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VALUATION POR FLUXO DE CAIXA DESCONTADO: UM ESTUDO DE

CASO DA LIGHT S.A.

HENRIQUE VELOSO AIEX

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientadores: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

José Roberto Ribas, D.Sc

Rio de Janeiro

Março de 2020

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VALUATION POR FLUXO DE CAIXA DESCONTADO: UM ESTUDO DE

CASO DA LIGHT S.A.

HENRIQUE VELOSO AIEX

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

Prof. José Roberto Ribas, D.Sc

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D

Eng. Gustavo Cezimbra Borges Leal,

RIO DE JANEIRO, RJ � BRASIL

MARÇO DE 2020

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AIEX, HENRIQUE VELOSO

VALUATION POR FLUXO DE CAIXA

DESCONTADO: UM ESTUDO DE CASO DA LIGHT

S.A./HENRIQUE VELOSO AIEX. � Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2020.

XII, 58 p.: il.; 29, 7cm.Orientadores: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

José Roberto Ribas, D.Sc

Projeto de Graduação � UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Elétrica, 2020.

Referências Bibliográ�cas: p. 57 � 57.

1. Valuation. 2. Fluxo de Caixa Descontado.

3. Avaliação de empresas. I. Dr.Ing, Walter Issamu

Suemitsu, et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III.

Título.

iii

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"Ce qui vaut plus que tout, c'est

le vouloir, un vouloir profond:

vouloir être quelqu'un, arriver à

quelque chose; être déjà, par le

désir, ce quelqu'un quali�é par

son idéal. Le reste s'arrange

toujours".

Sertillanges, A.D.

iv

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Agradecimentos

Aos meus pais, Paulo e Daniele, pelo amor e carinho durante toda minha trajetória

acadêmica. Sem eles nos momentos di�céis essa realização não seria possível.

À minha irmã Beatriz, por estar sempre me incentivando a realizar meus sonhos.

Aos meus amigos da Engenharia Elétrica, que foram fundamentais durante todo o

curso.

Aos professores Walter Suemitsu e José Roberto Ribas que foram muito solícitos e

importantes na realização deste trabalho.

v

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

VALUATION POR FLUXO DE CAIXA DESCONTADO: UM ESTUDO DE

CASO DA LIGHT S.A.

HENRIQUE VELOSO AIEX

Março/2020

Orientadores: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

José Roberto Ribas, D.Sc

Curso: Engenharia Elétrica

O Valuation por �uxo de caixa descontado é um método de avaliação de empresas

amplamente utilizado quando se deseja encontrar o valor de uma empresa. Portanto,

apresenta-se, neste trabalho, o método do �uxo de caixa descontado para a avaliação

da empresa Light S.A, situada no Rio de Janeiro.Dessa forma, o objetivo desse estudo

é encontrar um preço justo para a ação da empresa em questão.Esse valor será

encontrado a partir da utilização da teoria do método do �uxo de caixa descontado

bem como um estudo do setor de atuação da empresa e suas características.

Palavras chave: Fluxo de Caixa Descontado, Avaliação, Mercado de Capitais

vi

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial ful�llment

of the requirements for the degree of Engineer.

DISCOUNTED CASH FLOW VALUATION : CASE STUDY OF LIGHT S.A.

HENRIQUE VELOSO AIEX

March/2020

Advisors: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

José Roberto Ribas, D.Sc

Course: Electrical Engineering

Discounted cash �ow is a well-known valuation method used to estimate the value

of a company. Therefore, it is presented in this study, the discounted cash �ow of

Light S.A, based in Rio de Janeiro. Using the theory of discounted cash �ow model,

the sector of the company and its characteristics, the value of the company will be

established.

Keywords: Discounted Cash Flow, Valuation, Capital Market

vii

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Sumário

Lista de Figuras xi

Lista de Tabelas xii

1 Introdução 1

1.1 A importância do mercado de capitais . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 A importância da análise de empresas e projetos . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.4 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4.2 Referencial Teórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4.4 Estudo de caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Referencial Teórico 6

2.1 Valuation por Múltiplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2.1.1 P/E Ratio - Price to Earnings Ratio . . . . . . . . . . . . . . 6

2.1.2 EV/EBITDA Ratio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.1.3 P/VPA Ratio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.1.4 Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE): . . . . . . . . . . 8

2.1.5 Múltiplo de Dívida (Dívida Líquida/EBITDA): . . . . . . . . 9

2.2 O Método de Desconto de Dividendos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.3 O Método do Fluxo de Caixa Descontado . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3.1 Por que caixa e não lucro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

3 Metodologia 13

3.1 O Valor do Dinheiro no Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

3.2 Avaliação econômica-�nanceira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.3 Valor Presente Líquido (VPL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.4 Taxa Interna de Retorno - TIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.5 Período de Payback . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

viii

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3.6 Demonstrações Financeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3.6.1 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE): . . . . . . . 16

3.6.2 Balanço Patrimonial (BP): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.6.3 Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC): . . . . . . . . . . . 18

3.7 O Fluxo de Caixa Livre da Firma: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.8 Fluxo de Caixa Livre para o Acionista: . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.9 Perpetuidade: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.10 Taxa de Desconto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.10.1 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC): . . . . . . . . . 21

3.10.2 Custo do capital próprio (Kcp) : . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.10.3 Cálculo do Beta: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.10.4 Ajustes no Beta: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.10.5 Custo da dívida (Kd): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.10.6 Alavancagem �nanceira, custo de capital e o valor da empresa 25

3.10.7 Otimização do WACC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3.10.8 Conclusão da metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

4 Estudo de Caso 27

4.1 Apresentação da Empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.2 História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.3 Entidades do grupo LIGHT S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.3.1 Light Serviços de Eletricidade S.A. . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.3.2 Light Energia S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.3.3 Light Conecta Ltda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.3.4 Lightger S.A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3.5 Amazônia Energia S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3.6 Lightcom Comercializadora de Energia S.A . . . . . . . . . . . 32

4.3.7 Light Soluções em Eletricidade Ltda . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3.8 Instituto Light . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.3.9 Axxiom Soluções Tecnológicas S.A. . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.4 Análise SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.5 Análise das 5 forças de Porter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.5.1 Concorrentes: neutro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.5.2 Novos entrantes: neutro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.5.3 Fornecedores: neutro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.5.4 Clientes: desfavorável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.5.5 Produtos substitutos: neutro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.6 Histórico de Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.6.1 Análise do DRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

ix

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4.6.2 Análise do Balanço Patrimonial . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

4.6.3 Análise do Demonstrativo de Fluxo de Caixa . . . . . . . . . . 44

4.6.4 Premissas e Cálculos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

4.6.5 Cálculo da Taxa de Desconto: . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.6.6 Cálculo do Preço Justo por ação da LIGHT S/A. . . . . . . . 51

4.7 Análise de Múltiplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5 Conclusão 54

Referências Bibliográ�cas 57

x

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Lista de Figuras

1 Crescimento no número de Investidores na Bolsa de Valores brasileira 1

2 Volume total de ofertas públicas e emissões de ações de 2011 a 2019 . 2

3 Mapa da área de concessão da LIGHT . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4 Parque de geração de energia da LIGHT . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5 Composição Acionária da Light S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

6 Participação da Light em outras empresas . . . . . . . . . . . . . . . 30

7 Análise SWOT da Light . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

8 Distribuição da receita da Light . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

9 Perdas não técnicas de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

10 Balanço Energético da atividade de distribuição de energia elétrica . . 36

11 Representação grá�ca das cinco forças de Porter . . . . . . . . . . . . 37

12 Evolução da distribuição de Receita Líquida entre os segmentos . . . 39

13 Custos com Pessoal,Material, Serviços e Outros entre os segmentos . . 39

14 Emissão de Ações da Light S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

15 Projeção da Receita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

16 Projeções de custos e despesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

17 Projeção dos Lucros antes de Juros e Impostos . . . . . . . . . . . . . 47

18 Fluxo de Caixa Livre para a LIGHT S.A. . . . . . . . . . . . . . . . . 48

19 Custo da Dívida da Light . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

20 Evolução da Dívida Líquida e múltiplo de endividamento . . . . . . . 50

21 Relação de Dívida e Caixa da Light . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

22 Cálculo �nal do preço justo por ação da LIGHT S.A. . . . . . . . . . 52

xi

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Lista de Tabelas

1 Demonstrativo de Resultado do Exercício . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 Balanço Patrimonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Fluxo de Caixa Líquido da Firma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

4 Fluxo de Caixa Líquido para o Acionista . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5 Demonstrativo de Resultados (DRE) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

6 Balanço Patrimonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

7 Demonstrativo de Fluxo de Caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

8 Variações do índice Ibovespa para o cálculo do retorno de mercado . . 49

9 Comparaçaõ de múltiplo EV/EBITDA de quatro distribuidoras . . . 53

xii

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Capítulo 1

Introdução

Com a evolução do mercado de capitais no Brasil, aliado a uma queda na taxa de

juros ocorrida no ano de 2019, que se encontra na mínima histórica, temos cada vez

mais um terreno propício para investimentos em ações. Resultado disso é o crescente

número de pessoas adentrando no mercado de capitais brasileiro:

Figura 1: Notícia sobre aumento no número de investidores

. Fonte: www.sunoresearch.com.br/noticias/b3-chega-14-milhao-investidores-setembro/

Além do número crescente de investidores, tivemos um número bastante expressivo

de ofertas públicas iniciais (abertura do capital de novas empresas na bolsa) e de

follow-on (emissão de novas ações por parte das empresas já listadas em bolsa),

mostrando que as empresas estão recorrendo ao mercado de capitais para expandir

suas atividades.

Aproveitando a retomada da economia brasileira e da queda na taxa de juros, a

captação de recursos por parte das empresas é facilitada uma vez que os investido-

res aceitam tomar mais risco pois os investimentos com riscos menores estão menos

atrativos. Empresas que em outras condições de mercado não atrairiam investido-

res na bolsa e teriam que recorrer a outros meios, normalmente menos atrativos,

conseguem realizar suas ofertas públicas iniciais, atendendo o apetite por risco dos

investidores.

Na �gura 2, temos a evolução do volume total de ofertas e emissão de ações de 2011

a 2019. Podemos observar um aumento expressivo para o ano de 2019, comparati-

vamente aos anos anteriores.

1

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Figura 2: Volume total de ofertas públicas e emissões de ações de 2011 a 2019

Fonte: Elaboração Própria a partir de dados disponíveis em www.b3.com.br

1.1 A importância do mercado de capitais

O mercado de capitais é o ambiente de negociação de valores mobiliários onde empre-

sas viabilizam os seus negócios por meio da venda de suas participações acionárias

para investidores, sejam eles institucionais ou pessoas físicas.

Ao comprar uma ação, o investidor se torna sócio da empresa e passa a participar

dos resultados da mesma, como na distribuição de lucros, por exemplo.

Quando uma empresa decide abrir seu capital para negociação na Bolsa de Valo-

res, ela capta recursos para a companhia. Estes recursos podem ser destinados à

investimentos em novos projetos, para venda de participação de sócios, diminuição

de dívidas, dentre outros. Expandindo suas linhas de negócios, a empresa gera mais

empregos, cria novos produtos e projetos, ampliando a gama de oportunidades tanto

para acionistas quanto para a sociedade como um todo. Um sistema �nanceiro pu-

jante é importantíssimo tanto para a evolução da economia de um país quanto para

a geração de riqueza para a sociedade.

1.2 A importância da análise de empresas e projetos

Entretanto, é de extrema importância entender o funcionamento desse mercado para

que as decisões de investimentos e alocação de capital sejam feitas da melhor maneira

possível.

