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Não pare de sonhar! Literatura - Profª Waleska Gomide Panosso Página 1 VANGUARDAS Artísticas Européias No início do século 20, enquanto o mundo assistia a mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, a arte passava a buscar maneiras de expressar a modernidade, a instabilidade, a fugacidade de um novo presente. Nascem, assim, as primeiras reações ao modelo poético e estético do cenário artístico vigente no fim do século 19. Reflexões e manifestações contrárias a esse modelo surgem das mais diversas maneiras, mas sempre colocando em destaque a necessidade de superar o antigo e instaurar, nas artes, paradigmas compatíveis com um mundo repleto de avanços tecnológicos, concepções e valores contrastantes com os dos séculos anteriores. Entram em cena, nesse momento, as vanguardas europeias, expressão que concentra as diversas correntes artísticas dos princípios do século 20. A palavra vanguarda do francês avant garde, significa o que marcha na frente. Desejavam estar à frente de seu tempo, serem visionários e ditarem as novas regras de arte. Essas vanguardas fazem parte de um movimento aglutinador dessas novas posturas poéticas, filosóficas e estéticas, o Modernismo. Antipassadismo cultural e liberdade de criação são as marcas principais da arte moderna. Esse era o princípio que unia as diversas correntes artísticas que surgiram na Europa e no Brasil no início do século 20. No Brasil, várias transformações foram responsáveis pela criação do ambiente propício à instalação das novas ideias estéticas na cultura brasileira. Entre elas se destacam o Centenário da Independência e a Primeira Guerra Mundial (1914- 1918). Isso favoreceu a expansão da indústria brasileira e promoveu o questionamento do sistema político vigente, até então comandado pela oligarquia ligada à economia cafeeira rural. Soma-se a isso o deslocamento de artistas e intelectuais que saem da Europa na condição de refugiados. No início do século passado, o contexto artístico brasileiro ainda apresentava forte vínculo com o academicismo tradicionalista e, sobretudo, com a influência da Belle Époque francesa. Porém, em São Paulo, assim como no Rio de Janeiro, já se manifestavam grupos de artistas e pensadores destinados a alterar esse quadro. A pintora Anita Malfatti retorna ao Brasil em 1917 após finalizar uma temporada de estudos em Berlim e outra em Nova Iorque. Anita Malfatti, amplamente integrada às novas perspectivas da arte na Europa e na América do Norte, traz para o país algo diferente. Realiza uma exposição de telas no salão de chá da casa Mappin, local frequentado pela elite paulista. Marcadas por elementos do Expressionismo alemão, as obras de Anita fogem à expectativa do público brasileiro de então, o que causa admiração e repulsa, a um só tempo. Sua temática também era ousada e pouco convencional para o momento. Numa sociedade acostumada com a arte que retrata a beleza convencional e a saúde padrão, Anita propôs, por exemplo, a pintura de uma mulher com problemas mentais. Anita, ao comentar a exposição, falou que “quando viram (o público) minhas telas todas, acharam-nas feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos do colégio”. O escritor Monteiro Lobato, que então atuava também como crítico de arte, após visitar a exposição, escreveu o artigo Paranoia ou mistificação? que seria, à sua época e às demais, a base para as discussões sobre as artes de vanguarda no Brasil. Nesse texto, Lobato afirma: Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as cousas e em consequência fazem a arte pura (...) adotando para a concretização das emoções estéticas os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que interpretam à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Apesar do tradicionalismo da crítica local - e do gosto público também -, os ventos modernistas começavam a soprar por aqui. Em 1919, o escritor Manuel Bandeira publica o livro Carnaval. Nele, encontra-se o poema Os sapos, uma crítica aberta à estética literária vigente no período e reconhecida pelo gosto tradicional: a dos poetas parnasianos. CUBISMO O quadro Les Demoiselles d'Avignon, de Pablo Picasso (1881-1973), é uma espécie de marco inicial do Cubismo, movimento artístico oficialmente iniciado em 1907. A estética cubista nasce, pois, aplicada à pintura. Seus preceitos, no entanto, se estendem às demais manifestações artísticas ao longo do século 20. Georges Braque, um dos idealizadores A boba, Anita Malfatti. Pablo Picasso, Les Demoiselles d’Avignon. Museu de Arte Moderna, Nova Iorque. Data:___/

