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Variações na taxa de câmbio e o poder norte-americanocarta.fee.tche.br/wp-content/uploads/2013/10/carta2006.pdf · 2 Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6 125 130 135 140 145 150

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Índice da taxa de câmbio do dólar norte-americano — jan./73-dez./10

FONTE: Board of Governors of the Federal Reserve System.NOTA: US$/Cesta de Moedas, que inclui as moedas da Zona do Euro, do Canadá, do Japão, da Inglaterra, da Suíça, daAustrália e da Suécia; os índices têm como base mar./73 = 100.

ANO 20 Nº 6Junho de 2011

Variações na taxa de câmbio e o poder norte-americano

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SULSecretaria do Planejamento, Gestão e Participação CidadãFUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICASiegfried Emanuel Heuser

Pedro Fernando Cunha de Almeida (FEE/NEPE)

O mundo vive hoje sob o padrão monetário internacionaldenominado dólar flexível. Sua característica mais relevantediante dos padrões monetários internacionais anteriores —o padrão ouro-libra e o padrão ouro-dólar — é a de não serlastreado pelo ouro. Tal característica é importante, já que osdois últimos padrões citados se esgotaram justamente por-que Inglaterra e EUA perderam suas condições materiais paralastrear suas moedas com ouro, incorrendo em déficits emtransações correntes, sendo obrigados a desvalorizar suasmoedas.

Em 1971, os EUA desobrigaram-se do que haviam assu-mido em Bretton Woods, em 1944. Assim, o padrão ouro--dólar chegou ao seu fim. Disso resultou uma situação ondeimperavam a inflação crescente nos países desenvolvidos,os baixos níveis de expansão do Produto Interno Bruto e osintensos movimentos especulativos com as commodities (oschoques do petróleo de 1973 e de 1979).

Em 1979, diante disso, seguiram-se elevações unilateraisdas taxas norte-americanas de juros para patamares até entãoinéditos. Os Estados Unidos compreenderam, então, a forçadas elevações das taxas de juros norte-americanas para atraircapitais externos a partir da confiança emanada por sua dívi-da pública e, assim, valorizar o dólar. Compreenderam tam-bém que poderiam baixar as mesmas taxas e obter, com gran-de facilidade, a desvalorização de sua moeda.

Estava criado o padrão dólar flexível. Com ele, já nãoteriam mais sentido as recomendações de os Estados Unidosnão incorrerem em déficits correntes, que poderiam sugerirprejuízo na capacidade de lastreamento do dólar, já que issopassaria a ser feito não mais com ouro, mas com o próprio

dólar e com os títulos do Tesouro norte-americano, cujaemissão é controlada pelo Federal Reserve (FED). Alémdisso, não haveria mais problema em desvalorizar o dólar,em caso de queda na competitividade da economia dos EUA.

Como se verifica no gráfico, desde que se impôs o pa-drão dólar flexível, as cotações entre o dólar e seus princi-pais parceiros comerciais foram manipuladas em favor dasnecessidades internas da economia norte-americana. Porvezes, seguiu-se no caminho da valorização do dólar, queobjetivava impô-lo como a mais importante de todas asmoedas. Por vezes, o dólar foi desvalorizado como forma deobter vantagens competitivas para a produção empreen-dida no território estadunidense. Assim, não deixa de serirônica a torrente de reclamações dos diplomatas e econo-mistas dos EUA quanto à “manipulação injusta” da moedachinesa, a qual tem servido para a manutenção de um eleva-do crescimento da atividade econômica naquele país.

Atualmente, a necessidade de desvalorizar, em termosreais, as dívidas que pesam sobre os balanços do setorfinanceiro da economia e a fraca retomada da economia nor-te-americana têm servido como incentivo à emissão pura esimples, que vêm inundando o mercado mundial, reduzindoo valor real do dólar. Como contrapartida, o principal ativono balanço do FED são títulos do Tesouro dos EUA, emmontante que ultrapassa até mesmo as reservas chinesasem dólar. Como consequência, os preços dos diversos ati-vos financeiros têm-se mantido elevados, dando uma apa-rência de normalidade aos indicadores financeiros, emboraa crise iniciada em 2007 ainda esteja longe de esgotar seusefeitos.

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Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6

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Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

2009 2010FONTE: Sinduscon-RS.