2

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Portanto, para se avaliar uma empresa ou um negócio para �ns de investimentos,

precisamos ter uma estimativa de quanto o ativo vale e o retorno que aquilo pode

nos trazer, para que, a partir dessa informação, possamos tomar nossas decisões.

No dia a dia, nos deparamos com incontáveis oportunidades de negócios e investi-

mentos e apenas com uma boa análise econômica-�nanceira podemos avaliar se as

oportunidades apresentadas valerão a pena e, mais do que isso, qual das oportuni-

dades deveremos dar ênfase e priorizar nosso tempo e recurso.

Por exemplo: uma empresa do setor elétrico precisa de mais energia elétrica para

suas operações e se depara com a dúvida entre comprar essa energia de terceiros

ou construir uma usina hidrelétrica. Qual das duas opções traria melhores retornos

para a empresa? E se houver uma terceira opção, a compra de um parque eólico?

Apenas projeções �nanceiras poderão guiar as decisões de investimentos da vida

cotidiana.

Além disso, a avaliação de empresas e projetos possibilita fusões e aquisições obje-

tivando o crescimento dos negócios e a criação de sinergias.

Por �m, a avaliação de empresas e projetos é uma importante ferramenta para a

tomada de decisões no mundo de hoje.

Uma vez que o real valor do negócio é conhecido e o retorno é estimado, o gestor

pode agir de maneira a otimizar as atividades da empresa, dar ênfase nas linhas de

negócios mais lucrativas, expandir através de fusões e aquisições e atrair recursos de

investidores.

1.3 Objetivo

Utilizando o método do �uxo de caixa descontado e fazendo o uso da empresa LIGHT

S.A. como exemplo, esse trabalho irá estimar o preço justo dessa ação listada na

bolsa de valores brasileira. Todas as informações utilizadas para cálculos, projeções

e dados sobre a empresa foram baseadas nas informações públicas até a o dia 13 de

janeiro de 2019.

O trabalho surgiu a partir de um grande interesse no funcionamento de empresas

por parte do autor, principalmente nas empresas do setor elétrico, no qual o autor

desse trabalho teve maior proximidade devido à formação acadêmica.

É importante ressaltar também que o setor elétrico, por ser um setor de capital

3

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intensivo e certa previsibilidade de receita e custos, torna o método de �uxo de

caixa descontado mais previsível e de certa maneira torna as premissas utilizadas

mais con�áveis.

1.4 Organização do Trabalho

Este trabalho será divido em cinco capítulos, cujos conteúdos estão descritos a seguir:

1.4.1 Introdução

Neste capítulo foi feita uma apresentação inicial do trabalho, proposta e objetivo.

Também mostrou a importância do mercado de capitais e da importância da avali-

ação de empresas, dentro do contexto econômico atual.

1.4.2 Referencial Teórico

No capítulo 2 serão apresentados três métodos para se avaliar uma empresa : a Va-

loração por Múltiplos, o Método de Desconto de Dividendos e o Método de Fluxo de

Caixa Descontado. Além disso, múltiplos de rentabilidade e endividamento foram

apresentados, bem como uma breve análise do motivo pelo qual fazemos previsões

de caixa e não de lucro na análise de valoração de uma empresa. Também será apre-

sentado nesse capítulo, todos os conceitos necessários para os cálculos e projeções

dos métodos.

1.4.3 Metodologia

No capítulo 3 será apresentado com profundidade o método escolhido para a avalia-

ção da empresa LIGHT S.A, ou seja, o método por �uxo de caixa descontado, como

encontrar o �uxo de caixa livre para a �rma, para o acionista e o cálculo da taxa de

desconto que será responsável por trazer os �uxos de caixa futuros a valor presente.

Antes disso, explicações sobre as demonstrações �nanceiras foram feitas, pois são a

base para a execução do Valuation. Além disso, o conceito do valor do dinheiro no

tempo, avaliações econômica- �nanceiras como Valor Presente Líquido (VPL), Taxa

Interna de Retorno (TIR) e Período de Payback foram apresentados.

1.4.4 Estudo de caso

No capítulo 4 será apresentado o estudo de caso da empresa LIGHT S.A. Primeira-

mente será feita uma descrição das atividades da empresa, sua história, entidades e

características. Também será realizada uma análise do setor de atuação da empresa,

4

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análise das vantagens competitivas através do Método SWOT (Strenghts, Weaknes-

ses, Opportunities and Threats), segundo PÚBLIO(2008) e das 5 forças de Porter,

segundo PORTER(1986). Em seguida, antes de iniciar o processo de Valuation,

são apresentados os dados históricos dos balanços �nanceiros da empresa, dos quais

as premissas foram retiradas. Por �m, com base nas ferramentas do capítulo 3 e

adaptando para a realidade da empresa, o valor justo para a ação foi encontrado, a

partir das projeções �nanceiras e o cálculo do valor da empresa, através do Fluxo de

Caixa Descontado. Uma pequena análise de múltiplos também foi feita para efeito

comparativo dos métodos disponíveis de valoração.

1.4.5 Conclusão

No capítulo 5 serão apresentados as conclusões obtidas após a utilização do método

para a empresa escolhida. Será feita uma análise �nal das premissas utilizadas e dos

resultados obtidos, bem como a comparação com o preço da ação no mercado.

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Capítulo 2

Referencial Teórico

Dentre as diversas formas de se avaliar um ativo, será apresentado nessa seção o

Valuation por Múltiplos, o Método de Desconto de Dividendos e o Método do Fluxo

de Caixa Descontado.

2.1 Valuation por Múltiplos

A avaliação por múltiplos ou avaliação relativa, é a avaliação feita a partir de com-

paração de múltiplos de ativos similares, geralmente de empresas do mesmo setor

de atuação.

É importante ressaltar que a análise de múltiplos não deve ser feita isoladamente

como decisão de investimento, ela é apenas uma ferramenta auxiliar para análise.

Para entendermos melhor as perspectivas da empresa, uma análise mais detalhada

é necessária e será feita no método do �uxo de caixa descontado.

Uma grande vantagem da avaliação por múltiplos é sua simplicidade matemática

pois a partir de uma simples divisão conseguimos comparar uma empresa com seus

pares. Além disso, outra grande vantagem desse tipo de avaliação é a comparação

do múltiplo atual com o múltiplo histórico da empresa, dando uma base maior dos

resultados operacionais da empresa com o passar dos anos. Dentre os múltiplos mais

usados, destacaremos três:

2.1.1 P/E Ratio - Price to Earnings Ratio

O P/E Ratio (Índice Preço-Lucro) é um dos múltiplos mais populares e simples de

utilizar. Para calcular esse múltiplo, dividimos o preço da ação a mercado (P) da

empresa analisada pelo lucro por ação (LPA) dessa empresa nos últimos doze meses,

da seguinte forma:

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P/E =P

LPA(2.1)

De uma forma bem simples, esse múltiplo é um indicador do tempo necessário, se

tudo se mantiver constante e se todo o lucro for distribuído ao acionista, para que

o investidor recupere o dinheiro investido.

• Vantagens : Cálculo matemático fácil e um bom indicador de retorno de in-

vestimento

• Desvantagens: Por considerar o lucro dos últimos meses, não indica se o lucro

possui alta variabilidade e não considera diferentes métricas contábeis para

obtenção dos lucros

Portanto, veri�camos que quanto menor for o múltiplo P/E, mais rápido seria o

retorno do investimento e portanto, mais atrativa a ação.

2.1.2 EV/EBITDA Ratio

De forma simples, o EV - Enterprise Value (Valor da Firma) é a soma do valor

de mercado com a dívida líquida da empresa, ou seja, a dívida total menos o valor

disponível em caixa.

Já o EBITDA - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (em

português LAJIDA, Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização)

é um indicador de lucro operacional, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos

apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração as despesas

�nanceiras com juros e despesas com impostos.

O múltiplo EV/EBITDA é portanto, calculado pela fórmula a seguir:

EV/EBITDA =EV

EBITDA(2.2)

• Vantagens : permite comparar empresas com diferentes estruturas de capi-

tal e tributação, permite comparar empresas nacionais com internacionais e

elimina efeitos que não afetam o caixa da companhia (como depreciação e

amortização).

• Desvantagens: se a empresa possuir muita dívida (alto grau de alavancagem

�nanceira), o múltiplo não irá mostrar isso.

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De forma simpli�cada, o múltiplo EV/EBITDA indica quantos anos de operação

seriam necessários, permanecendo tudo constante, para comprar todos os ativos da

companhia, descontado o caixa. Portanto, analogamente ao múltiplo P/E, quanto

menor for o EV/EBITDA, mais atrativa será a empresa.

2.1.3 P/VPA Ratio

O P/VPA é o indicador que informa o preço pago pelo patrimônio líquido da em-

presa.

Ele é calculado pela fórmula a seguir:

P/V PA =P

V PA(2.3)

No numerador, temos o preço da ação à mercado e, no denominador, temos o pa-

trimônio líquido da empresa dividido pelo número total de ações da mesma.É im-

portante notar que o patrimônio líquido é o resultado da diferença entre os ativos

(bens e direitos) e os passivos (obrigações) da empresa, e pode ser encontrado no

Balanço Patrimonial da empresa estudada.

• Vantagens : facilidade matemática no cálculo e muito útil para análise dos

setores onde os ativos possuem negociação dinâmica, ou seja, são atualizados

constantemente.

• Desvantagens: o múltiplo P/VPA é uma medida estática, ou seja, os ativos e

passivos da empresa não são recalculados com frequência, podendo distorcer os

resultados. Além disso, para as empresas de tecnologia, que não necessitam de

capital intensivo e portanto possuem patrimônio pequeno, esse múltiplo pode

�car muito elevado e isso pode gerar distorções nas comparações.

2.1.4 Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE):

Segundo ASSAF NETO (2019), o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Return on

equity - ROE, em inglês) é um indicador �nanceiro que mede a rentabilidade do

capital próprio investido na empresa. Esse indicador revela o quanto a empresa

consegue gerar de retorno para cada real gasto. O ROE é calculado pela expressão:

ROE =L.L

P.L(2.4)

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Onde:

L.L = Lucro Líquido dos últimos 12 meses

P.L = Patrimônio Líquido da empresa

O ROE portanto deve ser comparado com o custo de oportunidade do acionista e

demonstra a capacidade da empresa em agregar valor aos acionistas através de seus

recursos. Por �m, quanto maior o ROE melhor, signi�ca que a empresa consegue

obter altos retornos em relação a seu patrimônio.

2.1.5 Múltiplo de Dívida (Dívida Líquida/EBITDA):

O múltiplo Dívida Líquida sobre EBITDA é muito usado na avaliação da saúde

�nanceira da empresa. Ele é calculado a partir do cálculo total da dívida da empresa

(dívida bruta) menos seus recursos em caixa e disponibilidades, resultando na dívida

líquida, dividido pelo lucro operacional antes dos impostos, juros, depreciação e

amortização (EBITDA). De forma simples, esse múltiplo nos diz quantos anos de

operação são necessários para que a empresa quite sua dívida. Múltiplos elevados de

dívida líquida sobre ebitda podem exibir graus de risco maiores e podemos realizar

comparações entre empresas a partir dele.

2.2 O Método de Desconto de Dividendos

O Método de Gordon é um modelo de preci�cação a partir dos dividendos a serem

distribuidos nos próximos doze meses pela empresa. Os dividendos são parte do

lucro distribuído aos acionistas da empresa.

É importante dizer que cada empresa possui uma política de dividendos própria

e a decisão de distribuição de dividendos depende dos objetivos de cada empresa.