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Literatura - Profª Waleska Gomide Panosso

Página 1

VANGUARDAS Artísticas Européias

No início do século 20, enquanto o mundo assistia a mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, a arte

passava a buscar maneiras de expressar a modernidade, a instabilidade, a fugacidade de um novo presente. Nascem, assim, as primeiras reações ao modelo poético e estético do cenário artístico vigente no fim do século 19. Reflexões e manifestações contrárias a esse modelo surgem das mais diversas maneiras, mas sempre colocando em destaque a necessidade de superar o antigo e instaurar, nas artes, paradigmas compatíveis com um mundo repleto de avanços tecnológicos, concepções e valores contrastantes com os dos séculos anteriores. Entram em cena, nesse momento, as vanguardas europeias, expressão que concentra as diversas correntes artísticas dos princípios do século 20. A palavra vanguarda – do francês avant garde, significa o que marcha na frente. Desejavam estar à frente de seu tempo, serem visionários e ditarem as novas regras de arte. Essas vanguardas fazem parte de um movimento aglutinador dessas novas posturas poéticas, filosóficas e estéticas, o Modernismo.

Antipassadismo cultural e liberdade de criação são as marcas principais da arte moderna. Esse era o princípio que unia as diversas correntes artísticas que surgiram na Europa e no Brasil no início do século 20.

No Brasil, várias transformações foram responsáveis pela criação do ambiente propício à instalação das novas ideias estéticas na cultura brasileira. Entre elas se destacam o Centenário da Independência e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Isso favoreceu a expansão da indústria brasileira e promoveu o questionamento do sistema político vigente, até então comandado pela oligarquia ligada à economia cafeeira rural. Soma-se a isso o deslocamento de artistas e intelectuais que saem da Europa na condição de refugiados. No início do século passado, o contexto artístico brasileiro ainda apresentava forte vínculo com o academicismo tradicionalista e, sobretudo, com a influência da Belle Époque francesa. Porém, em São Paulo, assim como no Rio de Janeiro, já se manifestavam grupos de artistas e pensadores destinados a alterar esse quadro. A pintora Anita Malfatti retorna ao Brasil em 1917 após finalizar uma temporada de estudos em Berlim e outra em Nova Iorque. Anita Malfatti, amplamente integrada às novas perspectivas da arte na Europa e na América do Norte, traz para o país

algo diferente. Realiza uma exposição de telas no salão de chá da casa Mappin, local frequentado pela elite paulista. Marcadas por elementos do Expressionismo alemão, as obras de Anita fogem à expectativa do público brasileiro de então, o que causa admiração e repulsa, a um só tempo. Sua temática também era ousada e pouco convencional para o momento. Numa sociedade acostumada com a arte que retrata a beleza convencional e a saúde padrão, Anita propôs, por exemplo, a pintura de uma mulher com problemas mentais.

Anita, ao comentar a exposição, falou que “quando viram (o público) minhas telas todas, acharam-nas feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos do colégio”.

O escritor Monteiro Lobato, que então atuava também como crítico de arte, após visitar a exposição, escreveu o artigo Paranoia ou mistificação? que seria, à sua época e às demais, a base para as discussões sobre as artes de vanguarda no Brasil. Nesse texto, Lobato afirma:

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as cousas e em consequência fazem a arte pura (...) adotando para a concretização das emoções estéticas os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada dos que interpretam à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro.

Apesar do tradicionalismo da crítica local - e do gosto público também -, os ventos modernistas começavam a soprar por aqui. Em 1919, o escritor Manuel Bandeira publica o livro Carnaval. Nele, encontra-se o poema Os sapos, uma crítica aberta à estética literária vigente no período e reconhecida pelo gosto tradicional: a dos poetas parnasianos.

CUBISMO

O quadro Les Demoiselles d'Avignon, de Pablo Picasso (1881-1973), é uma espécie de marco inicial do Cubismo, movimento artístico oficialmente iniciado em 1907. A estética cubista nasce, pois, aplicada à pintura. Seus preceitos, no entanto, se estendem às demais manifestações artísticas ao longo do século 20. Georges Braque, um dos idealizadores

A boba, Anita Malfatti.

