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Web viewcapacitação e formação para o trabalho; na oferta educativa não formal, incluindo temas pertinentes a direitos, cidadania, saúde, violência intrafamiliar, HIV

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ALCANÇAR OS EXCLUÍDOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA: CRIANÇAS E JOVENS FORA DA ESCOLA NO BRASIL

INTRODUÇÃO:

Estar fora da escola representa situação de forte exclusão social. No entanto, não basta estar na escola se nela não se tem garantido o direito de aprender, o que configura exclusão intraescolar. Em geral, deixar a escola é consequência do insucesso e de repetências sucessivas. Por outro lado, uma vez fora da escola, a ela retornar e continuar torna-se mais difícil.

A exclusão da escola ou do direito de aprender na idade própria faz com que muitos jovens e adultos deixem de completar um número mínimo de anos de escolaridade. Assim, o indivíduo não terá instrumentos básicos para se inserir na sociedade contemporânea com condições dignas de trabalho e de cidadania.

OBJETIVO DA PESQUISA: (Dados do PNAD, de 2009)

Lançar luz sobre a exclusão educacional no país, analisando as desigualdades educacionais nos diferentes segmentos sociais:

Localização geográfica – Grandes regiões, Rural ou Urbana Raça/Cor Sexo Renda Familiar per capita 

Quando tratamos sobre os “Mais excluídos”, nos referimos aos que não estão na escola em nenhum nível, ou seja fora de qualquer oportunidade de educação formal na idade apropriada.

Ênfase   às seguintes faixas etárias:

Excluídos do sistema educacional segundo faixas etárias (Brasil, 2009):

6-14 anos (cursar e concluir ensino fundamental obrigatório sem repetência) - 2,4% excluídos 4-5 anos (pré-escola) -  25,2% excluídos 15-17 anos (ensino médio) -  14,8% excluídos 0-3 anos (desenvolvimento educacional posterior) -  81,6% sem acesso educacional (opcional,

porém percentual elevado dado a demanda que se tem verificado nos municípios, instância prioritariamente responsável pela oferta pública.)

** Total de brasileiros de 4-17 anos fora da escola: 3,7 milhões (8% da população nessa idade)

(1) RENDA FAMILIAR:

(1.1) Quadro Atual:

Quanto menor a renda da família, mais elevado o percentual fora da escola, em todas as faixas etárias consideradas.

Forte concentração dos excluídos entre os que estão em famílias com renda de até meio salário mínimo per capita. Forte exclusão dos mais pobres na educação brasileira.

As percentagens de excluídos entre os 20% mais pobres são pronunciadamente mais elevadas em todas as faixas etárias.

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Estar fora da escola na faixa etária própria ao ensino obrigatório é um fenômeno praticamente restrito aos mais pobres.

 

(1.2) Evolução na década:

Diminuição da desigualdade ná última década, onde o hiato entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos decresceu de 7% para 2,6%.

Exceção: Crianças até 3 anos – Há baixa demanda entre os mais pobres.

(2.) RAÇA/COR:

(2.1) Quadro Atual:

A discriminação racial coloca pretos e pardos e os indígenas em situação mais desfavorável comparativamente aos brancos, sendo evidenciada na análise do acesso a diferentes direitos sociais, inclusive à educação.

Os indígenas constituem o segmento em que a exclusão do sistema educacional é mais pronunciada, qualquer que seja a faixa etária sob análise.

Os negros (pretos e pardos), em todas as faixas etárias, encontram-se super-representados no conjunto dos que estão fora da escola - mais evidente nas faixas etárias dos 6 aos 14 anos e dos 15 aos 17 anos.

(2.2) Evolução na década:

Diminuição na taxa dos que estão fora da escola, em todos os segmentos étnico-raciais.

O acesso de todas as crianças e jovens indígenas dos 4 aos 17 anos à educação obrigatória, em 2016, conforme previsto pela Emenda Constitucional nº 59, constituirá um grande desafio.

A desigualdade entre brancos e negros no acesso à escola vem decrescendo ao longo dos anos, em todas as faixas etárias. O hiato reduziu-se de 2,3% para 0,6%.

 

(3.) GÊNERO:

(3.1) Quadro Atual:

A exclusão é ligeiramente mais elevada na população masculina, em todas as faixas etárias, à exceção daquela até 3 anos.

Porque? As mulheres, uma vez no sistema escolar, têm menor propensão a repetir as séries e a abandonar a escola. Nas idades mais elevadas, as pressões para o trabalho remunerado tendem a ser maiores sobre os meninos, o que pode ser uma das razões para que eles deixem a escola. Outras possíveis explicações estão nas diferenças comportamentais, tendendo as meninas a apresentarem menos problemas disciplinares e conflitos, o que pode facilitar sua convivência e continuidade no ambiente escolar.

