Upload
trinhdung
View
223
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Vigilância e Controle da raiva transmitida por morcegos
Karin Corrêa Scheffer Ferreira Instituto Pasteur
Outubro/2013
• Os morcegos, constituem a maior parte da fauna de mamíferos tanto em número de espécies como em número de indivíduos;
• No Brasil é o segundo maior grupo de mamíferos, superado apenas pela Ordem Rodentia (265);
• São os únicos mamíferos a apresentar estruturas especializadas que permitem um voo verdadeiro.
Morcegos
Morcegos do Brasil
No Brasil existem 9 famílias, 64 gêneros e 174 espécies.
Famílias Gênero
Mundo/Brasil
Espécies
Mundo/Brasil
Emballonuridae 13 07 51 15
Phyllostomidae 57 40 160 90
Mormoopidae 02 01 08 04
Noctilionidae 01 01 02 02
Furipteridae 02 01 ? 01
Thyropteridae 01 01 04 04
Natalidae 01 01 06 01
Molossidae 16 07 86 26
Vespertilionidae ? 05 ? 24
No município de São Paulo existem 05 famílias, 23 gêneros e 43 espécies. Molossidae Phyllostomidae Vespertilionidae Emballonuridae Noctilionidae
Fonte: Miriam Sodré, CCZ/SP
Morcegos no município de São Paulo
Dados CCZ, 2012
Família Emballonuridae
No Brasil existem 7 gêneros e 15 espécies
Características: Cauda mais curta que a membrana interfemural, perfurando-a na face superior e ficando com a extremidade livre
Peropteryx macrotis
Famílias de Morcegos
Família Mormoopidae
No Brasil existe 1 gênero e 4 espécies
Características: Não possuem folha nasal, têm olhos pequenos e lábios expandidos. A pelagem é marrom ou marrom avermelhada.
Pteronotus parnellii
Famílias de Morcegos
Família Noctilionidae
Possui 01 único gênero e 02 espécies (BRASIL)
Características: Possuem orelhas bem separadas, estreitas e pontudas, uropatágio grande e calcâneo muito comprido, lábios leporinos e focinho que lembra um cão buldogue
Noctilio leporinus Noctilio albiventris
Famílias de Morcegos
Família Furipteridae
No Brasil ocorre 01 única espécie
Características: Pelagem de cor acinzentada, são pequenos e delicados; polegar e unha bem rudimentar
Furipteridae horrens
Famílias de Morcegos
Família Thyropteridae
Possui 01 gênero e 04 espécies (BRASIL)
Características: Presença de discos adesivos nos polegares e pés
Thyroptera tricolor
Famílias de Morcegos
Família Natalidae
No Brasil somente 01 espécie
Características: Uropatágio bastante desenvolvido, envolvendo toda a cauda.
Natalus stramineus
Famílias de Morcegos
Família Molossidae
No Brasil 07 gêneros e 26 espécies
Características: Apresentam cauda que se projeta além do uropatágio – “morcegos de cauda livre”, possuem asas estreitas e longas para voos rápidos, formam colônias de grande a médio porte. Abrigam-se em frestas e são essencialmente insetívoros.
Nyctinomops macrotis Nyctinomops laticaudatus
Famílias de Morcegos
Família Vespertilionidae
No Brasil: 5 gêneros e 24 espécies
Características: Cauda por todo comprimento do uropatágio, formando um “V”, possuem asas curtas e largas. Abrigam-se em edificações e sob folhagens e são essencialmente insetívoros.
Famílias de Morcegos
Família Phyllostomidae
No Brasil, possui 05 subfamílias e é a família com a maior quantidade de espécies
Características: Presença de folha nasal em forma de lança ou ferradura (exclusiva da subfamília Desmodontinae), possuem asas curtas e largas. Abrigam-se sob folhagens, árvores e edificações e tem o hábito alimentar mais diversificado.
Artibeus sp
Desmodus rotundus
Famílias de Morcegos
Hábitos Alimentares
Constituem um dos grupos mais diversificados quanto
aos hábitos alimentares;
Essa diversidade de dietas não é encontrada em nenhum outro grupo de mamíferos.