Naturalmente, uma empresa que tem como objetivo expandir suas atividades deve

distribuir menos dividendos, para reter o lucro e investir em suas operações, já

uma empresa que está mais consolidada e não enxerga potencial de crescimento,

provavelmente irá distribuir o seu lucro na forma de dividendos com maior frequência

e quantidade.

O preço da ação será calculado através da seguinte fórmula:

P =Div

K −G(2.5)

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Sendo:

• P: preço da ação

• Div: dividendos por ação esperado para os próximos doze meses

• K: taxa de desconto que um investidor deveria esperar pelo risco de investor

em determinada ação

• G: taxa de crescimento dos dividendos na perpetuidade, ou seja, até a vida

útil da empresa

A principal limitação desse modelo é o pressuposto de que a empresa irá manter sua

política de distribuição de dividendos durante toda sua vida útil e que também não

apresentarão prejuízos durante os anos.

Além disso, outro fator limitante é o cálculo da taxa de desconto pois um número

enorme de variáveis pode afetar o resultado �nal.

O cálculo da taxa de desconto será explicado na seção seguinte, no método de �uxo

de caixa descontado.

2.3 O Método do Fluxo de Caixa Descontado

O �uxo de caixa descontado (FCD) é a avaliação de um determinado ativo ou em-

presa, a partir de sua geração de caixa futura descontada a valor presente por uma

taxa que simboliza o retorno exigido pelo investidor, chamada de taxa de desconto.

Essa metodologia pode ser dividia em quatro etapas:

1. Projeção dos �uxos de caixa no período de crescimento

2. Cálculo do �uxo de caixa na perpetuidade

3. Cálculo da taxa de desconto

4. Cálculo dos �uxos a valor presente e análise dos resultados

Podemos realizar esse método sob duas óticas, da �rma ou do acionista. A principal

diferença entre elas é que a primeira considera a dívida da empresa e a segunda não.

Essas duas formas estão descritas a seguir:

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• Fluxo de Caixa Livre para a Firma (Free Cash Flow to Firm � FCFF): São os

�uxos de caixa total da empresa, incluindo o capital dos acionistas e de terceiros

(dívidas). Por incluir o capital de terceiros, devem ser trazidos a valor presente pelo

custo médio ponderado de capital (em inglês WACC � Weighted Average Cost of

Capital).

Portanto, utilizando esse método, o valor da empresa é calculado através da seguinte

equação:

Firm V alue =∞∑n=1

FCFFn

(1 +WACC)n(2.6)

Sendo:

Firm Value: Valor da empresa

FCFF: Fluxos de caixa livre para a �rma

WACC: Custo médio ponderado de capital

• Fluxo de Caixa Livre para o Acionista (Free Cash Flow to Equity � FCFE):

São os �uxos de caixa disponíveis para os acionistas e portanto as dívidas não são

consideradas. Por esse motivo devemos trazer esses �uxos a valor presente somente

pelo custo de capital próprio (em inglês Ke - cost of equity).

Portanto, utilizando esse método, o valor da empresa disponível aos acionistas da

mesma é calculado através da seguinte equação:

Equity V alue =∞∑n=1

FCFEn

(1 + r)n(2.7)

Sendo:

Equity Value: Valor da �rma disponível ao acionista

FCFE: Fluxos de caixa livre para o acionista

r: Custo de capital próprio

No capítulo seguinte será demonstrado com mais profundidade quais são as etapas

necessárias para calcular os �uxos de caixa para a �rma e para o acionista, tanto no

período de crescimento da empresa quanto na perpetuidade, bem como as fórmulas

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necessárias para o cálculo das taxas de desconto.

Por �m, utilizaremos as fórmulas descritas acima para trazer os �uxos calculados a

valor presente e, uma vez feito isso, conseguiremos extrair conclusões, tal etapa será

feita no último capítulo deste trabalho, utilizando o exemplo da empresa LIGHT

S.A.

2.3.1 Por que caixa e não lucro?

Uma importante questão a ser levantada é o motivo pelo qual fazemos projeções de

caixa e não de lucro ou resultado líquido �nal.

Existem inúmeros motivos pelos quais o lucro não é con�ável na utilização do método

de avaliação de empresas e, segundo MARTELANC (2010), cabe destacar algumas

nesse trabalho:

• Depreciação e itens não �nanceiros : Grande parte dos investimentos das empresassão destinados a ativos mobilizados e/ou intangíveis como patentes, maquinários

e fábricas e portanto, uma vez que o tempo passa, esses ativos naturalmente se

desvalorizam. Entretanto, essa desvalorização não representa uma saída no caixa da

empresa pois esse valor pode ou não ser reinvestido pela mesma. Caso a empresa

resolva repor e/ou investir em novos projetos, tais investimentos e reposições não

estarão contidas no Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) e portanto o

lucro líquido não irá re�etir isso.

• Diferenças temporais entre a venda e o recebimento, o custo e o pagamento : No

momento em que uma empresa realiza uma venda, essa venda é contabilizada como

receita independentemente de quando a empresa irá receber os recursos e portanto,

existem casos de empresas lucrativas com péssimos �uxos de caixa para os acionistas.

O contrário também pode ser verdadeiro, a empresa pode apresentar prejuízo e ter

tido uma ótima geração de caixa.

• Necessidade de investimentos em giro : Um �uxo de lucros projetados poderia

esconder um dé�cit de caixa provocado pela necessidade de investimento em capital

de giro que torne a empresa capaz de honrar com seus compromissos de curto prazo

como fornecedores, e continuar crescendo.

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Capítulo 3

Metodologia

Nesta seção será mostrado, passo a passo, como aplicar o método de �uxo de caixa

descontado para a valoração de empresas.

Conforme dito no capítulo anterior, o método do �uxo de caixa descontado é um

método de valoração de empresas a partir de sua geração de caixa em datas futuras,

descontadas a uma taxa de desconto para que o investidor tome uma decisão.

Para chegar ao �uxo de caixa livre para �rma ou para o acionista (de acordo com o

método escolhido), precisamos primeiramente, entender e interpretar as principais

demonstrações �nanceiras das empresas: o demonstrativo de resultado, o balanço

patrimonial e o demonstrativo de �uxo de caixa.

Antes de apresentar as demonstrações �nanceiras, é importante entender o valor do

dinheiro no tempo e como ele se comporta com o passar do tempo.

3.1 O Valor do Dinheiro no Tempo

Segundo KOBORI (2018), quando investimos, esperamos uma remuneração para

nosso dinheiro, que é o valor dele no tempo.

Mesmo recebendo um pagamento de juros por um período anual, por exemplo, pode

ser que o investimento não seja vantajoso. Portanto, é necessário avaliar o valor do

dinheiro no tempo para tirar conclusões sobre investimentos.

Portanto, a fórmula que nos diz qual será o valor futuro de nosso investimento, de

acordo com o investimento do presente e a taxa de juros é:

Vf = Vp(1 + taxa)n (3.1)

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Onde:

Vf = valor futuro do investimento

Vp = Valor presente inicial

Taxa = taxa de juros no qual o investimento irá render

n = período do investimento

Portanto, o valor presente é o inverso do valor futuro, ou seja, o valor futuro trazido

ao valor presente pela taxa. Portanto, é extremamente importante a determinação

precisa da taxa de desconto pois ela determinará o sucesso de sua avaliação.

3.2 Avaliação econômica-�nanceira

Basicamente, toda operação �nanceira é representada em termos de �uxo de caixa,

ou seja, em �uxos futuros esperados descontados dos �uxos de pagamentos. A

avaliação desses �uxos consiste, em essência, na comparação dos valores presentes,

calculados a partir de uma taxa de desconto, das saídas e entradas de caixa.

3.3 Valor Presente Líquido (VPL)

Segundo ASSAF NETO (2003), uma empresa é avaliada por sua riqueza econômica

expressa a valor presente, calculada pelos benefícios de caixa esperados no futuro e

descontados por uma taxa de atratividade que re�ete o custo de oportunidade dos

vários provedores de capital.

Portanto, o valor presente líquido de uma empresa ou projeto é dado pela seguinte

equação:

V PL = −I +∞∑n=1

Fn

(1 + k)n(3.2)

Sendo:

VPL: Valor Presente Líquido da empresa ou projeto

I: Investimento inicial

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Ft: Fluxos de caixa no tempo n

k: taxa de desconto

Dessa forma, pode-se dizer que o investimento faz sentido se o VPL for positivo pois

as entradas de caixa compensam os investimentos feitos. Por outro lado, ele deve

ser rejeitado se o VPL for negativo, o investimento consome recursos.

Entretanto, vale ressaltar a relatividade na análise do valor presente líquido, por

isso precisamos análisar a taxa interna de retorno implícita do investimento. O

valor presente líquido serve como um primeiro �ltro e após sua análise, devemos

calcular a taxa de retorno do investimento, pois um projeto com valor presente

líquido maior que outro não necessariamente é melhor, visto que o custo de capital e

a taxa de retorno pode ser inferior. Analisaremos a seguir o cálculo da taxa interna

de retorno (TIR).

3.4 Taxa Interna de Retorno - TIR

A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que iguala o valor presente dos

�uxos futuros de recebimento com as saídas de caixa. Em outras palavras, é aquela

que torna o valor presente dos recebíveis futuros iguais ao dos gastos realizados,

caracterizando portanto, a taxa de remuneração do capital.

Normalmente, o primero �uxo de caixa é o investimento inicial para o início do

projeto e os �uxos futuros indicam os retornos do investimento feito pelo projeto.

Dessa forma, a TIR é calculada zerando o valor presente líquido, da seguinte maneira:

0 = −I +∞∑n=1

FCn

(1 + TIR)n(3.3)

Sendo:

I: Investimento inicial

FCt: Fluxos de caixa no tempo n

TIR: taxa interna de retorno do investimento

A TIR serve como critério de decisão do investimento. Após sabermos se o VPL é

positivo ou negativo, precisamos saber se a TIR é maior ou menor que o custo de

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capital para investir naquela empresa ou projeto. Se a TIR for maior que o custo

de capital, o projeto deve ser aceito, caso contrário, rejeitado.

3.5 Período de Payback

Segundo ODÁLIO DOS SANTOS (2019), o Período de Payback, também conhecido

como período de recuperação, é o tempo exigido para a empresa recuperar seu inves-

timento inicial em um projeto. Desse modo, propostas de investimentos com menor

prazo de retorno, podem apresentar maior liquidez e consequentemente, menor risco.

Cada investidor requer um período próprio de payback e ele é calculado da seguinte

maneira:

Primeiro Passo: Identi�ca-se o custo inicial do investimento

Segundo Passo: Descontam-se os �uxos de caixa projetados tanto de investimentos

quanto de recebimentos ao custo de capital que represente o risco do negócio

Terceiro Passo: Somam-se os �uxos de caixa trazidos a valor presente e veri�ca-se

até que ano a empresa recuperou o dinheiro investido

3.6 Demonstrações Financeiras

3.6.1 Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE):

O demonstrativo de resultados é basicamente um resumo das atividades da empresa

em um determinado período de tempo e normalmente são divulgados trimestral-

mente.

A partir da receita bruta, são feitas deduções até chegar no lucro líquido ou prejuízo

auferido nesse espaço de tempo. Abaixo, um exemplo de demonstrativo de resultado:

É importante citar que o demonstrativo de resultados é regido pelo regime de com-

petência, ou seja, ele computa todas as transações que foram exercidas no período,

independentemente se os recursos recebidos ou pagos sairam ou entraram no caixa

da empresa.