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(3.2) Evolução na Década:

Exclusão para faixa etária de 6-14 anos mais elevada entre homens em 2001 e 2009. Exceção: Faixa etária de 15-17 anos, mulheres mais excluídas em 2001. Mas isso se reverteu

em 2009. (2,2% a mais de homens excluídos)

(4.) DIFERENÇAS REGIONAIS E INTRARREGIONAIS:

(4.1) Quadro Atual:

Em geral, as regiões Sul e Sudeste em situações menos desfavoráveis. Exceção: Sul 4-5 anos e de 15-17 anos. Destaque: Nordeste Menor exclusão na faixa própria à pré-escola, mostrando melhor

condição, inclusive, que a região Sudeste. Norte e Nordeste são as regiões mais excludentes. Diferenças intrarregionais pronunciadas.

Norte : Pará Nordeste: Alagoas Sudeste : MG e Espírito Santo Sul : RS e Paraná pior do que SC. Centro-Oeste : Goias e Mato Grosso

(4.2) Evolução na Década:

Muitas das desigualdades regionais na exclusão educacional em 2001 continuaram em 2009, porém antes eram ainda mais acentuadas.

Ensino Obrigatório (6-14 anos) - Diminuição acelerada da taxa dos excluídos / Redução da desigualdade das regiões Norte e Nordeste em relação às demais regiões.

Sul continua a mais excludente para jovens entre 15-17 anos. Sudeste se mantém com um percentual baixo.

0-3 anos Em regiões de maior dispersão demográfica, o atendimento às crianças pequenas é dificultado pelas distâncias.

(5) ÁREA RURAL:

(5.1) Quadro Atual:

Menores oportunidades educacionais, mesmo na idade compulsória. Situação era mais grave em décadas anteriores.

Em números absolutos, entretanto, como a população brasileira atualmente está concentrada nas cidades, nestas o contingente de excluídos é bem mais elevado.

A zona rural participa com 24,8% dos excluídos da escola obrigatória (6-14 anos). Mundo Rural Grande Diversidade Desafios próprios ao enfrentamento da exclusão

educacional da população formada por povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, famílias de trabalhadores assalariados, pequenos produtores e extrativistas, entre outras segmentações.

(5.2) Evolução na Década:

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Ao longo dos anos de 2001 a 2009, a distância que a separa da zona urbana vem diminuindo nas diferentes faixas etárias aqui analisadas, à exceção da de 0 a 3 anos.

Para faixa até 3 anos, aumentou o hiato entre a zona rural e a urbana (de 7,3% para 11,1%) O atendimento em espaço coletivo de crianças nessa faixa etária está muito associado à

urbanização e ao trabalho feminino fora do domicílio. Assim, o acesso à creche nas cidades deverá continuar crescendo proporcionalmente mais nas cidades do que no campo, ainda que também essa população venha demandando cada vez mais tal atendimento.

(6) JOVENS E ADULTOS:

(6.1) Quadro Atual:

Grande parcela dos jovens e adultos não completaram 8 anos de estudo. 65% dos brasileiros entre 15 e 64 anos que estudaram da 1ª a 4ª série sabem realizar apenas

leitura básica e operações simples em matemática. 13% destes são analfabetos absolutos

20 milhões entre 20-39 anos não completaram o ensino obrigatório (1/3 da população desta idade)

Estes são excluídos de condições de emprego e renda mais favoráveis. Pertencem a famílias com baixo nível sócio-econômico. Seus filhos também correm risco mais elevado de exclusão.

Situação de exclusão caracterizada pelo não cumprimento da escolaridade obrigatória mostra atingir os mesmos segmentos sociodemográficos que a exclusão do sistema educacional na educação básica.

Maiores percentuais desses excluídos estão na população de pretos e pardos, nos homens, nas regiões Norte e Nordeste, nos que habitam na área rural e nos segmentos de renda mais baixa.

Desvantagens comparativas menores na população mais velha. Gênero: posição mais favorável às mulheres está apenas até a faixa de 30 a 39 anos

(região Sul também) Oportunidades de escolarização nas décadas anteriores a 1970 eram ainda muito

restritas para toda a população brasileira, e poucos obtinham algum nível acima do ensino obrigatório, que até então tinha 4 anos de duração.

(6.2) Evolução na Década:

Expressivo decréscimo na desigualdade. Reduções proporcionalmente mais elevadas nas idades mais baixas.

Para aqueles que deixaram a escola antes de completar a escolaridade obrigatória, o retorno torna-se mais difícil quanto mais avançam na idade.