Pablo Picasso, Les Demoiselles d’Avignon. Museu de Arte Moderna, Nova Iorque.

Data:___/___/____

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desse movimento, costumava admitir que "Não se imita aquilo que se quer criar". Tal preceito foi uma das bases do Cubismo. Os artistas que a ele aderiam não se esforçavam em imitar a natureza, ou mesmo a perspectiva mais comum, sob a qual o olhar humano usualmente percebe um ambiente ou objeto. Aos cubistas não importava explorar um só ponto de vista em suas obras, mas antes tentar fornecer vários deles, todas as perspectivas possíveis do olhar sobre um elemento — e ao mesmo tempo. Isso os levou a segmentar e fragmentar imagens. Para tanto, frequentemente eram empregadas nas artes visuais formas geometrizadas, volumes marcados por arestas, vários planos estilhaçados e/ou mostrados simultaneamente, à ideia de sólidos geométricos, cubos. Por isso a designação cubista. Na literatura, essas técnicas da pintura correspondem à fragmentação da realidade, à superposição e simultaneidade de planos – por exemplo – reunir assuntos aparentemente sem nexo, misturar assuntos, espaços e tempos diferentes. Assim, a literatura cubista apresenta características como o ilogismo, humor, instantaneísmo, simultaneidade e linguagem predominantemente nominal. hípica Saltos records Cavalos da Penha Correm jóqueis de Higienópolis Os magnatas As meninas E a orquestra toca Chá Na sala de cocktails

Neste poema de Oswald de Andrade pode ser notadas

influências cubistas: fragmentação da realidade,

a predominância dos substantivos e flashes

cinematográficos.

O Cubismo também desenvolveu e valorizou a técnica da colagem nas artes plásticas. Consistia no aproveitamento de elementos visuais do cotidiano, fragmentados, extraídos de seu contexto original e reagrupados. Essa técnica foi bastante valorizada no Modernismo como um todo, em todas as manifestações artísticas: o reaproveitamento de elementos da cultura ocidental, segmentados e reorganizados em novas obras. Na literatura do

Modernismo, é também possível verificar um procedimento que remete à ideia de colagem: muitos foram os autores que aplicaram a suas obras literárias trechos de outras obras e compuseram, com isso, um novo conjunto. No Cubismo, a colagem representou a liberdade do artista do jugo da superfície. Ao expor no espaço do quadro elementos retirados da realidade, como pedaços de jornal e papéis cie todo tipo, tecido, madeira, objeto. etc. Leia este poema de Manuel Bandeira, expoente do Modernismo brasileiro. Teresa

A primeira vez que vi Teresa Achei que ela tinha pernas estúpidas Achei também que a cara parecia uma perna Quando vi Teresa de novo Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto [do corpo nascesse) Nesse poema, Bandeira se vale de um elemento textual fragmentado e extraído de seu contexto original. O último verso de seu poema é um resgate de uma frase bíblica (Gênesis 1, 2). Com essa "colagem" de um trecho de outro texto consagrado, Bandeira consegue trazer o impacto da leitura do elemento da Bíblia, um texto essencial da cultura ocidental, para sua obra. Isso ao mesmo tempo que dá nova semântica ao trecho bíblico: o "eu lírico" se apaixona por Teresa com a mesma força mítica com que os tempos começam no Gênesis, quando "o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas". No Brasil, o cubismo manifestou-se, timidamente, nas pinturas de Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Na Europa as principais expressões na pintura foram: Picasso, Léger, Braque, Gris e Daleunay; na literatura, Apollinarire e Blaise Cendars.

Algumas obras cubistas

Mulher em frente ao espelho, Picasso

Guitarra e fruteira, Georges Braque

Brasil em 4 fases, Di Cavalcanti

O mamoeiro, Tarsila do Amaral

TOME NOTA!

▶No Brasil, das décadas de 1950-60, a técnica cubista influenciaria o surgimento do Concretismo.

FUTURISMO

Pablo Picasso, Copo e garrafa de suze. Papéis colados, guache e carvão.

