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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | FEVEREIRO 2020 | EDIÇÃO 223 | ANO 18 Foto: Kátia Bortolini Novos empreendimentos complementam o glamour do destino enoturístico VALE DOS VINHEDOS:

VALE DOS VINHEDOS: Novos empreendimentos complementam o glamour do ...€¦ · Em 1995, foi criada a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), com

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Novos empreendimentoscomplementam o glamour

do destino enoturístico

VALE DOS VINHEDOS:

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VALE DOS VINHEDOS JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 20202

Por Rodrigo De MarcoEdição Kátia Bortolini

Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda. Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS | Fone: (54) 3454.2018 | 3451.2500 | E-mail: [email protected] | www.integracaodaserra.com.br

Periodicidade: Mensal | Circulação: Primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves, Garibaldi, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira | Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374 |

Jornalista e Social Media: Rodrigo De Marco - MTB 18973 | Área Comercial: Moacyr Rigatti | Atendimento: Sinval Gatto Jr. | Diagramação: Vania Maria Basso | Editor de Fotografia: André Pellizzari | Colaboradores e

Colunistas: Aldacir Pancotto, Ancilla Dall´Onder Zat | Carina Furlanetto, Cesar Anderle, Elvis Pletsch, João Paulo Mileski, Melissa Maxwell Bock, Rogério Gava, Thompsson Didoné

Oásis para empreender na Serra GaúchaVALE DOS VINHEDOS

Ampla variedade de opções ofertadas aos visitantes: desde vinícolas com visitação, degustação e comercialização de produtos, além de restaurantes e até mesmo chocolates

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Ano a ano, aumenta o número de CNPJs na rota enoturística

no a ano aumenta o número de instalação de empre-sas voltadas ao turismo na área de terra de 72,45 Km2,

abrangida pela denominação de origem Vale dos Vinhedos, com 55% do território pertencente ao município de Bento Gonçalves, 37% ao de Garibaldi e 8% ao de Monte Belo do Sul. Em 2018, a prefeitura de Bento Gonçalves liberou oito alvarás para empreendimentos no Vale. Já em 2019, emitiu 15 alvarás. A prefeitura de Monte Belo do Sul, entre 2018 e 2019, liberou 57 alvarás, sendo 24 em 2018 e 33 em 2019. Nesse início de 2020 está em trâmite na prefeitura de Monte Belo do Sul a so-licitação de alvará para a construção de um hotel na área do município pertencente ao Vale dos Vinhedos. A prefeitura de Garibaldi mapeia a sua área pertencente ao Vale dos Vinhedos como bairros Garibaldina e Marcílio Dias. Entre 2018 e 2019 fo-ram abertas 44 empresas nesses bairros. O número subiu de 19 em 2018 para 25 em 2019.

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Em 1992, a Casa Valduga, estabelecida na Via Trento, foi a pioneira na exploração do enotu-rismo no Vale dos Vinhedos. Em 1995, foi criada a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), com a missão de estruturar uma rota turística, com foco na sus-tentabilidade. As vinícolas que iniciaram o movimento de estruturação da rota turística, funda-doras da Aprovale, foram a Casa Valduga, a Miolo Wine Group, a Vinícola Don Laurindo, a Viníco-la Dom Cândido, Casa Graciema (encerrou atividades) e Vinícola Cordelier (encerrou atividades).

A missão da Aprovale foi mais além. Em 2002, um projeto da entidade, coordenado e desen-volvido pela Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, e pela UFRGS, de Porto Alegre, resultou na obtenção de registro de Indicação de Procedência (IP), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), para os vinhos e espumantes elaborados com uvas viníferas colhidas em áreas demarcadas, dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. A segunda etapa do projeto culminou em 2012, com a obtenção da Denominação de Ori-gem (DO) Vale dos Vinhedos, a primeira DO de vinhos do Brasil concedida pelo INPI. As varietais previstas na DO para a elaboração de vinhos com a DO Vale dos Vinhedos são a merlot (tinto) e chardonnay (branco), mas estão admitidas, como complementares, as uvas cabernet sauvig-non, cabernet franc, tannat e riesling itálico.

Denominação de Origem

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020 VALE DOS VINHEDOS 3

Rota mais procurada por turistas que visitam BentoAtualmente, há 24 vinícolas asso-

ciadas à Aprovale que elaboram uma média anual entre 10 a 12 milhões de garrafas de vinho, além de suco e ou-tras bebidas derivadas de uva. Essas vinícolas oferecem visitação guiada, degustação e comercialização dos produtos o ano todo. Os perfis são variados: há vinícolas familiares, com elaboração limitada e venda exclusiva em seu varejo, como também grandes empresas com presença internacio-nal. A entidade também representa 40 estabelecimentos do Vale, entre cinco pousadas e dois hotéis, como o SPA do Vinho e o Villa Michelon, quatorze restaurantes, dois cafés, duas agências de turismo, ateliês de arte, artesanato e antiguidades. Hoje, são ofertados 1.100 leitos no Vale, entre empresas associadas e não associadas à Apro-vale.

“O Vale dos Vinhedos é um case de sucesso, apresentado em palestras da Aprovale em vários municípios do Brasil, para os mais diversos públicos”, ressalta a turismóloga Naiára Martini. Conforme ela, a rota, que em 2019 recebeu mais de 400 mil visitantes, re-presenta o legado histórico, cultural e gastronômico deixado pelos imigran-tes italianos que chegaram à Serra Gaúcha a partir de 1875. “O empre-endedorismo, o trabalho incansável da nossa gente, os investimentos em qualificação profissional e em tecno-logia valorizaram os produtos vitiviní-colas da região, gerando renda e em-pregos”, acrescenta Naiára.

A Aprovale, de acordo com a tu-rismóloga, está atuando na busca do acréscimo da infraestrutura turística do roteiro e no apoio a projetos que beneficiem o setor do vinho. “Con-quistamos uma nova sinalização tu-rística, equipamos nossa rota com mapas que facilitam o autoguiamento dos visitantes, recuperamos parte das nossas estradas e seguimos reivin-dicando melhores condições para o setor. Apoiamos o projeto da Ciclovia Vale dos Vinhedos e da Zona Franca da Uva e do Vinho, que são importan-tíssimos para a nossa região”.

Ela acentua a constante atenção da Aprovale para proteção da voca-ção e da paisagem do roteiro, caracte-rizada pela cultura da uva e do vinho. Conforme Naiára, a integração e a pa-dronização das diretrizes turísticas en-tre os municípios pertencentes a rota também são temas considerados de fundamental importância. Ainda con-forme Naiára, as regiões Sul e Sudeste são as principais emissoras de visitan-tes ao Vale dos Vinhedos. “O nosso maior público ainda é o do Rio Grande do Sul. E é um público fiel, que retorna diversas vezes durante o ano”.