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Legenda:

Índice de atividade da construção civil no RS — 2009 e 2010

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100120140160

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Capacidade de armazenagem e produção de grãos no Brasil — 2005-10

Capacidade Produção

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Conab.NOTA: Para o ano de 2010, os dados são preliminares.

Legenda:

(1 000 000t)

Brasil alcança limite da capacidade de armazenagem

Euforia na construção civilElvin M. Fauth (FEE/CEES)

Áurea Breitbach (FEE/CEES)

Nos últimos anos, o Brasil exibe colheitas cada vez maisabundantes. Os resultados recordes nas mais recentes sa-fras de grãos vêm agravando as dificuldades de movimenta-ção e armazenagem desses produtos. A falta e a inadequaçãode unidades armazenadoras têm provocado o aumento dasperdas pós-colheitas. Isso pode induzir à queda nos preçosrecebidos pelo produtor, devido à necessidade de imediatacomercialização, impedindo a obtenção de maiores ganhoscom a entressafra.

No gráfico comparativo entre a produção e a capacidadeestática de armazenagem no Brasil para as últimas seis safrasde grãos (arroz, milho, feijão, soja, sorgo e trigo), os dadosrevelam uma tênue diferença entre os volumes produzidos e

a capacidade de estocagem, apontando um provável esgota-mento da capacidade de armazenagem.

Outro fator não menos importante, dado o crescimento daprodução de mercadorias não tradicionais (transgênicos ounovos grãos, como canola, milheto, triticale), refere-se à neces-sidade imediata de separação e estocagem desses produtos emarmazéns específicos, ainda não convenientemente construídos.Cabe lembrar que o Brasil ocupa o segundo lugar em área culti-vada (25 milhões de hectares) com organismos geneticamentemodificados, atrás somente dos EUA (67 milhões de hectares),segundo o Serviço Internacional Para Aquisição de AplicaçõesAgrobiotecnológicas (ISAAA).

A expansão da indústria da construção civil no RS vemmantendo-se de forma bastante nítida. A abundância de fi-nanciamentos com prazos e juros atrativos e a ampliação dasclasses médias integradas ao mercado habitacional são ospilares desse novo cenário. O Programa Minha Casa MinhaVida, implementado a partir de 2009, tem sido decisivo nessesentido. Seus recursos destinam-se a famílias com renda deaté 10 salários mínimos, o que se reflete na predominância dacomercialização de apartamentos de dois dormitórios.

Cabe salientar, ainda, como fator de expansão do setor,os investimentos do PAC, que dizem respeito a adequaçõese melhoramentos na infraestrutura do País. É sabido que asáreas de logística, transportes, energia e comunicações care-cem de grandes investimentos, tanto no RS como em outros

estados, se mais não fosse, pelo menos por conta da Copa doMundo de Futebol em 2014. No RS em particular, há que sesalientar a importância das obras relacionadas ao polo naval deRio Grande.

Assim, são muito alvissareiras as perspectivas da constru-ção civil. Esse clima positivo, entretanto, poderá esbarrar noproblema da carência de mão de obra qualificada, já identificadacomo uma das maiores preocupações dos empresários do se-tor.

Por outro lado, dado o ritmo intenso de crescimento dasedificações nas médias e grandes cidades, é compreensível quea disponibilidade de terrenos diminua. Em consequência, é dese esperar uma elevação de preços dos imóveis de maior quali-dade.

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Carta de C

onjuntura - A

no 20 nº 6

ECONOMIA BRASILEIRA

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Índice (base jan./01 = 100)

Taxa de Variação

(7)

TAXA EFETIVA DE CÂMBIO (5) (Bacen)

TAXAS BÁSICAS DE

JUROS AO ANO (%)

(Bacen)

MESES E

ANOS

Variáveis macroeconômicas selecionadas — dez./00-abr./11

(continua)

Taxa de Variação

(8)

Índice (base fixa jun./1994 = 100)

TAXA DE

INVESTIMENTO (2) (% do PIB)

(IBGE)

TAXAS ANUAIS DE

CRESCI- MENTO DO

PIB (1) (IBGE)

TAXA MÉDIA DE

DESEMPREGO ABERTO (3) (% da PEA)

(IBGE)

SALÁRIOS REAIS NA INDÚSTRIA (IBGE)

TAXAS ANUAIS DE VARIAÇÃO

DO ÍNDICE DE PREÇOS (4)

(IPCA/IBGE)