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Em 1909, o poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) publica o Manifesto Futurista. Essa publicação marca o início de um dos movimentos mais significativos das vanguardas, o Futurismo. Nesse texto, o autor aborda uma série de elementos que viriam a caracterizar a arte do período. A vontade de apontar a ruptura com as ideias e valores correntes até então é levada ao extremo. A vanguarda deveria livrar-se de quaisquer laços com o passado. E, para isso, seria necessário optar por posições radicais. Leia, a seguir, algumas das novas regras de pensamento e de fazer poético que Marinetti propõe em seu manifesto: [...] 1. Nós queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade. 2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia. 3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro. 4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia. 5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita. 6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais. 7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem. 8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade omnipresente. 9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher. 10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo o tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária. 11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas eléctricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os

trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o voo deslizante dos aviões, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta. [...] O mundo moderno, a era da industrialização, a exaltação da máquina e da velocidade, associadas, e o elogio à tecnologia e à ciência consolidam-se, então, como características da estética futurista. Queriam reunir na pintura: som, LUZ e movimento. Os participantes desse movimento, como Filippo Marinetti, Umberto Boccioni, Giacomo Balla, entre outros, defendiam que a vida estava em movimento constante e frenético. Portanto, a arte do passado, entendida por eles como essencialmente burguesa, não se conectava com as características mais marcantes de seu momento histórico e cultural. Era, pois, necessário inserir o dinamismo e a simultaneidade nas artes. Do mesmo modo, era importante fazer com que a perspectiva artística absorvesse os valores do momento. O que se via era a violência, a brutalidade da máquina, nada delicado ou sutil. Esse espírito de época toma-se paradigmático na proposta futurista e determina a ênfase na ação e na pesquisa do movimento, como se pode notar no tópico 2 do Manifesto.

Giacomo Balla, Dinamismo de

um cão na coleira Umberto Boccioni, Formas únicas de continuidade no

espaço

Observe uma das mais importantes obras do Futurismo – Dinamismo de um cão na coleira – nela, ficam evidentes os esforços futuristas por demonstrar a velocidade, o movimento e o dinamismo das formas. Praticamente o mesmo ocorre nesta escultura de Umberto Boccioni, um dos mais ativos representantes futuristas. Quanto à linguagem, os futuristas propunham: ❶ a destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso - as palavras devem ficar em liberdade; ❷ a abolição do adjetivo e do advérbio; ❸ abolição da pontuação, que seria substituída por sinais da matemática ou musicais (x - : + = > <); ❹ o emprego do verbo no infinitivo;

O escritor,

jornalista e ativista político Filippo

Tommaso Marinetti, autor do

Manifesto Futurista, um dos mais importantes

movimentos artísticos do início

do século 20.

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❺ em cada substantivo venha imediatamente seguido de outro, analógico, como homem-torpedo, café-concerto, etc., ❻a liberdade absoluta no uso de imagens e analogias expressas por palavras soltas, sem os fios condutores da sintaxe, sem limites de pontuação, etc. Evidentemente, nem todas essas propostas se firmaram na literatura. Contudo, o verso livre ficou como uma das mais importantes contribuições do Futurismo e do Cubismo às correntes contemporâneas. O autor paulista Antônio de Alcântara Machado publicou, em 1927, um livro de contos chamado Brás, Bexiga e Barra Funda. Essa obra, uma das mais importantes da literatura modernista no Brasil, contém muitos elementos que demonstram nítida influência do Futurismo. Leia um fragmento do conto Sociedade. Nele, é perceptível a tentativa do autor em expressar a simultaneidade de ações. Sociedade Na orquestra o negro de casaco vermelho afastava o saxofone da beiçorra para gritar: Dizem que Cristo nasceu em Belém... Porque os pais não a haviam acompanhado (abençoado furúnculo inflamou o pescoço do Conselheiro José Bonifácio) ela estava achando um suco aquela vesperal do Paulistano. O namorado ainda mais. Os pares dançarinos maxixavam colados. No meio do salão eram um bolo tremelicante. Dentro do círculo palerma de mamãs, moças feitas e moços enjoados. A orquestra preta tonitroava. Alegria de vozes e sons. Palmas contentes prolongaram o maxixe. O banjo é que ritmava os passos. — Sua mãe me fez ontem uma desfeita na cidade. — Não! — Como não? Sim senhora. Virou a cara quando me viu. ... mas a história se enganou! As meninas de ancas salientes riam porque os rapazes contavam episódios de farra muito engraçados. O professor da Faculdade de Direito citava Rui Barbosa para um sujeitinho de óculos. Sob a vaia do saxofone: turururu-turururum! — Meu pai quer fazer um negócio com o seu. — Ah sim? Cristo nasceu na Bahia, meu bem... O sujeitinho de óculos começou a recitar Gustave Le Bon mas a destra espalmada do catedrático o engasgou. Alegria de vozes e sons. ... e o baiano criou! Observe que vários acontecimentos simultâneos podem ser destacados no texto. Várias cenas de um baile se entrecortam e interpenetram. A orquestra toca, enquanto diferentes grupos conversam sobre temas diversos, o professor recita, o saxofonista toca e canta. A linguagem também tenta expressar a simultaneidade em que todos esses acontecimentos transcorrem: entre as descrições de pequenas cenas, surgem trechos de conversas, de uma música cantada (em itálico), referências onomatopeicas ao soar do saxofone enquanto tudo acontece. As diferentes pequenas cenas, músicas, falar se entrecortam,

