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Versão Oficial – CÁSSIA ELLER F67 E S T Ú D I O F - programa número 67 Á U D I O T E X T O Música-tema entra e fica em BG; Locutor - A Rádio Nacional apresenta ESTUDIO F, Momentos Musicais da Funarte Apresentação de Paulo César Soares Paulo César : - Alô, amigos! No programa de hoje,

um verdadeiro furacão que passou pela MPB entre o final dos anos 80 e 2001, deixando um rastro de talento e saudade. Sua voz grave e sua postura irreverente no palco abalavam as estruturas, mas seu irresistível jeito tímido e moleque não deixava dúvidas de que, no fundo, ela era apenas uma garotinha.

Entra “Malandragem” fica brevemente e cai em BG.

Paulo César: - Como dizem os versos de Péricles Cavalcanti: “Eu poderia ser escravo do trabalho, ser um banqueiro, um estilista do baralho. E não há nenhuma hipótese que eu não considere, mas o que eu queria mesmo ser é a Cássia Eller”. Estúdio F – Série Intérpretes está no ar!

Sobe som e rola inteira

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Paulo César: - Cássia Rejane Eller nasceu em Vila Isabel, no Rio

de Janeiro, no dia 10 de dezembro de 1962. Sua família era de Minas Gerais. Mas, acompanhando a carreira militar de seu pai, Cássia e o restante da família moraram em vários estados: duas vezes em Minas Gerais, duas no Rio, uma no Pará e uma em Brasília. E foi no Rio de Janeiro que, entre treze e quatorze anos, Cássia ganhou do pai e da avó seu primeiro instrumento musical. Era um violão que ela aprendeu a tocar praticamente sozinha, recebendo apenas algumas orientações dos primos que já tinham domínio do instrumento. Toda a família materna da artista era extremamente musical. A avó, por exemplo, era uma fera no bandolim. A música já estava no sangue e, aos 16 anos, Cássia decidiu ser cantora profissional. Naquela altura para ela, essa história de “Não sei o que quero da vida” só mesmo na música de Hermelino Neder e Arrigo Barnabé.

Entra “Não Sei o Que Quero da Vida” e rola inteira.

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Paulo César: -A última mudança de cidade que Cássia Eller fez por

razões familiares aconteceu em 1981, quando passou a viver em Brasília. Nesta época, com apenas 18 anos, participou de corais, cantou em trio elétrico, estudou canto lírico e trabalhou com Oswaldo Montenegro no espetáculo “Veja Você Brasília”. Sobre essa sua primeira experiência no palco, Cássia deu a seguinte declaração ao jornal Correio Braziliense: “Fiz o teste e fui aprovada como corista. Mas faltando menos de três semanas para a peça, Oswaldo me viu cantando num ensaio a música “Cristal” que era o tema do espetáculo e me chamou para cantá-la, com ele acompanhando ao piano, logo na abertura”.

Brasília começou a ficar pequena para o talento de Cássia. Chegava a hora da artista romper com as barreiras geográficas para se consolidar no cenário da música brasileira.

Entra “Por Enquanto” e rola inteira. Paulo César: - “Por Enquanto”, composição de Renato Russo que

acabamos de ouvir, era um das canções da fita demo com a qual Cássia começou a divulgar seu trabalho em São Paulo no final dos anos 80. Após duas tentativas mal sucedidas de gravar seu primeiro LP por não concordar com imposições que iriam descaracterizar seu trabalho, a cantora assinou contrato com a Polygram e lançou seu primeiro álbum em 1990. Além de “Por Enquanto”, o disco incluía, "Eleanor Rigby", dos Beatles, e músicas de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. A presença desses dois compositores fez com que a crítica apontasse no primeiro LP de Cássia ecos da vanguarda paulistana dos anos 80. Os especialistas também saudaram o estilo agressivo e vigoroso da estreante, o que pode ser atestado na interpretação da música “Que o Deus Venha”, feita por Cazuza e Frejat em cima do poema de Clarice Lispector.

