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VAZIOS O ESPAÇO HABITÁVEL ENTRE AS COISAS São Paulo 2013 Universidade de São Paulo Faculdade de arquitetura e urbanismo Sarah Daher Kobata Felippe Orientadora: Ana Claudia Castilho Barone Trabalho Final de Graduação

Vazios. O Espaço Habitável Entre As Coisas

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VAZIOSo espaço habitável entre as coisas

São Paulo2013

Universidade de São Paulo Faculdade de arquitetura e urbanismo

Sarah Daher Kobata FelippeOrientadora: Ana Claudia Castilho Barone

Trabalho Final de Graduação

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à família,aos professores,

aos amigos,aos amores.

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O TFG nada mais é do que uma pequena amostra do amadurecimento acadê-

mico de um estudante depois de cinco, ou mais, anos de estudo. E esse amadureci-mento não se forma exclusivamente com aulas e trabalhos acadêmicos; ele é impos-sível sem as conversas despretensiosas nos corredores da faculdade, sem as discussões acaloradas em assembleias, sem as festas que reúnem os mais diversos grupos, sem os intervalos para o café, sem os momen-tos de ócio nos gramados. Assistir às aulas desse curso é uma grande oportunidade, mas ter aprendido fora delas foi ainda mais essencial. Por isso, agradeço a todos que, dentro ou fora das salas, contribuíram, cada um a sua maneira, com a minha formação. Na impossibilidade de citar nome a nome, finalizo agradecendo a todos os amigos com quem pude trocar e ainda troco ideias, divido sonhos e compartilho lutas.

Pela colaboração no desenvolvimento deste trabalho, meus agradecimentos especiais:

a minha mãe, pela paciência de conviver com nossa casa de pernas para o ar durante

AGRADECIMENTOS

todo o ano do TFG e por apoiar incondicio-nalmente minha educação.

a professora Ana Barone, por aceitar a em-preitada de me orientar, firmando meus pés no chão toda vez que decidia trilhar cami-nhos longos demais para percorrer.

a Renan Rodrigues e Rafaella Basile, com quem sempre pude conversar abertamente sobre meus projetos para a cidade e, neste trabalho, souberam ouvir e dar conselhos essenciais a elaboração desses projetos.

a Max Heringer, por ter originado o tema deste trabalho e pelas conversas que sempre me estimulam a questionar o que conheço.

a Leila Anjos, por dividir comigo sonhos, e ter me ajudado a reservar na biblioteca quase um terço da bibliografia utilizada neste trabalho.

a Regiane Guzzon, sem a qual a realização desse caderno seria impossível e com quem eu compartilhei nesse último ano meus maiores momentos de alegria.

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Muito já se discute sobre a existência, significados e potencialidades dos

vazios das cidades, os espaços residuais gerados pelo abandono, intencional ou não, de porções do território, em sua maioria lotes, e que constituem uma reserva de terras para as mais inúmeras e inusitadas apropriações.

Este trabalho categoriza outro tipo de vazio, o vazio das fronteiras.

Os vazios das fronteiras não são meramen-te metragens de terra abandonadas pelo governo ou iniciativa privada, mas espaços sem qualidade urbana não necessariamente quantificáveis. Esses vazios ocorrem nos interstícios entre terrenos e objetos. São vazios que delimitam o externo-interno, direita-esquerda, acima-abaixo, e que não articulam de maneira harmônica objetos adjacentes, facilitando, assim, o antagonis-mo entre as partes.

A forma como desenhamos nossas cidades, a partir da demarcação de limites, cria uma morfologia de espaços ensimesmados e pouco ou nada integrados com seus vizi-nhos. O potencial do desenho do interstício está na articulação entre o fim de um traço e começo de outro.

Este trabalho sugere que as potencialidades dos interstícios são múltiplas e incertas e, por isso, devem ser investigadas por meio de exercícios diversos de desenho dos espa-ços residuais da cidade, buscando formas não padronizadas que acomodem usos diferentes.

O objetivo está em encontrar formas para esses interstícios que possam se concretizar tanto com intervenções maiores, em termos de volume construído, quanto com soluções simples a partir de pequenas mudanças do ambiente edificado.

INTRODUÇÃO

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VAZIOS

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Debate biblioGráFico

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Já está em curso um aprofundamento no debate sobre os vazios existentes nos

centros urbanos, cujo tema é amparado pela publicação de um número cada vez maior de títulos. A bibliografia clássica do planeja-mento urbano brasileiro1 aborda o tema so-bre os vazios urbanos relacionando-os com a especulação imobiliária, processo pelo qual os proprietários de terra ganham renda imobiliária estocando terrenos à espera de valorização. Os anos recentes mostram a variedade de rumos que o estudo dos vazios nas cidades tomou entre pesquisadores.

No exterior, um exemplo recente é o livro The Landscape Urbanism Reader (2006), organizado por Charles Waldheim, e que, a partir do contexto de desindustrialização das cidades norte-americanas, traz uma coletânea de artigos que debatem a impor-tância do desenho paisagístico das áreas abandonada das cidades como um propul-sor de ativação dos espaços públicos.

No Brasil, o debate sobre os espaços vazios não é homogêneo, e este trabalho destaca as atividades do arquiteto paulista Igor Guatelli, do coletivo mineiro Lotes Vagos e do escri-tório, também de Minas Gerais, Vazio S/A.

O arquiteto paulista qualifica a potencia-lidade dos vazios como espaços públicos capazes de promover, no território, ações

imprevisíveis e, por isso, desejáveis na opi-nião do autor. O livro Baixios do Viaduto do Café. Academia Cora-Garrido (2008) aborda o tema citando o exemplo de ocu-pação do vazio público sob o Viaduto do Café por uma academia de boxe. A partir de um posicionamento teórico presente em sua tese de doutorado, e publicada no livro Arquitetura do Entre-Lugares (2012), foi desenvolvido para a academia um projeto cujo mote era realçar, por meio de uma nova forma arquitetura, a multiplicidade de programas que os espaços urbanos devem ter e, assim, potencializar a ocupação do mesmo pelas pessoas.