intercalam, como se as vistas de um observador as flagrasse no mesmo momento. As propostas do futurismo tiveram seguidores em todo mundo, entre os quais o escritor norte-americano Walt Whitman, o português Fernando Pessoa e os poetas brasileiros Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Veja, por exemplo, como nos seguintes versos do poema “Ode triunfal”, de Fernando Pessoa, manifestam-se certos traços da poesia futurista, como o tom exaltado e exclamativo, a negação do passado e a exaltação das máquinas. À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! [...] Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!

TOME NOTA!

▶ A palavra chave do movimento era “dinamismo” e procurou reunir visualmente: som, luz e movimento.

▶ Rejeita o moralismo e o passado, exalta a violência e propõe um novo tipo de beleza, baseado na velocidade.

Algumas obras futuristas

Dinamismo de um ciclista, Boccioni

Os construtores, Fernand Léger

Voo das andorinhas, G. Balla O futuro, Giacomo Balla

DADAÍSMO

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Tendência marcante na Suíça, 1916, o Dadaísmo foi um movimento cuja característica central era a contestação radical dos valores e convenções culturais, morais, estéticos, vigentes no início do século 20. É considerado o mais radical dos movimentos. Os grupos dadá pautavam suas manifestações artísticas pelo desejo da ruptura, da liberdade de criação e, não raro, do choque e do escândalo. Opõem-se à sociedade materialista, vista como fracassada por promover a guerra, e propõem ignorar o conhecimento até então acumulado pela humanidade. Uma postura nada incomum ao espírito geral das vanguardas, como se viu até aqui. Mas no caso dadaísta, isso era levado ao extremo. A começar pelo próprio nome do movimento. O termo dadá, que o origina, foi encontrado "por acaso", e não alude, exatamente, a nenhum elemento específico. É, antes de tudo, uma expressão que remete ao balbucio dos bebês, um som vocal que não remete a nada. Ou seja, o termo perfeito para designar um grupo cujos ideais artísticos passavam por provocar e trabalhar o nonsense, literalmente, o sem sentido. A expressão não possui nenhuma correlação lógica com o programa do grupo, daí a subversão, o aleatório como essência do Dadá. O poeta Tristan Tzara (1896-1963), autor do Manifesto Dadá, afirma, nesse documento, que instaura as premissas do movimento:

Dadá não significa nada. [...] O primeiro pensamento que volta a essas cabeças é de ordem bacteriológica: encontrar sua origem etimológica, histórica ou psicológica, pelo menos. Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda de uma vaca santa: DADÁ. O cubo é a mãe em uma certa região da Itália: DADÁ. Um cavalo de madeira, a ama de leite, uma dupla afirmação em russo e em romeno: DADÁ.