O Vale dos Vinhedos, situado na Serra Gaúcha, a 742 metros de al-titude, com temperatura média anual de 16 a 18 graus, foi a rota turís-tica de Bento Gonçalves mais procurada em 2016, segundo pesquisa feita em parceria entre a Secretaria de Turismo de Bento Gonçalves e a Faculdade Cenecista. O público da rota, conforme a pesquisa, é for-mado por adultos, majoritariamente casais e grupos de familiares ou amigos, apreciadores de vinhos, das classes A e B, com curso superior. Ainda conforme a pesquisa, maioria dos visitantes utiliza veículo pró-prio ou alugado. O cultivo de uvas no Vale em 450 pequenas proprie-dades, em média de 2,5 hectares, garante um belo cenário nas quatro estações. Na primavera as parreiras brotam, no verão frutificam e no outono e inverno, quando elas “dormem”, o espetáculo natural fica por conta das folhas caducas vermelho-alaranjadas das centenas de pés de plátanos, muito utilizados antigamente para a amarração dos parreirais no sistema latada.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Bento Gonçalves, Sílvio Pa-sin, destaca a capacidade empresarial do Vale “por manter o ambiente caracterís-tico original, com modernidade e conforto, para que os visitantes saiam encanta-dos desta pequena Toscana”. Ele acentua que a manutenção da originalidade do Vale é primordial para a existência e manutenção dessa “joia rara”.

A diretora do IPURB, Melissa Bertoletti Gauer, ressalta que a prefeitura de Ben-to Gonçalves priorizou a pavimentação de vias do Vale, por serem de suma im-portância para o desenvolvimento turístico e agrícola. Ressalta que agora há um projeto em andamento para pavimentação da estrada de acesso à comunidade do 40 da Graciema, seguida de instalação de um Centro de Comercialização de produtos turísticos. Também salienta que o município protocolou, junto ao Go-verno do Estado, um projeto de interseção na RS 444, principal acesso ao Vale dos Vinhedos, para ser desenvolvido em parceria com o DNIT e o DAER.

Rota congrega1.100 leitos

Case de sucesso

Foto: Arquivo Pessoal

Turismóloga Naiára Martini

Foto: Gilmar Gomes

Proteção da vocação e da

paisagem Prefeitura de Bento trabalha para incluir a comunidade do 40 da Graciema na rota

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020VALE DOS VINHEDOS4

O que diz o Subprefeito do Vale dos Vinhedos

Em certos dias visitantes enfrentam mau cheiro ao trafegar ao anoitecer pela RS 444 Estrada do Vinho, exalado por dois avi-ários localizados em área pertencente ao município de Garibaldi. Conforme o secretário de Meio Ambiente de Garibaldi, Arnaldo Seganfredo, os dois aviários, instalados há mais de 30 anos no Vale, em área rural do município, tem licenciamento ambiental. Ele observa que o mau cheiro ocorre de vez em quando, na baixa umidade do ano, devido a forma de alojamento das aves. Comer-ciantes estabelecidos nas imediações dos aviários contornam a situação informando os turistas sobre a causa do mau cheiro.

Já a falta de acostamento na Estrada do Vinho dificulta cami-nhadas e passeios ciclísticos. Em alguns trechos dessa parte da rodovia, a cargo do DAER, a capoeira toma conta das laterais da estrada.

Integração - O turismo tem cres-cido de forma acentuada no Vale dos Vinhedos nos últimos anos. Segun-do informações do Desenvolvimen-to Econômico de Bento, entre 2018 e 2019 dobrou o número de CNPJs abertos na região. Como subprefeito do Vale dos Vinhedos, de que forma observa esse aumento do turismo na região?

Marciano Batistelo - Sem dúvi-das, de maneira muito positiva para a economia local e regional. A tendên-cia é aumentar cada vez mais o fluxo de visitantes no Vale. Com programas de incentivo criados pelo município a fim de estimular o pequeno produtor a permanecer no interior e ampliar seu sustento por meio da agroindús-tria familiar tem dado resultados. O número de agroindústrias no interior aumentou no último ano e isso nos alegra bastante, porque sabemos da capacidade que o nosso produtor tem. A prefeitura tem uma política de incentivo para estimular a expansão de empreendimentos existentes no interior do município. Subsidia a exe-cução de até 200 horas de serviços de infraestrutura necessários à implanta-ção ou ampliação pretendidas (terra-planagem, transporte de terra e ma-teriais para obras), exceto detonação. No Vale dos Vinhedos, diversos em-

preendimentos já foram atendidos em função do aumento significativo de aberturas de empresas nos últimos anos. Tam-bém atendemos amplia-ções de empresas já con-solidadas no distrito.

Integração - E o projeto da instalação da ciclovia no Vale, está em andamento?

Batistelo - A Secreta-ria de Turismo de Bento Gonçalves buscou esse projeto, feito há anos pela Aprovale, e em par-ceria com a Secretaria do Estado do RS, apresentou a proposta ao Ministério do Turismo. Agora, o pro-jeto está sendo adaptado às diretrizes do Ministério do Turismo, levantando informações solicitadas pelo Governo Federal para a liberação de verba.

Integração - Quais têm sido as maiores demandas nos últimos anos, levando em consideração que au-mentou e muito a movimentação na região?

Batistelo - Manutenção dos tre-chos de estrada que ainda não estão

asfaltadas ou pavimentadas. Essa soli-citação sempre é feita pelos morado-res, geralmente são locais onde existe um menor fluxo de veículos. Apoio e suporte ao DAER na manutenção do asfalto da RS444 e nas roçadas do en-torno da rodovia, além de reivindica-ções no que diz respeito à sinalização.

Integração - Quais têm sido os

maiores desafios como subprefeito do Vale dos Vinhedos?

Batistelo - Antes de ser Subprefei-to, fui empresário do ramo metalúrgi-co por 20 anos, o que não me afastou de minhas raízes, pois nasci no Vale, sou filho de viticultor e moro aqui até hoje, então eu estive do outro lado por muitos anos. O primeiro desafio já surgiu quando eu aceitei liderar a Sub-prefeitura, afinal é um cargo público e são muitas demandas. É preciso traba-lhar com empenho e também respei-tar a legislação. É desafiador buscar recursos públicos ou privados para a realização dos inúmeros projetos que possuímos. Além disso, ao observar o grande número de turistas que circu-lam pela região anualmente, percebo que, mesmo com muitos trabalhos já realizados, constantemente existirão demandas a serem atendidas e pro-jetos a serem almejados e concretiza-dos.

Integração - Quais são os proje-tos para a o distrito para 2020 e 2021?

Batistelo - A continuidade do as-faltamento da Rua Basílio Zorzi, um dos acessos ao Vale dos Vinhedos. Existem vários projetos de melhoria em estudo, no entanto são projetos que ainda não estão aprovados e ne-cessitam de recursos financeiros para sua execução.