Em Minas Gerais, o debate sobre os vazios está presente também na publicação Espaços Colaterais (2008), que apresenta diversas práticas de escritórios e escolas de arquitetu-ra, coletivos independentes, ONGs, secreta-rias de planejamento e outros, de interven-ção nos espaços residuais de Belo Horizonte e que contribuem para o debate sobre os vazios nas cidades. Kits Ambulantes (2010) e Lotes Vagos: Ocupações Experimentais (2009) são publicações dos artistas Breno Silva e Louise Ganz que narram modos de agir nos espaços residuais de modo a inten-sificar o cotidiano das pessoas com o das cidades em que vivem.

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Já o professor e sócio do escritório Vazio S/A, Carlos M. Teixeira, investiga os vazios no livro Em Obras: História do Vazio em Belo Horizonte (1999), buscando outras formas de atuação nas cidades que exaltam constantemente a destruição em seu pro-cesso de construção. Em Entre (2009), apre-senta alguns dos projetos que lidam com “áreas limítrofes da prática arquitetônica”, como os vazios urbanos e infraestruturas abandonadas.

1. Espaço Intra-urbano no Brasil, de Flávio Villaça, Cidades brasileiras: seu controle ou o caos, de Candido Malta Campos Filho, entre outros.

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intervençÕes

A lém da ascensão de um debate teórico, a reflexão sobre os vazios nas cidades é poten-cializada por ações diretas no espaço urbano promovidas por coletivos independentes.

A partir da análise geral de algumas dessas ações, foram identificadas formas de interven-ção nos vazios das cidades a partir de duas categorias criadas para este trabalho, os vazios existentes e os encontrados.

Vazios existentes são aqueles efetivamente abandonados, antigas áreas industriais, depósi-tos de lixo ou galpões em desuso, que não despertaram interesse de reocupação por parte da iniciativa privada ou pelo poder publico, permanecendo em estado de abandono.

Vazios encontrados são locais em que o vazio não é explícito, é um local com uso já defi-nido e sobre o qual surgem interesses por novas formas de apropriação, dando um novo significado ao espaço. São exemplos ruas que se transformam em palcos de teatro, escada-rias que se tornam arquibancadas, campi universitários que se transformam em parques.

Nessas duas classificações de vazios, identificaram-se quatro formas de ação.

“vazio público não é espaço esvaziado” [GUATELLI, 2008, p. 14]

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Vazios existentes

Apropriação pela ocupação permanente.

São ações de uma iniciativa individual ou coletiva que transformam o vazio em local de interesse, social ou financeiro, motivando sua (re)ocupação e, geralmente, modificam o uso original substituindo-o por outro. Este modo de ocupação, com um programa definido, reduz as opções de apropriações espontâneas, pois dota o local de um significado definido.

Apropriação pela manutenção do abandono.

Ações em que não há a iniciativa de qualificar ou embelezar um local abandonado. Não são propostas formas de ocupação efetiva, nem a determinação de um uso ou função, mas se objetiva preservar o estado de ruína urbana, incentivando apropriações espontâneas e temporárias.

Vazios encontrados

Apropriação pela ressignificação permanente.

São ações em que o uso de determinado local é ressignificado de maneira permanente por meio de projetos que alteram o modo como as pessoas interagem com o ambiente.

Apropriação pela ressignificação temporária.

Ações em que o significado de determinados locais é alterado de maneira temporária, enquanto há utilização do espaço. Quando as atividades se interrompem, seu significado retorna ao estado original.

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Academia Cora-Garrido sob o Viaduto do Café — vazio existente, ocupação permanente.

A academia de boxe, criada e gerida por Nilson Garrido e Cora Garrido sob o viaduto do Café no bairro do Bixiga, foi um exemplo de apropriação pela ocupação permanente do espaço, visando metamor-foseá-lo. A academia ocupou uma área mu-nicipal abandonada, transformando pneus e outros materiais encontrados na rua em aparelhos rudimentares para a prática de exercícios e treinos de pugilistas amadores. Com o tempo, o casal Garrido expandiu o programa da academia para desenvolve-rem, no local, atividades culturais comuni-tárias. Buscou-se um acordo com a Pre-feitura para legalizar a ocupação do local, mas a negociação não foi bem-sucedida e a academia foi removida do local, que voltou ao vazio original.

Cooperglicério — vazio existente, ocupação permanente.

É uma cooperativa que reúne catadores da Baixada do Glicério em torno de atividades de reciclagem de materiais doados ou cole-tados nas ruas. Liderado por Sérgio Bispo, o projeto promove a coleta e separação de materiais recicláveis no bairro da Liberdade.

A Cooperglicério se estabeleceu, em 2006, embaixo do Viaduto do Glicério, estrutu-ra que atravessa o vale do Tamanduateí e conecta a Radial Leste com o centro. Ao contrário da Academia Cora-Garrido, a cooperativa, auxiliada pela assistência jurídica da FGV, entrou em acordo com a Prefeitura de São Paulo e conseguiu se fixar sob o viaduto.

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‘O lugar atrás dos estúdios Köpi’ Terreno baldio em Berlim, Alema-

nha, utilizado pelos moradores para passear com cães, plantar

pequenas hortas e estacionar veículos. Durante o verão, é local

de piqueniques e acampamentos.

Wasteland — vazio existente, manutenção do abandono.

Wasteland Twinning é um conceito criado por uma rede de artistas e pesquisadores que desenvolvem ações e pesquisa em áreas abandonadas dos centros urbanos de diversas cidades do mundo. Este grupo busca novas formas de compreensão dos terrenos baldios a partir dos temas da ecologia e políticas de uso do solo urbano. É uma rede de pesqui-sa colaborativa e de experimentação que promove ações em terrenos abandonados de cidades como Berlim, Amsterdam, Bangalo-re, Bucareste, Dublin, Glasgow, Estocolmo, Guwahati, Kuala Lumpur, Sidney, Yogyakar-ta e outras.