Leia, a seguir, a sugestão de Tristan Tzara para compor um poema dadá. Ela envolve amplos aspectos. Receita para fazer um poema Dadaísta Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. É importante aqui salientar que na produção desse poema que devemos estar atentos à concepção dadaísta de obra de arte: a ruptura total da lógica. Se produzirmos um poema seguindo esta “receita”, a produção seria com uma sintaxe possivelmente nada padrão, rompida e sem, portanto, um sentido linguístico imediato.

Essa prática seria dadaísta, primeiramente no sentido irônico, porque mesmo sabendo que provavelmente o poema resultante não será pessoal, nem fruto de escolhas conscientes do autor, diz que o texto "se parecerá com quem o elaborou". Atribui ainda o nonsense resultante à ignorância do vulgo, e não ao processo que, baseado na aleatoriedade, não resultará, provavelmente, em um texto que siga as normas correntes de produção da coerência. Num segundo momento, a prática é paradoxal, uma vez que ensina a produzir um texto, a trabalhar com palavras, prática que, usualmente, tem como meta primeira produzir um sentido, transmitir uma mensagem. Se bem sucedida, a receita de Tristan Tzara promove o exato oposto disso.

A estética dadaísta consagra como técnica de elaboração de produtos artísticos o ready-made. Marcel Duchamp (1887-1968), ao transformar qualquer objeto, selecionado ao acaso, em obra de arte, promoveu uma reflexão crítica sobre o sistema de criação e valoração da arte de seu período. Para Duchamp objetos utilitários, produtos seriais, sem qualquer peculiaridade, frutos da industrialização e supostamente

sem nenhum valor estético, são retirados de seus contextos originais e elevados à condição de obra de arte. Para tanto, basta que sejam alocados a um espaço institucional reconhecido como artístico, ou, simplesmente, assinados pelo artista. Essa é, a um só tempo, a receita e a definição do ready-made. Exemplo clássico desse processo poético é A fonte, de 1917. Trata-se de um mictório comum, que Duchamp posiciona invertido, nomina, assina e expõe entre outras obras de arte, realizadas por meio de processos, então, "mais convencionais". ⋆ Na verdade, o urinol de parede, que Duchamp intitulou de “Fonte” e assinou como sendo de R. Mutt, fabricado pela J. L. Motta Iron Works Company, nem chegou a ser exibido, porque foi censurado e a peça original, relegada, desapareceu. ⋆ Duchamp, a partir de 1940, embora dissesse que o artista não deve se repetir, mandou fazer várias réplicas desse urinol para vender a museus, e confeccionou uma caixa portátil com miniaturas de suas obras para vender também para museus e colecionadores.

http://www.epochtimes.com.br/um-urinol-de-marcel-duchamp-faz-quase-100-anos/#.U7LRT7GFFMw

Marcel Duchamp. A fonte. 1917. Ready-

made a partir de mictório em louça

assinado. Obra original desaparecida

Tristan Tzara, um dos idealizadores

do Dadaísmo, movimento que

negava o passado, o presente e o

futuro.

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Em 1919, ano que se lembrava os 400 anos da morte de Leonardo da Vinci (1452-1519) que Duchamp comprou a reprodução barata da Monalisa na Rue Rivoli e acrescentou um bigode e um cavanhaque. O nome da obra, L.H.O.O.Q se pronunciando letra por letra em francês (èl ache o o qu) tem a mesma sonoridade do que a frase Elle a chaud au cul, que literalmente quer dizer "Ela tem fogo no rabo". O ready made L.H.O.O.Q. aponta para as preocupações na obra de Duchamp envolvendo linguagens, ironia, trabalho mental e artes plásticas. Só mesmo os dadaístas...

L.H.O.O.Q., Marcel Duchamp

Observe esta obra de Raoul Hausmann. Esforçando-se para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usam, com frequência, métodos intencionalmente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, aproveitam pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos jogados fora. Também na literatura modernista essa técnica encontrou seguidores. Veja um exemplo brasileiro. Escrito no início do século 20, esse poema Os selvagens, assinado por Oswald de Andrade, integra o capítulo Pero Vaz de Caminha, de seu livro Pau Brasil. No entanto, esses versos nada mais são do que um recorte da carta do próprio Pero Vaz enviada a Portugal por ocasião do Descobrimento do Brasil. Observe as semelhanças e diferenças mais significativas entre o processo de elaboração de A fonte, de Marcel de Duchamp, e o poema "Os selvagens", de Oswald de Andrade. Ambos são ready-made, que se valem, para serem elaborados, da nova significação de elementos culturais, artísticos, ou não, previamente existentes. Os selvagens Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam por a mão E depois a tomaram como espantados. ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. p. 18.