Foto: Arquivo Pessoal

Subprefeito do Vale dos Vinhedos,Marciano Batistelo

Nem tudo são flores no roteiro enoturísticoFoto: Kátia Bortolini

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020 VALE DOS VINHEDOS 5

A prefeitura de Monte Belo do Sul, entre 2018 e 2019, concedeu 57 alva-rás para instalação de novas empresas no território do município, entre elas vinícolas e agroindústrias voltadas ao enoturismo. “Todas as administra-ções municipais valorizaram o turis-mo, com investimentos na área. Mas, a partir de 2017, o turismo se tornou prioridade na nossa gestão, em fun-ção do crescimento do fluxo de visi-tantes na RS 444, Estrada do Vinho, no Vale dos Vinhedos, há dez quilômetros da sede de Monte Belo do Sul, que possui 2.564 habitantes (Censo 2018). Essa demanda resultou na implemen-tação do projeto voltado ao conceito “Monte Belo como um todo”, ressalta o prefeito Adenir Dallé.

Ele observa que o início da execu-ção do projeto, em 2019, foi antecedi-do por obras de melhoria do mirante da entrada da cidade, construção do novo pórtico e revitalização da rua Antônio Manzoni, no entorno da pra-ça padre José Ferlin.

Oficinas de capacitaçãoNa atual etapa, a Secretaria Muni-

Prefeitura de Monte Belo prioriza investimentosem turismo atraindo empreendedores e visitantes

cipal de Cultura e Turismo disponibi-liza, a empreendedores interessados em trabalhar com o turismo, oficinas de capacitação que abrangem desde a apresentação dos atrativos da cul-tura local e da sinalização turística na RS 444 até a participação em eventos culturais. “O projeto resultou no acrés-cimo de 100% em empreendimentos no ano de 2019, em relação a 2018. Parte desse acréscimo representa a boa vontade dos moradores em abrir suas empresas no território do muni-cípio, melhorando a economia local. Quanto mais produtos diferenciados tivermos, mais alcançamos visibilida-de”, relata o Prefeito.

Ele acentua que o conceito Monte Belo abrange a oferta de várias opções ao visitante, entre empreendimentos, edificações patrimoniais históricas, vi-nhedos e paisagens naturais da Serra Gaúcha. “Entendemos que os turistas possuem perfis e gostos particulares”.Dallé salienta ainda que apenas 2,6% do investimento no projeto foi do Or-çamento Municipal 2019, em contra-partidas a recursos vindos do Governo Federal, via Ministério do Turismo.

“Como o turismo é algo “recente” no município, os moradores estão se adaptando à essa nova realidade. As mudanças ocasionadas por obras, como a do pórtico, estão fazendo com que a comunidade perceba a existên-

cia de um movimento de adaptação de locais pródigos para o turismo. Es-tão sendo planejadas ações para sen-sibilizar a comunidade”, analisa Dallé.

Mais informações sobre o projeto no site www.visitemontebelo.com.br.

Foto: Maurício Pamplona

Turistas participam da experiência da colheita da uva

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020SAFRA DA UVA6

O total da colheita da safra de uva 2020 nos municípios produtores de uva da Serra Gaúcha, a “pleno vapor” agora em fevereiro, deve girar em torno de 500 milhões de quilos, com uma quebra de cerca de 30% em relação a 2019. A estimativa é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, que também coordena a Comissão Interestadual da Uva. Segundo ele, essa quebra ocasionada pela falta de chuvas, tende a ser recompensada no acréscimo de qualidade das uvas, em relação as colhidas em 2019. Segundo Postal, algumas viní-colas estão sinalizando de como vai ser a forma de pagamento dessa safra. “Algumas pagarão em três parcelas, outras 30 dias depois da safra, algu-mas outras em quatro parcelas de 25% cada. Há alguns agricultores que não receberam toda safra de 2019, mas são casos mais pontuais“, acrescen-ta ele.

Segundo Postal, a vida dos agricultores me-lhorou muito em decorrência das tecnologias,

Safra da Uva 2020: previsão de quebra de 30% em relação a 2019

Foto: Arquivo Pessoal

Cedemir Postal, presidente do STRBG

Diminuição da quantidade está sendo compensada na qualidade, diz sindicalista

O Instituto Brasileiro do Vinho ( Ibravin), se-diado em Bento Gonçalvfes, no Parque de Even-tos, em outubro do ano passado, após 20 anos de atividades, demitiu colaboradores e paralisou atividades, por falta de verba. Com irregularida-des apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), a entidade deixou de receber R$ 12 milhões do Fundovitis. Para o setor não ser prejudicado, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) mudou seu estatuto para receber a verba. O convênio ain-da não foi assinado, mas a entidade já organiza seu plano de trabalho

No transcorrer da existência do Ibravin a legis-

principalmente nos últimos 20 anos. “Antes o tra-tamento das parreiras era manual. Hoje, é com tratores. Com a abertura de estradas nas fileiras das parreiras e com os carretos basculantes para o transporte, o agricultor consegue transladar a colheita sem tanto esforço. Ele diz que a atual difi-culdade dos agricultores, que não contam todos os anos com as mesmas pessoas para auxiliar na colheita da uva, é encontrar essa mão de obra.

O sindicalista ressalta que ainda é preciso me-lhorias na infraestrutura das estradas do interior, principalmente nas dos município de Bento Gon-çalves. “A gente vê o avanço que os municípios vizinhos tiveram com o asfaltamento. Nas comu-nidades que têm asfalto, as famílias vivem mais felizes, porque não tem poeira nas casas e o trans-porte da produção é feito com mais segurança. A disponibilidade de internet e sinal de telefonia celular também é importante. Muitas localidades já têm. É uma ferramenta indispensável nos dias de hoje”.

Uvibra aguarda liberação do Fundovitispara dar continuidade às ações do Ibravin

lação estadual foi sendo alterada, gerando essas irregularidades, explica o presidente do Ibravin, Márcio Ferrari. Segundo ele, essa não é a primeira vez que a entidade enfren-ta esse problema.” Esse momento realmente é delicado para o Ibravin mas o esforço de todas as entidades envolvidas fará com que o resultado final seja bom para o setor viti-vinícola nacional. Ele ressalta que a Uvibra está aguardando a liberação dos recursos do Fundovitis para a continuidade de ações voltadas a promoção do setor vitivinícola do país.

Foto: Arquivo Pessoal

Márcio Ferrari

Foto: Gilmar Gomes

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020 7TURISMO DE EXPERIÊNCIA

Olhar como se fosse pela primei-ra vez. Foi o que pensei ao receber o convite da diretora do Hotel Villa Mi-chelon, Elaine Michelon, para partici-par como hóspede da programação de duas pernoites do primeiro final de semana da La Bella Vendemmia, de 10 a 12 de janeiro deste ano. O evento prossegue até 8 de março, nos finais de semana, de sexta a domingo. Amei o convite pela oportunidade de co-nhecer, de forma mais íntima, o com-plexo hoteleiro/turístico construído no Vale dos Vinhedos, há mais de 18 anos, pelo saudoso amigo empresário Moysés Michelon (in memoriam). Já tinha estado várias vezes no Villa Mi-chelon, mas sempre a trabalho.

