pf=
pouco frequente e mf= muito frequente.
De acordo com relatos dos moradores da comunidade as espécies que os peixes mais se
alimentam são jauarí, murucí e taquari.
O levantamento arbóreo das espécies florestais encontradas ao redor do Lago Araçá é
de suma importância para manter a diversidade da fauna e flora da região, contribuindo na
alimentação de grandes estoques pesqueiros aumentando cada vez mais com a diversidade nos
ambientes aquáticos. Pode ser observado em outros estudos de levantamento arbóreo realizado
no Estado do Amazonas, que há uma grande diversidade de espécies arbóreas com potencial
para alimentos de peixes, as quais podem ser utilizados para reflorestamento e/ou
enriquecimento da diversidade arbórea ao longo dos rios e lagos.
Conclusões
De acordo com o inventário realizado cajurãna, carauaçu, capitarí, embaúba, jará, jauarí,
marajá, manguba, murucí, puruí, tarumã e taquarí são utilizadas na alimentação dos peixes do
Lago do Araçá.
Nas florestas de várzea do Lago do Araçá as espécies com maior incidência foram jauari,
puruí e taquari.
Para as espécies inventariadas o período de frutificação variou de fevereiro a setembro,
com maior concentração entre março e abril.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas – FAPEAM.
Aos agricultores da comunidade São João do Araçá pelo apoio e cooperação no
levantamento dos dados para a pesquisa.
Ao professor Geraldo Vasconcelos pelas sugestões e ajuda na parte teórica da pesquisa.
Referências
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2013. 2p.Trabalhonãopublicadio.
GOULDING, M. The fishes and florest. Explorations in Amazonian natural history. Berkeley,
CA: University of California Press, 1980. 208p.
JUNK, W. J. The Central Amazon floodplain: Ecology of a pulsing system.
Ecologicalstudies, v, 126, 1997. 525 p.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do
Brasil. 3ª. Ed. Vol. 02, São Paulo: Instituto Plantarum, 2009. p. 11.
MAIA, L. M. A; Influencia do Pulso de Inundação na Fisiologia, Fenologia e Produção de
Frutas deHerveaspruceana(Euphorbiaceae), em Área Inundada de Igapó da
Amazônia Central. Tese (Doutorado) - Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia,
FUA, Manaus-AM.
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MAIA, L. A.; CHALCO, F. P. Produção de espécies da floresta de várzea da Amazônia Central
importantes na alimentação de peixes. Acta Amazônica. Vol. 32; 45-54. 2002
OLIVEIRA, A. N., AMARAL, I. L. Florística e fitossociologia de uma floresta de vertente na
Amazônia Central, Amazonas, Brasil. Acta Amazônica. Vol. 34: 21 -34.2004.
PIRES-O’BRIEN, M. J.; O’BRIEN, C. M. Ecologia e modelamento de florestas tropicais.
Belém: FCAP. Serviço de documentação e Informação, 1995. p. 263-264.
SAINT-PAUL,U. et al. Fish communities in central Amazonian white-and blackwater
floodplains. Environmenteal Biology of Fishes, v. 57, p. 235-250. 2000.