Algumas obras dadaístas

Roda de bicicleta, Duchamp

Um ruído secreto, Duchamp

TOME NOTA!

▶ Caracteriza-se pelo desejo de destruir as formas de arte institucionalizadas.

▶ A orientação anarquista e niilista, bem como a falta de um programa de arte, não permitiu ao movimento longa duração.

SURREALISMO

O movimento surrealista procura, como afirma André Breton (1896-1966), em seu Manifesto do Surrealismo, de 1924, "resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma suprarrealidade". Essa busca é uma contrapartida à racionalidade extrema privilegiada pelo conhecimento e pela arte nos fins do século 19. O século 20 se abre para a sondagem psicológica, ao mundo onírico, ao irracional, ao inconsciente e passa a valorizar essa esfera irracional. A psicanálise e a obra de Sigmund Freud (1856-1939) passam a ser amplamente abordadas por artistas. A Primeira Grande Guerra era o estandarte da destruição humana por meio da técnica, para alguns. Notavelmente, o era aos olhos dos surrealistas. Fazia-se então necessário voltar o ser humano a suas raízes sonhadoras, negando processos criativos regrados e racionais. Na literatura, aparece a técnica da escrita automática. O automatismo dita que o autor, ao elaborar uma obra, não precisa e não deve usar a razão. A boa composição, de acordo com essa perspectiva poética e estética, advém do fluxo de imagens e palavras que brotam do inconsciente do artista. O primeiro livro com essa característica foi Os campos magnéticos, de André Breton, produzido em 1921. Nas artes visuais, Salvador Dalí estabeleceu relações aparentemente sem nenhum nexo lógico entre objetos e seres. É essa justaposição de objetos desconexos e as associações à primeira vista imprevisíveis que se destacam nas artes surrealistas.

Tatlin em casa, Hausmann

O som do amor, Chirico

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Os principais expoentes desse grupo foram Salvador Dalí, René Magritte e Joan Miró. No Brasil: algumas obras de Tarsila do Amaral. Temas comuns: inconsciente, ilogismo, absurdo, imagens surpreendentes, sonhos, etc.

Na literatura, o movimento valoriza um procedimento chamado escrita automática, que consiste no

extravasamento dos impulsos criadores do subconsciente, sem nenhum controle da razão ou do pensamento. Outras características surrealistas que encontramos na produção literária estão ligadas ao ilogismo, ao absurdo, às imagens surpreendentes e à atmosfera onírica (relativo ao sonho), como

muito bem ficam exemplificadas no seguinte poema de Murilo Mendes: Pré-história Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém! Caiu no álbum de retratos. No Manifesto do Surrealismo, André Breton ensina como usar o automatismo para fazer emergir o inconsciente. [...] Mandem trazer algo com que escrever, depois de se haverem estabelecido em um lugar tão favorável quanto possível à concentração do espírito sobre si mesmo. Ponham-se no estado mais passivo, ou receptivo que puderem. Façam abstração de seus gênios, de seus talentos e dos de todos os outros. Digam a si mesmos que a literatura é um dos: mais tristes caminhos que levam a tudo. Escrevam depressa, sem um assunto preconcebido, bastante depressa para não conterem e não serem tentados a reler. A primeira frase virá sozinha, tanto é verdade que a cada segundo é uma frase estrangeira ou estranha a nosso pensamento consciente que só pede para se exteriorizar.[...] O resultado desse processo é sempre um texto em que as relações lógicas não servem de apoio para o leitor, porque as imagens criadas não encontram equivalente no mundo conhecido. Privado das bases racionais de análise, não resta ao leitor outra saída a não ser entregar-se ao universo do sonho proposto pelo texto.

TOME NOTA!

▶ Há traços dessa vanguarda em algumas obras de Tarsila do Amaral, como na tela Abaporu.