Entra “Que o Deus Venha” e rola inteira.

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Paulo César: - Com a boa recepção do LP de estréia, Cássia Eller começou uma turnê pelo país, para divulgar o novo trabalho e também querendo atingir um público cada vez maior. Nos shows, a cantora alterava um pouco o repertório e apresentava novidades, aproveitando para testar a recepção do público às interpretações que dava a algumas das obras de Jimmi Hendrix como, por exemplo, “If six was nine”, música que viria a incluir em seu segundo CD, intitulado “O Marginal”. Esse trabalho trazia alusões a paisagens sociais, com reflexões existencialistas como podemos conferir na música que dá nome ao disco, cuja autoria é da própria Cássia Eller em parceria com Hermelino Neder, Zé Marcos e Luiz Pinheiro.

Entra “O Marginal” e rola inteira. Paulo César: - No próximo bloco, Cássia realiza o sonho da

maternidade, recusa rótulos e lança um veneno antimonotonia!

Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. I N T E R V A L O • Insert Chamada Funarte

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BLOCO 2 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra “E.C.T.”, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. Paulo César: - No segundo semestre de 1992, Cássia Eller e o

guitarrista Victor Biglione abriram o Free Jazz Festival em São Paulo. Entre tantas outras atividades, a cantora também gravou a música “Oriente” para a versão do CD do songbook de Gilberto Gil. Fez ainda uma curta temporada de um show acústico exclusivamente dedicado aos Beatles. Sobre esse trabalho, declarou ao Jornal da Tarde: “Eu sou uma beatlemaníaca mesmo. O primeiro disco que comprei foi um dos Beatles. Era uam coletânea Beatles Forever. Comprei só por causa de uma música, “Your mother shoud know”, mas depois acabei me apaixonando por outras, como “Strawberry Fields Forever”. Procuro manter fidelidade ao arranjo original. Uma das minhas manias era tocar violão igualzinho ao Paul McCartney”.

Entra “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” e rola inteira.

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Paulo César: - No Natal de 1992, ao completar 30 anos de idade, Cássia vivia os primeiros passos de uma carreira que já parecia promissora. Além disso, a artista tinha outro motivo para comemorar: ia finalmente ser mãe. Francisco Ribeiro Eller, o Chicão, fruto de seu breve relacionamento com o baixista Tavinho Fialho nasceu em 21 de agosto de 1993. Um ano depois de se afastar de palcos e estúdios para cuidar do filho, Cássia voltou à ativa para lançar seu terceiro CD. Um dos destaques desse trabalho é a faixa “Primeiro de Julho”, composta especialmente para Cássia, enquanto ela estava grávida, pelo amigo Renato Russo. Segundo Ana Claudia Landi e Eduardo Belo, autores do livro “Apenas Uma Garotinha – A História de Cássia Eller”, a canção é quase uma colagem de situações que falam indiretamente da difícil relação da cantora com o pai de seu filho e também sobre a criança que estava para nascer. De acordo com Maria do Carmo Manfredini, mãe do vocalista e líder do Legião Urbana, Renato fez a música por se sentir muito tocado pela situação em que aquela gestação havia ocorrido. Quando Russo morreu vitimado pela Aids em 1996, Cássia participou de várias homenagens ao amigo. Chegou a interromper uma turnê para participar de um tributo ao compositor no Rio de Janeiro.

Entra “1º de Julho” e rola inteira.