A seguir uma tabela que exempli�ca um Demonstrativo de Resultado do Exercício

(DRE), lembrando que podem existir variações de acordo com o setor e métricas

escolhidas pela empresa para publicar seus resultados operacionais:

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Tabela 1: Demonstrativo de Resultado do ExercícioReceita Bruta

(-) Impostos sobre a receita

(=) Receita Líquida

(-) Custo dos Produtos Vendidos

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas com vendas, gerais e administrativas

(=) Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA)

(-) Depreciação e Amortização

(=) Lucro antes de Juros e Impostos (EBIT)

(+/-) Resultado �nanceiro

(=) Lucro antes do Imposto de Renda

(-) Imposto de renda

(=) Lucro/Prejuízo do ExercícioFonte: Elaboração Própria

3.6.2 Balanço Patrimonial (BP):

No balanço patrimonial encontramos todos os ativos (bens) e passivos (obrigações)

que a empresa possui.A diferença entre esses ativos e passivos é denominada Pa-

trimônio Líquido.

É nesse demonstrativo que extraímos as informações de contas a pagar, contas a

receber, os ativos imobilizados e os intangíveis da empresa, por exemplo. Outra

importante informação que conseguimos retirar dessa desmontração �nanceira é a

quantidade de dívida da empresa.

Uma característica do balanço patrimonial é que ele é construído a partir de duas

colunas e por prazo. De um lado temos os ativos e de outro os passivos e o patrimônio

líquido. Nos ativos e passivos dividimos em circulantes (recebíveis ou obrigações de

curto prazo) e não-circulante (realizável ou exigível a longo prazo).

A seguir um esquemático que exempli�ca um Balanço Patrimonial (BP), lembrando

que podem existir variações de acordo com o setor e métricas escolhidas pela empresa

para publicar seus balanços:

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Tabela 2: Balanço PatrimonialATIVO PASSIVO

Ativo circulante

(caixa, duplicatas a receber..)

Passivo circulante

(fornecedores, salários..)

Ativo não circulante

(Realizável a Longo Prazo, Imóveis, Máquinas..)

Passivo não circulante

(Exigível a Longo Prazo, �nanciamentos..)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

(capital social, lucros acumulados..)

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVOFonte: Elaboração Própria

3.6.3 Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC):

O demonstrativo de �uxo de caixa é um documento que fornece as entradas e saídas

de dinheiro do caixa da empresa e quais foram os resultados desse �uxo.

O DFC é estruturado em torno de três atividades: os �uxos de caixa das ativida-

des operacionais, os �uxos de caixa das de investimentos e os �uxos de caixa de

�nanciamento.

Os �uxos de caixas operacionais é propriamente a geração de caixa proveniente das

atividades operacionais da empresa, ou seja, de sua atividade principal.

Os �uxos de caixa de investimento são todas as entradas ou saídas de caixa proveni-

entes de investimentos feitos pela empresa visando lucros futuros, como investimen-

tos em máquinas e novas fábricas, por exemplo.

Os �uxos de caixa de �nanciamento são todas as entradas de caixa provenientes dos

recursos �nanceiros da empresa ou saída de caixa, proveniente dos juros e �nancia-

mentos da mesma.

A soma desses três �uxos será o resultado líquido de caixa da empresa no período.

Como foi citado na seção de demonstrativo de resultado do exercício, podemos

observar casos em que certas empresas apesar de apresentarem lucro em determinado

período, obtiveram resultado de caixa negativo. Isso se dá pelas diferenças entre o

regime de caixa e o regime de competência e principalmente no descasamento entre

os prazos de pagamento e recebimento de recursos.

Por esse motivo, é extremamente importante analisar as três demonstrações �nan-

ceiras em conjunto para não termos uma visão deturpada sobre a condição �nanceira

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da empresa.

3.7 O Fluxo de Caixa Livre da Firma:

Uma vez apresentadas as demonstrações �nanceiras, já estamos munidos das ferra-

mentas necessárias para a construção do modelo de valuation. O modelo do Fluxo

de Caixa Descontado pode ser feito a partir do �uxo de caixa livre da Firma ou do

Fluxo de Caixa Livre para o Acionista.

Para chegar até o �uxo de caixa livre para a empresa, precisamos somar as parcelas

que representam entrada de caixa e subtrair as que não representam saída no caixa

da empresa. O �uxo de caixa da empresa não leva em conta as dívidas, ou seja, não

é afetada pela estrutura de capital da empresa e portanto, o ponto de partida é o

lucro antes do pagamento de juros e impostos (Earnings Before Interest and Taxes

- EBIT).

Na tabela abaixo está indicado como obter o �uxo de caixa livre da �rma.

Tabela 3: Fluxo de Caixa Líquido da Firma(=) (EBIT)*(1-Alíquota de impostos)

(+) Depreciação & Amortização

(-) Investimentos

(+/-) Variação no capital de giro

(=) Fluxo de Caixa Livre para a FirmaFonte: Elaboração Própria

Como dito anteriormente, o ponto de partida é o Lucro Antes dos Pagamentos

de Juros e Impostos (EBIT) e em seguida, subtraímos o valor de depreciação e

amortização dos ativos pois não é uma saída no caixa da empresa e em seguida

somamos os Investimentos feitos, sejam eles para repor a depreciação e amortização

ou para novos investimentos para a expansão da empresa.

Por �m, devemos somar ou subtrair a variação na necessidade de capital de giro da

empresa, ou seja, a diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante, pois

signi�ca uma entrada ou saída de caixa na qual a empresa precisa de mais ou menos

recursos para honrar sua obrigações de curto prazo no futuro.

Após o cálculo dos �uxos de caixa livre para a �rma, iremos calcular o valor presente

desses �uxos através da fórmula mostrada no Capítulo 2 mas para tal, precisamos

calcular a taxa de desconto responsável por trazer esses �uxos a valor presente.

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Neste caso, será a média ponderada do custo de capital da empresa (WACC), uma

vez que estamos partindo do �uxo de caixa livre para a �rma, e o seu cálculo será

demonstrado ainda neste capítulo.

3.8 Fluxo de Caixa Livre para o Acionista:

Caso o Valuation seja feito pelo Fluxo de Caixa Livre para o Acionista, o procedi-

mento será diferente uma vez que este, ao contrário do anterior, considera a estrutura

de capital da empresa, ou seja, contabiliza as dívidas da empresa.

Segundo DAMODARAN (1997), o �uxo de caixa do acionista é calculado conforme

a tabela a seguir:

Tabela 4: Fluxo de Caixa Líquido para o AcionistaLucro Líquido

(+) Depreciação e Amortização

(-) Dividendos Preferenciais

(-) Investimentos em ativos �xos

(-) Variação de Capital de Giro

(-) Pagamento de Principal da Dívida

(+) Captação de Novas Dívidas

(=) Fluxo de Caixa Líquido do AcionistaFonte: Elaboração Própria

3.9 Perpetuidade:

Após projetarmos os �uxos futuros no período de crescimento da companhia e dado

que a empresa não tem prazo pra acabar, precisamos calcular um �uxo de caixa

perpétuo chamado de perpetuidade.

A perpetuidade é calculada a partir do �uxo de caixa do ultimo ano do período de

crescimento multiplicada por uma taxa de crescimento da perpetuidade e em seguida

dividida pela diferença do custo do capital e a taxa de crescimento utilizada. Uma

vez calculado o valor da perpetuidade, também trazemos este a valor presente, pelo

ultimo ano de projeção realizado.

O cálculo da perpetuidade é dado pela seguinte fórmula:

Perpetuidade =FCn(1 + g)

c− g(3.4)

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Onde:

Perpetuidade = �uxo de caixa na perpetuidade

FCn = �uxo de caixa do ultimo ano projetado

g = taxa de crescimento na perpetuidade

c = taxa de desconto, wacc ou ke, dependendo do modelo utilizado

3.10 Taxa de Desconto

Uma vez que o método de valoração da empresa é calculado a partir de �uxos futuros,

precisamos trazê-los para o presente, data onde iremos realizar o investimento. Isso é

feito a partir do desconto dos �uxos por uma taxa que simboliza o risco que tomamos

para assumir o investimento naquele momento, chamada de taxa de desconto.

Essa taxa de desconto será o custo de capital próprio (Ke) no caso do �uxo de caixa

para o acionista, uma vez que o custo da dívida já é descontado no cálculo dos �uxos,

e o custo médio ponderado de capital para o �uxo de caixa para a �rma.

Sendo assim, para que o investimento faça sentido, o retorno do investimento deve

ser superior ao custo de capital.

3.10.1 Custo Médio Ponderado de Capital (WACC):

O custo médio ponderado de capital é uma média ponderada dos custos de capital

dos provedores de recursos da empresa, ou seja, acionistas e terceiros. O custo de

capital próprio e da dívida será explicado ainda neste capítulo.

As empresas escolhem como serão �nanciadas suas atividades e buscam por um

ponto ótimo entre dívida e capital próprio. Algumas empresas optam por ser mais

convervadoras e assumir menos dívida, mesmo que o custo da dívida seja menor que

o custo de capital próprio devido ao benefício �scal da dívida.

Esse benefício �scal da dívida se dá pelo fato do pagamento de juros ser realizado

antes do pagamento de impostos, conforme indicado no Demonstrativo de Resul-

tado do Exercício (DRE), e portanto a base de pagamento de impostos será menor.

Obviamente que existe um ponto máximo no qual o custo de dívida ultrapassa o

custo de capital próprio e a captação de dívida não faz sentido, pois aumenta muito

o risco de inadimplência da empresa.

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O custo médio ponderado de capital (wacc), é calculado da seguinte forma:

W.A.C.C = Kcp

(CP

CP +D

)+Kd

(D

CP +D

)(1− T ) (3.5)

Onde:

W.A.C.C = custo médio ponderado do capital

Kcp = custo do capital próprio

CP = valor de mercado do capital próprio

D = valor de mercado do capital de terceíros (dívidas)

Kd = custo da dívida

T = alíquota de impostos

3.10.2 Custo do capital próprio (Kcp) :

O custo de capital próprio pode ser cálculado, segundo DAMODARAN (1997), pelo

Capital Asset Pricing Model (CAPM), em português �Modelo de Preci�cação de

Ativos de Capital.

De maneira simpli�cada, o custo de capital próprio parte do retorno de um ativo

livre de risco (normalmente títulos governamentais) somados a um prêmio de risco,

que é o retorno que o investidor demanda por assumir o risco do investimento.

Esse prêmio de risco é dado pela diferença entre o retorno do mercado (normalmente

um índice que representa o mercado) e o retorno do ativo livre de risco, multiplicado

pela volatilidade da ação da empresa escolhida em relação ao índice de mercado, que

chamamos de �Beta�.

O custo de capital próprio é calculado da seguinte forma:

Kcp = Rf + β(Rm −Rf ) (3.6)

Onde:

Kcp = custo do capital próprio

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Rf = rentabilidade do ativo livre de risco

β = beta (volatilidade da ação em relação ao mercado)

Rm = rentabilidade do índice de mercado

β(Rm −Rf ) = prêmio de risco

3.10.3 Cálculo do Beta:

Conforme dito anteriormente, é necessário entender como a ação varia em relação

às variações do mercado no qual ela está inserida.A sua função é ser um indicador

de risco e pode ser calculado da seguinte maneira:

β =Cov(Ra, Rm)

Var(Rm)(3.7)

Onde:

β = coe�ciente beta da ação

Cov(Ra, Rm) = covariância dos retornos da ação estudada com o mercado

Var(Rm) = variância dos retornos do mercado

3.10.4 Ajustes no Beta:

Deve-se realizar ajustes no cálculo do beta demonstrado na seção anterior pela ala-

vancagem da empresa (relação entre dívida e capital próprio) pois a maneira pela

qual a empresa se �nancia também é um risco, dado que se uma empresa possui

quantidade de dívida alta, o beta anterior não iria evidenciar esse risco.