BASE MONETÁRIA

(saldo em R$ milhões correntes) (Bacen)

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ECONOMIA BRASILEIRA

Carta de C

onjuntura - A

no 20 nº 6

4

FONTE: IPEA. IBGE. Bacen. DIEESE. FGV. IBRE. Macrométrica.(1) Variação percentual acumulada em quatro trimestres. (2) Taxa de investimento acumulada em quatro trimestres. Quociente entre a Formação Bruta de Capital Fixo e o PIB, ambos a preçoscorrentes. (3) Pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exerceram nenhum trabalho. (4) Variação percentual em relação aomesmo mês do ano anterior. (5) R$/cesta de 15 moedas: EUA, Japão, Argentina, China, Países Baixos, Alemanha, México, Itália, Chile, Rússia, Reino Unido, França, Bélgica, Espanha, Coreia doSul. (6) Valor dos últimos 12 meses. (7) Variação percentual acumulada em 12 meses. (8) Variação percentual em relação ao mês anterior. (9) Taxa mensal.

Dez./00 -3,56 48,8 92,66 6,6 - 82,7 14,7 13,8 -3,76 5,08 -1,33 33 011 236 156Dez./01 -3,67 52,6 86,69 1,6 -10,7 80,2 5,7 0,1 -4,19 4,06 0,14 35 866 226 067Dez./02 -3,96 55,5 93,75 2,7 -9,9 80,9 3,7 -15,4 -1,51 3,29 -1,78 37 823 227 689Dez./03 -4,37 57,2 98,23 0,4 -6,9 81,9 21,1 2,3 0,75 1,83 -2,59 49 296 235 414Dez./04 -4,59 51,7 106,41 8,3 -6,6 84,4 32,0 30,0 1,76 2,73 -4,49 52 935 220 182Dez./05 -4,83 46,5 109,34 3,1 -5,1 83,7 22,6 17,2 1,58 1,71 -3,29 53 799 187 987Dez./06 -3,88 44,0 109,65 2,8 -8,1 84,4 16,2 24,1 1,27 1,76 -3,03 85 839 199 372Dez./07 -3,97 42,8 116,58 6,0 -8,4 86,7 16,8 32,1 0,11 2,53 -2,64 180 334 240 495Dez./08 -3,68 38,5 99,40 3,1 -15,3 80,6 23,2 43,5 -1,71 2,73 -1,02 193 783 262 910Abr./09 -2,55 41,4 106,45 -3,9 -3,9 77.6 13,0 19,5 -1,31 2,74 -1,42 190 546 262 113Maio/09 -2,29 42,6 114,15 -5,0 6,4 78,7 5,1 10,7 -1,40 2,86 -1,46 195 264 264 694Jun./09 -1,96 43,3 115,42 -6,5 1,4 79,0 -0,5 1,7 -1,27 