▶ Influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa.

▶ Defende que a arte deve libertar-se das exigências da lógica e expressar o inconsciente e os sonhos.

Algumas obras surrealistas

Orfeu trovador cansado, Chirico

Os amantes, René Magritte

O sono e A tentação de santo Antônio, Dalí

EXPRESSIONISMO

Como o próprio nome sugere, essa corrente valorizava, acima de tudo, a expressão do mundo interior do artista, Nesse sentido, a arte partia da subjetividade do indivíduo para o exterior. A razão é objeto de descrédito. Não há preocupação com o belo ou feio. A realidade é horrível, necessidade de deformá-la. Torna-se forma de contestação. O Expressionismo nasceu na Alemanha, contrapondo-se ao Impressionismo francês. Os impressionistas viam as artes visuais como uma manifestação que deveria se valer da captação de imagens sensoriais imediatas. Os expressionistas, em

contrapartida, afirmavam que a arte, seja visual, seja literária ou cinematográfica, deveria emanar do artista para a realidade, ser basicamente fruto de sua expressão, sem filtros. Desse modo, o movimento expressionista caracterizou-se pelo uso de cores fortes, pinceladas vigorosas e formas distorcidas. O movimento, de grande representatividade na Alemanha, ocorreu também na França, onde recebeu o nome de Fauvismo.

Salvador Dalí, A persistência

da memória

O grito. 1893. Museu Nacional de Oslo. Essa tela de Edvard Munch transformou-se, em pouco tempo, em um verdadeiro marco para as artes plásticas e, principalmente, para o processo de ruptura artística do início do século 20.

Não pare de sonhar!

Literatura - Profª Waleska Gomide Panosso

Página 8

Edvard Munch (1863-1944), pintor norueguês, é uma das maiores referências do movimento expressionista. Seu quadro, O grito (1893), consagrou-se por conseguir expressar um novo e contundente modo de observar a realidade, as sensações de angústia, dor e desespero, vivenciadas por boa parte dos indivíduos que viviam a transição do século 19 para o 20. Observe o desespero do personagem retratado por Munch. Qual seriam as razões desse desespero? Elas estariam vinculadas ao momento histórico e cultural vivido pelo pintor? É importante ressaltar a opressão que o indivíduo diante das alterações do mundo à época de Munch. O clima que antecedia a Primeira Guerra Mundial, as mudanças sociais e econômicas que já se faziam sentir na Europa, o crescimento das cidades, a mecanização crescente, o ritmo moderno que se impunha e quebrava com modelos e expectativas de vida mais pacatos e estáveis à época são elementos que podem ser discutidos ao se observar esta obra de arte. Na literatura, o expressionismo apresenta linguagem fragmentada, frases nominais, despreocupação com rimas ou estrofes, combate à fome, à inércia do mundo burguês. Leia um fragmento do poema expressionista “O meu tempo”, do poeta alemão Wilhelm Klemm: Cantos e metrópoles, lavinas febris, terras descoradas, polos sem glória, Miséria, heróis e mulheres da escória, Sobrolhos espectrais, tumulto em carris. Soam ventoinhas em nuvens perdidas. Os livros são bruxas. Povos desconexos. A alma reduz-se a mínimos complexos. A arte está morta. As horas reduzidas. Artistas importantes: Edvard Munch. No Brasil: Lasar Segall, Cândido Portinari e Anita Malfatti.

Algumas obras surrealistas

O último dia, Edvard Munch Enterro na rede, Cândido Portinari

Pogrom, Lasar Segall O homem amarelo, Anita Malfatti

Tome nota!

▶ Pela deformação ou exagero das figuras, buscava a expressão dos sentimentos e emoções do autor.

▶ Anita Malfatti e Lasar Segall criaram muitas obras dentro das características dessa vanguarda.

▶ Preocupavam-se mais com as emoções do observador do que com a realidade externa.

▶ Não se importaram com as noções de belo ou feio.

▶ Caracteriza a arte criada sob o impacto do sofrimento humano. Durante e depois da Primeira Guerra, assumiu um caráter mais social e combativo, denunciando os horrores da guerra, as condições de vida desumanas das populações carentes, etc.

Anotações importantes!