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Paulo César: - Produzido por Guto Graça Melo, o terceiro CD de Cássia trouxe, além de Renato Russo, outros clássicos do rock brasileiro compostos por Raul Seixas, Herbert Vianna, Cazuza e Frejat misturados a novas versões para “Coronel Antônio Bento” de João do Vale e Luiz Wanderley e para “Pétala” de Djavan. Outro destaque é a faixa E.C.T. de Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown, que narra a situação de alguém que posta uma carta no correio e, de repente, ouve, em casa, no rádio, o texto da carta musicado. Ainda nesse álbum, Cássia fez questão de gravar, num arranjo de sua autoria, a música “Na Cadência do Samba” de Ataulfo Alves e Paulo Gesta. Sobre essa regravação, a cantora declarou: “As pessoas me viam como uma cantora só de rock e blues, mas também gosto de samba. O único rótulo que admito é o de cantora popular”.

Entra “Na Cadência do Samba” e rola inteira. Paulo César: - O disco seguinte de Cássia, produzido por Wally

Salomão em 1997, chamou-se "Veneno AntiMonotonia" e foi dedicado a músicas de Cazuza. Para a seleção do repertório, Eller ouviu toda a obra do compositor, em ordem cronológica, e, na primeira escolha, ficou apenas com as músicas menos conhecidas. Waly Salomão entendeu que alguns dos hits de Cazuza também deveriam entrar na gravação e, assim, músicas como “Beth Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz”, acabaram entrando no disco ao lado de outras menos conhecidas como “Ponto Fraco” e “A Orelha de Eurídice”. Cássia via entre ela e Cazuza vários pontos de identificação. Questionada pelo jornal O Estado de São Paulo sobre a razão de fazer um CD só com músicas do poeta carioca, respondeu: “Sempre fui muito fã dele. Quando o ouvi cantando, descobri que tinha tudo a ver comigo aquele jeito de cantar, de berrar. Foi ele quem me deu coragem de cantar do meu jeito sem técnica, berrando, chorando”.

Entra “Todo Amor Que Houver Nessa Vida” e rola inteira

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Paulo César: - No próximo bloco, a parceria musical de Cássia

com Nando Reis, o auge da carreira e a precoce despedida.

Locutor: - Estamos apresentando Estúdio F, Momentos Musicais da Funarte. I N T E R V A L O • Insert Chamada Funarte

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BLOCO 3 Locutor: - Continuamos com Estúdio F Entra “Gatas Extraordinárias”, rapidamente cai em BG (bem baixinho mesmo) e permanece brevemente durante a fala de Paulo César. Paulo César: - Outro compositor importante na trajetória de

Cássia Eller é o ex-Titã Nando Reis. Os dois se conheceram por intermédio de Marisa Monte. No livro “Cássia Eller Canção na Voz do Fogo”, a autora Beatriz Helena Ramos do Amaral conta que Marisa Monte e Nando Reis estavam começando a compor juntos, quando Marisa falou ao compositor que Cássia procurava músicas inéditas. Nando então mostrou muitas músicas a Cássia e, assim, teve início um relacionamento de amizade que se transformou numa parceria profissional selada definitivamente em 1999, quando Cássia convidou Nando para produzir seu novo disco. O convite foi aceito sem hesitação. Embora envolvido com shows de sua carreira solo, shows da banda e o trabalho de compositor, Nando encarou a produção do disco de Cássia Eller como uma de suas prioridades profissionais e, com habilidade, conseguiu conciliar todos os compromissos, realizando uma produção que encantou a própria Cássia, pois ela conseguiu mostrar ao público uma outra faceta, mais suave, delicada, quase camerística. Com Nando, seu mundo ficava completo.

Entra “Meu Mundo Ficaria Completo (Com Você)” e rola inteira.

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Paulo César: - O álbum “Com Você Meu Mundo Ficaria Completo” saciou um desejo antigo de Cássia que era gravar um CD somente de músicas inéditas. A cantora venceu a timidez que a impedia de solicitar canções aos compositores e, com a ajuda do produtor Nando Reis, conseguiu reunir nesse trabalho músicas de muita gente boa. Caetano Veloso comparece com “Gatas Extraordinárias”, Marisa Monte e Moraes Moreira com “Palavras ao vento”, Luís Melodia e Renato Piau estão em “Esse Filme Eu Já vi”, Itamar Assunção vem com o baião “Aprendiz de Feiticeiro” e Luiz Capucho contribui com a canção “Maluca”. Já Nando Reis, além da faixa título, emplacou mais três composições: “Infernal”, “As Coisas tão mais lindas” e “O Segundo Sol”, que viria a ser um dos maiores sucessos de Cássia.