2,81 -1,54 201 467 270 107Jul./09 -1,70 44,0 122,93 -8,1 6,0 79,8 -7,3 -6,4 -1,23 2,68 -1,45 207 363 270 107Ago./09 -1,54 44,0 125,56 -8,8 1,6 81,6 -12,7 -14,0 -1,21 2,48 -1,27 215 744 277 205Set./09 -1,13 43,5 125,89 -10,2 -0,9 82,8 -18,5 -20,2 -1,17 2,14 -0,97 221 629 282 107Out./09 -0,97 43,4 134,02 -10,6 4,6 83,7 -21,9 -25,2 -1,27 1,95 -0,69 231 123 278 426Nov./09 -1,41 43,1 128,60 -9,7 -4,0 84,5 -23,2 -26,3 -1,39 1,87 -0,48 236 660 283 644Dez./09 -2,05 42,8 118,28 -7,4 -5,9 84,2 -22,7 -26,2 -1,52 1,62 -0,10 238 520 277 563Jan./10 -2,31 41,6 113,77 -5,0 -2,4 82,1 -20,5 -24,7 -1,52 1,48 0,05 240 484 279 083Fev./10 -2,20 42,1 112,24 -2,6 -0,9 83,1 -17,8 -20,4 -1,61 1,47 0,14 241 082 281 728Mar./10 -1,92 42,0 133,46 -0,3 14,5 83,5 -15,4 -16,6 -1,73 1,44 0,29 243 762 293 005Abr./10 -2,14 41,8 124,88 2,3 -6,7 84,5 -13,1 -11,5 -1,91 1,32 0,59 247 292 290 690Maio/10 -2,16 41,4 131,05 4,5 3,0 84,6 -6,5 -5,0 -1,87 1,34 0,53 249 846 299 291Jun./10 -2,06 41,1 128,15 6,5 -2,0 85,1 -2,8 2,1 -2,05 1,27 0,78 253 114 309 566Jul./10 -2,01 41,4 133,66 8,3 4,0 85,0 2,8 9,8 -2,15 1,31 0,84 257 299 316 688Ago./10 -1,98 41,8 136,40 9,8 0,9 85,4 9,8 19,5 -2,23 1,32 0,91 261 320 318 613Set./10 -2,90 40,3 134,31 11,3 -1,7 85,9 17,1 27,7 -2,29 1,49 0,81 275 206 333 199Out./10 -2,75 40,0 136,58 11,8 0,8 86,4 23,3 35,1 -2,32 1,73 0,59 284 930 343 784Nov./10 -2,49 39,8 135,50 11,8 -0,4 86,1 28,3 40,5 -2,38 1,83 0,56 285 461 338 155Dez./10 -2,77 40,2 121,23 10,5 -8,3 85,3 32,0 42,2 -2,27 2,32 -0,05 288 575 351 941Jan./11 -2,79 39,8 116,62 9,4 -1,8 83,1 33,2 43,5 -2,32 2,40 -0,08 297 696 357 174Fev./11 -2,89 39,9 120,39 8,7 3,5 83,7 33,9 42,0 -2,31 2,61 -0,29 307 516 369 816Mar./11 -3,23 39,9 130,61 6,8 5,9 83,5 32,8 38,8 -2,33 2,81 -0,48 317 146 378 740Abr./11 - - - - - 84,0 33,6 36,8 -2,25 2,93 -0,68 328 062 385 224