O grupo se posiciona contra o entendimento de que wastelands são áreas subdesenvolvi-das, e acreditam no potencial desses lugares de prover a cidade com locais abertos e livres do controle do ambiente construído. Dessa forma, as ações em terrenos baldios não vi-sam a qualificação e embelezamento do local, e sim a preservação de seu estado de abando-no. É uma postura que caminha na contra-mão das iniciativas que vêm a apropriação do espaço como ocupação física do mesmo e que, propondo um estado permanente de abandono, reafirma seu caráter de ruína, uma memória viva do passado da cidade.

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Projeto Moradia Temporária.Espaço para dormir durante

15 dias em um lote vago de Fortaleza (2008).

Lotes Vagos — vazio existente, manutenção do abandono.

Idealizado pelos artistas Louise Ganz e Breno Silva, o projeto iniciou em 2005 na cidade de Belo Horizonte e se estendeu a Fortaleza em 2008. O Lotes Vagos tem a proposta de transformar propriedades privadas abandonadas em espaços públi-cos temporários, mantendo sua “memória vegetal, topográfica e arqueológica” a fim de não seguir a “lógica mercadológica” que transforma ocupações em empreendimen-tos. O processo de ocupação passa pelas etapas de seleção de lotes vagos espalhados pelas cidades, negociação com o proprie-tário dos terrenos, coleta de ideias para a ocupação dos lotes, execução dos projetos selecionados e permanência até a solicitação de retirada pelo proprietário.

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Parklets de São Francisco — vazio encontrado, ressignificação permanente.

Os parklets de São Francisco fazem par-te do programa Pavement to Parks, que promove ações que convertem espaços muitas vezes subutilizados em locais ativos. A proposta dos parklets transforma esta-cionamentos de rua em locais voltados ao pedestre. É projetado um novo desenho com o propósito de trazer melhorias esté-ticas ao espaço público urbano, alargando calçadas, adicionando assentos, áreas de plantio, criando estacionamento de bicicle-tas e fomentando a arte urbana. Os parklets são micro parques urbanos financiados e mantidos por empresas da vizinhança, mo-radores e organizações comunitárias, e são abertos ao público geral.

É uma iniciativa que recupera áreas públi-cas da cidade sem a necessidade de grandes projetos ou intervenções urbanas, e embora sejam intervenções pontuais, constituem uma rede que descentraliza espaços de lazer para a população.

3876 Noriega Street ParkletParklet mantido por Devil’s Teeth

Baking Company na cidade de São Francisco.

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Grafites e murais urbanos — vazio encontrado, ressignificação permanente.

São Paulo possui uma enorme quantidade de fachadas cegas, e junto com o cresci-mento dessas superfícies, cresce a quanti-dade de intervenções sobre elas. Grafites e outras expressões murais sobrevivem de muros abandonados e, por isso, a ascensão numérica e cultural dessas expressões de arte, na verdade, acompanha o vertiginoso crescimento de superfícies cegas nas cida-des brasileiras.

As fachadas são, em certa medida, vazios verticais, sobras de uma proposta arquitetô-nica que ignora seu desenho. As superfícies cegas da São Paulo são os espaços mais dinâmicos da cidade, dada a possibilidade de sobreposição dos grafites.

Grafite do artista Zezão.Não ocupa somente a parede, ocupa o lugar. Suas obras são

desenhadas em galerias e locais geralmente inacessíveis

à população.

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Viaduto Basento — vazio encontra-do, ressignificação temporária.

Projetado em 1967 por Sergio Musmeci e construído entre 1972 e 1974, o viaduto atravessa quase 300 metros do vale do rio Basento, transpondo duas rodovias, uma linha e uma estação de trem da cidade de Potenza, Itália. O tabuleiro, simples e retilíneo, é suportado por uma membrana de concreto armado com espessura média de 30 cm que, desenhada para evidenciar os esforços de compressão da estrutura, adquire uma aparência elástica. O projeto estrutural do viaduto Basento consegue não só integrar o tabuleiro com a estrutura de suporte como valoriza o parque abaixo.

Neste caso, a estrutura não é somente o suporte do tabuleiro, mas um elemento da paisagem, que adquire constantes e novas significações quando transforma-se tem-porariamente em pista para skatistas ou cobertura para passantes que se protegem das chuvas ou sol. Ela é também suporte de diversos programas que não foram pensa-dos originalmente e que permitem que o estado original volte quando o usuário vai embora.

Viaduto BasentoEstrutura de suporte do viduto que

se relaciona com o parque e inte-gra o térreo com o nível superior.

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Minhocão — vazio encontrado, ressignificação temporária.

Desde 1990, durante as madrugadas e finais de semanas, o viaduto transforma-se em parque urbano da Santa Cecília. A restrição à circulação de veículos era uma reinvin-dicação de moradores contra o barulho produzido pelos automóveis; o lugar, entre-tanto, foi apropriado e transformou-se em uma das principais áreas de lazer do bairro. Atualmente, o Minhocão tem capacidade de atrair também frequentadores de outras regiões devido à proximidade com duas estações de metrô.

O Elevado tornou-se um dos espaços pú-blicos mais ecléticos de São Paulo. Conse-gue ser simultaneamente ponto turístico, ponto de encontro de saídas fotográficas, pista para corredores e ciclistas, quadra para jogos de futebol e outros esportes, palco de festas, feiras gastronômicas, piqueniques, churrascos e também supor-te para inúmeras intervenções artísticas. O Minhocão abriga todos os usos que os usuários lhe propõem para, nos dias úteis, voltar a ser uma via expressa exclusiva para automóveis.

Festival BaixoCentro.Movimento realizado no entorno

do Minhocão promovendo ativida-des que ocupem e ressignifiquem

o espaço publico.

