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Professor Kássio “VIAGENS NA MINHA TERRA” (1846)

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Professor Kássio

“VIAGENS NA MINHA TERRA” (1846)

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ALMEIDA GARRETT (1799 -1854)

• O autor nasce em Porto e, desde a infância, tem a vida marcada por acontecimentos políticos. Invasões napoleônicas e Guerra Civil Portuguesa.

• Um intelectual, dandy, revolucionário exemplar.

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“VIAGENS NA MINHA TERRA”

Obra prima do escritor português Almeida Garrett, publicada

inicialmente em 1843 como folhetim. A

publicação enquanto romance data o ano

de 1846.

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UMA VIAGEM PLURAL

• Por que viagens?

• Além de interferir no “deslocamento entre os diversificados gêneros, mostra que a viagem ela se dá em várias esferas: a física, a mental e a emocional.

• Há também uma viagem na erudição:

“Não plantai batatas, ó geração de vapor e pó de pedras...”, aqui, por exemplo, retomando Camões em Velho do Restelo. Assim como o poema inaugural do romantismo português, autoria de Garrett, carrega o título de Camões. Ou mesmo na exibição da intertextualidade com a obra “Viagem à roda do quarto”, de Xavier de Maistre.

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A DIGRESSÃO

• A digressão estabelece na obra a heterogeneidade de espaços e o hibridismo do texto.

• O diálogo com o leitor e as constantes interrupções, mostram tais deslocamentos.

• Narrativa que vai da1ª à 3ª pessoa.

• A digressão de Garrett iria, depois, influenciar autores como Machado de Assis.

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A CLASSIFICAÇÃO DA OBRA

• Há uma dificuldade em enquadrar a obra em um gênero, pois ela é híbrida (Constituída por mais de um gênero). Segundo

críticos:”crônica romanceada”.

• A obra marca a transformação dos

romances portugueses.

• O próprio Garrett afirma, pela desiluação típica dos

românticos “não tenho escola”, mas caracteriza o

verdadeiro homem romântico, junto à sua

obra.

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VAMOS À OBRA:

"neste despropositado e inclassificável livro das minhas VIAGENS, não é

que se quebre, mas enreda-se o fio das histórias e das observações por tal modo, que, bem o vejo e o sinto,

só com muita paciência se pode deslindar e seguir em tão

embaraçada meada.".

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LITERATURA X POLÍTICA

REALIDADE X FICÇÃO

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• Começo por onde? Pela OBRA ou pela HISTÓRIA? Pela FICCÇÃO ou pelo REAL?

• Todos os elementos se cruzam ao longo da obra. Mas por uma questão didática, comecemos pelos fatores históricos.

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Relatos de uma viagem

• A convite de Passos Manuel, Garrett inicia o trajeto Lisboa – Santarém.

Em meio a digressões e divagações, Garrett vai tomando cabo de sua terra, ao mesmo passo em que se frustra pela degradação dos ambientes em decorrência dos homens ou do tempo. A obra já começa com um tom pessimista.

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A viagem do desencanto. Nem Azambuja, nem Santarém,

representavam o que era imaginado por Garrett.

“Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há

de fazer crônica”

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CONTEXTO HISTÓRICO DA PRODUÇÃO

• Garrett sempre foi muito crítico, engajado. Encontrou inspiração nas movimentações pelo restante da Europa. Começou a defender o fim do absolutismo em Portugal e o estabelecimento de uma constituição.

• D. Miguel, criticando a dedicação de D. Pedro ao Brasil, arma um golpe contra o irmão com a ajuda da mãe Carlota Joaquina, para retomar o absolutismo.

• Garrett se exila na Inglaterra e, em seguida, na França, onde publica seu poema “Camões”, solitário e saudoso da pátria.

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• Quando D. João morre, D. Pedro retorna a Portugal, assume o trono por uma semana. Estabelece um acordo entre monarcas e liberalistas. Entrega a Coroa à filha Maria (futura rainha), na época com 7 anos, pedindo que D.