A experiência da hospedagem para a La Bella Vendemmia iniciou na Casa do Filó, no final da tarde de sex-ta-feira, 10, junto a hospedes de vários Estados do Brasil e de uma família da Austrália, com apresentação de Eliane Michelon sobre os hábitos culturais das levas de imigrantes trentinos e vênetos que colonizaram a Serra Gaú-cha, a partir de 1875. Entre eles, o do Filó, evento social que ocorria após o término de mutirões de famílias das comunidades em torno da vindima anual (colheita de verão da safra da uva nas pequenas propriedades). A família auxiliada presenteava os vizi-

HOTELARIA

Por Kátia Bortolini

“Turistando” noVilla Michelon

54 2102.1800RS 444 - Km 18,9 - Estrada do Vinho - Vale dos Vinhedos - Bento Gonç[email protected]

nhos com um filó, festa regada a cuca, biscoito, salame, queijo, pão, vinho e suco de uva.

A explanação de Elaine foi segui-da de visita técnica ao parreiral mode-lo, com colheita de uvas para o ritual da pisa (pisar as uvas dentro de uma mastela como antigamente, mace-rando os grãos para a elaboração do vinho). Chovia forte... mas, mesmo as-sim, a maioria dos hóspedes do grupo participou da colheita e da maceração das uvas, na grande tina destinada à pisa. Após, começou a festa na Casa do Filó, com lanches e pratos típicos da região, regados a suco de uva, vinho branco e vinho tinto encanados. Elai-ne resgatou a proposta das bebidas encanadas, a exemplo do ocorrido nas primeiras edições da Festa Nacional do Vinho (Fenavinho), na década de 60 em homenagem a seu pai, Moysés Michelon, precursor do evento que na década de 1960 projetou Bento Gon-çalves como a “Capital Brasileira da Uva”, no cenário nacional. Seu Moisés, como o empresário era conhecido na comunidade, também foi um dos pre-cursores da cadeia hoteleira do Vale dos Vinhedos. A animação musical do filó, que não poderia faltar, fica a cargo de corais e músicos da região.

Na manhã de sábado, acordei com os mugidos dos bois e dos ter-

neiros, entre outros sons de animais da mini fazendinha, entrecortados pe-las risadas das crianças. No decorrer do sábado “ turistei” na estrutura do complexo, a pé, e também aproveitei a piscina e a academia. Ainda no sába-do trafeguei pela RS 444 até a entrada de Santa Tereza, “ olhando como se fosse a primeira vez”. Os morros ficam ainda mais lindos nessa época do ano, encobertos por plantações de videiras e árvores.

Adorei o Átrio, um lugar diferen-ciado dentro do Hotel, com espaços para circulação e integração entre os hóspedes do Villa Michelon. A Piazza dei Bambini, espaço que valoriza a cultura e proporciona às crianças uma volta divertida ao passado, também é uma atração à parte. Equipada com brinquedos, diversos jogos, livros e lá-pis de cor, com a permanência de uma recreacionista que garante o conforto e segurança dos pequenos, nos feria-dos e finais de semana.

A suíte onde fiquei hospedada é um encanto. A forração da parede e a decoração remetem à casa da “nona”, com todo o conforto atual, entre eles uma banheira com hidromassagem. Na cabeceira da cama de casal, há uma barra de ferro muito sugestiva...

Amei a estadia... super recomendo a experiência da hospedagem.

Foto: Kátia Bortolini

Fotos: Rita Michelin

Foto: Kátia Bortolini

Foto: Kátia Bortolini

Fotos: Rita Michelin

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Bento GonçalvesRua Dr. José Mário Mônaco, 227

Sala 905, CentroFones: (54) 3702.4113

(54) 99970.4113

Foto: Eduardo Benini

Dr. Felipe de David,Cirurgião Plástico

Cirurgias plásticas combinadasapresentam vantagens ao paciente

uitas pessoas questionam sobre a viabilidade da realização de cirurgias plásticas de forma combinada. É possível? A resposta é sim: não

somente se torna viável como também é recomen-dado em alguns casos. A comunidade médica, espe-cialista na área plástica, indica a redução do trauma cirúrgico como a principal vantagem de aliar mais do que um procedimento ao mesmo tempo.

Mas atenção: essa é uma avaliação que cabe à credibilidade de um profissional membro da Socie-dade Brasileira de Cirurgia Plástica, pois é necessá-rio observar os riscos da escolha. De forma geral, amenizar o que os médicos chamam de trauma ci-rúrgico influencia no pós-operatório e no tempo de retorno às atividades normais. Por isso, é necessário garantir que o paciente esteja em ótimo estado clí-nico e com peso estável por um período razoável, além de não apresentar doenças associadas.

Outra vantagem da cirurgia combinada é que o paciente não se expõe a riscos duas ou três ve-zes. Ao contrário, desde que seja bem planejada por um profissional competente e o paciente aten-da às indicações cirúrgicas, o resultado tende a ser bem sucedido. Para diminuir custos da operação e internação e otimizar o período de recuperação do

paciente, é preciso haver uma sintonia entre os pro-cedimentos: as cirurgias devem ser similares e ter o mesmo objetivo.

A lipoaspiração, por exemplo, combina com a abdominoplastia, implante de prótese de silicone nas mamas ou redução mamária. A abdominoplas-tia com lipoaspiração na região das coxas ou im-plante mamário com lipoaspiração dos braços tem boa indicação, pois são regiões próximas. Cirurgia nos braços e nas coxas, quando feitas juntas, tam-bém funcionam, pois são áreas de movimento e lo-comoção. Por outro lado, a combinação de implan-te de prótese na região dos glúteos e cirurgias na parte frontal do corpo, como mamas ou abdômen, é um exemplo não aconselhado, já que o paciente não pode deitar ou apoiar sobre o local operado.

Contudo, no saldo final, a busca por uma me-lhora na autoestima faz com que a opção pelas cirurgias combinadas fique ainda mais atrativa e encoraje os pacientes a passarem pela ala cirúrgica uma única vez. Também é fundamental que a indi-cação de uma cirurgia plástica seja sempre discu-tida com um cirurgião plástico de confiança, com qualificação e credibilidade para realizar os proce-dimentos de maneira assertiva.

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRA | Fevereiro 2020SAÚDE8

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

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Caderno de Cultura e Arte

Jornal Integração da Serra | Nº 76 |

Fevereiro 2020

O olhar in loco da jornalista Júlia Beatriz de Freitas sobre a Amazônia. Página 7

Foto: Júlia Beatriz de Freitas

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A moral existe para vedar o que a lei não

veda. Nenhuma lei proíbe o egoísmo, a maldade, o

ódio. Ninguém é preso por

desejar o mal a outrem.