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VAZIOS DE FRONTEIRAS

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24 vazios

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2525 vazios de fronteiras

Os vazios das cidades significam mais do que ausência de construções. Estão re-

lacionados à ausência de pessoas e, por isso, não se restringem somente a lotes e praças abandonados, mas a todo e qualquer lugar da cidade em que a atividade humana não esteja presente ou não faça uso, mesmo que esporadicamente, daquele lugar. Entre tan-tos lugares que formam o conjunto de va-zios da cidade, entendidos como locais sem vida urbana, destacou-se neste trabalho os vazios de fronteiras, linhas imaginárias que, sem necessariamente configurarem uma área definida em metros quadrados, tam-bém são locais sem atividade humana.

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limites

A demarcação de territórios surge da necessidade de garantir a posse de um terreno e impor sobre ele um controle. No Brasil, a demarcação de terras se iniciou com o

traçado da linha de Tordesilhas que delimitava o que pertencia à coroa portuguesa e à es-panhola para, em seguida, surgirem as sesmarias e demais subdivisões do território. Com a disseminação de núcleos urbanos e o aumento da complexidade administrativa para controlá-los, mais fronteiras surgiram.

Atualmente, os limites estão estabelecidos em diversos níveis administrativos dentro de um território nacional – entre países, estre estados, entre municípios, entre zonas, entre bairros e entre lotes. Nas cidades brasileiras, a demarcação dos lotes, segundo Rolnik, foi instituída em 1850 com a Lei de Terras. Segundo a autora, a substituição do escravo pela terra na composição da riqueza da elite paulistana resultou em crescente valorização da propriedade imobiliária e é, a partir da Lei de Terras, que o parcelamento do solo começa a fazer parte de uma estratégia de valorização imobiliária.

“os limites precisos do terreno passam a ser importantes quando se trata de a ele atribuir um preço e de registrá-lo enquanto propriedade definitivamente privada e, portanto, defi-nitivamente subtraída da esfera comunal. Daí advém a preocupação, na primeira sistema-tização das posturas municipais, que ocorreu em São Paulo em 1886, com o alinhamento, com a demarcação precisa do limite da servidão pública” (ROLNIK, p. 25).

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Centro ocupado

A priori, o estabelecimento de fronteiras entre territórios não significa a desarticula-ção entre ambos. O problema surge com o isolamento das construções no centro dos terrenos e consequente liberação das áreas periféricas. No século XIX, Sitte já criticava o procedimento de isolar as construções no centro geométrico, transformando as pe-riferias em locais esvaziados por anularem qualquer variedade de percepção da obra.

“Vive-se apegado à ilusão de que tudo deve ser visto por todos os lados, que o mais correto é a existência de um espaço vazio e uniforme em torno da construção” (SITTE, p. 44).

Na cidade brasileira contemporânea, o iso-lamento das construções está institucionali-zado com a legislação urbanística que impõe recuos entre edificações. No caso dos recuos frontais, que promovem a interface das áre-as privadas com as áreas públicas, os limites são quase sempre marcados com muros.

centro livre e ocupado

recuos laterais

recuos frontais

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28 vazios de fronteiras

pela sua demolição, as iniciativas atuais buscam sua ressignificação.

Importa destacar que os muros não são os únicos elementos de divisa; correntes, portas, vegetação, espelhos d’água e talu-des também são elementos que se aplicam à demarcação de fronteiras e, assim como os muros, podem pela sua implantação promover integração, ao invés de oposição, entre objetos.

Elementos de fronteiras

Os muros são os elementos mais lembrados para lembrados os limites de um território, criando simultaneamente barreiras físicas que impedem a interação entre seus dois lados. São elementos que sempre estiveram presentes na paisagem urbana para marcar o limite entre dois ambientes, diferenciando especialmente o interno do externo. Caldei-ra (2011) destaca que houve, entretanto, a ressignificação dos muros como elementos para garantir a segurança, e sua prolifera-ção a partir das décadas de 80 e 90 coinci-de com a emergência de um novo padrão habitacional, os condomínios fortificados em áreas distanciadas do centro.

A transformação do muro em elemento de segurança, que visa explicitamente repe-lir a presença do outro, é tema de debates teóricos, ações e intervenções diversas. Relacionado ao desejo de eliminação das fronteiras do público e do privado, a abo-lição dessas barreiras já foi defendida por muitos adeptos do térreo livre e público, mas atualmente, muitos dos grupos que discutem a questão dos muros, já o imagi-nam como um suporte que, para além do grafite, incentiva performances, projeções, instalações, entre outros. Ao invés da luta

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Concurso Muros: Territórios Comparilhados, BH, 2011.

Foto 1 – Utopismo Espaço-Temporal Coletivo Rachadura.

Foto 2 – Ascensão Social Sara Lambrano.

Foto 3 – Diálogos Douglas Pego.

Porta holandesaPortas são elementos que, abertas, conectam e, fechadas, separam. A possibilidade de manter a porta aberta e fechada simultaneamente permite a dupla condição de integrar e manter dividido.

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INTERSTÍCIOS

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A fim de fugir do significado natural a que a palavra vazio remete – espaço

não habitado – utilizar-se-á o termo in-terstício, pois o propósito deste trabalho é fomentar a discussão de que o “entre”, mais do que um lugar e vazio, apresenta grande potencial de fomento à atividade humana. Ao transformar as fronteiras em pontos de encontro e suporte de atividades, elas não são mais limites que marcam o fim de um e começo de outro, mas interstícios que pro-movem a integração entre duas adjacências.

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As diferentes ações para se apropriar dos vazios das cidades tornam necessário pensar todo e qualquer local da cidade como um espaço com potencial de abrigar usos diver-

sos. Guatelli vê nos vazios, principalmente os públicos, uma grande potência de produção do imprevisível.

Em Arquiteturas do Entre-lugares (2012), o autor defende o espaço público como lugar do acontecimento, da indefinição e do imprevisível, pois

“a ambiguidade e a instabilidades seriam alcançadas nos interstícios, nos espaços resi-duais, no entrelaçamento entre textos, entre palavras, nas interrupções e contaminações do discurso supostamente coeso e concatenado. Mediante esse entrelaçamento, esses espaços, como espaços residuais aparentemente sem uso das cidades, as sobras, estariam sempre abertos ao constante processo de apropriações diversas, livres de influência de qualquer imposição ocasionada por uma precondição” [GUATELLI, p. 22].

o entre

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34 interstícios

Guatelli vê, portanto, nos interstícios os locais com maior potencialidade de inter-venção, pois eles catalisam ações dos usuá-rios. Os espaços transfeririam ao usuário a responsabilidade de definir um programa e, assim, com atuações momentâneas, pode-riam ser constantemente ressignificados.