Entra “O Segundo Sol” e rola inteira.

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Paulo César: - Em janeiro de 2001, Cássia Eller fez um dos shows mais aclamados do Rock In Rio. No repertório, composições do “Nação Zumbi” e, entre seus instrumentistas, seu filho Chicão brilhou na bateria. Um mês depois dessa eletrizante apresentação, a cantora instalou-se com sua banda num sítio nas imediações de Teresópolis para, com os músicos Luiz Brasil e Nando Reis, iniciar a concepção e os ensaios de seu novo disco. Era o “Acústico MTV Cássia Eller” que viria a alcançar proporções jamais obtidas em sua carreira. As vendas beiraram meio milhão de cópias. Entres as dez faixas do disco inéditas em sua voz, destacam-se as releituras para “Partido Alto” de Chico Buarque, “Top Top” dos Mutantes e “Vá Morar com o Diabo”, pérola pouco conhecida do baiano Riachão. Outros momentos fortes são as pontes que a cantora faz entre movimentos da MPB contemporânea como o rap paulista de Xis e o mangue beat do grupo pernambucano Nação Zumbi que dão uma canja em Quando a Maré Encher.

Entra “Quando a Maré Encher” e rola inteira.

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Paulo César: - Com a repercussão do “Acústico MTV”, Cássia

Eller realiza, num período de sete meses, cem shows por todo o país. Todos sempre com grande sucesso. Multiplicam-se os convites. No cinema, é chamada para gravar uma das músicas da trilha sonora do filme “Buffo e Spalanzanni”. Na TV, participa da trilha do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” com a música “A Cuca te Pega”. Também grava a infantil “Eu sou um rei” para o CD que acompanhava o livro “Eu e Meu Guarda-Chuva” do titã Branco Mello. Com Djavan grava a faixa “Milagreiro”, que seria o nome do disco do cantor e compositor alagoano. Em dezembro de 2001, grava na Costa de Sauípe, na Bahia, o programa “Luau MTV” e surge então mais um convite: participar do show de reveillon no Rio de Janeiro. Cássia dedica-se aos ensaios, mas, no dia 29 de dezembro, morre vítima de um enfarte. Meses depois, seu filho Chicão e sua companheira, Maria Eugênia Vieira Martins, recebem em seu nome o prêmio de melhor cantora que lhe havia sido conferido, no ano anterior, pela Associação Paulista de Críticos de Artes. Premiação mais do que justa para uma artista que saiu de cena de maneira precoce, mas sem nada para se arrepender.

Entra “Je ne regrette rien” e rola inteira.

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Entra música-tema do Estúdio F e fica em BG;

Paulo César: - O programa de hoje foi roteirizado pelo jornalista Cláudio Felicio. O Estúdio F é apresentado toda semana pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e nas Rádios Nacional de Brasília e da Amazônia, emissoras EBC - Empresa Brasil de Comunicações. Os programas da série também são uma das atrações do Canal Funarte. Acessem a nossa rádio virtual. O endereço é www.funarte.gov.br/canalfunarte. Cultura ao alcance de um clique! Você também pode ouvir o programa pelo site da Radiobras: www.radiobras.gov.br. Quem quiser pode escrever para nós, o endereço é: Praça Mauá número 7 - 21 andar, Rio de janeiro - CEP/ 20081-240

Se quiser mandar um e-mail, anota aí: estudiof@radiobras.gov.br Paulo César: - Valeu Pessoal! Até a próxima!!! ENCERRAMENTO / FICHA TÉCNICA

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