2 | Mosaico | Jornal Integração da Serra | Fevereiro 2020

RogérioGava

[email protected]

Limitesm de meus mestres especiais é o francês André Comte-Sponville. Filósofo e escritor, há muito sou seu fã. Vale a pena prestar atenção no que ele diz. Em um de seus textos, André nos fala da

questão dos “limites”. Me parece que poucos temas são tão essenciais para a vida em sociedade. Ainda mais nesses tempos um tanto fluidos, onde tudo tem a pretensão de ser permitido.

Perguntar o que é aceito, ou não, é entrar em terre-no pantanoso. Pelo simples fato de que algo pode ser certo em meu ponto de vista, mas não para o estima-do leitor e a prezada leitora. Ou vice-versa. Quem tem filhos bem o sabe. Cada família tem seus códigos, sua conduta, suas normas de educação. Permite-se algo em um lar que não se admite em outro. Assim nas escolas, empresas e qualquer outra instituição. Nos países e suas culturas.

Creio, no entanto, que todos concordamos em um ponto: “nem tudo pode ser permitido”. Do con-trário, seria o caos. Para não dizer, a ‘barbárie”. Que ordem, no entanto, fixa os limites a serem respeita-dos? A ciência? A religião? A ética? A lei? Todos essas ao mesmo tempo? Afinal, qual a base para decidir se algo pode ser feito, ou não?

Recentemente, um cientista chinês foi condenado a três anos de prisão por ter criado bebês genetica-mente modificados. A lei, nesse caso, buscou esta-belecer um limite ao que pode ser feito pela ciência. Podemos concordar ou discordar em relação à con-denação, se ela foi justa ou não, muito pesada ou até branda demais. Uma coisa, no entanto, é certa: a ciência não é capaz de impor limites a ela própria. A tecnologia apenas nos diz o que é possível ou impos-sível fazer. Se ‘deve” ser feito, bem, nesse ponto ela “lava as mãos”.

É por isso que precisamos de uma outra ordem, a impor limites na ciência, na economia ou em qualquer outra área técnico-científica. Essa ordem se chama “lei”. Há o que a lei autoriza (o legal) e o que a lei veda (o ilegal). Nas democracias, o povo elege seus representantes, e, esses, fazem as leis que deverão se cumprir. Mesmo que muitos com elas não concor-dem. Basta ver as recentes discussões sobre a des-criminalização da maconha.

A lei, no entanto, não é universal. O aborto é per-mitido em alguns países; em outros, não. O mesmo acontece com as drogas, a pena de morte, a eutaná-sia, ou o consumo de bebida alcoólica. A lei é com-

plexa e não resolve tudo. Se assim fosse o mundo não teria tanta desgraça. O fato é que acima da lei deve haver uma terceira ordem. André nos ensina que ela se chama “moral”.

A moral existe para vedar o que a lei não veda. Nenhuma lei proíbe o egoísmo, a maldade, o ódio. Ninguém é preso por desejar o mal a outrem. Quem me veda de ser um crápula não é a lei: é a consciência de que isso é desprezível. A verdade é que há coisas que a lei não veda, e que, no entanto, não devemos realizar. “Non omne quod licet honestum est”, já di-ziam os romanos, ensinando que “nem tudo o que é legal é honesto”. A consciência de um homem deve ser mais exigente do que a legislação.

A ciência, a lei e a moral são por demais necessá-rias; não são suficientes, porém. Falta-nos ainda, no entanto, a maior ordem de todas: a ordem do “amor”. O filósofo nos lembra que somente o amor nos dá a capacidade de ascender sobre as outras ordens, sem, no entanto, desprezá-las. Pelo amor vamos além do que é possível, do que é legal e do que é moral.

As quatro ordens se sucedem e completam: ne-nhuma é mais importante do que outra. Se estou em um supermercado fazendo compras habito a ordem da economia (ordem 1). A lei (ordem 2), me proíbe de ali roubar. Mas não me privo desse delito unicamente por ele ser vedado; me impeço de furtar, pois vivo em reciprocidade com as outras pessoas e, moralmente (ordem 3), sei que certas ações não devem ser prati-cadas, pois fraturam o bom funcionamento do coleti-vo. Por fim, ensino aos meus filhos, que amo (ordem 4), o certo a ser feito, pois quero que eles se tornem pessoas íntegras e ajudem a tornar o mundo um lugar melhor.

As ordens impõem limites; limites são fundamen-tais para a vida em comum. Sem eles, instala-se o caos. É só pensar nos escândalos de corrupção. Na violência. Ou naquele amigo “esperto”, que se gaba de não devolver o troco que veio a maior. Na base de nossos dilemas, quanta ordem subvertida!

Que as ordens não nos garantem tudo, é fato. O mundo real é por demais complexo. Onde a injustiça grassa, as ordens vacilam, dirão alguns. Quem passa fome tem o direito de roubar, já ouvi de outros. É o tal do “jeitinho brasileiro”, lembra ainda um colega. É fato, respondo. Mas sempre replico com uma simples pergunta: sem ordens e limites, como poderemos vi-ver?

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Fotos: Divulgação / Bento Jazz & Wine Festival / Secult

Renato Borghetti, acordeonista gaúcho, será uma das atrações

Bixiga 70 Filó Machado Sambaranda

Bento Gonçalves vai sediar, nos dias 27, 28 e 29 de março, o Bento Jazz & Wine Festival. O evento con-tará com apresentações musicais em diferentes pontos turísticos da cidade e uma intensa programação paralela, envolvendo debates, mas-terclasses, cinema, exposições de arte, piqueniques com jazz, palco jazz kids, entre outras atividades.

Entre as atrações musicais con-firmadas estão o guitarrista paulista Filó Machado, o acordeonista gaú-cho Renato Borghetti, a big band paulistana Bixiga 70 e o sexteto vocal paulista Sambaranda, que se juntarão a outros grandes nomes da música nacional e internacional.

Planejado para harmonizar mú-sica e vinho, o evento também pro-

Em março, BentoJazz & Wine Festival

moverá ações para apreciar a arte e a bebida juntos, como um piqueni-que com jazz no Vale dos Vinhedos, Caminhos de Pedras e no trajeto da Maria Fumaça. As apresentações também acontecerão na Casa das Artes, em um palco externo que será montado no entorno da Igreja São Bento, em pubs, restaurantes e ho-téis. Voltado para públicos de todas as idades, o festival contará com um palco especial para as crianças.

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CésarAnderle

Diretor da Anderle Transportes

Recomeço

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a vida tudo é um novo recomeço. Às vezes nos sentimos sempre iguais, fazendo da mesma

forma, comendo as mesmas comidas, usando os mesmos temperos, orando do mesmo jeito e por aí afora.

Na atualidade, com o desencadear de novas informações, novas mídias e novas reportagens de televisão, nos abastecemos com uma enxurrada de ideias.

Podemos facilmente aliar as comidas da nossa região com as de outra região do país e até de ou-tros países, com o maior prazer e com uma gama de novos sabores. Os temperos da nossa “nona” se somam com os temperos do outro continente.