NECESSIDADES PRIMÁRIAS DE

FINANCIAMENTO DO SETOR

PÚBLICO (6) (% do PIB)

(Bacen)

Taxas de Crescimento (IBGE) Dívida

Externa Total (US$

milhões correntes)

Variáveis macroeconômicas selecionadas — dez./00-abr./11

Reservas Externas (conceito

de liquidez internacional) (US$ milhões)

(Bacen)

% do PIB (Bacen)

Transações correntes não cobertas por

investimentos diretos (6)

Transações correntes

(6)

Investi- mentos diretos

(6) Importa-

ções (7)

SETOR EXTERNOINDÚSTRIA

Taxas de Crescimento

(Secex) MESES E

ANOS

Utilização da

Capacidade Instalada

(%) (IBRE)

(9)

Exporta- ções (7)

Índice da Produção

Física (base 2002 = 100)

(IBGE)

DÍVIDA LÍQUIDA

TOTAL DO SETOR

PÚBLICO (% do PIB)

(Bacen)

Produtividade física da indústria

(8)

Produ- ção

física (7)

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5

Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6

ECONOMIA DO RS

Dez./08 2,7 81,68 82,90 102,35 508,2 368,8 131,1 1 165,8 98,18 98,33

Jan./09 - 81,61 79,33 79,33 651,5 304,8 194,6 1 314,0 98,69 98,57

Fev./09 - 84,17 79,51 79,42 531,3 264,6 129,3 1 084,4 99,27 98,95

Mar./09 - 101,90 90,02 83,15 513,9 276,8 132,5 1 081,7 99,61 99,10

Abr./09 - 104,50 86,42 84,04 666,3 303,1 119,0 1 246,4 100,00 100,00

Maio/09 - 105,32 91,89 85,66 631,7 284,8 137,8 1 214,6 100,44 100,65

Jun./09 - 104,70 90,50 86,49 554,0 287,5 156,6 1 156,8 100,86 100,78

Jul./09 - 110,02 92,35 87,37 552,8 283,0 149,5 1 139,1 100,83 100,90

Ago./09 - 108,30 94,28 88,25 585,2 295,7 148,0 1 182,5 100,51 100,93

Set./09 - 105,30 90,67 88,52 588,3 293,8 156,1 1 200,3 100,86 101,19

Out./09 - 111,67 94,33 89,12 638,2 300,7 129,5 1 232,1 101,90 101,34

Nov./09 - 108,03 108,93 90,71 710,8 319,9 142,4 1 326,3 101,58 101,94

Dez./09 -0,8 102,25 125,18 92,84 686,4 323,5 133,2 1 353,5 101,06 101,97

Jan./10 - 97,73 119,76 119,76 770,3 356,8 185,6 1 487,6 101,58 102,54

Fev./10 - 93,34 110,89 115,25 598,5 269,2 118,0 1 096,3 102,41 103,29

Mar./10 - 118,16 115,96 115,52 616,6 381,7 138,3 1 359,6 103,62 104,12

Abr./10 - 113,37 108,49 113,55 810,1 379,8 135,2 1 477,6 104,28 104,70

Maio/10 - 111,61 105,97 111,88 747,1 350,0 145,1 1 396,1 104,57 104,77

Jun./10 - 112,66 107,60 111,11 681,1 333,8 158,7 1 343,4 104,29 104,61

Jul./10 - 119,59 108,70 110,72 713,3 350,0 157,4 1 388,5 104,78 104,80

Ago./10 - 114,06 105,32 109,99 759,8 366,9 172,6 1 515,7 104,96 105,05

Set./10 - 105,11 99,82 108,81 753,9 358,8 163,4 1 457,5 105,19 105,25

Out./10 - 107,72 96,46 107,46 760,8 355,9 147,5 1 423,4 105,99 105,91

Nov./10 - 116,04 107,42 107,45 786,6 398,5 153,6 1 508,2 106,49 106,61

Dez./10 7,8 101,68 99,45 106,79 877,8 339,2 156,4 1 551,1 107,04 107,21

Jan./11 - 94,11 96,30 96,30 838,2 363,0 229,9 1 611,1 107,80 107,71

Fev./11 - 100,59 107,77 101,90 688,7 368,5 149,9 1 378,3 108,71 108,61

Mar./11 - 119,18 100,86 101,51 714,7 371,2 135,0 1 397,4 109,65 109,42

Abr./11 - - - - 836,2 439,7 140,1 1 585,6 111,36 110,56

Industrial

PIB (1)

ICMS (R$ milhões)

Total Comércio Varejista

(continua)

Comércio Atacadista

Variáveis selecionadas — dez./08-abr./11

ÍNDICES DE PREÇOS(2)

IPCA POA (IBGE)

MESES E

ANOS IPC(IEPE)

Base Fixa (5)

Mês (6)

PRODUÇÃO FÍSICA NA INDÚSTRIA

Acumulado no Ano

(7)

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6

Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6

ECONOMIA DO RS

FONTE: FEE. IBGE. MICT. PED-RMPA. Secretaria da Fazenda-RS. IEPE. Sinduscon. Ministério do Trabalho e Emprego.(1) Refere-se à taxa anual. (2) Base: abr./09 = 100. (3) Inflator utilizado: IPC-IEPE; valores em reais de mar./11. (4) Refere-se à soma do consumode energia elétrica divulgado pelas três principais operadoras do Estado (RGE, AES-SUL e CEEE). (5) Base: média de 2002 = 100. (6) Base: igualmês do ano anterior = 100. (7) Base: igual período do ano anterior = 100. (8) Exclusive os assalariados e os empregados domésticosassalariados que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os trabalhadores que ganhamexclusivamente em espécie ou benefício. (9) Exclusive os assalariados que não tiveram remuneração no mês e os empregados domésticos.