Para tanto, calcula-se, inicialmente o beta desalavancado da empresa, ou seja, o

beta supondo que a empresa não possuí dívidas, da seguinte forma:

βu =β

1 + (1− T )(

DCP

) (3.8)

Onde:

βu = beta desalavancado

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β = coe�ciente beta da ação

T= alíquota de impostos

D=valor de mercado do capital de terceiros

CP = valor de mercado do capital próprio

Em seguida, a partir do beta desalavancado, temos que ajustá-lo para que ele possa

re�etir efetivamente a alavancagem da empresa estudada e portanto calculamos o

beta alavancado, da seguinte forma:

βl = βu

[1 + (1− T )

(D

CP

)](3.9)

Onde:

βl = beta alavancado

βu = beta desalavancado

T= alíquota de impostos

D= valor de mercado do capital de terceiros

CP = valor de mercado do capital próprio

Dessa forma, munidos do beta, do retorno histórico do mercado no qual a ação

tá inserido (a partir de medições dos retornos passados) e do ativo livre de risco

(rendimento de títulos do governo), poderemos calcular o custo de capital próprio,

apresentado na seção 3.5.2.

3.10.5 Custo da dívida (Kd):

O custo da dívida mede o valor pelo qual a empresa está tomando recursos empres-

tados para �nanciar seus projetos.

Normalmente, a empresa informa em seus demonstrativos de resultados quais são as

dívidas tomadas e os índices nos quais elas estão atreladas mas de uma forma geral,

o custo da dívida é in�uenciado pela taxa de juros praticadas pelo mercado, o risco

de inadimplência da empresa e o risco do país no qual esta empresa esta inserida.

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Portanto, o custo da dívida é dado pela seguinte expressão:

Kd = Rf +Rp +Re (3.10)

Onde:

Rd = Custo de capital de terceiros

Rf = Rentabilidade do ativo livre de risco

Rp = Risco do país

Re = Risco de inadimplência da empresa

3.10.6 Alavancagem �nanceira, custo de capital e o valor da

empresa

Alavancagem �nanceira é a proporção de dívida na estrutura de capital de uma

empresa. As despesas �nanceiras (despesas com juros) produzem benefícios �scais

porque esses encargos �nanceiros reduzem o lucro tributável. Os juros da dívida

são encargos dedutíveis para efeitos de cálculo do imposto de renda da empresa,

produzindo uma economia de imposto de renda.

Outra vantagem da dívida é que o custo de capital de terceiros é menos custoso que

o custo de capital próprio pois o credor recebe recursos antes dos acionistas.

Entretanto, segundo ASSAF NETO (2019), os ganhos �scais podem trazer a falsa

impressão de que, quanto mais dívidas com juros, melhor o desempenho da empresa

e mais alto o seu valor de mercado. Isso talvez fosse verdade se ignorássemos os

custos de di�culdades �nanceiras. Esses custos e o risco de falência funcionam como

um freio ao endividamento da empresa, elevando o custo de capital. Ou seja, o risco

da empresa irá aumentar caso o desempenho da empresa piore, e ela não conseguirá

tomar dívidas com o mesmo custo que captava anteriormente.

Os custos de di�culdades �nanceiras e o risco de falência podem reduzir bastante o

valor da empresa. Quando uma empresa começa a apresentar múltiplos de dívida

(como o dívida líquida sobre ebitda) elevados, o risco daquela empresa aumenta e

portanto o valor da empresa pode diminuir de acordo com a percepção de risco do

mercado.

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3.10.7 Otimização do WACC

Uma grande preocupação das empresas é a otimização do seu custo de capital, ou

seja, otimizar a relação entre dívida e capital próprio para minimizar o custo dos

seus investimentos.

Nessa estrutura de custo mínimo de capital, espera-se que os custos com juros se-

jam plenamente compensados pelo benefício �scal da dívida e o valor da empresa

seja maximizado. Portanto, os administradores devem, em processo contínuo, ir

ajustando a participação dos recursos próprios e de terceiros para uma estrutura de

capital considerada como ideal para a empresa.

3.10.8 Conclusão da metodologia

Uma vez calculados os �uxos de caixa no período de crescimento, na perpetuidade

e as taxas de desconto, estamos aptos para avaliar o investimento. Devemos ter

atenção caso o método escolhido seja o �uxo de caixa livre da �rma pois ao �nal

precisamos subtrair a dívida líquida da empresa (dívida total menos recursos em

caixa).

Caso esses �uxos futuros, divididos pelo número de ações, superem o valor negoci-

ado pela empresa no mercado, podemos dizer que a empresa está subavaliada e o

investimento vai remunerar o capital investido, caso contrário, a empresta estaria

superavaliada e o investimento perde o sentido.

A partir das informações anteriores, estamos munidos das ferramentas necessárias

para aplicar o método para o estudo de caso da empresa LIGHT S.A e o faremos no

próximo capítulo.

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Capítulo 4

Estudo de Caso

Neste capítulo, iremos utilizar as ferramentas teóricas explicadas nos capítulos ante-

riores para construir o modelo do Fluxo de Caixa Descontado para a Light, empresa

do setor elétrico. O método escolhido para a realização da avaliação foi o Fluxo de

Caixa Livre para a Firma.

4.1 Apresentação da Empresa

A Light é uma empresa localizada na cidade do Rio de Janeiro que atua nos seg-

mentos de geração, distribuição e comercialização de energia, através de empresas

separadas. A companhia atua em 31 municípios e possui cerca de 4,5 milhões de

clientes, distribuindo energia para mais de 10 milhões de pessoas.

Figura 3: Mapa da área de concessão da LIGHT

Fonte: www.light.com.br

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Segundo informações do site de relação com investidores da empresa, o parque gera-

dor da LIGHT compreende cinco usinas hidrelétricas e uma pequena central hidre-

létrica que totalizam 873 MW de capacidade instalada. São elas: Fontes Nova, Nilo

Peçanha, Pereira Passos e PCH Lajes, que constituem o Complexo de Lajes (em

Piraí); Ilha dos Pombos, no município de Carmo/RJ e Santa Branca, no município

de Santa Branca/SP. O Complexo de Lajes também abarca duas usinas elevatórias:

Santa Cecília e Vigário. Considerando as participações na PCH Paracambi, em Belo

Monte e em Guanhães, a Companhia possui um total de 1.158 MW instalados.

A Light é listada na bolsa de valores brasileiras (Bovespa) no segmento de listagem do

Novo Mercado que exige das empresas o mais alto nível de governança corporativa,

com o código de negociação LIGT3.

Figura 4: Parque de geração de energia da LIGHT

Fonte: http://ri.light.com.br

4.2 História

A Light é uma empresa com mais de 100 anos de existência e suas atividades inici-

aram em 17 de Julho de 1899 com uma usina hidrelétrica em São Paulo, constrúida

entre 1899 e 1901 porém, foi apenas no ano de 1907 que a Companhia inaugurou o

serviço de fornecimento de energia elétrica ao Rio de Janeiro.

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Após um longo período sob administração do governo federal, a Light foi então

privatizada em 1996 com o leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, transferindo

o controle para três multinacionais: Electricité de France (EDF), AES Corporation,

Reliant Energy e pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) até 2002 quando a

EDF passou a ser controladora da Light.

Em Agosto de 2006, foi realizada a transferência de controle para a Rio Minas

Energia Participações S.A. (RME) e quatro anos depois, em 2010, a Companhia

Energética de Minas Gerais adquiriu parte da empresa e passou a deter 26,06% da

companhia.

O ano de 2011 foi um período de investimentos: em agosto a Light passou a deter

25,8% do capital total da Renova Energia S.A, empresa focada no desenvolvimento

de projetos de geração de energia renováveis. Em outubro a Light anunciou a entrada

na participação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte com a aquisição de 9,77% do

capital social da Norte Energia S.A, empresa responsável pela operação da usina.

Em julho de 2019 foi conclúido o processo de oferta pública de ações da Light, com

o objetivo de utilizer recursos para diminuir o endividamento da companhia. Nessa

oferta, a CEMIG reduziu sua participação de 49,9% para 22,6% e o BNDESPAR

de 9.4% para 6.3%. Dessa forma, a Light passou a ser uma empresa de capital

pulverizado nas mãos de acionistas nacionais e internacionais.

Entre os pregões de 26 de dezembro de 2019 até o dia 15 de janeiro de 2020, o BN-

DESPAR, braço de investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social (BNDES) zerou sua participação na LIGHT, após a venda de 19,1 milhões

de ações da empresa.

Atualmente, a composição acionária da LIGHT é dividida conforme grá�co abaixo:

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Figura 5: Composição Acionária da Light S.A.

Fonte: http://ri.light.com.br/governanca/composicao-acionaria

4.3 Entidades do grupo LIGHT S.A.

A empresa LIGHT S.A., como holding, possui participação acionária em diversas ou-

tras empresas, que também contribuem para os resultados operacionais e �nanceiros

da companhia. Essas participações são:

Figura 6: Participação da Light em outras empresas

Fonte: http://ri.light.com.br/governanca/composicao-acionaria

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4.3.1 Light Serviços de Eletricidade S.A.

Com uma participação de 100%, essa é a empresa que tem como atividade principal

a distribuição de energia elétrica do grupo, com área de concessão abrangendo 31

municípios do Estado do Rio de Janeiro, incluindo a capital.

4.3.2 Light Energia S.A.

Com uma participação de 100%, essa empresa tem como atividade principal estudar,

planejar, construir, operar e explorar sistemas de geração e transmissão, comercia-

lização de energia elétrica e participar em outras sociedades como sócia, acionista

ou quotista. Dentro da Light Energia S.A, está contida as usinas de Pereira Passos,

Nilo Peçanha, Ilha dos Pombos, Santa Branca e Fontes Novas, com potência insta-

lada total de 855MW. Além disso, a Light Energia possui participação societária na

Lajes Energia S.A e Guanhães Energia S.A.

• Lajes Energia S.A: a LIGHT ENERGIA S.A possui 100% do capital da Lajes

Energia, com sede no município de Piraí, Estado do Rio de Janeiro, que tem como

objetivo a operação e manutenção da Pequena Central Hidrelétrica Lajes ("PCH

Lajes"), com potência nominal de 17MW. As obras de construção da PCH Lajes

foram iniciadas em setembro de 2014 e a usina entrou em operação no dia 21 de

julho de 2018.

• Guanhães Energia S.A: A Guanhães Energia tem a �nalidade de implantar e

explorar quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), situadas em Minas Gerais,

que totalizam 44MW de potência instalada. Possuindo 51% do capital da Guanhães

Energia em conjunto com a Cemig Geração e Transmissão S.A. com 49%, as PCHs

da Guanhães Energia, PCH Senhora do Porto, Dores de Guanhães, Fortuna II e

Jacaré, encontram-se em operação comercial plena desde os meses de julho de 2018,

novembro de 2018, maio e julho de 2019, respectivamente.

4.3.3 Light Conecta Ltda.

Com uma participação de 100% nessa empresa, a Light Conecta tem como atividade

principal a realização de projetos, construção, instalação, operação e exploração de

usinas de geração de energia elétrica, bem como, a realização de compra, venda,

importação, exportação de energia elétrica, térmica, gases e utilidades industriais,

prestação de serviços de consultoria no setor de energia, locação de bens móveis e

imóveis, além de aquisição e comercialização de mercadorias vinculadas à atividade

e realização de estudos, projetos, implementação, operação e manutenção de obras,

construções e instalações, de qualquer natureza ou especialidade.