Fitófagos (Nectarívoros e Frugívoros): néctar, frutos, partes florais e folhas
Encontrados nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, pois existem plantas produzindo néctar e frutos praticamente o ano todo.
Hábitos Alimentares
Polinívoros: pólen e insetos
Possuem dentes diminutos e retiram carboidratos do néctar e proteínas do pólen das plantas, mas também podem consumir insetos.
Hábitos Alimentares
Insetívoros: insetos
Existem dois tipos desses morcegos.
Insetívoros aéreos
Insetívoros catadores
Hábitos Alimentares
Piscívoros (ou Ictiófagos): peixes
Na região neotropical existem duas espécies piscívoras.
São habilidosos na pesca, com grandes e fortes pés em forma de garra.
Hábitos Alimentares
Carnívoros: pequenos vertebrados como roedores, anfíbios, aves e até mesmo outros morcegos
Muitas vezes são considerados onívoros por se alimentarem ocasionalmente de artrópodes e frutos.
Apenas da família Phyllostomidae.
Hábitos Alimentares
Hematófagos: sangue
Apenas três espécies de morcegos existentes no mundo são hematófagas.
Hábitos Alimentares
Desmodus rotundus Diphylla ecaudata Diaemus youngi
Durante uma noite um morcego insetívoro pode comer o equivalente a metade de seu peso.
Estima-se que algumas espécies possam comer quantidades correspondentes a uma vez e meia o seu peso em uma única noite (Goodwin e Greenhall, 1961). E alguns morcegos da subfamília Phyllostominae podem capturar até 500 insetos por hora.
Os morcegos frugívoros podem visitar até 7 árvores frutíferas por noite, podendo ingerir até metade de seu peso em frutas.
Hábitos Alimentares
Para quebrar o jejum de aproximadamente 10 horas sem comer, o período de atividades geralmente é mais intenso nas duas primeiras horas ao escurecer e nas duas horas antes do amanhecer (Greenhall e Paradiso, 1968).
Os morcegos podem hibernar em climas frios, porém no Brasil, não se conhecem casos de hibernação, muitas espécies quando dormem pela manhã, podem ficar em estado de semi-torpor e com redução da temperatura do corpo (Reis et al, 2007).
Hábitos Alimentares
A associação entre os morcegos e a raiva é conhecida desde 1911 quando Carini estudou um surto epizoótico da doença em bovinos no Estado de Santa Catarina.
No Brasil, a partir do ano de 2004 a importância do morcego como transmissor da raiva aumentou, passando a ser considerado como a principal espécie agressora.
Morcegos e a raiva
Definição - Morcego Suspeito
Todo indivíduo encontrado durante o dia, vivo ou
morto, em residências ou em outras edificações (nas dependências internas ou externas) ou em vias públicas, com ou sem sintomatologia neurológica, em horários e locais não habituais.
BEPA, 2006
Morcegos Suspeitos - Sinais Clínicos
Os sinais mais frequentemente observados em
morcegos suspeitos de estarem infectados com o vírus da raiva:
Voos Diurnos;
Atividade Alimentar Diurna;
Falta de Coordenação dos Movimentos;
Dificuldade de Alçar Voo;
Tremores Musculares;
Animais encontrados em locais não habituais
Envio de Amostras de Morcegos para o
Diagnóstico Laboratorial
O morcego suspeito (eutanasiado) deve ser encaminhado para o laboratório:
Refrigerado ou Congelado, acondicionado em caixa de isopor com gelo reciclável
Cada morcego deve ser acompanhado de requisição preenchida:
Local de captura
Vivo ou morto
Sinais observados
Contato com humanos ou outros animais
Envio de Amostras
Envio de Amostras de Morcegos para o
Diagnóstico Laboratorial
NÃO colocar o morcego em glicerina, álcool ou formol, pois inviabiliza as técnicas laboratoriais
IMPORTANTE: enviar
Morcegos encontrados sem cabeça
Morcegos com caixa craniana esmagada
Morcegos que foram enterrados
Envio de Amostras
Nas Diretrizes da Prática de Eutanásia do CONCEA
do grego “eu”– bom e “thanatos”– morte,
Constitui-se no modo humanitário de matar o animal, sem dor e com mínimo desconforto. É a prática de causar a morte de um animal de maneira controlada e assistida para alívio da dor e/ou do sofrimento.