Os exercícios que fazíamos algumas décadas atrás, futebol, vôlei, ciclismo, se somaram hoje ao paddel, caminhadas, corridas, yoga, pilates e ou-

54 2621.4868 | www.fluxocon.com.brRua Gomes Carneiro, 436 | Sala 21 | Edifício Marcello | Bento Gonçalves

tros tantos, ou seja, maneiras de se exercitar não faltam. Hoje o que falta é a vontade de não cair no sedentarismo.

Nas orações, aprendemos com nossos pais a arte de rezar. Mas as orações de antes, Pai Nosso, Ave Maria, Creio, Salve Rainha, juntaram-se hoje com o diálogo direto com Deus, com Jesus e com Maria. Hoje a nossa espiritualidade cresceu ao ponto de nos conectarmos facilmente com o nosso superior. A consciência, a reflexão nos conduz por este canal e nos aproxima do divino.

A fé continua a mesma, apenas se aperfeiçoou através de relatos, de exemplos de pessoas leigas. Os padres, em número reduzido para a nossa re-alidade populacional, fazem o possível, pois eles também são humanos e tem os mesmos direitos de errar como simples mortais que são, assim como todos nós somos.

O Bem deve ser o objetivo de todos, pena que a má fé existe e nos rodeia no dia a dia. Pessoas sem valores humanos, com falsidade nos olhos e na alma e com a in-crível ideia de que não acreditam em Deus, mas no sufoco da vida acabam chamando por Deus.

Assim somos todos nós, santos e peca-dores ao mesmo tempo, temos frutos bons e em grande número, mas possuímos infe-lizmente alguns estragados e que acabam abalando a fé dos que nos rodeiam, mas deixamos sempre nos acalentar pelo amor do ser maior, aquele mesmo Deus que nos deu a vida, que nos chamou para a cami-nhada terrena. Somos inteligentes e, se assim o somos, façamos a nossa parte, o bem deve prevalecer e juntos seremos mais Felizes.

Grande Abraço!

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Odair Zeni, que já tem uma his-tória atrelada a prefeitura municipal, assumiu o Arquivo Histórico Mu-nicipal no início de 2019, à convite do Secretário de Cultura, Evandro Soares. De acordo com Zeni, atual-mente o arquivo histórico conta com um número aproximado de 500 mil itens, entre documentos de diferen-tes épocas da história. O espaço conta com cerca de 60 atendimen-tos presenciais por mês. Para Zeni, o maior desafio no início foi organizar os documentos.

“Eu tinha que identificar todos os aspectos do arquivo, saber qual

Arquivo Histórico tem cercade 500 mil itens no acervo

A cultura de um povo é o seu maior patrimônio. Preservá-la é resgatar a história e perpetuar valores. Essa frase sintetiza a importância do Arquivo Público Histórico Municipal de Bento Gonçalves, coordenado atualmente por Odair Zeni, que substituiu a historiadora Assunta De Paris em fevereiro de 2019.

era a parte histórica, que documen-tos continham aí. Essa parte históri-ca tem o registro desde o início da formação da cidade, dos imigrantes que vieram pra cá e muitas famílias buscam informações sobre seus ancestrais. Muitos pesquisadores aproveitam o espaço do arquivo para construir até mesmo a história de suas famílias”, explica.

“A prioridade agora é fazer todo plano de modernização do arquivo, com informatização e digitalização dos documentos, melhorar o campo de pesquisa e intercambiar, estar em contato permanente com o arquivo

histórico do Estado e com o pessoal da Itália também, com quem conver-samos muito. Temos muito contato com a Universidade de Trento. Inde-pendentemente de etnias, temos o Circolo Trentino, que se articula mui-to bem e seguidamente recebemos o pessoal que tem intenção em sa-ber sobre o processo de imigração”, conta.

Ainda, segundo Zeni, “a missão, além do plano de modernização, é buscar parcerias para termos re-cursos e melhorar todo o processo. Queremos ter uma oficina de restau-ro e vamos ter que buscar apoio. A

iniciativa privada pode ser parceira. Queremos que o arquivo se torne mais visível para as pessoas e que elas entendam a importância que ele tem. Esse é um trabalho de lon-go prazo e o desafio é montar o pla-no e começar a trabalhar. O arquivo é a alma e a história da cidade”, sa-lienta.

O Arquivo Histórico está localiza-do ao lado da Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social, na Rua 10 de Novembro, 190, Botafogo, no Complexo Administrativo da prefei-tura de Bento Gonçalves. Mais infor-mações pelo telefone 3055 7100.

Foto: Arquivo Pessoal

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InteGRaçÃo - De que forma começaste a estudar teatro e como foi o início da carreira?

sanDRa CRIolanI - Eu sou de Córdoba, oriunda de uma locali-dade que se chama Oncativo. Quan-do eu tinha 11 anos entrei no teatro municipal de Oncativo, e fiquei estu-dando lá até os 18 anos, quando re-solvi ir estudar em Córdoba, capital. Com 18 anos ingressei na universi-dade e como estudante me conec-tei com outras pessoas de distintas províncias, porque Córdoba é um polo de estudantes de todo o país e agora também de outros países. Me recordo que criamos um grupo independente que se chamava El Gallinero Teatro, e fomos avançando juntos na carreira. Quando estava terminando o curso me faltava fazer a tese e eu estava começando a tra-balhar num tema que me deu a opor-tunidade de vir trabalhar em Buenos Aires. Em Córdoba conheci também pessoas aqui de Buenos Aires que entraram em contato comigo e aos poucos fui me transferindo para cá. Por sorte eu tinha tios vivendo aqui e fui ficando na casa deles. Hoje eu gosto muito de Buenos Aires e a possibilidade de produzir arte por aqui, crescer e estudar, me motiva cada vez mais.

InteGRaçÃo - esse ano será repleto de trabalho com novidades no teatro e também no cinema. atualmente você está com as peças “Hombres y Ratones” e “Unidos a la Fuerza” em cartaz. Conte um pouco sobre cada uma delas e o que projeta para 2020?

sanDRa - Neste momento estou com duas peças, mas na re-alidade estou com três (risos) por-que deve restrear “La Patada del

Ser ator é estar sempre em transformação, buscando novos objeti-vos e trabalhando com amor. É desta forma que pensa a atriz argentina Sandra Criolani, 35 anos. Natural da cidade de Oncativo, província de Córdoba, Sandra encontrou em Buenos Aires a oportunidade de cres-cer na carreira e se destacar no teatro e no cinema. A atriz, que esbanja simpatia e um largo sorriso ao falar sobre sua profissão, conversou com exclusividade com o Jornal Integração da serra, contando so-bre a carreira, sonhos e os principais planos para 2020. Sandra come-çou a estudar teatro aos 11 anos e já trabalhou em mais de 10 peças de diferentes gêneros e estilos. Em 2016 iniciou sua aventura no cinema, trabalhando no filme “No Te Olvides de Mi”, dirigido por Fernanda Ra-mondo. Em 2019 deu o grande salto em sua carreira, sendo coprotago-nista do longa-metragem “El Kiosko”, de Pablo Gonzalo Pérez, em que atuou ao lado do ícone do cinema argentino, Pablo Echarri. E para este ano está previsto o lançamento do filme “El Cuento del Tío”, de Ignacio Guggiari, marcando sua consolidação nas telonas.