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A Light Conecta possui 51% da participação do Consórcio UHE Itaocara, constituído

para a exploração da Usina Hidrelétrica de Itaocara e a Cemig GT participa com os

outros 49%. Além disso, a Light Conecta possui 51% do capital da Usina Hidrelétrica

Itaocara S.A., responsável pela construção da UHE Itaocara e tem como objeto a

concessão da Usina Hidrelétrica de Itaocara I, empreendimento no Rio Paraíba do

Sul com capacidade instalada de 150MW.

4.3.4 Lightger S.A

A Light possui 51% da participação no capital da Lightger e a CEMIG GT possui o

restante (49%). A Lightger tem como objetivo a participação em leilões de conces-

sões, autorizações e permissões em novas usinas. Além disso, a Lightger construiu

e opera a PCH Paracambi e tem capacidade instalada de 25,7MW e 19,5MW de

garantia física.

4.3.5 Amazônia Energia S.A.

Sociedade responsável por participar como acionista do capital da Norte Energia

S.A, sociedade que realiza a exploração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no

Rio Xingu, no Estado do Pará.

4.3.6 Lightcom Comercializadora de Energia S.A

Sociedade responsável pelo braço de compra, venda, importação, exportação de

energia e a prestação de serviços de consultoria no setor elétrico. A Light possui

100% do capital dessa empresa.

4.3.7 Light Soluções em Eletricidade Ltda

Sociedade que tem como objetivo principal a prestação de serviços aos clientes de

baixa tensão, contemplando montagem, reforma e manutenção das instalações. A

Light possui 100% do capital dessa empresa.

4.3.8 Instituto Light

Empresa sem �nalidade lucrativa que tem como objetivo participar em projetos

sociais e culturais, com interesse no desenvolvimento econômico e social das cidades.

A Light possui 100% do capital dessa empresa.

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4.3.9 Axxiom Soluções Tecnológicas S.A.

Sociedade que tem por objetivo a oferta de soluções de tecnologia e sistemas para

gestão operacional de concessionárias de serviços públicos, incluindo empresas de

energia elétrica, gás, água, esgoto e demais empresas de utilidades. Controlada em

conjunto pela Light S.A. (51%) e pela Companhia Energética de Minas Gerais -

CEMIG (49%).

4.4 Análise SWOT

A análise SWOT é uma técnica de planejamento estratégico muito utilizada para

entender os pontos fortes e fracos de uma organização. O termo SWOT (Strenghts,

Weaknesses, Opportunities and Threats), é uma sigla inglesa que traduzida para o

português signi�ca Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.

A partir da análise SWOT da LIGHT, poderemos embasar melhor as premissas utili-

zadas para o modelo de �uxo de caixa descontado e teremos uma melhor visibilidade

sobre a empresa e o setor de atuação.

Figura 7: Análise SWOT da Light

Analisando os pontos fortes destacados, é interessante notar que o mercado de dis-

tribuição de energia elétrica é naturalmente concentrado em poucas empresas e por

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se tratar de áreas de concessão, a competição é pequena.

Outro ponto forte da empresa é sua base de clientes diversi�cada, tornando a pre-

visibilidade da receita da LIGHT maior.

Ser pouco dependente de um grande cliente ou um grande setor é bastante vanta-

joso para a empresa e seus acionistas pois esta �ca menos suscetível a variações do

ambiente econômico, tanto local quanto global, mitigando o risco do investimento.

Figura 8: Distribuição da receita da Light

Fonte: www.ri.light.com.br

Nas fraquezas, podemos citar que o componente principal da receita da companhia,

a tarifa de energia elétrica, é decidido pela ANEEL (Agência Nacional de Energia

Elétrica) e portanto a Light não tem ingerência sobre essa questão.

Outra fraqueza é a questão das perdas de energia, principalmente devido a furtos,

por causa da compelexa área de concessão da empresa. Um grande objetivo da

companhia é diminuir esses furtos de energia e, para combatê-los, a empresa tem

realizado medidas como inspeções e blindagens da rede.

Estima-se que uma diminuição de 1% nas perdas da companhia representaria um

acréscimo de 100 milhões de reais de EBITDA por ano para a empresa.

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Figura 9: Perdas não técnicas de energia

Fonte: www.ri.light.com.br

Conseguimos observar no balanço energético do 3 trimestre de 2019 abaixo, a rele-

vância das perdas de energia para a empresa. Grande parte da energia comprada

pela LIGHT é perdida e portanto a companhia não recebe recursos sobre o forneci-

mento da mesma.

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Figura 10: Balanço Energético da atividade de distribuição de energia elétrica

Fonte: www.ri.light.com.br

Nas ameaças, pode-se citar uma dependência forte no setor de geração de energia por

hidrelétricas, que é exposta ao risco hidrológico. Outra ameaça é a evolução do setor

de geração distribuída no Brasil (produção de energia pelo próprio consumidor), que

diminuiria a receita da distribuidora.

Por outro lado, vislumbro oportunidades no setor de comercialização de energia, na

compra e venda de energia, bem como na intermediação de negociações e também no

setor de geração, através de aquisições de usinas e investimentos em novos projetos.

4.5 Análise das 5 forças de Porter

Para PORTER (1986), as forças que regem um mercado são: (i) o poder de nego-

ciação dos fornecedores, (ii) o poder de barganha dos clientes, (iii) a ameaça dos

produtos substitutos, (iv) a ameaça de novos entrantes e (v) a rivalidade entre as

empresas existentes.

Assim, para que o investidor tenha uma posição válida e realmente embasada sobre o

valor de uma companhia, não basta apenas apenas realizar o valuation da empresa.

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O fator mais importante é o contexto no qual a empresa está inserida, e é a partir dele

que surgirão os inputs da modelagem �nanceira e consequentemente as premissas

utilizadas pelo investidor, com base no que o mesmo assumirá para o futuro da

empresa e do setor. A análise das cinco forças de Porter da Light está a seguir:

Figura 11: Representação grá�ca das cinco forças de Porter

4.5.1 Concorrentes: neutro

Por se tratar de concessões de serviço público, os clientes são em grande parte

cativos, entretanto, existem muitos clientes livres na área de concessão. Além disso,

apesar de ainda não ser uma grande ameaça, a geração distribuída vêm apresentando

grandes crescimentos nos últimos anos e os clientes estão se tornando cada vez mais

independentes para produzir e utilizar sua energia elétrica.

4.5.2 Novos entrantes: neutro

Sempre existe a possibilidade de aquisição da LIGHT por parte de outra empresa,

seja nacional ou internacional e além disso, a não renovação da concessão ou a perda

da mesma por diversos fatores. Entretanto, essa possibilidade é considerada baixa

para o estudo vigente.

4.5.3 Fornecedores: neutro

A dependência dos recursos hídricos vindo das Pequenas Centrais Hidrelétricas pode

ocasionar em pressão de preços no mercado de compra de energia em casos de falta

37

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de chuvas no curto prazo.

4.5.4 Clientes: desfavorável

A LIGHT enfrente o seu maior problema no quesito clientes, devido a grande perda

de energia proveniente de furtos de energia elétrica, ocasionado principalmente pela

complicada área de concessão em que ela se encontra.

4.5.5 Produtos substitutos: neutro

Com o avanço das novas tecnologias e energias renováveis, principalmente à Gera-

ção Distribuída, modalidade onde os consumidores produzem sua própria energia

elétrica, a LIGHT pode sofrer com perdas de clientes industriais principalmente.

Entretanto, também se abre a oportunidade de diversi�car as fontes de geração da

empresa e diminuir custos.

4.6 Histórico de Resultados

Antes de iniciar as projeções do �uxo de caixa descontado, precisamos analisar o

histórico de resultados da companhia com o objetivo de tirar conclusões sobre seu

desempenho. Dessa maneira, teremos uma base mais sólida na hora de mensurar os

resultados futuros da empresa.

Vamos analisar as três demonstrações �nanceiras da LIGHT (DRE,BP e DFC) com

o objetivo de tirar conclusões sobre cada um dos itens necessários para a avaliação

proposta. Das demonstrações �nanceiras, tentaremos extrair:

• Demonstrativo de Resultados

Do DRE, observaremos a evolução de receita líquida e custos operacionais da em-

presa, bem como a evolução de suas margens. A partir das receitas e custos, podere-

mos calcular a margem operacional (Margem EBIT) histórica da empresa, primeira

informação necessária para o cálculo do �uxo de caixa livre.

A receita e os custos da LIGHT são divididos primordialmente entre o segmento

de distribuição, geração e comercialização de energia e é dividido da seguinte forma

:

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Figura 12: Evolução da distribuição de Receita Líquida entre os segmentos

Fonte: www.ri.light.com.br

Figura 13: Custos com Pessoal,Material, Serviços e Outros entre os segmentos

Fonte: www.ri.light.com.br

Outra informação importante é observar os números de depreciação e amortização

da empresa,item que será utilizado no cálculo do nosso �uxo de caixa pois, como

dito anteriormente, não representa saída efetiva de caixa e deve ser compensado em

nossos cálculos.

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• Balanço Patrimonial

No Balanço Patrimonial da Light, poderemos observar a evolução dos ativos e pas-

sivos da empresa. O ponto principal a ser analisado para a construção do nosso

modelo de avaliação é a variação da necessidade de capital de giro a partir da soma

dos ativos operacionais circulantes, ou seja, de curto prazo (contas a receber, esto-

ques..) com os passivos circulantes (contas a pagar).

Essa análise é responsável por avaliar se a empresa consegue honrar com seus com-

promissos de curto prazo. Se a companhia apresenta maiores necessidades de capital

de giro com o passar dos anos, é razoável diminuir essas variações do nosso �uxo de

caixa projetado, uma vez existe uma necessidade maior de recursos para honrar os

compromissos de curto prazo da empresa. Caso contrário, em um cenário no qual a

empresa apresenta melhoras no capital de giro, menos dinheiro será necessário para

honrar os compromissos no futuro e portanto somaremos essa variação em nossa

análise de �uxo de caixa.

• Demonstrativo de Fluxo de Caixa

No demonstrativo de �uxo de caixa iremos extrair a última informação necessária

para o cálculo do �uxo de caixa livre para a empresa: recursos gastos em investi-

mentos. O �uxo de caixa de investimentos irá demonstrar quanto a empresa inbeste

para continuar crescendo e continuar com suas operações em andamento. Esse valor,

se não for positivo (devido a venda de ativos), deve ser subtraído no cálculo de �uxo

de caixa uma vez que representa saída de recursos da empresa.

4.6.1 Análise do DRE

Na tabela abaixo, temos os dados do Demonstrativo de Resultados (DRE) da LIGHT

de 2016 até o terceiro trimestre de 2019, data do último resultado divulgado pela em-

presa até o momento de execução deste trabalho, sendo que no terceiro trimestre de

2019 tivemos um efeito não-recorrente da exlusão do ICMS da base do PIS/COFINS.

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Tabela 5: Demonstrativo de Resultados (DRE)R$ em Milhões 2016 2017 2018 2019

Receita Líquida 9.645,2 11.314,6 11.970,5 10.094,1

Energia comprada para revenda (6.167,50) (7.155) (7.972,39) (6.021,57)

Pessoal e Administradores (231,42) (228,66) (264,13) (229,34)

Materiais (59,64) (70,53) (40,64) (15,83)

Serviços de terceiros (343,86) (344,46) (361,98) (252,69)

Depreciações e Amortizações (452,26) (492,99) (523,69) (421,58)

Custo de Construções (889,63) (607,19) (661,04) (528,75)

Outras receitas e custos 102,30 29,66 75,72 105,03

Lucro Bruto 1.603,22 2.445,35 2.222,40 2.729,40

Despesas Gerais e Administrativas (671,32) (988,4) (1.083,69) (1.125,3)

Outras Receitas 2,12 16,8 26,02 12,19

Outras despesas (83,04) (99,8) (117,13) (41,41)

Resultados de equivalência patrimonial (336,429) (199,22) (85,40) (10,23)

Lucro antes de Juros e Impostos (EBIT) 514,55 1.174,74 962,20 1.564,64

Receita Financeira 147,53 100,1 643,3 1999,58

Despesa Financeira (945,04) (976,4) (1.294,0) (984,44)

Lucro antes dos Impostos (283) 298 311 2.579,8

Imposto de renda e contribuição social corrente (190,87) (137,19) (81,50) (138,67)

Imposto de renda e contribuição social diferido 160,91 (37,06) (64,11) (746,69)

Lucro (Prejuízo) Líquido do Período (312,92) 124,23 165,82 1.694,42Fonte: www.ri.light.com.br. Adaptado pelo autor

Podemos observar que durante o período observado, a empresa apresentou um cres-

cimento de receita líquida de 17,31% de 2016 para 2017 e 5,8% de 2017 para 2018.

