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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – ICJ TEORIA GERAL DO CRIME Profa. Dra. Cibele Mara Dugaich [email protected] MÓDULO X – O CRIME E O DIREITO PENAL CRIME É DEFINIDO COMO SENDO O “FATO TÍPICO E ANTIJURÍDICO “. O FATO É TÍPICO porque corresponde à descrição do crime pela lei. O FATO É ANTIJURÍDICO porque além de típico (definido pela lei), não tem a seu favor nenhuma justificativa, como a legítima defesa ou o estado de necessidade. PORTANTO, O FATO É TÍPICO PORQUE CORRESPONDE A UMA DESCRIÇÃO PENAL, COMO MATAR ALGUÉM, MAS NÃO É CRIME POR SER JUSTIFICADO POR UMA EXCLUDENTE DE ANTIJURIDICIDADE OU ILICITUDE. O fato típico compõe-se de vários elementos: 1. O TIPO: A DESCRIÇÃO DO FATO CRIMINOSO FEITA PELO CÓDIGO PENAL E PELA LEGISLAÇÃO PENAL COMPLEMENTAR. O TIPO É A FORMA QUE SERVE PARA AVALIAR SE DETERMINADA CONDUTA HUMANA É CRIMINOSA OU NÃO. AQUILO QUE NÃO SE AJUSTA AO TIPO NÃO É CRIME.

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIPINSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – ICJ

TEORIA GERAL DO CRIME

Profa. Dra. Cibele Mara [email protected]

MÓDULO X – O CRIME E O DIREITO PENAL

CRIME É DEFINIDO COMO SENDO O “FATO TÍPICO E ANTIJURÍDICO “.

O FATO É TÍPICO porque corresponde à descrição do crime pela lei. 

O FATO É ANTIJURÍDICO porque além de típico (definido pela lei), não tem a seu favor nenhuma

justificativa, como a legítima defesa ou o estado de necessidade.

PORTANTO,

O FATO É TÍPICO PORQUE CORRESPONDE A UMA DESCRIÇÃO PENAL, COMO MATAR ALGUÉM, MAS NÃO É CRIME POR SER JUSTIFICADO POR UMA EXCLUDENTE DE ANTIJURIDICIDADE OU ILICITUDE.

 

O fato típico compõe-se de vários elementos:

1. O TIPO:

A DESCRIÇÃO DO FATO CRIMINOSO FEITA PELO CÓDIGO PENAL E PELA LEGISLAÇÃO PENAL COMPLEMENTAR. O TIPO É A FORMA QUE SERVE PARA AVALIAR SE DETERMINADA CONDUTA HUMANA É CRIMINOSA OU NÃO.

AQUILO QUE NÃO SE AJUSTA AO TIPO NÃO É CRIME.

Cada um dos artigos incriminadores do Código Penal é um tipo.

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2. A TIPICIDADE

É O AJUSTE DO FATO COM O TIPO, OU SEJA A CORRESPONDÊNCIA DO FATO PRATICADO COM A DESCRIÇÃO LEGAL EXISTENTE.

QUANDO NÃO HÁ TIPICIDADE NÃO HÁ CRIME.

Exemplo: não haverá tipicidade no crime de quadrilha ou bando (art. 288 do Código Penal) se a associação reunir duas ou três pessoas, uma vez que o tipo exige um mínimo de quatro.

3. CONDUTA:

A CONDUTA OU AÇÃO É O COMPORTAMENTO HUMANO AVALIADO PELO DIREITO. É NECESSÁRIO QUE ESTA AÇÃO SEJA VOLUNTÁRIA E CONSCIENTE. O ATO DE REFLEXO OU INCONSCIENTE NÃO SE CONSIDERA AÇÃO, À EVIDÊNCIA. AS INFRAÇÕES PENAIS SE PRATICAM POR AÇÃO, CHAMADOS AÍ DE CRIMES COMISSIVOS OU POR CRIMES OMISSIVOS.

Os crimes comissivos consistem numa ação positiva (matar, furtar, roubar). Os crimes

omissivos consistem na abstenção da ação devida (não fazer o que a lei manda, como no

caso do crime de omissão de socorro).

4. DOLO

CONSISTE NO PROPÓSITO DE PRATICAR INTENCIONALMENTE UM CRIME. O CRIMINOSO QUER O RESULTADO OU ASSUME O RISCO DE PRODUZI-LO.