Para o autor, a maior potência do entre é não possuir significado a priori e ser capaz de absorver marcas sem adquirir um sen-tido que possa ser considerado mais ade-quado, para no momento seguinte voltar à condição de significante. Denominados também de interstícios, espaços intermedi-ários compreendidos entre espaços defini-dos, os entres são livres de pré-configura-ções e nos quais se vivenciam “momento de invenção” que vão além do imposto pelo natural; são lugares não claramente determinados, organizados, nem ordena-dos, e sempre abertos a interpretações e a novas intervenções. O interstício é capaz de desencadear o processo de articulação das partes definidas, processo sempre em movimento, nunca estável, em virtude da possibilidade de abrigar diversas ações no tempo e no espaço.

A possibilidade de diversas apropriações no tempo e no espaço só seriam possíveis com a abertura do desenho e a eliminação dos sig-nificados apriorísticos, o que não significa a eliminação do programa, mas a criação de

“um espaço aberto às significações entre espaços definidos” [GUATELLI, p. 33].

Em busca da constante definição, de seus conteúdos programáticos e, consequente-mente, de formas precisas, acabam sendo criados, pela repetição, modelos e rotinas de usos para esses espaços, levando a certo grau de condicionamento quanto à utiliza-ção, movimentação e apropriação por parte dos usuários. O entre não seria um local desprovido completamente de função, mas um espaço que não propõe uma forma ade-quada ou coerente para m bom funciona-mento. A produção de intervalos no espaço arquitetônico visa a máxima quantidade de eventos, espontâneos e heterogêneos.

“trata-se de considerar o projeto não como fim, mas como meio, um suporte para imprevistos que surgem a partir dele” [GUATELLI, p. 41].

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3535 interstícios

Seleção de entres

Os espaços residuais da cidade também tem a condição de entre, pois não tendo um significado definido a priori permitem o acontecimento de atividades definidas pelo usuário que o utiliza. A seguir, são apresentados alguns exemplos em São Paulo desses vazios residuais ausentes de significados e que repelem a atividade humana. É uma pequena seleção, entre vários exemplos possíveis da cidade, de espaços subutilizados, mas com potencial de se tornarem suporte de atividades e apropriações diversas.

Praça na esquina da Avenida Enge-nheiro Armando de Arruda Pereira com a Rua Oito de Novembro, nas proximidades da estação de metro Jabaquara. Área verde residual, re-sultado do encontro das duas ruas e da parede lateral de um lote priva-do, é mais uma das diversas praças triangulares da avenida.

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Talude gradeado do pátio de trens da Companhia do Metrô no Jaba-quara. Exemplo, entre diversos na cidade, de talude com ampla área verde, acesso proibido ou dificulta-do para pedestres, e cujo desenho paisagístico consiste na implanta-ção aleatória de árvores e arbustos.

Faixa verde da rede de transmissão de energia que corta toda a região sul da cidade de São Paulo. A ocu-pação com edificações e outros usos ao ar livre, embora seja proibi-da em muitas zonas urbanas, pode ser permitida em alguns casos. Em áreas rurais, geralmente não há restrição de acesso e algumas linhas de transmissão são implan-tadas em zonas de plantios e, em algumas áreas urbanas, elas che-gam a passar por cima de equipa-mentos públicos.

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Canteiro central arborizado na Ave-nida Nazaré, no bairro do Ipiranga. Com largura aproximada de 2,5m, o canteiro serve exclusivamente para segregar a circulação de veículos trafegando em sentidos opostos, subutilizando enormes faixas ver-des da cidade.

Talude adjacente ao Viaduto do Paraíso e Rua Ramon Penharrubia, via logo abaixo deste. É uma área residual, fechada ao público, que poderia, por outro lado, conectar a rua de cima com a rua de baixo.

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38 interstícios

Área residual atrás do ponto de ôni-bus, formando um canto inutilizável entre a banca de jornal (plano atrás do vendedor) e muro.

Recuo frontal utilizado como es-tacionamento em mini complexo comercial.

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3939 interstícios

Área residual privada. Recuo frontal ajardinado de edifício não aprovei-tado pelos pedestres e tampouco pelos moradores.

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DESENHOS DE FRONTEIRAS

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Permitir ao indivíduo poder relacionar-se livremente com o espaço tornou-se neste tra-balho mais importante do que simplesmente preencher áreas vazias com equipamentos

urbanos. O projeto dos vazios deve proporcionar formas de interação do indivíduo com o ambiente por meio de elementos materiais – árvores, água, bancos, degraus, pistas – e imateriais – luz, sombra, calor, som – e permitir, antes de tudo, permanência.

A característica comum a todos os espaços públicos é que eles são áreas de livre circula-ção de pessoas. Entretanto, eles não devem transformar-se exclusivamente em áreas de passagem, pois a apropriação do espaço público, o sentimento de pertencer a algum lugar, acontece na permanência do lugar, mesmo que ela seja breve.

Para estudar formas que possibilitem interações diversas com o ambiente e também per-mitam permanência, foi necessário direcionar o olhar ao corpo humano. A escala huma-na não deve ser um simples parâmetro métrico do corpo com os demais objetos, deve ser uma indicação de como os membros, o tronco e a cabeça se movimentam ou repousam no espaço e interagem com as formas construídas.

Diretrizes

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4343 desenhos de fronteiras

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O comportamento humano e os elementos da paisagem

O estudo do comportamento humano nos espaços públicos já foi realizado por mui-tos pesquisadores, mas este trabalho toma como referência as obras do inglês Gordon Cullen, do holandês Herman Hertzberger e do dinamarquês Jan Gehl.

