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INTRODUÇÃO
Uanhenga Xitu é o nome de Kimbundo de Agostinho André Mendes de Carvalho, nasceu em
Icolo e Bengo, Angola em 29 de Agosto de1924, morreu em 13 de Fevereiro de 2014, foi um escritor
Angolano. Nos últimos anos tem sido objecto do estudo Científico, recebeu homenagens em território
angolano e outros países.
Além da enfermagem, sua profissão formal, exerceu clandestinamente atividades políticas
visando a independência de× Angola, vindo a ser preso pela PIDE no seguimento da detenção no aeroporto
de Luanda.
Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior, medidas de
segurança de seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por quinze anos. Na prisão
começou a escrever suas histórias. Em liberdade, manteve a sua actividade politica e depois de alcançada
a independência de Angola, exerceu as funções de Ministro da Saúde, Comissário provincial de Luanda e
Embaixador da Popular de Angola na Alemanha. Foi deputado à Assembleia Nacional pelo MPLA,
posteriormente vindo a ser "reformado" por motivos de idade não mais compatível ao exercício da função.
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Eminente contador de ‘estórias’ populares, a narrativa de Uanhenga Xitu, está despida do
rigor literário, pois a preocupação primária do autor é estabelecer uma ligação semiótica com o seu povo,
que o estimula a escrever. A sua vivência na senzala transformou-o num homem solidário e interessado
com as necessidades humanas. Numa entrevista, Uanhenga Xitu afirmou que "o que me preocupa é a
situação social do povo". Em 2006 recebe a distinção do Prêmio de Cultura e Artes na categoria de literatura
pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme surpresa. Sendo assim, o
homenageado e culto escritor angolano entrou na lista dos melhores autores da história literária Angolana.
Alguns títulos da obra de Uanhenga Xitu:
O Meu Discurso
"Mestre" Tamoda
Bola com Feitiço
Manana
Vozes na Sanzala (Kahitu)
"Mestre" Tamoda e Outros Contos
Maka na Sanzala
Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem
Os Discursos do "Mestre" Tamoda
O CABELEREIRO
O texto nos apresenta que os cabeleireiros e cabeleireira estavam espalhados por toda
cidade de Luanda e nas sedes de Províncias, sobre tudo nos subúrbios, uns em casa cobertas a capim e
zinco, outros em improvisadas casotas de um só quarto, feita de madeira, com tecto e paredes cheias de
teia de aranha.
A preocupação era a tesoura, espelho, pente, pincel para borrifar toda a clientela, uma cadeira
de barbeiro mas aleijada, algumas lâminas e com a mesma lâmina cortavam ou centenas de pessoas. Não
há infecção por falta de álcool de outros desinfetantes. Via – se nas prateleiras uma quantidade de latas de
desodorizantes de marcas diversas, mas vazias para enganar os clientes, metiam água com uns pingos de
perfume ou espuma de sabonete e talvez com um pouco de ar na lata para dar o jacto e quando bombeava
fuka-fuka o cliente psicologicamente sentia o cheiro de uma boa quantidade de desodorizante do bom e
cairo.
Além destes havia outras oficinas sobre tudo na parte urbana da cidade com o material em
bom estado e com a apresentação limpa. Com panos de sarja branca, ou de algodão, bons espelhos forrado
a parede que possibilitavam o cliente ver a nuca e a cara, também havia cadeira articuladas de subir e
descer pedalando e ventoinha como no tempo antigo funcionavam as barbearias dos padrões portugueses.
Mas a par disto havia por detrás da cabeleireira Ita uma casa estranha com o letreiro pregado
nas traseiras do quintal de tábuas de barris pintada a letra bem desenhada em francês “Parfumoir”
perfumador. Sempre cheia de gente principalmente nas sextas feira, sábados e domingo. O estabelecimento
funcionava num dos anexos alugados por uma velha senhora. Como trabalhadores era ele o patrão
Malafuaia, preto alto de mão e dedos de massagistas, olho de um vigarista, cabelo rapado e sempre
vaselinado. Acompanhava – o neste parfumoir uma bela jovem mulata e um preto enjambrado que se
chamava zequinha, a casa funcionava para perfumar os que iam ao casamente, baptismo, baile e outras
cerimónias e para gentes que tinham encontros com namorados. Ter um desodorizante ou perfume era luxo
de um rico, naquela época. O preço variava conforme o lugar em que o cliente quisesse ser perfumado ou
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o número de peças de roupa. 100 Kwanzas para jacto de desodorizante nas axilas e na cabeça, 200
kwanzas nas virilhas, biquínis, soultiens e Cuecas, 300 e 500 kwanzas para vestido e fatos de homem, 500
param uma mala de roupas.
Um dos frequentadores cliente conhecido por Rumba (alcunho dado por ser um grande
dançarino) era um jovem dos seus trinta anos animador de festas. Rumba era muito conhecido, bem vestido
como era hábito dos que frequentavam a casa. O salão funcionava até cerca da meia-noite.
O texto termina quando o Zequinha envés de desodorizante trocou por um pulverizador de
insecticida para matar baratas e outros insetos, fuka-fuka nas axilas e outros tantos nas virilhas, foram a
dobrar, Rumba eu um grito e saiu a correr com as calças nas mãos pulando e empurrando os outros clientes
para o deixar passar. Despertando a atenção dos que passavam e da vizinhança. Um mundo de crianças
atrás do Rumba gritando: olha o Rumba, lá vai o Rumba, gerou – se uma confusão. Malafuaia não conseguiu
conter ou sossegar os ânimos exaltados dos povos, e o barulho era tanto que foi preciso a intervenção de
soldados da ODP (Organização de Defesa Popular) que bem perto se situava numa das bases onde levaram
o Zequinhas que confessou enganar – se.
O texto apresenta um género narrativo por ser uma história.
A obra também apresenta texto não literário por ser informativo, objectiva nele a predomínio
de função informativa da linguagem uni significativa e denotativa.
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CONCLUSÃO
Depois de ter lido esta magnífica obra, cheguei a conclusão de que os problemas para serem
resolvidos temos que partir do particular para o geral.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Uanhenga Xitu. In Infopédia Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-09-23].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$uanhenga-xitu>
Gramática Prática de Língua Portuguesa
CABELEREIRO – Wanhenga Xitu, 1990 - IIIª edição Revista e aumentada - 1993