Miguel casasse com ela e regesse Portugal. • Garrett volta para Portugal e começa a trabalhar

em um jornal. Quando D. Pedro parte, D. Miguel desrespeita o tratado e instaura novamente o absolutismo.

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D. Pedro retorna a Portugal para lutar

contra o absolutismo. Reúne-se com Garrett (e outros escritores) em Porto e arma o ataque contra os absolutistas,

marcando o início da Guerra Civil Portuguesa, entre

constitucionalistas/liberalistas x absolutistas (miguelistas).

Após a vitória liberalista, Garrett tornou-se deputado, mas aí vem os “poréns”...

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DA JANELA, UM ROMANCE.

• Observando uma janela de uma casa simples e bonita, envolvida pela natureza, partindo de um vulto, Garrett cria uma história, dentro da narrativa de sua viagem.

• “Quem seria a menina dos rouxinóis?”

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AS PERSONAGENS

• Joaninha: “símbolo da natureza impoluída”. Ficou órfã quando criança, sendo criado depois pela avó.

Jonaninha > inseto que dá sorte.

• Dona Francisca: vó cega de Joaninha. Ficou cega de tanto chorar a morte dos filhos. Representa Portugal, que resta cego diante dos problemas, apaixonada pelos seus filhos, mas sem coragem de intervir em suas escolhas.

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• Frei Dinis: maniqueísta (representa o bem e o mal). Homem de posses que deixou a vida terrena, para entregar se à igreja. Deixou o dinheiro como herança à Dona Francisca e Joaninha. Condena Carlos em sua luta.

• Carlos: o primo de Joaninha que fora embora cedo para inglaterra, onde entra em contato com as ideias liberais e retorna a Portugal para travar a luta contra os absolutistas. O alter ego de Garrett.

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O ENREDO

• Carlos e Joaninha. A traição de Carlos casado e ao mesmo tempo mulherengo, mas que se apaixona por Joaninha.

• Carlos encontra-se ferido, sob os cuidados de Georgina (sua mulher) enquanto os liberalistas triunfam.

• Segredo revelado.

• Garrett encontra-se com o Frei e Dona Francisca, como se fossem fantasmas frente à mesma casa, e pergunta sobre a história de Carlos e Joaninha. O Frei mostra a carta de Carlos à Joaninha. Nesse momento, PASSADO E PRESENTE, FICÇÃO E REALIDADE SE ENCONTRAM.

• O desfecho.

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UMA ANÁLISE DO DESFECHO

• A guerra civil é metaforizada nos problemas familiares. A pátria assume a imagem de uma grande família.

• Carlos é filho de Frei Dinis e se combatem na Guerra.

“O BARÃO MORDEU NO FRADE”

• Após a vitória, os barões dão um golpe. Garrett tem os sonhos de justiça e liberdade frustrados.

Assim parte, desiludido, rumo à Santarém e começa a produzir a sua obra. O que poderia ter sido e não e foi, como acontece ao decorrer de toda obra.

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• PORTUGAL TEM UM ROMANTISMO, DE FATO, REVOLUCIONÁRIOS. TANTO EM GESTOS, COMO EM IDEIAS.

• D. PEDRO IV, CARLOS E GARRETT, FORAM TODOS HERÓIS ROMÂNTICOS. “APAIXONADOS, REBELDES, EXCESSIVOS E CONTRADITÓRIOS”.

• UMA OBRA PESSIMISTA

• O RISCO DA DEGRADAÇÃO DOS VALORES – QUE SE TORNA REAL.

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A ABERTURA PARA EÇA

Almeida Garrett deixou em “Viagens na minha terra” uma grande herança a escritores de tempos posteriores como Eça de Queirós e José Saramago, revisitando Portugal com um olhar crítico sobre a história.