Portanto, a Receita Líquida cresceu, em média, 11,55% ao ano.

Importante notar que apesar do resultado do quarto trimestre de 2019 não ter sido

divulgado até a presente data desta avaliação, se a empresa mantiver a média de

receita dos três primeiros trimestres de 2019 para o último trimestre deste ano,

apresentaria um aumento de 12,43% em relação ao ano anterior. Utilizaremos es-

ses dados como base para projetarmos a receita líquida para os próximos anos da

LIGHT.

Além disso, podemos observar que a margem operacional da empresa (Margem

EBIT), relação entre o Lucro Antes de Juros e Impostos e a Receita Líquida, foi de

5,33% em 2016, 10,38% em 2017, 8,04% e 15,50% para os três primeiros trimestres

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de 2019 e portanto vem apresentando melhoras principalmente devido ao aumento

de receita.

Outro ponto importante é a notória diferença e aumento no lucro antes dos impostos

no ano de 2019 devido ao reconhecimento, em 07 de Agosto de 2019, de excluir o

ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS, com efeito retroativo a janeiro de 2002,

devidamente ajustado pela taxa de juros (SELIC). Portanto, excluindo os valores

que serão restituídos aos consumidores, a empresa reconheceu o valor de 1.636.686,00

de reais a recuperar.

Por �m, podemos observar que os valores de depreciação e amortização não apre-

sentaram grandes variações e em média, foram responsáveis por aproximadamente

R$490 milhões nos anos de 2016, 2017 e 2018 e por volta de 4,5% da receita líquida,

e utilizaremos um valor próximo para a avalição de �uxo de caixa.

4.6.2 Análise do Balanço Patrimonial

Como dito anteriormente, é através do Balanço Patrimonial que poderemos examinar

o capital de giro da empresa, através de suas obrigações e recebíveis de curto prazo.

É importante que uma empresa mantenha o seu capital de giro positivo para honrar

seus compromissos com fornecedores e credores. Será a partir da diminuição ou

aumento da necessidade desse capital que iremos calcular o �uxo de caixa livre para

a empresa LIGHT S.A.

É também através do Balanço Patrimonial que encontramos a quantidade de recursos

em caixa e dívida total da empresa. Usaremos esses dados nas últimas etapas da

avaliação, pois é necessário diminuir a dívida líquida do valor da empresa para

encontrar o valor total disponível aos acionistas da mesma.

Na tabela abaixo, temos os dados do Balanço Patrimonial (BP) da LIGHT S.A, em

Milhões de Reais, desde 2016 até o �m do terceiro trimestre de 2019.

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Tabela 6: Balanço PatrimonialBalanço

Patrimonial - LIGHT SA30/09/2019 31/12/2018 31/12/2017 31/12/2016

Ativo Total 24.735,49 17.863,70 14.945,05 14.330,23

Ativo Circulante 5.618,53 5.635,37 4.137,97 3.612,48

Caixa e Equivalentes de Caixa 455,74 707,04 269,93 668,30

Aplicações Financeiras 1.596,53 976,80 72,35 13,47

Contas a Receber 2.381,54 2.855,35 3.121,87 2.271,87

Estoques 41,73 38,05 36,69 38,95

Tributos a Recuperar 220,71 104,88 139,31 201,28

Despesas Antecipadas 23,79 29,71 28,08 29,49

Outros Ativos Circulantes 898,48 923,55 469,75 389,12

Ativo não-circulante 19.116,96 12.228,33 10.807,07 10.717,75

Contas a Receber 1.363,84 1.013,21 584,95 418,07

Tributos Diferidos 6.224,00 404,87 364,51 592,50

Despesas Antecipadas 97,16 0,00 0,00 0,00

Outros Ativos Não Circulantes 6.468,70 5.606,69 4.134,65 3.667,82

Investimentos 581,68 546,62 536,00 664,44

Imobilizado e Intangível 4.381,59 4.656,95 5.186,97 5.374,92

Passivo Total 24.735,49 17.863,70 14.945,05 14.330,23

Passivo Circulante 4.988,11 5.278,41 5.493,13 4.871,41

Fornecedores 2.258,30 2.119,66 2.022,51 1.341,80

Obrigações Fiscais 501,19 352,85 266,76 445,21

Empréstimos e Financiamentos 1.535,00 1.996,04 2.468,43 1.946,33

Dividendos e JCP a Pagar 39,37 39,37 29,50 0,00

Outros 654,24 770,49 705,92 1.138,07

Passivo Não Circulante 12.836,71 9.195,80 6.019,45 6.105,03

Empréstimos e Financiamentos 7.731,09 8.032,42 4.942,13 4.997,43

Outros 3.958,07 478,64 447,60 489,60

Tributos Diferidos 647,46 208,49 179,38 200,12

Provisões 500,10 476,24 450,33 417,87

Patrimônio Líquido 6.910,67 3.389,49 3.432,47 3.353,80

Capital Social Realizado 4.051,28 2.225,82 2.225,82 2.225,82

Reservas de Lucros e Capital 930,59 929,06 955,47 843,82

Lucros/Prejuízos Acumulados 1.706,28 0,00 0,00 0,00

Ajustes de Avaliação

Patrimonial324,01 336,11 352,67 370,02

Outros Resultados Abrangentes -101,49 -101,49 -101,49 -85,87Fonte: www.ri.light.com.br. Adaptado pelo autor

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Em julho de 2019, a empresa realizou um follow-on de ações, ou seja, emitiu novas

ações a mercado com o objetivo de reduzir suas dívidas (passivos) e melhorar o per�l

de endividamento.

Isso é re�etido no Balanço Patrimonial através do Patrimônio Líquido, uma vez que

os passivos diminuíram, e portanto observamos o patrimônio da empresa saltando

de R$3.389.492,00 em 2018 para R$6.910.673 no �m de setembro de 2019.

Figura 14: Emissão de Ações da Light S.A.

Fonte: www.ri.light.com.br

4.6.3 Análise do Demonstrativo de Fluxo de Caixa

O demonstrativo de �uxo de caixa demonstra as entradas e saídas de dinheiro do

caixa da empresa e os resultados �nais desses �uxos.

Na tabela abaixo observamos, resumidamente, o caixa, em Milhões de Reais, ge-

rado ou aplicado pela LIGHT em suas atividades operacionais, de �nanciamento e

investimento.

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Tabela 7: Demonstrativo de Fluxo de CaixaAno 31/12/2016 31/12/2017 31/12/2018 30/09/2019

Caixa líquido gerado pelas

atividades operacionais1.142,837 25,747 41,487 238,980

Caixa líquido (aplicado) nas

atividades de investimentos-526,591 -811,773 -1.667,121 -1.130,135

Caixa gerado (aplicado) nas

atividades de �nanciamento-395,383 387,650 2.062,748 639,856

Aumento (redução) de caixa do período 220,863 -398,376 437,114 -251,299Fonte: www.ri.light.com.br. Adaptado pelo autor

Essa demonstração é extremamente importante uma vez que apenas o lucro ou

prejuízo da DRE pode signi�car tanto uma geração quanto um consumo do caixa no

período, devido ao descasamento de recebíveis e pagamentos, além de outros efeitos

não-caixa da DRE, como as depreciações e amortizações.

Podemos observar uma média de aproximadamente 1 bilhão de reais destinados à

investimentos nos anos de 2016, 2017 e 2018 e utilizaremos esse dado para a projeção

dos investimentos realizados pela empresa nos anos seguintes. Como esses recursos

são saídas de caixa, eles representarão uma diminuíção no �uxo de caixa livre da

empresa.

4.6.4 Premissas e Cálculos

Uma vez que os dados históricos foram analisados e algumas conclusões foram obti-

das, temos uma base melhor para projetarmos os dados da empresa. Esta seção irá

citar todas as premissas utilizadas para o valuation realizado e o motivo por trás

de todos os números projetados. O preço da ação da empresa LIGHT, código de

negociação LIGT3, estava em 23,38 reais no dia 13 de Janeiro de 2020, e este foi o

valor utilizado no estudo para o cálculo de valuation.

Uma vez que os dados relacionados ao último trimestre de 2019 não foi publicado

até a presente data desse trabalho, os cálculos para 2019 foram divididos propor-

cionalmente considerando um investimento a partir do �m do terceiro trimestre do

mesmo ano.

Receita Líquida:

Na análise do Demonstrativo de Resultados, observamos que o crescimento de receita

entre 2016 e 2019 foi em média 11,55%, porém, utilizaremos uma projeção mais

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conservadora de 9% ao ano para os próximos quatro anos, o que representa entre

4% e 5% de crescimento real. A receita líquida da LIGHT projetada até 2023 será

conforme a seguir:

Figura 15: Projeção da Receita

Fonte: Elaboração Própria

Custos e despesas:

A premissa utilizada para projeção dos custos do serviço ou produto vendido foi a

de utilizar a média observada de 79,04% sobre a receita líquida para os próximos

anos.

Já para as despesas gerais e administrativas, também foi utilizado a projeção a partir

da média observada de 11,15% sobre a receita líquida para os próximos anos.

Abaixo os custos e despesas projetados como percentuais sobre a receita líquida:

Figura 16: Projeções de custos e despesas

Fonte: Elaboração Própria

Margem operacional (EBIT):

O EBIT projetado portanto foi a soma da receita líquida com custos e despesas

projetados. A partir do ano de 2020, foi adicionado 50 milhões de reais por ano

ao EBIT devido a uma possível diminuição das perdas não-técnicas da rede de

distribuição, ou seja, uma diminuição de 0.5% ao ano de perdas gradualmente até

2023, totalizando 2% no �m dos anos projetados.

Utilizando essas premissas, obteve-se uma média de 10,41% para a margem operaci-

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onal (Margem EBIT)da empresa, um aumento de 0.6 pontos percentuais em relação

a média histórica dos anos observados. Esse resultado se deu principalmente a ex-

pectativa de melhoras nas perdas elétricas do sistema de distribuição da empresa,

que acarretaria em um aumento signi�cativo dos dados operacionais.

Abaixo as projeções para os Lucros antes dos Juros e Impostos (EBIT) da LIGHT

S.A, bem como suas respectivas margens operacionais.

Figura 17: Projeção dos Lucros antes de Juros e Impostos

Fonte: Elaboração Própria

Depreciação e amortização:

Para os gastos com depreciação e amortização, foram projetados valores de 500 mi-

lhões de reais ao ano, em linha com os gastos nos anos observados no Demonstrativo

de Resultado do Exercício.

Investimentos:

Para gastos com investimentos, principalmente em ativos e imobilizado, foram proje-

tados valores de 1 bilhão de reais ao ano, em linha com os gastos nos anos observados

no Demonstrativo de Resultado do Exercício. Esse gasto também é responsável por

repor depreciação e amortização, que corresponde a metade do valor investido.