Cullen foi pioneiro entre os três a enfrentar o tema com a publicação do livro Paisa-gem Urbana (1961), no qual alertava para a necessidade de conciliar o progresso das técnicas construtivas com a adequação do desenho das cidades à escala humana. De-nunciava também a pouca participação dos cidadãos nos projetos urbanos, muito por falta de conhecimento sobre o urbanismo. Com o intuito de aproximar a sociedade dos problemas urbanos, o arquiteto inglês adota um método de decomposição do ambiente em elementos da paisagem conhecidos e decodificáveis; ao invés de falar em planos urbanísticos, gabaritos, massas vegetais; conversava com o leitor utilizando termos de um vocabulário comum à população – calçadas, árvores, bancos, abrigos etc.

Hertzberger, em seu livro Lições de Arqui-tetura (1991), constrói um discurso sobre a

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necessidade de estar atento a certos deta-lhes do projeto arquitetônico para poder criar formas que acomodem diferentes tipos de atividades. As formas, entretanto, não devem ser neutras nem devem permitir ao usuário o máximo de liberdade possível, mas fornecer a maior quantidade possível de proposições, sem impor uma direção específica, de modo que o usuário seja esti-mulado a adaptar o ambiente a suas neces-sidades e, assim, dele se apossar.

Gehl volta seus projetos ao pedestre, discursando contra a prioridade dada aos automóveis no desenho das cidades. Seus cinco livros apresentam relatos de situa-ções urbanas em que a escala do pedestre é priorizada – lugares para sentar, caminhar, descansar, correr, se apoiar, se proteger do sol, chuva e veículos – além de apontar as características essenciais do espaço público que proporcionem situações de conversa entre duas ou mais pessoas e que também as faça ver e ouvir o que ocorre ao redor.

Gehl, Cullen e Hertzberger partem prin-cipalmente do olhar atento e observador do comportamento humano nos espaços públicos para, assim, traçar diretrizes de desenho que contemplem esse comporta-mento e tornem o espaço público um lugar mais receptivo.

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Projeto de fronteiras

Este trabalho apresenta quatro estudos realizados em áreas residuais limítrofes em São Paulo. A questão que se coloca não é a de abolir suas condições de fronteiras, mas descobrir formas de se trabalhar a partir delas.

Fronteiras verticais

Estudo 01 – taludes da avenida 23 de maio

Estudo 02 – escadarias do viaduto 9 de julho

Fronteiras horizontais

Estudo 03 – muros da avenida Eng. Armando de Arruda

Estudo 04 – muretas da avenida Rodrigues Alves

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estUDo 01talUDes Da aveniDa 23 De maio

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A Avenida 23 de Maio

A Avenida 23 de Maio, desde a Av. Rubem Berta até o Vale do Anhangabaú, é uma das avenidas mais arborizadas da cidade de São Paulo. Essa arborização é resultado da pre-servação da vegetação que existia antes da abertura da via e que permaneceu até hoje intocada por falta de interesse em transfor-mar a área. A arborização concentra-se nos taludes laterais, áreas de transição entre o fundo do vale e suas margens.

Os taludes são áreas residuais que surgem do modelo rodoviário adotado em São Paulo no qual, a fim de acelerar as obras de abertura de freeways, optou-se pela implan-tação dessas vias nos vales da cidade. A fal-ta de projeto paisagístico dos taludes, carac-terística de obras essencialmente técnicas, repele a presença de pedestres e favorece o isolamento do eixo viário, subutilizando extensas áreas verdes de uma cidade carente de espaços de lazer.

A Praça Rodrigues de Abreu

Neste eixo viário, foi selecionado o talude da Praça Rodrigues de Abreu, localizado entre os viadutos Bernardino de Campos e

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Paraíso. Confinado entre as avenidas 23 de Maio e Vergueiro, o projeto paisa-gístico da praça caracteriza-se por densa arborização, grande área de circulação e respiros do metrô conjugado ao desenho de canteiros. Com quase 7.500m² e uma de-zena de bancos, a praça encontra-se quase sempre deserta.

O Talude

O partido do projeto era o de trabalhar a forma do talude a fim de estimular apro-priações múltiplas desse espaço subutili-zado. Por isso, o projeto não focou o rede-senho da praça, embora críticas devam ser feitas ao projeto. Esperava-se converte-lo em extensão da própria praça e não seu fim.

O desafio posto era o de trabalhar com uma área extensa, evitando homogeneizar o espaço com um desenho macroanalítico e totalizante. Segundo Hertzberger, o segre-do das obras públicas é prover os espaços de uma forma que a comunidade se sinta responsável com o lugar e, assim, consiga se identificar com o ambiente; entretanto,

“os serviços prestados pelos departamen-tos de Obras Públicas Municipais são vis-tos, por aqueles em cujo benefício esses

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departamentos foram criados, como uma abstração opressiva; é como se as obras públicas fossem uma imposição vinda de cima; o homem sente que ‘não tem nada a ver com ele’, e, deste modo, o sistema produz um sentimento generalizado de alienação” [HERTZBERGER, p. 45].

O Banco

Sentar-se é o ato mais claro de se apossar do lugar. Os indivíduos se sentam porque se sentem inseridos e, portanto, confortáveis para lá permanecer, descansar, conversar, ler ou simplesmente observar a paisagem. Se os espaços públicos não transmite a sensação de conforto e receptividade, o pedestre não se sentirá estimulado a perma-necer no local. Por isso, o sucesso do espaço público pode ser medido, em certo aspecto, pela sua capacidade de prover locais de permanência, como bancos.

Em São Paulo, os bancos públicos, possuem uma variedade muito limitada de formas, quase todas em formatos lineares que im-pedem, por exemplo, a conversa harmônica de quatro ou mais amigos. Dispor bancos paralelamente ou perpendicularmente é uma maneira de resolver conflitos em conversas de várias pessoas. Por outro lado,

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quando somente uma pessoa utiliza um banco linear surgem espaços mortos, uma vez que a tendência é o próximo a se sentar escolher preferencialmente o lugar vazio mais afastado de seu vizinho imediato.