2001 : 57,8% com mais de 40 anos tinham mais de 4 anos de estudo. 2009: 67,6%. A cobertura dos programas governamentais e não governamentais de educação de

jovens e adultos continua sendo, em geral, limitada às necessidades e à demanda efetiva. Necessário reverter as tendências atuais Foco nas populações rurais, migrantes, indígenas,

afrodescendentes, pessoas privadas de liberdade e deficientes. Nos anos recentes, educação ganhou impulso.

Avanços no âmbito legal e nas políticas, em termos do reconhecimento do direito à educação, à diversidade linguística e cultural; nos planos, programas e campanhas de

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alfabetização e na institucionalização de ofertas para completar e certificar os estudos de educação primária e secundária, em alguns casos, vinculados a programas de capacitação e formação para o trabalho; na oferta educativa não formal, incluindo temas pertinentes a direitos, cidadania, saúde, violência intrafamiliar, HIV/Aids, proteção ao meio ambiente, desenvolvimento local, economia social e solidária, entre outros.

Avanços na equidade de gênero; maior atenção a grupos especiais; utilização de TIC (tecnologias de informação e comunicação); Construção de sistemas de informação, documentação, monitoramento e avaliação dos programas

PBA Programa Brasil Alfabetizado Enfrentamento da desigualdade e da exclusão na educação básica, no sentido de cumprir os compromissos da Educação para Todos (EPT).

(7) POLÍTICAS BRASILEIRAS:

Triângulo da Educação Brasileira: Acessibilidade e disponibilidade Ambiente de aprendizagem Direitos e oportunidades

Expansão do ensino público e gratuíto – Programas com abrangência para toda educação básica (antes só o ensino fundamental)

PNATE – Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar PNLD – Programa Nacional do Livro Didático Envio de materiais didáticos para as escolas e o da Merenda Escolar Aplicação do salário-educação para educação básica. Programa Bolsa Família (Transferência de Renda associada a frequencia escolar) – 11

milhões de famílias / 17 milhões de crianças e jovens de 6-17 anos. Dificuldades: Distância física (área rural, periferias, baixa população) PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação (2007)

Necessário garantir direito à aprendizagem! Melhorar condições de recursos humanos (professores qualificados) e materiais/infraestrutura. Professores também provenientes das camadas menos favorecidas. Proformação – Programa de Formação de Professores em Exercício – MEC (1997) –

Atendeu 30 mil docentes das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. PEC – Programa de Educação Continuada – Formação Universitária (SP) Programa Pedagógico Cidadã – Educação Infantil e 1ª s sérias Ensino Fundamental Projeto Veredas – Formação Superior de Professores (MG) ProInfantil – Programa de Professores de Educação Infantil – Créches e Pré-escola Política Nacional de Formação dos Profissionais do Magistério da Educação Básica

(Decreto n6.755, de 2009) Escola básica para indígenas – Alvo especial de ações apoiadas técnica e financeiramente ProInd – Formação para docência dos indígenas – Inclusão dos indígenas na educação.

Dificuldades: Continuidade dos estudos e ampliação da escolaridade. Ambientes de aprendizagem Grande desafio Falta de engajamento dos alunos.

Excluídos possuem condições precárias de moradia e de acesso a serviços públicos (inclusive segurança). Os riscos e interrupções são frequentes!

Não funcionamento das escolas em dias letivos. Abseíntismo dos professores (greves, doenças, etc.)

Instrumentos legais (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Plano Nacional de Educação, Conselho Nacional de Educação) e Mobilização Social (em defesa da educação e a favor dos segmentos desfavorecidos)

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Proteção Social (Bolsa Família e Programa Nacional de Alimentação Escolar – Merenda Escolar) e Redistribução de Recursos (FUNDEB – Maior equidade na distribução dos recursos educacionais – Ampliação do universo de matrículas – Vedada contingenciamento destes recursos durante execução orçamentária anual) (FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) (IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)

Avanço em direitos sociais: ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) Leis nacionais da educação, assistência social, previdência e saúde.

Direitos humanos (compromissos internacionais) União: Não é responsável direta pela oferta de educação básica

Políticas para apoiar estados e municípios – possuem próprios conjuntos de políticas. INICIATIVAS SÃO FUNDAMENTAIS MAS POLÍTICAS INSUFICIENTES!!! O que ainda é necessário?

Melhorar condições de oferta da educação. Maiores investimentos. Políticas de assistência e proteção social. Novas formas de universalismo. Definir diretrizes curriculares nacionais para educação básica (níveis e modalidades). Melhoria na formação prévia e continuada dos professores.

“O desenvolvimento de uma política educativa disposta a promover em cada escola uma proposta institucional e pedagógica diferente, ajustada às

características do contexto em que está inserida, como forma de garantir às novas gerações um acesso universal ao conhecimento”