Variações na necessidade de capital de giro:

A partir de cálculos na variação entre ativo e passivo circulante nos anos observados,

não se obteve um padrão para servir como base e portanto, de forma conservadora

foi projetado que a empresa irá precisar de 100 milhões de reais a mais para honrar

seus compromissos de curto prazo nos anos projetados.

Cálculo da Perpetuidade:

Para o cálculo da perpetuidade, utilizou-se um crescimento de 3,5% nominal, em

linha com a in�ação dos últimos anos, uma vez que a empresa já é madura e pertence

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a um setor sem muitas oportunidades de crescimento. A taxa de desconto utilizada

será explicada nas seções seguintes.

Uma vez que as premissas de todos os itens necessários para encontrar o �uxo de

caixa para a empresa foram explicadas, abaixo está demonstrado os valores proje-

tados bem como os valores trazidos a valor presente, através da taxa de desconto

de 7,75% para o custo médio ponderado de capital da empresa, que será explicado

a seguir.

Figura 18: Fluxo de Caixa Livre para a LIGHT S.A.

Fonte: Elaboração Própria

Tendo os �uxos de caixa, precisamos da taxa de desconto para trazê-los para a

data na qual o investimento será feito (valor presente). O cálculo do custo médio

ponderado de capital para a LIGHT S.A é explicado a seguir.

4.6.5 Cálculo da Taxa de Desconto:

• Custo do Capital Próprio Kcp :

Para o custo do capital próprio, precisaremos do ativo livre de risco, do beta da

ação e do retorno do mercado no qual a empresa está inserida, ou seja, da bolsa de

valores brasileira.

O ativo livre de risco considerado será a taxa básica de juros (SELIC), de 4,5% ao

ano, atual taxa de juros praticada durante a realização deste projeto.

Para o cálculo do beta, foi utilizado as variações percentuais de pontos do Índice

Bovespa desde o ano de 1994, dessa forma conseguimos englobar muitos ciclos econô-

micos da economia brasileira, conforme tabela abaixo:

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Tabela 8: Variações do índice Ibovespa para o cálculo do retorno de mercadoAno Pontos Ibovespa Variação percentual

1994 4353,92 -

1995 4299 -1,3%

1996 7039,94 63,8%

1997 10196,5 44,8%

1998 6784,3 -33,5%

1999 17091,6 151,9%

2000 15259,2 -10,7%

2001 13577,5 -11,0%

2002 11268,4 -17,0%

2003 22236,3 97,3%

2004 26196,25 17,8%

2005 33455,94 27,713%

2006 44473,71 32,932%

2007 63886,1 43,649%

2008 37550,51 -41,223%

2009 68588,41 82,656%

2010 69304,81 1,044%

2011 56754,08 -18,109%

2012 60952,08 7,397%

2013 51507,16 -15,496%

2014 50007,41 -2,912%

2015 43349,96 -13,313%

2016 60227,28 38,933%

2017 76402,08 26,856%

2018 87887,27 15,033%

2019 115645,43 31,584%Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados disponíves em www.b3.com.br

A partir das variações anuais, temos um retorno médio histórico de mercado de

20.8%.

Para o cálculo do beta, foram utilizadas estimativas do Damodaran do beta de-

salavancado para o setor da empresa : 0,19. A partir da estrutura de capital da

empresa, o beta alavancado calculado foi 0,34. Com isso, chegamos a um custo de

capital próprio de 10,07%.

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• Custo da dívida Kd:

No demonstrativo de resultados da empresa, para o terceiro trimestre de 2019, o

custo da dívida estava em 8,84% ao ano, conforme foto abaixo:

Figura 19: Custo da Dívida da Light

Fonte: http://ri.light.com.br

Abaixo temos a evolução do per�l da dívida da empresa, bem como evolução do

múltiplo de endividamento dívida líquida sobre ebitda. Percebe-se que a diminuição

da dívida através dos recursos do follow-on (emissão de novas ações) diminuiu o

risco da empresa.

Figura 20: Evolução da Dívida Líquida e múltiplo de endividamento

Fonte: http://ri.light.com.br

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• Custo médio ponderado de capital WACC:

A partir da estrutura de capital da empresa, composta por 45,26% de capital próprio

(acionistas) e 54,74%, calcula-se o custo médio ponderado de capital para a empresa

estudada e o valor encontrado é de 7,75%.

4.6.6 Cálculo do Preço Justo por ação da LIGHT S/A.

Este valor de 7,75% será a taxa de desconto que utilizaremos para trazer os �uxos

de caixa a valor presente. Percebe-se que o custo médio ponderado de capital �cou

abaixo do custo de capital próprio e do custo da dívida, uma vez que a quantidade

de dívida é grande e o benefício �scal da dívida proporciona este acontecimento.

Somando os valores de �uxo de caixa trazidos a valor presente da �gura 22, chegamos

ao valor para a empresa de 14,626 bilhões de reais. Ao investir na LIGHT, nos

tornariamos acionistas da empresa e portanto precisamos descontar o valor da dívida

líquida para saber o quanto sobraria para os acionistas. Na �gura abaixo temos o

valor da dívida total e as disponibilidades da empresa ao �m do mês de setembro

de 2019:

Figura 21: Relação de Dívida e Caixa da Light

Fonte: http://ri.light.com.br

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Portanto, subtraindo-se a dívida líquida, encontramos um valor de 8,085 bilhões

de reais disponível para os acionistas. Dividindo este valor pelo número de ações

LIGT3 disponíves, temos o preço justo de R$ 26,60 por ação, conforme abaixo:

Figura 22: Cálculo �nal do preço justo por ação da LIGHT S.A.

Fonte: Elaboração Própria

No dia 13/01/2020, as ações da LIGHT estavam sendo negociadas a R$23,38 e

portanto temos um upside (potencial de valorização) ao investir nessa empresa de

13,78%, segundo avaliação por �uxo de caixa descontado.

4.7 Análise de Múltiplos

Após encontrar o preço justo da ação, é interessante comparar o resultado do método

do �uxo de caixa descontado com a avaliação por múltiplos. Para o caso da LIGHT,

utilizaremos o múltiplo EV/EBITDA para compararmos com outras distribuidoras

que possuem capital aberto na Bolsa de Valores.

O múltiplo EV/EBITDA foi o escolhido pois ele não considera o risco da alavancagem

das empresas comparadas, focando apenas em suas capacidades de geração de caixa

operacional. Na tabela abaixo temos a comparação:

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Tabela 9: Comparaçaõ de múltiplo EV/EBITDA de quatro distribuidorasEMPRESA EV/EBITDA

LIGHT (LIGT3) 5.93

CEMIG (CMIG4) 6.40

COPEL (CPLE6) 6.94

EQUATORIAL (EQTL3) 8.43Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados disponíves em www.fundamentus.com.br

Podemos observar comparativamente que a empresa LIGHT apresenta o menor múl-

tiplo EV/EBITDA, ou seja, levaria menos tempo de operação para gerar o valor total

da empresa e portanto seria a empresa mais barata das comparáveis. Entretanto,

apesar de possuir operações no mesmo setor (distribuição de energia), temos que

lembrar que as empresas possuem modelos de negócios diferentes e riscos associados

diferentes e portanto a análise de múltiplo serve apenas para uma primeira impres-

são no método de avaliação. Para se ter uma melhor ideia das outras empresas, seria

necessário avaliações intrínsecas de cada uma, ou seja, avaliação por �uxo de caixa,

conforme realizado neste trabalho.

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Capítulo 5

Conclusão

O objetivo do presente trabalho foi demonstrar os métodos utilizado no mercado de

capitais para avaliação de uma empresa, com foco no �uxo de caixa descontado.

Primeiramente foram apresentado os métodos de avaliação por múltiplos e Método

de Gordon para aprofundar, em um segundo momento, no metodo escolhido para a

avaliação da empresa LIGHT S.A, o método de avaliação por �uxo de caixa descon-

tado.

A partir da análise da empresa, do seu histórico de resultados e do setor em que atua,

bem como um estudo sobre suas vantagens competitivas e fraquezas, pelo método

SWOT, buscou-se um entendimento mais profundos que serviram como base para

as premissas utilizadas nas projeções do modelo.

Depois disso, foi escolhido o método de �uxo de caixa livre descontado para a em-

presa como método de valoração para a empresa, e cada uma das premissas foram

explicadas.

Entretanto, é importante notar que apesar do método de avaliação utilizado ser o

mais difundido na avaliação de empresas, ele possui varias limitações inerentes ao

método como dependência das premissas utilizadas que são muitas vezes baseadas

no passado da empresa e que não necessariamente se repetirá.

Além disso, foram utilizados valores nominais para os cálculos e portanto estão

sujeito a variações macroeconômicas diversas. Outro fator limitante foi a análise de

poucos anos históricos da empresa, que pode não re�etir o quadro conjuntural como

um todo.

Outro ponto crítico, além das projeções operacionais, é a taxa de desconto utilizada.

O Brasil apresenta atualmente a menor taxa de juros da história, o que tornou o

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custo de capital baixo e portanto a empresa mais atrativa para investimento, princi-

palmente pelo alto nivel de endividamento da mesma. Entretanto, não é garantido

que essa taxa irá se manter e portanto a empresa pode apresentar queda de atrati-

vidade no futuro.

No cálculo do beta foram utilizados dados de empresas dos Estados Unidos, que

podem não re�etir a mesma realidade do mercado brasileiro.

Devemos considerar também que a taxa de crescimento na perpetuidade não engloba

praticamente nenhum crescimento real, considerando dados de in�ação dos últimos

anos, e se mostra bastante conservadora.

Como resultado obtido do modelo de valoração, teríamos um potencial de valorização

de aproximadamente 13% caso o investimento fosse realizado no dia 13 de janeiro

de 2020.

Comparativamente com outras empresas do ramo de distribuição, a LIGHT também

se apresenta como um bom investimento, conforme analisado através do múltiplo

EV/EBITDA.

Entretanto, para �ns de investimento, também precisamos analisar se o potencial

de valorização justi�ca o investimento, uma vez analisado os riscos e limitações do

modelo. Outro ponto a ser analisado é o custo de oportunidade de investimento,

uma vez que pode existir outras empresas com potencial de valorização maior, e com

vantagens competitivas mais claras.

A indicação do autor é de neutralidade, ou seja, nem compra nem venda da ação da

empresa estudada visto que a margem de segurança foi pequena e a empresa enfrenta

grandes problemas de perdas de energia, tanto perdas técnicas quanto perdas por

furtos.

Apesar da postura neutra, deve-se manter atenção ao preço das ações dado que

variações podem acontecer de acordo com os resultados futuros da empresa, sua

capacidade de atacar as perdas de energia dentre outros fatores. O preço também

pode variar de acordo com a oferta e demanda, já que os investidores estão sempre

migrando para investimentos mais atrativos, trazendo o preço da ação da LIGHT

S.A. eventualmente para abaixo do seu valor justo.

O alto número de variáveis que podem impactar o preço de uma ação faz com que

os modelos de valoração de empresas sejam modi�cados periodicamente e possibi-

lita portanto a compra e venda de ações pelos agentes do mercado a medida que

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mudanças vão acontecendo na empresa e na economia como um todo.

Por �m, fatores como revisões tarifárias, trocas de controle na empresa, perdas na

concessão de distribuição de energia, fusões, aquisições por outras empresas e inú-

meros outros são muito importantes e imprevisíveis e podem impactar imensamente

o futuro e o preço da companhia. É por isso que os investidores devem sempre se

manter atento aos acontecimentos para estarem aptos a tomar as melhores decisões

possíveis, dentro do per�l de risco desejado.

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