Camello”, outra obra que começou sendo produzida por outra atriz e que escrevemos juntas e estreamos em 2018, sendo que esse trabalho foi parte de minha tese de licenciatu-ra em teatro. Para mim é muito bom poder trabalhar com mundos distin-tos. “Hombres y Ratones” está em cartaz em Mar del Plata e tem a ver com a vida no campo em 1968, na pampa argentina em que tudo era bastante masculino e hostil. O lu-gar da mulher nessa época era bem diferente de agora. Na história, em geral, uma mulher sozinha do cam-po é rodeada por homens e está em constante perigo. Já “Unidos a la Fuerza” é uma espécie de ficção científica, então são caminhos dife-rentes. A verdade é que requer muita energia. É um prazer estar com es-ses dois elencos.

InteGRaçÃo - eu me recordo de uma entrevista em que você disse que “hay que animarse a dar el salto”. eu te pergunto: qual foi o maior salto que já deu em sua carreira?

sanDRa - Um dos meus gran-des saltos foi ter começado a fazer teatro na infância. Desde o início, quando fui para a primeira aula, já sentia de alguma maneira que ia mais adiante de uma simples ativida-de ou passatempo. Na adolescência me comprometi de forma intensa ao teatro e foi quando minha família ficou com um pouco de medo que eu fosse me dedicar somente para isso. Houve um momento que não estavam muito de acordo que eu se-guisse nessa área. Um outro salto foi quando vim viver em Buenos Aires, e que por sorte tinha tios e família por aqui. Não foi muito fácil para mim porque eu não conhecia ninguém da indústria e estava perdida, no

entanto, eu encontrei distintas pes-soas que me facilitaram caminhos, e isso foi um grande salto. E o nosso crescimento pessoal está totalmen-te ligado aos pequenos saltos que damos no dia a dia. O ator trabalha não só com o corpo, mas com toda a integridade, corpo emocional, sua alma, os vínculos com outras pes-soas. Creio que tudo deve ser cul-tivado. São saltinhos que a pessoa vai dando e temos que nos animar a dar esses pequenos passos diários (risos). Tudo tem a ver de nos conec-tarmos com o coração. Não são de-cisões tão racionais, e a maior delas está no coração.

InteGRaçÃo - você é atriz, produtora e tem realizado importantes trabalhos no cinema e teatro. Para você como é equilibrar tantas funções e de que forma define o seu trabalho?

sanDRa - A nível de teatro te-nho o projeto de continuar com as duas obras “Hombres y Ratones” e “Patada del Camello”. Estou com a ideia de iniciar outra obra, mas ain-da está no início, e seria algo mais pessoal para desenvolver, incluindo a parte escrita. “La Patada de Ca-mello” nos abriu a possibilidade de começar a escrever algo voltado para o cinema. Tem algo que não tem a ver com a obra, mas com a equipe, e estamos com a ideia de escrever um roteiro. Em julho vai estrear o filme “El Cuento del Tío”, e é uma história que, assim como “El Kiosko”, também tem uma parte muito forte do costume do argen-tino. Eu diria que é uma comédia mais “negra”.

InteGRaçÃo - em “el kiosko” você contracena com Pablo

echarri, grande nome do cinema argentino. Como foi realizar um trabalho tão importante ao lado dele?

sanDRa - Para mim foi um pra-zer, e ele é uma pessoa muito gene-rosa, muito profissional, além de ser um ótimo ator. É muito trabalhador, e nisso também nos conectamos em vários pontos. Na medida que o filme foi sendo rodado, construímos um importante vínculo, e esse foi o primeiro filme em que eu sou uma coprotagonista. Echarri me facilitou muito e o trabalho com ele foi feito com muita generosidade e compa-nheirismo.

InteGRaçÃo - o que Buenos aires representa para você?

sanDRa - Para mim Buenos Aires representa uma consolidação sobre minha profissionalização do trabalho pessoal. Eu vim para cá e comecei a trabalhar de forma mais profissional e tomar a consciência de que queria me dedicar a ser atriz de teatro e cinema. Aqui encontrei realmente uma indústria que lamen-tavelmente no resto do país não tem a mesma força e incentivo que aqui na capital federal. Eu posso salientar que encontrei um lugar com muitas oportunidades, mas que também me apresentou dificuldades, por-que é uma cidade imensa e tem de tudo. Buenos Aires é uma cidade linda, mas às vezes muito estres-sante também. Ela te abre portas, e às vezes fecha na cara. É um pou-co de tudo (risos). Foi quando vim viver aqui que comecei a ter oportu-nidades de viajar e conhecer o resto do mundo. E neste momento estou fazendo um monte de coisas, pen-sando também em ocupar outros papéis, além de atriz em produções de teatro e cinema.

Foto: Arquivo Pessoal

Sandra Criolanientre os palcos e as telas de cinema

Por Rodrigo De [email protected]

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Sou grande”, gritei internamente, e tive o silêncio como resposta. De-pois, ouvi os cantares dos pássaros, o vento e os sons do sapos.

Na Amazônia, o silêncio é preen-chido pelo barulho dos sapos. Seja na cidade, seja no mato.

Cheguei aqui portada e carre-gada do imaginário da Amazônia. O que é a Amazônia para quem pas-sou a vida longe dela? Área verde, uniforme, reta e quadrada. Talvez já se tenha, em inconsciente, as man-ches amarronzadas de desmate em expansão.

Cheguei e descobri, aos poucos, que a Amazônia é cheia de cidades, de gente e florestas diferentes.

Tem os feitiços, as visagens. As plantas que curam. A flor de algodão roxo ajuda bebê a nascer. A mungu-beira explode em algodão que, na mão de humano, travesseiro vira; na de bicho-preguiça, comida.

Pra onde vim, no coração da Amazônia, a água desce e a água sobe. Os peixes que aqui estavam agora se espalham, os jacarés, em questão de meses, se adentram na mata alagada. Só são vistos à noite pelos olhos que brilham.

As casas de palafita estão pre-paradas: separam piso do chão, que logo é coberto pela água escu-ra. É cheia, é tempo de chuva.

A água começa a descer e é bom pra pegar pirarucu, peixe gi-gante. Bom pra cultivar a mandioca, que depois vira farinha, redonda, amarelinha, que se come com o pei-xe ou se vende.

Vem e vai, vem e vai: eu descobri que a Amazônia é redonda.

“Eu tenho pra mim”, é como co-meçam muitas das frases dos ribei-rinhos da região pra onde vim. Res-pondem assim quando vão opinar ou lembrar de algum acontecimento.