Unidades de permanência

Para permitir lugares em que pessoas possam se sentar sozinhas ou em grupos, o projeto atribuiu a cada indivíduo uma uni-dade de permanência. Com a associação de unidades quadradas na horizontal ou ver-tical, surgem degraus que acomodam, além de grupos, atividades – deitar, sentar, pular, correr, agachar, esconder – e usos – cantei-ros, respiros de metrô, espelhos d’água.

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3 pessoas = 3 unidades

4 pessoas = 4 unidades

1 pessoa = 1 unidade

2 pessoas = 2 unidades

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nova configuração do talude

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planta do novo desenho do talude

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perspectiva das unidades

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estUDo 02escaDarias Do viaDUto 9 De jUlho

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A Avenida Nove de Julho

A Avenida 9 de Julho é uma via tronco do Plano de Avenidas de Prestes Maia, pensada para realizar a conexão entre a zona oeste e o centro de São Paulo. Atualmente, além de ser um eixo de grande circulação de auto-móveis, a via faz parte do maior corredor de ônibus da cidade de São Paulo, que interliga Santo Amaro ao Centro. No trecho entre MASP e Vale do Anhangabaú, a avenida é atravessada por cinco viadutos, quatro deles nas proximidades do Terminal Bandeira.

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O Viaduto Nove de Julho

Uma dessas transposições é o viaduto 9 de Julho, localizado no entroncamento da avenida de mesmo nome com a primei-ra perimetral viária de São Paulo. Esta estrutura foi concebida para favorecer a circulação de automóveis sem ignorar as necessidades de pedestre – as calçadas têm aproximadamente 5m de largura em cada lado e há escadarias monumentais nos quatro cantos do viaduto que permitem o deslocamento dos pedestres entre a cota superior e a cota inferior.

Em contraste com os arredores que são densamente construídos e ocupados, as estruturas interna e térrea do viaduto são extremamente subutilizadas. Nos pés de cada escadaria há enormes áreas livres abandonadas que não atraem a atenção de nenhum pedestre que trafegue pelo local.

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Estrutura mista

Desenhos do Plano de Avenidas mostram que a estrutura interna do tabuleiro foi projetada para abrigar os trilhos de uma linha de bonde subterrânea na perimetral do centro. Embora o projeto não tenha seguido adiante, a estrutura para abrigá-lo existe, mas está abandonada e os acessos aos ambientes internos, na base do viaduto e nos patamares intermediários das escada-rias, estão lacrados.

As estruturas internas do viaduto podem ser reabertas ao público com a instalação de equipamentos institucionais ou cultu-rais, como salas de cinema, teatros ou áreas expositivas.

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Escadaria

No viaduto 9 de Julho, assim como em muitos outros, a cota acima do tabuleiro é mais movimentada, e na abaixo predomina a circulação de automóveis e conta com baixíssima circulação de pedestres. O canto a sudoeste, onde se localiza uma praça em nível com a Rua Santo Antônio, é uma exceção. Há também uma pequena quadra pública esportiva na cota da Av. 9 de Julho, onde jovens costumam jogar bola, dando certa vida ao térreo do viaduto.

Este quadrante é definido por três níveis, a cota 739 onde está a quadra, a cota 746, em nível com a estrutura interna do viaduto, e a cota 750 onde está a praça com vegetação densa, canteiros, bancos e equipamentos para alongamento e exercícios físicos leves. A escadaria atual foi projetada para integrar esses três cotas, mas não leva em considera-ção a integração da quadra e da praça.

Optou-se, portanto, pela reformulação da escada, rotacionando sua direção seu eixo em 90o para torná-la o fio conector da praça, do tabuleiro e da quadra. Assim, a escadaria adquire a forma de uma arqui-bancada, local para quem deseja assistir a uma despretensiosa partida de futebol ou somente sentar-se à espera de alguém.

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perspectiva atual

corte atual

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Na praça, a forma curvilínea dos canteiros foi redesenhada, liberando a fachada cega dos edifícios para prática grafite e suporte de atividades como escaladas. A centraliza-ção do canteiro também liberou a margem que dá para quadra, permitindo observar o que acontece no nível inferior. A centrali-zação do canteiro objetiva também unificar as áreas verdes em um único gramado que permita encontros, exercícios de alonga-mentos, piqueniques, entre outros.

implantação proposta

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perspectiva proposta

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estUDo 03mUros Da aveniDa enG. armanDo De arrUDa

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Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira

A Avenida Engenheiro Armando de Arru-da Pereira é uma via importante que liga a zona sul de São Paulo ao centro de Diade-ma. Seu traçado faz parte da antiga estrada que conectava os bairros Liberdade, pas-sando por Vila Mariana, Saúde, Jabaquara até o município vizinho. É uma via de topo onde surgem oportunidades para visuali-zar terrenos adjacentes, exceto nas bordas que são ocupadas por edificações. Nas margens livres, surgem mirantes acidentais que permitem o reconhecimento da topo-grafia da região.

Ao longo de toda a extensão da via, há poucos edifícios residenciais, certa quantida-

de de instituições – bombeiros, companhia do metrô, universidades, CEU –, alguns terrenos vazios e predomínio de sobrados. O percurso curvilíneo da via corta algumas quadras na diagonal gerando resquícios triangulares transformados em praças. As calçada tampouco são padronizadas, ora muito largas, ora muito estreitas, ora inva-didas pelas propriedades, ora bem cuidadas, ora abandonadas. Atualmente, a via é rota do corredor intermunicipal de ônibus, cujas pistas são segregadas das demais por cantei-ros verdes.