Exemplos: o furto – Art. 155; a extorsão – Art. 158 e a falsidade ideológica – art. 299.

Os doutrinadores ainda classificam espécies de dolo: o direto, o eventual, o específico, de

dano e de perigo.

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5. CULPA

CONSISTE NA PRÁTICA NÃO INTENCIONAL DE UM FATO DELITUOSO; FALTA AO AGENTE UM DEVER DE ATENÇÃO E CUIDADO.

MODALIDADES DA CULPA SÃO A NEGLIGÊNCIA, A IMPRUDÊNCIA E A IMPERÍCIA.

A CULPA SE SUBDIVIDE EM ESPÉCIES DE ACORDO COM OS PENSADORES DO DIREITO: CULPA INCONSCIENTE, CULPA CONSCIENTE, CULPA IMPRÓPRIA.

CULPA CONSCIENTE (excesso de confiança)

A CULPA é a imprevisão do que podia ser previsto. É falta de cuidado, de atenção devida.

Na CULPA CONSCIENTE, o agente prevê o resultado, mas não duvida de que o resultado aconteça porque confia na sua habilidade.

Exemplo: motorista dirige em alta velocidade e acredita que não nada vai acontecer. Ele não quer o resultado. E aí, a diferença com o dolo eventual.

CULPA IMPRÓPRIA (engano ou precipitaçao)

A CULPA IMPRÓPRIA  ou CULPA POR EQUIPARAÇAO ou CULPA POR ASSIMILAÇÃO é, na verdade, uma conduta dolosa, quer por medida de política criminal, é apenada como um crime culposo.

Exemplo rapaz que é furtado rotineiramente por um ladrão que entra pelos fundos e 'leva' objetos de seu quintal, uma noite fica de tocaia e atira no suposto ladrão. Na verdade, era o seu tio que chegava bêbado do forró. O crime é doloso (matar o ladrão), mas, por medida de política criminal, responderá por crime culposo.

Quando se diz que a culpa é elemento do tipo, faz-ze referência à inobservância do dever de

diligência; a todos no convívio social, é determinada a obrigação de realizar condutas de forma a não

produzir danos a terceiros; é o denominado cuidado objetivo.

A conduta torna-se típica a partir do instante em que não se tenha manifestado o cuidado necessário

nas relações com outrem, ou seja, a partir do instante em que não corresponda ao comportamento

que teria adotado uma pessoa dotada de discernimento e prudência, colocada nas mesmas

circunstâncias que o agente; a inobservância do cuidado necessário objetivo é o elemento do tipo.

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São elementos do fato típico culposo, a conduta humana e voluntária, de fazer ou não fazer, a inobservância do cuidado objetivo manifestada por meio de IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA ou IMPERÍCIA, a previsibilidade objetiva, a ausência de previsão, o resultado involuntário, o nexo de causalidade e a tipicidade.

IMPRUDÊNCIA: é a prática de um fato perigoso.

Exemplo: dirigir veículo em rua movimentada com excesso de velocidade.

NEGLIGÊNCIA é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.

Exemplo: deixar arma de fogo ao alcance de uma criança.

IMPERÍCIA é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.

Na culpa inconsciente o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível; é a culpa comum

que se manifesta pela imprudência, negligência ou imperícia.

Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente que não ocorra

ou que pode evitá-lo.

Culpa própria é a comum, em que o resultado não é previsto, embora seja previsível; nela o

agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo.

Na culpa imprópria, o resultado é previsto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo

inescusável ou vencível.

A compensação de culpas é incabível em matéria penal; não se confunde com a concorrência de

culpas; suponha-se que 2 veículos se choquem num cruzamento, produzindo ferimentos nos

motoristas e provando-se que agiram culposamente; trata-se de concorrência de culpas; os dois

respondem por crime de lesão corporal culposa.

6. RESULTADO

Existem crimes de resultado, também chamados de crimes materiais. O tipo descreve um determinado

resultado, destacado da conduta que deve ocorrer para que se considere o crime consumado.

O crime de mera conduta o tipo não descreve nenhum resultado pelo qual a lei se desinteressa, como no

crime de omissão de notificação de doença ou na violação do domicílio ou, ainda, no ato obsceno. O crime

apenas de consuma com o ato do réu.

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7. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

O Código Penal adota a teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non,

considerando como causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, nos termos do

artigo 13 do Código Penal. Vale dizer entre a conduta (ação) e o resultado deve existir uma relação de

causa e efeito.