Me lembraram, sem querer, da subjetividade dos acontecimentos. Parecem se eximir, inconsciente-mente, de dar algo como posto,

Júlia Beatrizde Freitas

Jornalista [email protected]

como dado inquestionável. Cada experiência é uma.

O que aconteceu, aconteceu pra ‘mim’ assim. O outro pode ‘ter pra ele’ outra coisa. Tem-se a certeza da experiência individualizada e única. Não se uniformiza, não a generaliza como fazem nossas pesquisas, de opinião e científica. Penso que é ex-pressão de bondade.

Há, claro, os fatos, os bons e os ruins.

Os fatos estampados, às vezes, em manchetes que dão origem à es-tampa de sangue na terra, corrobo-ram a existência de projetos de po-der centrados na desmantelação e assassinato do que é vivo e bom, do que é sagrado, do que é humano, vegetal e animal. São projetos de lei, frases e decisões injustas aos que não tem o poder e são frágeis como as árvores, que sustentam o mundo.

Quem sustenta o mundo é frágil: rapidamente está no chão. De morte matada.

Copio aqui os ribeirinhos, com licença.

Eu tenho pra mim que a Amazô-nia é bonita e dolorosa. Fez-me me ver pequena em meio às árvores que nada querem e tudo são. Paradas se movem: largam suas sementes na água da cheia, que as leva para longe, onde nunca vão elas mesmo chegar. Ao menos não como indi-víduo sozinho. Chegam como co-letivo. Algumas das plantas da vár-zea, esse ecossistema alagável que mantém tudo embaixo d’água por metade do ano, tem memória.

Olhar os riscos de floresta cor-

tados pelos rios pulsantes arranca de mim os meus fatos falsos. Tenho pra mim de que enchi-me de mim mesma, me adorno em postagens bonitas nas redes sociais, autosa-botagem e de autoafirmações que escondem rios de insegurança, ali-mentados por um sistema que as-sim o deseja.

Tenho pra mim que a Amazô-nia é, em essência, feminina. É fato que é na Amazônia onde vive ‘dona’ Benta, indígena que criou a primei-ra associação de mulheres de uma área de mais de um milhão de hec-tares, no meio da Amazônia, cheia de centenas de comunidades. Ribei-rinhos, indígenas dali, quilombolas, seringueiros, nordestinos, indígenas fugidos.

Tenho pra mim que a Amazônia não é nada romântica. Com o cor-po lá, presente, a Amazônia não é ‘good vibes only’ como poses boni-tas no Instagram. Ela domina e ensi-na a quem a ela se integra.

É fato que ensina a esses po-vos todos a sobreviver e lutar pelo viver em meio às interpéries de um bioma forte e ainda um tanto miste-rioso. Povos que enfrentam no diário a falta de escuta dos que mandam nas coisas dos homens, que estão ali embaixo, onde acreditam ser o centro do mundo.

Domina também, no macro da Terra. Mantém as terras férteis, o ar puro. Se efetivado, o ponto irreversí-vel de sua destruição nos mostrará a importância dessa dominação amo-rosa e cheia de sons: de pulos de botos às palavras dos que ali estão,

do português ou não.As crianças aproveitam aqui as

cheias para pular das árvores. So-bem e pulam e repetem de novo, como o ciclo da várzea. É fato. De novo, tenho pra mim que a Amazô-nia é redonda.

As previsões da crise climática mostram cheias ficando cada vez mais cheias e as secas, cada vez mais secas. A crise climática é fato.

Tenho pra mim que a Amazônia é o centro do mundo. De frente a ela, sou pequena sozinha. Junto dela, e de todos os outros que a olham, sin-to que somos, existimos. Isso basta.

Fotos: Júlia Beatriz de FreitasIlustração: @mariangelica.chiang

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AncillaDall Onder

[email protected]

Zat

A Moda

ecentemente, observei em várias vitrines, de di-ferentes lugares, um objeto, no caso uma bolsa, considerada comum em outros tempos, mas em

destaque no atual verão. Seria a moda? Mas o que é a moda? A palavra “moda” significa, no cotidiano, ser “mais usado”, como, por exemplo, a cor que mais apa-rece no vestuário numa determinada estação seria a “cor” da moda.

A obra de Canton e Schiller “Moda: uma história para crianças” descreve com propriedade de lingua-gem a moda através dos tempos. As autoras afirmam que “a moda é como a gente se apresenta para o mun-do”. E ainda, como você se veste, os acessórios que você usa, o jeito de pentear, cortar e até pintar os cabe-los ou usar os óculos. A moda é tudo isso.

Entretanto, o meu foco de atenção volta-se para a moda estatística. Nesta perspectiva, a moda é o valor que se repete o maior número de vezes, num conjunto de valores, isto é, o mais frequente. São muito comuns expressões que mencionam a preferência por deter-minado produto, maior audiência entre as emissoras, obras mais vendidas, candidato mais votado, numera-ção de calçados – femininos e masculinos – de maior procura, e outras que passam a ideia de um valor mais frequente, estatisticamente denominado moda. Con-vém assinalar que a expressão “a maioria” num conjun-to de dados, nem sempre representa a moda estatísti-ca, assim como o “modismo”, que é passageiro.

A referência mais remota do uso da moda está ci-tada na obra de Wallis e Robert e se refere ao cerco

dos plateus pelos peloponésios em 428 a.C. No inverno desse ano, os plateus, juntamente com os atenienses, estavam sitiados pelos peloponésios e pelos beócios. Armaram um plano para escaparem, forçando a passa-gem pelas muralhas inimigas. Para construir escadas que alcançassem a altura da muralha inimiga, muitas pessoas contaram e recontaram, ao mesmo tempo, as camadas de tijolos (pedras). Ainda que alguém errasse, a maioria haveria acertado. Foi dessa forma que obtive-ram o comprimento necessário para as escadas alcan-çarem os objetivos.

Contudo, o termo moda foi utilizado pela primeira vez em Estatística por Karl Pearson, em 1895, influen-ciado pela maneira de falar das pessoas ao afirmarem que tal objeto estava na moda, com o significado de coisa mais frequente, que no exemplo inicial seria a bolsa das vitrines. Aliás, esta forma de atribuir significa-do, permite observar que um conjunto de valores pode possuir mais de uma moda ou até a ausência dela, isto é, amodal.

Percebe-se, intuitivamente, que a moda, como pa-râmetro estatístico, se faz presente não apenas na ma-neira de vestir ou de calçar – tamanhos e cores – nas vitrines, mas na oferta e demanda de produção e negó-cios. A moda vai e volta, mas nesse espaço de tempo cria, recria e aperfeiçoa, inova produtos que satisfaçam as necessidades de seus usuários, como foi o exemplo do Jeans. Então, a moda pode ser descrita por diferen-tes enfoques, traduzidos pela arte que a gente veste, no modo de ser de cada um.

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