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Calçada mirante

Um trecho singular localiza-se entre a Rua das Pérolas e Rua Barro Branco, na calçada oposta ao Corpo de Bombeiros. O local permitiria a vista para o zoológico, volta-do a leste da avenida, não fosse o muro de 3m de um condomínio de quatro torres residenciais. Além do muro, a calçada está confinada por oito faixas de veículos da Av. Eng. Armando de Arruda e tem extensão de 240m com largura média de 3m. Com exceção dos postes de fiação elétrica e um ponto de ônibus municipal, a calçada é desprovida de qualquer outro elemento ou equipamento urbano, repelindo a presença de pessoas no local.

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A calçada

A falta de atenção ao desenho das calça-das está transformando-as nos principais espaços residuais da cidade. Valoriza-se em demasia o leito de circulação dos veículos, sendo a eles subordinado o desenho da cir-culação de pedestres. Quando há conflitos entre os dois não é incomum serem proje-tadas passarelas. Apesar de o rebaixamento da via quase não alterar o percurso e tempo gasto pelo veículo e favorecer pedestre, esta solução quase nunca é adotada. Além disso, as calçadas se converteram em locais exclu-sivos de circulação e raramente são projeta-das como locais de permanência.

A ressignificação da calçada passaria de sua condição de suporte exclusivo à circulação para também permitir a permanência; o muro, como elemento de segregação, pode também ser ressignificado como elemento de composição da paisagem.

Calçada parque

Uma primeira proposta foi elaborada para ressignificar esse espaço residual por meio do alargamento da calçada com supressão dos canteiros que segregam as faixas de ônibus.

Com uma largura de 7m, a calçada poderia se converter em um parque linear, no qual seriam implantados patamares intermediá-rios entre a cota 0,00 e a cota +1,00, diluin-do gradualmente a altura do muro até que ele se transformasse em um guarda-corpo. Ao longo de sua extensão, a calçada teria vários recortes, criando bolsões para dife-rentes atividades – tanques de areia para crianças, contato com árvores frutíferas, áreas de leitura, equipamentos para ativida-des físicas etc.

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7575 desenhos de fronteiras

cortes e perpectiva da calçada parque

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Calçada praça

Pareceu, entretanto, que o projeto poderia ser resolvido pela manutenção dos 3m de largura. A segunda proposta, então, pro-põe a inclusão aparentemente anárquica de elementos urbanos, mas cuja organização tinha o intuito de traduzir a imprevisibili-dade das ações humana no espaço.

Foi inserido no desenho da calçada atual o conjunto típico de elementos que compõem a paisagem urbana – árvores, arbustos, bancos, telefones e lixeiras, mas, ao invés de concentrar os equipamentos junto às guias, o alinhamento foi rompido. Além disso, não há bancos lineares, somente bancos individuais que ora se aproximam e ora se afastam e permitem que o indivíduo os utilizem em quaisquer direções.

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cortes e perpectiva da calçada praça

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estUDo 04mUretas Da aveniDa roDriGUes alves

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Avenida Rodrigues Alves

A Avenida Conselheiro Rodrigues Alves se estende da Avenida Domingos de Mo-rais até o Instituto Biológico de São Paulo, passando por um conjunto heterogêneo de casas e edifícios de apartamentos. A via co-necta equipamentos importantes da região, o SESC Vila Mariana, Hospital Santa Rita, Instituto Biológico, Hospital Dante Pazza-nese e Parque do Ibirapuera à estação de metrô Ana Rosa.

A avenida tem características bastante hete-rogêneas, reflexo da intensa mistura de usos do solo – residências, serviços e comércio – e idades dos edifícios – casas da década de

50 e edifícios de apartamentos das décadas de 70 aos anos 2000. A variedade de edi-ficações, das mais diversas arquiteturas, é acompanhada pela coexistência de térreos variados, que se abrem e se fecham e criam dentes no alinhamento das propriedades com a rua, gerando calçadas que se estrei-tam e alargam.

Nos pontos em que as calçadas alargam surgem oportunidades de bolsões de permanência, locais em que os pedestres podem descansar de um passeio ou esperar por um encontro.

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Sobrados na Ana Rosa

No entorno da estação Ana Rosa, o casario é formado por sobrados comerciais – ótica, farmácia, doceria, floricultura, mercado, loja de roupa, açougue, café, padaria etc. São sobrados geminados cujas divisas entre vizinhos são definidos por pequenas mu-retas, de 70 a 100 cm de altura, que ligam a fachada das casas aos quadros de luz e postes de captação de energia.

A existência de muretas reduz o espaço de circulação dos pedestres de 8m, consideran-do a largura total da guia à fachada, a uma faixa de circulação efetiva de 3m. Por outro lado, elas são muito utilizadas por pedestres que transitam pelo local como superfícies de apoio de si mesmos e de objetos. São pes-soas que descansam, aguardam por amigos, telefonam, conversam e usam as muretas para essas atividades.

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Muretas

Embora, haja a necessidade de alargamento do espaço de circulação, preservaram-se as muretas e relógios de luz no redesenho da calçada, pois eles são os locais que mante-riam a característica da calçada de permitir permanência. Optou-se, portanto, pela reti-rada somente dos postes de energia elétrica, cuja fiação seria enterrada.

As muretas como suporte de atividades transformam o significado do muro como elemento integrador e receptivo ao pedes-tre. Quanto aos quadros de luz, ao invés de serem utilizados postes altos que priorizam a iluminação de vias para automóveis, à noite, os quadros poderiam efetivamente se transformar em elementos de iluminação pública, inserindo em seus interiores pontos de luz e direcionando os feixes para a ilu-minação dos ambientes.

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comportamento humano em muretas de

diferentes alturas

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corte transversal e longitudinal do desenho de calçada atual

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corte transversal e longitudinal da calçada proposta

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p. 15 – João Kehl

p. 15 – Fabiana Baêta e Márcia Scapaticio

p. 16 – Google Earth

p. 17 – Louise Ganz e Breno Silva

p. 18 – San Francisco Planning Department

p. 19 – Zezão

p. 20 e 29 – Autores desconhecidos

p. 21 – Tiago Queiroz

p. 35, 36 e 73 – Google Street View

p. 37, 38, 39, 51 e 83 – Sarah Felippe

p. 48 – Milton Jung

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