A pessoa responsável pela eutanásia deve ter conhecimento técnico, usar métodos humanitários de manuseio, entender o motivo pelo qual o animal está sendo morto, estar familiarizado com o método e estar informado sobre a finalidade a que se destinará o corpo do animal após a morte.
Eutanásia
Em consulta oficial ao Prof. Titular do Departamento de
Cirurgia e Anestesiologia da FMVZ UNESP Botucatu – Stelio Pacca Loureiro Luna
Eutanásia
Quais diretrizes seguir?
Informe Técnico publicado no BEPA em 2006
Norma Técnica nº 19/2012 – CGDT/DEVEP/SVS/MS (Diretrizes da vigilância em saúde para atuação diante de casos de raiva em morcegos em áreas urbanas)
Diretrizes
Caso de morcego POSITIVO confirmado laboratorialmente
Caso de morcego POSITIVO confirmado laboratorialmente
Ações sobre Morcegos
Ações sobre Abrigos
Orientações Identificar espécie*
Busca ativa por contatantes
Humanos Cães e gatos
Orientação Médica
Cão ou Gato agredido por morcego
Não Vacinado Previamente
Vacinado Previamente
180 dias de Isolamento +
Esquema vacinal de 3 doses (Dias 0, 7 e 30)
180 dias de Isolamento +
Esquema vacinal de 2 doses (Dias 0 e 30)
Enviar morcego para diagnóstico
laboratorial*
Se o cão ou gato morrer: Enviar material para diagnóstico
Positivo ou Impossibilitado
Positivo ou Impossibilitado
Negativo
Orientar que o animal seja submetido à
eutanásia
1) Se houver impossibilidade de manter ISOLAMENTO, proceder a eutanásia. 2) Havendo discordância do proprietário em realizar eutanásia, manter ISOLAMENTO com
termo de responsabilidade assinado.
MANTER o isolamento e o esquema vacinal
*Morcego enviado para diagnóstico laboratorial
Vacinado Previamente
Não Vacinado Previamente
SUSPENDER o isolamento e o esquema vacinal
Orientar para que a vigilância epidemiológica da raiva em
morcegos seja realizada por demanda espontânea (notificação, encaminhamento de animais suspeitos) e não recomendar a vigilância ativa, uma vez que essa ação não tem se mostrado eficiente.
Não realizar bloqueio vacinal em cães e gatos, nem a busca ativa de outros morcegos (colônia), pois essas medidas não se mostraram impactantes em termos de controle.
Incluir orientações educativas à população diante da ocorrência de casos positivos de raiva em morcegos.
Recomendações
É necessária a investigação domiciliar para busca de casos confirmados de contato entre humanos e animais de estimação (cão e gato) com morcegos, além da obtenção de informações sobre a existência de outros morcegos encontrados em situações suspeitas.
A área de abrangência destas ações deve atender critérios de:
Densidade Populacional Humana;
Características e Barreiras Geográficas;
Espécie do morcego envolvida e
Histórico de casos de raiva em morcegos na região
Recomendações
Todo morcego com comportamento anormal, agressivo,
caído no chão ou voando durante o dia é considerado suspeito de estar infectado com o vírus da raiva;
O animal capturado ou morto deve ser encaminhado (de forma correta) ao laboratório para diagnóstico e identificação da espécie;
Todas as pessoas envolvidas na captura ou manuseio de morcegos deverão estar imunizadas contra a raiva e com a titulação em dia.
Não manipular os morcegos (sem a devida proteção), pois todas as espécies mordem e podem estar infectadas com o vírus da raiva.
Em caso acidente de mordedura, arranhadura ou lambedura, em humanos, procurar orientação médica.
Não eliminar indiscriminadamente os morcegos, são protegidos e de grande valia para a natureza.
Lei Federal 9605 de 12 de fevereiro de 1998
Karin Corrêa Scheffer Ferreira
Instituto Pasteur de São Paulo
Tel: (11) 3145-3183
E-mail: [email protected]
Obrigada!!!