Dez./08 -27 678 7,4 9,8 1 294 1 290 504 271 1 821 798 1 211 405

Jan./09 2 798 7,6 10,0 1 306 1 288 370 254 1 838 172 704 515

Fev./09 747 7,8 10,4 1 329 1 313 451 763 1 869 565 876 189

Mar./09 4 734 9,0 11,7 1 339 1 338 484 699 1 925 556 883 952

Abr./09 2 935 9,7 12,1 1 320 1 334 518 975 1 878 610 1 057 070

Maio/09 -4 076 10,1 12,6 1 297 1 310 516 215 1 733 588 1 302 929

Jun./09 -1 394 9,5 12,0 1 323 1 311 521 982 1 691 489 1 879 368

Jul./09 -481 9,2 12,0 1 338 1 331 523 211 1 715 453 1 506 217

Ago./09 10 983 8,8 11,6 1 348 1 325 535 211 1 732 263 1 423 938

Set./09 14 385 8,4 11,3 1 333 1 330 537 056 1 706 000 1 405 196

Out./09 19 596 8,1 10,4 1 363 1 350 545 937 1 709 505 1 432 869

Nov./09 25 723 7,9 10,0 1 335 1 331 531 690 1 751 336 932 123

Dez./09 -11 724 7,4 9,4 1 350 1 354 563 694 1 877 984 1 831 696

Jan./10 18 877 7,3 9,7 1 321 1 317 461 302 1 959 713 838 307

Fev./10 19 718 7,3 9,6 1 356 1 340 538 312 2 034 351 875 005

Mar./10 28 254 7,7 9,8 1 365 1 335 569 857 2 089 614 1 013 270

Abr./10 20 429 7,8 9,6 1 361 1 335 582 585 1 963 257 1 352 478

Maio/10 9 511 7,7 9,6 1 348 1 332 585 325 1 824 913 1 570 957

Jun./10 7 865 7,5 9,5 1 360 1 336 586 363 1 801 932 1 490 528

Jul./10 9 669 7,1 8,9 1 384 1 361 585 557 1 835 915 1 574 764

Ago./10 15 675 7,1 8,7 1 405 1 390 575 378 1 826 812 1 374 519

Set./10 11 139 7,0 8,5 1 403 1 384 539 893 1 736 628 1 438 940

Out./10 18 592 6,8 8,2 1 396 1 374 543 036 1 741 257 1 425 566

Nov./10 21 729 6,2 7,7 1 405 1 366 537 905 1 798 455 1 152 517

Dez./10 -18 194 5,8 7,2 1 398 1 379 556 109 2 027 242 1 275 596

Jan./11 17 232 5,9 7,3 1 417 1 397 454 149 2 127 375 1 122 210

Fev./11 20 380 6,1 7,3 1 400 1 394 522 871 2 165 405 1 166 522

Mar./11 19 472 6,3 7,4 1 395 1 367 557 319 2 093 523 1 512 864

Abr./11 16 997 6,4 7,4 - - - - 1 458 972

SALDO DE ADMISSÕES E

DESLIGAMENTOS COM CARTEIRA Assalariados

(9)

RENDIMENTOS NA RMPA (3)

DESEMPREGO NA RMPA

Taxa de Desemprego Ocupados (8)

Industrial

CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA (4)

(mwh)

Total Aberto Total

Variáveis selecionadas — dez./08-abr./11

EXPORTAÇÕES VALOR

(1 000 US$ FOB)

MESES E

ANOS

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Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6

0200400600800

1 0001 2001 4001 6001 8002 0002 200

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Valor das exportações de calçados do Rio Grande do Sul e dos demais estados do Brasil — 2000-10

RS Demais estados

FONTE: MDIC.

(US$ milhões)

Legenda:

A expansão do Programa Bolsa Família no RS

O declínio do setor calçadista gaúcho

Isabel Rückert (FEE/CEES)

Martinho Lazzari (FEE/CIE)

Desde sua criação em 2004, o Programa Bolsa Família(PBF), principal programa de transferência de renda do Go-verno Federal, vem ampliando o número de seus beneficiá-rios, tem cumprido com o seu objetivo de reduzir asvulnerabilidades associadas à situação de pobreza e tem con-tribuído para a redução das desigualdades sociais. O PBF édestinado às famílias com renda per capita mensal de atéR$ 140,00 que estão cadastradas no Cadastro Único para Pro-gramas Sociais do Governo Federal. Essas recebem benefí-cios (reajustados em abril deste ano) que variam de R$ 32,00 aR$ 242,00, de acordo com a existência de gestante, nutriz,crianças e adolescentes entre 16 e 17 anos de idade.

O recebimento do benefício está sujeito ao cumprimentode condicionalidades na área de educação (frequência esco-lar) e saúde (vacinas e pré-natal), tendo como objetivo ampliar

o acesso dos cidadãos aos seus direitos básicos nessasáreas.

No RS, o número de famílias beneficiárias subiu de 291.000em 2004 para 445.000 em 2011 (até março). Em termos relativos,houve uma pequena queda da participação do Estado no totaldo País. O volume de recursos transferidos pelo PBF às famí-lias gaúchas aumentou de R$ 376 milhões em 2004 para R$ 512milhões em 2010, representando, neste último ano, 0,2% doPIB do RS. Considerando a população do Estado de 10.695 mil(Censo 2010) e uma média de três pessoas por domicílio, tem--se que 12,5% desse total são beneficiárias do PBF. No País,estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas (26% do total)sejam atendidas pelo Programa, a maior parcela delas na Re-gião Nordeste, onde se encontram aquelas em situações maisvulneráveis.

Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE, osetor calçadista gaúcho representava, em 2000, 10,6% do va-lor da transformação industrial do Estado. Em 2008, essa par-ticipação caiu para 5,6%. A redução do tamanho do setorseguiu-se à queda nas exportações. Os Estados Unidos sem-pre foram o principal comprador dos calçados gaúchos. Aolongo dos anos, entretanto, o menor preço do calçado chinêsfez com que as vendas do Estado para aquele mercadocaíssem significativamente. De US$ 931,7 milhões em 2000, asexportações do RS para os EUA caíram para US$ 181,0 mi-lhões em 2010. À perda de competitividade em função dosmenores custos de mão de obra dos chineses somaram-se asdecorrentes da valorização cambial. Entre 2003 e 2010, a taxa

de câmbio real/dólar caiu 42,8%; no mesmo período, o valordas exportações gaúchas de calçados reduziu 29,8%.

Parte das perdas com o mercado norte-americano foi com-pensada pelo aumento das exportações para outros merca-dos, notadamente União Europeia e Mercosul. Em 2010, essesdois mercados já respondiam por 56,4% das vendas do Esta-do. Outra providência adotada pelos empresários foi transfe-rir a produção — total ou parcialmente — para estados daRegião Nordeste, de mão de obra mais barata. O resultado foia perda de participação do Rio Grande do Sul na produção (de56,8% 2000 para 33,5% em 2008) e nas exportações nacionais(de 81,1% em 2000 para 50,6% em 2010).

Número de famílias beneficiadas e valor acumulado anual das transferências do Programa Bolsa Família para o Brasil e para o Rio Grande do Sul — 2004/11

ANOS BRASIL RS RS/BR (%)

Famílias Beneficiadas

Valor ao Ano (R$ 1 000)

Famílias Beneficiadas

Valor ao Ano (R$ 1 000)

Famílias Beneficiadas Valor ao Ano

2004 6 571 842 9 829 015 290 663 376 029 4,42 3,83 2005 8 700 451 10 727 467 348 138 436 571 4,58 4,07 2006 10 965 810 11 663 763 436 169 450 484 3,98 3,86 2007 10 891 898 12 299 313 410 540 448 145 3,77 3,64 2008 10 491 827 12 913 040 363 469 435 647 3,46 3,37 2009 12 370 915 13 857 517 462 966 473 352 3,74 3,42 2010 12 778 220 15 224 431 453 761 512 869 3,55 3,37

2011(1) 12 944 676 3 702 089 444 983 122 715 3,44 3,31 FONTE: Portal da Transparência: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. NOTA: Os valores foram inflacionados pelo IPCA médio a preços de abr./11. (1) Dados até março.

Page 8: Variações na taxa de câmbio e o poder norte-americanocarta.fee.tche.br/wp-content/uploads/2013/10/carta2006.pdf · 2 Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6 125 130 135 140 145 150

8

Carta de Conjuntura - Ano 20 nº 6

-8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0

De 0 a 4 anosDe 5 a 9 anos

De 10 a 14 anosDe 15 a 19 anosDe 20 a 24 anosDe 25 a 29 anosDe 30 a 34 anosDe 35 a 39 anosDe 40 a 44 anosDe 45 a 49 anosDe 50 a 54 anosDe 55 a 59 anosDe 60 a 64 anosDe 65 a 69 anosDe 70 a 74 anosDe 75 a 79 anos80 anos e mais

Homens Mulheres

FONTE: IBGE.

Distribuição etária da população do Rio Grande do Sul — 1970

(%)

Tiragem: 250 exemplares. Conselho Editorial da Carta: André LuisContri (Editor-chefe), André Luis Forti Scherer,Cecilia Rutkoski Hoff, Fernando Maccari Lara,Renato Antônio Dal Maso e Roberto da SilvaWiltgen.

Núcleo de Dados: Rafael Bernardini Santos(coordenação) e Ana Maria de Oliveira Feijó.

Editoração: Susana Kerschner e Maria InaciaFlôr Reinaldo (revisão), Rejane Maria Bon-danza Lopes e Ezequiel Dias de Oliveira(diagramação).

Presidente: Adalmir Antonio MarquettiDiretor Técnico: André Luis Forti SchererDiretor Administrativo: Roberto Pereira da Rocha

Marilene Dias Bandeira (FEE/CIE)CARTA DE CONJUNTURA FEE (elaborada com informações até 27.05.11).ISSN 1517-7262A Carta de Conjuntura FEE é uma publicação mensal de responsabilidade dos editorialistas. As opiniões não exprimem um posicionamento oficial da FEE ou daSecretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã.

Censo Demográfico confirma envelhecimentoda população

De acordo com os dados da Sinopse do CensoDemográfico 2010, o processo de envelhecimento continuana população gaúcha. Nesse processo, destaca-se a mudançana estrutura etária, o que acarreta uma ampliação do pesorelativo da população acima de determinada idade, considera-da como definidora do início da velhice. De fato, a compara-ção entre as pirâmides etárias do Rio Grande do Sul, nos anosde 1970 e 2010, indica que há uma participação menor de crian-ças e jovens e uma proporção crescente de adultos e idosos.Essa mudança na estrutura etária é decorrência, principalmen-te, da queda da fecundidade, que iniciou em torno dos anos70. Em uma escala menor, o aumento da expectativa de vidatambém afeta o grau de envelhecimento. A pirâmide etária,que, notadamente, tem a sua base estreitada e sua parte supe-rior ampliada no período considerado, está, consequentemente,perdendo a forma tradicional de pirâmide e assumindo um for-mato mais retangular.

No período 1970-2010, a população do RS de 60 anos emais aumentou em mais de um milhão de pessoas, passandode 384.502 para 1.459.597, sendo a participação relativa de5,5% e 13,6%, respectivamente, nos dois períodos. O RSpossui o maior percentual de pessoas de 65 anos ou mais(9,3%) entre os estados brasileiros. Esse percentual aumen-tou bastante nas últimas décadas, pois era de apenas 3,7% em1970, representando, atualmente, um total de 994.613 pessoas.O número de pessoas que ultrapassou o octogésimo aniver-

sário também é significativo: 201.901 pessoas, quase 2% dapopulação gaúcha, sendo que o número de mulheres é prati-camente o dobro do número de homens nessa faixa etária: há50,5 homens para cada 100 mulheres. Em relação aos 1.039gaúchos com idade de 100 anos ou mais, cerca de 75,0% sãomulheres. Entretanto o maior desequilíbrio entre os sexos, coma predominância do número de mulheres, começa a partir dafaixa etária de 25 a 29 anos, devido, principalmente, às mortespor causas violentas que ocorrem entre os homens jovens.Antes dessa faixa etária, há um leve domínio de pessoas dosexo masculino, atingindo o valor máximo de 104 homens paracada 100 mulheres na faixa etária de 5 a 9 anos.

Outro indicador que, tradicionalmente, demonstra o en-velhecimento populacional é a razão de dependência dos ido-sos, que relaciona a população idosa (60 anos e mais) e aquelapotencialmente ativa (de 15 a 59 anos). Em 1970, havia, noEstado, 10,5 idosos para cada 100 pessoas potencialmenteativas, aumentando para 20,8 em 2010. Por outro lado, a razãode dependência dos jovens (população menor de 15 anos)caiu de 70,8 em 1970 para 31,8 pessoas menores de 15 anospara cada 100 potencialmente ativas em 2010. O Estado aindaestá aproveitando o chamado bônus demográfico, fenômenocaracterizado pelo fato de a força de trabalho ser muito maiorque a população dependente. Esse momento favorável nãodeve se estender por muitas décadas mais.

Fundação de Economia e Estatística SiegfriedEmanuel HeuserRua Duque de Caxias, 1691 - Porto AlegreCEP 90010-283E-mail: [email protected]

-8,0 -3,0 2,0 7,0

De 0 a 4 anosDe 5 a 9 anos

De 10 a 14 anosDe 15 a 19 anosDe 20 a 24 anosDe 25 a 29 anosDe 30 a 34 anosDe 35 a 39 anosDe 40 a 44 anosDe 45 a 49 anosDe 50 a 54 anosDe 55 a 59 anosDe 60 a 64 anosDe 65 a 69 anosDe 70 a 74 anosDe 75 a 79 anos80 anos e mais

Homens Mulheres

FONTE: IBGE.

Distribuição etária da população do Rio Grande do Sul — 2010

(%)

8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,08,0 3,0 0,0 2,0 7,0